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O Espirito do Tempo III: Música, Literatura e Bioética Vida, Amor e Morte Foyer Nobre do Theatro São Pedro 20 de agosto de 2019 - 19h30min Programa A Vida e o Viver Meine Liebe ist grün Meu amor é verde Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Felix Schumann (1854 - 1879) Die Mainacht A noite de maio Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Lwdwig Christoph Heinrich Hölty (1748-1776) Ständchen Serenata Música: Franz Schubert (1797-1828) Poesia:Ludwig Rellstab (1799 - 1860) Nichts (1885) OP.10 NO.2 Nada Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Hermann von Gilm zu Rosenegg (1812-1864) A Vida, o Viver e o Amor Er, der Herrlichste von Allen Ele, o mais glorioso de todos Música: Robert Schumann (1810-1856) Poesia: Adelbert von Chamisso (1781-1838) Widmung Dedicatória Música: Robert Schumann (1810-1856) Poesia: Friedrich Rückert (1788-1866) Breit’ über mein Haupt (1888) Esparrama Sobre Minha Cabeça Música: Richard Strauss (1864 -1949) Poesia: Adolf Friedrich von Schack (1815-1894) Ständchen (1886) Serenata Música: Robert Strauss (1864 -1949) Poesia:Adolf Friedrich von Schack (1815-1894) Von ewiger Liebe Do amor eterno Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: August H. H. von Fallersleben (1798-1874) A Vida, o Viver, o Amor e a Morte Intermezzo Opus 116 Música: Johannes Brahms Tod, o Tod, wie bitter bist du Morte, ó Morte, quão amarga és tu Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Jesus Ben Sirach (190aC- ) Allerseelen Dia de finados Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Franz von Blon (1861 - 1945) Befreit Liberta Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Richard Dehmel (1863-1920) Erlkönig Rei dos elfos Música: Franz Schubert (1797-1828) Poesia: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) LiederKonzert Angela Diel - mezzo-soprano Ney Fialkow - piano Reflexões sobre a Vida, o Viver, o Amor e a Morte José Roberto Goldim biólogo

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Foyer Nobre do Theatro São Pedro 20 de agosto de 2019 - 19h30min

Programa A Vida e o Viver

Meine Liebe ist grün – Meu amor é verde Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Felix Schumann (1854 - 1879)

Die Mainacht – A noite de maio Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Lwdwig Christoph Heinrich Hölty (1748-1776)

Ständchen – Serenata Música: Franz Schubert (1797-1828) Poesia:Ludwig Rellstab (1799 - 1860)

Nichts (1885) OP.10 NO.2 – Nada

Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Hermann von Gilm zu Rosenegg (1812-1864)

A Vida, o Viver e o Amor Er, der Herrlichste von Allen – Ele, o mais glorioso de todos Música: Robert Schumann (1810-1856) Poesia: Adelbert von Chamisso (1781-1838)

Widmung – Dedicatória Música: Robert Schumann (1810-1856) Poesia: Friedrich Rückert (1788-1866)

Breit’ über mein Haupt (1888) – Esparrama Sobre Minha Cabeça Música: Richard Strauss (1864 -1949) Poesia: Adolf Friedrich von Schack (1815-1894)

Ständchen (1886) – Serenata Música: Robert Strauss (1864 -1949) Poesia:Adolf Friedrich von Schack (1815-1894)

Von ewiger Liebe – Do amor eterno Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: August H. H. von Fallersleben (1798-1874)

A Vida, o Viver, o Amor e a Morte

Intermezzo Opus 116 Música: Johannes Brahms

Tod, o Tod, wie bitter bist du – Morte, ó Morte, quão amarga és tu Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Jesus Ben Sirach (190aC- )

Allerseelen – Dia de finados Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Franz von Blon (1861 - 1945)

Befreit – Liberta Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Richard Dehmel (1863-1920)

Erlkönig – Rei dos elfos Música: Franz Schubert (1797-1828) Poesia: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

LiederKonzert Angela Diel - mezzo-soprano

Ney Fialkow - piano

Reflexões sobre a Vida, o Viver, o Amor e a Morte José Roberto Goldim – biólogo

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Texto Básico

José Roberto Goldim

Parte 1 - A Vida e o Viver

Boa noite!

Muito obrigado por terem aceito mais uma vez este nosso convite. Em primeiro

lugar quero agradecer a parceria com o nosso Theatro São Pedro e o apoio da

Fundação Médica do Rio Grande do Sul para a realização deste evento.

