II ANNO D O M IN G O , 3 9 D E JU N H O IOS 1 9 0 3 N.° 5 ... · M o u ra. E’ gra vissi mo o...
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D O M I N G O , 3 9 D E J U N H O IO S 1 9 0 3 N.° 5 o
SEM A N A R IO N O T IC IO S O , L IT T E R A R IO E A G R ÍC O L A
A s s i g n a t u r aAnno, iSooo reis; semestre, 5oo reis. Pagamento adeantado. j>ara o Brazil, anno, 2S5oo réis (moeda forte).Avulso, no dia da publicação, 20 réis.
-José Augusto Saloio 16— LARGO DA MISERICÓRDIA-a l d k ( i a . 1 . 1 . 1 : < ; a
P ublicaçõesAnnuncios— i.a publicação. 40 réis a linha, nas seguintes,
A 20 réis. Annuncios na 4.;' pagina, contracto especial. Os aut;>- í ; graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio-16 |i
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E X P E D I E N T E
, \ c c c i t a i n - s e c o m g r a t i - <lão « j n a e s í j u r r n o t i c i a s <jnc s e j a m <le i u í e r e s s e píilíSie».
Celebram-se no mez de junho as festas dos tres santos mais populares da christandade: Santo Antonio, S.João e S. Pedro.
Santo Antonio, com a sua lenda de Santo galhofeiro que se entretinha a ir á fonte quebrar as bilhas ás raparigas, é o que mais prende a imaginação feminina. Em todos aquelles ce- rebros de donzellas se abriga a esperança de que o santo protector lhes proporcione um noivo esbelto, elegante, que lhes faça a vida um vasto paraíso de delicias.
Queimam-se alcachofras, compram-se sortes, deitam-se ovos, para consultar o futuro, e o santo é abençoado se a predição fòr favoravel e muitas vezes maldito e atirado até para longe, se a resposta do destino é desfavoravel aos desejos daquellas ambiciosas creaturinhas.
Como é bom ter crença ! Como é bom ter fé! E’ uni sonho encantador a primavera da vida!
Quando os gelos do inverno nos branqueiam a cabeça e nos tornam quasi insensível o coração, lembramo-nos com saudade, ao vêr essas festas rumorosas e sinceras, dos bons tempos em que tambem viamos 0 futuro côr de ro- ^ em que tambem sonhávamos as mais dòces i 11 u- sões.
Gosae, mocidade! Quei- niae alcachofras no Santo Antonio, saltae fogueiras
S. João, ride, sem cuidados no futuro, que a vi-
é bella quando se tem v>nte annos e se vê o céo Permanentemente azul.
Ainda assim, eu que sou quasi um descrente, vou jazer uma invocação ao taumaturgo.
Santo Antonio, Santo
Antonio, tu que és o de- parador de todas as coisas perdidas, grande valor terias para mim se fosses capaz de fazer um milagre: descobrir onde param o brio e a dignidade, que ha tanto tempo desapparece- ram de grande parte da sociedade portugueza.
JO AQ UIM DOS ANJOS.
As ts*es MMIU&áhecas
Esta Emprezaeditora que, apesar de ter apenas alguns mezes de existencia, é já hoje uma das mais conhecidas e justamente apreciadas pelo publico, acaba de publicar o segundo tomo do Filho do Mosqueteiro, o extraordinario e sensacional romance de Paul Mahalin, que Alfredo de Moraes artisticamente iiiustra com primorosos desenhos, com que a Empreza tão auspiciosamente iniciou as suas publicações.
O que vale esse romance, que a critica franceza compara— pelo seu vivo interesse, pela resurreição da época, pelo brilhantismo da linguagem, e pelas empolgantes peripeeias admiravelmente encadeadas,— á obra immortal de Alexandre Dumas, essa epopêa romantica Os tres Mosqueteiros, já nós o dissemos n’um dos nossos números passados, e prova-o bem, o acolhimento enthusiastieo que tem tido da parte do publico.
Mas a Empreza d \4s tres bibliothecas não se contentando em dar aos seus assi- gnantes o romance historico mais notável que ultimamente se tem publicado, ainda lhes offerece, como brinde extraordinario—que está sendo distribuído com o segundo tomo do Filho do Mosqueteiro, e que será entregue a todos os assi- gnantes inscriptos até 3o de junho — Um volume que representa um verdadeiro serviço prestado á littera- tura portugueza.
