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Fecomércio O2 2005 SERVIÇOS BENS & Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS JUNHO entrevista Germano Rigotto e o desenvolvimento no Estado A reação das micro e pequenas empresas Lei Geral

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    1Revista FECOMÉRCIO-RS

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    SERVIÇOSBENS&Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS

    J U N H O

    en t rev i s t a Germano Rigotto e o desenvolvimento no Estado

    A reação das microe pequenas empresas

    Le i Gera l

  • s u m á r i oex

    pedi

    ente

    12 i m p o s t ô m e t r oVinte mil por segundoFerramenta criada pelo Instituto Brasileiro dePlanejamento Tributário mostra quanto osgovernos estão faturando com impostos, taxas econtribuições a cada segundo do ano

    Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RSFederação do Comércio de Bens e Serviçosdo Rio Grande do Sul

    Rua Alberto Bins, 665 – 11º andarCentro – CEP 90030-142Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677Fax: (51) [email protected]

    Presidência: Flavio Roberto Sabbadini

    Vice-presidência: Antônio Trevisan, Ary Costa de Souza, DarciAlves Pereira, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, Jorge LudwigWagner, José Alceu Marconato, José Vilásio Figueiredo, JulioRicardo Mottin, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, ManuelSuarez, Moacyr Schukster, Olmiro Lautert Walendorff, Renato TurkFaria, Valcir Scortegagna, Zildo De Marchi

    Diretoria: Adelmir Freitas Sciessere, Airto José Chiesa, AlbinoArthur Brendler, Alécio Lângaro Ughini, Arnildo Eckhardt, ArnoGleisner, Carlos Raimundo Calcagnotto, Celso Ladislau Kassick,Dagoberto de Oliveira Machado, Derli Neckel, Edson Luis daCunha, Eroci Alves dos Santos, Eugênio Arend, Francisco Amaral,Francisco de Paula Cantaluppi, Francisco José Franceschi,Gilberto Antônio Klein, Gilberto José Cremonese, GiseleMachado de Oliveira, Hans Georg Schreiber, Hélio Berneira,Hélio José Boeck, Henrique Gerchmann, Ibrahim Muhud AhmadMahmud, Ildoíno Pauletto, Itamar José Oliveira, Ivar AnélioUllrich, João Francisco Micelli Vieira, João Oscar Aurélio, JoarezMiguel Venço, Joel Carlos Köbe, Joel Vieira Dadda, Jorge AlbertoMacchi, Jovir Pedro Zambenedetti, Julio Roberto Lopes Martins,Lauro Fröhlich, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, LevinoLuiz Crestani, Liones Bittencourt, Lucio Flávio Bopp Gaiger, LuisAntônio Baptistella, Luis Fernando de Mello Dalé, Luis Zampieri,Luiz Alberto Rigo, Luiz Henrique Hartmann, Marcos Rodrigues,Marice Fronchetti Guidugli, Maurício Eduardo Keller, Nelson LídioNunes, Nilton Luiz Bozzetti, Níssio Eskenazi, Olemar Antônio F.Teixeira, Pascoal Bavaresco, Paulo Roberto Käfer, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Regis Luiz Feldmann,Renzo Antonioli, Ricardo Machado Murillo, Ricardo Pedro Klein,Ricardo Tapia da Silva, Roberto Simon, Robson AthaydesMedeiros, Rodrigo Selbach da Silva, Rogério Fonseca, RudolfoJosé Mussnich, Rui Antônio dos Santos, Sergio José Abreu Neves,Sérgio Luiz Rossi, Sérgio Roberto H. Corrêa, Sírio Sandri,Susana Gladys C. Fogliatto, Valdo Dutra Alves Nunes, VilmarAlves Vieira, Walter Seewald

    Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flavio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari,José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suarez, MoacyrSchukster e Zildo De Marchi

    Assessoria de Comunicação: Catia Bandeira, FernandaRomagnoli, Sérgio Lagranha, Simone Barañano, AlineGuterres (estagiária)

    e s p e c i a l l e i g e r a l

    Produção e Execução:

    Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

    Reportagem: Cristiano Vieira, Daniel Gallas, Fernanda Reche,Karen Viscardi, Renata Giacobone, Svendla Chaves

    Colaboração: Edgar Vasques, Ernane Galvêas, Laura Schenkel,Moacyr Scliar, Osvaldo Bargas

    Revisão: Flávio Dotti Cesa

    Edição de Arte: Silvio Ribeiro

    Foto da capa: Elias Eberhardt/Sebrae-RS

    Tiragem: 12.000 exemplares

    É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.

    Fone: (51) 3346-1194www.tematica-rs.com.br

    As MPEs pedem passagemMobilização pela Lei Geral das Micro e PequenasEmpresas demonstra a necessidade de menos burocra-cia e regras tributárias mais justas para as MPEs

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    p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o

    Aprendizes de futuroPrograma desenvolvido pelo Senac-RS

    insere adolescentes no mercado detrabalho, proporcionando sua

    capacitação por meio de aulas eexperiências práticas nas empresas

    31

    14

    33 A escalada dos jurosSucessivos aumentos na taxa Selic promovidos peloCopom não são eficazes contra a inflação, encarecemo crédito e interferem na cotação do dólar, prejudicandoa economia brasileira

    39 s e r v i ç o sEm todos os recantosCartão Sesc/Senac leva os serviços das entidades a diversosmunicípios do Estado, contemplando trabalhadores eempresários do setor terciário

    e n t r e v i s t a

    Receitas e despesasO governador do Rio Grande do Sul, GermanoRigotto, conta como o Estado, mesmo deficitário,está buscando o desenvolvimento

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    r e f o r m a s i n d i c a l

    Aparando arestasReunião realizada pela CNCcom empresários, dirigentessindicais e representantes do

    governo discute pontospolêmicos da reforma sindical

    34

    e c o n o m i a

    7 p a l a v r a d o p r e s i d e n t e6e s p a ç o d o l e i t o r

    n o t í c i a s & n e g ó c i o s

    38v i s ã o e c o n ô m i c a

    813

    v i s ã o p o l í t i c a40

    44p a r a l e r

    c o m u n i d a d eMorro Reuter

    c r ô n i c a45

    42

    46a g e n d a

    o p i n i ã oErnane Galvêas

    g u i a d e g e s t ã o 20

    36

    f e c o m é r c i o - r s22

    e u , e m p r e e n d e d o rCarmen Ferrão

    o p i n i ã oOsvaldo Bargas 23

    41r o t e i r o s

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    “Tive o prazer de ler a primeira edição da revistaFecomércio Bens e Serviços. Em nome do Senai-RS transmito os melhores cumprimentos por essabrilhante iniciativa, bem à altura da expressãograndiosa que é o comércio gaúcho.”

    “Cumprimentos pela excelente performance do nú-mero inicial da revista. Muito lúcida e oportunaa reportagem em destaque, sobre a ‘fúria’ tributá-ria no Estado e no país. Mais que laborjornalístico, é um exercício de cidadania, que deveser seguido e multiplicado.”

    Mensagens podem ser

    enviadas para o e-mail

    [email protected],

    fax (51) 3346-1194 ou para

    Rua Alberto Bins, 665/ 11°

    andar – Centro – CEP 90030-

    142 – Porto Alegre/RS, com o

    assunto “Revista Fecomércio

    Bens & Serviços”. Acrescente à

    sua carta nome completo,

    formação ou atividade que

    exerce e cidade em que reside.

    Por motivo de espaço, os textos

    poderão sofrer cortes.

    “A matéria Comércio aos domingos (pági-na 12 da revista Fecomércio Bens & Serviços n°1)contém equívoco. A ação não foi proposta pelo Sin-dilojas Rio Grande, mas pelo Sindicato dos Em-pregados no Comércio de Rio Grande.”

    Nota da redação: Pedimos desculpas a to-dos os leitores pelo engano e agradece-

    mos a colaboração do profissional Flá-

    vio Obino Filho.

    “A revista da Fecomércio-RS está linda! Clean,de bom gosto. Parabéns!”

    Alberi CogoSão Borja/RS

    Daniela MadeiraDiretora da Radioweb RS

    José ZorteaDiretor Regional do Senai-RS

    Flávio Obino FilhoFlávio Obino Fº Advogados Associados

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    ão é por nada que a Lei Geral

    das Micro e Pequenas Empre-

    sas é destaque desta edição.

    Se aprovada, será de extrema impor-

    tância para os brasileiros. Basta ana-

    lisarmos como o país é composto:

    99% dos empreendedores são de mi-

    cro e pequenos empreendimentos,

    responsáveis pela maior quantidade

    de empregos formais.

    A lei que aí está, que instituiu o

    Simples, já fez com que grande parte

    das empresas brasileiras saíssem da in-

    formalidade à época. Entretanto, ela

    não foi atualizada e com o passar do

    tempo deixou de ser uma boa lei, prin-

    cipalmente porque limitou o fatura-

    mento das empresas a um número

    baixo, que foi alcançado rapidamen-

    te. Muitos pensam que essas empre-

    sas não conseguem ultrapassar essa

    faixa, mas o que ocorre é que elas vão

    para a informalidade no que diz res-

    peito ao excesso deste limite. O país

    está perdendo uma grande chance de

    fazer com que as empresas deixem

    todo o seu faturamento na formalida-

    de. Com isso, todos ganhariam: go-

    verno, empresários e trabalhadores.

    Uma lei mais bem reforçada, da forma com que está

    sendo escrita a nova Lei Geral, cria condições para que

    muitas empresas emigrem da informalidade. A redução da

    burocracia, a prioridade no ingresso das micro e pequenas

    empresas no nicho das compras governamentais, a amplia-

    ção da participação das micro e pequenas empresas na nossa

    matriz exportadora e as facilidades nas áreas trabalhista e

    tributária são algumas das motivações para esta migração.

    Entendemos que para a aprovação desta legislação, exis-

    tem três motes importantes. Primeiro, nós precisamos de

    mais empresas, segundo, mais empregos, e terceiro, me-

    nos impostos. Esperamos que o Congresso Nacional seja

    sensibilizado à expressão de um motivo válido e à união da

    sociedade brasileira em prol de empregos e de empresas.