Em 2018, iniciamos este projeto de oficinas sobre o Espírito do Tempo. Nas duas

primeiras edições abordamos a influência do Romantismo Alemão no início da

Bioética Europeia e na segunda oficina o tema foi a importância da década de

1960 no surgimento da Bioética Norte-Americana. Foram dois eventos que

uniram aspectos multivariados daqueles períodos. Os materiais utilizados e os

vídeos dos eventos estão todos disponíveis.

A denominação deste projeto de Espírito do Tempo foi em função da busca de

entendimento das questões que estamos vivendo nos dias de hoje. É uma

reflexão na interface da Arte com a Ética e a Ciência.

Quando (Johann Gottfried) Herder, que viveu no século 18, utilizou o termo

Zeitgeist – Espírito do Tempo – esclareceu que queria descrever as "opiniões,

os costumes e os hábitos predominantes de um tempo ". (Georg Wilhelm

Friedrich) Hegel, por sua vez, utilizava a expressão Geist der Zeiten, ou o Espírito

dos Tempos, para se referir a expressão da cultura de um povo.

Nesta noite, vamos voltar ao Romantismo alemão como fonte de inspiração para

refletir sobre questões que afetam a todos nós, tais como: a vida, o viver, o amor

e a morte.

Estes temas acompanham a humanidade ao longo de toda a sua história. Eles

sempre estiveram e se mantem presentes em várias manifestações, como na

Arte, seja na poesia, na música ou nas artes visuais. Na Filosofia, quando

geraram e continuam gerando importantes reflexões que perpassam o tempo,

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que se mantem atuais desde a antiguidade. Na Ciência estes temas servem de

desafio para a investigação, para a busca de novos conhecimentos que

permitam explicar, ou, pelo menos, entender, um pouco melhor, o que eles vem

a ser e de como influenciam as pessoas.

Na Oficina de hoje serão apresentadas 13 canções de quatro grandes

compositores: Brahms, Schubert, Strauss e Schumann, com letras de 12

diferentes poetas, incluindo Goethe, Richard Demhel, Adolf von Schack. Em

todas as canções, seja na música ou na poesia, existe uma associação de

sentimentos e razão. Há uma intencionalidade, um projeto a cumprir, um objetivo

a realizar.

O programa de hoje está dividido em três partes. A primeira aborda a Vida e o

Viver, especialmente na relação com o Amor. A Vida e o Viver em seu desafio

diário de se manter e de se adaptar, de ser independente e dependente

simultaneamente.

Na segunda parte serão apresentadas obras que nos remetem diretamente ao

tema do Amor, na sua expressão mais romântica, mais afetiva e afetuosa.

No último bloco de canções, o tema será a Morte, que envolve desde sensações

de perda e finitude até as de libertação e transcendência. Todas estas canções

nos remetem ao pensamento e aos sentimentos vividos no século 19, e que nos

influenciam até hoje.

As canções desta primeira parte do programa envolvem a complementaridade

da Vida e do Viver. A Vida dando o suporte ao Viver. A Vida é biológica, com

suas características e manifestações orgânicas e materiais. É no conjunto destas

características que demonstramos que estamos vivos. Por outro lado, o Viver é

relacional, é caracterizado por comportamentos e sentimentos. É o Viver que nos

insere no mundo, que nos dá uma biografia. É o Viver que dá sentido e

significado à Vida em si. É no Viver que o Amor se expressa, mas é na Vida que

ele deixa marcas.

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É fundamental saber diferenciar a Vida e o Viver, mas é igualmente

imprescindível ressaltar a indissociabilidade de ambos, uma dando suporte e

outro o sentido.

No século 19, a criação artística insere o Amor e o Viver na natureza, isto é,

como parte da Vida. Nestas canções, que vamos apresentar a seguir, são

descritas paisagens, plantas, animais... Como expressão da natureza em si. É a

felicidade que se manifesta em perfumes de flores, no brilho do sol e da lua, no

canto e no voo de rouxinóis, pombas e cotovias. O Amor humano é apresentado

por meio de metáforas imersas na natureza. E é nesta mesma natureza que o

Amor nos aponta para os limites do conhecimento, para a explicação da própria

Vida e do Viver de cada um de nós.

Para nos apresentar estas maravilhosas canções, chamo Ângela Diel e Ney

Fialkow, que são companheiros de primeira hora nesta nossa atividade do

Espírito do Tempo.

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Parte 2 – A Vida, o Viver e o Amor

O Amor foi e é um dos mais importantes motivadores para o Viver das pessoas.

O Amor foi causa e consequência da maioria das ações humanas. Desde a

antiguidade o Amor é objeto de reflexão.

