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INSTITUTO DE FORMAO E EDUCAO TEOLGICA - IFETECURSO DE LICENCIATURA HISTRIA

MRIO SRGIO RODRIGUES FERREIRA

VALORIZAO DO PATRIMONIO MATERIAL E IMATERIAL DO MUNICPIO DE MARCO-CEAR

SOBRAL - CE2014MRIO SRGIO RODRIGUES FERREIRA

VALORIZAO DO PATRIMNIO MATERIAL E IMATERIAL DO MUNICPIO DE MARCO - CEAR

Monografia apresentada ao Instituto de Formao e Educao Teolgica IFETE, como requisito para obteno do ttulo de Licenciatura em Histria, sob a orientao do Professor Especialista Auriclio Rodrigues Vasconcelos.

SOBRAL CE2014

Monografia apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciado em Histria pelo Instituto de Formao e Educao Teolgica - IFETE, sob a orientao do Professor Esp. Auriclio Rodrigues Vasconcelos. Qualquer citao atender as normas da tica cientfica.

VALORIZAO DO PATRIMONIO MATERIAL E IMATERIAL DO MUNICPIO DE MARCO CEAR

Monografia aprovada em: _____/____/_______

__________________________________________Mrio Srgio Rodrigues Ferreira

__________________________________________Prof. Esp. Auriclio Rodrigues VasconcelosORIENTADOR

1 Examinador: _______________________________________ Prof.

2 Examinador: _______________________________________ Prof.

COORDENADOR(A) DO CURSOAGRADECIMENTOSPrimeiramente Deus q permitiu q tudo isso acontecesse, longo d minha vida, n somente nestes anos como universitria, ms que m todos s momentos o maior mestre q algum pode conhecer.

A esta universidade, s corpo docente, direo administrao q oportunizaram janela q hoje vislumbro m horizonte superior, eivado pl acendrada confiana n mrito tica aqui presentes.

Ao m orientador, pelo empenho dedicado elaborao destetrabalho.

Agradeo minha m Maria do Socorro Rodrigues Ferreira, herona q m d apoio, incentivo ns horas difceis, de desnimo cansao.

A todos q direta indiretamente fizeram parte d minha formao, m muito obrigado.

SUMRIO

INTRODUO...........................................................................................................08

CAPTULO 1..............................................................................................................101 A TRAJETRIA POLTICA INTERNACIONAL DE PROTEO AO PATRIMNIO CULTURAL NO SCULO XX....................................................................................101.1 Breve sntese da evoluo da proteo legal ao Patrimnio Cultural no Brasil...................................................................................................................111.2 Parmetros do IPHAN para as prticas de Educao Patrimonial...............14 1.2.1 Patrimnio Escolar..........................................................................................15 1.2.2 Histrias dos lugares, crenas e construes.................................................16

CAPTULO 2..............................................................................................................182 PATRIMNIO MATERIAL E IMATERIAL DE MARCO CEAR.........................18 2.1 Lugares e Construes.....................................................................................182.1.1 A Casa da Misericrdia....................................................................................182.1.2 Breve histrico..................................................................................................18 2.1.3 Igreja Matriz de So Manuel do Marco.............................................................192.1.4 Casa do Sr. Ricardo Neves..............................................................................19 2.1.5 Casa da Sra. Maristela......................................................................................202.1.6 Praa Dom Jos Tupinamb da Frota..............................................................20 2.1.7 Salo Paroquial.................................................................................................21 2.1.8 Comercio do Sr. Zeca Freitas...........................................................................212.1.9 Posto de sade e maternidade.........................................................................212.1.10 Construo da Escola Manuel Osterno Silva.................................................222.1.11 Construo do Colgio Cenecista So Manuel CNEC...............................232.2 Patrimnio Imaterial.........................................................................................232.2.1 Religiosidade...................................................................................................232.2.2 Rezadores.......................................................................................................252.3 Histrias dos Locais........................................................................................25 2.3.1 Cultura do bairro Vermelho..............................................................................252.3.2 Histria da IIhota..............................................................................................282.3.3 Cultura da localidade do Maracaj...................................................................292.3.3.1 Mitos.............................................................................................................302.4 Expresses e Vocbulos Locais e Regionais................................................302.5 Lideranas, pessoas influentes e personalidades........................................34

CONSIDERAES FINAIS.....................................................................................37

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................................38

RESUMOO presente trabalho ressalta a magnitude de se olhar para a grande variedade patrimonial que ns possumos e, tentarmos captar essa essncia, pois um povo sem essncia no pode ter existncia. Um dos focos principais de atuao consiste trabalhar em sala de aula o processo de preservao, partindo da realidade do aluno, atravs das trocas de experincias e a atuao do professor como mediador da construo do conhecimento e da ressignificao do ensino-aprendizagem. Marco um dos vrios municpios cearenses que ainda no aprendeu a cuidar do patrimnio pblico e assegur-lo como direito de cidadania. Vale salientar que essa tarefa no apenas da populao. tambm de seus governantes. Vrios foram os gestores administrativos a nvel municipal que no acreditaram na importncia do que Marco representava. Poucos administradores investiram em aes que causassem algum impacto significativo no que tange o quesito patrimnio. Marco, em 2014, est assim. Desconhecendo, em parte, o valor de seu patrimnio pblico e necessitando de um olhar mais atento e cuidadoso, capaz de recuperar, preservar e ampliar as aes de valorizao. Com o intuito de modificar essa situao precria em que se encontra a sociedade marquense. O breve trabalho busca fazer uma anlise da riqueza do Municpio comentando sobre o incio do seu surgimento, o modelo arquitetnico antigo, personalidades e a forte religiosidade de Marco.

Palavras-chave: Patrimnio, cidadania e preservao

ABSTRACTThe present work emphasizes the magnitude of looking at the great variety asset we own , and try to capture this essence, for a people without essence can not have existence. A major focus of expertise is working in the classroom the preservation process , starting from the reality of the student, through the exchange of experiences and the role of the teacher as facilitator of knowledge construction and redefinition of teaching and learning . Marco is one of several municipalities of Cear not yet learned to take care of public property and ensure it as a right of citizenship. It is noteworthy that this task is not just the population . It is also your rulers . Several were administrative municipal level managers who have not believed in the importance of what Marco represented . Few managers invested in stocks that could cause any significant impact regarding the Question heritage. Marco , in 2014 , is well . Unaware , in part , the value of its public equity and requiring a more careful and observant , able to recover , preserve and extend the stock recovery look. In order to change this precarious situation they find the Marquense society. The brief paper seeks to analyze the wealth of the County commenting on the beginning of its emergence , the ancient architectural style , personalities and strong religiosity of Marcus .

