Francine Rivers - Amor de Redenção
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TÍTULO ORIGINALRedeeming Love
EDITORARaïssa Castro
COORDENADORA
EDITORIAL
Ana Paula Gomes
COPIDESQUE
Maria Lúcia A. MaierR EVISÃO
Ana Paula GomesRodrigo Nascimento
PROJETO GRÁFICO
André S. Tavares da Silva
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DIAGRAMAÇÃODaiane Avelino
C APAJames Hall
FOTO DA
C APA
Steve Gardner / Pixel Works Studio
Copyright © Francine Rivers, 1991
Edição publicada em acordo comBrowne & Miller Literary AssociatesLLC.
Tradução © Verus Editora, 2010
Todos os direitos reservados, no Brasil, po Verus Editora.
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Nenhuma parte desta obra pode serreproduzida ou transmitida por qualquer
forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou
mecânico, incluindo fotocópia e gravação)ou arquivada em qualquer sistema oubanco de dados sem permissão escrita da
editora.
V ERUS EDITORARua Benedicto Aristides Ribeiro, 55
Jd. Santa Genebra II - 13084-753Campinas/SP - Brasil
Fone/Fax: (19) 3249-0001
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Aos que sofrem e têm sede
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Aquele que está sem pecado, atira primeira pedra
– J E S U S , J O Ã O 8,
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AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente à minheditora, Karen Ball, por te
acreditado neste livro e por suaajuda em resgatá-lo para o leitocristão.
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O príncipe das trevas é umcavalheiro
S H A K E S P E A R
N O V A I N G L A T E R R A, 1 8 3 5
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lex Stafford era exatamentecomo mamãe tinha dito
Alto, moreno, Sarah jamais viralguém tão bonito. Mesmo com otrajes de montaria empoeirados
com o cabelo úmido de suor, eracomo os príncipes das histórias quemamãe lia. O coração de Sara
batia acelerado de felicidade eorgulho. Não dava para compará-locom nenhum dos outros pais que
via na missa.Ele olhou para ela com seu
olhos escuros e o coração de Sara
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saltitou de emoção. Ela usava semelhor vestido, azul com aventa
branco, e mamãe havia-lhetrançado o cabelo com fitas cor-derosa e azuis. Será que papai a
achava bonita? Mamãe dizia queazul era a cor favorita dele, mas poque ele não sorria? Será que ela
estava inquieta, nervosa? Mamãedisse para ficar imóvel, com acostas retas, para agir como uma
dama. Disse que ele ia gostar. Masele não parecia nada satisfeito.
– Ela não está linda, Alex? –
mamãe disse.
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Sua voz soou estranha e tensacomo se algo a sufocasse.
– Não é a menininha mais lindque você já viu?
Sarah viu papai franzir a
sobrancelhas. Ele não pareciaalegre. Parecia zangado. Comomamãe às vezes ficava, quando
Sarah falava ou fazia perguntademais.
– São só alguns minutos –
mamãe apressou-se em dizer.Rápido demais. Mamãe estava
com medo? Mas por quê?
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– É tudo o que lhe peço, AlexFaça esse favor. É muito importante
para ela. Alex Stafford olhou irritado parSarah. Não disse nada, mantinha o
ábios apertados. Sarah procuroficar bem quieta. Tinha seobservado tanto tempo no espelho
aquela manhã que sabia o que eleestava vendo. O queixo e o narieram do pai, o cabelo louro e a pele
clara, da mãe. Os olhos tambémeram como os da mãe, só queainda mais azuis. Sarah queria que
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papai dissesse que ela era bonitaentão levantou a cabeça e olho
para ele, esperançosa. Mas seolhar não foi nada agradável. – Você escolheu azul de
propósito, Mae?Sarah se assustou com apergunta. As palavras soaram fria
e raivosas. – Porque realça a cor dos olho
dela? – ele continuou.
Sarah não conseguiu se conterolhou para a mãe e sentiu umaperto no coração. O rosto de
mamãe cobriu-se de mágoa.
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Alex virou para o saguão. – Cléo!
– Ela não está – mamãe dissebaixinho, mantendo a cabeçaerguida. – Dei-lhe o dia de folga.
Os olhos de papai ficaram aindamais sombrios.
– Ah, deu? Bem, isso a deixa
numa situação difícil, não équerida?
Mamãe ficou tensa, mordeu o
ábio e olhou para Sarah. O queestava acontecendo?, Sarah pensocom tristeza. Papai não estava feli
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em vê-la? Ela estava muitoanimada de finalmente poder esta
com ele, mesmo que por apenaalguns instantes... – O que queria que eu fizesse? –
mamãe perguntou para papai.Sarah aguardou em silêncio. – Que a mandasse embora
Imagino que ela saiba comoencontrar Cléo.
Manchas rosadas apareceram no
rosto de mamãe. – O que quer dizer, Alex? Que
recebo outros em sua ausência?
O sorriso de Sarah transformou
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se em dúvida. Eles se dirigiam umao outro com muita frieza. Nenhum
dos dois olhava para ela. Tinhamesquecido que estava ali? Qual erao problema? Mamãe estava
transtornada. Por que a raiva depapai quando soube que Cléo nãoestava em casa?
Sarah mordeu o lábio, olhandopara os dois. Chegou mais perto epuxou o casaco do pai.
– Papai... – Não me chame assim.Ela levou um susto, ficou confusa
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e com medo de sua reação. Ele erasim seu papai. Mamãe dizia que
era. Ele até levava presentequando aparecia, presentes quemamãe dava para ela. Talvez
estivesse zangado porque ela nuncahe agradecera. – Quero agradecer os presente
que... – Psiu, Sarah! – a mãe apressou
se em dizer. – Agora não, querida.
Papai virou furioso para mamãe. – Deixe que ela fale. Era o qu
você queria, não? Por que quer que
ela se cale agora, Mae?
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Mamãe chegou mais perto ebotou a mão no ombro de Sarah. A
menina sentiu os dedos da mãetremendo, mas então papai seabaixou e olhou para Sarah
sorrindo. – Que presentes?Ele era tão bonito... bem como
mamãe dizia. Sarah se orgulhavade ter um pai assim.
– Pode falar, pequena.
– Gosto dos doces que traz parmim – disse Sarah, contente eorgulhosa de merecer sua atenção
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– São muito bons. Mas o que maigostei foi do cisne de cristal.
Ela sorriu outra vez, cheia dealegria com a atenção que o pai lhdava. Ele até sorriu também, ma
Sarah não sabia ao certo segostava daquele sorriso, contido etenso.
– É mesmo? – disseendireitando o corpo e olhandopara mamãe. – Fico feliz em sabe
que meus presentes significamtanto.
Sarah levantou a cabeça para
olhar para ele, encantada com sua
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aprovação. – Botei no parapeito da janela
do meu quarto. Quando a luz do sobate nele, as cores dançam naparede. Quer ver?
Sarah segurou a mão do pai. Elea afastou e a menina ficomagoada, sem entender.
Mamãe mordeu o lábioestendeu a mão para papai e entãoparou de repente. Sua expressão
era novamente de medo. Saraolhava para um e para outrotentando entender. O que tinha
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feito de errado? Papai não estavasatisfeito porque ela gostava do
seus presentes? – Então você dá os meupresentes para a menina – ele
disse. – É bom saber quanto elesignificam para você.Sarah se encolheu com a frieza
de sua voz, mas, quando ia falarmamãe tocou-lhe suavemente oombro.
– Querida, seja boazinha e vábrincar lá fora.
Sarah ficou angustiada. Tinha
feito alguma coisa errada?
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– Deixe-me ficar. Prometo quefico quieta.
Mamãe não conseguiu dizer mainada. Olhava para papai com oolhos cheios de lágrimas.
Alex abaixou-se mais uma vepara falar com Sarah.
– Quero que vá brincar lá fora –
disse em voz baixa. – Precisoconversar com sua mãe a sós.
Ele sorriu e deu um tapinha no
rosto da menina.Sarah sorriu também
felicíssima. Papai tinha-lhe feito um
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carinho. Ele não estava zangadoEle a amava! Exatamente como
mamãe dizia. – Posso voltar quando acabar aconversa de vocês?
Papai se levantou, irritado. – Sua mãe vai buscá-la quandopuder. Agora obedeça e corra lá
para fora. – Sim, papai.Sarah queria ficar, mas queria
mais ainda agradar ao pai. Saiu dasala e passou saltitando pelacozinha, até a porta dos fundos
Colheu algumas margaridas no
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canteiro perto da porta, foi para atreliça das rosas e começou a
arrancar-lhes as pétalas. – Bem me quer, mal me quer,
bem me quer, mal me quer...
Quando chegou à parede laterada casa, parou de falar. Não queriancomodar mamãe e papai. Só
queria ficar perto deles.Sarah sonhava satisfeita. Quem
sabe papai a colocaria sentada em
seus ombros? Ou então a levariapara passear em seu grande cavalonegro? Claro que ela teria de troca
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de roupa. Ele não ia querer que elasujasse o vestido. Sarah desejo
que ele a tivesse posto no coloenquanto conversava com mamãeEla adoraria isso e não ia
ncomodá-los nem um pouco. A janela da sala estava aberta eSarah conseguia ouvir as vozes
Mamãe gostava que a sala ficasseperfumada com o cheiro das rosasSarah queria ouvir a conversa do
pais, assim saberia a hora quepapai a chamasse de volta. Seficasse bem quieta, não
atrapalharia, e mamãe só teria de
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se debruçar na janela para chamáa.
– O que eu podia fazer, Alex?Você nunca passou mais de umminuto com ela. O que eu deveria
ter dito? Que o pai não se importacom ela? Que preferia que elanunca tivesse nascido?
Sarah ficou boquiaberta. Negusso, papai! Diga que não éverdade!
– Eu trouxe aquele cisne daEuropa para você, e você o jogofora, deu a uma criança que não
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tem noção do valor daquela peçaDeu as pérolas também? E a
caixinha de música? Imagino quedeve ter dado tudo a ela! As margaridas estremeceram
nas mãos de Sarah. Ela se sentono chão, sem ligar para o belovestido. O coração, antes acelerado
de felicidade, batia mais devagarudo dentro dela parecia
desmoronar a cada palavra.
– Alex, por favor... Não vnenhum mal nisso. Foi para facilitaas coisas. Hoje de manhã ela
perguntou se já tinha idade para
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estar com você. Ela pergunta todavez que lhe conto que você está
vindo. Como eu poderia dizer nãopara ela novamente? Não tivecoragem. Ela não entende o se
descaso, nem eu também. – Você sabe o que sinto por ela. – Como pode dizer que sente
alguma coisa? Você nem a conheceEla é uma criança linda, Alex. nteligente, graciosa, não tem medo
de nada. É muito parecida comvocê. Ela é uma pessoa, Alex. Vocênão pode ignorar a existência de
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Sarah para sempre. Ela é suafilha...
– Os filhos que tenho com minhesposa já me bastam. Filhoegítimos. Eu disse a você que não
queria mais um. – Como pode dizer isso? Comopode deixar de amar uma filha que
tem o seu sangue? – Eu disse o que sentia desde o
nício, mas você não quis ouvir. Ela
não devia ter nascido, Mae, mavocê insistiu em fazer as coisas doseu jeito.
– Você acha que eu queria
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engravidar? Pensa que planejei teSarah?
– Pensei nisso muitas vezesPrincipalmente quando arrumeuma saída para a situação e você
recusou. O médico que indiqueteria resolvido essa confusão todaeria acabado com...
– Eu não seria capaz. Comopodia esperar que eu matasse umfilho assim? Você não entende? É
pecado mortal. – Você passou tempo demais na
greja – ele disse, com desprezo. –
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Já pensou que não teria oproblemas que tem agora se
tivesse se livrado dela, como eu lhdisse? Teria sido fácil. Mas vocêfugiu.
– Eu a desejava! – mamãe dissedesconsolada. – Ela era parte devocê, Alex, e parte de mim. Eu a
quis, mesmo contra sua vontade... – Esse é o verdadeiro motivo? – Você está me ofendendo, Alex
Sarah se encolheu ao ouvialguma coisa se quebrando.
– Esse é o verdadeiro motivo
Mae? Ou você a teve porque acho
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que um filho era o único artifícioque teria para me prender?
– Não é possível que acreditenisso!
Mamãe estava chorando.
– Mas acredita, não é? Você éum tolo, Alex. Ah, o que foi que efiz? Desisti de tudo por você! Minha
família, meus amigos, o respeitopor mim mesma, tudo em que eacreditava, toda a esperança que
tinha... – Comprei esta casa para você
E dou todo o dinheiro de que
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precisa.Mamãe levantou a voz, como
amais fazia. – Sabe o que é andar pelas ruadesta cidade? Você anda por a
como bem entende. Todos sabemquem é você e quem sou eu. ninguém olha para mim. Ninguém
fala comigo. Sarah sente o mesmoUm dia ela perguntou e eu disseque éramos diferentes das outra
pessoas. Não sabia o que responde– sua voz ficou entrecortada. –Devo ir para o inferno pelo que me
tornei.
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– Estou cansado de secomplexo de culpa e de ouvir fala
daquela menina. Ela estáestragando tudo entre nós. Lembracomo éramos felizes? Nunca
discutíamos. Eu mal podia esperapara encontrá-la, para estar comvocê.
– Não fale... – Quanto tempo eu passo com
você agora? Será que basta? Você
só fica com ela. Eu disse que issoaconteceria, não disse? Queria queela nunca tivesse nascido!
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Mamãe gritou uma palavraterrível. Houve um estrondo
Apavorada, Sarah se levantou ecorreu. Passou por cima das florede mamãe, atravessou o gramado
disparou a caminho da estufaCorreu até não aguentar maisOfegante, com dor no baço, caiu na
relva, os ombros trêmulos de tantosoluçar, o rosto molhado deágrimas. Ouviu o galope de um
cavalo em sua direção. Arrastou-separa um esconderijo melhor, nomato, à beira do riacho, e de lá vi
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o pai passando em seu cavalopreto. Abaixou-se e ficou al
chorando encolhida, esperando quemamãe fosse procurá-la.Mas mamãe não foi e não
chamou por ela. Depois de umtempo, Sarah voltou para a estufa efoi esperar sentada entre as flores
Quando mamãe apareceu, Sarah játinha secado as lágrimas eespanado a terra do belo vestido
Ainda tremia por tudo que tinhouvido.
Mamãe estava muito abatida
tinha os olhos vazios e vermelhos
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Havia uma marca roxa em serosto, mal disfarçada pelo pó de
arroz. Mamãe sorriu, mas não eraseu sorriso habitual.
– Por onde andou, querida
Estive procurando você por todaparte.
Sarah sabia que não era
verdade. Tinha ficado atenta otempo todo. Mamãe lambeu o lençorendado e limpou o rosto de Sarah.
– Seu pai foi chamado àpressas para resolver um problemade trabalho.
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– Ele vai voltar?Sarah estava com medo. Não
queria vê-lo nunca mais. Ele tinhamachucado mamãe e a feito chorar – Acho que não, por um bom
tempo. Temos de esperar para verEle é um homem muito importantee muito ocupado.
Sarah não disse nada. Mamãe aajudou a se levantar e a abraçocom força.
– Está tudo bem, meu amorSabe o que vamos fazer? Vamovoltar para casa e trocar de roupa
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Depois vamos preparar umpiquenique e descer até o riacho
Gostaria de fazer isso?Sarah fez que sim com a cabeçae pôs os braços em volta do
pescoço da mãe. Sua boca tremia eela se esforçou para não chorar. Sechorasse, mamãe poderia descobri
que andou bisbilhotando e ficariazangada.
Mamãe a apertou e mergulhou o
rosto nos cabelos de Sarah. – Vamos superar isso. Você va
ver, meu amor. Vamos conseguir.
Nós vamos conseguir.
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Alex não voltou, mamãeemagreceu e ficou abatida. Ficavana cama até tarde e, quando se
evantava, não tinha maidisposição para as longacaminhadas habituais. Quando
sorria, os olhos não brilhavam. Cléodizia que ela precisava se alimentamelhor. Cléo falava muitas coisas
sem prestar atenção, quando Saraestava perto o bastante para ouvir.
– Ele continua enviand
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dinheiro, srta. Mae. Isso já éalguma coisa.
– Não me importo com odinheiro – os olhos de mamãeficaram marejados. – Nunca me
mportei. – Mas se importaria se nãotivesse nenhum.
Sarah procurava alegrar mamãeevando-lhe grandes buquês deflores. Quando encontrava pedra
bonitas, as lavava e lhe dava depresente. Mamãe sempre sorria eagradecia, mas seus olhos não
brilhavam mais. Sarah cantava a
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músicas que mamãe havia lheensinado, tristes baladas irlandesa
e alguns cânticos da missa ematim.
– Mamãe, por que você não
canta mais? – ela perguntousubindo na cama e aconchegando aboneca entre as coberta
desarrumadas. – Vai se sentimelhor se cantar.
Mamãe escovava lentamente o
cabelo louro e comprido. – Não sinto vontade de cantar
querida. Tenho muita coisa para
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pensar agora.Sarah sentia um peso cada ve
maior dentro do peito. Tudo eraculpa sua. Tudo culpa sua. Se nãotivesse nascido, mamãe seria feliz.
– Alex vai voltar, mamãe? A mãe olhou para ela espantadamas Sarah nem ligou. Não ia mai
chamá-lo de papai. Ele tinha feitomamãe sofrer e ficar triste. Desdeque partira, ela mal lhe dera
atenção. Sarah tinha até ouvidomamãe dizer para Cléo que o amonão era uma bênção, mas uma
maldição.
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Sarah olhou para a mãe e sentium aperto no coração. Estava tão
triste... Com os pensamentos longede novo. Sarah sabia que estavapensando nele. Mamãe queria que
ele voltasse. Chorava todas anoites porque isso não aconteciaEscondia o rosto no travesseiro
mas mesmo assim Sarah escutavaos soluços.
Ela mordeu o lábio, abaixou a
cabeça e mexeu distraída naboneca.
– E se eu ficasse doente e
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morresse, mamãe? – Você não vai ficar doente –
mamãe disse, olhando para ela esorrindo. – Você é jovem esaudável demais para morrer.
Sarah ficou observando a mãeescovar o cabelo. Era como a luz dosol cobrindo os ombros muito
brancos. Mamãe era muito bonitaComo Alex podia não amar aquelamulher?
– Mas se eu morresse, mamãeele voltaria e ficaria com você?
Mamãe ficou imóvel. Virou e
encarou Sarah com um olhar tão
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horrorizado que assustou a meninaNão devia ter dito aquilo. Agora
mamãe saberia que ela tinhaouvido a briga dos dois...
– Nunca pense isso, Sarah.
– Mas... – Não! Jamais faça essa
pergunta novamente. Entendeu?
Mamãe nunca levantara a vodaquele jeito antes. Sarah sentiu oqueixo tremer.
– Sim, mamãe. – Nunca mais – ela disse com
mais suavidade. – Prometa para
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mim. Isso não tem nada a ver comvocê, Sarah.
Mamãe a puxou para perto e aacariciou com ternura. – Eu te amo, Sarah. Eu te amo
muito. Mais do que qualquer pessoaneste mundo.Exceto ele, pensou Sarah. Sem
contar Alex Stafford. E se elevoltasse? E se ele obrigasse mamãea escolher? O que ela faria?
Com medo, Sarah agarrou-se àmãe e rezou para ele não voltar.
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Um moço apareceu para falacom mamãe.
Enquanto brincava de bonecaperto da lareira, Sarah ficoobservando a mãe conversar com
ele. As únicas pessoas queapareciam naquela casa eram o srPennyrod, que levava a lenha, e
Bob. Ele gostava da Cléorabalhava no mercado e
provocava Cléo, falando de lombo
assado e de suculentos pernis decarneiro. Cléo ria dele, mas Saranão achava graça em Bob. Ele
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usava um avental branco todo sujoe coberto de sangue.
O moço entregou uma carta parmamãe, mas ela não a abriuServiu-lhe chá e ele agradeceu
Depois disso, não falou muito, sósobre o tempo e que os canteirode flores de mamãe eram bonitos
Ele disse que da cidade até lá erauma longa viagem. Mamãe deu-lhebiscoitos e se esquece
completamente de Sarah.Sarah sabia que havia alguma
coisa errada. Mamãe sentava
empertigada demais e falava muito
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baixo. – É uma linda menina – ele
disse, sorrindo para ela.Sarah abaixou a cabeça
envergonhada, com medo de que
mamãe a mandasse sair da salaporque tinha sido notada.
– É sim. Obrigada.
– Parece com você. Bela como aaurora.
Mamãe sorriu para Sarah.
– Sarah, vá lá fora e cortealgumas flores para enfeitar amesa.
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A menina pegou a boneca e saisem dizer uma palavra. Queria
agradar mamãe. Pegou uma facaafiada da gaveta da cozinha e fopara os canteiros de flores. Mamãe
gostava mais das rosas. Sarapegou também alguns ramos deespora, goivo vermelho, ranúnculo
margaridinhas e margaridas, atéencher o cesto de palha que traziapendurado no braço.
Quando entrou em casa de novoo moço havia partido. A cartaestava aberta no colo de mamãe
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Seus olhos brilhavam e havia conas maçãs do rosto. Ela sorriu ao
dobrar a carta e botar dentro damanga. Levantou-se, foi para pertoda menina, pegou-a no colo e
rodopiaram juntas, alegremente. – Obrigada pelas flores, queridaBeijou Sarah, depois a pôs no
chão. A menina deixou o cesto emcima da mesa.
– Adoro flores – mamãe disse. –
São tão lindas, não são? Por quedessa vez você não as arrumaPreciso pegar uma coisa na cozinha
Oh, Sarah! Está um dia lindo
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maravilhoso, não está?Está um dia horroroso, penso
Sarah, vendo mamãe se afastarEstava enjoada de tanto medoPegou o vaso grande de cima da
mesa e levou lá para fora. Jogou aflores murchas na composteiraBombeou água do poço e encheu o
vaso. Molhou o vestido quandoevou o vaso de volta para a mesaNão aparou as pontas nem tirou a
folhas das flores. Não se importavacom a aparência do arranjo e sabiaque mamãe nem notaria.
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Alex Stafford vinha para casa.Mamãe voltou para a sala com
Cléo. – Ah, querida, tenho uma notíciamaravilhosa. Cléo planeja ir para a
praia esta semana e quer levá-lacom ela. Não é ótimo?
O coração de Sarah bateu com
força, acelerado. – Ela não é um amor? –
continuou mamãe, animada. – Ela
tem um amigo que administra umahospedaria e ele adora crianças.
O sorriso de Cléo era artificial e
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frio.Sarah encarou a mãe.
– Não quero ir, mamãe. Queroficar com você.Ela sabia o que estava
acontecendo. Mamãe queria queela viajasse porque seu pai não aqueria. E talvez mamãe também
não a quisesse mais. – Bobagem – mamãe disse
dando risada. – Você nunca foi para
ugar nenhum e precisa ver umpouco do mundo. Vai gostar domar, Sarah. É muito lindo. Poderá
sentar-se na areia e ouvir o barulho
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das ondas. Poderá construicastelos, catar conchas. Espere só
até sentir a espuma fazendocócegas nos seus pés.
Parecia que mamãe tinha
revivido. Sarah sabia que era pocausa da carta. Alex devia teescrito que vinha vê-la. Mamãe não
queria outra cena como a últimapor isso estava tirando Sarah docaminho dele. A menina olhou para
o rosto luminoso da mãe, com ocoração apertado.
– Venha, querida. Vamos
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arrumar suas coisas.Sarah viu suas roupas sendo
dobradas e postas num saco deviagem. Mamãe mal podia esperapara livrar-se dela.
– Onde está sua boneca? – elaperguntou, olhando em volta. – Vaquerer levá-la também.
– Não. – Por que não? Você nunca se
separa dela.
– Ela quer ficar em casa comvocê.
Mamãe franziu a testa, mas não
continuou a conversa. E também
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não mudou de ideia.Cléo foi buscar Sarah e ela
percorreram a pé os doiquilômetros até a cidade. A criadacomprou os bilhetes assim que a
carruagem chegou. O condutopegou os sacos de viagem e Cléoajudou Sarah a subir na carruagem
Depois subiu também, sentou-se nafrente da menina e sorriu para elaSeus olhos castanhos brilhavam
muito. – Vamos fazer uma aventura
Sarah.
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Sarah queria pular da carruageme correr de volta para casa, para
mamãe, mas ela lhe mandaria paraonge novamente. Quando ocavalos começaram a andar, ela
espiou pela janela e viu casaconhecidas passando. A carruagemtrepidou sobre a ponte e seguiu po
uma estrada que cortava umafloresta. Tudo que Sarah conheciasumiu rapidamente de vista e ela
afundou no banco que balançavaQuanto mais avançavam, maidesconsolada ficava.
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– Vamos ficar na Four Winds –disse Cléo, obviamente satisfeita
porque Sarah havia ficado quietaDevia estar esperando que amenina fizesse uma cena.
Se achasse que poderia fazemamãe mudar de ideia, Sarah atéfaria uma cena sim. Nunca ficara
onge dela por mais do que umapoucas horas. Mas a menina sabiaque nada mudaria as coisas. Ale
Stafford estava a caminho, por issoela precisava ir. Sarah ficou muitoquieta e séria.
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– Eles têm comida boa e quartodecentes – Cléo disse. –
estaremos perto do mar. Vocêsegue por uma pequena trilha degrama e chega ao rochedo. A
ondas quebram nas pedras. É umsom maravilhoso, e o cheiro damaresia é a melhor coisa do
mundo. A melhor coisa do mundo...Sarah gostava de casa, do
ardim de flores nos fundosGostava de sentar perto da estufacom mamãe, molhando os pés no
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riacho.Ela se esforçou para conter o
choro e espiou pela janela outravez. Os olhos ardiam e a gargantaestava irritada por causa da poeira
da estrada. As horas se passaramentamente. As batidas fortes docascos dos cavalos davam dor de
cabeça. Sarah estava exausta, tãocansada que mal conseguia manteos olhos abertos, mas, toda vez qu
os fechava, a carruagem dava umtranco ou se inclinava de repente, eela despertava assustada.
O condutor parou uma vez para
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trocar os cavalos e fazer algunpequenos consertos. Cléo levo
Sarah para o banheiro. Quando amenina saiu de lá, não viu a criadaem canto algum. Correu para a
carruagem, depois para o estábuloe por fim foi até a estrada, gritandoo nome de Cléo.
– Pare de gritar! Meu Deus, paraque essa gritaria toda? – disse Cléocorrendo para perto da menina. –
Vão pensar que você é uma galinhsem cabeça, do jeito que corre poaí.
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– Onde você estava? – Saraperguntou, com lágrima
escorrendo pelo rosto. – Mamãedisse que devíamos ficar juntas!Cléo ergueu as sobrancelhas.
– Ora, desculpe, madame, maestava bebendo uma caneca decerveja.
Segurou a mão de Sarah e aevou de volta para a casa daestação.
A mulher do chefe da estaçãoestava parada na porta, secando amãos.
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– Que menininha linda – dissesorrindo para Sarah. – Está com
fome, meu amor? Ainda há tempopara comer um prato de ensopado.Sarah abaixou a cabeça, tímida
sob o olhar da mulher. – Não, obrigada, madame. – E educada também – disse a
senhora. – Venha, Sarah – disse Cléo, e
deu um empurrãozinho na menina
para entrar. A senhora bateu nas costas de
Sarah e a levou para uma mesa.
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– Precisa pôr um pouco mais decarne sobre esses ossos, meu amor
Experimente o meu ensopadoDizem que sou uma das melhorecozinheiras da estrada.
Cléo sentou e pegou sua canecade cerveja.
– Precisa comer alguma coisa
antes de seguirmos viagem – eladisse.
– Não estou com fome.
Cléo inclinou o corpo para frente – Não me importa se está com
fome ou não – disse baixinho. –
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Você tem de me obedecer. Ocondutor disse que só partiremo
daqui a meia hora e teremos maitrês ou quatro horas de viagem atéchegar à costa. Não quero ouvi-la
choramingando de fome até lá. Estaé sua última chance de comealguma coisa até Four Winds.
Sarah encarou Cléo e fez forçapara não chorar. A criada deu umsuspiro profundo, estendeu a mão e
deu um tapinha no rosto damenina.
– Coma alguma coisa, Sarah –
disse ela.
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A menina obedeceu, pegou acolher e começou a comer. Mamãe
dissera que aquela viagem tinhasido planejada para ela, mas atéCléo agia como se ela fosse um
estorvo. Era óbvio que mamãe amandara embora para livrar-sedela.
Quando a carruagem partinovamente, Sarah ficou em silêncioSentou ao lado da janela e fico
espiando a paisagem, com as mãountas no colo e as costas retasCléo parecia aliviada com se
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silêncio e acabou adormecendoDepois de um tempo, acordou e
sorriu para Sarah. – Está sentindo o cheiro do mar– perguntou.
Sarah estava na mesma posiçãode quando Cléo tinha adormecidomas a menina sabia que seu rosto
empoeirado tinha marcas brancadas lágrimas que não conseguiraconter. A criada olhou para ela com
tristeza, então se virou para aanela.
Chegaram a Four Winds logo
depois do pôr do sol. Sarah agarro
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a mão de Cléo enquanto o condutodesamarrava os sacos de viagem. A
menina ouviu um estrondo enormeque parecia um monstro, e ficocom medo.
– Que barulho é esse, Cléo? – É o mar estourando na
rochas. Formidável, não é?
Sarah achou que era o som maiassustador que já tinha ouvido. Ovento uivava nas árvores como um
animal selvagem à procura dealguma presa de sangue quente, equando abriram a porta da Fou
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Winds, ouviu risos altos e homengritando. Ela recuou de repente
não queria entrar. – Tome cuidado aí – disse Cléoempurrando Sarah. – Pegue seu
saco. Já tenho o meu para carregarSarah arrastou o saco até aporta. Cléo empurrou a porta com o
ombro para abrir e entrou. Amenina foi logo atrás. A criadaolhou em volta e então sorriu
Sarah seguiu seu olhar e viu umhomem no bar, numa queda debraço com um marinheiro
musculoso. Um homem grandalhão
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servia cerveja e avistou Cléomediatamente. Debruçou sobre o
balcão, cutucou o homem que faziaa queda de braço e apontou com acabeça para Cléo, dizendo alguma
coisa baixinho. O homem virou umpouco a cabeça e o marinheiroaproveitou a vantagem daquela
falta de atenção. Bateu o braço dooutro no bar com um gritotriunfante. Sarah viu, apavorada, o
homem derrotado levantar e daum soco no olho direito domarinheiro, que despencou no
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chão.Cléo deu risada. Era como se
tivesse esquecido que Sarah estavaali, escondida atrás da saia dela. Amenina gemeu baixinho quando o
homem do bar se aproximou deCléo e deu-lhe um beijo ruidoso, aosom dos gritos dos outros homen
no salão. Quando espiou atrás deCléo e encarou Sarah, a garotapensou que fosse desmaiar de
tanto medo. – Uma bastarda? Deve se
produto de um cara bonitão, pela
sua aparência.
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Cléo levou um tempo pararecuperar o fôlego e entender do
que ele estava falando. – Ah, ela? Não, Merrick. Não é
minha. É filha da madame para
quem eu trabalho. – O que ela está fazendo aqu
com você?
– É uma longa e triste históriaque prefiro esquecer nestemomento.
Merrick fez que sim com acabeça e deu um tapinha no rostodela.
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– O que você acha da vida nocampo?
Ele sorriu, mas Sarah não gostodo seu sorriso.Cléo virou a cabeça.
– É tudo o que eu imaginava qufosse.
Ele deu risada e pegou o saco d
viagem dela. – Por isso voltou para Fou
Winds, não é?
Ele pegou o saco de Saratambém, deu um largo sorriso edepois uma gargalhada. Então a
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menina se encolheu para longecomo se ele fosse o diabo em
pessoa.Sarah jamais tinha visto alguémcomo Merrick. Ele era muito grande
tinha cabelo preto e barba aparadaLembrava as histórias de pirata quemamãe contava. Sua voz era forte
e profunda, e olhava para Cléocomo se quisesse comê-la inteiraCléo não se incomodava com isso
Não prestou atenção nenhuma emSarah e atravessou o salão. Amenina a seguiu, apavorada com a
deia de ser deixada para trás
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odos olhavam fixo para ela. – Ei, Stump, dê uma cerveja
para a nossa Cléo! – berrou Merricpara o grisalho atendente do barque a cumprimentou com uma
piscadela e um sorriso.Ele segurou Sarah pela cintura e
a levantou bem alto para sentá-la
em cima do balcão. – E vinho aguado para essa
menina branquela – disse
apalpando o casaco de veludo deSarah. – Sua mamãe deve ser ricahein?
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– O pai dela é que é rico – disseCléo. – E casado também.
– Ah! – Merrick deu um sorrisodebochado para Sarah. – Então ésso. Pensei que você estava
querendo um trabalho respeitável. – É respeitável. Ninguém me
olha de cima para baixo.
– Eles sabem que você trabalhoanos numa cervejaria antes deresolver melhorar sua posição na
vida? – e passou a mão no braçodela. – Para não falar dos bicos...
Cléo olhou para Sarah e afasto
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a mão dele. – Mae sabe. Ela não é do tipo
que menospreza os outros. Egosto dela. – Essa praguinha se parece com
ela? – Cuspida e escarrada.Merrick apertou o queixo de
Sarah e acariciou-lhe o rosto. – Olhos azuis como violetas e
cabelo de anjo. Sua mamãe deve
ser muito bonita, se é parecida comvocê. Gostaria de vê-la.
Cléo ficou tensa e Sarah acho
que estava zangada. Gostaria que
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Merrick a deixasse em paz, mas elenão parava de alisar seu rosto. A
garota queria ficar o mais longepossível daquele homem horrívede barba preta, olhos escuros e
sorriso maligno. – Deixe-a em paz, Merrick. Ela já
está bastante assustada sem você
provocá-la. É a primeira vez que seafasta da mãe.
Ele riu.
– Ela está mesmo um poucpálida. Deixa disso, pequenina. Sonofensivo. Beba um pouco.
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Ele empurrou a caneca de vinhoaguado para Sarah.
– É isso aí. Um pouquinho devinho e não terá mais medo denada – e deu risada de novo
quando Sarah fez uma careta denojo. – Ela está acostumada comalguma coisa melhor?
– Ela não está acostumada comnada – disse Cléo, e agora Saratinha certeza de que a moça estava
zangada. Ela não gostou de Merricdedicar tanta atenção à meninaOlhou para Sarah, nitidamente
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rritada com a reação dela aMerrick.
– Não seja covarde. Ele é sópapo, nada mais.O velho Stump e os outro
homens no bar deram risadaMerrick também riu.Sarah queria pular dali e fugi
correndo do vozerio barulhento, darisadas e dos olhares. Deu umsoluço baixinho de alívio quando
Cléo a pôs no chão, segurou suamão e a levou para uma mesaMordeu o lábio ao ver que Merric
as seguia. Ele puxou uma cadeira e
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se sentou. Sempre que as canecaficavam vazias, ele pedia mais
Fazia piadas e Cléo ria muito. Umavez enfiou a mão embaixo da mesae Cléo o empurrou. Mas ela sorria e
falava cada vez mais. Sua voestava estranha, as palavras saíamembaralhadas.
Lá fora chovia e galhos deárvores raspavam nas janelasSarah estava cansada, com a
pálpebras tão pesadas que maconseguia manter os olhos abertos
Merrick levantou a caneca mai
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uma vez. – A pequena está recolhendo a
velas.Cléo tocou na cabeça da menina – Cruze os braços em cima da
mesa e durma um pouco.Sarah obedeceu e desejou saidali. Cléo obviamente não estava a
fim de sair. Parecia que se divertiamuito, ficava o tempo todo olhandopara Merrick com um sorriso
diferente, que Sarah jamais viraantes.
– Por que você tinha de trazê-la
para Four Winds? – perguntou
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Merrick.Sarah ficou de olhos fechados
fingindo que dormia. – Porque a mamãe dela está
recebendo seu belo papai e os doi
queriam a menina fora do caminho– Cléo disse com frieza. – Não façasso.
– Não? – ele deu risada. – Vocêsabe que veio aqui para isso. Quaé o problema daqueles rapazes do
campo? – Nenhum. Um deles me
persegue e quer se casar comigo.
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– Vamos lá para cima paraconversar sobre o que a trouxe de
volta. – E o que vou fazer com elaFiquei furiosa quando Mae a jogo
para cima de mim.Os olhos de Sarah ardiam com
as lágrimas e a garganta fico
apertada. Ninguém mais a queria? – Acho que seria bem fác
arranjar alguém para cuidar da
bonitinha. Alguém certamente háde querê-la.
– Foi o que eu disse para Mae
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mas ela disse que não. Ela confiaem mim. A única coisa que tem
quando seu homem não está poperto é essa filha. E as únicacoisas que Mae sabe fazer são fica
bonita e cultivar flores. – Pensei que tinha dito quegostava dela.
– Gosto dela sim, mas, quandoSua Majestade resolve apareceradivinha quem tem de cuidar da
bastardinha dele. É muito cansativoandar por aí arrastando umacriança, especialmente uma que
nem é sua.
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Merrick riu. – Ora, por que não a jogamos do
penhasco? Quem sabe os pais nãoconsideram isso um favor. Podematé lhe dar um prêmio.
O coração de Sarah disparou. – Isso não tem graça, Merrick –
Cléo deu um suspiro pesado
rritado. – É melhor acordá-la ebotá-la na cama. Ela teve um diabem cansativo.
A criada cutucou Sarah, quolhou para ela aliviada. Então Cléoa pegou pela mão.
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– Venha. Vamos subir para acama agora. Diga boa-noite para o
sr. Merrick.Ele deu um sorriso de orelha aorelha.
– Vou levá-las até lá em cimasenhoras.
Quando Cléo abriu a porta de
seu antigo quarto, Merrick ampediu de fechar e entrou. Saraolhou assustada para a criada.
– O que você está fazendo? –Cléo sussurrou, furiosa. – Não podeentrar aqui comigo. Ela vai conta
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para a mãe dela e eu perco meemprego.
– Eu cuido disso.Merrick se abaixou e apertou oqueixo de Sarah.
– Se contar qualquer coisa, parqualquer pessoa, sobre eu estaneste quarto com Cléo, eu corto
fora sua linguinha cor-de-rosa. Estáentendendo?
Sarah acreditou nele e fez que
sim com a cabeça. Ele sorriu umpouco e a soltou. Ela correu paraum canto e ficou lá encolhida
tremendo e nauseada.
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– Está vendo? – Merrick dissealegremente. – Não tem com que
se preocupar. Ela não vai maiscontar nada sobre nós.
Cléo o encarou com os olho
arregalados. Ela parecia irritada eSarah torceu para que o mandassesair.
– Isso foi terrivelmente cruel –ela disse, olhando para Sarah. – Elenão falou sério, meu anjo. Estava
só brincando. Não acredite numa sópalavra que ele disse.
– Pode acreditar sim, menina. Eu
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não estava brincando, não.E puxou Cléo para perto.
– Cruel? Cruel seria me mandaembora quando sabe que só queroestar com você.
Cléo o empurrou. Ele quisegurá-la de novo e ela escapouMas até Sarah percebia que o
esforços dela não eram para valerComo Cléo podia deixar aquelehomem chegar perto dela?
– Eu te conheço, Cléo.Merrick deu um meio sorriso e
seus olhos brilhavam.
– Por que voltou para Fou
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Winds? Só para ver o mar outravez?
– Está no meu sangue, comoestá no seu.
Merrick agarrou e beijou Cléo
Ela se debateu, tentou se soltarmas ele a apertou com forçaQuando ela relaxou, ele chegou a
cabeça para trás apenas osuficiente para falar.
– Tem mais do que isso no seu
sangue. – Merrick, pare. Ela está no
vendo...
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– E daí?Ele a beijou de novo e dessa ve
ela lutou contra ele. Sarah ficoparalisada de medo. Talvez elematasse as duas.
– Não! – disse Cléo, com raiva. –Saia daqui. Não posso fazer isso. Edevia estar cuidando dela.
Ele deu risada. – Não sabia que o dever era tão
mportante para você.
Ele a soltou, mas Sarah achoque Cléo não parecia nadasatisfeita. Teve a impressão de que
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ela ia chorar. Merrick sorriu e deuas costas para a menina.
– Venha, pequena. – O que está fazendo, Merrick? –perguntou Cléo, quando Sarah se
afastou para escapar dele. – Vou levá-la lá para fora. Nãofará mal nenhum ela ficar um
tempo sentada no corredor. E nãodiga que não. Conheço você muitobem. Além de tudo, ela estará
pertinho da porta. Ninguém vancomodá-la.
Ele tirou um cobertor e um
travesseiro da cama e apontou para
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Sarah. – Não me faça ir aí pegá-la.
A garota não teve coragem dedesobedecer.
Ela seguiu Merrick para fora do
quarto e observou de olhoarregalados quando ele jogou ocobertor e o travesseiro no chão do
corredor escuro. – Sente-se aqui e não se mexa
Se não ficar quietinha, eu a pego, a
evo para a praia e você vai servide comida para os caranguejosEntendeu?
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Sarah estava com a boca seca enão conseguia emitir nenhum som
Por isso apenas balançou a cabeça.Cléo apareceu na porta doquarto.
– Merrick, não posso deixá-laaqui fora. Eu vi uma ratazana.
– Ela é tão pequena que os rato
não vão prestar atenção. Ela ficarábem – e deu um tapinha no rostode Sarah. – Não é? Você fica aqu
fora até Cléo vir buscá-la. Não saiadaqui até ela chamar.
– S...sim, senhor – ela gaguejou
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com a voz presa na garganta. – Está vendo?
Ele se levantou, fez Cléo dameia-volta e a empurrou de novopara o quarto. Depois fechou bem a
porta.Sarah ouviu Merrick falando eCléo dando uma risadinha. Depoi
ouviu também outros ruídos e ficocom medo. Queria fugir correndodos sons que os dois faziam, ma
se lembrou do que Merrick tinhadito que faria com ela se saíssedali. Apavorada, cobriu a cabeça
com o cobertor sujo e tapou o
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ouvidos com as mãos.O silêncio ficou pesado. Sara
espiou o corredor escuro. Sentiolhos que a observavam. E se aratazana voltasse? Seu coração
parecia um tambor, o corpo inteirotremia com as batidas fortes. Elaouviu um arranhar suave no chão e
encolheu as pernas junto ao corpoolhando para a escuridãoaterrorizada com o que a
espreitava. A porta do quarto se abriu e
Sarah pulou de susto. Merrick saiu
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Ela se afastou, com a esperança deque ele não a notasse. E não noto
mesmo. Tinha esquecido que elaexistia. Nem olhou para ela quandopassou pelo corredor e desceu a
escada. Cléo ia buscá-la agora, iatirá-la daquele corredor escuro.Minutos se passaram, depoi
uma hora... e mais outra.Cléo não foi procurá-la
Encolhida embaixo do cobertor e
toda encostada na parede, Saraesperou, como tinha esperado pomamãe no dia em que Ale
aparecera.
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Cléo acordou com dor de cabeçacom a luz do sol no rosto. Tinhabebido cerveja demais na véspera e
sentia a língua inchada. Esticou obraço, mas Merrick não estava maiá. Ele era assim mesmo. Ela não ia
se preocupar com aquilo agoraDepois da noite anterior, como éque ele podia negar que a amava
Ela precisava tomar um caféLevantou-se, lavou o rosto e vestiuse. Abriu a porta do quarto e então
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viu a menina encolhida no corredofrio, com olheiras escuras em volta
dos olhos azuis. – Oh! – Cléo exclamou baixinho.Tinha se esquecido de se
encargo, então foi atacada pelomedo e pela sensação de culpa. se Mae descobrisse que tinha
deixado a filha dela passar umanoite inteira num corredor escuro efrio? Pegou Sarah no colo e a levou
para o quarto. Suas mãozinhaestavam geladas e ela estava muitopálida.
– Não conte para sua mãe –
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disse Cléo com voz de choro. – Seela me demitir, será culpa sua.
A criava ficou com raiva de estanuma situação tão delicadadependendo do silêncio de uma
criança. – Por que não veio para a cama
ontem à noite, como devia te
feito? Merrick disse para você voltapara o quarto quando ele saísse.
– Não disse não. Ele disse par
eu não me mexer até você vir mebuscar – Sarah sussurrou arrasadachorando por causa da raiva de
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Cléo. – Não minta! Ouvi quando ele
falou! Ele não disse nada disso!Sarah chorou mais aindaconfusa e amedrontada.
– Sinto muito, Cléo. DesculpaDesculpa – seus olhos estavamarregalados e vermelhos. – Po
favor, não conte para Merrick. Nãodeixe que ele me jogue dopenhasco nem que me dê de
comida para os caranguejos, comoele disse que faria.
– Pare com isso! Pare de chora
– disse Cléo, mais calma. – Chora
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não vai resolver nada. Já resolvealguma coisa para sua mãe?
Cheia de remorso, ela puxoSarah e a abraçou.
– Não vamos contar nada par
ninguém. Será o nosso segredo.Merrick não voltou para o Fou
Winds e Cléo se embebedou aquela
noite. Botou Sarah na cama maicedo e desceu de novo para o baresperando que ele aparecesse mai
tarde. Mas não apareceu. Ela ficomais um pouco, rindo com outrohomens e fingindo que não se
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mportava. Então levou uma garrafde rum para o quarto. Sarah estava
sentada na cama, bem acordadade olhos arregalados.Cléo queria falar. Queria
desabafar e reclamar de MerrickEla o odiava por partir seu coraçãomais uma vez. Tinha deixado que
ele fizesse isso muitas vezes antesQuando é que ia aprender a dizenão para ele? Por que tinha voltado
para lá? Já devia saber o que iaacontecer, aliás, o que sempreacontecia.
– Vou contar a verdade de Deu
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para você, menininha. Preste muitaatenção.
Ela bebeu um grande gole derum, engoliu as lágrimas e osofrimento e liberou toda a
amargura e a raiva. – Tudo o que os homens querem
é usá-la. Quando você lhes dá se
coração, eles o fazem em pedaços.Cléo bebeu mais e ficou com a
voz pastosa.
– Nenhum deles se importa comvocê. Olhe só seu belo pai. Ele semporta com a sua mãe? Não.
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Sarah se enfiou embaixo dacobertas muito aflita e tapou o
ouvidos. Então a princesinha nãoqueria ouvir a terrível verdade? Oraque pena. Furiosa, Cléo puxou o
cobertor de cima da meninaQuando Sarah se arrastou paraonge, agarrou-a pelas pernas e a
puxou para perto de novo. – Sente aí e escute o que esto
falando!
Cléo botou a menina sentada e asacudiu. Sarah fechou os olhos comforça e virou o rosto.
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– Olhe para mim! – a criadagritou, furiosa, e só ficou satisfeita
quando ela obedeceu.Sarah olhou para ela com oolhos esbugalhados e apavorados
Ela tremia violentamente. Cléoparou de apertá-la.
– Sua mãe disse para eu toma
conta de você – falou. – Ora, evou cuidar de você. Vou lhe contaa verdade de Deus. É para ouvir e
aprender.Cléo a soltou e Sarah fico
sentada, completamente imóvel.
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Olhando para a menina comexpressão furiosa, Cléo cai
sentada numa cadeira perto daanela e bebeu mais um gole derum. Apontou o dedo e tento
firmar a mão. – Seu lindo papai não se importa
com ninguém, menos ainda com
você. E em relação à sua mãe, elesó se importa com o que ela estádisposta a dar para ele. E ela dá
tudo. Ele aparece quando bementende, usa sua mãe, depois semanda para sua bela casa na
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cidade, com sua esposaaristocrática e seus filhos bem
criados. E a sua mãe? Ela vive àespera do momento seguinte emque estará com ele.
Cléo viu Sarah chegar para tráaos poucos, até ficar grudada naparede descascada. Como se isso
pudesse protegê-la. Nada protegiauma mulher dos fatos nus e crusCléo deu uma risada triste e
balançou a cabeça. – Ela é tão doce, tão tola e tão
estúpida... Espera por ele e beija o
chão que ele pisa quando volta
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Sabe por que ele desapareceu potanto tempo? Por sua causa. Ele
não suporta a visão da própria filhaSua mãe chora e implora, e quebem isso fez a ela? Mais cedo o
mais tarde ele vai se cansar dela eogá-la no lixo. E você vai junto. É única coisa com que você pode
contar. Agora Sarah estava chorando e
passando a mão no rosto molhado
de lágrimas. – Ninguém liga para ninguém
neste mundo – disse Cléo, cada ve
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mais triste e mais lerda. – Todosusamos uns aos outros, de um jeito
ou de outro. Para nos sentir bemPara nos sentir mal. Para não sentinada. Os que têm sorte são muito
bons nisso. Como Merrick. Comoseu rico papai. O resto de nós sópega o que puder.
Cléo não conseguia raciocinadireito. Queria continuar falandomas as pálpebras estavam tão
pesadas que mal podia mantê-laabertas. Afundou mais na cadeira eapoiou o queixo no peito.
Só precisava descansar um
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minuto. Só isso. Depois tudo iamelhorar...
Sarah viu Cléo continua
resmungando, afundando cada vemais na cadeira, até adormecerFazia barulho dormindo e a baba
escorria pelo canto da boca aberta. A menina ficou lá, sentada n
cama desarrumada, tremendo e
pensando se Cléo tinha razão. Mano fundo alguma coisa dizia quesim, que ela estava certa. Se o pa
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se importasse com ela, ia quereque ela tivesse morrido? Se mamãe
se importasse, teria mandado Sarapara longe? A verdade de Deus. O que era a
verdade de Deus?Elas partiram na manhãseguinte. Sarah não viu o mar nem
uma vez, nem de longe.
Quando chegaram em casamamãe fingiu que estava tudo bemmas Sarah sabia que havia alguma
coisa muito errada. Havia caixa
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pela casa e Mae estava arrumandosuas coisas.
– Vamos visitar sua avó e seuavô – ela disse, animada, mas comos olhos vidrados e mortos. – Ele
não a conhecem.Disse para Cléo que sentia muito
ter de mandá-la embora, mas ela
compreendeu. Finalmente, a criadaresolvera se casar com Bob, oaçougueiro. Mamãe desejou que
fosse muito feliz, e assim Cléo foembora.
Sarah acordou no meio da noite
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Mamãe não estava na cama, madava para ouvi-la. A menina segui
o som da voz entrecortada da mãee foi para a sala de estar. A janelaestava aberta e ela espiou lá fora
O que mamãe fazia lá, no meio danoite?O luar iluminava os canteiros de
flores e Sarah viu a mãe ajoelhadacom sua fina camisola brancaEstava arrancando todas as flores
Um punhado depois do outroarrancava as plantas do chão e aogava em todas as direções
chorando e falando sozinha. Pegou
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uma faca e ficou de pé. Caiu denovo de joelhos, ao lado de sua
queridas roseiras. Foi cortando umaa uma pela raiz. Cortou todas.
Então, inclinou-se para frente e
soluçou, balançou o corpo parafrente e para trás, para frente epara trás, ainda segurando a faca.
Sarah desmoronou no chão e seescondeu num canto escuro dasala, cobrindo a cabeça com a
mãos.
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Passaram o dia seguinte inteiroviajando numa carruagem e
dormiram aquela noite numaestalagem. Mamãe falou pouco eSarah ficou agarrada com sua
boneca. Havia só uma cama noquarto, e a menina dormisatisfeita nos braços da mãe
Quando acordou de manhã, mamãeestava sentada perto da janelarezando, com o rosário nas mãos
Sarah ficou ouvindo sem entenderporque sua mãe repetia inúmeravezes a mesma frase.
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– Perdoe-me, Jesus, porquepequei. Mea culpa, mea culpa...
Passaram mais um dia em outracarruagem e chegaram a umacidade. Mamãe estava tensa e
pálida. Fez Sarah descer e ajeitou ochapéu. Pegou a mão da filha epercorreram um longo caminho até
chegarem a uma rua cercada deárvores. Mamãe parou diante doportão de uma cerca branca.
– Senhor, por favor, faça comque eles me perdoem – sussurrou– Por favor, Senhor.
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Sarah examinou a casa diantedela. Não era muito maior do que a
outra em que viviam, mas tinhauma bela varanda e vasos de floreno parapeito das janelas. Havia
cortinas rendadas em todas aanelas também. Ela gostou muito.
Quando chegaram à porta
mamãe respirou fundo e bateuUma mulher a atendeu. Erapequena, grisalha e usava um
vestido florido com um aventabranco por cima. Olhou fixo paramamãe e seus olhos se encheram
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de lágrimas. – Oh! – disse. – Oh, oh...
– Voltei para casa, mãe – dissemamãe. – Por favor, deixe-mevoltar para casa.
– Não é tão fácil assim. Sabeque não é fácil. – Não tenho mais para onde ir.
A senhora olhou para Sarah. – Nem preciso perguntar se é
sua filha – disse, com um sorriso
triste. – É muito linda. – Por favor, mamãe. A senhora abriu a porta e fez a
duas entrarem. Levou-as até um
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quarto pequeno, cheio de livros. – Espere aqui que vou falar com
seu pai – ela disse e foi embora.Mamãe ficou andando de um
ado para o outro, esfregando a
mãos. Parou uma vez e fechou oolhos, movendo os lábios. Asenhora voltou com o rosto branco
e enrugado, molhado de lágrimas. – Não – ela disse.Uma palavra só. Apenas isso
Não.Mamãe deu um passo em
direção à porta e a senhora a fe
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parar. – Ele só dirá coisas que vão feri
a ainda mais. – Ferir? Como posso ser maiferida, mamãe?
– Mae, por favor, não... – Eu imploro. Fico de joelhosDigo que ele tinha razão, que
estava certo. – Não vai adiantar. Ele disse que
para ele a filha está morta.
Mae passou rapidamente poela.
– Eu não estou morta!
A senhora gesticulou para Sara
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ficar no quarto. Correu atrás demamãe e fechou a porta. Sara
esperou, ouvindo vozes distantes.Mamãe voltou logo depois. Tinha
o rosto muito abatido, mas não
chorava mais. – Venha, querida – disse, com
voz monótona. – Vamos embora.
– Mae – disse a senhora. – OhMae... – e botou alguma coisa namão da filha. – É tudo que tenho.
Mamãe não disse nada. Ouviu-sea voz de um homem em outrocômodo, uma voz furiosa e
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autoritária. – Tenho de ir – disse a senhora.
Mamãe fez que sim com acabeça e deu as costas para ela.Quando as duas chegaram ao
fim da rua arborizada, Mae abriu amão e examinou o dinheiro que suamãe tinha posto ali. Riu baixo, um
riso de desespero. Depois pegou amão de Sarah e seguiu andando, aágrimas escorrendo pelo rosto.
Mamãe vendeu o anel de rubi e
o colar de pérolas. Sarah e ela
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moraram numa estalagem até odinheiro acabar. Depois vendeu a
caixinha de música e viveram comcerto conforto por um tempo, numapensão barata. Por fim, pediu para
Sarah devolver o cisne de cristaCom o dinheiro que obteve com elemoraram muito tempo num hote
decadente. Depois mamãeencontrou um barraco perto dadocas de Nova York e as duas se
nstalaram lá definitivamente.Sarah finalmente viu o mar
inha lixo boiando nele, ma
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mesmo assim ela gostou muito. Às vezes descia e se sentava no
cais. Gostava do cheiro de sal e donavios chegando carregadosGostava do barulho das ondas do
mar batendo nos pilares embaixodela e das gaivotas no céu.No porto havia homens rudes e
marinheiros que chegavam detodas as partes do mundo. Algunam até a casa delas e mamãe
pedia para Sarah esperar lá fora atéeles saírem. Nunca ficavam muitotempo. Às vezes apertavam a
bochecha dela e diziam que iam
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voltar quando ela crescesse umpouco. Outros diziam que ela era
mais bonita do que mamãe, maSarah sabia que não era verdade.
Não gostava deles. Mamãe ria
quando chegavam e agia como seestivesse contente em vê-los. Masquando iam embora, chorava e
bebia uísque até adormecer nacama desarrumada perto da janela
Aos 7 anos de idade, Sara
ficava pensando se Cléo não tinharazão, em parte, sobre a verdadede Deus.
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Então tio Rab foi morar com elae as coisas melhoraram. As visita
dos homens rarearam, mas eleainda apareciam quando tio Ranão tinha mais moedas tilintando
nos bolsos. Ele era grande e semgraça, e mamãe o tratava comafeto. Dormiam juntos na cama
embaixo da janela, e Sarah ficavano colchão no chão.
– Ele não é muito inteligente –
mamãe dizia –, mas tem bomcoração e procura nos manter. Sãotempos difíceis, querida, e não é
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sempre que ele consegue. Entãomamãe precisa ajudar.
Às vezes ele só queria ficasentado do lado de fora, seembebedar e cantar canções sobre
mulheres.Quando chovia, ia para aestalagem naquela rua mesmo
para encontrar os amigos. Mamãebebia e dormia. Para passar otempo, Sarah juntava e lavava
atas, até brilharem como prataEntão, as colocava embaixo dagoteiras e ficava sentada no
barraco silencioso, sob o tamborila
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da chuva, ouvindo a música que agotas faziam nas latas.
Cléo também tinha razão sobreo choro. Chorar não resolvia nadaMamãe chorava e chorava, tanto
que Sarah tinha vontade de tampaos ouvidos e nunca mais ouvi-laodo aquele choro de mamãe
amais mudou qualquer coisa.Quando as outras criança
zombavam de Sarah e chamavam
sua mãe de nomes, ela só olhavapara elas, sem dizer nada. O quediziam era verdade, sem dúvida.
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quando ela sentia a ameaça daágrimas, que cresciam dentro dela
exercendo uma pressão tão grandee quente que parecia queimá-la podentro, a menina engolia, cada ve
mais fundo, até criar uma pedrinhadura no peito. Aprendeu a encaraseus torturadores e a sorrir com
frieza, arrogância e desprezoAprendeu a fingir que nada do qudissessem ia afetá-la. E às vezes se
convencia mesmo de que nada aafetava.
No inverno em que Sara
completou 8 anos, mamãe fico
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doente. Não quis um médico. Disseque só precisava descansar. Mas fo
piorando, a respiração foi ficandocada vez mais difícil.
– Cuide de minha menininha
Rab – ela disse.E sorriu como não sorria há
muito tempo.
Ela morreu de manhã, com aprimeira luz do sol de primavera norosto e o rosário de contas na
mãos brancas e mortas. Rab choroconvulsivamente, mas Sarah nãotinha lágrimas para chorar. O peso
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dentro dela parecia grande demaipara suportar. Assim que Rab saiu
se deitou ao lado da mãe e aabraçou.Estava muito fria e rígida. Sara
queria aquecê-la. Seus olhopareciam arranhados e quentes. Elaos fechou e ficou sussurrando
repetindo sem parar: – Acorde, mamãe, acorde. Po
favor, acorde.
Mamãe não acordou e entãoSarah não conteve as lágrimas.
– Quero ir com você. Leve-me
também. Meu Deus, por favor
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quando viu o que tinham feito. Raa soltou, ela caiu sentada no chão e
não se mexeu mais.Os homens conversavam comose ela não estivesse mais al
alvez não estivesse mais mesmoalvez ela fosse diferente, comomamãe tinha dito um dia.
– Aposto que Mae foi muitobonita – disse um que costurava amortalha sobre o rosto de mamãe.
– Está melhor morta – disse Rabchorando de novo. – Pelo menoagora não está infeliz. Está livre.
Livre, pensou Sarah. Livre de
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mim. Se eu não tivesse nascidomamãe poderia viver numa bela
casa no campo, com flores emvolta. Mamãe seria feliz. Mamãeestaria viva.
– Espere um minuto – disseoutro, tirando o rosário da mão demamãe e jogando-o no colo de
Sarah. – Aposto que ela ia quereque você ficasse com isso, querida.
O homem acabou de costurar e
Sarah ficou passando as contas doterço entre os dedos frios, com oolhar vazio.
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Eles foram embora e levarammamãe. Sarah ficou muito tempo
ali, sentada, sozinha, imaginandose Rab cumpriria a promessa decuidar dela. Quando anoiteceu e ele
não voltou, ela desceu para o cais eogou o rosário num monte de lixoflutuante.
– De que adianta isso? – gritopara o céu.
Não veio nenhuma resposta.
Lembrou-se de uma vez em quemamãe fora para a igreja grande econversara com o homem de preto
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Ele ficara falando um longo tempomamãe escutando de cabeça baixa
as lágrimas escorrendo pelo rostoMamãe nunca mais voltara lá, maàs vezes passava as contas pelo
dedos finos enquanto a chuva batiana janela. – Para que serve isso? – berrou
Sarah. – Diga para mim!Um marinheiro que passava
olhou espantado para a menina.
Rab ficou dois dias sem aparecee, quando voltou, estava tãobêbado que nem se lembrava de
Sarah. Ela se sentou de perna
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cruzadas, de costas para o fogo, eficou olhando para ele. Estava
arrasado, lágrimas rolavam-lhe pelorosto barbado. Bebia muito nogargalo da garrafa, já pela metade
Depois de um tempo, desmoronoe roncou, com o resto do uísque seespalhando nas fendas do assoalho
Sarah o cobriu com o cobertor e sesentou ao lado dele.
– Está tudo bem, Rab. Cuidare
de você agora.Não sabia fazer como mamãe
fazia, mas ia descobrir um jeito.
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A chuva tamborilava na janelaSarah espalhou suas latas e
bloqueou a mente para tudomenos para o som das gotas caindonelas, fazendo música no cômodo
frio e vazio.Estava contente, disse a s
mesma, muito contente. Ninguém
mais ia bater àquela portaNinguém mais ia incomodá-los.
Pela manhã, Rab se sentiu
culpado. E chorou outra vez. – Tenho de cumprir a promessa
que fiz a Mae, senão ela não va
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descansar em paz. Apoiou a cabeça nas mãos e
olhou para Sarah de lado, com oolhos tristes e injetados de sangue – O que vou fazer com você
menina? Preciso de um drinque.Procurou nos armários, mas nãoencontrou nada além de feijão em
ata. Abriu e comeu metade. Deixoa outra metade para ela.
– Vou sair um pouco e pensa
nisso. Tenho de falar com algunsamigos. Talvez eles possam ajudar
Sarah se deitou na cama e
apertou o travesseiro da mãe
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contra o rosto. Seu perfume era umalento para ela. Esperou Rab voltar
As horas se passaram e elacomeçou a sentir um tremor podentro.
Fazia frio e nevava. Ela acendeuo fogo e comeu o feijão. Tremendopuxou o cobertor da cama e se
enrolou nele. Sentou o mais pertoque pôde da lareira.
O sol estava se pondo e o
silêncio era como a morte. Tudoficou mais lento dentro dela, eachou que, se fechasse os olhos e
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relaxasse, poderia parar de respirae morrer. Procurou se concentra
nisso, mas então ouviu a voz de umhomem, muito animado. Era Rab. – Você vai gostar, juro que vai
Ela é uma boa menina. Parecidacom a Mae. Bonita. Muito bonita. nteligente.
Sarah ficou aliviada quando eleabriu a porta. Não estava bêbadosó meio zonzo, com os olho
brilhantes e alegres. Sorria pelaprimeira vez em semanas.
– Tudo vai se arranjar agora
menina – ele disse, entrando no
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barraco com outro homem.O desconhecido tinha o corpo
gual ao dos estivadores do cais eum olhar duro. Olhou para Sarahque se encolheu.
– Fique de pé – disse Rabajudando-a a se levantar. – Estecavalheiro veio conhecê-la. Ele
trabalha para um homem que queadotar uma menina.
Sarah não sabia do que Ra
estava falando, só sabia que nãotinha gostado do homem queestava com ele. O homem se
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aproximou, Sarah tentou seproteger atrás de Rab, mas ele a
deteve diante dele. O desconhecidosegurou seu queixo, levantou serosto, virou-o para um lado e para o
outro para examiná-la. Depoipegou uma mecha do cabelo lourode Sarah e a esfregou entre o
dedos. – Bom – ele disse e sorriu. –
Muito bom. Ele vai gostar desta.
O coração de Sarah batiadescompassado. Ela olhou paraRab, mas ele não tinha percebido
nada de errado.
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– É parecida com a mãe – disseRab, com a voz entrecortada.
– Está magra e suja. – Somos pobres – Ra
choramingou.
O homem pegou um maço denotas do bolso, separou duas e depara Rab.
– Lave-a e compre roupadecentes para ela. Depois a leveneste endereço.
Deu-lhe o endereço e foembora.
Rab gritou de alegria.
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– As coisas estão melhorandopara você, menina – disse, com um
sorriso largo. – Não prometi parasua mãe que cuidaria de você?Rab pegou a menina pela mão e
foi andando apressado em direçãoa um outro barraco a algunquarteirões dali. Uma mulher de
roupão fino abriu a porta quandoele bateu. O cabelo castanhoencaracolado lhe caía sobre o
ombros muito brancos, e ela tinhaolheiras profundas sob os olhocastanhos.
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– Preciso de sua ajuda, Stella.Depois que ele explicou tudo, a
mulher franziu a testa e mordeu oábio inferior. – Tem certeza disso, Rab? Você
não estava bêbado, estava? Nãoparece boa coisa. Ele não denenhum nome nem nada?
– Não perguntei, mas sei parquem ele trabalha. Radley medisse. O cavalheiro que quer adotá
a é rico como Midas e tem umcargo no primeiro escalão dogoverno.
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– Então por que ele vemprocurar uma filha aqui nas docas?
– Isso não importa, não é? É amelhor chance que ela tem, e eprometi para Mae.
A voz de Rab tremeu de choro.Stella olhou para ele com
tristeza.
– Não chore, Rab. Vou arrumar amenina bem bonitinha. Vá bebealguma coisa e volte aqui mai
tarde. Ela estará pronta para você.Ele foi e Stella procurou no
armário até encontrar uma peça
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macia e cor-de-rosa. – Volto já – ela disse, e levou
um balde para pegar água.Quando voltou, aqueceu umpouco de água numa panela.
– Agora, lave-se bem. Nenhumhomem quer uma menina suja.Sarah fez o que ela pediu, mas o
medo só aumentava dentro de si.Stella lavou o cabelo da menina
com o resto da água.
– Você tem o cabelo mais bonitoque já vi. É como um raio de sol. tem lindos olhos azuis também.
A mulher enfeitou a blusa cor
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de-rosa e trançou o cabelo de Saracom fitas azuis. A menina se
embrou de que mamãe fazia amesma coisa quando moravam nacasa de campo. Ou será que tinha
sonhado com aquilo? Stella pintode cor-de-rosa as maçãs do rosto eos lábios gelados de Sarah e o
esfregou suavemente com o dedo. – Você está branca demais. Não
tenha medo, querida. Quem faria
mal a um anjinho tão lindo comovocê?
Rab voltou no dia seguinte
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bêbado e sem moedas tilintando nbolso. Tinha os olhos esbugalhados
vazios, cheios de sofrimento econfusão. – Oi, menina. Acho que chegou a
hora, não é?Sarah o abraçou com força. – Não me mande para longe
Rab. Deixe-me ficar com você. Vocêserá meu pai.
– Ah, é? E o que vou fazer com
uma menina, me diga?Ele a afastou e olhou para ela
com um sorriso triste.
– Já tenho problemas demais.
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– Não terá de fazer nada. Eu seme cuidar sozinha. E posso cuida
de você também. – Como vai fazer isso? Não tem
dade para fazer qualquer coisa que
valha dinheiro. Vai furtar, como eu?Não. Trate de ir morar com o ricaçoe tenha uma vida boa. Agora
vamos.Eles andaram muito. Já estava
escurecendo. Sarah ficou com medo
do escuro e agarrou a mão de Racom força. Passaram por salõecheios de música, gritos e cantoria
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Desceram ruas cercadas de casascasas grandes e modernas, do tipo
que Sarah nunca tinha visto antesAs janelas acesas pareciam grandeolhos brilhantes que seguiam todo
os seus movimentos. Aquele luganão era para ela, eles sabiam dissoe por isso a queriam longe dal
Quando Rab pedia informação paraoutros homens, mostrando-lhes opedaço de papel amassado, ela
tremia e grudava nele. As pernas de Sarah doíam e o
estômago roncava de fome. Ra
parou e examinou a casa entre
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outras semelhantes. – Olha só que lugar maravilhoso
– disse ele, deslumbrado.Nenhuma flor. Pedra. Fria
Escura. A garota estava exausta
demais para se importar e sentouse no primeiro degrau, muitoabalada, desejando estar de volta
ao barraco perto do cais, com ocheiro de maresia vindo na maréalta.
– Venha, menina. Mais doipassos e estará em casa – disseRab, ajudando-a a se levantar.
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Ela olhou assustada para agrande cabeça de leão na porta
Rab pegou a argola que estavaencaixada nas presas expostas ebateu à porta.
– Chique – ele disse.Um homem de terno escuro
abriu e o olhou de cima a baixo
com desprezo. Rab imediatamenteentregou-lhe o papel. O homem oexaminou e então abriu a porta
para os dois entrarem. – Por aqui – disse friamente.Lá dentro estava quente e tinha
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um perfume doce. Uma sala grandese abriu diante de Sarah, com um
glorioso tapete florido no assoalhode madeira brilhante. No tetofaiscavam luzes, como se fossem
oias. Ela nunca tinha visto nadatão lindo. O céu deve ser parecidocom isso, pensou, encantada.
Uma mulher ruiva de olhoescuros e boca carnuda e vermelhaapareceu para recebê-los. Usava
um belo vestido preto com contacintilando nos ombros e nos seiofartos. Ela olhou para Sarah e
franziu um pouco a testa. Virou-se
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rapidamente para Rab e voltou aolhar para Sarah, dessa vez com
mais suavidade. Abaixou-se eestendeu a mão.
– Meu nome é Sally. E o seu
qual é, meu bem?Sarah não disse nada e se
escondeu atrás de Rab.
– Ela é tímida – ele disse, emtom de desculpa. – Não ligue parasso.
Sally se levantou e olhou paraele, muito séria.
– Tem certeza de que sabe o
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que está fazendo, senhor? – Claro que sei. Esta casa é
maravilhosa, madame. Nadaparecido com o buraco ondevivemos.
– Suba a escada à direita – disseSally secamente. – Primeira porta àesquerda. Espere lá.
Ela estendeu o braço antes deRab dar dois passos e o fez parar.
– A menos que seja inteligente e
siga meu conselho. Vá emboraagora. Leve-a para casa.
– Por que eu faria isso?
– Não vai vê-la nunca mai
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depois desta noite.Ele deu de ombros.
– Ela não é minha mesmo. Eleestá em casa? O patrão, querodizer.
– Estará em breve e trate deficar de boca fechada, se tiver juízonessa cabeça.
Rab foi para a escada. Saraqueria correr para a porta, mas elehe segurava a mão com firmeza
Ela olhou para trás e viu que amulher de preto a observava. Comcara de pena.
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Tudo no quarto do segundoandar era grande. A cômoda de
mogno, a lareira de tijolovermelhos, a escrivaninha de tecaa cama de bronze. Havia uma pia
de mármore branco num cantocom um pendurador de toalha debronze tão bem polido que parecia
ouro de verdade. Todas asuminárias tinham cúpulas depedras preciosas, e as cortinas da
anelas eram vermelho sangueEstavam completamente fechadasde modo que lá de fora não se via
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ali dentro e ali de dentro não se viaá fora.
– Sente-se ali e descansemenina – disse Rab, dando-lhe umtapinha nas costas e apontando
para uma poltrona exatamentegual à que mamãe usava na casade campo. O coração de Sara
disparou de repente. Será que era amesma poltrona?
E se seu pai estivesse
arrependido? E se ele estivesseprocurando mamãe e ela essetempo todo, se tivesse descoberto
onde ela estava e o que tinha
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acontecido? E se estivessearrependido de todas as coisa
horríveis que dissera e a quisesseafinal? Seu coração batia cada vemais rápido, enquanto esperanças e
sonhos feitos de desespero e medohe povoavam a mente.
Rab foi até uma mesa perto da
anela. – Olha só para isso.E passou os dedos acariciando
um conjunto de garrafas de cristairou a tampa de uma e cheirou o
íquido âmbar lá dentro.
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– Minha nossa...Deu um suspiro, encostou o
gargalo da garrafa nos lábios evirou. Bebeu metade do que haviae secou a boca na manga da
camisa. – O mais perto que já estive do
paraíso.
Tirou a tampa de outra ederramou um pouco dentro daprimeira que tinha bebido
Levantou as duas para ver seestavam iguais de novo, botou nougar com muito cuidado e tampo
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Sarah levantou a cabeçasurpresa. Olhou bem para ele e
ficou com o coração apertado. Nãoera seu pai. Era um desconhecidoalto e moreno. Seus olho
faiscavam, e Sarah achou quenunca tinha visto um rosto tão frioe tão belo ao mesmo tempo. Estava
todo de preto, com um chapébrilhante.
Rab enfiou a tampa na garrafa
de cristal e a botou de volta nabandeja de prata.
– Não provo coisa tão boa assim
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há muito tempo – disse.Sarah notou que ele
empalideceu sob o estranho olhadaquele homem, depois pigarreou emudou de posição. Parecia nervoso
O homem tirou o chapéu e ocolocou em cima da escrivaninhaDepois tirou as luvas e as deixo
cair dentro do chapéu.Sarah estava tão fascinada com
ele que no início nem notou que
havia outro homem parado logoatrás. Piscou, surpresa. Era omesmo homem que tinha ido até a
docas para vê-la. Ela afundou na
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poltrona o mais que pôde. Osegundo homem observava Rab, e
seus olhos faziam Sarah se lembrados ratos no beco atrás do barracoOlhou para o belo cavalheiro e
notou que ele olhava para ela comum leve sorriso. Mas por algummotivo aquele sorriso não servi
para acalmá-la. Ela estremeceu podentro. Por que ele a olhavadaquele jeito, como se estivesse
faminto e ela fosse uma coisa queele quisesse comer?
– Qual é o nome dela? –
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perguntou, fitando-ancessantemente.
Rab abriu a boca para respondee ficou confuso. – Não sei.
E deu uma risada atônita e semgraça, obviamente bêbado. – Como a mãe dela a chamava
– perguntou o homem, secamente. – Querida... Mas pode chamá-la
como quiser.
O homem riu sem humonenhum e ignorou Rab com umaexpressão de desprezo. Examino
Sarah meticulosamente. Ela estava
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tão assustada, com tanto medoque não conseguiu se mexe
quando ele se aproximou. Ele sorride novo quando parou, com umbrilho estranho no olhar. Tirou um
maço de notas do bolso da calça esoltou um clipe de ouro. Contoalgumas e as deu para Rab, sem
nem olhar para ele.Rab pegou as notas, aflito, e
contou-as de novo antes de guardá
as no bolso. – Obrigado, senhor. Puxa vida
quando o velho Radley me disse
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que o senhor estava procurandouma filha, nem acreditei na sorte
da menina. Ela não teve grandecoisa na vida, isso eu sei.E continuou falando sem parar
mencionou o nome do cavalheiroduas vezes, bêbado demais, burrodemais para notar a mudança na
expressão do homem.Mas Sarah notou.Ele estava furioso, e mais que
sso. Parecia que... Sarahestremeceu de novo. Não tinhacerteza do que parecia, mas não
era nada bom. Ela olhou para Rab e
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sentiu o pânico aumentando dentrode si outra vez. Ele não parava de
falar, bajulando o homem paradona frente dela, sem notar um sinasutil que o cavalheiro passou para o
homem atrás de Rab. Um grito seformou na garganta de Sarah, manão saiu. Não podia. Sua voz estava
congelada de terror, como o restodo corpo. Viu, horrorizada, Racontinuar falando. Só parou quando
a corda preta foi enrolada em sepescoço. Os olhos saltaram daórbitas. Ele engasgou e enfiou a
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unhas sujas no pescoço até tirasangue.
Sarah pulou da poltrona e correpara a porta. Girava e puxava amaçaneta, tentando escapar, mas a
porta não abria. Ouviu Rab sufocarespernear e arrastar os pés no chãoenquanto lutava. Sarah socou a
porta e gritou.Uma mão dura cobriu-lhe a boca
e a puxou para longe da porta. Ela
chutou, mordeu, lutou, mas nãoconseguiu absolutamente nada. Ocorpo do homem era de pedra. Ele
agarrou seus braços, imobilizou-o
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com uma mão só, com forçaenquanto, com a outra, continuava
tampando-lhe a boca.Rab não fazia mais barulho.
– Leve-o daqui – disse o homem
que a segurava.Sarah viu, de relance, Rab no
chão com a corda preta ainda
enrolada no pescoço e o rostogrotescamente retorcido. O homemque tinha ido ao barraco soltou a
corda e a guardou no bolso. ErgueRab e o jogou por cima do ombro.
– Todos vão pensar que está
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bêbado. – Antes de jogá-lo no rio
verifique seus bolsos e traga devolta o que roubou de mim – dissea voz fria em cima dela.
– Sim, senhor.Sarah ouviu a porta abrir efechar.
Quando o homem a largou, elacorreu para o canto mais distantedo quarto e se encolheu. Ele fico
parado um longo tempo no meio docômodo, olhando para ela. Entãofoi até o aparador de mármore e
derramou água na bacia de
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porcelana. Molhou e torceu umatoalha branca e foi até Sarah. Ela
recuou o mais que pôde. Ele seabaixou e segurou-lhe o queixo.
– Você é bonita demais para
precisar de pintura – disse, ecomeçou a lavar-lhe o rosto.
Sarah estremeceu violentament
ao seu toque e olhou para o lugaonde Rab tinha caído. O homempuxou o queixo da menina em sua
direção outra vez. – Não acho que aquele palerma
bêbado era seu pai. Você não se
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parece nada com ele, e em seuolhos há inteligência.
Terminou de limpar o ruge desua boca e de seu rosto e jogou atoalha para o lado.
– Olhe para mim, pequenina.Quando ela olhou, seu coraçãobateu com tanta força que o corpo
todo estremeceu de terror.Ele a encarou, e ela não pôde
mais desviar daquele olhar.
– Se fizer exatamente o que emandar, vamos nos dar bem – elesorriu um pouco e acariciou-lhe o
rosto, com um brilho estranho no
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olhos. – Como é seu nome?Sarah não conseguiu responder.
Ele tocou o cabelo, o pescoço, obraço dela.
– Não importa. Acho que vo
chamá-la de Angel.Ele se endireitou e pegou sua
mão.
– Venha comigo, Angel, tenhoumas coisas para ensinar a você – ea pegou no colo, botando-a sentada
na cama. – Pode me chamar deDuke, quando encontrar sua língua
Ele tirou o casaco de seda preta
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– Que vai encontrar logo, logo.Sorriu de novo, enquanto tirava
a gravata e desabotoavaentamente a camisa.E, na manhã seguinte, Sara
sabia que Cléo tinha lhe contado averdade de Deus a respeito detudo.
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Mas a força sozinha, embora da
Musas nascidaÉ como um anjo caído: árvoredesenraizadas
Escuridão, e vermes e mortalhas e
sepulcroSe deliciam; pois ela se alimenta d
ouriço
E espinhos da vida; e esquece ogrande objetivoDa poesia, que deve ser uma amiga
Para aliviar as aflições e elevar o
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pensamentos do homem – K E A T
C A L I F Ó R N I A , 1 8 5 0
ngel empurrou a aba de lonasó o suficiente para espiar a
rua enlameada. Estremeceu com ovento gelado da tarde, quecarregava com ele o fedor do
desencanto.Pair-a-Dice ficava no filão deouro da Califórnia. Era o pior luga
que ela podia imaginar, uma favela
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de sonhos dourados construída comvelas podres de navio
abandonados, um acampamentohabitado por gente comum earistocratas, por marginalizados e
despossuídos, pelos que um diaforam bajulados e agora eramprofanos. Bares com teto de lona e
casas de jogo se alinhavam naruas decadentes, governadas peladepravação e pela ganância
descaradas, pela solidão e pelalusões de grandeza. Pair-a-Dice erao júbilo violento. Um povoado que
unia desespero total e medo e tinha
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o gosto amargo do fracasso.Com um sorriso cínico, Angel vi
numa esquina um homem pregandoa salvação e, na outra, o irmãodele, de chapéu na mão
encaminhando os desgarrados. Paratodo lado que se olhasse haviahomens desesperados, exilados de
seus lares e de suas famíliastentando escapar do purgatóriomoldado pelas próprias esperança
decadentes de um futuro.Esses mesmos tolos a
chamavam de libertina e
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procuravam consolo exatamenteonde sabiam que não encontrariam
nenhum: com ela. Tiravam a sortepara ganhar seus favores, quatroonças de ouro, pagamento
adiantado para a Duquesamadame do Palácio, o bordel deona onde ela morava. Qualquer um
que chegasse teria Angel por meiahora. A parca porcentagem que eradela era mantida a sete chaves e
vigiada por um gigante que odiavamulheres, chamado MagowanQuanto ao resto, aqueles triste
desafortunados que não podiam
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pagar para provar os talentos delaesses ficavam enterrados até o
oelhos no mar de lama chamadoMain Street, à espera de umachance de avistar “a Angel”. E ela
vivia um ano em um mês naqueleugar que só servia para trabalharQuando acabaria? Como foi que
todos os seus planos desesperadoa levaram para lá, para aqueleugar horrível, sujo, de sonho
desfeitos? – Chega por ora – dizia a
Duquesa, mandando embora algun
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homens. – Eu sei que vocêestavam esperando, mas Ange
está cansada e vão querê-la inteiranão vão?Os homens reclamavam e
ameaçavam, imploravam etentavam negociar, mas a Duquesasabia quando Angel atingia se
imite suportável. – Ela precisa descansar. Voltem
à noite. A bebida é por conta da
casa. Aliviada depois que foram
embora, Angel largou a aba da
tenda e voltou a deitar na cama
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desarrumada. Olhou desolada parao teto de lona. Aquela manhã, no
desjejum, a Duquesa tinhaanunciado que o novo prédio estavaquase terminado e que as menina
poderiam se mudar para lá no diaseguinte. Angel estava louca parater quatro paredes em volta de s
novamente. Pelo menos assim ovento gelado da noite não soprariasobre ela, entrando por rasgões na
ona de vela já podre. Nem pensaraem quanto significavam para elaquatro paredes quando pagara a
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passagem do barco que a levariapara a Califórnia. Na época, só
pensava em escapar. Tudo o quevira era uma chance de recuperar aiberdade. Mas a miragem logo se
dissolveu quando chegou àplataforma de embarque e soubeque era uma das três mulheres a
bordo de uma embarcação comcento e vinte rapazes vigorosostodos pensando apenas em
aventura. As duas prostitutacalejadas começaram a trabalhaogo no início, mas Angel procuro
ficar em sua cabine. Depois de
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quinze dias viu claramente que suaescolha era simples. Ou voltava a
se prostituir, ou então seriaestuprada. Que importância tinhaaquilo, afinal? O que mais ela sabia
fazer? Podia muito bem encher obolsos de ouro como as outrasalvez assim, mas só talvez, com
bastante dinheiro, pudesse comprasua liberdade.
Sobreviveu ao mar bravio, ao
ensopado de bacalhau domarinheiros, que tinha gosto muitoruim, à falta de espaço nas cabines
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à falta de dignidade e decênciacom a esperança de juntar dinheiro
suficiente antes de chegar às praiada Califórnia para começar umanova vida. E então, em meio ao
entusiasmo da atracaçãodesfecharam o golpe final. As outras duas prostitutas a
atacaram dentro da cabine. Quandorecuperou a consciência, elas jáestavam em terra firme, com todo o
seu dinheiro e com tudo o quetinha. Só lhe sobrou a roupa docorpo. E pior, não ficou um só
marinheiro a bordo para levá-la a
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terra num dos barcos a remo.Espancada e apática de tão
confusa, ficou dois dias sentadaencolhida, na proa do barco, atéchegarem os salteadores. Quando
terminaram de se apoderar do quequeriam do navio deserto e delaevaram-na para o cais. Chovia
muito e, enquanto discutiam edividiam o saque, ela simplesmentesaiu andando.
Ficou vagando alguns diasescondendo o rosto e o cabelo soum cobertor sujo que um do
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homens tinha lhe dado. Estava comfome e frio. E resignada. A
iberdade era um sonho.Marcou ponto na PraçaPortsmouth até que a Duquesa
uma mulher de idade bemavançada, mas dona de uma mentesagaz para os negócios, a
encontrou e a convenceu a ir comela para a terra do ouro.
– Tenho mais quatro meninas
uma francesinha de Paris, umachinesa que Ah Toy me vendeu eduas meninas que parecem te
saído de um barco de batatas vazio
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que veio da Irlanda. Um pouco decomida e elas vão encher. Ah, mas
agora, você. A primeira vez que avi, pensei: Aí está uma menina quepode ficar rica com boa
administração. Uma menina com asua beleza poderia fazer fortuna lános acampamentos do ouro
Aqueles jovens mineiros pegariam oouro do riacho e lutariam uns comos outros para botá-lo na sua mão.
Tendo combinado que Angedaria oitenta por cento do queganhasse, a Duquesa promete
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cuidar para que ela ficasse a salvode qualquer dano físico.
– E vou providenciar para qutenha a melhor roupa, a melhocomida e os melhores aposento
que existirem por lá. Angel achou graça na ironiainha escapado do Duque e caíra
nas mãos da Duquesa. A maicompleta falta de sorte.
Apesar da aparente
benevolência, a Duquesa era umatirana gananciosa. Angel sabia queela recebia suborno para manipula
os leilões, e nem um grão daquele
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pó de ouro ia parar na bolsa dameninas. As gorjetas deixadas po
serviços bem prestados eramdivididas de acordo com o acertooriginal. Mai Ling, a escrava chinesa
de Ah Toy, tentou esconder o ourouma vez, e Magowan, com sesorriso cruel e suas mãos enormes
recebeu ordem de ir “ter umaconversinha com ela”.
Angel odiava a vida que levava
Odiava a Duquesa. OdiavaMagowan. Odiava a própriampotência deprimente. Acima de
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tudo odiava os homens, por suancessante busca de prazer. Ela lhes
dava o corpo, nada mais. Talveznem houvesse algo mais. Ela nãosabia. E nenhum dos homens se
mportava. A única coisa que viamera sua beleza, um véu perfeitoenrolado em volta de um coração
congelado, e ficavam fascinadosOlhavam em seus olhos de anjo ese perdiam.
Ela não se deixava enganapelas infinitas declarações de amorEles a queriam da mesma forma
que desejavam o ouro dos rios
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Cobiçavam-na. Brigavam pelachance de estar com ela. Lutavam
se engalfinhavam, faziam apostas eroubavam... Gastavam tudo o quetinham sem pensar, sem
ponderação. Pagavam para setornar escravos. Ela lhes dava o qupensavam ser o céu e os enviava
para o inferno.Nada disso fazia diferença. Ange
não tinha nada a perder. Não se
mportava. E mais forte ainda doque o ódio que se alimentava delaera a exaustão que lhe secava a
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alma. Aos 18 anos, já estavacansada de viver e resignada diante
do fato de que nada jamaimudaria. Ficava pensando por quee para que tinha nascido. Para
aquilo mesmo, devia ser. Era pegaou largar. A verdade de Deus. E aúnica maneira de largar aquilo tudo
era se matar. Mas toda vez queencarava esse fato, toda vez quetinha oportunidade, faltava
coragem.Sua única amiga era uma
prostituta velha e cansada chamada
Lucky, que estava engordando de
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tanto beber conhaque. Mas nemLucky sabia de onde Angel tinha
vindo, onde estivera antes, o quehe acontecera para ser o que eraAs outras prostitutas achavam qu
Angel era invulnerável. Todasfantasiavam sobre sua vida, manunca lhe perguntavam nada. Ange
deixara bem claro desde o inícioque seu passado era territóriosagrado e intocável. A não ser para
Lucky, a bêbada e entorpecidaLucky, de quem Angel gostava.
Lucky passava seu tempo livre
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mergulhada em álcool. – Você tem de fazer planos
Angel. Tem de ter algumaesperança neste mundo. – Esperança de quê?
– Não se vive sem isso. – Eu me viro muito bem. – Como?
– Não olho para trás e não olhopara frente.
– E o agora? Você precisa pensa
no agora, Angel.Ela sorriu e escovou o cabelo
comprido e dourado.
– O agora não existe.
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Ela caminha bela como a noite
De tempos sem nuvens e céuestreladosE tudo que há de mais lindo na
escuridão e na luSe encontra em sua forma e em
seus olhos – B Y R O
ichael Hosea descarregava
caixotes de legumes da
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traseira de sua carroça quando viuma bela jovem andando na rua
Estava vestida de preto, comoviúva, e ao seu lado ia um homemgrandalhão com uma arma no cinto
Em toda a extensão da Main Streeos homens paravam de fazer o queestavam fazendo, tiravam o chapé
e a admiravam. Ela não dizia umasó palavra para ninguém. Nãoolhava para a direita nem para a
esquerda. Movia-se com graça enaturalidade, os ombros retos, oqueixo empinado.
Michael não conseguia tirar o
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olhos dela. À medida que seaproximava, seu coração batia mai
forte. Desejou que ela olhasse paraele, mas ela não olhou. Soltou o adepois que ela passou, sem se da
conta de que estava prendendo arespiração.
É esta, amado.
Michael sentiu um jato deadrenalina misturado comfelicidade. Meu Deus. Meu Deus!
– Ela é demais, não é? – disseJoseph Hochschild.
O corpulento lojista apoiou um
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saco de batatas no ombro e deu umsorriso de orelha a orelha.
– É a Angel. A mulher maibonita a oeste das Rochosas eprovavelmente a leste também.
Ele subiu os degraus e entrou naoja.Michael pôs no ombro um barr
de maçãs. – O que sabe dela? – Só o que todo mundo sabe, e
acho. Ela tem o hábito de fazeongas caminhadas. Às segundasquartas e sextas à tarde, mais o
menos a essa mesma hora – e
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apontou para os homens na ruacom um movimento de cabeça –
todos eles vêm para cá para vê-la. – Quem é aquele homem com
ela? – uma ideia desanimadora lhe
passou pela cabeça. – Seu marido? – Marido? – Joseph deu risada. –
É mais um guarda-costas. O nome
dele é Magowan. Cuida para queninguém a importune. Ninguémchega a trinta centímetros dela a
menos que pague o preço.Michael franziu a testa e volto
á para fora. Parou atrás da carroça
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olhando para ela. A moça ompressionara profundamente
inha uma aura de dignidade sériae trágica. Quando o lojista foi pegaoutro caixote, Michael fez a
pergunta que o incomodava. – Como faço para conhecê-laJoseph?
Hochschild deu um sorriso triste – Tem de entrar na fila. A
Duquesa promove regularmente
uma loteria para ver quem tem oprivilégio de estar com a Angel.
– Que Duquesa?
– A Duquesa ali – e apontou com
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o queixo para o outro sentido darua. – A dona do Palácio, o maio
bordel de Pair-a-Dice.Michael teve a sensação de
receber um chute forte e baixo
Arregalou os olhos para Hochschildmas o homem nem notou, ocupadoque estava levando um caixote de
cenouras para dentro, esvaziando-onuma caixa. Michael descarregooutro barril de maçãs.
Meu Deus... Será que entendmal? Deve ter sido isso. Não podeser ela.
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– Apostei a onça de ouro uma oduas vezes para ter meu nome no
chapéu – disse Joseph, olhandopara trás. – Isso foi antes dedescobrir que precisava mais do
que isso para ter meu nome nochapéu certo.
Michael bateu com o barril no
chão. – Ela é uma pomba maculada
Uma mulher dessas? – ele não
queria acreditar. – Ela não é qualquer pomba
maculada, Michael. Angel, pelo que
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ouvi dizer, é o suprassumoreinamento especial. Mas não
tenho como pagar para descobrisso por mim mesmo. Quandopreciso, procuro a Priss. É limpa, fa
tudo com simplicidade e não custamuito do ouro suado.Michael precisava respirar. Foi lá
para fora de novo. Incapaz de secontrolar, olhou mais uma vez paraa elegante mulher de preto que
caminhava pela rua. Ela estavavoltando pelo outro lado e passopor ele novamente. Sua reação fo
pior dessa vez, mais difícil de
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suportar.Hochschild descarregou um
caixote de nabos. – Você está parecendo um touro
que acabou de levar uma
marretada na cabeça – Josepsorriu, com malícia. – Ou talvetenha ficado tempo demais na
fazenda. – Vamos terminar isso aqui –
disse Michael tenso, entrando com
o último caixote.Precisava se concentrar no
trabalho e esquecer aquela mulher
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– Você terá ouro suficiente paraencontrá-la quando acertarmos a
contas aqui – disse Hochschild. –Mais que suficiente.Hochschild esvaziou o caixote e
o botou de lado, depois pôs abalança sobre o balcão.
– Legumes frescos valem uma
fortuna aqui neste lugar. Essesovens cavalheiros sobem oriachos e vivem com pouco além de
farinha, água e carne salgadaEntão vêm para a cidade com agengivas inchadas e sangrando, a
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pernas também inchadas deescorbuto, e pensam que precisam
de um médico. Mas só precisam éde uma dieta decente e um poucode bom senso. Vejamos o que
temos aqui. Dois barris de maçãsdois caixotes de nabos e dois decenouras, seis caixotes de abóbora
e dez quilos de charque de veado.Michael disse quanto queria pela
carga da carroça.
– O quê? Você está meroubando.
Ele sorriu. Não era um
principiante naquele negócio. Tinha
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passado a maior parte de 1848 e1849 peneirando ouro e sabia do
que os homens precisavam. verdade que comida era apenauma parte, mas a parte que ele
podia fornecer. – Vai fazer o dobro vendendo
sso.
Hochschild abriu o cofre atrás dobalcão e tirou dois sacos de ouroem pó. Empurrou um para Michae
e mediu uma porção do outro numabolsinha de couro. Jogou o sacomaior dentro do cofre, fechou com
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um chute e verificou a fechadura.Michael esvaziou o pó de ouro
num cinto que ele mesmo tinhafeito. Hochschild o observoufazendo bico.
– Você tem o bastante para umbom tempo aí. Quer conhecer aAngel? Então vá até lá e converse
com a Duquesa, com um poucodesse ouro. Ela o levarárapidamente para o andar de cima.
Angel. A simples menção de senome provocava-lhe uma reação.
– Não dessa vez.
Joseph viu sua determinação e
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fez que sim com a cabeça. MichaeHosea era um homem discreto, ma
não tinha nada de suave. Haviaalguma coisa em seu olhar quefazia com que os homens o
tratassem com respeito. Não era sóa altura nem a força, embora essaduas coisas fossem bem
mpressionantes. Era a firmezatransparente de seu olhar. Ele sabiao que queria, mesmo quando o
resto do mundo não sabia. Josepgostava dele e tinha visto commuita clareza o impacto que Ange
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he causara, mas, se Michael nãoqueria falar disso, ele respeitava.