Sófocles disse que apenas uma palavra nos liberta de todo o peso e da dor da

vida: o Amor. Platão o descreveu como amizade, como prazer de estar junto,

como saudade e como solidariedade. Aristóteles disse que o amor é formado por

uma única alma que habita dois corpos. O Cântico dos Cânticos celebra o amor

em sua plenitude, utiliza de figuras da natureza para descrever o amor e a

pessoa amada. A visão pastoril se expressa em descrições como “seu cabelo é

como um rebanho de cabras” ou “seus dentes são como o rebanho de ovelhas

recém tosquiadas”. É neste texto que é utilizada a metáfora do jardim, que irá

voltar no romantismo.

Mais adiante, o Amor se transforma em mandamento: “Amar ao próximo como a

ti mesmo”.

Depois, Agostinho de Hipona, ao responder como deveríamos Viver,

simplesmente disse: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor;

se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares,

perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão

o amor serão os teus frutos”.

Uma outra faceta foi o Amor como paixão, descrito na situação vivida por Pedro

Abelardo e Heloisa, ou em Romeu e Julieta. É o amor como tragédia, como

impossibilidade, tanto na vida real, como na criação literária.

O romantismo alemão surge como uma resposta ao movimento iluminista

francês, com seu modo racionalista e materialista de encarar o mundo. O

romantismo alemão se manifestou na Filosofia, na Arquitetura, na própria

Ciência. Mas foi nas Artes que ele mais teve visibilidade, na música, na poesia

e nas artes visuais.

O amor romântico alemão se expressa nas coisas da natureza, talvez recém

inventada, como nós a compreendemos hoje, por Humboldt, no início do século

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19. Vale lembrar, que um dos poetas que apresentamos neste segundo bloco –

Adelbert von Chamisso – era botânico e realizou uma expedição de volta ao

mundo, anos antes de Darwin. É dele o poema “Ele, o mais glorioso de todos”,

que teve uma composição de Schumann, que iremos ouvir logo após. É um

amor que exalta a pessoa amada, que a glorifica, que a enaltece, que a idealiza.

No romantismo alemão retornam os jardins e os bosques onde o Amor se realiza

em sua plenitude.

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Bloco - A Vida, o Viver, o Amor e a Morte

A Morte é o maior dos desafios, é a certeza mais negada por todos, é o grande

mistério que acompanha a humanidade.

O poeta porto-alegrense Victor da Silva, em um verso, colocado na base da

escultura da esfinge na Biblioteca Pública de Porto Alegre disse, em 1924:

“Só a esfinge não morre,

e erguendo o estranho porte,

guarda eterna, o caos das origens da idade,

o enigma da vida e o mistério da morte.

Heideger, muitos anos depois, diferenciou enigma de mistério. Para ele, os

enigmas são orgânicos como a Vida, podem ser resolvidos, enquanto que o

mistério é existencial, sem solução possível, assim como a Morte.

A Morte é o fim da Vida, mas não do Viver. Viver após a Morte é lembrar e ser

lembrado pela pessoa amada, é a lembrança dos nossos entes queridos que

passam a habitar em nossa memória. Este era o entendimento do Dia de

Finados, uma festa da lembrança, do não esquecimento, e não de uma tristeza

apenas ritual.

A Morte é temida desde sempre. Tanto que, Epicuro, quando estabeleceu as

regras de bem viver, incluiu a superação do temor à Morte como um dos seus

quatro preceitos fundamentais. Para ele não devemos temer a Morte por um

simples e único motivo: onde eu estou a Morte não está, onde ela está, eu não

mais estou. Desta impossibilidade de encontro, é que surge a justificativa para

não temer.

Em geral, as pessoas não temem a morte, mas sim o morrer. O morrer com

agonia das antigas descrições dos moribundos, das dores, da ansiedade.

A ideia da Morte no século 19 foi ofuscada pela Primeira Grande Guerra, com

seus horrores e tragédias. A dor e o sofrimento vividos naquele momento

histórico, com as novas formas de matar a distância; de matar milhares e

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milhares de pessoas em uma única batalha; de matar sem deixar corpos, que

possam ser pranteados pelos familiares; os mortos ausentes; os soldados

desconhecidos. É deste lúgubre cenário que surge o afastamento da morte, a

negação social da morte, a medicalização da morte e do morrer. É neste período

que inicia o afastamento da morte do contexto familiar e social.

É importante entender como era vista a morte antes desta ruptura, que foi

enormemente ampliada pelos horrores da Segunda Grande Guerra. Muito da

negação da Morte se deve à frustração da expectativa de que o século 20 seria

o Século da Paz, quando, na realidade se transformou na terrível realidade do

Extermínio Industrialmente Planejado.