Keywords : Heritage , Citizenship and preservation

INTRODUOO povo brasileiro apresenta uma grande dificuldade em relao valorizao de seu patrimnio pblico. Existe ainda uma grande lacuna na memria dos brasileiros no quesito valorizao. Infelizmente, somos um povo que sofreu com um passado de explorao e imposio cultural por parte dos nossos colonizadores. Essa colonizao provocou um forte abalo em nossa estrutura social, poltica e econmica provocando seqelas que se fazem sentir at hoje. Fazendo uma breve comparao com a sociedade japonesa, possvel perceber a convivncia harmnica entre o velho e o novo. A sociedade japonesa se desenvolveu bastante sem se esquecer de sua tradio que transmitida de gerao em gerao. A fim de se apontarem alternativas definidas, conceituadas e de fato inseridas na problemtica do trabalho com o patrimnio, muitas so as discusses que se apresentam. A necessidade de trabalhar o Patrimnio Cultural nas escolas fortalece a relao das pessoas com suas heranas culturais, estabelecendo um melhor relacionamento destas com estes bens, percebendo sua responsabilidade pela valorizao e preservao do Patrimnio, fortalecendo a vivncia real com a cidadania, num processo de incluso social. A Educao Patrimonial, mesmo tendo seu significado e suas metodologias definidas, envolve diversos aspectos que acabam por simplificar ou mesmo no considerar sua relevncia no processo de educao formal. Dentre os dados recolhidos em nossa pesquisa, foi possvel detectar que o carter interdisciplinar da Educao Patrimonial ainda no se mostra pleno na concepo das professoras.Quem deve cuidar desse bem? Quando o patrimnio estiver vinculado a um determinado ente da federao, Unio, a um Estado, ou a um Municpio de sua inteira responsabilidade, atravs dos seus agentes pblicos, em primeiro lugar, adotarem todas as providncias necessrias sua preservao e conservao. No caso do Municpio, a responsabilidade direta pelo zelo com o patrimnio pblico em regra do Poder Executivo. Ele pode, entretanto, dividir esta responsabilidade com os demais agentes pblicos (Secretrios, Diretores de Departamento e ao Encarregado do Setor de Patrimnio, devidamente nomeado para tal funo). No nos esquecendo da responsabilidade indireta de toda a populao, em relao ao cuidado com o patrimnio pblico. Pois sendo o patrimnio pblico pertencente ao povo, a todos cabe por ele zelar, preservando-o.A sistematizao deste trabalho ficou concentrada fundamentalmente na pesquisa bibliogrfica. Assim, organizou-se um trabalho rduo no que tange ao levantamento das fontes dos autores exponenciais estendendo a pesquisa a livros, revistas e publicaes que tratam dos aspectos necessrios contextualizao da valorizao do patrimnio material e imaterial do municpio de Marco. Ao final foram selecionados vrios materiais de pesquisa classificados por proximidade com o tema e relevncia de assuntos.Uma das atividades que poderiam ser trabalhadas na escola, que um ambiente favorvel para a difuso de informaes a respeito da preservao do patrimnio, consistiria em um planejamento coletivo de aulas, a partir do tema gerador Valorizao do Patrimnio Pblico do Municpio de Marco-CE. As aulas de todos os componentes curriculares aglutinariam-se na seguinte reflexo: por que importante preservar o patrimnio? E tambm, poderia ser feito um trabalho de forma interdisciplinar, a idia de atitudes de respeito e valorizao do patrimnio por toda a comunidade escolar. Torna-se imprescindvel modificar a frase mais reacionria que ouvimos no dia-a-dia de que assim mesmo a vida e que no podemos fazer nada para transform-la. No nos esqueamos de que o homem um ser social por natureza e atua em seu meio transformando o espao geogrfico.Uma das reas fundamentais para o sucesso do projeto a arte. A arte ou o objeto artstico tem vrias funes, a arte humaniza, pode servir tica, poltica, religio, ideologia, educao, entre outras. A arte pode revelar as contradies da sociedade, prestando-se, desse modo, a uma crtica social. Pode tambm vir a ser uma forma de conhecimento, transformao, conscientizao e revelao.Em lngua Espanhola, podero ser confeccionados textos e documentrios comparativos, com ilustraes, fazendo um paralelo entre a escola antes de comear o Projeto Depredao do Patrimnio, o que foi mudando durante a realizao das atividades e como ficou a escola ao trmino de todo o referido trabalho interdisciplinar, com o empenho e a participao de todos.

CAPTULO 11 A TRAJETRIA POLTICA INTERNACIONAL DE PROTEO AO PATRIMNIO CULTURAL NO SCULO XXComo marco inicial, no plano internacional para a salvaguarda do patrimnio cultural, a Constituio Mexicana de 1917 e a Alem de 1919 deram um status constitucional ao patrimnio cultural, como explica Ins Virgnia Prado Soares.[footnoteRef:2] Porm a trajetria histrica de proteo ao patrimnio cultural na dimenso internacional, durante o sculo passado, confunde-se com a histria da Organizao das Naes Unidas, principalmente com as convenes e recomendaes de sua clula chamada Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO). Em 16 de novembro de 1945, foi constituda a UNESCO com objetivo de contribuir para a paz e a segurana, promovendo a colaborao entre as naes atravs da educao, cincia e cultura, a fim de respeito universal pela justia[footnoteRef:3] [2: SOARES, Ins Virgnia Prado. Direito ao (do) patrimnio cultural brasileiro. Belo Horizonte: Frum, 2009, p. 23. ] [3: ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS PARA A EDUCAO, CINCIA E CULTURA (UNESCO). Constituio das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura. Disponvel em: . Acesso em: 30 abr. 2012.]

Aps a Segunda Guerra Mundial, a comunidade internacional sensibilizada com a necessidade de promover a paz entre os pases, criou a Organizao das Naes Unidas (ONU). O marco inicial da ONU foi a Declarao das Naes Unidas de 1942, quando 26 pases preocupados com a potncia do Eixo (Alemanha, Itlia e Japo) assumiram o compromisso de luta contra esses durante o Holocausto.A Carta de Veneza de 1964 produzida pela Unio Internacional dos Arquitetos, trouxe uma nova abordagem para o patrimnio histrico sob uma percepo construda como recurso econmico , bem como, a preocupao com o significado cultural dos monumentos histricos. Essa Carta influenciou a Reunio sobre a Conservao e Utilizao de Monumentos e Stios de Valor Histrico e Artstico em Quito no ano de 1967, onde foi produzido um documento afirmando que o patrimnio histrico contribui para o desenvolvimento econmico da regio, como explica Ins Virgnia.[footnoteRef:4] Preocupada com a conservao dos bens culturais ameaados por obras pblicas e privadas resultantes do desenvolvimento da indstria e da urbanizao, a comunidade internacional aprovou a Recomendao sobre a Conservao dos Bens Culturais ameaadas pela execuo das obras pblicas ou privadas, UNESCO, Paris, 1968. Em 1972 na XVII reunio da UNESCO, aprovada a Conveno para a Proteo do Patrimnio Cultural e Natural Mundial. A Recomendao de 1972 da UNESCO no incluiu os bens imateriais na definio de patrimnio cultural da humanidade, trazia uma concepo restrita aos bens mveis e imveis. Tal ato provocou nos pases em desenvolvimento um descontentamento, e liderados pela Bolvia, no final da dcada de 1980, solicitaram UNESCO estudos sobre formas jurdicas de proteo as manifestaes da cultura tradicional e popular. [4: SOARES, Ins Virgnia Prado. Direito ao (do) patrimnio cultural brasileiro. Belo Horizonte: Frum, 2009, p. 26.]

O reconhecimento dos bens imateriais como integrantes do patrimnio cultural pela UNESCO s se deu 17 anos aps a Conveno de 1972, quando publicado a Recomendao sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular no ano de 1989. Este documento norteou-se na importncia social, econmica, cultural, poltica e no papel histrico que a cultura tradicional e popular possuem para os povos frente a possibilidade de extino dessas formas de culturas com o no acolhimento de polticas de preservao e proteo por parte dos Estados. A XXXII sesso da Conferncia Geral da UNESCO, realizada em Paris no dia 17 de outubro de 2003, aprovou a Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial. At ento no havia nenhum instrumento vinculante destinado proteo do patrimnio cultural imaterial. 1.1 Breve sntese da evoluo da proteo legal ao Patrimnio Cultural no BrasilNo Brasil, a problemtica a respeito da salvaguarda dos vestgios da Nao e a proteo de objetos de valor artstico e histrico recebem debate poltico relevante a partir da dcada de 1920. Antes, ocorreram alguns atos isolados e poucos expressivos por parte de administradores pblicos.Na era Colonial, em meados do sculo XVIII, o Vice-Rei do Brasil, D. Andrade de Melo e Castro - o Conde de Galvias, em carta direcionada ao Governador de Pernambuco, Lus Pereira Freire de Andrade, lastimava a mudana dos Quartis para o Palcio das Duas Torres, construdo na administrao do holands Maurcio de Nassau, e o comprometimento do Patrimnio Histrico. De modo inaugural, no se tendo a devida noo de patrimnio histrico e demonstrando mais uma preocupao documental quanto a legislao produzida no Imprio, a Constituio de 1824, em seu artigo 70, mencionava a criao do Arquivo Imperial com a finalidade de guardar os originais dessas leis. A Constituio Republicana de 1891 trazia como incumbncia ao Governo Federal a compra da casa onde faleceu o Dr. Benjamin Constant, um dos lderes do movimento republicano, para a Nao e a construo de uma lpide memria do militar patriota, na parte das disposies transitrias, artigo oitavo.O fato mais importante como embrio para o debate acerca da valorizao e proteo do patrimnio cultural brasileiro aconteceu no comeo do sculo XX com o Movimento Modernista de 1922. O Modernismo se props como revoluo artstica com forte crtica aos modelos anteriores (Parnasianismo, Simbolismo) e linguagem acadmica e possuiu um alcance bem mais amplo na sociedade brasileira. Foi a partir da reflexo artstica desses intelectuais que se teve uma maior preocupao com a construo da identidade nacional. O patrimnio cultural possui valores capazes de formar essa identidade que podemos aqui citar: o valor nacional baseado no poder afetivo que o patrimnio possui para a Nao; valor cognitivo caracterizado pela importncia da multiplicidade histrica, poltica, costume e artes que o patrimnio cultural assume, funcionando, tambm, como pedagogia geral do civismo e sua importncia para a memria social; o valor econmico que gera polticas pblicas especficas voltadas para explorao financeira que o patrimnio possui, como por exemplo, o turismo que proporcionam; e o valor artstico baseado na sua importncia pedaggica para formao de artistas. Minas Gerais possui um importante papel na evoluo histrica do conceito de patrimnio cultural no Brasil, quer seja pela quantidade de monumentos de importncia arquitetnica e artstica, quer seja pela atuao de mineiros no Poder Pblico, tanto no mbito de seu territrio quanto na direo do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (SPHAN).

