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Digitalização

Esdras Digital e Pastor Digital

IBADEP - Instituto Bíblico da Assembleia de Deus

- Ensino e Pesquisa

T E O L O G I A

IBADEP - Instituto Bíblico da Assembleia de Deus no

Ensino e Pesquisa

Rua IBADEP, S/N° - IBADEP/Eletrosul - Cx. Postal 248

85980-000 - Guaíra - PR

Fone/Fax: (44) 3642-2581 / 3642-6961 / 3642-5431

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Profetas Menores

Pesquisado e adaptado pela Equipe

Redatorial para Curso exclusivo do IBADEP - Instituto

Bíblico da Assembleia de Deus - Ensino e Pesquisa.

Com auxílio de adaptação e esboço de vários

ensinadores.

4a Edição - Maio/2005

Impressão e acabamento: Gráfica Lex Ltda

Todos os direitos reservados ao IBADEP

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Diretorias

CIEADEP

Pr. José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra

Pr. Ival Teodoro da Silva - Presidente

Pr. Moisés Lacour - 1o Vice-Presidente

Pr. Aparecido Estorbem - 2o Vice-Presidente

Pr. Edilson dos Santos Siqueira - 1o Secretário

Pr. Samuel Azevedo dos Santos - 2o Secretário

Pr. Hercílio Tenório de Barros - 1o Tesoureiro

Pr. Mirislan Douglas Scheffel - 2o Tesoureiro

IBADEP

Pr. M. Douglas Scheffel Jr.

Coordenador

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Cremos

1) Em um só Deus, eternamente subsistente em três

pessoas: O Pai, Filho e o Espírito Santo. (Dt 6.4;

Mt 28.19; Mc 12.29).

2) Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra

infalível de fé normativa para a vida e o caráter

cristão (2Tm 3.14-17).

3) Na concepção virginal de Jesus, em sua morte

vicária e expiatór ia, em sua ressurreição corporal

dentre os mortos e sua ascensão vitor iosa aos céus

(Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).

4) Na pecaminosidade do homem que o destituiu da

glória de Deus, e que somente o arrependimento e

a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo

é que pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).

5) Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé

em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e

da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do

Reino dos Céus (Jo 3.3-8).

6) No perdão dos pecados, na salvação presente e

perfeita e na eterna justificação da alma recebidos

gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício

efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At

10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).

7) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo

inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do

Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o

Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).

8) Na necessidade e na possibilidade que temos de

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viver vida santa mediante a obra expiatória e

redentora de Jesus no Calvário, através do poder

regenerador, inspirador e santificador do Espírito

Santo, que nos capacita a viver como fiéis

testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e lP e 1.15).

9) No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado

por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a

evidência inicial de falar em outras línguas, conforme

a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).

10) Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo

Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme

a sua soberana vontade (ICo 12.1-12).

11) Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas

fases dist intas. Primeira - invisível ao mundo, para

arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande

Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua

Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante

mil anos (lTs 4.16. 17; ICo 15.51- 54; Ap 20.4; Zc

14.5; Jd 14).

12) Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal

de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos

em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10).

13) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e

condenará os infiéis (Ap 20.11-15).

14) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).

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Metodologia de Estudo

Para obter um bom aproveitamento, o aluno

deve estar consciente do porquê da sua dedicação de tempo

e esforço no afã de galgar um degrau a mais em sua

formação.

Lembre-se que você é o autor de sua história e

que é necessário atualizar-se. Desenvolva sua capacidade

de raciocínio e de solução de problemas, bem como se

integre na problemática atual, para que possa vir a ser um

elemento útil a si mesmo e à Igreja em que está inser ido.

Consciente desta realidade, não apenas acumule

conteúdos visando preparar -se para provas ou trabalhos por

fazer. Tente seguir o roteiro sugerido abaixo e comprove

os resultados:

1. Devocional:

a) Faça uma oração de agradecimento a Deus pela sua

salvação e por proporcionar -lhe a oportunidade de

estudar a sua Palavra, para assim ganhar almas para o

Reino de Deus;

b) Com a sua humildade e oração, Deus irá iluminar e

direcionar suas faculdades mentais através do Espírito

Santo, desvendando mistérios contidos em sua

Palavra;

c) Para melhor aproveitamento do estudo, temos que

ser organizados, ler com precisão as lições, meditar

com atenção os conteúdos.

2. Local de estudo:

Você precisa dispor de um lugar próprio para

estudar em casa. Ele deve ser:

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a) Bem arejado e com boa iluminação (de preferência,

que a luz venha da esquerda);

b) Isolado da circulação de pessoas;

c) Longe de sons de rádio, televisão e conversas.

3. Disposição:

Tudo o que fazemos por opção alcança bons

resultados. Por isso adquira o hábito de estudar

voluntariamente, sem imposições. Conscientize-se da

importância dos itens abaixo:

a) Estabelecer um horário de estudo extraclasse,

dividindo-se entre as disciplinas do currículo

(dispense mais tempo às matérias em que t iver maior

dificuldade);

b) Reservar, diariamente, a lgum tempo para descanso

e lazer. Assim, quando estudar, estará desligado de

outras atividades;

c) Concentrar-se no que está fazendo;

d) Adotar uma correta postura (sentar -se à mesa,

tronco ereto), para evitar o cansaço físico;

e) Não passar para outra lição antes de dominar bem o

que estiver estudando;

f) Não abusar das capacidades físicas e mentais.

Quando perceber que está cansado e o estudo não

alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa para

descansar.

4. Aproveitamento das aulas:

Cada disciplina apresenta característ icas próprias,

envolvendo diferentes comportamentos: raciocínio,

analogia, interpretação, aplicação ou simplesmente

habilidades motoras.

Todas, no

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Todas no entanto, exigem sua participação ativa. Para alcançar melhor aproveitamento, procure:

a) Colaborar para a manutenção da disciplina na sala

de aula;

b) Participar ativamente das aulas, dando colaborações

espontâneas e perguntando quando algo não lhe ficar

bem claro;

c) Anotar as observações complementares do monitor

em caderno apropriado.

d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos.

5. Estudo extraclasse:

Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve:

a) Fazer diariamente as tarefas propostas;

b) Rever os conteúdos do dia;

c) Preparar as aulas da semana seguinte. Se constatar

alguma dúvida, anote-a, e apresenta ao monitor na

aula seguinte. Procure não deixar suas dúvidas se

acumulem.

d) Materiais que poderão ajudá-lo:

■ Mais que uma versão ou tradução da Bíblia

Sagrada;

■ Atlas Bíblico;

■ Dicionário Bíblico;

■ Enciclopédia Bíblica;

* Livros de Histórias Gerais e Bíblicas;

■ Um bom dicionário de Português;

■ Livros e apostilas que tratem do mesmo assunto.

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e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente:

■ A necessidade de dar a sua colaboração pessoal;

■ O direito de todos os integrantes opinarem.

6. Como obter melhor aproveitamento em avaliações:

a) Revise toda a matéria antes da avaliação;

b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!);

c) Concentre-se no que está fazendo;

d) Não tenha pressa;

e) Leia atentamente todas as questões;

f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis;

g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a

prova.

Bom Desempenho!

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Currículo de Matérias

> Educação Geral

História da Igreja

Educação Cristã

Geografia Bíblica

> Ministério da Igreja

Ética Cristã / Teologia do Obreiro

Homilética / Hermenêutica

Família Cristã

Administração Eclesiástica

> Teologia

Bibliologia

A Trindade

Anjos, Homem, Pecado e Salvação

Heresiologia

Eclesiologia / Missiologia

> Bíblia

Pentateuco

Livros Históricos

Livros Poéticos

Profetas Maiores

Profetas Menores

Os Evangelhos / Atos

Epístolas Paulinas / Gerais

Apocalipse / Escatologia

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Abreviaturas

a.C. - antes de Cristo.

ARA - Almeida Revista e Atualizada

ARC - Almeida Revista e Corrida

AT - Antigo Testamento

BV - Bíblia Viva

BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje

c. - Cerca de, aproximadamente,

cap. - capítulo; caps. - capítulos,

ci. cf. - confere, compare.

d. C. - depois de Cristo.

e. g. - por exemplo.

Fig. - Figurado.

fig. - figurado; figuradamente.

gr. - grego

hb. – hebraico

i.e. - isto é.

IBB - Imprensa Bíblica Brasileira

Km - Símbolo de quilometro

lit. - literal, literalmente.

LXX - Septuaginta (versão grega do Antigo

Testamento)

m - Símbolo de metro.

MSS - manuscr itos

NT - Novo Testamento

NVI - Nova Versão Internacional

p. - página.

ref. - referência; refs. - referências

ss. - e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos

de um capítulo até o seu final. Por exemplo: lPe 2.1ss,

significa lPe 2.1-25).

séc. - século (s).

v. - versículo; vv. - versículos.

ver - veja

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Índice

Introdução Geral aos Profetas Menores .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Lição 1 - Oséias .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Joel ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Amós ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Lição 2 - Obadias .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Jonas..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Lição 3 - Miquéias .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Naum ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Lição 4 - Habacuque .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Sofonias .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107

Ageu ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

Lição 5 - Zacarias .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Malaquias .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

Referências Bibliográficas .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

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Introdução Geral Profetas Menores

Iniciamos agora o estudo dos profetas que

deixaram as suas mensagens registradas em livros.

Tomando o cativeiro babilônico como ponto de referência,

eles podem ser divididos em:

Profetas que atuaram antes do Cativeiro:

Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Isaías, Miquéias,

Naum, Habacuque, Sofonias, Jeremias.

Profetas que atuaram durante o Cativeiro:

Jeremias, Ezequiel, Daniel.

Profetas que atuaram após o Cativeiro: Ageu,

Zacarias, Malaquias.

Estudaremos nestas lições os livros dos

Profetas Menores. São chamados “Menores” não por causa

da sua importância, mas em relação ao seu tamanho, e a

esse respeito estão em contraste com os escritos dos

Profetas Maiores.

Os Profetas de

Israel

Os Profetas de

Judá

Os Profetas do

Pós-cativeiro

Oséias, Amós

e Jonas.

Obadias, Joel,

Miquéias, Naum,

Habacuque e

Sofonias.

Ageu, Zacarias e

Malaquias.

Os doze Profetas Menores, embora apresentem

proporcionalmente textos menos extensos

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que os chamados Profetas Maiores, formam um bloco de

livros divinos que primam pela limpidez de estilo, pela

dinâmica da linguagem, pela riqueza de seu conteúdo.

Seus autores não relatam apenas os problemas

polít icos, sociais e religiosos do povo de Israel, mas

clamam contra o pecado, a injustiça e a apostasia;

convidam ao retorno, á fidelidade e ao arrependimento;

anunciam a miser icórdia, a graça e o perdão de Deus;

pregam a lei em todo seu vigor e o evangelho em todo seu

consolo; apontam para a vinda do Messias “que há de

reinar em Israel” (Mq 5.2), o “Rei”, Justo e Salvador, que

anunciará a paz às nações (Zc 9.9-10), e lançarão todos os

nossos pecados nas profundezas do mar (Mq 7.19).

Os textos são escritos antigos; passou-se mais

de 2.600 anos desde o seu surgimento, eis o divin o

paradoxo; apesar de sua antigüidade histórica, é

extraordinária e surpreendente a atualidade das mensagens

dos Profetas Menores.

O seu conteúdo não envelheceu, não caducou,

não se desatualizou; traçando um paralelo entre o contexto

polít ico, social e rel igioso do mundo de vinte e seis

séculos passados e o nosso século, é fácil concluir que a

história se repete.

A mensagem dos Profetas Menores é nova,

atual e necessária ao homem do século XXI; torna -se

urgente examinar, refletir, aceitar e proclamar o que Deus

está profetizando através dos Profetas Menores.

Através deste estudo descobriremos que os

profetas menores formam verdadeiras tochas acessas por

Deus, para orientar o povo rebelde em meio à escuridão da

desobediência. Eram as vozes do Senhor constantemente

chamando para o arrependimento e a reconciliação.

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A Classificação dos Livros Proféticos

Os autores dos livros proféticos tinham estilos

próprios, pois eram homens que viveram em épocas

diversas, provenientes de várias estirpes 1, com cultura e

poder econômico diferente. Contudo, todos eram dotados

da convicção de suas chamadas para o ministério profético.

A classificação dos livros proféticos em

Profetas Maiores e Profetas Menores não se deve a

importância de uns em relação aos demais, mas tão

somente refere-se a extensão dos livros por eles escritos.

Os que escrevem livros mais longos são chamados Profetas

Maiores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel). Os doze

profetas autores dos livros mais breves são ditos Profetas

Menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias,

Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias).

Na formação do Cânon hebraico do Antigo Testamento os

livros dos doze profetas menores formavam um só livro

chamado “O Livro dos Doze”. Provavelmente agrupados

assim, por Esdras e a “Grande Sinagoga”, mais ou menos

em 425

a. C., possivelmente com a finalidade de acomodá -los

em um rolo.

As designações “Profetas Maiores” e “Profetas

Menores” foram dadas por Agostinho no princípio do

século IV d.C.

A abordagem não será seqüencial e sim

cronológica, dentro dos principais acontecimentos da

época de cada um:

• De 841-612 a.C. - Oséias, Joel, Amós, Jonas, Miquéias,

Sofonias e Naum. Os principais eventos históricos

relacionados ao povo de Israel foram a

1 Origem, tronco, linhagem, raça, ascendência, cepa.

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queda da supremacia Aramaica (800 a.C.), a

estruturação de Israel por Jeroboão II, a queda de

Samaria (722 a.C.) e o fim do Império Assír io (612

a.C.).

• De 605-539 a.C. - Habacuque e Obadias. Os fatos

históricos foram a queda de Jerusalém (587 a.C.), o

cativeiro judaico e a derrota Egípcia (605 a.C.).

• De 539-322 a.C. - Ageu, Zacarias e Malaquias, onde

estão registrados os regressos do cativeiro (538 a.C.), a

reconstrução do Templo (515 a.C.) e a reforma de

Esdras e Neemias (458-445 a.C.).

Esquema Cronológico Aproximado

Os Profetas

Menores

Acontecimentos Polít icos

Oséias

Joel

Amós

Jonas

Miquéias

Naum

• Dominação da Assíria;

• Queda de Samaria, 722 a.C.;

• Exílio de Israel na Assíria;

• Queda de Nínive, 612 a.C.;

• Fim do Império Assírio;

Habacuque

Sofonias

• Dominação da Babilônia;

• Queda de Jerusalém, 587 a.C.;

Obadias • Exílio de Judá;

• Na Babilônia durante 70 anos;

• Queda de Babilônia, 539 a.C.;

Ageu

Zacarias

Malaquias

• Dominação da Pérsia;

• Rei persa Ciro toma a Babilônia, e

• em 538 a.C. autoriza a volta do exílio;

• Restauração do Templo 515 a.C.; • Espera do Messias, 450 a.C.;

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Lição 1

Oséias, Joel e Amós

Autor: Oséias. Data: 715-710 a.C.

Tema: O Julgamento Divino e o Amor Redentor de Deus.

Oséias Palavras-Chave: Pecado, Julgamento, Amor. Versículo-chave: Os 3.1

A profecia de Oséias foi a última tentativa de

Deus em levar Israel a arrepender -se de sua idolatria e

iniqüidade persistentes, antes que Ele entregasse a nação

ao seu pleno juízo. O livro foi escrito com o objetivo de

revelar:

Que Deus conserva seu amor ao seu povo segundo o

concerto, e deseja intensamente redimi -lo de sua

iniqüidade;

Que conseqüências trágicas se seguem quando o

povo persiste em desobedecer a Deus, e em rejeitar -

lhe o amor redentor. A infidelidade da esposa de

Oséias é registrada como ilustração da infidelidade

de Israel. Gomer vai atrás de outros homens, ao

passo que Israel corre atrás de outros deuses. Gomer

comete prostituição física; Israel, prostituição

espir itual.

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Visão Panorâmica

(1) Os capítulos 1-3 descrevem o casamento entre Oséias

e Gomer. Os nomes dos três filhos são sinais

proféticos a Israel:

Jezreel => (“Deus espalha”)

Lo Ruama => (“Não compadecida”)

Lo-Ami => (“Não meu povo”)

O amor perseverante de Oséias à sua esposa adúltera

simboliza o amor inabalável de Deus por Israel.

(2) Os capítulos 4-14 contêm uma série de profecias que

mostram o paralelismo entre a infidelidade de Israel

e a da esposa de Oséias.

Quando Gomer abandona Oséias, e vai à procura de

outros amantes (Os 1), está representando o

papel de Israel ao desviar -se de Deus (Os 4-7).

A degradação de Gomer (Os 2) representa a vergonha

e o juízo de Israel (Os 8-10). Ao resgatar Gomer do

mercado de escravos (Os 3), Oséias demonstra o

desejo e intenção de Deus em restaurar Israel no

futuro (Os 11-14).

O livro enfatiza este fato: por ter Israel

desprezado o amor de Deus e sua chamada ao

arrependimento, o juízo já não poderá ser adiado.

Tema

Jeroboão morreu em 752 a.C., Ezequias subiu

ao trono em 728, somando alguns anos, o período de

tempo sugere aproximadamente 755-725 a.C.,

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embora sejam dados nomes dos reis de Judá com a

finalidade de localizar a época, e Judá seja mencionado no

livro, a profecia é dirigida ao Reino do Norte, Israel (Os

1.4,6,10; 3.1; 4.1,15), dirige-se a ele como “Efraim” (que

significa fért il) trinta e sete vezes, em virtude da poderosa

tribo do centro or iunda do muito abençoado f ilho de José.

Verificamos que nacionalmente a monarquia

havia sido dividida em dois reinos há aproximadamente

200 anos, os dois reinos experimentaram per íodos muito

prósperos conhecidos como Era Áurea.

O Senhor dera a Israel grande expansão até

Damasco, sob o reinado de Jeroboão II, sem dúvida foi

uma dádiva especial da graça de Deus que queria levá-los

ao arrependimento (2Rs 14.25-28). Se analisarmos tanto o

ponto de vista religioso ou moral, Israel havia descido ao

ponto mais baixo, os sacerdotes uniram-se aos salteadores

e assassinos nas estradas (Os 6.9). Despreparados

moralmente a ponto de sacrificarem crianças e se

prostituírem em forma de culto.

Os profetas Jonas e Amós haviam falado para

aquela geração, Amós fora enviado de Judá para condenar

Israel em termos fustigantes1 por sua

corrupção moral, indiferença religiosa e por não

atender a repreensão. Contudo o ministér io de Amós

foi curto e explosivo, enquanto que o de Oséias foi longo e

paciente, como de um pastor que implora e derrama

lágr imas por um rebanho enlouquecido a caminho da

destruição.

Assim, descobrimos o objetivo do livro de

Oséias, que é o de registrar a chamada divina final ao

arrependimento do indiferente Reino do Norte que afunda

na desgraça, com isto descreve-se o estado

1 Fustigar: bater com vara. Vergastar, açoitar, zurzir.

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abominável da nação que, a semelhança de sua esposa

tinha-se entregue à prostituição. Fala do amor

inextinguível1 do Senhor que derramou lágrimas diante da

alienação de Israel e estava pronto a receber o povo de

volta para a aliança mediante arrependimento.

Deus havia mandado Oséias tomar como esposa

uma mulher que provou depois, ser inteiramente infiel, e

que sofreu em grande medida as conseqüências de sua

conduta.

Que a narrativa é histórica não precisamos

duvidar, porque não há motivo para considerar em

parábola aquilo que as Escr ituras narra como fato.

Considerando este fato, vamos notar os nomes dos três

filhos de Oséias: Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami.

Estes foram sinais para o povo, como também

foram os filhos de Isaías. O Senhor deu instruções claras

ao seu profeta sobre como dar nomes aos seus filhos. Sua

intenção, mediante o sentido dos três nomes, era a de

revelar a sua atitude ao seu povo.

Autor

Oséias significa “salvação ou livramento”. A

forma hebraica desse nome é “Hoshca”, pertencente à

mesma raiz da palavra Josué, que tem o prefixo “Yod” para

“Yad” ou Senhor “Yahweh é Salvação”.

Sabemos que é filho de Beeri, e que profetizou

para Israel, Reino do Norte, nos últ imos trinta an os antes

do cativeiro. Evidentemente mudou-se para o sul antes do

cativeiro em 722, foi contemporâneo de Isaías e Miquéias.

Como Isaías, Oséias tinha uma família que foi usada pelo

Senhor como “sinal” para nação quanto ao futuro

julgamento e

1 Não extinguível. Que nunca acaba, extingue.

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poster ior restauração. Acredita -se que ele tenha sido

natural do norte e que por isso conhecia as más condições

existentes em Israel. Isto deu um peso especial à sua

mensagem.

Casou-se com uma mulher que lhe foi infiel ,

suas amargas experiências conjugais tornaram-se a trama,

ao redor da qual o Senhor construiu sua mensagem final ao

Reino do Norte.

Nada mais se sabe do profeta, a não ser os

lances biográficos que ele mesmo revela em seu livro. Que

Oséias provinha de Israel, e não de Judá, e que profetizou

à sua nação, é evidente:

■ Em suas numerosas referências a “Israel” e “Efraim”,

as duas principais designações do Reino do Norte;

■ Em sua referência ao Rei de Israel, em Samaria, como

“nosso rei” (Os 7.5);

Em sua intensa preocupação com a corrupção

espir itual, moral, polít ica e social de Israel.

O ministér io de Oséias, no Reino do Norte,

seguiu-se logo após ao ministér io de Amós que, embora

fosse de Judá, profetizou a Israel. Amós e Oséias são O S

únicos profetas do Antigo Testamento, cujos livros foram

dedicados inteiramente ao Reino do Norte, anunciando-lhe

a destruição iminente.

Data

Escrito entre 715-710 a.C. aproximadamente,

durante os reinados de quatro reis de Judá, de Uzias a

Ezequias, mais ou menos 767-697 a.C., e durante o reinado

de Jeroboão II de Israel, 793-752.

23

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Cenário

Quando Oséias iniciou o seu ministér io, durante

os últ imos anos de Jeroboão II, Israel desfrutava de uma

temporária prosperidade econômica e de paz política, que

acabariam por produzir um falso senso de segurança. Logo

após a morte de Jeroboão II (753 a.C.), porém, a nação

começa a deteriorar-se, e caminham velozmente à

destruição em 722 a.C.

Passados quinze anos da morte do rei, quatro de

seus sucessores seriam assassinados. Decorridos mais

quinze anos, Samaria ser ia incendiada, e os israelitas,

deportados para a Assír ia e, poster iormente, dispersados

entre as nações.

O casamento trágico de Oséias, e sua palavra

profética harmonizavam com a mensagem de Deus a Israel

durante esses anos caóticos. Deus ordenou a Oséias que

tomasse “uma mulher de prostituições” (Os 1.2) a fim de

ilustrar a infidelidade espir itual de Israel. Embora haja os

que interpretem o casamento do profeta como alegoria, os

eruditos conservadores consideram-no literal. Parece

improvável, porém, que Deus instruísse seu piedoso servo

a casar-se com uma mulher de má fama para exemplificar

sua mensagem a Israel. Parece mais provável que Oséias

haja se casado com Gomer quando esta ainda era casta, e

que ela haja se tornada meretr iz poster iormente. Sendo

assim, a ordem para se tomar “uma mulher de

prostituições” era uma previsão profética do que estava

para acontecer.

O contexto histórico do ministério de Oséias é

situado nos reinados de Jeroboão II, de Israel, e de quatro

reis de Judá (Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias; ver Os 1.1) -

isto é, entre 755 e 715 a.C.

As datas revelam que o profeta não somente era

um contemporâneo mais jovem de Amós, como

24

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também de Isaías e Miquéias. O fato de Oséias datar boa

parte de seu ministér io mediante uma referência a quatro

reis em Judá, e não aos breves reinados dos últ imos seis

reis de Israel, podem indicar ter ele fugido do Reino do

Norte a fim de morar na terra de Judá, pouco tempo antes

de Samaria ter sido destruída pela Assíria (722 a.C.).

O Livro e as Características Especiais

Sete aspectos básicos caracterizam o livro de Oséias:

(1) Ocupa o pr imeiro lugar na seção do Antigo

Testamento chamado “O Livro dos Doze”, também

conhecido como os “Profetas Menores”, por causa de

sua brevidade em comparação com Isaías, Jeremias e

Ezequiel.

(2) Oséias é um dos dois profetas do Reino do Norte a ter

um livro profético no Antigo Testamento (o outro é

Jonas).

(3) A semelhança de Jeremias e Ezequiel, as experiências

pessoais de Oséias ilustram sua mensagem profética.

(4) Contêm cerca de 150 declarações a respeito dos

pecados de Israel, sendo que mais da metade deles

relaciona-se a idolatria.

(5) Oséias relembra aos israelitas que o Senhor havia sido

longânimo e f iel em seu amor para com eles.

(6) Não há ordem visível entre suas profecias (Os 4 -

14) . E difícil distinguir onde uma profecia termina e

outra começa.

(7) Elas acham-se repletas de vividas figuras de

linguagem, muitas das quais tiradas do cenário rural.

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O Livro de Oséias ante o Novo Testamento

Diversos versículos de Oséias são citados no

Novo Testamento:

O Filho de Deus é chamado do Egito (Os 11.1; cf. Mt

2.15);

A vitória de Cristo sobre a morte (Os 13.14; cf. ICo

15.55);

Deus deseja a misericórdia, e não o sacrifício (Os

6. 6; cf. Mt 9.13; 12.7);

Os gentios que não eram o povo de Deus passam a

ser seu povo (Os 1.6, 9-10; 2.23; cf. Rm 9.25,26).