Voltando a Morte, como era entendida no romantismo, ela poderia ser amarga

ou doce, poderia ser evitada ou desejada, poderia ser uma ruptura ou a

culminância de uma relação. A Morte poderia ter esta multiplicidade de

perspectivas de acordo com as circunstâncias de cada pessoa e de cada

relação.

A luta contra a morte é inglória, pois, por mais valentia e bravura que a pessoa

tenha, a vitória é uma impossibilidade. Do mesmo modo, a fuga da Morte é outra

opção irrealizável. Na realidade, o mito da imortalidade é que é imortal, a Vida

não.

A Vida não se opõe à Morte. A Morte é apenas um evento na Vida das pessoas,

é um marco que delimita o final de um processo vital. Assim como um livro que

acaba, uma música que termina, a vida morre.

O Amor possibilita Viver fora do tempo. Ao amar, a pessoa vive intensamente

um momento, que se projeta como futuro e se protege como passado. Não vive

apenas um instante fugaz.

O poeta do romantismo brasileiro, Álvares de Azevedo, que morreu aos 20 anos

de idade, escreveu:

"Quero viver um momento,

Morrer contigo de amor!”

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A Morte romântica exaltava o Amor eterno, do amor que nunca acaba, da

possibilidade da manutenção deste vínculo, mesmo após a Morte. Era o Amor

forjado a ferro e fogo.

Lembrar das pessoas que morreram é um exercício de reviver. Gilberto Alves,

um autor de marchinhas de carnaval já disse: Recordar é Viver.

Ao invés da tristeza ao relembrar, recordar é a possibilidade de se alegrar

novamente, de ter, na lembrança, o reencontro. De buscar no passado, a

vivência no presente. É ter o sofrimento da impossibilidade do encontro físico

mas ter a felicidade da lembrança afetiva. Sofrimento e felicidade não se

excluem, convivem.

Falar da Vida, do Viver e da Morte é importante e necessário. Se permitir ter esta

reflexão e esta vivência, na perspectiva do Amor, é fundamental para todos nós.

Como disse Platão, “Ao toque do amor, todas as pessoas se tornam poetas”.

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Vida e Viver

Meine Liebe ist grün – Meu amor é verde Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Felix Schumann (1854 - 1879)

Meine Liebe ist grün Meine Liebe ist grün wie der Fliederbusch, und mein Lieb ist schön wie die Sonne; die glänzt wohl herab auf den Fliederbusch und füllt ihn mit Duft und Wonne. Meine Liebe hat Schwingen der Nachtigall und wiegt sich in flühendem Flieder und jauchzet und singet, vom Duft berauscht, viel liebestrunkene Lieder.

Meu amor é verde (novo) Meu amor é tão novo como o arbusto de lilás, e meu amor é belo como o sol; que brilha sobre o arbusto de lilás e o preenche de perfume e de felicidade. Meu amor tem asas do rouxinol e se balança entre os lilases em flor e, inebriado pelo perfume, se rejubila e canta, muitas canções ébrias de amor.

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Vida e Viver

Die Mainacht – A noite de maio Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Ludwig Christoph Heinrich Hölty (1748-1776)

Die Mainacht Wann der silberne Mond durch die Gesträuche blinkt, Und sein schlummerndes Licht über den Rasen streut, Und die Nachtigall flötet, Wandl’ ich traurig von Busch zu Busch. Selig preis' ich dich dann, flötende Nachtigall, Weil dein Weibchen mit dir wohnet in Einem Nest, Ihrem singenden Gatten Tausend trauliche Küsse giebt. Überhüllet vom Laub, girret ein Taubenpaar Sein Entzücken mir vor; aber ich wende mich, Suche dunklere Schatten, Und die einsame Träne rinnt. Wann, o lächelndes Bild, welches wie Morgenrot Durch die Seele mir strahlt, find’ ich auf Erden dich? Und die einsame Träne Bebt mir heißer die Wang’ herab.

A noite de maio Quando a lua prateada brilha entre os arbustos E sobre a grama dispersa a sua luz adormecida, O rouxinol canta, Eu caminho tristemente de arbusto em arbusto. Creio que estás feliz, rouxinol cantante, Por que tua companheira vive em um ninho contigo, Dando a seu cantante esposo Mil beijos fiéis. Envolto pela folhagem, um casal de pombas Arrulham seu encanto até mim; Mas eu sigo buscando sombras mais escuras, E uma lágrima solitária flui. Quando, ó imagem sorridente, que como a aurora Brilha através de minha alma, devo eu encontrar-te na terra? E deixar que uma solitária lágrima trêmula flua Queimando-me a face.