– O que planeja fazer com todoesse pó de ouro? – Vou comprar umas dua
cabeças de gado. – Ótimo – aprovou Hochschild. –Faça logo sua criação. Carne vale
mais do que legumes. Ao sair da cidade, Michae
passou em frente ao bordel. Era
grande e bonito. O lugar estavaotado de homens, a maioriaovens, alguns barbados, outros de
cara lisa, quase todos bêbados, o
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bem adiantados no caminho deficar. Alguém tocava uma rabeca e
os homens compunham versoobscenos para acompanhar amelodia, cada um mais vulgar que
o outro.E ela mora lá, pensou. Em um
daqueles quartos no segundo
andar, com uma cama e quasenada mais. Ele bateu as rédeas nocavalos e seguiu em frente, de cara
fechada.Não conseguia parar de pensa
nela, e foi assim o resto daquele
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dia, descendo do filão principal paro vale onde tinha terras. Ficava
revendo Angel caminhando na ruaenlameada, uma mulher magravestida de preto, com um rosto
indo e pálido, feito pedra. De ondeserá que ela veio? – Angel – ele disse em voz alta
saboreando o nome com a línguaApenas experimentando. E soubena hora em que falou, que sua
espera havia terminado. – Meu Deus – disse, suspirando
– Meu Deus, não é exatamente o
que eu tinha pensado.
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Mas ele sabia que se casariacom aquela mulher de qualque
eito.
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Sou capaz de suportar o me
desespero,mas não a esperança de outrem
– W I L L I A M W A L S
ngel se lavou, vestiu umrobe azul limpo e se sento
no pé da cama para esperar a
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próxima batida na porta. Mais doie o trabalho daquela noite estaria
terminado. Podia ouvir a risada deLucky no quarto ao lado. Ela ficavamuito risonha e engraçada quando
se embebedava, coisa queacontecia praticamente o tempotodo. A mulher se perdia por uma
garrafa de uísque. Angel tinha tentado beber com
ela uma vez, para ver se conseguia
se soltar também. Lucky servia eela procurava acompanhar. Mas empouco tempo a cabeça começou a
rodar e o estômago revirou. Luck
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segurou o penico para ela vomitar riu carinhosamente. Disse que
algumas pessoas conseguiamsegurar a bebida, outras não, e queachava que Angel era uma das que
não conseguiam. Levou-a de voltapara o quarto e disse para eladormir.
Aquela noite, quando o primeirhomem bateu à porta, Angel omandou embora, em termos nada
educados. Furioso, ele procurou aDuquesa e disse que queria seu póde ouro de volta. A Duquesa subiu
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deu uma olhada em Angel emandou chamar Magowan.
Angel não gostava de Magowanmas nunca teve medo dele. Elenunca a incomodou. Ficava quieto
ao lado dela quando saía em suacaminhadas. Não dizia nada. Nãofazia nada. Apenas cuidava para
que ninguém se aproximasse delafora do Palácio. Angel sabia quenão era tanto por ela, para protegê
a, e sim pela Duquesa. Ele aacompanhava para garantir queAngel voltasse.
Mai Ling nunca contou o que
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Magowan fez com ela quando foenviado ao seu quarto, mas Ange
via a expressão de medo nos olhoescuros da chinesa sempre que eleestava por perto. Bastava Magowa
sorrir para ela, que a moçaempalidecia e começava a suar. Podentro, Angel zombava dela. Era
preciso mais do que palavras paraque temesse qualquer homem.
Aquela noite, quando Magowa
chegou, Angel só percebeu umasilhueta escura perto dela.
– Você não terá o que o seu
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dinheiro comprou – ela disse.Então percebeu que era ele.
– Ah, é você. Vá embora. Nãovou sair para caminhar hoje.Ele mandou que enchessem a
banheira. Assim que as duaempregadas saíram, curvou-sesobre Angel de novo, com um
sorriso largo e cruel. – Eu sabia que mais cedo o
mais tarde teríamos de ter uma
conversa.Magowan a agarrou. Sóbria no
mesmo instante, ela se debateu
mas ele a pegou no colo e a jogo
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na água gelada. Ofegante, Angetentou sair, mas ele segurou a
cabeça dela e a afundou na águaApavorada com o peso daquelamão enorme, Angel lutou. Quando
seus pulmões pegavam fogo pelafalta de ar e ela já estava perdendoa consciência, ele a puxou para
fora. – Chega? – perguntou. – Chega – Angel disse com a vo
rouca, engolindo ar.Ele lhe deu outro caldo. Ela se
contorceu e esperneou, abanando
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as mãos para tentar escaparQuando Magowan a puxou para
cima de novo, ela engasgou evomitou. Ele deu risada e elapercebeu que o brutamontes estava
se divertindo. Magowan ficoparado na frente dela, com apernas meio abertas, e então
estendeu a mão para afundá-la denovo. Uma fúria irracional tomoconta de Angel, que lhe desfecho
um soco direto e firme. Ele caiu deoelhos, gemendo, e então ela searrastou para longe.
Magowan foi atrás dela. Ela
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gritou e ele a agarrou. Angel ochutava e o arranhava, ofegante
com o esforço. Ele estava com amão em seu pescoço quando aporta do quarto se abriu e a
Duquesa entrou, batendo a portacom um estrondo e berrando paraos dois pararem.
Magowan obedeceu, mas olhopara Angel com raiva.
– Vou matar você. Eu juro.
– Já chega! – disse a Duquesafuriosa. – Escutei o grito dela naescada. Se os homens também
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escutassem, o que acham queaconteceria?
– Eles o enforcariam – disseAngel, cruzando as pernas e rindode Magowan.
A Duquesa a estapeou, e elacaiu para trás, chocada. – Nem mais uma palavra, Ange
– avisou a Duquesa.Ela se empertigou e se viro
para Magowan.
– Eu disse para deixá-la sóbriaBret, e para ter uma conversa comela. Era só isso que eu queria que
fizesse. Está entendendo?
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A Duquesa puxou a cordinha dosino.
Os três esperaram tensos, emsilêncio. O tapa tinha silenciadoAngel. Ela sabia que a Duquesa ma
tinha controlado sua fúria. Tambémsabia, depois de uma olhada paraMagowan, que outro desabafo
diota da parte dela seria capaz dearrebentar a coleira dele.
Alguém bateu discretamente à
porta. A Duquesa abriu só umpouco e pediu café e pãoAtravessou o quarto e se sentou n
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cadeira de espaldar reto. – Mandei que fizesse uma coisa
muito simples, Bret. Faça apenas oque eu digo e nada mais – eladisse. – Angel tem razão. Eles o
enforcariam. – Ela precisa de uma boa lição –ele disse, olhando para Angel com
ódio.Toda a coragem de Ange
evaporou. Ela viu claramente que
algo sombrio e maligno brilhava noolhos de Magowan. Ela reconheciaaquele olhar. Já o tinha visto na
expressão de outro homem. Ante
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daquele dia, Angel nunca haviaevado Bret a sério, mas realmente
ele era um caso sério. Ela tambémsabia que o medo era a últimacoisa que podia deixa
transparecer. Só serviria paraalimentar a sede de sanguedaquele homem, e nem a Duquesa
seria capaz de impedi-lo. Por issoficou calma e imóvel, como um ratona toca.
A Duquesa olhou para Angel poum longo tempo.
– Você vai se comportar agora
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não vai, Angel?Ela se sentou direito, devagar, e
encarou a Duquesa com um olhasério e sarcástico. – Sim, madame.
Ela tremia de frio. – Dê-lhe um lençol antes que elapegue um resfriado.
Magowan pegou um da cama eogou para ela. Angel se enrolou nocetim como se fosse um manto rea
e não ousou olhar para ele. Fúria emedo se apoderaram dela.
– Venha aqui, Angel – disse a
Duquesa.
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Angel levantou a cabeça e olhopara a mulher. Ao ver que ela
demorava a obedecer, Magowanagarrou uma mecha do cabelo louroe a puxou para cima. Ela cerrou o
dentes, negando-lhe a satisfação deouvi-la gritar.
– Quando ela manda fazer uma
coisa, você faz – ele rosnou, dandohe um empurrão.
Angel caiu de joelhos diante da
Duquesa. A mulher alisou-lhe o cabelo, e a
calculada suavidade depois da
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brutalidade de Magowan destruiu arebeldia de Angel.
– Quando trouxerem a bandejaAngel, coma o pão e beba o caféaté a última gota. Bret ficará aqu
para isso. Assim que terminar, elevai embora. Quero você pronta partrabalhar em duas horas.
A Duquesa se levantou e foi para porta. Olhou para trás.
– Bret, nem mais uma marca
nela. É a nossa melhor garota. – Nenhuma marca – ecoo
Magowan, friamente.
E manteve sua palavra. Não
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encostou nela, mas falou. E o quedisse fez o sangue de Angel gelar
Ela forçou o pão e o café goelaabaixo por saber que, quanto maicedo acabasse, mais cedo ele sairia
dali. – Você vai ser minha, Angel
Daqui a uma semana, ou um mês
vai passar dos limites com aDuquesa, ou exigir demais. E entãoela a entregará a mim numa
bandeja de prata.Desde aquela noite, Angel se
comportou e Magowan não a
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ncomodou mais. Mas ele estavaesperando e ela sabia disso
Recusava-se a dar-lhe a satisfaçãoque Mai Ling lhe dava. Reservavahe sempre um sorriso debochado
quando ele entrava no quartoDesde que ela obedecesse, aDuquesa ficava feliz e Bre
Magowan não podia fazer nada.Mas as paredes estavam se
fechando em volta dela novamente
Cada dia mais. A pressão dentrodela crescia, e o esforço paramanter a fachada de calma
esgotava suas forças.
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Mais um esta noite e poderedormir, pensou. Estendeu as mão
e viu que tremiam. Ela tremianteira. Sabia que estava perdendoo controle. Era muito fingimento
tempo demais. Balançou a cabeçaudo que precisava era de uma boa
noite de sono e estaria bem no dia
seguinte. Só mais um, pensou, etorceu para ser rápido.
Ouviu a batida e foi atender
Abriu a porta e avaliou o homem láparado. Era mais alto e mais velhodo que a maioria, com belo
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músculos. Fora isso, não viu nadade especial nele. Mas sentiu... O
que era? Um estranho desconfortoA tremedeira aumentou. Seunervos estavam à flor da pele
quase fora de controle. Abaixou acabeça, respirou bem devagar eafastou aquela estranha reação
com toda força de vontade que lherestava.
Só mais um e estou livre esta
noite. Apesar dos 26 anos de idade
Michael se sentia um jovem
nexperiente, ali parado diante da
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porta aberta do quarto de Angel, àuz fraca do lampião no corredor do
bordel. Mal conseguia respirar, ocoração estava disparado. Era aindmais linda do que se lembrava, e
menor. O corpo esguio era bemvisível sob o robe de cetim azul, eprocurou não olhar abaixo da linha
de seus ombros. Angel chegou para o lado par
ele poder entrar. A única coisa que
Michael viu foi a cama. Estavaarrumada, mas ele teve visões quesurgiram sem convite. Isso o deixo
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nervoso, irritado, então se viropara trás e olhou para ela. Ange
sorriu um pouco. Foi um sorrisoexperiente, sedutor. Ela sabia detudo o que se passava na cabeça
dele, até o que ele não queriapensar. – O que lhe dá prazer, senhor?
Sua voz era baixa, suave esurpreendentemente articuladamas foi tão direta que o pegou de
surpresa. Ela não poderia ter ditonada melhor para Michael ter plenaconsciência do que ela fazia para
viver, e da poderosa atração física
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que sentia por ela.Quando ele entrou no quarto
Angel fechou a porta e se encostonela. Esperou a resposta deleenquanto fazia uma rápida
avaliação. O desconforto que sentiadiminuiu. Ele não era tão diferentedo resto. Só um pouco mais velho
do que a média e com ombros umpouco mais largos. Não era nenhummenino, mas parecia constrangido
muito constrangido. Talvez tivesseuma esposa em algum lugar e sesentisse culpado. Podia ter uma
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mãe muito cristã e estariapensando o que ela acharia de o
filho procurar uma prostituta. Essenão ia querer ficar muito tempocom ela. Bom. Quanto menos
melhor.Michael não sabia o que dizerinha passado o dia inteiro
pensando em estar com ela eagora, ali no quarto, emudecia, como coração latejando na garganta
Ela era tão linda e parecia estar sedivertindo. Meu Deus, e agora? Nãoconsigo nem pensar no que esto
sentindo. Angel foi andando para
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perto dele, atraindo-lhe a atençãopara o seu corpo a cada
movimento.Ela tocou o peito dele e o ouvi
engolir em seco. Deu a volta nele
sorrindo. – Não precisa ser tímido comigo
senhor. Diga o que deseja.
Ele olhou para ela. – Você. – Sou toda sua.
Michael observou quando ela foaté a pia. Angel. O nomecombinava com sua aparência, de
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boneca de porcelana perfeita, comolhos azuis, pele branca e cabelo
dourado. Talvez mármore fosseuma descrição melhor. Porcelana sequebra. Ela parecia resistente
demais para isso, tão dura quechegava a doer só de olhar. Poquê? Ele não esperava sentir aquilo
inha se preocupado demais emsuperar o desejo que sabia que elaprovocaria. Deus, dê-me força para
resistir a essa tentação.Ela derramou água numa bacia
de porcelana e pegou uma barra de
sabão. Tudo o que fazia era
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gracioso e provocante. – Venha até aqui para eu limpá
o.Michael sentiu uma onda de
calor percorrer todo o corpo e se
concentrar no rosto. Tossiu e teve asensação de que o colarinho eraapertado demais, que o sufocava.
Ela riu baixinho. – Prometo que não vai doer. – Não é necessário, madame
Não vim aqui por sexo. – Não. Está aqui para estudar a
Bíblia.
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– Vim aqui para conversar comvocê.
Angel cerrou os dentesDisfarçou a irritação e deixou oolhos percorrerem indiscretamente
o corpo dele. Michael se agitouconstrangido sob aquele olhar. Elasorriu.
– Tem certeza de que queconversar?
– Tenho.
Ele parecia realmenteconvencido. Angel suspirou e virouse para secar as mãos.
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– Como quiser, senhor.Ela se sentou na cama e cruzo
as pernas.Michael sabia o que Angeestava fazendo. Lutou contra o
pronto desejo de cobrar dela amensagem óbvia que lhe enviavasem parar. Quanto mais tempo
ficava em silêncio, mais sua mentecriava imagens, e ela sabia dissopelo jeito que olhava para ele
Estaria fazendo pouco dele? Dissoele não tinha dúvida.
– Você mora aqui neste quarto
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quando não está trabalhando? – Moro – ela inclinou a cabeça. –
Onde pensou que eu morasseNuma pequena casa branca, no fimde uma rua em algum lugar?
Ela sorriu para amenizar a críticacontida nas palavras. Detestavahomens que faziam perguntas e se
metiam em sua vida.Michael examinou o quarto. Não
havia nenhum artigo pessoa
nenhum quadro na parede, nenhumenfeite na pequena mesa de cantocom toalha de renda, nenhuma
roupa feminina espalhada. Tudo
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muito arrumado, limpo e frugal. Umarmário modesto, uma mesinha de
canto, um lampião a queroseneuma pia de mármore com umabacia de porcelana amarela e uma
cadeira de espaldar reto eram todaa mobília do quarto. Além da camaem que estava sentada.
Michael pegou a cadeira nocanto, pôs na frente dela e sesentou. O robe de cetim estava
meio aberto. Ele sabia que elabrincava com ele. Ela balançava opé como um pêndulo, sessenta
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segundos para um minuto, trintaminutos para meia hora. Todo o
tempo que ele tinha.Meu Deus, vou precisar de ummilhão de anos para conquista
esta mulher. Tem certeza de que éa que destinou para mim?Os olhos de Angel eram azuis e
sem fundo. Não dava para traduzinada neles. Ela era uma muralhaum oceano infinito, um céu noturno
nublado. Ele não enxergava aprópria mão diante do rosto. Só viao que ela queria que visse.
– Disse que queria conversar
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senhor. Então fale.Michael ficou triste.
– Não devia ter me aproximadode você dessa maneira. Devia tenventado outra forma.
– E existe outra forma?Como fazer para que ela
entendesse que ele era diferente
dos outros homens que aprocuravam, se chegara da mesmamaneira que eles? Ouro. Seguira o
conselho de Joseph, fora procurar aDuquesa e então ouvira a mulhedizer que Angel era um bem de
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consumo, uma fina, preciosa e bemguardada mercadoria. Pague
primeiro, depois fale. Pagar tinhaparecido a forma mais fácil, maidireta. Não tinha se importado com
o preço. Mas agora estava claro quo caminho mais fácil não era omelhor.
Ele devia ter encontrado outroeito, outro lugar. Ela estavapreparada para trabalhar e não
para ouvir. E ele se distraía commuita facilidade.
– Quantos anos tem?
Ela sorriu.
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– Sou velha. Muito velha.Ele entendeu que era mesmo
Ela não falava de anos. Michaeduvidava de que qualquer coisa asurpreendesse. Parecia pronta para
tudo. No entanto, também sentiaalgo mais nela, e percebera isso jáda primeira vez em que a vira
Havia algo oculto nela. Meu Deuscomo faço para chegar até ela?
– E você, quantos anos tem? –
ela lhe devolveu a pergunta. – Vinte e seis. – Velho para um mineiro. A
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maioria tem 18, 19 anos. Não tenhvisto muitos homens de verdade
ultimamente. A falta de sutileza fez Michael sesentir em terreno mais firme.
– Por que esse nome, Angel? Épor causa de sua aparência? Ou éseu verdadeiro nome?
Ela apertou um pouco os lábiosA única coisa que lhe restava era onome. Nunca o havia contado para
ninguém, nem mesmo para Duke. Aúnica pessoa que a chamava pelonome era mamãe. E mamãe havia
morrido.
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– Pode me chamar como quisersenhor. Não faz diferença.
Só porque ele não queria aquilopelo qual havia pago, nãosignificava que ela lhe daria outra
coisa.Ele a examinou.
– Acho que Mara combina com
você. – Alguém que conheceu onde
vivia?
– Não, significa amarga.Ela se surpreendeu e fico
completamente imóvel. Que
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brincadeira era aquela? – É o que acha? – Ange
evantou um ombro, indolente. –Bem, suponho que Mara é um nomtão bom quanto qualquer outro.
E começou a balançar o pé parafrente e para trás de novomarcando o tempo. Há quanto
tempo ele já estava lá? Quantotempo mais tinha de suportá-lo?
Ele continuou:
– De onde você é? – Daqui e dali.Michael sorriu com a indefinição
mal-humorada, porém educada.
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– Algum aqui e ali específico? – Só aqui e ali – ela disse.
Angel parou de balançar o pé enclinou o corpo para frente.
– E quanto a você? Qual é o se
nome? É de algum lugar específicoem uma esposa em algum lugar
Está com medo de fazer o que
realmente quer?Ela revidava seu tiroteio de
perguntas, mas, em vez de
constrangê-lo, ele ia ficando maicalmo. Essa mulher era mais reapara ele do que a que o tinha
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recebido à porta. – Michael Hosea – ele disse. –
Moro em um vale a sudoeste daque não sou casado, mas serei embreve.
Ela franziu a testa, meionsegura. Era o jeito que ele olhavapara ela. Aquela intensidade toda a
deixava nervosa. – Que nome é esse, Hosea?O sorriso dele se tornou irônico.
– Quer dizer “profético”.Ele estava fazendo piada à custa
dela?
– Vai prever meu futuro agora?
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– Você vai se casar comigo. Voutirá-la daqui.
Ela deu risada. – Bem, é a minha terceir
proposta de hoje. Estou muito
isonjeada. Angel balançou a cabeça e
nclinou-se para frente outra vez
com um sorriso frio e cínico. Seráque ele pensava que aquela erauma abordagem nova? Será que
achava aquilo necessário? – Quando vai querer que e
comece a desempenhar meu pape
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senhor? – Depois que a aliança estive
no seu dedo. Neste momento sóquero conhecê-la um pouco melhor Angel odiou Michael po
prolongar o jogo. O tempo perdidoa hipocrisia, as mentirantermináveis. A noite tinha sido
muito longa e ela não estava comnenhuma disposição para agradáo.
– O que há para contar? O qufaço é o que sou. Tudo se resume avocê me dizer como quer que e
aja. Mas seja rápido, porque se
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tempo está quase acabando.Michael percebeu que tinha
estragado aquele primeiroencontro. O que esperava? Chegaá, falar claramente e sair com ela
nos braços? Ela estava com cara dequem queria expulsá-lo do quartoE ele estava furioso consigo mesmo
por ter sido tão ingênuo e tolo. – Você não está falando de
amor, Mara, e não vim aqui para
usá-la.O tom grave e profundo de sua
palavras, e aquele nome, Mara, só
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fizeram aumentar a raiva que Angesentia.
– Ah, não? – ela inclinou acabeça. – Bem, acho que estoentendendo.
E ficou de pé. Ele continuosentado e ela chegou bem pertopassou as mãos macias em se
cabelo. Sentiu que ele ficava tensoe adorou.
– Vou adivinhar, senhor. Você
quer me conhecer. Quer descobricomo penso e o que sinto. E, acimade tudo, quer saber como uma
menina fina como eu veio parar em
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um negócio como este.Michael fechou os olhos e cerro
os dentes para bloquear o efeitoque seu toque lhe provocava.
– Faça o que está pensando em
fazer, senhor.Michael a afastou com firmeza.
– Vim para conversar com você.
Ela o observou com os olhosemicerrados, então fechou o robecom um tranco e amarrou as fita
de cetim. Ainda se sentia expostasob seu escrutínio.
– Pois veio procurar a mulhe
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errada. Se quiser saber o que podeter, eu explico.
E foi o que fez, explicitamenteDessa vez ele não ficou ruborizadonem reagiu.
– Eu quero conhecê-la, e nãosaber o que é capaz de fazer –disse, com a voz rouca.
– Se o que quer é conversadesça para o bar.
Michael se levantou.
– Venha embora comigo e sejaminha esposa.
Angel deu uma risada áspera.
– Se quer uma esposa
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encomende uma pelo correio oaguarde o próximo trem de
passageiros cruzar as montanhas.Ele se aproximou dela.
– Posso lhe dar uma boa vida
Não me importa como veio paraaqui nem por onde andou antesVenha comigo agora.
Ela deu um sorriso debochado. – Para quê? Mais do mesmo
Olha, já ouvi isso tudo antes, de
centenas de outros homens. Vocême viu, se apaixonou e agora nãoconsegue mais viver sem mim
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Pode me oferecer uma vidamaravilhosa. Que mentira.
– Eu posso. – Tudo acaba sendo a mesmacoisa.
– Não acaba, não. – Do meu ponto de vista, acabaMeia hora é mais do que suficiente
para qualquer um me possuirsenhor.
– Está me dizendo que é esta a
vida que quer?E por acaso “querer” tinha algo a
ver com isso?
– Esta é a minha vida.
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– Não precisa ser. Se pudesseescolher, o que ia querer?
– De você? Nada. – Da vida. A desolação tomou conta dela
Da vida? Do que ele estavafalando? Sentia-se agredida posuas perguntas e se defendeu com
um sorriso distante e frio. Abriu amãos indicando o quarto simplescom pouca mobília.
– Tenho tudo de que precisoaqui.
– Tem um teto, alimento e belas
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roupas. – E trabalho – ela disse, irritada
– Ah, não se esqueça do metrabalho. Sou muito boa nisso. – Você odeia isso.
Ela ficou calada um tempodesconfiada. – Você simplesmente me pegou
em uma noite ruim.Foi até a janela. Fingiu que
espiava lá fora, fechou os olhos e
fez força para se controlar. O queestava acontecendo com ela aquelanoite? O que tinha aquele homem
que mexia tanto com ela? Preferia o
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torpor, a insensibilidade àqueleturbilhão de emoções. A esperança
era um tormento. A esperança erao inimigo. E aquele homem era umespinho em seu peito.
Michael chegou por trás e pôs amãos em seus ombros. Sentiu queela ficou tensa ao toque.
– Venha para casa comigo –disse baixinho. – Seja minhamulher.
Angel afastou as mãos dele comraiva e tomou distância.
– Não, obrigada.
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– Por que não? – Porque não quero sair daqui, é
por isso. Será que é motivosuficiente para você? – Se não vem comigo, então
pelo menos me deixe chegar umpouco mais perto.
Ah, finalmente. Lá vamos nós.
– Seis passos devem resolversenhor. Tudo o que precisa fazer épôr um pé na frente do outro.
– Não estou falando de metroou centímetros, Mara.
Todos os sentimentos
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desaceleraram dentro dela ecaíram, como se estivessem sendo
sugados por um buraco negro aseus pés. – Angel – ela disse. – Meu nome
é Angel. Entendeu? Angel! E estádesperdiçando o meu tempo e oseu ouro em pó.
– Não estou desperdiçandnada.
Ela se sentou outra vez na cama
e bufou. Inclinou a cabeça para oado e olhou para ele.
– Sabe, senhor, a maioria dos
homens é bastante honesta quando
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vem aqui. Eles pagam, obtêm o ququerem e vão embora. Mas há un
poucos que são como você. Nãogostam de ser iguais ao resto. Posso dizem que se importam
comigo, perguntam o que deerrado em minha vida e dizem quepodem consertar isso.
Angel torceu a boca com ironia. – Mas depois de um tempo todo
passam dessa fase e tratam daquilo
que realmente estão procurando.Michael respirou fundo. Ela não
economizava palavras. Muito bem
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Ele também podia falafrancamente.
– Só preciso olhar para vocêpara ter consciência do meu corpoVocê sabe alimentar a fragilidade
muito bem. Sim, eu a desejo, maestá enganada em relação a quantoe por quanto tempo.
Ela se sentiu ainda mainsegura.
– Não devia se sentir tão ma
por isso. É apenas como os homensão.
– Bobagem.
– Agora vai me explicar como
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são os homens? Se há uma coisaque conheço muito bem é isso
senhor. Homens. – Você não sabe nada de mim. – Todo homem gosta de pensa
que é diferente do anterior. Gostade pensar que é melhor – ela deum tapinha na cama. – Venha aqu
que eu lhe mostro como são todoguais. Ou será que está com medode ver que tenho razão?
Ele sorriu gentilmente. – Você ficaria mais à vontade
comigo nessa cama, não é?
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Ele se sentou na cadeira, nadadesconcertado. Inclinou o corpo
para mais perto dela, com as mãountas entre os joelhos. – Não estou dizendo que so
melhor do que qualquer outrohomem que vem procurá-la. Eu sóquero mais.
– O quê, por exemplo? – Tudo. Quero o que nem você
sabe que tem para dar.
– Alguns homens esperam umpacote completo por algumas onçade ouro em pó.
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– Escute o que eu tenho paroferecer.
– Não acho que o que estáoferecendo é diferente do que játenho.
Alguém bateu duas vezes àporta.
O alívio dominou Angel e ela não
se deu o trabalho de esconder. Comum sorriso debochado, deu deombros.
– Bem, você teve sua meia horde conversa, não teve?
Ela se levantou e passou por ele
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irou o chapéu do cabide perto daporta e lhe estendeu.
– Hora de ir.Ele parecia desapontado, manão derrotado.
– Vou voltar. – Se isso o faz feliz...Michael tocou o rosto dela.
– Não quer mudar de ideiaVenha comigo agora. Há de semelhor do que isto.
O coração de Angel disparou. Eleparecia realmente sincero. Só queJohnny também parecera sincero
Johnny, com seu charme e sua
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ábia. Depois de tudo, no fim dacontas, ele só queria tirar alguma
coisa de Duke para depois usar. Etudo o que ela queria era escaparOs dois fracassaram, e o preço
daquilo foi terrivelmente alto. Angel queria que aquele
fazendeiro saísse de lá.
– Terá melhor proveito de seupó de ouro em outro lugar. Nãotenho o que quer que seja que está
procurando. Experimente a MeggieEla é a filósofa.
Angel ia abrir a porta, ma
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Michael a impediu. – Você tem tudo o que procuro
Não teria sentido o que senti naprimeira vez em que a vi. Não teriatanta certeza agora.
– Sua meia hora acabou.Michael percebeu que ela nãocederia. Pelo menos, não dessa
vez. – Vou voltar. Tudo o que lhe
peço é meia hora sincera do se
tempo.Ela abriu a porta.
– Senhor, em cinco minutos você
a correr feito o diabo da cruz.
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Porque não faço o bem que quero
mas faço o mal que não quero – R O M A N O S 7 , 1
osea realmente voltou, nanoite seguinte e na outra
oda vez que Angel o via, suanquietação aumentava. Ele falava
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e ela sentia o desespero aumentarSabia muito bem que não tinha de
acreditar em nada, em ninguémNão tinha aprendido do jeito maidifícil? A esperança era um sonho, e
correr atrás dela tinha transformadosua vida num insuportávepesadelo. Não seria atraída po
palavras e promessas novamenteNão deixaria um homem convencêa de que havia qualquer coisa
melhor do que aquilo que tinha.Mesmo assim, não conseguia
desfazer a tensão que crescia toda
vez que abria a porta e via aquele
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homem ali. Ele jamais encostara amão nela. Ficava apenas colorindo
magens de liberdade com palavraque ressuscitavam a antiga edolorosa carência que sentia
quando era criança. Uma sede quenunca acabava. E toda vez quefugira para encontrar uma resposta
para isso, algum desastre seabatera sobre ela. No entantocontinuou tentando. Da última ve
aquela sede a fez fugir de Duke e iparar naquele lugar horrível efedorento.
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Bem, finalmente aprendera aição. Nada melhorava, nunca. A
coisas só iam de mal a pior. Eramais sensato se conformar e aceitapara sobreviver.
Por que aquele homem nãoconseguia enfiar na cabeça que elanão ia para lugar nenhum com ele
nem com qualquer outro? Por quenão desistia e não a deixava empaz?
E ele continuou indo, todas anoites. Ela estava enlouquecendocom isso. Hosea não era bajulado
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e charmoso como Johnny. Nãousava a força como Duke. Não era
como uma centena de outros quepagavam e se deitavam com elaNa verdade, não era igual a
nenhum outro que conhecera. Eradisso que ela menos gostava. Nãopodia compará-lo com ninguém
conhecido.Toda noite, depois que ele saía
ela tentava tirá-lo da cabeça, ma
alguma coisa ficava remoendo seupensamentos. Pegava-se pensandonele nas horas mais estranhas e
tinha de fazer força para pensar em
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outra coisa. Quando conseguiaeram as outras pessoas que o
traziam de volta. – Quem era aquele homem qu
estava com você ontem à noite? –
perguntou Rebecca no jantar. Angel controlou a irritação e
passou manteiga no pão.
– Qual? – disse, olhando para aruiva curvilínea, de seios fartos.
– O grandão, bonitão... Quem
mais podia ser? Angel deu uma mordida no pão
Queria saborear a refeição de pão
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com ensopado de veado em paz enão ser interrogada sobre quem
entrava ou saía de seu quartoQuem se importava com aaparência de qualquer um deles
Depois de um tempo, todopareciam iguais mesmo. – Entregue o jogo, Angel – disse
Rebecca, impaciente. – Como sevocê se importasse... Ele estevecom você ontem à noite, foi o
último a sair de seu quarto. Eu o vno corredor quando vinha subindo aescada. Inteiro, em seu um metro e
oitenta e cinco. Cabelo preto. Olho
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azuis. Ombros largos. Sem umpingo de gordura e rijo em cada
centímetro. Anda como um soldadoQuando sorriu para mim, senti umcalor até a ponta dos dedos do
pés.Lucky trocou o ensopado po
uma garrafa de vinho tinto.
– Se um anão cheio de espinhavindo de Nantucket sorrisse paravocê, sentiria esse mesmo calor até
a ponta dos dedos dos pés. – Beba seu vinho, eu não estava
falando com você – disse Rebecca
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com desprezo.Ela não tinha paciência para o
nsultos simpáticos de Lucky evoltou a prestar atenção em Angel. – Você não pode fingir que não
sabe de quem estou falando. É quenão quer contar nada para mim. Angel olhou furiosa para ela.
– Eu não tenho nada parcontar. Só quero saborear meuantar, se não se importa.
Torie deu risada. – Por que ela não ia querer fica
com ele só para ela? – disse, com o
sotaque britânico carregado. –
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alvez Angel tenha finalmenteencontrado um homem de que
gosta. As outras riram. – Talvez ela não queira se
mportunada – interveio Lucky.Rebecca suspirou.
– Angel, tenha um pouco de
piedade. Só tive garotonexperientes nesse último mêsUm homem seria muito bem-vindo
para variar.Torie empurrou o prato.
– Se alguém como ele fosse ao
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meu quarto, eu o trancaria e omanteria preso.
Angel se serviu de um copo deeite e desejou que todas adeixassem em paz.
– É seu segundo copo – disseRenée, da outra ponta da mesa. – ADuquesa disse que era um copo
para cada uma, porque é muitocaro, e você está tomando dois!
Lucky sorriu fazendo careta.
– Antes do jantar, eu disse queela podia ficar com o meu leite seme desse o vinho dela.
– Isso não é justo! –
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choramingou Renée. – Gosto deeite tanto quanto a Angel! Ela
sempre consegue o que quer.Lucky sorriu de orelha a orelha.
– Se você bebesse mais um cop
de leite, ficaria com mais gordurana cintura.
Elas começaram a discutir. Ange
teve vontade de gritar e de seevantar da mesa. A cabeçaatejava. Até as interminávei
provocações de Lucky a irritavam, eRebecca não desistia daquelehomem desgraçado.
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– Ele deve ter encontrado muitoouro para ir ao seu quarto trê
vezes em três noites. Como é onome dele? Não finja que não liga. Angel só queria que a deixassem
em paz. – Ele não é mineiro.
fazendeiro.
– Fazendeiro? – Torie riu. –Quem você pensa que enganaqueridinha? Ele não é fazendeiro
coisa nenhuma. Fazendeiros têmcara de burro e são sem graçacomo a terra que aram.
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– Ele disse que era fazendeiroNão quer dizer que é.
– Como é o nome dele? –Rebecca perguntou de novo. – Não lembro.
Seria possível que o homemtinha de persegui-la mesmo quandonão estava por perto?
– Não lembra... Lembra sim! –Rebecca ficou zangada.
Angel jogou o guardanapo em
cima da mesa. – Olha aqui! Eu não pergunto
nomes. Não me importo com eles
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Dou o que querem e eles vãoembora. Ponto final.
– Então por que ele está semprevoltando? – Não sei e não me importo.
Lucky serviu mais um copo devinho. – Rebecca, você está com ciúme
porque ele não vai para o sequarto.
Rebecca virou-se furiosa para
ela. – Por que não cala essa boca
Continue bebendo desse jeito que a
Duquesa vai acabar lhe dando um
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chute no traseiro.Lucky riu, sem se perturbar.
– Que ainda é um bom traseiro. – Se mulheres não fossem tão
raras por aqui, ninguém ia quere
bater na sua porta mesmo –zombou Torie.
Lucky entrou no aquecimento
para a batalha. – Bêbada, sou melhor do qu
qualquer uma de vocês sóbria.
Angel ignorou os insultoançados de um lado para o outroaliviada de ter sido esquecida. Só
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que agora ele ocupava seupensamentos de novo.
Meggie estava sentada ao ladode Angel e não tinha dito nadadurante toda a discussão. Agora
olhava para Angel enquanto mexiauma colher de precioso açúcar nocafé puro.
– E então, como é esse homemdelicioso, Angel? Ele tem algumcérebro?
Angel olhou séria e irritada parela.
– Convide-o para o seu quarto e
descubra você mesma.
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Meggie arqueou as sobrancelhae se recostou na cadeira, sorrindo.
– Ah, é? Talvez faça isso mesmodepois de todo o interesse que eleprovocou entre as nossas amiga
aqui.E ficou analisando a reação de
Angel.
– Você não se importaria, deverdade?
– E por que me importaria?
– Eu o vi primeiro! – disseRebecca.
Lucky deu risada.
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– Primeiro terá de nocauteá-lo epedir que alguém ajude a arrastá-lo
para o seu quarto. – A Duquesa não vai gostadisso – disse Renée, irritada. – Você
sabe que os homens pagam maipela Angel. Só não entendo poquê.
– Porque ela é mais bonitaexausta do que você em seu melhodia – cacarejou Lucky.
Renée jogou um garfo nela eLucky se esquivou com facilidade. Ogarfo bateu na parede e caiu.
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– Lucky, por favor, fique quieta –disse Angel, certa de que Magowa
apareceria.Lucky não pensava quandobebia.
– Então você realmente não semporta – disse Rebecca.
– Pode ficar com ele, com a
minha bênção – disse Angel.Ela não queria que ele a
ncomodasse mais. Ele a desejava
Ela sentia esse desejo irradiando docorpo dele, mas ele nunca fizeranada a respeito. Só conversava
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Fazia perguntas. Esperava. Peloquê, Angel não sabia. Estava
cansada de inventar mentiras paradeixá-lo feliz. Ele simplesmentefazia a mesma pergunta de novo
de forma diferente. E não desistiaCada vez que vinha, estava maideterminado. Na última vez
Magowan tinha voltado duas vezepara bater à porta e acabogritando do lado de fora que era
melhor ele se vestir e dar o fora, senão quisesse encrenca. Hosea nãotinha nem desabotoado a camisa.
E dissera a mesma coisa que
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sempre dizia logo antes de iembora.
– Venha comigo. Case-secomigo.
– Já disse que não. Três vezes
Você nunca entende? Não, não enão!
– Você não é feliz aqui.
– Não seria mais feliz com você. – Como pode saber? – Eu sei.
– Vista uma roupa boa parviagem e venha comigo. Agora. Nãopense muito. Apenas faça.
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– Magowan talvez queira semanifestar sobre isso.
Mas ela percebeu que ele não sepreocupava nem um pouco comMagowan. Então imaginou como
seria viver com um homemdaquele, que parecia não ter medode nada. Só que Duke também não
tinha medo de nada, e ela sabiamuito bem como era viver com ele.
– Pela última vez, não – disse
com firmeza, pondo a mão namaçaneta.
Ele a segurou pelo pulso.
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– O que a prende aqui?Ela puxou o braço.
– Eu gosto – e abriu a porta comforça. – Agora saia! – Vejo você amanhã – ele disse
e foi embora. Angel tinha batido a porta e se
encostado nela. Tinha sempre uma
terrível dor de cabeça depois queHosea saía. Naquela noite sesentou ao pé da cama e apertou o
dedos nas têmporas, para ver se ador diminuía.
A mesma dor que a perseguia
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agora. E que só piorava quando aperguntas de Hosea ecoavam em
sua mente. O que a prendia ali? Poque não saía pela porta e iaembora?
Angel cerrou os punhos. Primeirtinha de receber o ouro que lhe eradevido pela Duquesa, mas sabia
que ela jamais lhe daria tudo deuma vez. De conta-gotas, era assimque receberia, pingado, só para
alguns poucos luxos, mas não obastante para sobreviver. ADuquesa não tinha como ser tão
generosa assim.
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E se Angel tivesse ourosuficiente para ir embora? Podia
acabar da mesma forma que tinhaacabado no navio ou no fim daviagem, quando fora espancada e
abandonada, à mercê dosaqueadores. Aqueles poucos diasozinha em San Francisco tinham
sido os mais próximos da perdiçãoque Angel tinha vivido. Sentira friofome e temera pela própria vida
Chegara a se lembrar com saudadeda vida com Duke, logo com Dukequem diria.
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Ficou desesperada. Não posso iembora. Sem alguém como a
Duquesa, ou até mesmo Magowaneles me fariam em pedaços.Não queria correr o risco de i
com Michael Hosea. Ele eradisparado, uma incógnita muitomaior.
Michael estava ficando sem ouro
em pó e sem tempo. Não sabiacomo atingir aquela mulherPercebeu que ela se afastava assim
que abria a porta. Ele falava, ela
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olhava através dele e fingia que oescutava, mas ele sabia que não
ouvia nada. Ficava só esperando ameia hora passar para ter o prazede pedir que ele fosse embora.
Tenho pó de ouro para só maisuma tentativa, meu Deus. Faça comque ela me escute!
Subia a escada e repassavamentalmente o que ia dizer dessavez, quando esbarrou numa ruiva
Chegou para trás e pedidesculpas, constrangido. A moçapôs a mão em seu braço e sorriu.
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– Não se incomode com Angeesta noite. Ela disse que você
gostaria mais de mim.Michael encarou a mulher. – O que mais ela disse?
– Que consideraria um favor sealguém o tirasse das mãos dela.
Ele cerrou os dentes e a afastou
– Obrigado por me contar.E foi andando pelo corredor
Parado na frente da porta do quarto
de Angel, procurou controlar araiva. Jesus, o Senhor escutou? Oque estou fazendo aqui? Eu tente
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sabe que tentei. Ela não quer o quehe ofereço. O que eu posso fazer
Arrastá-la pelos cabelos?Bateu duas vezes e o som ecoobem alto no corredor ma
luminado. Ela abriu a porta, olhopara ele rapidamente e disse: – Ah, é você de novo.
– Sim, sou eu de novo.Ele entrou e bateu a porta.
Angel arqueou as sobrancelhas
Um homem zangado podia semprevisível e perigoso. Aqueleentão, podia machucá-la muito
sem grande esforço.
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– Não estou conseguindo nadacom você, não é?
– Não é culpa minha se estádesperdiçando seu ouro – ela disseem voz baixa. – Eu o avisei naquela
primeira noite, lembra?E se sentou na beirada da cama
– Não o iludi.
– Tenho de voltar para o valepara trabalhar.
– Não estou lhe impedindo.
O rosto dele estava pálido etenso.
– Não quero deixar você aqu
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neste lugar maldito!Ela piscou, surpresa, com a
explosão dele. – Não é da sua conta. – Passou a ser da minha conta
no minuto em que a vi.Ela começou a balançar o pégraciosamente, para frente e para
trás, para frente e para trásmarcando o tempo. Dormindo deolhos abertos. Era muito
controlada. Nada transparecia emseus belos olhos azuis.
– Quer falar de novo? – ela
cobriu um bocejo e suspirou. –
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Então fale. Sou toda ouvidos. – Faço você ficar com sono?
Ela ouviu a irritação em sua vozSabia que o estava provocandoBom. Talvez um pouco mais o
afastasse de vez. – Tive um dia longo e difícil – ela
esfregou a base das costas. –
toda essa conversa perde aatualidade depois de um tempo.
Aquilo foi demais para Michael.
– Preferiria que eu fosse para acama com você, não é?
– Pelo menos você iria embora
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com a sensação de que finalmenterecebeu alguma coisa por todo o pó
de ouro que gastou.O coração de Michael batiarápido e com força. Foi até a janela
tremendo de raiva e de desejoAbriu a cortina e espiou lá fora. – Gosta da vista daqui, Angel
Lama, prédios e barracas, homenbêbados cantando músicas de bartodos lutando para sobreviver.
Angel. Era a primeira vez que elea chamava assim. Por algummotivo, isso lhe doeu. Ela sabia que
finalmente o estava atingindo
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Esperou o resto. Ele diria sediscurso, usaria o que quisesse e
ria embora. Seria o ponto final. Sóprecisava tomar cuidado para elenão levar um pedaço dela porta
afora. – E lá embaixo? – ele pergunto
em tom de deboche. – Talvez você
prefira.Largou a cortina, deu meia-volta
e encarou Angel.
– Tem uma sensação de podeporque pago pelos seus serviçotoda noite?
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– Não pedi para você fazer isso. – É, não pediu mesmo. Você não
pede absolutamente nada. Nãoprecisa de nada. Não quer nadaNão sente nada. Por que não vou
para o fim do corredor, para oquarto daquela ruiva? Não é issoAquela que você disse que podia
me tirar de suas mãos.Então era isso. Ele estava com o
orgulho ferido.
– Só queria vê-lo sair da cidadecom um sorriso no rosto.
– Quer me ver sorrir? Diga me
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nome. – Como é o seu nome? Esqueci.
Ele a puxou da cama. – Michael. Michael Hosea.Ele perdeu o controle e seguro
o rosto dela com as duas mãos.Michael.O toque da pele dela o fe
esquecer por que estava ali, e ele abeijou.
– Já não era sem tempo.
Angel chegou para frente eencostou o corpo no delencendiando-o. Suas mãos se
moveram e ele sabia que, se não a
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fizesse parar, perderia não só abatalha, mas a guerra inteira.
Quando ela desabotoou suacamisa e enfiou a mão em suacalça, ele deu um salto para trás.
– Meu Deus – disse. – MeDeus!
Espantada, ela olhou para ele.
compreendeu, chocada, o queestava acontecendo.
– Como conseguiu chegar à
dade madura de 26 anos semamais ter estado com uma mulher
Ele abriu os olhos.
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– Tomei a decisão de esperapela mulher certa.
– E realmente acha que eu soessa mulher? – ela riu dele. – Pobretolo.
Finalmente havia conseguidorritá-lo.
Meu Deus, entendi mal. Esta não
pode ser a que enviou para mim.Ele podia passar o resto da vida
tentando fazer com que Angel o
entendesse. Teve vontade deagarrá-la, chacoalhá-la e chamá-lade tola, mas a única coisa que ela
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fez foi encará-lo com aquele sorrisocomo se afinal o compreendesse
Ele foi etiquetado e posto numacaixa.Michael perdeu a calma.
– Se você quer assim, que seja.Bateu a porta e saiu pelocorredor. Desceu a escada
atravessou o cassino, empurrou aporta de mola e foi para a ruaContinuou andando com a
esperança de que o ar frio lheesfriasse a cabeça.
Michael...
Esqueça! Esqueça que pedi uma
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esposa! Não preciso tanto assim deuma.
Michael...Continuarei celibatário.Michael, meu amado.
Ele continuou andando. MeDeus, por que ela? Por quê? Poque não uma mulher bem-criada e
ntocada até a noite de núpciasPor que não uma viúva temente aDeus? Senhor, dê-me uma mulhe
simples, bondosa e forte, alguémque trabalhe ao meu lado nocampo, arando, plantando e
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colhendo! Alguém que tenha terraembaixo das unhas, mas que não a
tenha no sangue! Alguém que medê filhos, ou alguém que já tenhafilhos, se não for a sua vontade que
eu tenha os meus. Por que me dipara casar com uma rameira?Foi esta a mulher que escolh
para você.Michael parou, furioso.
– Não sou nenhum profeta! –
berrou para o céu que começava aescurecer. – Não sou um de seussantos. Sou apenas um homem
comum!
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Volte lá e pegue Angel. – Não vai dar certo! Dessa vez o
Senhor se enganou. Volte. – Ela é boa para sexo, disso
tenho certeza. Ela me dará isso enada mais. Quer que eu volte posso? Jamais terei dela mais do que
uma mísera meia hora. Subo paraaquele quarto cheio de esperança esaio de lá derrotado. Onde fica o
seu triunfo nisso? Ela não semporta se nunca mais me vir. Estátentando me passar adiante para a
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outras como um... Não, SenhorNão! Sou apenas mais um homem
anônimo numa longa fila dehomens anônimos na vida delaNão pode ser isso que o Senho
tinha em mente!Ele ergueu o punho cerrado. – E com certeza não foi o qu
pedi!Passou as mãos no cabelo.
– Ela deixou muito claro. Posso
tê-la do jeito que eu quiser. Dopescoço para baixo. Excluindo ocoração. Sou apenas um homem
meu Deus! Sabe o que ela me fa
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sentir?Começou a chover. Uma chuva
gelada.Michael ficou parado no escuro
na rua de lama a dois quilômetro
da cidade, com a chuva escorrendono rosto. Fechou os olhos.
– Obrigado – disse asperamente
– Muito obrigado.Sangue quente, em fúria
atejava-lhe nas veias.
– Se essa é a sua maneira deme acalmar, saiba que não estádando certo.
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Faça a minha vontadeamado. Eu o tirei do fundo do
poço, do pântano, e firmei seupés sobre uma rocha. Volte pelaAngel.
Mas Michael se agarrava à raivacomo um escudo.
– Não vou. A última coisa qu
quero, ou preciso, é uma mulheque não sente nada.
E começou a andar de novo
desta vez para o estábulo, ondeestavam sua carroça e seucavalos.
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– O tempo está ruim para viajarsenhor – disse o cavalariço. – Vem
vindo uma tempestade. – É bom como qualquer outroEstou farto deste lugar.
– O senhor e milhares de outrosMichael teve de passar pelo
Palácio para sair da cidade. A
risadas de bêbados e a música dopiano eram irritantes. Nem olhopara a janela dela no segundo
andar quando passou. E por queolharia? Ela devia estatrabalhando. Assim que voltasse
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para o vale e se esquecessedaquela mulher destinada ao
nferno, se sentiria melhor.E da próxima vez que rezassepara Deus enviar uma mulher para
compartilhar sua vida, seria muitomais específico sobre o tipo quequeria.
Angel estava de pé ao lado da
anela quando viu Hosea passarSabia que era ele, mesmo com oombros curvados para se protege
da tempestade. Esperou para ver se
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ele olhava para cima, mas ele nãoolhou. Ficou observando-o até
perdê-lo de vista.Bem, tinha finalmenteconseguido afastá-lo. Era o que
queria desde o início.Então por que estava se
sentindo tão desolada? Não devia
estar contente por ter se livradodele afinal? Ele não ia mais sesentar no seu quarto, falando
falando e falando, até ela pensaque ia enlouquecer.
Ele acabou chamando-a de
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Angel. Angel! Ela levantou a mãotrêmula e a encostou no vidro. O
frio penetrou na palma da mão esubiu pelo braço. Então encostou atesta e ouviu o tamborilar da chuva
O ruído a fez se lembrar do barracoperto das docas e da mãe sorrindoao morrer.
Oh, meu Deus! Estou sufocandoEstou morrendo.
Ela começou a tremer e deixou a
cortina voltar para o lugar. Talvezfosse a única saída. A morte. Semorresse, ninguém mais poderia
usá-la.
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Sentou-se na cama e encolheos joelhos junto ao peito. Apoiou a
cabeça nos joelhos e ficobalançando para frente e para trásPor que ele tinha de procurá-la? Ela
á estava aceitando as coisas comoeram. Estava sobrevivendo. Por queele tinha de destruir sua paralisia
nterior? Cerrou os punhos. Nãoconseguia se livrar da visão deMichael Hosea indo embora na
chuva.E teve o terrível pressentimento
de que acabara de jogar fora sua
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última chance.
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A morte está diante de mim hoje
Como um homem que anseia vesua casa
depois de passar muitos anos no
cativeiro – P A P I R O D O E G I T O A N T I G
tempestade durou dias. A
chuva riscava o vidro como
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ágrimas, lavava a terra e formavamagens líquidas do mundo lá fora
Angel trabalhava, dormia e espiavaas favelas, os prédios de ripas e atendas decadentes de lona
luminadas por milhares deampiões até o amanhecer. Nenhumverde em parte alguma. Só cinzas e
marrons.Henri ia servir o café da manhã
agora, mas ela não tinha fome e
não estava disposta a se sentacom as outras para ouvir suabrigas e reclamações.
A chuva caía mais forte e mai
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rápida e com ela vieram aembranças. Ela costumava faze
uma brincadeira com a mãe natardes chuvosas. Sempre quechovia fazia frio na favela, frio
demais para qualquer pessoa quenão fosse obrigada a ficar lá. Ohomens iam se aquecer numa
taverna confortável e Rab ia comeles. Mamãe punha Sarah no colo eenrolava o cobertor em volta da
duas. Sarah passou a gostar datempestades, porque então tinhamamãe só para ela. Ficavam vendo
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as grandes gotas se unindo no vidroda janela e por fim escorrendo
transformadas num rio quandochegavam ao batente. Mamãe lhecontava histórias de quando era
criança. Só os momentos felizes, obons tempos. Jamais falava dequando fora abandonada pelo pa
de Sarah. Nunca falava de AleStafford. Mas, sempre que ficavacalada, Sarah sabia que estava se
embrando dele e sofrendo tudoaquilo de novo. Mamãe a abraçavacom força, a balançava e
cantarolava de boca fechada.
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– As coisas vão ser diferentepara você, querida – dizia, e
beijava a filha. – As coisas vão sediferentes para você. Você vai ver.
E Angel viu.
Parou de pensar no passadoargou a cortina e se sentou àpequena mesa com toalha de
renda. Reprimiu as lembrançamais uma vez. O nada do vazio eramelhor do que o sofrimento.
Hosea não vai voltar. Não destavez. Fechou os olhos com força e amão também, pequena, apoiada no
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colo. Por que pensava nele? “Venhaembora comigo e seja minha
esposa.” Claro, até se cansar dela eentregá-la para outro. Como DukeComo Johnny. A vida não muda
nunca.Deitou-se na cama e cobriu orosto com um lençol claro de cetim
Lembrou-se dos homens costuranda mortalha sobre o sorriso rígido damãe e sentiu um vazio por dentro
Qualquer esperança que um diaexistira nela tinha se esvaído. Nãorestava mais nenhuma salvação
Sentia que estava desmoronando.
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– Vou conseguir sozinha – disseno silêncio do quarto, e quase pôde
ouvir Duke dando risada: “Claro quvai, Angel. Como na última vez”.
Alguém bateu à porta e a trouxe
de volta das lembranças sombrias. – Posso entrar, Angel?Ela deu boas-vindas a Lucky
Lembrava mamãe, só que Luckbebia para ficar feliz e mamãebebia para esquecer. Não estava
bêbada naquele momento, masegurava uma garrafa e dois copos
– Você anda muito retraída
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ultimamente – disse Lucky, ao sesentar na cama com ela. – Está
bem? Não está doente nem nadaestá? – Estou bem – disse Angel.
– Não tomou café conosco.E botou a garrafa e os copos namesa de cabeceira.
– Não estava com fome. – E também não está dormind
bem. Está com olheiras. Você está
triste, não é?E ajeitou gentilmente o cabelo
de Angel para trás.
– Ora, isso acontece com toda
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nós, até com uma prostituta velhacomo eu.
Lucky gostava de Angel, sepreocupava com ela. Angel eramuito jovem... E muito dura
Precisava aprender a rir um poucoda vida. Era linda, e isso erasempre útil naquela profissão
Lucky gostava de olhar para elaAngel era uma flor rara naquelecanteiro de ervas daninhas, era
especial. As outras não gostavamdela por causa disso, e porque elanão se misturava, era
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ndependente.Lucky era a única a quem Ange
permitia certa proximidade, mahavia regras. Ela podia falar sobrequalquer coisa, menos sobre
homens e Deus. Lucky nunca pararpara pensar nem para perguntapor quê. Era grata porque lhe
permitia que fossem amigas. Angel estava especialmente
quieta naquele dia, com o lindo
rosto muito pálido e abatido. – Trouxe uma garrafa e dois
copos. Quer experimentar beber de
novo? Talvez não seja tão ruim
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desta vez. Vamos bem devagar. – Não – Angel estremeceu.
– Tem certeza de que não estádoente?
– Acho que não estou.
O que a deixava doente era avida.
– Estava pensando em minh
mãe.Foi a primeira menção a
qualquer coisa relacionada com o
passado de Angel, e Lucky sentiu-sehonrada de merecer sua confiançaEntre as meninas, era um grande
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mistério a origem de Angel, deonde tinha vindo.
– Não sabia que você tinha mãe Angel deu um sorriso enviesado – Talvez não tenha tido mesmo
Pode ser apenas a minhamaginação. – Você sabe que eu não qui
dizer isso. – Eu sei. Angel olhou para o teto.
– Mas às vezes fico pensando.Existiu mesmo uma casa cercad
de flores, com o perfume das rosa
entrando pela janela da sala? Sua
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mãe realmente riu, cantou e correcom ela pelos campos?
Lucky pôs a mão na testa deAngel.
– Você está febril.
– Estou com dor de cabeça, mavai passar.
– Há quanto tempo está
sentindo isso? – Desde que o fazendeir
começou a me perseguir.
– Ele voltou? – Não. – Acho que ele estava
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apaixonado por você. Estáarrependida de não ter ido embora
com ele? Angel ficou tensa por dentro. – Não. Ele é só um homem como
os outros. – Quer que a deixe sozinha? Angel segurou a mão de Lucky.
– Não.Não queria ficar sozinha. Não
assim, pensando no passado, sem
conseguir afastar as lembrançasNão quando só pensava em morrerE aquela chuva, constante
martelando sem parar... Estava
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enlouquecendo.Ficaram em silêncio um bom
tempo. Lucky serviu-se de umdrinque. A tensão dominou Angeao se lembrar de mamãe bebendo
para fugir e esquecer. Lembrou-sedo sofrimento e da sensação deculpa de mamãe e de seu choro
sem fim. Lembrou-se de Cléobêbada e amarga, reclamando davida e contando para ela a verdade
de Deus sobre os homens.Lucky não era mamãe nem Cléo
Era divertida e desinibida. Gostava
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de falar. As palavras tão conhecidasfluíam como bálsamo. Se Ange
conseguisse prestar atenção nahistória da vida de Lucky, talvezesquecesse a sua.
– Minha mãe fugiu quando etinha 5 anos – disse Lucky. – Jácontei isso a você?
– Conte outra vez. – Minha tia me criou. Era uma
senhora de bem. O nome dela era
srta. Priscilla Lantry. Desistiu decasar com um bom rapaz porque opai dela estava doente e precisava
dela. Cuidou do velho sovina po
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quinze anos, até ele morrer. Nemtinha esfriado na cova quando
minha amável mãe me largou naporta dela com um bilhete quedizia: “Esta é Bonnie”. Assinado
Sharon”.E deu risada.
– Tia Priss não gostou muito da
deia de ter uma criança para criarespecialmente uma rejeitada pelarmã que não prestava. Todos os
vizinhos acharam que ela era umasanta por ter me adotado.
Lucky se serviu de mais uma
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dose de uísque. – Ela disse que ia cuidar par
que eu fosse educada direito, nãocomo minha mãe. Quando nãousava uma vara para me bater pelo
menos duas vezes por dia, achavaque não estava cumprindo o sedever. “Economize a vara e
estrague a criança.” Lucky bateu com a garrafa na
mesa de cabeceira e afastou o
cabelo escuro do rosto vermelho. – Ela bebia. Não como eu. Ela
fazia tudo direito. Só bebericava
Aliás, nem era uísque. Era madeira
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o bom madeira. Começava demanhã, um golinho aqui, outro al
Parecia ouro líquido em sua belataça de cristal. Era muito calma edoce quando os vizinhos a
visitavam.Lucky deu uma risadinha.
– Eles achavam charmoso se
ciciar.Suspirou e rodou o líquido cor de
âmbar no copo.
– Era a mulher mais perversaque conheci. Mais perversa do quea Duquesa. Assim que as visita
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am embora em suas belacarruagens, ela vinha para cima de
mim.E começou a imitar o elegantesotaque sulino:
– “Você não fez uma mesuraquando a sra. Abernathy chegouVocê pegou dois biscoitos da
bandeja, quando eu disse parapegar apenas um. O diretor daescola disse que não fez seu deve
de aritmética ontem.” E bebeu metade do uísque no
copo.
– Depois ela me punha sentada
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enquanto ia procurar a vara certano salgueiro. Tinha de ter a
espessura de seu dedo indicador.Lucky ergueu o copo para a luz e
espiou através dele antes de
esvaziá-lo. – Uma tarde ela foi tomar ch
com a mulher do pároco. Iam trata
da minha inscrição numa academiade moças. Enquanto estava foraderrubei o salgueiro com um
machado. A árvore arrebentou otelhado e caiu bem no meio de suainda sala de estar. Quebrou seus
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cristais todos. Fugi antes de elavoltar.
Riu baixinho. – Às vezes penso que gostariade ter ficado para ver a cara dela
quando chegasse em casa.E ficou olhando para o copovazio.
– E às vezes tenho vontade devoltar e dizer para ela que sintomuito.
Pegou a garrafa e ficou de pécom os olhos vidrados.
– É melhor eu ir para a cama, te
meu sono de beleza.
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Angel segurou-lhe a mão. – Lucky, procure não bebe
tanto. A Duquesa andou dizendoque vai mandá-la para a rua se nãomaneirar na bebida.
– Não se preocupe comigoAngel – disse Lucky, com um sorrisoapagado. – Da última vez que e
soube, ainda era uma mulher paravinte homens aqui. As chanceestão definitivamente a meu favor
Você é que tem de se cuidarMagowan a odeia.
– Magowan não vale nada, é um
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bostinha. – É verdade, mas a Duquesa
tem uma queda por ele, e ele andadizendo para ela que você épreguiçosa e insolente. Trate de se
cuidar. Por favor. Angel não se importava. Qudiferença fazia? Os homens iam
continuar aparecendo e pagandopara estar com ela, até as mulheredecentes chegarem. Daí iam tratá
a como mamãe. Fingir que não aconheciam quando passassem poela na rua. As mulheres de bem
virariam a cara e as criança
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ficariam boquiabertas, olhandoperguntando quem era ela, até
receberem um cala-boca. À noiteainda teria trabalho. Claro, atédeixar de ser bonita ou ficar muito
doente e não atrair mais ninguém.Se ao menos pudesse ser como
aqueles homens da montanha que
am para aqueles lugares remotos ficavam por lá, caçando a própriacomida, construindo o próprio
abrigo, sem precisar dar satisfaçãode nada a ninguém. Viver a vida empaz, isso devia ser um paraíso.
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Ela se levantou da cama e foaté a pia. Derramou água na bacia
avou o rosto, mas a água fria nãomelhorou nada. Ficou com a toalhasobre os olhos um longo tempo
Então se sentou à pequena mesaembaixo da janela e ficou espiandopor trás da cortina. Viu uma carroça
vazia na rua e pensou em HoseaPor que tinha de pensar nele agora
E se tivesse ido com ele? Será
que as coisas seriam diferentes?Lembrou de uma vez que fugira
com um homem. Aos 14 anos, era
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nexperiente demais para entendeas ambições de Johnny. Ele
procurava uma fonte de renda e elaqueria escapar de Duke. Acaboque nenhum dos dois conseguiu o
que queria. Fechou os olhos bemapertados diante do horror queDuke fez quando pegou os dois
Pobre Johnny.Sentia-se bem antes de o
fazendeiro aparecer. Ele era
exatamente como Johnny. Usava aesperança como isca. Pintavamagens de liberdade e prometia
sso para ela. Mas ela não
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acreditava mais naquelas mentirasinha parado de acreditar na
iberdade. Tinha parado de sonhacom ela... Até Hosea aparecer, eagora não conseguia mais pensa
em outra coisa. Agarrou a cortina. – Preciso sair daqui.
Nem se importava para ondeQualquer coisa era melhor do queaquilo.
Já tinha ouro suficiente paraconstruir uma casinha e parar detrabalhar por um tempo. Só
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precisava de coragem para descer eexigir o que lhe era de direito
Conhecia o risco que corria, maagora isso não tinha maimportância.
Pit, o encarregado do barestava polindo e empilhando copoquando ela desceu.
– Bom dia, srta. Angel. Quer saipara sua caminhada? Quer que eencontre o Bret?
Faltou-lhe coragem. – Não. – Está com fome? Acabei de
preparar um lanche para a
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Duquesa.Talvez o alimento diminuísse se
mal-estar. Ela fez que sim com acabeça. Ele largou os copos e saipela porta no fundo do bar. Quando
voltou, disse: – Henri vai servi-la num minuto
Angel.
O francês pequeno e morenoapareceu com uma bandeja ondehavia um prato de batata frita com
toucinho. O café estava mornoPediu desculpas e disse que osuprimentos estavam acabando. De
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qualquer modo, Angel nãoconseguiu comer. Até que tentou
mas a comida parou na gargantanão descia. Bebeu o café e tentoafogar o medo, mas ele continuo
á, com um nó apertado no peito.Pit a observava. – Algum problema, Angel?
– Não. Nenhum.Ela podia muito bem resolve
ogo aquilo. Empurrou o prato e se
evantou.Os aposentos da Duquesa
ficavam no primeiro andar, atrás do
cassino. Angel parou diante da
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pesada porta de carvalho, com amãos molhadas de suor. Secou-as
na saia, respirou fundo e bateu. – Quem é? – Angel.
– Entre. A Duquesa passava o
guardanapo delicadamente na boca
e Angel viu o que restava de umomelete de queijo no prato. Um ovvalia dois dólares, e era muito difíc
encontrar queijo, a qualquer preçoNem conseguia lembrar a últimavez que comera um ovo. Aquela
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vaca desprezível. O medo diminuie o ressentimento aumentou.
A Duquesa sorriu. – Por que não está dormindoSua aparência está péssima. Está
aborrecida com alguma coisa? – Você tem exigido demais demim.
– Bobagem. É apenas mais umde seus dias ruins.
E alisou a seda vermelha diáfan
do vestido, que contribuía poucopara esconder os rolos de banhaque tinha na cintura. As bochecha
estavam inchadas e estava criando
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um segundo queixo. Uma fita corde-rosa prendia para trás o cabelo
que começava a ficar grisalho. Elaera obscena.
– Sente-se, querida. Vejo que
está com algum problema nacabeça. Bret me disse que você nãodesceu para tomar café hoje. Que
comer alguma coisa agora? A Duquesa apontou magnânima
a mão indolente para um cesto de
pãezinhos. – Quero o meu ouro. A Duquesa não pareceu nada
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surpresa. Riu e chegou para frentepara se servir de mais café
Acrescentou creme. Angel ficomaginando onde tinha conseguidoaquele creme e quanto tinha
custado. A Duquesa levantou aelegante xícara e bebeu o caféenquanto a observava por cima da
borda. – Por que quer o seu ouro? –
perguntou, como se estivesse
meramente curiosa. – Porque me pertence. A Duquesa olhou para ela com
um ar de mãe tolerante. Parecia
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que estava se divertindo. – Sirva-se de café e vamo
conversar. – Não quero café e não quero
conversar. Quero o meu ouro e o
quero agora. A Duquesa inclinou um pouco a
cabeça para o lado.
– Você podia pedir com umpouco mais de educação. Tevealgum cliente irritante na noite
passada? Angel não respondeu, e a
Duquesa semicerrou os olhos. Pôs a
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xícara no pires. – Por que precisa do seu ouro
Angel? O que há para compraaqui? Mais enfeites? A expressão dela indicava qu
estava se divertindo novamente, sóque o olhar passava um aviso. – Diga o que você quer, que
posso ver se arranjo. A menos queseja alguma coisa completamentefora de propósito, lógico.
Como os ovos e o creme. Comoa liberdade.
– Quero uma casinha só minha –
disse Angel.
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A expressão da Duquesa mudouficou ameaçadora.
– Para poder entrar no negóciopor conta própria? Está ficandoambiciosa, minha querida?
– Você não terá competiçãonenhuma de minha parte, posso lhgarantir. Estarei a centenas de
quilômetros daqui. Eu só queroparar. Quero que me deixem empaz.
A Duquesa suspirou e olhou paraela com cara de pena.
– Angel, todas nós temos essa
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deias bobas uma vez ou outra. Etiro por mim. Você não pode parar
É tarde demais.E inclinou-se para frentedeixando o pires e a xícara na mesa
outra vez. – Eu cuido bem de você, nãocuido? Se tiver reclamaçõe
procedentes, é claro que vou ouvia, mas não posso simplesmentedeixar que vá embora. Este lugar é
nóspito. Você não estaria segurapor aí, sozinha. Coisas horríveipodem acontecer com uma menina
bonita quando ela fica sozinha.
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Seus olhos faiscaram. – Precisa de alguém que tome
conta de você. Angel levantou um pouco o
queixo.
– Posso contratar um guardacostas.
Dessa vez a Duquesa deu risada
– Alguém como Bret? Acho qunão gosta dele como eu.
– Eu podia me casar.
– Casar? – ela riu. – Você? Ahessa é boa.
– Fui pedida em casamento.
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– Ah, tenho certeza que recebepropostas. Até sua amiguinha
bebum, a Lucky, já foi pedida emcasamento, só que ela também ésuficientemente esperta para sabe
que nunca daria certo. Os homennão querem prostitutas para casarDizem todo tipo de tolices quando
estão solitários, desejando umamulher, e quando não há maisninguém por perto. Mas recuperam
o juízo logo, logo. Além do maisvocê não ia gostar.
– Pelo menos estaria
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trabalhando para um homem só. A Duquesa sorriu.
– O que acharia de lavar aceroulas sujas de um homempreparar as refeições dele e limpa
seu penico? O que acharia de fazetudo isso e depois ter de lhe dar oque ele quisesse? Gostaria disso
Ou então talvez você imagine queele a deixaria sem fazer nada o dianteiro, que teria empregados para
cuidar de tudo. Em outro lugar vocêpodia conseguir isso. Mas aqui naCalifórnia não, e certamente não
agora. Seria mais inteligente fica
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onde está. Angel não disse nada.
Os cantos da boca da Duquesaviraram para baixo.
– O problema é que você pensa
demais em si mesma, Angel – ebalançou a cabeça. – Às vezes sintoque estou lidando com criança
mimadas. Tudo bem, minhaquerida. Vamos ao motivo destenosso encontro, está bem? Quanto
mais você quer? Trinta por cento? – Só o que eu ganhei. Agora. A Duquesa suspiro
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profundamente. – Está bem, então, se é assim
que tem de ser. Mas terá deesperar. Eu investi seu dinheiropara você.
Angel ficou imóvel, sentindo afrustração e a raiva crescendoFechou os punhos.
– Desinvista. Sei que tem oursuficiente em seu cofre, agoramesmo, para acertar as conta
comigo – e apontou para o prato. –em o bastante para comprar ovos
queijo e creme para você.
Angel juntou as mãos em
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concha. – Tudo o que espero é um saco
deste tamanho. Um dos homenque você mandou para o mequarto na noite passada era
contador e fez alguns cálculos paramim.
A Duquesa olhou furiosa par
ela. – Minha querida, você está
falando como uma tola ingrata – e
se levantou com a honra ferida. –Está esquecendo tudo o que façopor você. Os custos não são mais o
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mesmos de quando iniciamos estapequena operação. Tudo aumentou
de preço. Suas roupas custam umafortuna. Seda e renda não sãocomuns numa cidade de mineração
você sabe. Sua comida custa aindamais. E não levantei este prédio degraça!
O ressentimento e a amargurade Angel há muito tinhamdissolvido o medo e o raciocínio
ógico. – O meu nome está na escritura A Duquesa parou.
– O que foi que disse?
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– Você ouviu. O meu nome estána escritura?
Angel também se levantou, nãoqueria mais se controlar.
– Você tem creme para o seu
café, ovos e queijo no café damanhã. Veste cetim e renda. Usaaté porcelana fina.
Pegou uma xícara e a jogoucontra a parede.
– Quantos homens eu atend
para você poder se entupir feitouma porca e se vestir como umaparódia grotesca da realeza
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Duquesa de onde? Duquesa dequê? Você não passa de uma
prostituta velha e gorda quenenhum homem quer mais!O rosto da Duquesa estava
branco de raiva.O coração de Angel batia cadavez mais depressa. Odiava aquela
mulher. – Você não está mais cobrando
quatro onças de ouro pelo me
tempo. Qual é o preço hoje em diaSeis? Oito? A essa altura, eu jádevia ter renda suficiente para fica
ivre deste lugar.
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– E se não tiver? – perguntou aDuquesa em voz baixa.
Angel levantou o queixo. – Ora, uma garota esperta pode
se virar muito bem sozinha.
A Duquesa recuperou a pose. – Uma garota esperta jamai
pensaria em falar comigo desse
eito. Angel sentiu o perigo e
compreendeu o que tinha feito
Afundou lentamente na cadeiracom o coração na boca.
A Duquesa se aproximou e
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tocou-lhe o cabelo. – Depois de tudo que fiz po
você – disse, em tom de lamento. –Você tem memória curta para aprimeiras semanas que passou em
San Francisco, não é?Ela segurou e levantou o queixode Angel.
– A primeira vez que a vi, aindtinha marcas de uma grande surraVivia num barraco vagabundo e
estava quase morrendo de fome.Ela apertou os dedos até
provocar dor.
– Eu a tirei da lama e a
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transformei em alguém. Aqui você éuma princesa.
Ela soltou o queixo de Angel. – Princesa de quê? – Ange
disse, desolada.
– Você é muito ingrata. Achoque Bret tem razão. Ficou mimadacom o tratamento especial que
recebe. Angel tremia por dentro. A raiva
rracional tinha se evaporado
Pegou a mão da Duquesa e aapertou em seu rosto gelado.
– Por favor. Não suporto mais
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sso. Preciso sair daqui. – Talvez precise mesmo de uma
mudança – disse a Duquesaalisando-lhe o cabelo. – Dê-me umtempo para pensar. Agora suba e
vá descansar. Conversamos depois Angel fez o que ela disseSentou-se ao pé da cama e
esperou. Quando Magowan entrosem bater, Angel teve sua respostaLevantou-se e recuou para longe
enquanto ele fechava a porta semfazer barulho.
– A Duquesa disse que você
tinha muito que dizer para ela
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minutos atrás. Bem, pombinhaagora é a minha vez de falar um
pouco. Quando eu terminar, vocêestará tão obediente quanto MaLing. E eu vou gostar. Espero po
sso há muito, muito tempo. E vocêsabe muito bem, não sabe?
Angel olhou para a janela dupla
fechada, depois de novo para aporta trancada.
– Não vai conseguir passar po
mim.Bret tirou o paletó preto.
Angel se lembrou de um homem
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alto e moreno, também de paletópreto. Subitamente ficou muito
claro que não havia saída, não paraela. Nunca houvera e nuncahaveria. Para todo lado que virasse
toda vez que tentasse, acabavapresa novamente, em situação piodo que a anterior.
– Não se preocupe. Não vodeixar nenhuma marca visível. você vai trabalhar esta noite
disposta ou não. Angel foi dominada pela
desesperança e pela fúria
Lembrou-se de tudo que tinham
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feito com ela desde o tempo emque era criança, num barraco na
docas, até agora, naquele quartoNunca ficaria melhor. Aquilo eratudo que podia esperar da vida. O
mundo estava cheio de Dukes e deDuquesas e de Magowans e dehomens que faziam fila à sua porta
Haveria sempre alguém paraescravizá-la e usá-la, alguém queucraria com sua carne e se
sangue. A saída era uma só.Talvez ela sempre soubesse que
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era a única. Teve a sensação deque era uma presença viva dentro
do quarto, uma força ao lado delaobscura e acolhedora. E estavafinalmente pronta para abraçá-la
Bastariam algumas palavras bemdosadas e Magowan terminaria oserviço para ela. E ela estaria
ivre... Livre para sempre.Magowan franziu o cenho
confuso com a expressão de Ange
mas ela nem se importou. Nãotinha mais medo. Abriu um largosorriso para ele.
– Qual é o seu problema?
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Os olhos de Angel brilhavamcomo loucos e ela começou a rir.
– Do que está rindo? – De você, grandalhão. O
cachorrinho da Duquesa.
Ela riu mais ainda com a caraespantada que ele fez. O riso ficomais alto, um som estranho e
alegre aos ouvidos dela mesmaudo era muito engraçadoncrivelmente engraçado. Por que
não tinha percebido isso antesoda a sua vida era uma grande
piada. Mesmo quando Magowa
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avançou em direção a ela, nãoconseguiu parar de rir. Nem no
primeiro golpe nem no segundo. nem no terceiro também.Depois da quarta pancada, a
única coisa que Angel ouviu foi abesta rugindo em seus ouvidos.
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Prometo ser fiel, amar e respeitar,na alegria e na tristeza, na saúde e
na doençapor todos os dias da nossa vida
até que a morte nos separe – L I V R O D E O R A Ç Ã O C O M U
ichael não conseguia tira
Angel da cabeça. Tentava se
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concentrar no trabalho, mas estavasempre pensando nela. Por que ela
o perturbava tanto? Por que eletinha essa impressão de que haviaalguma coisa errada? Trabalhava
até depois de escurecer todos odias e então se sentava diante dofogo, atormentado por aquele
pensamentos. Via o rosto dela nachamas, clamando por ele. Para onferno, sem dúvida. Ou será que
ele já estava tendo uma provadaquilo?
Lembrou-se da aura trágica de
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Angel quando passou por elenaquele primeiro dia e então se
esforçou para lembrar tambémcomo seu coração era duro. Juroque não voltaria para ela e passo
a fazer isso todas as noites, quandodormia e ela assombrava seusonhos. Não conseguia escapa
dela. Ela dançava diante dele, comoSalomé para o rei Herodes. Ele lheestendia a mão e ela recuava. Era
uma tortura. Você me quer, não éMichael? Então volte. Volte.
Depois de alguns dias, os sonho
viraram pesadelos. Ela estava
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fugindo de alguma coisa. Ele corriaatrás dela, pedindo que parasse
mas ela continuava correndo atéchegar a um precipício. Entãoolhava para ele, com o vento
açoitando o cabelo dourado norosto.
Mara, espere!
Ela se virou para frente, abriu obraços e se jogou.
– Não!
Michael acordou assustado, como corpo coberto de suor. O peitosubia e descia, o coração batia tão
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rápido e forte que ele chegava atremer. Passou as mãos trêmulas
no cabelo. – Meu Deus – sussurrou noescuro. – Jesus, livre-me disso.
Por que ela o perseguia daqueleeito?Ele se levantou, abriu a porta e
se encostou no batente. Estavachovendo novamente. Fechou oolhos, cansado. Não rezava havia
dias. – Eu seria um idiota de voltar –
disse em voz alta. – Um idiota.
Olhou para o céu escuro e
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chuvoso. – Mas é isso que o Senhor quer
não é, meu Deus? E não me darápaz enquanto eu não voltar.
Deu um longo suspiro e esfrego
a nuca. – Não entendo o que resultar
de bom nisso, Senhor, mas eu
voltarei. Mesmo sem gostar muitoda ideia, farei o que quer.
Quando finalmente foi para a
cama outra vez, dormiprofundamente e não teve sonhoscomo há muito não acontecia.
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De manhã o céu estava limpoMichael carregou a carroça e atiço
os cavalos.Quando entrou em Pair-a-Diceno fim da tarde, olhou para cima
para a janela de Angel. As cortinaestavam fechadas. Um músculosaltou-lhe no maxilar e sentiu uma
dor aguda na barriga. Ela deviaestar trabalhando.
Meu Deus, o Senhor disse para
fazer a sua vontade e estou meesforçando muito. Mas é necessárioque doa tanto assim? Preciso de
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uma mulher e esperei sua escolhaPor que me deu isso? Por que estou
aqui de novo, neste acampamentoolhando para a janela dela com ocoração na boca? Ela não me que
de jeito nenhum.De ombros curvados, seguiu pelaMain Street para tratar de negócio
no mercado. Precisava de ouro parasubir ao segundo andar do PalácioQuando parou na frente da loja de
Hochschild, saltou da carroça esubiu os degraus a passos largosHavia um aviso pregado na janela
Fechado. De qualquer maneira
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Michael bateu com força. Lá dedentro, Hochschild gritou uma série
de impropérios que deixariamencabulado um marinheiroexperiente. Quando abriu a porta, a
raiva desapareceu. – Michael! Por onde andou
Passei semanas com tudo em falta
e você não apareceu.Com a barba por fazer, meio
bêbado, a camisa para fora da
calça, Joseph saiu para espiar o quhavia na carroça.
– Carregamento completo
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Graças a Deus. Não me importa seestá cheio de insetos o
apodrecendo. Fico com tudo o quetrouxe. – Você é o tipo do cara bom de
negócio – disse Michael, sorrindoum pouco.Empilhou os caixotes e carrego
dois de cada vez. – Está com uma aparência
horrível. Esteve doente?
Joseph deu risada. – Bebi demais. Está com muita
pressa? Será que pode ficar um
pouco para conversar?
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– Dessa vez, não. – Planeja gastar tudo o que e
he der no Palácio outra vez? É umadas doenças do homem, não éEssa necessidade de mulher.
O maxilar de Michael secontraiu.
– Como é que sabe tanto de
meus assuntos particulares? – Não foi difícil saber, quando
você continuou na cidade depois de
quatro dias na última vez.Hochschild olhou para Michae
assobiou sem fazer ruído e mudo
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de assunto. – Encontraram um filão a un
seis quilômetros daqui, rio acima.E contou tudo com detalhes. – Com todo esse ouro entrando
posso aumentar meus preços.Michael jogou o último caixoteno balcão. O preço de Angel devia
ter subido também.Hochschild o pagou e coçou o
rosto barbado. Michael costumava
ser sociável, mas naquele diaestava visivelmente mal-humorado
– Já comprou seu rebanho?
– Ainda não.
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Na última viagem, Michael havianvestido todo o pó de ouro que
ganhara a duras penas paracortejar Angel. Guardou opagamento no cinto.
– Dizem por aí que Angel parode trabalhar por um tempo – disseJoseph.
Bastou ouvir seu nome e Michaeteve a sensação de ter levado umsoco no peito.
– Ela fez por merecer odescanso?
Joseph ergueu as sobrancelhas
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Aquela observação não era típicde Michael, absolutamente. Ele
devia ter se envolvido mesmodevia ter se machucado muitoBalançou a cabeça e fez uma
careta. – Esqueça que falei dela.Seguiu Michael até lá fora e o
viu subir na carroça. – A cidade recebeu um pastor n
última quarta-feira. Se tive
vontade de ouvi-lo, está pregandono Gold Nugget Saloon.
Michael estava pensando em
Angel. Pegou as rédeas e disse:
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– Volto daqui a umas duasemanas.
– É melhor deixar esses cavalodescansarem um pouco. Parece queexigiu demais deles vindo para cá.
– Estou indo para o estábuloagora.
Bateu com o dedo no chapéu e
desceu a Main Street. Ia precisar dsuborno e de muita conversa paraver Angel aquela noite. Deixou o
dois cavalos e a carroça comMcPherson e foi para o centro dacidade para alugar um quarto no
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hotel que ficava em frente aoPalácio, do outro lado da rua. Pela
primeira vez na vida Michael queriatomar um porre de verdade. Em vedisso, foi fazer uma longa
caminhada. Precisava de tempopara controlar as emoçõenovamente e pensar bem no que ia
dizer a ela. Voltou ao anoitecer, nem um
pouco mais calmo. Uma multidão s
acotovelava na frente do GoldNugget Saloon para ouvir os gritodo novo pregador sobre estarem
vivendo o fim dos tempos do
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Apocalipse. Michael ficou na rodde fora, mais afastada, ouvindo
Olhou uma vez para a janela deAngel. Alguém recuou para trás dacortinas.
Ele devia ir lá agora e acertar acoisas com a Duquesa. Mas ocoração disparou e ele começou a
transpirar só de pensar nissoResolveu esperar mais um pouco.
Alguém tocou suas costas, ele se
virou e viu uma senhora mais velhaolhando para ele com olhovermelhos. Seu cabelo era escuro e
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cacheado, e usava um vestidodecotado, verde berrante.
– Sou a Lucky – disse. – Amigada Angel. A mulher estava bêbada e tinh
a fala arrastada. – Vi você do outro lado da rua –e apontou para o Palácio. – Você é
o cara, não é? Que ficava pedindopara a Angel ir embora com você?
A raiva o dominou como um
ncêndio sem controle. – O que mais ela lhe contou? – Não fique zangado. Apenas vá
á e peça para ela de novo.
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– Ela pediu para você vir aquiEla estava lá em cima, rindo atrá
da cortina? – Não – Lucky balançou a cabeç
com força. – A Angel nunca pede
nada.Os olhos da mulher se encheram
de lágrimas e ela limpou o nariz no
xale. – Ela nem sabe que esto
falando com você.
– Bem, obrigado, Lucky, mas aúltima vez que a vi ela mal podiaesperar para que eu saísse po
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aquela porta e deixou bem claroque esperava que eu nunca mai
voltasse.Lucky encarou Michael. – Tire-a de lá. Mesmo que não
se importe mais com ela, mesmoque ela não se importe maisApenas tire-a de lá.
Michael ficou alarmado derepente e segurou o braço de Luckquando ela já ia embora.
– O que está acontecendo comela, Lucky? O que está querendodizer?
Ela secou o nariz de novo.
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– Não posso dizer mais nadaenho de voltar antes que a
Duquesa sinta a minha falta. Atravessou a rua, mas, em ve
de entrar pela porta da frente
esgueirou-se pela dos fundos.Michael olhou para a janela de
Angel. Alguma coisa estava errada
Muito errada. Atravessou a rua apassos largos e entrou pela portade mola. O lugar estava
praticamente deserto, a não ser podois homens que bebiam e jogavamcartas. O guarda-costas não estava
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no pé da escada para impedi-lo desubir. O corredor estava escuro e
silencioso. Silencioso demais. Umhomem saiu do quarto de Angel e aDuquesa estava com ele. Ela vi
Michael primeiro. – O que você está fazendo aquem cima? Ninguém pode subi
antes de tratar comigo! – Quero ver a Angel. – Ela não está trabalhando hoje
Ele olhou para a maleta preta nmão do homem.
– O que há de errado com ela?
– Nada – respondeu a Duquesa
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rritada. – Angel só está tirandoalguns dias para descansar. Agora
dê o fora daqui.E tentou bloquear o caminho
mas Michael a empurrou para o
ado e entrou no quarto. A Duquesa agarrou o braço dele – Fique longe dela! Doutor
segure-o!O médico olhou para ela com
frieza e raiva.
– Não, madame, não farei isso.Michael chegou até a cama e vi
Angel.
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– Oh, meu Deus do céu... – Foi Magowan – disse o médico
baixinho, atrás de Michael. – Não foi culpa minha! – disse aDuquesa, recuando cheia de medo
da expressão de Michael. – Não foi – Ela tem razão – disse o doutor
– Se a Duquesa não tivesse
chegado a tempo, provavelmenteele a mataria.
– Agora quer fazer o favor de
sair daqui e deixá-la em paz? –disse a Duquesa.
– Vou embora sim – respondeu
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Michael. – E vou levá-la comigo.
Angel acordou com o toque dealguém. A Duquesa estava
esbravejando novamente. Angequeria a escuridão. Não queriasentir nada, nunca mais, mas havia
alguém ali, tão perto que ela atésentia o calor da respiração. – Vou levá-la para casa comigo –
disse a voz, suavemente. – Se quer levá-la para casa, tudo
bem. Eu a embrulho para presente
– disse a Duquesa. – Mas vai ter de
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pagar primeiro. – Mulher, você não tem
vergonha? – soou a voz de outrohomem. – A menina terá sorte sesobreviver...
– Ah, ela vai sobreviver. E nãome olhe assim do alto de suaarrogância! Eu conheço a Angel. Ela
viverá. Mas ele não pode levá-la degraça. E vou dizer mais uma coisaEla fez por merecer isso. A bruxinha
sabia exatamente o que estavafazendo. Passou dos limites comBret, só tem causado problema
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desde que a tirei da lama em SaFrancisco.
– Pode ficar com o seu ouro –disse a voz que a tinha tirado daescuridão.
Só que agora estava ásperaCom raiva. Será que ela tinha feitoalguma coisa errada de novo?
– Mas saia daqui antes que efaça alguma coisa que depois váme arrepender.
A porta bateu. A dor explodiu ncabeça de Angel e ela gemeuPodia ouvir dois homen
conversando. Um deles falou com
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ela. – Quero me casar com você
antes de sairmos juntos daqui.Casar? Ela deu uma risada que
mais parecia um gemido.
Alguém segurou sua mãoPrimeiro pensou que fosse Luckymas a mão de Lucky era macia e
pequena, e esta era grande e duracom a pele cheia de calos.
– É só dizer que sim.
Ela aceitaria se casar com Satãem pessoa, se a tirasse do Palácio.
– Por que não? – conseguiu
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dizer. Angel mergulhou num mar de
dor e de vozes baixas. O quartoestava cheio delas. Lucky estava láe o médico, e o outro homem, cuja
voz era muito familiar, mas que elanão conseguia lembrar quem eraSentiu alguém enfiar um anel em
seu dedo. Levantaram gentilmentea cabeça dela e lhe deram umacoisa amarga para beber.
Lucky segurou sua mão. – Estão aprontando a carroç
para ele poder levá-la para casa
Você vai dormir a viagem inteira
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com o láudano que bebeu. Não vasentir nada.
Angel sentiu Lucky passar a mãoem seu cabelo.
– Agora você é uma senhora
casada, Angel. Ele tinha umaaliança pendurada num cordão nopescoço. Disse que pertencia à mãe
dele. À mãe dele, Angel. Ele pôs aaliança de casamento da mãe deleno seu dedo. Está me ouvindo
querida? Angel queria perguntar com
quem tinha se casado, mas que
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mportância tinha isso? A dor fodiminuindo aos poucos. Estava
muito cansada. Talvez acabassemorrendo. E assim estaria tudoacabado.
Ouviu o tinir de uma garrafa emum copo. Lucky estava bebendooutra vez. Angel ouviu seu choro
Apertou mansamente a mão daamiga. Lucky apertou a mão delade volta e soluçou baixinho.
– Angel – disse, alisando-lhe ocabelo –, o que você falou para Brepara que ele fizesse isso com você
Queria que ele a matasse? A vida é
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tão ruim assim?E continuou acariciando-lhe o
cabelo. – Fique firme, Angel. Não
desista.
Angel mergulhou de novo nescuridão aconchegante enquantoLucky falava.
– Vou sentir sua falta, AngelQuando estiver morando lá na suacabana com roseiras em volta
pense em mim de vez em quandoestá bem? Lembre-se de sua velhaamiga Lucky.
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Morro de sede
ao lado de uma fonte – C H A R L E S D’ O R L É A N
ngel despertou lentamente
com o aroma maravilhosode boa comida. Tentou se sentar egemeu de dor.
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– Devagar – disse uma voz dehomem, e um braço forte apoiou
he os ombros, erguendo-agentilmente.Ela sentiu que ele pôs alguma
coisa atrás para apoiar as costas ea cabeça.
– A tontura vai passar.
Seus olhos estavam quasefechados de tão inchados, e ela maconseguia ver um homem com
botas de cano longo, calça de brime camisa vermelha. Ele estavadebruçado sobre o fogo, mexendo
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numa panela grande de ferro. A luz da manhã entrava por uma
anela à sua frente. Seus olhodoíam. Estava numa cabana poucomaior do que seu quarto no Palácio
O assoalho era de tábuas. A lareirade pedras coloridas. Ao lado dacama viu as formas embaçadas de
uma mesa, quatro prateleiras, umacadeira de vime, uma cômoda euma arca grande e preta com
cobertores empilhados em cima.O homem voltou e se sentou na
beirada da cama.
– Tem vontade de comer alguma
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coisa, Mara?Mara.
Ficou petrificada. Algunfragmentos lhe voltaram àembrança... A surra de Magowan
as vozes em volta dela, alguémperguntando...
O coração galopava em se
peito. Sentiu os dedos... Havia umanel em um deles. A dor de cabeçapiorou. Praguejou baixinho. De
todos os homens do mundo, tinhade ser aquele.
– É ensopado de veado. Você
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deve estar com fome.Ela abriu a boca para lhe dize
onde devia pôr o ensopado, mas ador se espalhou no maxilar e asilenciou. Hosea se levantou e
voltou para o fogo. Quando foi sesentar perto dela de novo, seguravaum pote e uma colher. Ela viu que
ele pretendia dar-lhe de comerDisse alguma coisa suja e vulgar etentou virar a cabeça, mas até esse
simples movimento era demais. – Estou feliz que esteja se
sentindo melhor – ele disse
secamente.
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Ela apertou os lábios e serecusou a comer. Mas o estômago
roncou. – Alimente o lobo em sua
barriga, Mara. Depois pode tenta
brigar com o que acha que está àsua porta.
Ela cedeu. Estava morrendo de
fome. O cozido de carne e legumeque ele servia na colher era melhodo que qualquer prato que Henr
tinha feito. O latejar na cabeçadiminuiu. O maxilar doía demais e obraço estava numa espécie de
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tipoia. – Você está com o ombro
deslocado – disse Michael. – Temquatro costelas quebradas, aclavícula rachada e uma concussão
O médico não sabia se tinha algumferimento interno.O suor escorria nos lados do
rosto com o esforço doloroso deficar sentada. Falou devagar etensa:
– Então você conseguiu, afinaSorte sua. Isso aqui é o nosso lar?
– É.
– Como foi que cheguei aqui?
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– Em minha carroça. Joseph meajudou a pendurar uma rede para
que eu pudesse tirá-la do Palácio.Ela olhou para a aliança de ouro
no dedo. Fechou a mão.
– A que distância estou de Paira-Dice?
– Uma vida.
– Em quilômetros. – Sessenta. Estamos a noroeste
de Nova Helvécia.
Michael ofereceu-lhe mais umacolherada.
– Procure comer mais um pouco
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Precisa ganhar um pouco de peso. – Não tenho carne suficiente no
ossos para o seu gosto?Michael não respondeu. Angel não sabia se seu sarcasmo
o tinha irritado ou não. Percebeucom certo atraso, que poderiadeixá-lo irritado mesmo e que
aquele não era o melhor momentopara fazer isso. Tomou mais sopa eprocurou não demonstrar o medo
que sentia. Ele voltou para a panelano fogo e encheu o potenovamente. Sentou-se em uma
pequena mesa e comeu sozinho.
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– Há quanto tempo estou aqui– ela perguntou.
– Três dias. – Três dias? – Ficou delirando a maior parte
do tempo. A febre baixou ontem àtarde. Lembra-se de alguma coisa?
– Não – mas nem tentou se
embrar. – Imagino que devo lheagradecer por ter salvado minhavida – disse com amargura.
Ele continuou a comer emsilêncio.
– Então, como vai ser, senhor?
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– O que quer dizer? – O que quer de mim?
– Por enquanto, nada. – Só conversar. Certo?Michael olhou para Angel e ela
ficou apreensiva com a calma deleEle se levantou e foi para pertodela, fazendo seu coração disparar.
– Não vou machucá-la, Mara –disse, suavemente. – Eu amo você.
Não era a primeira vez que um
homem dizia que a amava. – Estou lisonjeada – ela disse
secamente.
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Ele não disse mais nada, entãoela apertou o cobertor com o punho
cerrado. – Por sinal, meu nome não éMara. É Angel. Você tem de dizer o
nome certo se vai botar o anel emmeu dedo.
– Você disse que eu podia
chamá-la do que quisesse.Os homens a chamavam po
outros nomes, diferentes de Ange
Alguns bonitos, outros nem tantoMas ela não queria que aquelehomem a chamasse por qualque
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outro nome que não fosse AngeFoi com ela que ele se casou
Angel. E Angel era o que ia ter. – O nome Mara vem da Bíblia –ele disse. – Está no Livro de Ruth.
– E como você é um homem quê a Bíblia, achou que Angel é bomdemais para mim.
– Não é questão de ser bom oruim. Angel não é seu verdadeironome.
– Angel é quem eu sou. A expressão dele endureceu. – Angel era uma prostituta de
Pair-a-Dice, que não existe mais.
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– Agora não é diferente do qusempre foi, não importa o nome
que resolva me dar.Michael se sentou na beirada da
cama.
– É muito diferente, sim – disse– Agora você é minha mulher.
Angel tremia de fraqueza, ma
revidou. – Acha mesmo que isso fa
diferença? Como? Você pagou po
mim, como sempre fez. – Pagar para a Duquesa me
pareceu ser a maneira mais rápida
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de me livrar dela. Não achei quevocê se importaria.
– Ah, mas não me importo.Sua cabeça balançou, tonta, deum lado para o outro.
– É melhor você se deitar outravez.Ela não teve força para protesta
quando ele passou o braço em voltadela e lhe tirou o apoio das costasSentiu sua mão áspera, cheia de
calos e quente, na pele nua quandoa fez deitar.