Além dos trechos específicos, o Novo

Testamento expande o tema do livro - Deus como o

marido do seu povo - e diz que Cristo é o marido de sua

noiva redimida, a Igreja (2Co 11.2; Ef 5.22 -32; Ap

19.6- 9; 21.1-2,9-10).

Oséias enfatiza a mensagem do Novo

Testamento a respeito de se conhecer a Deus para se

entrar na vida (2.20; 4.6; 5.15; 6.3-6; cf. Jo 17.1-3).

Juntamente com esta mensagem, Oséias demonstra

claramente o relacionamento entre o pecado persistente e

o juízo inexorável de Deus. Ambas as ênfases são

resumidas por Paulo em Romanos 6.23: “Porque o salário

do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida

eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Oséias em Relação a Jesus Cristo

O amor divino por Israel, subentende o amor de

Cristo pela Igreja (Jo 13.1). YHWH é a própria Trindade,

ou seja, Senhor no Antigo Testamento, fala sobre o

relacionamento “marido-mulher” representando

26

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o Senhor e o povo da aliança. O amor no Novo

Testamento entre Cristo e a sua Igreja, é outra expressão

daquele amor divino, mesmo para os que estão fora

daquela união da alia nça (Ef 2.11-14).

Oséias 3.5 diz: “tornarão os filhos de Israel, e

buscarão ao Senhor seu Deus e a Davi seu rei”

(provavelmente é messiânica), pode ser o próprio Messias

como “Filho de Davi” (Ez 34.23 -24; Mc 12.35), nos

últ imos dias os filhos de Israel tremendo se aproximarão

do Senhor (Os 3.5).

“Do Egito chamei meu filho” (Os 11.1), é

citado em Mateus 2.15 como uma profecia do Antigo

Testamento que Jesus seria levado ao Egito e chamado

pelo anjo do Senhor. Sem dúvida Mateus usa esse texto

como uma “profecia” de Cristo, mostrando seu

relacionamento íntimo entre o Messias e Israel.

Oséias em Relação a Jeremias

(Os 11.7-9; Jr 9.1-2)

Assim como Oséias foi para Israel, Jeremias foi

para Judá 140 anos após. Insist iu com o povo, implorando

o amor de Deus, no per íodo que o povo lançava-se na

destruição.

Ministraram depois de uma época de prosper idade em

toda a nação, seguida de indiferença espiritual e

corrupção moral.

Expressaram a tristeza de Deus por ser forçado a

divorciar-se do seu povo por adultér io e a permitir sua

destruição por um Império do Oriente (Jr 3.8; Os 2.2 -

7).

Falaram de uma renovada aliança entre o Senhor e o

seu povo na futura era messiânica (Jr 31.31 e Os 1.11;

14.1).

27

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Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

1. É o tema do livro de Oséias

a) A magnitude da miser icórdia salvífica de Deus

b) O juízo de Edom

C) O grande e terrível Dia do Senhor

d) O julgamento divino e o amor redentor de Deus

2. Oséias fora um profeta que perseverou em

a) Juntar o povo diante do Senhor numa grande

assembléia solene

b) Amar sua esposa adúltera simbolizando o amor

inabalável de Deus por Israel

c) Entregar ao rei Jeroboão II uma versão escr ita de

suas advertências proféticas

d) I Profetizar destruição aos edomitas

3. Quanto ao livro de Oséias, aponte a sentença errada

a) Ê o único profeta do Reino do Norte a ter um

livro profético no Antigo Testamento

b) Q Ocupa o primeiro lugar na seção do Antigo

Testamento chamado “O Livro dos Doze”

c) Relembra aos israelitas que o Senhor havia sido

longânimo e fiel em seu amor para com eles

d) A maioria de suas declarações são destinados à

idolatria

■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

4. Ao resgatar Gomer do mercado de escravos, Oséias

demonstra o desejo e intenção de Deus em restaurar

Israel no futuro

5. Oséias significa “Jeová é Deus”. Profetizou para

Judá nos últimos dez anos antes do cativeiro

28

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Autor: Joel.

Data: 835-830 a.C.

Joel Tema: 0 Grande e Terrível Dia do Senhor. Palavras-Chave: Visitação. Versículo-chave: J1 2.28-29.

Joel falou e escreveu em virtude de duas

recentes calamidades naturais, e da iminência de uma

invasão militar estrangeira.

Seu tríplice propósito:

■ Juntar o povo diante do Senhor numa grande

assembléia solene (J1 1.14; 2.15,16);

■ Exortar o povo a arrepender -se e a voltar-se

humildemente ao Senhor Deus com jejuns, choro,

pesar e clamor por sua miser icórdia (J1 2.12 -17);

■ Registrar a palavra profética ao seu povo por

ocasião de seu sincero arrependimento (J1 2.18 -

3.21).

Visão Panorâmica

O conteúdo de Joel divide-se em três seções:

A primeira seção (J1 1.2-20).

Descreve a devastação de Judá ocasionada por

uma grande praga de gafanhotos, que arrancou as

folhagens das vinhas, árvores e campos (J1 1.7,10),

reduzindo o povo a indescrit ível penúria1. Em meio à

Calamidade, o profeta conclama os líderes espirituais de

Judá a guiar a nação ao arrependimento (J1 1.13,14).

1 Pobreza extrema; indigência, miséria, escassez, falta.

29

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A segunda seção (J1 2.1-17).

Registra a iminência de um juízo divino ainda

maior, proveniente do Norte (J1 1.1-11), na forma de:

Outra praga de gafanhotos descr ita metaforicamente

como um exército de destruidores, ou

Uma invasão militar literal.

De novo, o profeta soa a trombeta espiritual em

Sião (J1 2.1,15), conclamando grande assembléia solene1

para que os sacerdotes e todo o povo busquem

sinceramente a misericórdia divina, com arrependimento,

jejuns, clamores e genuíno quebrantamento, diante do

Senhor (J1 2.12,17).

A seção final (J1 2.18-3.21).

Começa declarando a misericórdia de Deus em face

ao arrependimento sincero do povo (os verbos hebraicos

de Joel 2.18,19a indicam ação completada, e devem ser

traduzidos no tempo passado).

O humilde arrependimento de Judá e a grande

misericórdia de Deus dão ocasião às profecias de Joel a

respeito do futuro, abrangendo a restauração (J1 2.19b -

27), c derramamento do Espírito Santo sobre toda a

humanidade (J1 2.28-31) e o juízo e a salvação no final

dos tempos (J1 3.1-21).

Tema

O tema e seu estilo literário identificam-se mais

com os profetas do século VIII a.C. - Amós, Miquéias e

Isaías, do que com os profetas pós-exílicos - Ageu,

Zacarias e Malaquias. Estes e outros fatos

1 Que se efetua com aparato e pompa.

30

Page 33: 179889308 Profetas Menores IBADEP

favorecem o contexto do século IX a.C. para o livro de

Joel.

O dia do Senhor está próximo, frase

encontrada cinco vezes em Joel. Nos versículos a

seguir (J1 1.15; 2.1-11,13; 3.14), observem que

evidenciam com clareza como será de fato terrível e

assustador este dia.

A finalidade em ressaltar este tempo é o de

avisar ao povo dos eventos culminantes do fim. Através de

seu estilo suave, mas direto, o escritor procura exortar

Judá a decidir-se e a consagrar-se novamente ao Senhor.

Com sua mensagem declara que a justiça do alto está perto

e brevemente se manifestará, a sua mensagem visa

preparar Judá para a invasão que há de vir, este ataque de

que fala o profeta é aquele que ocorrerá durante a Grande

Tribulação; será quando Judá for atacada pelas hostes

inimigas nos dias da Grande Batalha do Armagedom, que

será o desfecho da GrandeTribulação; em Joel 2.2-10 declara que as

tropas inimigas serão destemidas, ferozes e dominadas

pelo zelo do destruidor.

Quatro fases do desenvolvimento da locusta

mencionada por Joel:

ARA ARC As Fases

Gafanhoto

Cortador

Lagarta Recém-nascido sem asas.

Gafanhoto

Migrador

Gafanhoto Pode procriar já no primeiro

estágio de desenvolvimento. Gafanhoto

Devorador

Locusta Desenvolve pequenas asas, mas

pula bem. Começa a devorar.

Gafanhoto

Destruidor

Pulgão Possui asas completas. E o

consumidor adulto.

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Existem comentários que traçam um paralelo

entre essas pragas e os impérios da visão de Daniel:

Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma, mas a

interpretação mais provável é a simbólica, o incidente dos

gafanhotos foi real, já havia acontecido, o profeta faz o

povo lembrar daquela época aterradora1, porém agora o

conscientiza das vindouras invasões inimigas, nações se

levantarão contra Judá com grande alvoroço e fer ocidade.

Por fim o profeta entrega a assolação passada

para mostrar que no futuro, o dia do Senhor será por sua

vez ainda mais terrível.

O porta-voz do Senhor declara que há uma

saída, voltar ao primeiro amor e tomar uma decisão

urgente (J1 2.12-20). Rasgai o vosso coração (v.13), é um

convite para a conversão, para uma total consagração, uma

mudança interna. Tocai a trombeta (v. 15-17), é o acerto

de contas com Deus.

O livro apresenta dois objetivos:

(1) Objetivo histórico: Tinha a finalidade de chamar a

nação de Judá ao arrependimento, através da presença

dos gafanhotos, da estiagem2 e de seus inimigos

locais, para evitar que uma calamidade pior viesse

sobre eles.

(2) Objetivo profético: Era o de apresentar o futuro dia

do Senhor no qual ele dominará os pagãos, libertará o

seu povo para habitar com Ele.

Autor

Joel significa: “Jeová é Deus” é a

composição de YHWH (Jeová) e EL (Deus), vemos aqui

1 Que aterroriza; pavoroso, aterrador, aterrorizante. 2 Fa lta ou cessação d e chu va.

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uma ligação direta do nome do profeta com a mensagem

que Deus queria transmitir, “sabereis que eu sou o Senhor

vosso Deus” (J1 2.27; 3.17).

Joel era filho de Petuel, acredita -se ter sido

sacerdote, morou e profetizou em Judá e na cidade de

Jerusalém. A Bíblia registra outras quatorze pessoas com o

nome de Joel, provavelmente Joel era conhecido de Elias e

contemporâneo de Eliseu.

Data

Levando-se em conta que Joel não menciona

nenhum rei, ou evento histór ico, não se pode determinar o

período de seu ministér io. Acredita-se que tenha sido

exercido depois de os exilados terem voltado a Jerusalém e

reedificado o Templo (cerca de 510 -400 a.C.). Nesta

época, não havia rei em Judá, e os líderes espirituais de

maior destaque eram os sacerdotes. Acredita -se ainda que

a mensagem de Joel haja sido entregue durante os

primeiros dias do jovem rei Joás (835 -830 a.C.), que subiu

ao trono de Judá com a idade de sete anos (2Rs 11.21), e

permaneceu sob a orientação do sumo sacerdote Joiada

durante toda a sua menoridade. Tal situação explicaria o

destaque dos sacerdotes neste livro profético, e a ausência

de qualquer referência à realeza.

Cenário

Na área polít ica Judá estava passando por um

período de reconstrução após o perverso reinado da rainha

Talia (841-835). Esta reconstrução ocorreu principalmente

sob a liderança do sumo sacerdote Joiada; pois ele mesmo

contribuiu para a morte da rainha e Joás tinha apenas sete

anos de idade (2Rs

33

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11.21) . No âmbito internacional Judá estava sendo

molestada por vários inimigos locais: Tiro, Sidom,

Filíst ia, Edom e Egito (J1 3.4-19).

Referente à religião, a adoração a Baal tinha

terminado com a santificação de Jeú em 841, e a Joiada em

Judá em 835, porém, ao contrario da verdadeira

purificação a Deus o povo tornou -se indiferente; já não

tinham muito cuidado com as coisas sagradas como nós

podemos notar em 2Reis 12.6.

O Livro de Joel ante o Novo Testamento

Vários versículos de Joel contribuem

poderosamente à mensagem do Novo Testamento:

■ A profecia a respeito da descida do Espírito Santo (J1

2.28-32) é citada especificamente por Pedro em seu

sermão no dia de Pentecoste (At 2.16-21), depois de

o Espírito Santo ter sido enviado do céu sobre os 120

membros fundadores da Igreja Primitiva, com as

manifestações do falar noutras línguas, da profecia e

do louvor a Deus (At 2.4,6- 8,11,17,18).

■ Além disso, o convite de Pedro às multidões, naquela

festa judaica, a respeito da necessidade de se invocar

o nome do Senhor para ser salvo, foi inspirado

(parcialmente) em Joel (J1 2.32a; 3.14; At 2.2,37-

41). Paulo também cita o mesmo versículo (Rm

10.13).

* Os sinais apocalípticos nos céus que, segundo

Joel, ocorrerá no final dos tempos (J1 2.30,31), não

somente foram lembrados por Pedro (At 2.19,20),

mas também referidos por Jesus (Mt 24.29) e por

João em Patmos (Ap 6.12-14).

■ Finalmente, a profecia de Joel a respeito do

julgamento divino das nações, no vale de Josafá

34

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(J1 3.2,12-14), é desenvolvida ainda mais no últ imo

livro da Bíblia (Ap 14.18-20; 16.12-16; 19.19-21;

20.7-9).

Há dimensões tanto presentes quanto futuras em

todas as aplicações de Joel no Novo Testamento. Os dons

do Espír ito que começaram a fluir através do povo de

Deus, no Pentecoste, ainda se acham à disposição dos

crentes (ICo 12.1-14.40).

Além disso, os versículos que precedem à

profecia a respeito do Espírito Santo (isto é, a analogia da

colheita com as chuvas temporãs e serôdias1, J1 2.23-27) e

os versículos que se seguem (isto é, os sinais que se darão

nos céus no final dos tempos, J1 2.30-32) indicam que a

profecia sobre o derramamento do Espírito Santo (J1

2.28,29) inclui não somente a chuva inicial no Pentecoste,

como também um derramamento final e culminante sobre

toda a raça humana no final dos tempos.

1 Que vem tarde, fora do tempo; tardio.

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Autor: Amós.

Data: Cerca de 760-755 a.C.

Tema: Justiça, Retidão e Retr ibuição

Divina pelo Pecado.

Palavras-Chave: Julgamento e Justiça.

Versículo-chave: Am 4.11 e 12.

A prosper idade de Israel servia apenas para

aprofundar a corrupção da nação. Ao ser enviado a Betel a

proclamar a mensagem: “Arrependam-se ou pereçam”,

Amós é de lá expulso, sendo-lhe expressamente proibido

de ali profetizar. Quão diferentemente agiram os ninivitas

diante da mensagem de Jonas! Parece que, pouco depois,

Amós volta a sua casa em Judá, onde escreve sua

mensagem.

Seu propósito era:

■ Entregar ao rei Jeroboão II uma versão escrita de

suas advertências proféticas;

■ Disseminar amplamente em Israel e Judá o oráculo

da certeza do iminente juízo divino contra Israel e

as nações em derredor, a não ser que estas se

arrependessem de sua idolatria, imoralidade e

injustiça. A destruição de Israel ocorreria três

décadas mais tarde.

Durante o ministério de Amós, o Reino do

Norte achava-se en seu apogeu1 quanto à expansão

territorial, paz política e prosper idade nacional.

Internamente, porém, estava podre. A idolatria

encontrava-se em voga2. A sociedade esbanjava -se à

1 O mais alto grau; o auge. 2 Divulgação, propagação. Popularidade; grande aceitação. Uso atual;

moda.

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procura dos prazeres. A hipocrisia e a imoralidade

grassavam1. O sistema judiciário corrompia -se cada vez

mais, e a opressão aos pobres tornara -se lugar-comum.

Obedecendo à vocação do Deus de Israel, Amós

proclama corajosamente a sua mensagem centrada na

justiça, ret idão e retribuição divina. Mas o povo,

infelizmente, não queria ouvir o que o Senhor t inha a

dizer-lhe.

Visão Panorâmica

O livro de Amós divide-se, de modo natural,

em três seções:

A primeira seção (Am 1.3-2.16).

O profeta dirige primeiramente sua mensagem

de condenação a sete nações vizinhas de Israel, inclusive

Judá. Tendo levado Israel a aceitar prazerosamente o

castigo desses povos (Am 1.3-2.5), Amós passa a

descrever vividamente os pecados da nação eleita e a

punição que lhe estava reservada (Am 2.6-16). Esta seção

determina o tom da mensagem do livro: a condenação

resultará na destruição e exíl io da nação israelita. > A segunda seção (Am 3.1-6.14).

Registra três mensagens ousadas, iniciando

cada uma delas com a expressão: “Ouvi esta palavra” (Am

3.1; 4.1; 5.1).

Na primeira, Deus julga Israel como um povo

privilegiado, a quem Ele livrara do Egito: “De todas as

famílias da terra a vós somente conheci; portanto, todas as

vossas injustiças visitarão sobre vós” (Am 3.2).

1 Desenvolver-se; alastrar-se, propagar-se progressivamente.

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A segunda mensagem começa tratando as

mulheres ricas de Israel de “vacas de Basã... que oprimis

os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizei a

seus senhores: dai cá, e bebamos” (Am 4.1). Amós

profetiza que elas ser iam levadas ao cativeiro com anzóis

de pesca, como o justo juízo de Deus requeria (Am 4.2,3).

Amós tem palavras semelhantes para os mercadores

desonestos, os governantes corruptos, os advogados e

juízes oportunistas e os sacerdotes e profetas

prevaricadores.

A terceira mensagem (caps. 5 e 6) alista as

abominações de Israel. Amós, pois , conclama o povo ao

arrependimento: “Ai dos que repousam em Sião” (Am 6.1),

pois a ruína estava para se abater sobre eles.

A terceira seção (Am 7.1-9.10).

Registra cinco visões de Amós a respeito do

juízo divino. A quarta visão descreve Israel como um ces to

de frutos em franco estado de putrefação1. O juízo divino

já se fazia arder (Am 8.1-14).

A visão final mostra Deus em pé ao lado do

altar, pronto a fer ir Samaria e o Reino decadente do qual

era ela capital (Am 9.1-10). O livro termina, com breve,

porém poderosa promessa de restauração ao remanescente

(Am 9.11-15).

Tema

Por meio de Amós, o Senhor estava declarando

que o destino de Israel estava determinado, seu funeral

estava marcado e brevemente iriam se realizar, os assírios

invadiram o Reino do Norte uns 40 anos depois (722 a.C.).

Desde então Israel jamais

1 Decomposição das matérias orgânicas pela ação das enzimas

microbianas. Estado de putrefato; apodrecimento, corrupção.

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voltou a ser a grande nação que tinha sido no passado (Am

5.2).

As palavras que Amós recebeu e transmitiu lhe

vieram dois anos antes de um terremoto que abalou Israel,

tudo indica que este desastre foi algo real e não simbólico.

Este acontecimento foi um sinal de advertência ou aviso

preliminar às nações, daquilo que Deus ia derramar sobre

elas. Deus não se deixa zombar e aquele que ousar fazê-lo

sentirá a mão vingadora, porém justa do Todo-Poderoso e

Soberano Senhor.

O Reino do Sul (Judá) não está fora dessas

predições, até a própria Jerusalém sentirá o calor

causticante do sopro de Deus, será consumida e devastada,

por terem rejeitado a lei do Senhor, e acreditado em

mentiras (Am 2.6-8). Deus é amor; mas, seu amor não é

do tipo que aceita tudo, mesmo aqueles que lhe são

quer idos, serão punidos se persistirem em pecar; após a

declaração do profeta Amós de que certas nações e

também Judá seria castigada, volta a sua atenção contra

Israel.

A imoralidade, o materialismo, a idolatria, e

sacrilégio são algumas das doenças infeccionadas no ovo

de Israel (Am 2.6-8). Com isto não deram o devido valor

às bênçãos e libertação que da parte de Deus receberam

por esta razão, agora com medo e pavor, mesmo tentando

fugir não ir iam conseguir escapar, fracos e indefesos,

ter iam que sentir o gosto amargo da justiça de Deus (Am

2.13-16).

Israel e Judá viviam o per íodo conhecido como

“idade de ouro”. Pois os dois reinos encontravam-se

conforme Amós 6.1, a idéia de um colapso ou julgamento

nacional estava longe do pensamento de todos, pois

durante este período o Egito mostrou-se fraco e a Assír ia

só começou a penetrar no ocidente em 745 a.C. sob o

reinado de Tiglate-Pileser

39

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III; ninguém jamais suspeitava que dentro de dez anos,

desordens polít icas e assassínios1 estremeceriam o país,

lançando-o de encontro à destruição.

Autor

Amós significa “carga” ou “carregador de

fardos”, o livro contém muitos fardos de julgamentos ou

calamidades que o profeta transmitiu a Israel.

Amós nasceu em Tecoa, uma pequena aldeia a 8

km aproximadamente ao sul de Belém; homem de

negócios, fazendeiro e pregador, embora não fosse um

profeta treinado na Escola de Profetas, ocupava -se com

criações de gado e plantação de frutas, tais como: figos

silvestres (Am 1.1,7,14); era intelectual e hábil escr itor,

seu livro é considerado clássico tanto na expressão

artística quanto no conteúdo, tinha um profundo senso de

justiça social e coragem nos confrontos, como Jonas foi

um profeta missionário. Estava perfeitamente a par dos

acontecimentos sociais e nacionais, certamente por ir

sempre ao norte a fim de comercializar seus produtos.

Data

Amós profetizou antes da queda de Israel

(Reino do Norte), foi contemporâneo de Jonas e Os éias

(profetas de Israel) e Isaías e Miquéias (profetas de Judá);

nos seus dias reinava em Judá Uzias e em Israel Jeroboão

II (Am 1.1), ano 767 a 752 a.C. Iniciou seu ministério em

alguma data entre 760-746 a.C. Não é possível precisar a

data do terremoto mencionado em Amós 1.1, e também

citado em Zacarias 14.5.

1 Ato de assassinar; homicídio, assassinato, assassinamento.

40

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Cenário

Profetas e sacerdotes viviam ao serviço dos

próprios interesses, injustiças sociais eram o que havia, os

que t inham poder estavam sempre com a razão,

Usurpavam os pobres e viviam na suntuosidade1 e no

vício. Amós foi enfático, e atribuiu a culpa da corrupção

ao rei e ao sumo sacerdote, razão pela qual declarou que a

casa de Jeroboão II e a casa de Amazias, o sacerdote seria

destruída a espada (Am 7.8-; nenhum profeta chamou

atenção com mais eloquência do que Amós sobre a

injustiça social, ,„corra, porém, o juízo como as águas, e a

justiça como ribeiro impetuoso” (Am 5.24), versículo-

chave do livro que se tornou um clássico da justiça.

Em Amós 5.6-20 enfatiza-se mais uma vez a

grande preocupação de Deus pela moral, o ritual sem

justiça não é religião divina, nos seus últimos

julgamentos, o profeta deixou claro que qualquer nação „o

violar os conceitos morais, sociais, divinos e entregar-se à

exploração do pobre (como era naquele tempo) estaria

fadada à prematura destruição (Am .5,8,10,12,15;

2.3,5,14-16).

Características Especiais

Seis aspectos básicos caracterizam o livro de

Amós:

1o) É, primariamente, um grito profético em favor da

justiça e da retidão, baseado no caráter de Deus.

Enquanto Oséias sentia-se esmagado pela infidelidade

de Israel, Amós enfurece-se pela violação dos padrões

da justiça e retidão que o Senhor traçara ao seu povo.

1 Grande luxo; magnificência, aparato, pompa.

41

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2o) Ilustra vividamente quão abominável é para Deus a

religião quando divorciada de uma conduta reta.

3o) E uma confrontação radical e vigorosa entre Amós e o

sacerdote Amazias (Am 7.10-17), que se tornaria

uma cena clássica na profecia hebraica.

4o) Seu estilo, audaz e enérgico, reflete a inabalável

lealdade do profeta a Deus e aos seus justos

padrões para com o povo do concerto.

5o) Demonstra a disposição de Deus em usar pessoas

que lhe são tementes, aindaque desprovidas de

credenciais formais, para que proclamem a sua

mensagem numa era de profissionalismo.

6o) Há, em Amós, numerosos trechos bem conhecidos,

entre os quais: 3.3,7; 4.6-12; 5.14,15; 21-24; 6.1a;

7.8; 8.11; 9.13.

Objetivos do Livro

O objetivo dessa profecia era soar a trombeta,

avisando a liderança e a aristocracia de Israel do iminente

julgamento de Deus sobre a nação. Essa admoestação não

visava tanto às falhas religiosas, mas, sobretudo a

corrupção espir itual, moral e social. Sendo assim, a nação

estava para ser destruída pelas injustiças sociais

praticadas pela aristocracia contra os pobres e fracos, pois

Deus é um Deus de justiça. Oséias pregou o amor divino.

Amós, a justiça.

Em Amós 4.12, percebemos claramente a

mensagem de Amós. No auge da prosperidade, ele anuncia

um julgamento que viria como já mencionamos. Embora

ofereça miser icórdia aos que reagisse favoravelmente, o

profeta declarou que a nação em si já não t inha perdão.

42

Page 45: 179889308 Profetas Menores IBADEP

Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

6. Não é considerado como um dos propósitos de Joel

a) Registrar a palavra profética ao seu povo por

ocasião de seu sincero arrependimento

b) Exortar o povo a arrepender -se e a voltar-se

humildemente ao Senhor Deus com jejuns, choro

c) Juntar o povo diante do Senhor numa grande ,

assembléia solene

d) Entregar a palavra do juízo divino contra Edom

7. Não é uma referência de Joel que contribui

poderosamente à mensagem do Novo Testamento

a) A profecia a respeito da descida do Espírito Santo

b) Os sinais apocalípticos nos céus que ocorrerá í no

final dos tempos

c) A profecia da vitória de Cristo sobre a morte

c) A profecia a respeito do julgamento divino das

nações, no vale de Josafá

Atribuiu a culpa da corrupção ao rei e ao sumo

sacerdote; declarou que a casa de Jeroboão II e a casa

de Amazias, o sacerdote, seriam destruídas a espada

a) Amós

b) Obadias

c) Joel

d) Oséias

43

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■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

9. Joel falou e escreveu em virtude de duas

recentes calamidades naturais, e da iminência de

uma invasão militar estrangeira

10. Enquanto Amós sentia-se esmagado pela

infidelidade de Israel, Joel enfurece-se pela

violação dos padrões da justiça e retidão que o

Senhor traçara ao seu povo

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Lição 2

Obadias e Jonas

Autor: Obadias.