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Vida e Viver

Ständchen – Serenata Música: Franz Schubert (1797-1828) Poseia:Ludwig Rellstab (1799 - 1860)

Ständchen Leise flehen meine Lieder Durch die Nacht zu Dir; In den stillen Hain hernieder, Liebchen, komm' zu mir! Flüsternd schlanke Wipfel rauschen In des Mondes Licht; Des Verräthers feindlich Lauschen Fürchte, Holde, nicht. Hörst die Nachtigallen schlagen? Ach! sie flehen Dich, Mit der Töne süßen Klagen Flehen sie für mich. Sie verstehn des Busens Sehnen, Kennen Liebesschmerz, Rühren mit den Silbertönen Jedes weiche Herz. Laß auch Dir die Brust bewegen, Liebchen, höre mich! Bebend harr' ich Dir entgegen; Komm', beglücke mich!

Serenata Suavemente, minhas músicas imploram A ti através da noite; Encontre-me no calmo bosque Querida, venha para mim! O farfalhar da ramagem sussurra ao luar; Que um traidor nos escute, Não tenha medo, amor. Ouves o chamado dos rouxinóis? Ah, eles te suplicam com seus doces cantos, te suplicam por mim. Eles compreendem a saudade do coração, Conhecem a dor do amor Emocionam, com seus tons de prata, Os corações afetuosos Deixe seu peito palpitar Amada, me escute! Tremendo de ansiedade te espero! Venha, faz-me feliz!

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Vida e Viver

Nichts (1885) OP.10 NO.2 – Nada

Música: Richard Strauss (1864-1949)

Poseia: Hermann von Gilm zu Rosenegg (1812-1864)

Nichts Nennen soll ich, sagt ihr, meine Königin im Liederreich! Toren, die ihr seid, ich kenne Sie am wenigsten von euch. Fragt mich nach der Augen Farbe, Fragt mich nach der Stimme Ton, Fragt nach Gang und Tanz und Haltung, Ach, und was weiß ich davon. Ist die Sonne nicht die Quelle Alles Lebens, alles Licht’s Und was wissen von derselben Ich, und ihr, und alle? — nichts.

Nada Vocês me pedem que diga quem é a minha rainha no reino da canção! Loucos, que vocês são, sei menos sobre ela que vocês. Perguntem-me qual a cor dos olhos dela, Perguntem-me sobre o tom de sua voz, Perguntem-me sobre seu andar, sua dança e seu porte, Ah, e o que sei eu sobre isso. Não é o sol, a fonte de toda vida, de toda luz. E o que sabemos sobre ele eu, vocês e todos? - Nada.

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Vida, Viver e Amor Er, der Herrlichste von Allen – Ele, o mais glorioso de todos Música: Robert Schumann (1810-1856) Poesia: Adelbert von Chamisso (1781-1838)

Er, der Herrlichste von Allen Er, der Herrlichste von allen, Wie so milde, wie so gut! Holde Lippen, klares Auge, Heller Sinn und fester Muth. So wie dort in blauer Tiefe, Hell und herrlich, jener Stern, Also er an meinem Himmel, Hell und herrlich, hoch und fern. Wandle, wandle deine Bahnen; Nur betrachten deinen Schein, Nur in Demuth ihn betrachten, Selig nur und traurig sein! Höre nicht mein stilles Beten, Deinem Glücke nur geweiht; Darfst mich niedre Magd nicht kennen, Hoher Stern der Herrlichkeit! Nur die Würdigste von allen Soll beglücken deine Wahl, Und ich will die Hohe segnen, Segnen viele tausend Mal. Will mich freuen dann und weinen, Selig, selig bin ich dann, Sollte mir das Herz auch brechen, Brich, o Herz, was liegt daran.

Ele, o mais glorioso de todos Ele, o mais glorioso de todos Quão gentil, quão bom! Lábios amorosos, olhos claros, Mente brilhante e firme coragem. Apenas além da profundidade azul, Brilhante e glorioso, aquela estrela, Então ele está no meu paraíso Brilhante e glorioso, alto e distante. Ande, ande pelos seus caminhos; Apenas considere seu brilho, Apenas com humildade olha para ele, Apenas seja feliz e triste! Não ouça minha oração silenciosa, Apenas consagrado a sua fortuna; Não pode minha empregada me conhecer, Alta estrela da glória! Apenas o mais digno de todos Deve fazer sua escolha E eu quero abençoar o alto Abençoe milhares de vezes. Será feliz então e chore, Abençoado, abençoado eu sou então, Meu coração deve quebrar também? Quebre, oh querida, tudo bem.