Este volume é a Homenagem a Gril Vicente, contendo o Auto da Alma. O pranto de Maria Parda e a
Carta de D. João I I I , sobre o terremoto de i 53 i , tres das obras mais notáveis do fundador do Theatro Por tuguez. Tem este volume em primorosas gravura:o fac-simíle do frontispício da edição de 1585, do Auto da Alma, o do frontispício da edição de 1665 do Pranto de Maria Parda e o retrato da actriz A deli na Ruas, vestida e caracterisada de Maria Parda. Abre o volume primoroso estudo critico do Auto da Alma, devido á brilhantíssima penna do Visconde de Ouguel- la.
A vulgarisação das obras de Gil Vicente representa sem duvida alguma um valioso serviço prestado ao publico, e uma prova está na éxtraordinaria acceitacão que obteve este volume— posto á venda avulsa bem como um outro contendo os trechos da obra de Gil Vicente, recitados na sessão solemne do Con- servatorio e representados com o mais brilhante exito e em recitas successivas no theatro D. Amélia, de Lisboa.
Os escriptorios da Empreza d’As' tres bibliothecas de que são proprietários os srs. Urbano de Castro e Alvaro Pinheiro Chagas, estão installados na rua da Barroca, 72.
Agente da Empreza nesta villa, o sr. Alberto Brito Valentim.
« o c i e í l a s l e t . ° «le IBc- z c i i i b r o
Realisou-se conforme noticiámos no nosso ultimo numero o Sarau Artistico Musical promovido pelos insignes artistas lisbonen- ses Reynaldo Varella e Cesar Nunes. Foi pena que estes distinctos artistas não tivessem uma boa casa.
« a ataosaeo
Teem sido animadíssimas as festividades feitas a S. João neste pittoresco log'ar. Muitos bailes e mui- tas fogueiras como de antigo costume.
«aa-ISIaos Cirandes
Queixam-se-nos desta freguezia que os poços denominados do Concelho se acham em péssimo estado, e, devido isto, á falta d’um homem activo que zele aqui com interesse as coisas de maior necessidade. Os poços denominados do Concelho são dois e de agua potável, mas acham-se n’um tal estado de immundici que ninguém se serve delles para coisa alguma. Consta- nos, porém, que os srs. Antonio Gomes Carvalho e João de Paiva Carromeu Sobrinho é que abastecem esta população dagua. A quem competir pedimosi m med i atas p rovidencias.
Ha dias o sacristão desta freguezia, José Izidro Lourenço, entreteve-se deitando foguetes de flecha na direcção dos estabelecimentos que se achavam abertos, dando este, divertimento occasião que a filhirihá do sr. Carromeu Sobrinho, ao fugir para o interior da casa cahisse, ferindo-se no rosto.
O sacristão era levado pela ebriedade a praticar tal selvajaria.
Acha-se bastante adeantado o coreto que aqui se está fazendo por conta da Sociedade «União e Trabalho.
l í e s a s t r e
Na tarde de 24 do corrente, quando o barco de pesca 10 E 161 de Aldegallega fundeava na praia de Alcochete, um pobre pescador cahiu do mastro onde se achava tomando a vel- la ficando num estado las- timosissimo. O infeliz chama-se Malaquias, e é exposto da Santa Casa da Misericórdia. Tem um braço fracturado e o corpo bastante contundido. Os soc- corros médicos foram-lhe prestados em sua casa, n’es- ta villa, pelo ex.""’ sr. dr. Manuel Fernandes da Costa M o u ra. E’ gra vissi mo o esta- do em que se encontra.
A l c o c f e c í c — C a t r a i o q u i s e v o l t o u n o r i o
Foram em passeio fluvial a esta pittoresca villa no dia 24 do corrente os srs.‘ Arthur, Carriche, Julio Augusto d’01iveira e sua esposa. Depois de terem admirado a villa dirigiram- se ao caes para tomarem o catraio que os trouxera, onde alguem lhes disse que o mar se tinha levantado mais e que era bastante perigoso fazer aquella travessia. Estes não se importando com o que se lhes acabava de dizer, metteram-se no barquinho, e a curta distancia uma lufada de vento voltára-o. Estavam no caes algumas pessoas que, antevendo o perigo que aquellas almas iam atravessar, deixaram-se estar, sendo estas os salvadores daquelía tripulação que estava prestes a ser engolida pelas vagas do Tejo com o seu prompto soccorro. O ex."10 sr. D. João Pereira Coutinho, digno administrador do concelho, procurou todos os meios para que nada faltasse aos náufragos. Louvamos s. ex.a pelo seubriosoprocedimen- to.