– Não queira apressar as coisa
– ele disse, puxando o coberto
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para cobri-la.Ela tentou dar-lhe uma boa
olhada no rosto, mas nãoconseguiu.
– Espero que não se importe de
esperar. Não estou pronta parademonstrar gratidão nestemomento.
E ouviu o sorriso na respostadele.
– Sou um homem paciente.
Ele passou a ponta dos dedos deeve na testa dela, úmida de suor.
– Não devia tê-la deixado fica
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sentada tanto tempo. Ainda nãoestá boa para ficar mais do que
alguns minutos de cada vez.Ela quis discutir, mas sabia queera inútil. Ele devia saber que ela
sofria dores horríveis. – O que dói mais? – Nada que eu queira que você
toque.Ela fechou os olhos e desejo
morrer para a dor acabar. Ele
tocou-lhe as têmporas, e elaprendeu a respiração.
– Relaxe.
Sua carícia não era exploratória
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nem íntima, por isso ela seacalmou.
– A propósito – disse –, menome é Michael. Michael HoseaCaso não se lembre.
– Não me lembrava – elamentiu.
– Michael. Não é muito difícil de
embrar. – Se quiser.Ele riu baixinho. Ela sabia que o
tinha magoado naquela últimanoite no bordel. Por que a tirou dePair-a-Dice e a levou com ele
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Quando ele saiu pela porta doquarto, ela não esperava mais vê
o. Então por que voltou? Queutilidade tinha para ele naqueleestado?
– Está ficando tensa outra vezRelaxe os músculos da testa – eledisse. – Vamos lá, Mara. Pense
nisso se tiver de pensar em algumacoisa.
– Por que você voltou?
– Deus me enviou.Ele era maluco. Era isso. Era
completamente louco.
– Procure parar de pensar tanto
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em um tordo ali do lado de fora daanela. Ouça o passarinho cantar.
Suas mãos eram muito gentisEla fez o que ele disse e a dodiminuiu. Ele falava com ela com
voz suave e ela foi ficando comsono. Tinha escutado todo tipo devoz de homem antes, ma
nenhuma como a dele. Profunda ecalma.
Estava tão cansada que queria
morrer e dormir para sempre. Maconseguia manter os olhos abertos
– Você e Deus, é melhor não
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esperarem grande coisa – elaresmungou.
– Eu quero tudo. – A sua ladainha.Ele podia esperar quanto
quisesse, e também podia pedirMas só ia receber o que haviasobrado. Nada. Nada mesmo.
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O zombeteiro procura a sabedoriae não a encontra
– P R O V É R B I O S 1 4 ,
ara Angel, tanto fazia se iase levantar daquela cama
um dia ou não. Uma escuridãomóvel pesava sobre ela. Tinha
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visto um modo de pôr fim à suavida miserável e procurara isso num
momento de desespero... Só parafalhar mais uma vez. Em vez deencontrar a paz que tanto desejava
encontrou a dor. Em vez de seibertar, estava presa a outrohomem.
Por que não fazia nada direitoPor que todos os seus planodavam errado?
Hosea era o único homem queela queria evitar e agora era o dondela. Não tinha força para luta
contra ele. Pior, tinha de depende
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dele para comer, beber, morar...udo. A completa dependência dele
era muito irritante. Ela ficava comos nervos à flor da pele por isso. o odiava ainda mais.
Se Hosea fosse um homemcomum, ela saberia como combatêo, mas não era. Nada que ela dizia
o incomodava. Ele era umamontanha de granito. Ela não tinhacomo feri-lo. Ficava irritada com
sua silenciosa determinação. Eletinha algo que ela não conseguiadescrever. Uma vez ele dissera que
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aprendera muito sobre ela quandoela estava com febre, só não
dissera o quê. Ela se preocupavacom o “tudo” que ele queriaSempre que estava acordada, ele
estava ao seu lado. Mas ela sóqueria que a deixasse sozinha. Angel sentiu que a armadilha se
fechava em volta dela. Dessa venão estava numa bela casa nacidade. Não estava numa tenda
podre feita de vela de navio nemnum bordel de dois andares, mamesmo assim era uma armadilha, e
aquele lunático tinha a chave.
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O que ele queria dela? E por quela sentia que ele era mai
perigoso do que todos os outrohomens que tinha conhecido?
Depois de uma semana, Michae
passou a deixá-la sozinha nacabana algumas horas enquantosaía para trabalhar. Ela não sabia o
que ele fazia, e não perguntou. Nãose importava. Ficou aliviada deMichael não ficar mais em cima
dela o tempo todo, secando suatesta ou dando-lhe sopa na bocaQueria ficar sozinha. Queria pensa
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e não podia fazer isso com ele poperto.
A privacidade que tantodesejava transformou-se emsolidão, e pensar era tudo o que
fazia. Chovia e ela ficava escutandoa chuva batendo no telhado... com as batidas vinham visões do
barraco nas docas, de mamãe e deRab. Pensar em Rab levava a Dukeem Duke, a todo o resto, e Ange
achava que ia enlouquecer. Talvezcomeçasse a falar com Deutambém, como aquele louco que
tinha posto a aliança da mãe em
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seu dedo.Por que ele tinha feito isso? Po
que tinha se casado com ela?E então lá estava ele na porta
grande, forte, quieto e olhando
para ela daquele jeito. Queriagnorá-lo, mas ele enchia a cabanacom sua presença. Mesmo quando
ficava apenas sentado em silênciodiante do fogo, lendo algum livrovelho e gasto, ocupava a casa
nteira. Ele a dominava com aquiloMesmo quando fechava os olhosela o via lá, sentado na cadeira na
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frente do fogo, dentro de suamaginação.
Não o compreendia melhoagora do que no bordel, mas eletinha mudado. Estava diferente
Para começar, não falava tanto. Naverdade, falava muito pouco. Sorriapara ela e lhe perguntava como se
sentia, se precisava de algumacoisa, e depois ia cuidar da vidafosse qual fosse essa vida. Dia apó
dia ela o via botar o chapéu e sabiaque ele ia deixá-la sozinha de novo
– Senhor – ela disse
determinada a nunca chamá-lo pelo
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nome –, por que me trouxe para cáse tudo o que faz é me deixa
sozinha na cabana? – Estou lhe dando tempo par
pensar.
– Pensar o quê? – O que quer que precise pensar
Você vai se levantar quando estive
preparada.Ele pegou o chapéu do cabide
perto da porta e saiu.
O sol da manhã entrava por umanela aberta. O fogo ardia naareira. Ela estava de estômago
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cheio e aquecida. Devia ficasatisfeita. Devia poder relaxar, se
acalmar e não pensar em nada. Asolidão devia lhe bastar.O que estava acontecendo com
ela?Talvez fosse o silêncio. Estavaacostumada com o ataque de
ruídos de todos os lados. Homenbatendo à porta, homens dizendo oque queriam, homens dizendo o
que ela devia fazer, homensberrando, homens cantandohomens xingando no bar lá
embaixo. Às vezes cadeiras se
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espatifavam contra as paredes evidro se quebrava, e havia sempre
a Duquesa dizendo que ela deviaagradecer. Ou Magowan, dizendopara algum homem que o tempo
dele tinha acabado e que, se nãovestisse a calça e fosse embora, iase arrepender.
Mas jamais tivera aquelesilêncio, aquela quietude quezumbia em seus ouvidos.
Ela reclamou. – Há muitos sons – disse Hosea
– É só prestar atenção.
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Como não tinha mais nada paraocupar o tempo, ela presto
atenção. E ele estava certo. Osilêncio mudou e ela ouviu sonrompendo barreiras. Era o que a
chuva fazia quando ela espalhavaas latas brilhantes no barracopequeno e escuro. Começou a
distinguir vozes no coro que acercava. Um grilo vivia embaixo dacama. Um sapo-boi ficava bem
debaixo da janela. Um bando decompanheiros emplumados ia evinha lá fora, tordos, pardais e um
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escandaloso gaio.E finalmente Angel se levantou.
Procurou algo para vestir e nãoencontrou nada. Não tinhapensado, até aquele momento, que
nada na cabana pertencia a elaNenhuma de suas coisas estava láOnde estavam? Será que ele nem
pensara em trazê-las? O que ela iavestir? Um saco de aniagem quepinicava?
Tudo indicava que ele tambémtinha pouquíssimas coisas. Apequena cômoda guardava um
segundo par de ceroulas bem
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usadas, uma calça de brim e algunpares de meias grossas, tudo
grande demais para ela. Havia umbaú preto, velho e gasto numcanto, mas ela estava cansada
demais para abri-lo e ver o quetinha dentro. Nua e muito fracapara arrastar um cobertor da cama
para se cobrir, simplesmente sedebruçou na janela e bebeu aquelear fresco e frio.
Meia dúzia de minúsculopassarinhos saltitavam de galho emgalho numa grande árvore. Um
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pássaro maior andava de peitoestufado e ciscava a terra a meno
de dois metros da cabana. Elasorriu, de tanta pose que ele faziaUma brisa suave começou a soprar
e com ela um cheiro tão forte quepodia quase saboreá-lo. O campoperto da cabana de mamãe tinha
esse mesmo perfume. Ela fechou oolhos e o saboreou.
Abriu os olhos de novo e olho
para aquele pedaço de terra. – Ah, mamãe... – murmurou
com a voz embargada.
A fraqueza lhe subiu pela coluna
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e as costelas começaram a doenovamente. Ela tremia e estava
ficando tonta.Michael chegou e, quando a vi
nua perto da janela aberta, fo
pegar uma coberta da cama, semdizer nada. Enrolou o acolchoadonela e Angel caiu sob aquele peso
Ele a pegou no colocarinhosamente.
– Há quanto tempo está de pé?
– Não o bastante para ser postana cama de novo.
Ele a segurava nos braços feito
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uma criança, passando-lhe secalor. Ela sentia o cheiro de terra e
sol. – Pode me botar no chão agoraMas não na cama. Passei minha
vida toda na cama e enjoei dela.Michael sorriu. Ela não fazianada pela metade, nem ficar de pé
outra vez. Ele a pôs na cadeira nafrente do fogo e acrescentou maiuma tora.
Ela sentia pontadas de dor noados do corpo. Agarrou com forçaos braços da cadeira e sentiu cada
ponto que Magowan chutou e
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socou. Ele não havia lhe poupadomuita coisa. Ela tocou de leve no
rosto e fez uma careta. – Você tem um espelho?Michael pegou a folha de lata
brilhante que usava para se barbeae lhe ofereceu. Horrorizada, elapôde se ver. Depois de um longo
tempo, devolveu-lhe a lata e ele abotou de volta na prateleira.
– Quanto pagou por mim?
– Tudo o que tinha.Ela deu uma risada fraca.
– Você é um tolo.
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Como conseguia olhar para eladaquele jeito?
– Não há nenhum danopermanente. – Não? Bem, pelo menos fique
com todos os meus dentes. Já éalguma coisa.
– Não me casei com você pela
sua aparência. – Claro que não. Você se casou
comigo pelo meu charme natura
Ou será que foi Deus que mandou? – Quem sabe ele achou que o
chifres na sua cabeça cabiam no
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buracos da minha. Angel deitou a cabeça.
– Soube que você era malucquando o vi pela primeira vez.Estava completamente exausta
e pensava que estaria muito maiconfortável deitada de costanaquele colchão de palha outra vez
alvez conseguisse ficar de pémas, se desse um passocertamente quebraria o nari
novamente, no assoalho de tábuasMichael se aproximou e a pego
no colo com gentileza, ignorando
seus protestos.
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– Eu disse que ainda não querome deitar.
– Tudo bem. Então fiquesentada na cama.
– O que aconteceu com todas a
minhas coisas? – Esqueci de trazê-las. De
qualquer maneira, o que tinha não
a lhe servir agora. A mulher de umfazendeiro não usa cetim nemrenda.
– É, imagino que ela trota nupor fileiras de feijões e cenouraspara cima e para baixo.
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Ele deu um largo sorriso e ohumor iluminou-lhe os olhos.
– Talvez fosse interessante. Angel viu por que Rebecca tinhgostado tanto dele, mas a beleza
não fazia diferença para ela. Dukeera um homem bonito. Um sedutocarismático.
– Olha – disse, muito tensa –quero começar a levantar dessacama e sair por aí sozinha. Com
alguma roupa. – Vou providenciar o que
precisa, quando precisar.
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– Preciso agora.Ele fez um bico.
– É, acho que sim – disse, comuma calma irritante.Foi até o velho baú e o abriu
irou um embrulho e lhe entregou. – Isso deverá servir po
enquanto.
Curiosa, Angel desamarrou opacote. A lã cinza se abriu e ela vique era uma capa gasta. Dentro
havia duas saias de lã, umamarrom-claro, a outra preta, duablusas, uma que devia ter sido
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branca um dia, mas que agoraestava quase amarela, e a outra
com flores azuis e cor-de-rosadesbotadas. As duas abotoavamaté o queixo e tinham mangas tão
compridas que passavam do pulsoDuas toucas combinavam com ablusas. Modestamente escondida
dentro dessas roupas, havia duacamisolas simples, calções e meiade lã pretas. Por fim, achou sapato
pretos sem salto, abotoados até otornozelo.
Olhou incrédula para ele.
– Serei eternamente grata po
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esse presente. – Sei que não é a roupa qu
costumava usar, mas acho que vaacabar percebendo que essacombinam mais com você do que a
outras. – Vou experimentar e seguir seu
conselho.
E passou a mão no tecido ásperoda saia.
Ele sorriu.
– Daqui a uma ou duasemanas, você vai poder assumialgumas tarefas.
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Ela levantou a cabeça, mas eleá estava indo para a porta
arefas? A que tarefas estava sereferindo? Tirar leite? Cozinharalvez quisesse que ela cortasse e
carregasse lenha, junto com a águado riacho. E aquelas roupas! Iaquerer que ela as lavasse e
passasse. Que piada! Ela era boaem uma coisa e nada mais. Ele iater um verdadeiro despertar quando
ela começasse a executar suatarefas”.
Michael voltou com uma braçada
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de lenha. – Não sei nada do que faz a
mulher de um fazendeiro – eladisse.Ele empilhou a lenha com
cuidado. – Não esperava que soubesse. – Então quais são essas tarefas?
– Cozinhar, lavar, passar, cuidardo jardim.
– Acabei de dizer que...
– Você é inteligente. Vaaprender.
E pôs mais uma acha de lenha
no fogo.
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– Não fará nenhum trabalhorealmente pesado até ficar em
forma, o que deve demorar pelomenos um mês ainda.
Realmente pesado? O que ele
queria dizer? Ela resolveexperimentar outra tática. Curvou aboca num sorriso muito bem
ensaiado. – E quanto aos outros devere
de esposa?
Michael se virou e olhou paraela.
– Quando significar mais do qu
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trabalho para você, consumaremonosso casamento.
Ela se espantou com a franquezadele. Onde estava o fazendeiro quecorava e pulava quando ela o
tocava? Irritada e com raiva, elarecuou. – Muito bem. Farei o que quiser
Pagarei cada hora, cada dia, desdeque começou a cuidar de mim.
– E depois que achar que pago
tudo, irá embora. É isso? – Vou voltar para Pair-a-Dice e
pegar o que a Duquesa me deve.
– Não vai, não – ele disse, em
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voz baixa. – Vou sim.
Ela ia pegar o dinheiro queestava com a Duquesa nem quetivesse de arrancá-lo do rabo da
bruxa velha. Depois contratariaalguém para construir uma casagual à de Michael, bem longe de
qualquer cidade, para não ter deouvir barulho ou sentir mau cheiromas suficientemente perto para
poder comprar o que precisasseCompraria uma arma, uma armagrande, e muitas balas, e, se
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aparecesse algum homem batendoà sua porta, a usaria, a não ser que
precisasse de dinheiro. Nesse casoteria de deixá-lo entrar para fazer oseu trabalho primeiro. Mas, se foss
cuidadosa e esperta, poderia vivemuito tempo com o que tinhaeconomizado. Mal podia esperar
Nunca tinha vivido sozinha. Seria oparaíso.
Você ficou sozinha uma semana
nteira, zombou uma vozinha lá nofundo, e ficou muito angustiadaembra? Admita que ficar sozinha
não é nenhum paraíso. Nem tendo
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tantos demônios para lhe fazecompanhia.
– Você pode ter investido muitopó de ouro em mim, mas não émeu dono.
Michael olhou para ela com todapaciência do mundo. Era miúdafraca, mas possuía uma vontade de
ferro, que brilhava nos olhos azuis edesafiadores e na posturaempertigada que adotava. Pensava
que tinha força suficiente paraderrotá-lo. Estava enganada. Eleestava cumprindo a vontade de
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Deus e tinha seus próprios planosque não paravam de crescer, só
que já tinha dito tudo o que queriadizer por enquanto. Deixaria queela pensasse nisso.
– Você tem razão – disse. – Nãosou seu dono, mas você não vafugir disso.
Comeram cada um num canto dcasa, ela na cama com o prato nocolo e ele à mesa. O único ruído er
o crepitar do fogo. Angel pôs o prato na mesa de
cabeceira. Tremia violentamente
mas ainda não queria se deitar
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Ficou analisando Michael. Mais cedoou mais tarde ia entendê-lo. Ele er
um homem, não era? Não podia setão complexo assim. Ia desmontáo, peça por peça.
– Todos eles têm pontos fracosquerida – Sally tinha dito. – Só temde traduzir as mensagens que ele
passam e descobrir o que queremde você. Se os deixar felizes, vai sedar bem. Se não, eles podem
maltratá-la.Como Duke, quando ficava
contrariado. Depois da primeira
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noite, Angel aprendera tudo sobreDuke. Ele gostava de se senti
poderoso. Queria obediênciamediata. Ela não precisava gostado que ele queria fazer, desde que
o fizesse. E sorrindo. Se hesitasseum segundo, provocava-lhe aqueleolhar sinistro e perigoso. Se
protestasse, levava um tapa. Se odesafiasse, era pancada mesmoQuando fugiu, ele a queimou com
um charuto. E quando se cansou deguardá-la só para si, ela aprendeu amaior lição de todas: fingir. Fingia
gostar do que os homens queriam e
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pagavam para ter, não importava oque sentisse nem se estava com
medo, nojo ou raiva. E, se nãoconseguisse fingir que gostavatinha de fingir que não ligava
ornou-se muito boa nisso.Sally entendia, mas tinha regra
próprias.
– Você teve um mau começoquando aquele idiota bêbado atrouxe para cá. Mas também pode
ser que não. Já que sua mãetambém era prostituta, o pessoada classe alta não ia aceitá-la
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mesmo, por mais linda que fosseNão importa o que pudesse
acontecer, a realidade é estaAngel. E é aqui que você vai ficar.Ela segurou o queixo de Angel e
forçou-a a olhar para cima. – E a partir de agora não querover essa cara nunca mais. Aprenda
a esconder o que estiver sentindoseja o que for. Está entendendo?Nós todas temos nossas história
tristes para contar, algumas pioresdo que a sua. Trate de aprender adecifrar os homens, a dar-lhes o
que pagaram para ter e a
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despachá-los com um sorriso norosto. Faça isso e a tratarei como a
mamãe que você perdeu. Se nãofizer, vai achar que o tempo quepassou com Duke foi uma
maravilha.E Sally revelou-se uma mulhe
de palavra. Angel aprendeu tudo o
que quis sobre os homens. Algunsabiam o que queriam, outros sópensavam que sabiam. Algun
diziam uma coisa e queriam dizeoutra. Uns tinham coragem. Outroeram arrogantes e rancorosos. De
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qualquer modo, tudo acabava seresumindo a uma coisa só. Ele
pagavam para ter um pedaço delaNo início, pedaço sangrento popedaço sangrento. Depois de um
tempo, gota a gota. A únicadiferença era se deixavam odinheiro discretamente embaixo da
roupa de seda íntima, jogada ao péda cama, ou se o punham na palmada mão, olhando-a diretamente no
olhos.Ela olhou para Michael Hosea
Que tipo de homem ele era?
Manuseou a roupa usada e fico
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pensando. Talvez ele quisesse queela usasse o que tinha trazido
embrulhado no tecido áspero paranão ter de olhar muito para elaalvez não quisesse encarar a
realidade. Nada de luz, por favor, efique com o anel no dedo parapodermos fingir que está tudo
certo. Assim não preciso achar queo que estou fazendo é imoral. Elapodia bancar a virgem para ele
Podia até fingir gratidão, se fosse ocaso. Ah, sim, muito obrigada poter me salvado. Ela podia encena
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qualquer coisa, desde que tivessecerteza de que só duraria pouco
tempo.Jesus. Meu Deus. Estou cansadade fingir. Não aguento mais vive
desse jeito. Por que não possosimplesmente fechar os olhos emorrer?
– Estou satisfeita – disse, e pôo prato na mesa de cabeceira.
Mais do que satisfeita.
Michael a observava. – Não vou lhe dar nada além do
que estiver ao seu alcance.
Angel se virou para ele. Sabia
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que ele não se referia às tarefadomésticas.
– E quanto a você? Pensa quepode receber o que vou lhe dar?
– Experimente.
Angel ficou vendo Michaecomer. Ele não se preocupava comnada. Cada centímetro dele
ndicava que sabia quem era e oque estava fazendo, embora elanão soubesse. E ela sabia que, se
não ficasse boa e se não fosseembora logo, ele ia desmontá-lapeça por peça.
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Na manhã seguinte, Angel sevestiu assim que Hosea saiu. Enfio
a camisola e amarrou as fitagastas. O tecido era grosso e acobria toda. Jamais usara nada tão
simples, tão doce, tão... comum.Quem será que tinha usado
aquelas roupas antes dela? O que
tinha acontecido com essa mulherA julgar pelas roupas, devia semuito correta e trabalhadora, como
aquelas mulheres que davam acostas quando mamãe passava.
Angel achou a abotoadeira no pé
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esquerdo e calçou os sapatosServiram-lhe bem. Michael chego
e ela olhou para ele com umasobrancelha arqueada. – Pensei que tinha dito que
nunca tinha sido casado. – Essas coisas eram de minhrmã, Tessie. Ela e o marido, Paul
vieram para o oeste comigo. Elamorreu com a febre em GreeRiver.
Doía-lhe lembrar do enterro deessie no meio da estrada para o
oeste. Todas as carroças do
comboio passaram por cima de sua
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cova para não deixar nenhumamarca do lugar. Paul e ele não
queriam que índios ou animais adesenterrassem.
Ele não conseguia superar o fato
de ter enterrado sua querida irmãdaquele jeito, sem pedras ou crupara marcar o lugar. Tessie merecia
mais. – O que aconteceu com o marido
dela? Morreu também?
Michael tirou o casaco e sacudios ombros.
– Sua terra está lá no fim do
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vale, sem cultivo. Ele foi procuraouro no rio Yuba. Paul nunca
conseguiu se concentrar emqualquer coisa por muito tempoSeu amor por Tess fez com que
andasse nos trilhos por algumtempo, mas, depois que elamorreu, se desgarrou de novo.
Angel deu um sorriso triste. – Então seu cunhado é mais um
nessa multidão que estupra os rio
da Califórnia... E tudo o mais queencontra pelo caminho.
Michael deu meia-volta e
encarou Angel.
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Ela sentiu bem aquele olhar esabia o que ele estava pensando.
– Se ele é homem e está noYuba, deve ter ido ao Palácio.
Ela viu que ele raciocinara
corretamente. Sacudiu os ombrofriamente e enfiou a faca maifundo.
– Não saberia dizer se elechegou ao meu quarto. Descrevame seu cunhado. Talvez assim eu
me lembre.Suas palavras soaram duras e
frias, mas Michael não se deixo
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enganar. Ela estava se esforçandomuito para afastá-lo. Ele só queria
saber por quê. Angel ficou irritada com osilêncio dele.
– Não precisa se preocupar seele me conhece ou não. Estareonge daqui antes que ele volte.
– Você estará aqui comigo, ondeé o seu lugar.
Ela sorriu com frieza.
– Mais cedo ou mais tardchegará um comboio de virgenstodas respeitáveis, com traje
ásperos, poeirentos e gastos. Então
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você vai recuperar o juízo. Bem nahora em que tiver de dizer: Esta é
minha mulher. Eu a comprei nobordel de Pair-a-Dice em 1851.
– Pode vir quem for, me case
com você. – Bem, é muito fácil corrigir isso
– ela tirou a aliança do dedo. – Está
vendo? Não estamos mais casado– e esticou o braço para ele com aaliança na palma da mão. – Simple
assim.Michael examinou-lhe o rosto
Será que realmente acreditava que
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era fácil assim? Que era só tirar aaliança que o casamento era
anulado e tudo voltava a ser comoantes? – É aí que você se engana, Mara
Ainda estamos casados, quer useou não a aliança, mas quero que ause de qualquer maneira.
Ela franziu a testa, mas fez oque ele pediu. Rodou a aliança nodedo.
– Lucky disse que era da suamãe.
– E era.
Angel deixou as mãos caírem ao
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ado do corpo. – Avise-me quando a quiser de
volta. – Não vou querê-la de volta.Ela pôs as mãos no colo e fe
cara de sonsa para ele. – Como quiser, senhor.Ele ficou irritado.
– Detesto essa frase: “Comoquiser”. É como se me oferecesseum café.
Como quiser. Ela oferecia ocorpo dela assim.
– É melhor esclarecer logo uma
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coisa. Eu me casei com você nariqueza e na pobreza, até que a
morte nos separe. Jurei diante deDeus quando me casei com você eamais vou quebrar esse juramento
Angel sabia tudo a respeito deDeus. Faça tudo certo, senão ele aesmaga como a uma barata. Assim
era Deus. Ela viu a escuridão noolhos de Hosea e não disse nada.
Mamãe acreditava em Deus
inha fé. Entregou-secompletamente. O Pai Nosso queestá no céu vivia no mesmo mundo
que Alex Stafford. Angel não era
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boba de se entregar para ninguémmenos ainda para ele. E se esse
homem achava que podia fazer comque ela... Angel aprendera muitocedo que uma coisa em que você
não acredita não pode prejudicá-la. – Você se lembra de alguma
coisa do casamento? – pergunto
Michael, assustando-a e trazendo-ade volta dos pensamentopessimistas.
– Lembro-me de um homem depreto falando em cima de mim coma voz mais morta do que Jesus.
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– Você disse que sim. Lembra-sedisso?
– Eu não disse que sim. Dissepor que não”? – Mas serve.
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Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mimque sou manso e humilde de
coração; e
achareis descanso para vossa alma – J E S U S, M A T E U S 1 1 , 2
os primeiros dias fora da
cama, a única coisa que
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Angel conseguia fazer era se vestirDepois de uma semana de pé, ela
se aventurou e saiu de casaMichael sentiu um aperto no peitoao vê-la com as roupas de Tessie
Nenhuma outra dupla de mulherepodia ser mais diferente do queaquelas duas. Tess, doce e
carinhosa, simples e aberta. Marafria e indiferente, complexa efechada. Tessie, morena e forte
Mara, loura e franzina.Michael não tentou se iludi
pensando que Angel tinha ido lá
para fora porque se sentia sozinha
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e queria sua companhia. Ela sóestava cansada de ficar trancada n
cabana. Estava entediada.Mas Angel se sentia sozinha e
por causa disso, estava irritada e na
defensiva quando Michael seaproximou. Afinal, não queria queele tivesse alguma ideia errada.
– Quando começo a arar a terra– ela perguntou secamente.
– No outono.
Ela olhou para ele espantada.Michael deu risada e afastou-lhe
o cabelo do ombro.
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– Tem disposição para caminhaum pouco?
– Até onde? – Até você dizer que quer parar.E pegou-lhe pela mão, que mai
parecia um peixe mortoResistência passiva. Procurou nãose incomodar. Mostrou-lhe a tulha
de milho e o barracão de arreios eferramentas. Levou-a até a pontede toras sobre o riacho, onde
planejava construir a casarefrigerada para guardar carneeite e laticínios, quando tivesse
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dinheiro para comprar uma vacaCaminhou com ela pelo caminho
que ia até o pequeno celeiro emostrou-lhe dois cavalos de traçãoApontou para os campos que tinh
arado e plantado e depois a levoaté o pasto aberto. – Comecei no oeste com oito
cabeças de gado e acabei com odois bois que você está vendo lá.
– O que aconteceu com o resto?
– Os índios roubaram um e cincmorreram trabalhando. Era muitodifícil – disse. – Os animais não
foram os únicos que morreram na
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bacia do Humboldt.Michael olhou para ela e viu que
estava muito pálida. Ela secou osuor da testa com as costas damão. Ele perguntou se ela queria
voltar, mas ela não quis. Então, eleresolveu voltar de qualquemaneira. Ela estava exausta e era
teimosa demais para admitir.Meu Deus, será que vai se
cabeça-dura em tudo?
No caminho de volta para acabana, Michael lhe mostrou ondequeria botar uma treliça de
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videiras. – Nos dias quentes, poderemo
nos sentar embaixo dela. Nadacheira melhor do que uvaamadurecendo ao sol. Também
podemos construir um quarto, umacozinha e uma varanda no oesteEntão, poderemos nos sentar lá à
noite para curtir o pôr do sol e oaparecimento das estrelas. Natardes quentes de verão
poderemos beber cidra de maçã ever nosso milho crescer. E nossosfilhos, um dia, se Deus quiser.
Ela ficou desolada.
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– Tem bastante trabalhoplanejado para um longo tempo.
Michael levantou o queixo dela eolhou bem fundo em seus olhos.
– Vamos levar a vida inteira
Mara.Ela deu um tranco com a cabeça
e livrou o queixo da mão dele.
– Trate de não depositar suasesperanças em mim. Tenho meuspróprios planos e eles não incluem
você.E seguiu o resto do caminho
sozinha.
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A caminhada tinha-lhe feitobem, mas a deixara exausta
Mesmo assim, não queria entrar nacasa. Arrastou a cadeira dele parafora para poder se sentar ao a
ivre. Queria sentir o calor do sol norosto, o cheiro do ar puro. Umabrisa suave brincou com seu cabelo
e ela fechou os olhos.Michael voltou do trabalho e
encontrou Angel dormindo. Nem
mesmo as manchas roxas que lheescureciam os olhos e o maxilacomprometiam sua aparência de
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paz. Ele pegou um cacho de cabelodela e o esfregou entre os dedos
Era pura seda. Ela se mexeu umpouco. Ele olhou para o pescoçobranco e fino e viu a pulsação
ritmada. Desejou se aproximar eencostar a boca naquele pescoçoQuis respirar seu perfume.
Meu Deus, eu a amo, mas seráque esse sentimento vai ser sempreassim? Como uma dor dentro de
mim, que nunca acaba? Angel acordou. Abriu os olhos e
se assustou ao ver Hosea sentado
ao seu lado. O sol estava atrás dele
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e não dava para ver seu rosto nemmaginar o que estava pensando
Afastou o cabelo para trás e olhopara o outro lado.
– Há quanto tempo está sentado
aí? – Você parecia muito tranquila
Desculpe se a acordei. Seu rosto
está rosado.Ela pôs a mão no rosto e senti
o calor.
– Acrescentando vermelho aopreto e ao roxo.
– Está com fome?
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Ela estava. – Você pode muito bem começa
a me ensinar a cozinhar.Ela fez uma careta de doquando se levantou e foi com ele
para casa. Ia ter de aprender acozinhar quando tivesse uma casasó dela.
– A primeira coisa que tem defazer é um bom fogo.
Ele atiçou o carvão num leito de
tições e botou mais lenha. Saiu como balde e voltou com um pedaço decarne salgada de veado. Cortou-a
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em pedaços e colocou-a na panelacom água fervente. Angel sentiu o
cheiro perfumado das ervas quandoMichael esfregou as folhas entre amãos e as deixou cair na água
fervendo. – Vamos deixar isso acozinhando um tempo. Venha aqu
para fora comigo.Pegou um cesto e ela o seguiu
até a horta. De cócoras, ele lhe
mostrou quais cenouras e cebolaestavam prontas para colherArrancou da terra uma batata
madura. Ela não queria admitir que
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estava deslumbrada. Se alguémperguntasse, diria que batata
vinham da Irlanda. A planta que elearrancou tinha batatas para algundias.
Quando Angel se levantou, viHosea abaixado uns metroadiante, arrancando plantas e
ogando-as para o lado. Umaembrança contundente de mamãeno jardim ao luar a deixo
paralisada. – Por que está arrancando a
plantas?
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Michael se espantou com setom de voz. Tinha o rosto branco e
abatido. Ele se endireitou e limpoas mãos na calça. – Estou arrancando as erva
daninhas. Elas sufocam as outraplantas. Não tive tempo detrabalhar por aqui. Uma das coisa
que vou pedir para você fazer écuidar do jardim e da hortaQuando puder.
Pegou o cesto e indicou acolinas com a cabeça.
– Há outras plantas comestívei
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crescendo por aí. Chicóriamostarda e muita alface de
mineiro. Vou lhe ensinar o que deveprocurar. Perto do riacho, a menosde um quilômetro daqui, tem
amoras. Elas amadurecem no fimdo verão. Há mirtilos subindo unoitocentos metros da encosta
emos maçãs e nozes também – ehe deu o cesto. – Você pode lavaesses legumes no riacho.
Ela fez o que ele disse e voltopara a cabana. Michael mostrocomo descascar e cortar e deixou-a
cuidando disso. A carne estava
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cozinhando na panela sobre o fogoEntão ele pegou um gancho de
ferro e deslizou a panela para aateral.
– Mexa de vez em quando. Vou
sair para cuidar dos animais.Parecia que o ensopado
demorava muito a ferver, então
Angel empurrou a panela para ocentro do fogo. Ali ele ferveu rápidodemais e ela deslizou a panela para
o lado novamente. Ficou ali assimmexendo, empurrando, mexendoempurrando. O calor e o trabalho
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eram muito cansativos. Afastomechas molhadas da testa. O
olhos ardiam com a fumaça.Michael entrou com um balde deágua. Deixou-o cair, esparramando
a água no chão. – Cuidado!Ele agarrou o braço dela
afastando-a do fogo. – O que está fazendo? – Sua saia está fumegando. Mai
um minuto e você estaria emchamas.
– Tive de chegar bem perto par
mexer o ensopado!
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A tampa da panela subia edescia, o ensopado escorria pelo
ados e silvava nas brasas. Sempensar, ela agarrou a alça. Gritouxingou e pegou o gancho de novo.
– Calma! – avisou Michael, maela não queria ouvir.
Angel puxou a panela com tanta
força que ela caiu, derramandotodo o ensopado. O fogo sibilou eborbulhou furiosamente. Uma
nuvem de fumaça subiu e encheu acabana com um odor horrível decarne queimada.
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Não conseguia fazer nem issodireito! Ela jogou o gancho de ferro
no fogo e se sentou na cadeira devime. Inclinou o corpo para frenteabraçando as costelas, que doíam.
Michael abriu as duas janelas e aporta, e a fumaça começou a sedissipar.
Cerrando os dentes, Angel vium pedaço de carne de veadopegar fogo.
– Seu jantar está pronto, senhorEle se esforçou para não rir.
– Vai se sair melhor da próxima
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vez.Ela olhou para ele, furiosa.
– Não sei nada de cozinha. Nãodistingo uma erva daninha de umacenoura e, se me puser atrás do
seu arado, não terá nenhumcanteiro reto para plantar.E se levantou.
– Você quer que eu trabalheMuito bem. Vou trabalhar. Do únicoeito que sei. Ali – disse, apontand
para a cama dele. – E agora, sequiser, senhor. Se a cama nãosatisfaz sua fantasia, que tal o
chão, ou o estábulo, ou qualque
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outro lugar? É só dizer o que querqualquer coisa!
Ele bufou. – É só uma panela de ensopado
Mara.
Ela soltava fogo pelas ventas detanta frustração.
– Como é que um santo como
você me escolheu? Está testandosua fé? É isso?
Passou por ele e foi para fora.
Queria fugir, mas não podiaSentia dores no corpo todo. Maconseguiu chegar ao campo, teve
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de parar e recuperar o fôlego. Elehe dera um tranco quando a
puxara para longe do fogo, e agoratudo doía. Mas a dor física não eranada perto do desprezo próprio e
da humilhação. Era burra! Nãosabia nada! Como é que iaconseguir viver sozinha se não
conseguia cozinhar um simpleprato? Nem sabia acender o fogoNão sabia nada do que era
necessário para sobreviver. Você vai aprender. – Ah, não, não vou! Não vo
pedir a ajuda dele. Não vou fica
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devendo nada a ele – e fechou amão queimada. – Não pedi para ele
voltar. Não pedi nada disso!Desceu até o riacho para
mergulhar a mão na água e chora
as mágoas.
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Portanto, eis que vou atraí-la
trazê-la para o deserto e falar-lheao coração. Então eu lhe darei daos vinhedos, e o
vale de Acor como o portal desperança
– O S E I A S 2 , 1 4 - 1 5 A
sujeira na lareira já estava
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impa quando Angel voltou, maHosea não estava mais lá. Esperava
sentir alívio com sua ausência, manão sentiu. Em vez disso, havia umoco dentro dela que lhe dava a
sensação de estar flutuando numespaço vazio. Será que ele tinha idopara algum lugar pensar num bom
castigo para a explosão dela?Ele devia estar pensando que ela
era uma tola. Podia apostar que a
rmã dele sabia acender o fogocozinhar uma boa refeição, arar ocampo e fazer tudo o que era
preciso. Ela devia conhecer todas a
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plantas comestíveis do Atlântico atéo Pacífico, a uma distância de trinta
metros. Devia saber farejar a caçaatirar e prepará-la sozinha.
Desolada, Angel se sentou no
chão na frente da lareira e olhopara a fogueira morta. Minha vida éassim: um buraco vazio, frio e inút
na parede. Era burra e desajeitadaAh, mas era linda. Pôs a mão norosto. Ou tinha sido.
Ela se levantou. Tinha de fazealguma coisa. Qualquer coisaPrecisava de luz e calor. Tinha visto
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Hosea fazer uma fogueira algumavezes. Talvez pudesse fazê-la
sozinha. Pegou lascas de madeira eas empilhou, depois botou gravetoe galhos pequenos. Pegou a
pederneira e o aço do console daareira, mas, por mais que tentassenão conseguia produzir nenhuma
faísca.Michael ficou parado na porta
observando-a. Tinha ido atrás dela
mais cedo e visto quando sesentara ao lado do riacho, tãoabalada que nem o havia notado lá
Ficou por ali, vigiando-a, até que
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voltasse para a casa. Ele podiamuito bem ser invisível. Ange
estava tão obcecada com o própriosofrimento e com os pensamentonegativos que ficara cega para tudo
o mais. Especialmente para ele.Xingando, ela cobriu os olho
com os punhos cerrados.
Michael botou a mão de leve emseu cabelo e sentiu quando elapulou de susto.
– Deixe-me mostrar como se fazE se abaixou ao lado de Ange
estendendo-lhe a mão para pega
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as ferramentas. – Antes de mais nada, não pode
esperar que saia perfeito deprimeira. Isso exige prática.Como fazer um ensopado, ele
queria dizer. Como viver uma vidadiferente. Angel o observava enquanto ele
preparava a fogueira e batia napederneira. Uma faísca pegou fogoele soprou suavemente até a
ascas de madeira soltarem fumaçae começarem a queimar. Entãountou gravetos pequenos e galho
maiores. Em poucos minutos o fogo
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cresceu.Michael chegou para trás e fico
com os braços apoiados nos joelhoevantados. Pretendia aproveitar ofogo e a proximidade com Mara
mas ela tinha ideias diferentes. Elapegou o atiçador, derrubou osgalhos, espalhou os gravetos e a
ascas de madeira. Amassou até aúltima brasa.
Chegou mais perto e preparou a
fogueira como ele tinha feito. Fetudo certo, depois bateu o aço napederneira. Conseguiu produzir uma
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faísca, mas não pegou fogo. Tentoude novo, mais resoluta, e fracassou
A mão queimada doía demais, masegurava as peças com tantadeterminação que começou a sua
na palma das mãos. A cadafracasso, o peito doía mais, até quea dor ficou tão insuportável, tão
profunda e incapacitante, que caisentada para trás, sobre as pernadobradas.
– Não consigo.Para quê?O coração de Michael sentia po
ela. Ela não tinha chorado nem uma
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vez, nem quando estavanconsciente, com febre. E só Deu
sabia como precisava chorar. – Deixe para lá, Mara. – Está bem.
E pôs a pederneira e o aço entreos dois.
– Você faz.
– Não foi isso que quis dizerVocê se esforça demais. Esperafazer tudo certo. Isso é impossível.
– Não sei do que está falando. Aúnica coisa que quero é acender ofogo.
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– Nem falamos a mesma língu– ele disse, secamente.
Podia estar falando inglês comuma mulher da Califórnia quefalasse espanhol.
– É como brigar comigo quandonão precisa.
Ela se recusou a olhar para ele.
– Faça de novo para eu ver oque fiz de errado.
Ele atendeu ao pedido. Ela o
observou atentamente e viu quenão tinha feito nada errado. Poque com ela o fogo não pegou? A
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areira estava cheia de fogo e luz, ele tinha feito tudo em pouco
minutos. A fogueira dela nemacendia, mas a dele ia durar a noitenteira.
Angel se levantou de repente ese afastou. Odiava a competênciadele. Desprezava sua calma. Queria
destruir as duas coisas e tinhaapenas uma arma que sabia usar.
Espreguiçou-se sinuosa
consciente de que ele olhava paraela.
– Acho que com o tempo vo
acabar aprendendo – disse, e se
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sentou na cama. – Meus ombroestão doendo. Quer me fazer uma
massagem como da última vez?Michael atendeu ao pedido. Isso
fez diminuir a tensão dos músculo
dela e aumentar a dele. – Que gostoso – ela disse, e o
tom ardente fez o coração dele
bater mais rápido.Seu cabelo se soltou. Era como
seda nas mãos dele. Quando
apoiou um joelho na cama, elapousou a mão na coxa dele.
Então é isso, ele pensou com
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tristeza. Como não conseguiacender o fogo na lareira, resolve
acender o seu. E não demorou nadapara conseguir. Mas ele recuou. Angel sentiu e o acompanhou
Passou os braços na cintura dele ecolou o corpo em suas costas. – Sei que preciso de alguém
para cuidar de mim e estou feliz devocê ter voltado para me pegar.
Jesus, dê-me forças! Michae
fechou os olhos. Quando ela moveas mãos, ele a segurou pelos pulsoe se soltou completamente do
abraço.
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Quando Michael se virou, Angeestava pronta. Ela sabia
desempenhar aquele papeConhecia todas as falas de corPalavras suaves, entrecortadas..
Palavras calculadas para partir ocoração dele, para fazer com queele sentisse que sua rejeição a
magoava. Misturar culpa ao sanguefervendo. Dar-lhe motivos edesculpas para ceder. Ele já tinha
fraquejado naquela última noite nobordel. Já tinha se tornado umcordeiro, pronto para o sacrifício.
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Angel aproximou-se delenovamente, bloqueando a
emoções e usando o raciocínioPuxou a cabeça dele para baixo edeu-lhe um beijo. Michael enfiou o
dedos no cabelo dela e retribuiu obeijo.
Ela usou tudo o que sabia para
declarar guerra a ele. Não sabiaacender o fogo nem fazer umensopado, mas sobre aquilo sabia
tudo.Ele se soltou e a segurou pelo
ombros.
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– Você é implacável – disse, semquerer se render.
Angel percebeu que não estavaenganando ninguém. Michael sabiaexatamente o que ela estava
fazendo e por quê. Ela tentou seafastar, mas ele não deixou.
– Não precisa ser do jeito qu
você conhece. – Solte-me!Ela lutou freneticamente
Michael viu que ela estava semachucando e a soltou. Ela foi parabem longe dele.
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– Isso fez com que se sentissemelhor?
– Fez! – ela sibilou, mentindodescaradamente. – Que Deus me ajude.
Ela queria que ele sentisse maido que desconforto físico. O quequeria mesmo era aniquilá-lo
queria vê-lo se contorcendo feitoum verme no anzol. Afundou nacadeira de vime, com o pescoço
duro, olhando para frente.Michael ficou desolado. O
silêncio dela berrava profanidade
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contra ele. Ela achava que tinhaperdido, mas será que pensava que
ele tinha ganhado alguma coisaEle foi para fora. Será que essamulher não vai ceder nunca, me
Deus? Será que é isso que vou tepelo resto da vida? Meu Deus, essauta não é justa!
Ela está lutando com a únicaarma que conhece.
Michael foi até o riacho
ajoelhou-se na beira e jogou águagelada no rosto. Ficou ali de joelhoum bom tempo. Depois foi pegar a
banheira de metal no celeiro.
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Quando entrou em casa, Angeficou de costas para ele. Ele pôs a
banheira na frente do fogo. Elaolhou para a banheira, para ele epara o outro lado de novo, sem
dizer nada. Será que tinha feitoMichael se sentir sujo? Será queprecisava de um banho para lava
onde ela havia tocado? Ele passouma hora carregando água do poçoe a esquentando na grande panela
preta que pendia sobre o fogoJogou uma barra de sabão na águae disse:
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– Vou dar uma volta – e saiu.Surpresa, Angel foi abrir a porta
Foi andando até perdê-lo de vistano meio das árvores. Franziu atesta, fechou a porta, tirou a roupa
e entrou na banheira. Esfregovigorosamente o cabelo e o corpoderramou água quente para tirar o
sabão e saiu da banheira. Queriaterminar o banho antes de Michaevoltar. Ele tinha deixado uma
toalha pendurada no encosto dacadeira, então ela secou o corpo eenrolou a toalha na cabeça. Vestiu
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se rapidamente. Sentou-se outravez diante do fogo e desenrolou a
toalha. O cabelo estava todoembaraçado, e ela tentou passar odedos nos nós.
Hosea ficou fora mais de umahora.Quando a porta finalmente se
abriu atrás dela, ela se virou paraolhá-lo. Estava com o cabelomolhado. Ela imaginou que ele
tivesse tomado banho no riachogelado e sentiu uma pontada deculpa e de dúvida. Ele fico
andando inquieto pela casa. Ange
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continuou penteando o cabelo comos dedos, prestando atenção em
todos os seus movimentos. Eleabriu o baú e o fechou, batendo atampa. Passou do lado dela e
deixou uma escova de cabelo caiem seu colo. Angel pegou a escovae ficou olhando para ela. Sentiu um
nó na garganta. Olhou para ele ecomeçou a escovar o cabeloentamente. Ele encostou o quadr
na mesa e ficou olhando para elaEla não sabia o que ele estavapensando. Não sabia o que dizer.
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– Nunca mais faça isso comigo –ele disse, abatido.
Ela sentiu alguma coisa semexer por dentro, pressionandondo bem fundo.
– Não farei – dissesinceramente.
Michael se sentou na cadeira de
vime perto do fogo com as mãosoltas sobre os joelhos. Ficoolhando muito tempo para a
chamas. – Acho que tive uma boa prov
do que você tem vivido.
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Ela levantou a cabeça, surpresa. – O que quer dizer?
Ele olhou para ela. – É ruim ser usado. Seja qual foo motivo.
Alguma coisa se torceu dentrodela. Ficou com a escova no coloolhando para ela e se sentindo
péssima. – Não sei o que estou fazend
aqui com um homem como você.
– Assim que a vi, eu sabia que iame casar com você.
– É, você me disse – ela inclino
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a cabeça. – Olha, deixe-me explicaalguns fatos da vida. Um fazendeiro
sozinho, semanas seguidas, que vapara a cidade. Podia ter visto o sude uma égua virada para o norte e
achado que era a companheiracerta para você. – Foi seu rosto jovem e frio
como uma pedra – disse Michael.E deu um sorriso triste.
– Depois todo o resto.
Seus olhos brilharam olhandopara ela.
– Você estava vestida de preto
como uma viúva e acompanhada
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pelo Magowan. Imaginei que eleestava ali para você não fugir.
Ela ficou muito tempo sem dizenada. Fechou os olhos e procurounão pensar em nada daquilo, ma
era como um mau cheiro que seespalhava pela casa. Estava no arNão conseguia se livrar. Estava lá
por trás do cheiro limpo do sabãoque ele tinha lhe dado. A podridãoestava dentro dela, correndo em
suas veias. – Lembra quando me pergunto
o que significava o nome Hosea, e
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eu lhe disse que era “profético”?Ela recomeçou a escovar o
cabelo bem devagar, mas dessa veMichael sabia que ela estavaescutando.
– Hosea, ou Oseias, foi umprofeta. Deus disse para ele secasar com uma prostituta.
Ela se virou para ele com umsorriso zombeteiro.
– Deus disse para você se casa
comigo? – Sim, disse. – Ele fala com você
pessoalmente? – ela zombou.
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– Ele fala com todopessoalmente. Só que a maioria
das pessoas não lhe dá atenção.Era melhor agradá-lo.
– Desculpe a interrupção. Você
estava contando uma história. Oque aconteceu depois? Esse profetase casou com a prostituta?
– Sim. Ele achou que Deus deviater um motivo. Um bom motivo.
O mesmo que ele devia ter.
– Esse Hosea espancou a mulhepara livrá-la dos pecados? Imaginoque ela deve ter se rastejado
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diante dele, beijado seus pés posalvar sua alma.
– Não, ela voltou para aprostituição.Ela ficou desanimada. Olho
para ele e tentou entender o queele estava pensando. Ele apenaolhou para ela, solene, controlado
enigmático. – Então Deus não é assim tão
poderoso, não é? – ela disse
baixinho. – Deus disse para ele procurá-la
e trazê-la de volta.
Angel franziu o cenho.
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– E ele foi? – Foi.
– Só porque Deus disse?Nenhum homem faria isso.
– Sim, e porque ele a amava.
Ela se levantou e foi espiar o céque escurecia pela janela.
– Amor? Não, acho que não fo
por isso. Foi por orgulho. O velhoprofeta simplesmente não queriaadmitir que não era capaz de
segurá-la sozinho. – O orgulho faz o homem se
afastar, Mara. Fez com que me
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afastasse de você naquela noite emPair-a-Dice.
Ele devia ter obedecido aoSenhor e voltado. Devia tê-laarrastado para fora de lá por mai
que ela esperneasse e gritasse. Angel se virou para trás e olhopara ele.
– Então ela acabou ficando como profeta depois disso?
– Não. Ela o deixou novamente
Ele teve de comprá-la como escravpela segunda vez.
Ela não estava gostando muito
daquela história.
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– E aí ela ficou? – Não. Ela sempre ia embora
eve até filhos com outros homensEla sentiu um peso no peito. Na
defensiva, zombou dele mais uma
vez. – E ele finalmente a apedrejo
até a morte – disse, em tom
sarcástico. – Não foi isso? Eleacabou mandando a mulher para ougar dela.
Michael não respondeu, e ela lhedeu as costas de novo.
– Aonde quer chegar? Diga logo
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– Um dia você terá de escolher.Ele não disse mais nada e ela
ficou imaginando se era o fim dahistória. Cerrou os dentes. Não iaperguntar se a prostituta ficou com
o profeta, ou se ele acabodesistindo dela.
Michael se levantou, abriu dua
atas de feijão e o derramou napanela. Em poucos minutos estavaquente, e ele o serviu.
– Sente-se aqui e coma comigoMara.
Ela se sentou com ele à mesa
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Ele abaixou a cabeça e rezou, entãoa raiva cresceu dentro dela outra
vez. Começou a comer, procurandognorá-lo. Ele olhou para ela, quedeu um sorriso tenso, revoltado.
– Sabe o que eu penso? – eladisse. – Penso que Deus fez comque se casasse comigo para
castigá-lo de um grave pecado deseu passado. Desejou muitamulheres?
– Isso realmente me acomete devez em quando – ele disse, com umsorriso triste.
E terminou de comer em
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silêncio.Ela invejava sua paz e se
autocontrole. Quando ele acabouela pegou seu prato e o pôs emcima do dela.
– Já que fez a comida, eu lavoos pratos.
Ela não gostava do escuro, ma
era melhor do que ficar na cabanacom ele. Ele podia começar acontar mais uma de suas história
podres. Uma bem boa dessa vezsobre algum leproso com feridaabertas.
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Depois de lavar os pratos, ficoum tempo sentada à beira do
riacho. Sentia dores por todo ocorpo e sabia que tinha tentadofazer demais aquele dia, mas fica
ali, ouvindo o barulho da águaacalmava-lhe os nervos.
O que estou fazendo aqui?
perguntou a si mesma. O que estofazendo aqui com ele?
Uma brisa suave balançou a
folhas do choupo, e ela podia juraque ouviu uma voz. Virou-se paratrás, mas não havia ninguém al
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remendo de frio, voltou depressapara casa e viu Hosea encostado n
batente da porta, à sua esperaEstava com as mãos nos bolsos. Elapassou por ele, entrou e guardou o
pratos. Estava cansada e queria ipara a cama.Despiu-se e deitou-se
rapidamente embaixo docobertores. Ficou deitada pensandonaquela mulher voltando para a
prostituição. Talvez tivesse umaDuquesa com o dinheiro delatambém. Talvez o profeta a
deixasse louca, do jeito que aquele
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fazendeiro fazia com ela. Talvez elasó quisesse que a deixassem em
paz. Será que o profeta pensaranisso alguma vez?
Angel ficou tensa quando Hosea
se deitou ao seu lado na cama. Aculpa era toda dela. Era só lhes dao gostinho de um beijo para que
quisessem saborear tudo. Bemquanto mais cedo começasse, maicedo poderia dormir.
Ela se sentou na cama, escovoo cabelo no ombro com impaciênciae olhou para ele, resignada.
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– Não.Ficou surpresa com o ar irritado
dele. – Não? – Não.
– Olha aqui, não sou capaz deer sua mente. Precisa me dizer oque quer.
– Quero dormir na minha camaao lado da minha esposa.
Ele pegou uma mecha de se
cabelo e a puxou de leve. – Isso é tudo o que quero.Perplexa, Angel se deitou de
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novo. Ficou esperando que elemudasse de ideia. Depois de muito
tempo, sua respiração ficou maiprofunda. Ela virou a cabeça comcuidado e olhou para ele à luz do
fogo. Estava realmente dormindoExaminou aquele perfil relaxado umongo tempo, depois se virou de
costas para ele. Angel tentou aumentar o espaç
entre os dois, mas Michael Hosea
preenchia a cama, do mesmo modoque preenchia a cabana.
Como estava começando a
preencher sua vida.
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Em meio à jornada da nossa vida
encontrei-me em uma selvatenebrosa – D A N T
ngel gemeu quando Duke seinclinou sobre ela, rindo
baixinho. – Pensou que podia escapar de
seu alfa e ômega?
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Alguém a chamou de muitoonge, mas Duke continuava
abafando aquela voz suave. – Achou que oito mil quilômetrobastariam, mas aqui estou.
Ela tentou se afastar delequerendo ouvir quem a estavachamando.
Duke puxou-a para perto denovo.
– Você me pertence. Ah, sim
Sempre, e sabe disso. Sou seúnico dono.
Seu hálito cheirava aos cravos
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da-índia que mascava depois defumar charuto.
– Sei o que está pensandoAngel. Posso ler sua mente. Não foo que sempre fiz? Pode torce
quanto quiser, mas não vou morrenunca. Mesmo quando você deixade existir, continuarei vivo. Sou
eterno.Ela lutou, mas ele não era
daqueles que se podem empurra
para longe. Era uma sombra que acobria, a trazia de volta e a jogavadentro de um buraco negro e
profundo. Sentia seu corpo
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absorvendo o dele enquanto caíaEle entrou por todos os poros até
aquele negrume ficar dentro delaaté ela querer arrancar a própriacarne.
– Não, não! – Mara. Mara!Ela acordou de repente de boca
aberta, num grito silencioso. – Mara – disse Michae
gentilmente, sentado na beira da
cama.Ela procurou parar de tremer e
afastou o cabelo do rosto.
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– Você tem muitos pesadelosSonha com o quê?
A voz gentil e o toque carinhosofizeram-na relaxar um pouco. Elaafastou a mão dele.
– Não consigo me lembrar –mentiu, com Duke gravado a fogona memória.
Será que ele ainda a procuravadepois de todo aquele tempo? Elasabia a resposta e sentiu frio. Podia
ver o rosto dele. Era como setivesse fugido ontem e não um anoantes. Um dia ele a encontraria.
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quando encontrasse...Ela não suportava pensar nisso
Não tinha coragem de voltar adormir. O pesadelo podia começade novo e terminar onde sempre
terminava. – Mara, conte-me. Do que temmedo?
– Não é nada – disse, muitotensa. – Deixe-me em paz.
Michael pôs a mão em seu peito
e ela contraiu os músculos. – Se seu coração bater com mai
força, vai pular do seu peito.
– Está querendo que eu pense
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em outra coisa?Michael tirou a mão.
– Há coisas além de sexo entrenós.
– Não há absolutamente nada.
Ela virou de costas para ele.Michael tirou as cobertas de
cima dela.
– Vou mostrar o que há. – Eu disse para me deixar em
paz!
Aflita com o pesadelo, aflita poestar com ele, ela puxou ocobertores e se cobriu outra vez.
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Michael puxou as cobertas denovo, embolou tudo e jogou sobre o
baú no canto. – De pé. Agora. Você vai, quequeira, quer não.
Angel ficou com medo. Pôdesentir que ele tentava domar araiva.
– Vamos dar um pequenopasseio – disse.
– Agora? No meio da noite?
Estava frio e escuro. Ela engoliem seco quando ele a pegou nocolo e a pôs de pé.
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Ele vestiu a calça e disse: – Pode ir vestida ou nua. Para
mim dá no mesmo.Ela não gostava dos cantoescuros da cabana e não ia lá fora
para aquela escuridão. – Não vou a lugar nenhum. Vou
ficar aqui mesmo.
Ela foi pegar o acolchoado, maele agarrou seu braço e a fez sevirar. Ela se encolheu e levantou o
braço para se proteger de umgolpe, e então a raiva de Michael seevaporou. Era isso que ela esperava
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dele, mesmo depois daquele tempotodo?
– Nunca vou machucá-la.Ele pegou o acolchoado e oenrolou nela. Estendeu-lhe o
sapatos, mas ela não os pegou. – Pode calçá-los ou ir descalça. Aescolha é sua. Mas você vai comigo
Ela os pegou. – Do que tem medo, Mara? Po
que não falamos disso?
Ela jogou a abotoadeira para oado e se endireitou.
– Não tenho medo de nada
menos ainda de um agricultor como
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você.Ele abriu a porta.
– Então venha, se é tãocorajosa.
Ela conseguia ver o celeiro, ma
ele segurou firme sua mão e a fopuxando para a floresta.
– Para onde está me levando?
Ela odiou o tremor na própriavoz.
– Vai ver quando chegarmos lá.
Ele continuou andando, puxandoAngel pela mão.
Ela não enxergava quase nada
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só alguns vultos. Eramameaçadores e escuros, alguns se
moviam. Lembrou-se de Racorrendo com ela numa noiteescura muito tempo atrás e teve
medo. Seu coração bateu mairápido. – Quero voltar.
Tropeçou e quase caiu.Michael a segurou.
– Só dessa vez, procure confia
em mim, está bem? Já lhe fiz algummal?
– Confiar em você? Por que
deveria? Você é louco de me traze
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para cá desse jeito, no meio danoite. Leve-me de volta.
Ela estava tremendo e nãoconseguia parar.
– Só depois de ver o que quero
he mostrar. – Mesmo se tiver de me
arrastar?
– A menos que queira ir sobre omeu ombro.
Ela puxou a mão e se solto
dele. – Então vá na frente. – Está bem – ele disse.
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Angel se virou para voltar, masnão viu a cabana nem o celeiro no
meio das árvores. Quando se virode novo, também não viu maiHosea e entrou em pânico.
– Espere! – gritou. – Espere!Michael a segurou.
– Estou bem aqui.
Ele sentiu que ela tremia toda epuxou-a para perto.
– Não vou deixá-la na escuridão
E, levantando o rosto dela, deuhe um beijo suave.
– Quando é que vai entende
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que a amo? Angel o abraçou com força.
– Se me ama mesmo, leve-mede volta. Podemos ficar quentinhoe confortáveis na cama. Faço o que
você quiser. – Não – ele disse com a vorouca, brigando com o modo como
reagia a ela. – Venha comigo.Ela tentou segurá-lo.
– Por favor, espere. Está bem
enho medo do escuro. Estar aqufora me faz lembrar de... – e parode falar.
– Do quê?
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– De uma coisa que acontecequando eu era criança.
Ele ficou esperando. Ela mordeo lábio. Não queria falar sobre Rae o que tinha acontecido com ele
Não queria pensar no horrodaquela noite.
– Por favor, leve-me de volta.
Michael passou os dedos nocabelo de Angel e inclinou a cabeçadela para poder ver seu rosto ao
uar. Ela estava com medo, comtanto medo que não conseguiaesconder.
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– Eu também tenho medo, MaraNão do escuro nem do passado..
Mas de você e do que me faz sentiquando a toco. Você usa meudesejo como uma arma. O que
sinto é uma dádiva. Sei o quequero, mas, quando me abraçaassim, só sinto seu corpo e o me
desejo. Você me faz tremer. – Então me leve de volta para a
cabana...
– Você não está me ouvindoVocê não entende nada. Não possoevá-la de volta. As coisas não vão
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ser como você quer. Têm de ser domeu jeito, ou então nada.
Michael a pegou pela mão. – Agora vamos.E saiu andando pela floresta
escura. Ela suava, mas a mão queele segurava não era mais comoum peixe morto. Ela agarrava a
mão dele como se sua vidadependesse disso.
Angel ouvia sons de todos o
ados, barulhos e zumbidos quevinham de todas as direções e lheentravam na cabeça. Era um
silêncio tão silencioso que berrava
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Queria voltar para a cabana, ficaonge das coisas escuras que se
moviam em volta dela. Demônioalados, observando e sorrindoAquele era o mundo de Duke.
Estava com frio, fraca e muitocansada.
– Ainda falta muito?
Michael a pegou no colo. – Estamos quase chegando. A floresta havia ficado para trá
e a lua alta dava um tom prateadoe fantasmagórico às colinas.
– É no topo daquela colina.
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Quando chegaram à vertenteele a pôs no chão de novo, e ela
olhou em volta, confusa. Não tinhanada lá, só mais colinas e amontanhas ao longe.
Michael ficou observando ovento da noite fazendo o cabeloclaro de Angel dançar à luz da lua
Ela se encolheu dentro doacolchoado e olhou furiosa para ele
– Não tem nada aqui.
– Tudo o que importa está aqui. – Toda essa caminhada po
nada.
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Ela não sabia o que esperavaUm monumento. Alguma coisa. Ela
se sentou, exausta e tremendo como ar gelado da noite. O acolchoadonão lhe bastava. Dez deles não lhe
bastariam. O frio estava dentrodela. O que ele pensava que estavafazendo, arrastando-a para aquela
colina no meio da noite? – O que há de tão especial aqui?Michael se sentou atrás dela
Pôs uma perna de cada lado e apuxou para perto.
– Espere só.
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Ela quis resistir ao abraço, maestava com muito frio para luta
com ele. – Esperar o quê?Ele a abraçou.
– A manhã. – Eu podia ter esperado lá n
cabana.
Ele deu risada com o rosto nomeio do cabelo dela. Afastou-o ebeijou-lhe a nuca.
– Você só vai entender quando avir daqui – e passou o nariembaixo da orelha dela.
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Angel estremeceu um pouco. – Durma, se quiser – e a ajeito
para que ficasse mais próxima dele– Eu a chamo na hora certa.Ela não estava com sono depoi
da longa caminhada. – Faz sempre esse tipo de coisa? – Não tanto quanto gostaria.
Ficaram em silêncio outra vezmas ela não se sentidesconfortável com aquilo. O calo
do corpo dele estava passando paro dela. Sentia o peso do braço delee a solidez do tronco apoiando sua
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costas. Olhou para as estrelasminúsculas pedras preciosas em um
veludo negro. Jamais vira o cédaquele jeito, tão de perto. Pareciaque, se estendesse a mão, seria
capaz de tocar cada um daquelepontinhos brilhantes de luz. O céestava lindo. Não seria visto assim
de uma janela. E o cheiro no ar..Forte, úmido, de terra. Até os sonà sua volta se transformaram em
música, como os pássaros e onsetos, como a chuva tilintandonas latas num barraco decadente
do cais. E então a escuridão
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diminuiu.Começou bem devagar, quase
não deu para notar. As estrelasforam ficando cada vez menores, eo fundo preto, mais suave. Ela se
evantou para ver e apertou oacolchoado contra o corpo. Lá atráainda estava tudo escuro, mas na
frente havia luz. Uma luz amareloclara que ficava mais brilhanterajada de dourado, vermelho e co
de laranja. Angel já tinha visto onascer do sol antes, dentro dequatro paredes, atrás de um vidro
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mas nunca daquele jeito, com abrisa fresca no rosto e a natureza
selvagem em todas as direçõesNunca tinha visto nada tão lindo. A luz da manhã se derramo
entamente sobre as montanhasatravessou o vale e foi até acabana, a floresta mais atrás, e
subiu a colina. Angel sentiu amãos fortes de Hosea em seuombros.
– Mara, esta é a vida que querohe dar.
O sol brilhava tanto que chegava
a doer os olhos, e ela ficou mai
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cega do que na escuridão. Sentiu oábios dele em seu cabelo.
– É isso que estou lhoferecendo.
Sentiu a respiração quente dele
na pele. – Quero encher sua vida de cor e
de calor, quero enchê-la de luz.
Ele passou os braços em voltadela e a apertou contra o peito.
– Dê-me uma chance.
Angel sentiu um peso crescedentro dela. Ele lhe dizia coisabonitas, mas a vida não era feita d
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palavras. A vida não era tãosimples assim, tão direta. Era
complicada, torcida e retorcidadesde o nascimento. Ela não podiaapagar os dez últimos anos, nem o
oito antes de Rab levá-la pelas ruaaté o bordel e deixá-la ali paraDuke arruiná-la para sempre. Tudo
tinha começado muito antes disso.Ela era culpada de ter nascido.O próprio pai quisera tirá-la do
ventre da mãe e jogá-la fora comoixo. Seu próprio pai. E mamãe teriafeito isso mesmo, se soubesse que
poderia perdê-lo, desafiando-lhe a
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vontade. Todos aqueles anos dechoro infinito revelaram isso para
Angel.Não, nem uma centena de
auroras como aquela, nem mesmo
mil auroras como aquela mudariamo que ela era. A verdade estava apara sempre, como Duke dissera no
sonho. Você não pode escapadisso. Por mais que se esforce, nãopode fugir da verdade.
Ela deu um sorriso triste e sentiuma dor lá no fundo da almaalvez aquele homem fosse mesmo
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o que parecia. Talvez fosse sinceroem tudo o que dizia, mas ela sabia
de uma coisa que ele não sabiaJamais seria do jeito que elequeria. Simplesmente não poderia
ser assim. Ele era um sonhadorQueria o impossível. O amanheceviria para ele também, e ele
acordaria.E Angel não queria estar po
perto quando isso acontecesse.
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Mesmo se me persuadir, não vai me
convencer – A R I S T Ó F A N E
ichael sentiu uma mudança
em Angel depois daquelanoite, mas não foi uma mudançaque o deixou feliz. Ela se fechou e
ficou distante. As manchas roxa
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haviam sumido, as costelas haviamsarado, mas ela ainda agia como se
estivesse ferida. Não o deixava seaproximar. Recuperou o peso quehavia perdido depois da surra
terrível que levara de Magowan eficou forte fisicamente, mas Michaesentia que havia nela uma
vulnerabilidade mais profundaDeu-lhe trabalho para fazer, parater um propósito na vida, e a
palidez do bordel e da cabanadesapareceu. Mesmo assim, seuolhos não tinham vida.
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A maioria dos homens sesatisfaria em ter uma esposa tão
maleável e trabalhadora. Michaenão. Não tinha se casado para teuma escrava. Queria uma mulhe
que fizesse parte de sua vida, partedele mesmo.
Toda noite era uma provação
Ele se deitava ao lado dela e ficavarespirando seu perfume até ficatonto. Ela deixava bem claro que
ele podia usar seu corpo quando ecomo quisesse. Olhava para eletodas as noites quando tirava a
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roupa. A pergunta nos olhos delafazia a boca de Michael secar, mas
ele não entregava os pontosEsperava, rezando para o coraçãodela amolecer.
Os pesadelos dela continuaramMuitas vezes acordava tremendocom o corpo molhado de suor, mas
não deixava que ele encostassenela. Só depois que voltava adormir, ele podia abraçá-la e
aninhá-la. Nesse momento, elarelaxava, e ele sabia que lá nofundo ela reconhecia que estava a
salvo com ele.
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Não era muito gratificantequando as necessidades naturais do
corpo dele se manifestavam commais força cada vez que ficava maitempo com ela. Imaginava que
faziam amor como estava escritonos Cânticos de Salomão. Quasepodia sentir os braços dela lhe
envolvendo e o gosto de seubeijos de mel. Então saía daquelesonho acordado e ficava mai
frustrado e desolado do que nunca. Ah, ele podia tê-la agora se
quisesse. Ela aceitaria. Mostraria
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todo o seu conhecimento doassunto. E ele saberia que
enquanto depositava todas aesperanças nela, ela estavacontando as vigas do teto, o
pensando nas tarefas do diaseguinte, ou qualquer outra coisaque a afastasse dele e de pensa
nele. Não olharia em seus olhos epouco se importaria de saber queele morria de amor por ela.
A lembrança estava gravada nmente de Michael. Angel sentadaao pé da cama no Palácio
balançando o pé para frente e para
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trás, como um pêndulo. Agora seriaa mesma coisa se ele se entregasse
ao desejo físico. Seria Angel, nãoMara, só esperando que eleterminasse para poder relegá-lo ao
esquecimento, como todos ooutros homens que usaram secorpo.
Meu Deus, o que é que eu façoVou enlouquecer. O Senhor esperademais de mim. Ou será que sou e
que espero demais dela? A resposta era sempre a mesma
Espere.
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Mais do que qualquer outracoisa, Michael era consumido pela
necessidade de ouvir Angel dizeseu nome. Só uma vez, Jesus. MeDeus, por favor... Só uma vez
Michael! O reconhecimento de suaexistência. Ela fitava através delequase o tempo todo. Ele queria se
mais do que alguém que andassena periferia da alma dela, alguémque ela tinha certeza de que pisari
nela e a usaria. Amor, para Angelera um palavrão de quatro letras.
Como vou lhe ensinar o que é
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realmente o amor se meus próprionstintos estão no caminho? Me
Deus, o que estou fazendo deerrado? Ela está mais distanteagora do que estava em Pair-a
Dice.Tenha paciência, amado. A frustração de Michae
aumentou e ele começou a pensaem seu pai, que afirmava que todaas mulheres queriam se
dominadas.Na época Michael não
acreditara, nem agora. Mas quase
desejava acreditar. Crer nessa
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mentira tornaria sua vida comAngel mais fácil. Toda vez que ela
olhava para ele sem vê-lo, elepensava no pai. Toda vez que elachegava perto dele dormindo, ele
sabia o que seu pai diria sobreaquele celibato autoimposto.
Ele escutava outra voz
misteriosa e profunda, antiga comoo tempo.
Quando é que você vai agi
como homem? Vá em frente epossua essa mulher. Por queestá se contendo? Pegue-a. Ela
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he pertence, não pertence? Ajafeito homem. Divirta-se com o
corpo dela, se não pode recebemais nada. O que estáesperando?
Michael lutava contra aquela vona sua cabeça. Não queria ouvi-lamas ela estava lá, pressionando
pressionando e pressionandosempre que ele ficava maivulnerável.
Mesmo quando estavaajoelhado, rezando, ouvia aquelavoz o atormentando.
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Angel foi ficando mais inquieta eaflita com o tempo. Alguma coisa
se formava dentro dela, algo lentonsidioso e ameaçador. Gostava davida naquela pequena cabana
Sentia-se à vontade e seguraexceto por Michael Hosea. Nãogostava das emoções que ele
estava começando a provocar nelasentimentos que afetavam suadeterminação. Não gostava do fato
de Michael não se encaixar emnenhum molde conhecido. Nãogostava do fato de Michael mante
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sua palavra. De não usá-la. Detratá-la de maneira diferente de
todos os modos como fora tratadaantes na vida.Ele nunca se zangava quando
ela cometia erros. Ele a elogiava ea encorajava. Compartilhava oerros dela com um senso de humo
que fazia com que ela seaborrecesse menos com a própriancompetência. Transmitia-lhe
esperança de que aprenderia eorgulho quando conseguia. Agoraela já sabia acender o fogo. Sabia
preparar uma refeição. Podia
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dentificar plantas comestíveis nomato. Estava até começando a
prestar atenção nas histórias queele lia todas as noites, apesar denão acreditar em nenhuma delas.
Quanto mais cedo eu me afastadele, melhor.
Tinha negócios inacabados para
resolver em Pair-a-Dice. Além domais, podia ter sua própria cabanagual àquela, quando recebesse sua
parte do ouro que ganhara. E nãoteria de morar com homemnenhum.
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Angel calculava de cabeçquanto tempo e dinheiro Hosea
tinha gastado cuidando dela atéficar curada e depois ensinando-lhea ser independente. Pretendia lhe
pagar de volta cada hora e cadaquilo antes de partir.
Ela cuidava da horta, cozinhava
varria, lavava, passava e costuravaQuando ele ia limpar o estábuloela pegava uma pá e o ajudava
Quando ele cortava lenha para onverno, ela enchia os braços deachas e formava pilhas arrumada
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contra a parede do celeiro.Depois de quatro meses sua
pele ficou morena, as costas, fortese as mãos, ásperas. Espiou noespelho de lata e viu que seu rosto
tinha voltado ao normal. Até o naritinha ficado reto de novo. Era horade começar a fazer planos para
voltar. – Você acha que esses legume
e verduras que venho cuidando
para você valeriam um saco deouro lá em Pair-a-Dice? –perguntou-lhe certa noite, quando
antavam.
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– Talvez mais – Michael levantoa cabeça. – Teremos o bastante
para comprar duas cabeças degado.
Ela fez que sim com a cabeça
ndevidamente satisfeita com adeia. Talvez ele pudesse comprauma vaca e eles teriam leite
alvez lhe ensinasse como fazequeijo. Angel franziu a testa. Quedeias eram aquelas? O que
mportava para ela se elecomprasse uma dúzia de vacas? Elaprecisava voltar e acertar as coisa
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em Pair-a-Dice. Abaixou a cabeça ecomeu devagar. Estava chegando o
dia em que ela tiraria a aliança damãe dele do dedo e poderiaesquecê-lo.
Angel lavou os pratos e passou aroupa enquanto Michael lia a Bíbliaem voz alta. Não prestou atenção
enquanto empurrava o ferro deengomar para lá e para cá até ficafrio e inútil. Ela o pôs de novo na
grelha. Já estava vivendo ali comaquele homem havia meses. Tinhatrabalhado feito uma escrava
nunca havia trabalhado tanto assim
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no Palácio. Olhou para as mãos. Aunhas estavam quebradas e curtas
inha calos. O que a Duquesaacharia disso? Ela pegou o ferro deengomar de novo.
Tentava fazer planos, mas suamente vagava pela horta, pelofilhotes de passarinho no ninho
perto da janela do quarto, pelaprofunda e quieta serenidade davoz de Michael Hosea lendo. O que
há de errado comigo? Por que estousentindo esse peso dentro de mimoutra vez? Pensei que tivesse
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acabado.Não vai acabar enquanto
você não voltar para Pair-aDice e pegar o que a Duquesahe deve.
Sim, devia ser isso. Até elavoltar para Pair-a-Dice, tudo ficariasuspenso. A velha megera a tinha
enganado. Angel não podia deixaque ela saísse impune dessa.
Além disso, ela raciocinou, devia
estar aliviada de o tempo passadocom aquele fazendeiro estachegando ao fim. Mas não estava. A
sensação era igual à da noite em
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que ficara vendo Michael sair dePair-a-Dice, como se tivessem feito
um buraco nela e sua vida estivessse esvaindo por ali, nãorapidamente, mas devagar, num fio
vermelho que manchava a terra aopés dela.
Você precisa voltar, Angel
Precisa mesmo. Jamais seráivre se não voltar lá. Você va
pegar o seu dinheiro. Será
muito dinheiro e você ficaráivre. Poderá construir uma
cabana como esta, que será só
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sua. Não terá de dividi-la comum homem que espera demai
de você. Ele espera o que vocênem tem, o que nunca teveAlém do mais, ele é louco, reza
para um deus que não existenem se importa, e lê um livrode mitos como se fosse
resposta para tudo.Ela mordia o lábio, preocupada
enquanto trabalhava. Botou o ferro
de engomar de novo na grelha paresquentar.
– Quando vamos a Pair-a-Dice
para comprar suprimentos?
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Sessenta quilômetros era umaonga caminhada.
Michael parou de ler e olhopara ela.
– Não vou voltar para Pair-a
Dice. – Nunca? Mas por quê? Pense
que vendesse sua produção para
aquele judeu da Main Street. – Joseph. O nome dele é Josep
Hochschild. É verdade, eu vendia
para ele, mas resolvi que é melhonão voltar mais lá. Ele sabe. Háoutros lugares. Marysville
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Sacramento... – Devia voltar e pelo meno
pegar o seu dinheiro. – Que dinheiro? – O ouro que pagou por mim.
Ele apertou os lábios. – Isso não importa. – Devia importar. Não se
mporta de ter sido enganado?Ela continuou passando a roupa.Michael a observou e percebe
que ela queria voltar. Mesmodepois de todo aquele tempo comele, ela ansiava pela vida que
evava em Pair-a-Dice. O corpo dele
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ficou quente e tenso. Ela continuopassando roupa como se não
houvesse nada erradoaparentemente cega para osentimentos dele. Ele teve vontade
de agarrá-la e chacoalhá-la paraver se criava juízo.
Será que ela tem algum
Senhor? Tem? Meu Deus, será quenada do que fiz foi capaz de atingia? Será que a fiz trabalhar demais
Ou está apenas entediada com esstipo de vida tranquila? Meu Deus, oque eu faço? Prendo-a que nem um
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cachorro?Ele pensou numa coisa para ela
esquecer Pair-a-Dice por um tempoEra um truque baixo e mesquinhomas o resultado a manteria no
afazeres domésticos por mais umaduas semanas. Talvez criasse juízoaté lá.
– Tenho uma tarefa para vocêamanhã – disse. – Se estivedisposta.
Ela estava pensando em iembora no dia seguinte mesmomas era uma longa caminhada e
nem sabia qual estrada pegar
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Duvidava que ele indicaria ocaminho certo. O que ela devia
fazer? Pedir para o deus dele? – O que é? – perguntou, irritada – Tem uma nogueira preta no
campo. As nozes caíram. Gostariaque fosse lá e as catasse. Tenhoum saco de aniagem no celeiro
Pode deixá-las no quintal parasecar.
– Tudo bem – ela disse. – Como
quiser.Ele cerrou os dentes. Aquela
frase de novo. Como quiser. Se ela
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dissesse mais uma palavra, ele iatestar a teoria de seu pai.
– Vou verificar as provisões.E saiu para esfriar a cabeça.Foi a passos largos na direção do
curral. – O que faço para me entendecom essa mulher? – disse, entre
dentes. – O que o Senhor quer demim? Era para eu trazê-la para cádar-lhe tempo para ficar boa e
descansar, para depois ela voltapara lá? A vontade de quem estáprevalecendo aqui?
Ele não conseguia mais ouvir a
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vozinha.Naquela noite, ficou pior do que
em todas as outras. Quase cedeao desejo do corpo, contra secoração e sua mente, mas sabia o
que era esperado dele. Levantou-see desceu para o riacho. A águagelada ajudou, mas não curou o
que o afligia.Por que está fazendo isso
comigo, meu Deus? Por que me deu
essa mulher cabeça-dura, que meenlouquece? Ela está me virando doavesso.
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Angel sentiu quando ele saiu dacama. Ficou imaginando aonde iria
Sentia falta do calor dele. Quandoele voltou, fingiu estar dormindomas ele não foi para a cama com
ela, sentou-se na cadeira de vimena frente do fogo. Em que estavapensando? No gado? Na
plantações?Ele estava dormindo na cadeira
quando ela se levantou de manhã
Angel tirou a camisa velha dele quusava e juntou suas roupas. Virouse para ele e viu que ele olhava
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para ela. Então soube qual era oproblema. Tinha visto aquele olha
nos homens muitas vezes e sabia oque significava. Era só isso que oafligia? Ora, por que ele não lhe
dissera antes?Ela se endireitou e abaixou obraços lentamente para ele pode
olhar para ela. Sorriu para eleaquele seu sorriso antigo.
Um músculo saltou no maxila
dele. Ele se levantou, pegou ochapéu do cabide perto da porta esaiu.
Ela franziu a testa, perplexa.
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Angel preparou o café da manhe esperou Michael voltar. Quando
ele chegou, comeu sem dizer nadaNunca o tinha visto assim antestão mal-humorado. Ele olhou muito
sério para ela. – Já resolveu se vai colhe
aquelas nozes?
Ela fez cara de espanto. – Vou colher sim. Não sabia que
tinha tanta pressa.
Ela empurrou a cadeira parabaixo da mesa e foi até o celeiropara pegar o saco de aniagem
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Levou algumas horas para enchê-loArrastou o saco de volta e despejo
as nozes. Sacudiu o saco, orgulhosado trabalho que fizera.Michael estava rachando tora
de lenha. Parou, secou a testa comas costas da mão e indicou a pilhacom um movimento de cabeça.
– Isso é tudo?O sorriso dela se esvaiu.
– Não basta?
– Pensei que seria mais.Ela ficou tensa.
– Está dizendo que quer toda
elas?
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– Quero.Ela não disse nada e foi busca
mais. – Ele deve ser meio esquilo –
resmungou baixinho.
Devia querer vender as nozecom os legumes e o veadodefumado. Obstinada e com raiva
ficou catando as nozes até passada hora do almoço. Que faça elemesmo alguma coisa para comer
Se quer nozes, terá nozes.Estava quase anoitecendo
quando despejou o último saco no
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celeiro. Suas costas eram uma dosó.
– Farejei entre as folhas e nãoencontrei mais nenhuma – eladisse.
O que Angel mais queria era umongo banho quente, mas a ideia decarregar um balde de água a fe
desistir.Ele sorriu.
– Temos bastante para dividi
com os vizinhos.Dividir?
– Nem sabia que tínhamo
vizinhos – disse, zangada, tirando
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uma mecha de cabelo da boca. Nãopodia ter trabalhado tanto para um
bando de desconhecidos. Eles quecolhessem as nozes deles.
Por que se importa, Angel
Você não vai mais estar aqui. – Vou me lavar e preparar o
antar – ela disse, e foi para o
riacho. – Faça isso – disse Michael.Ele sorriu e espetou o forcado no
feno de novo. Então começou aassobiar.
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Meia hora depois, Mara aparecefuriosa.
– Olha isso!Estendeu-lhe as mãos para queele visse as palmas e os dedo
enegrecidos. – Usei sabão, gordura. Esfregue
até com areia. Como se tira essa
coisa? – É a tintura da casca. – Quer dizer que vou ficar assim
– Por umas duas semanas.Ela semicerrou os olhos azuis.
– Você sabia que isso ia
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acontecer?Ele sorriu e jogou feno numa
baia. – Por que não me disse?Ele se apoiou no forcado.
– Você não perguntou.Ela cerrou os punhos manchadode preto e ficou vermelha de raiva
Não estava mais indiferente nemdistante. Ele pôs mais lenha nofogo, que já ardia.
– As nozes ainda têm de sedescascadas e secas antes depodermos ensacá-las de novo
Então você e eu teremos o inverno
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todo para quebrá-las.Ele viu o calor subindo pelo rosto
dela. Estava a ponto de explodir. – Você fez isso de propósito! A agressividade dele também
estava à flor da pele, por isso ficoem silêncio.
– Como é que eu vou volta
agora com as mãos assim?Ela podia ouvir a Duquesa rindo
de suas mãos cor de bosta. Já
maginava os comentários.Michael ficou sério.
– Sabe, Mara, se você quisesse
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mesmo voltar para Pair-a-Dice, játeria ido há semanas.
Ela corou, o que serviu paradeixá-la ainda mais furiosa. Faziaanos que não corava.
– Por que isso agora? –perguntou, irritada. – Já fez valeseu dinheiro comigo!
Ele enfiou o forcado no monte defeno.
– Não recebi nada de você
ainda, senhora. Nada que valhaalguma coisa.
A fúria criou uma névoa
vermelha diante dos olhos dela.
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– Talvez você não sejasuficientemente homem para
receber do jeito normal!Deu meia-volta e foi saindo do
celeiro, xingando-o baixinho.
A agressividade dele aflorou. Elea alcançou e a fez virar.
– Não fique resmungand
baixinho, Mara. Vamos lá. Diga naminha cara. Vamos botar para forao que sente por mim.
Ela se soltou dele com umtranco. Berrou-lhe nomes. Conheciamuitos. Percebeu a raiva dele e
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evantou o queixo, em pose dedesafio.
– Vá em frente e me bata. Quemsabe isso não faz de você umhomem!
– Não acredito, mas é isso quvocê quer, não é? Outra surra. Maisdureza na vida.
Ele estava com medo dapróprias emoções, do sanguequente que fazia com que quase
topasse o desafio. Tremia com opoder dessa agressividade.
– Você só conhece isso e está
cheia demais de seu orgulho
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teimoso para descobrir se existemais alguma coisa no mundo!
– Não me faça rir! Você pensaque é diferente do resto? Estoquite com este lugar. Paguei hora
por hora para você. Teve o valor doseu ouro no meu trabalho.
– Mentira. Você só está fugindo
porque está assustada, porque estácomeçando a gostar daqui.
Ela tentou dar-lhe um tapa, ma
ele se defendeu com o braço. Elaatacou de novo e ele segurou-lhe opulso.
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– Finalmente tenho toda a suaatenção!
E largou o braço dela. – Pelo menos está olhando paramim e não através de mim.
Angel deu meia-volta e saimarchando pelo quintal. Foi para acabana e bateu a porta. Michae
esperou ver alguma coisa voandopela janela, mas não.
Seu coração batia feito uma
ocomotiva. Soltou o ar e passou amão no cabelo. Dali para frente iaser guerra aberta. Bem, que fosse
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assim. Qualquer coisa era melhodo que a apatia dela. Ele voltou ao
trabalho.Quando Michael entrou nacabana, Mara parecia bastante
calma. Olhou para ele e sorrienquanto servia ensopado numpote e o punha na mesa. Basto
uma provada rápida para ele sabeque tinha tanto sal na comida quedaria para conservá-lo inteiro. O
biscoitos tinham areia e, quandoespiou dentro da caneca de caféviu meia dúzia de moscas boiando
na bebida quente. Deu risada e
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ogou o café porta afora. O quemais ela tinha cozinhado para ele?
– Por que não conversamosobre o que realmente a incomoda?
Angel cruzou as mãos sobre a
mesa. – Tenho só uma coisa para dizer
Não vou ficar aqui com você para
sempre.Ele olhou para ela com aquele
sorriso discreto e enigmático, que
ela não suportava. – Não vou – ela repetiu. – Vamos viver um dia de cada
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vez, minha amada.Michael pegou uma lata de
feijão da prateleira e a abriu. Oolhar dela pegava fogo, daria parafritar um bife. Ele encostou o
quadril na bancada e comeu suarefeição fria mesmo.Ela olhou para ele, furiosa.
– Não pertenço a este lugar, evocê sabe disso.
– A que lugar pensa qu
pertence? Àquele bordel? – A escolha é minha, não é? – Ainda nem sabe que tem
escolha. Pensa que só existe um
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caminho, que é direto para onferno.
– Eu sei o que quero. – Então se importa de me dize
o que é?
– Quero sair daqui!Ela se levantou e foi para fora
zangada e frustrada demais para
olhar para ele.Michael largou a lata e foi se
encostar na porta.
– Não acredito em você. – Eu sei, mas o que eu quero
não é da sua conta.
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Ele deu risada, mas não foi dealegria. Ela olhou feio para ele
seus olhos faiscavam ao luar. – O que era esse “tudo” quvocê tinha em mente quando me
trouxe para cá?Michael ficou um bom tempo
sem responder. Não sabia se ela ia
entender. Também não sabia seera capaz de pôr aquilo empalavras.
– Eu quero que você me ame –ele disse, e viu o deboche naexpressão dela. – Quero que confie
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em mim a ponto de deixar que eu ame, e quero que fique aqui comigo
para construirmos uma vida juntosÉ isso que quero. A raiva dela se dissolveu diante
da sinceridade dele. – Não entende que isso émpossível?
– Tudo é possível. – Você não tem ideia de quem
eu sou e do que eu sou, exceto pelo
que criou na sua cabeça. – Então me diga. Vá em frente, Angel. Diga
para ele. Ele nunca seque
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maginaria as coisas que tinhamfeito com ela, nem as coisas que
ela tinha feito. Ah, mas ela podiacontar para ele. Firmar a arma. Dedois canos. À queima-roupa. Direto
no coração dele. Aniquilação. Issoporia um fim bem rápido em tudoPor que ela não falava?
Michael se aproximou dela. – Mara – disse.Sua voz gentil era como sal na
feridas. – Meu nome não é Mara.
Angel. Angel.
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– Não é não. Vou chamá-la comoeu a vejo. Mara, amargurada com a
vida. Tirzah, minha amada queacende o fogo em mim até ederreter.
E chegou perto dela. – Você não pode continua
fugindo. Não entende isso?
Parou bem na frente dela. – Fique aqui. Fique comigo
Vamos resolver as coisas juntos – e
a tocou. – Eu te amo. – Sabe quantas vezes ouvi isso
antes? Eu te amo, Angel. Você é
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tão linda. Eu te amo, querida. Ohmeu amor. Eu te adoro quando faz
sso. Diga que me ama, Angel. Falepara que eu acredite em vocêDesde que faça o que eu digo, vo
amá-la, Angel. Eu te amo, eu teamo, eu te amo. Estou cheia deouvir isso!
E olhou para ele com raiva, maa expressão dele a desarmou. Elase abraçou com força. Não pense
Não sinta nada. Ele vai destruí-la sesentir. Procurou se concentrar emoutra coisa.
O céu estava muito limpo. Havia
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estrelas por toda parte e uma luatão grande que parecia um olho de
prata espiando tudo. A cabeça e aemoções ainda fervilhavam. Tentoureunir defesas, mas tinham toda
debandado. Quis estar no altodaquela colina, assistindo de novoao nascer do sol. Lembrou-se do
que ele tinha dito: “Mara, esta é avida que quero dar para você”Quem ele pensava que estava
enganando? Ela sabia que issoamais aconteceria.
Seus olhos ardiam.
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– Quero voltar para Pair-a-Dice omais cedo possível.
– Estou chegando muito perto?Ela girou nos calcanhares. – Não vou ficar aqui com você!
Angel procurou se acalmar echamá-lo à razão.
– Olha, se você soubesse
metade das coisas que fiz, teria memandado de volta para Pair-a-Dicetão rápido que...
– Então experimente. Vá emfrente para ver se faz algumadiferença.
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Angel murchou com aqueladeia. Tinha aberto a caixa de
Pandora e não podia mais fechá-laAs lembranças horríveis e grotescase levantaram dos mortos. Seu pa
Mamãe morta, agarrada ao rosárioRab com a corda no pescoçoporque sabia que Duke não era o
cidadão de bem que o públicopensava que fosse. Ela sendoestuprada por Duke muitas e
muitas vezes. As dezenas dehomens nos anos seguintes. E asede, aquela sofrida e infinita sede
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dentro de si.Michael viu o rosto dela, branco
à luz da lua. Não sabia o queestava pensando, mas sabia queestava atormentada pelo passado
Estendeu a mão para tocar-lhe orosto. – Queria poder abrir sua mente
e entrar nela com você.Talvez os dois juntos pudessem
derrotar a escuridão que tentava
engoli-la viva. Ele queria abraçá-lamas ela já estava distante deleoutra vez. Meu Deus, como posso
salvá-la?
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Angel olhou para ele e viu obrilho das lágrimas em seus olhos
Ficou chocada. – Você está chorando? Por mim
– disse, com a voz entrecortada.
– Acha que não vale? Alguma coisa dentro dela se
rompeu. Ela se contorceu po
dentro para escapar daquelesentimento, mas ele estava láassim mesmo, crescendo com o
eve toque da mão de Michael emseu ombro, com cada palavra doceque ele lhe dizia. Teve certeza de
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que, se pusesse as mãos nocoração, ficariam cobertas com se
próprio sangue. Era isso que aquelehomem queria? Que ela sangrassepor ele?
– Fale comigo, Amanda – elesussurrou. – Fale comigo. – Amanda? O que esse nome
quer dizer? – Não sei, mas tem um som
gentil, carinhoso – ele sorriu. –
Achei que ia preferir esse no lugade Mara.
Ele era um homem estranho
que fazia coisas estranhas. O que
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tinha acontecido com as defesadela? Onde estavam sua rebeldia e
sua raiva? Sua determinação? – O que quer ouvir? – ela disse
pretendendo parecer que se
divertia e não conseguindo.O que podia dizer para um
homem como ele entender?
– Qualquer coisa. Tudo.Ela balançou a cabeça.
– Nada. Nunca.
Michael segurou o rosto delacom delicadeza.
– Então me diga o que está
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sentindo agora. – Dor – ela disse, antes de
pensar melhor.Ela empurrou as mãos dele evoltou para a cabana.
Estava com frio, desesperadapara se aquecer. Ajoelhou-se diantedo fogo, mas nem o calor da
chamas adiantou. Podia deitasobre as brasas que o gelo que adominava não derreteria.
Fuja dele, Angel. Fuja deleagora...
Fique, minha amada.
As vozes guerreavam em sua
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cabeça, puxavam sua alma.Michael entrou e se sentou ao
ado dela no chão. Observou emsilêncio quando ela dobrou ooelhos e os abraçou contra o peito
Ele sabia que ela estava tentandose fechar para ele de novo. Não iaajudá-la a conseguir dessa vez.
– Dê sua dor para mim – eledisse.
Angel se surpreendeu. Estava
naquele deserto com aquelehomem. Desesperada paraencontrar uma estrada conhecida
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algum marco para guiá-la paraonge. Não conseguia se lembrar da
última vez que tinha quasechorado. Não tinha lágrimas, não atinha mais. Ficava perplexa com
Hosea. – Fiz tudo por você, menos o qusei fazer melhor – ela tentou ler o
olhos dele. – Por que não? A expressão dele mudou e ela
derreteu um pouco. Ele estava
vulnerável, e ela não sentivontade de atacar as defesas dele.
– Está com medo? É por isso que
se controla? Acha que eu zombaria
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de você porque nunca esteve comuma mulher antes?
Michael pegou uma mecha docabelo dela e a esfregou entre odedos. Onde estavam todas a
respostas racionais? – Acho que passou pela minh
cabeça, sim. Mas, mais do que isso
preciso saber por quê. – Por que o quê? – ela
perguntou, sem entender.
– Por que você faria amocomigo.
– Por quê?