A sua arquitetura barroca e suas obras de arte fizeram Minas Gerais ser admirada pelos modernistas e serviram como inspirao aos ideais modernistas de construo da tradio nacional e como referncia para a construo de uma nova civilizao brasileira, sendo necessrio o devido cuidado e proteo aos monumentos histricos. No decorrer dos anos notamos que mesmo com a ampliao conceitual da Constituio Republicana de 1988 e da Recomendao de Paris de 1989, no existia no Pas um instrumento legislativo para proteger a cultura imaterial. Somente em 2000, foi criado esse instrumento, o Decreto 3.551, em 04 de agosto, que instituiu o registro do patrimnio imaterial e criou o programa nacional do patrimnio imaterial. Rodrigues[footnoteRef:5], afirma que a Constituio Federal de 1988 no definiu formalmente o patrimnio cultural, mas indicou os elementos que o constituem, no caso os bens materiais e imateriais: [5: RODRIGUES, Francisco Luciano Lima. Patrimnio cultural: a propriedade dos bens culturais no Estado Democrtico de Direito. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2008, p. 34-37 ]

A ausncia de um conceito constitucional de patrimnio cultural, apesar da exposio de aspectos que devem compor a sua definio, tais como, identidade cultural e memria, entre outros, fortalece o entendimento de que a conceituao de patrimnio cultural no tarefa exclusiva e autnoma da lei, mas, ao contrrio, atividade que se utiliza de conceitos da antropologia e da sociologia. O artigo 216 da Constituio Federal de 1988 traz o conceito atual de patrimnio cultural:Art. 216. Constituem patrimnio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expresso; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criaes cientficas, artsticas e tecnolgicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificaes e demais espaos destinados s manifestaes artstico-culturais; V - os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico, arqueolgico, paleontolgico, ecolgico e cientfico. Pode-se perceber que a Constituio acompanhou a evoluo histrica do conceito de patrimnio cultural e alargou sua abrangncia aos bens de natureza materiais e imateriais. Exposto a evoluo histrica internacional e nacional da proteo ao patrimnio cultural, bem como, sua conceituao constitucional, passa-se a anlise do patrimnio cultural e seu lugar no direito ptrio. 1.2 Parmetros do IPHAN para as prticas de Educao Patrimonial O IPHAN vem concentrando seus esforos na proteo dos bens patrimoniais do Pas, concentrando uma legislao especfica, preparando tcnicos e realizando tombamentos e restauraes que asseguraram a permanncia da maior parte do acervo arquitetnico e urbanstico brasileiro, bem como do acervo documental, etnogrfico, das obras de arte integradas e dos bens mveis. Em sua luta pela proteo do patrimnio cultural, estendeu sua ao proteo dos acidentes geogrficos notveis e das paisagens agenciadas pelo homem (IPHAN, 1999). Este rgo vem promovendo aes pr-educativas e de exerccio da cidadania efetivas, por meio de divulgao da importncia do Patrimnio Histrico-Cultural para todos os indivduos. Por isto, este rgo vem propondo a implementao de um Programa de Educao Patrimonial. Para tanto elaborou uma cartilha bsica de educao patrimonial, contendo conceitos, critrios, objetivos, metodologias, sugestes de atividades e bibliografia que devero orientar a elaborao e desenvolvimento de aes que auxiliem e contribuam para a Educao das pessoas no referente s questes do Patrimnio Cultural, colaborando para sua preservao. Podemos definir Patrimnio Pblico como o conjunto de bens e direitos que pertence a todos e no a um determinado indivduo ou entidade, ou ainda o conjunto de bens disposio da coletividade. Numa viso mais ampla Patrimnio Pblico segundo a Lei de Ao Popular (Lei 4.717, de 29/6/1965) define patrimnio pblico, em seu artigo 1, pargrafo 1, como o conjunto de bens e direitos de valor econmico, artstico, esttico, histrico ou turstico, pertencentes aos entes da administrao pblica direta ou indireta. Esses bens pblicos, de acordo com o Cdigo Civil, so, entre outros, os rios, mares, estradas, ruas e praas (bens de uso comum do povo).1.2.1 Patrimnio escolar De acordo com Alosio Magalhes, que esteve frente do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN, no final da dcada de 70, j apregoava que a comunidade a melhor guardi de seu patrimnio. Entretanto a Escola com todos os seus bens materiais um exemplo claro de bem pblico de uso da coletividade. Pois no pertence ao governo, nem ao diretor, nem ao professor e to pouco aos alunos. Mas sim pertencente a todos da sua comunidade escolar e por certo um Patrimnio Pblico, mantido com recursos das pessoas que a utilizam. muito importante que todos da comunidade escolar (pais ou responsveis, alunos e gestores), desenvolvam o sentimento de cidadania, respeitando e conservando o Patrimnio escolar. Onde a direo da escola em conjunto com o Conselho Deliberativo possa desenvolver aes e campanhas de conscientizao, que busquem informar aos educandos que esse bem nosso. E, tambm, importante analisar o contedo da Lei 9.394/96 em seu artigo 2 que apresenta como um dos seus princpios norteadores, que a educao, um dever da famlia e do Estado, inspirado em ideais de liberdade e solidariedade humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. E atravs da preservao novos alunos que viro podero utilizar os bens materiais conservados. Pois uma vez que quando dizemos patrimnio pblico vem logo a idia de que no nos pertence, e que no devemos fazer esforo algum para preservar e cuidar dos bens que estamos utilizando. Tendo em vista que, quanto mais jovens os alunos forem conscientizados, melhores e mais durveis sero os resultados. A fim de garantir uma boa qualidade de vida escolar.De forma entender que a conscientizao uma das maneiras de se preservar o patrimnio escolar, buscando como se d a degradao e a preservao do espao pblico da escola e refletir sobre suas consequncias propondo aes coletivas e individuais para preservar esse Patrimnio Escolar. O Patrimnio Cultural no processo educacional: Aes que podem ser alcanadas com as prticas de Educao Patrimonial O processo educativo, em qualquer rea de ensino/aprendizagem, tem como objetivo levar os alunos a utilizarem suas capacidades intelectuais para a aquisio e o uso de conceitos e habilidades, na prtica, em sua vida diria e no prprio processo educacional. O uso leva aquisio de novas habilidades e conceitos (HORTA, 2004, p. 03). A Educao Patrimonial consiste em provocar situaes de aprendizado sobre o processo cultural e, a partir de suas manifestaes, despertar no aluno o interesse em resolver questes significativas para sua prpria vida pessoal e coletiva. O patrimnio histrico e o meio ambiente em que est inserido oferecem oportunidades de provocar nos alunos sentimentos de surpresa e curiosidade, levando-os a querer conhecer mais sobre eles. Nesse sentido podemos falar na necessidade do passado, para compreendermos melhor o presente e projetarmos o futuro. Os estudos dos remanescentes do passado motivam-nos a compreender e avaliar o modo de vida e os problemas enfrentados pelos que nos antecederam, as solues que encontraram para enfrentar esses problemas e desafios, e a compar-las com as solues que encontramos para os mesmos problemas (moradia, saneamento, abastecimento de gua, etc). Podemos facilmente comparar essas solues, discutir as causas e origens dos problemas identificados e projetar as solues ideais para o futuro, um exerccio de conscincia crtica e de cidadania (ibid, p. 03).1.2.2 Histrias dos lugares, crenas e construesAs escolas podem e devem participar deste processo de apropriao atravs da unio entre os professores, gestores e comunidade escolar. Somos sabedores que essa idia de conservao no se limita somente ao espao escolar, mas acreditamos que da Escola que surgem os cidados que convivem em sociedade e se respeitam , preparando-se para um mundo mais humano e solidrio. Existe um grande descaso em nossa cidade. A escola de ensino fundamental Jos Helvercio, por excelncia deveria ser um espao dedicado educao e socializao. No entanto, a unidade de ensino transformou-se em um cenrio de depredao por parte de marginais. A placa de identificao do estabelecimento de ensino foi apedrejada e o porto que d acesso a quadra est bastante danificado. Tudo isso por conta da ao de pessoas que sem nenhum grau de respeito para com a escola ou com a comunidade escolar agiram imbudos de atos agressivos e condenveis que atentaram diretamente contra o patrimnio pblico local. Muita pessoa ainda tem uma idia errnea de que o bem pblico deve ser preservado apenas pelos gestores administrativos. Os estabelecimentos de ensino gastam dinheiro para mandar apagar essas pichaes. Outro problema consiste no fato de que a poluio visual, proveniente das pichaes, suja a imagem da escola, ou seja, eles pensam que a escola no presta. Essas pichaes podem se caracterizar como sinais de protestos, insultos, assinaturas pessoais ou mesmo declaraes de amor. A pichao tambm pode ser utilizada como forma de demarcao de territrios entre grupos, s vezes, at gangues rivais. O artigo 65 do Cdigo das Contravenes Penais prev como violao s regras de convivncia social o ato de pichar, grafitar ou outro meio de sujar edificao ou monumento urbano, estabelecendo para esses comportamentos a pena de deteno de trs meses a um ano e multa. A pena agravada se o ato for realizado em monumento pblico ou coisa tombada, em virtude do seu valor artstico, arqueolgico ou histrico. Nesse caso ela (a pena) fica estabelecida de seis meses a um ano de deteno e multa.