Foi aqui muito festejado o dia de S. João havendo festa de egreja, procissão, musica e bailes.
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M o i t a
A noite de §. João nesta importante villa, foi este anno muito animada. Al- j uns cavalheiros da melhor
roda moitense improvisaram uma estudantina que deu algumas voltas á villa fazendo-se ouvir com agrado de toda a gente. Os bailes ao ar livre, as fogueiras e fogo de vistas davam á vil- a um aspecto singular.
Consta-nos que a mesma estudantina tenciona sahir no dia de S. Pedro.
i F e s t e j o s a %. P e d r o e n i Aldegallega
Começaram hontem os festejos a este popular san to com éxtraordinaria pompa. Estes festejos são pro-
'itfaâSSO D O M I N G O
movidos pela briosa classe piscatória que tem envidado todos os esforços afim de conseguir este anno uma festa de grande nomeada. Está vistosamente ornamentada a rua de José Ma- ria dos Santos, que é illu- minada á veneziana, produzindo o effeito desejado. Tem um bom coreto, um elegante bazar e uma barraca com peão para rifa de bilhetes para ;i tourada de segunda-feira promovida pelo distincto cavalleiro Fernando d’01iveir.a, em favor da Misericórdia desta villa.
Hontem, pelas 9 horas da noite, sahiu em procissão do convento de Nossa Senhora da Conceição a imagem de S. Pedro para a egreja da freguezia. Um pouco depois a mesma irmandade foi tambem buscar a imagem de S. Sebastião para a egreja da freguezia. Em seguida houve ladainha a grande instrumental.
Hoje, de manhã, sahem da egreja de Nossa Senhora da Conceição para a egreja da freguezia 22 creanças do sexo feminino e 8 dò sexo masculino que pela primeira vez vao tomar a sagrada commu- nlião; missa da lesta, missa cantada pelo rev. prior João Pereira Vicente Ramos acolytado pelos rev.' Theodoro de Sousa Rego e Amaro Teixeira; s. rev.""1 o dr. Garcia Diniz prégará ao Evangelho, sendo depois servido um lauto almoço ás creanças da com- munhão por conta da irmandade, para o qual tem já uma verba importante estipulada no seu orçamento.
Pelas 5 horas da tarde sahem em procissão: imagem de S. Sebastião, creanças que commungaram, anjinhos, imagem de S. Pedro, irmandade, pâllio, sob o qual vão os rev.s João Pereira Vicente Ramos conduzindo o Santo Lenho, Theodoro de Sousa Rego e Amaro Teixeíra. Fecha este sum
ptuoso cortejo a phylarmonica do Lavradio.
A’ noite:arraial, kermesse, fogo' de artificio, ascende balões, bailes e musica no coreto pela phylarmonica do Lavradio.
Amanhã ainda ha arraial, fogo de artifício, bailes, etc., etc.
Aaaaaivcrsarios
Completa hoje mais um anniversario natalicio o nosso amigo Fernando Rodrigues Gouveia.
Os nossos sinceros parabéns.
— Tambem completa depois de ámanhã mais um anniversario natalicio o sr. José Maria da Conceição Guerreiro.
Parabéns.— No dia 3 do proximo
mez de julho tambem completa mais um anniversario natalicio a intelligente filha do sr. Emygdio da Costa Valente.
Parabéns.
fiisferasaa
Tem passado bastante incommodada de .saude a esposa do nosso amigo Augusto Tormenta. Estimamos-lhe o prompto restabelecimento.
S ÍO e B C íliM tC 1 . ° « l e I& C Z C K 5- 5ía‘©
Sentimos muitissimo ter de sensurar 0 procedimento baixo dum dos directores desta sociedade, que ao chegar a esta villa a modesta phylarmonica do Lavradio, e usando da amabilidade do cumprimento, este se retirou indecorosa- mente sem desempenhar um dever que a civilidade e boa educação; mandam. Nesta occasião foi alvo de uma censura geral, dando o succedido logar a largos commentarios.
Chegamos a ter vergonha da publicidade cfesta noticia.
C O F R E : D E P É R O L A S
A J U S T I Ç AO' deusa immaculada, ó deusa radiante Que tens na dextra erguida a lamina brilhante
Do gladio irmanador,Do alto desse throno immenso e reluzido Encara o pobre mundo e vê prostituído
O culto só d amor.