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Ela jamais entenderia aquelehomem. Todos os homens que
tinha conhecido esperavam que elaagradecesse mesmo que tivessemhe dado apenas uma caixa de
doces ou um buquê de floresAquele homem a mantivera viva ecuidara dela para que recuperasse
a saúde. Ensinou-lhe coisas que amanteriam viva por conta própria. agora queria saber por que ela lhe
oferecia seu corpo. – Gratidão seria motivo
suficiente?
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– Não. Não estava em minhamãos se você viveria ou morreria
Isso cabe a Deus. Angel se virou para o lado. – Não me fale do seu deus. Não
foi ele quem voltou para me salvarFoi você.
Apoiou a testa nos joelho
dobrados e não disse mais nada.Michael ia começar a falar, mas
a voz o interrompeu.
Michael, tudo tem seutempo.
Ele suspirou, pensando sobre a
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mensagem. Ela não estava prontapara ouvir o motivo e a finalidade
daquilo tudo. Seria ácido, não umbálsamo. Por isso, ficou em silêncioSenhor, guie-me, por favor.
O fogo estalou e Angel começoa relaxar, ouvindo aqueles sonstranquilos.
– Eu quis morrer – ela disse. –Não podia esperar e, bem quandopensei que tinha morrido, você
apareceu. – Ainda quer morrer? – Não, mas também não sei po
que quero viver.
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O cerco das emoções passou. Elavirou um pouco a cabeça e olho
para ele de novo. – Talvez tenha um pouco a ve
com você. Não sei de mais nada.
A alegria saltitou dentro deMichael, mas só por um instanteEla parecia magoada, infeliz
confusa, insegura. Ele queria tocáa e teve medo de que, se tocasseela interpretasse de forma errada.
Console o meu cordeiro.Se eu encostar nela agora
Senhor...
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Console a sua esposa.Michael pegou a mão dela. Ela
ficou com o braço inteiro duro, maele não a largou. Virou a mão deAngel na dele e acariciou-lhe a
palma e os dedos enegrecidos, demodo que sua mão grande cobriu adela.
– Estamos nisso juntos, Amanda – Não o entendo – disse Angel. – Eu sei, mas me dê um tempo
que acabará entendendo. – Não, acho que nunca vo
entendê-lo. Não sei o que quer de
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mim. Você fala que é tudo, mas nãopega nada. Vejo como olha para
mim, mas nunca me tratou comoesposa.Michael rodou a aliança de ouro
no dedo dela. Ela era sua mulherJá não era sem tempo de fazealguma coisa a respeito. Se ela não
sabia a diferença entre fazer sexo efazer amor, ele teria de lhemostrar. Oh, meu Deus, tenho
medo, medo da força de medesejo. Acima de tudo, ele tinhamedo de não saber lhe dar prazer.
Meu Deus, me ajude!
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Angel viu Michael olhando para aaliança.
– Você a quer de volta? – Não – e, sorrindo, entrelaço
os dedos nos dela. – Sou tão
novato no casamento quanto você.Ele sentiu uma calma muito
grande e soube que tudo ia da
certo. Angel virou o rosto. Homen
casados a tinham procurado muita
vezes, e ela sabia o que pensavamdo casamento. Suas mulheres nãoos compreendiam. Eles se casavam
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por conveniência e para procriarCansavam-se da mesma mulher e
precisavam variar, como ter um bifeno jantar em vez de ensopadopeixe no lugar de frango. A maioria
dizia que a esposa não gostava desexo. Será que pensavam que elagostava?
– O que sei sobre casamentonão é nada animador.
– Pode ser – Michael beijou-lhe a
mão. – Mas acredito que ocasamento é um contrato entre umhomem e uma mulher, para
construir uma vida a dois. É a
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promessa de amar um ao outroaconteça o que acontecer.
– Você sabe o que eu sou. Poque faria uma promessa dessapara mim?
– Eu sei o que você era.Ela sentiu uma dor lá no fundo.
– Você nunca vai aprender, não
é?Michael chegou mais perto, viro
o rosto dela e a beijou. Ela não se
afastou, mas também nãocorrespondeu. Meu Deus, preciso deajuda agora. Ele tremeu um pouco
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quando passou os dedos em secabelo e a beijou novamente.
Ele estava muito inseguro, eAngel relaxou. Ela sabia cuidadisso. Podia atendê-lo muito bem
Podia até ajudá-lo.Michael chegou para trás. Nãopermitiria que seu desejo o
dominasse. Não cederia ao sexoperdendo o amor de vista, por maià vontade que ela ficasse com isso.
– Do meu jeito, não do seuLembra?
Ele se levantou.
Angel ficou confusa.
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– O que sabe sobre isso? – Vamos ter de esperar para ver
– Por que dificulta as coisasudo acaba dando na mesma. Não
será do meu jeito nem do seu. Será
como realmente é.Ela falava de um ato sexual, e
ele não sabia como lhe mostrar que
aquele momento deveria ser umacelebração do amor.
A única coisa que Angel via era a
determinação dele. Ela se levantodevagar e ficou ao seu lado.
– Se tem de ser do seu jeito
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tudo bem. Será do seu jeito.No começo.
Michael não viu mais aqueladureza nos olhos dela. Mas tambémnão viu compreensão. Não tinha
mais certeza de que parte deledevia ouvir. Sofria a pressão de suanatureza física. Ela era muito linda
para ele. – Vou ajudá-lo – ela disse
pegando-o pela mão.
Michael se sentou na cadeira devime com o coração na bocaquando Angel se ajoelhou diante
dele e tirou-lhe as botas. Ele
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perdeu o controle rapidamenteLevantou-se e afastou-se
Desabotoou e tirou a camisaEnquanto se despia, Michaepensava em Adão no jardim do
Éden. Como se sentira a primeiravez que esteve com EvaApavorado, mas vibrante, cheio de
vida?Quando Michael se virou, sua
mulher estava nua diante do fogo
à sua espera. Era deslumbrantecomo Eva devia ter sido. Ele foi atéela, fascinado.
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Oh, Deus, ela é tão perfeitacomo nenhuma outra criatura no
mundo. Minha companheira. Ele apegou nos braços e a beijou.Quando se deitou ao seu lado
no leito nupcial, ficou maravilhadoao ver como se encaixavam. Ela erfeita para ele.
– Meu Deus! – murmurouextasiado com aquela dádiva.
Angel sentiu Michael treme
violentamente e sabia que eraresultado do longo celibato ao quase submetera. Estranhamente, ela
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não achou aquilo repulsivo. Aocontrário, sentiu uma simpatia que
era desconhecida para ela. Maafastou esse sentimento e procurotirá-lo da cabeça. Surpreendeu-se
quando ele se afastou e buscoseus olhos. O olhar dele era tãontenso que ela teve de virar para o
outro lado.Pense em seu dinheiro em
Pair-a-Dice, Angel. Pense em
voltar e pegar esse dinheirocom a Duquesa. Pense em tealguma coisa só sua. Pense em
sua liberdade. Não pense nesse
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homem.Tinha funcionado para ela no
passado. Por que não funcionariaagora?
Vamos lá, Angel. Lembra
como costumava bloquear suamente? Já fez isso antes. Façade novo. Não pense. Não sinta
Apenas cumpra seu papel. Elenunca saberá.
Mas Michael não era como o
outros homens, e ele sabia. Nãoprecisava morrer para saber que elao levara ao paraíso e depois o
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negara. – Amada – ele disse, virando o
rosto dela para ele. – Por que nãodeixa que me aproxime de você?Ela tentou rir.
– Como quer ficar mais próximo?Ela sentia a diferença dessehomem através dos poros e queria
se proteger dele.Michael viu o vazio nos olho
azuis de Angel e isso lhe partiu o
coração. – Você sempre me mantém
distante. Tirzah, fique comigo.
– É Tirzah, agora?
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Meu Deus, ajude-me. – Pare de fugir de mim!
Angel quis gritar: “Não é devocê! É disso. Dessa busca egoístae insensata de prazer. Deles e seu
não meu. Nunca meu”.Mas não disse nada. Só o
desafiou, com raiva.
– Por que tem de ficar falando?Ela lutou, mas ele não cedia. Po
que ele tinha de ficar invadindo
seus pensamentos, interferindoneles, quebrando suaconcentração? Ele estava sempre
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confundindo seus sentimentosrevolvendo tudo. Ele a abraçou
olhou-a nos olhos e soube o que sepassava dentro dela. Então algomudou no interior de Angel.
O pânico aumentou e ela fechoos olhos. – Olhe para mim, minha amada.
– Não faça isso. – Não faça o quê? Não a amar
Não me tornar parte de você? Ma
eu sou parte de você. – Assim? – De todo jeito.
– Não – disse ela, se debatendo
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– Sim! – ele respondeu. – Podeser lindo. Não é o que lhe
ensinaram. É uma bênção. Meamor, diga meu nome...
Como ele podia pensar que
aquilo não era apenas vil e simplesEla sabia tudo que havia parasaber. Duke não lhe havia
ensinado? Todos os outros não lhehaviam ensinado? Então aquelefazendeiro queria saber como era
realmente. Ela ia mostrar para ele. – Assim não – a ordem ásper
confundiu Angel.
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– Não quer que eu o satisfaça? – Quer me satisfazer? Então diga
meu nome.Seu hálito se misturou ao dela. – Você disse que não negaria
qualquer coisa que eu pedisseembra? Quero que diga meu nomeQualquer coisa, você disse. Não va
cumprir sua palavra?Ele perdeu a calma.
– Diga!
– Michael – ela disse, comdificuldade.
Ele segurou seu rosto.
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– Olhe para mim. Diga de novo. – Michael.
Estava satisfeito agora? Elaesperou um sorriso triunfante, masem vez disso, viu olhos que a
adoravam e ouviu a voz suave deMichael.
– Continue dizendo...
Quando terminou, Michael aabraçou com força, disse quanto aamava e que sentia muito praze
com ela. Não estava mais hesitantenem inseguro, e essa suaautoconfiança fez com que a
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dúvidas dela aumentassem.Uma emoção desconhecida e
ndesejada se formou lá no fundoAlguma coisa dura e tensa começoa suavizar e a se desfazer. E, nesse
momento, a voz sombria se feouvir.Fuja desse homem, Angel
Você tem de sair daqui! Salvese! Fuja, fuja!
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E se esperamos o que não temos
por paciência esperamos – R O M A N O S 8 , 2
uando Michael saiu para
cumprir suas tarefas matinaisAngel subiu a colina rumo àestrada. Era difícil seguir a trilha
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que ele abrira com a carroça emsuas viagens para os mercados do
acampamentos. Numa estrada compouco movimento, Angel logo seperdeu. Tudo parecia tão
desconhecido que ficodesconcertada. Será que aindaestava caminhando na direção
certa, ou vinha andando em círculoe voltara para perto da casa deHosea, de onde havia saído?
O céu escureceu, nuvencinzentas e pesadas se formaramAngel arrumou o xale para cobri-la
melhor, mas a trama fina pouco
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adiantava para afastar o frio.Foi para as montanhas
pensando que Pair-a-Dice deviaficar em algum ponto por lá e quendo naquela direção tinha mai
chance de chegar. Além disso, ipara o leste a levaria para longe deMichael Hosea. Quanto mais longe
dele, melhor. As coisas tinham mudado entre
os dois. Não era que ele finalmente
havia feito sexo com ela. Era outracoisa, mais profunda e mais básicaalgo que estava além de sua
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compreensão. Não tinha certeza doque era, mas sabia que, se quisesse
um dia ter vida própria, precisavafugir dele. Agora.Mas onde estava a estrada rumo
à liberdade? Ela procurou, em vão. Viu um riacho e, como estavacom sede, desceu até ele
Ajoelhou-se na margem, pegoágua com as mãos em concha ebebeu avidamente. Olhou em volta
e ficou imaginando se aquele era omesmo riacho que passava pelapropriedade de Michael. Se fosse
teria de atravessá-lo e subir aquele
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morro do outro lado para voltapara a estrada.
O riacho parecia raso, não tinhacorrenteza. Angel tinha seesquecido de levar a abotoadeira
Irritada, teve trabalho para tirar osapato. Antes de entrar no riachoevantou a saia, embolou os pano
na frente e pôs os sapatos dentropara não perdê-los.
As pedras machucavam-lhe o
pés delicados, e a água estava tãogelada que chegava a doer. Apesade avançar com todo o cuidado
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escorregou numa pedra com limo edeixou o sapato cair. Praguejando
ela se abaixou para pegá-loescorregou de novo e dessa vecaiu na água. Rapidamente ficou de
pé, mas já estava ensopada. Pior, opar de sapatos tinha flutuado paraonge, rio abaixo. Ela tirou o xale e
o jogou na margem.Um sapato se encheu de água e
afundou. Angel conseguiu pegá-lo
com facilidade e o prendeu nacintura da saia. O outro pé tinha seenroscado nos galhos de uma
árvore caída. Ela foi andando na
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água para chegar até ele.O riacho ficou mais fundo, e a
correnteza, mais forte, mas sabiaque não podia fazer aquela longacaminhada até Pair-a-Dice
descalça. Tinha de pegar o sapatoDecidida, Angel levantou mais asaia e foi chegando perto.
Mas o leito do rio afundou derepente, então ela se segurou numgalho e esticou o outro braço para
pegar o sapato. Raspou a ponta dodedos nele uma vez e o galho sequebrou. Ela gritou e afundo
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rapidamente, a água geladacobrindo-lhe a cabeça.
Ela se debateu, e a correnteza acarregou para debaixo da árvoreAgarrou-se ao tronco e se pôs de
pé, já sem ar. A saia ficou presa emalguma coisa. Pendurou-se comtoda a força na árvore caída e
chutando, conseguiu soltá-laAgarrou o mato mais próximo. Oespinhos de amora furaram-lhe a
palma das mãos, mas ela se firmoe se arrastou para um terrenoseguro na margem, ficando lá
estirada. Tremia violentamente de
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medo e de frio.Irritada, jogou pedras no sapato
até que ele se soltou e foi levadopela correnteza. Parou nos juncosnão muito longe, e não foi difíc
pegá-lo.Com frio, cansada e se sentindo
péssima, calçou os sapato
enlameados e subiu a colina, certade que encontraria a estrada.
Mas não a encontrou.
Começou a chover, primeiroalgumas gotas esparsas, depoimais forte. O cabelo grudou na
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cabeça e a água escorria por dentroda saia. Com frio, tensa e exausta
demais para sentir qualquer dorAngel se sentou e apoiou a cabeçnas mãos.
De que adiantava aquilo? E sechegasse até a estrada? Nãoconseguiria andar aquele
quilômetros todos. Jamaiconseguiria. Já estava exaustadolorida e com fome, e ainda não
tinha nem encontrado o caminho.Quem estaria lá para lhe da
uma carona até Pair-a-Dice? E se
fosse alguém como Magowan?
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Foi atormentada pelas imagenda lareira quente de Michael, do
acolchoado pesado e da comidaNem tinha pensado em levaalguma coisa para comer. As
paredes do estômago já estavamcoladas de tanta fome.
Abatida, mas determinada
Angel se levantou e seguiu emfrente.
Depois de pouco mais de um
quilômetro, os pés doíam tanto queacabou tirando os sapatos eguardando-os, um em cada bolso
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da saia, e nem percebeu quandocaíram na estrada.
Quando Michael voltou para
tomar café e viu que Angel nãoestava lá, selou seu cavalo e saipara procurá-la. Culpou-se de não
ter previsto isso. Tinha visto o olhadela quando pedira que dissesseseu nome na noite anterior. Tinha
derrubado suas defesas naquelebreve instante e ela não gostou.
Seguiu pela estrada até onde ela
tinha chegado e rastreou-a até o
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riacho. Encontrou o xale de TessieViu a pegada do sapato na margem
e seguiu a trilha subindo a colina.Começou a chover. Michael ficoupreocupado. Ela devia esta
encharcada, com frio eprovavelmente com medo. Eraevidente que se perdera, que não
sabia para onde estava indo.Ele encontrou os sapatos.
– Meu Deus, ela está se
afastando da estrada.Galopou até o topo da colina e
procurou por ela. Deu para vê-la ao
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onge, atravessando um pastoBotou as mãos em concha na boca
e gritou: – Mara!Ela parou e virou-se para trás
Michael percebeu, mesmo adistância, pela postura dos ombroe pela cabeça inclinada, que ela
estava determinada a deixá-loCavalgou lentamente até elaQuando estava a uns cem metros
apeou do cavalo e foi andando. Orosto dela estava sujo, a blusarasgada. Viu manchas de sangue na
saia. O olhar dela fez com que ele
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mordesse a língua. – Vou embora – ela disse.
– Descalça? – Se for preciso. – Vamos conversar.
Quando Michael pôs a mãoembaixo de seu cotovelo, Angerecuou e lhe deu um tapa na cara.
Ele tropeçou para trás, atônitoSecou o sangue da boca e aencarou.
– Para que isso? – Disse que estou indo embora
Pode me arrastar de volta, que fujo
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de novo. Todo o tempo que custapara você enfiar isso em sua cabeç
dura.Michael ficou em silêncio. A raivaardia mais quente do que a face
mas ele sabia que qualquer coisaque dissesse agora seria motivopara se arrepender depois.
– Está me ouvindo, MichaelEste país é livre. Você não pode meobrigar a ficar.
Ele continuou calado. – Não sou sua propriedade, não
mporta quanto tenha pago para a
Duquesa!
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Paciência, disse Deus. Ora, apaciência estava se esgotando
Michael limpou o sangue do lábio. – Levo você na garupa até a
estrada.
E foi andando para pegar ocavalo.
Angel ficou parada, boquiaberta
Ele se virou para trás e olhou paraela, que empinou o queixo, manão se mexeu.
– Você quer ou não quer umacarona? – disse Michael.
Ela foi para junto dele.
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– Então você finalmente criouízo.
Ele a levantou, a pôs sentada nasela e subiu atrás dela. Quandochegaram à estrada, segurou se
braço e a pôs no chão. Ela ficoolhando para ele, confusa. Michaedesamarrou o cantil e o jogou para
ela. Angel o agarrou junto ao peitoEle tirou os sapatos do bolso docasaco e os deixou cair aos seu
pés. – Pair-a-Dice é para lá – disse. –
São sessenta quilômetros de subida
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o tempo todo, e Magowan e aDuquesa estão à sua espera no fim
do caminho.Ele apontou com a cabeça paraa direção oposta.
– Nossa casa fica para aqueleado. Um quilômetro e meio dedescida, fogo, comida e eu. Mas é
melhor que entenda uma coisa. Sevoltar, vamos recomeçar de ondeparamos ontem à noite e
continuaremos vivendo de acordocom as minhas regras.
E a deixou lá, imóvel e sozinha
na estrada.
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Já era noite quando Mara abriu aporta da cabana. Michael levantoa cabeça, olhando por cima do livro
que estava lendo, mas não dissenada. Ela ficou lá parada umtempo, abatida, esgotada e coberta
de terra da estrada. Calada, entrou – Vou esperar a primavera –
disse com amargura, deixando cai
o cantil na mesa.E despencou num banquinho
como se todos os músculos do
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corpo doessem, mas continuoteimosa demais para se aproxima
da lareira.Pela expressão do rosto delaera óbvio que esperava que ele
caçoasse dela.Michael se levantou e lhe serviensopado da panela de ferro. Pego
um biscoito da lata. Botou o pote eo biscoito na frente dela e deu umsorriso triste. Ela olhou para cima e
franziu um pouco a testa.Faminta, Angel comeu. Ele lhe
serviu café. Ela tomou e fico
observando Michael encher uma
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bacia de água quente. Ele apoiou ocotovelo no aparador da lareira e
ficou olhando para ela. Angeabaixou a cabeça e voltou a comer
– Sente-se aqui – disse, quando
ela terminou.Ela estava tão cansada que ma
conseguia se levantar, mas fez o
que ele havia pedido. Ele seajoelhou, botou a bacia com águana frente dela e tirou-lhe o
sapatos.No caminho de volta, ela
maginara Michael tripudiando
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zombando e esfregando a cara delaem seu próprio orgulho ferido. Em
vez disso, ele se ajoelhou diantedela e lavou-lhe os pés, sujos echeios de bolhas. Com um nó na
garganta, ela olhou para a cabeçadele abaixada e lutou contra osentimentos que surgiam dentro de
si. Esperou que fossem emboramas não foram. Ficaram, crescerame lhe provocaram mais dor ainda.
Suas mãos eram muitocarinhosas. Ele era muitocuidadoso. Depois de limpar seu
pés, massageou suas panturrilhas
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que estavam doloridas. Jogou foraa água suja, encheu a bacia de
novo e a colocou no colo delaPegou as mãos de Angel e as lavoutambém. Beijou-lhe as palma
manchadas e arranhadas e passosálvia nelas. Depois as enrolou comgaze.
E eu bati nele. Tirei-lhesangue...
Angel se encolheu
envergonhada. Quando eleevantou a cabeça, ela olhodiretamente em seus olhos. Eram
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azuis, como um céu claro deprimavera. Nunca os tinha notado
antes. – Por que faz isso por mim? – elaperguntou, com a voz embargada. –
Por quê? – Porque para alguns de nópode ser mais difícil caminhar um
quilômetro do que sessenta.Ele tirou a terra e os nós do
cabelo dela, a despiu e a pôs na
cama. Despiu-se também e deitouse ao lado dela. Ficou quieto e nãohe perguntou nada.
Angel queria se explicar. Queria
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dizer que estava arrependida. Maas palavras não vinham. Entalaram
como pedras quentes no peitopuxando-a para baixo, cada vemais para o fundo.
Não quero sentir isso, não possome permitir sentir isso. Eu nãosobreviveria.
Michael se virou de lado eapoiou a cabeça na mão. Afastou ocabelo dela das têmporas. Ela
estava de novo na pequena cabanae parecia mais perdida do quenunca. Seu corpo parecia uma
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pedra de gelo. Ele a puxou paraperto para esquentá-la.
Angel não se moveu quando elea beijou. Se ele queria sexo, tudobem. Tudo que quisesse. Qualque
coisa. Pelo menos aquela noite. – Procure dormir – ele disse. –Está segura em casa.
Em casa. Ela deu um longo etremido suspiro e fechou os olhosNão tinha casa. Encostou a cabeça
no peito dele e as batidaconstantes do coração de Michael aacalmaram. Ficou assim muito
tempo, mas, apesar de toda a
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exaustão que sentia, o sono nãovinha. Afastou-se, deitou-se de
costas e ficou olhando para o teto. – Quer conversar sobre isso? –
ele perguntou.
– Sobre o quê? – O que a fez querer ir embora. – Eu não sei.
Michael delineou o lado do rostodela com a ponta do dedo.
– Sabe sim.
Ela engoliu em secocombatendo as emoções que nãoconseguia identificar.
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– Não sei traduzir em palavras.Ele enrolou uma mecha do
cabelo louro no dedo e a puxosuavemente. – Quando lhe pedi para dize
meu nome, você não conseguifingir que não estava acontecendonada conosco, não é? Foi isso? Eu
queria entrar em você, entrar noseu coração – ele disse, com a vorouca. – Consegui?
– Um pouco. – Ótimo – e passou um dedo no
rosto dela novamente. – Uma
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mulher pode ser uma muralha ouma porta, minha amada.
Ela deu uma risada sem alegriae olhou para ele. – Então acho que sou uma porta
pela qual já passaram mil homens. – Não. Você é uma muralha, ummuro de pedra com dois metros de
argura e trinta de altura. Não socapaz de passar por essa muralhasozinho, mas não paro de tentar – e
a beijou. – Preciso de ajuda, TirzahOs lábios de Angel ficaram mai
macios e ela pôs a mão no cabelo
dele. Excitado, Michael recuou
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Sabia que ela estava exausta. – Chegue para cá – ele disse
baixinho, e ela rolou para perto.Ele encaixou o corpo dela no
dele e a abraçou. Roçou os lábio
em seu cabelo. – Trate de dormir.Ela deu um suspiro de alívio
Levou poucos minutos para ocansaço vencer.
Dormiu na segurança dos braço
de Michael e sonhou com um muroalto e largo. Ele estava lá embaixoplantando vinhas. Assim que a
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mudas encostavam no solocresciam e espalhavam vida verde
pelo muro, enfiando as gavinhafortes entre as pedras. O reboco sedesfazia.
Michael estava deitado no
escuro, completamente acordadoeria de desistir daquela esperançade romper as barreiras dela. Ma
como vou alcançá-la, meu DeusDiga-me como!
Fechou os olhos e dormiu
tranquilamente. Esqueceu o inimigo
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à solta pelo mundo. A batalha aindnão estava vencida.
Paul estava voltando para casa.
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Não julgueis, para que não sejai
julgados, pois com o critériocom que julgardes sereis julgados
e com a medida com
que tiverdes medido vos medirãotambém – J E S U S , M A T E U S 7 ,
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aul largou a parca bagagemna encosta. Viu Michael trabalhando
no campo e pôs as mãos em conchana boca para gritar lá do altoMichael largou a pá e foi ao se
encontro no meio da descida dacolina. Os dois se abraçaram. Pauquase chorou quando senti
aqueles braços fortes e firmes. – Ah, estou muito contente de
vê-lo, Michael – disse, com a vo
marcada pela fadiga e pelaemoção.
O alívio foi tão grande que ele
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teve de se controlar para nãoderramar lágrimas pouco másculas
Envergonhado, afastou-se eesfregou o rosto. Não se barbeavahavia semanas e o cabelo tinha
crescido muito. Não trocava deroupa havia um mês. – Devo estar... – e deu uma
risada triste. – Foi horrível.Trabalho duro por pouco ou
nenhum dinheiro, beber para
esquecer, mulheres para lembrar ebrigas só para continuar vivo.
Michael pôs a mão em se
ombro.
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– Vai ficar muito melhor depoide se lavar e fazer uma boa
refeição.Paul estava cansado demai
para protestar quando Michae
subiu a encosta para pegar suabagagem e botá-la no ombro.
– Como foi lá no Yuba?
Paul fez uma careta. – Deplorável e frio. – Encontrou o que estava
procurando? – Se existe ouro naquele
morros, nunca vi grande coisa. O
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que encontrei mal dava paramanter corpo e alma juntos.
Paul olhou para a parte dele novale e pensou em Tess. Os últimosdias tinham sido cheios de
embranças dela e de comosonhavam ir para a Califórnia paraconstruir um lugar só deles. Perdê
a foi o que o levara à terra doouro. Toda vez que pensava nelasentia a dor voltando.
Oh, Tessie! Por que tinha demorrer?
Sem querer, seus olhos arderam
e se encheram de lágrimas
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Precisava demais dela. Não sabiamais o que estava fazendo. Sua
vida havia perdido o sentido com amorte de Tessie.
– Voltou para ficar? – perguntou
Michael.Com medo de confiar na própria
voz, Paul pigarreou.
– Ainda não sei – admitiu. –Estou esgotado.
Estava cansado demais para
pensar no que faria no dia seguinte – Não teria sobrevivido ao
nverno nas montanhas. Não sabia
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nem se ia conseguir voltar paracasa.
Agora que estava de volta, elesentiu aquela velha ânsia de novoGraças a Deus podia passar o
nverno com Michael. Previa comprazer longas horas de conversanteligente. Os homens nos rios só
falavam de ouro e de mulheresMichael conversava sobre muitacoisas, coisas grandiosas que
povoavam a cabeça dos homens ehes davam esperança.
Tinha ido para os rios para faze
fortuna rapidamente. Michael tinha
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do com ele, mas ficara só algunmeses.
– Não é isso que quero da vida –dissera, e tentara convencer Paul avoltar para a terra deles.
O orgulho fez Paul ficar. Masforam o frio, a desilusão e a fomeque o trouxeram de volta. Não era
fome de comida nem de conforto ode luxo que sentia. Era uma fomemais profunda, do espírito.
Michael pôs a mão no ombrodele.
– Estou feliz que tenha voltado
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para casa – disse, com um sorrisoargo. – Temos campos para
plantar, irmão, e a mão de obra érara.Michael sempre facilitava a
coisas. Paul sorriu. – Obrigado – e acertou o passocom o amigo. – O Yuba não fo
nada daquilo que eu esperava. – Nenhum pote no fim do arco
ris?
– Não tinha nem arco-íris.Ele já estava se sentindo
melhor. Ia ficar. Era melhor arar a
terra do que arrebentar as costas
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Era melhor limpar um estábulo doque ficar dentro da água gelada
para encontrar pouquíssimas lascade ouro numa peneira enferrujadaudo o que precisava agora era da
vida pacata e monótona dofazendeiros. A mesmice e a rotinade todos os dias. Ver as coisa
crescendo na terra, em vez dearrancar alguma coisa dela.
– Alguma coisa aconteceu po
aqui enquanto estive fora?Paul via que Michael tinha feito
algumas construções e limpado
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mais uma parte da terra. – Eu me casei.
Paul parou e olhou para elePraguejou. – Não pode ser.
Assim que disse isso, percebeque soou mal. – Desculpe, mas não vi uma
única mulher decente desde queviemos para cá.
Ele viu uma expressão esquisita
na cara de Michael e tentoconsertar o comentário.
– Ela deve ser demais, para você
ter se casado com ela.
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Michael sempre dizia que estavaesperando a mulher certa.
Paul tentou ficar feliz peloamigo, mas não conseguiu. Sentinveja. Todo o tempo que passou
na estrada voltando para casapensava em se sentar na frente dofogo e conversar com Michael, e
agora ele tinha uma esposa. Queazar.
Ele precisava dos conselhos de
Michael. Precisava de sua amizadeSeu cunhado sabia ouvi-lo eentendia coisas que ele nem
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precisava falar. Era capaz deluminar os tempos mais sombrios
dava-lhe a sensação de que tudo seresolveria da forma pretendida, queseria bom. Michael alimentava
esperanças, e só Deus sabia comoele precisava de esperança naquelemomento. Esperava voltar para
casa e encontrar tudo igual. As mulheres perseguiam Michae
desde sempre. Por que uma tinha
de amarrá-lo justo agora? – Casado – murmurou Paul. – É, casado.
– Parabéns.
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– Obrigado. Você parece muitofeliz com isso.
Paul fez uma careta. – Ah, Michael. Você sabe que
sou egoísta – recomeçaram a
andar. – Mas como foi que aencontrou?
– Dei sorte.
– Então me fale dela. Como é?Michael apontou a cabana com a
cabeça.
– Venha conhecê-la. – Ah, não. Assim não – disse
Paul. – Ela vai olhar para mim e va
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ter certeza de que a vizinhança estádecadente. Como é o nome dela?
– Amanda. – Amanda. Bonito – e deu umsorriso malicioso. – É bonita
Michael? – É linda.Podia ser a mulher mais sem
graça, mas, se Michael a amava, aacharia linda. Paul não pretendiafazer nenhum juízo até vê-la com
os próprios olhos. – Deixe-me dormir no celeir
esta noite – disse. – Estou morto d
cansaço e gostaria de conhecer sua
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mulher depois de me lavar.Michael levou-lhe um cobertor
sabão e roupas. Paul estavacansado demais até para ficar depé. Tudo o que conseguiu fazer fo
se encostar na parede e esticar apernas para frente. Michael voltocom uma refeição quente.
– Você precisa comer algumacoisa, meu velho. Está que é sópele e osso.
Paul sorriu sem muito ânimo. – Você contou para ela que
havia um mendigo imundo no
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celeiro? – Ela não perguntou.
Michael juntou o feno. – Afunde nisso aqui com ocobertor por cima que ficará
aquecido a noite toda. – Vai ser um paraíso depois dedormir na terra dura tantos mese
seguidos.Era o primeiro teto que via sobre
a cabeça em semanas. Provou o
cozido e arregalou os olhos. – Arrumou uma boa cozinheira
Agradeça a ela por mim, está bem?
Devorou o resto da comida e se
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encolheu no feno. – Estou muito cansado. Acho que
nunca estive tão cansado assim emtoda a minha vida.
Não conseguia mais manter o
olhos abertos. A última coisa queviu foi Michael abaixado para cobrio com um cobertor grosso. Toda a
tensão que andara carregandosemanas a fio desapareceu.
Paul acordou com o relincho deum cavalo. Sentiu os músculo
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duros e doídos quando se levantouEspreguiçou-se e foi espiar na porta
do celeiro. Michael estava cavandoum buraco para um pau de cercaPaul se encostou na porta e ficou
observando um longo tempoDepois voltou para a pilha de fenoe pegou as roupas emprestada
pelo cunhado.Tomou banho no riacho para não
ofender a mulher de Michae
Raspou a barba. Vestiu uma camisade lã vermelha e foi ajudá-lo.
Michael parou de trabalhar e se
apoiou na pá.
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– Estava imaginando quandoacordaria. Você dormiu dois dia
seguidos.Paul deu um sorriso largo.
– Serve para mostrar qu
peneirar ouro é trabalho muito maiduro do que fazer cercas.
Michael deu risada.
– Venha até a casa. Amanda jádeve estar com o café pronto.
Paul estava começando a gosta
da ideia de ter uma mulher poperto. Esperava que fosse alguémcomo Tess no fogão, calma e doce
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bondosa e devotada. Ele entroatrás de Michael, ansioso para
conhecê-la. Viu uma moça magradiante do fogo, de costas para elesUsava uma saia exatamente igual à
que Tess usara na trilha do OregonE a mesma blusa tambémEstranho. Franziu a testa
pensativo. Ela se abaixou paramexer na panela e ele notou namesma hora que ela tinha um belo
traseiro. Quando se endireitou, via cintura fina e a trança dourada ecomprida que chegava até lá. Muito
bom até agora.
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– Amanda, Paul está aqui.Quando ela se virou, ele sentiu o
estômago cair até as botas gastasFicou olhando para ela, incrédulomas ela estava ali mesmo, olhando
para ele, aquela prostituta cara dePair-a-Dice. Olhou para Michael eviu o cunhado sorrindo como se ela
fosse o sol, a lua e todas aestrelas que existem no céu.
– Paul, quero que conheça
minha mulher, Amanda.Ele olhava espantado para ela e
não sabia o que dizer. Michael ficou
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esperando ao lado dele, e Pausabia que, se não dissesse logo
alguma coisa agradável, as coisapiorariam. Então, deu um sorrisoforçado.
– Desculpe ficar olhando assimmadame. Michael disse que erainda.
E era mesmo. Como SaloméDalila e Jezebel.
O que Michael estava fazendo
casado com uma mulher comoaquela? Será que ele sabia que elaera prostituta? Não podia saber. O
homem nunca havia posto os pé
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num bordel. Nunca havia tido umamulher. Não que muitas vezes as
chances não tivessem surgidoContrariamente ao que dita o bomsenso e às necessidades naturais
Michael meteu na cabeça queesperaria a mulher certa. E agoravejam o que ele arrumou para toda
aquela pureza. Angel!Que história a bruxa deve ter lh
contado? O que ele deveria fazer
Deveria contar para Michael agora?Michael olhava para ele de mod
estranho.
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Angel sorriu. Não foi um sorrisoamigável. Seus olhos eram de um
azul maravilhoso. Mas ficaram friocomo a morte. Ela sabia que Paul atinha reconhecido e dava a
entender que não se importava. Ese ela não se importava, então eraóbvio que não tinha se casado com
Michael por amor.Ele lhe retribuiu o sorriso. Mai
frio do que o dela. Como foi que
enfiou suas garras nele? Angel via o mundo nos olhos de
um homem e sentia cada pedra que
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ogavam. O sorriso dela curvou umcanto da boca mais do que o outro
Ela entendia aquele homem. Eleprovavelmente nunca tivera pó deouro suficiente para subir a escada.
– Café, cavalheiros?Michael olhou para um e paraoutro e ficou sério.
– Sente-se, Paul.Paul se sentou e procurou não
olhar para ela. O silêncio se
prolongou demais. O que ele podiadizer?
Michael se recostou na cadeira.
– Agora que está descansado
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pode nos contar sobre o Yuba.Paul lhe contou, por puro
desespero. Angel serviu-lhe umpote de mingau de aveia e umacaneca de café. Ele agradeceu
constrangido. Era linda, lindademais... Uma deusa de alabastrofria e maculada.
Ela não se sentou com eles nemfalou nada. Paul achou que eladevia conhecer o Yuba melhor do
que ele. Só os homens queencontravam as maiores pepitapodiam pagar pelos seus serviços
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O que ela estava fazendo ali? Quementiras doces devia ter sussurrado
nos ouvidos de Michael? O que iaacontecer quando ele descobrisse averdade? Será que a mandaria
embora? Seria bem-feito.Paul perguntou sobre a fazendae deixou Michael falar um pouco
Ele precisava pensar, ou pelomenos tentar. Olhavadisfarçadamente para Angel. Como
é que Michael podia não saberComo podia nem suspeitar? O queuma menina linda como aquela
estaria fazendo na terra do ouro
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Não teria sentido para um homemnteligente.
No entanto, bastava olhar paraaqueles seus olhos azuis para umhomem se perder. Michael não era
mulherengo. Era honesto ecarinhoso. Ela podia dizer qualquecoisa que ele acreditaria. Uma
mulher como ela faria dele gato es a pa t o . Preciso lhe contar averdade. Mas como? Quando?
Michael levantou para se servide mais café e Paul olhou paraAngel. Ela o encarou também, com
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o queixo um pouco inclinado, oolhos azuis zombeteiros. Estava tão
senhora das coisas que ele quasevomitou a verdade ali mesmo, sóque as palavras ficaram entalada
em sua garganta quando viu a carade Michael. Angel pegou o xale no cabide
perto da porta. – Vou pegar água – disse, ao
pegar o balde. – Tenho certeza de
que vocês dois têm muito queconversar.
E olhou diretamente para Pau
antes de sair.
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Foi como um soco em sua caraEla nem se importa que eu conte
para Michael.Michael olhava sério para ele.
– O que está pensando, Paul?
Ele não conseguia falar. Aspalavras não lhe vinham. Deu umarisada forçada e procurou recupera
seu antigo jeito provocador, masnem isso conseguiu.
– Desculpe, mas ela me deixo
sem fôlego. Como foi que aconheceu?
– Intervenção divina.
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Divina? Michael estava noburaco negro do Sheol e nem sabia
inha caído de cabeça por umdemônio de olhos azuis, cabeloouro até a cintura e um corpo que
atrairia um homem para o pecado epara a morte.
Michael ficou de pé.
– Vamos lá para fora que querohe mostrar o que fiz desde quepartiu em busca da fortuna.
Paul viu Angel lavando as roupadele. Um toque interessante. Seráque ela achava que lhe fazendo um
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favor ele ficaria calado? Mas elanão olhou para eles. Ele talvez não
conseguisse dizer a verdade sobreela para Michael, mas certamentenão ia deixá-la escapar assim tão
facilmente. – Dê-me um minuto com a suamulher, Michael. Causei-lhe uma
má impressão olhando-a daqueleeito. Gostaria de lhe agradecepelo café e por lavar minha
roupas. – Faça isso. Depois me encontre
no riacho. Estou construindo uma
casa refrigerada. Você pode me
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ajudar. – Eu vou, em um minuto.
Paul foi até onde Angel estavaExaminou-a de alto a baixo de novoe dessa vez teve certeza. Ela
estava usando as roupas de TessFicou furioso. Como é que Michaepôde lhe dar aquelas roupas? Ele se
aproximou quando ela estavaacabando de torcer suas ceroulavelhas. Esperou que se virasse para
ele, mas ela continuou de costasSabia que ele estava ali. Tinhacerteza disso. Apenas o ignorava.
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– Olá, Angel – ele disseachando que isso a faria pular de
susto.Ela se virou, mas com umaexpressão calma e segura.
– Angel – ele disse novamente– Esse é o seu verdadeiro nomenão é? E não Amanda. Corrija-me
se eu estiver errado. – Acho que fui descoberta, não
é?
E pendurou a ceroula dele novaral que Michael havia feito paraela.
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– Eu devia me lembrar de você? Assanhada, sem-vergonha.
– Suponho que as caras fiquemtodas parecidas no seu negócio. – E tudo o mais também – ela
olhou para ele de cima a baixodando risada. – Não deu sorte norios?
Ela era pior do que ele esperava – Ele sabe quem e o que você é – Por que não pergunta a ele?
– Você nem se preocupa comcomo ele vai ficar quandodescobrir?
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– Acha que ele vai sedesesperar?
– Como foi que alguém comovocê botou as garras nele? – Ele me enrolou feito um ganso
e me trouxe para cá na carroçadele.
– Uma história e tanto.
A expressão de tédio dela deixoPaul furioso.
– O que acha que ele vai faze
se eu lhe contar que já vi vocêantes, num bordel de Pair-a-Dice?
– Eu não sei. O que acha que ele
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vai fazer? Me apedrejar? – Está muito segura do pode
que tem sobre ele, não é?Ela pegou o cesto vazio e oencaixou no quadril.
– Diga-lhe o que quiser, não fazdiferença nenhuma para mim.E foi embora.
Indo ao encontro de MichaePaul resolveu lhe contar, masquando chegou lá, não conseguiu
Passou o dia inteiro trabalhando aoado dele e não teve coragemVoltaram para casa e Paul recusou
o jantar. Disse que estava cansado
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demais para comer. Foi para oceleiro e comeu o resto de charque
que tinha. Não queria se sentar àmesa com ela. Não conseguiriamanter a farsa de que estava feli
que seu melhor amigo tinha secasado com uma rameira golpistaEnfiou suas coisas no saco
pendurou-as no ombro e foi parasua casa no fim do vale.
Parado na porta da cabana
Michael viu Paul indo emboraEsfregou a nuca e entrou.
Angel olhou para Michael e
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sentiu a tensão crescer dentro de soutra vez. Sentou-se na cadeira de
vime que ele tinha feito para ela eviu quando ele fechou a porta e fose sentar perto do fogo. Ele pego
suas botas e esfregou cera deabelha nelas para torná-lampermeáveis. Não olhou para ela
Não tinha muito que conversaaquela noite e não tinha levado aBíblia para ler também
Evidentemente tinha esquecido anoite anterior.
– Você está imaginando, não
está? – ela disse. – Por que não
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pergunta? – Eu não quero saber.
– Claro que não – dissesecamente.
Ela estava com a garganta seca
e irritada. – Vou lhe contar de qualque
maneira, só para limpar o ar. Não
me lembro dele, mas isso não quedizer nada no meu trabalho, não éambém não me lembrava de você
mesmo depois de duas visitas.Ela se virou para o outro lado.Michael sabia que aquela não
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era toda a verdade, mamachucava mesmo assim.
– Não minta, Amanda. Será qunão entra em sua cabeça que eu aamo? Você é minha mulher agora
O que quer que tenha acontecidoantes é passado. Deixe-o lá. A calmaria acabou. A
tempestade chegou para eles comfúria.
– Há duas semanas você queria
saber tudo de mim. Ainda quesaber tudo?
– Deixe isso para lá!
Ela se levantou. De costas para
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ele, passou a mão trêmula noconsole da lareira.
– Você ainda não entendeu, nãoé? Mesmo que eu quisesse que acoisas funcionassem para nós, o
outros lá fora não deixariam issoacontecer. Como seu bom e íntegrocunhado...
Ela deu um sorriso amargo eolhou para a parede.
– Você viu a cara dele quando
me reconheceu? – Sinto muito se ele a magoou.Ela se virou e olhou furiosa para
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ele. – É isso que pensa? – deu uma
risada. – Ele não pode me magoarE você também não.Ela não daria essa chance para
nenhum dos dois.
Paul passou o dia limpando suacabana e pensando no que fariaquanto a Angel. Tinha de voltar lá e
conversar com Michael sobre elaNão podia ficar quieto. Michaetinha todo o direito de saber que
ela o enganava. Conhecendo todo
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os fatos, ele faria a coisa certa e aexpulsaria de casa. Como um gato
ela cairia de pé.O casamento poderia seanulado. Provavelmente nem devia
ter sido feito por um reverendosantificado, por isso não contaria dqualquer modo. Michael poderia
esquecer toda aquela experiênciadesagradável. Com trens depassageiros chegando à Califórnia
poderia encontrar outra mulheruma que o fizesse esquecer Angel.
Michael apareceu e cortou lenha
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com ele. Conversaram, mas nãocomo faziam antes. Paul tinha
muita coisa na cabeça, e Michaeestava estranhamente pensativo. – Venha jantar lá em casa –
disse Michael antes de partir, masPaul não suportava a ideia de sesentar à mesa com Angel.
Michael parecia irritado com ele. – Você feriu os sentimentos de
Amanda.
Paul quase riu. Ferir? Aquelaprostituta empedernida? Claro quenão, mas ele sabia exatamente o
que ela estava fazendo. Estava
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afastando os dois. Pretendiadestruir a amizade deles. Bem, se
ela queria jogar duro... – Posso acabar isso aqu
amanhã.
Angel estava batendo ocobertores pendurados num varaquando ele chegou. Ela parou e
olhou diretamente para ele. Nãoperdeu tempo com rodeios.
– Ele está trabalhando no riacho
na casa refrigerada. Por que nãodesabafa logo com ele, antes quesso o coma vivo?
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– Está apostando que não vofalar, não é?
– Ah, eu acho que vai sim. Vocêmal pode esperar. – Você o ama? – ele zombou. –
Pensa que pode fazê-lo feliz? Maicedo ou mais tarde ele vai ver oque você é realmente.
A mão com que ela segurava opedaço de pau ficou branca. Ela dede ombros e se virou para o outro
ado. – Você não liga para nada, não
é?
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– E devia? Angel começou a bater no
cobertor de novo.Paul teve vontade de agarrá-lafazê-la virar de frente para ele e
socar aquela cara arrogante. – Você está pedindo isso.E foi direto para o riacho.
Toda a rigidez desapareceuquando ela o viu descer para o rioEla se sentou num toco e se
recusou a reconhecer osentimentos que desfilavam dentrodela.
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– Você chegou bem na hora –disse Michael, se endireitando e
secando o suor da testa com obraço. – Me dê uma mão com essatábuas, por favor.
Paul o ajudou a colocar a toracortada reta de um lado.
– Michael, preciso lhe dizer uma
coisa – disse, com um gemidoquando a tora despencou no lugar.
Michael se virou para ele com
um olhar soturno que Paul nãoentendeu. O calor da raiva quesentia o fez seguir em frente.
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– Não tem nada a ver com o queaconteceu no Yuba, nem é sobre eu
não saber se vou ficar aqui. É sobreoutra coisa. Tem a ver com a suamulher.
Michael endireitou as costaentamente e olhou para ele.
– Por que acha que tem de dize
qualquer coisa? – Porque você precisa saber –
Paul ainda via a arrogância de
Angel. – Michael, ela não é quemvocê pensa que é.
– Ela é exatamente quem e
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penso que é, e é minha mulher.Ele se abaixou e voltou ao
trabalho.Ela realmente devia ter feito acabeça dele. Furioso, Paul jogou a
outra tora no lugar. Virou-se eolhou para ela no outro extremo doquintal. Estava na porta da cabana
de Michael. Com as roupas deessie. Teve vontade de ir até lá
rasgá-las e tirá-las dela. Queria lhe
dar uma surra e expulsá-la daquelevale. Michael, logo ele, enganadoMichael, com seus ideais elevados e
sua força de caráter. Michael, com
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sua pureza. Era inconcebível. Eraobsceno.
– Não vou desistir. Não posso.Michael não estava nem olhando
para ele, e Paul segurou o braço do
amigo. – Preste atenção. Antes de se
sua esposa, ela era prostituta. O
nome dela é Angel, e não AmandaEla trabalhava num bordel em Paira-Dice. Era a mulher da vida mai
cara da cidade inteira. – Tire a mão do meu braço
Paul.
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Ele tirou. – Não vai dizer nada?
Ele jamais tinha visto Michaetão zangado. – Eu sei de tudo isso.
Paul arregalou os olhos. – Sabe? – Sei – Michael se abaixou par
pegar outra tora. – Segure do outroado, por favor.
Paul segurou, sem pensar.
– Você soube antes ou depois debotar o anel no dedo dela? –perguntou cinicamente.
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– Antes.Paul bateu com a tora de novo.
– E mesmo assim se casou comela? – Mesmo assim me casei com
ela, e me casaria de novo setivesse de fazer tudo outra vez.
Uma declaração simples, feita
com calma, mas com os olhoqueimando de ira.
Paul teve a sensação de te
evado um soco muito forte. – Você está enfeitiçado por ela
Michael, ela o enganou.
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Ele tinha de fazê-lo raciocinadireito.
– Isso acontece. Você não viauma mulher fazia meses e, quandoa viu, com aqueles belos olho
azuis e aquele lindo corpo, perdeu acabeça. Então a desfrute por algumtempo, mas não tente se convence
de que ela será uma esposadecente. Uma vez prostitutasempre prostituta.
Michael cerrou os dentes. Eramquase as mesmas palavras queAngel dissera quando falara de si.
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– Pare de julgar. – Não seja bobo!
– Cale a boca, Paul! Você não aconhece.Ele deu risada.
– Ah, e nem preciso. Eu sei obastante. É você que não sabeQuanta experiência teve com
mulheres iguais a ela? Você vê tudoe todas as pessoas a partir de seupróprios princípios, mas o mundo
não é assim. Ela não vale osofrimento que causará. Ouça o queeu digo, Michael! Você quer uma
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mulher que esteve com cemhomens para ser a mãe de seu
filhos?Michael encarava Paul e pensavase era isso que Angel tivera de
enfrentar a vida toda. Secondenada e alvo daquele ódiocego.
– Acho que é melhor parar poaqui – disse, com raiva.
Mas Paul não parava.
– O que diria sua família sesoubesse? Será que aprovaria? E ovizinhos, quando começarem a
chegar? Gente do bem. Pessoa
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decentes. O que vão pensar quandodescobrirem que sua bela
mulherzinha foi uma prostituta deuxo?
Uma sombra ameaçadora
passou pelo olhar de Michael. – Sei o que penso e o que Deu
pensa. Só isso me importa. Acho
que deve pôr sua vida em ordemantes de falar da vida dela.
Paul ficou olhando para ele
rritado. Michael nunca tinha usadoaquele tom de reprovação com eleantes, por isso se sentiu magoado
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Será que não entendia que ele sóestava querendo ajudar, que só
queria evitar que ele fossedestruído por aquela mulher quenão valia nada?
– Você é como um irmão paramim – Paul disse, com a voz rouca– Ficou do meu lado nos meu
piores momentos. Não quero vevocê ser destruído por uma bruxaardilosa que dominou tanto se
coração que o levará à ruína!Um músculo saltou no maxila
de Michael.
– Você já falou demais!
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Mas Paul só enxergava umaprostituta com as roupas de sua
amada Tessie. – Michael, ela é uma puta!Paul não teve tempo de ver o
soco que lhe atingiu o rosto. Sósentiu a dor se espalhando peloqueixo, caído de costas no chão
Michael estava de pé em cima delecom os punhos cerrados e o rostoívido.
Michael o agarrou pela camisa eo pôs de pé com violênciasacudindo-o como se fosse uma
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boneca de trapo. – Se gosta de mim como diz
então também gosta dela. Ela faparte de mim. Está entendendoEla é parte da minha carne e parte
da minha vida. Quando fala essacoisas contra ela, você está falandocontra mim. Quando a evita, está
evitando a mim. Entendeu? – Michael... – Você entendeu?
Foi a primeira vez que Pausentiu medo do cunhado.
– Entendi.
– Ótimo – disse Michael, quando
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o soltou.Ele se afastou, de costas para
Paul, procurando controlar a raiva.Paul esfregou o queixo
machucado. Ela era a causa
daquele desentendimento. Aculpada era ela. Ah, eu entendosim, Michael. Melhor do que você.
Michael esfregou a nuca e olhopara Paul.
– Sinto ter batido em você –
respirou fundo e continuou. –Preciso de ajuda, não de maiproblemas. Ela está sofrendo e você
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nem pode imaginar como ou poquê.
Michael cerrou o punho, com aatormentado, os olhos cheios deágrimas.
– Eu a amo. Amo tanto que seriacapaz de morrer por ela. – Sinto muito.
– Não sinta. Fique calado!E Paul se calou enquanto
trabalhavam, mas na cabeça dele
gritou o tempo todo. Ele ia ajudaMichael da forma que sabia semelhor para ele. Ia afastá-la. Ia da
um jeito. Quanto mais cedo
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melhor. Ia descobrir um modo defazer isso.
Michael amenizou a tensão. – Você vai ter de ir até a cidade
para trazer suprimentos para o
nverno. Não tenho o bastante paradividir com você.
– Não tenho nenhum ouro em
pó. – Eu tenho um pouco guardado
É todo seu. Pode usar meus cavalo
e a carroça.Paul ficou envergonhado. Ma
por que deveria se envergonhar
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Estava apenas tentando impedique o amigo sofresse. Michael era
um homem inteligente. Recuperariao juízo. Seu grande problema eraminimizar ou ignorar os defeitos de
caráter dos outros. Ele olhava parauma prostituta e via alguém dignode amor.
Paul estava com raiva. Ela jáestava entre os dois. Já estavacriando desentendimentos. Ele
precisava pensar em algum modode atrair Angel para longe de suatoca confortável e mandá-la de
volta ao seu lugar. E precisava faze
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sso antes que ela partisse ocoração de Michael em mil pedaços
Puseram a última tábua nougar. As paredes internas estavamde pé. Michael disse que podia
fazer o telhado sozinho. Botou amão no ombro de Paul e lheagradeceu a ajuda, mas havia uma
tensão entre ambos. – É melhor você partir amanh
para Pair-a-Dice. Diga para o
Joseph que acerto com ele dentrode algumas semanas. Ele lhe darátudo de que precisa.
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– Obrigado.Pair-a-Dice. Talvez pudesse
descobrir mais coisas sobre Angel esuas fraquezas quando chegasse láA Duquesa ia querer sua melho
profissional de volta, e podia atéenviar aquele gigante, que aprotegia como se ela fosse as joia
da coroa, para pegá-la.
Quando Michael voltou para casaao anoitecer, Angel não perguntouo que Paul lhe tinha dito. Serviu-lhe
o jantar e sentou-se à mesa com
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ele, com as costas retas e a cabeçaevantada. Ele ainda não tinha
falado nada. Devia estar pensandoem tudo aquilo, examinando epesando. Então que pensasse.
Aquele peso estava de voltadentro dela, e ela fingia que nãoera importante. Que ele não tinha
mportância. Quando Michael olhopara ela, Angel empinou o queixo ehe devolveu o olhar. Vá em frente
e diga o que está pensando. Nãome importo.
Michael pôs a mão sobre a dela.
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A dor apertou o coração deAngel e ela tirou a mão de baixo da
dele. Não conseguiu mais olhá-loPegou o guardanapo da mesa, osacudiu suavemente para abrir e o
botou no colo. Quando levantou acabeça de novo, ele a observavaOs olhos de Michael, ah, os olho
dele... – Não olhe para mim desse jeito
Já disse isso antes, não me importo
com o que ele pensa de mim e elepode falar o que quiser. É tudoverdade. Você sabia disso. E não
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mporta. Ele não é o primeirohomem que olhou do alto de sua
arrogância para mim, e não será oúltimo.Ela se lembrou de mamãe
caminhando pela rua e dos homenque foram ao barraco, passandocomo se não a conhecessem.
– Talvez eu acreditasse nisso, sevocê não estivesse com tanta raiva
Angel levantou o queixo.
– Não estou com raiva. Por queestaria?
Ela estava sem apetite, mas se
obrigou a comer mesmo assim
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para que ele não criasse caso. Tiroa mesa e Michael botou mais lenha
na fogueira. – Paul vai ficar fora uns doi
dias. Ele precisa de suprimentos
Virá até aqui amanhã, para pegaos cavalos e a carroça.
Angel levantou um pouco a
cabeça, pensando. Jogou água nabacia e lavou os pratos. Michaenão queria levá-la de volta para o
seu lugar, mas ela sabia que Paul aevaria. Só para salvar Michael de smesmo.
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Sentiu um aperto forte podentro quando pensou em
abandonar Michael. Em vez dissoesforçou-se para pensar nasatisfação que teria quando
encarasse a Duquesa de novo e lheexigisse seu dinheiro. Podia recorreà ajuda do barman se fosse preciso
Ele era do tamanho de Magowan etinha muita prática com os punhosAssim que o ouro estivesse seguro
em suas mãos, ela estaria livreLivre!
O peito doía e ela o apertou.
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Michael a puxou para perto outravez aquela noite e ela não resistiu
Depois de alguns minutos, ele seafastou tremendo e banhado emsuor. Mal conseguia respirar.
– O que está tentando fazer? – Ser boa para você – ela disse
e usou tudo o que sabia para lhe
dar o prazer que ele merecia.
Paul apareceu ao amanhecepara pegar a carroça e os cavalosMichael ajudou a atrelar a parelha
Deu-lhe pó de ouro e uma carta
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para Joseph Hochschild. – Vou procurar você daqui a
quatro ou cinco dias. – Avistei um cervo a caminhdaqui. Um dos grandes.
– Obrigado – disse Michael. Assim que Paul partiu, ele voltou
para a cabana e tirou a espingarda
do suporte sobre o console daareira.
– Paul avistou um cervo quando
vinha para cá. Vou ver se consigomais carne para nós, para estenverno.
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Angel tinha pensado a noitenteira como faria para escapar sem
que Michael soubesse. E agora, aestava a resposta. Esperou que elesumisse de vista e tirou a aliança
do dedo. Colocou-a sobre a Bíbliaonde sabia que ele a encontrariaPegou o xale, botou-o nos ombros e
saiu apressada. A carroça não podia ter ido
muito longe. Ela levantou a saia e
correu para alcançá-la.Paul ouviu o chamado dela
Puxou as rédeas e esperou
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maginando o que ela queriaProvavelmente ia pedir que ele
trouxesse alguma coisa para elacom o ouro de Michael. Ou talvefosse implorar para ele deixá-la em
paz. Ora, que viesse, então. Nãoconseguiria nada mesmo.Quando o alcançou, Ange
estava vermelha e sem ar de tantocorrer.
– Preciso de uma carona par
Pair-a-Dice.Ele escondeu a surpresa com
uma breve risada.
– Então já vai abandoná-lo.
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Ela sorriu, com desprezo. – Você esperava que eu ficasse?
– Suba aí – ele disse, semestender a mão para ajudá-la.
– Obrigada – ela disse
secamente, e subiu no banco dacarroça ao lado dele.
Paul tinha passado a maior parte
da noite pensando no que fariaquanto à noiva maculada deMichael, e agora ela resolvia aquele
problema para ele. Não imaginoque o deixaria assim tãofacilmente. Sem suborno. Sem
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ameaças. Ela ia embora por livre eespontânea vontade. Ele bateu com
a rédea e seguiu viagem.Ele a observou secando o rostocom a bainha do xale de Tessie. Er
tudo que podia fazer para nãoarrancar o xale das mãos dela. – Como acha que Michael vai se
sentir quando descobrir que fugiu?Ela ficou olhando para frente.
– Ele vai superar.
– Você não liga muito para osentimentos dele, não é?
Ela não disse nada. Ele olho
para frente e depois para ela de
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novo. – Tem razão. Ele vai superar
Dentro de alguns anos a Califórniaterá muitas moças decentes paraele escolher. As mulheres sempre
correram atrás de Michael.Ela olhava para a floresta como
se não se importasse. Paul queria
que ela sofresse muito, queria feria até sangrar, como aconteceriacom Michael quando descobrisse
que ela o tinha abandonado semnem olhar para trás. Mas ele nãotinha avisado? Só que ela devia
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sentir alguma coisa. Era justo.Ele estava curioso.
– Por que decidiu ir embora? – Por nada especificamente. – Imagino que tenha se
entediado com a vida tranquila queMichael leva. Ou será que oproblema foi ficar com um homem
só o tempo todo?Ela não reagiu. Michael veria que
ele tinha razão sobre ela. Com o
tempo aceitaria o erro que estavacometendo. As mulheres oadoravam. Além da beleza, ele
combinava força e ternura, o que a
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atraía feito moscas. Ele se casariade novo se estivesse mesmo
preparado para isso, e não teria deesperar muito. A próximacertamente seria melhor do que
esta. – A Duquesa vai ficar contente
ao vê-la de volta. Soube que você
gerava uma fortuna para os cofredela. Ela nunca disse para ondevocê tinha ido.
Angel levantou um pouco acabeça e deu um sorriso cansado.
– Não pense que tem de
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conversar comigo por educação.Ele sorriu com frieza. Então
estava conseguindo irritá-la umpouco. E foi mais fundo. – Acho que conversar não é tão
mportante no seu negócio, é? Angel sentiu a fúria crescedentro de si. Porco metido a santo
Se não fossem tantos quilômetrode subida até Pair-a-Dice, desceriadaquela carroça agora mesmo e iria
a pé, mas não era burra de pensaque conseguiria. Deixe que ele aprovoque quanto quiser. Ela podia
suportar um dia viajando no mesmo
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banco com aquele ignorantehipócrita. Ia pensar no seu ouro. Ia
pensar na sua pequena cabana nafloresta. Ia pensar em nunca maiter de olhar para um homem como
aquele na vida.Paul não gostava de se
gnorado, especialmente po
alguém como ela. Quem elapensava que era? Ele bateu noombo dos cavalos com as rédeas e
apressou o passo. Pegou todos oburacos da estrada, fazendo comque Angel balançasse e pulasse no
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banco. Ela teve de se agarrar paramanter o equilíbrio e não se
ançada para fora. Ele ficosatisfeito com o desconforto delaEla apertou os lábios com força e
não reclamou nem uma vez. Elemanteve a velocidade até ocavalos demonstrarem cansaço e
precisarem ir mais devaganovamente.
– Está se sentindo melho
agora? – ela perguntou, zombandodele.
A cada quilômetro ele a odiava
mais.
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Quando o sol ficou a pino, paroa carroça na beira da estrada e
desceu. Desatrelou a parelha edeixou os animais pastando. Depoifoi andando a passos largos para o
meio da mata. Quando voltou, viAngel indo para o meio das árvoredo outro lado da estrada. Andava
como se sentisse dor.O alforje dele estava embaixo d
banco da carroça. Dentro tinha uma
maçã, um pedaço de charque euma lata de feijão. Comeu tudocom prazer. Ela olhou para ele uma
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vez só quando voltou e foi se sentaà sombra de um pinheiro. Ele
rasgou um pedaço do charque comos dentes e mastigou enquantoolhava para ela. Parecia cansada e
com calor. Devia estar famintatambém. Azar o dela. Devia teevado alguma coisa para comer.
Paul abriu o cantil, bebeubastante e, quando terminou, botoa rolha de novo. Olhou para ela e
franziu a testa. Aborrecidoevantou-se e aproximou-seBalançou o cantil de um lado para o
outro diante dela e disse:
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– Quer um pouco de água? Digapor favor, se quiser.
– Por favor – ela disse baixinho.Ele jogou-lhe o cantil no colo.Ela tirou a rolha, limpou o
gargalo e bebeu. Quando terminousecou o gargalo de novo, arrolhou ehe estendeu de volta.
– Obrigada – disse. Aqueles seus olhos azuis não
diziam nada.
Paul voltou e se sentou embaixode uma árvore para terminar decomer o charque. Zangado
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começou a morder a maçã. Nametade, olhou para Angel.
– Está com fome? – Estou – ela dissesimplesmente, sem olhar para ele
dessa vez.Então ele lhe jogou a sobraLevantou-se, foi pegar os cavalos e
atrelou-os na carroça. Virou-se paratrás e viu Angel tirando as folhas ea terra da metade da maçã, ante
de mordê-la. Sua dignidade fria esilenciosa o deixava pouco àvontade.
– Vamos embora!
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E ficou sentado esperando poela, muito impaciente.
Ela fez uma careta de doquando subiu no banco da carroçaao seu lado.
– Como conheceu Michael? – eleperguntou quando bateu as rédease começaram a rodar novamente.
– Ele foi ao Palácio. – Não me faça rir! Michael não
poria os pés naquele buraco
fedorento. Ele não bebe, não joga ecertamente nunca esteve comprostitutas.
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Ela deu um sorriso zombeteiro. – Então como acha que tudo
começou? – Imagino que uma mulher comos seus predicados pensaria em
alguma coisa. Deve tê-lo conhecidono mercado e dito para ele que suafamília tinha morrido na viagem
para o oeste e que estavacompletamente sozinha no mundo.
Ela riu dele.
– Ora, então nem precisa maimaginar. Agora que eu saí de lápode ter Michael só para você o
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nverno todo. As articulações dos dedos dele
ficaram brancas apertando arédeas. Será que ela estavafazendo algum tipo de insinuação
Será que duvidava de suamasculinidade? Puxou as rédeassaiu da estrada e parou.
Ela ficou tensa, desconfiada. – Por que parou? – Você me deve alguma coisa
pela carona.Ela ficou imóvel.
– O que você tem? – ele queria
maltratá-la mesmo. – Imagino que
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saiba que, quando alguém lhe faum favor, você fica devendo para
essa pessoa. Certo? Angel se virou para o outro lado
Ele agarrou-lhe o braço com força e
ela olhou para ele outra vez, com orosto pálido. Paul encarou com fúriaaqueles cínicos olhos azuis.
– Bem, deve mesmo. Você medeve por essa viagem.
Ele a soltou com brutalidade.
Dessa vez ela não desviou oolhar. Encarou-o com o rostotranquilo, sem expressão.
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– Sabe, eu nunca conseguchegar ao segundo andar do Palácio
– ele disse, enfiando a faca maifundo.Paul desamarrou o fio de couro
que prendia o cabelo dela. – Nunca tive pó de our
suficiente, nem para ter meu nome
no chapéu.E soltou o cabelo de Angel.
– Ficava imaginando como seria
chegar ao santuário de Angel. – E agora quer saber.Paul queria deixá-la aflita.
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– Talvez. Angel sentiu tudo girar dentro
dela. Para baixo, como a águadescendo pelo ralo. Tinhaesquecido que tudo tinha um preço
Soltou o ar e inclinou um pouco acabeça.
– Ora, então podemos resolve
sso logo.E desceu da carroça.Paul ficou espantado. Saltou do
outro lado e deu a volta para ficade frente para ela. Angel estavabranca e cansada, e ele não tinha
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certeza se ela estava blefando onão. Será que ela pensava que
podia andar sessenta quilômetrosEle não ia lhe dar a chance demudar de ideia e voltar.
– O que está pretendendo fazer? – O que você quiser – tirou oxale e o pendurou na lateral da
carroça. – E então? – seu sorrisozombava dele.
Será que ela pensava que ele
não era capaz? Furioso, Pauagarrou o braço dela e a empurroaté uns três metros fora da estrada
à sombra de uns arbustos. Foi bruto
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e rápido, só desejava magoá-la edegradá-la. Ela não emitiu nenhum
som. Nenhum. – Não demorou muito par
voltar aos velhos hábitos, não é?
E olhou para ela com fúria edesprezo.
Angel se levantou devagar e
espanou as folhas da saia. Tirooutras do cabelo.
Paul estava com nojo.
– Isso nem a incomoda, não éVocê tem a moral de uma cobra.
Ela levantou a cabeça
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entamente e deu um sorriso friomorto.
Nada à vontade, ele voltou apassos largos para a carroça. Mapodia esperar para aquela viagem
terminar.
Angel sentiu a tremedeircomeçar. Amarrou a combinação eabotoou a blusa, que enfiou na
saia. O tremor piorou. Foi para omeio das árvores, onde Paul nãopodia vê-la, e caiu de joelhos. Um
suor melado despontou-lhe na
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testa. Sentiu o corpo todo geladoFechou os olhos e lutou contra a
náusea. Não pense nisso, AngeNão terá importância se não quiserFinja que não aconteceu.
Apertou o tronco da árvore atéos dedos doerem e vomitou. O friopassou e a tremedeira paro
quando ela se levantou. Ficoalgum tempo esperando que acalma retornasse.
– Ande logo! – gritou Paul. –Quero chegar lá antes de escurecer
De queixo empinado, ela volto
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para a estrada.Paul olhou de cara feia para ela
do alto da carroça. – Sabe de uma coisa, AngelVocê é superestimada. Não vale
mais que duas pepitas. Alguma coisa explodiu dentrodela.
– E você, vale o quê?Ele semicerrou os olhos.
– O que quer dizer?
Ela chegou mais perto e pegou oxale da lateral da carroça.
– Eu sei o que sou. Nunca fing
ser outra coisa. Nem uma vez
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Nunca! – e pôs a mão na ponta dobanco da carroça. – E aqui está
você, pegando emprestado acarroça de Michael, os cavalos deleo ouro dele e usando a mulher dele
– disse-lhe, rindo. – E se considero quê? O irmão dele!
O rosto dele foi do branco ao
vermelho e voltou ao branco. Elecerrou os punhos e deu a impressãode que queria matá-la.
– Devia deixá-la aqui. Deviadeixar que fosse a pé o resto daviagem.
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Já calma, completamentecontrolada, Angel subiu na carroça
e se sentou ao lado dele. Sorriu ealisou a saia. – Agora não pode mais. Já o
paguei.Nenhum dos dois disse uma
palavra sequer no restante do
caminho.
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Palácio não estava mais lá. Angel ficou tremendo sob a neve
que caía, com lama até otornozelos, olhando para o entulhoenegrecido do que tinha sobrado
Olhou em volta e viu que as ruaestavam calmas e quase desertasVários prédios estavam
parcialmente desmontados, e játinham carregado as carroças comas tábuas e as telhas de madeira. O
que estava acontecendo?Do outro lado da rua havia um
bar aberto. Pelo menos o Silve
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Dollar ainda funcionava. Ela seembrou do proprietário, Murphy
Ele sempre subia pela escada dofundos. Quando Angel entrou pelaportas de mola, os poucos homen
á dentro pararam de falar eficaram olhando para ela. Murphestava no bar.
– Ora, quem diria! Se não é aAngel! – e deu um sorriso largo. –Não a reconheci nesses trapos
Max! Traga um cobertor para adama. Ela está molhada e quasecongelada. Ei, cavalheiros, olhem
quem voltou! Senhorinha, é uma
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visão e tanto para olhos cansadosPor onde andou, querida? Disseram
que tinha se casado com umfazendeiro.
E deu risada, como se fosse uma
grande piada.Murphy estava fazendo um
escândalo e Angel queria que ele
calasse a boca. – O que aconteceu com o
Palácio? – ela perguntou em vo
baixa, tentando parar de tremer podentro.
– Pegou fogo.
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– Isso eu vi. Quando foi? – Há duas semanas. Foi a última
coisa interessante que tivemos poaqui. A cidade está morrendo, casonão tenha notado. O ouro que
sobrou nessa região exige muitoesforço para ser extraído. Mais umou dois meses e Pair-a-Dice estará
completamente morta. Terei deseguir com os retirantes ou falircomo já aconteceu com alguns
Hochschild previu o que iaacontecer e desmontou semercado semanas atrás. Está em
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Sacramento agora, recomeçando dozero.
Ela procurou dominar ampaciência e alimentar aesperança, que se evaporava.
– Onde está a Duquesa? – A Duquesa? Ah, ela foembora. Saiu logo depois do
ncêndio. Sacramento, SaFrancisco, não sei bem para ondeAlgum lugar maior do que este
pode apostar.O coração de Angel fico
apertado quando todos os seu
planos se desintegraram. Max deu
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he um cobertor. Angel se enrolounele para afastar o frio, que só
aumentava. Murphy continuofalando.
– Ela ficou sem ter onde cai
morta depois que Magowancendiou a casa toda. O fogomatou duas meninas dela.
Angel levantou a cabeça deestalo.
– Quais meninas?
– Mai Ling, aquela pequena flocelestial. Vou sentir sua falta.
– E a outra, quem foi?
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– A bêbada. Como era o nomedela? Não consigo lembrar. De
qualquer modo, as duas ficarampresas no andar de cima quando oncêndio começou. Ninguém
conseguiu tirá-las de lá. Deu paraouvir seus gritos. Tive pesadelomuitos dias depois disso.
Oh, Lucky. O que vou fazer semvocê?
– Magowan tentou escapar –
disse Murphy. – Chegou a uns dezquilômetros daqui antes deconseguirmos alcançá-lo. Nós o
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trouxemos de volta e o enforcamobem ali, na Main Street. Foi içado
como uma bandeira. Demorou àbeça para morrer. Era um homemmuito perverso...
Angel saiu de perto do bar e sesentou em uma mesa. Precisavaficar sozinha e controlar a
emoções.Murphy juntou-se a ela com uma
garrafa e dois copos. Serviu-lhe
uma dose de uísque. – Parece que você não deu
sorte, querida.
E se serviu de uísque também
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Examinava Angel com olhos escuroe luminosos.
– Não precisa se preocupar comnada, Angel. Tenho um quartoextra lá em cima.
E olhou em volta, para ohomens.
– Você pode voltar ao trabalho
em cinco minutos, é só dizer.E, chegando mais perto, disse:
– Só temos de acertar a divisão
Que tal sessenta para mim equarenta para você? Terá quartorefeições, roupas, o que quiser
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Cuidarei bem de você. A tremedeira por dentro havia
começado novamente. Angesegurou o copo de uísque com aduas mãos e olhou desolada para o
íquido âmbar. Todos os seusprojetos haviam acabado. Não tinhouro, nem comida, nem lugar para
ficar. Só lhe restavam as roupas docorpo. Estava de volta ao lugaonde tudo havia começado, em Sa
Francisco. Só que agora era invernoe estava nevando.
A cabana nunca existirá.
Murphy inclinou o corpo para
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frente. – O que acha, Angel?
Ela olhou para ele e deu umsorriso amargo. Ele sabia que elanão podia recusar.
Nunca serei livre. – E então, o que me diz?E passou-lhe o dedo pelo braço
para cima e para baixo. – Meio a meio, e eles pagam
para mim – ela disse. – Senão
nada feito.Murphy se recostou na cadeira e
arqueou as sobrancelhas. Fico
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analisando Angel um bom tempodepois deu risada. Bebeu todo o
uísque e meneou a cabeça. – Tudo bem. Desde que me dê oque eu quiser de graça. Afinal, este
ugar aqui é meu, não é?Ele esperou e, como Angel nãoprotestou, sorriu.
– Tudo certo então, querida.E se levantou.
– Ei, Max! Assuma aí por mim
Vou mostrar para Angel seu novoquarto.
– Ela vai ficar? – gritou um
homem, com cara de que o Nata
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tinha finalmente chegado.Murphy deu um sorriso de orelha
a orelha. – Ela fica. – Sou o segundo! Quanto é?
Murphy deu um preço alto. Angel bebeu todo o uísque
Murphy puxou a cadeira e ela fico
de pé, tremendo. Nada vai mudar..Nunca. Seu coração foi batendomais devagar enquanto subia a
escada. Quando chegou ao toponem o sentia mais. Não sentia mainada.
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Eu devia ter ficado com MichaePor que não fiquei com ele?
Jamais teria dado certoAngel. Nem em um milhão deanos.
Mas funcionou por um tempo. Até o mundo alcançá-los. O
mundo é cruel, Angel, não
perdoa. Você sabe disso. Foi umsonho no deserto. A únicadiferença é que você fo
embora antes de Michael secansar de usá-la. Agora está devolta ao seu lugar, fazendo o
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que nasceu para fazer.Nada tinha importância. Era
tarde demais para pensar emhipóteses. Era tarde demais parapensar em motivos. Era tarde
demais para pensar em qualquecoisa.Murphy quis tudo.
Quando ele saiu, Angel seevantou da cama. Apagou oampião, se sentou em um canto
escuro, abraçou os joelhos contra opeito e ficou balançando para frentee para trás. A dor que tinha
começado quando Paul aparecera
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no vale explodiu, se espalhou e aconsumiu. Com os olhos bem
fechados, não emitiu nenhum sommas o quarto se encheu de gritosilenciosos.
Os dias ficaram todos iguais
Pouca coisa havia mudado. Em veda Duquesa, Angel agora tinhaMurphy; em vez de Magowan, havia
Max, mais maleável. Seu quarto eramenor, e suas roupas, menosuxuosas. A comida era tolerável e
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farta. Os homens continuavam omesmos.
Angel se sentou na cama depernas cruzadas, balançando umapara frente e para trás enquanto
um jovem mineiro se despia. Ocabelo dele ainda estava molhadotodo penteado para trás, e cheirava
a sabão vagabundo. Não tinhamuita coisa para dizer, o que erabom, porque ela não queria ouvir
Esse não demoraria muitoBloqueou as emoções, trancou amente e tratou de trabalhar.
A porta se abriu com um
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estrondo e alguém arrancou oovem da cama com violência
Angel engoliu em seco quandoreconheceu o rosto do homem ali aseu lado.
– Michael!Ela se levantou.
– Oh, Michael...
O rapaz havia caído no chãomas ficou rapidamente de pé.
– O que está fazendo?
Xingando, ele atacou Michaeque o atingiu com um soco e oogou contra a parede. Içou o
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ovem, bateu nele de novo e oprojetou porta afora, até que
desmoronasse contra a parede docorredor. Pegou as coisas domineiro e as jogou em cima dele
Fechou a porta com um chute e sevirou para Angel.Ela estava tão aliviada de vê-lo
que teve vontade de se atirar aoseus pés, mas bastou olhar para acara de Michael para recuar.
– Vista-se.Ele nem esperou Angel se
mexer. Pegou suas roupas e as
arremessou sobre ela.
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– Agora!Com o coração acelerado, Ange
se atrapalhou com a roupaenquanto procurava freneticamentepensar numa maneira de escapa
dele. Antes de acabar de se vestirele a arrancou da cama, abriu aporta e a empurrou para o corredor
Não deixou nem que calçasse osapato.
Murphy apareceu.
– O que pensa que estáfazendo? Eu disse para esperar láembaixo. Aquele homem pagou
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Você pode esperar a sua vez. – Saia da minha frente.
Murphy afastou os pés e cerroos punhos. – Está pensando que pode
passar por mim? Angel tinha visto Murphy emação antes e estava certa de que
Michael não era páreo para ele. – Michael, por favor...Ele a empurrou com brutalidade
para o lado e pôs-se na frente delaMurphy avançou para cima dele
mas Michael moveu-se com tanta
rapidez que o outro já estava no
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chão antes de saber o que o tinhaatingido. Michael agarrou Ange
pelos pulsos e a puxou novamenteAntes de chegarem à escadaMurphy estava de pé. Ele agarrou o
braço dela e o puxou para trás comtanta força que ela gritou de dorMichael a soltou e ela cai
encostada na parede. Murphatacou de novo, e dessa veMichael o jogou escada abaixo.
Quando ele se debruçou sobreela, Angel se afastou.
– Levante-se! – ele berrou.
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Angel não ousou desobedecerEle segurou o braço dela e a
empurrou para frente. – Continue andando, não pare.Max atacou Michael quando ele
chegaram ao fim da escadaMichael usou o impulso do homempara erguê-lo e arremessá-lo em
direção a uma mesa de pôquerOutros dois homens entraram nabriga e Michael desviou Angel do
caminho antes de ser atingido. Otrês despencaram sobre uma mesade faraó. Fichas, cartas e homen
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se espalharam. Mais dois entraramna luta.
– Parem com isso! – gritouAngel.Certamente matariam Michae
Histérica, procurou alguma coisapara usar como arma para ajudarmas ele não ficava caído por muito
tempo. Chutou um dos homenpara longe e se levantou. Angeobservou, espantada e boquiaberta
Michael brigar. Ele não recuavasocava com força e rapidez ooutros homens que avançavam
para cima dele. Rodopiou e deu um
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chute direto na cara de um homemNunca vira ninguém lutar daquele
eito. Parecia que fazia isso a vidatoda, em vez de arar a terra eplantar milho. Ele batia bem e com
força. Os homens por ele golpeadonão se levantavam mais. Depois dealguns minutos, não estavam mai
tão dispostos a atacá-lo.Michael continuou preparado
para a briga, com os olhos em fogo
– Venham – rosnou, desafiandoos outros. – Quem mais quer ficaentre mim e minha esposa
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Venham!Ninguém se mexeu.
Chutou uma mesa virada queestava no caminho e foi até Angel apassos largos. Não parecia em nad
com o homem que ela passara aconhecer no vale. – Eu disse para você continua
andando! Agarrou Angel pelo braço e a fe
virar para a porta.
Sua carroça estava bem nafrente. Michael pegou Angel nobraços e a instalou no banco alto
Antes de poder pensar em escapar
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ele já estava sentado ao lado delaPegou as rédeas e as fez estalar
Angel teve de se segurar para nãocair. A velocidade que impôs àparelha era muito desagradável. Só
diminuiu a marcha depois deestarem muitos quilômetrodistantes de Pair-a-Dice, e fez isso
mais por se preocupar com ocavalos do que com ela.
Angel ficou com medo até de
olhar para ele. Teve medo de falaqualquer coisa. Nunca tinha vistoMichael daquele jeito antes, nem
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naquela vez em que ele perdera acalma no celeiro. Aquele não era o
homem paciente e calado que elapensava que conhecia. Era umdesconhecido à procura de
vingança. Ela se lembrou de Dukeacendendo seu charuto, e começoa suar frio.
Michael limpou o sangue doábio.
– Faça com que eu entenda
Angel. Por que fez isso? Angel. Ele pronunciou o nome
num tom mortal.
– Deixe-me descer dessa
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carroça. – Você vem para casa comigo.
– Para você me matar? – Jesus, está escutando o qu
ela está dizendo? Por que me deu
esta mulher burra e teimosa? – Deixe-me descer! – De jeito nenhum. Você não va
fugir. Temos de acertar umascoisas.
Seu olhar estava tão cheio de
violência que ela se assustou epulou da carroça. Bateu com forçano chão e rolou para amaciar a
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queda. Recuperou o fôlegoevantou-se e saiu correndo.
Michael puxou as rédeas eembicou a carroça para fora daestrada. Saltou e a perseguiu.
– Angel!Ele ouviu seus passos fugindopela floresta.
– Está escurecendo. Pare decorrer antes que quebre o pescoço!
Mas ela não parou. Tropeçou
numa raiz e caiu com tanta forçaque ficou sem ar. Continuou nochão sem poder respirar e ouvi
Michael se aproximando. Ele
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caminhava rápido, afastava ogalhos do caminho e acabou a
avistando.Ela se levantou e fugiu dele
apavorada, sem se importar com o
galhos que lhe batiam no rostoMichael cortou sua frente e aagarrou pelos ombros. Ange
tropeçou, caiu e o derrubou juntocom ela. Ele virou o corpo de formaque aterrissou primeiro e tento
rolá-la por cima dele. Angel chutavae se contorcia, brigando para seibertar. Ele a virou de costas no
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chão e a imobilizou. Quando elatentou arranhar-lhe o rosto, ele a
segurou pelos pulsos e os apertou. – Já chega! Angel ficou deitada, ofegante
com os olhos arregalados. Elerecuperou o fôlego e puxou-a paraque ficasse de pé. Assim que a
soltou, ela tentou fugir de novoMichael a fez ficar de frente paraele e levou um tapa. Quase
revidou, mas sabia que, se batessenela uma vez, não ia conseguimais parar. Então a soltou, mas
toda vez que ela tentava fugir, ele
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a puxava para perto. Finalmenteela atacou, dando-lhe tapas
chutando e esperneando. Elebloqueou os golpes sem retaliar.
Quando Angel se cansou
Michael a puxou para perto e aabraçou com força. O corpo inteirodela tremia violentamente. Ele
sentia o medo que irradiava dela. com razão. Michael se assustavacom a própria fúria. Se tivesse
revidado uma vez só, ela a teriamatado.
Tinha ficado quase louco quando
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ela o deixou.Saíra procurando a pé até
encontrar as marcas da carroça edescobrir o que tinha acontecidoEla tinha ido embora com Paul
Estava voltando para Pair-a-DiceEle fora para casa, magoado efurioso com os dois. A longa espera
pela volta de Paul foi o maiparecido com o inferno que já haviavivenciado. Por que ele fizera
aquilo? Por que não a mandarapara casa em vez de levá-la comele?
Mas Michael sabia.
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Paul levou a carroça e os cavalode volta. Disse que Hochschild tinh
se mudado para Sacramento e quepor isso tinha demorado tantoFicou claro que ele não daria
nenhuma informação sobreAmanda. Michael perguntou-lhediretamente. Paul só disse que sim
que a tinha levado de volta paraPair-a-Dice.
– A ideia de ir embora foi dela
Não a convenci de nada – ele dissepálido e assustado.
O que mais marcou Michael foi a
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culpa estampada profundamente naexpressão triste do cunhado. Não
precisou perguntar mais nada. Jásabia o que mais tinha acontecidona estrada. Ou em Pair-a-Dice.
– Michael, sinto muito. Juro qunão foi minha culpa. Tentei contapara você o que ela era...
– Saia da minha frente, Paul. Vápara casa e fique lá.
Foi o que ele fez.
Depois disso Michael quase nãofoi buscá-la. Ela merecia o que iater. Foi procurar aquela vida, não
foi? Ele chorou. Amaldiçoou Ange
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Ele a amava e ela o traiu. Foi comoenfiar-lhe uma faca na barriga e
torcê-la.Mas à noite, no escuro, ele se
embrou daqueles primeiros dias
quando ela estava tão mal que elechegou a ver sua alma, de relanceEla falou muito quando delirava po
causa da febre, formando imagendo horror de sua vida. Será queconhecia outra? Ele se lembrou da
reação de Paul quando a viu e daraiva dela. Ele a viu magoadaembora ela negasse
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terminantemente. Precisava ir atéá e trazê-la de volta. Ela era sua
mulher. Até que a morte nos separe.Ele se preparou para qualque
coisa a caminho de Pair-a-Dicemas, quando entrou naquele quartoe viu o que ela estava fazendo
quase perdeu o juízo. Se nãotivesse visto os olhos dela e ouvidoa forma como ela disse seu nome
ele teria matado os dois. Mas eleviu e ouviu. Por um breve instante esem defesas, soube o que ela
realmente sentia por ele. E então
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experimentou um alívio tãoprofundo que o fez parar.
Mas a raiva instintiva com atraição dela continuava láborbulhando.
Michael estremeceu e se afastodela.
– Venha – disse com aspereza. –
Vamos para casa.Pegou a mão dela e foi andando
pela floresta.
Angel queria resistir, mas tinhamedo. O que ele faria com elaagora? Com aquela agressividade
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toda, será que seria brutal comoDuke?
– Por que foi me procurar? – Você é minha mulher. – Eu deixei a aliança na mesa
Não a roubei. – Isso não muda nadaContinuamos casados.
– Podia ter esquecido isso.Ele parou e olhou furioso para
ela.
– No meu livro é umcompromisso para a vida todamadame. Não é um acordo que
podemos anular quando as coisa
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ficam meio difíceis de enfrentar.Ela examinou o rosto dele
confusa. – Mesmo depois de acabar de
me ver...
Michael começou a andar e apuxou com ele. Ela não o entendiaNão o entendia mesmo.
– Por quê? – Porque eu a amo – ele disse
com a voz rouca.
E a fez girar de frente para ele ea encarou com o olhaatormentado.
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– Simples assim, Amanda. Eamo você. Quando vai entender o
que isso significa?Ela sentiu um nó na garganta eabaixou a cabeça.
Percorreram o resto do caminhoem silêncio. Ele a levantou parasubir na carroça. Ela chegou para o
ado quando ele se sentou nobanco. Olhou para ele com tristeza.
– O seu tipo de amor não deve
fazer bem. – E o seu tipo, é melhor?Ela se virou para o outro lado.
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– Neste momento o amor nãotem muito a ver com o
sentimentos – ele disse, irritado. –Não entenda mal. Sou tão humanoquanto qualquer homem. Tenho
sentimentos sim. Estou sentindomuita coisa agora, muita coisa quenão queria sentir – e balançou a
cabeça, o rosto marcado pela dor epela raiva. – Senti vontade dematá-la quando entrei naquele
quarto, mas não fiz isso. Nestemomento tenho vontade de lhe dauma surra para enfiar juízo nessa
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sua cabeça, mas não vou fazer issoMichael se virou para ela com
um olhar sombrio. – Mas não importa quanto issodói, não importa a vontade que
senti de machucá-la pelo que feznão vou fazer isso.Bateu as rédeas e a carroça
partiu mais uma vez. Angel procurou abafar seu
sentimentos, mas eles afloravam
sufocantes. Ela cerrou os punhos eutou contra eles.
– Você sabia o que eu era. Você
sabia.
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Ela queria que ele entendesse. – Michael, nunca fui outra coisa
E nunca serei. – Isso é a mais pura besteira
Quando é que vai parar com isso?
Angel olhou para o outro ladocom os ombros caídos.
– Você simplesmente não
entende. Jamais será do jeito quevocê quer que seja. Não pode serMesmo se um dia essa chance
existisse, agora acabou. Você nãovê?
O olhar dele a transpassou.
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– Está falando do Paul? – Ele contou para você?
– Nem precisou. Estava escritona cara dele. Angel não tentou se defender
Não deu nenhuma desculpa. Deombros caídos, olhava para frente.
Michael viu que ela estava
assumindo toda a culpa sozinhamas Paul e ela, os dois teriam deenfrentar isso. E ele também. Virou
se para a estrada novamente eficou em silêncio durante um longotempo.
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– Por que voltou para lá? Eu nãoentendo.
Ela fechou os olhos e procurouma boa desculpa. Não encontronenhuma e engoliu em seco.
– Para pegar meu ouro – dissesem convicção.
Admitir aquilo fez com que ela
se sentisse pequena e vazia. – Para quê? – Quero ter uma pequena
cabana na floresta. – Você já tem uma.Ela mal conseguia falar com o
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aperto de dor que sentia no peitoApertou a região e continuou:
– Quero ser livre, Michael. Sóuma vez, em toda a minha vidaLivre!
Sua voz ficou embargadaMordeu o lábio e agarrou a laterado banco da carroça com tanta
força que a madeira lhe cortou amãos.
O rosto de Michael amaciou. A
raiva desapareceu, mas não amágoa, não a tristeza.
– Você é livre. Mas ainda não
sabe disso.
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Foi uma viagem longa esilenciosa de volta para o vale.
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A mente é o seu lugar, e nelamesma fazdo céu inferno, do inferno céu
– M I L T O
ichael não conseguiu tiraaquilo da cabeça. Ela não se
desculpou. Não deu nenhuma
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explicação. Só ficou sentada, mudacom as costas retas, a cabeça
erguida, as mãos juntas no colocomo se estivesse indo para abatalha, em vez de estar indo para
casa. Será que preferia rejeitar aoferta dele e viver na eternaescuridão, em vez de abrir a cabeç
e o coração para ele? Será que oorgulho era a única coisa quemportava para ela?
Michael não a entendia. Angel vivia um silencioso
tormento. Lutava com as emoçõe
que a despedaçavam, com o
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remorso, a culpa, a confusão. Essaemoções viraram uma massa
sólida, um nó endurecido que lhecrescia na garganta e no peitocomo um câncer que espalhava do
por cada parte do corpo. Estavacom medo. A esperança, quepensava que tinha morrido havia
muito tempo, tinha ressuscitadoEsquecera-se da pequena luz quepiscava dentro dela quando era
criança. Alguma coisa acendia afagulha e ela crescia... Até queDuke a esmagou.
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Agora ela tentava esmagá-lacom lógica.
Nada podia ser a mesma coisaO que quer que tivesse crescidoentre Michael e ela estava
arruinado. Ela sabia disso. Nonstante em que Paul a acusou, elaogou fora sua última chance.
Fui eu que provoquei isso paramim mesma. Fiz isso comigo. Meaculpa. Mea culpa.
As palavras da mãe aperseguiam, lembrançansuportáveis de uma vida perdida
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Por que sentia de novo aquelapequena luz, se sabia muito bem
que seria destruída? Como semprefora. A esperança era cruel. Nãopassava do cheiro da comida diante
de uma criança faminta. Não eraeite. Não era carne. Ah, meu Deus, não posso te
nenhuma esperança. Não possoNão sobreviverei se tiver.
Mas lá estava ela, uma fagulha
minúscula, brilhando no escuro.Quando chegaram ao vale com a
primeira luz do dia, Angel sentiu o
calor do sol aumentando em seu
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ombros e se lembrou de quandoMichael a arrastou no meio da noite
para ver o nascer do sol. “Esta é avida que quero dar para você.Naquele dia ela não entendeu o
que ele estava lhe oferecendo. Sócompreendeu quando subiu aescada do Silver Dollar Saloon e
vendeu sua alma para a escravidãonovamente.
É tarde demais, Angel.
Então por que ele está metrazendo de volta? Por que não medeixou em Pair-a-Dice?
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Duke também a levou devolta, não é? Diversas vezes.
Ela sempre vira vingança noolhos escuros de Duke. Ele a fizerasofrer. Mas era mais fácil suportar o
que ele fazia com ela do que ver osofrimento que infligia nas pessoaque ousavam ajudá-la. Como
Johnny... Antes de Duke acabacom ele para sempre.
Mas Michael não era como Duke
Ela nunca vira aquele brilho decrueldade calculada no olhar deleNunca sentira aquilo nas mãos dele
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Tudo tem um preço, AngelVocê sabe disso. Sempre soube
Que preço ele cobraria para tiráa do inferno? Qual seria o preçopor salvá-la da própria loucura?
Ela estremeceu por dentro.Michael deu a volta com a
carroça no jardim na frente da casa
e amarrou as rédeas. Angel já iadescer, mas ele lhe segurou opulso.
– Fique sentada.Sua voz soou pesada e ela fico
calada, esperando suas ordens
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Quando ele deu a volta para pegáa e ajudá-la a descer, ela fechou o
olhos, com medo de encará-lo. Elea pôs no chão gentilmente. – Entre em casa – disse. – Vou
cuidar dos cavalos. Angel empurrou a porta dacabana e sentiu uma sensação de
alívio percorrer todo o seu serEstou em casa.
Por quanto tempo, Angel
Tempo suficiente para fazê-lasofrer antes que ele a expulse?
Não podia pensar nisso agora
Entrou na casa e examinou tudo
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para ver se havia alguma mudançaudo era tão familiar, tão simples,
tão querido. A mesa rústica, acadeiras de vime diante da lareiraa cama feita com a caixa da
carroça, as colchas gastas que armã dele tinha feito. Angel foacender o fogo e arrumar a cama.
Pegou uma camisa de lãvermelha e a apertou contra orosto, sentindo o cheiro do corpo d
Michael. Ele era a terra, o céu e ovento. Ela parou de respirar.
O que foi que eu fiz? Por que
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oguei tudo isso fora?Lembrou-se das palavras de
Paul: “Você não vale mais que duaspepitas”. Era verdade. Ela era umaprostituta e nunca seria mais do
que isso. Não tinha levado nem umdia para voltar aos velhos hábitos.Trêmula, Angel dobrou com
cuidado a camisa e a guardou nagaveta dele. Tinha de parar depensar. Precisava prosseguir como
antes. Mas como podia fazer issoagora? Como?
Sua mente desesperada
procurava respostas, mas não a
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encontrava. Farei qualquer coisaque ele quiser, pelo tempo que ele
quiser, se me deixar ficar. Se aomenos ele deixar.