    Contamos com o compromisso das lideranças brasileiras e

    o esforço de comunidades de todos os Estados brasileiros.

    Que os nossos legítimos representantes em Brasília pos-

    sam, com toda a tranqüilidade, tomar a decisão correta de

    aprovar essa lei que vem beneficiar o Brasil.

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    Flavio Roberto SabbadiniPresidente do Sistema Fecomércio-RS

    brasileiraEm prol da sociedade

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    E d g a r V a s q u e s

    Duas décadasde qualidadeA Associação Gaúcha para a Qualidade(AGQ) completa 20 anos de trabalho em

    2005 e vai comemorar o aniversário em

    uma ampla programação. Os principais

    eventos previstos são o XIX Concurso

    Estadual de Grupos Participativos, em

    Caxias do Sul, no dia 11 de junho, e o XV

    Congresso Estadual para a Qualidade

    Total, que acontece no final de agosto em

    Canela. Com a missão de congregar e

    apoiar organizações na construção da cul-

    tura da gestão para a excelência, a AGQ

    tem sede em Novo Hamburgo e atua des-

    de 1985 em todo o Rio Grande do Sul, pro-

    movendo cursos, palestras e consultorias.

    Informar, sensibilizar, comprome-ter e fazer com que os trabalha-

    dores do comércio de bens e de

    serviços participem cada vez mais

    das atividades e projetos desen-

    volvidos pelo Sesc-RS. Este é o

    objetivo da nova campanha insti-

    tucional da entidade, apresentada

    para a imprensa no dia 11 de maio.

    Criada pela Competence, a cam-

    Nova campanha no arpanha retrata o lado humano da

    instituição, sob o tema “Tudo isso

    é seu. Tudo isso é Sesc”.

    O lançamento para a imprensa

    também contou com a apresen-

    tação do slogan “A força do Siste-ma Fecomércio ao seu lado”, que

    deve ser vinculado a campanhas

    e materiais de identidade visual

    de todos os braços operacionais

    do Sistema Fecomércio. Se-

    gundo Flavio Sabbadini,

    presidente do Sistema, o

    objetivo é marcar a identi-

    dade da instituição, cuja es-

    trutura está presente nos

    mais diversos segmentos da

    sociedade gaúcha.

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    n o t í c i a s & n e g ó c i o s

    Novidades tecnológicasMais de 70 mil pessoas visitaram a Globaltech,Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação realiza-

    da no Centro de Exposições da Fiergs em maio.

    A feira – que abrangeu áreas como biotecnolo-

    gia, saúde, alimentação e robótica – também teve

    a participação de micro e pequenas empresas, que

    apresentaram suas inovações no estande do Se-

    brae-RS. Entre as novidades, alternativas para o

    monitoramento de residências, equipamentos

    para economia de energia e calçados que priori-

    zam o conforto e a saúde dos pés.

    Os turistas estrangeiros gastarammais de US$ 1 bilhão no Brasil no pri-

    meiro trimestre de 2005, conforme

    dados do Banco Central divulgados

    pela Embratur – um incremento de

    14,68% sobre o mesmo período do

    ano passado. Segundo a Embratur,

    26% dos turistas estrangeiros vieram

    ao país em 2004 para fazer negócios

    e participar de eventos. No ano pas-

    Vald

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    O Dia do Desafio (DDD), eventointernacional para promoção da ativi-

    dade física com vistas à qualidade de

    vida, deve integrar o Calendário Ofi-

    cial do Rio Grande do Sul a partir des-

    te mês. O projeto de lei que institui o

    DDD a última quarta-feira do mês de

    maio tramita na Assembléia e é de au-

    toria do deputado Giovani Cherini.

    Varejo em altaA Páscoa antecipada elevouo volume de vendas no co-

    mércio varejista do Rio Gran-

    de do Sul no mês de março.

    Conforme pesquisa conjun-

    tural realizada pelo Institu-

    to Fecomércio de Pesquisa

    (Ifep), houve alta de 8,32%

    em relação ao mês anterior. O

    índice, no entanto, ficou

    4,76% abaixo do resultado

    obtido no mesmo período de

    2004. Embora devido a carac-

    terísticas sazonais – como o

    maior número de dias úteis –,

    o crescimento nas vendas

    deu alívio ao setor, que teve

    baixa nos dois primeiros me-

    ses do ano (-7,04% em feve-

    reiro e -14,4% em janeiro).

    Negócios de turismosado, foram promovidos 106 encon-

    tros internacionais, o que elevou o

    Brasil ao 14º lugar no ranking da

    ICCA, associação internacional que

    classifica anualmente os países reali-

    zadores de eventos e é referência na

    hora da escolha do país sede pelos

    principais promotores mundiais do

    setor. É a primeira vez que o país está

    entre os Top 15 da ICCA.

    Superando desafiosEm 2005, o Dia do Desafio mobili-

    zou 3.881.939 gaúchos no dia 25 de

    maio, por meio de simbólicos 15 mi-

    nutos de atividade física. A adesão no

    Estado chegou a 50,34% da popula-

    ção dos 193 municípios inscritos. Em

    Porto Alegre (foto), foram 893.607 par-ticipantes. O DDD nasceu no Cana-

    dá na década de 80 e acabou se trans-

    formando em uma competição inter-

    nacional, na qual cada município tenta

    envolver a maior porcentagem de

    pessoas em relação ao seu número

    oficial de habitantes.

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    Zaffari anuncia novosinvestimentos no EstadoA Companhia Zaffari acaba de anunciar seu mais novo empre-endimento na capital gaúcha. Trata-se de mais um Bourbon

    Shopping, que será erguido no local onde ficava a antiga fábrica

    da Wallig, na Avenida Assis Brasil. A empresa conta hoje com

    sete unidades Bourbon. Outra novidade é a estréia do Grupo no

    setor imobiliário, com o Loteamento Boulevard Germânia, em

    Novo Hamburgo. O projeto, que prevê áreas residencial, comer-

    cial e de serviços de saúde, está em fase final de licenciamento.

    Pesquisa IBGEO Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) divulgou, no dia 19 de

    maio, o mais recente levantamento sobre a

    economia informal urbana no país, realiza-

    do em 2003, em parceria com o Sebrae Na-

    cional. Segundo a pesquisa, o setor gerou,

    naquele ano, R$ 17,6 bilhões de receita e

    ocupou um quarto dos trabalhadores não-

    agrícolas do país. Em outubro de 2003,

    pertenciam ao setor informal 98% das

    pequenas empresas brasileiras, ou seja,

    10,3 milhões, sendo que estas ocupavam

    13,8 milhões de trabalhadores. Esses

    dados refletem um crescimento de 10% no

    número de pequenas empresas em relação

    à pesquisa anterior, de 1997, enquanto o

    número de empresas do setor informal cres-

    ceu 9%. O aumento dos postos de traba-

    lho nas empresas informais foi de cerca de

    8% no mesmo período. No Rio Grande do

    Sul, existem 726,7 mil pequenas empresas,

    sendo que 701,4 mil são informais (96,5%).

    Mais informações podem ser obtidas pelo

    site www.ibge.gov.br.

    O Dia da Solidariedade, comemo-rado no dia 21 de maio no Parque

    da Redenção, em Porto Alegre,

    contou com a participação do Se-

    nac-RS e do Sesc-RS e reuniu milha-

    res de pessoas. O Senac contabilizou

    mais de 500 atendimentos, entre ser-

    viços como corte de cabelo, verifi-

    cação de pressão arterial (foto),

    Dia da Solidariedademassagem Shiatsu e modelagem desobrancelhas, e o Sesc participou

    com oficinas de reciclagem e traba-

    lhos manuais e ações na área de saú-

    de, como orientações sobre Doen-

    ças Sexualmente Transmissíveis e

    sobre saúde bucal, com distribuição

    de escovas de dente. O Dia da So-

    lidariedade tem como objetivo cons-

    cientizar e incentivar empresas, ins-

    tituições comunitárias, sindicatos,

    entidades, órgãos públicos e comuni-

    dade a praticarem gestos solidários.

    Senac com ISO 9001/2000Seis unidades do Senac-RS foram certificadas com a ISO 9001/2000,em um almoço comemorativo no dia 10 de maio, com a presença de

    gerentes, diretores, coordenadores e colaboradores da instituição, no

    Sesc Campestre, em Porto Alegre. Senac Canoas, Faculdade de Tecno-

    logia Senac-RS, Senac Informática, Senac Lajeado, Senac Passo D’Areia

    e Faculdade Senac de

    Administração recebe-

    ram a certificação

    (foto). A intenção do

    Senac é certificar todas

    as escolas da institui-

    ção até o final do ano.

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    n o t í c i a s & n e g ó c i o s

    Inclusão DigitalSegundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), cerca de 12% dos

    brasileiros têm computador em suas residências e pouco mais de 8% têm

    acesso à internet. Tendo como foco a inclusão digital como instrumento de

    democratização da informação e de luta contra a pobreza e a desigualdade

    social, a Rede Sesc/Senac realiza a teleconferência Inclusão Digital, no dia 10

    de junho, das 15h às 17h. Participam do debate Gilson Schwartz (USP) e

    Bernardo Sorj (UFRJ). Em Porto Alegre, a teleconferência será transmitida

    na Faculdade de Tecnologia Senac-RS (Rua Cel. Genuíno, 130 - 9º andar).

    l e g i s l a ç ã o

    ChequesA Resolução 3.279 do Banco Central, do

    último 29 de abril, determina nova nor-

    ma para a emissão de cheques. Agora, se

    o próprio cliente solicitar, os bancos são

    obrigados a fazer constar, em todos os

    cheques, a data do início de relaciona-

    mento do cliente com instituições fi-

    nanceiras em formulários de cheque,

    antecedida da expressão “Cliente ban-

    cário desde”. Logo, a data poderá não

    ser mais a de abertura da conta no mes-

    mo banco, e sim do mais antigo contra-

    to de conta de depósitos à vista ou de

    poupança em que o cliente conste como

    titular ou um dos titulares, na própria ins-

    tituição financeira ou em qualquer outra.