Tu és da liberdade a filha predilecta;A h ■ange lodo o mundo a chamma que projecta
0 teu celeste olhar...Mas como sojfre o pobre, o filho da desdita,Ao vêr que tarda ainda a vir a lu% bemdila
Ãs trevas dissipar!
E 's a palavra vã que soa a meus ouvidos,D'envolta coo terror, coo.s fúnebresgemidos,
Co as notas da afjljcção.E di^em que és cumprida, ó deusa verdadeira Que abrigas em leu manto a humanidade inteira!
Mentira e irrisão!
Se lu és toda lu%! Se tu és toda aurora!Tens da verdade austera a grande vo\ sonora,
A voi do santo amor!Quem pode assim manchar leu brilho sacrosanto? Se acaso se abrigar nas dobras do teu manto,
Repellê-o com terror!
Não podes abrigar a vil hypocrisia Que em treva se occullou e nunca d lu~ do dia
A face vae mostrar.Uber rimo teu seio em vida encantadora,Essa cohorle negra, atro-, assustadora,
Não pode alimentar!
L falam na Verdade! E falam no Direito Esses a quem habita o intimo do peito
A raiva do chacal!A ser tão verdadeira aquella tlieoria,0 que é perfeito e puro á viva lu do dia
Existe só no mal!
JQ A Q Ú ÍJV l D O S ; A N J O S ,
PENSA M E NTOS
A bolanica é a arte de seccar plantasentre duas fo lhas de papel pardo, e de as injuriar em grego e em latim.— Alph. Karr.
— Se ésfelis• 7Zí?° 0 digas ao mundo: porque.o mundo não gosta de ouvir taes confidencias.— Billings.
A N E C D O T A S
Um marido felis a outro que o não é:— Sinto que me falta alguma coisa, quando minha
mulher não está junto, de mim.— .4 mim succedê-me o contrario; quando minha
mulher está junto de mim é que me falta alguma coisa.•— 0 que é então que te falta?—-A tranquilidade.
FOLHETIM
Tradúcçiío de J. 1'OS A N JO S
UMA HISTORIADO
0 U T I 1 0Romance de aventuras
■ IX © tuim; lo seaaa
Puxou para sí o o b je c t o , q u a s i se m
esforço, por ca u sa da a g u a , m as s e n
tiu p e rfe it a m e n t e q u e t in h a p e so e
r e s is t e n c ía . E ra u m c o r p o .
M e s m o n a d a n d o , p ó z es^e c o r p o
aos hombros, c o m a c a b e ça fó ra da agua. E v id e n t e m e n t e e ra o M a r io ;
mas e sta v a m o rto o u d e sm a ia d o .
— A h ! e x c la m o u o Jo ã o P io u x . S e
e u ao m e n o s t iv e s s e p é . p o d ia v ê r se
o re a n im a v a . A fo g o u -s e , ó p o b > e v e
lh o ! L á está a n r n h a p e r n a o u t r a ve'/,
a e n t o r p e c e r ; v o u t e r o u t ra c a im b ra .
E p e n s a v a :— M ; s este r io s u b t e r r â n e o n áo
a ca b a ? O n J e fica a m a rg e m ? N áo é
u m r io , é u m la g o . Is to n á o p o d e d u
r a r s e m p re . O h ! h e i d e i r até o f im .
d e ix o -m e a fo g a r c ò m e lle . m as n a o o
là rg o .E c o n tin u a v a a a n d a r , e x h a u s to ,
sem fo le g o . Q u e r ia c o r t a r t ra n s v e r
s a lm e n te a c o r r e n t e e p e n s a v a q u e
a ssim , e n c o n t r a r ia u m a m u ra lh a de r o
c h a . u m b a n c o d e a re ia , u m a co isa
q u a lq u e r e m !’ m . A cabeç.» p e s rd a do
M a r io o s c illa v a de e n c o n t r o á! sua:
Más t iv e r a o c u id a d o de o p ô r de
fó rm a q u e a b ò c t a d o a n r g o . e x p o s
ta ao a r , n á o estava s u je ita a. n g u rg i-
t a r-se , m a is de ag ua . C o m a m ã o e s
q u e r d a , o Jo ã o tin h a -o s e g u ro de e n
c o n t r o ao h o m b r o e c o m a d ire it a
ejo rtáva a ag ua t o m ' fo rç a .