Ela não tinha apetite, mas sabia
que Michael chegaria com fomeEntão preparou o café da manhãcom todo cuidado. Enquanto
cozinhava o mingau de aveiavarreu e tirou o pó. Passou umahora, depois mais outra. E Michae
não voltava.O que será que ele estava
pensando? Sua raiva era maior
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Será que havia mudado de ideia enão queria mais que ela ficasse
Será que ia mandá-la embora? Paraonde ela iria se ele fizesse isso?Lembranças de Duke fizeram se
estômago virar do avesso.Ele não é como Duke.Todo homem, quando traído
é como Duke.Sua mente rodava em círculos
como um pássaro à procura de
carniça. Ergueu suas defesas e searmou contra Michael. Ninguém otinha forçado a ir procurá-la. Se
estava magoado com o que tinha
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visto, a culpa era exclusivamentedele. O fato de ele ter entrado no
quarto naquele momento não eraculpa dela. Também não eraculpada por ele ter ido até lá. Po
que não a deixava em paz? Elanunca tentara enganá-lo. O que eleesperava? Desde o início ele sabia
no que estava se metendo. Elesabia o que ela era.
O que eu sou?, ela se perguntou
Quem eu sou? Não tenho nem umnome. Será que restou algumacoisa da Sarah?
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Via o olhar dele e o peso de sepróprio coração se tornava
nsuportável.Por fim não aguentou mais esaiu para procurá-lo. Ele não estava
no campo, mas os cavalos estavamá, pastando. Não viu Michael emparte alguma. Resolveu procurá-lo
no celeiro. Lá estava ele, sentadocom a cabeça apoiada nas mãoschorando. Ficou com o coração
ainda mais apertado e o consoloque buscava se transformou numpeso ainda maior.
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Eu o feri. Seria como pegar umafaca e enfiar-lhe no coração. Teria
sido melhor se Magowan tivesse mematado. Teria sido melhor se eununca tivesse nascido.
Voltou para a cabana e caiu deoelhos diante do fogo. A culpa eradela. Sua mente ficou povoada de
situações hipotéticas. Se eu nuncativesse deixado Duke... Se eu nãotivesse embarcado naquele navio..
Se eu não tivesse me vendido parao primeiro que passasse pelas ruaenlameadas de San Francisco, o
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do trabalhar para a Duquesa... Seeu tivesse ignorado Paul... Se eu
tivesse ficado ali e nunca fugido..Se eu não tivesse voltado para Paira-Dice, ou subido aquela escada
com Murphy. Se, se, se... A infinitae tortuosa escada decadente.Mas eu fiz tudo aquilo. E agora é
tarde demais. Michael está láchorando, enquanto não tenho maiágrimas, para nada.
Cruzou os braços e se balançopara frente e para trás.
– Por que eu tive de nascer? Po
quê? – olhou para as mãos. – Para
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sso?Sentiu a imundície de sua
profissão cobrindo-lhe as mãosodo seu corpo era imundo, po
dentro e por fora. Michael a tirou da
beira do abismo e lhe deu umachance... que ela jogou fora. Entãoele foi até lá mais uma vez, tirou-a
de sua cama aviltada, levou-a paraa casa dele e, correspondendo àprópria estupidez, ela passou a
manhã toda limpando a cabana eem nenhum momento pensou emse limpar.
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Procurou angustiada uma barrade sabão e foi para o riacho. Tiro
a roupa, largou tudo no chãodisplicentemente e entrou na águaSentiu o vento e a água gelada
mas não se importou. Só queria seavar, limpar tudo, todas asembranças, até onde a mente
alcançava.Talvez até o momento de sua
concepção.
Michael se levantou e penduro
os arreios. Saiu do celeiro e fo
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andando devagar para casa. O queseria de um casamento tão
manchado pela traição?Ela nunca me amou. Por queesperar que seja fiel? Nunca me
prometeu nada. Fui eu que a fipronunciar seus votos. Ela nuncamanifestou estar arrependida
Senhor. Não disse uma palavra nossessenta quilômetros. Será quecometi um erro? Será que foi a sua
voz que ouvi, ou era minha própriacarne? Por que faz isso comigo?
Devia tê-la deixado em Pair-a
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Dice.Ela é sua esposa.
É, mas não sei se consigoperdoá-la. A imagem dela na cama com
outro homem tinha ficado marcadaa fogo em sua mente. Não podiaapagá-la.
Eu a amo, Senhor. Amo tantoque seria capaz de morrer por elae ela fez isso comigo. Talvez não
haja mais redenção para ela. Comoé que se perdoa alguém quedespreza tudo a ponto de não se
mportar se será perdoado ou não?
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O que ela quer, Michael? – Liberdade. Ela quer liberdade.
A cabana estava arrumada. Ofogo ardia na lareira. A mesaestava posta e o café da manhã
pronto. Só que Angel não estava láMichael praguejou pela primeira veem muitos anos.
– Que ela volte para lá! Não memporto. Estou cansado dessa luta.
E chutou a panela da barra de
ferro. – Quantas vezes tenho de i
atrás dela e trazê-la de volta?
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Sentou-se um pouco na cadeirade vime, mas a raiva só fazia
crescer. Ia encontrá-la de novo edessa vez lhe diria o que pensavaDiria que, se quisesse tanto i
embora, ele lhe daria até umacarona. Saiu batendo a porta eficou parado do lado de fora, com
as mãos na cintura, imaginandopara que lado ela teria corridodessa vez. Procurou em volta e, um
tanto surpreso, viu que ela estavaá no riacho, nua.
Desceu para a margem a passo
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argos. – O que está fazendo? Se queria
um banho, por que não levou águapara a casa e a esquentou?Num gesto súbito e atípico de
modéstia, ela deu as costas paraele e tentou se cobrir. – Vá embora.
Ele tirou o casaco. – Saia daí. Vai pegar uma
pneumonia. Se quer tanto um
banho, eu pego água. – Vá embora! – ela gritou, cai
de joelhos e se encolheu.
– Não seja boba!
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Ele entrou na água, agarrou-a ea pôs de pé. Angel tinha um
punhado de cascalho em cada mãoOs seios e a barriga estavam emcarne viva de tanto ser esfregados.
– O que está fazendo? – Preciso me lavar. Você não me
deu oportunidade...
– Já se lavou bastante.E tentou cobri-la com o casaco
mas ela se afastou.
– Ainda não estou limpaMichael. Saia daqui e me deixe empaz.
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Michael a agarrou com força. – Vai terminar quando tive
arrancado sua pele fora? Quandosangrar? É isso? Pensa que fazendosso ficará limpa?
Ele a soltou com medo demachucá-la.
– Não é assim que funciona – ele
disse, com os dentes cerrados.Ela se sentou devagar, com a
água gelada até a cintura.
– É, acho que não – dissebaixinho.
O cabelo molhado e embaraçado
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caía-lhe em volta do rosto, muitobranco, e sobre os ombros.
– Venha para casa – Michael aajudou a se levantar.Dessa vez ela não resistiu e fo
aos tropeços para a margemAbaixou-se para pegar as roupasele a puxou sem elas. Empurrou-a
para dentro da cabana e bateu aporta.
Pegou um cobertor de cima da
cama e lhe jogou. – Sente-se aí, perto do fogo. Angel enrolou o cobertor no
ombros e se sentou. Não levantou
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cabeça.Michael olhou para ela e lhe
serviu uma caneca de café. – Beba isso.Ela obedeceu.
– Terá muita sorte se não ficadoente. O que estava tentandofazer? Queria que eu me sentisse
culpado por você ter voltado para aprostituição? Queria que eu mesentisse culpado por arrastá-la para
fora daquele bordel de novo? – Não – ela disse.Ele não queria sentir pena dela
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Queria chacoalhá-la até queperdesse os dentes. Queria matá
a. E eu poderia. Meu Deus, eu seriacapaz de matá-la e ficar contente
com isso!Setenta vezes sete.Não quero dar ouvidos ao
Senhor. Estou cansado disso. Exigedemais de mim. Isso dói. Será quenão entende? Não sabe o que ela
fez comigo?Setenta vezes sete.Tinha os olhos cheios de
ágrimas, o coração batia feito um
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tambor de guerra. Ela parecia umacriança abandonada. Estava com
olheiras escuras sob os olhos azuisDeixe-a sofrer. Fez por merecer.Havia uma marca em seu pescoço
que lhe dava náuseas. Ela pôs amão em cima e se virou para ooutro lado. Dava quase para vê-la
murchando. Talvez ainda tivesseuma pontinha de consciênciaalvez sentisse um pouco de
vergonha. Ah, mas ia acabar logoogo, e ela estaria pronta para fazêo em pedacinhos de novo.
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Não consigo evitar o que sintomeu Deus. Se achasse que ela
poderia me amar, talvez...Como você me amou?Não é a mesma coisa. O senho
é Deus! Eu sou apenas um homem. – Não devia ter ido me buscar –
ela disse, sem emoção. – Nunca
devia ter se aproximado de mimdesde o início.
– Está certo. Jogue a culpa em
mim.Talvez ela tivesse razão. Ele
estava enjoado. Crispou a mão e
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olhou furioso para ela. – Fiz votos e vou cumpri-los, po
mais que estejam me sufocandoagora.Ela se virou para ele com um
olhar vazio e balançou a cabeça. – Não precisa fazer isso. – Vai dar certo. Vou fazer com
que dê certo.O Senhor não prometeu, me
Deus? Ou será que foi imaginação
minha? Será que ela estava certa otempo todo e não passava deatração física?
– Você está se iludindo – disse
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Angel. – Não entende. Eu nuncdevia ter nascido.
Ele riu com desprezo. – Autopiedade. Você se afoga
nisso, não é? É tola e cega, Ange
Não consegue enxergar o que estábem diante do seu nariz.
Nem você.
Ela ficou olhando para o fogo. – Não sou cega. Meus olho
estiveram bem abertos, toda a
minha vida. Pensa que não sei doque estou falando? Acha que não éverdade? Ouvi meu próprio pai dize
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que eu devia ter sido abortada. Angel ficou com a vo
embargada. Recuperou o controle econtinuou, falando mais baixo. – Um homem como você não
pode entender. Meu pai era casadoJá tinha muitos filhos. Ele dissepara mamãe que ela só queria
prendê-lo. Eu nunca soube se issoera verdade. Ele a mandou emboraNão a queria mais. Por minha
causa. Deixou de amá-la. Por minhcausa.
E continuou em voz baixa
angustiada.
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– Os pais de mamãe erampessoas decentes, que moravam
num bairro de gente decente. Não aaceitaram de volta, com uma filhalegítima. Até a Igreja deu as costa
para ela.O cobertor escorregou e Michae
viu as marcas vermelhas na pele
dela. Arranhões que ela mesmatinha feito.
Jesus, por que está fazendo isso
comigo?Era mais fácil se refugiar na
raiva do que enxergar aquela alma
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torturada. – Acabamos indo morar na
docas – ela disse, agora sememoção. – Ela se tornou prostitutaQuando os homens iam embora, ela
bebia até adormecer, enquanto Rabsaía para gastar todo o dinheirocom bebida. Ela deixou de se
bonita. E morreu quando eu tinha 8anos – Angel levantou a cabeça eolhou para Michael. – Sorrindo – e
esboçou um sorriso triste. – Paravocê ver. Essa é a verdade. Eu nãodevia ter nascido. Foi tudo um erro
terrível, desde o princípio.
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Michael largou o corpo nacadeira, as lágrimas afloraram de
novo, mas não por ele mesmodessa vez.
– O que aconteceu com você
depois disso?Ela abaixou a cabeça e aperto
uma mão na outra. Não olhou para
ele. Foi um silêncio demorado epesado antes de Angel dizer, bembaixinho.
– Rab me vendeu para umbordel. Duke tinha uma queda pomenininhas.
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Michael fechou os olhos.Ela olhou para ele. É claro que
ele estava com nojo. Que homemnão estaria, de pensar numacriança fazendo sexo com um
homem adulto? – Isso foi só o começo – disse
sem inflexão, abaixando a cabeça
sem coragem de olhar para ele. –Você não pode nem imaginar o queaconteceu a partir daí. As coisa
que fizeram comigo. As coisas queeu fiz.
Ela não disse que era uma
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questão de sobrevivência. De queadiantava? Ela escolheu obedecer.
Ele olhou para ela com lágrimanos olhos. – Você acha que tudo isso fo
culpa sua, não é? – E de quem mais? Da mamãeEla amava meu pai. Ela me amava
Ela amava a Deus. Grande coisaesse amor todo fez por ela. Comoposso culpá-la de qualquer coisa
Michael? Devo culpar Rab? Ele eraapenas um bêbado pobre e burroque achava que estava fazendo o
que era melhor para mim. Eles o
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mataram. Bem ali, na minha frenteporque ele sabia demais.
Ela balançou a cabeça. Michaenão precisava saber tudo.
– A culpa não é sua, Amanda.
Amanda. Ah, meu Deus! – Como pode continuar me
chamando assim?
– É quem você é agora. – Quando é que você va
entender? – protestou Ange
frustrada. – Não importa quem facoisas com você. Não se pode fingique não aconteceram – ela ajeito
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o cobertor e cruzou os braços. –udo faz parte do que somos. O
que aconteceu é o que eu sou. Vocêmesmo disse isso e estava certoNão posso me lavar e me livra
disso. Não posso me limparPoderia arrancar minha pele foraPoderia secar meu sangue. Não
faria diferença nenhuma. É comoum mau cheiro do qual não consigome livrar, por mais que tente. E eu
tentei, Michael. Tentei muito. Juropara você. Eu lutei e fugi. Quimorrer. Quase consegui com
Magowan. Quase. Não vê? Nada
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mporta. Nada faz diferença. Nuncafez. Sou uma prostituta e era isso
que eu tinha de ser. – Isso é mentira! – Não, não é. Não é.
Ele chegou mais perto dela, maela recuou e se encolheu aindamais, virando-se para o outro lado.
– Amanda, vamos superar isso –ele disse. – Vamos sim. Faço umpacto com você.
– Não, não vamos conseguinada. Só me leve de volta.
Ele balançou negativamente a
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cabeça e ela implorou. – Por favor. Eu não pertenço a
este lugar aqui com você. Encontreoutra. – Melhor do que você, que
dizer?O rosto dela estava branco coma morte, exibia um sofrimento
menso. – É.Michael estendeu o braço para
pôr a mão em seu ombro, maAngel se afastou. Agora ele sabiapor que e estava amargurado po
ela achar que era tão impura que
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ele não devia nem encostar nela. – Acha que sou santo? – ele
disse, com a voz embargada.Minutos antes Michael tinha
negado o amor e até Deus, tinha
nclusive desejado matar a própriaesposa. Qual era a diferença entreo assassinato concreto e o realizado
em pensamento? Sua naturezacarnal alimentava ideias devingança, ele até desejara isso.
Michael ficou de joelhos esegurou-lhe os ombros.
– Eu devia ter corrido a pé até
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Pair-a-Dice – disse, emocionado. –Não devia ter esperado Paul volta
para casa com o rabo entre apernas.Ela levantou a cabeça e olho
bem nos olhos dele, querendoacabar com aquilo logo, de uma vepor todas.
– Fiz sexo com ele só para pagaa viagem.
A dor daquelas palavras o
atingiu em cheio, mas ele nãodesistiu dela. Segurou o queixo deAngel e levantou seu rosto.
– Olhe para mim, Amanda
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Jamais vou levá-la de volta. NuncaFomos feitos um para o outro.
– Você é um tolo, MichaeHosea. Tolo e cego.
Angel tremeu violentamente.
Michael se levantou para pegaum cobertor seco. Quando voltouela olhava para ele com os olho
cheios de medo. – O que foi? – ele disse
franzindo a testa. – Acha que vo
machucá-la?Ela fechou os olhos com força.
– Você quer o que eu não tenho
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para lhe dar. Não posso amá-lo. Emesmo se pudesse, não o amaria.
Ele se abaixou, tirou o cobertomolhado e a cobriu com o seco. – Por que não?
– Porque passei os primeiros oitoanos de minha vida vendo minhamãe sofrer por amar um homem.
Ele levantou o queixo dela. – O homem errado – disse, com
firmeza. – Eu não sou o homem
errado, Amanda.Ele se endireitou e enfiou a mão
no bolso. Abaixou-se de novo
diante dela, pegou sua mão po
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baixo do cobertor e pôs a aliançada mãe dele mais uma vez no dedo
de Angel. – Só para tornar oficial.Michael acariciou-lhe o rosto e
sorriu. Angel abaixou a cabeça e
recolheu a mão sob as dobra
pesadas do cobertor de lã. Cerroos punhos contra o peito e senticada arranhão que tinha feito, ma
muito pior foi o sentimento quecresceu dentro dela.
A fagulha estava virando uma
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chama.Michael pegou uma toalha e
secou-lhe o cabelo. Quandoterminou, puxou-a para perto e aabraçou.
– Carne da minha carne –sussurrou no cabelo de Angel. –Sangue do meu sangue.
Angel fechou os olhos. O desejoque ele sentia por ela diminuiriacom o tempo. Ele deixaria de amá
a da mesma forma que o pai deladeixara de amar mamãe. E se elaamasse Michael do jeito que
mamãe tinha amado Alex Stafford
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ele lhe partiria o coração.Não quero chorar até dormi
numa cama desarrumada e bebeaté morrer.
Michael sentiu que Angel tremia
– Não posso mandá-la emborasem me cortar ao meio – ele disse– Você já é parte de mim – e
passou os lábios em sua têmpora. –Vamos recomeçar. Vamos deixarpara trás o que aconteceu.
– Como? O que está feito, estáfeito. E está tudo dentro de mimgravado em pedra.
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– Então vamos escavar isso parenterrar de uma vez.
Ela deu uma risada seca e triste – Você vai ter de me enterrar.Michael sentiu o coração mai
eve. – Está bem – ele disse. – Então
vamos batizá-la.
Não só com água, mas com oEspírito, se ela deixasse. Ele beijouhe o cabelo. Era irônico sentir que
estava tão perto dela, mais pertodo que nunca. E alisou-lhe o cabelopara trás.
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– Já faz tempo que aprendi qucontrolamos muito pouco deste
mundo, Amanda. Ele não pertencea nós. Está fora de nosso alcanceComo nascer, ou ser vendida para a
prostituição aos 8 anos. Nós sópodemos mudar nossa forma depensar e nosso modo de viver.
Ela deu um suspiro trêmulo. – E já resolveu me manter aqu
com você por um tempo.
– Por um tempo não. Parasempre. Espero que resolva ficar –ele passou a mão em sua pele, com
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ternura. – O que quer que tenhamdito e feito com você, agora cabe a
você tomar essa decisão. Poderesolver confiar em mim.Ela examinou o rosto dele
confusa. – Assim, sem mais nem menos? – É. Assim, sem mais nem
menos. Um dia de cada vez. Angel ficou olhando para Michae
um tempo, depois meneou a
cabeça. A outra vida tinha sidonsuportável demais, por que nãoexperimentar aquela que Michae
he oferecia?
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Ele alisou-lhe a face com opolegar e deu-lhe um beijo na boca
Os lábios de Angel ficaram maciono contato com os dele e elaagarrou-lhe a frente da camisa
Quando ele se afastou um poucoela encostou o rosto em seu peitoMichael sentiu o corpo de Ange
completamente relaxado contra oseu.
Ele fechou os olhos. Meu Deus
perdoe-me. O Senhor disse “Vá aoencontro dela” e eu deixei meorgulho ficar no caminho. Disse
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também que ela precisava de mime eu não acreditei. O Senhor disse
para amá-la e eu achei que seriafácil. Ajude-me. Abra meu coraçãoe minha mente para poder amá-la
como o Senhor me amou.O fogo crepitou baixinho e umcalor cresceu dentro de Michael, a
abraçado com sua mulher. E noespaço de tempo que cabia em umsuspiro trêmulo, ele deixou de
pensar nela como Angel, aprostituta que ele amava e que ohavia traído, e a viu como a criança
sem nome e maltratada que
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continuava perdida.
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A nossa carta sois vós... Escrita não
com tinta, mas com oEspírito de Deus vivo, não em
tábuas de pedra,
mas em tábuas de carne docoração – I I C O R Í N T I O S 3 , 2 -
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erdão era uma palavradesconhecida. Graça
nconcebível. Angel queriacompensar o que tinha feito eprocurou fazer isso com trabalho
Mamãe nunca fora perdoada, nemmesmo depois de mil Ave-Marias emil Pai-Nossos. Então, como Ange
podia ser perdoada com uma únicapalavra?
Ela se esforçou para compensa
o que Michael fazia por ela. Quandoterminava as tarefas, ia procurá-loe pedia mais. Quando ele arava a
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terra, ela ia andando atrás delepegava as pedras e as carregava
até o muro de pedra que cresciaentre as plantações. Quando elederrubava árvores, ela cortava o
galhos com uma machadinhaamarrava-os em fardos e oempilhava dentro do celeiro, onde
ficavam secando para servir deenha. Quando ele cortava as torasela as empilhava. E levava até uma
pá para ajudá-lo a cavar os tocos.Ele nunca pediu para ela faze
nada, por isso ela procurava coisa
para fazer para ele.
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À notinha, estava exausta, manão conseguia ficar quieta. Quando
não tinha nada para fazer, Angel sesentia culpada. Mas Michael nãoestava satisfeito, afastava-se dela
cada dia mais. Ficava caladoobservando-a, pensativo. Será queá estava se arrependendo de te
sido tão impulsivo trazendo-a devolta?
Certa noite, ela lutava contra o
cansaço enquanto ele lia. Sua voera profunda e sonora, e Angeflutuava, exausta, sem consegui
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manter os olhos abertos. Ele fechoo livro e o botou de volta no
console da lareira. – Você está trabalhando demaisEla se endireitou na cadeira e
olhou para a peça de roupa queestava remendando. Suas mãotremiam.
– É que ainda não estoacostumada com esse tipo detrabalho.
– Você já tem bastante coisapara fazer, sem ter de achar queprecisa dividir comigo tudo o que e
faço também. Está morta de
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cansaço. – Suponho que não sou muito
boa companhia.Quando Michael botou a mão em
seu ombro, Angel fez uma careta d
dor. – Está com dores pelo corp
todo por ter carregado aquela
pedras ontem e por ter tirado hojede manhã o esterco daquela baia.
– Eu precisava dele para a horta
– É só me dizer que eu cuidodisso!
– Mas você disse que o jardim e
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a horta eram responsabilidademinha.
Não adiantava conversar comela. Estava decidida a fazepenitência.
– Vou sair e dar uma volta. Vápara a cama.Ele subiu a colina e se sento
com os braços apoiados nooelhos.
– E agora, o que eu faço?
Nada tinha voltado a ser comoantes. Eles dois andavam lado aado, mas jamais se tocavam
amais se falavam. Ela abriu um
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corte em si e lhe exibiu aentranhas naquela noite em que a
trouxera para casa. Agora sangravaaté a morte e não permitia que acura viesse. Esperava agradá-lo
trabalhando feito uma escravaquando tudo o que ele queria eraseu amor.
Passou a mão no cabelo eapoiou a cabeça. E então, o que efaço, meu Deus? O que eu faço?
Cuide da minha ovelha. – Como? – perguntou Michae
para o céu noturno.
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Ele entrou na cabana sem fazebarulho e viu que ela tinha
adormecido na cadeira. Pegou-agentilmente no colo e a pôs nacama. Ela parecia jovem e
vulnerável. Até que ponto sedistanciava da menina estupradaaos 8 anos? Não o bastante. Não
era de admirar que nunca tivessefeito sexo como parte do amorComo poderia? Ele tinha certeza de
que não sabia nem metade do queela sofrera. Sabia que o único quepodia consertar uma alma
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desgarrada era Deus, e ela nãoqueria saber dele.
Como ensinar a uma criança quesofre a confiar no Senhor, se oúnico pai que conheceu a odiava e
queria que ela morresse? Comoensiná-la que o mundo não é feitosomente de ruindades, se o padre
abandonou a mãe dela? Senhor, elafoi vendida como escrava para umhomem que parece o próprio Satã
Como vou convencê-la de que hágente boa no mundo, se todos queela conheceu a usaram e depois a
condenaram por isso?
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Michael pegou uma mecha docabelo louro de Angel e a esfrego
entre os dedos. Não fazia amor comela desde sua volta para casa. Elequeria. Seu corpo desejava o corpo
dela. Mas então ele se lembrava davoz sem vida com que ela disseraDuke tinha uma queda po
menininhas”, e seu desejo seevaporava.
O que será que ela pensou toda
as vezes que estivemos juntosSerá que eu era exatamente igual atodos os outros, satisfazendo me
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desejo à custa dela?Ela sempre pareceu muito forte
E era mesmo. Forte o bastante parasuportar todo aquele abusondescritível e sobreviver. Forte o
bastante para se adaptar aqualquer coisa. Forte o bastantepara se isolar entre muros que
achava que a protegeriam. Queescolha podia ter? E como poderiacompreender o que ele estava lhe
oferecendo agora?Ela era apenas uma criança
Senhor. Por que deixou isso
acontecer? Meu Deus, eu não
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entendo. Por quê? O Senhor nãodevia proteger os fracos e
nocentes? Por que não a protegeuPor que não a protegeu? Por quê?
Em que Angel era diferente de
Gômer, a esposa de Oseiasvendida para o profeta pelo própriopai? Filha da prostituição. Adúltera
Gômer foi algum dia redimida peloamor do marido? Deus tinharedimido Israel inúmeras vezes
Cristo tinha redimido o mundo. Mae quanto a Gômer, Senhor? Equanto a Angel? E quanto à minha
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mulher?Cuide da minha ovelha.
O Senhor sempre diz isso, manão sei como. Não sei o que quedizer. Não sou um profeta, Senhor
Sou um simples fazendeiro. Nãoestou à altura da missão quedeterminou para mim. Meu amo
não bastou para ela. Ela continuano fundo do poço, morrendoEstendo-lhe a mão, mas ela não
quer. Ela vai se matar tentandomerecer meu amor, quando ele já édela.
Confie em mim de todo o
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coração e não fique sequestionando sobre o porquê
das coisas.Estou tentando, Jesus. Esto
tentando.
Deprimido, Michael se sentou nabeira da cama. A saia de Tessiedeslizou e caiu no chão. Ele a
pegou e olhou para o tecido grossoFranziu o cenho e jogou a saia nacama. Pegou a blusa desbotada e a
examinou. Esfregou-a entre odedos. A primeira vez que fora aoquarto de Angel no segundo andar
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ela usava uma roupa de cetim erenda. Agora ele a vestia com
trapos. Que nem eram dela, mas dsua falecida irmã. Amanda nunca pedira par
substituir aquela roupa, e eleandava concentrado demais nopróprios pensamentos e no trabalho
para dedicar algum tempo a esseproblema. Ora, isso ia mudar. Nãoestavam tão longe assim de
Sacramento, podiam muito bemviajar até lá e procurar Joseph, queteria um bom estoque de
mercadorias, pensando com sua
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cabeça de comerciante na chegadade muitas famílias.
Michael procurou Paul e lhe
pediu para cuidar dos animaienquanto Amanda e ele estivessemfora. Paul empalideceu ao ouvir o
nome dela. – Você a trouxe de volta? – Sim. Eu a trouxe para casa.
Ele ficou calado, com as feiçõeduras, quando Michael lembrou queela era esposa dele. Paul aceitou
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cuidar das coisas na fazenda. – Vou acertar as coisas com
Joseph quando estiver emSacramento – disse Michael. – Obrigado, mas prefiro faze
meus acertos com ele eu mesmo.Michael hesitou um poucodepois concordou. Sentiu que o
abismo entre os dois aumentavaPaul e seu orgulho bestantolerável. Paul e sua culpa.
Michael carregou a carroça comsacos de batata, caixotes de cebolae de maçãs, enquanto Amanda
esperava na porta do celeiro, com
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xale enrolado nos ombros. Ela nãofez nenhuma pergunta.
– Paul vai cuidar dos animais –disse Michael, quando puseram aona por cima da produção.
– Eu posso fazer isso. Nãoprecisava pedir para ele.
– Você vai comigo.
Isso certamente a pegou desurpresa. Ele sorriu.
– Faça uma fornada extra de
biscoitos esta noite. Vamoempacotar algumas latas de feijãoe partiremos bem cedo pela manhã
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Saíram ao amanhecer. Amandafalou muito pouco no caminho
Pararam para comer alguma coisaao meio-dia e seguiram em frentesem parar, até anoitecer. Então
Michael armou acampamento a cemmetros da estrada. Fazia frio, o céuestava limpo. Amanda juntou lenha
Michael cavou um buraco largo ebotou uma telha em cima. Depoido jantar, jogou carvão em brasa
com uma pá no buraco de terraEspalhou uma camada de terra pocima, depois pontas de pinheiro e
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uma lona por baixo dos cobertoresAngel caiu na cama agradecida, se
corpo doía por causa do balançoconstante da carroça.Um coiote uivou e ela chego
mais para perto de Michael. Ele pôo braço em volta dela e ela seencaixou nele como uma peça de
quebra-cabeça. Ele se virou paraela e a beijou, enfiou os dedos emseu cabelo, mas pouco tempo
depois se afastou, deitado decostas admirando as estrelas.
Angel chegou para o lado.
– Você não me quer mais, não
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é?Ele não olhou para ela quando
respondeu. – Quero muito. Só não consigo
parar de pensar como deve ter sido
quando você era criança. – Eu não devia ter lhe contado
nada.
Ele olhou para ela. – Por que não? Para eu pode
continuar tendo prazer e nunca
entender quanto isso custava paravocê?
– Não me custa nada, Michae
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Não me custa mais. – Então por que tive de insisti
para que dissesse meu nome?Ela não teve resposta para isso.Ele rolou de frente para ela e
acariciou-lhe suavemente o rosto. – Eu quero o seu amor, AmandaQuero que sinta o prazer que e
sinto quando toco em você. Querohe dar tanto prazer quanto vocême dá.
– Você sempre quis demais. – Não acho. Só que vamo
precisar de tempo. Temos de nos
conhecer melhor. Vamos ter de
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confiar um no outro. Angel olhou para o céu
coalhado de estrelas. – Conheci mulheres da vida qu
se apaixonaram. Nunca deu certo.
– Por que não? – Porque elas ficaram obsessiva
como mamãe e sofreram da mesm
maneira que ela. Angel achava que tinha sorte po
não ter capacidade de amar. Uma
vez pensou que estava amandomas não passou de ilusão. AtéJohnny acabou sendo só um meio
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de fuga. – Você não é mais uma
prostituta, Amanda. É minha esposa– Michael sorriu com tristeza ebrincou com um cacho de cabelo
ouro. – Pode me amar quantoquiser e se sentir segura. Amar significava perder o
controle das emoções, da vontade eda vida. Isso causava certaconfusão. Angel não podia se
arriscar a sentir isso, nem comaquele homem.
– O que sente quando toco em
você? – ele perguntou, passando o
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dedo no rosto dela.Ela olhou para ele.
– O que quer que eu sinta? – Esqueça o que eu quero. O qu
acontece dentro de você?
Ela sabia que ele esperaria pelaresposta e que saberia se mentisse
– Acho que não sinto nada.
Ele franziu a testa e continuotocando-lhe o rosto. Adoravaaquela pele macia e lisinha.
– Quando toco em você, mecorpo todo ganha vida. Sinto calopor dentro. Não sei descrever essa
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sensação maravilhosa quandofazemos amor.
Ela virou o rosto de novo. Eleprecisava falar disso? – Temos de descobrir um jeito
de você gostar tanto quanto eu –ele disse, e deitou-se ao lado delaoutra vez.
– Isso é tão importante assimPor que essa preocupação se eusinto ou não alguma coisa?
– É importante para mim. Oprazer deve ser compartilhado –Michael passou um braço nas costa
dela. – Venha cá. Deixe-me só
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abraçá-la.Ela se virou, aninhou a cabeça
no ombro dele e relaxou. Pôs obraço sobre seu peito. Era quente esólido.
– Não sei por que se preocupcom isso – ela disse.
Ninguém nunca se preocupo
com o que ela pensava ou sentiadesde que fizesse o que tinha defazer.
– Isso me preocupa porque eu aamo.
Talvez ele não entendesse os
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fatos da vida. Ou então tivessealguma ilusão.
– As mulheres não foram feitapara ter prazer com o sexoMichael. É tudo encenação.
– Quem disse isso para você? – Algumas pessoas. – Homem ou mulher?
– Ambos. – Bem, eu sei que não foi assim
que Deus quis.
Ela deu uma risada debochada. – Deus? Você é tão ingênuo..
Sexo é o grande pecado origina
Ele expulsou Adão e Eva do paraíso
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por causa do sexo.Então ela conhecia alguma coisa
da Bíblia. Provavelmente pela mãedela. Mas sua teologia eradeturpada.
– Sexo não teve nada a ver como motivo pelo qual eles foramexpulsos. O pecado de Eva fo
querer ser Deus. Por isso ela quis amaçã, para ter todo oconhecimento e ser igual a Deus
Ela foi enganada. Adão foi fraco eacreditou no que ela disse, em vede seguir o que Deus tinha dito a
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ele. Angel chegou um pouco par
trás e levantou a cabeça para olhapara ele. Desejava não ter puxadoo assunto.
– Está certo. Você é oespecialista.Ele sorriu.
– Estudei as Escrituras antes denos unirmos aquela primeira vez.
Ela ficou surpresa.
– A sua Bíblia disse o que tinhde fazer?
Ele deu risada.
– Saber o que tinha de fazer não
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foi o problema. Eu estavapreocupado em como fazer. Os
Cânticos de Salomão me disseramque a paixão de um homem e deuma mulher deve ser mútua – o
sorriso dele se desfez, e elepareceu confuso. – Uma bênçãocompartilhada.
Angel se livrou de seu abraço eolhou para as estrelas. Ficavaconstrangida quando ele começava
a falar de Deus. O grande “estoaqui observando tudo”. Mamãedizia que Deus via tudo, mesmo
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quando apagávamos o lampiãomesmo quando estávamos na cama
com alguém. Ela dizia que Deusabia até o que pensávamos. Ogrande “espião do céu”, que ouvia
cada pensamento dela. Angel estremeceu. A imensaescuridão do céu lhe dava medo
odos os sons pareciamamplificados e ameaçadores. Naverdade não havia ninguém lá em
cima, havia? Era tudo coisa dacabeça de mamãe. Tudo coisa dacabeça de Michael.
Não era?
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– Você está tremendo. Está comfrio?
– Não estou acostumada adormir ao relento.
Michael a puxou para mais perto
e apontou para o cinturão de Orionpara a Ursa Maior e para aconstelação do Pégaso. Angel fico
escutando a ressonância profundada voz dele. Ele não ficava aflitocom a escuridão nem com o
ruídos, e depois de um tempo nobraços dele, ela também não semportou mais. Ficou acordada
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durante muito tempo depois deMichael adormecer, vendo os
desenhos que ele tinha feito nocéu, nas estrelas, mas o que nãoousava contemplar mesmo era
Deus.
Partiram na manhã seguinteogo depois do nascer do soQuando chegaram ao sopé da
montanhas, viram o verde brilhantedo capim por causa das chuvas deoutono. Carvalhos enorme
pontilhavam a paisagem. Uma
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carruagem subiu a colina com ocavalos a todo galope. Michae
nclinou o corpo para protegeAngel quando passou voando poeles, levantando lama.
Quando chegaram à periferia deSacramento, Angel se espantocom o que viu. Um ano antes tinha
passado por um amontoado debarracas e casas de compensadocom a Duquesa, Mai Ling e Lucky
Agora era uma metrópole emdesenvolvimento, com sinais depermanência. As ruas estavam
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cheias de carroças e de gente a péAlguns homens pareciam próspero
com seus ternos alinhadosenquanto outros deviam teacabado de chegar dos campos de
mineração de ouro, com sacos epás nas costas curvadas. Havia atéalgumas mulheres com vestido
escuros daquele tecido grossomeio algodão, meio lã, e capas deã. Algumas com os filhos.
Michael entrou numa avenidaarga e Angel viu a fachada de umgrandioso hotel, dois restaurantes
meia dúzia de bares, uma barbearia
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com uma fila de homens do lado defora e uma imobiliária. No
quarteirão seguinte havia umaconstrutora e uma loja de artigopara homens que exibia calças de
brim, sobretudos pesados echapéus de abas largas. À esquerdAngel viu uma loja com
equipamento para mineiros, umteatro e um avaliador de ouro. Dooutro lado, um prédio de doi
andares com anúncios de fardos defeno e arame farpado, pregos eferraduras. Mais adiante, mais loja
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de suprimentos para mineiros euma loja de sementes, ladeada
por um depósito de rodas decarroça e barris. Havia umfarmacêutico que anunciava
emplastros com mais de uma dúziade homens enfileirados na calçadade madeira.
Outra carruagem passou poeles, levantando mais lama.
– Paul disse que a loja de Josep
ficava perto do rio – disse Michaeentrando em outra rua. – Fica maifácil para ele receber a mercadoria
dos barcos que sobem o rio
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American vindos de San Francisco.Michael notou como os homen
olhavam para Angel em todo otrajeto pela cidade. Ela era umapedra rara numa cidade de lama
Eles paravam e ficavam olhandoalguns se lembravam de tirar ochapéu, apesar da chuva que havia
começado a cair. Angel, com ascostas retas e a cabeça erguida aoado dele, nem percebia. Michae
pegou o cobertor que estava atrádo banco.
– Enrole-se nisso. Vai mantê-la
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seca e aquecida.Ela olhou para ele e Michael vi
o desconforto na expressão delaquando lhe pôs o cobertor sobre oombros.
Angel viu mastros de navios àfrente. Michael virou numa ruaparalela ao rio. A loja de
Hochschild, que era vizinha de umgrande bar, tinha o dobro dotamanho de seu antigo mercadinho
em Pair-a-Dice. A placa sobre aporta se vangloriava de ter “Tudosob o sol”. Michael parou a carroça
na frente e puxou o freio. Desceu
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deu a volta e tirou Angel da boleiaEle a carregou no colo através da
ama da calçada de tábuas.Dois jovens saíram do mercado
Pararam de conversar quando viram
Angel. Os dois tiraram o chapéu eficaram olhando abobalhados, semnotar Michael, que batia as bota
para tirar a lama. Ele levantou acabeça, sorriu e pegou o braço deAngel.
– Se os cavalheiros nos dãoicença...
Os dois gaguejaram um pedido
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de desculpas e se afastaram daporta.
Angel avistou um aquecedoFranklin no fundo da loja e dissepara Michael que ia se aquece
enquanto ele tratava de negóciosEla viu onde Joseph estava, no altode uma escada, pegando enlatado
de uma prateleira alta e deixandoos cair para um assistente queencaixotava as latas para um
cliente. Notou que os dois joventinham entrado na loja novamentee que Michael caminhava entre
algumas mesas que exibiam
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ferramentas, utensílios domésticoscasacos e botas, até chegar ao
balcão. – Que tipo de merceeiro é você
Não tem nem uma batata aqui.
Joseph olhou para baixoespantado, depois deu um sorrisode orelha a orelha do alto de se
poleiro. – Michael!Desceu a escada com rapidez e
agilidade e estendeu-lhe a mãoPediu para o assistente acabar deatender ao pedido e levou Michae
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para um canto. Olhou na direção deAngel uma vez e depois olhou de
novo, nitidamente surpreso. Michaese virou, olhou para ela com umsorriso e disse alguma coisa para
Joseph enquanto piscava para ela.Ela desviou o olhar e ficou omais perto possível do aquecedor
Um dos rapazes se aproximou eparou ao seu lado. Ela o ignoroumas sentiu que ele olhava para ela
O outro também foi para perto doaquecedor. Angel ajeitou o xale eolhou friamente para os dois
esperando que entendessem o
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gesto e a deixassem em paz. Erammagros, e seus casacos tinham
remendos. – Sou Percy – disse um deles.Era imberbe como o outro, ma
a pele era bem bronzeada. – Acabei de voltar de Tuolumne
Desculpe ficar olhando assim
madame, mas faz um mês que nãovejo uma dama – e apontou para ocompanheiro. – Este é meu sócio
Ferguson. Angel olhou para Ferguson e ele
corou. Ela esfregou o braço para se
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esquentar e desejou que os doifossem embora. Não queria sabe
quem eram, de onde vinham nem oque faziam. Seu silêncio era paradesencorajá-los, mas Percy
nterpretou como um estímulo efalou de sua casa na Pensilvâniadas duas irmãs, dos três irmão
menores e dos pais que tinhadeixado lá.
– Escrevi para eles contando qu
a terra aqui é muito boa – disse. –Estão pensando em vir para cá etrazer a família de Ferguson junto.
Michael estava indo na direção
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deles, com uma expressãondecifrável. Angel teve medo que
ele pensasse que ela estavatratando de negócios. Ele pôs amão embaixo do braço dela, em um
gesto de posse, mas sorriu. Percyse apresentou e ao Ferguson maiuma vez.
– Espero que não se importe deestarmos conversando com suaesposa, senhor.
– De jeito nenhum, mas eu iaoferecer trabalho para os doisajudando-me a descarregar a
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carroça.Eles aceitaram alegremente e
Angel ficou aliviada ao vê-los pelacostas. Olhou para Michael para vequal era seu humor. Ele sorriu.
– Eram inofensivos e solitários –ele disse. – Se olhassem para vocêcomo um pedaço de carne, talve
eu sentisse vontade de arrebentaalgumas cabeças. Mas não olharamnão é?
– Não – ela deu uma risadabaixa, zombeteira. – Um disse quefazia muito tempo que não via uma
dama.
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– Ora, você é uma dama casada– ele indicou umas mesas. – Josep
tem alguns tecidos que eu queroque veja. Escolha o que maigostar.
Michael a levou para o meio damesas, com pilhas deequipamentos de mineiros, e paro
em uma carregada de rolos detecido.
– O suficiente para três vestidos
E foi ajudar os rapazes adescarregar.
Pensando no que Michae
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poderia gostar, Angel escolheu umde lã e algodão cinza-escuro e
outro marrom. Quando ele voltounão ficou satisfeito com a escolha. – O fato de Tess usar marrom e
preto não significa que você tenhade usar também.E jogou os rolos para outra
mesa, tirando um azul-claro dabase de uma pilha.
– Isso ficaria melhor em você.
– É mais caro. – Nós podemos pagar.E pegou outro rolo ferrugem
claro e um xadrez amarelo-claro
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para combinar. Depois tirou umverde-bandeira e um outro xadre
com estampa de flores. Joseptrouxe mais dois rolos de algodãoflorido.
– Acabei de receber estes. Háoutros mais a caminho. Estoestocando tudo que posso. O
maridos estão trazendo suaesposas e filhos agora.
Ele cumprimentou com a cabeça
e sorriu para Angel. – Olá, Angel. É um prazer revê
a. Tenho uma caixa de botões, um
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rolo de fita branca e dois de flanelavermelha também, se quiser da
uma espiada. – Queremos sim – disse ele. –Ela precisa de meias de lã, botas
uvas e um bom casaco.Joseph foi pegar as coisas queele pediu. Michael pegou um rolo
de xadrez branco e azul. – O que acha disso para a
cortinas?
– Ficaria bonito – ela disse, e viMichael separar o rolo junto com ooutros.
Joseph voltou com os botõe
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para que Angel escolhesse. – Quanto tempo levará par
trazer um fogão para nós? –perguntou Michael.
– Tenho um carregamento que
deve estar chegando. Diga quetamanho vocês querem, quereservo um para vocês.
Michael lhe deu as medidas eAngel pôs a mão no braço dele.
– Michael, é grande demais –
sussurrou. – Além disso, temos aareira.
– Um fogão é mais eficiente e
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não gasta tanta lenha. E manterá acabana quente durante a noite.
– Mas quanto custa? – Não discuta com ele, AngePelo preço que está pedindo pela
batatas e cenouras, ele pode pagao fogão. – Desde que você não aumente
o preço de seus fogões do jeito queaumenta o de seus legumes – elaretrucou.
Os homens deram risada. – Acho que é melhor deixa
minha mulher negociar esse
preços – disse Michael.
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Ele disse que queria um jogo depratos e Angel foi novamente para
perto do aquecedor. Se pretendiagastar cada centavo que tinha, nãoera da conta dela.
Joseph convidou o casal paraficar para o jantar e insistiu parapassarem a noite em sua casa. Era
o mínimo que podia fazer depois deraspar o cofre de Michael.
– Não tem um quarto de hote
desocupado em toda a cidade, comtodos esses homens descendo damontanhas para passar o inverno
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aqui – disse Joseph, levando os doipara o andar de cima. – Além disso
faz muito tempo que você e eu nãotemos uma boa conversa – dissedando um tapa nas costas de
Michael.O apartamento no andar de cimaera bem mobiliado e confortável.
– Comprei tudo por quase nadaUm camarada do leste chegou numbarco lotado até o mastro de
m ó v e i s ch ippe nda l e e sofámodernos, achando que mobiliariaas mansões dos milionários
ambém tinha uma tonelada de
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cortinado para mosquito e muitochapéus-panamá para atender toda
a população do istmo durante umadécada.
Joseph os recebeu numa bela
sala com vista para o rio. Umcozinheiro mexicano lhes serviuma saborosa refeição de rosbife
com batata, em eleganteporcelana. O anfitrião também lheserviu um ótimo chá importado. Até
as facas, garfos e colheres eram deprata.
Joseph era quem mais falava.
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– Acho que acabei de convenceminha família a deixar Nova York e
vir para o oeste. Mamãe disse quesó vai aceitar se eu arrumar umaesposa.
Michael sorriu para ele, do outroado da mesa.
– Pediu para ela lhe trazer uma?
– Não precisei. Ela já tinhescolhido uma e já estavam comtudo empacotado, prontas para
virem para o oeste.Terminado o jantar, Joseph lhes
serviu café. Os dois conversaram
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sobre política e religião. Nenhumdos dois concordava com a opinião
do outro, mas a conversa continuoamigavelmente. Ela estavasonolenta. Não se importava se a
Califórnia tinha se tornado umestado, ou se as companhiamineradoras estavam se apossando
da terra do ouro, nem se Josepnsistia que Jesus era um profeta enão o messias que ele esperava
Não se importava se o rio estavasubindo com a chuva. Não semportava se uma pá custava
trezentos dólares, e um arado novo
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setenta. – Fizemos Angel dormir –
observou Joseph, pondo mais umaacha na lareira. – O segundo quartofica logo atrás dessa porta.
Ele viu Michael pegar a mulhecarinhosamente no colo e levá-lapara o quarto. Rodou a xícara com
o café e tomou o que restavaVinha observando Angel desde qua vira perto do aquecedor. Ela era
uma dessas raras belezas quedeixavam qualquer homem sem armesmo que a tivesse visto muita
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vezes.Quando Michael voltou e se
sentou, Joseph sorriu. – Nunca vou esquecer o seolhar na primeira vez em que a viu
Pensei que tinha enlouquecidoquando soube que se casara comela.
Homens bons muitas vezes eramdestruídos pela obsessão pomulheres da vida, e ele tinha ficad
preocupado com Michael. Josepnunca vira um casal maidisparatado. Um santo e uma
pecadora.
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– Parece que você não mudounada.
Michael deu risada e pegou suaxícara.
– Esperava que eu mudasse?
– Esperava que ela fizesse gatoe sapato de seu coração.
O sorriso de Michael mudou
ndicando sofrimento. – Ela faz – disse, e tomou o café – Ela está mudada – disse
Joseph.Não tinha o brilho de uma
mulher apaixonada. Não havia
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aquela centelha nos olhos dela nemo vermelho na face. Mas tinha
alguma coisa diferente nela. – Não sei o que é exatamenteMas ela não parece mais tão dura
como lembro que era. – Ela nunca foi dura. Erfingimento.
Joseph não discutiu, mas seembrava bem da bela mulher davida que caminhava pela Mai
Street todas as segundas, quartas esextas. Ele saía para espiar comotodos os outros, fascinado com
aquela beleza pálida e perfeita. Ma
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era dura sim, dura feito granitoMichael a via com os olhos de um
homem que a amava muito maiprofundamente do que uma mulhecomo ela merecia. Mas talvez fosse
esse tipo de amor que a fizeramudar. Deus sabia que Angel nuncahavia encontrado um homem como
Michael antes. Não na profissãodela. Ele devia ser algo novo paraela. Joseph riu mentalmente.
Michael tinha sido algo novopara ele também. Era um daquelehomens raros que viviam de acordo
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com o que acreditavam, não de veem quando, mas a cada minuto do
dia, mesmo quando as coisaficavam muito difíceis. Gentil comoera, terno como era seu coração
não havia nenhuma fraqueza emMichael Hosea. Era o homem maidecidido que Joseph conhecia. Um
homem como Noé. Um homemcomo o rei-pastor Davi. Um homemcom a fibra do coração de Deus.
Joseph orou para Angel nãoarrancar o coração de Michaedeixando-o destruído para o resto
da raça humana.
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E assim tudo que quereis que vofaçam os
homens, fazei-o também vós a eles – J E S U S , M A T E U S 7 , 1
om a carroça carregada decompras, Michael e Ange
partiram para casa na manhã
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seguinte. Ele fez uma parada naoja de sementes e comprou o que
precisava semear na primavera. Aopassar pelo centro da cidade, paromais uma vez, num prédio
pequeno. Desceu da carroça e tiroAngel no colo. Ela só percebeu quele pretendia entrar numa igreja
quando já estavam quase na portae ela ouviu a cantoria. Soltou a mãodele e balançou a cabeça.
– Vá você. Eu espero aqui fora.Michael sorriu.
– Experimente. Por mim.
E pegou a mão dela outra vez
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Quando entraram, o coração delabatia tão rápido que achou que
estava sufocando. Algumas pessoaevantaram a cabeça e ficaramolhando para ela. Angel sentiu o
calor subindo para o rosto à medidaque mais pessoas notavam aentrada atrasada dos dois. Michae
encontrou um lugar para sesentarem.
Angel cerrou os punhos no colo e
ficou de cabeça baixa. O que estavafazendo numa igreja? Uma mulhena mesma fila inclinou-se para
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olhar para ela. Angel olhavafixamente para frente. Uma outra
na fila da frente olhou para trás. Ougar parecia cheio de mulheressimples e trabalhadoras como
aquelas que deram as costas paramamãe. Dariam as costas para elatambém, se soubessem quem ela
era.Uma senhora de cabelo preto e
touca de pano marrom-claro olhava
nsistentemente para ela. Angeficou com a boca seca. Será que jásabiam? Será que tinha uma marca
na testa?
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O pastor olhava diretamentepara ela, falava sobre pecado e
danação. Ela começou a transpirae a sentir frio. Ficou nauseada.
Todos se levantaram e
começaram a cantar. Nunca tinhaouvido Michael cantar antes. Eletinha uma bela voz, profunda
melodiosa, e sabia a letra semprecisar do hinário que o homem aoado lhe oferecera. Aquele era o
ugar dele. Acreditava em tudoaquilo. Em cada palavra. Ela sevirou para frente de novo e olho
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bem para os olhos escuros dopregador. Ele sabe, como o padre
de mamãe sabia.Ela precisava sair dali! Quandotodos se sentassem novamente
aquele pastor provavelmenteapontaria direto para ela eperguntaria o que estava fazendo
em sua igreja. Em pânico, passopor todos que estavam na fila.
– Com licença, por favor – disse
histérica, para sair dali. Agora todos olhavam para ela
Um homem sorriu quando ela sai
correndo pela porta dos fundos
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Não conseguia respirar. Encostou-sena carroça e procurou combater a
ânsia de vômito. – Você está bem? – perguntou
Michael.
Não esperava que ele aseguisse.
– Estou – mentiu.
– Não quer se sentar ao meado?
Ela se virou e olhou para ele.
– Não. – Não precisa tomar parte do
culto.
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– A única maneira de me levar lápara dentro de novo é me
arrastando.Michael viu a expressão tensaEla cruzou os braços e olhou furiosa
para ele. – Amanda, não frequento a
greja há meses. Preciso da
congregação. – Eu não disse que você tinha de
sair.
– Você está bem? – Estou – ela disse, e pôs a mão
no banco da carroça. Michael a
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evantou. Ela se sentiu mais firmecom a ajuda dele. Sentiu ter sido
muito brusca e quis se explicarmas, quando se virou, ele jádesaparecia dentro da igreja. Fico
desolada.Começaram a cantar de novobem alto. Ouvia-se claramente lá
fora. – Avante soldados cristãos
marchando para a guerra...
Era uma guerra. Uma guerracontra Deus, contra Michael econtra o mundo inteiro. Às veze
ela desejava não ter mais de lutar
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Desejou estar de volta ao valeDesejou que fosse como era no
princípio, só ela e Michael. Desejoque Paul tivesse ficado namontanhas. Assim talvez as coisa
funcionassem.Mas não por muito tempo. Mai
cedo ou mais tarde o mundo
atacaria. Você não pertence a esse
mundo, Angel. E nunca
pertencerá.Quando o culto finalmente
terminou, outras pessoas saíram
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antes de Michael. Todas olharamdireto para ela, sentada no banco
da carroça, esperando por eleAlgumas mulheres pararam parconversar, um pequeno grupo. Será
que falavam dela? Angel olhavapara a porta, procurando MichaeQuando ele apareceu, estava com o
ministro. Eles conversaram algunminutos e depois apertaram amãos. Michael desceu os degrau
da entrada e o homem de ternopreto olhou para ela.
Seu coração disparou outra vez
Sentiu o suor despontando na pele
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quando Michael se aproximou. Elesubiu, pegou as rédeas e parti
sem dizer uma palavra. – Nem parecia uma igreja de
verdade – ela disse, quando
desciam a ladeira para a estrada dorio. – Não tinha padre.
– O Senhor não é limitado pela
denominação. – Minha mãe era católica. E
não disse que eu era.
– Então por que tem tanto medode entrar numa igreja?
– Não estava com medo. Fique
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enjoada. Todos aqueles hipócritas. – Você ficou apavorada – ele
pegou a mão dela. – Ainda estásuando na palma da mão. Angel tentou tirar a mão, ma
ele a apertou mais. – Se está convencida de quDeus não existe, do que tem medo
– Não quero nada com umgrande olho no céu que só estáesperando uma chance para me
esmagar feito um inseto! – Deus não condena. Ele perdoaEla puxou a mão e dessa ve
conseguiu.
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– Como perdoou minha mãe?Ele olhou para ela com aquela
segurança irritante. – Talvez ela nunca tenha se
perdoado.
Suas palavras foram como umsoco. Angel olhou para frente. Deque adiantava aquilo no caso de
Michael? Ele não entendia nada. Eracomo se o pobre tolo nunca tivessevivido neste mundo.
Ele resolveu insistir. – Acha que isso pode ter sido
parte da história?
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– Não importa em que minhmãe acreditava, e o que quer que
fosse, não significa que eu pertençoa alguma igreja, assim como elanunca pertenceu.
– Se Raab, Ruth, Betsabé eMaria pertenceram, acho que deveter um lugar para você.
– Não conheço nenhuma dessamulheres.
– Raab era uma prostituta. Rut
dormia aos pés de um homem comquem não era casada, num terraçopúblico. Betsabé era uma adúltera
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Quando descobriu que estavagrávida, seu amante planejou a
morte do marido dela. E Mariaengravidou de alguém que não erao homem a quem estava prometida
em casamento. Angel ficou espantada. – Não sabia que tinha o hábito
de andar com mulheres da vida.Michael deu risada.
– Elas são citadas na linhagem
de Cristo. No início do Evangelho deMateus.
– Ah! – ela disse, sem graça
olhando para ele irritada. – Você
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pensa que pode me encurralar, nãoé? Bem, então me diga uma coisa
Se todo esse lixo é verdade, poque o padre não falava com aminha mãe? Parece que ela
combina direitinho com essacompanhias ilustres.
– Eu não sei, Amanda. Padre
são apenas homens. Eles não sãoDeus. Têm preconceitos e defeitoscomo qualquer pessoa.
Michael bateu as rédeas noombo dos cavalos.
– Sinto muito pela sua mãe, ma
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eu me preocupo com você. – Por quê? Tem medo de que, se
não salvar minha alma, eu vá parao inferno? – Acho que já teve uma boa
prova dele – disse Michael, batendoas rédeas de novo. – Não tenhoplanos de ficar pregando para você
mas também não pretendo desistido que acredito. Não pelo seconforto. Por nada.
Ela apertou o apoio do banco. – Não pedi para você fazer isso. – Não com tantas palavras, ma
o homem fica sob pressão quando
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sua mulher está sentada numacarroça lá fora.
– E quando um homem arrasta amulher para a igreja?
Ele se virou para ela.
– Acho que tem razão. Sintomuito.
Ela se virou para frente e
mordeu o lábio. Com um suspirotriste, disse:
– Não pude ficar lá dentro
Michael. Simplesmente nãoconsegui.
– Talvez não dessa vez.
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– Nunca. – Por que não?
– Por que eu teria de me sentacom as mesmas crianças que mechamaram de nomes feios? São
todas iguais. Não importa se nadocas de Nova York ou numaencosta lamacenta da Califórnia – e
deu uma risada vazia. – Havia ummenino cujo pai visitava mamãe nobarraco. Ele ia sempre lá. O filho
chamava a mim e a mamãe denomes, nomes obscenos. Então econtei para ele onde o pai dele ia
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toda quarta-feira à tarde. claroque ele não acreditou, e mamãe
disse que eu tinha feito uma coisaterrível, cruel, com ele. Eu nãoentendia como a verdade podia
piorar as coisas, mas alguns diadepois, acho que movido pelacuriosidade, o menino seguiu o pa
e descobriu por ele mesmo que eraverdade. E eu pensei: Pronto, agoraele sabe e vai nos deixar em paz
Mas não. Ele passou a me odiadepois disso. Ele e seus amiguinhodo bem ficavam esperando no fim
da rua e, quando eu ia ao mercado
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comprar alguma coisa para mamãeogavam lixo em mim. E todo
domingo de manhã eu os via namissa, muito limpos e bemvestidos, sentados ao lado de seu
papais e mamães – ela olhou paraMichael. – O padre falava com elesNão, Michael. Não quero entra
numa igreja. Nunca mais.Michael segurou a mão dela
entrelaçando os dedos.
– Deus não tem nada a ver comsso.
Os olhos dela ficaram quentes
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como se estivessem cheios deareia.
– Mas ele também não impediunão é? Onde está a misericórdiasobre a qual está sempre lendo
Nunca vi ninguém oferecer essamisericórdia para minha mãe.Depois disso Michael ficou muito
tempo calado. – Alguém já disse alguma coisa
gentil para você alguma vez?
Ela deu um sorriso irônico. – Muitos homens disseram qu
eu era bonita. Diziam que só
estavam esperando que e
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crescesse.Ela levantou o queixo e se viro
para o outro lado.Michael sentiu que a mão dela
estava fria. Apesar de toda a
postura de desafio, ele sentia a dodela.
– O que você vê quando se olh
no espelho, Amanda?Ela não respondeu logo e
quando respondeu, falou tão baixo
que ele quase não ouviu. – Minha mãe.
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Pararam à beira de um riachoEnquanto Michael tirava os arreio
dos cavalos e enfaixava-lhes apatas, Angel estendeu o cobertor eabriu o cesto. O cozinheiro de
Joseph havia lhes dado pão, queijouma garrafa de cidra e frutas secasQuando Michael acabou de comer
se levantou e apoiou a mão numgalho de árvore. Parecia que nãotinha pressa de atrelar os cavalos e
voltar para a estrada. Angel ficou observando-o. A
camisa de lã azul ficava esticada
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nos ombros e sua cintura eraestreita e dura. Ela se lembrou do
fascínio de Torie por ele e começoua entender. Ela gostava de olhapara ele. Era forte e belo, sem
representar ameaça. Quando ele sevirou para trás e olhou para elaAngel desviou o olhar e fingiu se
ocupar de guardar as coisas nocesto.
Michael enfiou as mãos no
bolsos e se recostou no troncoargo.
– Também fui xingado muitas
vezes no meu tempo, Amanda. A
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maior parte dos xingamentonstigada pelo meu pai.
Ela olhou para ele de novo. – Pelo seu pai?Michael se virou para o rio.
– Minha família tinha a maiofazenda do município. A terra tinhasido do meu avô. Tínhamo
escravos. Eu não pensava muito naescravidão quando era menino. Acoisas eram assim naquele tempo
Minha mãe me disse que oescravos eram a nossa gente e quetínhamos de cuidar deles, mas
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quando eu tinha 10 anos, tivemoum ano muito ruim e meu pa
vendeu alguns trabalhadoresQuando os levaram embora, umade nossas escravas doméstica
desapareceu. Não sei nem dizer onome dela. Meu pai foi procurá-laQuando voltou, tinha dois corpo
presos sobre um cavalo, o dela e ode um dos trabalhadores que eletinha vendido. Ele jogou os corpo
na frente da casa dos escravos e opendurou, para que os vissem todavez que saíssem para o campo. Era
uma visão grotesca. Ele tinha
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soltado os cães para persegui-los.Ele encostou a cabeça na casca
do tronco do imenso carvalho. – Perguntei por que ele tinha
feito aquilo, e ele me disse que era
para servir de exemplo para ooutros.
Angel nunca havia visto Michae
tão abatido, e uma nova emoçãoganhou vida dentro dela. Quis ipara perto dele e abraçá-lo.
– A sua mãe pensava como ele? – Minha mãe chorou, mas nunc
disse uma palavra contra meu pa
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Eu disse para ele que a primeiracoisa que eu faria quando ele
morresse seria libertar nossoescravos. Foi a primeira surra queme deu. Disse que, se eu gostava
tanto assim deles, podia viver comeles um tempo. – E você foi?
– Por um mês. Então ele memandou de volta para casa. A essaaltura minha vida tinha mudado
muito. O velho Ezra me aproximode Deus. Até então Deus era só umritual que minha mãe fazia na sala
todo domingo de manhã. Ezra me
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mostrou como é o verdadeiro DeusMeu pai o teria vendido se não
fosse tão velho. Em vez disso, oibertou. Foi pior para ele. O velhonão tinha para onde ir, então fo
morar no pântano. Eu costumava iá visitá-lo sempre que podia eevava o que conseguia juntar.
– E o seu pai? – Fez outras tentativas para
mudar meu modo de pensar –
Michael deu um sorriso triste. –Queria que eu conhecesse oprivilégios da posse – e olhou para
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ela. – Uma escrava jovem e belaque era minha, para usá-la como e
bem entendesse. Eu disse para elar embora, mas ela não foi. Meu patinha dado ordem para ela ficar. Po
sso, fui embora.Ele riu baixinho e balançou acabeça.
– Essa não é toda a verdade. Averdade é que eu fugi. Tinha 1anos e ela era uma tentação maio
do que eu podia controlar.Michael se abaixou na frente de
Angel.
– Amanda, meu pai não era um
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homem perverso. Não quero quepense isso dele. Ele amava a terra
e cuidava de seu pessoal. Tirandoaquela vez, ele sempre foi decentecom seus escravos. Ele amava
minha mãe, meus irmãos e irmãs. me amava também. Só que queriaque tudo fosse do jeito dele.
desde o início eu tinha algumacoisa de diferente... Não meencaixava no molde. Sabia que um
dia teria de me afastar dos meusmas muito tempo se passou até ecriar coragem para deixar todos qu
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amava, especialmente porque nemsabia para onde eu ia.
Ela olhou para ele. – Pensa em voltar algum dia? – Não – não havia dúvida
nenhuma em sua expressão. – Você deve ter odiado seu pai.Ele olhou muito sério para ela.
– Não. Eu o amava e agradeçpor ele ter sido meu pai.
– Agradece? Ele tratou você
como um escravo, tirou suaherança, sua família, tudo. E oagradece?
– Sem tudo aquilo, talvez e
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nunca chegasse a conhecer oSenhor, e no fim meu pai teve mais
motivo para me odiar – disseMichael. – Quando eu vim emboraPaul e Tess vieram comigo. Tessie
era especial para ele. Muitoespecial. E ela acabou morrendo.
Angel viu lágrimas em seu
olhos, que ele não tentou esconder – Ela teria gostado de você – ele
disse, acariciando o rosto dela. –
Ela via as pessoas por dentro.Sem pensar, Angel pôs a mão
em cima da dele, movida pela
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tristeza que ele sentia. O sorrisoque ele deu espremeu o coração
dela. – Ah, minha amada! – exclamou– Seus muros estão ruindo.
Ela tirou a mão. – Josué soprando sua trombeta.Ele deu risada.
– Eu a amo, a amo muito.E a abraçou, deitando-se e
rolando com ela na grama. Beijou-a
suavemente primeiro, depois commais paixão. Ela sentiu umaagitação por dentro, um movimento
quente no ventre e, no entanto
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não se sentiu ameaçada nemusada. Ele chegou um pouco para
trás e ela viu seu olhar. Oh! – Às vezes esqueço o que esto
esperando – ele disse, com a vo
rouca de desejo.Michael se levantou e a puxo
unto com ele.
– Vamos. Vou atrelar os cavalosConfusa, Angel dobrou o
cobertor e botou o cesto embaixo
do banco. Apoiou os braços naateral da carroça e ficoobservando Michael trazer o
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cavalos de volta. Havia poder emseus movimentos. Quando estava
atrelando os animais, viu a força deseus ombros e mãos. Ele endireitoo corpo e se virou para ela
Levantou-a até o banco e subiu aoseu lado. Quando pegou as rédeassorriu para Angel e, sem a meno
hesitação, ela se surpreendesorrindo para ele também.
Começou a chover no meio da
viagem. Michael parou paraevantar a lona e Angel se enrolono cobertor. Quando ele se sentou
outra vez, pôs um segundo coberto
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sobre os dois. Ela se senticonfortável e aconchegada ao se
ado.Dez quilômetros adiante
encontraram uma carroça coberta
quebrada no meio da estrada. Umhomem e uma mulher muitomagros tentavam levantá-la para
fixar-lhe a roda consertada. Aperto, sob o abrigo de um grandecarvalho, uma menina de cabelo
preto abraçava quatro criançapequenas em volta dela.
Michael guiou a parelha para
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fora da estrada. – Pegue aquelas crianças e
ponha todas sentadas na parte detrás da carroça – disse para Angequando desceu.
A menina mais velha pareciapoucos anos mais nova do que elaO cabelo preto estava grudado no
rosto pálido, dominado por grandeolhos castanhos. Quando sorriaficava bonita.
– Vocês todos ficarão mais secose se sentarem na traseira dacarroça – disse Angel. – Temos
outro cobertor.
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– Obrigada, senhora – disse amenina, que imediatamente aceito
o convite e apressou as criançapara o abrigo da carroça.
Cheia de medo, Angel subiu na
carroça com eles. Deu o cobertopara a menina, que o botou noombros, puxando as quatro criança
menores para bem perto, comouma galinha com os pintinhos.
Ela sorriu para Angel.
– Somos os Altman. Eu soMiriam. Este é Jacob – e olhou parao menino mais alto, que tinha olho
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e cabelos iguais aos dela. – Ele tem10 anos. E Andrew...
– Eu tenho 8 anos! – disse omenino, muito sério.Miriam sorriu de novo.
– Esta é Leah – disseaconchegando mais a menina maio– e esta é Ruth – e beijou a menor
Angel olhou para o grupomolhado e com frio amontoadoembaixo de um único cobertor.
– Hosea – disse timidamente. –Eu sou... a sra. Hosea.
– Graças a Deus vocês chegaram
– disse Miriam. – Papai estava
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tendo problemas com aquela rodae mamãe está exausta.
Ela tirou o cobertor das costas eo ajeitou em volta das quatrocrianças.
– Sra. Hosea, faria o favor detomar conta das crianças? Mamãeficou doente nos últimos seiscento
quilômetros da viagem e não podeficar na chuva.
Miriam saltou da carroça ante
que Angel pudesse protestar. Elaolhou para as crianças outra vez eviu que todas olhavam para ela de
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olhos arregalados e curiososMinutos depois Miriam voltou com a
mãe. Era uma mulher abatida, decabelo preto, ombros curvados eolheiras. As crianças a rodearam
num gesto protetor. – Mamãe – disse Miriamabraçada com a mãe –, esta é a
sra. Hosea. Esta é minha mãe. A mulher deu um sorriso
simpático e meneou a cabeça.
– Elizabeth – disse ela, sorrindo– Deus a abençoe, sra. Hosea – eficou com os olhos cheios de
ágrimas, mas não deixou que
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caíssem. – Não sei o que teríamofeito se você e seu marido não
tivessem aparecido – abraçou oquatro filhos, e Miriam deu umaespiada lá fora para ver se o
homens precisavam de ajuda. – Vai ficar tudo bem. O papai e o
sr. Hosea estão consertando a
carroça. Vamos seguir viagem embreve.
– Temos de ir para o Oregon? –
choramingou Leah.Uma expressão de dor marco
as feições da mulher.
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– Não vamos pensar nisso agoraquerida. Vamos viver um dia de
cada vez. Angel remexeu no cesto. – Estão com fome? Temos pão e
um pouco de queijo. – Queijo! – exclamou Leah com
o rostinho iluminado, esquecida da
onga viagem para o Oregon. – Ahsim, por favor.
Então as lágrimas transbordaram
e Elizabeth chorou. Miriam aacariciou e murmurou alguma coisapara a mãe. Mortificada, Angel não
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sabia o que dizer ou o que fazerSem olhar para a mulher que
chorava, cortou fatias de queijopara as crianças menores. Elizabettossiu e parou de chorar.
– Sinto muito – disse baixinho. –Não sei o que há de errado comigo – Você está esgotada – disse
Miriam. – É a febre – falou paraAngel. – Desde que começou, elaficou sem forças.
Angel lhe ofereceu uma fatia dequeijo e o pão, e Elizabeth tocouhe a mão carinhosamente antes de
aceitar. A pequena Ruth se
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evantou do colo da mãe e ficou depé na frente de Angel, que levo
um susto e ficou ressabiada, madepois se surpreendeu com amenina tocando na trança loura qu
tinha caído para frente e chegavaaté a cintura.
– Anjo, mamãe?
Angel sentiu um calor subir pelorosto.
Elizabeth sorriu em meio à
ágrimas. Seu riso suave foi deprazer.
– Sim, meu amor. Um anjo
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misericordioso. Angel não conseguiu olhar par
elas. O que Elizabeth Altman diriase soubesse a verdade? Levantouse e foi para o fundo da carroça
para espiar lá fora. Michael tinhaerguido a carroça dos Altman e ohomem estava prendendo a roda
Queria descer, mas a chuva estavatorrencial e Michael a mandaria devolta. Sentiu tensos todos o
músculos do corpo. Olhou paraElizabeth, rodeada pelos filhoamorosos.
Miriam segurou sua mão e Ange
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evou um susto. – Vão consertar logo – disse.
E piscou surpresa e constrangidaquando Angel puxou a mãoapressadamente.
O sr. Altman apareceu natraseira da carroça, com a chuvacascateando do chapéu.
– Está tudo bem, John? –perguntou Elizabeth.
– Vai funcionar um tempo – e
tocou na aba do chapéucumprimentando Angel enquantoElizabeth os apresentava. – Somo
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muito gratos à senhora e ao semarido. Eu estava quase desistindo
quando seu marido apareceu – eleolhou para a esposa de novo. – Osr. Hosea nos convidou para passa
o inverno na casa dele. Eu aceiteSeguiremos para o Oregon naprimavera.
– Ah! – suspirou Elizabethnitidamente aliviada.
Angel ficou boquiaberta. Passa
o inverno na casa de Michael? Novepessoas numa cabana de vintemetros quadrados? Elizabet
encostou-se nela e Angel pulou
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Atordoada, sentou-se enquanto amulher agradecia, antes de Joh
tirá-la da carroça. As criançaseguiram os pais, depois Miriamque tocou no ombro de Ange
quando passou por ela, dando-lheum sorriso carinhoso e animadoAngel cerrou os dentes e fico
encolhida embaixo do cobertor, nofundo da carroça, imaginando o quMichael faria com toda aquela
gente. Ele subiu no bancoencharcado até os ossos, e ela lheentregou o outro cobertor ao
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reiniciarem a viagem. – Vamos ceder a cabana para
eles – disse. – A cabana? E onde vamodormir?
– No celeiro. Ficaremoconfortáveis e aquecidos. – Por que eles não dormem no
celeiro? Foi você quem construiu acabana.
Ela não estava gostando da ideia
de dormir em qualquer lugar quenão fosse naquela cama boa eaconchegante, com o fogo bem
perto.
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– Eles não dormem em umacasa há mais de nove meses.
aquela mulher está doente – eleapontou para frente com a cabeça– Eu andei pensando. Tenho uma
boa faixa de terra na divisa com apropriedade do Paul. Talvez possaconvencer os Altman a ficar. Seria
muito bom ter outra família no vale– e virou-se para ela, sorrindo. –Você bem que precisa de amiga
por perto. Amigas? – O que acha que tenho em
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comum com elas? – Por que não esperamos para
descobrir?Eles acamparam ao lado de umarocha de granito que os abrigou da
chuva. Michael e John enfaixaramas patas dos cavalos e levantaramuma barraca, enquanto Ange
Elizabeth e Miriam montavamacampamento. As criançauntaram lenha suficiente para
durar a noite toda e levaram umpouco para Miriam, que estavareunida com as outras na barraca
Ela abriu uma pequena aba no teto
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– Aprendi isso com os índios –disse com um largo sorriso
enquanto acendia o fogo numabacia dentro da barraca.
Surpreendentemente a fumaça
subiu e saiu pelo buraco.Elizabeth parecia tão fraca que
Angel insistiu para ela se deitar
Michael levou alguns suprimentopara dentro da barraca e elapreparou uma refeição. Ainda
acordada, a senhora não falavanada, só observava Angel, queaflita com isso, olhava para ela de
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vez em quando, imaginando o queestaria pensando.
– Estou me sentindo tão inútil –disse Elizabeth com um tremor navoz.
Miriam se abaixou e acariciosuavemente o rosto da mãe. – Bobagem, mamãe. Nós damo
conta. Trate de descansar – e deuum sorriso malicioso. – Quandovocê melhorar, deixaremos que
faça tudo sozinha de novo. – A mãesorriu com a provocação carinhosa– Vou pegar lenha mais pesada –
disse Miriam, e saiu.
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Voltou com um nó bem grandeque juntou aos gravetos.
– A chuva está diminuindo.Elizabeth se levantou com
dificuldade.
– Onde estão os meninos? – Papai está com eles. Leah e
Ruth não vão sair daqui. Não
precisa se preocupar. Agora deitese de novo, mamãe – e olhou paraAngel. – Ela sempre fica
preocupada com os índios –sussurrou. – Um menininho seafastou das carroças faltando
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duzentos quilômetros para chegar aFort Laramie. Ele desapareceu
Desde então mamãe fica apavoradade pensar que um de nós possa seraptado – e olhou para a mãe
descansando no catre. – Ela vamelhorar, agora que podedescansar.
Miriam esquentou as mãos pertodo fogo e sorriu para Angel.
– Não sei o que está cozinhando
aí, mas tem um cheiro ótimo. Angel continuou mexendo e não
disse nada.
– Há quanto tempo está n
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Califórnia? – Um ano.
– Ah, então só se casou comMichael depois de chegar aqui. Eledisse que chegou em 48. Você veio
por terra? – Não. De navio. – A sua família está no vale qu
Michael descreveu para o meu pai? Angel sabia que as pergunta
viriam e que inventar mentiras só
pioraria as coisas para ela. Por quenão acabar logo com aquilo, para amenina deixá-la em paz? Quem
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sabe, se todos soubessem averdade, talvez fossem passar o
nverno em outro lugar. Certamenteaquela mulher não ia querer dormina mesma cama em que tinha
dormido uma prostituta. – Vim sozinha para a CalifórniaConheci Michael em um bordel, em
Pair-a-Dice.Miriam deu risada e, quando vi
que Angel falava sério, parou de rir
– Você está falando sério, não é – Estou.Elizabeth olhava para ela com
uma expressão indefinível. Ange
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olhou para baixo e continuomexendo a colher na panela.
Miriam ficou um bom tempocalada e Elizabeth fechou os olhonovamente.
– Você não precisava dizer nada– Miriam disse. – Por querespondeu?
– Para não terem nenhumasurpresa chocante mais adiante –disse Angel com amargura e com a
garganta apertada. – Não – disse Miriam. – E
estava xeretando de novo, foi po
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sso. Mamãe diz que esse é um demeus defeitos, eu sempre quero
saber da vida dos outros. Desculpeme. Angel continuou mexendo
perturbada com o pedido dedesculpas da menina. – Gostaria de ser sua amiga –
disse Miriam. Angel levantou a cabeça
surpresa.
– Por que ia querer ser minhaamiga?
Miriam também se surpreendeu.
– Porque gosto de você.
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Espantada, Angel ficou olhandopara ela. Depois olhou para
Elizabeth. A mulher observava aduas, com um sorriso cansadoAngel ficou ruborizada, virou-se
para a menina e disse baixinho: – Você não sabe nada de mim
só o que contei.
Ela desejava agora não ter ditonada.
– Eu sei que você é sincera –
disse Miriam, com um sorriso triste– Brutalmente sincera –acrescentou, mais séria.
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Miriam ficou pensativa, olhandopara Angel.
Os meninos chegaram e comeles uma lufada de vento geladoAs meninas acordaram e Rut
começou a chorar. Elizabeth sesentou e abraçou a filha, pedindopara os meninos pararem de falar e
de se agitar. John entrou nabarraca e os fez calar com umaúnica palavra. Angel viu Michae
ogo atrás dele. Quando ele sorriuo alívio que ela sentiu foi físico. então ficou preocupada com o que
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ele diria quando soubesse que elahavia contado a verdade.
Os homens tiraram o casacomolhado e se amontoaram diantedo fogo enquanto Angel servia o
feijão nos potes e Miriam odistribuía. Quando todos estavamservidos, John abaixou a cabeça e a
família dele fez o mesmo. – Senhor, obrigado por mais este
dia e por ter enviado Michael e
Amanda Hosea até nós. Cuide doentes queridos que perdemosDavid e mamãe. Por favor, renove
as forças de Elizabeth. Mantenha
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nos bem e fortes para a jornadaque temos pela frente. Amém.
John fez perguntas sobre a terraas plantações e o mercado daCalifórnia. Jacob e Andrew pediram
mais feijão e biscoitos. Angel ficopensando quando é que Michaevoltaria para a carroça. Sentiu que
Miriam a observava. Não queriasaber as perguntas que deviamestar se passando na cabeça da
menina, agora que tinha tido tempopara pensar.
– A chuva parou, papai – disse
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Andrew. – Vamos para a nossa carroça
agora? – Angel perguntou em vobaixa para Michael. – Fiquem aqui conosco – disse
John. – Temos bastante espaçoCom o fogo aceso está mais quenteaqui do que na carroça de vocês.
Michael aceitou e Angel ficoangustiada. Ele saiu para buscar ocobertores, ela se desculpo
rapidamente e foi atrás dele. – Michael – disse, procurando
palavras para convencê-lo de que
deviam dormir na carroça e não na
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barraca, com os Altman. Eleestendeu a mão, puxou-a para
perto e deu-lhe um beijo ruidosoEntão fez Angel virar-se para abarraca e lhe disse, bem perto do
ouvido: – Mais cedo ou mais tarde você
vai aprender que tem gente no
mundo que não quer usá-la. Agoratome coragem, volte para lá econheça algumas dessas pessoas.
Ela enrolou o xale bem apertadoe entrou na barraca. Miriam sorripara ela. Angel se sentou, meio
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encabulada, perto do fogo e nãoolhou para ninguém enquanto
esperava Michael voltar. Os doismeninos pediram para o pai leRobinson Crusoé para eles. Joh
tirou de um saco um livro muitogasto, com capa de couro, ecomeçou a ler, enquanto Miriam
arrumava as camas. A pequenaRuth, com o polegar na bocaarrastou seu cobertor de onde
estava e o botou perto de Angel. – Quero dormir aqui.Miriam riu.
– Bom, acho melhor pedir para o
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sr. Hosea, Ruthie. Ele pode queredormir aí também.
– Ele pode dormir do outro lado– disse Ruth, reivindicando seterritório.
Miriam pegou dois cobertores edeu um para Angel. Abaixou-se ecochichou.
– Está vendo? Ela também gostade você.
Angel sentiu uma pontada no
estômago e olhou para eles todos.Michael chegou com mai
cobertores.
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– Vem vindo uma tempestadeSe tivermos sorte, deve se
dispersar pela manhã.Enquanto os outros dormiamAngel ficou acordada, deitada ao
ado de Michael. O vento uivava e achuva batia forte contra a barracaO barulho da tempestade e o cheir
de lona molhada lhe trouxeram aembrança das primeiras semanaem Pair-a-Dice.
Onde será que estava aDuquesa? E Meggie? E Rebecca? Oque tinha acontecido com elas
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Procurou não pensar em Luckymorrendo no incêndio. Lembrava-se
sempre de suas palavras: “Não seesqueça de mim, Angel. Não seesqueça de mim”.
Angel não podia se esquecer denenhuma delas.Quando a chuva parou, fico
ouvindo a respiração dos quedormiam em volta. Virou-seentamente de lado e olhou para
eles. John Altman estava deitadoao lado da frágil mulher, com umbraço em cima dela, protegendo-a
Os meninos dormiam perto deles
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um esparramado de costas, o outroencolhido de lado, com o coberto
cobrindo a cabeça. Miriam e Leaestavam encaixadas como colherese Miriam abraçava a irmã.
Angel ficou observando o rostode Miriam. Essa menina era umanova entidade.
Angel não conhecia muitade s s a s boas meninas. As quemoravam nas docas tinham sido
proibidas pelas mães de andar comela. Sally disse uma vez que aboas meninas eram sem-graça e
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que censuravam tudo, por isso éque, quando cresciam e se
casavam, seus maridofrequentavam bordéis. Miriam nãoera sem-graça nem crítica. Tinha
provocado e brincado com o pai anoite toda, enquanto cuidava damãe doente. Dava para ver que a
rmãs e os irmãos a adoravam. SóJacob resistira quando ela lhedissera o que fazer, mas bastou um
olhar do pai para que eleobedecesse. Na hora de as criançarem para a cama, foi Miriam quem
cuidou disso, e rezou baixinho com
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elas enquanto os homenconversavam.
“Quero ser sua amiga.” Angel fechou os olhos. A cabeç
doía. O que Miriam e ela teriam
para conversar? Não tinha a menodeia, mas parecia que teria deencarar isso. Os homens já tinham
desenvolvido uma camaradagemnatural. Os dois amavam a terraJohn Altman falava do Oregon como
se falasse de uma mulher atraentee Michael falava do vale da mesmaforma.
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– Papai – disse Miriam de bomhumor –, você estava convencido
de que a Califórnia era o paraísoaté descermos as Sierras.Ele balançou a cabeça.
– Aqui tem mais movimento doque em Ohio. A região toda estánfestada de caçadores de fortuna.
– Todos aqueles bons meninosde boas famílias – disse Miriamexibindo uma covinha de um lado
do rosto. – Talvez até alguns deOhio.
– Que enlouqueceram –
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observou John Altman comamargura.
Miriam cutucou-lhe o ombro. – Você também estariapeneirando ouro num riacho, papa
se não tivesse de cuidar de nótodos. Vi o brilho da ganância emseus olhos quando aquele
cavalheiro falava que tinhaencontrado um bom filão noAmerican – e virou-se para Michae
e Angel. – O homem agora é donode uma grande loja de material deconstrução. Ele disse que chegou na
Califórnia com pouco mais do que
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uma pá e a roupa do corpo. – Uma chance em um milhão –
disse John. – Ah, mas pense só, papai –
continuou Miriam teatralmente
com a mão no coração e os olhoescuros faiscando de malícia –você e os meninos poderiam
peneirar o leito do Long Tomenquanto mamãe e eu cuidaríamode um pequeno café no
acampamento, para atender todoaqueles pobres, queridosoprimidos, belos e jovens solteiros.
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Michael deu risada e John deum puxão na trança da filha.
Angel estava fascinada com oAltman. Todos se gostavam. JohnAltman detinha nitidamente o
comando e não toleravadesrespeito nem rebelião, matambém era claro que a mulher e
os filhos não eram dominados pomedo dele. Até a breve rebeldia deJacob tinha sido tratada com bom
humor. – Sempre que você não
obedecer será tratado com uma
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disciplina rígida – disse-lhe o pai. –Eu cuido da disciplina e você da
rigidez.O menino capitulou e o srAltman passou a mão
afetuosamente em seu cabelo.E se eles resolvessem ficar novale? Angel massageou a
têmporas latejantes. O que tinhaem comum com elesEspecialmente com uma jovem
virgem de olhar inocente? Quandorevelara sua antiga profissão econtara como Michael e ela se
conheceram, esperava que a
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menina ficasse chocada e adeixasse em paz. A última coisa
que imaginara foi aquela expressãode preocupação e a oferta deamizade.
Angel sentiu um movimento aoado e abriu os olhos, apesar da dode cabeça. Ruth se aconchego
unto dela, procurando se aqueceem seu sono. Tinha tirado o dedoda boca. Angel tocou-lhe a face
macia e rosada, e de repente viu acara enfurecida de Duke flutuandodiante de seus olhos. Sentiu o tapa
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no rosto de novo. – Eu disse para você se prevenir
Angel sentiu Duke puxá-la pelocabelo, arrancá-la da cama e ficacara a cara com ela.
– A primeira vez foi fácil – eledisse, cerrando os dentes. – Dessavez vou cuidar para que você nunca
mais engravide.Quando o médico apareceu, ela
esperneou e lutou, mas não
adiantou. Duke e outro homem aamarraram na cama.
– Pode fazer – ele disse para o
médico.
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E ficou por perto para ter certezade que o doutor cumpriria a ordem
Quando Angel começou a berrareles a amordaçaram. Duke aindaestava lá quando a tortura
terminou. Cheia de dor e fraca pelaperda de sangue, ela se recusou aolhar para ele.
– Ficará boa em poucos dias –ele disse, mas Angel sabia queamais ficaria curada daquilo.
Ela o xingou de todos os nomeque conhecia, mas ele apenasorriu.
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– Essa é a minha Angel. Nada deágrimas. Só ódio. Isso me aquece
meu doce. Você ainda nãoaprendeu? – e a beijou combrutalidade. – Voltarei quando
estiver melhor.Deu-lhe um tapinha no rosto e
foi embora.
Aquela lembrança horrívetorturou Angel enquanto olhavapara a pequena Ruth Altman
Queria desesperadamente sair dabarraca, mas tinha medo de seevantar e acordar os outros. Fico
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olhando para o teto de lona eprocurou pensar em outra coisa. A
chuva começou de novo e com elatodos os velhos fantasmas. – Não consegue dormir? –
sussurrou Michael. Angel fez que não com a cabeça – Vire-se de lado.
Ela se virou, Michael a puxopara ele e a aconchegou junto aocorpo. A menina se mexeu e se
encolheu embaixo dos cobertoresencostada na barriga de Angel.
– Você arrumou uma amiga –
murmurou Michael.
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Angel abraçou Ruth e fechou oolhos. Ele abraçou as duas.
– Talvez tenhamos uma igual aela um dia – ele disse.
Ela ficou olhando para o fogo
desesperada.
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Amarás ao teu próximo como a t
mesmo – J E S U S , M A T E U S , 1 9 , 1
ichael instalou os Altma
confortavelmente na cabanae botou seu baú no ombro. Angefoi com ele até o celeiro e engoli
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qualquer reclamação. Sabia que eleestava decidido. O que ele ganharia
com aquele arranjo? Por que faziaaquilo para completodesconhecidos?
A chuva chegou para valerodos os dias, sem parar. Depoisde algumas noites, Angel passou a
gostar dos pios da coruja nocaibros e dos suaves ruídos docamundongos no feno. Michael a
mantinha aquecida. Às vezeacariciava o corpo delaprovocando-lhe sensações que a
deixavam nervosa. Quando o
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desejo dele ficava muito forte, seafastava e falava de seu passado
especialmente do velho escravo dequem ainda gostava muito. Em umdaqueles momentos tranquilos, sem
ameaças, Angel acabou lhecontando o que Sally havia lheensinado.
Michael apoiou a cabeça na mãoe brincou com o cabelo dela.
– Você acha que Sally tinha
razão em tudo o que diziaAmanda?
– Pelas suas regras, acho que
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não. – Por quais regras você que
pautar sua vida?Ela pensou antes de responder. – Pelas minhas.
Fora dos limites do celeiro eonge dos braços protetores deMichael, Angel era procurada
afetuosamente por Miriam. A todomomento, a menina sabotava adeterminação de Angel de fica
distante. Miriam a fazia rir. Eramuito jovem e cheia daquelamalícia inocente. O que Angel não
compreendia era por que aquela
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menina queria ser sua amiga. Sabiaque devia desencorajá-la, ma
Miriam ficou imune às suarejeições e continuava a provocá-lae a diverti-la.
Completamente carente de vidaem família quando criança, Angenão sabia o que esperavam dela
quando passava as noites comMichael na cabana, com a famíliaAltman. Ficava quieta, observando
os. Era cativada pela camaradagemrespeitosa que havia entre John eElizabeth Altman e seus cinco filhos
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John era um homem empedernidoque raramente sorria, mas deixava
claro que adorava os filhos – e quetinha um carinho especial pela filhamais velha, apesar das constante
discussões. Andrew tinha olhos castanhobem escuros. Ele e o pai eram
muito parecidos, tanto fisicamentecomo no comportamento. Jacob erasociável e dado a pregar peças
Leah era séria e tímida. A pequenaRuth era aberta e inteligente, aqueridinha de toda a família. Po
alguma razão que Angel não
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conseguia entender, a menina seapegara demais a ela. Talvez fosse
o cabelo louro que atraísse seafeto. Qualquer que fosse o motivosempre que Michael e ela
chegavam para visitar a famíliaRuthie se sentava aos pés dela.
Miriam achava graça nisso.
– Dizem que os cães e acrianças são capazes de sentiquando a pessoa tem bom coração
Não podemos negar isso, não é?Elizabeth ficou uma semana
nteira fraca, sem poder se levanta
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da cama, depois que elechegaram. Angel cozinhava e
cuidava das tarefas domésticas, eMiriam atendia às necessidades damãe e dos irmãos. Michael e Joh
arrancavam tocos no campoQuando chegavam para jantarJohn se sentava com sua mulher
segurava-lhe a mão e conversavabaixinho. As crianças brincavam depega-varetas e cama de gato.
Angel observava John e seembrava de todas aquelasemanas em que Michael ficara
cuidando dela, depois da surra de
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Magowan. Lembrava-se de secarinho e de sua consideração. Ele
tinha suportado os piores insultocalado, com toda paciência. Estavantegrado com aquela gente. Era
ela que não combinava. Angel não conseguia evitar a
comparações. Seu pai a odiava a ta
ponto, antes mesmo de ela nascerque quis que fosse descartadacomo lixo. A mãe era tão obcecada
por ele que quase esquecera quetinha uma filha. Da vida que levaracom as prostitutas, Angel acabara
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se acostumando com mulheres quesó se preocupavam com o corpo e
com o fato de estarem começandoa envelhecer. Estava habituada comaquelas mulheres que tinham como
passatempo arrumar o cabelo e aroupas e que falavam sobre sexocom a mesma facilidade com que
comentavam sobre o tempo.Elizabeth e Miriam eram
novidades fascinantes para ela. Ela
se adoravam. Não falavampalavrões, eram limpas earrumadas, sem se preocupa
demasiadamente com a aparência
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e falavam de tudo, menos de sexoApesar de Elizabeth estar frac
demais para trabalhar, elaorganizava e conduzia as tarefas deMiriam e das crianças. A pedido
dela, Andrew fez uma armadilhapara apanhar peixes e a botou noriacho. Leah ia buscar água. Jaco
roçava a horta. Até a pequena Rutajudava, pondo a mesa e colhendoflores silvestres para enfeitar
Miriam lavava, passava, remendavaas roupas e tomava conta dormãos. Angel se sentia inútil.
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Depois que Elizabeth ficou boaela assumiu o controle tota
Desempacotou seu fogão, suapanelas e passou a cuidar dacozinha. Os Altman tinham se
abastecido em Sacramento e elapreparava refeições deliciosas, comcarne de porco salgada e frita
molho, feijão com melado, broa demilho e ensopado de coelho combolinho de trigo. Quando a
armadilha para peixes funcionavafritava truta com ervas e outrotemperos. Também fazia pão de
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milho na frigideira e uma vez assodois patos. Fazia biscoito de
polvilho para o café da manhãquase todos os dias. Como iguariaespecial, fazia torta de maçãs.
Uma noite Elizabeth suspiroquando pôs a comida na mesa. – Algum dia teremos novamente
uma vaca, leite e manteiga. – Tínhamos uma quando saímo
de casa – disse Miriam para Ange
–, mas os índios gostaram delaquando chegamos perto de ForLaramie.
– Eu trocaria o relógio do papa
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por uma colherada de geleia deameixa – disse Jacob.
Elizabeth riu e deu um tapa deeve no filho.
Depois do jantar, a família
Altman tinha o hábito de falar dereligião. Muitas vezes John pediapara Michael ler a Bíblia. A
crianças eram muito vivas e semprefaziam perguntas. Se Deus crioAdão e Eva, por que deixou qu
eles pecassem? Deus realmentequis que eles andassem nus peloparaíso? Mesmo no inverno? Se
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havia apenas Adão e Eva, comquem os filhos deles se casaram?
Com os olhos brilhando, Johrecostava-se na cadeira para fumaseu cachimbo e Elizabeth tentava
responder às infinitas perguntasMichael dava sua opinião e falavade sua crença. Contava histórias
em vez de lê-las. – Você daria um ótimo pregado
– disse John.
Angel quase reclamou, maentão entendeu que aquilo tinhasido um elogio.
Ela nunca participava da
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conversas. Nem quando Miriamperguntava o que ela achava. Dava
de ombros e se esquivava deresponder, ou então devolvia apergunta para a menina. Então
uma noite, Ruth foi direto ao ponto – Você não acredita em Deus?Sem saber como responder
Angel disse: – Minha mãe era católica. Andrew ficou boquiaberto.
– O irmão Bartolomeu disse queles adoram ídolos.
Elizabeth ficou muito ruborizada
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com o comentário do filho e Johtossiu. Andrew pediu desculpas.
– Não precisa – disse Angel. –Minha mãe não adorava nenhumdolo, que eu me lembre, mas ela
rezava muito.Não que tivesse adiantadoalguma coisa.
– Para que ela rezava? –perguntou a irreprimível Ruthie.
– Para a salvação.
Decidida a não tomar parte deuma discussão religiosa, Angepegou o material que Michae
comprara para fazer suas roupa
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novas. Persistiu um silêncio nacabana que fez a pele dela
formigar. – Para a salvação de quê? –
perguntou Ruthie.
– Falamos sobre isso depois –disse Elizabeth. – Agora vocêscrianças, têm lição para fazer.
Ela se levantou e pegou os livrode estudos dos filhos. Depois de umtempo, Angel percebeu que Michae
olhava para ela com carinho. Secoração palpitou estranhamenteDesejou estar na escuridão fresca e
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tranquila do celeiro, sem ninguémolhando para ela, nem mesmo
aquele homem que passara a temuita importância em sua vida. Voltou a se concentrar no
pedaço de tecido que tinha no coloPor onde começar? Sem nunca tecosturado nenhuma roupa, não
sabia o que fazer. Pensava em todoo dinheiro que Michael havia gastoe ficava com medo de cortar e
arruinar a peça. – Parece que está chateada –
disse Miriam, com um largo sorriso
– Não gosta de costurar?