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Foyer Nobre do Theatro São Pedro 20 de agosto de 2019 - 19h30min

Vida, Viver e Amor Widmung – Dedicatória Música: Robert Schumann (1810-1856) Poseia: Friedrich Rückert (1788-1866)

Widmung Du meine Seele, du mein Herz, Du meine Wonn’, o du mein Schmerz, Du meine Welt, in der ich lebe, Mein Himmel du, darein ich schwebe, O du mein Grab, in das hinab Ich ewig meinen Kummer gab! Du bist die Ruh, du bist der Frieden, Du bist vom Himmel mir beschieden. Dass du mich liebst, macht mich mir wert, Dein Blick hat mich vor mir verklärt, Du hebst mich liebend über mich, Mein guter Geist, mein bess’res Ich!

Dedicatória Tu minha alma, tu meu coração; Tu meu deleite; oh, tu minha dor; Tu meu mundo, no qual vivo, Meu paraíso em que flutuo, Oh! Tu és a minha sepultura, onde, para sempre, Enterrarei minhas tristezas! Tu és repouso, tu és paz, és o que o céu me concedeu. Que tu me amas, me faço digno de mim, Teu olhar me transfigura, Amando-me me elevas acima de mim mesmo, Meu bom espírito, meu melhor eu!

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O Espirito do Tempo III: Música, Literatura e Bioética Vida, Amor e Morte

Foyer Nobre do Theatro São Pedro 20 de agosto de 2019 - 19h30min

Vida, Viver e Amor Breit’ über mein Haupt (1888) – Esparrama Sobre Minha Cabeça Música: Richard Strauss (1864 -1949) Poesia: Adolf Friedrich von Schack (1815-1894)

Breit’ über mein Haupt Breit’ über mein Haupt dein schwarzes Haar, Neig’ zu mir dein Angesicht, Da strömt in die Seele so hell und klar Mir deiner Augen Licht. Ich will nicht droben der Sonne Pracht, Noch der Sterne leuchtenden Kranz, Ich will nur deiner Locken Nacht Und deiner Blicke Glanz.

Esparrama Sobre Minha Cabeça Esparrama sobre minha cabeça teu cabelo preto, Inclina para mim tua face, Então flui para minha alma, tão luminosa e límpida A luz de teus olhos. Não quero acima de mim o esplendor do sol, Nem a coroa luminosa das estrelas, Só desejo a noite dos teus cachos, E o brilho de teus olhos.

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Vida, Viver e Amor Ständchen (1886) – Serenata Música: Robert Strauss (1864 -1949) Poseia:Adolf Friedrich von Schack (1815-1894)

Ständchen Mach auf, mach auf, doch leise mein Kind, Um keinen vom Schlummer zu wecken. Kaum murmelt der Bach, kaum zittert im Wind Ein Blatt an den Büschen und Hecken. Drum leise, mein Mädchen, daß nichts sich regt, Nur leise die Hand auf die Klinke gelegt. Mit Tritten, wie Tritte der Elfen so sacht, Die über die Blumen hüpfen, Flieg leicht hinaus in die Mondscheinnacht, Zu mir in den Garten zu schlüpfen. Rings schlummern die Blüten am rieselnden Bach Und duften im Schlaf, nur die Liebe ist wach. Sitz nieder, hier dämmert's geheimnisvoll Unter den Lindenbäumen, Die Nachtigall uns zu Häupten soll Von unseren Küssen träumen, Und die Rose, wenn sie am Morgen erwacht, Hoch glühn von den Wonnenschauern der Nacht.

Serenata Abre, abre, mas com suavidade, minha pequena, Para que ninguém desperte de seu sono. O córrego apenas murmura, o vento estremece apenas uma única folha nos arbustos e nas sebes. Por isso, minha querida, para que nada se agite, apenas põe a mão suavemente na maçaneta. Com passos tão suaves como o dos elfos, suficientes para saltar sobre as flores, Voa rápido para a noite enluarada, Para entrar comigo no jardim. As flores estão adormecidas junto ao córrego, E seus perfumes também dormem, apenas o amor está desperto. Senta-te; aqui a luz noturna é plena de mistério sob as tílias; o rouxinol, sobre nossas cabeças, sonhará com nossos beijos; e a rosa, quando despertar na manhã, resplandecerá com força, maravilhada pela paixão noturna.