Data: Cerca de 840 a.C.

Obadias Tema: O Juízo de Edom.

Palavras-Chave: Dia, Dia do Senhor.

Versículo-chave: Ob 15.

Este livro foi escr ito:

Para revelar a intensa ira de Deus contra os

edomitas por terem se regozijado com o

sofr imento de Judá; e.

Para entregar a palavra do juízo divino contra

Edom.

Obadias profetiza o resultado final da atuação

de Deus: Para os edomitas - Destruição;

Para Israel - Livramento no futuro dia do

Senhor.

Visão Panorâmica

Obadias possui duas seções pr incipais:

Primeira seção (vv. 1-14).

Deus expressa, através do profeta, sua ardente

ira contra Edom, e exige deste uma prestação de contas

por sua soberba originada de sua segurança geográfica, e

por ter -se regozijado com a derrota de

45

Page 48: 179889308 Profetas Menores IBADEP

Judá. O juízo divino vem sobre eles; não há nenhuma

esperança da comutação1 da pena; nenhum convite é feito

para se arrependerem e voltarem ao Senhor. Serão

exterminados para sempre! (v. 10).

Segunda seção (vv. 15-21).

Refere-se ao Dia do Senhor, quando Edom será

destruído juntamente com todos os inimigos de Deus, ao

passo que o povo escolhido será salvo, e seu reino

triunfará.

Tema

Todas as nações serão julgadas no Dia do

Senhor (vv. 15 e 16); Edom será destruído no Dia do

Senhor (vv. 17 e 18); a Palestina será de Israel no Dia do

Senhor (vv. 19 e 20); toda a terra será do Senhor no Dia

do Senhor (v. 21).

O castigo de Edom era por causa da violência

feita ao seu irmão Jacó (v. 10).

A narração do profeta mostra o requinte2 de

crueldade com que afligiram e tentaram exterminar seu

irmão. Ser iam traídos pelos aliados; falhar-lhes-iam o

conhecimento, e até mesmo os valentes ficar iam

atemorizados3, sem saber o que fazer (v. 7-9). O profeta

usa as seguintes palavras: “e serás exterminado para

sempre” (v. 10).

A partir do versículo 15, Obadias inclui outras

nações inimigas de Israel no juízo de Deus, todavia Edom

continua a ser o alvo do livro (v. 16).

O termo “Israel” nos profetas tem dois

significados:

1 Atenuação de pena. Substituição, permutação. 2 Exagero, extravagância. 3 Sentir medo ou temor; amedrontar -se, assustar-se, intimidar-se.

46

Page 49: 179889308 Profetas Menores IBADEP

Somente o Reino do Norte;

O povo escolhido de Deus (abrange os descendentes

de Abraão, Isaque e Jacó).

Às vezes a frase “filhos de Israel” é

explicitamente usada no versículo falando diretamente

sobre os descendentes de Israel (Jacó). Quando o profeta

salienta a libertação está se refer indo ao povo Judeu em

geral.

Obadias fala de três dias dist intos, todos

representando violência:

■ O primeiro dia(v. 8), fa la da época em que

Edom será arrasada;

■ O segundo (vv. 11 e 14) é o dia da sua

calamidade. Este é o tempoque Judá sofreu sob

as mãos dos edomitas, quando quer iam

exterminar os filhos de Judá (v. 14).

■ O terceiro dia (v. 15), é o Dia do Senhor,

relaciona-se com o juízo, destruição e ira de Deus.

E importante saber que a expressão “O Dia do

Senhor” frequentemente usada nos Profetas Menores, é um

per íodo de tempo que começa logo após o arrebatamento

da Igreja e continua ate o estabelecimento do novo céu e

nova terra.

A Salvação de Israel se dará durante este dia ,

os “Salvadores” do últ imo versículo do livro são t ipos ou

precursores do real Salvador: o Messias. Os

“salvadores” fizeram as suas partes em reconquistar

porções da terra judaica.

Segundo alguns comentadores, são Zorobabel e

os Macabeus, heróis da histór ia israelita. Todavia o

trabalho completo será realizado por Cristo (o Messias) a í

cumprirá a ult ima parte do v. 21 “e o reino será do

Senhor” (Ez 25.12 -14), ali Ezequiel

47

Page 50: 179889308 Profetas Menores IBADEP

também trata de Edom e revela o tema do livro de

Obadias: “O Juízo de Edom”.

O livro de Obadias revela -nos dois objetivos: S

Anunciar a destruição final de Edom, devido à

violência e vingança insaciável contra Israel, o

povo de Deus;

Reafirmar o triunfo do Monte Sião no Dia do

Senhor, quando Israel possuirá a terra de Edom.

A “cidade invulnerável” não será no monte

Seir, mas no monte Sião.

O livro de Obadias não é apenas o menor livro

do Antigo Testamento, mas provavelmente também o de

mais longa introdução, veja a seguir a lguns pontos da

história de Edom.

A história começa com a disputa entre irmãos

gêmeos, Jacó e a mãe Rebeca planejam arrancar de Esaú o

seu direito de primogenitura e benção (Gn 25 e 27).

A inimizade e amargura de 20 anos diminuíram

um pouco quando Jacó teve um encontro com Deus, ao

voltar de Padã-Arã (Gn 32 e 33). Sua inimizade tornou -se

nacional quando Israel voltou do Egito, apesar do Senhor

ter, ordenado a Israel que não se vingasse (Nm 20.14 -21 e

Dt 2.5). Essa inimizade entre Israel eEdom continuou por

mil anos, de Moisés a Malaquias,envolvendo br igas e

combates sem muita importância.

Os edomitas foram condenados por muitos

profetas (Nm 24.18-19; Jr 49.7-22; Ez 25.12-14; J1 3.19;

Am 1.11-12; Ml 1.3-4).

Em Mateus 2.1-23 o autor apresenta a histór ia

de Jesus com registro de intensa inimizade de Herodes, o

edomita, que se t inha tornado rei de Israel. Aquela

inimizade pode ser notada em diversas gerações da

dinastia herodiana:

48

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■ Herodes o grande, procurou assassinar Jesus (Mt

2.16);

■ Herodes Antipas assassinou João Batista; humilhou

e procurou matar a Jesus cruelmente no julgamento

de Sua morte (Mt 14.10; Lc 13.31; 23.11);'

■ Herodes Agripa I matou Tiago e tentou matar

Pedro (At 12).

A nação de Edom (Iduméia) e Israel

extinguiram-se depois da invasão e expurgo romano em 70

d.C. sendo que os romanos incorporaram-na à Arábia

Pétrea.

Os edomitas são evidentemente cr it icados pelos

profetas, devido à sua renovada preeminência nos últ imos

dias, pois serão eles os inimigos que o Messias destruirá

quando vier em julgamento (Is 34.1-8; 63.1-4; Ml 1.4).

Essa destruição final será completa e perpétua, embora

outros antigos vizinhos de Israel sejam restaurados (Is

19.23-25; Jr 49.12-13; Ez 35.9; Ob 9 e Ml 1.4).

Obadias é a síntese do últ imo capítulo da

história, como se fosse a conclusão dos livros sobre

Edom, foi um povo que podia ter se tornado grande, tendo

sido dotado de rara sabedoria e força, mas “vendeu seu

direito de pr imogenitura” por desp rezar a Palavra de Deus

e o povo escolhido por Deus.

Os edomitas permitiram que um antigo ciúme

se transformasse em amargura e vingança, incorrendo no

eterno julgamento divino, são extremamente raros os

edomitas de renome, ta is como: Doegue (servo de Saul)

que matou os sacerdotes de Nobe, Hadade, inimigo de

Davi (ISm 22.18; lRs 11.14) e Herodes que tentou matar o

Messias (Mt 2.16).

49

Page 52: 179889308 Profetas Menores IBADEP

Autor

Obadias significa “Servo de Jeová” ou “Servo

do Senhor”, era um nome comum no Antigo Testamento.

No livro não é mencionado a sua genealogia, nem outro

pormenor a seu respeito.

Doze ou treze pessoas com tal nome são

mencionadas na Bíblia (lRs 18.3 -16; 2Cr 17.7; 34.12,13;

Ne 10.5).

Sobre o profeta Obadias nada se sabe, exceto

que ele estava em Jerusalém na ocasião dos violentos

ataques de Edom. Como um servo, ele encobre a sua

pessoa para salientar sua mensagem.

Data

Dependemos da data desta profecia para

sabermos se o Obadias que escreveu este livro é citado

noutra parte do Antigo Testamento. Como nenhum rei é

mencionado, não sabemos com certeza a data em que foi

escrito. A única alusão histór ica diz respeito a uma

ocasião em que os edomitas regozijaram-se com a invasão

de Jerusalém, e até mesmo tomaram parte na divisão dos

despojos (vv. 11-14).

Não fica claro, porém, qual invasão Obadias

tinha em mente. Houve cinco invasões de monta1 contra a

Cidade Santa durante os tempos do Antigo Testamento:

A de Sisaque, rei do Egito, em 926 a.C., durante

o reinado de Roboão (lRs 14.25,26);

A dos filisteus e árabes no reinado de Jeorão, entre

848 e 841 a.C. (ver 2Cr 21.16,17);

A do rei Jeoás de Israel no reinado de Amazias, em

790 a.C. (2Rs 14.13,14);

1 Importância, gravidade.

50

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A de Senaqueribe, rei da Assír ia, no reinado de

Ezequias, em 701 a.C. (2Rs 18.13);

A dos babilônios entre 605 e 586 a.C. (2Rs 24;

25).

Acredita-se que Obadias tenha profetizado em

conexão com a segunda ou quinta invasão. A destruição de

Jerusalém por Nabucodonosor parece a menos provável,

porque não há nenhum indício, no livro, da destruição

completa de Jerusalém ou da deportação de seus

habitantes.

Os profetas que se referem à destruição de

Jerusalém identificam sempre o inimigo como sendo

Nabucodonosor, e não simplesmente “forasteiros” e

“estranhos” (v. 11). Sendo assim, a ocasião da profecia de

Obadias é mais provavelmente a segunda das cinco

invasões, quando filisteus e árabes reuniram-se para

pilhar1 a cidade. Por essa época, os edomitas, que se

achavam sob o controle de Jerusalém, já haviam

consolidado sua liber dade (2Cr 21.8-10).

Seu júbilo, motivado pela queda de Jerusalém,

fica bem patente e compreensível. Levando- se em conta

que o per íodo do reinado de Jeorão vai de 848 a 841 a.C, e

que a pilhagem de Jerusalém já era realidade, considera-se

840 a.C. uma data provável à composição da profecia.

Posição Geográfica

Edom ficava na cadeia de montanhas e nos

planaltos do monte Seir, a sudeste de Judá, a lém do Mar

Morto. Seu territór io estendia -se desde Moabe, no rio

Arnom, até o golfo de Acaba (distante cerca de 160

1 Submeter a saque; despojar com violência devastadora; saquear.

51

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km), com Sela (Petra) no meio. Após o cativeiro de Judá

em 586 a.C., Edom tomou o sul da terra dos judeus,

fazendo de Hebrom a sua cidade principal.

Cenário Histórico-Religioso

Este cenár io encontra-se registrado em 2Reis

8.16- 22; 2Crônicas 21.5-20. Em 845 a.C. Judá estava

sob o governo de Jeorão, rei iníquo, que juntamente com a

iníqua rainha Atalia permitiu o culto a Baal, que t inha

sido introduzido por Acabe e J ezabel em Israel cerca de

25 anos antes. Razão pela qual o Senhor permitiu a

invasão estrangeira para punir Judá.

Elias e Eliseu foram contemporâneos de

Obadias no Reino do Norte.

Fundo Histórico

As dificuldades entre Edom, os descendentes

de Esaú (Gn 25.27-30) e Israel, descendentes de Jacó (Gn

32.28-32), já exist iam há muito tempo, desde os dias de

Moisés quando ele pediu permissão para passar em

territór io de Edom e lhe foi negado (Nm 20.14 -21).

Em 930 a.C. o reino de Israel se dividiu em

dois: o Reino do Norte - Israel; e o Reino do Sul - Judá. E

as rixas1 continuaram. As profecias de Obadias ocorrem

cerca de 80 anos após essa divisão, no ano 840 a.C.

aproximadamente.

Edom foi um “espinho” para os judeus. Ele

tinha perturbado muito o reino unido de I srael e agora

continuava a fazer o mesmo com o reino de Judá.

Deus, através do profeta Obadias falava aos

edomitas que chegou a hora final. Eles eram culpados de

insultar e injur iar demasiadamente o seu povo

1 Contenda, briga. Discórdia, desavença, disputa .

52

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escolhido, portanto, sofrer iam a pena máxima :

extermínio da face da terra. A mensagem anunciando a

vingança do Senhor é dir igida a Edom, mas trás conforto

para Judá, pois fala da destruição de seus inimigos.

Resumindo o relacionamento de Jacó (Israel) e Esaú

(Edom) com estes acontecimentos:

■ 1406 a.C. Edom recusou a passagem de Israel a

caminho do Jordão (Nm 20.14-21).

■ 992 a.C. Davi conquistou Edom matando a maior ia

dos varões (2Sm 8.13; lRs 11.15 ss).

■ 860 a.C. Edom atacou Judá, mas foi destruído pelos

seus aliados Moabe e Amom, depois que o rei Josafá

convocou o povo à oração (2Cr 20).

■ 847 a.C. Edom revoltou-se contra Judá constituindo

seu próximo rei (2Cr 21.8).

■ 845 a.C. Edom e Filíst ia pilharam Judá (2Cr

21.16- 17). E provável que o livro de Obadias

tenha sido escrito logo após a pilhagem.

■ 785 a.C. Amazias atacou Edom matando 20.000

homens (2Cr 25.11-12).

■ 735 a.C. Edom revoltou-se novamente, levando

muitos cativos (2Cr 28.17).

■ 586 a.C. Edom vingativamente ajudou a Babilônia

destruir Jerusalém, e por este motivo foi lhe

permitido estabelecer -se na parte Sul de Judá (SI

137.7; Ez 25.12).

■ 300 a.C. cidades e terras de Edom foram tomadas

pelos Árabes Nabateus, forçando os edomitas a irem

para o centro e o Sul de Judá.

■ 165 a.C. Judas Macabeu tomou Hebrom, que se t inha

tornado capital dos edomitas.

■ 126 a.C. João Hircano subjugou os edomitas que

agora eram chamados idumeus e forçou-os a serem

circuncidados como os judeus.

53

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■ 40 a.C. Herodes (o idumeu) tornou rei da Palestina,

conquistando Jerusalém em 37 a.C.

■ 70 d.C. os edomitas aliaram-se aos romanos para

destruir e arruinar Jerusalém. A partir de então

desapareceram das páginas como povo, sendo

assimilados pelos Árabes Nabateus do sul de Judá.

Como Eram os Edomitas

Era povo orgulhoso, conhecido pela sua

sabedoria e força. As escarpadas montanhas em que

viviam davam-lhes isolamento e proteção natural, e os

verdejantes planaltos proporcionavam viçosos pastos aos

seus rebanhos.

Sela ou Petra (no grego), é uma das cidades

mais color idas da terra erguidas sobre arenito, é quase

invulnerável, tem poucas entradas, a principal é “sik” um

estreito desfiladeiro de quase 2 km, no tempo dos

Nabateus. Essa cidade tornou-se um centro das caravanas,

desenvolvendo um comércio em qua tro direções,

sobreviveu como um grande centro até 630 d.C. quando

foi devastada pelos Árabes Muçulmanos. Ficou perdida

para o mundo ocidental até ser redescoberta em 1812.

A terra de Edom ou de Esaú (Gn 25.30), a

palavra significa: “vermelho”, era uma sér ie de

penhascos ao sudeste. A referência: “ó tu que habitas nas

fendas das rochas, na tua alta morada” (Ob 3), está

falando da região de Petra.

Principal Estratégia dos Edomitas

Entre penhascos de cor vermelha, eles

combatiam seus protegidos pelas grandes rochas, próprias

da região, porém, a mensagem que o Senhor

54

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Deus entrega a este povo diz com clareza que nada

adiantará está proteção natural, pois quem comanda o

ataque contra eles é o Senhor dos Exércitos.

Características Especiais

Quatro aspectos básicos caracter izam a

profecia de Obadias: É o livro mais breve do Antigo Testamento;

É um dos três profetas vocacionados por Deus a

dir igirem sua mensagem quase que, exclusivamente,

a uma nação gentia (os outros dois são Jonas e

Naum);

Há muita semelhança entre Obadias e J eremias

49.7-22; O livro não é citado no Novo Testamento.

O Livro de Obadias ante o Novo Testamento

Embora o Novo Testamento não se refira

diretamente a Obadias, a inimizade tradicional entre Esaú

e Jacó, que subjaz1 a este livro, também é mencionada no

Novo Testamento. Paulo refere-se à inimizade entre Esaú

e Jacó em Romanos 9.10-13, mas assa a lembrar da

mensagem de esperança que Deus os dá: todos os que se

arrependerem de seus pecados, tanto judeus quanto

gentios, e invocarem o nome do Senhor, serão salvos (Rm

10.9-13; 15.7-12).

1 Estar ou ficar subjacente.

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Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

1. O livro de Obadias foi escr ito para revelar

a) A intensa ira de Deus contra os israelitas

b) A intensa ira de Deus contra os moabitas

c) A intensa ira de Deus contra os edomitas

d) A intensa ira de Deus contra os ismaelitas

2. Foram contemporâneos de Obadias no Reino do Norte

a) Isaías e Eliseu

b) Elias e Jeremias

c) Isaías e Elias

d) Elias e Eliseu

3. Quanto às caracter íst icas do livro de Obadias é incerto

dizer que

a) É o livro mais breve do Antigo Testamento

b) O livro é vár ias vezes citado no Novo Testamento

c) Transmite a mensagem quase que exclusivamente

a uma nação gentia

d) Há muita semelhança entre Obadias e Jeremias

49.7-22

■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

4. O termo “Israel” nos profetas tem dois significados:

somente o Reino do Norte e povo escolhido de Deus

(abrange os descendentes de

Abraão, Isaque e Jacó)

5. Os edomitas eram povo orgulhoso, conhecido pela

sua sabedoria e força

56

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Autor: Jonas.

Data: Cerca de 760 a.C.

Tema: A Magnitude da Miser icórdia Salvífica de Deus

Jonas Palavras-Chave: Levanta - Preparado. Arrependimento. Versículo-chave: Jn 1.12 e 3.5.

Seu tríplice propósito:

■ Demonstrar a Israel e às nações a magnitude,

ampliação da miser icórdia divina e a atividade de

Deus através da pregação do arrependimento.

■ Demonstrar, através da experiência de Jonas, até que

ponto Israel decaíra de sua vocação missionár ia

or iginal, de ser luz e redenção aos que habitam nas

trevas (Gn 12.1-3; Is 42.6,7; 49.6).

■ Lembrar ao Israel apóstata1 que Deus, em seu amor e

miser icórdia, enviara à nação, não um único profeta,

mas muitos profetas fiéis, que entregaram sua

mensagem de arrependimento a fim de evitar o

castigo que o pecado fatalmente acarretaria.

Diferentemente de Nínive, no entanto, Israel

rejeitara os profetas de Deus e a oportunidade que Ele lhe

oferecia para que se arrependesse de suas

iniquidades, e recebesse os frutos da miser icórdia.

Visão Panorâmica

O livro de Jonas conta a histór ia da chamada

do profeta para ir a Nínive, e de sua atitude quanto ao

mandado divino.

1 Que ou quem cometeu apostasia (abandono da fé).

57

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Capítulo 1:

Descreve a desobediência inicial de Jonas, e o

castigo divino subseqüente. Ao invés de rumar para

nordeste, em direção a Nínive, Jonas embarca num navio

que velejava para o oeste, cujo destino era Társis, na atual Espanha, o ponto mais distante

possível da direção apontada por Deus.

O profeta, porém, não demorou a sentir o

peso da impugnação divina: uma violenta tempestade

no mar Mediterrâneo, que o levou a revelar -se aos

marinheiros. Estes, por sua vez, são obrigados a jogá -lo

ao mar. Providencialmente, Deus prepara “um grande

peixe” para salvar -lhe a vida.

Capítulo 2:

Revela a oração que Jonas fez em seu

cômodo excepcional. Ele agradece a Deus por ter -lhe

poupado a vida, e promete obedecer à sua chamada. Então

é vomitado pelo peixe em terra seca.

Capítulo 3:

Registra a segunda oportunidade que Jonas

recebe de ir a Nínive, e ali pregar a mensagem divina

àquela gente ímpia. Num dos despertamentos espirituais

mais notáveis da histór ia, o rei conclama a todos ao jejum

e à oração. E, assim, o juízo divino não recai sobre eles.

Capítulo 4:

Contém o ressentimento do profeta contra

Deus, por ter o Senhor poupado à cidade inimiga de Israel.

Fazendo uso de uma planta, de um verme e do vento

or iental, Deus ensina ao profeta contrariado, que Ele se

deleita em colocar sua graça à disposição de todos, e não

apenas de Israel e Judá.

58

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Tema

Seu objetivo histór ico e duradouro era declarar

a universalidade tanto do julgamento quanto da graça

divina. Deus julga a iniqüidade em todas as esferas e, do

mesmo modo, reage ao arrependimento de todas as

nações; também retrata a verdade de que, quando o povo

de Deus deixa de ter interesse pelos perdidos, perde a

visão do objetivo e programa divino para o mundo.

Obadias descreve a ira de Deus sobre os

inimigos de Israel, por sua vez Jonas demonstra a

miser icórdia divina a um dos antigos inimigos de Israel,

em Obadias, o julgamento divino é pronunciado contra os

pagãos que rejeitam a oportunidade de arrependimento e

persistem em sua arrogância vingativa, em Jonas a

miser icórdia divina é oferecida aos pagãos, que se

arrependem e reagem favoravelmente a Deus.

Os edomitas eram muito chegados de Israel

(“parentescos e proximidade”), mas foram alvos da ira

divina devido a sua arrogância; por outro lado os

ninivitas estavam longe e eram depravados, povos

guerreiros, mas foram alvos da miser icórdia de Deus

devido ao seu arrependimento (Ob 3; Jn 3.5 -10).

Nenhum profeta foi tão conciso em sua mensagem quanto

Jonas, sua profecia continha apenas sete palavras (cinco

no hebraico): “ainda quarenta dias Nínive será

subvertida” (Jn 3.4), esta profecia não se realizou pelo

fato de que os ninivitas se arrependeram Jonas ficou

aborrecido), porém, sua experiência foi ma importante

mensagem para Nínive, Israel e até mesmo para a Igreja

de hoje (Mt 12.39-40).

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Autor

O próprio Jonas é o autor, muito embora o

livro ser escr ito na terceira pessoa, o que pode deixar

alguém em dúvida; todavia era um estilo comum entre os

escritores hebraicos para relatar a sua histór ia.

Jonas era filho de Amitai e nascido em Gate-

Hefer (2Rs 14.25). Gate-Hefer era uma pequena aldeia de

Zebulom, mais ou menos 3 km a nordeste de Nazaré, a

tradição judaica diz ser ele o filho da viúva Serepta que

foi ressuscitado por Elias, mais isso nunca foi confirmado,

Jonas profetizou no começo do reinado de Jeroboão II,

anunciando a Israel que o Senhor ter ia novamente

miser icórdia dele, e lhe concedera uma espécie de grande

desenvolvimento nacional; foi -lhe dispensada essa

miser icórdia apesar de sua iniqüidade, como estímulo para

o arrependimento (2Rs 14.23 -28). Jonas foi profeta, mas

também é considerado um evangelista pelo caráter de sua

missão e mensagem, pois vemos no decorrer do livro o seu

tema: “A magnitude da miser icórdia Salvíf ica de Deus”.

Jonas significa “pomba”, o profeta foi enviado

a Nínive pelo Senhor como um “mensageiro da paz”,

mesmo que ele não deu esta demonstração, pois fugiu da

direção que Deus lhe dera. Seu ministér io teve lugar

pouco após o de Eliseu (2Rs 13.14 -19), coincidiu

parcialmente com o de Amós (Am 1.1) e foi seguido pelo

de Oséias (Os 1.1).

A Chamada Missionária

A chamada missionár ia que Jonas recebeu foi a

mais clara possível, mas ele não quer ia ser missionário,

daí então tomou a decisão “não iria a Nínive, mas seguir ia

viagem para Társis” (Jn 1.2 -3),

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queria, portanto, fugir da presença do Senhor. Társis

ficava mais longe da missão que era Nínive; já na

embarcação Deus reprovou severamente a atitude de Jonas

com uma tremenda tempestade, o medo e o pavor tomaram

conta de todos; Jonas (o arauto rebelde), porém, se

encontrava dormindo no porão do navio (Jn 1.5), dormia

profundamente, quando foi despertado, foi também

alertado a buscar ao seu Deus. Os deuses dos marinheiros

possivelmente Fenícios, não davam nenhuma resposta,

razão pela qual apelaram a Jonas ue buscasse ajuda

clamando ao seu Deus, no desespero a tripulação decide

lançar sorte a fim de descobrir quem era o culpado por tão

violento castigo.