Mas o e s fo rç o c a d e m a s ia d o , s o b r e
tu d o d e j o is d as in n m e ra s fa d ig a s e
das. séis h o ra s d e f r io q u e t iv e r a de
s p í r e r d e s d e a v é s p e r a . S e n tia ; f u g ir-
lh e o v ig o r , o .c o r p o to rn a va -se ;-Ih e c a
da Vez m ais p e s a d o , a re s p ira ç ã o olTe-
g a r ; e. o s p é s d o r m e n t e s ca b ia m -lh e
in e r t e s na a g u s , ;e m lo c a r n o fu n d o .
V iu - s e p e r d id o , p o s to n a a lte rn a tiv a
de d e ix a r o M a r io e s a lv a r-s e s ó s in h o
ò u m o r r e r c o m e lle . N ã o h e s ito u .
— E s t a m o s p e r d id o s , disse, e ra voz
al a. T e m o s de m o r r e r a q u i. E u d e ix o -
n ie a fu n d a r.
— í le in ? r e s p o n d e u o M a r io c o m
v o z fraca.
O Jo ã o já tin h a agua até á b o c ç a ,
m as ao m e sm o te m p o c o m os p é s e n
c o n t r o u a r o c h a . E s ta v a m s a lv o s .
C o n t in u o u a a v a n ç a r. Ia s a h in d o da
agua, a p o u c o e p o u c o . D e u m ais tre s
p a ss o s e só a tin h a p e lo p e it o . E m
u m m in u to d u p lic a r a m - s e -lh e as f o r
ças p e la a le g ria . D e u q u a t r o o u c in c o
pu Jo s c o m o s e u fa rd o na s o m b ra , ás
ce g a s, in p r u d e n t e m e n t e , c o m r i; ç o
de q u e b r a r a c a b e ça d e e n c o n t r o a
u m a p a r e d e . M as n ã o ! e n ç o n t r o u - s e
em t e r r a c o m o c o m p a n h e ir o , qu e v o lta v a a si.
— M a r io , m eu v e lh o í d is s e e lle .e s ta
m o s e m s e g u ra n ç a . Já n ã o e sta m o s
d e n t r o de a g u a . O lh a !
O M a r io n ã o v ia n a d a , p o r q u e e sta
v a tu d o ás e s c u ra s .
— A h ! q u e b r u t o q u e e u s o u ! d is
se o Jo ã o . E s q u e c ia -m e d e q u e n áo
ha c la r id a d e . M a s sentes- o ch ã o d e
b a ix o d o s p é s . n ã o s e n t e s ? , E s t a m o s
s a k o s , h e ip ? -
Hoje, do meio dia ás tres horas ha leilão de mobilias e outros objectos no pateo da casa do Meritissimo Juiz de Direito A. A. Nogueira Souto, no largo da Calçada (predio do Laranja). ’
’ LITTERATURA
UMA AVENTURA DE S. PEDRO
Pouco depois de ser nomeado porteiro do céo, pediu S. Pedro licença ao Senhor para vir á terra visitai’ uns velhos amigos que tinha por cá.
—- Pois sim, diz-lhe o Senhor ; tens oito dias de licença.
Já havia passado mais de um mez, quando o porteiro do céo, voltando ao seu emprego, se apresentou ao bom Deus, envergonhado, e um pouco receioso pela demora.
— Tinhas por lá muitos amigos, Pedro!
— Desculpae-me, bom Senhor, mas graças á vossa infinita bondade, aterra estava tão agradavel, tão formosa, que me esqueci completamente do tempo que passava: todos os dias um sol esplendido; as aves e as flores enchiam o ar de harmonias e de íragran- cias; as arvores vergavam com os fruetos, e assearas maduras ondulavam acariciadas . pela brisa, que temperava, a atmosphera de suave frescura; o mar espreguiçava-se no seu vasto leito, e acompanhava com o murmurio das on~ daso canto, dos pescadores; por toda a parte a alegria, a abundancia, a felicidade. Um paraiso! Não haviadoenças, não se ouviam
> 7 . ! • :
queixumes, nem orações . . ., --Muito bem, diz-lhe 0
bom Deus, que o tinha es-
— O n d e e sta m o s, d i< e ! T e n h o n ca
b e ça p e s a d a e o c o r a ç ã o tra n sto rn a
d o .— P u d e r a ! ja s - t e a fo g a n d o .