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Vida, Viver e Amor Von ewiger Liebe – Do amor eterno Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: August Heinrich Hoffmann von Fallersleben (1798-1874)

Von ewiger Liebe Dunkel, wie dunkel in Wald und in Feld! Abend schon ist es, nun schweiget die Welt. Nirgend noch Licht und nirgend noch Rauch, Ja, und die Lerche sie schweiget nun auch. Kommt aus dem Dorfe der Bursche heraus, Gibt das Geleit der Geliebten nach Haus, Führt sie am Weidengebüsche vorbei, Redet so viel und so mancherlei: „Leidest du Schmach und betrübest du dich, Leidest du Schmach von andern um mich, Werde die Liebe getrennt so geschwind, Schnell wie wir früher vereiniget sind. Scheide mit Regen und scheide mit Wind, Schnell wie wir früher vereiniget sind.“ Spricht das Mägdelein, Mägdelein spricht: „Unsere Liebe sie trennet sich nicht! Fest ist der Stahl und das Eisen gar sehr, Unsere Liebe ist fester noch mehr. Eisen und Stahl, man schmiedet sie um, Unsere Liebe, wer wandelt sie um?

Eisen und Stahl, sie können zergehn, Unsere Liebe muß ewig bestehn!"

Do amor eterno Escuro, quão escuro é na floresta e no campo! Já é noite, o mundo agora está em silêncio. Em nenhum lugar a luz e em nenhum lugar fumaça, Sim, agora mesmo a cotovia está em silêncio. Vem da aldeia do rapaz Leva sua amada em casa, Passando pelos arbustos de salgueiro, Fale muito e de muitas coisas: "Se tu sofres de vergonha e se tu te afliges, Se tu sofre desgraça diante dos outros por minha causa? Então nosso amor deve terminar mais rápido Tão rápido como nós nos juntamos Eu devo ir com a chuva e ir com o vento Tão rápido como nós nos juntamos Então fala donzela, Donzela fala: "Nosso amor nunca deve acabar!” O aço é firme e o ferro é firme, Nosso amor é ainda mais firme. Ferro e aço, podem ser reforjados pelo ferreiro, Mas quem transformará nosso amor? Ferro e aço, eles podem derreter

Nosso amor deve durar para sempre! "

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Vida, Viver, Amor e Morte Tod, o Tod, wie bitter bist du – Morte, ó Morte, quão amarga és tu Música: Johannes Brahms (1833-1897) Poesia: Jesus Ben Sirach (190aC- ) Eclesiástico 41:1-4

Tod, o Tod, wie bitter bist du O Tod, wie bitter bist du, Wenn an dich gedenket ein Mensch, Der gute Tage und genug hat Und ohne Sorge lebet; Und dem es wohl geht in allen Dingen Und noch wohl essen mag! O Tod, wie bitter bist du. O Tod, wie wohl tust du dem Dürftigen, Der da schwach und alt ist, Der in allen Sorgen steckt, Und nichts Bessers zu hoffen, Noch zu erwarten hat! O Tod, wie wohl tust du!

Morte, ó Morte, quão amarga és tu Ó morte, quão amarga tu és Se uma pessoa pensa em ti, Que tem dias serenos e é abastada Vivendo sem preocupações; E a quem todas as coisas vão bem E ainda pode gostar de comer! Ó morte, quão amarga tu és! Ó morte, quão boa tu és para os necessitados, Para aquele que é fraco e velho Cheio de todos os tipos de preocupações E nada tem mais a esperar Nem esperar o melhor Ó morte, quão boa tu és!

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Vida, Viver, Amor e Morte Allerseelen – Dia de finados Música: Richard Strauss (1864-1949) Poesia: Franz von Blon (1861 - 1945)

Allerseelen Stell auf den Tisch die duftenden Reseden, Die letzten roten Astern trag herbei, Und laß uns wieder von der Liebe reden, Wie einst im Mai. Gib mir die Hand, daß ich sie heimlich drücke Und wenn man's sieht, mir ist es einerlei, Gib mir nur einen deiner süßen Blicke, Wie einst im Mai. Es blüht und funkelt heut auf jedem Grabe, Ein Tag im Jahre ist denToten frei, Komm an mein Herz, daß ich dich wieder habe, Wie einst im Mai.

Dia de finados Coloque na mesa a reseda perfumada, Os últimos ásteres vermelhos vêm E agora, vamos falar de amor Como uma vez em maio. Me dê sua mão, para que, em segredo, a pressione E se alguém nos ver, não importa. Dá-me um só dos seus doces olhares, Como uma vez em maio. Hoje as flores adornam cada tumba, liberando seus perfumes, E um dia por ano é livre para os mortos Venha ao meu coração, para ter-te de novo Como uma vez em maio.