A sorte caiu sobre Jonas (v.7), quer iam os marinheiros

saber por que (v.8), ao ouvirem a resposta (v.9) e ainda

ais que fugia da presença de Deus (v. 10) ficaram

possuídos de grande temor.

Deus dirigiu os fatos até que o profeta

revelasse abertamente o seu pecado, Jonas agora estava

m apuros, prefer iu ser lançado ao mar não sabendo o que

lhe poderia acontecer, mas salvando a tripulação o navio

(v.12). Na verdade o fato de pedir aos marinheiros que o

jogasse ao mar foi um sacrifício, pois era o

reconhecimento da desobediência; o v. 13 diz:

“entretanto os homens remavam”, isto nos dá

entendimento que os marinheiros, sabedores do que se

assava com o profeta, tiveram temor de lançá -lo ao ar e

serem castigados por Deus, ao perceberem que não

tinham outra saída (v. 14) oraram ao Senhor antes e

lançar o profeta Jonas ao mar.

A atitude da tr ipulação demonstrava temor Deus do

profeta Jonas, a versão or iginal dá a tender que

levantaram Jonas com reverência, demonstrando que eles

eram inocentes, e, só estavam realizando aquele ato por

ser aprovado por Deus, o que

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nos deixa claro que ao levantar ofereceram-no ao mar,

cumprindo a vontade de Deus e salvando suas próprias

vidas (Jn 1.11-16). Os marinheiros após lançarem Jonas

ao mar e contemplarem a calmaria, ficaram possuídos de

temor, e “ofereceram sacrifício e lhe fizeram promessas”,

mesmo fugindo.

Jonas ao final foi o meio pelo qual, vidas

pudessem ser transformadas; Deus disciplinou Jonas

porque t inha propós itos de bênçãos para ele e para Nínive,

Deus tem os mares em suas mãos (Is 40.12), também toma

providências para preservar o profeta (Jn 1.17).

Desta passagem tiramos três lições:

Os servos de Deus não podem prosperar na

desobediência;

Deus não permite que seus servos pereçam no erro

(Deus dá oportunidade ao homem, como no caso de

Jonas; restaurá-lo do serviço que recusara);

O Senhor escolheu esta histór ia como figura da sua

ressurreição (Mt 12.39-41; Lc 11.30-32).

Data

Seu livro foi escr ito em 760 a.C.

aproximadamente, na época do reinado de Jeroboão II em

793-753 a.C. (2Rs 14.25). A visita a Nínive ocorreu

provavelmente no fim do seu longo ministér io em Israel,

mais ou menos no ano 765 a.C. O profeta o escreveu após

seu retomo, e procurou por meio dele ministrar a Israel. O

arrependimento de Nínive, diante da pregação de Jonas,

ocorreu no reinado de um destes dois monarcas assír ios:

■ Adade-Nirari III (810-783 a.C.), cujo governo foi

marcado por uma tendência para o monoteísmo, ou;

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■ Assurda III (733-755 a.C.), em cuja administração

houve duas grandes pragas (765 e 759 a.C.) e um

eclipse do sol (763 a.C.). Estas ocorrências podem

ter sido interpretadas como sinais do juízo divino,

preparando a capital da Assír ia à mensagem de

Jonas.

Fidedignidade Histórica

A histor icidade dos acontecimentos do livro de

Jonas tem sido desafiada pelos cr ít icos modernos. Há dois

pontos de vista básicos: o “alegórico” e o “literal” ou

histórico, o pr imeiro afirma que a histór ia e um mito ou

uma figura fict ícia para transmitir grande verdade

espir itual, semelhante às parábolas; o segundo ponto de

vista reconhece-a como histór ia verdadeira. Cremos no

segundo ponto de vista, pois, é apresentada como

verdadeira, refer indo-se a povo e lugar es antigos

específicos, e não dá indicação de ser fict ícia.

Jonas é identificado como “filho de Amitai”

(2Rs 14.25; Jn 1.1), a própria tradição judaica, sem

exceção, test ifica a histor icidade literal de Jonas e sua

experiência. Cristo testifica a sua histor icidade,

mencionando milagres como sendo acontecimentos

verdadeiros (Mt 12.40-42; 16.4; Lc 1 1.29-32).

Dados Sobre Nínive

Geograficamente estava localizado a leste do

setentr ional rio Tigre, e distante aproximadamente 960 km

de Israel, uma viagem de três meses nos tempos antigos.

Era uma das cidades mais antiga do mundo estabelecida

por Ninrode (Gn 10.11), calcula -se que Sua população era

de 600.000 (seiscentos mil) habitantes aproximadamente.

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Polit icamente a Assíria estava em declínio

nessa época, essa decadência havia começado com a morte

de Adad-Nirare III em 782 a.C., e se estendeu até a vinda

de Tiglate-Pileser III em 745 a.C., depois de Adad-Nirare

III reinaram Salmaneser IV (782 -773

a.C.) a Assurdfan III (773-754 a.C.).

Religiosamente os habitantes de Nínive eram

conhecidos como uma “raça sensual e cruel” que vivia de

saques e orgulhava-se dos montes de cabeças humanas que

traziam de violentas pilhagens de outras cidades.

Fortificaram-se com um muro interno e outro externo. O

muro externo t inha 96 km de extensão, 30 metros de altura

e uma largura suficiente para três carroças conduzidas

lado a lado, também havia por todo muro intervalos; 50

torres de 60 metros de altura para o serviço de vigilância

realizado por sentinelas .

Milagres de Jonas

(Jn 1.15,17; 2.10; 3.5-10; 4.6)

Enquanto outros profetas menores não

registraram milagres histór icos, Jonas registra diversos,

sobre os quais se apóia sua mensagem; quando o mar se

acalmou após o terem lançado fora do barco, preservaçã o

de Jonas dentro do peixe, arrependimento de Nínive, o

rápido crescimento da planta e o aparecimento do verme.

Jonas faz companhia com Isaías e Daniel, pois todos eles

registram diversos milagres histór icos e são contestados

pelos cr ít icos quanto a sua autenticidade e autor ia (Is

37.36; 38.8; Dn 3.25; 6.22).

O Canis Carcharus, um tubarão ou cão do mar é

conhecido por frequentador dos mares por onde um navio

tem que passar, viajando de Jope a qualquer porto

espanhol, segundo livros de zoologia, um

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Carcharus adulto tem um comprimento normal de 10

metros; o célebre naturalista francês Lacepede diz que os

cães do mar podem engolir animais muitos maiores que

um homem sem os mutilar, pois possuem uma queixada

infer ior com quase dois metros de extensão semicircula r,

o que faz entender que o cão do mar pode engolir animais

inteiros tão grandes como ele mesmo. Os cães do mar

nunca mastigam os seus alimentos, mas engolem tudo

inteiro. E evidente por isso, que na suposição de que esta

espécie de tubarão seja o “grande peixe” que o Senhor

Deus providenciou.

Todavia, para Deus tudo é possível, e a lém

dessa consideração registram-se no Cotton Factory Times

de 02/08/1891, publicado no Boletim Evangélico de

novembro de 1934, o caso de um marinheiro que foi

engolido por uma baleia e depois achado vivo dentro do

corpo do animal morto.

No livro de Jonas encontramos quatro coisas

que Deus preparou:

Um grande vento (Jn 1.4);

Um grande peixe (Jn 1.17);

Uma planta aboboreira (Jn 4.6);

Um bicho (Jn 4.7).

Medite e analise cada ponto, seus objetivos e

consequências, observe que a primeira menção de oração

de Jonas foi no ventre do grande peixe (2.1 -3). Das

profundezas do mar Jonas clama e o Senhor o ouve, faz

um concer to com Deus e o Senhor providencia o

livramento.

O efeito da pregação de Jonas foi algo

impressionante e maravilhoso, foi o maior reavivamento

registrado na Bíblia, toda cidade de Nínive deixou os seus

maus caminhos e voltou-se para Deus; há um

questionamento, se o arrependimento de Nínive foi

sincero ou não, o próprio livr o de Jonas diz

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que o Senhor o considerou sincero, tanto que suspendeu o

julgamento que lhes t inha comunicado pelo profeta (Jn

3.10); a expressão de que “Deus” se arrependeu foi usada

para mostrar o caráter condicional do julgamento divino,

o qual depende das ações do homem (Jr 18.8), “Deus não

é homem para que se arrependa”, esta expressão fala do

seu caráter imutável (Nm 23.19; ISm 15.29).

Embora se registre o arrependimento

inesperado de um dos maiores t iranos da histór ia antiga,

sua ênfase maior está no arrependimento de Jonas, o

arrependimento de Nínive ocupa um capítulo, mas a

história da preparação de Jonas e seu subseqüente

treinamento são apresentados em três capítulos (1, 2 e 4),

parece que Deus teve mais dificuldade em preparar e

aperfeiçoar a Jonas do que todo o povo de Nínive. A

preparação de Jonas foi realizada em etapas, a exper iência

do peixe, preparou-o para Nínive, mas ele precisou de

mais treinamento para voltar a Israel, Jonas estava mais

interessado que sua profecia se cumprisse, do que com a

salvação daquela cidade. Se isso acontecesse somaria

vantagens como profeta, mas mostrou-se desgostoso,

aborrecido e magoado, pois Deus perdoara o povo.

Jonas é o Livro da Misericórdia Universal de

Deus (Jn 4.11)

Nenhum outro livro do Antigo Testamento

ensina de maneira tão enfática a extensão da miser icórdia

divina às nações gentias, essa perspectiva mundial da

missão de Israel foi observada anter iormente por Josué e

Salomão (Js 4.24; lRs 8.43- 60). Muitas vezes esquecido

pela nação no decurso das suas apostasias. Nesse ponto

central da histór ia, Jonas

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foi usado para proclamar a nação a refletir sobre o

programa divino do julgamento universal dos malfeitores.

E sua oferta de miser icórdia para o arrependimento e fé, a

ênfase central na miser icórdia divina estendida a todas as

nações é exemplificada de maneira maravilhosa no

ministér io de Jesus.

A relação cr istológica mais específica do livro,

porém, é a exper iência de Jonas no grande peixe como

antít ipo de Cristo. Jonas foi o único profeta indicado por

Jesus como antít ipo dele próprio, pois do mesmo modo

que Jonas esteve no ventre do grande peixe (lugar de

morte) durante três dias e três noites, assim o filho do

homem esteve no coração da terra; assim sendo Jesus usou

a experiência de Jonas para tipificar a grande verdade

bíblica: “sua própria ressurreição dentre os mortos”.

Características Especiais

Quatro aspectos básicos do livro de Jonas:

E um dos dois únicos livros proféticos do Antigo

Testamento escr itos por um profeta nascido e criado no

Reino do Norte (Oséias é o outro).

Obra-prima de narrativa concisa, em prosa;

somente a oração em ação de graças está em forma

poética (Jn 2.2-9).

Está repleto da atividade sobrenatural de Deus .

Além da providencial tempestade e do grande peixe, há

a aboboreira, o verme, o vento or iental e a maior

maravilha de todas: o arrependimento de toda a cidade

de Nínive!

Contém, de forma mais clara que em qualquer outro

livro do Antigo Testamento, a mensa gem de que a graça

salvífica de Deus é tanto para os gentios como para os

judeus.

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Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

6. Em Jonas

a) A miser icórdia divina é oferecida aos pagãos, que

se arrependem à Deus

b) O julgamento divino é pronunciado contra os

pagãos que rejeitam o arrependimento

c) É demonstrado a miser icórdia divina a vários

antigos inimigos de Israel

d) É descr ito a ira de Deus sobre os inimigos de Israel

7. Não é um milagre contido no livro de Jonas

a) Arrependimento de Nínive .

b) Desaparecimento do verme

c) Preservação de Jonas dentro do peixe

d) O rápido crescimento da planta

8. Quanto ao livro de Jonas, é incerto afirmar que

a) Está repleto da atividade sobrenatural de Deus

b) É uma obra-pr ima de narrativa concisa, em

prosa; somente a oração em ação de graças está

em forma poética

c) Possui a mensagem de que a graça salvífica de

Deus é tanto para os gentios como para os

judeus d) H É um dos dois livros proféticos escr itos por um

profeta nascido e cr iado no Reino do Sul

■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

9. Os ninivitas eram muito chegados de Israel, mas

foram alvos da ira divina devido a sua arrogância

10. Uma das lições do livro de Jonas: os servos de Deus

não podem prosperar na desobediência

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Lição 3 Miquéias e Naum

Autor : Miquéias.

Data: Cerca de 740-710 a.C.

Tema: Juízo e Salvação Messiânica.

Palavras-Chave: Pecado, Filha

Sião, Restante, Compaixão.

Versículo-chave: Mq 4.3; 6.8.

de

Miquéias escreveu a fim de advertir a sua

nação a respeito da certeza do juízo divino, para

especificar os pecados que provocavam a ira de Deus, e

para resumir a palavra profética dir igida a Samaria e a

Jerusalém (Mq 1.1). Predisse, com exatidão, a queda dc

Israel; profetizou que destruição semelhante ser ia sofrida

por Judá e Jerusalém em conseqüência de seus pecados e

flagrante rebeldia. Este livro, portanto, preserva a grave

mensagem de Miquéias às últ imas gerações de Judá antes

de os babilônios invadir a nação. Além disso, faz uma

contr ibuição importante à revelação total do Messias

vindouro.

O objetivo histór ico do livro era enfatizar o

peso da próxima ira de Deus sobre a nação em virtude dos

seus pecados de violência e injustiça social, enquanto

fingia serem religiosos.

O objetivo adicional de Miquéias era de

lembrar-lhes da futura vinda do Messias, que surgir ia de

or igem humilde para governar com justiça e verdade,

conforme promessa da aliança abraâmica.

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Tema

Podemos chamar Miquéias 6.6-8 de:o

evangelho de justiça social de Miquéias, pois no Antigo

Testamento não encontramos um resumo da lei mais

simples e mais profundo, suas exigências são simples e

sem rodeios (Ex: praticar a justiça, amar a bondade

demonstrando-a, e andar humildemente com Deus); do

mesmo modo Jesus resumiu a Lei como: “amor” para os

insensíveis líderes de seu tempo. Miquéias resumiu -a

como justiça, miser icórdia e modéstia para um povo

completamente desprovido dessas qualidades, embora

muitíssimo ocupado com religião (Mq 3.11), porém, os

“milhares de carneiros”, e “dez mil r ibeiros de azeite”

(Mq 6.7).

Não podiam subornar a Deus e fechar seus

olhos a ausências de justiça e miser icórdia entre os

homens. “Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os

homens um que seja reto” (Mq 7.2).

Todos espreitam para derramarem sangue; cada

um caça a seu irmão com rede, com isto pode observar a

total depravação que se encontrava Israel, pois viviam em

uma sociedade idólatra e só cuidavam de seus próprios

interesses; estavam colhendo o fruto de terem se afastado

de Deus (Mq 7.5-6; Mt 10.35-36).

Miquéias 4.1-8; 5.2-5 relata o reino do Messias

e sua vinda, nos últ imos dias. Ele reinará no Monte Sião,

onde prevalecerão a verdade, a justiça, a prosper idade e a

paz, ali os coxos, os expulsos e os aflitos estarão reunidos

a fim de formar o núcleo da sua “Poderosa Nação” (Mq

4.1-7). Miquéias revela ainda (Mq 5.2) que esse reino não

começará ostentando1

1 Ostentar: mostrar ou exibir com aparato; pompear, alardear.

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grandeza, pois o próprio Messias nascerá na pequena

cidade de Belém, lugar de cr iação de carneiros, sendo Ele

eterno, virá de Deus como Pastor de Israel.

Mas antes que o Messias se torne grande até os

confins da terra, a nação será “abandonada” pelo Senhor ,

por um tempo, no fim do qual surgirá para pastorear seu

povo com grande majestade (Mq 5.3-4).

Miquéias faz um apelo comovente ao povo, a

Israel e a Judá; ele lamenta amargamente o estado dos

seus compatr iotas (Mq 1.8).

O profeta tinha grande preocupação em

incentivar o povo a buscar a Deus; já no versículo 9 ele

salienta a queda de Samar ia, dizendo: “suas fer idas são

incuráveis”; e retrata a assolação do Reino do Norte da

seguinte maneira: “... Por isso farei de Samaria um

montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinha; e

farei rebolar as suas pedras para o vale, e descobrirei os

seus fundamentos; todas as suas imagens esculpidas serão

despedaçadas, todos os seus salários serão queimados pelo

fogo, e de todos os seus ídolos farei uma assolação;

porque pelo salário de prostituta os ajuntou, e em salár io

de prostituta se tornarão” (Mq 1.6-7).

Jerusalém não será esquecida, “pois as suas

fer idas são incuráveis, e o mal chegou até Judá; estendeu -

se até a porta do meu povo, até Jerusalém” (v.9). “E

cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam;

assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma

pessoa e à sua herança” (Mq 2.1).

A ambição e a ganância também eram visto

pelo profeta como “deuses”, pois buscavam seus próprios

interesses. Mas no versículo 3 Deus avisa dizendo: “as

coisas vão mudar!”

No capítulo 2 ele dá aviso aos gananciosos e

falsos profetas; aos falsos porta -vozes ele diz: “Está

irritando o Espír ito do Senhor? Estas são as tuas obras?

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Fala ainda aos sacerdotes, outra vez aos falsos profetas

além de falar aos pr incipais de Jacó, e aos chefes da casa

de Israel” (Mq 3.1). Ele os acusa dizendo: “aborreceis o

bem e amais o mal” (Mq 3.2).

No capítulo 3, versículo 8, ele declara estar

cheio do Espírito do Senhor, e cheio de poder, força e

juízo; e declara que Israel está em má sit uação e caso não

acorde a tempo o seu fim será o mesmo de Samaria (Mq

3.12 compare com 3.1-6).

Autor

Geralmente é reconhecida a autor ia de

Miquéias, que, todavia, alguns comentar istas modernos

atribuem as seções da “esperança” (Mq 4.7), a uma data

poster ior. Miquéias foi muito respeitado na época de

Jeremias (Jr 26.18), 600 a.C. aproximadamente, o

conteúdo do livro é compatível com o da época e

circunstâncias de Miquéias.

Miquéias era da comunidade rural de Morasete-

Gate (Mq 1.1-14) no sul de Judá, área agr ícola a 40 km ao

sudoeste Jerusalém. A semelhança de Amós, era homem

do campo, e provinha com certeza de família humilde,

fato evidenciado mais pelo local onde morava do que por

sua linhagem, faz referência ao trabalho de um pastor, o

que sugere ter sido uma de suas ocupações.

Se Isaías, seu contemporâneo em Jerusalém,

assist ia ao rei e observava o cenár io internacional;

Miquéias, um profeta do campo, condenava os

governantes corruptos, os falsos profetas, os sacerdotes

ímpios, os mercadores desonestos e os juízes venais1, que

havia em Judá. Pregava contra a injustiça, a

1 Que se deixa peitar; subornável, corrupto.

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opressão aos camponeses e aldeões, a cobiça, a avareza, a

imoralidade e a idolatr ia. E advertiu sobre as severas

conseqüências de o povo e os líderes persist irem em seus

maus caminhos. Predisse a queda de Israel e de sua

capital, Samaria (Mq 1.6,7), bem como a de Judá, e de sua

capital, Jerusalém (Mq 1.9 - 16; 3.9-12).

Acredita-se que ele tenha sido um dos “homens

de Ezequias” (Pv 25.1), os quais juntos com Isaías

transcreveram e compartilharam os provérbios de

Salomão, dos capítulos 25 a 29. Todavia, ele não deve ser

confundido com um profeta anter ior chamado Micaías em

lRs 22.8.

Miquéias significa “quem é semelhante a

Jeová” (Mq 7.18), é uma expressão muito adequada à

mensagem do livro, pois enfatiza o grande poder de Deus

no primeiro capítulo, e o grande perdão no últ imo: “Quem

ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas as iniqüidades?”

(Mq 7.18); mostra também a certeza do juízo do Senhor

sobre aqueles que persist irem em pecar. Miquéias é

conhecido como “Isaías” dos profetas menores e como

profeta do homem pobre comum), ele mesmo tinha vindo

de berço humilde, e conhecia as más condições dos

pobres e tomou para si sua causa própria contra os

vorazes líderes da nação, que visavam seus próprios

interesses (Mq 3.1-3).

Data

O ministér io de Miquéias foi exercido durante

os reinados de três reis de Judá: Jotão (751-736 .C.),

Acaz (736-716 a.C.) e Ezequias (715-687 a.C.). Algumas

de suas profecias foram profer idas no tempo e Ezequias

(Jr 26.18), porém a maior ia delas reflete a condição de

Judá durante os reinados de Jotão e de

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Acaz, antes das reformas promovidas por Ezequias. Não há

dúvida de que o seu ministér io, juntamente com o de Isaías,

ajudou a promover o avivamento e as reformas dir igidas

pelo justo rei Ezequias.

A parte pr incipal, entretanto, deve ter sido

profer ida nos reinados de Acaz e Ezequias, antes da queda

de Samaria em 722 a.C., assim sendo, o período central

seria 740 a 710 a.C.

Foi profeta do Reinodo Sul, mas suas mensagens

foram aos dois reinos.

Cenário Político

Contemporâneo de Isaías, Miquéias

defrontou-se com um cenário semelhante o dele no que se

refere à polít ica e à religião da época. Miquéias é

reconhecido como o único profeta cujo ministér io foi

desempenhado visando tanto Israel como Judá (Mq 1.1).

Isaías também profetizou a destruição de Samaria, mas sua

profecia era “a respeito de Judá e Jerusalém” (Is 1.1).

Todo o livro de Miquéias denuncia a opressão do

fraco, o suborno entre líderes, o ato de expulsa r mulheres

de seus lares e a práticade toda a espéciede roubo, grande

parte dele em nome da religião (Mq 2.1-2; 3.1-3,9-11; 6.10-

12; 7.1-6); com isso ele não isenta o pobre pela sua

pobreza, todavia condena tremendamente as classes

super iores por usurparem os pobres indefesos.

Quando Miquéias descreve a esperança da

restauração, surpreende a nação com o anúncio de que o

futuro “Governador de Israel”, O Messias, virá da pequena

cidade de Belém, ao invés da opulenta capital Jerusalém

(Mq 5.2-4). O Messias é apresentado na condição de um

“Pastor” como era Davi, entretanto

74

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será maior do que Davi, e “engrandecido até os confins da

terra” (Mq 5.4).

Miquéias foi o últ imo profeta a mencionar

Belém no Antigo Testamento, e com isso concentrou a

atenção da nação sobre a pequena cidade por mais de 700

anos.

Conteúdo

O livro de Miquéias consiste numa mensagem

de três partes:

1) Recrimina Israel (Samaria) e Judá (Jerusalém) pelos

seus pecados específicos que incluem a idolatria, o

orgulho, a opressão aos pobres, os subornos entre os

líderes, a cobiça e a avareza, a imoralidade e a religião

vazia e hipócr ita;

2) Adverte que o castigo divino está para vir em

decorrência de tais pecados;

3) Promete que a verdadeira paz, retidão e justiça,

prevalecerão quando o Messias estiver reinando.

Igual atenção é dedicada aos três temas do

ivro. Visto por outro prisma, os capítulos 1 -3 registram a

denúncia que o Senhor faz dos pecados de Israel e de

Judá, e de seus respectivos líderes, e a eminente ruína

destas nações e suas respectivas apitais. Os capítulos 4 -5

oferecem esperança e consolo ao remanescente no tocante

aos dias futuros, m que a Casa de Deus será estabelecida

em paz e retidão, e a idolatr ia e a opressão serão

expurgadas1 da erra. Os capítulos 6-7 descrevem a queixa

de Deus contra seu povo, como se fora uma cena de

tribunal, Deus apresenta a sua causa contra Israel. Em

seguida,

Purificar. Tirar as sujidades a; limpar. Corrig ir, emendar.

75

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Israel confessa a sua culpa, e logo há uma oração e

promessa em favor dos filhos de Abraão.

Miquéias encerra o livro, com um jogo de

palavras baseado no significado do seu próprio nome:

“Quem, ó Deus, é semelhante a t i?” (Mq 7.18). Resposta:

Somente Ele é miser icordioso, e pode dar o veredicto

final: “Perdoado” (Mq 7.18 -20).

Semelhanças e Contrastes

Havia entre Miquéias e Isaías semelhanças e

contrastes, trabalhavam juntos, ta lvez mais do que

qualquer outro par de profetas das escr itas do Antigo

Testamento (exceto Ageu e Zacar ias).

Semelhanças:

Profetizavam a próxima invasão pela Assíria;

Falaram do livramento de Judá, mas também de um

cativeiro poster ior na Babilônia;

Enfatizaram a futilidade de uma religião

meramente r itual;

Profetizaram a vinda do Messias: Isaías falou da

sua concepção virginal, Miquéias determinou o

local de seu nascimento;

Profetizaram o livramento final de Israel que ter ia

de ser precedido de arrependimento.

Contrastes:

Isaías dir igiu-se pr incipalmente à aristocracia

urbana de Jerusalém, Miquéias falou ao povo

comum da zona rural;

Isaías ocupou-se em grande escala com o cenár io

internacional e as falsas alianças polít icas de Judá,

Miquéias focalizou os pecados pessoais e sociais de

injustiça que eram predominantes em Judá;

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Isaías estendeu o julgamento às nações

circunvizinhas, Miquéias limitou condenação de

Judá e Israel;

Isaías centralizou sua visão messiânica no conceito

de servo, enfatizando a expiação e a salvação

pessoal, Miquéias mostrou que o livramento

nacional pelo Messias tornar -se-ia possível pela

graça do perdão divino, conforme promessa a

Abraão (Mq 7.20). “Porque eis que o Senhor sai do

seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra,

os montes debaixo dele se derretem, e os vales se

fendem, são como a cera diante do fogo, como as

águas que se precipitam no abismo” (Mq 1.3 -4).