    Taxa do InmetroAlém do poder de fiscalizar e aplicar san-

    ções pelo descumprimento das regras

    que compõem o Sistema Nacional de

    Metragem, o Inmetro pode cobrar taxa

    de fiscalização do comerciante na área

    de metrologia legal, segundo determina

    o artigo 11° da Lei 9.933/99. Represen-

    tantes do setor terciário questionam a

    cobrança, cujo valor mudou muito de

    2003 para cá. Em resposta à consulta da

    Fecomércio-RS, o diretor de Metrolo-

    gia Legal do Inmetro, Roberto Guima-

    rães, justificou o aumento: “Os valores

    foram reajustados após cinco anos sem

    alteração, através da Lei 10.829, de 23/

    12/2003. Tal reajuste foi diferenciado

    para as várias categorias de instrumen-

    tos de medição regulamentados”.

    A pesquisa “Líderes empresariaisbrasileiros”, realizada pela Pricewa-

    terhouseCoopers (PwC), revela que

    os executivos brasileiros estão otimis-

    tas sobre o futuro dos negócios: 75%

    dos entrevistados demonstram con-

    fiança em relação ao crescimento dos

    Reformas nos mercadosO Mercado Público de Porto Alegre terá reparos e nova pintura e pode-rá contar com câmeras para aumentar a segurança no local. As mudanças,

    anunciadas pela Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio

    (Smic), podem incluir a abertura de novos espaços para lojas no 2º andar

    do prédio. A Smic planeja, ainda, reformas no Mercado do Bom Fim, que

    deverá ser revitalizado e também oferecer mais segurança.

    Prêmio Qualidade RSAcontece entre os dias 4 e 6 de julho o 6º Congresso Inter-nacional da Qualidade para Competitividade, tradicional even-

    to promovido pelo Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP).

    Visitas técnicas, cursos, palestras e workshops integram a programação do

    Congresso, que terá como tema destaque a globalização. No dia 4 de julho,

    será feita a entrega dos troféus do Prêmio Qualidade RS. As inscrições para o

    evento podem ser feitas pelo site www.portalqualidade.com.

    Otimismo entre os líderesnegócios nos próximos 12 meses. En-

    tre os maiores empecilhos para o de-

    senvolvimento das empresas os exe-

    cutivos apontaram a alta carga tribu-

    tária (83%), seguida de pobreza

    (62%), corrupção (59%) e falta de

    infra-estrutura (51%).

  • n o t a s

    impo

    stôm

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    o curto espaço de tempo que é neces-

    sário para ler esta frase, os contribuin-

    tes brasileiros estão pagando mais de

    R$ 60 mil em impostos. O cálculo – que re-

    vela a arrecadação de aproximadamente R$

    20 mil por segundo, distribuídos entre a

    União, estados e municípios – pode ser con-

    ferido no Sistema Permanente de Acompa-

    nhamento das Receitas Tributárias, o Impos-

    tômetro, ferramenta formulada pelo Institu-

    to Brasileiro de Planejamento Tributário

    (IBPT). “A intenção do Impostômetro é cri-

    ar um sistema para que as pessoas tenham acesso a infor-

    mações, seja por painéis de rua ou pela internet, sobre os

    tributos que estão pagando”, informa o presidente do

    IBPT, Gilberto Amaral.

    O Rio Grande do Sul será o segundo estado brasilei-

    ro a contar com os impostômetros, que estão sendo im-

    plantados em ... cidades com o apoio das entidades em-

    presariais gaúchas. A iniciativa para criação do sistema

    foi da Associação Comercial de São Paulo, que em abril

    instalou um painel eletrônico em sua sede, na capital pau-

    lista. O sistema é atualizado segundo a segundo, compi-

    lando informações de diversas fontes (veja box). Amaralexplica que o banco de dados vai recebendo as arrecada-

    ções assim que divulgadas: “As arrecadações não conhe-

    cidas são estimadas pelo arrecadado no mesmo período

    do ano anterior e atualizadas pela média do crescimento

    da arrecadação daquele tributo nos últimos três anos”.

    No site do sistema (www.impostometro.com.br), podem

    ser incontradas informações sobre os impostos arreca-

    dados pelos governos a cada dia, hora, minuto e segun-

    do, bem como dados referentes a cada estado.

    O dia 21 de maio foi um marco no ano dos brasilei-

    ros: foi o primeiro dia, em 2005, que os contribuintes

    trabalharam para suprir despesas como alimentação, ves-

    tuário e moradia. Até o vigésimo dia de maio, a popula-

    ção trabalhou para pagar impostos, segundo estimativa

    do IBPT. Os tributos levavam, em média, menos de 80

    dias de trabalho dos brasileiros nas décadas de 70 e 80.

    Nos anos 90, passaram a abocanhar 102 dias. Em 2004,

    esse número chegou a 138. “Se os recursos públicos fos-

    sem administrados com maior profissionalismo, a carga

    tributária poderia diminuir”, finaliza Amaral.

    Quatro meses e 20 dias dos brasileiros estão

    comprometidos com tributos em 2005. Para mostrar

    à população quanto é arrecadado pelos governos,

    estão sendo instalados no Estado os impostômetros

    N

    Vinte mil reais por

    segundo

    Quem diz o que estamos pagandoO Impostômetro leva em conta todos os impostos, taxas

    e contribuições – incluindo as multas, juros e correção mo-

    netária – arrecadados pela União, estados e municípios bra-

    sileiros. As informações têm as seguintes fontes:

    Fonte: IBPT

    Secretaria da Receita FederalSecretaria do Tesouro NacionalINSS – Instituto Nacional do Seguro SocialCaixa Econômica FederalTribunal de Contas da UniãoIBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaCONFAZ – Conselho Nacional de Política FazendáriaSecretarias Estaduais de FazendaTribunais de Contas dos Estados

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    xiste, na teoria econômica, um princí-

    pio segundo o qual, quando se eleva a

    taxa de juros básica, que remunera as

    aplicações financeiras, os agentes econômicos

    são atraídos pelos rendimentos mais altos e re-

    duzem seus níveis de consumo e investimen-

    tos. O resultado é uma menor pressão sobre os

    preços, reduzindo as expectativas de inflação.

    A política econômica deve objetivar o con-

    trole da inflação, pois esta distorce a distribui-

    ção da renda nacional e reduz o poder aquisiti-

    vo. Mas o bom senso e a experiência indicam

    que a política monetária não deve

    ser levada ao rigor extremo. No Bra-

    sil, ela tem sido paradoxal: de um

    lado, convive com uma expansão de

    crédito maior que a inflação e, de

    outro, promove uma taxa de juros

    alta, que não tem maior impacto

    sobre os preços, mas acarreta pre-

    juízos para as contas públicas, ao

    mesmo tempo em que remunera

    aqueles que têm recursos acumulados nos fun-

    dos de investimentos. Os juros altos também

    atraem capitais externos de curto prazo e de

    caráter especulativo, que valorizam a taxa de

    câmbio, desestimulando as exportações.

    Por que não se fixa a meta ideal da inflação

    em 1% ou 2%? Porque seria um absurdo, dada

    as características de volatilidade da atual con-

    juntura econômica. Então, por que 5,1%? É evi-

    dente que tudo isso é um exercício acadêmico, sem senti-

    do prático, mas a verdade é que existe e o Governo não

    resiste em criar um sistema do tipo “o rabo abana o ca-

    chorro”. Daí a sugestão ao presidente Lula: acabe com a

    meta de inflação e a taxa de juros básica fixada pelo Banco

    Central. A meta da inflação deve ser a menor possível e a

    Selic, a fixada pelo mercado. Temos que acabar com o “ter-

    rorismo monetário”, que além de sangrar o Tesouro Naci-

    onal, provoca distorções na economia.

    O objetivo do BC, com a política monetária, é o de

    atingir o núcleo da meta de inflação. O objetivo é correto,

    mas o instrumento utilizado não tem a eficácia prevista.

    Pelo contrário, a elevação da Selic

    tem se revelado negativa, em to-

    dos os sentidos. O BC está exage-

    rando a importância da inflação

    futura, cuja diferença negligível

    pode estar entre 5% e 7%, para sa-

    tisfazer vaidades acadêmicas. Exa-

    gerar propositadamente a magni-

    tude de um problema pode levar a

    dois erros crassos: primeiro, admi-

    tir que a questão não tem solução; segundo, adotar medi-

    cação excessiva, que pode “matar o doente pela cura”.

    Há muitos erros na política econômica do Brasil, a

    começar pelo combate à inflação através da política

    monetária, quando tudo indica que o instrumento mais

    adequado seria a política fiscal. O BC não consegue nem

    mesmo controlar a expansão do crédito bancário.

    Emonetária Ernane Galvêas*

    O presidente Lula

    deveria acabar com a

    meta de inflação e a

    taxa de juros básica

    fixada pelo BC

    * Consultor econômico da CNC e ex-ministro da Fazenda

    Chris

    tina

    Boca

    yuva

    /CN

    C

    Política

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    G e r m a n o R i g o t t o

    As eleições se aproximam e o nome do governador do Rio Grande do Sul, Germano

    Rigotto, aparece como uma possibilidade para o PMDB na disputa federal de 2006. Até

    lá, Rigotto equilibra politicamente suas relações com o governo Lula e tenta

    administrar as dificuldades financeiras de um Estado deficitário utilizando uma fórmula

    conhecida: conter despesas e atrair investimentos.

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    FBS Qual é a situação financeira do Estado hoje

    e quais as principais medidas que estão sendo

    tomadas para superar as dívidas?

    RIGOTTO Nós assumimos o Estado com um

    déficit estrutural anual de 1,2 bilhão de reais

    e com uma dívida de curto e médio prazo que

    chegava a 4,7 bilhões de reais e, ainda, sem

    os remédios que os outros governos tiveram:

    utilização do caixa único, endividamento, ven-

    da de ativos e multiplicação de recursos, de-

    vida à inflação, em aplicações financeiras. Fi-

    cou muito mais explícito e transparente o pro-

    blema do déficit estrutural do Estado. Desde

    que assumimos estamos tomanda medidas de

    redução de despesas, de mudanças estrutu-

    rais, de modernização de gestão. Criamos o

    pregão eletrônico, que desburocratiza as compras, dá

    mais transparência e, principalmente, reduz os gastos do

    Estado. Ao lado disso, fizemos contratos de gestão com

    as nossas estatais, que há muito tempo davam prejuízo e

    que agora estão dando lucro. Nós passamos a ter lucra-

    tividade no Banrisul, na Corsan, na CEEE, na Sulgás, na

    Corag, na Companhia Riograndense de Mineração. Es-

    tes contratos de gestão têm sido uma característica do

    nosso governo, assim como o processo de moderniza-

    ção de gestão, a presença do Programa Gaúcho da Qua-

    lidade e Produtividade ao nosso lado e medidas que já

    foram adotadas, além de outras que estão sendo traba-

    lhadas para a redução de despesas.