CAPTULO 22 PATRIMNIO MATERIAL E IMATERIAL DE MARCO - CEAR 2.1 Lugares e Construes2.1.1 A Casa da Misericrdia Inicialmente, gostaria de parabenizar a atitude do atual dono Manoel Clvis em razo de no demolir o local. E, sim, tomar uma atitude to nobre que a de ceder o local para acolher doentes abandonados (idosos e adolescentes), portando ou no de qualquer benefcio. A Comunidade entende que ela sustentada tambm pela providncia de Deus. A atitude tomada por ele juntamente com outros populares mostra como importante trabalhar a preservao do patrimnio material e tambm ajudar aquelas pessoas que mais necessitam.

2.1.2 Breve histrico Por volta do ano de 1925, dava-se incio a histria de um belo imvel de cor rosada, o qual est situado na Praa da Igreja Matriz, rea mais nobre de uma cidade interiorana do estado do Cear, ou seja, Marco. A construo durou por volta de nove meses de trabalho por parte daqueles homens de mos talentosas e mentes criativas que acatavam com muito prazer s ordens do senhor Jos Trajano Farias, nico mestre pedreiro na poca. Na casa continha dezesseis dependncias divididas em seis quartos sendo dois deles com sutes, sala de visitas, salo, copa, cozinha, despensa, uma rea externa, outro banheiro no muro e dois jardins. Para poca era uma verdadeira manso. Vale lembrar que o piso, as portas e os mveis foram trazidos diretamente das cidades de Sobral e Massap. A rica moblia da casa contava com guarda-roupas, penteadeiras, cmodas, camas, cristaleiras, estantes, mesas com cadeiras para copa, conjunto de cadeiras para sala de estar e muitas outras coisas. E para zelar tudo o que foi citado acima a famlia dispunha de quatro empregados: duas mulheres e dois homens. 2.1.3 Igreja Matriz de So Manuel do Marco A atual igreja matriz foi construda no sculo XIX quando o Sr. Francisco Ferreira Fonteles Rios, genitor de Joaquim Ferreira Fonteles, estava caando quando caiu no fojo de Catetu, l passando trs dias sem poder sair. Exausto, dentro do grande buraco, lembrou-se naquela grande aflio de So Manoel, que ele conhecia na casa da velha Bernarda, onde hospedava-se quando ia comprar rapaduras da Serra de Ibiapina. Aflito pela situao, comprometeu-se com o santo, que se sasse ileso daquele buraco, construir uma capela para o santo protetor. Milagrosamente conseguiu safar-se daquela priso. Quando chegou em casa causou um grande susto, pois seus familiares consideravam-no morto pelas onas. A capela foi erguida e a f em So Manoel cresceu e tornou-se uma das referncias religiosas do municpio e da Regio. Com o passar dos anos a capela de So Manoel passou por profundas enormes, desde o seu altar-mor at a construo da torre. Sua ltima reforma iniciou em 20 de julho de 1999. De incio o projeto de reforma era to somente abrir umas janelas nos fundos e nos corredores para facilitar a entrada de ar e colocar a igreja no mesmo estilo arquitetnico, pelo menos na sua parte externa. Teve-se que tapar algumas portas e janelas fingidas e coloc-las no mesmo estilo das que encontravam-se aberta. Porm, em outubro do mesmo ano com o decorrer dos trabalhos, viu-se a imperiosa necessidade de colunar toda a igreja, por medida de segurana, e fazer ainda um anel de cimento ao seu redor. Depois o forro e o teto apresentaram-se avariados e foram substitudos. E em 04 de abril de 2011 foi decicido tirar os altares dedicados ao Sagrado Corao de Jesus e Nossa Senhora do Perptuo Socorro, por serem colocados em situao que impedia a participao dos fiis conforme esprito litrgico desejado pelo Conclio Vaticano II.

2.1.4 Casa do Sr. Ricardo Neves Construda no ano de 1916, pelo pedreiro Jos Farias, no qual j falecido. A casa construda, como no era rua, o proprietrio colocou o nome de Vila Neves, em homenagem a famlia. O primeiro proprietrio foi Ricardo Neves Filho, casado com Maria Jlia Neves, com quem teve cinco filhos: Geraldo Neves, Raimundo Neves, Francisca Neves, Antnio Neves e Teresinha Neves. Aps sua morte, ficou como herdeiro, Geraldo Giffony Rios, que se casou com Francisca neves, com quem teve nove filhos. Depois passou a casa para suas duas filhas: Solange Neves e Lourdinha Neves. A casa conhecida como casa da famlia Neves. Hoje, situada na Rua Osterno, com travessa com a Rua Rios. 2.1.5 Casa da Sra. MaristelaO imvel que hoje pertence a Senhora Maristela Soeiro ,fica na praa da Matriz de So Manuel de Marco.Segundo a atual moradora, o casaro pertencia ao Senhor Joo Rios que j morava h muitos anos quando, seu pai Senhor Jos Eduardo Soeiro comprou o imvel aproximadamente no ano de 1925.Com sua esposa Maria Ester Soeiro, criou os 14 filhos e na dcada de 40 deixaram a casa para ela D.Maristela, onde criou uma outra gerao de filhos que j no moram mais aqui com a exceo de uma das filhas Magnlia Soeiro. E de uma importncia ressaltar que a casa passou a alguns anos por uma reforma que modificou poucos detalhes de sua originalidade.Nesse detalhes pode-se incluir as janelas, a porta e dois pilares que foram retirados para alargar a passagem.Fora essas modificaes, pode-se afirmar que todo o resto da construo original, inclusive,as paredes que nunca foram imassadas, a fachada que conserva o mesmo estilo e as portas do interior dos cmodos, e o modelo do resto da casa. Segundo a filha a famlia j recebeu propostas de pessoas interessadas em tombar a casa como patrimnio histrico. Essa idia no foi destacada pela proprietria que acredita que,certamente muito em breve esta e muitas casas como a dela pertencero ao patrimnio histrico do povo de marco. 2.1.6 Praa Dom Jos Tupinamb da Frota A praa Dom Jos Tupinamb da Frota foi construda e inaugurada pelo prefeito Guy Neves Osterno em dezesseis de outubro de 1981, com a presena do ento governador Coronel Virglio Tvora. Popularmente conhecida como praa da prefeitura, faz aluso ao prdio da prefeitura construdo no local. Hoje palco de grandes eventos como o chito de Marco (organizado pela prefeitura) e outras festas municipais como, So Joo, eventos religiosos dentre outros. A praa recebe o cuidado por parte de seus gestores como tambm de seus populares sem sofrer tanto com problemas de depredamento ou pichaes. 2.1.7 Salo Paroquial O antigo Salo Paroquial foi construdo nos anos 40 pelo proco Monsenhor Francisco Apoliano. Antigamente, funcionavam as lojas Paraso de propriedade particular. Com o intuito de assegurar a permanncia, e conservar as bases arquitetnicas originais, no incio do ano de 2012 passou por reforma orientada pelo proco Monsenhor Rmulo Rocha. O mesmo teve com objetivo promover encontros de grupos e associaes pias da parquia de So Manuel, tambm foi palco do primeiro chito de Marco, nesse salo houve a apresentao do grande artista conhecido como Luiz Gonzaga que ficou eternizado em nossas memrias devido as suas belssimas composies. 2.1.8 Comercio do Sr. Zeca Freitas Na dcada de 20, havia pouca oportunidade de comercializao pois, o transporte era difcil e a renda das famlias era muito insignificante. Mesmo com essas adversidades a cidade de Marco j era agraciada pelo armazm do Senhor Zeca Freitas que vendia de tudo. Desde utenslios caseiros at gneros alimentcios. O armazm ficava no prdio que ainda conserva a mesma fachada e tipo de construo da poca. Est localizado na Rua Parsifal Barroso com esquina a Rua Deputado Francisco Monte, onde hoje funciona o comrcio popular de confeces da Senhora Aurilene.