— M a s já p a ss o u o d ia ; co m e ça va a
n a s c e r o so l q u a n d o fo m o s separados.
— E s ta m o s n 'u m a g r u ta , m e u aaii'
g o , n ã o se i on ie. M a s c o m o havemos
d e s a h ir d 'aq.ui?
— V e r e m o s is s o d e p o is . P o r agora,
v a m o s c o m e r a lg u m a co isa e dorm ir.
N in g u é m v ir á p r o c u r a r - n o s cá dentro.
T ir a r a m ás a p a lp a d t lla s a lg u m pá°
d o s sa c co s. E m b o r a e stiv e ss e molhado r e g a ra m -n ’0 co m u m a p o u c a de aguar
d e n t e ; d e p o is , a p e s a r d a d u re z a 4a
r o c h a e d a h u m id a d e d o s fa to s, puze-
ram -s.e a d o r m ir e até a re s o n a r cons-
c ie n c io s a m e n te .
• iÇontinual
O DOMI NGOcutado com attenção; estimo que gostasses do passeio è te divertisses; volta para o teu logar.
Passou-se tempo, e o santo porteiro, cada vez com mais saudades daquel- las primeiras férias que tinha gosado, pediu outra vez ao bom Deus mais oito dias de licença.
— Pois sim, diz-lhe o Senhor, pódes-te demorar um mez.
Ao cabo de quatro dias eil-o de volta.
— Quê!?Tão cèdo? pergunta-lhe o bom Deus.
— Ai, Senhor! O que láj vae por baixo! Não se pó-1
de lá parar nem um dia. Que miséria, que inferno! Ventanias, trovoadas, tempestades incessantes; as searas destruídas; a peste e a fome dizimam as populações. Não se ouvem senão lamentos de dôr, imprecações de desespero. As procissões de penitenciasão aos centos...
— Ahi tens tu, interrompeu o Senhor, ahi tens... Podéste desenganar-te, vêr com os teus olhos quanto a prosperidade torna os homens ingratos, e como precisam de ser visitados pelo infortúnio para se approxi- marem de mim.
CENTROCOMMERCIAL
DEJof.o Antonio Ribeiro
O <3Finas toalhas adamascadas a ...................Lindas sedas de phantasia a .....................Phantasias de pura seda a ........................ 2 80Fatos completos de casimira desde...........3 :oooGrande saldo de riscados a . . ....................Phantasias lavradas a................................
80 réis 5 oo
7°120
O proprietário d’este estabelecimento.recommenda a todos os seus estimáveis freguezes, que tem em fazendas brancas o que ha de melhor por preços sem competencia.
Vl as tle vêr as eslraordisEárins vaastagems qne este Importante estfthelecinieiBto offerece !£
PRAÇA SERPA PINTO, 52— R. DIREITA, 2, ald eg alleg a
João Antonio Ribeiro.
ANNUNCIOS
A N N U N C I O
M C A DF, ALDEGALLEI)
( i . a l*Hl>SiC!Bção)
No dia i 3 de julho proximo, pelo meio dia, á porta do tribunal judicial d’es- ta villa de Aldegallega, na execução hypothecaria que Antonio Caetano da Silva
' Oliveira, move contra os herdeiros de João Gomes Patego, viuvo,' morador que foi no sitio da Ponte dos Cavallos, se ha de vender e arrematar-em hasta publica a quem maior lanço offerecer sobre o valor abai xo designado, uma fazenda composta de terra de semeadura, vinha e uma casa em ruinas, no sitio da Pon te dos Cavallos, limites de Sarilhos Grandes, a qual çonstilue um praso subem phyteutico em 400 réis annuaes, a José Antonio Valente, e é senhorio directo um cios herdeiros dc José Almeida Gonçalves, avaliada em 226^800 réis. Pelo presente são citados os cédores incertos, para as
sistirem á dita arrematação, e ahi usarem dos reitos.
seus di-
Aldegallega do Ribatejo, 17 de junho de 1902.
O E S C R IV Á O
Antonio Augusto da Silva Coelho.
Verifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O
N. Souto.
A N N U N C I O
ROTULASVende-se um par ainda
novas. Na redacção deste jornal se di\.