    FBS E para promover o desenvolvimento?

    RIGOTTO Ao lado da redução de despesas, nós estamos

    trabalhando em um processo para que o Rio Grande do

    Sul se desenvolva e atraia investimentos. No governo

    anterior, foram afastados investimentos, uma decisão de

    governo que não fez o Estado crescer como deveria. Nós

    tivemos que recuperar este tempo perdido. Em dois anos

    e cinco meses de governo, fizemos com que o Estado

    Em busca do

    desenvolvimento

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    voltasse a atrair os investimentos que preci-

    sava atrair, como nenhum outro estado no

    Brasil. Trouxemos, por exemplo, uma fábrica

    da Schincariol que já está produzindo. Che-

    gamos à duplicação da GM. Temos uma nova

    unidade da John Deere e investimentos pesa-

    díssimos da AGCO. Trouxemos a Aracruz e

    a Votorantim, em um processo de floresta-

    mento que vai determinar a possibilidade de

    termos uma planta de papel e celulose, que

    acredito que será anunciada até o segundo

    semestre, com investimentos que chegarão a

    1 bilhão de dólares em uma só planta. Esse

    florestamento está na Metade Sul do Estado, mudando

    o perfil daquela região. Nós também trouxemos os esta-

    leiros Aker-Promar e Rio Grande para a cidade de Rio

    Grande. A maior parte da P53, a plataforma oceânica

    para exploração de petróleo, vai ser produzida na ci-

    dade. Isso é tecnologia de ponta. É a criação de uma

    indústria naval, gerando milhares de empregos dire-

    tos e indiretos, trazendo um desenvolvimento muito

    grande para aquela região. Nós também reabrimos fri-

    goríficos em Santa Rosa, Alegrete, Dom Pedrito, Pelo-

    tas. Esta é uma vocação natural da região. Ao lado das

    novas vocações, como florestamento, indústria naval e

    área metal-mecânica, estamos retomando vocações tra-

    dicionais da região, como a orizicultura, os frigoríficos,

    a pecuária.

    O primeiro passo que nós demos foi muito impor-

    tante para os passos que teremos em seguida. O centro

    de distribuição da Toyota em Guaíba, os investimentos

    da Pólo em Montenegro, o novo centro tecnológico da

    Copesul no Pólo Petroquímico, eu poderia dar dezenas

    de exemplos de investimentos que estão vindo para o

    Rio Grande do Sul e que não estão indo para outros es-

    tados. A maioria dos investimentos ainda está em pro-

    cesso, e quando começarem a produzir gerarão mais em-

    prego, mais renda, mais arrecadação para o Estado, que

    a partir daí vai enfrentar o seu problema estrutural.

    FBS As desigualdades regionais do Estado também estão

    sendo trabalhadas pela atração de investimentos?

    RIGOTTO Todo o desenvolvimento do nosso Estado co-

    meçou pela Metade Sul, pela Fronteira, e com o passar

    do tempo a pecuária extensiva e a monocultura foram

    muito fortalecidas, mas não houve o processo de in-

    “Em dois anos e cinco meses de governo, fize-

    mos com que o Estado voltasse a atrair os inves-

    timentos que precisava atrair, como nenhum

    outro estado no Brasil.”

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    “Diferenças existem, mas

    não podem impedir que

    tenhamos parceria com o

    governo federal, ajudando nas

    reformas estruturais, dando

    sustentação às políticas

    econômicas quando elas

    estiverem certas.”

    dustrialização que poderia haver na Meta-

    de Sul. Estamos procurando recuperar esse

    tempo, na região Noroeste e na Metade

    Sul. O trabalho que nós estamos fazendo é

    para fazer com estas regiões, em cima de

    suas vocações tradicionais e a partir das no-

    vas vocações, possam ter um processo de de-

    senvolvimento diferenciado, para que o Es-

    tado tenha um crescimento mais igual.

    FBS Qual o papel da iniciativa privada no de-

    senvolvimento do Estado e como tem sido o

    relacionamento entre as áreas pública e em-

    presarial no Rio Grande do Sul?

    RIGOTTO Nós estamos agora, por exemplo, for-

    matando um plano estratégico para o desen-

    volvimento do Estado para os próximos 20

    anos, no qual estão envolvidas a Fecomércio,

    a Federasul, a Fiergs, a Federação das CDLs,

    a Farsul. Estas entidades vão nos ajudar, dan-

    do instrumentos para que possamos fazer um

    grande debate envolvendo cada uma das re-

    giões do Estado, para ver o que está aconte-

    cendo, o que deveria acontecer e quais são os

    caminhos futuros para que tenhamos um de-

    senvolvimento mais planejado. Este é um

    exemplo de como as entidades podem auxili-

    ar o Estado. A parceria com o PGQP e o pla-

    no estratégico, que tem a presença das nos-

    sas entidades maiores, demonstram o impor-

    tante papel das entidades empresariais.

    FBS Uma das maiores metas de sua campa-

    nha foi a pacificação política no Estado.

    Como o senhor avalia este processo de ar-

    ticulação política com os outros estados e

    com o governo federal?

    RIGOTTO Eu sempre acreditei que esse era o caminho: res-

    peitar quem pensa diferente e procurar trazer para junto

    do governo todos os setores. Nunca na história do Rio

    Grande do Sul tivemos um go-

    verno com a presença de tan-

    tos quadros de vários partidos

    dentro do governo e mesmo na

    base de sustentação na Assem-

    bléia. Quando eu falo de parti-

    dos estou falando da socieda-

    de. Ninguém me viu, ao longo

    destes dois anos e cinco meses,

    faltar ao respeito com alguém,

    desconsiderar alguém e, mes-

    mo quando atingido por uma

    crítica mais dura, não respon-

    der à crítica com tranqüilida-

    de e respeito. Esse tipo de

    comportamento tem poder de

    pacificação, ainda mais em um

    Estado em dificuldades, que

    enfrentou duas estiagens, um

    Estado no qual o governador

    gostaria de dizer muito mais

    “sim” do que “não” – mas o sim

    às vezes é impossível. Nós en-

    frentamos a difícil situação fi-

    nanceira do Rio Grande do Sul,

    como governador nenhum en-

    frentou ao longo de nossa his-

    tória, com muita coragem e de-

    terminação. Seria muito mais

    fácil evitar conflitos se nós ti-

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    véssemos uma condição financeira melhor,

    mas cumprimos aquilo que dizíamos, manten-

    do o respeito com quem pensa diferente, a

    interlocução com os outros estados, uma re-

    lação propositiva com o governo federal.

    O governo federal não é do meu partido,

    mas isso não quer dizer que eu não deva aju-

    dar em tudo que possa. Diferenças existem,

    mas não podem ser supervalorizadas e não

    podem impedir que tenhamos um processo

    de parceria, ajudando nas reformas estrutu-

    rais, dando sustentação ao governo nas políticas econô-

    micas quando elas estiverem certas, e não deixando de

    cobrar aquilo a que o Estado tem direito. Infelizmente,

    nós estamos cobrando com muita firmeza, mas não esta-

    mos recebendo do governo federal aquilo que o Estado

    tem direito. Às vezes falta ao governo federal a sensibilida-

    de de olhar para uma federação que está se enfraquecendo

    com a concentração de recursos nos cofres da União, uma

    federação cada vez mais capenga, com a União muito forte

    e os estados e municípios enfraquecidos.

    FBS A estiagem que atingiu o Estado nos primeiros

    meses do ano ainda mostra seus reflexos em toda a

    sociedade. Por quanto tempo ainda será preciso cor-

    rer atrás do prejuízo e o que está sendo feito para

    sanar esses efeitos?

    RIGOTTO Foi uma estiagem arrasadora, nos últimos 60 anos

    não tivemos nada igual ao que aconteceu em 2005. Mas

    a economia do Rio Grande do Sul é muito forte e res-

    ponde muito rápido, mesmo em momentos tão difíceis

    como este. Nós não tivemos apagão, com todos os efei-

    tos da estiagem nos nossos mananciais, não tivemos um

    desabastecimento absurdo de água, que poderíamos ter

    tido. Os problemas foram localizados e, com os raciona-

    mentos que aconteceram, não causaram problemas tão

    graves. De outro lado, nós tivemos uma perda de safra

    que na soja e no milho que chegou a 70%, o que significa

    um prejuízo absurdo para os nossos produtores e para a

    economia do Rio Grande do Sul. Com efeito dominó,

    essa estiagem afetou fortemente comércio, serviços e in-

    dústria, e nós vamos ter reflexos desta estiagem na eco-

    nomia do Estado ainda por algum tempo. Mas, como eu

    disse, o Rio Grande do Sul, pela força da sua economia,

    “Quem assumir no meu lugar vai

    assumir em uma situação melhor

    do que a em que eu assumi,

    mas isso não significa que vai

    ter o Estado sem déficit ou

    problemas estruturais.”

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    consegue dar a volta rapidamente a esta situ-

    ação de adversidade. Quando provocado, o

    Estado dá uma resposta muito forte e esta

    resposta já está acontecendo.

    FBS Qual o maior desafio a ser enfrentado pelo

    próximo governador do Estado?

    RIGOTTO Quem assumir no meu lugar vai assu-

    mir em uma situação melhor do que a em que

    eu assumi, mas isso não significa que vai ter o

    Estado sem déficit ou problemas estruturais.