2.1.9 Posto de sade e maternidadeOs servios de sade no municpio eram ineficientes e o atendimento populao era feito por dois farmacuticos: Jos Alfredo Rangel e Jos Ribamar Rocha que geralmente, faziam procedimentos como: pequenas cirurgias, curativos, aplicao de injees dentre outros. O tempo passou e os servios de sade na cidade foram se diversificando. O primeiro mdico formado foi o Sr. Manuel Airton Osterno. As primeiras consultas foram realizadas numa residncia do ento prefeito o Sr. Manuel Jaime Neves Osterno localizada na praa da matriz. Anos depois a prefeitura construiu o primeiro Posto de Sade de Marco. Nos anos 60 o municpio foi agraciado com a Maternidade de Proteo a Infncia de Marco. A verba federal foi enviada pelo deputado federal Manuel Rodrigues. Aproximadamente em 1968 comeou o funcionamento a populao com o comando do Dr Manuel Airton e parteiras do lugar, entre elas a Sra. Joaninha. A Maternidade de Proteo a Infncia de Marco funcionou at o final da dcada de 80 e deixou na histria da sade do povo marquense muitos benefcios prestados. Um dos principais crimes ocorridos contra o patrimnio de nossa cidade foi destruio da maternidade escola pois, no ano de 2013, em virtude de uma disputa judicial pela posse do imvel que est situado na Avenida Prefeito Guido Osterno, houve ganho de causa por parte de um particular que logo em seguida mandou colocar o prdio abaixo. O fato s no foi mais lamentvel, devido uma ao judicial que tirou das mos desse particular a posse do terreno.2.1.10 Construo da Escola Manuel Osterno SilvaA Escola Manuel Osterno Silva, tem histria no contexto social e educacional no municpio de Marco. A linha do tempo desta unidade escolar demonstra o progresso percorrido ao longo de sua caminhada. No ano de 1966, o saudoso Jaime Neves Osterno, ento atual prefeito de Marco, construiu esta obra educacional, pensamento cultural de quem v na educao a prioridade de uma gesto administrativa. No ano de 1967, datando 02 de maro, o senhor Geraldo Bastos Osterno inaugura esta obra gigantesca. Escolhida para administrar esta unidade escolar, a senhora Maria do Livramento Rios Osterno. Esta gesto foi marcada, no por ser a primeira, mas ter a pedra angular para outras gestes, mas este sucesso deve-se a uma equipe de professores eficientes, competentes e compromissados, buscando a trinta e quatro anos atrs uma escola viva, dinamizadora e com contedos cientficos acoplados a poca e pensamento no futuro do seu alunado. Esta primeira equipe que so as senhoras professoras: Maria de Lourdes Farias, Geralda Magela Rocha Neves e Maria Socorro Silveira Rocha.

2.1.11 Construo do Colgio Cenecista So Manuel CNEC

No ano de 1964 o ento proco padre Waldir Lopes de Castro convocando as lideranas polticas do municpio e Marco e pessoas influentes da regio traaram um plano de ao para conseguir montar uma escola ginasial.Apelando para o deputado estadual Manuel Rodrigues chegou a CNEG Campanha Nacional de Educandrios Gratuito. No dia 18 de setembro de 1965, montaram o setor local e somente no dia 10 de maio de 1966, realizaram a aula inaugural tendo como professores: Dr Jos Olavo Neves Osterno, Maria Zely Rios, Geraldo Magela Neves, Irm Ilza Josefina Oliveira e Padre Waldir Lopes de Castro Cavalcante, tendo a frente da escola, como diretor, o Dr. Manuel Airton Osterno.O colgio Cenecista So Manuel, atualmente dirigido pelo professor Francisco Edvando Vasconcelos que possui o maior apreo pela instituio se dedicando integralmente no processo de preservao da escola.2.2 Patrimnio Imaterial2.2.1 ReligiosidadeAs primeiras manifestaes de apoio eclesial provm da edificao da capela em honra de So Manuel, construda em 1870. Essa capela, depois de reformada e ampliada, transformou-se em Igreja-Matriz, conforme portaria de autoria do Bispo de Sobral, D. Jos Tupinamb da Frota, datada de 31 de dezembro de 1941. Ainda por ato de D. Jos e na mesma data, criou-se a Freguesia, sendo seu primeiro vigrio o padre Francisco Ferreira Apoliano, empossado a 6 de janeiro de 1942, data em que tambm foi instituda a parquia. Padre Apoliano muito fez pelo progresso de Marco, pois ainda sendo Distrito de Licnia (Santana do Acara) sofria com o abandono por parte dos seus governantes e pela distncia da sede para o distrito. So obras de padre Apoliano a primeira barragem sobre o rio Acara, na travessia do Lado Direito, que assim permitiu que carros e caminhes chegassem a cidade vindos principalmente de Sobral e Fortaleza; a implantao da Critas, que muito ajudou as pessoas mais necessitadas e capacitao para parteiras, pois na poca no havia hospital e nem como se locomover por falta de estradas e pontes. Depois de um incidente envolvendo o padre Apoliano, que foi afastado, vieram a seguir os padres Tupinamb, depois o padre Egberto, estes sem muita expresso histrica, at a chegada do Monsenhor Waldir Lopes de Castro, o maior Benfeitor da Histria de Marco,como missionrio, pacificador, educador, evangelizador, empreendedor e acima de tudo, humildade. Instituiu o sistema de Dirigentes Leigos nas comunidades, sendo o primeiro deles o senhor Manuel Amadeus Soeiro, em Gado Bravo e senhor Francisco Linhares em Santa Rosa, como testes. Deu to certo que hoje todas as comunidades tem seu dirigente com sua respectiva capela. So obras de Monsenhor Waldir uma barragem sobre o rio Acara, o Santurio do Sagrado Corao de Jesus, localizado no bairro de mesmo nome, a reforma da Igreja Matriz de So Manuel, reforma do Patronato Mater Dei, implantao do Ginsio CNEC, um dos pioneiros da Zona Norte do Estado, do qual foi diretor e professor, mas sua maior obra foi a conquista do povo, que o maior patrimnio, com cerca de 95% de catlicos praticantes e dizimistas. Hoje, o proco de Marco o Mons. Manuel Rmulo Rocha, filho da terra.O Catolicismo continua sendo a religio dominante do municpio, com 23.335 fiis, de acordo com o Censo Demogrfico 2010, o equivalente a 94,5% da populao. No entanto, no Censo Demogrfico de 2000, os catlicos de Marco eram 19.808, o que representava 97% da populao, que era de 20.427. Neste Censo (2010) tambm se registrou o que vem ocorrendo em todo o territrio nacional: a diminuio do nmero de catlicos e o crescimento do rebanho evanglico (ou protestante). Os evanglicos de Marco passaram de 382 fiis em 2000 (1,9% da populao) para 1.167 em 2010 (4,7%), com destaque para a Igreja Assemblia de Deus, com 952 membros em 2010 (3,9% da populao e 81,6% de todos os evanglicos do municpio). Portanto, em 2010, os evanglicos chegaram a 5% da populao do Municpio de Marco, o equivalente a 1.167 crentes, sendo 952 assembleianos, com um ndice de crescimento de 20,6% a.a.; permanecendo este ndice, os evanglicos chegaro a 12% da populao em 2020, cerca de 3.565 crentes. Em 2000, representavam 2%, cerca de 380 crentes. A Igreja Evanglica Assemblia de Deus foi implantada em Marco, em 1972, pelo Pr. Jos Chagas, j sendo Campo de Marco desde o incio.