Miquéias inicia apresentando uma das mais

tremendas descr ições do Senhor, sua descida a

terra com terrível ira; a exemplo de Jonas,

proclama o julgamento de Deus antes de declarar

sua miser icórdia perdoadora; Naum, Habacuque e

Sofonias seguem o mesmo tema do Senhor vindo

como um Guerreiro Poderoso que faz “os montes

tremerem” (Na 1.2-6); “os outeiros eternos”, se

abaterem (He 3.6), e toda “a terra ser consumida”

(Sf 1.18). Este terr ível quadro também é

apresentado por Isaías nos capítulos 24 e 56,

quando descreve as devastações do “Dia do

Senhor”.

Características Especiais

Cinco aspectos básicos:

■ Defende, à semelhança de Tiago, a causa dos

camponeses humildes explorados pelos ricos

arrogantes (cf. Mq 6.6 -8; cf Tg 1.27). Em seguida,

Miquéias pronuncia sua exortação mais

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grave e memorável acerca das exigências divinas a

Israel: que pratiques a justiça, e ames a

beneficência, e andes humildemente com o teu

Deus” (Mq 6.8).

■ Parte da linguagem de Miquéias é austera1 e direta;

noutras ocasiões, é eloqüentemente poética com o

complexo uso de jogos de palavras (e.g., Mq 1.10 -

15).

■ Tal como o profeta Isaías (cf. Is 48.16; 59.21),

Miquéias expressa nít ida consciência de sua

chamada e unção proféticas: “Mas, decerto, eu sou

cheio da força do Espír ito do Senhor e cheio de

juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó a sua

transgressão e a Israel o seu pecado” (Mq 3.8).

■ O livro traz uma das mais grandiosas expressões da

Bíblia sobre a miser icórdia de Deus e a sua graça

perdoadora (Mq 7.18-20).

■ O livro contém três importantes profecias citadas

noutras partes da Bíblia:

Que salvou a vida de Jeremias (Mq 3.12; cf. Jr

26.18).

Respeito ao local onde o Messias haver ia de

nascer (Mq 5.2; cf, Mt 2.5,6);

E ainda uma outra usada pelo próprio Jesus (Mq

7.6; cf. Mt 10.35,36).

O Messias

Paz e prosper idade (Mq 4.1 -5), “o monte da

casa do Senhor será estabelecido”; é nesse Monte Sião que

o Messias reinará, suas leis e palavras procederão de lá, as

nações serão atraídas a Jerusalém restaurada,

1 Rígido de caráter; severo, grave. Duro, ríspido.

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aí então chegará a tão esperada paz a todos. Miquéias

deixa claro que além da paz e prosper idade, haverá

também poder. O Senhor nosso Deus fará de seu povo uma

nação poderosa (Mq 4.6 -8).

Nos dias do rei Davi e Salomão, Israel foi uma

nação poderosa; todavia, na época dos profetas o povo de

Deus achava-se fraco e sem o mesmo ânimo que t inha

antes; os filisteus, edomitas, egípcios entre outros

perturbavam constantemente e o povo judeu tinha pouco

recurso e esperanças para lutar e se defenderem de seus

inimigos, tudo isso por causa da desobediência a Deus, e a

conseqüência final desta rebeldia foi mais tarde à

dispersão.

Miquéias faz menção a respeito de uma parte

dos que foram levados da sua terra, foram escolhidos para

formarem uma nação poderosa, cujo rei é o Messias (Mq

4.6,7); no versículo 8 encontramos três expressões “Torre

de Rebanho”, “Monte da Filha de Sião” e “Reino da Filha

de Jerusalém” que diz respeito ao reino restaurado da casa

de Davi, ou reino do Messias. O primeiro domínio (no

mesmo versículo) é uma referência ao reino de Davi, que

desta vez virá cheio de glór ia, fulgor e poder, pois Cristo

será o rei; Israel ser ia estabelecido novamente com poder ,

a linhagem de Davi culminaria na pessoa de Jesus que

reinar ia sobre os seus, e o seu reino ser ia para sempre (Mq

4.7).

Miquéias fala sobre um futuro ainda distante,

quando Deus, através do profeta revelou que o cativeiro

seria efetuado por Babilônia (ocorreu cerca 140 anos

depois). O grande império daqueles dias era a Assír ia,

Judá foi comparada a uma mulher quase para dar a luz,

que geme com dores de parto; as dores representam o

sofr imento que passava antes e durante o cativeiro; porém,

a liberdade vir ia e o Senhor a remir ia

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(Mq 4.9-10), em 536 a.C. aproximadamente iniciou a

volta dela (Judá) de Babilônia. “Muitas nações” (Mq

4.11) representam os assír ios, babilônios, gregos,

romanos, etc. Por fim Deus fará do seu povo um

instrumento de debulha que esmagará esses inimigos, e o

lucro de suas investidas serão consagrados ao Senhor (Mq

4.3).

O Senhor dos exércitos ao restabelecer o seu

reino, fará maravilhas, no momento em que o mundo

pensa exterminar para sempre o povo escolhido, Deus

intervirá e por meio do próprio povo, triunfará sobre as

nações inimigas e ímpias; Deus declara (Mq 5) que há

sempre esperança para o pecador (judeu ou gentio) na

pessoa do Messias (Filho de Deus); o Messias a nossa paz

(Mq 5.1-5) ainda não t inha vindo, mas, a sua influência

estava se manifestando, como na derrota da Assíria (Mq

5.5-6 e 2Rs 19); o Senhor eliminará a idolatria: “serão

arrancados pela raiz” (Mq 5.12 -15).

Miquéias mostra o homem separado de Deus

(Mq 6); este capítulo diz por que o homem está separado

de Deus e que requer para que haja restauração. Fala da

diferença entre religião e louvor autêntico, e ainda o

princípio do julgamento do pecado, e que a única

esperança do homem está no perdão de seus pecados por

Deus.

O últ imo capítulo do livro de Miquéias, ele

começa com uma lamentação e continua com profecias

sobre a reedificação de Jerusalém e muitas maravilhas

feitas pelo Messias nos dias futuros; e termina com uma

sublime evocação da imensurável miser icórdia de Deus

(Mq 7.18-20) que retratam a magnífica misericórdia de

Deus em perdoar, o desejo dele em remover o pecado para

longe do pecador, e por fim faz lembrar a todos do

concerto abraâmico nos dias passados (Gn 22.16-17 e Is

41.8-12).

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Assim como outros profetas do Antigo

Testamento, Miquéias olhou para além do castigo de Deus

a Israel e Judá, e contemplou o Messias vindouro e seu

reino justo na terra. Setecentos anos antes da encarnação

de Cristo, Miquéias profetizou que Ele haver ia de nascer

em Belém (Mq 5.2). Mateus 2.4-6 narra que os sacerdotes

e escr ibas citaram este versículo como resposta à pergunta

de Herodes concernente ao lugar onde o Messias nasceu.

Miquéias revelou, também, que o reino messiânico ser ia

de paz (Mq 5.5; cf. Ef 2.14-18), e que o Messias

pastorear ia o seu povo com justiça (Mq 5.4; cf. Jo 10.1 -

16; Hb 13.20).

As referências freqüentes de Miquéias sobre a

redenção futura revelam que o propósito e desejo

permanente de Deus para o seu povo é a salvação, e não a

condenação. Tal verdade é desdobrada no Novo

Testamento (Jo 3.16).

Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

1. Predisse que o Messias nascer ia na pequena cidade de

Belém

a) Obadias

b) Miquéias

c) I Oséias

d) I Malaquias

2. O ministér io de Miquéias foi exercido durante os

reinados de três reis de Judá

a) Jotão, Acaz e Ezequias

b) Saul, Davi e Salomão

b) Ezequiel, Jotão e Asa

c) Acaz, Roboão e Josias

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3. Quanto ao livro de Miquéias é incorreto afirmar que

a) Defende a causa dos camponeses humildes

explorados pelos r icos arrogantes

b) Sua linguagem é austera e direta; noutras ocasiões,

é poética, com o complexo uso de jogos de

palavras

c) Traz uma das mais grandiosas expressões da Bíblia

sobre a miser icórdia de Deus e a sua graça

perdoadora

d) Ocupa-se em grande escala com o cenár io

internacional e as falsas alianças polít icas de Judá

■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

4. Isaías falou ao povo comum da zona rural, Miquéias

dir igiu-se pr incipalmente à aristocracia urbana de

Jerusalém

5. Isaías limitou condenação de Judá e Israel,

Miquéias estendeu o julgamento às nações

circunvizinhas

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Autor: Naum.

Data: Cerca de 630-620 a.C.

Tema: A Destruição Iminente de Nínive.

Palavras-Chave: Mal, Exterminar, “Eis

que eu estou contra ti”.

Versículo-chave: Na 1.1 e 3.7.

O livro de Naum é o único entre os profetas

que não profere julgamento contra Israel; apenas

consolação, como o nome sugere. Todavia ele prediz o fim

do seu grande inimigo do or iente (Nínive).

Naum teve duplo propósito:

Deus o usou para pronunciar a destruição iminente1

da ímpia e cruel Nínive. Nenhuma nação tão ímpia,

como os assírios, poderia alimentar esperança quanto

ao juízo divino. Ela não ficaria impune.

Ao mesmo tempo, Naum entrega uma mensagem de

consolo ao povo de Deus. O consolo der iva-se, não

do derramamento do sangue dos inimigos, mas em

saber que Deus preserva a justiça no mundo, e que

um dia estabelecerá o seu reino de paz.

Tema

Grande julgamento divino sobre Nínive, a

violenta rainha do or iente. É a seqüência da mensagem do

profeta Jonas, por cujo ministér io os ninivitas foram

conduzidos ao arrependimento e salvos do castigo

eminente2.

1 Que ameaça acontecer breve; que está sobranceiro; que está em via

de efetivação imediata; impendente. 2 Notável, preclaro.

83

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É evidente que mudaram de opinião a respeito

de seu primeiro arrependimento e de tal maneira se

entregaram à idolatr ia, crueldade e opressão, que 120 anos

mais tarde, Naum pronunciou contra eles o julgamento de

Deus em forma de uma destruição completa. “Foi o

objetivo de Naum, inspirar os seus patr ícios”.

Os judeus seguros de que por demais alarmante

que parecesse a sua posição, expostos aos ataques de

poderosos assír ios, que já haviam levado as Dez Tribos,

não somente fracassariam nos seus ataques contra

Jerusalém (Is 36 e 37), mas que Nínive, sua capital, ser ia

tomada e seu império derrotado. “Isto não acontecer ia

pelo exercício arbitrário do poder de Jeová, mas em

conseqüência das iniqüidades da cidade e do povo”.

Autor

Muito pouco a respeito de Naum é conhecido,

como nos demais livros proféticos, a pessoa do profeta

desaparece por trás da sua mensagem.

Naum tem sido erroneamente considerado

nacionalista limitado que, inspirado por sentimentos de

ódio e vingança, profer iu uma mensagem de condenação

contra Nínive e que, ao mesmo tempo, estendeu as

promessas de salvação incondicional ao seu próprio povo,

Judá. Mas essa visão ignora que este livro reflete a forma

literár ia usual das profecias contra as nações estrangeiras

e deve ser comparado com proclamações semelhantes (Is

13-23; Jr 46-51; Am 1-2; e Ob). Naum significa

“Consolação ou Conforto”; seu nome é seguido da

designação “elcosita”, numa provável referência ao lugar

do seu nascimento ou onde profetizou. As tentativas de

obter uma identificação

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mais precisam de Elcos não t iveram êxito. Algumas

propostas sugerem localidades próximas à antiga Nínive

na Galiléia e em Judá. O nome “Cafarnaum” talvez seja

der ivado do hebraico correspondente a “aldeia de Naum”.

Com exceção de alguns cr ít icos, a opinião é

generalizada que Naum foi o único autor desse livro; sua

cidade natal era Elcos, esse nome aproxima -se de vár ios

outros nomes de cidade; ou seja:

■ Alkush localizada ao norte de Mosul e Nínive, a

leste do t igre;

■ El-Kauzeh uma pequena aldeia da parte norte da

Galiléia, identificada por Jerônimo;

■ Elkesei ou Elcese uma pequena cidade no sul da

Palestina (Kaush era deus edomita).

■ A Septuaginta fala de Naum como o “elcosita”.

■ A cidade de Cafarnaum, na parte norte da Galiléia,

significa “Cidade de Naum” do Árabe “ Kefr-

Nahum”.

O que melhor entendemos é que ele nasceu

perto de Cafarnaum, na parte da Galiléia , fugiu ou

emigrou para Elcos, na parte sul de Judá, depois da queda

do norte, profetizou para Judá numa época de muita

necessidade de consolação com referência aos inimigos

Assírios.

Como um verdadeiro profeta de Jeová, Naum

estava profundamente consciente de que o Senhor, o

incomparável e Todo Poderoso Deus exerce o domínio

sobre os reinos deste mundo. Como seu pr edecessor

Isaías, Naum também era um poeta talentoso. Utilizando

uma r iqueza de metáforas e linguagem ilustrativa, o

profeta retrata a destruição total de Nínive por um inimigo

anônimo e assim expressa o alívio universal e a alegr ia de

todos os que sofreram sob o regime opressivo de um cruel

tirano.

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Data

Naum profetizou antes da queda de Nínive em

612 a.C. O capítulo 3 e versículos 8 a 10 de Naum refere -

se à queda de “Nô” ou “Nô-Amom” (i.e., a cidade egípcia

de Tebas) como evento passado, ocorr ido em 663 a.C. A

profecia de Naum, portanto, foi profer ida entre 663 e 612

a.C., provavelmente por volta desta últ ima data, durante a

reforma promovida pelo rei Josias (c. 630 -620 a.C.).

E mais provável que sua mensagem tenha sido

entregue pouco antes da destruição de Nínive, talvez

quando os inimigos da Assír ia estavam colocando suas

forças em ordem de batalha para o ataque final.

Cenário

Os assírios eram conhecidos no mundo antigo

pela extrema crueldade com que tratavam os povos

subjugados. Depois de atacarem uma cidade, passavam a

chacinar implacavelmente os habitantes, deportando o

restante da população a outras partes do império. Muitas

pessoas morr iam como resultado das marchas forçadas ao

exílio (Na 3.3). Os líderes das nações conquista das eram

torturados sem miser icórdia, e executados.

Um século antes, Jonas fora enviado a pregar a

Nínive, capital da Assíria. Por algum tempo, os assír ios

arrependeram-se de seus pecados, mas logo voltaram aos

seus maus caminhos. Deus usara tais ímpios como

instrumento de seu juízo a fim de castigar Samaria, capita l

de Israel, e deportar os israelitas ao exílio. Agora,

aproximava-se rapidamente o dia do juízo para a própria

Assíria.

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Nínive era uma metrópole ímpia, imperialista e

desonesta, com um desejo arrogante e inescrupuloso pelo

poder e pela dominação, que se manifestava num

impiedoso desejo por guerras. Além de seus feitos

militares, Nínive foi condenada por suas práticas

comerciais impiedosas e por seu mater ialismo insaciáv el

(Na 3.16).

Conteúdo

O livro de Naum consiste numa sér ie de três

profecias dist intas contra a Assír ia, especialmente contra

Nínive, sua capital. As três profecias correspondem aos

três capítulos do livro:

Capítulo 1:

Contém uma descrição clara e marcante da

natureza de Deus - especialmente de Sua ira, justiça e

poder, que tornam inevitável a condenação dos ímpios em

geral, e a destruição de Nínive em particular.

Capítulo 2:

Prediz a condenação iminente de Nínive, e

descreve, em linguagem vivida1, como se daria o juízo

divino.

Capítulo 3:

Alista de modo breve, os pecados de Nínive,

declarando que Deus é justo no seu juízo, e termina com

um quadro do julgamento já executado.

História de Nínive

Nínive foi uma das cidades mais antigas,

fundadas por Ninrode (Gn 10.11), foi capital da Assír ia

depois de Assur, embora, a capital mudasse às vezes

‟ Que tem vivacidade. Ardente, intenso, vivo.

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para outras localidades perto de Nínive; a Assíria teve

esse nome em homenagem ao seu principal deus, Assur,

divindade de guerra, separou -se da Babilônia antes de

1500 a.C., mas conheceu apenas esporádicos1 per íodos de

grandeza: sob o governo de Asur -Ubalite I (1363-1328),

Tucult i-Ninurta I (1243-1207), Tiglate- Pileser I (1112-

1074), Ada-Niradi II (909-889) Salmanezer III (858-824),

Adad-Nirari II (809-782).

O “segundo império Assír io” teve muita

relação com a Histór ia Bíblica:

■ Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.) invadiu a Síria e

Israel do Norte;

■ Salmanezer V (704-681 a.C.) sit iou Samaria levou

cativo Oséias;

■ Sargon III (721-705 a.C.) destruiu Samaria,

subjugou Babilônia;

■ Senaqueribe (704-681 a.C.) conquistou a

Palestina e destruiu a Babilônia;

■ Esaradon (681-669 a.C.) conquistou o Egito em

671 a.C.;

■ Assurbanipal (669-626 a.C.) tomou a Babilônia do

seu irmão Samassumuquim em 648 a.C., levou

Manassés cativo para a Babilônia. Fundou a maior

biblioteca dos tempos antigos com cerca de 20.000

volumes.

O Império Assír io começou a se desintegrar em

626 a.C., Nínive foi destruída em 612 a.C. e seu exército

foi finalmente aniquilado em Carquemis (605 a.C), a

destruição de Nínive foi tão completa que a cidade tornou -

se quase uma lenda durante dois milênios, até ser

redescoberta em 1842 d.C. por Layard e Botta, nada

restou da cidade e de seu poderio.

1 Disperso, espalhado. Acidental, casual, raro.

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A Assíria e a soberba de Nínive eram

conhecidas pelo seu poderio militar e crueldade. A

maior ia dos seus deuses eram considerados dominadores

sobre a guerra. Seus habitantes gostavam da caça e da

guerra. Grande parte da sua arte, cultura e ciência eram

copiadas da Babilônia, perante o qual eles se sentiam

infer iores.

Finalmente, os israelitas infiéis foram levados

para a Babilônia, e esta mandou para as terras de Israel

mestiços1 babilônicos.

O Cenário Político de Judá

Em 710 a.C., Judá sobreviveu à invasão Assír ia

por Sargo, em virtude do grande avivamento de Ezequias,

enquanto a Babilônia exercia o controle do or iente, diante

do ameaçador deslocamento da Assír ia para o lado

ocidental, Ezequias sentiu-se grandemente tentado a

reforçar suas defesas com o auxílio do Egito e da

Babilônia (2Rs 18.21) o Império Assír io estava no auge do

seu poder e ameaçava engolir Judá e todo o Oriente Médio

na sua investida para o Ocidente, era uma época de

grandes reformas no cenário polít ico mundial, e Judá

precisava da consolação divina referente a violenta

Nínive, a antiga cidadela2 da ferocidade.

O Objetivo do Livro

O principal objetivo do livro de Naum foi

consolar Judá com referência ao seu feroz inimigo a

Assíria.

1 Indivíduo cujos pais ou ascendentes são de etnias diferentes. 2 Lugar onde se pode estabelecer defesa.

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No seu recado profético, Naum revelou o

detalhado plano divino para destituir e devastar Nínive

completamente. Essa mensagem , foi entregue ao povo de

Judá a fim de lembrá-lo da soberania do Senhor sobre

todas as nações, e que ele não tolera por muito tempo

àqueles que governam com roubo e violência

desrespeitando sua admoestação de justiça.

■ A indignação do Senhor (Na 1.1-14);

■ “O Senhor reserva indignação para os seus

inimigos” (Na 1.2);

■ “Quem pode suportar a sua indignação?” (Na 1.6).

Naum de modo semelhante a Miquéias,

principia o seu livro enfatizando a grande ira do Senhor ,

contra o pecado e a Sua vinda para fazer julgamento aos

perversos, mas observe algumas caracter íst icas do zelo de

Deus (Na 1.3):

■ Ele é tardio em irar-se;

■ Grande em poder;

■ Jamais inocenta o culpado;

■ Senhor tem saída em meio aos problemas;

■ Possui o poder. Ainda em Naum 1.6 Notamos o seguinte:

■ Não há quem possa suportar a suaindignação;

■ Em meio a sua vingança há umrefúgio para os

justos (Na 1.7);

■ A Deus pertence o direito, Ele Se revela justo ao

executar vingança (Na 1.9-11);

■ A vingança de Deus é total e completa (Na 1.12 -

14). Sendo assim, Naum anuncia aos judeus que

devem se alegrar (Na 1.15).

Nenhum outro livro da Bíblia é tão enfático na

mensagem de julgamento e miser icórdia não

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aproveitada. Suas únicas “boas novas” são a profecia

sobre a destruição de Nínive (Na 1.15).

Tamanha foi à preocupação do profeta com os

pecados e julgamento daquela cidade, que os pecados de

Israel e Judá não foram nem mesmo lembrados.

Observem que o Senhor dedicou um livro

inteiro para descrever vivamente sua grande ira contra um

povo que vivia na violência, roubos e derramamento de

sangue, e que deixou de permanecer na miser icórdia

dispensada por Deus através do profeta Jonas.

No capítulo dois, Naum continua seu relato,

falando sobre a terr ível desolação de Nínive, cidade

rainha (Na 2.7). E deixa claro que desta vez não haverá

miser icórdia da parte de Deus (Na 2.5,8,10). Você pode

notar que estes versículos retratam o seguinte: não haverá

escape; por mais que sejam fortes, valentes ou experientes

na guerra, todas as saídas estavam bloqueadas pelo

inimigo.

Quem gostaria de ter escr ito este livro era o

profeta Jonas (Jn 4.2), pois ele não compreendia que o

Senhor t inha antes uma colheita a fazer naquela cidade. O

arrependimento dos ninivitas naquela época adiou o

julgamento do Senhor. Pois is to só ocorreu uma vez que o

povo voltou a antiga violência e perversidade. Há

comentários que eles usavam açoitar seus prisioneiros até

o ponto de arrancar sua pele, que eram depois usadas

como ornamentos nos seus castelos e templos. O castigo

intenso por parte do Senhor veio por desrespeito à sua

miser icórdia.

Nínive era símbolo clássico do mundo quanto

ao seu poder, violência e rebeldia contra Deus desde os

tempos de Ninrode (Gn 10.9-11), todavia, Deus ordenou a

destruição total, a ponto de ficar

91

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encoberta de areia durante séculos. No capítulo 3.1 -17 o

profeta salienta as razões pelas quais Deus está se

vingando de Nínive:

■ Cidade sanguinár ia e cruel (Na 3.1-3), cheia de

prostituição e feit içaria (Na 3.4-5) e cidade que se

julgava melhor e mais forte que as outras grandes

cidades. Exemplo: Nô-Amom ou Tebas, no Egito,

que a própria Assíria conquistou (Na

3.7-10).

Quem por muito tempo julgava ser tão

poderosa, agora seria consumida pelo fogo (Na 3.15).

A marcante lição de Naum para as nações é que

a lei de Deus é algo muito sér io. Embora o pecado e a violência possam ficar sem punição por algum

tempo, dentro da longanimidade divina, todavia, não

serão esquecidos.

Neste caso, não está apenas em jogo o “tempo”

de Deus, mas também a justificação do seu caráter (Êx

34.6-7; Nm 14.18).

O fato de ser “tardio em irar -se”, e sempre se

mostrar miser icordioso, não o isenta de aplicar sua

justiça. O Deus vingador descr ito por Naum é um dos

quadros mais aterradores da Bíblia. Enquanto o livr o de

Jonas representa a ira e o julgamento divino das nações,

mesmo que não conheçam a lei de Moisés.

Na referência 1.15 de Naum, mesmo que

indiretamente entendemos ser uma referência a Cristo e

seu evangelho onde diz: “do que anuncia boas novas, do

que anuncia a Paz!”.

É uma referência a Isaías 52.7, mas aplicada

por Paulo em Romanos 10.15, quanto ao aspecto libertador

do evangelho.

Naum tinha por objetivo consolar Israel a

respeito da ameaça nacional por parte de Nínive.

92

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Características Especiais

Três aspectos básicos caracter izam o livro de Naum:

É um dos três livros proféticos do Antigo

Testamento, cuja mensagem é dir igida quase que

exclusivamente a uma nação estrangeira (os outros

dois são Obadias e Jonas);

Seu conteúdo profético e linguagem poética acham-se

pontuados de metáforas descr it ivas, vividos quadros verbais e linguagem franca

como em nenhuma outra parte da Bíblia;

Há uma ausência notável de mensagens a Judá

concernente aos pecados e idolatr ia danação, talvez

porque o livro tenha sido escrito durante as reformas

do rei Josias (2Rs 22.8 -23.5). Pelo contrário, traz

palavras de esperança e consolo a Judá (Na 1.12,13

15).

O Livro de Naum ante o Novo Testamento

O Novo Testamento não faz nenhum uso direto

deste livro. A única exceção talvez seja Naum 1.15,

versículo este que o próprio Naum colheu de Isaías 52.7.

Paulo usou a linguagem figurada de “pés formosos” para

enfatizar que, assim como o mensageiro no Antigo

Testamento foi acolhido com júbilo pelo povo de Deus ao

trazer-lhe as boas novas de paz e de livramento das mãos

da Assír ia (Na 1.15) e Babilônia (Is 52.7).

Da mesma forma os pregadores do novo

concerto levam as boas novas de libertação do pecado e do

poder de Satanás (Rm 10.15). Naum também r eforça a

mensagem do Novo Testamento: Deus não permitirá que

os pecadores permaneçam impunes (Na 1.3).