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Angel sentiu o rubor tomandconta do rosto. Sua ignorância e
sua inexperiência eram umahumilhação. Claro que Elizabeth eMiriam deviam saber exatamente o
que fazer. Qualquer moça decenteera capaz de fazer uma blusa euma saia.
De repente Miriam parecearrependida de ter chamadoatenção para algo que não devia.
deu um sorriso ressabiado paraAngel.
– Não gosto muito de costurar
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Mamãe é a costureira de nossafamília.
– Adoraria ajudá-la – ofereceElizabeth. – Você já tem muito que fazer –
disse Angel rispidamente.Miriam se animou. – Ah, deixe mamãe fazer isso
para você, Amanda. Ela adoracosturar e não tem tido muita rouppara fazer nesse último ano.
Sem esperar a resposta, Miriampegou o tecido da mão de Angel e oentregou para a mãe.
Elizabeth deu risada e fico
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muito contente. – Você se importa, Amanda?
– Acho que não – disse Angel.E levou um susto quando Ruthie
subiu em seu colo.
Miriam sorriu de orelha a orelha – Ela só morde os irmãos. Angel tocou no cabelo escuro e
sedoso da menina e ficoencantada. A pequena Ruth eramuito fofa, com as bochecha
rosadas e grandes olhos castanhosEla sentiu uma pontada de tristezano coração. Como seria seu filho
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Apagou a lembrança horrível deDuke e do médico e saboreou a
afeição de Ruthie. A meninatagarelava como uma gralha, eAngel só escutava e balançava a
cabeça. Ela olhou para cima eencarou o olhar de Michael. Elequer filhos, pensou, e aquela ideia
foi como um soco na boca doestômago. E se ele soubesse queela não podia ter filhos? Será que
seu amor morreria? Não conseguificar olhando nos olhos dele.
– Papai, toca um pouco de
violino para nós? – pediu Miriam. –
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Você não toca há muito tempo. – Papai, toque, por favor –
mploraram Jacob e Leah. – Está guardado no baú – ele
disse, com um olhar sombrio.
Angel esperava que aquilopusesse um ponto final naconversa, mas Miriam era teimosa.
– Não está não. Eu tirei de láesta manhã.
John olhou feio para a filha, ma
ela apenas sorriu, agachada ao ladodele, e pôs a mão no joelho do pai.
– Por favor, papai – disse, com
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uma voz muito suave. – Tudo temseu tempo, um momento para tudo
Lembra-se? Um tempo para chorae um tempo para rir; um tempopara lamentar e um tempo para
dançar.Elizabeth ficou imóvel, com amãos sobre o tecido estendido na
mesa de jantar. Quando John olhoupara ela, os olhos dele se encheramde dor. E os dela estavam cheios de
ágrimas. – Faz muito tempo, John. Tenho
certeza de que Amanda e Michae
am gostar de ouvi-lo tocar.
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Miriam fez um sinal para Leahque foi buscar o instrumento e o
arco, entregando-os para o paDepois de muito tempo, ele pegoos dois e os botou no colo.
– Eu o afinei esta tardeenquanto vocês estavam naplantação – Miriam admitiu.
John passou os dedos nacordas, pegou o violino, encaixou-ono queixo e começou a tocar. Com
as primeiras notas da música, oolhos de Miriam se encheram deágrimas e ela cantou com uma vo
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aguda e pura. Quando terminouele pôs o instrumento no colo outra
vez. – Foi lindo – ele disse, muitocomovido, e tocou o cabelo da filha
– Para David, não é? – É, papai.Elizabeth levantou a cabeça e a
ágrimas escorreram-lhe pelo rosto – Nosso filho – disse para Ange
e Michael. – Tinha só 14 ano
quando... – ela perdeu a voz e sevirou para o outro lado.
– Ele era tenorino – disse
Miriam. – Tinha uma vo
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maravilhosa. Preferia canções maianimadas, mas “Amazing Grace
era o hino de que mais gostava. Eracheio de vida e aventureiro.
– Morreu perto de Scott’s Bluff –
Elizabeth conseguiu dizer. – Ocavalo o derrubou quandoperseguia um búfalo. Ele bateu a
cabeça.Ficaram todos em silêncio um
tempo.
– Vovó morreu na bacia deHumboldt – Jacob disse, quebrandoo silêncio.
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Elizabeth se sentou lentamente. – Éramos a única família que ela
tinha e, quando resolvemos vir paro oeste, ela veio conosco. Nuncateve saúde muito boa.
– Ela nunca se arrependeu, Liza– disse John.
– Eu sei, John.
Angel ficou pensando seElizabeth tinha se arrependidoalvez ela jamais quisesse deixa
sua casa. Talvez tudo aquilo fossedeia do marido. Angel olhou paraos dois e imaginou se John estava
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pensando a mesma coisa, masquando Elizabeth se recuperou e
olhou para o marido no outro cantoda sala, não havia ressentimentoem seu olhar. John pegou o violino
de novo e tocou outro hino. Dessavez Michael também cantou. Suavoz rica e profunda povoou a casa
e as crianças ficaram deslumbradacom ele.
– Ora, ora! – exclamo
Elizabeth, sorrindo satisfeita. – É defato abençoado por Deus, srHosea.
Os meninos quiseram canta
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canções de viagem e o pai lheatendeu. Quando esgotaram o
repertório, Michael contou a históriade Ezra e dos escravos quecantavam nos campos de algodão
Cantou uma canção da qual aindase lembrava. Era lenta e triste.
– Diminua a marcha, doc
vagão, para levar-me para casa... A voz de Michael partiu o
coração de Angel.
Ela estava tensa quando elefinalmente voltaram para o celeiroMuitas dúvidas lhe povoavam a
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mente. E se mamãe tivesse secasado com um homem igual a
John Altman? E se ela mesmativesse sido criada numa famíliacomo aquela? E se tivesse
conhecido Michael íntegra e pura?Mas nada havia acontecidodaquele jeito, e desejar não
tornava nada melhor. – Você teria se dado muito bem
no Silver Dollar Saloon – ela disse
querendo brincar e deixar o assuntomais leve. – O cantor que eletinham não era, nem de longe, tão
bom quanto você. Ele cantava
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essas mesmas músicas –acrescentou secamente –, mas a
etras eram diferentes. – De onde acha que a igreja
tirou grande parte de suas músicas
– Michael deu uma risadinha. – Opregadores precisam de melodiabem conhecidas para fazer com que
suas congregações cantem junto –e pôs os braços atrás da cabeça. –alvez eu pudesse converte
algumas pessoas.Ele estava provocando Angel, e
ela não queria ficar mais dócil ainda
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com ele. Ele já fazia seu coraçãosofrer. Quando ela olhava para ele
era como se os nervos estivessem àflor da pele. – As letras que eu poderia canta
para você são ofensivas, vulgares. Angel sentiu o silêncio pensativode Michael enquanto se despia e se
deitava embaixo das cobertas. Ocoração batia tão depressa queachou que daria para ouvir.
– E nem tente me ensinar asuas – ela disse. – Não vou cantaoas a Deus por nada neste mundo
Ele não virou de costas como ela
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esperava. Michael a segurou comseus braços fortes e a beijou até
ela não conseguir mais respirar. – É, ainda não – ele disse. Atiçou a brasa que havia dentro
dela com as mãos até virar umachama, mas não abafou depoisDeu-lhe o espaço e a liberdade que
ela pensava que queria e deixoaquele fogo arder.
Em poucos dias Elizabetpreparou uma blusa xadrez amarela
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e uma saia ferrugem para provaAngel ficou sem jeito quando tirou a
roupa, envergonhada com o estadoamentável da roupa de baixo quetinha sido de Tessie.
– Precisa de mais uma pregaaqui, mamãe – disse Miriampuxando dois centímetros da blusa.
– É, e mais folga aqui atrás, eacho – disse Elizabeth, afofando otecido na parte de trás da saia.
Angel estava aflita pelo fato deas duas terem tanto trabalho pocausa dela. Quanto meno
fizessem, menos ela deveria.
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– Vou usar essas roupas paratrabalhar na horta – disse.
– Não precisa parecer uma bruxafazendo isso – disse Miriam.
– Não quero dar trabalho nem
ncomodá-las. A roupa estava ótima assim
mesmo, não precisava ter um
caimento perfeito. – Incomodar? – disse Elizabeth
– Bobagem. Não me divirto tanto
há meses! Pode tirar a roupa agoraCuidado com os alfinetes.
Angel tirou a saia e a blusa
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pegou rapidamente as roupausadas de Tessie e viu o olhar de
pena de Elizabeth para acombinação gasta e as ceroulapuídas. Se tivesse as roupas que
usava no Palácio, aquelas senhoraficariam impressionadasProvavelmente nunca tinham visto
roupa de baixo de cetim e rendavinda da França, ou tecidos de sedada China. Duke só lhe comprava do
melhor. Até a Duquesa, por maispão-dura que fosse, nunca pensariaem vesti-la com aqueles trapos
Mas não, tinha de se exibir para
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elas com roupa de baixo feita desacos de farinha usados.
Queria explicar que aquelapeças não eram dela, que tinhampertencido à irmã de Michael, ma
sso só suscitaria perguntas que eladetestaria ter de responder. E pior,poderia repercutir mal para Michae
Não queria que pensassem madele. Não sabia por que issomportava tanto, mas o fato era
que importava. Vestiu-serapidamente, gaguejou umagradecimento e escapuliu para o
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ardim.Onde estava Michael? Ela
desejou que estivesse por pertoFicava mais segura com ele, menosozinha e desambientada. John e
ele estavam no campo arrancandotocos de árvore naquela manhãmas agora tinham sumido. O
cavalos não estavam no curraalvez Michael tivesse levado John
para caçar.
A jovem Leah colhia pés dealface em volta dos carvalhos, eAndrew e Jacob tinham ido pescar
Angel abaixou-se para limpar a
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horta de ervas daninhas e procuronão pensar em nada.
– Posso brincar aqui? –perguntou a pequena Ruth, paradano portão. – Mamãe está lavando
roupa e disse que eu estava sendouma peste.
Angel deu risada.
– Pode entrar, querida.Ruthie se sentou no caminho
onde ela estava trabalhando e não
parou de falar enquanto arrancavao mato que Angel apontava paraela.
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– Não gosto de cenoura. Gostode vagem.
– Então você está aí – disseMiriam, abrindo o portão. – Eu falepara mamãe que sabia onde
encontrá-la – e balançou o dedopara a irmã.
Miriam se abaixou e segurou o
queixo da menina. – Sabe que não pode sair de
perto dela sem dizer exatamente
para onde vai. – Estou com a Mandy. – Mandy? – disse a irmã mai
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velha, endireitando o corpo eolhando para Angel. – Ora, Mand
está trabalhando. Angel mostrou uma pequenacenoura no cesto.
– Ela está me ajudando.Miriam mandou Ruthie voltapara perto da mãe e se ajoelho
para trabalhar ao lado de Angel. – Combina melhor com você –
comentou, desbastando os pés de
feijão. – O quê? – perguntou Ange
meio ressabiada.
– Mandy – disse Miriam. –
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Amanda não se parece com vocênão sei por quê.
– Meu nome era Angel. – É mesmo? – disse Miriam
erguendo dramaticamente a
sobrancelhas.Ela balançou a cabeça, piscando
os olhos.
– Angel também não combina. – E “ei-você” serve?Miriam jogou um torrão de terra
em Angel. – Acho que vou chamá-la de
srta. Priss – ela disse. – A propósito
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– continuou, jogando o mato nobalde –, eu não ficaria tão
constrangida com sua roupa debaixo.Diante da reação espantada de
Angel, ela deu risada. – Você precisa ver as minhas!
Alguns dias depois, Elizabetdeu para Angel algo dentro de uma
fronha e disse para ela não abrir nafrente de ninguém. Ela espiou ládentro, curiosa, Elizabet
enrubesceu e correu de volta para a
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cabana. Ainda curiosa, Angel fopara o celeiro e esvaziou a fronha
Pegou as peças de roupa e viu queeram uma linda combinação eceroulas. O corte e os bordado
eram requintados. Abraçou as peças no colo e
sentiu um calor subindo pelo rosto
Por que Elizabeth tinha feito issoPor pena? Ninguém jamais lhe deranada sem querer algo em troca. O
que Elizabeth queria? Tudo o quetinha era de Michael. Alé elamesma pertencia a ele. Enfiou a
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roupas de volta na fronha e saiuMiriam tinha ido pegar água no
riacho e Angel a interceptou. – Devolva essas coisas para asua mãe e diga que não preciso
delas.Miriam botou os baldes no chão. – Mamãe teve medo de qu
você se ofendesse. – Não estou ofendida. Apena
não preciso disso.
– Você está zangada. – Leve essas coisas de volta
Miriam. Não as quero.
Angel estendeu a fronha para a
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moça de novo. – Mamãe fez isso especialmente
para você. – Para poder ter pena de mim
Ora, diga que agradeço muito e que
ela pode usar, se quiser.Miriam ficou irritada.
– Por que você quer tanto
pensar o pior de nós? A únicantenção de mamãe foi agradá-laEla está tentando lhe agradecer po
você ter-lhe dado um teto depoide passar meses naquela carroçamiserável!
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– Ela não precisava meagradecer. Se quiser agradecer a
alguém, diga para agradecer aoMichael. Foi ideia dele.No mesmo instante, Angel se
arrependeu daquelas palavraduras, e os olhos da menina seencheram de lágrimas.
– Bem, então imagino que elepossa usar a combinação e aceroulas, não é?
Miriam pegou os baldes de novoAs lágrimas lhe escorriam pelorosto.
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– Você não quer gostar de nósnão é? Já resolveu isso.
Angel sentiu a mágoaestampada no rosto de Miriam. – Por que não fica com isso para
você? – perguntou, num tom maisuave.
Miriam não esmoreceu.
– Se pretende magoar minhmãe, então faça isso pessoalmenteAmanda Hosea. Não vou fazer po
você. Vá você mesma dizer para elaque não quer um presente que elahe fez porque gosta de você como
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se fosse uma de suas filhas. E ésso que você é. Apenas uma
criança idiota que não reconhecealgo precioso quando está bem nafrente do seu nariz!
Miriam ficou com a voembargada e foi embora correndo. Angel voltou para o celeiro.
Agarrada à combinação e àceroulas, sentou-se de costas paraa parede. Nunca imaginou que
algumas frases ásperas de umamenina ingênua pudessemmachucar tão profundamente
Jogou as peças longe e apertou o
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olhos com os punhos cerrados.Miriam entrou sem fazer barulho
e pegou a roupa do chão. Angeesperou que ela saísse, mas Miriamse sentou perto dela.
– Sinto muito por ter sido tãobrusca com você – dissetimidamente. – Eu falo demais.
– Você diz o que pensa. – É, digo sim. Por favor, aceite o
presente de mamãe, Amanda. Ela
ficará magoada se não aceitar. Elatrabalhou dias nisso e levou umamanhã inteira para criar coragem
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para lhe dar. Toda jovem noiva temde ter alguma coisa especial. Se
devolver, ela vai saber que seofendeu. Angel dobrou os joelhos e o
encostou no peito. Sentiu-seencurralada pelo pedido de Miriam. – Eu teria passado direto po
vocês na estrada aquele dia. Angel fez uma careta por dentro
e enfrentou o olhar de Miriam.
– Você sabia, não sabia?Miriam sorriu um pouco.
– Mas agora que estamos aqu
não se importa, não é? Acho que
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não sabia o que pensar de nós nonício. Mas isso mudou, não foi
Ruthie sentiu quem você era decara. Ao contrário do que podepensar, ela não se apega assim a
todas as pessoas que conhece. Nãodo jeito que ficou com você. Etambém gosto muito de você, que
goste disso ou não. Angel apertou os lábios e não
disse nada.
Miriam pegou e dobrou acombinação e as ceroulas.
– O que me diz?
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– São muito lindas. Acho qudeve ficar com elas.
– Eu já tenho, guardadas nomeu baú de enxoval. Até eu mecasar, saco de farinha serve muito
bem. Angel percebeu que não
chegaria a lugar algum com aquela
menina. – Você não nos entende, não é
– disse Miriam. – Às vezes você
olha para mim de um modo tãoestranho... Em que a sua vida é tãodiferente da minha?
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– Mais diferente do que vocêpoderia imaginar – disse Ange
desolada. – Mamãe diz que é bom falardesabafar.
Angel arqueou uma sobrancelha – Nem pensaria em conversa
sobre a minha vida com uma
criança. – Tenho 16 anos. Você não é
muito mais velha do que eu.
– Na minha profissão, os anonão têm nada a ver com a idade.
– Não é mais sua profissão, não
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é? Você está casada com MichaelAquela parte de sua vida acabou.
Angel desviou o olhar. – Não acaba nunca, Miriam. – Não quando você fica
carregando isso por aí como umfardo. Angel ficou espantada. Deu uma
risada triste. – Você e Michael têm muito em
comum.
Ele tinha dito a mesma coisapara ela um dia. Nenhum dos doientendia. Não dava para
simplesmente mudar e dizer que
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aquelas coisas nunca aconteceramAconteceram sim, e deixaram
feridas profundas, feias, abertas. Emesmo quando as feridas sefechavam, deixavam cicatrizes.
– Só se afastar e esquecer –Angel disse, zombeteira. – Não étão simples assim.
Miriam brincou com uma folhade feno e mudou de assunto.
– Imagino que teria de fazer um
esforço enorme, mas não valeria apena?
– Isso sempre volta.
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aquela linda roupa de baixo quemamãe fez para mim e guardou no
meu baú. Angel ficou perturbada só depensar naquela menina doce com
Paul. – Coisas bonitas não significamgrande coisa, Miriam. Não mesmo
Espere por alguém como Michael.Ela mal acreditou que tinha dito
aquilo.
– Só existe um Michael, Amandae ele é seu. Como é esse Paul?
– O oposto de Michael.
– Então quer dizer que ele é.
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feio, fraco, mal-humorado egrosseiro?
– Isso não é brincadeira, Miriam – Você é pior do que a mamãe
Ela não fala nada sobre os homens
– Não há muito que falar. Todoseles comem, defecam, fazem sexoe morrem – disse Angel sem
pensar. – Você é muito amarga, não é? Angel ficou sentida, mas não
demonstrou. Aquela menina nãopodia mesmo entender. Não semter convivido com Duke. Devia te
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ficado calada, em vez de manifestasuas ideias sem pensar. O que
podia dizer? Fui estuprada aos 8anos por um homem adultoQuando ele se cansou de mim, me
entregou para Sally e ela meensinou como fazer coisas que umaboa menina nem imaginaria?
Não, aquela menina deveriapermanecer inocente, encontrar umovem, casar-se virgem com ele, te
filhos e uma família igual à famíliade onde veio. Não precisava sepoluir.
– Não me pergunte nada sobre
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os homens, Miriam. Você não iagostar do que tenho para dizer.
– Espero que um dia um homemolhe para mim do jeito que Michaeolha para você.
Angel não lhe disse que ohomens olhavam para ela daqueleeito havia mais tempo do que era
capaz de se lembrar. Isso nãosignificava absolutamente nada.
– Papai diz que preciso de um
homem forte, que tenha mão firmecomigo – disse Miriam. – Mas querum homem que precise de mim
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também. Quero alguém que tenhaternura, além de força.
Angel observou Miriam ali nbaia, sonhando com seu príncipeencantado. As coisas talvez fossem
diferentes se Michael tivesseconhecido Miriam antes dela. Comopoderia evitar se apaixonar por ela
Era vivaz, pura e devota. Miriamnão tinha fantasmas. Nenhumdemônio nas costas.
Miriam se levantou e espanou ofeno da saia.
– É melhor eu parar de sonhar e
r ajudar mamãe a lavar a roupa – e
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se abaixou, botando a combinaçãoe as ceroulas no colo de Angel. –
Por que não experimenta isso antede decidir?
– Eu não magoaria sua mãe po
nada neste mundo, Miriam.Os olhos da menina se encheram
de lágrimas.
– Nunca achei que faria isso.E foi embora.
Angel pôs a cabeça para trás
Logo no início Duke tinha lhecomprado um guarda-roupa cheiode vestidos enfeitados e aventai
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rendados, abastecera as gavetas dacômoda de fitas e laços de cetim
Grande parte das roupas era feitaem Paris. – Agradeça-lhe – dizia Sally
enquanto banhava e vestia Angepara a próxima visita de Duke. –Procure lembrar que você estaria
morta de fome nas docas se nãofosse pelo Duke. Agradeça-lhe efaça isso sinceramente. Fique feli
por ele. Se criar muito caso, eleencontrará outra menina, que seráboa para ele, e então o que acha
que vai acontecer com você?
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Aquele aviso ainda provocavaarrepios. Aos 8 anos, Angel achava
que Duke mandaria Ferguestrangulá-la com sua corda fina epreta e jogá-la no beco, onde seria
comida pelos ratos. Por isso tentouser grata, mas isso nuncafuncionou. Tinha medo e ódio de
Duke. Só mais tarde aquela suaterrível dependência da boavontade dele a fizera pensar que o
amava. Não levou muito tempopara saber a verdade.
Duke ainda a assombrava. Ainda
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era o dono de sua alma.Não, não é. Estou na Califórnia
Ele está a oito mil quilômetros dedistância e não pode me encontrarEla estava com Michael e com o
Altman e podia resolver mudar suavida. Não podia?Olhou para as peças imaculada
no colo. Elizabeth não queria nadaem troca. Diferentemente de Dukedava-lhe aquele presente de livre e
espontânea vontade, sem esperanada de volta.
As palavras de Duke zombaram
dela, lá no fundo.
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“Todos querem alguma coisaAngel. Ninguém lhe dará nada sem
esperar alguma coisa de volta.” Angel fechou os olhos e viu o
rosto doce e pensativo de Elizabeth
– Não acredito mais em vocêDuke.
Não?
Revoltada com o eco da vodele, ficou de pé e tirou a rouparapidamente. Vestiu a nova
combinação e as ceroulasServiram-lhe perfeitamente. Sentiuse muito bem com elas. Ia se vesti
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e procurar Elizabeth para lheagradecer como devia. Ia fingir que
era pura, íntegra, e não ia deixaque os pesadelos dos últimos deanos destruíssem tudo.
Não dessa vez. Não se pudesseevitá-los.
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De todas as paixões primitivas
o medo é a mais amaldiçoada – S H A K E S P E A R
ichael se preocupava porque
Amanda estava se apegandà família Altman. John ainda falavasobre o Oregon como se fosse o
céu, e a primavera já estava
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chegando. Assim que o tempofirmasse, ele ia querer segui
viagem. Michael sabia que nãopodia contar com as mulheres deJohn para mantê-lo no vale. Terra
boa era o único argumento que ofaria mudar de ideia.
Era evidente que a jovem Miriam
adorava Amanda como a uma irmãe Ruth a seguia por toda parteElizabeth achava boa aquela
aproximação da caçula com aovem, mas Michael considerava umperigo. Amanda abria seu coração
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cada dia mais. O que aconteceriacom ela se os Altman levantassem
acampamento e partissem?Ele parou de cavar em volta dotoco de árvore, virou-se para trás e
olhou para a cabana. Amandaenchia dois baldes de água noriacho. Elizabeth tinha acendido o
fogo e posto uma grande bacia emcima, e Miriam separava a roupapara lavar. A pequena Ruth
saltitava ao lado de Amandatagarelando alegremente.
Senhor, ela precisa de um filho.
– A pequena realmente gosto
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dela, não é? – disse John, apoiandoo corpo no cabo da picareta
observando Ruthie e Amanda. – Gostou mesmo. – Está preocupado com alguma
coisa, Michael?Ele bateu com o pé na pá e
botou a terra de lado.
– Se você for para o norte com asua família, vai partir o coração daminha mulher.
– Sem falar do coração de LizaEla adotou sua mulher, se é queainda não notou.
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– Temos terras muito boas aqumesmo.
– Não tão boas como no Oregon – Não vai encontrar o quprocura no Oregon e em nenhum
outro lugar.Naquela noite, Michae
conversou com Amanda sobre
vender uma parte da terra delepara os Altman.
– Eu queria conversar com você
antes de falar com ele. – Não vai fazer diferenç
nenhuma. Ele passou a noite inteira
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falando do Oregon. Mal podeesperar para ir embora.
– Ele ainda não viu as terras noextremo oeste da propriedade –disse Michael. – Quando as vir
pode mudar de ideia. Angel se sentou. Tinha o coraçãoapertado de pensar que Miriam e
Ruth podiam partir para o Oregon. – De que adianta? Quando um
homem põe uma coisa na cabeça
nada o faz mudar de ideia. – John está procurando terra boa
para plantar.
– Ele está procurando o pote de
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– Não sei, Tirzah. Nunca estiveá.
Tirzah. Seu desejo por elaestava naquele nome. Angel sentium calor descendo pela barriga
quando ele o pronunciou. Tirzahentou não pensar no que
significava, mas ouviu barulho no
feno quando Michael se levantou, eseu coração pulou no peito. Ele seaproximou, ela olhou para ele e ma
conseguiu respirar. Quando Michaea tocou, Angel sentiu uma onda decalor e teve medo. Que poder era
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aquele que ele tinha sobre ela? – Não desista de ter esperança –
ele disse.Michael sentiu que Amanda ficotensa quando a segurou nos braços
Queria lhe dizer que podiam ter umfilho, mas teriam bastante tempopara isso, e aquela não era a hora
Ainda não. – John pode mudar de ideia
quando vir o que temos para lhe
oferecer.Ela achou que John não ia nem
querer ver as terras, mas ele quis
Os dois saíram na manhã seguinte
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assim que o sol nasceu. Angel viMiriam atravessar o jardim
correndo, com o xale jogado àpressas sobre o ombro. Ela abriu aporta do celeiro e subiu até a
metade da escada, chamandoAngel.
– Mandy, eu também quero ve
o oeste do vale. Fica a poucoquilômetros daqui, pelo que Michaedisse.
Angel desceu a escada. – Não vai fazer diferenç
nenhuma.
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– Você é derrotista comomamãe. Ainda não empacotamo
as coisas e não estamos com o péna estrada.Miriam falou praticamente o
caminho todo, inventando os planomais mirabolantes para impedir oêxodo do pai. Angel já sabia
mesmo só conhecendo os Altmahá um mês, que, se John dissessevamos, Elizabeth e Miriam
obedeceriam. – Lá estão papai e Michael –
disse Miriam. – Mas quem é aquele
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homem com eles? – Paul – respondeu Angel
mediatamente tensa.Não o via desde aquela terríveviagem para Pair-a-Dice, e não
tinha a menor vontade de encontráo agora. Mas que desculpa podianventar para dar meia-volta e i
para casa?Miriam nem notou o nervosismo
dela, de tão impelida que estava
pela curiosidade. Os três homenavistaram as duas. Michael acenouAngel cerrou os dentes. Não tinh
escolha, só podia ir ao encontro
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deles. Ficou imaginando como seriao ataque de Paul dessa vez.
Michael foi encontrá-la. Ela deum sorriso forçado e empinou oqueixo.
– Miriam quis vir.Ele beijou-lhe o rosto.
– Fico feliz porque ela a trouxe.
Os homens estavam cavandoMiriam pegou um pouco de terraAmassou-a com a mão e cheirou
Seus olhos brilharam quando sevirou para o pai.
– É tão rica que dá até par
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comer. – Não podia ser melhor.
– Nem no Oregon, papai? – Nem no Oregon.Miriam deu um gritinho e se
ogou nos braços do pai, rindo echorando ao mesmo tempo. – Espere só até mamãe sabe
disso! – Sua mãe não tem de saber de
nada. Só depois que tivermo
construído uma cabana para elaPrometa para mim.
Miriam secou as lágrimas.
– Mas, se você mencionar o
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Oregon uma única vez, papai, econto tudo para ela.
Angel olhou para Paul. Ele aencarou rapidamente. Com umolhar que destilava ódio. Ela
enrolou melhor o xale nos ombrosinha tirado bastante sangue dele
aquele dia na estrada. Enfiara a
faca até onde podia. Ele olhou paraela de novo, dessa vez por maitempo. Um animal ferido, furioso e
perigoso. – Paul é bonito – disse Miriam n
caminho de volta. – E aqueles olho
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escuros, misteriosos, pensativos... Angel não disse nada. N
despedida, Paul tocou na aba dochapéu e olhou para ela. Só ela vie ninguém mais notou a expressão
dos olhos dele, um olhar que aentregava nas mãos de Hades.
Os homens começaram atrabalhar na manhã seguinte. Pau
os encontrou com o machado e oenxó. Michael achou quatro pedragrandes para os alicerces. Foram
derrubar árvores.
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Jacob ficou sabendo do segredotrês dias depois, quando foi junto
com Miriam levar-lhes o almoçoeve de jurar que não contarianada e começou a trabalhar na
construção da cabana. QuandoMichael e John voltaram com ele nofim do dia, o menino estava
cansado demais para falar. – O que vocês estão fazend
com ele? – perguntou Elizabeth. –
Ele mal consegue levantar a cabeçapara longe do ensopado.
– Limpar a terra é trabalho duro
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Angel ficava trabalhando comElizabeth. Queria evitar encontra
Paul, mas, mais do que isso, queriapassar mais tempo com ela e comRuthie. Elizabeth percebeu isso e
he pedia para tomar conta dacrianças enquanto cozinhava. Angeaprendeu a brincar de pique
esconde-esconde, cabra-cega e decarniça. Ia para a beira do riacho eogava pedras chatas na água com
Ruthie e Andrew. Mas ficavapensando que tinha pouco tempopara conviver com eles.
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– As crianças a seguem como opintinhos com a galinha – disse
Elizabeth para John. – Ela é comouma irmã mais velha para eles.Miriam chamava Angel de canto
e lhe informava. – As paredes já estão erguidas.No outro dia:
– Já puseram o telhado. Angel ouvia cada uma dessa
notícias com um aperto no coração
– Paul já fez todas as telhapara o telhado.
E depois:
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– Michael e Paul estãoconstruindo a lareira.
Em poucos dias a cabana estariaterminada e os Altman semudariam para lá. Quatro
quilômetros já estavam parecendoquatro mil.
Paul seria o vizinho mai
próximo. Quanto tempo levariapara envenenar a amizade deles?
O tempo tinha firmado e estava
esquentando. – Não há por que continua
abusando da hospitalidade do
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Hosea – disse John. – hora deprocurar um lugar só nosso.
E disse para Elizabeth empacotaas coisas.Pálida, com os lábios apertados
ela começou a trabalhar. – Nunca vi mamãe tão zangada– disse Miriam. – Ela não falou mai
com papai desde que ele disse queamos embora. Agora ele não contapara ela por pura teimosia.
Angel ajudou Miriam a carregaa carroça. Andrew encheu o barrde água e o pendurou na latera
Jacob ajudou John a atrelar o
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cavalos. Quando Elizabeth foabraçá-la, Angel ficou sem fala.
– Vou sentir muito sua faltaAmanda – ela sussurrou com a voentrecortada.
Bateu de leve no rosto de Angecomo fazia com as crianças.
– Cuide muito bem de se
marido. Não há muitos como elepor aí.
– Sim, senhora – disse Angel.
Miriam a abraçou com força ecochichou.
– Você é uma atriz maravilhosa
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Realmente parece que está sedespedindo para valer de nós.
A pequena Ruth ficonconsolável e se agarrou a Angeaté que ela pensasse que se
coração ia se partir. Por que nãoam logo? Miriam pegou Ruthie emurmurou alguma coisa que fez a
menina se calar, depois a levantoue a pôs na traseira da carroça juntocom Leah. Ruth olhou para Ange
com uma expressão felicíssimaAgora todas as crianças já sabiamdo segredo.
– Eu ajudo você a subir, Liza –
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disse John.Ela não olhou para ele.
– Obrigada, mas acho que voandar um pouco.
Assim que partiram, Michael fo
selar seu cavalo. Angel ficou noardim, vendo a carroça se afastarJá sentia falta deles e sabia que a
distância só aumentava, como umabismo que não podia atravessarLembrou-se de quando mamãe a
enviara com Cléo para a costaEntrou na casa e encheu um cestocom biscoitos doces e maçãs. Nada
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seria a mesma coisa.Paul estava na cabana do
Altman quando Michael e elachegaram. Tinha um lombo deveado assando no espeto. Ange
pendurou as cortinas que Elizabettinha feito para a cabana deMichael, enquanto os homen
conversavam. Michael saiu para vese ainda dava para avistar oAltman. Angel sentiu o olhar frio de
Paul nas costas. – Aposto que eles não sabem
nada sobre você, não é, Angel?
Ela se virou e o encarou. Ele não
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acreditaria se ela contasse. – Gosto muito deles, Paul, e não
quero que fiquem magoados.Ele deu um sorriso debochado.
– Quer dizer que espera pode
manter seu passado sórdido emsegredo.
Ela viu que não adiantava lhe
pedir nada. – Quero dizer que você faça o
que achar que deve fazer – disse
sem emoção.Quanto tempo ele levaria para
hes mostrar quem ela realmente
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nascido, a mesma dor de quandomamãe morrera, a mesma dor de
quando soubera da morte de Luckyinha sofrido assim até quandoDuke a entregara para outro
homem.Tinha sido abandonada potodas as pessoas das quais se
aproximava. Mais cedo ou maitarde elas iam embora. Omorriam. Ou perdiam o interesse
Bastava amar alguém paraacontecer isso. Mamãe, SallyLucky. Agora Miriam, Ruthie e
Elizabeth.
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Como pude esquecer essasensação?
Michael lhe deu esperança, ea esperança é mortal.
Sally uma vez dissera que
tínhamos de ser como uma pedraporque as pessoas tiravam pedaçode nós, e que essa pedra tinha de
ser bem grande, para que ninguémchegasse até o mais íntimo denosso ser.
Angel viu Michael parado ao soforte e belo. Seu coração secontorceu. Ele havia tirado mai
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ascas dela do que todos os outrose mais cedo ou mais tarde sairia de
sua vida e lhe deixaria um buracoonde antes havia o coração.Ele se aproximou e, quando vi
sua expressão, ficou muito sério. – Paul disse alguma coisa que amagoou?
– Não – disse Angel com a vorouca. – Não. Ele não disse nada.
– Você se aborreceu com alguma
coisa.Estou me apaixonando por você
Meu Deus, eu não quero, ma
estou. Você está se transformando
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no ar que eu respiro. Estoperdendo Elizabeth, Miriam e
Ruthie. Quanto tempo falta paraperdê-lo também? Ela se virou parao lado.
– Nada me aborreceu. Só estopreocupada com o que Elizabeth vaachar de tudo isso.
A resposta não demorou muitoA carroça chegou ao topo da subidae foi se aproximando. Elizabet
olhou incrédula da cabana paraJohn, que saltou da carroça com umsorriso de orelha a orelha. Então
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ela chorou e se jogou nos braços dJohn, dizendo que ele era um
desgraçado e que ela o adorava. – Você devia pedir desculpasmamãe – Miriam deu risada. – Fo
cruel com ele desde que saímos dacasa dos Hosea.John pegou a mão da mulher e
saíram a pé para ver a propriedadeMiriam começou logo a trabalha
na cabana, mas logo parou e olho
para Angel. – Você e Paul não se dão bem
não é?
– Não muito – disse Angel.
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Ruth puxou a saia dela, Angel apegou no colo e a encaixou no
quadril. – Ah, nada disso.Miriam secou as mãos, pego
Ruth e a botou no chão. – Mandy tem de me ajudar a
preparar um bolo e precisa da
duas mãos para fazer isso. E nãofaça bico para mim, senhorita.
Fez a menina dar meia-volta e
deu-lhe um tapinha no bumbum. – Michael está aí fora. Peça para
ele botar você na garupa.
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Miriam tirou as tigelas e olhopara Angel.
– Agora conte que história éessa. – O quê?
– Você sabe. Você e Paul. Ele aamava antes de se casar comMichael?
Angel deu uma risadazombeteira.
– De jeito nenhum.
Miriam franziu a testa. – Ele não aprovou. – Não aprova – corrigiu Angel. –
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E tem bons motivos. – Cite um.
– Você não precisa saber detudo, Miriam. Já sabe mais do quedevia.
– Se eu perguntar para ele, elevai contar? – ela provocou. Angel fez uma careta.
– Provavelmente sim.Miriam afastou uma mecha de
cabelo dos olhos e deixou uma
marca de farinha no rosto. – Então não vou perguntar. Angel adorava aquela menina
Num momento era uma criança
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como Ruth, cheia de vida e demalícia, e no momento seguinte
uma mulher, com ideias e vontadepróprias.
– Não pense muito mal dele –
Angel disse. – Ele estava cuidanddo Michael – ela bateu mais umavez na peneira e a pôs de lado. –
Conheci uma menina uma vez queganhou um pedaço de ametista depresente. Era lindo. Cristais roxos e
puros. O homem disse que vinha deum geodo em forma de ovo que elehavia quebrado e que ainda estava
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com parte da casca. Cinza, feiaisa. Eu sou assim, Miriam. Só que
virada do avesso. Toda a belezaestá aqui – e tocou na trança docabelo e no rosto perfeito. – Po
dentro sou escura e feia. Paul viusso.Miriam ficou com os olhos cheio
de lágrimas. – Então ele não a olhou bem. – Você é muito doce, mas muito
ngênua. – Sou essas duas coisas e
nenhuma das duas. Acho que você
não conhece de mim metade do
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que pensa conhecer. – Conhecemos tudo que temo
para conhecer uma da outra.O dia ficou tão quente e o cé
tão limpo que Miriam resolve
estender cobertores na relva paraum piquenique. Angel viu Michael ePaul conversando. Ficou com o
coração na boca ao pensar nacoisas horríveis que Paul teriaprazer em contar para Michae
sobre seu comportamento frio naestrada. Era tão grotesco que elaficou nauseada. Como Pau
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muito pior do que Paul poderiamaginar e, mesmo assim, a
aceitara de volta. Mesmo depois detê-lo abandonado e traído, elebrigou por ela. Angel jamais o
entenderia. Pensava que homencomo ele eram fracos, mas Michaenão era. Era tranquilo e constante
resoluto, como uma rocha. Comopodia olhar para ela sem odiá-ladepois de tudo que tinha feito
Como podia amá-la?Talvez ele ainda não tivesse se
dado conta da realidade de Ange
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Quando entendesse, olharia paraela do mesmo modo que Paul a
olhava. O que ele via agora estavaencoberto pela própria fantasia quealimentava, da mulher redimível.
Mas é tudo mentira. Estoapenas desempenhando outropapel. Algum dia o sonhador va
acordar e a vida voltará a ser comoantes.
Enquanto trabalhava e
conversava com Miriam, Angefingia que nada a incomodava. Osombrio silêncio interior cresceu
bem familiar e pesado
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empurrando-a para baixo. Elaremendou as frestas de sua
muralhas e se preparou para oataque que estava por vir. Mastoda vez que olhava para Michae
fraquejava.O passado a alcançava sempre
por mais que ela fugisse, por mai
onge que estivesse. Às vezes tinhaa impressão de que estava numaestrada e que ouvia a batida do
cascos dos cavalos que seaproximavam, como se umacarruagem fosse atropelá-la e ela
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não conseguisse sair da frente. Emsua imaginação, via a carruagem
chegando, e dentro dela estavamDuke, Sally, Lucky, a Duquesa eMagowan. E lá no alto, na boleia
estavam Alex Stafford e mamãe.Eles todos iam atropelá-la.Elizabeth e John voltaram. Ange
viu como ele tocavacarinhosamente a mulher, queficava vermelha de vergonha. Ela
tinha visto aquele mesmo olhar norosto de outros homens, mas elenão sorriam daquele jeito para ela
Com ela era apenas negócio.
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A cabana estava cheia e ela fopara fora, sentar-se no campo de
mostarda. Queria esvaziar a menteQueria que aquela angústia fosseembora. Ruthie foi para junto dela
Os pés de mostarda eram maialtos do que a menina, que achouma grande aventura abrir caminho
na floresta dourada. Angel aobservou arrancando flores eperseguindo uma borboleta branca
Seu coração ficou pequeno de tãoapertado.
Naquela noite Michael e ela
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riam embora dali e seria o fim. Elanão veria mais Ruthie. Nem Miriam
Nem Elizabeth. Nem os outrosAbraçou os joelhos com força contrao peito. Desejou que Ruthie
voltasse e pedisse colo. Queriacobrir aquele rostinho doce debeijos, mas a menina não
entenderia e ela não poderiaexplicar.
Ruth voltou, com os olho
brilhando de animação. Despencosentada ao lado de Angel.
– Você viu, Mandy? A primeira
borboleta.
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– Vi, querida. Angel tocou no cabelo escuro e
sedoso da menina.Ruth olhou para ela com seu
grandes e cintilantes olho
castanhos. – Sabia que elas vêm de larvas
Miriam me disse.
Ela sorriu. – É mesmo? – Algumas são peludas e
bonitas, mas têm gosto ruim –disse Ruth. – Eu comi uma quandoera pequena, foi horrível.
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Ruth voltou para perto e parona frente de Angel.
– Qual é o problema, MandyVocê não está se sentindo bem? Angel acariciou-lhe o cabelo
macio. – Estou ótima. – Bem, então quer cantar par
mim? Nunca ouvi você cantar. – Não posso. Eu não sei cantar. – Papai diz que todo mundo
pode cantar. – Tem de vir lá de dentro, e eu
não tenho mais nada dentro de
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mim. – É mesmo? – disse a menina
espantada. – Como foi que issoaconteceu? – Simplesmente secou.
Ruth franziu a testa e analisoAngel da cabeça aos pés. – Você parece ótima para mim.
– As aparências às vezeenganam.
Ainda perplexa, Ruth se sento
no colo dela. – Então eu vou cantar para você A garotinha misturou as letras e
as melodias, mas Angel não se
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mportou com isso. Ficou satisfeitade estar com Ruthie no colo e de
sentir a fragrância das flores demostarda nela. Encostou a cabeçana cabeça da menina e a abraçou
Só notou que Miriam havia chegadoquando ela falou:
– Mamãe está te chamando
baixinha. Angel tirou Ruth do colo e deu
he um tapinha de leve para ela i
embora. – Por que você fica no
evitando? – perguntou Miriam
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sentando-se ao lado dela. – Por que acha que faço isso?
– Você sempre faz isso. Umapergunta em vez de responder. Émuito irritante, Amanda.
Angel se levantou e tirou a terrada saia.Miriam também ficou de pé.
– Você não responde, não olhapara mim e agora está fugindo.
Angel olhou bem nos olhos dela
– Bobagem. – O que acha que vai acontecer
Acha que só porque temos a nossa
casa agora, nossa amizade va
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terminar? – Vamos ficar muito ocupada
com as nossas próprias vidas. – Não tão ocupadas assim.Miriam estendeu a mão para
segurar a de Angel, mas ela seafastou e fingiu não ter notado.
– Sabe, algumas vezes você se
machuca muito mais tentandoevitar ser machucada! – Miriamdisse alto, correndo atrás dela.
Angel riu, desprezando o que amoça tinha dito.
– Palavras de uma sábia.
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– Você é impossível, AmandaHosea!
– Angel – ela disse baixinho. – Omeu nome é Angel.Reuniram-se todos em volta do
cobertores quando ElizabethMiriam e Angel levaram a comidaAngel ficou brincando com a
refeição para que os outropensassem que estava gostandomas sua garganta se fechava toda
vez que dava uma pequenamordida.
Paul olhou para ela com frieza
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Ela procurou não se deixar afetarEra a fraqueza dele que fazia com
que a odiasse tanto.Lembrou-se de alguns jovenque pagavam pelos seus serviços e
que ficavam cara a cara com aprópria hipocrisia quando vestiam acalça, calçavam as botas e se
preparavam para sair do quarto. Derepente entendiam o que tinhamfeito. Não com ela. Isso não tinha
mportância. Mas com eles mesmos – Não se esqueceu de alguma
coisa? – dizia, querendo enfiar a
faca no coração deles, do jeito que
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pudesse.Eles tinham de saber. Primeiro o
vermelho na face pálida, depois oódio negro nos olhos.
Bem, ela enfiara a lâmina bem
fundo em Paul, mas agora sabiaque quem estava empalada era elaeria sido melhor se tivesse ido a
pé até Pair-a-Dice aquele diaalvez assim Michael a tivesse
alcançado antes que fosse tarde
demais. Talvez Paul não a odiassetanto. Talvez ela não tivesse tantodo que se arrepender.
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Sua vida inteira era um imensoarrependimento, um remorso desde
o início. “Ela nunca devia tenascido, Mae.” Michael segurou sua mão e
Angel levou um susto. – Em que está pensando? – ele
perguntou baixinho.
– Em nada.O calor se espalhou nela com
aquele toque. Perturbada, afastou a
mão do contato com a dele. Elefranziu a testa.
– Está preocupada com alguma
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coisa.Ela sacudiu os ombros e não
olhou para ele.Michael a fitava, pensativo. – Paul não vai falar nem faze
nada que possa magoá-la. – Se fizesse, não teriamportância.
– Se ele a machucar, machucaráa mim.
Seu tom de voz a fez refletir. Ela
tinha pretendido machucar Paul eacabara machucando Michael. Emnenhum momento aquele dia havia
pensado em como Michael se
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sentia. Só havia pensado nela, emsua raiva e em seu desespero
alvez devesse corrigir isso. – Isso não tem nada a ver com
Paul – garantiu para Michael. – É só
que a verdade sempre nos alcança. – Estou contando com isso.
Michael observou Amanda o dianteiro. Ela foi se distanciando cada
vez mais para dentro de srabalhou com Elizabeth e Miriam
mas falou muito pouco. Estava
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preocupada, batendo em retiradareconstruindo seus muros. Quando
Ruthie segurou sua mão, Michaeviu sofrimento nos olhos deAmanda e sabia o que ela
esperava. Ele não podia jurar quenão aconteceria. Às vezes apessoas ficavam muito presas ao
problemas do cotidiano e nemnotavam o sofrimento do outro.
Mas a jovem Miriam notou.
– Ela está aqui, mas não estáNão deixa que eu me aproximeMichael. O que houve com ela hoje
Está agindo da mesma forma que
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agiu no começo, quando chegamoà sua casa.
– Está com medo de sofrer. – Está se impondo um
sofrimento agora.
– Eu sei.Michael não lhe revelaria o
passado nem lhe falaria do
problemas da mulher. – Paul não gosta dela. Isso é
parte do problema. Ela não é mai
uma prostituta, mas espera quetodos a vejam e a tratem comouma – Miriam falou.
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Michael ficou enfurecido. – Paul lhe disse isso?
Ela balançou a cabeça. – Foi ela quem me disse, naprimeira noite e bem alto, para
mamãe ouvir – os olhos dela seencheram de lágrimas. – O quevamos fazer com ela, Michael? O
eito que ela segura Ruthie meparte o coração.
Michael sabia que Miriam teria
muito trabalho ajudando John eElizabeth a arrumar aquele lugarNão poderia lhe pedir para
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frequentar a casa deles a fim deque Amanda tivesse certeza de que
o afeto entre elas era verdadeiro, enão uma questão de conveniênciaAlém disso, a menina já olhava
para Paul como se ele fosse umdeus grego caído do Olimpo, apesade seus defeitos. Ele sabia que Pau
a achava atraente também. Ficavaaparente no jeito estudado comoele a evitava. De qualquer forma, a
ealdade de Miriam passaria pouma prova bastante dura.
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John pegou seu violino. Dessavez não tocou hinos calmos e
tristes, mas quadrilhas da VirgíniaMichael abraçou Angel e rodopiocom ela. Ficar assim nos braço
dele era embriagante.O coração acelerou. Ela sentiu o
calor subindo pelo rosto e não teve
coragem de olhar para ele. Jacodançou com a mãe, e Miriam davavoltas com Ruth. John levantou o
pé e empurrou Andrew com a pontada bota na direção da irmã, LeahPaul ficou só observando
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ndolentemente encostado naparede da cabana. Parecia tão
solitário que Angel teve pena. – É a primeira vez que dançcom você – disse Michael.
– É – ela disse, ofegante. – Vocêdança muito bem. – E isso é uma surpresa par
você – ele deu risada. – Sou bomem uma porção de coisas.
Ele a abraçou com mais força e o
coração dela acelerou ainda mais.Jacob foi até eles e fez uma
mesura para Angel. Michael cedeu
he a dama com um largo sorriso
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Eles foram dançar e Angel observoos outros pares no jardim. Basto
olhar uma vez para Miriam parasaber que ela queria dançar comalguém além de sua irmãzinha o
dos irmãos mais novos. Mas Michaetinha dançado com Elizabeth, Leae Ruth, e não com Miriam. Uma
sensação desagradável incomodoAngel. Por que Michael estavaevitando Miriam? Será que tinha
medo de ficar muito íntimo delaQuando ele voltou para tirá-la deJacob, ela tirou a mão.
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– Você não dançou com aMiriam. Por que não dança com ela
Ele franziu um pouco a testaagarrou com firmeza sua mão e aenlaçou.
– Paul vai acabar criandocoragem.
– Ele ainda não dançou com
ninguém. – E não vai achar necessário se
eu tomar o lugar dele. Eu arriscaria
apostar que está pensando emessie. Ele a conheceu numa
dança. Vai perceber logo que
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Miriam precisa de um parceiro.Paul de fato dançou com Miriam
mas todo duro e sério, e maconversou com ela. Miriam ficoobviamente perplexa. Assim que a
dança acabou, ele lhes deu boanoite e foi pegar seu cavalo. – É melhor irmos para casa
também – disse Michael.Miriam abraçou Angel e
cochichou.
– Vou visitá-los daqui a algundias. Quem sabe você me conta oque está incomodando aquele
homem.
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Angel pegou a pequena Ruth nocolo e a abraçou com força, beijou
he as bochechas macias de bebê echeirou-lhe o pescoço.
– Até logo, querida. Seja
boazinha.Michael botou Angel na sela e
subiu atrás dela. Segurou-a com
firmeza no caminho de casa, sob ouar. Nenhum dos dois disse nadaem todo o trajeto. Angel estava
muito consciente do corpo deleencostado ao dela e confusa com asensações que a dominavam
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Desejou ter ido a pé.Quando avistou a cabana entre
as árvores, ficou aliviada. Michaedesmontou e estendeu-lhe obraços. Angel inclinou-se para ele e
pôs as mãos em seus ombrofortes. Quando ele a colocou nochão, seu corpo encostou no dela e
ela sentiu vida pulsar dentro de suma vida desenfreada, estimulantee desconhecida.
– Obrigada – disse, pouco àvontade.
– De nada.
Michael sorriu e Angel ficou com
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a boca seca. Ele continuou com amãos em sua cintura e seu coração
bateu cada vez mais acelerado. – Ficou muito quieta o dia inteir
– ele disse, pensativo de novo.
– Não tenho nada para dizer. – O que a incomoda tanto? – ele
perguntou, afastando a trança
grossa do ombro. – Nada. – Estamos sozinhos de novo
Será que é isso?Michael levantou o queixo de
Angel e deu-lhe um beijo. Ela senti
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que se derretia por dentro, sentios joelhos fraquejarem. Michae
evantou a cabeça dela e tococarinhosamente seu rosto. – Volto logo.
Angel apertou o estômago eficou espiando Michael levar ocavalo. O que estava acontecendo
com ela? Entrou na cabana e foacender o fogo. Depois olhou emvolta à procura de mais alguma
coisa para fazer, para não pensaem Michael, mas estava tudoarrumado. Elizabeth tinha até
estofado o colchão com palha nova
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Havia ervas penduradas num caibroque enchiam a casa com um aroma
fresco e doce. Tinha também umarro de flores de mostarda sobre amesa, sem dúvida posto lá pela
pequena Ruth.Michael carregou as coisas dele
do celeiro para a casa.
– Isso aqui fica bem silenciososem os Altman, não é?
– É.
– Você vai sentir mais falta daMiriam e da Ruth.
Ele pôs o baú no canto. Ange
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estava debruçada sobre o fogo. Elebotou as mãos no quadril dela e ela
se empertigou. – Elas gostam muito de você. Angel piscou rapidamente.
– Vamos falar de outra coisaestá bem? – disse, ao se afastadele.
Michael a segurou pelos ombros – Não. Vamos falar sobre o que
você está pensando.
– Não estou pensando em nada.Ele esperou, obviamente
nsatisfeito, e ela deu um suspiro
profundo.
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– Eu devia saber que não podiame aproximar deles.
Angel empurrou as mãos dele earrumou o xale nos ombros.
– Acha que eles gostam meno
de você, agora que estão na casadeles?
Ela olhou furiosa para ele
querendo se defender. – Às vezes quero que você me
deixe em paz, Michael. Que apena
me mande de volta para o lugar deonde eu vim. Seria muito mais fáciem todos os sentidos.
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– Porque agora você estásentindo?
– Eu já senti antes e superei! – Você adora a Miriam e aquelamenininha.
– E daí?Ela também superaria isso.
– O que você vai fazer quando
Ruth vier para cá com outropunhado de flores de mostardaMandá-la embora? – ele perguntou
asperamente. – Ela temsentimentos. E Miriam também.
Michael viu na expressão de
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Angel que ela achava que eles nãoa visitariam. Ele a abraçou e a
segurou, mesmo quando sentiu queela resistia. – Rezei incessantemente par
você aprender a amar, e agoraaprendeu. Só que se apaixonou poeles, e não por mim – ele ri
baixinho, zombando dele mesmo. –Houve momentos em que atédesejei não tê-los chamado para
cá. Fiquei com ciúmes.O rosto dela queimava e não
conseguia acalmar o coração, po
mais que tentasse. Se ele soubesse
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o poder que tinha sobre ela, o queele faria?
– Não quero me apaixonar povocê – ela disse, e empurroMichael.
– Por que não? – Porque você vai acabar usando
sso contra mim.
Angel percebeu que tinhrritado Michael.
– Como?
– Eu não sei. Mas a verdade éque talvez você nem saiba que estáfazendo isso.
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– De que verdade estamofalando aqui? Da verdade de Duke
A verdade liberta. Você era livrecom ele? Por um único minuto quefosse? Ele encheu sua cabeça de
mentiras. – E quanto ao meu pai? – Seu pai era egoísta e crue
Não quer dizer que todos ohomens sejam iguais a ele.
– Todos os homens que eu
conheci eram. – Inclusive eu? E John Altman?
Joseph Hochschild, e milhares de
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outros?Suas feições se contorceram de
dor.Michael viu seu tormento e ficomais gentil.
– Você é um passarinho queficou numa gaiola a vida inteira, ede repente as grades e as parede
desapareceram e você se vê livreSente tanto medo que procuraalgum jeito, qualquer jeito, de
voltar para a gaiola.Michael percebeu as emoçõe
passando no rosto pálido de Angel.
– Não importa o que está
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pensando, essa gaiola não é maisegura, Amanda. Mesmo que
tentasse voltar agora, acho que nãoconseguiria mais sobrevivedaquele jeito.
Ele estava certo. Ela sabia queestava. Tinha chegado ao limite desuas forças para suportar aquilo
antes mesmo de Michael tirá-la deá. Só que estar ali não lhe davanenhuma tranquilidade.
E se não pudesse voar?
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Como o cervo brama pelas água
dos riosassim suspira minha alma por t – S A L M O S 4 2 ,
terra despertou com achegada da primavera. A
encostas se coloriram de florada
roxas de tremoços e de papoula
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douradas, de castilejas vermelhas ede rabanetes silvestres brancos
Angel teve uma sensação estranhdentro de si. A primeira vez quesentiu isso foi quando observava
Michael afofando a terra na hortaO movimento de seus músculos pobaixo da camisa lhe provocou uma
onda de calor. Bastou que ele aolhasse e ela ficou com a bocaseca.
À noite ficaram deitados lado aado, mal se tocando, tensos ecalados. Ela sentiu a distância que
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ele impôs entre os dois e respeitou – Isso está ficando cada ve
mais difícil – ele disse, semespecificar o que era, e ela nãoperguntou.
Para Angel, a solidão aumentouem relação a Michael e com otempo o sofrimento piorou, em ve
de melhorar. Às vezes, quando eleterminava sua leitura à noite eevantava a cabeça, ela ficava sem
ar diante de seu olhar. Seu coraçãobatia descompassado e ela sevirava para outro lado, com medo
de que ele visse a profunda
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carência que sentia. Seu corponteiro demonstrava isso. O desejo
cantava em coro dentro dela eenchia-lhe a cabeça depensamentos sobre ele. Ma
conseguia falar quando Michael lhefazia qualquer pergunta.
Duke riria muito. “O amor é uma
armadilha, Angel. Atenha-se aoprazer. Ele não exige nenhumcompromisso.”
Angel sabia que Michael não era resposta para tudo em sua vidaPensava nisso e ficava com medo. À
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noite, quando ele se viravadormindo e encostava o corpo forte
no dela, Angel se lembrava decomo ele costumava fazer amocom ela, em um abandono feliz
explorando-lhe o corpo, como faziacom a terra. Naquele tempo ela nãosentia nada. Mas agora, um simple
toque agitava todos os seusentidos. Os sonhos dele estavamse transformando nos seus.
Michael cedia mais a cada diamas ela ficava paralisada de medoPor que não podiam deixar a
coisas como estavam? Deixar que
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ela continuasse assim, voltada paradentro de si? Que as coisa
ficassem como sempre foram? Noentanto, ele continuava insistindosuave e implacavelmente, e ela
recuava, temerosa, porque a únicacoisa que via pela frente era ummenso desconhecido.
Não posso amá-lo. Não devo!Não havia razão para que fosse
mais do que sua mãe, e Mae não
tinha sido capaz de conquistar AleStafford. Todo o amor dela nãobastara para impedir que ele saísse
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da vida dela como o vento. Angeainda via aquela figura escura, com
a capa esvoaçando, galopando naestrada, para longe da vida de suamãe. Será que tinha ido
pessoalmente dizer para ela fazeas malas e partir? Ou deixaraaquele jovem lacaio fazer isso po
ele? Angel não sabia. Mamãe nuncacontou e ela nunca perguntou. AleStafford era solo sagrado sobre o
qual Angel jamais ousara pisar. Sómamãe pronunciava o nome dele, esomente quando estava bêbada e
revoltada. O assunto sempre ardia
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como sal numa ferida aberta. – Por que Alex me deixou? –
mamãe chorava. – Por quê? Nãoentendo. Por quê?
O sofrimento de mamãe era
muito grande, mas o sentimento deculpa era ainda maior. Ela nuncasuperou tudo de que preciso
abdicar para ter amor. Nuncasuperou o que ele lhe fez.
Mas eu retaliei em dobro
mamãe. Está me ouvindo, ondequer que esteja? Eu o fiz empedaços, assim como ele fez com
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você. Ah, a cara dele... Angel cobriu o rosto.
Você era tão linda e perfeitamamãe! Tão devota... As contas deseu rosário a ajudaram alguma vez
mamãe? E a esperança? A únicacoisa que o amor fez por você fohe provocar sofrimento. É o mesmo
que está fazendo comigo. Angel havia jurado que nunc
amaria ninguém, e agora isso
estava acontecendo, contra a suavontade. Aquilo se manifestava ecrescia a contragosto dentro dela
abria caminho na escuridão de sua
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mente, até aflorar. Como umasemente que busca a luz do sol da
primavera, ia crescendo. Miriam, apequena Ruth, Elizabeth. E agoraMichael. Toda vez que olhava para
ele, ele feria seu coração. Queriaesmagar esses sentimentos novosmas eles persistiam, lentamente
am abrindo caminho.Duke tinha razão. Era insidioso
Uma armadilha. Crescia como hera
entrava à força nas menores frestade suas muralhas, e ia acabafazendo com que ela inteira ruísse
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Se ela permitisse. Se não matasseaquele sentimento o mais rápido
possível. Ainda há uma saída, disse avoz sombria. Conte para ele a
pior coisa que já fez. Conte-lhea respeito de seu pai. Isso vaenvenenar o relacionamento. E
acabará com a dor que crescedentro de você.
Então ela resolveu confessar-lhe
tudo. Quando Michael soubesse detudo, aquilo acabaria. A verdadecriaria um abismo tão grande e tão
profundo entre eles, que ela ficaria
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a salvo para sempre.Michael estava cortando lenha
quando ela o encontrou. Tinhatirado a camisa e ela ficou emsilêncio, observando seu trabalho
As costas largas já estavambronzeadas, e músculos rijos semoviam sob a pele dourada. Ele er
todo poder, beleza e majestadequando golpeou o machado em umgrande arco, batendo com força e
rachando completamente a tora. Aduas metades caíram do cepo. Aoabaixar para pegar as achas, ele a
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viu. – Bom dia – disse, sorrindo.
Ela sentiu o estômago apertadoMichael parecia satisfeito esurpreso de vê-la observando.
Por que estou fazendo isso?Porque está vivendo umamentira. Se ele soubesse de
tudo, ia detestá-la e expulsá-ladaqui.
Ele não precisa saber.
Prefere que outra pessoa lheconte? Será ainda pior.
– Preciso conversar com você –
ela disse, com a voz fraca.
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Angel só ouvia o coraçãobatendo nos ouvidos e aquela vo
sinistra que a levava ao desespero.Michael ficou sério e franziu a
testa. Ela estava tensa, mexendo
num fiapo da saia. – Estou ouvindo. Angel sentiu calor e frio ao
mesmo tempo. Precisava fazeaquilo.
Sim. Faça isso, Angel.
Tinha de fazer aquilo. As palmadas mãos ficaram úmidas. Michaetirou o lenço do bolso da calça e
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secou o suor do rosto. Quandoolhou para ela, Angel sentiu uma
enorme tristeza.Eu não consigo.Consegue sim.
Mas eu não quero.Tola! Quer acabar como suamãe?
Michael a observava. Ela estavaabatida, pequenas gotas de suodespontavam-lhe na testa.
– Qual é o problema? Está sesentindo mal?
Conte para ele e acabe logo
com isso, Angel! É isso que você
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realmente quer, fazer com queele desista de você, enquanto
pode suportar. Se esperar maisvai doer mais. Ele lhe arrancaráo coração e o servirá fatiado no
antar. – Nunca lhe contei a pior coisa
que fiz.
Ele retesou os ombros. – Não é necessário confessa
tudo. Não para mim.
– Você tem de saber. Já que émeu marido.
– O seu passado é problema
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seu. – Não acha que deveria sabe
que tipo de mulher vive com você? – Por que esse ataque, Amanda? – Não estou atacando. Esto
sendo sincera. – Está forçando a barra outravez. E forçando muito.
– Você precisa saber que... – Não quero ouvir! – ... fiz sexo com meu próprio
pai.Michael bufou ruidosamente
como se tivesse levado um soco
Ficou olhando para ela um longo
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tempo, com um músculo latejandono maxilar.
– Pensei que tinha dito que eledesapareceu de sua vida quandovocê tinha 3 anos.
– E desapareceu mesmo. Mavoltou a aparecer mais tardequando eu tinha 16.
Michael ficou nauseado. MeDeus. Meu Deus! Existe algumpecado que esta mulher não tenha
cometido?Não.E pede que eu a ame?
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Como eu o amei.Por que ela fez isso? Por que não
guardou alguns fardos para smesma? – Está se sentindo melhor po
ter jogado isso na minha cara? – Não muito – ela disse, sem
emoção.
Angel deu meia-volta e foi parcasa, enojada de si mesma. Bemestava feito. Terminado. Queria se
esconder. Apressou o passo. Iaempacotar algumas coisas e ficapronta para partir.
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Michael tremia de raiva. O idíliotinha acabado. A tempestade
chegara.Como eu o amei, MichaelSetenta vezes sete.
Ele deu um grito e enfiou omachado no cepo. Ficou ofegantealgum tempo, depois pegou a
camisa e a vestiu enquanto ia paraa cabana. Abriu a porta com umsoco e viu Angel tirando coisas da
cômoda que ele tinha feito para eladepois que os Altman foramembora.
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– Não deixe isso assim pelametade, Amanda. Conte-me o resto
do que fez. Desabafe. Descarreguesso em cima de mim. Dê-me todoos detalhes sórdidos.
Michael, amado.Não! Não vou escutá-lo agora
Vou resolver isso com ela de uma
vez por todas!Ela não parou o que estava
fazendo, então Michael a agarro
pelo braço e a fez virar para ele. – Tem mais, não tem, Angel?Ouvir aquele nome foi como se
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tivesse recebido um tapa na cara. – Já chega, não chega? – ela
disse, com voz muito baixa. – Ovocê realmente precisa de mais?Ele viu as emoções que ela
tentava desesperadamenteesconder, mas nem isso serviu paraacalmá-lo.
– Vamos lavar toda a roupa sujade uma vez.
Ela puxou o braço para evitar o
contato perturbador de Michael eaceitou o desafio.
– Está bem. Se é assim qu
quer... Houve um breve tempo em
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que pensei que amava DukeEspantoso, não é? Toda a minha
vida parecia depender dele. Conteihe tudo. Tudo que me machucavaudo que me importava. Pensei qu
ele consertaria aquilo tudo paramim.
– E em vez disso ele usou o qu
sabia contra você. – Adivinhou. Eu nunca havia
pensado na vida que Duke levava
fora daquela casa nem de quem eleera amigo. Até ele voltar para casacom um que queria que e
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conhecesse. “Seja gentil com eleAngel. É um de meus amigos mai
antigos e queridos.” E então surgiuAlex Stafford na minha frenteQuando olhei para Duke, vi que ele
ria de nós dois. Interessante, nãoé? Duke sabia quanto eu odiavaStafford pelo que ele tinha feito
com minha mãe. Ele só queria ver oque eu ia fazer.
– Seu pai sabia quem você era?
Angel deu uma risada desoladamagoada.
– Meu pai ficou lá parado
olhando para mim como se eu fosse
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um fantasma. E quer saber o queele disse? Que eu era muito
parecida com alguém que eleconhecia.
– E depois?
– Ele ficou lá. A noite inteira. – Você alguma vez parou para
pensar...
– Eu sabia o que estava fazendoe fiz assim mesmo! Ainda nãoentendeu? Eu fiz com prazer, só
esperando o momento de lhecontar quem eu era.
Angel não conseguia olhar par
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Michael, tremia demais, sem parar. – Quando contei, falei também o
que tinha acontecido com mamãe. A raiva de Michael se evaporouAngel ficou tanto tempo em silêncio
que ele encostou a mão nela. – E o que foi que ele disse?Ela recuou de novo, engolindo
em seco convulsivamente. Estavacom os olhos arregalados eatormentados.
– Nada. Ele não disse nada. Nãona hora. Só ficou olhando para mimum tempo. Depois se sentou na
beira da cama e chorou. Chorou
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Parecia um homem velho ederrotado. E me perguntou a razão
daquilo tudo. Angel sentiu os olhos quentes e
cheios de areia.
– E eu lhe disse que mamãecostumava fazer essa mesmapergunta para mim. Ele me pedi
que o perdoasse, e eu disse que elepodia apodrecer no inferno.
A tremedeira passou e Angel se
sentiu gelada por dentro, mortaQuando levantou a cabeça e olhopara Michael, ele estava lá, parado
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quieto e imóvel, observando eesperando que ela contasse o resto
– Sabe o que mais? – ela dissesem emoção. – Ele se matou comum tiro três dias depois. Duke disse
que foi porque devia dinheiro paratodo o mundo, inclusive para odiabo, mas eu sei por que ele fe
sso – e fechou os olhosenvergonhada. – Eu sei.
– Sinto muito – disse Michael.
Quantos outros pesadelos Angedevia ter, trancados dentro de si?
Ela olhou para ele outra vez.
– Essa foi a segunda vez que se
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desculpou por algo que não temnada a ver com você. Como pode
olhar para mim? – Do mesmo modo que posso
olhar para mim mesmo.
Ela balançou a cabeça e fechomais o xale.
– Tem mais uma coisa
mportante – ela disse.Michael adotou a postura de um
soldado que vai para uma batalha.
– Não posso ter filhosEngravidei duas vezes. Nessas duavezes, Duke chamou um médico
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para tirar o bebê. Na segunda vezdisse para o médico cuidar para que
eu nunca mais pudesse engravidarNunca mais, Michael. Vocêentendeu?
Angel viu que Michael entendia.Ele ficou atordoado. Sentiu caloe frio alternadamente. Aquela
palavras tinham penetrado diretoem seu peito.
Angel pôs as mãos no rosto; não
suportava a expressão de Michael. – Mais alguma coisa? – ele
perguntou, em voz baixa.
– Não – disse ela, com os lábio
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trêmulos. – Acho que isso é tudo.Ele não se moveu por um longo
tempo. Então, pegou as blusas queAngel tinha posto na cama. Enfiotodas de volta na gaveta da
cômoda e a fechou com umestrondo. Depois saiu.
Michael ficou fora durante tanto
tempo que ela foi procurá-lo parasaber o que ele queria que elafizesse. Não estava nas plantaçõe
nem no celeiro. Podia ter ido até acasa dos Altman. Talvez tivesse idoprocurar Paul para dizer que ele
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estava certo quanto a ela, mais doque certo.
Mas os cavalos estavam nocurral.Ela não parava de pensar no pa
e ficou com medo.Pensou melhor e percebeu quehavia outro lugar para onde Michae
poderia ter ido. Vestiu um casacopegou um cobertor pesado da camae foi para a colina aonde ele a tinha
evado para ver o nascer do soMichael estava lá sentado, com acabeça apoiada nas mãos. Não
evantou a cabeça quando ela
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chegou, e então Angel colocou ocobertor nos ombros dele.
– Quer que eu vá embora? Agoreu sei onde fica a estrada.
Passavam carruagens por lá de
vez em quando. – Posso encontrar meu caminho
de volta.
– Não – ele disse, com a vorouca.
Ela ficou ali, admirando o pôr do
sol. – Você de vez em quando tem a
sensação de que Deus está lhe
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pregando uma peça terrível, não é? – Não.
– Então por que ele faria umacoisa dessas com você, se você oama tanto?
– Estive lhe perguntando isso. – Ele respondeu? – Eu já sei – Michael segurou a
mão dela e a puxou para se sentaao seu lado. – É para me dar força.
– Já é bastante forte, Michae
Não precisa disso. Não precisa demim.
– Não sou bastante forte para o
que ainda está por vir.
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Angel teve medo de perguntar oque ele queria dizer com aquilo. Ela
estremeceu e ele a abraçou. – Ele não nos deu um coração
temeroso – ele disse. – Ele
mostrará o caminho quando chegaa hora.
– Como pode ter tanta certeza?
– Porque ele sempre fez isso. – Gostaria de poder acreditar.Grilos e sapos formavam uma
cacofonia em torno deles. Como éque ela podia ter pensado quehavia silêncio naquele lugar?
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– Às vezes ainda ouço mamãechorando – disse. – À noite, quando
os galhos arranham a vidraça, ouçoo tilintar de sua garrafa contra ocopo e quase consigo vê-la sentada
naquela cama desarrumada, com oolhar vazio. Eu gostava mais dodias de chuva.
– Por quê? – Porque quando fazia mau
tempo os homens quase não
apareciam. Ficavam longe, ondehavia calor, em lugares secos, ebebiam todo o dinheiro que tinham
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como Rab. Angel contou para Michael qu
tinha o hábito de juntar latas nobeco e que, depois de limpas epolidas, punha-as para coletar o
pingos das goteiras. – Minha sinfonia particular.Soprou uma brisa. Michae
afastou uma mecha de cabelo dorosto de Angel e a prendeu atrás daorelha. Ela estava calada, exausta
Ele ficou pensativo. – Venha – disse, ao se levantar.Puxou-a para cima e segurou-lhe
a mão no caminho para casa
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Quando entraram na cabana, elevasculhou as ferramentas que
estavam dentro de uma gaveta. – Volto num minuto. Quero faze
uma coisa no celeiro.
Ela foi preparar o jantarPrecisava se manter ocupada paranão pensar. Michael batia pregos
nos caibros da cabana. Estavademolindo a casa? Ela chegou até aporta, secando as mãos, e espiou lá
fora. Ele estava pendurandopedaços de metal, ferramentaspregos e uma ferradura usada
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Desceu da escada e passou a mãonas coisas enfileiradas.
– Sua sinfonia particular – dissee sorriu para ela.Sem fala, Angel fico
observando quando ele levou aescada de volta para o celeiro.Ela entrou e se sentou; estava
fraca demais para ficar de pé. Tinhadestruído os sonhos dele, e ele lhehavia feito sinos de vento.
Quando ele voltou, ela lhe servio jantar. Eu o amo, Michael HoseaAmo tanto que estou morrendo
disso. A brisa moveu os sinos de
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vento e encheu a cabana com oagradável tilintar. Ela só conseguiu
dizer “obrigada”, baixinho. E eledeu a entender que não esperavanada além disso. Quando Michae
terminou de comer, Angel pegou aágua quente da grande panela deferro que estava sobre o fogo para
avar os pratos.Michael a segurou pelo pulso e
fez com que se virasse de frente
para ele. – Deixe os pratos.Quando começou a soltar se
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cabelo, ela mal conseguiu respirarEstava tremendo e muito
constrangida. Onde tinham idoparar sua calma e seautocontrole? Michael desmontava
tudo com sua ternura.Ele passou os dedos em seucabelos e inclinou sua cabeça para
trás. Viu o medo em seus olhos. – Juro amá-la e acalentá-la
honrá-la e sustentá-la, na doença e
na saúde, na pobreza e na riquezano mal capaz de escurecer nossodias, no bem capaz de ilumina
nosso caminho. Tirzah, minha
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amada, juro ser-lhe sincero emtudo até morrer. E mesmo depois
disso, se Deus quiser.Ela ficou olhando para ele
profundamente abalada.
– E o que eu tenho de lhe jurar?Os olhos dele se iluminaram com
um humor suave.
– Obedecer?Michael a beijou e Angel se
perdeu numa loucura de nova
sensações. Jamais tinha sentidosso, assim, dessa maneira àvontade e maravilhosa, excitante
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correta. Nenhuma das regraantigas se aplicava ali. Ela se
esqueceu de tudo que aprenderacom outros mestres. Sentia-secomo a terra seca se encharcando
de chuva primaveril, um botão deflor se abrindo ao sol. Michael sabiadisso e a conduziu com palavra
ternas que fluíam sobre ela como odoce bálsamo de Gileade que lhecurava as feridas.
Ela voou, com Michael, para océu.
Na terra mais uma vez, ele
sorriu.
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– Você está chorando. – Estou?
Angel pôs a mão no rosto esentiu uma única lágrima.
– Não olhe para mim desse jeito
– ele disse e a beijou. – É um bomsinal.
Mas, quando Michael acordou de
manhã, Angel tinha ido embora.
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Se uma coisa lhe parece difíci
não pense que é impossíve – M A R C O A U R É L I
barulho das panelas na latera
da carroça de Sam Teal fez Angese lembrar dos sinos de vento queMichael tinha pendurado para ela
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Fechou os olhos e viu o rosto deleAmado. Meu amado! Não podia
pensar nele. Precisava esquecê-loEra melhor pensar no que o amotinha feito com mamãe e botar a
cabeça no lugar.O velho mascate ao seu ladonão tinha parado de falar desde
que lhe dera carona na estrada aoamanhecer. Ela achou bom aquelebombardeio de palavras. Ele não
tinha vendido nada em sua viagempara as montanhas. Os suprimentode comida estavam acabando e o
reumatismo o incomodava demais
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A melhor coisa que tinha acontecidocom Sam Teal naquele mês era ve
uma coisinha linda como elasentada num toco na beira daestrada. Sam era limpo e bem
arrumado, mas tinha umaaparência muito envelhecida e umapostura curvada. Já não tinha quase
cabelo. Nem muito futuro tambémMas tinha um olhar bondoso pobaixo das sobrancelhas grisalhas
Enquanto prestasse atenção no queele dizia, Angel não precisavapensar.
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– De quem está fugindo, moça?Ela afastou uma mecha de
cabelo louro do rosto e deu umsorriso fingindo estar calma. – Por que acha que estou
fugindo de alguém? – Porque fica o tempo todo
olhando para trás. Parecia
preocupada demais quando aencontrei lá atrás. Imaginei quedevia estar fugindo de seu marido.
– Como soube que eu ercasada?
– Está usando aliança.
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Angel cobriu a mão rapidamentee corou. Tinha se esquecido de tira
o anel. Ficou rodando a joia na mãoe pensando como faria paradevolvê-la para Michael.
– Ele a maltratou?Michael nem pensaria nisso.
– Não – ela respondeu, sem
emoção na voz.Ele olhou para ela, curioso.
– Ele deve ter feito alguma coisa
para você ter fugido assim. Angel desviou o olhar. O que
poderia dizer? Ele fez com que me
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apaixonasse por ele? Se contassepara aquele homem que Michae
nunca tinha feito outra coisa senãotratá-la com a maior bondade econsideração, ele ia começar a lhe
fazer perguntas. – Não quero falar sobre isso, sreal.
Girava sem parar a aliança nodedo e teve vontade de chorar.
– Sam. Pode me chamar de
Sam, moça. – Meu nome é Angel. – Se vai se sentir melhor, tire a
aliança e jogue-a fora – disse.
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Ela jamais faria isso. A aliançatinha sido da mãe de Michael.
– Não dá para tirá-la – mentiu.Teria de encontrar uma maneira
de mandá-la de volta para ele.
– Está indo para Sacramento?Sacramento era um bom luga
para recomeçar. Como qualque
outro. – Estou. – Ótimo. Estou indo para lá. Vou
parar em alguns acampamentos demineiros pelo caminho, para ver seconsigo vender alguma coisa – e
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bateu com a rédea nos cavalocansados. – Parece esgotada
moça. Por que não vai lá para tráe dorme um pouco? A cama abre nateral. É só puxar aquele trinco.
Ela estava realmente exausta eagradeceu ao homem. Abaixou acama e se encolheu nela, mas não
conseguia pegar no sono. A carroçaseguiu balançando pela estrada esua cabeça girava. Não parava de
pensar em Michael. Ele nãoentenderia por que ela havia fugidoe ficaria com raiva. Ela estava
muito confusa. Alguma coisa lá
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dentro insistia para que voltasse econversasse com Michael, para
dizer-lhe o que estava sentindoMas sabia que isso era loucuraMamãe não tinha revelado sua
emoções para Alex Stafford? Nãotinha declarado seu amor inúmeravezes? E tudo o que aquele amo
fez foi destruir seu amor-próprio ecobri-la de vergonha.
Angel não conseguia parar de
pensar na noite anterior. Tinha sesentido plena com ele, completa. Asensação foi de integridade no
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braços dele, de que aquele eraexatamente o seu lugar.
Sua mãe sentiu a mesmacoisa com Alex Stafford, e vejasó no que deu.
Ela gemeu baixinho e seencolheu ainda mais.Se Sam Teal não tivesse
aparecido àquela hora, talvetivesse fraquejado e voltado. E teriase agarrado a Michael do mesmo
modo que sua mãe tinha feito comseu pai. Mais cedo ou mais tardeMichael se cansaria dela, assim
como Alex Stafford se cansou de
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mamãe. Achava que a distância atenuaria
o sofrimento, mas só fazia piorá-loSua mente, seu corpo, a parte maintima de si ansiavam por ele.
Por que eu tinha de conhecê-loPor que ele tinha de ir a Pair-aDice? Por que tinha de estar lá na
rua quando saí para andar naqueledia? Por que voltou ao bordedepois que o mandei embora?
Angel via seus olhos, cheios depaixão e ternura. “Eu a amo”, eledissera. “Quando é que va
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entender que assumi umcompromisso com você?”
“Ele disse que me amava”mamãe dizia, chorando. “Ele disseque me amaria para sempre.”
Angel sentiu os olhos cheios deágrimas e fez força para nãochorar. Tudo bem. Tinha se
apaixonado por Michael e choradopor ele, mas foi suficientementeesperta para fugir antes que a
coisas ficassem sérias demaisDessa vez tinha levado o queprecisava e não apenas a roupa do
corpo. Deixaria tudo aquilo para
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trás. Viajaria para o leste, para ooeste, para o norte ou para o su
Iria para onde bem entendesse. – Vou conseguir – sussurrou. –
Vou me virar sozinha.
Fazendo o quê?, zombou avoz.
– Qualquer coisa. Vou encontra
alguma coisa para fazer.Claro que vai, Angel. O que
faz melhor.
– Vou descobrir outra forma deme manter. Não vou voltar paraaquela vida.
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Vai, vai sim. O que mais sabefazer? E foi tão ruim assim
Você tinha teto, comida, boaroupas, era adorada... A voz sombria acompanhava a
cadência dos cascos dos cavalocansados na estrada de terraQuando conseguiu dormir, Ange
sonhou com Duke novamente. Elefazia todas as coisas quecostumava fazer. E Michael não
estava lá para impedi-lo.Sam Teal a chamou e ela
acordou. Dividiu uma refeição com
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ela e disse que chegariam a umacampamento em breve.
– Vou tentar mais uma vez. Senão vender parte dessa mercadoriaserei preso quando chegar a
Sacramento. Tudo isso está emconsignação. Não recebo umcentavo se não vender. Talvez o
bom Deus fique do meu lado destavez.
Sam pegou os pratos de zinco e
Angel observou quando ele foi até oriacho lavá-los. O bom Deus nãotinha feito nada por aquele pobre
velho. Não mais do que tinha feito
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por ela. Sam Teal juntou as coisase as arrumou novamente na
carroça. Ficou esperando e ajudoAngel a subir como se ela fosseuma dama.
– É melhor ficar escondida aatrás – aconselhou. – Alguns desseovens cavalheiros ficam muito
alvoroçados quando veem umamulher – e deu um sorriso tristecomo se desculpando. – E esto
velho demais para brigar por você.Ela tocou em sua mão e foi para
a parte de trás.
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Quando chegaram aoacampamento, ela ouviu Sam
oferecendo sua mercadoria. Ohomens vaiaram, gritaram insultoe zombaram dos cavalos e da
carroça. Falaram mal das coisaque ele vendia. E, pior ainda, delepróprio. Mas ele insistiu. O
mineiros o xingaram mais, maSam continuou, afirmando aqualidade do que tinha para
oferecer. Os homens se divertiamfazendo pouco daquele velho. Angepercebeu na voz de Sam Teal que
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suas esperanças estavamminguando. Conhecia bem essa
sensação. Sabia que era uma dona alma. – Todo mundo aqui só precisa de
uma panela – alguém gritou.Outro chamou Sam de idiotaAngel fez uma careta. Talvez ele
fosse mesmo idiota, mas nãomerecia aquilo. Só queria ganhar avida honestamente.
Ela abriu a cortina e saiu. Suaaparição fez os homens silenciaremmediatamente.
– O que está fazendo? –
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cochichou Sam, apavorado. – Voltepara dentro, moça. Esses homen
são perversos. – Eu sei – ela disse. – Dê-me
essa panela, Sam.
– Você não vai conseguienfrentá-los todos.
– Dê-me a panela.
– O que vai fazer com ela? – Vendê-la – disse, tirando-lhe a
panela da mão. – Sente-se, Sam.
Confuso, ele fez o que ela pediuAngel deu a volta nele, ergueu apanela e a acariciou, como se fosse
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um objeto de grande valor. – Cavalheiros, Sam conhece sua
mercadoria, mas não sabe nada decozinha – sorriu um pouco e viu quealguns homens também sorriam.
Outros deram risada, como seela estivesse contando uma piadaAngel falou de frango, de bolinhos
de carne de porco salgada e fritacom molho, de ovos mexidos comtoucinho. Quando os mineiros já
estavam babando, falocalmamente da necessidade de teuma panela de qualidade para
preparar uma boa refeição. Falou
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do ferro fundido, da distribuição docalor, da facilidade no manuseio
Sam já tinha falado de tudo issoantes, mas dessa vez os homenprestaram atenção.
– Além de todas as refeiçõemaravilhosas que podem preparanesta panela, ela tem outra
utilidades. Quando suas balaacabarem e tiverem de protegeseus bens, poderão usá-la como
arma.E fingiu golpear um homem que
estava chegando muito perto. O
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outros riram. Ela riu tambémsimpatizando com eles.
– E então, como vai sercavalheiros? Tenho um comprador? – Sim!
Os homens se empurraram parachegar mais perto. Comprariam atéuma lata amassada de suas mãos
Uma briga começou no meio dogrupo. Ela se inclinou para Sam ehe perguntou o preço da panela
Ele disse uma quantia modesta. – Ah, acho que podemos faze
melhor do que isso – retrucou
esperando que apartassem os doi
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brigões para lhes dar o preço. Alguém reclamou bem alto e o
outros pararam. Angel sorriu e sacudiu o
ombros, indicando que não se
mportava se eles a comprariam onão. Pendurou a panela de volta naateral da carroça e se sentou.
– Vamos embora, Sam. Vocêestava enganado quanto a estecavalheiros. Eles não reconhecem
uma coisa de boa qualidade quandoa veem.
Sam ficou boquiaberto. Algun
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homens protestaram. Ela se viropara eles.
– Vocês disseram que estamocobrando muito caro – disse. –Francamente, não vejo sentido em
tentar convencê-los de uma coisaque bastaria a inteligência parasaber que é de primeira
necessidade. Sam? – e deu arédeas para ele.
Um mineiro agarrou os arreio
dos cavalos e pediu queesperassem, pois queria comprauma panela antes que partissem.
Angel atendeu ao seu pedido e
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vendeu todas as panelas que Samtinha na carroça.
Os homens só começaram a sedispersar quando Sam pegou arédeas e seguiu pela estrada para
fora da cidadezinha. Sorria deorelha a orelha.
– Você tem talento para isso
moça. – É, alguma coisa eu tenho – ela
disse, secamente.
Não era tanto o que ela falavamas o modo como falava e olhavapara os homens. Vender uma
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frigideira não era diferente de sevender. E isso era o que de melho
sabia fazer. Angel preparou o jantar dos doienquanto Sam Teal contava seu
ouro. Ela serviu o prato dele e sesentou para comer. Quandoterminou, ele lhe jogou alguma
coisa. Angel a agarrou no arespantada.
– O que é isso? – perguntou
segurando um saco de couro. – A sua parte do que vendemo
hoje.
Ela olhou para ele, surpresa.
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cavaleiros passaram em disparadaA rua se encheu de gente e de
carroças atrás deles. Angel viconstruções por toda parte. E só seouvia o barulho das marteladas e
das carroças carregadas de toras demadeira. – Primeiro foi o incêndio – disse
Sam, quando voltou com a carroçapara o meio da rua, seguindo ofluxo. – Depois, a enchente. Quase
todas as casas à beira do rio foramdestruídas – e estalou as rédeas. –Você tem família aqui? – perguntou
para Angel.
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– Amigos – ela inventoufingindo observar aquela atividade
toda. – Quer que a deixe em algum
ugar específico? – ele perguntou
obviamente preocupado com ela. – Não. Qualquer lugar está bom
Eu dou um jeito. Não se preocupe
comigo, Sam. Sei me cuidar.Ele parou na frente de uma
grande loja de ferragens.
– Aqui é o fim da linha parmim.
Ajudou Angel a descer e
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apertou-lhe a mão. – Agradeço sua companhia
moça, e sua ajuda naquele últimoacampamento. Acho que meus diade caixeiro-viajante acabaram.
hora de ficar atrás de um balcãoalvez eu abra uma loja e contratealgumas vendedoras bonitas.
Angel desejou-lhe sorte eafastou-se rapidamente. Foandando pela calçada de madeira
desviando de homens que tiravamo chapéu para ela. Não olhou paraninguém, concentrada que estava
em descobrir o que faria agora que
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tinha chegado a SacramentoPassou por um bar e a música
barulhenta a fez lembrar do SilveDollar e do Palácio. Muitas coisahe pareciam distantes, mas a
embrança delas trouxe tudo devolta, para perto demais.
Quando se deu conta, estava
perto do rio. Deu um sorrisoamargo diante daquela ironiaMamãe não tinha acabado na
docas? E lá estava ela, gravitandona direção do cais, onde os barcoatracavam. Viu gente descendo
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pela plataforma de desembarque ehomens descarregando o navio.
Continuou andando e viconstruções em andamento aoongo da rua para substituir as que
tinham sido levadas pela enchenteDuas casas ainda funcionavamUma era um grande saloon. Ange
sabia que se entrasse por aquelaportas de mola, em menos de umahora estaria trabalhando em um
dos quartos do segundo andar.Sem rumo, seguiu pela rua. O
que ia fazer? O ouro que Sam Tea
tinha lhe dado seria suficiente para
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mantê-la por uma ou duasemanas. Mas e depois? Tinha de
descobrir um jeito de se manter, ea ideia de voltar para a prostituiçãoera insuportável.
Não posso mais fazer isso. Nãodepois de Michael.
Michael é apenas um homem
gual aos outros.Não. Ele não é igual aos outro
em nada.
Um homem alto, de cabelopreto, saiu de uma loja, e o coraçãodela deu um pulo no peito. Não era
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Michael, era outro homem com amesma constituição e o mesmo tom
de pele. O homem ria com oamigos ao atravessar a rua.Ela precisava parar de pensa
em Michael. A primeira coisa quetinha de fazer era achar um lugapara ficar, mas todos os
estabelecimentos pelos quaipassava pareciam precários ocaros demais. Sua mente não
parava de provocá-la, mas acabavasempre voltando para Michael. Oque ele estaria fazendo naquele
momento? Estaria à sua procura o
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á teria desistido e voltado paratrabalhar na terra? Então passo
por outro bordel.Entre aí, Angel. Eles cuidarão
de você. Terá seu próprio
quarto e todas as refeições.Ela transpirava nas mãos. Já era
fim de tarde e estava esfriando. Po
quanto tempo tinha perambuladoRecuou quando um homem saiuEle olhou surpreso para ela.
– Com licença, madame – dissepondo a mão no chapéu. – Nãodevia estar aqui, na frente de um
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ugar como este. – Meu marido está aí dentro –
disse a primeira coisa que pensopara se livrar dele. – Seu marido? – ele olhou par
ela de cima a baixo e balançou acabeça. – O que ele está fazendo adentro, com alguém como você em
casa? Como é o nome dele? – O nome dele? Ah, é Charles. Assim que o homem passou pela
porta de mola e subiu a escadachamando o inexistente Charlesela saiu apressada, atravessou a
rua e virou numa transversa
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Alguns homens se espantaram aovê-la passar correndo. Parou diante
de uma placa pintada: ArmazémGeral Hochschild. Foi direto para aoja, como se fosse um farol na
escuridão.Uma senhora mais velha e
corpulenta saiu com uma vassoura
em punho e varreu a calçadarabalhava diligentemente, muito
séria, varrendo a terra para a rua e
batendo a vassoura nas tábuasLevantou a cabeça quando Angesubiu na passarela.
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– Homens – resmungou, com umpequeno sorriso. – Não sabem usa
o raspador de lama antes deemporcalhar a loja com suas botaenlameadas.
Ela viu o embrulho de pano namão de Angel, que cumprimentou amulher com um aceno de cabeça e
entrou na loja. Procurou Josephmas não o viu em parte alguma.
– Posso ajudá-la? Procura
alguma coisa? – perguntou amulher, parada perto da portasegurando a vassoura como um rifle
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em posição de descanso. – Bolsa de tapeçaria – disse
Angel. – Uma pequena. – Ficam aqui – disse a mulherevando-a até uma prateleira
encostada na parede. – Esta aqui ébonita.Tirou uma e a deu para Ange
examiná-la. Outra mulher, robustade cabelo escuro, saiu de trás deuma cortina nos fundos e boto
uma caixa sobre o balcão, secandoo suor da testa.
– Joseph – chamou, virando-se
para trás –, quer fazer o favor de
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trazer aquele caixote para cá? Nãoconsigo levantá-lo.
Angel desejou não ter entradona loja. Por que não raciocinouantes de correr para lá? Josep
gostava de Michael. O que ele iapensar quando soubesse que elatinha fugido daquele jeito? Não
podia esperar nenhuma ajuda deleE quem eram aquelas mulheres aliEle havia dito que a mãe dele
chegaria com uma esposa para eleEntão seria isso?
– Não gostou? – perguntou a
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mulher. – O quê? – gaguejou Angel.
Ela precisava sair dali. – Da bolsa de tapeçaria – amulher respondeu, agora curiosa.
– Mudei de ideia. Angel devolveu a bolsa. Josepsaiu lá dos fundos carregando o
caixote e a viu imediatamente. Deum largo sorriso e Angel viu que eletambém deu uma olhada rápida em
volta, à procura de Michael. Ela seapressou para a porta e esbarrona senhora mais velha.
– Perdão – gaguejou, tentando
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firmar a mulher e passar por ela. – Angel! O que está fazendo
Espere!Ela não parou. Joseph largou o
caixote no chão com um estrondo
pulou por cima do balcão e aalcançou.
– Espere aí – ele disse
agarrando o ombro dela. – O queestá acontecendo?
– Nada – ela disse, com o rosto
vermelho. – Só vim dar umaespiada nas bolsas de tapeçaria.
– Então olhe quanto quiser
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Onde está Michael?Ela engoliu em seco.
– Em casa.Joseph franziu a testa. – O que aconteceu?
Ela inclinou o rosto e levantou oqueixo. – Não aconteceu nada.
A mãe dele foi para junto dodois, ainda com a vassoura na mão
– Quem é essa jovem, Joseph?
Ela observava Angel comnteresse renovado e comdesaprovação também.
– É mulher de um amigo meu –
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ele disse, sem tirar os olhos damoça.
Angel queria que ele parasse deexaminá-la com aquele olhapenetrante e arguto. Josep
segurou seu cotovelo. – Venha até aqui, sente-se e
conte-me o que está havendo.
E cuidou logo daapresentações.
– Minha mulher, Meribah, e
minha mãe, Rebekkah. – Querem café? – pergunto
Meribah.
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– Sim – respondeu Joseph.E fez sinal para sua mãe se
afastar. Ela foi varrer o chão, masficou espiando os doidisfarçadamente.
– Eu não devia ter vindo aqui –disse Angel.
– Michael sabe onde você está?
– Claro que sabe – ela mentiu. – Pois é – disse ele, afirmando
uma série de coisas com aquela
duas palavras simples.Joseph se sentou num barril e
continuou segurando o braço dela.
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– Você fugiu dele, não foi? Angel puxou o braço e adoto
uma atitude defensiva. – Não estava dando certo. – Ah, não?
Ele ficou muito tempo sem dizenada, depois completou:
– Isso não era exatamente
nesperado, eu acho, mas é umapena.
A rebeldia dela aflorou.
– Tem ideia do que uma mulheda vida regenerada pode fazer paraganhar a vida nesta cidade? –
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perguntou com petulância e comseu antigo sorriso ensaiado.
Joseph franziu o cenho e elamaginou que ele devia estapensando que ela lhe pediria algum
dinheiro. – Deixe para lá – ela seapressou em dizer. – Foi uma piada
sem graça. Angel ficou de pé. – Tenho de ir.
Joseph botou a mão no braçodela de novo.
– Sente-se aí. Meribah está
chegando com a bandeja.