2.2.2 Rezadores

O municpio de Marco desenvolve sua religiosidade com muita dedicao e apreo. E isto se pode notar pelo o nmero de Rezadeiras que encontramos tanto na sede como na zona rural.As Rezadeiras de Marco herdaram o dom de seus familiares ou pessoas prximas, as mesmas rezam para dor de cabea, dor de dente, izipas, quebrante, ventre cado, problemas ortopdico entre outros.Ao observarem estas pessoas comprovamos que so crists de f, disponveis, pois atendem sempre que so procuradas e muito felizes, j que as curadas voltam sempre para proclamar sua cura atravs das oraes.Pode se ressaltar ainda que para certas doenas a rezadeira precisa da presena do doente por vrios dia, enquanto que em outras apenas uma orao suficiente para sanar o problema e em alguns casos o enfermo nem precisa ir at a curandeira, para isto basta enviar o primeiro nome que a orao ser proferida. Sendo assim, mesmo com os avanos da medicina a cultura popular muito presente, principalmente, nas cidades do interior, aonde as pessoas ainda so muito fervorosas e acreditam no poder da orao realizadas pelas rezadeira e em nosso municpio no diferente a cada dia surgem novas rezadeiras que levam suas oraes para aliviar as dores de outras pessoas.2.3 Histrias dos locais 2.3.1 Cultura do bairro VermelhoSoeiro era dono de muitos escravos, dentre eles estava Maria, escrava, que por sua vez engravidou de seu patro, Soeiro, cujo filho ao nascer chamou-o de Felisberto. Era o ano de 1870 quando nasceu a criana. Chegando a lei urea, Maio de 1888, Felisberto j tinha 18 anos, Soeiro amparado pela lei despede de seu filho Felisberto e lhe d como herana a terra do rio do riacho do Corgo, com muitas espcies de animais. Esta viveu os anos de sua vida como agro pecuarista. Com o crescimento de seus rebanhos estendeu seu comrcio at Sobral. Comercializando em Sobral encontrou o grande amor de sua vida, Maria das Graas, era o ano de 1895. Ela era de uma famlia catlica e cantava na igreja. Era tambm devota de Nossa Senhora da Conceio. Encantado com a Jovem em uma de suas viagens falou com seus pais da moa marcando o casrio para o ano de 1896. O casamento aconteceu na localidade onde Felisberto residia presidida pelo Pe.Titimo. Desta belssima unio nasceram: Maria da Anunciao, Maria da Penha, Maria da Conceio, Ana, Cndida, J, Francisco, Joo e Fransquinha.Os filhos no inverno viviam da agricultura no vero da olaria. As mulheres no inverno confeccionavam roupas extrado de algodo com o tear. No vero faziam cermicas. Produziam: aguid, panela, pote, caco de torrar caf dentre outros. Como eram dedicados ao trabalho conseguiram produzir as peas de barro de modo que ficavam avermelhadas, ou seja, bem queimados. As peas logo ganharam destaque na regio e uma grande procura. Vinha gente de todos os lugares para comprar as peas. Estes batizaram o nome de Barro Vermelho. O local aos poucos foi sendo povoado com outras famlias como a dos Amncios liderada pela Sr.Francisco Amncio dentre outras. A evangelizao nasceu junto ao bairro com a prpria famlia de Felisberto. Dona Maria das Graas desde que chegou na localidade tinha como devoo a celebrao do ms de maio nas casas.Ela cantava de joelho e em latim a ladainha de Nossa Senhora.Quanto a catequese no principio era feita pelos pais das crianas depois a escola passou a preparar as crianas para primeira comunho.As primeiras catequistas a visitar o bairro foram: Maria Tefilo, Maria do Manuel Avelino, Ir Dolores e Ir. Ilza. E alguns anos mais tarde Maria de Ftima Dias. O catecismo acontecia na calada das casas. No podamos esquecer o brilhante trabalho da tia Luzia ajudando as mames nos seus trabalhos de parto. (parteira)Destacamos ainda Maria Fidelis pela arte da orao popular. (curandeiro)Vale ressaltar na rea da educao o empenho de Dona Mocinha e dona Tereza Moreira as primeiras educadoras. Como no havia prdios escolares as aulas aconteciam nas casas inclusive na casa do Sr.Jos Gualberto filho(Z Dondom). Este por sua vez chegou a escrever para o Presidente da Repblica o general Garrastazu Mdice pedindo a reforma de sua casa com a finalidade de acolher melhor os alunos. A resposta veio informar de sua casa com a finalidade de acolher melhor o aluno. A resposta veio informando-lhe que no havia verbas para este tipo de reformas, mas, ofereceram-lhe as construes de um grupo escolar para o bairro. A escola foi construda no pleito municipal do Sr.Raimundo Neves.Por volta de 1939 Jos Dondom cavou cacimbas nas margens do Rio com a finalidade de abastecer parte da comunidade de Marco visto que a gua era escassa em nossa cidade. Como a enchente de 1974 deixa a gua destas cacimbas salgadas e imprprias para o consumo. O mesmo teve a audcia de pedir ao Exm prefeito Municipal o Sr.Rogrio Aguiar luz e gua para o bairro. Ganharam primeiro a luz depois a gua tudo isso no primeiro ano de gesto.Ressaltamos ainda o esprita comunitrio e acolhedor desta famlia a ponto de acolher na enchente de 1974 as famlias por quarenta dias em sua residncia.Vale lembrar que as diversas enchentes como as de 1974 e 1984 foram levando os moradores para outros bairros como So Geraldo e no momento recente para o bairro Monsenhor Waldir.Tivemos a alegria de contarmos com a coragem e ousadia de Monsenhor Waldir quando convocou toda a cidade para um mutiro em prol da construo de uma passagem molhada sobre o brao do Rio Acara onde ns seramos os beneficiados diretamente. Esta foi inaugurada em 1968.De l pra c muitas coisas aconteceram, mas, voltemos ainda a evangelizao, agora nos anos de 1980 quando chega ao bairro com grande fervor e com o intuito de evangelizar os Srs. e Srs. Tarcsio Farias, Dona Odete, Raimundo Neves e Ftima Osterno. Estes faziam celebrao da palavra e rezavam o tero. Houve dia de comparecer 150 pessoas. Esta evangelizao continuou at 1995. Como Deus no abandona aqueles que amam em outubro de 1996, chega ao bairro Fernando Neto, Dulce, Paulo Fabrcio, Aurilene e Paulo Dias que j residia no local para comear uma nova empreitada de evangelizao. Pregavam o evangelho e rezavam o tero todas as segundas-feiras, fundaram ainda o rosrio rezado pelas crianas nas quartas-feiras e a reza do tero da misericrdia todos os dias as 15h. Estes missionrios permaneceram 8 anos 2 meses e 14 dias.Hoje esta responsabilidade e dos Srs.Edicarlos, Paulo Dias e equipe. Temos no momento a reunio da pastoral familiar, tero missionrio, legio de Maria e a realizao de todos os novenrios litrgicos do ano. Na atualidade temos mais de 150 residncias, uma escola que leva o nome de um antigo professor, Jos Helvercio, autorizada e reformada na gesto do prefeito Jorge Osterno. Esta atualmente abriga 456 alunos sendo alguns de Gado Bravo, Santa Rosa, Batim, Cachoeira, Maracaj, So Pedro, Cacimbo e Almas. Uma creche de nome Helzia Lopes de Castro, em honra a me de Monsenhor Waldir que funciona integramente, tambm construda pelo prefeito Jorge Osterno.Fomos ainda agraciados nesta gesto pela pavimentao da rua. Registramos ainda que quando vivo Monsenhor Waldir quis modificar o nome do Bairro para So Jos, mas, a populao no consentiu chegando a concluso que So Jos seria o padroeiro e no o nome do bairro.Hoje celebramos as santas Misses populares rezando para que Deus nos mantenha vivos e fortes para cumprimos na terra o projeto para qual nos criou.2.3.2 Histria da IIhotaA origem do nome Ilhota, leva-nos a acreditar que seja ligada ao local no qual a comunidade se instalou. Por ser uma pequena ilha, a comunidade ribeirinha e recebeu esse nome provavelmente de origens indgena. Uma vez que do conhecimento de todos que os ndios Tremembs habitavam aquelas regies prximas ao Rio Acara.

Era tradio as novenas no ms de maio. As reunies de todo ms eram agendadas nas casas de cada morador. Durante essas reunies eram realizadas procisses com nossa senhora no andor seguida dos cantos a 13 de maio. As novenas eram encerradas com a coroao da imagem da virgem por crianas vestidas de anjos. Essas novenas eram realizadas tambm no natal e encerravam com a visita de senhora como D. Capeta que distribuam presentes e guloseimas para as crianas.

Eram realizados pelo senhor Jos Chiquinha que vinha da localidade de Batim para realizar a matana e repartio do leai. Era o reizado onde todos pagavam para participar e ganhar um pedao do leai na cantoria. Os ciganos de tempos em tempos acampavam por essas bandas, tambm realizavam apresentaes com danas e fogos.Os homens em sua maioria, trabalhavam no carnaubal, ofcio que os afastava por muito tempo de casa. Alguns outros se dedicavam a pesca como meio de sobrevivncia e economia. Havia na comunidade tambm, o plantio das vazantes de milho e feijo na poca da estiagem. Mas o que trazia maior renda para as famlias, era o plantio de algodo onde a participao das esposas dos lavradores era efetiva. As mulheres tambm contribuam na renda familiar trabalhando como lavadeiras e passando para famlias melhores favorecidas. A pecuria era uma atividade muito importante para a economia do local j que segundo antigos moradores, se criavam de tudo. No podemos deixar de lembrar o cultivo de hortas cujas hortalias eram vendidas de porta em porta.