93

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Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

6. O livro de Naum é o único entre os profetas que

a) Não profere julgamento contra as nações

circunvizinhas de Israel

b) Profere julgamento contra Israel; desolação e a

queda de Jerusalém

c) Não profere julgamento contra Israel; apenas

consolação

d) Profere julgamento contra Edom, Nínive e

Babilônia ao mesmo tempo

7. É o tema do livro de Naum

a) Grande julgamento divino sobre Israel

b) Grande julgamento divino sobre Nínive

c) Grande julgamento divino sobre Judá

d) Grande julgamento divino sobre Babilônia

8. O principal objetivo do livro de Naum foi consolar

Judá com referência

a) Ao seu feroz inimigo a Assír ia

b) Ao seu feroz inimigo a Babilônia

c) Ao seu não muito amigo Samaria

d) Ao seu feroz inimigo a Caldéia

Marque “C” para Certo e “E” para Errado

9. Os assír ios eram conhecidos no mundo antigo pela

bondade com que tratavam os povos circunvizinhos

10. Naum é um livro profético do Antigo Testamento,

cuja mensagem é dir igida quase que exclusivamente a

uma nação estrangeira

94

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Lição 4

Habacuque, Sofonias e Ageu

Autor: Habacuque.

Data: Cerca de 606 a.C.

Habacuque Tema: Viver pela Fé. Palavras-Chave: Fé, AÍ. Versículo-chave: Hc 2.4.

Os justos viverão pela fé na santidade e no justo

julgamento divino. Diferentemente da maioria dos outros

profetas, Habacuque não profetiza para a desviada Judá.

Escreveu para ajudar o remanescente piedoso a

compreender os caminhos de Deus no tocante a sua nação

pecaminosa, e ao seu castigo iminente.

Habacuque, após haver considerado o intrigante

problema dos caldeus, uma nação deploravelmente ímpia,

serem usados por Deus para tragar o seu povo em juízo (Hc

1.6-13), garante aos fiéis que Deus lidará com toda a

iniqüidade no tempo determinado. Entrementes, “o justo,

pela sua fé, viverá” (Hc 2.4). “Exultarei no Deus da minha

salvação” (Hc 3.18).

O objetivo do livro de Habacuque era enfatizar a

“Santidade de Deus” ao julgar o violento Reino de Judá

pelos seus pecados, muito embora Deus tivesse usado uma

nação ainda mais iníqua para

95

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executar tal julgamento. “A revelação da soberania do

Senhor sobre a histór ia transforma o lamento de

Habacuque em um hino de alegria (Hc 3.2 -19) depois de

viver uma profunda crise espiritual”.

“O justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4),

percebemos o porquê de Habacuque ter sido denominado

“o livro que começou a reforma”, ao des envolver a

doutrina da justificação.

Paulo citou Habacuque 2.4 em Romanos 1.17 e

Gálatas 3.11, “O justo viverá pela sua fé”, e este foi o

tema de Lutero e os demais reformadores; esta frase é

também citada em Hebreus 10.38; em três citações no

Novo Testamento há uma progressão interessante quanto à

ênfase:

■ Romanos 1.17: “Porque no evangelho é revelado, de

fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas

o justo viverá da fé”, a ênfase está em “O justo”.

■ Gálatas 3.11: “É evidente que pela lei ninguém é

justificado diante de Deus, por que: O justo viverá

da fé”, a ênfase está em “Viverá”.

■ Hebreus 10.38: “Mas o justo viverá da fé; e se ele

recuar, a minha alma não tem prazer nele”, a ênfase

está em “Fé”.

Autor

Habacuque quer dizer “abraçar”, ou “o que

abraça”. Segundo muitos estudiosos, o profeta rodeia Deus

com oração pelo país, e também com louvor por sua

grandeza ao resolver o grande problema do profeta quanto

à santidade.

Lutero comentou que Habacuque revela -se um

encorajador, ou alguém que consola uma pobre criança que

chora fazendo-a acalmar.

96

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O nome Habacuque pode ser der ivado do nome

de uma planta. Quase nada se sabe sobre Habacuque, sobre

sua família; é mencionado somente duas vezes no seu livro

(Hc 1.1) e não é mencionado em nenhum outro lugar da

Bíblia.

Em virtude do seu salmo litúrgico, supõe-se que

tenha sido levita músico do santo Templo, todavia esse

raciocínio não se mostra muito lógico, pois o mesmo

deveria ocorrer com Davi, que escreveu muitos salmos

litúrgicos, e não era levita, por essa razão, supõe-se e não

afirmamos que o mesmo era levita. Portanto,

possivelmente Habacuque tenha sido um dos cantores do

Templo e sacerdote da tribo de Levi, sendo, provavelmente

natural de Jerusalém.

Data

O Livro de Habacuque foi escrito em 606 a.C.,

aproximadamente; vejamos algumas referências que nos

ajudam a entender o motivo.

No capítulo 1.6, ele faz referência aos caldeus,

que viviam numa inacreditável ferocidade. Isso sugere uma

data anter ior a 605 a.C. e posterior às suas conquistas

iniciais.

Ele não fez referência alguma a Nínive, o que

sugere uma data posterior à destruição da cidade de Nínive

em 612 a.C.

O profeta preocupa-se sobremaneira com a

violência de Judá, isto sugere uma época posterior à morte

de Josias em 609 a.C., no iníquo reinado de Jeoaquim.

Sendo assim, a data mais provável seria 606

a.C., durante o reinado de Jeoaquim, antes de Judá, ser

subjugado por Nabucodonosor.

97

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Cenário

Aspecto Polít ico e Religioso.

A luta pelo poder entre a Assíria, Babilônia e

Egito favorecera a Babilônia. Nínive caiu em 612 a.C., o

exército do Egito seria derrotado em 605 a.C. em

Carquemis; portanto Nabucodonosor estava em ascensão.

O profeta Habacuque foi contemporâneo de

Jeremias, tendo profetizado para o Reino do Sul que se

precipitava num colapso nacional; a reforma de Josias

terminou com sua morte em 609 a.C. e as sementes de

corrupção plantadas por Manassés frutificaram com

rapidez no reinado de Jeoaquim.

Judá era incorrigivelmente corrupta e estava

para ser julgada, conforme ficou demonstrada pela

“passageira” reforma de Josias, Judá não t inha tirado

proveito da lição do julgamento divino sobre Samaria, Nô -

Amom ou Nínive, Jerusalém sofrer ia o mesmo destino nas

mãos de adversário igualmente perverso.

Caldeu é o nome que se dá para um habitante,

ou alguém natural da caldeia. Os caldeus dominaram

Babilônia no nono século a.C. Eles estavam firmemente

estabelecidos nas praias do Golfo Pérsico, tendo como

capital a cidade de Bit-Yakin. No reinado de Merodaque

Baladã conquistaram a Babilônia.

Senaqueribe, rei da Assír ia, por sua vez,

derrotou o conquistador. Em 625 a.C., o caldeu Napolassar

fundou o novo Império de Babilônia e os caldeus

constituíram a raça dominante e assumiram todas as

funções administrativas e eclesiásticas; o nome caldeu

ficou sendo sinônimo de sábio juntamente com os

sacerdotes de Del-Marduk, tidos como sacerdotes

possuidores da sabedoria (Dn 1.4; 2.2-4).

98

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O Diálogo do Profeta com Deus

Habacuque, ao contrário dos demais livros

proféticos é mais uma oração do que uma profecia. O

profeta tem um diálogo ousado com Deus, fazendo-lhe

perguntas no que diz respeito aos conhecimentos da época;

perguntas que parecem desafiar o Senhor, tanto a santidade

quanto o amor do Senhor, a oração continua em todo o

livro; o profeta pergunta e espera de Deus a resposta.

A fé divina de Habacuque é vigorosa e

profunda, que ele pôde expressar honestamente suas

dúvidas e ficar satisfeito quando o Senhor responde com

novos apelos à fé.

O profeta inicia perguntando a Deus porque a

demora em realizar a justiça: “Até quando?” (Hc 1.2), com

todos os acontecimentos (Hc 1.1-4), o profeta espera de

Deus uma providência rápida, pois sabe que só o Senhor

daria resposta aos problemas.

O salmista também usou expressão similar1 (SI

10.1) “Por que te conservas ao longe, Senhor? Por que te

escondes em tempos de angústia?”.

Deus ouve o profeta e lhe responde (Hc 1.5 -

11) , o Senhor traz referência ao poderio caldeu (v.6) que

atacaria Jerusalém, causando grande horror e ruína a

muitos; nos versículos 7,8 e 9 fala do poder ou força com

que atacariam Jerusalém; no versículo 10 “Escarnecem dos

reis, e dos príncipes fazem zombaria; eles se riem de todas

as fortalezas; porque, amontoando terras as tomam”, no

versículo 11 o que chama a atenção é que eles cultuaram o

seu próprio poder, isto é, “o poder é o seu deus”, o ataque

ser ia tão terrível

1 Que tem a mesma natureza, a mesma função, o mesmo efeito, ou a

mesma aparência:

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que o Senhor disse ao profeta: “Porque realizo em vossos

dias obra tal, que vós não crereis quando vos for contada”

(Hc 1.5).

Em cumprimento da Palavra do Senhor dita ao

profeta, o grande Império Babilônico (após algumas

investidas contra Judá) no ano 586 a.C., entrou em

Jerusalém, destruiu-a e levaram prisioneiros seus

habitantes.

A Reação do Profeta com a Resposta de Deus

Após ouvir o que o Senhor faria com Judá (Hc

1.5-11), o profeta dá uma pausa nos seus protestos e não

compreende o porquê Deus usaria uma nação pagã, p ara

punir o seu povo com tamanha crueldade (Hc 1.12 -13).

O profeta compara Babilônia a um pescador que

usando suas redes e anzóis apanha muitos peixes (Hc 1.14 -

16). Habacuque sabia que o povo teria que sofrer a punição

e serem disciplinados, porém não quer ia que eles

sofressem tanto sob o jugo desse novo poderio do oriente;

razão pela qual intercedia, e de Deus queria saber

(respostas) sobre o castigo vindouro de Judá (Hc 1.17).

No capítulo 2 o diálogo continua, pois

Habacuque já tinha obtido uma resposta, e agora aguardava

a segunda resposta, o profeta ao questionar os meios de

agir de Deus o fazia com ousadia e coragem. Entretanto,

Deus estava sempre pronto a ouvir; todavia a disposição do

profeta ante a expectativa da resposta divina, que só veio a

partir do versículo 2 “escreve a visão, e grava -a sobre

tábuas (de grande porte, com letras grandes), para que a

possa ler até quem passa correndo”. A visão não trata do

julgamento de Judá, mas do julgamento dos caldeus, e

100

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de outros futuros inimigos do Senhor além da preservação

do povo de Deus.

A resposta da segunda pergunta do profeta veio

assim: “tenha paciência, pois realizo os meus objetivos e

nada me impedirá de cumpri-los” (Hc 2.3).

Encontramos no capítulo 2.6-20 cinco “ais”

sobre os babilônicos; a lista de “ais” é composta pelas

nações “todos estes” (v.6), que t inham sido subjugadas

pelos caldeus; elas levantam suas vozes em protesto contra

a infância do seu opressor:

Ai do avarento (Hc 2.6-8);

Ai do cobiçador (Hc 2.9-11);

Ai do que pratica a crueldade (Hc 2.12-14);

Ai do corrupto (Hc 2.15-17);

Ai do idólatra (Hc 2.18-20).

Em meio aos “ais” encontramos duas frases de

encorajamento e esperança, a saber:

A terra se encherá do conhecimento da glór ia de

Deus (Hc 2.14);

Senhor está no seu santo Templo (Hc 2.20).

Estas frases indicam que, toda a impiedade

que infesta a terra, um dia acabará e a glória do Senhor

encherá a terra. Que o Senhor reinará onipotente no Seu

santuário, Ele domina hoje e sempre dominará. Só o Senhor

é digno de toda a reverência (Hc 2.18-20):

■ (v.18) - “Que aproveita a imagem esculpida, tendo -a

esculpido o seu artífice? A imagem de fundição que

ensina a mentira? Pois o artífice confia na sua

própria obra, quando forma ídolos mudos”;

■ (v.19) - “Ai daquele que diz ao pau: Acorda e à

pedra muda: Desperta! Pode isso ensinar? Eis que

está coberto de ouro e de prata, e dentro dele não há

espír ito algum”;

101

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■ (v.20) - “Mas o Senhor está no seu santo

Templo; cale-se diante dele toda a terra; cale-se

diante dele toda a terra”.

Habacuque realmente podia dizer: “O justo

viverá pela fé”, mesmo sabendo que Judá seria julgado e

subvertido, ele encerra o seu livro com exclamações de

vitória e alegr ia, numa demonstração que t inha aprendido a

ter fé em Deus em todas as situações, ele afirmou em

Habacuque 1.12, “Não morreremos”, pois sabia que muito

embora castigado, o povo escolhido não seria destruído

por completo.

“Tenho ouvido oh! Senhor, as tuas declarações,

e me sinto alarmado, aviva a tua obra oh! Senhor, no

decorrer dos anos, fazei-a conhecida, na tua ira lembra-te

da miser icórdia” (Hc 3.2). Ele se achava alarmado ou

assombrado com a maneira que o Senhor agiria, todavia,

compreende a situação, porém, lembra - se que o Senhor é

misericordioso e revela que seu desejo principal (em meio

às frustrações) é que Deus intensifica a sua obra, e anela

que Ele continue a operar entre o Seu povo. Que ao

decorrer dos anos, Deus restaure Israel ao seu devido

lugar, que não seja severo demais ao castigá -lo, e que o

faça conhecido e novamente digno entre as nações,

glorificando assim o Seu bendito nome.

“Deus vem de Temã e do monte de Parã vem o

Santo” (Hc 3.3-16), diz respeito à direção donde viria a

manifestação do Senhor. Sua justiça e glória representam

meramente “o ponto de partida” da vinda do Senhor contra

os caldeus. Temã era um distrito ao sul de Edom. Parã é

uma área montanhosa, região do Sinai.

O profeta salienta dois aspectos da justiça

divina em sua oração (Hc 3):

1o) E o seu direito de julgar

102

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2o) É o seu propósito de julgar;

O profeta descreve ainda o grande poder de Deus:

A terra treme (v.6);

O sol e a lua pararam (v. 11);

Transpassas a cabeça dos guerreiros (v. 14).

Ao ouvir o som da marcha do exército do

Altíssimo, Habacuque fica comovido no seu íntimo,

reconhecendo que somente o Senhor tem absoluta

autoridade para julgar os povos (Hc 3.15 -16). Seus

propósitos em julgar são: S Para salvar o seu povo; S Para destruir seus adversários (Hc 3.13).

O profeta a estas alturas dos acontecimentos

podia entender o porquê aguardar em silêncio até o “tempo

determinado” (Hc 2.3).

O dia da angústia para alguns é interpretado

como sendo aquele dia em que Judá ser ia invadido e

devastado pelos babilônicos; para outros é o dia do

julgamento do Senhor sobre os babilônicos; porém, esse

dia de calamidade é aquele que sobrevirá aos inimig'os dos

judeus; contudo o profeta será recompensado por sua

espera, vendo o Senhor tratando com justiça os inimigos

que tanto oprimiam o seu povo.

A mensagem de Habacuque é maravilhosa, é

uma exclamação de fé e ânimo mediante as presentes

circunstâncias escuras de Judá; ou seja:

■ “Ainda que a figueira não floresça, nem haja frutos

nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e

os campos não produzam mantimento; ainda que o

rebanho seja exterminado da malhada e nos curais

não haja gado” (Hc 3.17);

103

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■ “Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no

Deus da minha salvação” (Hc 3.18);

■ “O Senhor Deus é minha força. Ele fará os meus

pés como o da corça, e me fará andar sobre os meus

lugares altos” (Hc 3.19).

Pregou e vivenciou a fé no Deus Todo

Poderoso, pois pelos olhos da fé, viu além da carência de

alimentos do seu dia; avistou um futuro quando o Santo

de Israel faria rejuvenescer a lavoura, os animais, a terra

e o povo; louvava a Deus por tudo isto que enxergava pela

fé.

Características Especiais

Cinco aspectos básicos caracterizam a profecia

de Habacuque:

1) Ao invés de profetizar a respeito da apóstata Judá,

registra, em seu “diário” pessoal, suas conversações

particulares com Deus, e a

subseqüente revelação profética.

2) Contém pelo menos três formas literárias dist intas

entre si: “diálogo” entre o, profeta e Deus (Hc 1.2 -

2.5) ; “ais proféticos” clássicos (Hc 2.6 -20); e um

“cântico profético” (Hc 3) - todas com dicção

vigorosa e com metáforas pitorescas.

3) O profeta manifesta três caracter ísticas em meio aos

tempos adversos: faz perguntas honestas ao Senhor

(Hc 1); revela fé inabalável na soberania divina (Hc

2.4; 3.18,19); e manifesta zelo pelo avivamento (Hc

3.2).

4) A visão que o profeta tem de Deus no capítulo três é

uma das mais sublimes da Bíblia, e relembra a

104

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teofania1 no monte Sinai. Outros trechos inesquecíveis

em Habacuque são: 1.5; 2.3,4,20; 3.2,17-19.

5) Nenhum profeta do Antigo Testamento fala com mais

eloqüência a respeito da questão da fé que Habacuque

- não somente na sua declaração, “o justo, pela sua fé,

viverá” (Hc 2.4), como em seu testemunho pessoal (Hc

3.17-19).

Questionário

■ Assinale com “X” as a lternativas corretas

1. Enfatizar a “Santidade de Deus” era

a) Oobjetivo do livro de Naum

b) Oobjetivo do livro de Ageu

c) Oobjetivo do livro de Sofonias

d) Oobjetivo do livro de Habacuque

2. E o versículo-chave do livro de Habacuque

a) “O grande dia do Senhor está perto, está perto”

b) “... O justo, pela sua fé, viverá”

c) “Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se

aquietará”

d) “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha

de Jerusalém”

3. E comparada pelo profeta Habacuque, a um p escador

que usando suas redes e anzóis apanha muitos peixes

a) Babilônia

b) Jerusalém

c) Samaria

d) Nínive

1 Manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos

sentidos humanos.

105

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■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

4. Diferentemente da minoria dos outros profetas,

Habacuque profetiza para a desviada Judá

5. Habacuque, ao contrário dos demais livros proféticos

é mais uma oração do que uma profecia

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Sofonias

Autor: Sofonias.

Data: Cerca de 630 a.C.

Tema: O Dia do Senhor.

Palavras-Chave: O Dia

Senhor está no meio de t i.

Versículo-chave: Sf 1.14 e 3.12.

do Senhor, o

O livro de Sofonias com apenas 53 versículos

mostra como a situação religiosa do reino de Judá se

deter iorou drasticamente após a morte de Ezequias. Os

judeus cada vez mais se inclinavam para a adoção de

costumes assírios, que então exerciam grande influência

cultural sobre a Palestina. As práticas religiosas

degeneradas, anter iores à grande reforma religiosa de

Josias, transparecem, com certos detalhes, no trecho de

2Reis 23.4-20.

Esta profecia tinha por objetivo divulgar um

chamado da undécima hora à nação, condenando sua

idolatria e advertindo o povo sobre o “Grande Dia da Ira

Divina”, que estava para vir. Além desse aviso, Sofonia s

enfatizou novamente os resultados finais do julgamento de

Israel, que seria um povo purificado e humilde , restaurado

pelo Senhor, que passaria a habitar no meio deles. Ele

inicia de maneira brusca a sua profecia (Sf 1.1 -6), dizendo

que Deus vai consumir todas as coisas sobre a face da terra

(Sf 1.2,3).

O profeta inicia profetizando o fim de tudo, e

depois recua aos poucos deixando claro o julgamento de

Deus sobre algumas nações e sobre o seu próprio povo. “O

dia da ira do Senhor” (Sf 1.1 -18), é um trecho dos mais

pavorosos dentre todos os Profetas Menores. Neles

encontramos uma narração espantosa sobre o “terrível dia

do Senhor”, as frases sinônimas que Sofonias usa para

descrevê-lo são (Sf 1.15-16):

107

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Dia de indignação;

Dia de angústia;

Dia de alvoroço e desolação;

Dia de escuridão e negrume;

Dia de nuvens e densas trevas;

Dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e

contra as torres altas.

A primeira parte tem a ver com Judá (Sf 1.7 -

13) e a segunda inclui toda a terra (Sf 1.14-18). O verso

18 diz que de nada valerá o ouro e a prata, pois Deus não

se deixa subornar.

Tema

A repetição frequente da frase “Dia do Senhor”

sugere imediatamente que Sofonias t inha uma mensagem

de julgamento. Mas, como acontecia com quase todos os

demais profetas, tem também uma mensagem de

restauração. “Já se disse que a profecia de Sofonias é

peculiarmente estér il, sem vida, sem flor, sem fruto, sem

nenhuma das belezas naturais; nada senão um mundo

queimado por um forte vento abrasador”. Se for assim,

qual é o motivo? Vejam as condições descritas.

Os homens vivendo no luxo, negando a

intervenção divina; a cidade materializada, egoísta,

luxuosa; os regentes, príncipes, juízes, profetas c

sacerdotes, todos corrompidos. A situação toda pode ser

expressa numa palavra “caos”. Qual é, então, a histór ia do

Dia do Senhor? Caos consumado, desordem, condições

más, destruição, até que a cidade apareça ante os olhos do

profeta assombrado, como uma paisagem sombria sem

nenhuma vegetação, varrida por um vento abrasador.

108

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Autor

Sofonias, cujo nome significa “o Senhor

esconde”, era tataraneto do rei Ezequias. Ele profetizou

durante o reinado de Josias (639-609 a.C.), o últ imo

governante piedoso de Judá (Sf 1.1). Sua referência a

Jerusalém como “este lugar” (Sf 1.4), bem como a

descrição minuciosa de sua topografia1 e de seus pecados,

indica que residia na cidade. Como parente do rei Josias,

tinha imediato acesso ao palácio real.

Conforme era de se esperar, suas profecias

focalizavam a Palavra do Senhor endereçadas a Judá e às

nações.

Sofonias é um autêntico profeta do Senhor,

enfrentou uma nação corrupta e ímpia, Judá. Embora

identificado com o povo escolhido, t al nação não poderia

subsist ir, pois o Senhor é um Deus justo. Bem para o

nordeste ficava a poderosa Assíria que haver ia de ser

usada pelo Senhor como seu instrumento para produzir a

destruição de Judá. Essa destruição ser ia um dia em que a

justiça do Senhor seria vindicada. Seria realmente um Dia

do Senhor.

Um comentarista moderno disse que é

perfeitamente evidente que o capítulo 3 não foi escrito por

Sofonias, porque o contraste é muito grande entre o quadro

do juízo terrível, devastador, irrevogável e o da

restauração. Ninguém pode imaginar, declara ele, que o

mesmo homem tivesse escr ito ambos. Tudo isto é o

resultado da cegueira do expositor. O último quadro é o de

Jeová entronizado, o quadro de uma nova ordem: cânticos

em vez de tristeza, serviço em vez de egoísmo,

solidariedade em vez de dispersão.

1 Descrição minuciosa de uma localidade.

109

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Data

O pecado dos quais Sofonias acusava Jerusalém

e Judá (Sf 1.4-13; 3.1-7), indicam que ele profetizou antes

do reavivamento e reformas promovidas por Josias.

Período este marcado pela iniqüidade dos reis que

antecederam a Josias (Manassés e Amom).

Foi somente no décimo segundo ano do reinado

de Josias (627 a.C.), que o rei empreendeu a purificação

do povo com o banimento da idolatria e a restauração do

verdadeiro culto ao Senhor. Oito anos mais tarde,

ordenar ia o conserto e a purificação do Templo. Nesta

ocasião, Hilquias, encontrou o livro da lei na casa do

Senhor (2Rs 22.1-10).

A descrição que Sofonias faz das lamentáveis

condições espir ituais e morais de Judá devem ter sido

escritas por volta de 630 a.C. E provável que a pregação

de Sofonias tenha t ido influência direta sobre o rei,

inspirando-o em suas reformas. O ano de 630 a.C. é

também indicado devido à ausência de referências, no

livro de Sofonias, à Babilônia, sendo esta uma potência

reconhecida no cenár io internacional. Babilônia só

começou a galgar uma posição de destaque com a

ascendência de Nabopolassar em 625 a.C. Mesmo assim,

Sofonias profetizou a destruição da grande Assíria, evento

este ocorrido em 612 a.C., com a queda de Nínive.

Jeremias era um contemporâneo mais jovem de Sofonias.

Cenário

Sofonias desempenhou seu ministér io no início

do ministér io de Jeremias; o cenário mundial passava por

profundas transformações, tanto na parte

110

Page 113: 179889308 Profetas Menores IBADEP

internacional quanto nacional. A Assíria estava em

declínio, a Babilônia ascendia ao poder sob

Nabopolassar e o Egito penetrava na Palestina, mas não

de modo eficiente; durante o longo reinado de

Manassés, Judá tinha se enfraquecido, e praticamente

era dependente da Assír ia, desta forma enfraquecida

tanto política quanto moralmente, foi que o Rei Josias

começou a reinar, com apenas 8 anos de idade, em 640

a.C. Josias começou a reinar após 55 anos de

derramamento de sangue e corrupção sob Manassés e

Amom (2Cr 34), o seu reinado pode ser assim dividido:

640-632 a.C. Princípio do reinado até buscar o Senhor

aos dezesseis anos.

632-629 a.C. Período de reinado depois de buscar ao

Senhor antes da reforma.

628-621 a.C. Primeira purificação da idolatria em

Jerusalém e todo Israel.