    Parte deste déficit nós estamos enfrentando,

    outra parte vai ter de ser enfrentada pelo pró-

    ximo governo. Este trabalho de contenção de

    despesas, sem prejudicar os serviços essenci-

    ais nas áreas de saúde, segurança e educação,

    a otimização dos recursos, tudo isso precisa

    ter continuidade, assim como as medidas de

    acompanhamento do gasto público e de mo-

    dernização de gestão. Do lado da receita, é

    preciso continuar fazendo com que o Estado

    cresça. O próximo governo vai colher grande

    parte do que nós estamos hoje semeando, as

    indústrias que nós estamos trazendo, os resul-

    tados desta produção serão colhidos pelo pró-

    ximo governador. É preciso continuar esse pro-

    cesso. O Rio Grande do Sul tem potencial para

    se desenvolver muito mais, principalmente nas

    regiões que não tiveram o processo de desen-

    volvimento que poderiam ter. O próximo go-

    verno vai ter que dar continuidade a isso.

    FBS O senhor concorrerá a este ou a outro

    cargo público nas próximas eleições?

    RIGOTTO Vai chegar um momento em que eu

    vou ter que dizer o que penso em relação ao

    “A eleição acontece em 2006, agora não é

    momento de desviar a atenção para o

    processo eleitoral, pois nós temos muita coisa

    a fazer na administração.”

    governo estadual. A decisão está tomada, mas eu não

    posso deflagrar nenhum processo agora. No final do

    ano vou anunciar a minha decisão, para que os parti-

    dos que dão sustentação ao governo possam buscar os

    seus caminhos. A eleição acontece em 2006, agora não é

    momento de desviar a atenção para o processo eleitoral,

    pois nós temos muita coisa a fazer na administração. Es-

    peculação de nome é natural, mas a definição, tanto no

    nível estadual quanto federal – eu entendo que o meu

    partido deve ter um candidato à Presidência da Repúbli-

    ca, um projeto nacional, pode ser uma terceira via entre

    o PT e o PSDB –, vai ter um momento de definição, e o

    momento de definição é 2006, não 2005.

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    arketing é a capacidade que a em-

    presa tem de olhar o mercado,

    observá-lo e a partir disso iden-

    tificar as necessidades de consumidores que

    ainda não estão sendo atendidas. É, de dentro

    da empresa, desenvolver produtos ou servi-

    ços que venham a suprir essas carências e que

    dêem respostas a estas demandas de forma lu-

    crativa”, define Gilca Marchesan Bellaguarda,

    consultora externa do Sebrae-RS especialista

    na área de marketing. Segundo ela, é preciso

    perceber os desejos do mercado e, acima de

    tudo, ter foco, ou seja: trabalhar com base em

    características de seu segmento de atuação.

    Gilca conta que uma dica importante é ter

    claro quem é o público-alvo da empresa, pois

    muitas micro e pequenas empresas desconhe-

    cem os seus consumidores. Ela recomenda co-

    nhecer características, necessidades, desejos e

    o comportamento de consumo deste público de

    interessante, para daí entender o que os leva a

    decidir pela compra, a consumir determinados

    produtos e serviços e a escolher uma empresa.

    Quando uma organização começa a ter in-

    formações e a entender o funcionamento da sua

    fatia de mercado, ela consegue oferecer para os seus consu-

    midores o que eles esperam. A consultora alerta que há di-

    ferença entre o público que se gostaria de atender e aquele

    que se tem de fato: “É essencial fazer uma auto-crítica: se

    atende determinado público-alvo por que é desejo da em-

    presa ou por que ela está estruturada para atrair esse públi-

    co?” É preciso questionar o que é necessário mudar em ter-

    mos de produtos, serviços, ponto-de-venda, distribuição,

    pessoas, estratégias de comunicação e de preços para aten-

    der o público definido.

    Outro ponto é conhecer bem a concorrência, desco-

    brir quem são aqueles que realmente estão disputando

    com a sua empresa no mercado.” É preciso avaliar o

    que eles têm de melhor em relação à sua empresa, ao

    que o seu negócio tem de melhor. Para isso, o empre-

    endedor deve ter a capacidade de se abster. “O em-

    presário de empresas de micro e pequeno porte tem

    paixão pelo seu negócio, tem a empresa como um filho e,

    às vezes, tende a proteger e a não olhar criticamente para

    este filho”, observa. Conforme Gilca, é importante ter

    bem claro o conceito de diferencial: “Diferencial é aqui-

    lo que eu tenho acima da média do mercado, acima

    dos meus concorrentes, ou seja, diferente dos meus

    concorrentes”. Como o mercado é cada vez mais com-

    petitivo, é fundamental, ainda, investir em ações de rela-

    Quando se fala em

    marketing, logo se

    pensa em grandes

    campanhas de

    televisão

    viabilizadas por

    orçamentos

    elevados. Ledo

    engano: é possível,

    sim, fazer

    marketing com

    poucos recursos,

    mas para isso é

    preciso conhecer

    quem é o seu

    público-alvo e

    pensar em

    estratégias para se

    chegar até ele

    O segredo é conhecer

    os clientes“M

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    cionamento com os clientes. Eles têm de ser vistos como

    parceiros, pois também acabam “vendendo” a empresa.

    O que determina as ações de marketing que podem

    ser feitas também é o público-alvo. A empresa tem que

    identificar esse grupo de clientes fiéis e buscar informa-

    ções de preferências de consumo. Em cima desse perfil,

    pode-se oferecer planos de incentivo para o cliente con-

    tinuar. Nem sempre é preciso ter muita verba para desen-

    volver essas ações. “É preciso desmitificar que marketing

    é propaganda e campanha de televisão”, ressalta Gilca. É

    possível implantar iniciativas pontuais, de baixo orçamento

    e que trazem resultados. “Quanto mais conhecemos o pú-

    blico-alvo da empresa e descobrimos como emocionar o

    cliente, mais claramente podemos determinar que ações

    fazer e nem sempre é estar no out-door.”

    O pós-venda é essencial para quem quer realmente

    fidelizar cliente, medir como está sendo a performance

    da empresa no mercado, estreitar o relacionamento com

    o público de interesse e preparar a próxima

    venda. “O que acontece é que algumas em-

    presas dizem que tem pós-venda e na hora

    que vem uma reclamação, os empreendedo-

    res anotam e guardam em uma gaveta, sem

    dar uma resposta. E aí é pior”, adverte.

    Antes de qualquer ação, no entanto, o

    empresário deve determinar o posiciona-

    mento da empresa: a imagem que ela quer

    gerar para o seu público-alvo e como quer

    ser percebida. É importante ter cuidado,

    pois muitas vezes o posicionamento acaba

    sendo uma promessa e muitos esquecem

    que esta promessa tem que ser cumprida.

    “Tendo um posicionamento definido, fica

    mais claro que estratégias é preciso adotar e

    que caminhos o empresário deve percorrer

    para atingir os teus objetivos.”

  • feco

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    entro do projeto da Fecomércio-RS de

    reestruturação de regionais, foram em-

    possados no dia 19 de maio, pelo pre-

    sidente da entidade, Flavio Sabbadini, 47

    diretores regionais, que têm a responsabili-

    dade de buscar líderes em suas regiões.

    “Nós estaremos presentes com líderes nos

    496 municípios do Estado”, afirma o pre-

    sidente. Sabbadini pediu que os novos dire-

    tores interferissem junto a quem determina o futuro –

    os políticos –, utilizando três ações fortes: motivo váli-

    do, união e pressão. Os novos diretores irão identificar

    as necessidades de seus municípios com o total apoio da

    Fecomércio-RS. “Os senhores terão um grande compro-

    misso com o Rio Grande do Sul, com o futuro de nossos

    filhos e com o Brasil”, ressaltou Sabbadini aos diretores

    recém-empossados.

    O projeto de reestruturação das novas regionais – or-

    ganizadas em 11 regiões – vai identificar, até o final do

    ano, cerca de 3 mil líderes empresariais em todo o territó-

    rio estadual. O projeto consiste numa rede de expansão de

    lideranças, levando a todos os municípios do Estado o co-

    nhecimento das ações e pensamentos do Sistema Feco-

    mércio-RS em prol do empresariado e da sociedade civil.

    A posse de 47 diretores regionais consolida a

    primeira etapa do projeto de reestruturação de

    regionais da Fecomércio-RS, que tem como

    objetivo o fortalecimento das ações do Sistema

    Novos diretores

    regionais

    D

    D i r e t o r e s r e g i o n a i sEroci Alves dos SantosDiretor Regional Metropolitana CentroErselino Achylles ZottisDiretor Regional PlanaltoFelipe Trevisan JoãoDiretor Regional CentroFlávio Franco PadilhaDiretor Regional NorteFranco Stringare PudlerDiretor Regional CentroGelso Luiz de CarliDiretor Regional PlanaltoGiraldo SandriDiretor Regional CentroIldo CorsoDiretor Regional NorteJoão Antônio CardosoDiretor Regional MissõesJoel DaddaDiretor Regional Metropolitana NorteJosé Édio MedeirosDiretor Regional Metropolitana SulJosé Inácio LensDiretor Regional Centro

    José Luis Paes do AmaralDiretor Regional SulJúlio Péricles MachadoDiretor Regional CentroLibório Del SávioDiretor Regional PlanaltoLuis Fernando de SouzaDiretor Regional NorteLuis Fernando HüttnerDiretor Regional Metropolitana SulLuiz Carlos DallepianeDiretor Regional MissõesMário HammerschittDiretor Regional NorteMauricio Roberto CôasDiretor Regional NorteMilton BoniniDiretor Regional MissõesNilton Luiz BozzettiDiretor Regional NordesteNorberto FedrizziDiretor Regional NordesteOdil Leo BianchiniDiretor Regional Planalto

    Odir Lauret CarvalhoDiretor Regional MissõesRaul Moraes LochDiretor Regional Metropolitana CentroRégis FeldmannDiretor Regional Metropolitana NorteRejane Maria IuppenDiretor Regional Metropolitana SulRicardo Pedro KleinDiretor Regional SulRogério Endres de RezendeDiretor Regional PlanaltoSérgio Abreu NevesDiretor Regional SulSérgio Gilberto DienstamannDiretor Regional Metropolitana NorteSérgio ScopelDiretor Regional NordesteSírio SandriDiretor Regional CentroWolmi de OliveiraDiretor Regional Missões

    Adelino Camilo DarivaDiretor Regional PlanaltoAdelmir Freitas SciessereDiretor Regional PlanaltoAldair PisettaDiretor Regional CentroAlex Everson Vidal HaasDiretor Regional Metropolitana SulAlexandre da Silva SchimitzDiretor Regional Metropolitana NorteAline Borjes MoojenDiretor Regional NordesteAmarildo Antônio RomanzziniDiretor Regional PlanaltoAndré A. K. DieffenthalerDiretor Regional NorteÂngela MachadoDiretor Regional Metropolitana Norte Atualpa Luzardo LumertzDiretor Regional Metropolitana NorteClaudio FurquimDiretor Regional Centro-OesteDelcio HugentoblerDiretor Regional Metropolitana Norte

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    nformar com precisão o número de enti-

    dades sindicais existentes hoje no Brasil é

    uma tarefa difícil. Estimativas indicam que

    há cerca de 18 mil entidades sindicais, sendo

    11 mil representativas de trabalhadores e 7

    mil de empregadores. Mas, por incrível que

    pareça, não há como assegurar que estes nú-

    meros sejam verdadeiros.