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Ela lhes serviu o café. As mãode Angel tremiam ao pegar a
xícara. Procurou se controlarporque sentiu que Joseph aobservava. Meribah ofereceu-lhe
um pedaço de bolo, mas ela não oaceitou. A mãe de Joseph tinhaacabado de varrer e fora para junto
deles. Angel desejou mais uma venão ter entrado naquele lugar. Coma censura de três pares de olhos
teve a sensação de murchar podentro. Conversaram sobre aenchente, sobre a reconstrução e
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sobre o estoque da loja. Apesar deninguém fazer nenhuma pergunta
pessoal, Angel sentia os olharecuriosos.Entrou um cliente na loja e
Meribah foi atendê-lo. Chegou maioutro e Rebekkah, percebendo queJoseph não tinha nenhuma intenção
de atendê-lo, pediu licença. – Tem onde ficar? – ele
perguntou.
– Ainda não – disse Angel, eempinou o queixo. – Mas não deveser muito difícil encontrar um
quarto.
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– Vai ficar aqui – ele disse.Ela parecia completamente
exausta. – O que sua mulher e sua mãe
vão achar disso? – pergunto
sarcasticamente, sem se dar contado próprio olhar de menina perdida
– Ficariam mais intrigadas se e
a mandasse embora sem lugar parase hospedar. Não podemos ofereceacomodações muito confortáveis
mas terá uma cama com lençóiimpos e comida kosher. O que mediz?
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Ela mordeu o lábio e olhou paraas duas mulheres.
Ele bateu com a palma das mãonas coxas e se levantou. – Elas não vão se incomodar.
E mesmo se as duas nãogostassem, ele pretendia fazer comque guardassem suas reclamaçõe
para si mesmas. Já era fim de tardee ele podia fechar a loja um poucomais cedo do que de costume.
Angel se sentou com os três àmesa de jantar no segundo andarFicou brincando com a comida no
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prato, fingiu comer um pouco, masem apetite nenhum. Meribah e
Rebekkah não lhe fizeram nenhumapergunta inoportuna, mas Angesentiu que estavam muito curiosas
Quando Meribah tirou a mesa, elase levantou e foi ajudá-la. Joseph ea mãe começaram a conversar em
voz bem baixa e agitada assim queela saiu pela porta da sala. Pararamde falar quando Angel voltou para
pegar o resto dos pratos. Ela oempilhou e parou.
– Posso ficar só esta noite –
disse. – Se isso vai causa
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problemas para vocês, vou emboraamanhã bem cedo.
– Ficará o tempo que Josepdecidir que fique – disse Rebekkahnum tom que não admitia
discussão. – Ele vai pôr sua camaperto do fogão à lenha lá embaixoAssim ficará aquecida.
Joseph arrumou a cama paraela. Subiu de novo e disse paraMeribah que ia sair. Que voltaria
em poucas horas. A mulher ficosurpresa, mas não lhe perguntonada.
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– Ele nunca sai à noite – dissedepois que ele saiu e fechou a
porta.Meribah pegou um bordado parafazer.
– Negócios – disse Rebekkahtricotando bem rápido.
Angel ficou na sala de estar com
as duas mulheres. O único ruído ero tique-taque do relógio sobre oconsole da lareira e as agulhas de
Rebekkah batendo uma na outra. – Se não se importam, acho qu
vou para a cama – disse Angel po
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fim.Rebekkah aprovou balançando a
cabeça. Angel saiu, fechou a portae parou. As duas mulherecomeçaram a falar, agitadas
Deviam estar falando dela. Descee se deitou na cama, no escuroeve um sono inquieto, sonhou com
Duke.Rebekkah desceu quando o so
nasceu. Angel acordou e se vesti
apressadamente. – Não dormiu bem, não é? – a
mulher perguntou, enquanto Ange
untava suas coisas.
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– Dormi sim. Obrigada por teme deixado ficar esta noite.
Angel dobrou as cobertasfechou a cama e a botou numespaço estreito entre as prateleiras
Sentiu mais ainda os olhos deRebekkah observando tudo.
– Joseph disse que está
procurando trabalho – ela disse. –emos muita coisa que você
poderia fazer por aqui.
Angel endireitou o corpoatônita, e encarou a mulher.
– Está me pedindo par
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trabalhar para vocês? – A menos que tenha alguma
coisa melhor em vista – disseRebekkah. – Ah, não. Não tenho não – ela
disse logo. – O que quer que efaça?Rebekkah deu-lhe uma lista.
Angel lavou as janelas e varrea loja. Empilhou comida enlatada edobrou camisas de flanela
vermelha. Pendurou arreios e selanas paredes. Quando os homenam falar com ela, Meribah e
Rebekkah intercediam, respondiam
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às perguntas deles e mostravamhes a mercadoria. Rebekkah pedi
para ela carregar as caixas dodepósito e botá-las nas prateleiraatrás dos balcões. Angel trabalho
muito, parou para almoçar ao meiodia e retornou à labuta até Josepfechar e trancar a porta da loja
depois de escurecer. À noite, durante o jantar
Rebekkah deu-lhe um envelope.
– Seu pagamento – disse. Angel foi pega de surpresa e
sentiu um nó na garganta. Olho
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para Joseph e para Meribah, depoide novo para Rebekkah, que se
virou para o filho. – Ela trabalha bem. Angel abaixou a cabeça, sem
conseguir falar. Rebekkah pôs umprato de batata na frente dela. – Coma. Está precisando de mai
carne nesses ossos.Mais tarde, Angel se sentou na
cama com um lampião aceso e
contou sua diária. Ganhava maiem meia hora no Palácio, manunca se sentira tão limpa e
orgulhosa.
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No dia seguinte, Rebekkapediu-lhe para que separasse feijão
em sacos de dois quilos e meiodepois que os amarrasse e oempilhasse. Quando terminou
Angel arrumou os rolos de tecido eos pôs de pé em vez de empilháos. Meribah gostou muito daquele
novo arranjo, achando que seriamuito mais fácil manuseá-lodaquele jeito.
– Joseph acabou de receber umcarregamento de banheiras. Queme ajudar a trazê-las? Podemo
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empilhá-las naquele canto dofundos.
Rebekkah designava tarefapara Angel todos os dias e todas anoites, quando fechavam a porta e
penduravam o aviso de “Fechado”Em seguida, lhe pagava peloserviço.
– Olhe só o que acabou dechegar – disse Joseph, batendo coma mão num caixote.
Angel largou a vassoura eajeitou as mechas de cabelo queescapavam do lenço que usava na
cabeça.
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– O que é? – O fogão do Michael.
Ela ficou com o coração na bocaao ouvir o nome dele.
– Tenho de acabar de varrer a
oja – disse.Joseph ficou observando Ange
um tempo, depois voltou ao
trabalho.No jantar ela estava distraída
distante. Assim que terminou de
tirar a mesa e de lavar os pratospediu licença. Meribah desceu logodepois dela.
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– Joseph e Rebekkah estãofazendo a contabilidade – disse, e
fez uma pausa, meio indecisa. –Você não comeu quase nada noantar. Está se sentindo bem?
– Sim. Angel não parava de pensar em
Michael. Enquanto estivesse se
mexendo e trabalhando, conseguiamanter longe a saudade. Olhopara o grande caixote encostado na
parede. Teriam de lhe mandar umaviso, e então ele viria pegar ofogão.
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Tenho de ir embora antes deMichael chegar.
Meribah se sentou numa caixa eesquentou as mãos perto doaquecedor.
– Está pensando em ir emboranão está?
Angel levantou a cabeça.
– Estou. – Não está gostando do
trabalho?
– Não é o trabalho. É que...O que ela podia dizer? Deu um
suspiro e indicou o grande caixote
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com um movimento de cabeça. – O fogão de Michael. Ele vir
pegá-lo em breve. – E você não quer encontrá-lo? – Não posso.
– Foi tão terrível assim?Foi maravilhoso, isso simMaravilhoso demais para durar.
– É melhor não vê-lo, só isso. – Para onde vai?Ela deu de ombros.
– San Francisco. Não sei. Nãomporta.
Meribah pôs as mãos no colo.
– Joseph admira muito o se
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marido. Angel fez que sim com a cabeç
e olhou para o lado. – Eu sei.Só de ouvir o nome dele muito
sentimentos se agitavam dentrodela. Pensou que a saudadediminuiria. Achava que a distância
acabaria com o que sentia por eleJá estava longe dele havia trêsemanas e o desejava mais do que
no dia em que saíra de casa. – Fui casada antes – disse
Meribah. – Com um homem muito
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difícil. Minha mãe morreu quandoeu era pequena, e papai quis que
eu me casasse antes de chegar ahora dele. Então escolheu umhomem que aparentava se
próspero e bondoso. Meu maridonão era nem uma coisa nem outraEu costumava rezar para que Deu
me livrasse dele. E me livrou.Parou de falar um pouco, depoi
continuou:
– Então aprendi que a vida podeser muito cruel com uma mulhesozinha.
– Estive sozinha minha vida
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nteira – disse Angel simplesmente. – Se o seu marido for a metade
do que Joseph acha que é, vocêdeve voltar e acertar as coisas comele.
Angel levantou a guarda. – Não me diga o que devo fazer
Você não sabe nada da minha vida
nem por onde andei.Meribah ficou calada um tempo
e Angel se arrependeu da
agressividade de suas palavras. – Tem razão – disse a esposa do
comerciante. – Não sei de tudo o
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que aconteceu, mas sei o poucoque Joseph me contou.
– E o que ele lhe contou? – disseAngel, ouvindo o tom áspero nvoz, sem poder amenizá-lo.
Abalada, Meribah olhou comtristeza para ela. – Que o seu marido a tirou de
um bordel. Que ele se apaixonopor você na primeira vez em que aviu e que ainda deve amá-la até
hoje. Aquelas palavras provocaram
uma onda de dor em Angel.
– O amor não dura.
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Não sabia o que estavatransparecendo em sua expressão
Mas a de Meribah ficou mais suave – Às vezes dura sim. Se for do
tipo certo.
Depois que Meribah subiu, Angeficou deitada no escuro lembrandoo que ela havia dito. Mamãe tinha
utado para manter vivo o amor deAlex Stafford. Fizera de tudo paragradá-lo e manter viva a paixão
Agora Angel imaginava se não tinhsido exatamente esse esforço todoque o fizera se afastar. Mamãe era
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carente demais do amor dele. Todaa sua vida girava em torno das ida
de Alex Stafford à pequena casaSua felicidade dependiaexclusivamente dele. Era uma
obsessão.E em que o que ela sentia poMichael era diferente? Não
conseguia parar de pensar neleSeu coração ansiava estar pertodele, ouvir sua voz, ver seus olho
brilhando quando olhava para elaO corpo dela desejava o dele, secalor e seu toque. As emoções de
Angel eram um turbilhão.
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De manhã, comunicou a Josepque ia partir.
– Você não pode ir – ele dissenitidamente aborrecido com ela. –Meribah machucou as costas ontem
à noite. Não foi, Meribah? A mulher ficou confusa. – Pode admitir – ele disse, e ela
abriu as mãos. – Está vendo? –observou Joseph. – Além do maisestou com um carregamento no
fundos. Não posso trazer tudosozinho para as mesas.
– Então está bem – rendeu-se
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Angel. – Mas assim que issoterminar, preciso ir.
E foi trabalhar na mesma horaapressada para acabar logo e saidali. Joseph ficou dizendo para ela
r devagar, que não precisava deoutra mulher com uma distensãonas costas. Quando pararam para
almoçar, ele ficou mexendo nacomida com o garfo tanto tempoque Angel se exasperou. Ela se
evantou para voltar ao trabalho eele lhe disse para se sentar de nove terminar seu café. Se estava tão
aflito para arrumar a mercadoria
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por que desperdiçava tanto tempoE parecia que não havia nada de
errado nas costas de Meribaquando ela se levantou e tirou abandeja pesada da mesa...
Voltaram ao trabalho e Josephdisse que tinha mudado de ideiasobre o local onde tinha posto
alguns lampiões, e que queriacolocá-los do outro lado da loja. Amercadoria sobre a mesa que ele
tinha escolhido também tinha deser retirada dali. Angel fez o queele pediu, mas foi ficando cada ve
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mais tensa à medida que o dia iapassando.
Saia daqui, Angel. Váembora. Já.Mas ela ficou trabalhando com
Joseph, querendo terminar o quetinham começado, mesmo se elemudava de ideia a cada meia hora
O que estava acontecendo com elehoje?
Por fim, Joseph pôs a mão no
ombro de Angel. – Já chega por hoje. Quer fecha
a loja para mim?
– Ainda é cedo, não é?
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– Acho que já passou da hora –ele disse, e sorriu.
Joseph fez sinal para Meribah epara sua mãe, e os três passaramuntos pela cortina dos fundos
Angel franziu a testa e deu meiavolta.
Michael estava parado na porta
da loja.
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Tu és toda formosa, minha amada
e em ti não há mácula – C Â N T I C O D O S C Â N T I C O S 4 ,
ngel ficou paralisada de
choque quando Michael veiocaminhando em sua direção. Estavacoberto de poeira da estrada, com
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rugas no rosto e expressãoangustiada.
– Joseph me mandou um recadodizendo que você estava aqui.O coração dela estava
galopando. – Por que veio? – Para levá-la para casa.
Ela recuou, para longe dele. – Eu não quero voltar – disse
querendo parecer firme e
ndiferente, mas sua voz trêmulanão soou como uma coisa nemoutra.
Ele continuou avançando. Ange
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bateu numa mesa de botas ealguns pés caíram no chão.
– Eu sabia que você não ia voltapara Pair-a-Dice – ele disse.
Ela se agarrou à mesa atrás dela
para se equilibrar e não cedeu. – Como teve tanta certeza? –
zombou.
Ele não respondeu. E ela nãoconseguiu decifrar seu olharMichael estendeu a mão e ela
prendeu a respiração. Sentiu orosto sendo tocado timidamenteApertou os lábios para impedir qu
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tremessem. – Eu simplesmente sabia
Amanda.Sem poder suportar o turbilhãode emoções, passou por ele
aflitíssima. – Você nem sabe por que odeixei.
Michael a agarrou e a virou. – Ah, sei sim!Puxou Angel e a abraçou.
– Você veio embora por causadisso.
E a beijou. Quando ela tentou se
ivrar, ele segurou-lhe a cabeça po
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trás. Angel se debateu mais quandoo fogo traiçoeiro a dominou.
Finalmente parou de lutar eMichael soltou os cabelos louroque ela tinha presos pelo lenço
Enfiou os dedos no meio delesnclinando a cabeça dela para trásAngel sentia as batidas violentas do
coração dele na palma das mãos. – Foi isso, não foi? – ele disse
com a voz rouca.
Envergonhada, ela tentou sevirar para o outro lado, mas ele nãodeixou.
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– Não foi? – Não quero sentir isso –
sussurrou, derrotada. Alguém pigarreou. – A loja ainda está aberta?
Michael se virou e deslizou amãos nos braços dela. Apertou amãos de Angel um segundo, ante
de soltá-la. – Não, não está. Sinto muito. Atravessou a loja e acompanho
educadamente o cliente até aporta. Fechou-a bem quando entrounovamente, trancou-a e virou o
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cartaz na janela.Michael se virou para trás e vi
Amanda no fundo da loja. Ela seabaixou para pegar alguma coisaperto do aquecedor. Ele foi até lá e
viu que era uma bolsa de tapeçariae que ela estava recolhendo apoucas coisas que tinha.
– Vamos para casa amanhã demanhã – ele disse.
Ela não olhou para ele.
– Você vai para casa. Eu voupara San Francisco.
Ele cerrou os dentes e se
esforçou para ter paciência. O rosto
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dela estava muito branco e tensoQuando tentou encostar nela, Ange
se moveu muito depressa e pôs umbarril entre os dois. Enfiava aroupas na bolsa freneticamente.
– Você está apaixonada por mim– ele disse. – Pensa que podeescapar disso?
Angel ficou paralisada com suapalavras, de cabeça baixaagarrando a bolsa com força
remia violentamente. O efeito queMichael tinha sobre ela eradevastador. Recomeçou a guarda
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as coisas na bolsa. Quanto maicedo se afastasse dele, melhor
entava enfiar seus sentimentos nabolsa, junto das roupas. – Eu disse que nunca me
apaixonaria por ninguém, e falesério! – Mas, milagre dos milagres
você se apaixonou, não foi? – eleretrucou, determinado e implacávecomo nunca.
– Vá embora, Michael. – De jeito nenhum. – Deixe-me em paz!
Angel enrolou a última saia e a
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enfiou junto com as outras coisasFechou a bolsa e olhou furiosa para
ele. – Quer saber como eu sinto o
amor? A sensação que tenho é de
que você está arrancando mecoração.
Os olhos dele faiscaram.
– Comecei a sentir isso quandovocê partiu. Não quando estavacomigo.
Ela tentou passar por ele, maele a impediu.
– Reparei no jeito que estava
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começando a olhar para mimAmanda. Senti sua reação naquela
última noite. Eu a senti em todo omeu corpo. – E isso lhe deu uma sensação
de poder, não foi? Não foi? – Sim! – ele admitiasperamente e agarrou-lhe o braço
quando ela já recuava para a portados fundos.
– Mas não é um poder que vo
usar contra você. – Tem razão – ela disse
tentando se livrar. – Não vou lhe
dar essa chance!
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Michael arrancou a bolsa da mãodela e lançou-a contra a parede do
fundo da loja. – Não sou seu pai! Não so
Duke! Não sou nenhum cavalheiro
pagando por meia hora em suacama! – gritou, apertando o braçodela. – Sou seu marido! Não
subestimo o que você sente. Eu aamo. Você é minha mulher!
Angel mordeu o lábio e reprimi
as lágrimas.Michael ficou um pouco mai
calmo. Segurou o rosto dela para
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que não deixasse de olhar para elee viu a briga desesperada que ela
travava com suas emoções. Elasempre foram suas inimigas. Parasobreviver, ela não podia se
permitir sentir. Ele compreendiasso, mas tinha de fazê-la entendeque aquela emoção não lhe seria
prejudicial. – Amanda, no primeiro dia em
que a vi, soube que seu lugar era
ao meu lado. – Sabe quantas vezes os homen
me disseram isso? – ela disse
querendo afastá-lo.
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Ele insistiu, obstinadamentecomo se não estivesse ferido com
suas palavras. – Adorei vê-la crescer e mudar
Você nunca é a mesma. Adoro o
eito que encara coisas novas, suavontade de aprender. Adoro seumodo de trabalhar, a expressão de
menininha quando termina umacoisa que nunca fez antes. Adorovê-la saltitando no campo com
Ruth. Adoro vê-la rir com Miriam eacatar a sabedoria de ElizabethAdoro a ideia de envelhecer com
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você e de acordar ao seu lado peloresto da vida.
– Não faça isso – ela murmurouarrasada. – Eu ainda nem comecei – e a
balançou suavemente. – Amandaadorei lhe dar prazer. Adorei sentisua entrega. Adorei ouvi-la dize
meu nome – ela corou e ele abeijou. – O amor purifica, minhaamada. Ele não derrota ninguém
Não joga culpas – e a beijou denovo, desejando ter as palavracertas para dizer o que sentia.
As palavras nunca lhe bastariam
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para mostrar à sua amada o queele queria lhe dizer.
– Meu amor não é uma arma. a linha da vida, um salva-vidasEstenda a mão, agarre-se e não se
solte mais.Dessa vez, quando ele a puxo
para perto e a abraçou, ela não
resistiu. Então, quando ela oabraçou também, ele suspirou etoda a tensão daquelas última
semanas desapareceu. – Essa sensação é boa, não é?
assim que deve ser.
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– Eu não conseguia parar depensar em você – ela desabafou
chegando mais perto e sentindo ocheiro doce de seu corpo. Angel sentia falta daquela
sensação de segurança que sóexistia quando estava perto deleEle estava mesmo decidido a fica
com ela. Ora, por que não deixaque isso acontecesse? Não era oque ela queria? Pertencer a ele
Ficar com ele para sempre. Não erasso que desejava, todos ominutos, desde que o deixara?
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– Você me faz ter esperançaMichael. Não sei se isso é bom.
– É bom sim – ele disse.Ele a abraçou com força e sealegrou com aquela admissão. Era
um começo.
Assim que amanheceu, elepartiram. Angel foi montada atráde Michael, segurando firme em se
cinto. Ele não falou muito, sóperguntou como ela tinha chegadoa Sacramento. Ela lhe contou tudo
detalhadamente. Falou sobre Sam
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eal e a má sorte dele. Michael riuquando ela lhe contou como vende
as panelas no acampamento demineiros. Ela também achou graça. – Nunca pensei que eu tivesse
eito para alguma coisa. – Vou deixá-la tratar de negócio
com Joseph da próxima vez que
evarmos um carregamento. – Joseph é completamente
diferente. Ele não seria enrolado
com tanta facilidade. – Ele gosta de você, sabia? – Gosta? – ela ficou satisfeita. –
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Pensei que tinha me deixado ficaá por estar fazendo um favor para
você. – Em parte foi por isso tambémEle disse que soube que Deus a
acompanhava assim que vocêentrou em sua loja naquele dia. Angel não respondeu. Achava
que Deus não interferia em nadaque tivesse relação com ela. Quetinha lavado as mãos e desistido
dela há muito tempo. Ela abraçou acintura de Michael e encostou acabeça em suas costas largas e
fortes. Estava à beira do choro
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Começou a tremer e enfrentou ummedo vago que a perseguia
Michael sentiu isso, mas deixopara conversar com ela quandopararam para descansar.
Ele desmontou e a tirou de cimado cavalo. Segurou o queixo dela eanalisou seu olhar.
– O que foi, Amanda? – Foi pura sorte encontra
Joseph naquela hora, Michael.
Ele sabia que tinha sido muitomais que isso, mas, mesmo que elehe explicasse, ela não acreditaria.
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Angel não queria nem pensar noque teria acontecido se não
encontrasse Hochschild. Era fracaEra horrível ter de reconhecer issoBastaria um dia sozinha para que
voltasse para um bordel. Um diaalvez nem isso. – Você me salvou mais uma ve
– disse, tentando parecer calma.Constrangida com a própria
vulnerabilidade, desviou o olhar.
Michael fez com que se virassede novo para ele. Ah, os olhos deleão cheios de esperança. Tão
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cheios de amor. – Sou apenas uma ferramenta
minha amada. Não sou seSalvador.Quando ele a abraçou, Ange
correspondeu. Ficaram juntos assimaté o anoitecer e percorreram oresto do caminho à luz do luar.
Michael foi trabalhar na terra, o
últimos preparativos antes desemear. Angel o ajudou, tirandopedras e desfazendo torrões no
campos de grãos. Quando chegou o
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dia de plantar, ele carregou acarroça com as sementes e ela fo
unto. Ele explicou como semear otrigo, depois rodou de um lado paroutro. Angel lançou as sementes e
duvidou que dali nascesse algumacoisa.
Depois tiveram mais trabalho
plantando milho. Michael pegopeixes na armadilha, cortou-os empedaços grandes e os enterrou com
as sementes de milho. Levaram umdia inteiro para plantar o milharamas, quando olhou para a terra
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toda preparada, Angel ficosatisfeita. Na manhã seguinte, vi
um bando de pássaros na plantaçãode trigo. Largou o balde de água ecorreu pelo campo para afugentá
os.Michael, que a observavaapoiado na cerca do curral que
estava consertando, deu risada. – O que está fazendo? – Michael, aqueles pássaro
horríveis! O que vamos fazer? Eleestão comendo todas as sementeque plantamos.
Angel jogou um torrão de terra
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em um pássaro, que saiu voando ese empoleirou numa árvore
próxima. – Pode deixar. Eles só vão come
o que lhes é de direito.
Ela voltou para perto dele. – O que lhes é de direito? E po
que precisam de nossas sementes?
– É um pagamento justo. Elesão os guardiões da terra – disseMichael, apontando para eles. – A
andorinhas, os gaviões e falcõecontrolam o ar e se alimentam donsetos para que estes não se
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reproduzam além da conta. Os picapaus, os trepadores e os chapins se
alimentam das larvas e dobesouros que destruiriam nossaárvores. Os passarinhos canoros e
os papa-moscas comem os insetoque atacam as folhas. Os galosilvestres e os tetrazes comem o
gafanhotos que devorariam nossaplantações.
– O que são aqueles que estão
ciscando lá?Ele riu.
– São melros.
– Bem, esses não servem par
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nada, não é? – Eles são os guardiões da
superfície do solo, com a ajuda docorvos, tordos e cotovias. Anarcejas e as galinhas comem o
nsetos que estão enterrados nasuperfície – disse, puxando-lhe atrança de leve. – Deixe os pássaros
Amanda, senão perderemos nossaplantações. Além do mais, tenhooutras coisas para você fazer.
Ele pulou a cerca e a arrebatonos braços.
– Michael, e se não chover?
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– Vai chover. – Como sabe?
Ele a pôs no chão. – Você está se preocupando comcoisas que não podemos controlar
Apenas aceite tudo, um dia de cadavez.
Realmente choveu nas semana
seguintes, a terra ficou úmida emacia.
– Michael, venha ver!
Brotos verdes despontaram, eAngel andava para cima e parbaixo entre os sulcos de milho
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animadíssima. As plantinhas erammuito pequenas e frágeis. Bastaria
um dia de calor para que secassemmas Michael não se preocupouConsertou a cerca do curra
terminou a construção da estufasobre o riacho e foi caçar. Acertouum gamo e mostrou-lhe como
tratar do animal. Penduraram acarne na defumadora.
Às vezes ele encontrava Ange
cuidando de seus afazeres quandoela menos esperava.
– Vamos procurar um luga
agradável ao sol – ele sussurrava
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abraçando-a. – Venha comigo eseja o meu amor.
Um dia estavam deitados nofeno, no jirau do celeiro, quandoAngel ouviu Miriam chamar.
– Oh! – exclamou, mortificada.Michael deu risada, segurou-a
pela cintura e a fez cair deitada no
feno novamente. – O que está fazendo? – O que Miriam vai pensar? Você
e eu aqui em cima, em pleno dia? – Ela pode pensar que estamo
espalhando o feno.
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– Miriam é uma menina muitonteligente.
Ele deu um sorriso de orelha aorelha. – Bem, então ela talvez vá
embora. – Não vai não. Angel ficou de pé de um pulo e
tirou as hastes de feno do cabelo. – Diga para ela que eu fui caça
e que você estava tirando um
cochilo – ele disse.Michael se levantou e beijou a
nuca de Angel. Ela corou e o
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empurrou.Miriam entrou no celeiro e a vi
descendo a escada. – Ah, você está aí. – Eu estava cochilando – ela
disse, com o rosto vermelhoarrumando o cabelo para trás.Os olhos de Miriam brilharam.
– Vi que vocês já estão com tudplantado também.
Angel pigarreou.
– É. – E tudo germinando. – Vamos para a cabana? Vou
fazer um café.
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– Ótima ideia – disse Miriamcaindo na risada. – Michael! Papa
quer que você e Mandy venhamantar conosco. Vamos comemoranossa primeira semeadura.
A risada de Michael veio do jirado celeiro.
– Diga a ele que será um prazer
Miriam segurou a mão de Angee as duas saíram.
– Mamãe sempre fica muito
corada quando volta de umacaminhada com papai – ela disse. –Exatamente como você está agora.
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Angel corou. – Você não devia falar disso
assim tão abertamente.Miriam fez Angel parar e aabraçou com força.
– Eu estava com muita saudadede você!
Angel retribuiu o abraço
emocionada. – Eu também senti sua falta.Miriam se afastou e seus olho
se encheram de lágrimas. – Ora! Não foi tão difícil admiti
sso, foi?
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Estava muito satisfeita.Os Altman também tinham
terminado de plantar e Miriamcomentou que agora tinha maitempo livre. As crianças estavam
bem. Tinham estado com Paualgumas vezes. Ele os ajudara acavar o novo poço.
– Vamos levar o café lá para forae sentar embaixo daquela macieira– disse Miriam.
Michael estava cortando lenhaAngel o chamou, ofereceu-lhe cafémas ele não quis.
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– Mamãe está grávida – disseMiriam, depois que as duas se
sentaram à sombra. – Ela semprefica linda quando um bebê está acaminho.
– O que seu pai acha disso? –perguntou Angel, pensando nopróprio pai.
– Ah, ele fica muito convencidotodo prosa – disse Miriam, com umsorriso malicioso. – Você e Michae
estão encomendando a prole? A pergunta provocou uma
pontada de dor em Angel. Ela de
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de ombros e se virou para o outroado.
Miriam segurou sua mão. – Por que você foi emboraFicamos todos muito preocupados.
– Não posso explicar – disseAngel. – Não pode ou não quer? Você
sabe o motivo? – Parte dele.Ela não podia dizer mais nada
Como fazer para aquela meninangênua entender? Miriam era tãofranca, tão livre. Angel desejou se
gual a ela.
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– Nunca contamos para Ruthie –disse Miriam. – Só dissemos que
você e Michael estavam muitoocupados e que não apareceriampor um tempo.
– Obrigada – disse Angel, com ocoração apertado, observandoMichael empilhar a lenha.
Miriam sorriu. – Está completamente
apaixonada por ele, não está?
– Completamente. Esse amome consome. Às vezes basta eleolhar para mim que...
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Angel parou de falar. Viu quedizia em voz alta seus pensamento
mais íntimos. – Não é assim que deve ser? –perguntou Miriam.
– Não sei. É? – Espero que sim – ela disse
sonhadora. – Ah, eu realmente
espero que seja.Quando foi visitá-los novamente
Miriam levou Ruth. Angel largou a
ferramentas de jardinagem ao ver amenina descer correndo a encostaflorida. Espanou a terra das mãos
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passou pelo portão da horta ecorreu para encontrá-la.
– Mandy! Mandy! – gritou Rutcheia de alegria. Angel a levantou no colo e a
abraçou. – Oi, querida – disse, com a voembargada, beijando-lhe a
bochechas e o nariz. – Tem sidouma boa menina desde a últimavez que nos vimos?
– Tenho! – disse Ruthapertando de novo o pescoço deAngel, como se não quisesse mai
argá-la. – Por que você fugiu? Fico
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onge tanto tempo... Paul disse quevocê sempre foge, e que Michae
sempre vai atrás de você e a trade volta para casa. Ele disse queMichael é bobo, porque você gosta
mais de sua vida antiga do que deser mulher de fazendeiro. Que vidaantiga, Mandy? Não quero que você
volte para ela. Quero que fiqueaqui.
Angel pôs Ruth no chão bem
devagar. Sentiu um mal-estar assimque a menina começou a repetir oque obviamente tinha ouvido. Não
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contamos para Ruthie. Nãoconseguiu olhar para Miriam
quando ela se aproximou. – Qual é o problema? – Miriamperguntou.
Angel não respondeu e ela sevirou para a irmãzinha. – O que você andou falando?
Angel tocou carinhosamente nocabelo escuro de Ruth.
– Eu adoro ser mulher de
fazendeiro – disse, bem baixinho. –E não quero voltar para minhaantiga vida.
Miriam ficou boquiaberta e muito
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vermelha.Ruthie meneou a cabeça e
abraçou as pernas de Angel, queolhou friamente para Miriam.
– O que ela disse para você? –
Miriam perguntou. – Apenas o que ela ouviu. – Ruthie. O que foi que você
ouviu? – Você e Paul conversando – ela
disse, atrás da saia de Angel.
– Deixe para lá – Angel falocom tristeza. – Deixe a menina empaz, Miriam.
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– Não vou deixar nada! Vocêandou bisbilhotando, não foi? –
disse Miriam com as mãos nacintura, olhando séria para a irmã.Ruthie espiou de trás da saia.
– Mamãe me mandou – ela febico. – Pediu para eu chamar você.
– Quando foi isso?
– Quando Paul estava conoscoEla disse que você estava foramuito tempo e queria que voltasse
para casa.Miriam corou até a raiz do
cabelos.
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– E aí? – Ele estava falando e você
estava furiosa. Eu sabia porquevocê estava toda vermelha, comoestá agora. Você disse para ele
evar as histórias dele para a casadele, e ele disse...
Angel, muito pálida, pôs a mão
trêmula na testa da menina. – Deixe para lá – Miriam se
apressou em dizer, para calar Ruth
e levantou a cabeça com os olhocheios d’água.
– Amanda...
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Angel sacudiu os ombros, aindtremendo.
Miriam puxou Ruth e deu-lhe umtapinha no bumbum. – Vai dizer “oi” para o Michael
Ruthie. A menina mordeu o lábio, quase
chorando.
– Você não está brava comigo?Ela se abaixou.
– Já está perdoada. Agora vai –
Miriam beijou a irmã. – Falamodisso depois, pequena. Vá ver oMichael.
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Quando Ruthie chegou, Michaea pôs em cima da cerca.
– Sinto muito – disse Miriamabalada. – Diga alguma coisaAmanda. Não fique assim.
O que ela podia dizer? – Você quer café? – Não, obrigada.
Angel foi andando para acabana. Miriam acertou o passo aoado dela.
– Eu não estava fofocando sobrevocê. Eu juro.
– Nem o Paul – disse Angel. –
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Ele estava apenas expressando semodo de ver as coisas.
– Como pode defendê-lo? – Já magoei Michael mais deuma vez, e Paul sabe disso.
– Não quer dizer que vai magoáo de novo. – Não quer dizer que não vou.
Miriam e Ruthie ficaram quase atarde inteira, e nesse tempo todoAngel não conseguiu esquecer o
assunto. Será que ela podia mesmomudar? Era diferente só porqueMichael a amava? Ou aquela seria
uma calmaria antes da
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tempestade?
Michael sabia que alguma coisaestava errada. Tiveram um mês de
felicidade completa e agora elesentia que Amanda se afastava denovo. Ficou com medo. Meu Deus
não deixe que ela se afaste de mimoutra vez. Ajude-me a mantê-lacomigo.
– Venha aqui – ele disse, ebotou um cobertor na frente daareira.
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Ela se aproximou na mesmahora, mas com um olhar sombrio e
misterioso. O que a atormentava? Angel se recostou no peito large musculoso de Michael. Ela
adorava sentir suas mãos em voltadela.
– O que houve? – ele perguntou
passando o nariz em seu pescoço. –Alguma coisa está atormentandvocê a noite toda. Miriam ou Rut
disseram algo que a aborreceu? – Não foi de propósito. Angel não queria falar de Paul
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Não queria contar que as palavras amachucavam demais. Tinha negado
o poder delas a vida inteira, masentia cada uma como um punhal. – É que estou tão feliz – disse
com a voz trêmula – que nãoconsigo superar a sensação de quenão mereço isso.
– E acha que eu mereço? – O que você fez, em toda a sua
vida, para se envergonhar, Michael?
Absolutamente nada. – Eu cometi um assassinato.Michael sentiu o choque que
essas palavras lhe provocaram. Ela
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se afastou e se virou de frente, comos olhos arregalados.
– Você? – Cem vezes. Quando voltei par
evá-la embora na primeira vez e v
o que Magowan tinha feito comvocê. E Duke. Eu o matei cemvezes, de cem formas diferentes
cada uma pior que a anterior.Ela entendeu e ficou aliviada.
– Pensar em fazer alguma coisa
errada não é a mesma coisa quefazê-la.
– Não é? Qual é a real diferença
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A intenção é a mesma – e puxosua trança. – Você não entende
Nenhum de nós merece isso. Nãotem nada a ver com o nossomerecimento. Toda bênção vem do
Pai, não é pagamento por algumbem que fizemos, é uma dádiva.Michael viu que ela reagi
quando ele mencionou Deus. Sentia resistência dela crescendo. Deusa palavra feia. Deus, o ser que não
tinha sentido na vida dela, excetocomo pena para os pecadocometidos, alguns que nem eram
dela. Ela acreditava que Deus era
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ra e que sempre a puniria por tevivido aquela vida em que fora
forçada a entrar por um velhobêbado decadente que não sabia oque estava fazendo. Para ela, Deu
era cruel e gostava de provocasofrimento.
O que podia fazer para que
compreendesse que Deus Pai era aúnica saída que ela tinha paraaquela vida de inferno, se o único
pai que conhecera quis que elafosse arrancada do ventre da mãe eogada no lixo?
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– Mostre-me esse seu PaiMichael – ela disse, sem pode
camuflar a incredulidade na voz. – É o que estou fazendo – eledisse baixinho.
– Onde? Não estou vendo. Quemsabe, se ele aparecesse na minhafrente, eu acreditaria em sua
existência.E poderia cuspir na cara dele po
tudo o que acontecera em sua vida
e na da mãe. – Ele está em mim. Mostro-lhe
Deus todas as horas de todos o
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dias, do único jeito que sei.E evidentemente não estava
fazendo um bom trabalho. Angel viu que ele estavamagoado e suavizou o tom. Michae
era muito sincero. E a amavamuito. Ela o amava tambémapesar de ter lutado muito contra
sso. Ele fez com que ela o amassesendo apenas Michael. Mas isso nãotinha nada a ver com Deus... Não
é? – O amor não basta – ela disse
tocando naquele rosto amado. – Se
bastasse, seria suficiente para a
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minha mãe, e não foi. Eu não bastopara você também.
– É, não basta. E eu tambémnão basto para você, Amanda. Nãoquero ser o centro de sua vida
Quero ser parte dela. Quero ser semarido, não seu deus. As pessoanão podem estar sempre ao se
ado quando precisa, por mais quequeiram estar. E eu estou entreelas.
– E Deus também? – ela dissecom desprezo. – Deus nunca esteveá quando precisei.
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Angel se afastou dos braçodele, se levantou e foi para a cama
Michael observou enquanto elasoltava o cabelo. Ela olhou para elee ficou completamente imóvel.
– Ainda bem que você gosta deouras – disse, com a voz suave.
Ela não ia desnorteá-lo com
tanta facilidade. – Sua aparência pode te
nfluenciado um pouco na primeira
vez em que a vi – ele admitiu, aose levantar e jogar o cobertor nacostas da cadeira.
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– Só um pouco? – ela disse, semvaidade.
Até conhecer Michael, Angesempre se considerara alimento dodesejo carnal dos homens.
– Um pouco – ele repetiu, comfirmeza.
Angel olhou para ele e Michae
ficou sério, com uma expressão quedesafiava seu estado de espírito.
– Na verdade acho que foi se
temperamento equilibrado, sedesejo de se adaptar ao meu modode vida, o desejo constante de me
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agradar...Ele atravessou a cabana falando
e se sentou na beira da camaAngel deu risada.Diante do sorriso dele, que
desarmava qualquer agressividadeAngel baixou a guarda. – Então... – ela disse –, você é
só mais um sujeito que reage aodesafio.
O sorriso dela desaparece
assim que aquelas palavras lheescaparam dos lábios. Por que tudoque dizia tinha de marcá-la com se
passado? Virou-se de lado outra ve
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e continuou a desmanchar a trançaMichael não se fez de rogado e pô
a mão suavemente na coxa delapara tranquilizá-la. Aquele toqueeve e simples, a fez se derreter po
dentro. – O que sente agora que vire
argila macia em suas mãos
Michael? – Contentamento – ele disse. –
Pura felicidade.
Michael beijou seu pescoço nougar em que uma artéria latejavaacelerada. Ela deu um suspiro
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repentino e ele sentiu o calor seespalhando rapidamente. Ele a
desejava. Sempre a desejaria. Egraças a Deus, ela também odesejava. Michael sentia isso toda
vez que encostava nela. – Minha amada – sussurrou, esentiu uma ternura avassaladora ao
ver a incerteza no azul de seuolhos. – Se alguém soubesse comoou por que as pessoas se
apaixonam, certamente mandariaengarrafar e venderia numadaquelas carroças que rodam por a
vendendo curas. Não foi sua
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aparência. Não é porque agoraadoro o seu perfume e o seu gosto
Sabe que não é isso – ele disse, e abeijou.
– É uma parte – ela suspirou.
– Deus sabe que isso é verdademas é algo que vai além disso. Umcoisa que não se vê. Você me
chamou naquele dia em que passoandando, e a única coisa que pudefazer foi responder.
– Você disse isso antes. – E ainda não acredita em mim. – Ah, Michael. A vida fez coisa
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comigo. Estou tão cheia de... – elaparou, apertou os lábios e olho
para trás de Michael, sem podeencará-lo. – De quê?
Ele afastou os fios de cabelo desuas têmporas. – Vergonha – Angel conseguiu
dizer, com a voz entrecortada.Seus olhos ardiam e ela tento
abafar aquelas emoções outra vez
Não podia ceder às lágrimas, anenhuma, mas queria que elesoubesse o que estava sentindo.
– Não sei o que fiz de errado
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Nunca soube, mas desde muitocedo compreendi que jamais seria
suficientemente boa para mereceuma vida decente.
E que sua simples presença
roubava a decência dos outrosSerá que acabaria tirando adecência de Michael também? Não
suportava pensar que isso podiaacontecer com ele.
– E como explica isso?
Ela estendeu a mão e tocou orosto dele.
– Não explico. Não sei como. Só
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sei que isso não vai durar.Os olhos de Michael se
encheram de lágrimas. Ela estavapartindo seu coração. Sempre faziasso.
– Eu nunca dei as costas parvocê, e nunca darei. Sempreaconteceu o contrário.
– Eu sei. Mas, mesmo se eu lhdesse tudo o que eu tenho, nãoseria o bastante. Não tenho o que
baste para um homem como você.Ele segurou a mão dela e a
apertou contra o coração.
– Então tome de mim o que falta
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em você. Deixe que o que eu tenhofaça a diferença.
O coração de Angel estava tãorepleto que chegava a doer.
– Você é tão lindo – sussurrou
com a voz trêmula.Como podia ser tão amada po
um homem como aquele, logo ela
entre todas as mulheres? MeDeus, se está aí escutando, por quefez isso com ele?
Por você, minha amada.Ela estremeceu e ficou toda
arrepiada.
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Por mim não. Nunca por mim. Angel se fechou para aquela vo
calma e firme. – O que foi? – perguntoMichael, vendo aquela palide
repentina.Ele era muito bonito, mas a
atração que ela sentia era por outra
coisa. Talvez fosse o que ele tinhadito. Por algo que não se vê. Haviaalguma coisa dentro dele que a
atraía, como a chama atrai amariposa, só que uma chama quenão queimava nem destruía. Ao
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contrário, acendia alguma coisa láno fundo, e ela sentia que estava
se tornando parte dele. Ele davasentido à sua vida. Não era maiuma questão de sobrevivência. Era
outra coisa que ela ainda não podiadescrever nem entender, mas queno entanto, a chamava o tempo
todo.E quanto a Paul, Angel?Ela franziu a testa. Michael se
deitou ao lado dela, segurou-lhe oqueixo e a fez virar de frente paraele.
– Conte para mim.
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Ela ficou maravilhada com asensibilidade dele para cada
pensamento seu, mas será quepodia revelar aquilo sem aprofundaainda mais o abismo entre ele e o
amigo? Paul não estava erradoquando falava dela. Ele a via comoo resto do mundo deveria vê-la
uma mulher que vendia o corpo podinheiro e nada mais.
Ela balançou a cabeça. Michael a
beijou como se quisesse dar-lheesperança.
– Gostaria de poder mudar a
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coisas – ela disse com tristezaquando ele levantou a cabeça. –
Queria ter chegado limpa e íntegrapara você. – Para que eu a amasse mais do
que a amo agora? – ele perguntoucom um sorriso terno.Para eu poder merecê-lo. Ange
puxou a cabeça dele e o beijou. – Posso lhe dar prazer. – Você me satisfaz do jeito que
é.Ela queria mais do que tudo lhe
dar prazer de todas as formas.
Lembre-se de tudo que lhe
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ensinei, Angel. A voz de Duke sentrometeu. Faça o que eu lhe
ensinei e use-o.Quando Michael sorriu, a vo
sombria perdeu a força.
– Sem barreiras – disse Michae– Que não haja nada entre nós.
Então ela se entregou. Não
pensava em nada além de MichaeEla sempre achara feio o corpo dohomens. Mas Michael era lindo, e
ela o admirava.Michael regozijou-se com ela.
– Você é como a terra... A
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Sierras, o vale fértil e o mar.Ele a puxou para cima de modo
que os dois ficassem sentados depernas cruzadas na cama, um defrente para o outro. Ela não sabia o
que ele pretendia, até ele segurasuas duas mãos e abaixar a cabeçaEle rezou em voz alta, agradeceu o
prazer que tiveram um com o outroO coração de Angel batia
violentamente. O que o Deus dele
a pensar disso? Quando Michaeterminou a oração, sorriu para elae o brilho em seus olhos desfez o
medo que ela sentia.
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– Sem raios, minha amada – eledisse, entendendo o que ela
pensava. – Todas as coisas boasvêm do Pai. Até isso.
Ele se deitou de costas e a
puxou para ele. Abraçou-a eficaram assim até adormecer.
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Porque eu vos digo que, se a vossa
justiçnão for maior e mais perfeita do
que a do
escribas e fariseus, não entrareis noreino dos céus – J E S U S , M A T E U S 5 , 2
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aul remoía pensamentosentado diante da lareira
de sua casa, com uma caneca nocolo e a foto de seu casamento namão. Já fazia dois anos que Tessie
tinha morrido e ele queria mantesua lembrança viva. Não queria seesquecer de como ela era. Ma
ultimamente, até que pegasse afotografia, tudo o que conseguiaembrar era que ela era morena e
tinha o sorriso igual ao de Michaeentava lembrar a textura de sua
pele, o som de sua voz, mas estav
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tudo se apagando, tudo menos adoce memória do breve tempo em
que estiveram juntos. A solidãovazia e dolorosa que ela deixou eratudo que permanecia nítido. Pau
argou a foto e tomou um bom golede uísque. Inclinou a cabeça paratrás e fechou os olhos, cansado
Não via Michael desde o dia em quo amigo fora lhe pedir ajuda paraencontrar Angel. Não podia
esquecer aquele dia, nem o próprioremorso.
– Ela fugiu de novo?
– Sim. Preciso encontrá-la.
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– Deixe que vá. Estará melhosem uma mulher como aquela.
O olhar de Michael pegou fogo. – Quando é que vai abrir o
olhos?
– E você? – retrucou Paul. – Seela o amasse, não acha que ficariaVocê não seria capaz de expulsá-la
Michael, quando é que vai enxergao que ela é?
Michael conduziu seu cavalo
para longe e a fúria de Pauexplodiu.
– Vá procurá-la em algum
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bordel. Não foi onde a encontrou naprimeira vez?
Vociferando, ele continuou arevirar a terra com a pá e desdeentão não conseguira mais se livra
da sensação de vazio em secoração. Nem mesmo quandoMichael voltou.
Era óbvio que o cunhado nãotinha encontrado nenhuma pista deAngel. Ficou com pena de Michae
Não sentia o fato de ele não a teencontrado. Sentia muito porqueMichael estava arrasado por tê-la
perdido. Ela não valia aquele
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sofrimento todo. – Ela me ama, Paul. De verdade
Você não a entende.Paul deixou por isso mesmo. Não
queria mais saber de Angel, não
mais do que já sabia. Um dia comela tinha bastado para azedar-lhe aalma pelo resto da vida.
Michael ficou e eles conversaramsobre as plantações e sobre a terramas não foi como antes de Ange
entrar em suas vidas. Nãomportava se tinha ido embora onão. Ela continuava entre os dois.
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– Você está progredindo – disseMichael antes de partir. – Aquele
campo está muito bem cuidado. – O trabalho seria mais rápido seeu tivesse um cavalo. Foi uma pena
ter perdido o meu na trilha. – Fique com este.Michael tirou a sela e Paul ficou
atônito. – Assim que fizer sua colheita
terá dinheiro suficiente para
comprar outro.Envergonhado, Paul ficou com
um nó na garganta e não consegui
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falar. Michael botou a sela noombro.
– Você faria o mesmo por mimnão faria, Paul?Michael foi para casa.
Poucos dias depois, Paul levouum lombo de veado para os Altmae ficou sabendo que Michael estava
a caminho de Sacramento paratrazer Angel de volta para casaJoseph tinha lhe mandado um
recado, dizendo que ela estavatrabalhando no armazém. Uma boahistória. Ele podia apostar que ela
estava se vendendo para o
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mineiros que passavam o invernona cidade. Seis onças de ouro po
quinze minutos. Talvez mais do quesso para compensar o tempoperdido com Michael.
– Não parece muito feliz com anotícia – disse Miriam, observandoPaul atentamente.
– Tenho certeza de que Michaeestá feliz – ele disse, e foi pegaseu cavalo. – É um tolo –
resmungou baixinho.Miriam foi atrás dele.
– Ele a ama muito.
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– Chama isso de amor? – Você chamaria de quê?
Ele olhou para trás, para Miriamquando jogou a rédea por cima dacabeça do cavalo, mas não
respondeu. – Por que não gosta da Amanda
– perguntou Miriam.
Paul quase deixou escapar que onome dela não era Amanda, eraAngel, e que ela podia ser tudo
menos isso, um anjo, mas ficocalado.
– Tenho meus motivos – ele
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– Não me chame de pequenaMiriam! Tenho 16 anos.
Ele não precisava da lembrançaZombando dela, tocou no chapéu.
– Tenha um bom dia, madame –
disse, com a voz arrastada, e foembora.
Ela apareceu na manhã seguinte
para convidá-lo para jantar. – Bife de veado – disse. –
mamãe está assando uma torta de
maçã.Miriam usava um bonito vestido
amarelo, que fez Paul notar a
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curvas elegantes do corpo dela. Elaviu para onde ele olhava e corou
Os olhos escuros de Miriam tinhamum brilho aveludado. – E então? – perguntou.
– E então o quê? – elerespondeu, meio sem-graça.Ela sorriu.
– Você vem hoje à tarde?Miriam tinha um sorriso
provocante. Consternado, fo
acônico. – Não – ele apontou para a
parte da terra que não estava
arada. – Vou ficar trabalhando até o
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anoitecer.Ele estalou a língua para o
cavalo e empurrou o arado comforça, torcendo para ela entender orecado e ir embora. Se soubesse
que ia procurá-lo, teria posto umacamisa. Mas acontece que eleestava sem, com um lenço
poeirento amarrado na testa, paraevitar que o suor escorresse para oolhos. Uma bela visão para uma
ovem inocente.Paul não conseguia tirar da
cabeça que, se Miriam Altma
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tivesse chegado alguns meseantes, Michael não estaria metido
naquela confusão toda. Miriam eraperfeita para ele. Se aquelaprostituta fugisse de novo, o que
era provável, talvez Michaetambém chegasse a essaconclusão. Aquela menina iria
virgem para o leito nupcial e lheseria fiel até a morte. Não era dotipo que faria um homem sofrer. Ela
he daria os filhos que ele quisessee o faria feliz.
– Você precisa comer alguma
coisa – disse Miriam, caminhando
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muitos.Ela andava com as mãos juntas
nas costas. Ele olhou para o corpodela e ficou com a boca seca. – Como era sua esposa, Paul?
A pergunta o pegodesprevenido. – Doce. Ela era muito doce.
– Era alta? – Mais ou menos do se
tamanho.
Tessie era menor, e tinha cabelocastanho-claro, não preto e viçosocomo o de Miriam. E os olhos dela
Não conseguia se lembrar da co
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dos olhos de Tessie quando olhavapara o castanho profundo e
aveludado dos olhos de Miriam. – Era bonita?Ele olhou para Miriam com o
coração disparado. – Sua mulher – ela disse. – Ela
era bonita?
Ele tentou se lembrar do rostode Tessie, mas não conseguiu. Nãocom Miriam o olhando fixo daquele
eito. O fascínio tímido dela por secorpo o deixou em pânico.
– Ela era muito bonita – ele
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disse, e fez o cavalo parar derepente. – Acho melhor você ir para
casa. Tenho certeza de que suamãe deve estar preocupada comsua demora.
Miriam ficou vermelha. – Desculpe – ela gaguejou. –Não queria incomodar. Quem sabe
você não vem jantar conosco outrodia.
Ele viu lágrimas em seus olho
quando ela se virou e correu paracasa. Quase lhe estendeu a mãomas parou bem a tempo. Cerrou o
punho e ficou vendo Miriam se
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afastar, com uma dor na boca doestômago. Não pretendia ser crue
mas, se pedisse desculpas, elapoderia ficar e era tentadorademais para isso.
Paul achou que Miriam nãovoltaria nunca mais.
Ele estava se lavando no poço
quando a viu chegar pelo capinzaFicou sobressaltado. A irmã mainova, Leah, estava com ela dessa
vez. Ele vestiu a camisa e aabotoou enquanto esperava queelas chegassem e dissessem o que
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queriam. – Mamãe pediu que eu viesse –
disse Miriam, se desculpando.Ela mal olhou para eleentregando-lhe o cesto que
carregava. – Obrigado – disse, e o pegou.Sua mão encostou de leve na
dela e ela o fitou. – Ela não precisava se
preocupar.
– Ah, foi ideia da Miriam – disseLeah, constrangendo ainda mais armã mais velha.
– Cale a boca, Leah – disse
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Miriam, corando.Ela segurou a mão da irmã.
– Vamos embora. Aproveite oseu jantar, Paul.
Ele viu o balanço suave de seu
quadris. Não tenho o direito desentir isso por uma menina assim.
– Diga para sua mãe que levo o
cesto de volta. – Não tem pressa – disse
Miriam. – Venho pegá-lo amanhã.
Era exatamente o que ele nãoqueria que ela fizesse. Resolvedeixar o cesto na porta deles assim
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que o sol raiasse. Ele o largou epuxou mais um balde de água
gelada. Jogou no rosto para esfriaum pouco. Devia estar muito mapara sentir aquilo só de olhar para
uma bela menina de 16 anosPrecisava ir até o acampamentomais próximo e dar uma parada no
bordel do lugar. Só de pensar nissoPaul já ficou enojado.
Levou o cesto de Miriam para a
cabana. A lareira estava apagadaAcendeu o fogo e comeu. Sentia omesmo vazio de quando Tessie
morreu. Aqueles primeiros mese
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sem ela foram muito ruins, mahavia a luta pela sobrevivência na
Sierras para ocupar a menteQuando Michael e ele chegaramàquela terra, ele se empenhou em
construir a cabana. Depois veio osofrimento, violento. A terrível doda perda foi demais para ele. Não
conseguia olhar para o campo cheiode flores silvestres sem pensar queessie adoraria aquilo. A terra dele
na Califórnia era o sonho dos doisMas esse sonho ficava vazio eperdia o sentido sem ela.
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Quando começou a corrida doouro, estava pronto para partir. No
princípio, se perdeu na excitação detrabalhar nos riachos, na chance deficar rico. Mas essa animação
acabou logo. A vida se reduzinovamente ao trabalho duro de soa sol. Tudo que produzia dava para
comprar comida, passar um dia nacidade, tomar um porre e ir a umbordel. Mesmo quando tinha sua
cota de prazer, não conseguia seivrar da ideia de que sua vida nãotinha sentido nem da vergonha que
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o acometia. Sabia que o que estavacomprando era falso. Sabia porque
o que vivera com Tess eraverdadeiro. As palavras de Angel voltaram
duras e frias. “Eu sei o que eu soumas você se diz irmão dele.” Quando desistiu de procura
ouro e voltou para suas terrasachou que tivesse chegado aofundo do poço. Mas estava errado
Jurou que compensaria MichaeDeixaria Miriam Altman em papara que, quando Angel o
abandonasse de novo, ele tivesse
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uma menina decente à sua espera.Tentou dormir, mas não
conseguiu. Miriam não lhe saía dacabeça. Fechava os olhos e via seuolhos, escuros e sorridentes
Desistiu, pôs mais uma acha nofogo e pegou a fotografia docasamento do console da lareira
Ficou olhando de novo para o rostode Tessie. Ainda era muito precisopara ele, mas não provocou mais a
emoção profunda de um ano antes.Por essa época, pensava que a
dor não acabaria nunca. Mas é que
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um ano antes, ele achava que nãose apaixonaria nunca mais.
– Amanda! – chamou Miriam
descendo a encosta correndo. –Venha depressa! É a Ruthie! Angel foi correndo ao se
encontro. – O que houve? – Ela está em cima de uma
árvore e não consigo trazê-la parabaixo. Ajude-me!
Angel levantou as saias e subi
o morro atrás de Miriam. Estava
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sem ar quando chegaram ao velhocarvalho retorcido. Com o coração
na boca, olhou para cima e viu amenina encarapitada num galhogrosso, a seis metros de altura.
– Nossa! Como foi que chegou aem cima, ratinha?
A menina acenou para ela.
– Ruthie! – gritou Angeassustada. – Segure-se bem! Nãose mexa! Vamos pegá-la.
– Eu tentei subir, mas nãoconsegui – disse Miriam. –Experimente você.
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– Eu? Nunca subi numa árvorem toda a minha vida!
– Mandy, você vai me ajudar adescer? – perguntou Ruthie. – É melhor se apressar – disse
Miriam, empurrando Angel. – Nãotemos tempo a perder.
Ela se abaixou e cruzou o
dedos, formando um apoio para opé.
Angel se atrapalhou com a
saias. – Espere um minuto. Não posso
subir assim.
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Ela se abaixou, pegou a barra dasaia na parte de trás, passou-a
entre as pernas e a enfiou no cintoSubiu no primeiro galho com aajuda de Miriam.
– Não tenha medo, Ruthie! Manão se mexa.
– Não vou me mexer – disse a
garotinha, balançando as pernapara frente e para trás, com jeitode quem estava se divertindo
muito. – O que estou fazendo? –
resmungou Angel baixinho
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enquanto subia na árvore, todaatrapalhada.
E achou que ouviu uma risada. – Não olhe para baixo! – disseMiriam. – Está indo bem.
Angel não tinha certeza seMiriam falava com ela ou comRuthie, mas continuou subindo
pelos galhos. Quando chegou bemperto, viu que a menina tinha umacorda amarrada na cintura e no
tronco do carvalho. Não poderiacair, nem se quisesse. E o pior eraque a diabinha sorria de orelha a
orelha.
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– Não é divertido, Mandy? – Você já tinha visto sua cabana
dessa altura? – disse Miriam, logoabaixo dela.
Angel ficou vermelha de raiva.
– Vocês me deram um sustodanado! O que pensam que estãofazendo?
Miriam passou por ela e montonum galho grande.
– Foi você quem disse que nunca
tinha subido numa árvore em todaa sua vida – e deu um sorrisomalicioso. – Já era hora de
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experimentar. – Você puxou Ruth para cima
sozinha? Ela podia ter semachucado. – Nós a ajudamos – disse Jacob
descendo de um galho mais altoAndrew estava logo acima dele eLeah espiou de trás do tronco
odos estavam tão satisfeitos queela esqueceu a raiva e deu risadaUma árvore cheia de gralhas. Subi
mais um pouco e se sentou numgalho forte.
– Você se saiu muito bem para a
primeira vez – disse Andrew
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andando em um galho. Angel fez cara feia para ele, de
brincadeira. – Você devia estar trabalhando
com o seu pai.
– Ele me deu o dia de folgaQueria levar mamãe para umpasseio.
Miriam deu risada. – Eu disse para eles que nós é
que íamos passear – e abaixou a
voz de forma que só Angel ouvisse– Uma das desvantagens de teuma cabana de apenas um cômodo
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é a falta de privacidade – elaencostou a cabeça no tronco. –
Quando eu me casar, meu marido eeu vamos construir um jirau paranossos filhos e teremos um quarto
indo e aconchegante perto dacozinha. – Lá está Michael! – aponto
Ruthie. As crianças gritaram e
assobiaram até ele se virar e
avistá-los. Ele chegou perto daárvore e olhou para cima, com amãos na cintura.
– O que é isso? – viu Angel e riu
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– Você também? – Eles me enganaram – ela
disse, com toda dignidade.Miriam piscou para ela e grito
para Michael.
– Vai ter de vir buscá-la. Ela nãoconsegue descer!
Angel riu quando Michael tiro
as botas e começou a subir. Eleparou bem embaixo e pôs-lhe amão na panturrilha.
– Quer que eu amarre a cordde Ruthie em sua cintura e apendure até lá embaixo? –
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perguntou, sabendo perfeitamenteque ela podia descer sozinha.
– Esta árvore daria um ótimobalanço – disse Leah, depois dedescer ao lado dele. – Está vendo
aquele galho grande e grosso? Vocêpodia amarrar a corda nele. – Hummm... Boa ideia – disse
Michael.Ele fez Ruthie descer e pedi
para Andrew ir pegar mais corda no
quarto dos arreios do celeiro. Subina árvore de novo, amarrou as duapontas da corda num galho forte e
a deixou pendurada para botar o
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balanço. – Faço o assento mais tarde –
disse, quando pulou da árvore. As crianças, animadas
começaram a discutir quem ia
balançar primeiro, mas Michaepegou Angel e a pôs sentada nacorda.
– Segure firme – disse, anteque ela pudesse protestar, e a fezvoar.
O movimento estimulante feAngel rir. Michael a empurrou denovo e voltou para seu trabalho no
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campo.Depois que todos tiveram sua
vez no balanço, Angel os levou paraa cabana e lhes preparou umanche. Os meninos saíram para ve
Michael, e Leah e Ruthie foramcolher flores na encosta.Miriam encostou-se no batente
da porta e olhou para os irmãoempoleirados na cerca do curraobservando Michael trabalhar com o
cavalo. – Michael sabe aproveitar a vida
Não fica parado pensando, de ma
humor, o tempo todo.
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Angel foi para a porta. Erperturbador o jeito que Miriam o
observava. Um sentimentoncontrolável deu-lhe um nó noestômago.
Miriam sorriu. – Estava pensando como deve
ser maravilhoso amar alguém e se
correspondido – ela corou e sedesencostou do batente. – Mamãecairia dura se me ouvisse falando
assim. Angel olhou para Michael e a
pontada de ciúme se desfez. Olho
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pensativa para Miriam, comcarinho. Gostava da menina como
se fosse uma irmã. – Quer muito se casar, não é? – Quero, mas não com qualque
um – disse Miriam. – Quero alguémmaravilhoso. Um homem que meame do jeito que Michael a ama
Que esteja disposto a lutar pomim. Quero um homem que nãome deixe fugir.
Angel viu os olhos de Miriamcheios de lágrimas e pegou em suamão.
– Você gosta do Michael?
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– É claro que eu gosto. Comopodia não gostar? Ele é muito
especial, não é?Miriam encostou a cabeça no
batente da porta de novo e fecho
os olhos. – Os outros deviam ser mai
como ele, só que não são – e
sorriu. – Nunca vou esqueceaquela noite em que mamãe cantoAmazing Grace” e falou de David
Michael ficou com os olhos cheiode lágrimas e não se envergonhodisso. Não se importou que vissem
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que ele é sensível – disse, secandoas lágrimas do rosto. – Michael é o
único homem que eu conheço quenão tem medo de sentir as coisasEle não se enterra vivo.
Angel olhou para ele mais umavez. – Que pena que eu o conhec
primeiro.Miriam deu risada.
– Bem, se você encontrar o
molde, quer fazer outro igual a elepara mim? – e abraçou Angel. – Eadoro vocês dois, demais – disse
chegando-se para trás. – E agora
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eu a deixei constrangida – mordeo lábio e ficou insegura. – Mamãe
acha que devo guardar meusentimentos só para mim, em vede exibi-los o tempo todo, mas não
consigo. Eu sou assim – deu umbeijo no rosto de Angel. – É melhoreunir os índios selvagens e i
embora.Foi para o sol e chamou o
rmãos e irmãs.
Angel cruzou os braçosencostou-se no batente ondeMiriam estava e ficou vendo o
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Altman se afastarem. Pensounaquilo a tarde toda e tento
discutir o assunto com Michaenaquela noite. – Acha que poderíamo
encontrar um marido para Miriam? – Miriam? Ela é um pouco jovemnão é?
– Tem idade bastante para seapaixonar. Será que não podemos iaté Sacramento para encontra
alguém? – Quem? – ele disse, brincando
com o cabelo dela.
– Alguém para Miriam.
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– Que tal o Paul? – Paul!
Horrorizada, Angel se afastou. – Miriam não combina com
alguém como Paul. Ela combina
com alguém como você. – Eu já tenho dona. Lembra? – e
a puxou para mais perto. – Deixe
sso nas mãos de Deus. – Nas mãos de Deus – ela
resmungou. – Sempre quer deixa
tudo nas mãos de Deus.Michael percebeu que Angel não
desistiria.
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– O Senhor já tem alguém emmente para Miriam. Tenho certeza
Agora tire isso da cabeça. Angel quase lhe contou quMiriam gostava muito dele, ma
pensou melhor e não falou nadaNão havia nada mais irresistívepara um homem do que uma jovem
apaixonada por ele. – Só quero ver Miriam feliz e
estabelecida na vida.
Michael procurou tranquilizá-la. – Ela será feliz, Tirzah. Uma
menina como Miriam não fica muito
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tempo sem marido.Uma menina como Miriam.
– Se não tivesse me encontradovocê... – Mas encontrei, não?
– É, encontrou – ela disseacariciando-lhe o rosto. – Já searrependeu alguma vez?
– Algumas – ele respondeumuito sério, pois sabia que elaesperava a verdade.
Michael pegou a mão de Angel erodou a aliança que ela sempretrazia no dedo.
– Você me proporcionou algun
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momentos terríveis – sorriu comternura. – Mas isso já passou –
beijou a mão dela e a encostou nopróprio rosto. – Tirzah, sei o queestou fazendo e sei quem controla
minha vida. Você e eu não somoobra do acaso.
Angel o trouxe para perto de si e
o beijou, adorando sua reação e oque sentiu quando ele tomou ocontrole.
– Acho que nunca me cansarede você, Michael Hosea. Nuncaenquanto eu viver.
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– Nem eu de você.
Os Altman fizeram uma reuniãopara celebrar a semeadura da
primavera. Quando Angel e Michaechegaram, as crianças correrampara recebê-los. Elizabeth aceno
da porta de casa. – Venham ver nosso poço novo –
disse Leah, puxando a mão de
Michael.Miriam tinha ido pegar um balde
de água, que botou no chão.
– Maravilhoso, não é? – disse
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orgulhosa. – Paul nos ajudou acavá-lo algumas semanas atrás
Sentia falta de um poço ondepudesse cantar. Ouçam.Ela se debruçou nele e cantou. O
som melodioso se amplificou ecresceu. “Rock of Ages.”
Angel apoiou os braços num
pedra do muro e ficou escutandoMichael sorriu, abaixou-se ao ladode Miriam e cantou com ela
combinando sua voz grave com adela. Angel nunca tinha ouvidonada mais lindo do que a harmonia
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das vozes de Miriam e Michael. – Ah, não é maravilhoso? –
Miriam riu. – Vamos cantar outraSe puser a cabeça bem lá dentro, osom fica em volta de você. Cante
conosco dessa vez, Amanda, queficará ainda melhor.Miriam não aceitaria um “não
como resposta. – Não me diga que não sabe
Você sabe cantar sim. E, se não
souber a letra, abra a boca e digaahhhh”. “Rock of Ages” de novo. Já
ouviu algumas vezes e deve sabe
uma parte da letra.
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Angel cantou timidamenteAntes de a música acabar, as
crianças já estavam debruçadasobre o poço, cantando junto. SeMichael não agarrasse o vestido de
Ruth, ela teria caído lá dentro decabeça.
– Ah, dessa vez vamos canta
Suzana” – disse Andrew.E então passaram para música
de viagem com letras engraçadas
erminaram rindo muito.De repente a expressão de
Miriam mudou completamente e ela
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apertou a mão de Angel. – Paul está chegando.
Angel levantou a cabeça e o viatravessando o campo aberto, indona direção deles.
– Ele ficou tão tenso quando oconvidei, que pensei que não viria –disse Miriam.
Angel nunca tinha visto umhomem tão carrancudo.
– É melhor eu ir recebê-lo, senão
ele é capaz de ir embora antemesmo de chegar – disse Miriam.
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Paul viu Miriam andando em suadireção e se preparou. Estava com
o vestido amarelo de novo. Quandoela sorriu para ele, um músculosaltou-lhe no maxilar.
– Que bom que veio, Paul – elasorriu e se abanou com a mão. –Está quente, não está? Venha bebe
um pouco de cidra.Perturbado demais pelo que
sentia quando olhava para Miriam
Paul olhou em volta. Angel olhavapara ele. Ele deu um sorrisodebochado e esperou que ela
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retribuísse com um sorriso iguaMas ela não retribuiu. Ele a odiava
tanto que chegava a sentir o gostona boca. – Quando terminou de semear
– perguntou Miriam, forçando-o aprestar atenção nela de novo. – Ontem à tarde.
Os dois se juntaram aos outrosMichael cumprimentou Paul com umaperto de mão firme, atestando se
afeto pelo cunhado. Depois pôs obraço no ombro de Angel e a puxopara perto, esperando que os doi
se falassem.
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Angel olhou apreensiva parPaul.
– Olá, Paul – disse.Ele teve vontade de ignorá-la
mas não podia fazer isso sem
ofender Michael. – Amanda – disse ele
meneando a cabeça.
Ela não demonstrou nenhumaemoção, e Paul não ficou surpresocom isso. O que Angel podia
entender de sentimentos?Miriam tinha voltado para perto
deles com um copo de lata e
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observava a conversa atentamenteDeu o copo de cidra para Paul e
segurou a mão de Angel. – Mandy, quer me ajudar aesconder as pistas da caça ao
tesouro?Paul observou quando as duase afastaram de mãos dadas.
– Miriam é bonita, não é? – disseMichael, sorrindo um pouco. –Aqueles olhos escuros...
Paul bebeu a cidra tenso, emsilêncio. Não esperava que Michaenotasse isso tão cedo.
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Quando as crianças saíram emdisparada para procurar as pista
do tesouro, que era um cesto comtortinhas de frutas silvestresElizabeth, Miriam e Angel foram
arrumar a mesa de cavaletes noardim. Angel tinha levado umaassadeira com carne de veado
feijão e cenouras caramelizadasElizabeth tinha assado dois faisõegrandes, recheados com pão e
ervas.Miriam botou na mesa dua
tortas de maçã.
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Angel tinha tanta certeza doódio que Paul sentia por ela que
compartilhar da efusiva alegria dooutros não era tarefa fáciConseguiu evitá-lo a tarde toda
mas agora, à mesa, estava sentadabem na frente dele. John degraças e, quando ela levantou a
cabeça, deu de cara com o olhar dePaul, entendendo perfeitamente orecado daquele olhar: Você
Rezando? Que piada!Ela era sim uma hipócrita
Abaixava a cabeça como todo
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faziam e fingia rezar, mesmo semtomar parte daquilo. E nem queria
Agia assim porque Michael ficariamagoado se ela ficasse sentada aoado dele com as costas retas e a
cabeça levantada enquanto eledavam graças. E os Altman ficariamconstrangidos também. Ruthie faria
perguntas. Ela encarou Paul. Você não consegue entender?Se é que era possível, parecia
que ele a desprezava ainda maipor isso. Resignada por achar queele jamais a entenderia, talve
nunca nem sequer tentasse, serviu
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se de uma fatia de faisão e passoa bandeja adiante.
– Você quer que eu conversecom Paul? – perguntou Michaemais tarde, quando John tocava
violino e os dois dançavam. – Não – ela disse, com medo de
se tornar motivo de um abismo
ainda maior entre os dois. Angel achava que já tinh
causado muitos problemas.
– Ele é um homem decenteAmanda. Ficou do meu lado emtempos muito difíceis. Neste
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momento está confuso, só isso.Ela sabia que Paul não estava
nada confuso. Era, sim, dominadopor uma fúria justiceira, pelaanimosidade. Por causa dela. Ele
sofria por causa dela. Por que elanão tinha raciocinado além de suavontade de se vingar naquele dia
Não poderia ter ignorado seunsultos? Ela sabia que ele sentiaciúmes. Sabia que ele achava que
ela não servia para ser a esposa deMichael. Angel descobriu muitacoisas sobre Paul à primeira vista.
– Seja paciente com ele – disse
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Michael.Como Michael era paciente com
ela. Angel engoliria seu orgulho sefosse preciso. Pelo bem de Michaelsuportaria tudo o que Paul fizesse
contra ela.Michael dançou com Miriam e
Angel foi se servir de cidra. Pau
ficou ao seu lado, com os olhoescuros faiscando. Apontou com acabeça para Michael rodopiando
com Miriam. Os dois estavam rindo – Eles formam um belo casa
não acha?
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Angel observou Miriam e sentiuma pontada. Formavam sim.
– Eles gostam muito um dooutro – ela disse, e serviu mais umcopo de cidra, dando-o para Paul.
Ele deu um sorriso debochado eaceitou a bebida. Olhou de novopara Michael e Miriam.
– Ela devia ter chegado algunmeses antes. As coisas seriamcompletamente diferentes.
– Michael disse que não. – É claro que ele diria isso. A estocada foi profunda. Ange
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não disse nada.Paul curvou os lábio
sarcasticamente. – Soube que andou trabalhandonuma loja. Vendia o quê?
– Um pouco de tudo. – Como sempre, hein? Angel disfarçou a mágoa e falo
com calma. – Não tenho nenhuma intenção
de machucar Michael novamente
Paul. Eu juro. – Mas vai machucá-lo, não vai?
a sua natureza. Vai sugar toda a
vida dele e jogar a casca fora. Ah
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você ficará por aqui algum temposó pelas aparências. E, quando a
coisas ficarem difíceis, pegará suacoisas e cairá na vida de novo.
Angel sentiu o baque e desviou
olhar. Não conseguia respiradireito, sentia um aperto no peito.
– Não vou.
– Não? Então por que teve tantapressa de voltar para Pair-a-DicePor que fugiu para Sacramento?
– Agora eu vou ficar. – Por um ano, ou dois. Até se
entediar com a vida de mulher de
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fazendeiro.Bebeu um pouco da cidra e
argou o copo. – Sabe, Angel, eu não viaMichael sorrir desse jeito há muito
tempo.Ele se afastou e foi conversacom John.
Angel segurou o copo de cidracom as duas mãos. Levantou acabeça, viu as duas pessoas que
mais amava no mundo dançando emaginou se Paul não teria razãoem tudo o que dizia.
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E depois do tremor acender-se-áum fogo
o Senhor não estará no fogoe depois do fogo ouvir-se-á
o sopro de uma pequena voz – I R E I S 1 9 , 1
aul procurava sabotar a
segurança de Angel toda
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vez que se encontravam, e elaresolveu aturar tudo o que ele
fizesse. Cada vez que ele fazia umcomentário cruel, ou inventavaalguma profecia ofensiva sobre
onde ela estaria dali a dez anos, elareforçava sua determinação de nãoretaliar. Qualquer resposta só
serviria para magoar Michael. E nãomudaria em nada o que Paul sentiapor ela. Não importava o que o
amanhã traria, porque hoje elatinha Michael.
Angel recusou-se a se defende
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de Paul. De nada adiantaria. Ela foeducada. Ficou em silêncio
Manteve-se firme mesmo quandoteve vontade de fugir e se escondenum lugar escuro, onde pudesse
ficar encolhida.Não sou mais uma prostitutaNão sou!
Mas o jeito com que Paul aolhava fazia com que se lembrassede seu passado e se sentisse ainda
uma prostituta, por mais quetentasse evitar. Um ano nãoapagava dez, e ele trazia de volta
os anos tenebrosos com Duke, o
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anos de medo e solidão, desobrevivência. E, por causa disso
os ataques violentos de Paufizeram com que Angel serefugiasse cada vez mais no
braços de Michael. Quanto maiPaul se esforçava para afastá-lamais ela se agarrava ao que tinha
Michael lhe dizia para não seangustiar com o futuro, e elapassou a se concentrar em
aproveitar com ele tudo o que avida lhes oferecia. Ele a encorajavae ela não tinha medo, desde que
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ele estivesse ao seu lado.Michael a amava no presente, e
era só isso que importava para elaEle dava sentido à sua vida e apreenchia com coisas novas e
maravilhosas. A vida deles era detrabalho pesado de sol a sol, maMichael conseguia torná-la
estimulante. Ele lhe abria a mentepara coisas que não tinha notadoantes. E uma pequena voz ecoava o
tempo todo dentro de si: Levantese, minha amada.
Levante-se de onde?
Nunca ficava satisfeita nem se
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cansava da companhia dele, queriasempre mais e mais. Ele lhe
preenchia a mente e o coração. Erasua vida. Acordava-a com beijoantes do nascer do sol e ficavam o
dois deitados no escuro, ouvindo asinfonia de grilos e sapos, os sinode vento. O corpo dela tremia ao
toque de Michael e cantava quandoele a possuía. Todos os momentose todos os dias com ele eram
preciosos. A primavera trouxe uma
explosão de cores. Mancha
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uminosas de papoulas douradas ede tremoços roxos enfeitavam a
encostas verdes e os campos nãocultivados. Michael falava do reSalomão, que, mesmo com toda
sua riqueza, não era capaz de sevestir como Deus vestia aencostas, com simples flore
silvestres. – Não vou arar aquela parte –
Michael disse. – Vou deixar como
está.Ele via Deus em tudo. No vento
na chuva e na terra. Nas plantaçõe
que cresciam. Via Deus na natureza
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dos animais que habitavam suaterras. E nas chamas do fogo que
se acendiam à noite. Angel só via Michael e o
venerava.
Quando ele lia em voz alta ànoite, diante do fogo, ela se perdiana profunda ressonância de sua
voz. As palavras a cobriam comouma onda quente e pesada quedepois voltava para um ma
distante. Jonas escalando umpenhasco para conduzir os filisteusDavi, um menino-pastor, matando
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um gigante de três metros de alturachamado Golias. Jesu
ressuscitando os mortos. Lázaroevante-se! Levante-se!Michael fazia qualquer som sem
sentido parecer poesia. Angel pegava a Bíblia e a punhde volta no console da lareira.
– Venha me amar – diziasegurando a mão dele.
E Michael não conseguia faze
outra coisa.
Elizabeth foi visitá-los com a
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crianças. – Paul falou de uma cidade que
fica a menos de vinte quilômetrodaqui. Não é muito grande e tempouco a oferecer, mas eles foram
até lá comprar suprimentos. Angel notou a barriga de
Elizabeth. Ofereceu-lhe café e
biscoitos, depois se sentou paraconversar. Ruthie quis se sentar emseu colo e Angel a levantou.
– Quando é que vai ter umbebê? – perguntou a menina.
Angel ficou muito vermelha e
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Elizabeth gemeu baixinhomortificada.
– Ruth Anne Altman, nunca sedeve fazer esse tipo de pergunta –disse-lhe a mãe, tirando a menina
do colo de Angel e pondo-a comfirmeza no chão à sua frente. – Por que não?
Ruth não ficou nem um poucoconstrangida e obviamente nãoentendeu por que a mãe e Ange
reagiram daquela forma. – Porque é um assunto muito
pessoal, senhorita.
Ruth olhou para Angel, atônita
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arregalando os olhos. – Quer dizer que você não que
ter um bebê?Miriam abafou a risada e pego
a mão da irmã.
– Vamos balançar um pouco –disse.
Elizabeth se sentou de novo e
abanou o rosto esfogueado. – Essa menina simplesmente
fala tudo que lhe vem à cabeça –
disse, pedindo desculpas. Angel avaliou se devia conta
que não podia ter filhos, ma
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resolveu ficar em silêncio. – Vim pedir-lhe ajuda – disse
Elizabeth. – O bebê vai chegar emdezembro e gostaria que você fossminha parteira.
Angel não podia ficar maiespantada e abalada. – Eu? Mas, Elizabeth, não se
nada sobre ajudar alguém a ter umfilho.
– Eu sei o que precisa ser feito
Miriam quer ajudar, mas acho queuma menina jovem empressionável como ela não pode
cuidar de um parto. Pode se
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assustar, sem necessidade. Angel ficou em silêncio durante
um tempo. – Não vejo como posso ajudar. – Eu já passei por isso. Posso
dizer o que tem de fazer. Ondemorávamos eu tinha uma parteiramas aqui só tenho John, e ele
simplesmente não dá para isso – esorriu um pouco. – Ele é capaz defazer o parto de um bezerro ou de
um potro, mas é completamentenútil quando se trata de pôr opróprios filhos no mundo. Ele
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desaba assim que eu demonstro tealguma dor e, bem, não posso
passar por tudo isso sem sentir umcerto desconforto, posso? QuandoMiriam nasceu, ele desmaiou.
– Desmaiou? Angel não conseguia imaginar oestoico John desmaiando por nada.
– Ele despencou no chão ao ladoda cama e eu fiquei lá, indefesacomo uma tartaruga de costas
tendo de cuidar sozinha do metrabalho de parto – e riu baixinho. –Só acordou quando tudo tinha
terminado.
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– Vai ser muito difícil? –perguntou Angel, já preocupada.
Ela se lembrou de uma meninaque tinha conseguido esconder agravidez até ser tarde demais para
abortar. – Não tem um médico n
cidade?
– Imagino que deve ter, masquando ele chegar aqui, já estarátudo acabado. Ruth levou apena
quatro horas para nascer. Este aqupode chegar até mais rápido.
Angel se dispôs a ajudar quando
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chegasse a hora. – Se você tiver certeza de qu
quer que seja eu... – Tenho sim – disse Elizabeth, eabraçou Angel, muito aliviada.
Angel saiu para encontraMichael quando os Altman foramembora. Apoiou-se na cerca e fico
vendo o marido trocar a ferradurade um cavalo.
– Elizabeth quer que eu a ajude
quando ela tiver o bebê. Angel viu as rugas mai
profundas no rosto de Michae
quando ele sorriu.
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– Miriam me disse que ela iapedir isso para você. Estava um
pouco aborrecida, porque não seriaela quem ajudaria a trazer ormãozinho, ou irmãzinha, ao
mundo. – Elizabeth acha que Miriam
pode ficar chocada. Eu, por outro
ado, não devo ficar chocada comnada.
Michael percebeu a amargura
em seu tom de voz, uma amarguraque não se manifestava haviasemanas. Ele a observou. Será que
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tinha sido provocada pelo fato deele ter se referido a Miriam? O
será que Angel estava assustadacom essa responsabilidade a mais? – Se tiver algum problema
posso ajudar, já fiz o parto dealguns potros nos bons tempos. – Ela disse que John desmaiou.
Michael bateu o último cravo ecortou-lhe a ponta, dando risada.
– Não tem graça, Michael. E se
alguma coisa der errado? Tinhauma menina no bordel em NovaYork que escondeu a gravide
durante tanto tempo que Duke não
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pôde forçá-la a abortar. Sally oconvenceu a deixá-la ficar, mas
quando chegou a hora, ela gritavade dor. Ouvi os gritos através daparede. Era domingo à tarde, o
ugar estava muito movimentadoe...
Ela olhou para Michael quando
ele se endireitou e parou de falarPor que ela tinha de falar desseassunto de novo?
– E o quê? – Nada não – ela disse, e olho
para o outro lado.
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entrar no quarto com ela paracuidar da mãe e do recém-nascido
A jovem prostituta estava muitopálida e calada. O bebê ao ladodela choramingava o tempo todo
enrolado num pano cor-de-rosaAngel quis pegá-lo no colo, maSally a empurrou.
– Não toque nele! – sussurrou. Angel não entendeu por quê, até
Sally desenrolar cuidadosamente o
pano. – O que tinha a criança? –
perguntou Michael, afastando-lhe
uns fios de cabelo louro da testa.
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– Era uma menininha. Viveu sóuma semana – ela disse, com
tristeza. Angel não contou para Michae
que o bebê estava coberto de
feridas nem que tinha morrido semnome. A mãe desaparecera logodepois. Quando Angel pergunto
para Sally o que tinha acontecido, amulher disse que não cabia a elaquestionar o que Duke fazia.
assim Angel ficou sabendo que amenina estava morta, que servia dalimento aos ratos em algum beco
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escuro e sujo, igual a Rab. E igual aela, caso não lhe obedecesse. Ange
estremeceu. – Elizabeth teve cinco filhosAmanda – lembrou Michael.
– É, e todos saudáveis.Michael viu a cor voltaentamente ao rosto de Angel. Não
sabia o que ela estava pensandomas também não perguntou. Sequisesse falar, ela falaria. Se não
ele respeitaria seu silêncio. Masentiu que ela precisava de apoio.
– Quando chega a hora de um
bebê nascer, ninguém pode
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mpedir.Ela sorriu para ele.
– Você sabe tudo a respeitodisso também?
– Não por experiência própria –
respondeu. – Tess ajudou no partode um bebê na caravana. Ela disseque não teve de fazer nada além d
garantir que o nenê não caísse nochão da carroça. Eles são meioescorregadios quando nascem. Mas
quando chegar a hora de Elizabethrei junto para segurar a mão deJohn.
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Angel deu risada e a tensãoacabou. Tudo daria certo se Michae
estivesse com ela. – Ah, a propósito – ele dissetirando um embrulho do bolso –
Miriam me pediu que lhe dessesso.
Angel tinha notado que Miriam
ficara um bom tempo apoiada nacerca, conversando com Michael.
– O que é? – perguntou, ao ver
bela caligrafia, indecifrável paraela, uma vez que Duke achavadesnecessário que ela aprendesse a
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er. – São sementes de flores de
verão.
O mormaço da primavera setransformou no calor do verão eAngel descobriu que tinha o dom da
mãe para plantar. O canteiro deflores que fez em volta da casavirou uma imensa profusão de
cores. Enchia diariamente a jarra deflox rosa, milefólio amarelo, orelhade-lebre vermelha, delfínio roxo e
malva branca. Flores azuis de linho
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e margaridas brancas enfeitavam oconsole da lareira. Mas, muito
maior do que o prazer que tinhacom as flores, era o orgulho quesentia quando via o milharal.
Mal podia acreditar que ogrãozinhos murchos que Michael lhedera para plantar tinham se
transformado em plantas mais altado que ele. Caminhou entre afileiras, tocando nas plantas muito
altas e vendo as espigas de milhoque já despontavam. Tinha mesmoajudado a criar aquilo?
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– Amanda! Onde você está? –chamou Michael.
Ela riu e ficou na ponta do pé. – Aqui – respondeu, e correpara se esconder.
– Está bem – ele disse, rindotambém. – Onde é que você semeteu?
Ela assobiou para ele de seesconderijo. Ruthie e ela tinhambrincado de esconde-esconde no
milharal no dia anterior, e elaestava de muito bom humordisposta a provocar Michael.
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– O que eu ganho se aencontrar?
– O que quer? – Ah, um pouquinho disso, umpouquinho daquilo...
Michael enfiou o braço numacarreira de pés de milho e quaseconseguiu agarrar sua saia. Rindo
Angel escapou de novo. Ele aalcançou no fim da fileira, mas eladesviou novamente e desaparece
na plantação verdejante. Abaixouse atrás de uma carreira e pôs o pépara frente quando Michael passou
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Ele tropeçou, ela riu muito e correpara o outro lado.
– Nunca vou conseguir acabar dconsertar aquela cerca – ele dissepartindo em seu encalço.
Michael tinha acabado de pegaAngel quando alguém os chamouEle deu uma risadinha.
– É a Miriam de novo, querendsaber se Mandy pode ir brincar comela.
Miriam estava muito nervosaquando alcançou os dois, com oolhos vermelhos de tanto chorar.
– O que aconteceu? – pergunto
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Angel, alarmada. – É a sua mãe? – Mamãe está bem. Estão todo
bem – ela disse, com um sorrisoforçado. – Michael, precisoconversar com você. Por favor. É
mportante. – Claro.Miriam pegou a mão de Angel e
a apertou. – Obrigada – ela disse. – Não
vou ocupá-lo por muito tempo.
Angel percebeu que estavasendo dispensada.
– Venha até em casa quando
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terminar. Vou fazer um café.Ficou vendo, pela janela, Miriam
e Michael conversando no jardimEla estava chorando. Michael pôs amão em seu ombro e ela desabo
em seus braços. O coração de Angeficou apertado ao vê-lo seguraMiriam. Uma dor surda se espalho
pelo peito quando ele alisou acostas da menina, dizendo-lhe algoMiriam se afastou um pouco e
balançou a cabeça. Ele segurou oqueixo dela e disse mais algumacoisa. Miriam falou bastante depoi
e Michael ficou a ouvindo. Quando
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ela parou, ele fez um rápidocomentário. Ela o abraçou e o
beijou no rosto. Então foi diretopara a casa dela. Michael ficovendo Miriam se afastar. Esfregou a
nuca e balançou a cabeça. E fopara a cerca onde estavatrabalhando.
Quando Michael chegou paraalmoçar, Angel esperou que ele lhecontasse o que Miriam havia dito
mas ele não comentou nada. Emvez disso, falou sobre o andamentodo trabalho no curral e sobre o que
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pretendia fazer à tarde. Se Miriamhe tinha feito alguma confidência
Angel sabia que ele não a trairia. Ao fim do dia, Michael estavapensativo. Ficou observando Ange
tirar os pratos. – Está muito calada – ele dissechegando por trás e abraçando-lhe
a cintura, enquanto Angederramava água quente nos pratosAfastou a trança e beijou-lhe a
nuca. – Está preocupada com o quê
Com Elizabeth?
– Com Miriam.
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Michael soltou as mãos. Angedeu meia-volta e olhou para ele.
– E com você.Ele piscou e não disse nada
então Angel passou por ele. Michae
a segurou e a puxou para que elaficasse de frente para ele.
– Não precisa ficar com ciúmes
apesar de eu ter certeza de que, sePaul aparecesse e quisesseconversar com você a sós, eu ficaria
muito aborrecido. – Isso não vai acontecer, não é? – É. Acho que não – ele devia te
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deixado Paul fora dessa. – Aquestão é que eu amo você.
– E não se sente nem um pouctentado por uma menina quevenera o chão em que você pisa?
– Não – ele respondeu, semnegar o afeto de Miriam. – Somais um irmão mais velho para ela
do que qualquer outra coisa. Angel se sentia mesquinha
Gostava demais de Miriam, mas vê
os juntos lhe doía. Ela olhou noolhos de Michael novamente e nãoteve dúvidas de que ele a amava
Sentia-se enfraquecida com aquele
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amor todo. Relaxou e deu umsorriso triste.
– Ela está bem? Qual é oproblema?
– Ela está infeliz. Sabe o qu
quer, um marido, filhos, mas nãosabe como conseguir isso. Entãoveio pedir a opinião de um homem.
– Bem, fico feliz de ela não tedo procurar Paul – disse Angelsem pensar no que estava dizendo.
Recomeçou a lavar os pratos. Eledestruiria uma menina doce enocente como Miriam com seu
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comentários zombeteiros.Michael ficou calado.
Ela se virou para ele e viu quenão deveria ter dito nada contraseu amigo.
– Desculpe, é só que...E sacudiu os ombros. – Miriam precisa de um marido.
– É – ela concordou –, mas eleterá de ser muito, muito especial.
– Você gosta muito dela, não é?
– É a coisa mais parecida comuma irmã que já tive na vidaalvez por isso mesmo tenha doído
tanto quando vi vocês doi
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grande livro preto estava quase empedaços, mas ele o manuseava
como se fosse encapado com ouroe contivesse pedras preciosadentro. Nunca o lia sem ante
rezar. Um dia dissera que sócomeçava a ler quando a menteestivesse aberta para receber. Ela
não sabia do que ele estavafalando. Às vezes, o que ele dizianão fazia nenhum sentido para ela
apesar de serem palavras simplesE depois ele dizia algo maravilhosoque a cobria de luz e calor. Ela era
a noite mais escura, e ele, a luz da
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estrelas que penetrava a escuridãorevelando-lhe um desenho em sua
vida. Angel terminou os afazere
domésticos e se sentou ao lado de
Michael, que continuou calado. Elapôs a cabeça para trás e ficoouvindo os estalidos do fogo
esperando. Quando por fim elecomeçou a ler, ela estava sonolentae satisfeita. A voz quente e rica de
Michael era como um caramelomas o que ele leu a surpreendeuEra a história de um casal e da
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paixão que sentiam um pelo outroEle ficou bastante tempo lendo.
Michael pôs a Bíblia no consoleda lareira e mais uma acha deenha no fogo. Duraria a noite
nteira e manteria a cabanaaquecida. – Por que uma noiva virgem
finge que é prostituta para o noivo– Angel perguntou, perplexa.
Ele se virou para trás. Pensava
que ela estivesse dormindo. – Ela não fez isso. – Fez sim. Ela dançou para ele
que ficou olhando para o corpo
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dela. Dos pés à cabeça. Noprincípio, ele olhava para os olho
dela.Michael ficou surpreso ao ve
como ela havia prestado tanta
atenção. – Ele tinha prazer de ver o corp
dela, como ela queria, e ela danço
para excitá-lo e lhe dar prazer. – E o seu Deus diz que é certo
excitar um homem?
– Se for o seu marido.Ela fechou a cara. Não tinha
querido dizer qualquer homem, ma
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ele sabia que ela era bem treinadapara provocar.
– E se considerarem que éprovocação só por causa da suaaparência?
Michael empurrou a acha deenha mais para o fundo com abota.
– Os homens sempre vão olhapara você, Amanda. Você é lindaNão pode fazer nada quanto a isso.
Até John Altman tinha olhadopara ela boquiaberto no início. Paul também. Às vezes Michae
ficava imaginando o que se passava
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na cabeça de Paul quando a viaSerá que se lembrava do que tinha
acontecido com eles a caminho dePair-a-Dice? E afastou aquelepensamentos perturbadores. Ele
só alimentavam dúvidas, que eramum tormento para ele.
– Fica aborrecido com isso? – ela
perguntou. – Com o quê? – Que os homens olhem par
mim. – Às vezes – ele admitiu. –
Quando olham para você como se
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fosse um objeto, e não como umser humano que tem sentimentos –
completou, com uma expressão detristeza – nem como uma esposaque ama seu marido.
Ela rodou a aliança no dedo. – Eles nunca olham para aminhas mãos, Michael.
– Talvez devêssemos botar aaliança no seu nariz.
Angel viu seu sorriso provocante
e riu também. – É, ou uma maior no me
pescoço. Talvez isso os afastasse.
Muito tempo depois ela ainda
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estava acordada ao lado deleouvindo a brisa da noite balançar o
sinos de vento do lado de fora daanela. A melodia daquele tilintatinha um efeito calmante.
Embaixo dela o feno novoexalava um perfume doce, maidoce ainda por estar ali graças ao
seu trabalho também. Michael e elatinham colhido aquele feno juntosrabalho estafante! Ficou fascinada
ao vê-lo ceifando com a segadeiraem movimentos amplos e fluidosderrubando as hastes douradas.
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então ela juntou tudo em pilhasque os dois puseram na carroça
para levar para o celeiro. Oanimais teriam feno todos os mesefrios do inverno.
Tudo que Michael fazia tinha umobjetivo. Ela pensou na própriavida, como tinha sido sem sentido
nfeliz antes dele. Sua razão deviver agora dependia dele. Michael dependia da terra, da
chuvas, do calor do sol. E de Deus.Especialmente de Deus.Eu estaria morta agora se
Michael não tivesse ido me buscar
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Estaria apodrecendo numa covarasa e anônima.
Foi tomada pela gratidão e pouma humildade sofrida pelo fato deser amada por aquele homem. Po
que, entre todas as mulheres domundo, ele a escolhera? Ela nãomerecia. Era inconcebível.
Mas estou feliz, muito feliz, pelofato de ele ter me escolhido. Nuncamais farei qualquer coisa para
magoá-lo. Oh, meu Deus, eu juro...Uma doce fragrância tomou a
cabana escura, um perfume que
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desafiava qualquer definição. Elaencheu os pulmões com aquele
cheiro embriagante e maravilhosoO que era? De onde vinha? Suacabeça rodopiava com palavras e
frases que Michael tinha lido naúltimas semanas e mesmo antespalavras que pensava nem te
ouvido, mas que de alguma formaficaram gravadas lá no fundodentro dela, num lugar que não
podia bloquear.E então uma voz muito calma
soou na casa.