623-609 a.C. Posterior purificação depois de ser

encontrado no Templo o livro da Lei e

reunido o povo para renovação da

Aliança.

Cidades e Países

■ Filíst ia será destruída totalmente, não haverá nela

morador nenhum (Sf 2.4-5);

■ Moabe e Amom serão como Sodoma e Gomorra (Sf 2.8 -

9); ■ Etiópia será morta pela espada do senhor (Sf 2.12); ■ Assíria (Nínive) será como um deserto (Sf 2.13 -14).

Ai da rebelde e contaminada, da cidade

opressora. Não escuta a voz, não aceita a correção, não

confia no Senhor, nem se aproxima do seu Deus. Os

111

Page 114: 179889308 Profetas Menores IBADEP

seus oficiais são leões rugidores no meio dela; os seus

juízes são lobos da tarde, que nada deixam para o dia

seguinte. Os seus profetas são levianos, homens

aleivosos1; os seus sacerdotes profanam o santuário, e

fazem violência à lei.

O Senhor é justo no meio dela; ele não comete

iniqüidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta;

o injusto, porém, não conhece a vergonha. Exterminei as

nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas

praças a ponto de não ficar quem passe por elas; as suas

cidades foram destruídas, até não ficar ninguém, até não

haver ninguém, até não haver quem as habite.

Eu dizia: “Certamente me temerás e aceitarás a

correção; e assim a sua morada não ser ia destruída

conforme tudo o que eu havia determinado a respeito dela.

Mas eles se levantaram de madrugada, e corromperam

todas as suas obras”. Aqui nós vemos as ameaças contra

Jerusalém, pois Israel não ficará isento do juízo do Senhor.

Dia do Senhor e Israel

Diante disso o profeta lembra Judá que serve a

um Deus justo (Sf 3.5). Assim o Senhor espera que seu

povo siga o seu exemplo e não andem segundo os

caminhos de outros povos que viviam ímpiamente. Pois

esses povos serão exterminados pela ira de Deus, e se

Israel trilhasse o mesmo caminho, teria por conseqüência o

mesmo fim (Sf 3.6-7). Mas mesmo diante de toda a

orientação de Deus, você percebe a reação negativa no

versículo 7.

O profeta mostra o lado alegre do Dia do

Senhor (Sf 3.8-20), “a salvação da filha de Jerusalém”;

1 Que procede com aleive; desleal, traidor, pérfido. Caluniador.

112

Page 115: 179889308 Profetas Menores IBADEP

1

a salvação do remanescente de Israel, em meio à destruição

das nações, o profeta salienta em suas profecias a época da

vinda do Messias “O Rei de Israel” (Sf 3.15). Ele virá

como guerreiro vitor ioso para livrá -lo de todos os seus

últ imos inimigos, restaurar Jerusalém e habitar entre o seu

povo; portanto a vinda do Messias será alvo de grande

alegria e contentamento.

O Dia do Senhor em Sofonias 3, fala também de

purificação e seus resultados (vv 8-9). Os dispersos de

Israel que voltarão à Jerusalém e à sua terra. Deus

guardará do fogo de seu zelo e continuarão confiantes no

seu Salvador e viverá em paz o povo de lábios puros (v.9).

Por isso o profeta convida o povo a entoar um hino de

louvor ao Senhor (Sf 3.14) “Canta o filho de Sião (Israel)”.

“O Rei de Israel, o Senhor está no meio de t i”; esta é a

razão da alegr ia, pois afastou as sentenças, e lançou fora

os inimigos, e no final do versículo 15 diz: “Tu já não

verás mal algum”.

Sofonias fala da volta de Israel à sua terra (Sf

3.19-20), o seu ponto de vista histór ico salienta o retorno

dos judeus da dispersão, o dia glor ioso do seu retorno a

Jerusalém, neste dia os inimigos do povo de Deus „ se

defrontarão com Ele (Deus) e serão eliminados; assim o

Sumo Pastor, abrigará suas ovelhas que andavam dispersas,

o seu opróbrio (ignomínia ou desonra) será transformado

em glória e estarão unidos obedecendo ao seu Rei, “Um

louvor e um nome” (v. 19- 20).

113

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Ageu

Autor: Ageu.

Data: 520

a.C. Tema: Reedificação do Templo.

Palavras-Chave: A Casa do Senhor,

Considerai, Glória.

Versículo-chave: Ag 1.14.

Depois de estabelecer-se na terra o povo er igiu

um altar de holocaustos no local do Templo. Dois anos

mais tarde, em meio a grandes regozijos, foram lançados

os alicerces do Templo. Seu regozijo logo se tornou em

tristeza, porque, por meio dos esforços hostis, os

samaritanos foram ordenados, por um decreto imperial,

que fosse interrompida a obra.

Durante 16 anos o Templo permaneceu

inacabado, até o reinado de Dario, quando esse rei

publicou uma ordem permitindo a conclusão da obra. Mas,

nesse tempo o povo t inha se tornado indiferente e egoísta,

e, em vez de construir o Templo, estava ocupado

adornando as suas próprias casas. Como resultado desta

negligência, foi castigado com seca e esterilidade.

Ageu declara que a indiferença egoísta do povo

no tocante às necessidades do Templo era a ca usa dos seus

infortúnios.

Autor

Ageu significa “Festivo”, há quem diga que

esse nome está intimamente ligado ao maior objetivo de

sua profecia, que era completar o Templo para reiniciar as

festividades religiosas.

Ageu é um dos profetas pós-exílico,

contemporâneo de Zacarias. Foi primeira voz profética

114

Page 117: 179889308 Profetas Menores IBADEP

a se ouvir depois do cativeiro babilônico. Ageu t inha

qualidades de um bom pastor. Um encorajador cuja palavra

estava em sintonia com o coração do povo e a mente de

Deus, levando ao grupo desanimado à segurança da

presença de Deus.

O livro é dirigido a todo o povo com a

finalidade de despertá-los a reconstruir o Templo.

A tradição judaica sustenta que ele nasceu na

Babilônia e estudou sob a orientação de Ezequiel, e veio

para Jerusalém após o retorno do pr imeiro grupo de

exilados, pois o seu nome não consta da lista dos que

retornaram (Ed 2.2).

Ageu teve como contemporâneo Zacarias.

Juntos foram os principais incentivadores dos trabalhos de

restauração do Templo.

Data

O livro de Ageu foi escrito em 520 a.C. É um

dos livros bíblicos com data mais exata, datado do segundo

ano do Rei Dario Histaspes, rei da Pérsia (521-486 a.C.).

Ageu é o primeiro livro profético a apresentar

uma data nos reis gentios (com exceção de Daniel); isto

nos lembra o fato de que os “tempos gentios” estavam na

sua segunda fase, foi o pr imeiro profeta do Pós -Cativeiro,

seguido depois por Zacarias.

Ageu colaborou ainda com o sentido espir itual

da reedificação da casa de Deus com muito cuidado e

fervor.

Ageu inicia seu ministério profético numa hora

que o povo se encontrava muito desanimado, pois haviam

começado a reconstrução do Templo e não deram

continuidade às obras (esquecendo-se do Soberano Deus).

115

Page 118: 179889308 Profetas Menores IBADEP

Em 536 a.C. iniciam a reconstrução; em 529

a. C. pararam a construção; em 520 a.C. a reconstrução

recomeça e o Templo é concluído em 516 a.C., no dia 03

de março (Adar), possibilitando a observância da Páscoa

em 14 de abril (Ed 6.19).

Cenário

Após setenta anos de cativeiro na Babilônia, os

judeus retornaram sob nova política persa que encorajava a

volta dos cativos e lhes proporcionava uma nova situação

de vida.

Os samaritanos opunham-se à reconstrução do

Templo, esta oposição custou a suspensão da reconstrução

do Templo por dezesseis anos.

Em 537 a.C. iniciou uma grande era para os

judeus com a volta do cativeiro e o reinicio das ofertas da

aliança em Jerusalém; todavia a pausa na reconstrução

esfriou o entusiasmo de todos, e eles se voltaram para

interesses seculares, essas atividades não lhes deram lucro

(talvez Deus estivesse castigando-os para darem valor à

obra de reconstrução do Templo).

Nesse período de dezesseis anos o Senhor

mandou seca e má colheita, e enviou Ageu e Zacarias, para

mostrar-lhes a causa de todos os problemas que eles

estavam enfrentando; assim Ageu mostrou ao povo a

necessidade de estabelecer prioridades, e deixou claro que

a prior idade no momento era a retomada da reconstrução

do Templo.

Ageu revela ao povo, que seu livro tinha por

objetivo fazer com que os líderes e o povo continuassem a

reconstruir o Templo destruído, mostrando-lhes que os

fracassos nos outros setores da vida eram resultados da

negligência na obra do Senhor.

116

Page 119: 179889308 Profetas Menores IBADEP

A Construção do Segundo Templo

O profeta Ageu foi o responsável por conseguir

que a reconstrução do templo fosse reiniciada e concluída,

pois entendia que realizada esta obra com prioridade, ou

seja, em primeiro lugar, as bênçãos viriam sobre todos os

empreendimentos do povo.

Sob a liderança de Zorobabel (Governador) e

Josué (Sumo Sacerdote), despertados no seu espírito, e

com o povo, que também receberam despertamento,

reiniciaram a obra tão urgente; o poder da Palavra do

Senhor dita por Ageu, vinte e três dias após as primeiras

advertências, fez com que o povo voltasse ao trabalho que

tinha sido abandonado há dezesseis anos, o povo

necessitava de uma palavra de incentivo (Ag 2.1-5); Ageu

continuou a profetizar e motivar o povo a concluir a obra.

Provavelmente alguém começou a dizer que não

valer ia a pena tanto trabalho, pois este segundo Templo

era inferior ao pr imeiro em tamanho e beleza, além do que,

segundo o Talmude, a Arca, o Propiçiatório e o Fogo

Sagrado ou “Shekinah” que representava a Glória de Deus,

não se via nessa segunda Casa do Senhor, razão pela qual

Ageu diz a Zorobabel, a Josué e ao povo: “Sê forte...

trabalhai, Eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos”

(Ag 2.4). Foram palavras de ânimo e coragem ditas na hora

certa.

Ageu fala da glória do segundo Templo

justamente para lembrar ao povo que não obstante o

tamanho ou a beleza do Templo, ele estava ali presente

como prometera ao seu povo (Ag 2.5).

No texto de Ageu 2.7, na versão Almeida

Revista e Corrigida o texto é descr ito da segu inte maneira:

“e farei tremer todas as nações, e virá o

117

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Desejado de todas as nações...” na versão Almeida Revista

e Atualizada diz assim: “farei tremer todas as nações e as

cousas preciosas de todas as nações virão...”. Este

versículo é um pouco polêmico, pois alguns o interpretam

que o desejado de todas as nações é “Jesus”, partindo da

idéia dada pelo texto da Almeida Revista e Corrigida.

Enquanto que outros dizem que o Senhor movimentará

todos os povos os quais o reconhecendo como único Deus,

sentir-se-ão levados a lhe prestarem homenagens com suas

preciosidades (ouro e prata, como mostra o versículo

seguinte). O que parece mais coerente.

O profeta fala ainda sobre a agitação que

assinalará a volta do Messias; no versículo 8 Deus exclama

através do profeta: “Minha é a prata, meu é o ouro”;

provavelmente havia entre o povo alguém preocupado com

sua pobreza e a impossibilidade de adornar o Templo como

nos tempos antigos. Ageu leva o povo a entender que a

real beleza do Templo será a presença do Senhor; e diz que

“a glória da segunda casa será maior que a da primeira”

(Ag 2.9); além disso, ele garantiu: “Neste lugar darei paz”;

é o que com ansiedade aguardamos.

Na referência 2.10-19 o profeta Ageu entrega

sua terceira mensagem: Falando sobre a santidade, avisa

ao povo de que Deus não tolera imundice e que todo

aquele se chegar a Ele deve estar puro; só assim o Senhor

poderá abençoá-lo.

As Perguntas do Profeta

As duas perguntas foram dirigidas aos

sacerdotes, pois conheciam a lei e estavam aptos a

responder: “Se alguém leva carne santa na orla de sua

veste, e ela vier a tocar no pão, ou no cozinhado, ou no

118

Page 121: 179889308 Profetas Menores IBADEP

vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento,

ficará isto santificado?” Responderam os sacerdotes: Não

(Ag 2.12).

“Se alguém que se tenha tornado impuro pelo

contato com um corpo morto tocar nalguma destas cousas,

ficará ela imunda?” Responderam os sacerdotes: Ficará

imunda.

O profeta Ageu sugere ao povo que façam um

retrospecto dos acontecimentos, pois já fazia dezesseis

anos que eles tinham retornado do cativeiro: como tinham

vivido todos esses anos? (Ag 2.15-17); essas considerações

dever iam ser feitas antes de por as mãos às obras (Ag

2.15), ou seja: havia pouca comida, havia peste no campo,

o povo vivia na pobreza, o povo plantou, mas esqueceu -se

de agradecer a Deus o produto da terra, recomeçou a nova

vida em Judá, sem primeiro fazer a vontade de Deus. Com

tudo isso havia uma grande crise econômica.

Graças ao esforço e persistência do pr ofeta

Ageu, o povo reconheceu a sua situação e necessidade e se

manifestou ao Senhor; após isso vieram as bênçãos (Ag

2.18-19). Seriam abençoados. As colheitas seriam

abundantes. A figueira, a romeira e a oliveira dariam os

seus frutos.

Após três meses, os alicerces do Templo

estavam completos e toda Judá se achegava a Deus.

O profeta encerra seu livro falando do futuro

das poderosas nações gentílicas, o Messias as esmagará

antes do início do Reino Milenar e do Dia do Senhor,

salienta a soberania do escolhido de Deus: o Messias.

119

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Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

6. A repetição freqüente da frase “Dia do Senhor” sugere

imediatamente que Sofonias tinha

a) Uma mensagem de fortalecimento

b) Uma mensagem de consolo

c) Uma mensagem de avivamento

d) Uma mensagem de julgamento

7. Quanto a Ageu, é incerto afirmar que

a) É um dos profetas pós-exílico, contemporâneo de

Oséias

b) Foi a primeira voz profética a se ouvir depois do

cativeiro babilônico

c) Tinha qualidades de um bom pastor

d) Sua profecia tinha como objetivo: completar o

Templo para reiniciar as festividades religiosas

8. Foi o responsável por conseguir que a reconstrução do

templo fosse reiniciada e concluída

a) O profeta Sofonias

b) O profeta Amós

c) O profeta Ageu

d) O profeta Malaquias

■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

9.1 O livro de Sofonias com apenas 53 versículos

mostra como a situação religiosa do reino de Judá se

deter iorou drasticamente após a morte de Ezequias

10.0 Os samaritanos também ajudaram a reconstruir o

Templo, com isso, fez com que adiantasse a obra

120

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Lição 5 Zacarias e Malaquias

Autor: Zacarias.

Data: 520-470 a.C.

Zacarias Tema: A conclusão do Templo e as

promessas Messiânicas.

Palavras-Chave: Jerusalém, o Dia do

Senhor, Aquele Dia.

Versículo-chave: Zc 9.9-10.

A missão de Zacarias era animar, por meio da

promessa do êxito atual e da glória futura, o resto do povo

judeu, que estava desanimado pelas aflições e que hesitava

em reconstruir o Templo. O povo t inha motivos para estar

desanimado.

Propósito

Os dois propósitos que Zacarias tinha em mente

ao escrever seu livro correspondem às duas divisões

principais da obra:

■ Os capítulos 1-8 foram escritos a fim de encorajar o

remanescente judeu, em Judá, a persist ir na construção

do Templo.

■ Os capítulos 9-14 foram escritos para fortalecer

os judeus que, tendo concluído oTemplo, ficaram

desanimados por não ter aparecido

121

Page 124: 179889308 Profetas Menores IBADEP

imediatamente o Messias. Nesta passagem, é

revelado também em que importará a vinda do

Messias.

Autor

Zacarias, cujo nome significa “Senhor se

Lembra”, foi um dos profetas pós -exílicos. Nasceu no

exílio; era um sacerdote que voltara junto com Zorobabel e

Josué do cativeiro babilônico.

Zacarias, filho de Baraquias e neto de Ido (Zc

1.1), o identifica como autor do livro. Neemias informa

ainda que Zacarias era cabeça da família sacerdotal de Ido

(Ne 12.16). Por esta passagem, ficamos sabendo que ele

era da tribo de Levi, e que passou a servir em Jerusalém,

depois do exílio, tanto como sacerdote quanto profeta.

Zacarias foi um grande sacerdote que voltou

para Israel com seu pai Baraquias e seu avô Ido, na

primeira leva de cativos que retornaram da Babilônia com

Zorobabel. É o único profeta menor identificado como

sacerdote, acontecendo o mesmo com Jeremias e Ezequiel

(profetas maiores) que também foram sacerdotes. Ele é um

contemporâneo mais jovem do profeta Ageu.

Zacarias foi chamado para despertar os judeus

que retornaram, para completar a tarefa de reconstruir o

Templo (ver Ed 6.14). Sua mensagem escrita forma um

significativo elo entre os profetas anter iores (Zc 1.6) e as

fases posteriores da obra redentora de Deus, sobre a qual o

seu livro presta eloqüente testemunho.

Ele é um dos mais messiânicos de todos os

profetas do Antigo Testamento, dando referências dist intas

e comprovadas sobre a vinda do Messias.

122

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Data

Esdras 5.1 declara que ambos animaram os

judeus, em Judá e Jerusalém, a persistirem na reedificação

do Templo nos dias de Zorobabel (o governador) e de

Josué (o sumo sacerdote). O contexto histórico para os

capítulos 1-8, datados entre 520-518 a.C., é idêntico ao de

Ageu. Como resultado do ministério profético de Zacarias

e Ageu, o Templo foi terminado sua construção e dedicado

em 516-515 a.C.

Em sua juventude, Zacarias havia trabalhado

lado a lado com Ageu. A visão dos pr imeiros capítulos foi

dada, aparentemente, enquanto o profeta ainda era um

jovem (ver Zc 2.4). Mas ao escrever os capítulos 9 - 14

(que a maioria dos estudiosos indica a data entre 480 -470

a.C.), já se achava idoso.

A referência “ó Grécia” em Zacarias 9.13 pode

indicar que os capítulos de 9-14 foram escritos depois de

470 a.C., quando a Grécia substituiu a Pérsia como o

grande poder mundial.

As profecias que abrangem o livro de Zacarias

foram reduzidas à escrita entre 520 e 475 a.C. A totalidade

das profecias de Zacarias foi enunciada1 em Jerusalém

diante dos 50.000 judeus que haviam voltado a Judá na

primeira etapa da restauração.

O Novo Testamento indica que Zacarias, filho

de Baraquias, foi assassinado “entre o santuário e o altar”

(no lugar da intercessão) por oficiais do Templo (Mt

23.35). Algo semelhante ocorrera a outro homem de Deus

que t inha o mesmo nome (ver 2Cr 24.20,21).

1 Exprimir, declarar, expor, manifestar.

123

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Cenário

Dois meses após Ageu ter iniciado sua

mensagem, Zacarias começou a sua; os dois profetas foram

usados por Deus para incentivar o povo judeu na

construção do Templo que estava paralisada durante

dezesseis anos, eles deixaram clara a relação entre a

obediência do povo na reconstrução do Templo e a benção

divina em suas vidas (Ag 1.9 e Zc 1.16-17).

Os exilados que retornaram à sua terra natal em

536 a.C. sob o decreto de Ciro, estavam entre os mais

pobres dos judeus cativos. Cerca de cinqüenta mil pess oas

retornaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e

Josué. Rapidamente, reconstruíram o altar e iniciaram a

construção do Templo. Logo, todavia, a apatia1 se

estabeleceu, à medida que eles foram cercados com a

oposição dos vizinhos samaritanos, qu e, finalmente, foram

capazes de conseguir uma ordem do governo da Pérsia para

interromper a construção.

Durante cerca de doze anos a construção foi

obstruída2 pelo desânimo e pela preocupação com outras

atividades, Zacarias e Ageu persuadiram o povo a volt ar

para o Senhor e aos seus propósitos para restaurar o

Templo destruído. Zacarias encorajou o povo de Deus

indicando-lhes um dia, quando o Messias reinaria em u m

Templo restaurado, numa cidade restaurada.

Na tentativa de estender o governo persa até a

Europa, Dario saiu-se bem no início, mas foi derrotado

pela cidade da Grécia na batalha de Maratona em 490 a.C.,

sofreu uma derrota ainda maior em

1 Estado de impassibilidade, de indiferença. 2 Fechar, tapar; entupir. Impedir com obstáculos a passagem ou

circulação de: Impedir, estorvar.

124

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Salamania, isso mudou o curso do avanço persa no

ocidente; assim, os gregos seriam outra potência gentia a

ser enfrentada, foi nesse clima que Zacarias escreveu os

capítulos 9-14; ele escreve detalhadamente sobre uma

invasão grega que se apossaria de toda a P alestina, exceto

Jerusalém, que seria poupada e protegida pelo Senhor.

Conteúdo

O livro divide-se em duas partes principais:

Primeira parte (Zc 1-8).

Começa com uma exortação aos judeus par a que

voltem ao Senhor, para que também o Senhor se volte a

eles (Zc 1.1-6). Enquanto encorajava o povo a terminar a

reedificação do Templo, o profeta Zacarias recebeu uma

sér ie de oito visões (Zc 1.7-6.8), garantindo à comunidade

judaica em Judá e Jerusalém, que Deus cuida de seu povo,

governando-lhe o destino.

As cinco primeiras visões transmitiam

esperança e consolação; as últimas três envolviam juízo. A

quarta visão contém uma importante profecia messiânica

(Zc 3.8,9). A cena da coroação descrita no livro de

Zacarias (Zc 6.9-15) é uma profecia messiânica clássica do

Antigo Testamento.

Duas mensagens (caps.7-8) fornecem

perspectivas presentes e futuras aos leitores originais do

livro. Segunda parte (Zc 9-14).

Contém dois blocos deprofecias apocalípticas.

Cada um deles é introduzido pela expressão: “Peso da

Palavra do Senhor” (Zc 9.1; 12.1). O primeiro “peso” (Zc

9.1-11,17) inclui promessa de salvação messiânica para

Israel, e revela que o Pastor -

125

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Messias - Levaria a efeito tal salvação, ser ia

primeiramente rejeitado e fer ido (Zc 11.4 -17; cf. 13.7). O

outro “peso” (Zc 12.1-14.21) focaliza a restauração e

conversão de Israel. Deus prediz que Israel pranteará por

causa do próprio Deus “a quem traspassaram” (Zc

12.10) . Naquele dia, uma fonte será aberta à casa de

Davi para a purificação do pecado (Zc 13.1); então Israel

dirá: “O Senhor é meu Deus” (Zc 13.9). E o Messias

reinará como Rei sobre Jerusalém (Zc 14).

Os Jejuns de Israel

Os capítulos 7 e 8 nos dão pelo menos dois

esclarecimentos concernentes aos jejuns de Israel, os

judeus não t inham data marcada no seu calendário para

jejum ordenado por Deus, mas a própria nação impôs a si

mesma, dias de jejum em memória de diversas calamidades

envolvidas na destruição de Jerusalém em 586 a.C. Das

quais se destacam:

Décimo mês (10

de janeiro)

Dia em que principiou o cerco de

Jerusalém em 588 a.C. (Jr 52.4).

Quarto mês (09

de julho)

Os babilônicos rompem o muro de

Jerusalém, em 586 a.C. (Jr 52.6-7).

Quinto mês (10

de agosto)

Jerusalém foi destruída e queimada em

586 a.C. (Jr 52.12-14).

Sétimo mês (01

de outubro)

Gedalias, o novo Governador foi

também assassinado em 586 a.C. (Jr

41.1,2).

A prática do jejum foi designada para glória de

Deus, e não para méritos do homem, o jejum não tem

valor, a menos que sejam acompanhado de atos de justiça,

bondade e compaixão com o próximo (Zc 7.9 - 10), e foi a

ausência de tais atos que trouxe o julgamento divino de

desolação (Zc 7.11-14).

126

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Características Especiais do Livro de Zacarias

Seis aspectos básicos:

É o mais messiânico dos livros do Antigo

Testamento, em virtude de suas muitas referências ao

Messias, que ocorrem em seus catorze capítulos.

Somente o livro do profeta Isaías, com seus sessenta

e seis capítulos, contém mais profecias a respeito do

Messias do que Zacarias.

Entre os profetas menores, possui ele as profecias

mais específicas e compreensíveis a respeito dos

eventos que marcarão o final dos tempos.

Representa a harmonização mais bem sucedida entre

os ofícios sacerdotal e profético em toda a história de

Israel.

Mais do que qualquer outro livro do Antigo

Testamento, suas visões e linguagem altamente

simbólicas assemelham-se aos livros apocalípticos de

Daniel e Apocalipse.

Revela um exemplo notável de ironia divina ao

prever a traição do Messias por trinta moedas de

prata, tratando-as como “esse belo preço em que fu i

avaliado por eles” (Zc 11.13).

A profecia de Zacarias a respeito do Messias no

capítulo 14, como o grande Rei-guerreiro reinando

sobre Jerusalém, é uma das que mais inspiram

reverente temor em todo o Antigo Testamento.

O Livro de Zacarias ante o Novo Testamento

Há uma aplicação profunda de Zacarias no

Novo Testamento. A harmonização da vida pessoal de

Zacarias, entre os aspectos sacerdotal e profético pode ter

contribuído para o ensino do Novo Testamento de

127

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que Cristo é tanto sacerdote quanto profeta. Além disso,

Zacarias profetizou a respeito da morte expiatória de

Cristo pelas mãos dos judeus, que, no fim dos tempos,

levá-los-á a prantearem-no, arrependerem- se e serem

salvos (Zc 12.10-13.9; Rm 11.25-27).