As construes todas eram feitas de gravetos e tapadas com barro. Todas as casas eram feitas de taipa de forma improvisada para esperar a cheia do rio. Uma vez que essas guas chegavam, as famlias se abrigavam em colgios e at no matadouro pblico. Quando as guas baixavam todos os moradores regressavam e construam suas casas, voltando assim a terem o mesmo aspecto de antes. No havia prdios, porque a comunidade era to prxima da cidade que no necessitava de igreja ou escola no local para realizarem atividades referentes. Contam que em noites sem lua era de costume alguns moradores sentirem a presena de cavalos desgovernados, mulher de branco e lobisomens assombrando a pequena vila de casas de taipa. Essas histrias eram contadas de boca em boca levaram medo aos moradores que preferiam se recolher em noites como estas. Afinal de contas, comunidade no eram oferecido o servio de iluminao.

As lideranas eram feitas pelos casais mais influentes da comunidade como: Sr. Francisco Alves de Sousa e sua esposa Maria Edmeia juntamente com os demais moradores que se organizavam para realizar os objetivos da comunidade. A linguagem era a mais coloquial possvel. Todos os moradores eram cumpade e cumade. Era a forma de cumprimentar. Era comum usar expresses como: PRA MODE, PRONDE TU RAI, RUMO DE RIBA, RUMO DE BAXO

2.3.3 Cultura da localidade do MaracajA comunidade de Maracaj foi fundada a quase 200 anos pela famlia Arajo. Um dia dois homens da famlia Arajo, moradores da comunidade de Curicaca, procura de uma porca prenha, encontraram uma manada de gatos de raa maracaj se alimentando dos bacurins da porca procurada. Desde j o lugar ficou conhecido como Maracaj. Anos depois a famlia Arajo comeou a construir ali suas casas formando ento um povoado. A comunidade tem como fonte de renda a agricultura, o carnaubal e a criao de animais e pequenos comrcios. A comunidade hoje dividida entre religio catlica e evanglicos. Foi erguida na comunidade uma capela dedicada a Nossa senhora das Graas que fica localizada na pracinha central. Dentre os festejos destacam-se: festas juninas, novenas do ms de maio e a festa da padroeira Nossa senhora das Graas. As palavras tpicas da comunidade so: ABAICA = Vai logo; NEGRADA = turma

2.3.3.1 Mitos

Uma negra chamada Carolina vira uma porca e corria a noite pela comunidade; Homens e mulheres que viviam juntos viam lobisomem em noite de lua cheia; Uma galinha choca montava na garoupa dos cavalos; Uma mulher de branco aparecia de noite na praa

2.4 Expresses e vocbulos locais e regionais

AMENDOIM De mindubi, mandu ou mendobi que os europeus, por sua semelhana com uma amndoa, passaram a chamar "amendoim". tipicamente brasileiro. Gabriel Soares de Souza disse que dos "mendobis temos que dar conta particular, porque cousa que se no se sabe haver seno no Brasil". Disse tambm que "s as ndias o costumam plantar". Era chamado de manobi, mandubi, mandu, etc. Curiosamente, na lngua haitiana, o nome mani. Alis, no s biologicamente, mas culturalmente h indcios de vnculo de muitos grupos indgenas da Amrica entre si. De ib, fruto, tiby, enterrado, porque se forma sob a terra, nas razes da planta.APETECAR, ou petecar. Jogar peteca. Do tupi peteg, bater. A peteca um jogo indgena assimilado pelos brancos desde os primeiros tempos.ARARA Nome comum s diversas aves da famlia dos psitacdeos. O nome "papagaio" no indgena; veio da Europa e era de uso antigo. Um nome indgena para "papagaio" ajuru, que se traduz como "de bico comprido, grande". A ave papagaio era comum no Brasil, tanto que Capistrano sugeriu ao pas o nome de Terra dos Papagaios. Um nome indgena especfico que ficou para o papagaio o de roro (leia-se com "r" fraco, como em arara), com o significado de "verde". Por isso a expresso "d o p louro", mas que o correto "d o p roro" (com "r" fraco), porque no tem mesmo nada a ver com "louro", nem com "loiro" e sim com verde (roro). Quanto arara, disse Cardim que "os ndios as estimam muito e de suas penas fazem suas galantarias, e empenaduras para suas espadas; faz-se muito domstico, e manso, e falam muito bem, se os ensinam". A arara e o papagaio tinham diferentes tipos, cada um com seu nome caracterstico. Arataca, Ararana (arara preta), etc, e outros dessa espcie chamados pelos nomes Anapur, Ajurucurao, Tuin, Jandaia-a, Canind, etc. "Ara" significa dia, luz, tempo, etc. Dizem que arara onomatopaico porque o animal "fala" com esse som. Mas, o que ela faz repetir o nome pelo qual chamada.CABOCLO - Caboclada, cabocla, etc. Era palavra aplicada ao ndio; depois ao mestio de ndio e branco e, hoje, ao homem do serto, de hbitos rudes. Controvertida a etimologia. H quem entenda decorra de ca, mato, e ibiboc, fenda, gruta, que, na juno, ficou caboc, o homem das grotas, do serto, do interior. Outro entendimento que decorreu de curiboca, de caraba o branco mau, e oca, a mesma origem de carioca, at chegar ao termo atual. Parece mais lgica a primeira hiptese.CAIPIRA - caipirice, caipirada, caipirinha. De ca, mato, e pira, cortar, o que corta o mato. Tanto quanto caboclo, seria o homem mestio de ndio e europeu, como tambm parecem significar as demais, em sua maioria querendo representar o homem branco que tem alguma coisa de ndio, matuto, simplrio, do interior. O General Couto de Magalhes disse que so "nomes que indicam a mesma coisa, a saber: o antigo ndio catequizado pelo jesuta, ou pelos corpos de lnguas e intrpretes...". Delas decorreram tantas outras, como caipirinha (cachaa temperada com limo), caipirismo, caipirada, etc.CAJU - Existem diferentes tipos de caju, que os nativos chamavam de caju-et, caju-pir, caju, caju-au. O nome correto seria acaju, com o significado de "fruta amarela com chifre", de aca, chifre, e ju, fruta amarela. Um importante chefe indgena tinha o nome Caju, caju pequeno. O caju era muito utilizado pelos indgenas para fazer a sua tradicional bebida, o cauim, tambm feito de outras frutas, inclusive da mandioca.CANJICA - Embora sua estrutura fontica seja estranha, sua origem dada como do tupi-guarani. H, porm, quem entenda decorra simplesmente do portugus "canja". o milho quebrado e, tambm, uma espcie de mingau doce feito com o milho branco quebrado. Papa cremosa de milho verde cozido no leite, s vezes com outros ingredientes, milho, coco, etc. Pode ser mesclagem.CAPIM - Essa uma palavra que, semelhana de cip, no se tem sinnimo adequado na lngua portuguesa propriamente dita. Entrou cedo para a lngua brasileira, da expresso indgena ca, mato, e pi(m), fino, pequeno. Mato pequeno. Dela nasceram diversas outras, como capinzal, capinar, etc.CATAPORA Pequenas feridas na pele. De tat, fogo, e pora, parecido com, porque as feridas se assemelham a pequenas queimaduras.CEAR, cearense. - Estado brasileiro que, na origem, aparece grafado Siar. De traduo difcil. Teodoro Sampaio traduziu por "fala ou canta o papagaio", mas reconheceu que nome de procedncia obscura. Jos de Alencar, em seu Iracema, traduziu por "canto da Jandaia". Capistrano de Abreu disse que "a palavra Cear (Siar) legitimamente 'cariri' (nesse caso, no tupi) e as explicaes at agora tentadas pelo tupi s satisfazem aos prprios inventores..."(12-278)CIP Vegetal fino, como corda. Essa outra palavra indgena que entrou cedo para a lngua portuguesa, pois, desde a descoberta da Amrica, os navegantes serviam-se dele para fazer as amarras e cordas dos navios. Gabriel Soares de Souza falou nele: "Deu a natureza no Brasil, por entre os arvoredos, umas cordas muito rijas e muitas, que nascem aos ps das rvores e atrepam por elas acima, a que chamam cips...".CUTUCAR - Tocar algum com algo em forma de ponta. Parece ter origem em mbotug, mutuca, a que fura.ESPOCAR - Arrebentar, abrindo.GOIABA - H dvida quanto origem indgena desse nome, embora D'Abbeville o tenha descrito como ... uma espcie de arbusto que cresce junto s rvores e que os ndios chamam goiaba". " muito bom ao paladar, principalmente cozido como doce". Na linguagem popular, tambm chamam "guaiava" e, nesse caso, mais prxima do tupi-guarani.MANDIOCA - todo o mundo conhece, e a maioria adora: o aipim, a macaxeira, uma raiz que o principal alimento dos ndios brasileiros. Se voc nunca provou, aproveite agora - faz parte da histria do seu pas!MINGAU Papa, mingau, com o significado original indgena de "a comida que gruda".PAOCA - De modo geral, alimento resultante da mistura de carne e farinha de mandioca, que, entre os ndios, era socada no pilo, de onde vem o timo, aiooc, socar no pilo, inclusive para esse verbo "socar". Gilberto Freire disse que "Do peixe, ou da carne pilada e misturada com a farinha faziam a paoka, ou paoca, ainda to usada no norte". Sua derivada paoqueiro. A paoca de peixe os ndios chamavam piracui, "farinha de peixe", muito utilizada nas viagens. Na raiz do significado est "socar no pilo", de ongu, ou ai, pilo, e oc, socar. Tambm se faz paoca com farinha e outras misturas, com acar e amendoim (deliciosa), acar e castanha (na Amaznia), com banana e acar (comum no caf da manh) e at com farinha de milho (no centro-oeste), etc. alimento tpico do povo brasileiro e gerou um tipo popular, o paoqueiro, que, nas viagens, usa a paoca como alimento, em razo do seu fcil preparo e conservao. Segundo Teodoro Sampaio, decorre de "po-oca", com o sentido de "esmigalhar, esfarinhar". Como se v, nome e alimento brasileirssimo. Prefere-se, para termos indgenas, a grafia com "", mas o seu derivado ficou com "ss", passoqueiro, passoquinha.PIPOCA - Espcie de milho, hoje o gro de milho que, estalado do fogo, forma um floco branco, que se come com sal ou acar. No timo est o barulho resultante do estalo do milho ao fogo, de onde decorrem outras palavras, como pipocar, empipocar, espocar, etc. Compare-se com pororoca, que o barulho das guas ocenicas quando adentram no Rio Amazonas. De "py-poca", "a epiderme partida ou estalada".