    Muitos fatores contribuíram para esta si-

    tuação, entre eles, a ausência de registro sindi-

    cal no Ministério do Trabalho e

    Emprego (MTE). No período de

    1988 a 1994, as entidades sindicais

    não precisavam solicitar registro ao

    MTE, com isso muitas foram fun-

    dadas sem o conhecimento do go-

    verno. Como conseqüência, inú-

    meras entidades possuem código

    sindical na Caixa Econômica Fede-

    ral sem serem registradas no MTE.

    Para piorar este quadro, existe uma despre-

    ocupação natural das entidades em se atualiza-

    rem junto ao Ministério, o que contribui para o

    desconhecimento do Estado sobre informações

    consistentes com relação ao sindicalismo bra-

    sileiro. Para preencher esta lacuna, o MTE, por

    meio da Secretaria de Relações de Trabalho,

    lançou no último dia 18 de abril a Campanha

    de Atualização das Informações Sindicais. A

    campanha tem como finalidade criar um banco

    de dados sobre as relações de trabalho e a or-

    ganização sindical brasileira. O objetivo é possibilitar ao

    ministério e à sociedade acesso a informações sobre as en-

    tidades sindicais existentes no país.

    Na primeira fase da campanha o Ministério está cha-

    mando as confederações a fazer sua atualização. Na se-

    gunda, que se inicia agora em 19 de maio, será a vez das

    federações e posteriormente, a campanha se conclui com

    as informações que serão prestadas pelos sindicatos.

    A campanha de atualização também vai contribuir

    para sanar um problema recorrente no MTE relaciona-

    do ao registro de novas entida-

    des sindicais. Atualmente, há uma

    grande dificuldade para o cum-

    primento desta tarefa devido a

    dados insuficientes e a uma gama

    de informações incompletas e até

    mesmo irregulares. O Cadastro

    Nacional de Entidades Sindicais

    (CNES) é a única fonte de infor-

    mação disponível. Este cadastro,

    no entanto, limita-se a registrar a tramitação de processos,

    o que dificulta o acesso da sociedade e dos interessados às

    informações sobre as entidades sindicais existentes no país.

    Estes dados também não são consistentes.

    Diante deste quadro, ressaltamos a importância das

    entidades sindicais brasileiras atenderem a chamamento

    do Ministério. Com certeza o resultado irá contribuir

    para a preservação da transparência e da democratiza-

    ção das informações sindicais.

    IOsvaldo Bargas*

    Será criado um banco

    de dados sobre as

    relações de trabalho e

    a organização sindical

    brasileira

    *Secretário de Relações de Trabalho do MTE

    Div

    ulga

    ção

    MTE

    Democratização das

    informações

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    o dia 23 de julho de 2002, poucos me-

    ses antes das eleições presidenciais, o

    então candidato Luiz Inácio Lula da Sil-

    va escreveu na sua Carta ao Povo Brasi-

    leiro: “O país precisa criar 10 milhões de

    empregos. Pode parecer um número exa-

    gerado, mas não é. Precisamos crescer a

    uma taxa média de 5% ao ano para gerar

    os postos de trabalho necessários.” Pas-

    sados dois anos e meio do mandato do presidente Lula, a

    economia cresceu a uma média de 2% por ano, metade da

    meta anunciada. A 18 meses do final do mandato do pre-

    sidente, apenas 2 milhões de postos foram gerados, ou

    um quinto do total proposto. Enquanto o governo ainda

    patina na formação de políticas econômicas e sociais que

    possam atingir os empregos prometidos na Carta ao Povo

    Brasileiro, a sociedade civil se organiza para reformar leis

    e estruturas que hoje travam o desenvolvimento do mer-

    cado nacional. Uma das iniciativas mais importantes é a

    reforma no setor de micro e pequenas empresas, que em-

    prega hoje quase 60% da mão-de-obra nacional.

    Neste mês de junho, o Congresso Nacional começa a

    debater a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, um

    projeto que vem sendo elaborado há dois anos por empre-

    sários de todo país e que propõe uma revolução na forma

    como os negócios privados são regulados e taxados pelo

    Ngoverno. A sociedade já está engajada na apro-

    vação da lei, com a criação da Frente Empresa-

    rial pela Lei Geral. “Essa lei será um marco novo,

    um verdadeiro divisor de águas no país”, diz o

    presidente da Confederação Nacional da Indús-

    tria (CNI) e do Conselho Deliberativo Nacio-

    nal do Sebrae, Armando Monteiro Neto.

    “Resolve dois problemas da economia brasi-

    leira. Primeiro ela libera a energia empreen-

    dedora que existe hoje no país. Segundo, ela

    estimula o fim da informalidade do mercado

    nacional, gerando empregos e renda.”

    Entre as mudanças propostas pela Lei

    Geral estão o enquadramento de todos os se-

    tores da economia – inclusive das empresas

    prestadoras de serviço – nas regras de bene-

    ficiamento do Simples (com alteração nos li-

    mites de faturamento), a redução para até 48

    horas do prazo de abertura de empresas (hoje

    um empresário precisa esperar em média cin-

    co meses para começar a operar), a unifica-

    ção do cadastro e a criação de uma guia única

    de pagamento de impostos. O projeto prevê

    facilidades em setores que nunca foram devi-

    damente estimulados pelos governos, como

    isenção de tributos para exportação de micro

    As MPEs pedem

    Empresários de todo país e diversos setores da sociedade civil estão unidos para

    defender o anteprojeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, uma revolução

    que pode agregar milhões de empregos à economia nacional

    passagemPor Daniel Gallas

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    e pequenas empresas, estímulo para vendas a

    órgãos governamentais e maior acesso dos

    empresários à Justiça. “Há cidadãos que que-

    rem ser empreeendedores, querem assumir

    riscos, querem contratar pessoas, querem pa-

    gar impostos. E como nós estamos receben-

    do esses cidadãos? Com tapete vermelho,

    como eles merecem? Não, nós estamos de

    costas para eles”, diz o presidente da Feco-

    mércio-RS, Flavio Sabbadini.

    RevoluçãoUma das maiores distorções da economia

    nacional é o grau de informalidade da produ-

    ção. Estimativas da consultoria McKinsey

    apontam que 40% dos empreendedores bra-

    sileiros – ou 10 milhões de micro e pequenas

    empresas, segundo o IBGE – estão na infor-

    malidade. O percentual supera a média mun-

    dial (32%) e é quase o dobro de países como

    o Chile e a Argentina. Não é de se surpreen-

    der que o empreendedor nacional fique qua-

    se na clandestinidade. Abrir uma empresa no

    Brasil requer coragem para assumir riscos e

    enfrentar adversidades que nem sempre com-

    pensam o esforço. Cerca de 470 mil empre-

    sas são criadas por ano no país, mas apenas

    metade destas sobrevivem ao segundo ano de

    operação, segundo dados da instituição de

    pesquisa Global Entrepreneurship Monitor. Setenta por

    cento dos novos negócios fecham após o quinto ano.

    Há mais de 300 leis, decretos e portarias que regulam

    o setor de micro e pequenas empresas. O empreendedor

    precisa esperar em média 152 dias para começar a operar

    de acordo com todas essas regras do governo. Depois de

    iniciada a produção, há mais de 70 tributos e taxas para

    pagar. A carga tributária imposta ao setor produtivo che-

    ga a 34% do PIB nacional. Esse sistema vicioso prejudica

    todos os atores do processo. O governo perde em arre-

    cadação, com o alto grau de informalidade que essa estru-

    tura estimula. O trabalhador, que em grande parte dos

    casos é parente ou amigo do empreendedor, fica sem seus

    direitos trabalhistas. O pequeno empresário, por sua vez,

    não tem estímulo para sair da informalidade, o que acaba

    prejudicando o crescimento dos negócios.

    Para abrir empresa (em dias)

    Para fechar empresa (em anos)

    Prazo médio para a abertura e ofechamento de empresas no mundo

    Fonte: Banco Mundial

    Informalidade empresarial (em %)

    Fonte: McKinsey, 2004

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    FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

    s principais prejudicados com a informalidade da mi-

    cro e pequena empresa são, na maior parte dos casos,

    o próprio empreendedor e a sua família. Com tantas

    obrigações formais que o empresário precisa observar – salá-

    rio dos empregados, encargos trabalhistas, impostos para o

    governo, juros de credores – ele acaba sacrificando o próprio

    lucro, as suas horas de lazer e os di-

    reitos formais de seus familiares para

    poder continuar operando.