Mas a contribuição mais importante de Zacarias

diz respeito a suas numerosas profecias concernentes a

Cristo.

Os escritores do Novo Testamento citam-nas,

declarando que foram cumpridas em Jesus Cristo. Entre

elas estão:

■ Ele virá de modo humilde e modesto (Zc 9.9; 13.7;

Mt 21.5; 26.31,56);

Ele restaurará Israel pelo sangue do seu concerto

(Zc 9.11; Mc 14.24);

■ Será Pastor das ovelhas de Deus que ficaram

dispersas e desgarradas (Zc 10.2; Mt 9.36);

■ Será traído e rejeitado (Zc 11.12,13; Mt 26.15;

27.9,10);

■ Será traspassado e abatido (Zc 12.10; 13.7; Mt

26.31,56);

■ Voltará em glór ia para livrar Israel de seus

inimigos (Zc 14.1-6; Mt 25.31; Ap 19.15);

■ Reinará como Rei em paz e retidão (Zc 9.9,10;

14.9,16; Rm 14.17; Ap 11.15);

■ Estabelecerá seu reino glor ioso para sempre sobre

as nações (Zc 14.6-19; Ap 11.15; 21.24- 26; 22.1-

5).

Os conteúdos messiânicos de Zacarias podem

ser confirmados por outros livros, a saber:

128

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Zacarias Mensagem/Texto Confirmação

1.8-11 0 homem montado num cavalo

vermelho, bem como o “Anjo do

Senhor” é o Cristo pré-

personificado.

Is 63.1-6

2.8-11 O Messias mandado pelo Senhor

para habitar em Sião.

Is 61.1-3

3.8-10 “Meu servo, o Renovo”, é o

Messias vindo em humildade e

poder.

Is 4.2; 11.1;

Jr 23.5

6.12-13 “O homem cujo nome é Renovo” -

Rei-sacerdote

SI 2.6; 110.4

9.9-10 “O teu Rei, unido em humildade”. Mt 21.5; Jo

12.15

10.3 O Senhor visita o seu rebanho

como pastor

Ez 34.11-19

11.4-14 “Apascentai as ovelhas destinadas

para a matança”. Ele quebra as

varas da graça e da união.

Ez 34.3

12.10 “Olharão para mim a quem

traspassaram”

Is 53.5; Jo

19.37

13.6-7 “Fui ferido na casa dos meus

amigos” Jo 20.25; Ap

1.7 14.3-4 “Estarão os seus pés sobre o

Monte das Oliveiras, que está

fendido”.

At 1.11-12

14.5 “Virá o Senhor, todos os santos

com ele”. Dn 7.10;

Jd 14;

Mt 16.27; Ap

19.11-14

14.9 “0 Senhor será Rei sobre toda a

terra” SI 2.6; 72.8-

11; Ap 19.16

129

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Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

1. Quanto ao profeta Zacarias, é incerto afirmar que

a) Seu nome significa “Senhor se Lembra”, foi

um dos profetas pós-exílicos

b) Foi um grande sacerdote que voltou para Israel com

seu pai Baraquias e seu avô Ido

c) Foi chamado para despertar os judeus que

retornaram, para completarem a tarefa de

reconstruir o Templo

d) É o único “profeta menor” que não possui

características messiânicas em suas profecias

2. Foi assassinado “entre o santuário e o altar”

a) Zacarias

b) Ageu

c) Sofonias

d) Malaquias

3. Não é profecia de Zacarias cumprida em Jesus Cristo

a) Ele restaurará Israel pelo sangue do seu concerto

b) Ele nascerá em Belém

c) Será traído e rejeitado

d) Será traspassado e abatido

■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado

4. A missão de Zacarias era animar o resto do povo judeu,

que estava desanimado pelas aflições e que hesitava em

reconstruir o Templo

5. Isaías, com seus 66 capítulos, contém menos profecias

a respeito do Messias do que Zacarias

130

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Autor: Malaquias.

Data: Cerca de 430-420 a.C.

Tema: Acusações de Deus contra o

Judaísmo Pós-Exílico.

Palavras-Chave: Anjo, Sacerdotes, Sol

da Justiça, Dia do Senhor.

Versículo-chave: Ml 3.9.

Malaquias é o último dos profetas, test ifica

como fazem os que vieram antes dele, o triste fato do

fracasso de Israel. Ele apresenta o quadro de um povo

religioso externamente, mas inter iormente indiferente e

falso, um povo para o qual o culto a Jeová se transformou

em formalismo vazio, desempenhado por um sacerdócio

corrupto que não o respeitava.

Sob o ministér io de Ageu e Zacarias, o povo

estava disposto a reconhecer suas faltas e a corrigi -las,

mas agora, endureceram-se tanto que negam

insolentemente as acusações de Jeová (Ml 1.1,2; 2.17;

3.7). Pior ainda, muitos professam ceticismo quanto à

existência de um Deus de juízo e outros perguntam se

valerá à pena servir ao Senhor (Ml 2.17; 3.14,15). Qual

raio de luz nesta sombria noite, brilha a promessa da vinda

do Messias, que chegará para libertar o resto dos fieis e

julgar a nação.

Quando Malaquias escreveu, os judeus

repatriados passavam novamente por adversidade e

declínio espiritual. Eles se haviam tornado cínicos1, e

questionavam a justiça de Deus, duvidando do proveito em

se obedecer aos seus mandamentos. À medida que a sua fé

minguava, iam se tornando mecânicos e insensíveis na sua

observância ao culto divino, e

1 Que ostenta princípios e/ou pratica atos imorais; impudico, obsceno.

131

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indiferente às exigências da Lei. Eles faziam-se culpados

de muitos tipos de transgressões contra o concerto.

Malaquias confronta os sacerdotes e o povo

com o apelo profético:

Para se arrependerem de seus pecados e da hipocrisia

religiosa para que não fossem surpreendidos pelo

castigo divino;

Para removerem a desobediência que bloqueava o

fluxo do favor e bênção de Deus;

Para voltarem ao Senhor e ao seu concerto com

corações sinceros e obedientes.

Tema

Malaquias falou a um povo desiludido,

desanimado e cheio de dúvidas, cuja experiência não

harmonizava com seu conhecimento das promessas

gloriosas encontradas nos profetas anteriores. Sua visão do

período messiânico que se aproximava não tinha se

mater ializado. Pelo contrário, eles exper imentaram a

miséria, a seca e a adversidade econômica, desiludindo-se

de tudo e de sua fé.

As palavras de Malaquias desafiam os céticos

com relação às promessas e, portanto, indiferente ao seu

compromisso de viver a luz dessas mesmas promessas e de

adorar e servir ao Senhor de todo o coração.

Autor

Malaquias significa “meu mensageiro” ou

“Mensageiro do Jeová”. Além do autor, há no livro outros

três mensageiros:

132

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O mensageiro sacerdote (Ml 2.7);

O mensageiro precursor (Ml 3.1);

O “anjo do concerto”, o próprio Senhor (Ml 3.1).

O significado do nome do profeta dá forte

autoridade para essa mensagem profética no final do

Antigo Testamento. Malaquias está colocado num dos mais

significativos pontos divisórios da história.

A opinião que “Malaquias”, em 1.1, seja um

título descrit ivo, ao invés de um nome pessoal, é altamente

improvável. Embora não tenhamos mais informações no

restante do Antigo Testamento a respeito do profeta, sua

personalidade é evidente neste livro. Era um judeu devoto

da Judá pós-exílica, e contemporâneo de Neemias.

Provavelmente, um profeta sacerdotal.

Suas firmes convicções a favor da fidelidade ao

concerto (Ml 2.4,5,8,10), e contra a adoração hipócrita e

mecânica (Ml 1.7-2.9), a idolatria (Ml 2.10-

12) , o divórcio (Ml 2.13-16) e o roubo de dízimos e

ofertas (Ml 3.8-10), revela um homem de rigorosa

integridade e de intensa devoção a Deus.

O profeta não é conhecido de nenhuma outra

forma; a não ser pelo seu nome, já no primeiro versículo.

Não sabemos nada sobre seus pais, profissão, cidade natal

ou data do seu ministér io. Fundamentados nisso, muitos

intérpretes dizem que a palavra “Malaquias” é mais um

título do que um nome. O Talmude1, diz que Esdras é o

autor. Porém não podemos negar a autoria do livro de

Malaquias, só porque não sabemos a função ou família do

profeta. O que dizer então de Daniel, Amós, Obadias,

Miquéias,

1 Doutrina e jurisprudência da lei mosaica, com explicações dos textos

jurídicos do Pentateuco, e a Michná, i . e., a jurisprudência elaborada

pelos comentadores entre o III e o VI séculos.

133

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Naum, Habacuque e Ageu? É certo que Malaquias foi

contemporâneo de Esdras que era sacerdote e escreveu

depois dele. Porém, Malaquias foi o últ imo mensageiro de

Jeová. Para o povo da aliança do Antigo Testamento,

ministrou cerca de 1000 anos depois de Moisés (o primeiro

profeta e escritor bíblico).

Data

O livro de Malaquias foi escr ito em 430 a.C.

aproximadamente. A profecia não tem data exata, mas

podemos supor, analisando alguns fatos e referências

históricas:

■ Os edomitas t inham sido levados do monte Seir, mas

não tinham voltado. Isso sugere uma data poster ior a

585 a.C. (Ml 1.1-4);

■ Os exilados tinham voltado, reconstruído o Templo e

caído no comodismo e na formalidade, quanto a sua

experiência religiosa (Ml 1.6);

■ Eles não estavam sob o governo de Neemias, mas de

um governador Persa, que era passível de suborno (Ml

1.8);

■ Os problemas morais e religiosos eram iguais aos

enfrentados por Esdras e Neemias. Por exemplo:

mater ialismo (Ne 13.15; Ml 3.5-9) e casamento com

pagãos (Ed 10.2; Ml 2.11).

Essas observações sugerem uma data

aproximada de 430 a.C., depois de Neemias ter voltado

para a Pérsia em 432 a.C., e dá para crer que está

relacionada com sua volta e nova reforma mais ou menos

em 430 a.C. (Ne 13.6-31).

O conteúdo do livro indica que:

■ O templo havia sido reedificado (516 -515 a.C.), e que

os sacrifícios e festas achavam-se plenamente

restaurados;

134

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■ Um conhecimento geral da Lei havia sido

reintroduzido por Esdras (aproximadamente 457 - 455

a.C. ver Ed 7.10);

■ A apostasia subseqüente ocorrera entre os sacerdotes

e o povo (aproximadamente 433 a.C.). Além disso, o

ambiente espiritual e a negligência contra as quais

Malaquias clamava, assemelhava- se à situação que

Neemias encontrara em Judá depois de ter voltado da

Pérsia (aproximadamente 433-425 a.C.), para servir

como governador em Jerusalém pela segunda vez (cf.

Ne 13.4-30);

■ Os dízimos e as ofertas eram negligenciados (Ml

3.7- 12; Ne 13.10-13);

■ O concerto do casamento era violado, pois os homens

judeus divorciavam-se para se casarem com mulheres

pagãs (Ml 2.10-16; Ne 13.23-28).

E razoável acreditar que Malaquias haja

proclamado sua mensagem entre 430-420 a.C.

Cenário

Para entendermos melhor o cenário polít ico e

religioso de Malaquias, seria bom lermos o livro de

Neemias. Quem reinava era o rei persa Artaxerxes I (465 -

424 a.C.) sob o império grande e de difícil controle. Seu

avanço para o ocidente foi interrompido em 490 e 480

a.C., pelos atenienses em Maratona e Salamina. As

rebeliões internas dos egípcios foram esmagadas por

Artaxerxes ou Xerxes em 454 a.C., e pelo sátrapa sírio

Magabizo, em 450 a.C. houve paz no império por um

período de 25 anos aproximadamente.

Neemias burocrata judeu da corte de Artaxerxes

I foi designado governador em 444 a.C. e exerceu o cargo

até voltar à Pérsia em 432 a.C. (Ne 5.14).

135

Page 138: 179889308 Profetas Menores IBADEP

Muito embora o Templo já estivesse

reconstruído (516 a.C.) o sistema de culto restaurado de

maneira digna por Esdras, e o muro da cidade

reconstruído, o estado espiritual do povo estava de novo

em um nível muito baixo. O povo tinha deixa do de dar o

dízimo, e em consequência as colheitas fracassavam. Os

sacerdotes, vendo-se desamparados tornam-se descuidados

e indiferentes com as funções do Templo. A moral

mostrava-se frouxa e havia freqüentes contatos

comprometedores com os pagãos circunvizinhos. O

espír ito de indiferença religiosa constatava -se com o de

seus antepassados que esperavam a volta do Messias para

o estabelecimento do novo reino davídico (Dt 30.1 -5; Ez

37.21-28).

O povo estava nessa situação, pois seu desejo

de ter o reino restaurado e poderoso, sob um grande líder,

não fora concretizado, razão pela qual reagiram com

tamanha indiferença espiritual. Foi justamente nessa época

que Malaquias entregou ao povo uma mensagem de amor

(Ml 1.1-3).

Indiferença religiosa para com as leis e as

ofertas, enquanto acusavam Deus de ser indiferente ao bem

ou ao mal. Indiferença moral para com os votos de

casamento. Chegaram divorciar -se das mulheres judias,

para casar-se com as pagãs. Pecados sociais de per júrio1,

fraude e opressão do fraco. Egoísmo material ao roubar a

Deus nos dízimos.

A últ ima recomendação do profeta é a seguinte:

“Lembrai-vos da lei de Moisés”. São

estatutos e juízos (Ml 4.4). Deixa também um aviso:

“esperem pela vinda de Elias”, que aplicaria aquela lei

durante o seu julgamento de restauração (Ml 4.5 -6). Este é

um ponto polêmico, pois existem seitas que

1 Juramento falso.

136

Page 139: 179889308 Profetas Menores IBADEP

fazem uma confusão terrível sobre estes versículos de

Malaquias.

Seguindo seu retorno do exílio, o povo de Israel

vivia como uma comunidade restaurada na terra da

palestina. Ao invés de aprenderem das suas

experiências negativas passadas e de retorno ao serviço e

adoração do Deus de seus ancestrais: Abraão, Isaque e

Jacó, eles se tornaram imorais e negligentes.

Conteúdo

Na declaração de abertura, Malaquias

salienta o amor imutável de Deus por seu povo, devido a

sua miser icórdia, que dura para sempre. Este é o fundo

para as reprovações e exortações que se seguem.

Primeiro o profeta salienta o desdém aberto e

arrogante dos sacerdotes pela Lei e sua influência

negativa sobre o povo. O profeta mostra que eles

provocam muita queda no pecado. Portanto, ele os adverte

de que o Senhor não será um espectador inativo, mas, a

não ser que eles se arrependam, serão castigados

severamente.

Depois ele salienta, em termos não ambíguos1,

a traição dos sacerdotes e leigos no divórcio de esposas

fieis e casamento de mulheres pagãs que praticam a

idolatria. Isso é seguido por uma súplica fervorosa para

vigiarem suas paixões e serem fieis às esposas da sua

mocidade, dadas a eles pelo Senhor.

O livro, que consiste num sêxtuplo “peso da

Palavra do Senhor contra Israel, pelo ministério de

Malaquias” (Ml 1.1), está entremeado por uma sér ie de

perguntas retóricas e irônicas feitas por Israel com as

1 Que se pode tomar em mais de um sentido; equívoco.

137

Page 140: 179889308 Profetas Menores IBADEP

respectivas respostas de Deus por intermédio do profeta.

Embora o emprego de perguntas e respostas nã o seja

exclusivo de Malaquias, seu uso é dist intivo por ser

crucial à estrutura literária do livro. O “peso” (ou

“mensagem repressiva”) do Senhor proclamado por

Malaquias é assim constituído:

■ Deus reafirma seu fiel amor a Israel segundo o

concerto (Ml 1.2-5);

■ Deus repreende os profetas por serem vigilantes infiéis

do relacionamento entre o Senhor e Israel segundo o

concerto (Ml 1.6-2.9);

■ Deus repreende Israel por ter rompido o concerto dos

pais (Ml 2.10-16);

■ Deus relembra a Israel a certeza do castigo divino por

causa dos pecados contra o concerto (Ml 2.17 - 3.6);

■ Deus conclama toda a comunidade judaica pós - exílica

a arrepender-se, e a voltar-se ao Senhor, para que

tornasse a receber as suas bênçãos (Ml 3.7-12);

A mensagem final refere-se ao “memorial

escrito” diante de Deus a respeito daqueles que o temem e

lhe estimam o nome (Ml 3.13 -18). Malaquias encerra seu

livro com uma advertência e promessas proféticas a

respeito do futuro “dia do Senhor” (Ml 4.1-6).

O Objetivo do Livro

Malaquias teve por objetivo despertar o

calejado povo que restara em Israel da sua estagnação1 e

frieza espiritual, com objetivo de possibilitar que o

1 Falta de movimento, de atividade; inércia, paralisação.

138

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Senhor tornasse a abençoar suas vidas. Isso fica claro

quando lemos Malaquias 4.1-3.

É destacado nesse livro o amor, paciência e

justiça de Deus, e deixa claro a rebeldia do povo e a sua

autoconfiança. Nenhum outro profeta enfatizou tanto a

grandeza de Deus como Malaquias.

Três vezes em Malaquias 1.11-14, o Senhor

chama a atenção para a sua própria “Grandeza” e dez vezes

em todo o livro ele chama a atenção para a glór ia dev ida ao

seu Santo nome (Ml 1.6,11,14; 2.2-5; 3.16; 4.2). Note que

logo após a mensagem do profeta Malaquias, veio o

período de quatrocentos anos de silêncio profético. O povo

precisava lembrar-se da grandeza do Deus que os tinha

chamado para fazer uma aliança com Ele. Em todo o livro,

Malaquias pronunciou seu nome apenas uma vez, deixando

claro que era simplesmente o mensageiro do Senhor,

salientava: “assim diz o Senhor” (do mesmo modo que

Ageu fazia). O profeta diante da nação fraca (conseqüência

do desvio) identificou vinte e quatro vezes o Senhor, como

“Senhor dos Exércitos”. Título apropriado para o povo na

situação que vivia.

E importante deixar registrado também a

maneira ou método utilizado por Malaquias em seu livro,

veja: Malaquias usa o estilo dialético. As perguntas da

nação têm sempre um tom de rebeldia e hostilidade (Ml

1.2,6,7; 2.10,13,17; 3.7,8,13).

Nessa forma provocante o profeta apresentou as

mais importantes queixas do Senhor contra os judeus e

suas reações altivas. Este t ítulo, mais tarde f oi chamado de

método “Rabino” ou “Socrático”. Esse t ítulo provou ser

eficaz, pois chama a atenção e vai direto ao assunto

principal. O próprio Jesus usou um tipo semelhante de

comunicação ao enfrentar os líderes hostis da época (Mt

21.25,31,40; 22.42).

139

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Conforme lemos, Malaquias nos informa sobre

a degeneração na fé de Israel. Pois eles questionavam o

seu amor (Ml 1.2), sua honra e grandeza (Ml 1.14; 2.2),

sua justiça (Ml 2.17); e seu caráter (Ml 3.13-15).

Esta visão deficiente produziu uma atitude

arrogante e fez com que as funções do Templo fossem

realizadas com enfado, o que afrontava a Deus (Ml 1.7 -

10; 3.14).

O dízimo não era dado de todo o coração e as

ofertas eram compostas de animais doentes e sem valor.

Isso ofenderia até o governador, se chegasse a receber um

presente assim - ver Malaquias capítulo 1 versículo 8

Como conseqüência disto o Senhor atiraria

“esterco” ou “lixo” sobre os rostos dos sacerdotes, e

amaldiçoaria também as sementes plantadas. Toda essa

situação requeria um Elias para restaurar a paz familiar e

evitar outra destruição do Senhor (Ml 4.5).

Não poderíamos deixar de falar sobre o dízimo.

Ficou caracterizado que um dos pecados mais persistentes

de Israel foi justamente o de roubar os dízimos e ofertas

pertencentes ao Senhor.

Muitos reis ao serem atacados entregavam os

tesouros do Templo na alternativa de apaziguar o inimigo;

todavia, em alguns casos era motivo de outros ataques,

pois o inimigo descobriu este ponto fraco (2Rs 18.14 -16).

Diante da sonegação dos dízimos, o Senhor

lembra-lhes que estavam, na realidade, roubando a si

próprios, pois o resultado de tal atitude era o fracasso das

colheitas. E, além disso, corria o r isco de ficarem com a

mente cauterizada pela prática deste pecado (Ml 2.17;

3.15; 3.8-10).

140

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Características Especiais

Cinco aspectos básicos caracter izam o livro de

Malaquias:

De modo simples, direto e vigoroso, retrata

vividamente o debate entre Deus e seu povo. O

debate é levado a efeito na primeira pessoa do

singular.

Dá destaque ao método de perguntas e

respostas na apresentação da palavra profética com

nada menos que vinte e três perguntas trocadas entr e

Deus e o povo. Sugere-se que o método adotado por

Malaquias pode ter-se originado quando o profeta

apresentou, pela primeira vez, sua mensagem nas

ruas de Jerusalém ou nos átrios do templo.

Malaquias, o último dos profetas do Antigo

Testamento, é seguido por 400 anos de silêncio

profético. A longa ausência profética terminaria no

surgimento de João Batista. Foi este o previsto por

Malaquias como o antecessor do Messias (Ml 3.1).

A expressão “o Senhor dos Exércitos” ocorre

vinte vezes neste breve livro.

Destaca-se que a profecia final (que encerra a

mensagem profética do Antigo Testamento) prediz

que Deus enviaria alguém como Elias para restaurar

os pais piedosos em Sião, contrariamente às

tendências sociais predominantes que levaram a

desintegração da família (Ml 4.5,6).

141

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O Livro de Malaquias ante o Novo Testamento

Três trechos específicos de Malaquias são

citados no Novo Testamento.

1o As frases “amei a Jacó” e “aborreci a Esaú” (Ml 1.2,3)

são registradas por Paulo em suas considerações sobre

a eleição (Rm 9.13).

2o A profecia de Malaquias a respeito do “meu anjo, que

preparará o caminho diante de mim” (Ml 3.1; cf. Is

40.3) é citada por Jesus como referência a João

Batista e seu ministér io (Mt 11.7-15).

3o Semelhantemente, Jesus entendia que a profecia de

Malaquias a respeito do envio do “profeta Elias”,

antes do “dia grande e terrível do Senhor” (Ml

4.5) , aplicava-se a João Batista (Mt 11.14; 17.10-

13; Mc 9.11-13).

Além destas três claras referências a Malaquias

no Novo Testamento, a condenação que o profeta faz do

divórcio injusto (Ml 2.14-16), antevê o ensino do Novo

Testamento sobre o tema (Mt 5.31,32; 19.3 -10; Mc 10.2-

12; Rm 7.1-3; ICo 7.10-16,39). A profecia de Malaquias a

respeito do aparecimento do Messias (Ml 3.1 -6; 4.1-3)

abrange tanto a primeira quanto à segunda vinda de

Cristo.

Observação

A palavra final do últ imo profeta do Antigo

Testamento é maldição, sendo que a primeira palavra do

Messias, profer ida no monte foi “bem-aventurado” (Mt

5.3), e a última palavra do Novo Testamento é “graça”

(Ap 22.21). O livro de Gênesis mostra como a maldição

entrou na raça humana. Malaquias diz que a maldição

ainda ameaça, e Mateus inicia o Novo Testamento dizendo

que Jesus se fez maldição por nós;

142

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a fim de podermos através do seu sacrifício ter a bên ção

tão desejada através da fé em seu nome.

■ Somente através do Messias, Israel poderá ser salvo,

e escapar da maldição.

■ A Cristologia é muito notável (Ml 1.14; 3.1;

4.2).

■ O Senhor declara ser um “Grande Rei”

■ O Senhor declara ser o “Anjo da Aliança”.

■ O Senhor declara ser o “Sol da Justiça”. Este

Sol tem duplo poder: queima o perverso e ímpio e

purifica a nação (os justos). Foi com esta mensagem que

ocorreu o per íodo chamado “Intertestamentário”, para

testar a fé na palavra profética dada pela lei e os

profetas.

Questionário

■ Assinale com “X” as alternativas corretas

6. O tema do livro de Malaquias é

a) O Dia do Senhor

b) A conclusão do Templo e as promessas messiânicas

c) Acusações de Deus contra o Judaísmo Pós- Exílico

d) Viver pela fé

7. Quanto ao apelo profético de Malaquias aos

sacerdotes e ao povo, é incerto afirmar que

a) Deveriam se arrependerem de seus pecados e da

hipocr isia religiosa

b) Deveriam removerem a desobediência que

bloqueava o fluxo do favor e bênção de Deus

c) Deveriam voltarem ao Senhor e ao seu

concerto com corações sinceros e obedientes

d) Deveriam reconstruírem o Templo o mais

rápido possível

143

Page 146: 179889308 Profetas Menores IBADEP

8. Quanto às característ icas do livro de Malaquias é

incerto afirmar que

a) De modo simples, direto e vigoroso, retrata

vividamente o debate entre Deus e seu povo

b) Predisse que ninguém mais fosse o antecessor do

Messias

c) Dá destaque ao método de perguntas e respostas na

apresentação da palavra profética

d) É o últ imo dos profetas do Antigo Testamento. É

seguido por 400 anos de silêncio profético

* Marque “C” para Certo e “E” para Errado

9.1 Além de Malaquias, há no livro outros três

mensageiros: o sacerdote, o precursor e o anjo do

concerto

10.0 A palavra final do último profeta do Antigo

Testamento é maldição, sendo que a primeira palavr a

do Messias, proferida no monte foi “bem- aventurado”

144

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