2.5 Lideranas, pessoas influentes e personalidades

Sebastio Maroca Em nossa cidade tnhamos um profeta muito conhecido e respeitado pela suas crenas e seus conhecimentos sobre os elementos da natureza para fazer suas previses. SEBASTIO MAROCA era um homem simples de fala mansa e passos lento de pouca prosa, respeitador e de palavra, mo calejada, agricultor nascido e criado nessa cidade mais precisamente no bairro: barro vermelho, tirava seu sustento da criao de alguns animais como galinha, porco, cabra, ovelha e principalmente da lavra da terra. Todos seus conhecimentos eram provenientes de suas observaes e ensinamentos apreendido com outros mais experientes e vividos profetas que como ele j se foi. Suas experincias que balizavam em suas previses algumas ficaram bem conhecida:

- EXPERIENCIA DAS PEDRAS DE SAL: Era dependurada trs pedras de sal no primeiro dia de janeiro ao ar livres (fora de casa) no outro dia observava-se as pedra: se as trs estivessem midas era sinal de um inverno com pouca chuva e curto. Se as trs pedra estivesse muito midas chegando a est pingando era sinal de inverno grande e de muita chuva. Se as pedras estivessem enxutas sem umidade seria ano de seca.

- EXPERIENCIA DO OLHO DAGUA. Todos os profetas tm alguns olhos dgua que visitam regularmente no ms de setembro de cada ano, se tiver jorrando muita gua sinal de grande inverno; se tiver jorrando pouca gua e sinal de inverno de pouca chuva; Se jorrar no comeo do ms inverno que comea cedo, mas se jorrar mais no fim do ms inverno que comea tarde e no jorrar, apenas molhar o cho e um sinal muito ruim no tem inverno.

- EXPERIENCIA DO NASCER DO SOL. No primeiro dia do ano observado o nascer do sol se ao nascer tiver muitas nuvens carregada (barras) bom sinal para inverno ou melhor dizendo sinal de grande inverno e muita fartura; Se ao nascer tiver poucas nuvens sinal ruim, de inverno pequeno e de pouca chuva, mas ao nascer do sol dia primeiro o cu estiver limpo sem nuvens e azul pode vender os animais de criao pois ano de seca. O mesmo acontece com o nascer da primeira lua cheia de janeiro. So experincia de inverno observada por muitos nordestino mas a palavra que expira confiana so aquela proferida pelos experientes profeta.

Francisco Tefilo da RochaFrancisco Tefilo da Rocha, nascido no dia 22 de novembro de 1889 na localidade de Batim municpio de Marco.Foi rimo de famlia quando seu pai morreu, deixando ele o primognito com apenas 8 anos de vida, comeou ai sua batalha, lutando para sustentar sua me e seus trs irmos. Nunca podia ir a escola, mas com ajuda de sua me que o preparou na caminhada da vida.

Somente o trabalho e bons exemplos que sua me dava a responsabilidade que pesava em seus ombros que fez dele este grande heri, pois era muito difcil manter uma famlia nesta poca, foi ai que colher o fruto do conhecimento, tornando assim o mais ilustre cidado da regio de Sobral.

Construir uma famlia dando o exemplo de como ter uma vida digna, em seu em sua trajetria de vida , industrializava a cera de carnaba, a oiticica, a farinha de mandioca e outro produto da poca que assim tornou o maior exportador do baixo Acara, tambm destacou-se como grande produtor de milho, feijo, arroz, algodo e outros da poca.Na agropecuria tinha uma grande criao de sunos, bovinos e caprinos que chegou a exportar para a capital do Cear. Comeou na vida poltica com o propsito de trazer benefcios para sua cidade que tinha como proco padre Apoliano, trabalhou fortemente com o apoio do governador Virgilio Tvora e suas lideranas: Perilo Teixeira de Itapipoca e outros elegeu assim o primeiro prefeito Manuel Jaime Neves osterno e em seguida Francisco Neves Osterno (TOBA) para deputado Estadual, continuou o trabalho at Geraldo Bastos Osterno que foi o ltimo apoido por ele.Em sua trajetria de vida tinha uma coisa que ele no abria mo, era ajudar os carentes de sua localidade e lutava sempre em favor da pobreza.

J abatido aos 92 anos, morreu deixando uma populao alm da famlia que o reconheciam e falavam, acabou o pai da pobreza, com muita razo sentiram o que realmente ele era.

Manuel Jaime Neves Osterno

Filho de Joo Osterno da Silva e Maria Jos Neves Osterno, nasceu na cidade de Marco, no dia 14 de novembro de 1907. No dia 22 de novembro de 1951, o Sr Manuel Jaime, juntamente com outras autoridades do municpio de Marco e o padre Francisco Apoliano tiverem um encontro com o ento governador do estado do Cear, Exmo sr. Raul Barbosa, afim de solicitar a emancipao politica de Marco. Com essa grandiosa conquista, o Sr. Manuel Jaime, no ano de 1954 torna-se o primeiro prefeito do nosso municpio. Em 1962 reelege-se para mais uma gesto como prefeito municipal.

Em 1988, a pedido de seu sobrinho Rogrio Aguiar, candidatou-se ao cargo de Vice-Prefeito, elegendo-se para o perodo de 1989 1992. Na histria poltica do Municpio de Marco jamais alcanaremos um poltico da envergadura do Senhor Manuel Jaime. Faleceu no dia 15 de novembro de 1995. Nossa eterna gratido pelas notveis obras construdas. Mestre poltico.

CONSIDERAES FINAIS

Nesta pesquisa Apresentou-se o conceito de patrimnio cultural presente na Constituio Federal de 1988, em seu artigo 216, como constitudo por bens culturais de natureza material e imaterial portadores de referncia identidade, ao, memria dos grupos formadores da sociedade brasileira. A ONU, atravs de sua clula denominada de Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), elaborou diversas recomendaes e declaraes para a salvaguarda do patrimnio cultural, dentre as mais importantes para a proteo do patrimnio imaterial, temos: a Conveno para a Proteo do Patrimnio Cultural e Natural Mundial de 1972; a Recomendao sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular no ano de 1989; a Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial de 2003. O debate em torno das limitaes e deficincias do processo de preservao patrimonial no algo novo no campo poltico e nas discusses recentes da sociedade civil. O tema promove certa inquietao, em virtude das possveis aes que poderiam ser realizadas para buscar mitigar o problema.A valorizao do patrimnio material e imaterial do municpio de Marco, no se constitui em um projeto isolado. Ele compe um conjunto de aes voltadas para a preservao, continuidade e desenvolvimento histrico, artstico, cultural e humano do municpio. Trata-se de um processo em andamento que no ser concludo em curto prazo. O importante ter comeado positivamente as aes voltadas para uma maior preservao coletiva a respeito do ideal participativo do cidado marquense no processo de valorizao do patrimnio.Por fim, necessrio acrescentar ao debate uma maior interao entre a Unio, o Estado, o Municpio e a sociedade para poder alavancar o compromisso geral, traando metas e objetivos que devero ser alcanados para formalizar esse compromisso.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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