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Vida, Viver, Amor e Morte Befreit – Liberta Música: Richard Strauss (1864-1949) Poseia: Richard Dehmel (1863-1920)

Befreit Du wirst nicht weinen. Leise, leise wirst du lächeln; und wie zur Reise geb ich dir Blick und Kuß zurück. Unsre lieben vier Wände! Du hast sie bereitet, ich habe sie dir zur Welt geweitet – o Glück! Dann wirst du heiß meine Hände fassen und wirst mir deine Seele lassen, läßt unsern Kindern mich zurück. Du schenktest mir dein ganzes Leben, ich will es ihnen wiedergeben – o Glück! Es wird sehr bald sein, wir wissen's Beide, wir haben einander befreit vom Leide, so gab ich dich der Welt zurück. Dann wirst du mir nur noch im Traum erscheinen und mich segnen und mit mir weinen – o Glück!

Liberta Não vais chorar. De mansinho, baixinho, Vais rir, e como antes de uma viagem, Devolvo-te o olhar e o beijo, Nossas queridas quatro paredes, tu as preparaste Eu as alarguei e transformei em mundo para ti Oh felicidade! Então pegarás minhas mãos com ardor, E me deixarás a tua alma. Deixa a mim e a nossos filhos. Deste-me toda a tua vida Vou dá-la a eles novamente. Oh felicidade! Vai ser logo, ambos sabemos disso, Que juntos, nos libertamos do sofrimento, E assim te devolvi ao mundo. Então só vais me aparecer novamente no sonho E me abençoar e comigo chorar, Oh felicidade!

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Vida, Viver, Amor e Morte Erlkönig – Rei dos elfos Música: Franz Schubert (1797-1828) Poesia: Johann Wolfgang von Goethe

Erlkönig Wer reitet so spät durch Nacht und Wind? Es ist der Vater mit seinem Kind: Er hat den Knaben wohl in dem Arm, Er fasst ihn sicher, er hält ihn warm. „Mein Sohn, was birgst du so bang dein Gesicht?“ „Siehst, Vater, du den Erlkönig nicht? Den Erlenkönig mit Kron’ und Schweif?“ „Mein Sohn, es ist ein Nebelstreif.“ ] „Du liebes Kind, komm, geh mit mir! Gar schöne Spiele spiel’ ich mit dir; Manch’ bunte Blumen sind an dem Strand, Meine Mutter hat manch gülden Gewand.“ „Mein Vater, mein Vater, und hörest du nicht, Was Erlenkönig mir leise verspricht?“ „Sei ruhig, bleibe ruhig, mein Kind: In dürren Blättern säuselt der Wind.“ „Willst, feiner Knabe, du mit mir gehn? Meine Töchter sollen dich warten schön; Meine Töchter führen den nächtlichen Rein Und wiegen und tanzen und singen dich ein.“ „Mein Vater, mein Vater, und siehst du nicht dort Erlkönigs Töchter am düstern Ort?“ „Mein Sohn, mein Sohn, ich seh es genau: Es scheinen die alten Weiden so grau.“ „Ich liebe dich, mich reizt deine schöne Gestalt; Und bist du nicht willig, so brauch ich Gewalt.“ „Mein Vater, mein Vater, jetzt fasst er mich an! Erlkönig hat mir ein Leids getan!“ Dem Vater grausets, er reitet geschwind, Er hält in Armen das ächzende Kind, Erreicht den Hof mit Mühe und Not: In seinen Armen das Kind war tot.

Rei dos Elfos Quem cavalga tão tarde pela noite e pelo vento? É um pai com seu filho. Ele leva a criança em seus braços, Ele o segura firme, ele o mantém aquecido. "Meu filho, por que escondes medroso o rosto?" "Não vês, pai, o Rei dos Elfos? O Rei dos Elfos com sua coroa e manto?" "Meu filho, é apenas uma nesga de névoa." "Você, criança querida, venha comigo Muitas belas brincadeiras jogarei contigo, Flores coloridas estão na praia, E minha mãe tem para você vestes douradas." "Meu pai, meu pai, não consegue ouvir O que o Rei dos Elfos sussurrando me disse?" "Fique calmo, não se agite meu filho: É apenas o vento soprando as folhas secas." "Querido menino, queres vir comigo? Minhas filhas irão te tratar bem, Minhas filhas irão conduzir danças noturnas E assim te embalarão, a dançar e a cantar." "Meu pai, meu pai, não consegues ver? As filhas do Rei dos Elfos naquele tenebroso lugar?" "Meu filho, meu filho, bem sei o que vejo: Apenas os velhos e cinzentos salgueiros." "Eu te amo, tuas belas formas me encantam, Mas, caso não queiras, então usarei a força!" "Meu pai, meu pai, agora ele me pegou! O Rei dos Elfos me machucou!" O pai, a tremer, cavalga apressado. Ele segura em seus braços o queixoso menino. Mas, mal chegando em sua morada: Em seu braço o menino jazia morto.