    Em 1991, o empresário Itamar

    José de Oliveira abriu a madeireira

    Itagiel, em Gravataí. O começo da

    empresa foi o mais modesto possível:

    era a união dos esforços de Itamar, de

    sua esposa e de seu cunhado. “Na

    época, eu ganhava dois salários míni-mos. Minha esposa também. Pensei:

    tenho que ter um negócio no qual meu

    lucro seja a soma da nossa arrecada-

    ção mais 100%. Assim usamos me-

    tade do lucro mensal para sobrevi-

    ver e outra metade para reinvestir no

    negócio.” Antes de qualquer preo-

    cupação com a formalidade, Itamar

    agiu no instinto para garantir sua so-

    brevivência, como faz a maior parte

    dos microempresários. Construiu

    com as próprias mãos o galpão da

    primeira empresa, comprou e restau-

    rou uma máquina, treinou os primei-

    ros empregados e investiu capital

    Formalidade ou sobrevivência?próprio. A única ajuda que teve da lei foi o Simples, sem o

    qual não teria conseguido abrir seu negócio.

    Itamar observa que é impossível para qualquer microem-

    presário cumprir todas as formalidades ao abrir um negócio.

    Outro momento crítico para as empresas são os pacotes eco-

    nômicos dos governos. Em duas ocasiões o empresário teve

    que se desfazer de quase todo seu patrimônio para pagar dívi-

    das. “No momento da pressão, será que o empresário vai deixar

    de pagar a luz, a água, o fornecedor, a mão-de-obra e deixar de

    abastecer a sua despensa, tudo isso para dar para o governo em

    primeiro lugar? E se não der, ele pode ser culpado por isso?”

    Com todas as adversidades ao longo dos últimos 14 anos, a

    madeireira Itagiel conseguiu crescer e se enquadrar cada vez

    mais na formalidade. Hoje o negócio emprega 23 pessoas, e

    atua em diversos ramos, como a elaboração de casas pré-fa-

    bricadas, venda de material de construção e de madeira, en-

    tre outros. Apesar do sucesso da Itagiel, a rotina de Itamar e

    de seus familiares continua tão dura como há 14 anos. O em-

    presário cumpre uma jornada que começa às 6h da manhã e

    por vezes se estende até as 22h. Sua esposa e filha também

    trabalham bem mais do que as oito horas diárias dos demais

    trabalhadores da Itagiel.

    Junto com a função empresarial, Itamar acumula a presi-

    dência do Sindilojas de Gravataí, repassando a sua experiência

    como empreendedor à comunidade empresarial da cidade. No

    Sindicato, ele teve contato com o anteprojeto de Lei Geral das

    MPEs. Na opinião do empresário, a lei é essencial para dar a

    outros empreendedores condições justas que ele não teve ao

    abrir o seu negócio. Ele destaca que a taxação progressiva so-

    bre o crescimento da empresa – e não meramente sobre o fatu-

    ramento total – é essencial para o setor.

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    A Lei Geral das MPEs, elaborada sob a

    liderança do Sebrae Nacional e das confe-

    derações empresariais, modifica todo esse

    esquema nocivo. A lei altera os critérios

    para acesso aos benefícios fiscais do Sim-

    ples. O limite de faturamento das micro-

    empresas enquadradas nos benefícios pas-

    saria dos atuais R$ 1,2 mil para R$ 480 mil.

    Para as pequenas empresas, o faturamento

    anual máximo saltaria de R$ 1,2 milhão para

    R$ 3,6 milhões. O presidente nacional do

    Sebrae, Paulo Okamoto, estima que essa

    medida colocaria cerca de 5 milhões de

    micro e pequenas empresas na formalidade

    em um prazo de cinco anos. “Muitas em-

    presas pequenas estão na informalidade por

    conta da burocracia. Há um potencial de

    até 10 milhões de empresas que podem

    entrar na formalidade.”

    Além de aumentar o número de empre-

    sas beneficiadas no sistema, o projeto de

    lei propõe incentivos à produção. A maior

    parte dos impostos incidiriam sobre o cres-

    cimento mensal do faturamento, e não so-

    bre o faturamento total. Uma guia única de

    pagamentos reuniria todas as taxas a serem

    pagas às mais diferentes instâncias públi-

    cas, agilizando a arrecadação e o funciona-

    mento das empresas. A agilidade na cria-

    ção e gestão de empresas é fundamental para incenti-

    var o crescimento. O prazo para começo de operação

    de um negócio pode ser reduzido a apenas 48 horas

    com a criação de um cadastro único. Bastaria o regis-

    tro do CNPJ junto à Receita Federal para que a em-

    presa começasse a operar, como prevê o projeto. Hoje,

    o empreendedor perde meses na “romaria” por diver-

    sos órgãos dos governos federal, estadual e municipal

    até poder iniciar a produção.

    Bom para a economia, bom para o governoMesmo setores que poderiam temer a aprovação

    da Lei Geral têm se mostrado a favor da reforma das

    MPEs. “As categorias da área contábil – que poderiam

    imaginar que haverá redução do seu mercado – tam-

    bém estão engajadas na campanha pela Lei Geral. Há

    perspectiva de maior emprego”, diz o presidente do

    Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Ses-

    con), Luiz Carlos Bohn. Ele ressalta que o governo

    federal também tem a ganhar com o projeto. “Nós sa-

    bemos que o governo está preocupado com a possível

    queda na arrecadação que a ampliação do Simples pode

    trazer”, afirma. “Mas o Estado precisa ter coragem para

    defender a lei e perceber que em um segundo momen-

    to a arrecadação subirá, com o aumento da formalida-

    de e da atividade econômica.”

    Além da possibilidade de aumento das receitas pú-

    blicas no longo prazo, a Lei Geral das MPEs pode be-

    neficiar outro pilar da política econômica do atual go-

    verno: o saldo positivo do comércio internacio-

    nal. Para o presidente da Fecomércio-RS, o pre-

    sidente Lula tem tido êxito na sua política ex-

    terna, apesar de existirem muitos entraves in-

    ternos ao desenvolvimento do país. “Estamos

    atingindo uma competitividade internacional

    notável, mas ainda existe um grave problema de

    estímulo à produção interna. Há muito o que

    fazer em casa ainda”, diz Sabbadini.

    A comparação das micro e pequenas empre-

    sas brasileiras com as de outros países é cruel.

    O Brasil tem uma carga tributária superior ao

    de países desenvolvidos, como Estados Unidos

    Temp. méd. para abrir empresaNo de cadastros necessáriosBenefícios do Simples

    Empresas contempladas

    Base de cálculo do impostoExportações

    Crescimento

    152 diascerca de 12R$ 120 mil (micro) eR$ 1,2 milhões (pequenas)Todas, menos asprestadoras de serviçoReceita anualIsenção só parainscritos no SimplesEmpresa sai do Simples quandofaturamento passar do limite

    48 horascadastro únicoR$ 480 mil (micro) eR$ 3,6 milhõesTodas

    Receita mensalIsenção para todasempresasTabela progressiva taxaintegralmente apenaso que exceder o limite

    Entenda o anteprojeto

    Como é hoje O que muda

    Fonte: Sebrae-RS

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    “Com a nova Lei

    Geral, haverá

    simplificação,

    desoneração e

    desburocratização

    das atividades

    econômicas das

    micro e pequenas

    empresas do país.”

    Paulo Okamoto

    Presidente do SebraeNacional

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    FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

    e Austrália. Na avaliação do Banco Mundial as leis tra-

    balhistas brasileiras estão entre as mais rígidas do mun-

    do. O prazo médio para a criação de novos negócios é

    de 152 dias, o que corresponde a quase três vezes a

    média mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, o

    período médio é de quatro dias. As empresas brasilei-

    ras que querem fechar as portas precisam de até dez

    anos para conseguir enfrentar toda a burocracia esta-

    tal, enquanto no resto do mundo esse prazo é de, em

    média, quatro anos.

    O resultado reflete-se nas exportações, que cres-

    cem cada vez mais com a atual política econômica. As

    micro e pequenas empresas produzem apenas 2,4% do

    montante de vendas externas brasileiras. Na Itália, o

    setor representa até 60% da pauta de exportações. A

    Lei Geral, além de estimular o aumento da formalida-

    de e da criação de novas empresas, prevê incentivos

    por meio da desoneração das exportações de organi-

    zações de micro e pequeno porte. Além de reformar

    as estruturas de um setor abandonado por anos pelas

    administrações públicas, a Lei Geral das MPEs influ-

    encia nos mais diferentes ramos da economia nacio-

    nal. Um marco regulatório forte do setor pode bene-

    ficiar diretamente a geração de empregos, o saldo da

    balança comercial e até a agilidade da Justiça nos pro-

    cessos trabalhistas. Não é a toa que a mobilização de

    toda a sociedade tem sido intensa para que o projeto

    seja aprovado ainda em 2005.

    País se mobiliza pelas empresasAo que parece, 2005 deve mesmo ser o ano da

    micro e pequena empresa, no que depender da mobi-

    lização nacional. Em 12 de abril, a sede da Federação

    das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) assistiu

    a uma das maiores manifestações empresariais do Bra-

    sil. Mais de 400 líderes nacionais lançaram a Frente

    Empresarial pela Lei Geral das MPEs. A iniciativa tem

    um objetivo bastante direto: aprovar a Lei ainda este

    ano no Congresso Nacional e dar início à mudança

    estrutural do setor. A Frente é formada por algumas

    das associações econômicas mais poderosas do País:

    as confederações nacionais da Agricultura (CNA), do

    Comércio (CNC), das Instituições Finan-

    ceiras (CNF), da Indústria (CNI), do

    Transporte (CNT) e das Associações Co-

    merciais e Empresariais do Brasil (CACB),

    além do Sebrae.

    Desde o lançamento em São Paulo, a

    Frente Empresarial já se espalhou para ou-

    tros Estados. Em menos de dois meses,

    foram realizadas carreatas e passeatas em

    Porto Alegre, Salvador, Manaus e Belo

    Horizonte. No Rio Grande do Sul, o pre-

    sidente da Fecomércio-RS, Flavio Sabba-

    dini, estimulou a realização de passeatas e

    carreatas em cidades como Gravataí, Ca-

    choeirinha e Porto Alegre, e está promo-

    vendo debates sobre o tema pelo interior

    do Estado. No dia 28 de abril foi realizada

    na capital gaúcha uma carreata de 18 qui-

    lômetros, entre a Usina do Gasômetro e a

    Lançamento da Frente Empresarial pela Lei Geral das MPEs em Porto Alegre

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    Lideranças gaúchas na carreata do dia 28 de abril

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    Renan Proença

    sede da Fiergs, onde

    aconteceu o lança-

    mento da Frente

    Empresarial da Re-

    gião Sul, com a par-

    ticipação de mais de

    mil empresários.