(@.a cação)
Pelo Juizo de Direito .de esta comarca e cartorio do 2°. officio, e pelo inventario entre maiores a que se procede por obito de Idalina Roza e marido José Duarte Ervedozo, que fo ram residentes nesta villa, e cabeça do casal o coher- deiro José .Luiz Duarte Ervedozo, ha de ter logar á porta do. tribunal d esta comarca no dia 6 de julhò proximo, pelo meio dia, a venda em hasta publica pelo maior lanço, e superior aos valores abaixo de
clarados, os seguintes prédios do casa! inventariado: Verba numero 18. — Uma casa abarracada com quintal na rua do Norte, desta villa, foreira com i 5oo réis annuaes a Dona Ántonia Dorotheia Salazar Leite, no valor de 33o$õoo réis. N". 19. — Uma morada de casas abarracadas, constantes ele casa de habitação, adega, quintal e poço no Bairro Serrano, desta villa, predio foreiro em réis 4^900 annuaes a Dona Maria da Nazareth Gomes Coelho, no valor de réis 642 í$ooo. Os arrematantes, além das despezas da praça, pagarão por inteiro a respectiva contribuição de registo.
Aldegallega do Ribatejo,12 de junho de 1902.
V erifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O
N. Souto.O E S C R IV Á O
Antonio Julio Pereira Moutinho.
A N N U N C I O
nhas NAVES e NOVA, estão sujeitas ao arrendamento feito pela inventariada ao cabeça de casal Manuel Rollo dos Santos, pela quantia de 200 S 000 réis, por 19 annos, que terminam em 3 i de dezembro de 1 í> 13 ; As marinhas CQSINHE1RA e JO S É CAETANO, são livres do mesmo arrendamento.
Pelo presente são citados quaesquer crédores incertos para assistirem á dita arrematação, e ahi usarem dos seus direitos sob pena de.revelia.
Aldegallega do Ribatejo, 19 de junho de 1902.
O E S C R IV Á O
Antonio Augusto da SilvaCoelho.
V erifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT )
N. Souto.
A N N U N C I O
COMARCA PE ALDEGALLEGA
( 8 . “ E ® s a l i§ lc a ç íâ o )
No dia 29 do corrente, pelo meio dia, á porta do tribunal judicial de esta villa de Aldegallega do Ribatejo, no inventario orpha- nologico por obito de Alexandrina Henriqueta, viuva, moradora que foi na Quinta dos Fundilhões, se hão de vender em hasta publica a quem maior lanço offerecer sobre os valores abaixo designados, os prédios seguintes: — Uma marinha denominada AS NAVES, no sitio da Quinta dos Fundilhões, no valor ds rs. 1:600$000; — Outra marinha denominada A CO- S1NHEIRA, á qual pertence metade do Pinhal de Areia, no mesmo sitio da Quinta dos Fundilhões, no valor de 85o. 000 réis; — Outra marinha denominada o JOSÉ CAETANO, á qual pertence a outra metade do Pinhal d‘Areia, no dito sitio, no valor de réis i:o5o$ooo; — Outra marinha denominada A NO VA, com uma casa que serve de abegoaria, no referido sitio, no valor de i:20oSooo réis. As mari
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( t . a I* a iI> !icação )
Pelo Juizo de Direito de esta comarca, no inventa- ■io por obito de Jacintha
dAssumpção, e no qual é inventariante Anna dAssumpção, hão de ser postos em praça á porta do tribunal deste Juizo, no dia 6 de julho proximo pelo meio dia os seguintes dominios uteis: O dominio util de um prazo denominado a QUIN FA NOVA, as RONGAS e a courella da CABANA, foreiro em 35$000 réis annuaes com laudemio de vintena a Dona Sophia da Silveira Nunes, de Lisboa, sito em Sarilhos Grandes110 valor de 4:5oo|> 000 'éis; este predio acha-se arrendado a José dos Santos Mingat.es, e 0 arrendamento finda no dia 3o de setembro de 1913, pertencendo ao rendeiro as bem- feitorias feitas por elle. O dominio util de um prazo foreiro em i$ooo réis annuaes á Fazenda Nacional ignorando-se o laudemio, no sitio das Pereiras, freguezia de Sarilhos no valor de 80 3 000 réis.
Aldegallega do Ribatejo,23 de junho de 1902.Verifiquei a exactidão.
O i.° substituto de
o j u i z d i : d i r e i t o
Joaquim José Marques Guimarães.
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José Maria de Mendonça.
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1 — R UJ A D O P O Ç O - i — ALDEGALLEGA DO RIBATE-*0