    Quatorze ônibus vi-

    eram lotados do in-

    terior para assistir

    ao lançamento da

    Frente Empresarial na Região Sul. No dia

    11 de maio, Sabbadini falou à Comissão de

    Economia e Desenvolvimento da Assem-

    bléia Legislativa do RS, mostrando a im-

    portância da proposta a parlamentares gaú-

    chos. O ápice da mobilização nacional será

    a marcha do dia 8 de junho em Brasília,

    quando o projeto será entregue simbolica-

    mente ao Congresso Nacional.

    O que já se conseguiuDesde o começo da mobilização em

    abril, a Lei Geral já obteve algumas impor-

    tantes vitórias. Primeiro, angariou o apoio

    de segmentos amplos da sociedade, inclu-

    sive no governo federal. O presidente da

    República, Luiz Inácio Lula da Silva, mani-

    festou recentemente que o Executivo pre-

    tende enviar ao Congresso o projeto de Lei

    Geral. “Para enfrentar o problema da buro-

    cracia e dos impostos vamos encaminhar ao

    Congresso Nacional a nova Lei Geral”, dis-

    se Lula em depoimento ao boletim do Se-

    brae na revista Pequenas Empresas & Grandes Ne-gócios, na edição de maio. “Estou convenci-do de que a nova lei vai impulsionar ainda

    mais esse espírito empreendedor brasileiro

    para ampliar as oportunidades de emprego

    e consolidar o desenvolvimento do País.”

    Em um ano de relações complicadas no

    Congresso, a Frente Empresarial conseguiu

    também reunir o apoio dos presidentes da Câmara, Se-

    verino Cavalcanti (PP-PE), e do Senado Federal, Re-

    nan Calheiros (PMDB-AL). Outra conquista impor-

    tante foi a instalação de uma comissão na Câmara dos

    Deputados para avaliar o projeto de lei nº 210, tam-

    bém conhecido como Pré-Empresa. Algumas vanta-

    gens previstas na Lei Geral – como a unificação de

    tributos e o cadastro simplificado das empresas – já

    estão incluídas nesta outra lei analisada pela Câmara.

    O Pré-Empresa foi apresentado pelo Executivo e con-

    ta com o apoio do Ministério da Fazenda. As negociações

    na Câmara sobre o Pré-Empresa podem facilitar o enten-

    dimento sobre a Lei Geral no futuro.

    O que falta conseguirA Frente Empresarial negocia agora com o gover-

    no para que a proposta de lei seja enviada pelo Execu-

    tivo o mais rápido possível ao Congresso. Apesar da

    manifestação favorável do presidente Lula, o governo

    enfrenta um ano de relações difíceis com o Congres-

    so. É difícil prever a prioridade que o governo federal

    dará à Lei Geral. “A estimativa é que ela esteja pronta

    para ingressar no Congresso até o final de junho”, diz

    o presidente da Confederação Nacional da Indústria

    (CNI), Armando Monteiro Neto.

    Para vencer a batalha no Congresso, foi formada a

    Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, pre-

    sidida pelo deputado federal Augusto Nardes (PP-RS).

    “Acho que este é o grande

    momento para estabelecer

    um debate entre a Câmara

    dos Deputados, o Senado

    Federal e o Poder Executivo,

    para mostrarmos um caminho

    ao País, a fim de se formali-

    zar os trabalhadores e dar à

    Nação algo que é fundamental, com o menor custo

    possível”, afirma Nardes. A expectativa da Frente Par-

    lamentar e da Frente Empresarial é de que a discussão

    do projeto ocorra em plenário no segundo semestre, e

    que a lei possa ser aprovada antes de 2006, ano de elei-

    ções presidenciais.

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    Sabbadini entrega camiseta ao presidente da AssembléiaLegislativa do Rio Grande do Sul, Iradir Pietroski

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    Augusto Nardes

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    ano é atingir 4 mil alunos e alcançar um índi-

    ce de absorção de 65%. A formação é dire-

    cionada para cinco cursos: assistente de ven-

    das, assistente em serviços administrativos,

    auxiliar de cozinha, operador de informática

    e operador de supermercado. “Os alunos re-

    cebem a capacitação nas escolas do Senac e

    depois realizam a prática supervisionada nas

    empresas, com carga média de 190 horas”,

    explica Cláudia Klinski, pedagoga do Senac.

    O programa oferece turmas duas vezes

    por ano. As inscrições para o segundo se-

    mestre de 2005 estão abertas até 20 de ju-

    nho, nas escolas do Senac. A divulgação tam-

    bém é feita em escolas públicas, associações

    comunitárias e em igrejas. O processo sele-

    tivo é composto por entrevista e sorteio. A

    maior demanda pelas vagas acontece em Por-

    to Alegre, Caxias do Sul, Santa Maria e Pe-

    lotas. “É nosso dever investir na área social,

    e o Senac do Rio Grande do Sul é o que mais

    investe no programa, comparado com outros

    estados”, explica Lúcio José da Silva, geren-

    te do Núcleo de Educação Técnica Inicial e

    Continuada do Senac-RS.

    Histórias de sucesso que começaram pelo programa

    Adolescente Aprendiz demonstram a qualidade

    do projeto de inserção no mercado de trabalho

    desenvolvido pelo Senac em todo o Rio Grande do Sul

    Aprendizes de

    futuro

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    RS)

    os 16 anos de idade, em 1986, Juliano Azevedo

    Fragoso começou como aprendiz na tradicional

    Ferramentas Gerais, em Porto Alegre. Dezenove

    anos depois, em 2005, ele é Gerente de Logística da

    empresa e responsável pelo Centro de Distribuição de

    Viamão. A trajetória profissional de Juliano ilustra o

    sucesso do programa Adolescente Aprendiz, desenvol-

    vido pelo Senac-RS em todas as 33 unidades espalhadas

    pelo Estado. “O programa é realmente um escola, inse-

    rindo o aprendiz no mercado de trabalho”, avalia ele.

    Após dois anos como aprendiz, Juliano foi efetivado

    no departamento de RH das Ferramentas Gerais. Deci-

    dido pela área, em 1990 começou o curso de Adminis-

    tração, sempre tendo o apoio decisivo da companhia:

    “As oportunidades oferecidas pela empresa possibilita-

    ram a escolha do meu futuro profissional”.

    Totalmente gratuito, o programa Adolescente Apren-

    diz é direcionado para jovens de 15 a 18 anos. No ano

    passado, o curso formou 3.016 alunos, sendo que 43%

    deles foram absorvidos pelas empresas. A meta deste

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    ela nona vez consecutiva em menos de

    um ano, o Comitê de Política Monetá-

    ria (Copom) aumentou a taxa referencial

    de juros da economia brasileira, a Selic, que

    em maio chegou a 19,75% ao ano. Trata-se da

    maior taxa de juros desde setembro de 2003,

    quando o índice tinha sido reduzido de 22%

    para 20% ao ano. Conforme o Banco Central,

    a persistência de focos localizados de pressão

    na inflação e a deterioração do cenário exter-

    no determinaram a necessidade do crescente

    aumento. De fato, o temor de alta da inflação

    é o que tem norteado a equipe econômica na

    manutenção de uma das mais altas taxas de

    juros do mundo.

    Na lógica simplista do BC, o aumento nos

    juros é eficaz no combate à inflação porque

    reduz a produção e também o consumo. Difi-

    cultando estes dois fatores, a economia brasi-

    leira cresceria mais devagar e não geraria pres-

    são inflacionária. No entanto, o mecanismo

    deixou de funcionar. “Os últimos índices de inflação têm

    ficado na faixa de 0,5 ponto percentual, o que é muito

    elevado para uma meta anual de 5%, defendida pelo go-

    verno”, avalia Marcelo Portugal, consultor econômico da

    Fecomércio. Segundo ele, se continuar assim, o ano de

    2005 deve fechar com uma inflação superior a 6%.

    Ao estancar a produção e o consumo, a Selic gera efei-

    tos nocivos em boa parte da cadeia produtiva brasileira.

    Para o consumidor, o impacto é imediato no crédito. Toda

    vez que utiliza o cheque especial ou o cartão de crédito,

    paga juros mais altos. O custo de financiar o consumo

    fica cada vez mais elevado. Com vendas desaceleradas,

    há uma retração nos níveis de emprego. As empresas co-

    meçam a demitir funcionários ou deixam de admitir. “Por

    isso é complicado utilizar um só mecanismo de retenção

    inflacionária em uma economia dependente e complexa

    como a nossa”, relata Carlos Cardoso, economista do Ins-

    tituto Fecomércio de Pesquisa (IFEP).

    No câmbio, uma das razões para o preço do dólar ter

    despencado é o juro alto. Isso acontece porque o investi-

    dor estrangeiro aplica dinheiro no Brasil sabendo que,

    Economistas

    afirmam que os

    sucessivos

    aumentos na taxa

    básica de juros

    brasileira (Selic)

    determinados pelo

    Copom para

    conter a inflação

    não estão mais

    funcionando,

    mesmo com a

    retração da

    produção e do

    consumo no país

    A escalada

    dos jurosP

    Por Cristiano Vieira

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    como o índice é maior, terá mais rendimento que no país

    de origem. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa anual

    está em torno de 3%, bem abaixo dos 19,5% do Brasil.

    “O fluxo de dólar no país sobe, aumenta a oferta da moe-

    da e derruba a cotação, ou seja, juro alto gera câmbio bai-

    xo”, explica Portugal. O lado contraditório da política

    econômica se reflete também na oferta de crédito. Em-

    bora o governo fale em fornecer crédito a custos reduzi-

    dos para pequenos investidores, na prática, aumentando

    os juros, ele faz exatamente o contrário: encarece o cré-

    dito, segundo Cardoso.

    A insatisfação geral com a política dos juros fez cres-

    cer o debate sobre mudanças no Conselho Monetário Na-

    cional (CMN), órgão que determina as metas de inflação

    e ao qual o Copom está subordinado. Integrantes do se-

    tor produtivo reivind