Eu sou.
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Angel se sentou rapidamente, deolhos arregalados. Olhou em volta e
não viu ninguém além de Michaeque dormia profundamente a seado. Quem tinha falado? Ficou com
medo e chegou a tremer. Depoispassou, o medo desapareceu e acalma voltou, mas estranhamente
sua pele ficou formigando. – Não há nada – murmurou. –
Nada.
Esperou uma resposta, sem semexer.
Não houve resposta. Nenhuma
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voz preencheu o silêncio. Angel deitou-se e encolheu-se
entamente, bem junto de Michael.
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Dai a palavra à dora dor que não fala
– S H A K E S P E A R
etembro chegou muitorápido e o milho estava
maduro, pronto para a colheita
Michael levou a carroça para o meio
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do milharal e a deixou lá. Angel eele arrancaram as espigas e a
ogaram contra o anteparo paraque caíssem dentro da carroça. Empouco tempo encheram a tulha.
Os Altman foram ajudá-los adescascar o milho. Era uma boadesculpa para se reunirem e se
divertirem juntos. Todos cantavamcontavam histórias e riam enquantotrabalhavam. As mãos de Angel se
cobriram de bolhas e ficaram cheiade cortes provocados pela palhamas ela nunca tinha sido tão feli
em toda a sua vida. O monte de
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espigas douradas crescia em voltadela, e ela se orgulhava muito de
fazer parte daquilo. Tinham mais doque o suficiente para plantar no anoseguinte e sua cota para faze
curau estava garantida, além demais outro tanto de milho paravender.
Quando a debulha terminouElizabeth se sentou à sombra ebebeu o chá de ervas que Ange
evara para ela. Sua barriga cresciabastante e seu rosto brilhavacorado, saudável. Angel nunca tinh
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visto Elizabeth tão bem nem tãoanimada.
– Quer sentir o bebê chutar? –ela perguntou, pegando a mão deAngel para botar em sua barriga. –
Pronto. Sentiu isso, Amanda? Angel sorriu, encantada. – John quer outro menino – ela
disse. Angel ficou tristonha enquanto
conversavam. Elizabeth deu-lhe um
tapinha na mão. – Vai chegar sua vez. Você é
ovem.
Angel não respondeu.
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Michael e Miriam subiram omorro juntos para tomar conta da
pequena Ruth, que estava nobalanço. Elizabeth observou os doicom ar de preocupação.
– Ela cita Michael como se fosseo Evangelho. Torci tanto para ela seapaixonar pelo Paul...
– Paul? – Angel exclamousurpresa.
– Ele é jovem, forte e muito
bonito. Trabalha duro na terra etem futuro. Perguntei a Miriam oque achava dele, e a única coisa
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que ela disse foi que ele contou quesua mulher era muito linda e que
he fazia muita falta. Ele mal a olhaquando vem ajudar o John –suspirou. – Imagino que ainda
esteja de luto por causa da mulherA ponto de nem notar uma jovembonita e da idade certa para ele.
Miriam está... – ela interrompeu afrase quando se deu conta do queestava prestes a dizer.
– Apaixonada por Michael –disse Angel.
Elizabeth corou.
– Ela nunca disse isso.
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– Nem precisa, não é?Elizabeth ficou pensando no
estrago que tinha feito com suadivagações e sua língua compridaÀs vezes dizia coisas impróprias e
sem pensar, como seus filhosDevia ter ficado calada, semextravasar suas preocupações. Era
fácil demais conversar comAmanda.
– Pensei nisso – ela admitiu
vendo que não tinha mais comoevitar o assunto.
E pensava nisso naquele
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momento em que observava Miriamse afastar com Michae
concentrada em cada palavra queele dizia. Será que ele percebia seafeto? Como poderia não perceber
Miriam nunca soubera escondenada.Elizabeth tocou a mão de Angel.
– Miriam jamais tomarianenhuma iniciativa, mesmo sesentisse isso por Michael. Ela adora
você, e é uma boa menina, não éboba, Angel.
– Claro que não.
Angel viu Michael descendo a
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encosta com a amiga e achou queos dois formavam um belo casa
Ambos tinham cabelo castanhoescuro e eram lindos. Tinham muitacoisa em comum. Acreditavam no
mesmo Deus. Amavam a terraAbraçavam a vida com zelo ealegria. Distribuíam seu amo
ncondicionalmente.Ela viu Miriam dar o braço para
Michael e rir com ele em franca
camaradagem. Seu coração seapertou com uma pontada agudade ciúme, que logo se desfez
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dominado por uma tristezaavassaladora. Observo
atentamente o rosto de Miriamquando os dois se aproximaram.Elizabeth ficou desolada ao ve
que Angel observava a filha. – Fui uma idiota – dissearrasada, certa de que tinha
destruído a amizade da filha comAngel. – Não devia ter dito nada.
– Ainda bem que disse.
Elizabeth segurou a mão deAngel.
– Amanda, Michael a ama muito
– Eu sei – ela disse, com um
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sorriso triste.Que bem faria aquele amor para
ele? – E Miriam também. Angel reparou que Elizabet
estava muito aborrecida e pousosua mão sobre a dela.
– Sei disso também, Elizabeth
Não precisa se preocupar. Além de Michael e Ruthie, ela
amava Miriam mais do que
qualquer outra pessoa no mundoNão que não amasse Elizabettambém. O que sentia a consumia
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demais para ser compartilhado.Elizabeth ficou com os olho
rasos d’água. – E agora arruinei a confiançque você tinha nela.
– Nada disso. Angel sabia que isso erverdade. Confiava no amor de
Michael. Mas e quanto a MiriamMais perturbador ainda, e quantoaos sonhos de Michael?
Ela tentou tirar aquelas ideiaangustiantes da cabeça. Michaesabia o que receberia. Ele mesmo
afirmou isso. Então não é culpa
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minha se ele não receber tudo oque queria. Filhos, por exemplo.
Angel olhou para a barriga deElizabeth e se virou para o outroado, fingindo que aquela tristeza
dentro dela não existia.
No dia seguinte, Michael fovisitar Paul e ficou fora quase o dianteiro. Angel ficou imaginando o
que ele tinha para conversar comPaul e o que este lhe diria. Estavatrabalhando na horta quando
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Michael voltou. Ela não foi ao seencontro. Ele desmontou do cavalo
e caminhou decidido até elaApoiou a mão no mourão e saltosobre o portão. Pegou-a nos braço
e deu-lhe um beijo demoradoQuando Angel ficou sem ar, ele asoltou e sorriu de orelha a orelha.
– Isso acaba com suapreocupação?
Ela deu risada e o abraçou
Alívio e alegria compensaram todaa ansiedade daquele longo dia semele. A mente sabia como torturar.
Ela foi até a cabana para
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preparar o jantar, enquanto Michaecuidava do cavalo. Quando ele
entrou em casa, ela sorriu. – Está tudo bem com Paul? – Não – ele disse, muito sério
com as mãos nos bolsosencostando-se no console da lareire olhando para ela. – Alguma coisa
o perturba e ele não quer me dizeo que é. Vamos à cidade amanhãpara vender nossos produtos.
Ela sentiu ter de ficar mais umdia longe dele, mas não disse nada
– Vou cuidar dos animais de
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manhã e você pode passar o diacom os Altman – ele afirmou. –
Elizabeth está fazendo compota demaçã. Angel se virou para trás par
olhá-lo. – Esteve com a Miriam? – Estive – a expressão dele er
ndecifrável. – Que confusão! –Michael disse, quase falandosozinho.
Angel não perguntou mais nadaPaul chegou bem cedo. Michae
estava acabando de tomar café
Levantou-se, botou a mão no
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ombro do cunhado e o fez sesentar.
– Fique aí. Tome um caféenquanto cuido dos animais. Acarroça já está carregada. Eu grito
quando for a hora de atrelar ocavalos. Vamos passar pela suafazenda para pegar os caixotes e
então seguir viagem.Paul ficou muito tenso e olhou
para Angel com frieza quando
Michael saiu. – Foi ideia sua termos esse
tempo sozinhos?
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– Não. Imagino que Michaetorça para resolvermos nossa
diferenças.Paul bebeu o café em silênciocom os ombros tensos.
Ela se virou para ele. – Já comeu alguma coisa esta
manhã? Tem um pouco de...
– Não, obrigado – ele dissebruscamente, olhando para ela comdesprezo. – Achei que já teria ido
embora há muito tempo.Era óbvio que ele desejava isso.
– Quer mais café?
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– Tão educada, tão decenteQualquer um acharia que foi criada
para ser mulher de fazendeiro. – Eu sou mulher de fazendeiroPaul – ela disse, em voz baixa.
– Não, você é uma boa atriz. Fatudo certo. Mas por dentro nãochega nem perto do que deveria se
uma esposa de fazendeiro – suamão ficou branca apertando acaneca. – Não acha que Michae
percebe a diferença toda vez queconversa com Miriam Altman?
Angel não deu sinal de que sua
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palavras tinham calado fundo. – Ele me ama.
– Ama, sim – ele disse e aexaminou de alto a baixo. – Vocêsabe muito bem como é.
Como Michael podia gostadaquele homem como a um irmãoEla tentou ver alguma coisa nele
algum sinal de bondade, dehumanidade, mas não viu nadaalém do frio ódio.
– Vai sempre me odiar pelo quefez, Paul? Não vai esquecer nunca?
Ele empurrou a caneca e a
cadeira, arrastando-a no chão. Se
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rosto estava muito vermelho, oolhos em fogo.
– Você põe a culpa em mim peloque aconteceu? Fui eu que aarrastei para fora daquela carroça
Eu a estuprei? Você bem quegostaria de pensar que a culpa fominha, não é?
E saiu. Angel ficou onde estava. Devia
ter ficado calada. Sabia que não
tinha como se defender.Michael voltou rapidamente para
he dar um beijo de despedida.
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– Passo na casa dos Altman navolta. Fique lá e podemos volta
para casa juntos.
Ruthie correu para encontraAngel quando ela apareceatravessando o pasto.
– Paul disse que podemos colhetodas suas maçãs! – disse, quandoAngel a pegou no colo e a pô
montada na cintura. – Mamãe vafazer compota de maçã. Eu adorocompota de maçã. E você?
Miriam estava na porta, muito
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fez uma boa colheita de milhotambém. Nós o ajudamos a
descascá-lo poucos dias atrás.Elas voltaram para a cabana doAltman e passaram o resto da
manhã descascando, descaroçandoe cortando as maçãs para cozinháas. Enquanto mexia na panela
Elizabeth foi acrescentandotemperos e o cheiro doce encheu acasa toda. Enquanto a compota
fervia, preparou um cesto depiquenique e despachou todas elas
– Os meninos já estão lá com
seu pai e quero a cabana só para
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mim, para tirar uma soneca – dissequando Miriam perguntou se ficaria
bem sozinha.Ruth e Leah foram com Miriam e
Angel. As duas mais nova
entraram na água do riacho e Angese sentou na margem, enfiando odedos dos pés na areia. Miriam se
deitou de costas, com os braçoestendidos, e aproveitou o sol.
– Às vezes sinto saudade de
casa – disse.Miriam contou da fazenda que
tinham, dos vizinhos e da
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reuniões. Falou da longa viagempara o oeste. Foi se lembrando de
vários incidentes cômicos e Angeriu muito com ela. Miriam fez umaviagem extenuante de quatro m
quilômetros parecer uma viagemturística. – Fale-me do navio – disse
Miriam, rolando de barriga parabaixo e apoiando a cabeça namãos. – Havia muitas mulheres a
bordo? – Mais duas além de mim. Me
quarto não era muito maior do que
uma casinha e era frio demais
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Usava toda a roupa que tinha emesmo assim não adiantava. A
travessia do cabo Horn foi o maipróximo que se podia chegar donferno. Pensei que morreria de
tanto enjoo. – O que fez quando chegou a
San Francisco?
– Congelei e quase morri defome – ela abraçou os joelhos eolhou para as duas menininhas no
riacho. – Então comecei a trabalhade novo – e suspirou. – Miriam, nãotenho muitas histórias engraçada
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para contar, e as poucas que tenhonão são para você.
Miriam se sentou com as pernacruzadas. – Não sou mais criança, você
sabe. Podia me contar um poucocomo era. – Obsceno.
– Então por que não fugiu? Aquela pergunta insinuava uma
acusação? Ela devia contar para
Miriam como foi ficar trancada emum quarto aos 8 anos de idadesabendo que só duas pessoa
tinham a chave, uma madame que
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he levava comida e lhe trocava openico e Duke? Devia contar o
resultado desastroso de ter fugidocom Johnny?
– Eu tentei, Miriam – disse
simplesmente, e deixou por issomesmo.
– Mas os homens a desejavam
Os homens se apaixonavam povocê. Só uma vez na vida egostaria de caminhar por uma rua e
fazer com que eles se virassempara me admirar.
– Não gostaria não.
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Miriam quase chorou. – Só uma vez, eu queria se
desejada por um homem. – Você acha mesmo? E se fosseum desconhecido que pagasse a
alguém para tê-la, e você tivessede fazer tudo o que ele quisessepor mais degradante que fosse?
se ele fosse feio? E se não tomassebanho há um mês? E se fosseviolento? Acharia isso romântico?
Angel não pretendia ser tãocrua. Estava tremendo.
Miriam ficou muito pálida.
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– Era assim? – Pior – disse Angel. – Gostaria
de não ter conhecido nenhum outrohomem antes de Michael.Miriam segurou a mão dela e
não fez mais nenhuma pergunta.Michael chegou ao anoitecer
Miriam foi a primeira que saiu para
recebê-lo. – Pensei que Paul ia voltar com
você.
Michael saltou da carroça. – Ele resolveu ficar mais um o
dois dias na cidade.
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– Bem coisa de homem – disseMiriam, sem a vivacidade de
sempre.Elizabeth insistiu para queMichael e Angel ficassem para
antar. Miriam se sentou do outroado dele e quase não falou o jantanteiro. Mal tocou a comida. Ange
viu Michael pôr sua mão sobre a deMiriam e cochichar-lhe algumacoisa. Os olhos de Miriam se
encheram de lágrimas, elarapidamente pediu licença e seevantou da mesa.
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– O que está acontecendo comela ultimamente? – perguntou John
perplexo. – Deixe estar, John – Elizabetholhou para Angel e para Michael e
passou um prato de abobrinha parao marido.
Michael estava pensativo na
volta para casa. Pegou a mão deAngel e a segurou com força.
– O que eu não faria por um
bom conselho neste momento –comentou. – O que Paul lhe dissehoje de manhã?
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– Ele se surpreendeu porquainda não fugi – ela respondeu
sorrindo para fazer com que elepensasse que isso não a tinhamagoado.
Mas Michael não acreditou. – Trouxe uma coisa da cidade
para você.
Quando chegaram em casa, eletirou o presente da carroça e lhedeu. Angel não sabia o que era
apenas uns talos com espinhomeio embrulhados com um saco deaniagem.
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– São mudas de roseiras. Ohomem jurou que são vermelhas
mas vamos descobrir quandochegar a primavera. Vou plantá-laamanhã de manhã. É só me dize
onde as quer. Angel se lembrou do perfume de
rosas flutuando numa sala de esta
ensolarada. – Uma bem embaixo da janela –
disse – e outra ao lado da porta da
frente.Surgiu-lhe na lembrança a
magem da mãe, ao luar, ajoelhada
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no jardim, de camisola. No mesmonstante, Angel tratou de afastar o
maus pensamentos.
O Dia de Ação de Graças chegomuito rápido e Elizabeth já estavaem um estágio avançado de
gravidez. Miriam e Angel assumiramos preparativos para acomemoração enquanto Elizabet
as observava e orientava. No dia, amesa foi posta com faisão recheadoe assado, purê de cenoura e
ervilhas, batatas e noze
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carameladas. John comprara umavaca e havia uma jarra de leite em
cada extremidade da mesa. Angenão tomava um copo de leite haviameses e essa iguaria a atraiu mai
do que todas as outras que ajudoa preparar.
– Paul foi comemorar na cidade
– disse Miriam, num tom quaseneutro. – Outro dia ele disse queestá pensando em voltar para o
riachos na primavera. – Tem um riacho bem perto da
casa dele – disse Leah.
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Jacob olhou com desprezo paraa irmã.
– Mas não tem ouro nele, suaboba. – Pare com isso, Jacob –
Elizabeth o repreendeu enquantopunha na mesa uma torta deruibarbo.
Miriam botou uma de abóborado outro lado. Quando terminaramas crianças se escafederam para
não serem convocadas paratrabalhar na cozinha. John eMichael foram para fora, para Joh
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fumar seu cachimbo. O cheiroprovocava enjoo em Elizabet
naquele estado. Miriam foi buscaágua no poço.Elizabeth afundou-se numa
cadeira, cansada, com a mão nabarriga. – Juro que essa criança já está
gravando suas iniciais nas paredes. – Quanto tempo falta? –
perguntou Angel, tirando os resto
dos pratos e botando-os na baciapara que fossem lavados.
– Tempo demais – sorriu
Elizabeth. – Preciso da ajuda de
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John e Miriam para me tirar dacama todas as manhãs.
Angel derramou uma chaleira deágua quente sobre os pratos sujosOlhou para Elizabeth e viu que a
pobre mulher estava exaustaquase dormindo. Secou as mãos efoi para perto dela.
– Elizabeth, você devia se deitae descansar.
Angel ajudou-a a se levantar e
depois a cobriu com um cobertoquando ela se deitou na camaAdormeceu quase imediatamente.
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Angel ficou bastante tempo aoado da cama. Elizabeth estava
encolhida, de lado, com os joelhodobrados e a mão protegendo ofilho que não tinha nascido. Um
abraço. Angel olhou para a própriabarriga reta e espalmou as mãonela. Os olhos arderam e ela
mordeu o lábio. Deixou as mãocaírem ao lado do corpo, se afastoe viu Miriam parada na porta.
A garota deu um sorriso triste. – Sempre imaginei como seria.
a razão de viver de uma mulher
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não é? Nosso privilégio divinotrazer uma nova vida ao mundo e
alimentá-la – e sorriu para Angel. –em dias em que mal possoesperar.
Angel viu as lágrimas que Miriamtentava esconder. Afinal, de queservia o privilégio divino para uma
menina virgem?Ou para uma mulher estéril.
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No coração do homem se forjam
muitos pensamentosmas a vontade do Senho
permanecerá
– P R O V É R B I O S 1 9 , 2
ntes de sair para caçarMichael levou alguns saco
de milho seco para a cabana, para
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Angel debulhar. Ela se sentoudiante do fogo e esfregou dua
espigas para arrancar alguns grãosa fim de que o resto pudesse setirado com mais facilidade. Algun
he caíram no colo. Angel largou aespiga e pegou um grão. Sorriu erolou aquela coisa dura entre o
dedos. Você tem de morrer para
renascer.
Ela levantou a cabeça e procuroouvir com atenção. Seu coraçãobatia acelerado, mas o único
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barulho ali perto era o dos sinos devento balançando. Olhou para o
grão seco e meio murcho na palmada mão. Era como muitos que tinhaplantado na última primavera, do
quais a floresta verde tinhadesabrochado. Ela o jogou no cestocom os outros e espanou alguns da
saia.Talvez fosse meio louca mesmo
As vozes antigas estavam rareando
mas agora havia aquela nova vozserena e firme, que não fazianenhum sentido. Da morte nasce a
vida? Impossível. Mas aos seus pé
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estava o cesto com grãos de milhoEla franziu a testa, confusa
Abaixou-se e passou as mãos nomilho. Pegou dois punhados. O queaquilo queria dizer?
– Amanda! – Miriam exclamouentrando na cabana. – Chegou ahora de mamãe.
Angel botou o xale e já iasaindo. Miriam riu e a fez parar.
– Não vai querer voltar e
encontrar a casa pegando fogo, vai Angel pegou uma saca de milho
seco e a arrastou para bem longe
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do fogo. Ergueu outra e a botou emcima da mesa; a terceira, coloco
perto da cama. Então, correrampraticamente durante todo ocaminho.
– Oh! – exclamou Miriam. – Nemme lembrei de avisar o Michael... – Ele vai saber – disse Ange
andando rápido para recuperar ofôlego e depois levantando a saiapara correr de novo.
Ofegante, Angel entrou nacabana dos Altman, com Miriamogo atrás. Elizabeth estava
calmamente sentada na frente do
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fogo, costurando uma saia. Acrianças levantaram a cabeça
Estavam sentadas à mesa, fazendoseus deveres de casa.
O único agitado era John, que
pulou da cadeira na mesma hora. – Graças a Deus!Ele pegou o xale de Angel e o
ogou na direção do cabide deparede. Falou em voz baixa.
– As dores estão vindo com
ntervalos muito curtos, mas nãoconsigo convencê-la a se deitar. Eladiz que tem de consertar as roupas
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– Estou quase terminando, Joh– disse Elizabeth.
Botou uma saia de lado e pegooutra. De repente ficou imóvel, coma expressão tensa, concentrada
Angel ficou olhando para elaprocurando algum sinal de dor, àespera de um grito lancinante
Elizabeth fechou os olhos por umongo tempo, depois deu umsuspiro suave e recomeçou a
trabalhar. As crianças nem notaramnada. John gemeu.
– Lizzie, vá para a cama!
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– Quando terminar aqui, John. – Agora! – ele berrou tão de
repente que Angel pulou.Nunca tinha ouvido John usaaquele tom de voz com ninguém de
sua família.Elizabeth levantou a cabeça com
muita dignidade.
– Deixe-me em paz, John. Váalimentar os cavalos ou cortaenha. Vá limpar o estábulo. Vá
caçar alguma coisa para o jantarmas não me incomode agora.
Ela disse isso com uma voz tão
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calma que Angel quase deu risadaJohn levantou as mãos num gesto
de rendição e saiu furioso da casaresmungando alguma coisa sobreas mulheres.
– Tranque a porta, Andrew. – Mas mamãe... – Ele vai voltar correndo se você
não trancar – disse Elizabethsorrindo.
As crianças riram e continuaram
com seus afazeres. Miriam estavatensa e nitidamente preocupada.
Vieram mais alguma
contrações, e Elizabeth não paro
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de costurar. Deu um nó earrebentou a linha. Veio outra
contração quando dobrava a saia eMiriam foi ficando cada vez maipálida. Ela olhava para Angel, que
pretendia esperar que Elizabettomasse a iniciativa. Se queria ficaali sentada e ter o bebê na cadeira
o problema era dela.Quando veio uma contração
mais demorada, Angel se abaixou e
pôs a mão com firmeza no joelhode Elizabeth.
– O que posso fazer para ajudá
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a? – disse, com mais firmeza doque de fato sentia.
Elizabeth não disse nadaApertou o braço da cadeira e suamão ficou branca com o esforço
Acabou dando um suspiro profunde pegou a mão de Angel. – Leve-me para o quarto – disse
baixinho. – Miriam, cuide dacrianças e do seu pai.
– Sim, mamãe.
– E vamos precisar de bastanteágua quente. Jacob pode ir buscarE panos limpos. Leah, estão no baú
Vamos precisar do barbante que
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está no armário. Ruthie, pode pegáo para mim, querida?
– Sim, mamãe. As crianças faziam o que ela
pedia.
Angel fechou a porta devagarElizabeth se sentou na beirada dacama e começou a desabotoar a
blusa. Precisou de ajuda para tirá-lae tinha só uma combinação fina pobaixo.
– Está vindo agora – disse. – Abolsa estourou quando fui até acasinha esta manhã – e deu uma
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risada suave. – Fiquei com medo da criança cair dentro daquele
buraco – falou, segurando a mão deAngel. – Não se preocupe. Estátudo bem.
Ela respirou, fundo e rápido, ecrispou as mãos. Gotas de suodespontaram-lhe na testa.
– Essa foi das boas – disse.Miriam entrou no quarto com
uma jarra de água e uma bacia
cheia de panos. – Papai está trazendo mai
água. Dois baldes além do que
Jacob trouxe. Pusemos o caldeirão
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no fogo.Os olhos de Elizabeth brilharam.
– Seu pai deve achar que umbom banho quente resolve tudo.
Ela beijou o rosto de Miriam.
– Obrigada, querida. Conto comvocê para cuidar de tudo. Leaestava tendo problema com a
aritmética e Jacob precisa treinacaligrafia.
As dores estavam vindo com
mais frequência e durando maisElizabeth não emitia nenhum sommas Angel via o que ela estava
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enfrentando, pálida e suandomuito. Angel molhou um pano e o
torceu, passando-lhe no rosto.Miriam enfiou a cabeça na portauma hora depois.
– Michael está aqui. Angel deu um suspiro de alívio eElizabeth sorriu.
– Está indo muito bem, Amanda Angel corou e riu.Na hora seguinte Elizabeth não
falou quase nada, e Angel respeitoseu silêncio. Acariciava a amigacarinhosamente e segurava sua
mão quando vinham as dores
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Quando Elizabeth relaxava entreuma contração e outra, Angel torcia
o pano e botava-lhe na testa. – Não vai demorar agora – disse
Elizabeth, depois de uma dor que
emendou na outra.Dessa vez ela gemeu, agarrada
à cabeceira da cama.
– Ah, não pensei que demorariatanto assim.
– Diga o que tenho de fazer! –
pediu Angel, mas Elizabeth nãotinha fôlego para falar.
Deu um grito sufocado, ma
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respirou fundo de novo e levantoas pernas. Gemeu mais alto
contorceu o rosto e ficou muitovermelha. Angel não ficou parada
pensando em decoro. Puxou acoberta de cima de Elizabeth. – Oh, Elizabeth! Está vindo
querida! Estou vendo a cabeça. Angel apoiou o bebê quando
Elizabeth fez um último esforço
Ajoelhou-se com o recém-nascidonos braços, choramingando.
– É um menino. Elizabeth, é um
menino! E é perfeito. Dez dedo
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nas mãos, dez dedos nos pés...Ela se levantou, tremendo de
emoção e deslumbramento.Elizabeth chorou de alegria
quando Angel botou o bebê sobre
seu peito. Poucos minutos depoidas últimas contrações, relaxoucompletamente exausta.
– Amarre o cordão com obarbante antes de cortar – disseElizabeth, cansada, mas sorrindo. –
Ele tem bons pulmões. – É, tem mesmo. Angel lavou o bebê com todo o
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cuidado, enrolou-o num cobertomacio e o entregou para a mãe. Ele
mamou imediatamente e Elizabetsorriu, satisfeita. Angel derramoágua quente numa bacia e lavou a
amiga, procurando não machucá-laNão pôde evitar, mas Elizabeth nãoreclamou. Ela se abaixou e beijou a
nova mamãe. – Obrigada – murmurou Ange
para a mulher, que já estava
dormindo.Saiu sem fazer barulho. Estavam
todos de pé na sala, esperando.
– Você tem mais um lindo filho
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John. Parabéns. – Deus seja louvado! – Joh
desmoronou na cadeira. – Qual sero nome dele?
Angel deu risada, livre da tensão
acumulada. – Bem, eu não sei, John. Ach
que é você que tem de resolve
sso.Todos riram, inclusive John, com
o rosto muito vermelho. Ele
balançou a cabeça e foi para oquarto. Miriam e as crianças oseguiram em fila, em silêncio.
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Michael sorriu para Angel de umeito que fez o coração dela
acelerar. – Seus olhos estão brilhando –ele disse.
Ela estava tão emocionada quenem conseguia falar. A expressãode Michael era muito carinhosa
cheia de promessas. Ela o amavatanto que se sentia consumida poesse amor. Ele se aproximou dela
evantou-lhe o queixo e encostosua boca na dela, levemente.
– Oh, Michael! – ela exclamou
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abraçando-o. – Um dia... – ele começou a
falar, mas logo gelou com abobagem que ia dizer.Ele a abraçou com mais força.
Angel sabia o que ele estavapensando. Eles jamais teriam umfilho. Michael se afastou um pouco
mas ela não conseguiu olhá-lo, nemmesmo quando ele lhe segurou orosto.
– Amanda, desculpe – dissebaixinho. – Não tive a intenção de.
– Não precisa se desculpar
Michael.
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Por que ele não pensara antede falar qualquer coisa?
– Vou avisá-los que estamondo para casa.
Ele a deixou e foi cumprimenta
os Altman. O bebê era lindo.Elizabeth segurou a mão dele.
– Amanda foi maravilhosa. Diga
que terei muito prazer de cuidadela quando chegar sua hora.
– Vou dizer – Michael respondeu
sabendo que não podia.Os dois foram a pé para casa
em silêncio. Michael ficou vendo
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Angel abafar o fogo. – Elizabeth disse que você fo
maravilhosa. – Ela foi magnífica – disse Ange– Podia ter tido o bebê sem
nenhuma ajuda – e olhou para elecom um sorriso triste. – Isso é queé ser mulher, não é? Miriam
chamou a maternidade de privilégiodivino – disse, virando-se para oado. – A semente de John fo
plantada em solo fértil. – Amanda – ele disse
segurando-lhe o braço.
– Não diga nada, Michael, po
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favor...Ela não resistiu quando ele a
segurou nos braços. Michael pôs amão na parte de trás da cabeçadela e a abraçou com força. Ele
queria aplacar aquele sofrimentomas não sabia como.
– Faltam poucos dias para o
Natal. – Só me lembrei disso esta
noite, na casa dos Altman.
Elizabeth e Miriam já tinhamdecorado a cabana com galhos depinheiro e fitas vermelhas. Leah e
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Ruthie tinham feito um presépiocom bonecos de sabugo de milho
Angel não pensou em fazer nadaDuke sempre dissera que o Nataera só um dia como os outros, em
que dormíamos oito horas.Mamãe dava importância aoNatal naqueles primeiros anos
Mesmo quando estavam morandono cais e tinham pouca comida epouco dinheiro, ela tratava o Nata
como um dia santo. Naquele dianenhum homem entrava nobarraco. Mamãe costumava conta
como era o Natal quando ela era
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pequena. Angel não gostava queela falasse sobre esse assunto
porque isso sempre fazia mamãechorar.
– Natal – disse Angel, afastando
se de Michael.Ele viu sua angústia e achou que
a culpa era dele.
– Amanda...Ela o olhou, mas não viu se
rosto na escuridão.
– O que vou lhe dar no NataMichael? O que posso lhe dar, setudo o que você mais deseja é um
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filho? Angel se debatia com a emoção
que aumentava, e seu peito subia edescia com a respiraçãoentrecortada.
– Eu queria... Eu queria... – Não faça isso – ele dissedesolado.
Angel cerrou os punhos. – Eu queria que Duke não
tivesse me estragado! Queria que
ninguém mais tivesse posto amãos em mim! Queria ser como aMiriam!
– Eu amo você.
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Angel se afastou, ele a puxopara perto de novo e a abraçou.
– É você que eu amo.Michael a beijou e sentiu que
Angel se derreteu em seus braços
agarrando-se a eledesesperadamente.
– Michael, eu queria se
completa. Queria ser inteira paravocê.
Meu Deus, por quê? John e
Elizabeth têm seis filhos. Nãopoderei ter nem um com minhamulher? Por que deixou que isso
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acontecesse assim? – Não tem importância – ele
ficou repetindo. – Não temmportância.Mas ambos sabiam que tinha.
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Nada façais por porfia nem povanglória
mas por humildade, tendo cada umaos outro
por mais importantes – F I L I P E N S E S 2 ,
aul foi à reunião de Nata
dos Altman. Angel fico
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nervosa ao vê-lo, imaginando quefarpas lançaria sobre ela daquela
vez. Ficou longe dele e resolveque nada estragaria aquele NataEla nunca tivera um Natal de
verdade, e aquela família queriaque ela participasse. Se Paul achamasse de prostituta, aceitaria
sem nada dizer. Além do maissabia que ele não falaria isso nafrente dos outros.
Mas Angel se surpreendeuporque Paul a deixou em pazPareceu empenhado em ficar longe
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dela também. Levou presentes paraas crianças, pequenos saco
marrons cheios de doces que tinhacomprado no novo armazém. Eleadoraram, menos Miriam, que fico
furiosa quando Paul lhe deu um. – Obrigada, tio Paul – disserritada, beijando o rosto dele.
Ele cerrou o maxilar quando elase afastou.
Angel esperou que todo
terminassem de comer a enormeceia que Miriam e ela tinhampreparado para então distribui
seus presentes e os de Michae
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Havia trabalhado dois dias nabonecas de trapo que fizera para
Leah e Ruthie, e prendeu arespiração enquanto as meninaabriam os embrulhos. Seu
gritinhos a fizeram rir. Os meninostambém ficaram encantados com oestilingues que Michael lhes tinha
feito. Na mesma hora puseram umalvo lá fora para brincar.
Miriam abriu seu embrulho com
cuidado e exibiu a grinalda de floresecas que Angel tinhaconfeccionado. Passou a mão na
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fitas de cetim penduradas na partede trás.
– É linda, Amanda – disse, comágrimas nos olhos. Angel sorriu.
– Lembrei-me de você descendoa encosta, correndo no meio detodas aquelas flores silvestres, e
achei que isso combinava comvocê.
Miriam soltou o cabelo e
balançou a cabeça, de forma que amechas lhe caíram em volta dorosto, sobre os ombros e as costas
Então pôs a grinalda na cabeça.
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– Como ficou? – Natural e linda – disse Michael
Paul se levantou e foi lá parafora.
O sorriso de Miriam encolheu um
pouco. – Ele é um bobalhão – disse
baixinho.
– Miriam! – exclamou Elizabetsurpresa, com o bebê no colo. –Isso não se diz.
Miriam não ficou nem um poucoarrependida quando olhou furiosapara Paul lá fora. Tirou o adorno e
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o pôs no colo. – Adorei a grinalda e vou usá-la
no meu casamento, no lugar dovéu.Quando escureceu, a família se
reuniu em volta do fogo e entoocânticos de Natal. John deu a Bíbliapara Michael sem especificar o que
queria que ele lesse. Michael fodireto para a história do NataAngel ficou ouvindo, abraçada ao
oelhos dobrados. Ruth a cutucousonolenta. Sorrindo, Angel a pôs nocolo. A menina se remexeu até fica
confortável, com a cabeça
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encostada no peito de Angel. Elaacariciou o cabelo da menina. S
adoro tanto essa criança que não éminha, quanto mais poderia amaum filho meu?
Todos ficaram em silêncioouvindo a voz profunda e melodiosade Michael. Angel se lembrou de
sua mãe contando a história deJesus, que nasceu numamanjedoura com os pastores e o
três reis que foram adorá-lo, maspelos lábios de Michael, o relato seenchia de beleza e de mistério
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Apesar de tudo, ela não conseguiase alegrar com isso. Não como o
outros. Que tipo de pai deixaria opróprio filho nascer com o únicopropósito de ser pregado numa
cruz? A voz sombria se fez ouvir semaviso.
Você sabe que tipo de paiAngel. Teve um igual a ele.
Angel estremeceu. Parou de
olhar para Michael e viu John de péno escuro, ao lado de ElizabethEstava com a mão no ombro dela
Nem todos os pais eram como Ale
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Stafford. Alguns eram como JohAltman. Ela se virou para Michae
de novo. Ele seria um pamaravilhoso também. Forteamoroso e magnânimo se fosse
preciso. Ele tinha lido para ela ahistória do filho pródigo uma vezdepois que a trouxera de volta de
Pair-a-Dice. Se seu filho seperdesse, ele seria um pai que oreceberia de volta de braço
abertos. Não seria como aqueleque expulsara sua mãe.
Michael terminou de ler e fecho
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a Bíblia. Levantou a cabeça e olhodiretamente para ela. Angel sorriu
Ele retribuiu o sorriso, mas haviadúvida em seu olhar. – Miriam – chamou John em vo
baixa.Ela foi para perto do pai e elehe disse alguma coisa. Elizabet
deu o bebê para Miriam segurarEla pôs o bebê nos braços deMichael. O menininho levantou a
mão, Michael passou a ponta dodedo de leve na palma minúscula esorriu quando ele agarrou seu dedo
com força.
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– E então, John – disse. – Jresolveram que nome vão lhe dar?
– Já. Benjamin Michael. Em suahomenagem.
Michael ficou atônito e
profundamente emocionado. Seuolhos cintilaram, cheios deágrimas. Ela pôs as mãos em seu
ombros e se abaixou para beijar-lheo rosto.
– Esperamos que, quando
crescer, faça jus ao nome.O coração de Angel fico
apertado quando viu Michae
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segurando o bebê e Miriam com amão em seu ombro. Pareciam
formar um casal perfeito.Na escuridão lá de fora, Paupensava a mesma coisa.
As roseiras que Michael trouxer
para Angel floresceram mais cedoEla tocou os brotos vermelhos e seembrou da mãe. Era tão parecida
com Mae... Era habilidosaplantando flores, se enfeitando edando prazer para um homem. Fora
sso, servia para quê?
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Michael deveria ter filhos. Ele odeseja.
Na noite de Natal ela descobrio que tinha de fazer, só que eransuportável pensar em deixá-lo
em viver sem ele. Queria ficar eesquecer o olhar dele quandosegurou Benjamin. Queria se
agarrar a ele e aproveitar afelicidade que ele lheproporcionava.
Foi exatamente esse egoísmoque fez Angel entender que nãomerecia Michael.
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Michael tinha lhe dado tudo. Elaestava vazia e ele a encheu com
seu amor, até transbordar. Ela otraiu, ele a aceitou de volta e aperdoou. Ele sacrificou seu orgulho
para amá-la. Como podia descartaos desejos dele depois disso? Comopodia suportar a vida sabendo que
tinha ignorado os desejos docoração dele? O que seria deMichael? O que era melhor para
ele? A voz sombria se intrometia o
tempo todo.
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Fique! Você não merece umpouco de felicidade depois de
todos aqueles anos desofrimento? Ele diz que a amanão diz? Então, deixe-o prova
sso!Ela não aguentou mais ouvir
Bloqueou a mente para a voz e
pensou em Michael, em Miriam, suarmã de coração. Pensou nos filhoque Miriam e Michael poderiam ter
morenos e lindos, fortes ecarinhosos. E muitas geraçõefuturas. Lembrou que nada nasceria
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dela. Se ficasse, Michael continuariafiel até morrer e seria o fim dele.
Não podia deixar que issoacontecesse.Quando Michael a avisou que ia
até a cidade com Paul, ela tomousua decisão. John tinha comentadona véspera que a cidade tinha
crescido tanto que havia umacarruagem de passageiros para láduas vezes ao dia. Ela passava pela
estrada que ficava a menos dequatro quilômetros da cabana, logodepois da vertente das colinas
Angel ainda guardava o ouro qu
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recebera de Sam Teal e de JosephHochschild. Michael tinha insistido
que ela ficasse com ele. Era obastante para pagar a viagem paraSan Francisco e mantê-la por algun
dias. Não pensaria no que viriadepois disso.
Preciso pensar no que é melho
para Michael.Quando ele chegou do campo, à
noite, encontrou um maravilhoso
assado de veado preparado por elaA cabana estava toda enfeitadacom flores, no console da lareira
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na mesa, na cama. Michael olhoem volta, intrigado.
– O que estamos comemorando? – A vida – ela disse, e o beijou.Ela absorveu aquela imagem
dele, decorou cada ângulo de serosto e de seu corpo. Desejava-odesesperadamente, sentia um amo
menso por ele. Será que um dia elesaberia quanto? Não podia dizer-lhsso, senão ele iria atrás dela. E a
traria de volta mais uma vez. Eramelhor que pensasse que era umaatração física e vulgar. Mas ela teria
aquela última noite para se
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embrar. Ele seria parte dela, nãomportava onde estivesse, mesmo
que ele nunca soubesse. Ela levariaaquelas doces lembranças para otúmulo.
– Leve-me até o alto da colinde novo, Michael. Leve-me paraaquele lugar onde me mostrou o
nascer do sol.Ele viu a sede nos olhos dela.
– Hoje está fazendo muito frio.
– Não está, não.Michael não conseguia lhe nega
nada, mas sentiu um desconforto
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estranho na boca do estômagoinha alguma coisa errada. Ele
pegou os cobertores da cama e saina frente. Talvez ela conversassecom ele e contasse o que andava
pensando. Talvez finalmente seabrisse para ele.Mas o humor de Angel mudou
de pensativo para um certoabandono. Correu até o topo domorro na frente dele e rodopio
com os braços abertos. À sua voltaos grilos cantavam e uma brisasuave soprava o capim.
– É lindo, não é? A imensidão
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disso tudo. Sou completamentensignificante.
– Não para mim. – Sim – ela disse, virando-se
para ele. – Até para você.
Michael franziu o cenho e elarodou de novo.
– Não haverá nenhum outro
deus para mim – ela gritou para océu. – Nenhum outro, meu senhor.
Angel girou e olhou para ele
Nenhum outro além de vocêMichael Hosea.
Ele fez uma careta.
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– Está zombando de mimamada?
– Nunca – ela dissesinceramente.E soltou o cabelo, que lhe cai
sobre os ombros e as costasbrancos ao luar.
– Lembra quando leu para mim
sobre a noiva sulamita, que dançopara o marido?
Ele mal conseguia respira
vendo-a assim, dançando ao luarCada movimento atraía seu olhar eaguçava sua consciência. Quando
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tentava agarrá-la, ela se afastavade novo e estendia-lhe os braços
chamando-o. O cabelo flutuava emvolta dela e sua voz chegava roucae provocante, carregada pelo vento
– Faço qualquer coisa por vocêMichael. Qualquer coisa.E de repente ele entendeu o que
ela estava fazendo. Estava sedespedindo, assim como tinha feitona última vez. Queria amortecer a
mente dele com o prazer físico.Quando Angel se aproximou de
novo, ele conseguiu agarrá-la.
– Por que está fazendo isso?
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– Por você – ela disse, puxandohe a cabeça para baixo e o
beijando.Ele enfiou os dedos em se
cabelo e retribuiu o beijo. Teve
vontade de devorá-la. Suas mãoeram como chamas no corpo dele.
Meu Deus, não vou deixá-la fugi
outra vez. Não posso!Ela encostou o corpo no dele e
ele não pensou em mais nada, só
nela, mas isso não bastava.Meu Deus, por que está fazendo
sso comigo de novo? O Senhor dá
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para depois tomar? – Michael, Michael – ela
sussurrou, e ele sentiu o gostosalgado das próprias lágrimas norosto dela.
– Você precisa de mim – ele viuo rosto dela iluminado pela lua. –Precisa de mim. Diga, Tirzah. Diga.
Deixe-a ir, meu amado.Meu Deus, não! Não me peça
sso!
Entregue-a para mim.Não!Os dois se agarraram um ao
outro, buscando consolo na paz do
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esquecimento. Mas a paz doesquecimento é passageira.
Michael abraçou-a com forçadepois. Tentou se agarrar a tudoque tinha sentido, mas eram doi
seres separados outra vez. Ele nãotinha força para mantê-los juntopara sempre.
Ela tremia violentamente, elenão sabia se era de frio ou dapaixão que se exauria. E não
perguntou. Enrolou o cobertor emvolta dos dois e mesmo assimsentiu a decisão dela como uma
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ferida aberta.Estava esfriando e ele
precisavam voltar. Vestiram-se emsilêncio, ambos atormentadosfingindo que não estavam. Ela se
aproximou de novo, enlaçou-lhe acintura e se encostou nele, comouma criança que procura proteção e
consolo.Michael fechou os olhos para o
medo que crescia dentro de si. Eu a
amo, Senhor. Não posso desistidela.
Michael, meu amado. Que
que ela fique eternamente
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pendurada na cruz?Michael deu um suspiro trêmulo
Quando Angel levantou o rosto, eleviu algo na expressão dela que devontade de chorar. Ela o amava. Ela
o amava de verdade. No entantohavia mais alguma coisa naquelerosto iluminado pelo luar. Uma
tristeza enorme que ele nãoconseguia afastar, um vazio que elenunca poderia preencher. Lembrou
se de suas palavras angustiadas nanoite em que Benjamin nasceraEu queria ser completa!” Ele não
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podia lhe dar isso.Ele a segurou no colo e a
embalou nos braços. Ela abraçou opescoço dele e lhe deu um beijoMichael fechou os olhos. Senhor, se
desistir dela e entregá-la agora, vadevolvê-la para mim?Não ouviu nenhuma resposta.
Meu Deus, por favor!O vento soprou suavemente
mas a única coisa que ele ouviu fo
o silêncio.
Na manhã seguinte, Angel sai
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do celeiro com Michael e ele seloseu cavalo.
– Quando você volta?Ele olhou para trás com umaexpressão enigmática.
– O mais rápido que eu puder.Tirou o cavalo da baia com o
braço em seus ombros. Ela sorriu
Ele parou de andar, segurou-a nosbraços e deu-lhe um beijo. Elaretribuiu e aproveitou ao máximo a
última oportunidade que teriaMichael apertou o ombro dela comtanta força que chegou a machucá
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o, e Angel estranhou. – Eu amo você – ele disse
asperamente. – Sempre a amarei.Ela ficou confusa com aquelaveemência toda e acariciou-lhe o
rosto. – Cuide-se.Michael não sorriu.
– Você também.Ele montou no cavalo e fo
embora. Angel só voltou para casa
quando ele desapareceu atrás dacolina.
Só partiria quando tudo
estivesse em ordem. Fez a cama
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avou e guardou os pratos, bateu otapete que ficava diante da lareira
As flores ainda estavam frescasAbafou o fogo para que continuasseaceso até Michael voltar para casa.
Pulou de susto quando alguémbateu à porta. Era Miriam.
– O que está fazendo aqui? –
perguntou, consternada.Miriam ficou surpresa.
– Não sabia que eu vinha?
– Não. – Que estranho. Michael passo
á em casa a caminho da casa de
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Paul e disse que hoje era um bomdia para vir visitá-la.
Angel deu as costas para Miriame voltou-se para a bolsa aberta emcima da cama. Enfiou rapidamente
uma camisa de Michael na bolsa edobrou um vestido por cima. Miriamficou observando-a.
– Michael não contou que vocêa sair.
– Ele não sabe.
Angel fechou a bolsa. – Vou deixá-lo, Miriam. – O quê? – a garota exclamou
olhando para Angel como se visse
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um fantasma. – Outra vez? – Dessa vez é para valer.
– Mas por quê? – Porque preciso. Angel olhou em volta da caban
pela última vez. Tinha sido feliz almas não tinha de ficar por causadisso. E então saiu.
Miriam foi atrás dela. – Espere!Foi caminhando com Angel na
direção das montanhas. – Amanda, não esto
entendendo.
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– E não tem de entender. Vápara casa, Miriam. Diga adeus para
todos por mim. – Mas para onde vai? – Para o oeste, para o leste
tanto faz. Ainda não decidi. – Então por que tanta pressa
Fique aqui e converse com Michae
O que quer que ele tenha feito paravocê querer deixá-lo...
Angel não podia deixar a amiga
acreditar que Michael tinha feitoalgo de errado.
– Miriam, Michael nunca fe
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nada de errado na vida dele. – Então por que está fazend
sso? – Não quero falar sobre esseassunto.
Angel continuou andandotorcendo para Miriam desistir edeixá-la em paz.
– Você ama o Michael. Eu seque ama. Se deixá-lo sem motivonenhum, o que ele vai pensar?
Angel sabia o que ele ia pensarIa achar que ela ia voltar para suaantiga vida. Talvez fosse melho
que ele acreditasse nisso. Impediria
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que ele fosse atrás dela. Ela era aúnica pessoa que precisava sabe
que jamais voltaria para aprostituição. Mesmo que tivesse demorrer de fome por isso.
Miriam argumentou e implorotodo o caminho até a estrada e sóparou porque acabou sem ar. Ange
andava de um lado para o outro, àespera da carruagem. Passavapouco do meio-dia e deveria chega
ogo. Ela não aguentaria muitotempo aquela espera. Por queMichael tinha dito para Miriam i
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visitá-la exatamente naquele dia? – Eu pensava que Michael er
perfeito – disse Miriamdesesperada. – Mas não pode serse você está fugindo dele desse
eito. – Ele é tudo que parece ser eainda mais, Miriam. Juro pela minh
vida que ele jamais fez qualquecoisa para me magoar. Ele não feznada além de me amar desde o
nício, mesmo quando eu nãosuportava olhar para ele.
Miriam estava quase chorando.
– Então como pode deixá-lo
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agora? – É que não fui feita para ele
Nunca. Angel viu que Miriam continuaria
falando e pôs a mão em seu braço.
– Miriam, pare, por favor. Eu nãoposso ter filhos. Sabe o que issosignifica para um homem como
Michael? Ele quer filhos. Ele mereceter filhos. Fui mutilada muito tempoatrás – Angel encarou a própria dor
– Eu imploro, Miriam. Não tornesso ainda mais difícil do que já éVou embora porque é melhor para
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Michael. Procure entender – dissecom a voz embargada. – Miriam
preciso pensar no que é melhopara ele.Finalmente a carruagem estava
chegando. Angel foi rapidamentepara a estrada e acenou para ococheiro parar. Enquanto ele
puxava a rédea dos seis cavalosela tirou a aliança do dedo e a depara Miriam.
– Devolva isso por mimPertenceu à mãe dele.
Com lágrimas escorrendo pelo
rosto, Miriam balançou a cabeça e
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não quis pegar a aliança. Angesegurou sua mão, pôs-lhe a aliança
na palma e fechou seus dedosVirou rapidamente e deu a bolsa detapeçaria para o cocheiro. Ele fo
prender a bolsa com o resto dabagagem.
Angel olhou para o rosto pálido
abatido da amiga. – Você ama o Michael, não ama
Miriam?
– Sim, você sabe disso – echegou mais perto. – Você estácometendo um erro. Um erro
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Amanda. Angel deu-lhe um abraço
apertado. – Ajude-me a ser forte.Ficou um tempo abraçada com
Miriam. – Eu a quero muito bem.Então Angel se afastou e subi
rapidamente na carruagem. – Não vá! – gritou Miriam, com
as mãos na janela aberta.
A carruagem começou a andar. Angel olhou para ela lá embaixo
utando contra a dor que sentia.
– Você disse que o amava
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Miriam. Então ame-o para valer. Dêa ele os filhos que eu não posso
dar.Miriam largou a janela, chocada
Ficou com o rosto muito vermelho
depois branco. – Não. Oh, não!Saiu correndo atrás da
carruagem, mas ela já estavaganhando velocidade.
– Espere! Amanda, Amanda!
Mas era tarde demais. A poeirasubiu e ela quase sufocou. Quandose recuperou para começar a corre
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de novo, a carruagem já estavamuito longe para ser alcançada
Parada no meio da estrada, Miriamficou olhando para a aliança edesatou a chorar.
A última coisa que Paul esperava
ver quando Michael e ele chegaramà sua cabana no fim da tarde eraMiriam saindo lá de dentro. O
coração dele deu um pulo quando aviu e depois começou a saltitar nopeito como um coelho quando ela
correu para ele. O que Michae
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pensaria de vê-la ali?Mas ela correu para Michael, não
para ele. Paul sentiu um frio nabarriga. Michael desmontou. – Amanda foi embora! – disse
Miriam, abatida, com marcas deágrimas no rosto.
Estava empoeirada e
descabelada. – Fiquei esperando aqui o dia
nteiro, Michael. Sabia que você
passaria primeiro pela casa de PaulVocê precisa ir atrás dela. Elapegou a carruagem da manhã. Você
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tem de trazê-la de volta!Paul continuou montado em seu
cavalo. Então Angel tinha fugido denovo. Apesar de todas apromessas, tinha deixado Michae
Exatamente como ele esperava. Eledevia ficar contente com isso. Masquando Michael botou a mão no
ombro de Miriam, sentiu uma ondanesperada de ciúme.
Michael ficou pálido e tenso.
– Não vou atrás dela, Miriam. – Você e Amanda, os dois
ficaram malucos? – ela gritou, e
seus olhos escuros ficaram
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marejados de lágrimas mais umavez. – Você não está entendendo...
Como podia explicar para eleDeus, o que devia fazer? Sentiu quePaul observava os dois, por isso não
podia contar para Michael tudo oque Amanda havia lheconfidenciado.
– Você precisa ir atrás delaAgora! Se não for, talvez nuncamais a encontre.
– Não vou procurá-la. Dessa venão.
– Dessa vez não?
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– Ele quer dizer que já foi atrádela antes e não foi nada bom para
ele – disse Paul. – Ela não mudounada desde o dia em que aconheceu.
Miriam virou-se para ele com orosto lívido.
– Fique fora disso! Vá se
esconder em sua cabana! Vá enfiaa cabeça na areia, como semprefaz!
Paul recuou, chocado com a fúriade Miriam.
Ela se virou de novo para
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Michael e agarrou-lhe a frente dacamisa.
– Michael, por favor, vá atrásdela antes que seja tarde demais.Ele segurou as mãos dela.
– Não posso, Miriam. Se elaquiser voltar, vai voltar. Se nãoquiser... não vai.
Miriam cobriu o rosto com amãos e chorou.
Michael olhou para Paul e viu
que ele não pretendia consolar amenina. Deu um suspiro profundo eabraçou Miriam. Ela tremia inteira
de tanto soluçar.
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Paul olhou fixo para os dois e focomo se uma dor aguda o cortasse
ao meio. Era aquilo que ele querianão era? Tinha planejado aquiloNão estava esperando que aquela
bruxa fosse embora para Michaeficar com Miriam e ter a esposa quemerecia? Então, por que nunca se
sentira tão sozinho como naquelemomento?
O que quer que tivesse pensado
que queria, naquele momento Paunão conseguiu ficar vendo os doiabraçados. Doía demais. Fez o
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cavalo dar meia-volta e os deixosozinhos.
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E apareceu um cavalo amarelo
e o que estava montado nele tinhapor nome Morte
e seguia-o o Inferno
– A P O C A L I P S E 6 ,
ão Francisco não eramais uma cidadezinha
feia às margens de uma baía, ma
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uma verdadeira cidade que seespalhava pelas montanha
varridas pelo vento. Happy Valleynão era mais um acampamento deona, e sim uma comunidade de
casas. Muitos dos barcos, quetinham sido arrastados para a terrafirme e transformados em lojas
bares e pensões, tinham sequeimado no incêndio. Foramsubstituídos por estruturas mai
sólidas e prédios de tijolosCalçadas de tábuas agora sealinhavam nas ruas enlameadas.
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O barqueiro estava parado defrente para o vento.
– Toda vez que a cidade pegafogo, é reconstruída melhor do queantes – disse, quando cruzavam a
baía.Ele avisou para ter cuidado com
a água salobra dos poços mai
rasos e disse que ela encontrariaacomodações melhores subindo amontanha, longe do cais. Ange
estava cansada demais para seaventurar para muito longe eacabou ficando num pequeno hote
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à beira-mar.O cheiro da maresia e do lixo
trouxe-lhe a lembrança do barracoonde morava na infância, perto dadocas. Parecia que tudo acontecera
havia cem anos. Ela jantou napequena sala de jantar e foi vítimados olhares ousados de meia dúzia
de jovens. Comeu o ensopado parapreencher o vazio no estômagomas o do coração continuou.
Fiz a coisa certa ao deixaMichael. Sei que fiz.
Voltou para seu pequeno quarto
e tentou dormir na cama estreita. O
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quarto era gelado e ela nãoconseguia se aquecer. Encolheu-se
como uma bola embaixo docobertor e pensou com saudade nocalor seguro de Michael ao se
ado. Não conseguia parar depensar nele. Fazia só três dias quetinha dançado ao luar para ele? O
que ele devia estar pensando delaagora? Será que a odiava? Será quea amaldiçoava?
Se pudesse chorar, talvez sesentisse melhor, mas não tinhaágrimas. Ela se conteve, sofrendo
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muito. Fechou os olhos e tentou veo rosto de Michael, mas só sua
magem não lhe bastou. Não podiatocá-lo. Não podia sentir seubraços em volta dela.
Então levantou-se da cama eprocurou a camisa de Michael nabolsa. Deitou-se novamente com o
rosto no tecido de lã que Michaetinha usado, para sentir o cheiro docorpo dele.
– Oh, mamãe! – murmurou noescuro. – Essa dor dá mesmovontade de morrer.
Mas uma voz pequenina e calma
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dentro de si ficava repetindo semp a r a r . Viva. Continue. Não
desista.O que ela ia fazer? Ainda tinha
um pouco de ouro, mas não duraria
muito. A viagem de carruagem, aacomodações, a viagem na barcatudo foi mais caro do que ela
esperava. A diária daquelehotelzinho de quinta era altademais. O ouro que restava podia
mantê-la por mais dois ou três diano máximo. Depois disso, teria deencontrar um modo de ganhar a
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vida.Finalmente, consegui
adormecer. A noite foi povoada posonhos estranhos edesconcertantes. Acordou diversa
vezes, tremendo violentamente. Ercomo se houvesse alguma forçamaligna por perto, à espreita.
Angel guardou seus parcopertences e saiu do hotel pelamanhã. Caminhou horas nas rua
de San Francisco. A PraçaPortsmouth tinha mudadodrasticamente. O barraco onde ela
havia morado não existia mais
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Nem os outros barracos e as tendae barracas que se multiplicavam
como praga em volta da praçaAgora havia cabines que lhe davamuma atmosfera de um grande
bazar. Ela examinou mercadoriasde todos os cantos do mundo.
Havia alguns bordéis, um com a
aparência elegante de NewOrleans. No outro extremo, viestalagens, bares e cassino
prósperos. Parker HouseDennison’s Exchange, Crescent Citye Empire agora se erguiam no luga
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da sujeira de que Angel seembrava. No sudoeste da Cla
Street ficava o Brown’s City Hotel.Ela passou por consultórios demédicos e dentistas, salas de
advogados e empresários, detopógrafos e engenheiros. Vialguns bancos novos e uma grande
firma de corretagem. Havia atéuma escola com crianças, quebrincavam de pega-pega no pátio
Angel ficou observando-as umpouco, pensando na pequena Ruthem Leah e nos meninos. Sentia
muita saudade deles.
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Na Clay Street homens faziamfila diante da agência dos correios
aguardando notícias da chegada decorrespondência. Na esquina daWashington com a Grant havia uma
nova lavanderia chinesaEmpregados esfregavam as roupaem grandes bacias, enquanto
outros empilhavam roupa de camaavada em cestos. Equilibravam-noem bambus e saíam correndo para
fazer as entregas. Ao meio-dia Angel estava
morrendo de fome e cansada. Não
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sabia ainda o que faria para semanter. A única coisa que lhe vinha
à cabeça era voltar para o queconhecia. Toda vez que passava poum bordel, sabia que podia entra
á e ter comida e abrigo. Teriaconforto físico. Bastava para issovender seu corpo novamente... e
trair Michael.Ele nunca ficará sabendo
Angel.
– Mas eu saberei.Um homem olhou para ela
desconfiado. Será que se
transformaria numa louca, falando
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sozinha?Um mineiro a fez parar e a pedi
em casamento. Ela puxou o braço edisse para que a deixasse em pazEntão ele comentou a respeito de
uma cabana nas Sierras e danecessidade de arrumar umaesposa. Apressada, Angel se
afastou, dizendo que procurasseessa tal esposa em outro lugar.
O grande movimento a deixava
cada vez mais nervosa. Para ondeestava indo toda aquela gente? Oque aquelas pessoas faziam para
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viver? Sua cabeça latejava. Talvezpor causa da fome. Ou então po
causa da preocupação de não sabeo que faria quando o ouroacabasse. Ou ainda por saber que
era fraca e que provavelmentevoltaria a ser uma prostituta parapoder manter corpo e alma juntos.
O que eu vou fazer? Meu Deuseu não sei!
Entre naquele café e
descanse um pouco. Angel procurou e viu um
pequeno café mais adiante
Suspirou e foi até lá. Entrou
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escolheu uma mesa num canto, nofundos, e botou a bolsa embaixo da
cadeira. Esfregou as têmporas eficou pensando onde passaria anoite.
Alguém deu um soco na mesaperto dela, que a fez pular de sustona cadeira. Um homem magro, de
barba, berrou. – Por que está demorando
tanto? Estou esperando há quase
uma hora. Onde está o bife quepedi?
Um homenzinho ruivo saiu do
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fundos do café e tentou acalmar ofreguês furioso, explicando-lhe a
demora em voz baixa, mas isso sóserviu para enfurecê-lo ainda maisCom o rosto muito vermelho, ele
agarrou o homenzinho e encostosua cara na dele. – Doente uma ova! Você que
dizer bêbado!E jogou o homenzinho de costas
esbarrando em outra mesa. O
freguês foi para a porta e a batecom tanta força quando saiu que aanelas estremeceram.
O homenzinho se esconde
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novamente no cômodo dos fundosprovavelmente para escapar do
escrutínio dos muitos fregueses queainda esperavam ser servidos dopratos que haviam pedido. Vário
outros se levantaram e saíramAngel não sabia se fazia como eleou não. Estava exausta e sem
perspectivas, e ficar ali sentada eratão bom quanto se sentar emqualquer outro lugar. De qualque
modo, não queria sair para aquelarua apinhada de gente por umtempo. Não morreria se perdesse
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uma refeição.Mais três homens desistiram de
esperar para ver se a comida vinhaou não. Angel e outros quatroficaram. O homenzinho apareceu de
novo, com um sorriso tenso eforçado. – Temos biscoitos e feijão.
Os quatro homens foram embordo café resmungando que nuncamais poriam os pés naquela
espelunca.O homenzinho curvou o
ombros, derrotado. Sem notar que
Angel continuava lá no canto, falo
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em voz alta: – Bem, é isso, meu Deus. Esto
falido.Foi até a porta, virou o carta
que dizia que estava fechado e
encostou a testa na parede. Angel ficou com pena dele. Sabia
o que era estar numa maré de azar
– Devo ir embora? – elaperguntou calmamente.
Ele se virou para ela e fico
muito vermelho. – Não sabia que ainda tinh
alguém aí. Quer um biscoito e
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feijão? – Por favor.
Ele desapareceu nos fundosVoltou logo, pôs um prato na frentedela e recuou. O biscoito estava
duro como pedra, e o feijãoqueimado. Ela franziu a testa eolhou para ele.
– Quer café? – ele perguntouservindo-lhe um pouco numacaneca.
Estava tão forte que Angel feuma careta.
– O senhor está precisando de
um novo cozinheiro – ela disse com
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um sorriso seco, largando a canecae empurrando o prato.
– Está querendo o emprego?Ela arregalou os olhos.
– Eu?
Ele viu como Angel ficosurpresa e olhou para ela com maiatenção.
– É, acho que não. Angel sentiu um calor subindo
pelo rosto. Seu passado era tão
aparente assim? Será que estavamarcado a fogo na testa, para omundo inteiro ver? Será que
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conhecer Michael há um ano não afizera mudar em nada?
Angel enrijeceu as costas. – De fato, eu estava mesmoprocurando um emprego – disse
dando uma risada. – E, apesar deestar longe de ser a melhocozinheira do mundo, acho que
posso fazer melhor do que isso.E fez uma careta para a massa
gelada de feijões gordurosos no
prato. – Nesse caso, está contratada! –
ele afirmou, largando o bule de caf
e estendendo-lhe a mão antes que
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Angel pudesse dizer qualquer coisa– Meu nome é Virgil Harper
madame.Ela estava procurando entende
que agora tinha um trabalho e que
ele havia caído em seu colo comouma ameixa madura vinda do céuComo é que aquilo tinha
acontecido? Um minuto antesestava histérica, sem saber o quefaria para ganhar a vida. No minuto
seguinte, um baixinho agressivo lheoferecia um emprego.
– Espere aí – ela disse
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evantando a mão. – Primeiropreciso encontrar um lugar para
morar. Talvez eu nem fique em SanFrancisco. – Não precisa procurar nada
senhora. Pode ficar com aacomodações do cozinheiro, assimque ele tirar as malas dele de lá
coisa que ele já está fazendo. Sequarto fica ao lado do meu, emcima da cozinha. É muito
confortável. Tem uma boa cama euma cômoda.
Ela semicerrou os olhos. Devia
saber que havia um porém.
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– E tem uma boa tranca na porta– ele disse. – Pode verifica
primeiro se quiser. Sabe fazetortas? Temos muitos pedidos detortas.
Ela mal conseguia recuperar ofôlego, de tão rápido que elefalava.
– Quanto vai me custar essequarto?
– Nada – ele respondeu
sinceramente surpreso. – Vem como emprego. E quanto às tortasSabe fazê-las ou não?
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– Sei, sei fazer tortas e pães –ela disse.
Elizabeth e Miriam tinham lheensinado tudo o que sabiam. – Se conseguir farinha, maçãs e
frutas silvestres...Harper jogou a cabeça para trá
e as mãos para o alto.
– Senhor Jesus, eu o amo! – demeia-volta e bateu os pés no chão– Eu o amo! Eu o amo!
Angel ficou olhando espantadapara ele, pulando como umgafanhoto, e imaginou se o pobre
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homem tinha enlouquecido de vezEle viu seu espanto e deu risada.
– Estive a semana toda deoelhos, pensando no que ia fazerSabe o que aquele bêbado fez? Ele
se aliviou na sopa e a serviu o dianteiro, na segunda-feira. Contopara mim aquela noite. Pensei que
estaria pendurado num poste namanhã seguinte, mas ele apenariu e disse que estava temperando
o caldo. Nem vou contar o que elefez nesta manhã.
Ela olhou para o pote na frente
dela.
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– Ele fez alguma coisa com ofeijão?
– Não que eu saiba. – Por que não me sinto segura? – Venha até a cozinha. Vou lhe
mostrar o que tenho demantimentos e verá o que podefazer. Como devo chamá-la
madame? Nem me lembrei deperguntar.
– Hosea – ela disse. – Sra
Hosea.
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Michael enterrou o machado natora. Passou direto e o prendeu no
cepo. Deu um puxão forte e soltoa lâmina. Pegou outra tora edividiu-a com um golpe. Fez a
mesma coisa inúmeras vezes, atéformar pilhas em volta do cepoChutou-as para o lado e pego
outra tora. Golpeou-a de novo, commais força do que antes. Omachado partiu a madeira e
resvalou no cepo, quase atingindo aperna dele.
Tremendo, Michael largou o
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machado e caiu de joelhos. O suoescorria para dentro de seus olhos
Secou-o com o braço. Ouviu umbarulho. Apertou os olhos contra osol e viu John montado em se
cavalo, observando-o. Michael nemo tinha ouvido chegar. – Há quanto tempo está aí? –
perguntou, ofegante. – Uns dois minutos.Michael tentou ficar de pé, ma
não conseguiu. Assim quenterrompeu o esforço frenéticoficou completamente sem forças
Afundou de novo e encostou-se no
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cepo. Levantou a cabeça e deu umsorriso amarelo para John.
– Não o ouvi chegar. O que otraz aqui?
John apoiou os braços no cepilho
da sela. – Você tem lenha suficiente para
dois invernos aí.
– Traga uma carroça e levequanto quiser.
A sela rangeu quando Joh
desmontou. Ele ficou de cócoras aoado de Michael.
– Não vai atrás dela?
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Michael passou a mão trêmulano cabelo.
– Deixe isso para lá, John.Ele não estava com vontade deconversar.
– Engula seu orgulho, monte emseu cavalo e vá procurá-la. Eu cuidode suas terras.
– Não tem nada a ver comorgulho.
– Então, o que o impede?
Michael inclinou a cabeça paratrás e respirou fundo.
– O bom senso.
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John franziu o cenho. – Então é como Paul disse.
Michael se virou para ele. – O que Paul disse? – Nada de mais – John se
esquivou. – Michael, as mulheresão muito emotivas. Às vezefazem besteiras...
– Ela planejou isso. Nãoobedeceu a nenhum impulso.
– Como sabe disso?
Michael passou a mão no cabelode novo. Quantas vezes tinha seembrado das coisas que ela fizera
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e dissera na noite anterior. Aindapodia ver seu corpo elegante ao
uar, o cabelo claro flutuando-lheem volta. E fechou os olhos. – Simplesmente sei.
– Miriam está se culpando potudo isso. Não quer nos dizer poque pensa assim, mas está
plenamente convencida disso. – Não tem nada a ver com ela
Diga-lhe isso por mim.
– Já lhe disse. Ela tentou fazePaul ir atrás de Amanda e trazê-lade volta para você.
Michael podia adivinhar o
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resultado daquela conversa. Pelomenos Paul teve sensibilidade
suficiente para não aparecer naúltimas semanas e não tripudiar.
– Paul nunca gostou de Angel.
– Angel? – John perguntou, sementender.
– Mara, Amanda, Tirzah...
A voz de Michael falseou. Eleapoiou a cabeça nas mãos.
– Jesus – disse, com a voz rouca
– Jesus. Angel. Ela jamais confiara nele o
bastante para lhe dizer se
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verdadeiro nome. Ou será que elepensava nela como Angel o tempo
todo, sem o saber? Será que foi posso que ela o deixara de novoMeu Deus, então foi por isso que
quis que eu a deixasse ir?John Altman ficou impotentediante do sofrimento de Michae
Não podia sequer imaginar a vidasem Elizabeth. Tinha visto comoMichael amava Amanda, e Miriam
urava que Amanda o amavatambém. Pôs a mão no ombro dele
– Talvez ela volte por iniciativa
própria.
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Suas palavras soaram vaziasMichael nem levantou a cabeça.
– O que posso fazer para ajudáo a superar isso?
– Nada – disse Michael.
Quantas vezes Angel tinha ditoexatamente isso... Nada. Será quela tinha a sensação de que sua
entranhas estavam sendodilaceradas? Será que a dor era tãomensa que até mencioná-la a
tornava pior? Quantas vezes elecutucava as feridas dela, assimcomo John fazia agora com as dele
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entando ajudar, e só fazendosangrar mais...
– Eu volto amanhã – disse John.Miriam foi em seu lugar.Os dois se sentaram embaixo do
salgueiro, sem dizer nada. Ele podiaouvir a mente dela funcionando, apergunta pairando no ar: “Por que
não faz alguma coisa?” Mas ela nãoperguntou. Enfiou a mão no bolso eofereceu-lhe algo. Ficou arrasado
quando viu a aliança de sua mãe napalma da mão de Miriam.
– Pegue-a – ela disse.
Ele a pegou.
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– Onde a encontrou? – eleperguntou, com a voz embargada.
Miriam ficou com vontade dechorar.
– Ela me deu antes de subir n
carruagem. Esqueci de lhe danaquele dia. Depois fiquei..envergonhada.
Ele cerrou o punho, segurando aaliança.
– Obrigado.
Michael não perguntou mainada.
– Mudou de ideia, Michael? Va
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tentar encontrá-la?Ele a olhou fixamente.
– Não, Miriam. E não mepergunte mais isso.Ela foi embora logo depois
inha dito tudo que podia no diaem que Amanda o deixara, semconseguir convencê-lo.
Michael conhecia todos omotivos possíveis para Amanda têo abandonado. Mas, além disso
além dessa compreensão, ele sabiaque era a vontade de Deus agindo.
Por que desse jeito? – gritou
angustiado. – Por que me pediu
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para amá-la se tinha planos de tiráa de mim?
Enfurecia-se com Deus eamentava a falta da esposa. Paroude ler a Bíblia. Parou de rezar
Fechou-se dentro de si à procura derespostas. Não encontrou nenhumainha sonhos sombrios e confuso
com rostos que o cercavam. A voz calma e baixa não falava
mais com ele havia semanas
meses. Deus estava mudo eescondido, seus propósitos eramum mistério. A vida se tornou um
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deserto tão estéril que Michael nãosuportou e gritou bem alto:
– Por que me abandonou? Amado, estou sempre com vocêaté o fim dos tempos.
Michael diminuiu o trabalhofrenético e buscou consolo napalavra de Deus. Não entendo mai
nada, Senhor. Perdê-la é comoperder metade de mim. Ela meamava. Eu sei que me amava. Po
que a afastou de mim? A resposta veio devagar, com a
troca das estações.
Não terá outros deuses além
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de mim.Isso não podia estar certo.
A raiva de Michael aumentou. – Quando foi que adore
qualquer outro? – enfureceu-se
novamente. – Eu o segui toda aminha vida. Jamais pus qualqueum à sua frente.
De punhos cerrados, chorou. – Eu a amo, mas nunca fiz dela
meu deus.
Na calma que seguiu essaenxurrada de palavras raivosasMichael ouviu... e finalmente
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entendeu. Você se tornou o deus dela.
Angel estava parada à noite, no
meio da rua, vendo o Harper’s Cafépegar fogo. Tudo que tinhaconseguido com o trabalho dos sei
últimos meses queimava-se comele. Só lhe restava o vestido xadresurrado que estava usando e o
avental manchado por cima.Foi tudo muito rápido. Virg
rrompeu na cozinha berrando que a
casa estava pegando fogo. Ela nem
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teve tempo para perguntar nadaquando ele a puxou para fora. Doi
prédios pegavam fogo maiadiante. Então soprou uma brisaque levou o fogo para o resto da
casas do quarteirão. As pessoas corriam de um lado
para o outro, algumas em pânico
outras gritando ordens, outrapegando e passando baldes deágua freneticamente, tentando
conter o incêndio, em vão. Cinzas efumaça encheram o ar, e as chamacresceram ainda mais, alaranjada
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contra o céu escuro.Impotente, Angel viu o café
desabar numa explosão de fagulhae labaredas. Virgil chorou. Onegócios iam bem. Embora o
cardápio fosse limitado, o queofereciam era excelente e a notíciatinha se espalhado rapidamente.
Angel sentou-se num barril qualguém rolara para fora de umprédio. Os homens tinham tirado
tudo o que puderam arrastar ocarregar de suas casas. A ruaestava lotada de mercadorias
móveis e sacos. Por que não lhe
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passara pela cabeça fazer a mesmacoisa? Nem tinha pensado em ir ao
segundo andar para pegar suacoisas. Podia ter enfiado tudo o quetinha na bolsa e saído em tempo.
Quando o fogo chegou ao fim darua, parou. A brisa também morree, com ela, aquela agitação toda
De um e de outro lado da rua apessoas olhavam desesperadapara o fogaréu que consumia o que
restava de seus sonhos. Virgsentou-se no chão, com a cabeçaapoiada nas mãos. A depressão
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tomou conta de Angel como umcobertor velho e molhado. E agora
o que ia fazer? Olhou em volta e vique os outros estavam na mesmasituação. O que Michael faria se
estivesse ali? Ela sabia que elenunca se entregaria ao desespero eque faria alguma coisa por aquela
pessoas. Uma coisa ela sabia quenão podia fazer. Ficar ali paradavendo Virgil soluçar na rua.
Sentou-se na terra, ao lado dele – Assim que o fogo apagar
vamos cavar o que sobrou e ver se
dá para salvar alguma coisa.
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– Para quê? Não tenho dinheirosuficiente para reconstruir nada –
ele soluçou.Ela botou o braço em seu ombro
– O terreno vale alguma coisa
alvez você possa conseguir umempréstimo com ele e começar denovo.
Dormiram numa pilha de sacocom cobertores emprestados. Demanhã vasculharam no meio da
cinzas e do entulho. Engasgadacom a fuligem, Angel achou apanelas de ferro. O fogão ainda
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podia ser usado. Os utensíliotinham derretido, mas havia muito
pratos intactos. Uma boa esfregadae poderiam ser reutilizados.Com o rosto coberto de cinzas e
a garganta ardendo por respirá-lasAngel descansou. Estava com fomee cansada. Todos os músculos do
corpo doíam, mas pelo menos Virgestava mais esperançoso, apesade ainda não ter encontrado um
ugar para os dois ficarem. Ohotéis ali por perto já estavamotados com hóspedes pagantes e
não dariam espaço no saguão para
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os que não podiam pagar. A ideiade dormir na rua, com a névoa
gelada da baía, era terrível, maAngel achou que as coisapoderiam ser piores. Alguém lhe
tinha dado mais dois cobertores.Os dois se esforçaram para
remover a madeira carbonizada
Angel juntou os cacos de vidro daanelas em um balde e os jogonuma pilha para serem levado
embora mais tarde. Virgil estavapálido de tanto cansaço.
– Acho que vamos ter de
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acampar aqui mesmo, até eu juntadinheiro para reconstruir o café. O
padre tem um lugar para você nagreja, se quiser ir para lá. Algumapessoas estão fazendo isso.
– Não, obrigada – ela disse.Dormiria na lama, mas nãobuscaria ajuda numa igreja.
Virgil indicou uns homenfazendo fila diante de um prédio dooutro lado da rua.
– Padre Patrick está servindosopa. Vá pegar alguma coisa paracomer.
– Não estou com fome – ela
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mentiu.Não pediria nada a nenhum
padre.Mas precisava
desesperadamente beber água
inham posto alguns barris comágua potável por ali. Ela queriaavar o rosto, mas a única água
disponível além daquela era a deum cocho. Suspirando, Angepensou que devia estar mais limpa
do que ela. Abaixou-se, pegou aágua com as mãos em concha eavou o rosto. Conseguiu refrescar
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se. – Olá, Angel. Há quanto tempo.
Seu coração parou de baterAchou que estivesse imaginandoaquela voz profunda. Levantou a
cabeça bem devagar, com ocoração aos pulos e o rosto todomolhado.
Duke estava ali, à sua frentecom um sorriso mortal.
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Ainda que eu ande pelo vale da
sombras da mortenão temerei mal algumporque tu estás comigo
– S A L M O S 2 3 ,
olhar debochado de Dukenotou o vestido xadre
sujo de Angel e ele deu um sorriso
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sarcástico. – Já vi você em dias melhores
minha querida.Ela ficou paralisada ao vê-loQuando ele se aproximou e a tocou
ela pensou que fosse desmaiar. – Parece que, por mais longe
que você fuja, não consegue
escapar de mim, não é? – e olhopara ela com desprezo. – Uma belamulher por trás de toda essa
fuligem – afirmou, observandotodos os prédios incendiados emvolta. – Estava trabalhando em
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algum desses pardieiromiseráveis?
E, quando olhou novamente parAngel, ela conseguiu achar aprópria voz.
– Eu era cozinheira no Harper’Café. – Cozinheira? Você? – ele deu
risada. – Ah, que maravilha, minhaquerida. Qual era suaespecialidade?
Duke observava os homentrabalhando nos prédiocarbonizados enquanto falava.
– Estava preocupado com você
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ive medo que acabasse com outrofracote como o Johnny.
E viu Virgil cavando o entulho. – Em vez disso, acabou com um
ratinho.
Angel reconheceu aquele olhasinistro e sabia que era mau sinapara Virgil, que tinha sido bondoso
com ela. Suava nas mãos, maprecisava atrair a atenção de Dukepara longe do homenzinho que a
tinha ajudado. – Certamente não veio até a
Califórnia só para me encontrar..
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Logo você, que tem tantas coisamportantes para fazer.
– Olhe em volta, minha queridaNeste lugar pode-se fazer fortuna –ele deu um sorriso debochado. –
Vim pegar minha parte. Virgil avistou os dois e seaproximou. O olhar de Angel não o
fez recuar. Pelo contrário, eleapertou o passo. Examinou Duke dealto a baixo e se virou para Ange
preocupado. – Está tudo bem, madame? Esse
homem a incomoda?
O que o pobre tolo pensava que
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podia fazer? – Estou bem, Virgil.
Duke sorriu friamente. – Não vai nos apresentar, minha
querida?
Angel fez as apresentaçõesVirgil ouviu muito bem o nome deDuke e ficou atônito.
– A senhora conhece essehomem?
– Angel e eu somos bons e
velhos amigos. Virgil olhou espantado para ela
e Angel sentiu necessidade de dize
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mais alguma coisa, de tentaexplicar. Mas não lhe restava muito
mais a dizer. – Nós nos conhecemos em NovYork. Muito tempo atrás.
– Nem tanto tempo assim –disse Duke, num tom possessivo. – Você não é o dono daquele
ugar do outro lado da praça? –perguntou Virgil. – Daquele prédiogrande?
– Sou sim – respondeu Dukeachando graça. – Já frequentominhas mesas?
– Nunca tive dinheiro para isso –
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retrucou Virgil, secamente. – Então vamos, Angel? – disse
Duke, apertando o cotovelo dela. – Vamos? – perguntou Virgil
olhando para Angel. – Para onde?
– Não é da sua conta – Dukrespondeu, em tom ameaçador.
Virgil se empertigou em todo se
metro e meio. – É da minha conta sim, se ela
não quiser ir com você.
Duke deu risada. Angel ficou surpresa e
emocionada com a disposição de
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Virgil para defendê-la, mesmocontra um homem como Duke
evidentemente capaz de derrubá-losem muito esforço. – Eu...
Sentiu os dedos de Dukeapertando-lhe o braço e teve medodo que ele faria com o amigo, se
demorasse a obedecer. – Sinto muito, Virgil.O pobre homem ficou muito
confuso e magoado. Olhou para elae Angel sentiu que o estava traindotambém, por não ter sido sincera
desde o início. Ela realmente
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achara que poderia ter uma vidadiferente? Com que direito pensara
sso? – Terá de encontrar outra
cozinheira – disse Duke. – Ela va
voltar para o lugar dela. – Tem certeza, madame?Os olhos escuros de Duke
faiscaram de irritação com aquelepequeno proprietário de café quepensava que podia enfrentá-lo se
quisesse. – Talvez eu possa fazer com ele
o que fiz com Johnny – disse
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olhando para Angel cheio dempaciência.
– Que Johnny? – perguntoVirgil, sem se intimidar, pronto paradesafiá-lo.
Apesar da pouca altura, Virgnão tinha pouca coragem. A únicacoisa que lhe faltava mesmo era
bom senso. – Não! – implorou Angel. – Po
favor, Duke, eu irei com você.
– Você ficou tão educada, minhaquerida...
Benevolente mais uma vez
Duke sorriu para Virgil.
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– Esse pedaço de terra é seu? – É – disse Virgil, ressabiado.
– Gostaria de vendê-lo? – Nem morto.Duke deu risada.
– Ah, não? Bem, se precisar dedinheiro para reconstruir seu caféapareça que podemos entrar num
acordo. Se tiver problema paraencontrar outra cozinheira parasubstituir Angel, talvez eu também
possa ajudá-lo nisso.Duke estava se divertindo.
– Obrigado – disse Virgil, ma
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Angel percebeu que ele não levavaa sério nada do que Duke dizia. –
Sra. Hosea, tem certeza disso? – Sra. Hosea? – disse Duke emvoz baixa, levantando uma
sobrancelha escura e olhando paraAngel.Com o coração na boca, ela
respondeu: – Tenho sim, Virgil.Duke se afastou com ela, rindo
baixinho, como se tivesse ouvidouma ótima piada. Angel procuropensar no que ia fazer, mas a mão
firme em seu braço paralisava se
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cérebro. Michael, oh, Michael! Eleutou para abrir caminho para ele
no saloon em Pair-a-Dice, mas nãoestaria ali para lutar por ela dessavez. Estava sozinha e Duke a
segurava com tanta força que elasabia que ele não pretendia soltá-lanunca mais.
– Então se casou, minhquerida? Foi divertido enquantodurou? Ou era só fingimento?
E a levou para uma grande casade jogos. Angel mal notou o quehavia em volta enquanto estava
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sendo conduzida por entre amesas. O lugar era grandioso, afina
Duke sempre fazia tudo em grandeestilo.Os homens o cumprimentavam e
olhavam para ela abertamenteAngel foi andando de cabeçerguida, olhando reto para frente
Os dois subiram a escada eseguiram por um corredor com aparedes revestidas de madeira. Ela
ficou em pânico ao se lembrar deoutro corredor, a seis miquilômetros de distância, e do que
a esperava ao final. Duke abri
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uma porta e a empurrou paradentro do quarto.
Uma bela morena dormia emuma cama de bronze. Duke foi atéela e deu-lhe um tapa no rosto, que
a fez acordar com um grito de dor. – Saia. A jovem prostituta desceu da
cama às pressas, pegou sua roupae foi embora. Duke sorriu paraAngel.
– Este será o seu quarto.Ela não podia simplesmente se
entregar.
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– Tenho outra escolha? – Continua rebelde – ele disse
com a fala arrastada, aproximandose dela lentamente.Segurou o rosto dela com força e
a fitou profundamente. Angetentou esconder o medo com umaexpressão furiosa, mas não tinha
como enganá-lo. Obviamente elesabia que ela estava fingindo.
– Você está em casa, minha
querida – ele sorriu. – De volta aoseu lugar. Parece muito controladamas seu coração bate como o de
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um coelho assustado. Acendeu um charuto e a
observou através da fumaça. – Está muito pálida, minhquerida. Acha que vou machucá-la?
Beijou-lhe a testa num gesto deafeto paterno, zombando dela comosempre fazia quando ela o
desafiava. – Conversaremos mais tarde
está bem?
Deu-lhe um tapinha no rostocomo se faz com uma criança, esaiu do quarto.
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Michael acordou suando frioCom um chamado de Angel, no
meio de um incêndio. Nãoconseguia alcançá-la, por mais quetentasse, mas viu uma silhueta
escura caminhando entre achamas, indo na direção dela.
Passou a mão trêmula no cabelo
molhado. O suor escorria-lhe pelopeito nu e ele não conseguia parade tremer.
– Foi só um sonho.O mau pressentimento foi tão
forte que Michael ficou nauseado
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Rezou. Depois levantou-se da camae foi para fora. O sol já estava
quase nascendo. Tudo melhoraria àuz do dia. Mas, quandoamanheceu, a sensação de que
havia alguma coisa errada não foembora, e ele rezofervorosamente outra vez. Estava
muito preocupado com sua mulher.Onde ela estava? O que estava
fazendo para sobreviver? Será que
passava fome? Tinha onde morarComo estaria vivendo, sozinha?
Por que não voltava para ele?
Michael sentiu aquele ma
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presságio pairando no ar durantetodo o dia. Era como uma escuridão
que lhe envolvia a alma e ele nãotinha dúvida nenhuma de que tinhaa ver com Amanda. Rezou o tempo
todo por ela.Reconhecia a própria
mpotência. Se ela estivesse
correndo algum perigo, não havianada que ele pudesse fazer. Nãosabia onde ela estava nem que tipo
de ajuda precisava, mas desistidela era difícil demais. Ele ainda aamava muito. Confiava que Deus ia
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protegê-lo e guiá-lo. Mas por quenão achava que o Senhor faria o
mesmo por ela?Porque sabia que ela nãoacreditava.
Angel tentou abrir a porta, ma
estava trancada. Foi até a janela eafastou a elegante cortina de rendapara espiar. Não dava para escapa
por ali também. Duke semprevigiava suas propriedades.
Andou de um lado para o outro
transpirando nas mãos, pensando
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no que Duke podia fazer com elaSabia muito bem que, por trás do
comportamento amável, elefumegava de raiva. Deixá-lasozinha era vantajoso para ele
Duke sabia que ela se consumiriade preocupação, imaginando o queele poderia fazer.
– Dessa vez, não – murmurobaixinho. – De novo, não.
Olhou em volta e resolveu que
podia arrumar a cama e o quartoinha de fazer alguma coisa para
não pensar no inevitável. Terminou
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aquelas pequenas tarefas, sentouse à janela e espiou as pessoa
andando lá embaixo. Veio-lhe omedo outra vez. Fechou os olhocom força e procurou combatê-lo.
– Michael, Michael, diga-me oque devo fazer.Imaginou Michael trabalhando
no campo. Viu-o endireitando acostas, com a enxada na mãosorrindo. Viu-o sentado diante do
fogo com a Bíblia no colo. – Confie no Senhor – ouviu-o
dizer. – Confie no Senhor.
A porta se abriu, ela continuo
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sentada e procurou manter a calmaquando Duke entrou com um
homem corpulento. Angel fingindiferença enquanto o empregadotirava as coisas das outras menina
do armário e as levava emboraDuke ficou parado, olhando paraela. Ela se virou para ele e sorriu
Não vai me fazer rastejar, seudemônio. Dessa vez não vadominar minha mente. Vou pensa
em Michael. Pensarei em Michael otempo todo.
Um empregado chinês aparece
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para trocar a roupa de cama. Angel se sentou calmamente
com as mãos nos braços dapoltrona e o coração batendoviolentamente. Duke ficou imóve
não disse nada, mas ela conheciaaquele olhar, e o medo cresceucomo um nó na barriga. Que
vingança ele estaria planejando? – Traga a banheira aqui para
cima – ordenou Duke, e o chinê
abaixou a cabeça. – E bastanteágua quente.
O homem abaixou a cabeça
novamente e saiu do quarto. Duke
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semicerrou os olhos e estudou orosto de Angel por um bom tempo.
– Vou mandar alguém paraassisti-la.
Deu meia-volta e saiu.
Surpresa, Angel deu um suspiroEle tinha reagido aocomportamento dela. Jamai
conseguira enganá-lo antes. Mastambém, já fazia três anos desde aúltima vez que se viram. Talvez ele
tivesse esquecido as artimanhadela.
E talvez isso tornasse as coisa
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ainda piores para ela.Uma menina chegou para ajudá
a a se despir. Não tinha mais doque 13 anos. Angel sabia que elanão era amante de Duke, embora
pudesse ter sido. Era bonita. Maela sabia que, enquanto umamenina fosse exclusivamente de
Duke, andaria de cara lavada, comroupas de cores claras, tranças efitas no cabelo. Seu rosto e seu
ábios estavam pintados devermelho, e o cabelo caía em umaprofusão de cachos sobre o
ombros estreitos. Tinha aquele
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olhar de quem comera o pão que odiabo amassou.
Cheia de pena, Angel sorriu paraa menina.
– Como é o seu nome?
– Cherry – disse ela, jogando ovestido xadrez e a combinação deAngel ao lado da porta.
– Gostaria de ter essas roupade volta depois de lavadas.
– Duke disse para jogá-las fora.
– E todos têm de lhe obedecersempre – completou, não querendocriar problema para a menina. –
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Você veio com ele para aCalifórnia?
– Eu e outras três meninas – eladisse, experimentando atemperatura da água. – Não está
muito quente. Pode se banhaagora. Angel tirou a roupa de baixo
entrou na água quente e suspirouO que quer que acontecesse depoisela estaria limpa. Pelo menos po
fora. – Há quanto tempo estão aqui? – Oito meses – respondeu a
menina.
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Angel franziu a testa. Estavamorando a poucos quarteirões de
Duke aquele tempo todo e nuncasoubera. Talvez fosse seu destinoficar com ele.
– Você é muito linda – disseCherry.
Angel olhou desolada para a
menina. – Você também.Cherry era uma menina pálida
bonita, com olhos azuis cheios demedo. Angel sentiu compaixãodela.
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– Quer que eu lave seu cabelo– perguntou Cherry.
– O que eu gostaria é dedescobrir um jeito de escapadaqui.
Cherry ficou paralisadasurpresa, e Angel riu dela mesma.
– Só que isso é impossível, não
é?Ela pegou a esponja e o
sabonete com perfume de lavanda
das mãos da menina e não dissemais nada.
Duke entrou sem bater. Cherry
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pulou de susto e empalideceuAngel pegou a mão da menina e
sentiu que ela estava gelada. Duketinha alguns vestidos de cetimpendurados no braço, que foram
colocados com todo cuidado ao péda cama. – Saia, Cherry.
A menina saiu, encolhida eapressada.
Furiosa, Angel ergueu todas a
defesas e continuou seu banhocomo se ele não estivesse ali. Dukea olhava fixamente. Pouco à
vontade sob aquele perverso
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escrutínio, levantou-se e enrolou-senuma grande toalha. Ele lhe de
uma menor para o cabelo, que elaenrolou na cabeça, feito umturbante. Ele segurou aberto um
robe de cetim azul, que Angevestiu, fechando-o bem com umafaixa. Pôs a mão no ombro dela e a
fez se virar para ele. – Você não é mais minha
pequena Angel, é?
– Não podia ser criança parsempre – ela disse, gelada com setoque.
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– Tudo que gosta, minhaquerida.
Era um banquete. Um bifegrosso malpassado, purê de batatae legumes cozidos com muita
manteiga. Havia até uma fatiagrossa de bolo de chocolate. Angenão fazia uma refeição como aquela
desde sua saída do bordel em NovaYork. Ficou com água na boca e oestômago se contraiu.
Duke pegou um jarro de prataencheu um copo de cristal com leitee lhe ofereceu.
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– Sempre preferiu leite achampanhe, não é?
Angel pegou o copo. – Engordando o bezerro antes dmatá-lo, Duke?
– O bezerro de ouro? Ora, nãoseria burrice minha fazer isso?
Ela não comia nada desde ante
do incêndio, pois tinha recusadoobstinadamente a caridade daquelepadre. Se tomasse a sopa, ele ia
querer que ela confessasse seupecados para depois dizer que nãotinha salvação. Por isso estava
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mesmo com muita fome. – Volto para ficar com você mai
tarde – disse Duke, e ela sesurpreendeu novamente. Achava que ele ia ficar. Assim
que saiu, ela atacou a suntuosarefeição. Não comia uma refeiçãotão boa havia três anos. Duke
sempre oferecia uma boa mesaServiu-se de um segundo copo deeite.
Quando sentiu o estômagocheio, percebeu o que tinha feito ese envergonhou.
Oh, Michael! Sou fraca. So
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muito fraca! Fiz a coisa certa aodeixá-lo. Olhe só para mim! Esto
me empanturrando com a comidade Duke. Vendendo minha alma poum bife e uma fatia de bolo de
chocolate, depois de jurar quemorreria de fome antes de voltapara minha antiga vida. Eu não se
ser boa! Só consegui quando estavacom você.
– Você parece aflita, minha
querida. O que foi? Alguma coisaque comeu?
Angel se assustou com a voz de
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Duke. Não o tinha ouvido entrar noquarto.
– Ou será que está preocupadasem saber qual será o meu castigo?Ela empurrou o prato vazio, com
o rosto vermelho de tantahumilhação, nauseada com o quetinha feito.
– Não me importo com o que vafazer – disse, sem emoção.
Angel se levantou e lhe deu a
costas. Abriu a cortina de renda eespiou a rua movimentada pelaanela. O que aconteceu com toda a
força moral que eu tinha quando
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estava com você, MichaelDesapareceu mais uma vez. Volte
a ser Angel. Tudo no espaço depoucas horas e por uma bandeja decomida!
E fechou os olhos. Deus, seestiver aí, fulmine-me. Mate-mepara que eu não me entregue
completamente. Não tenho forçapara lutar contra esse demônioNão tenho força para nada.
– Fiquei preocupado com você –disse Duke, num tom de adulação.
Angel sentiu as mãos dele no
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ombros, massageando com opolegares os músculos tensos.
– Só penso no que é melhor parvocê. – Como sempre – ela disse
secamente. – Alguma vez teve de semisturar com as classes mai
baixas, minha querida? Você sóteve o melhor. Quantas meninas de16 anos tiveram um senador e um
uiz da Suprema Corte que avisitavam sempre? Ou um magnatada frota mercante? Charles fico
arrasado quando você desapareceu
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Contratou gente para procurá-laFoi ele quem me disse que você
estava num navio a caminho daCalifórnia.
– O bom e velho Charles – ela
disse, lembrando-se do jovemmimado.
Afastou as mãos de Duke e o
encarou. – E se eu dissesse que quero
argar essa vida?
Duke curvou um pouco os lábios – Fale-me desse homem, Hosea Angel retesou os músculos.
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– Por que quer saber dele? – Mera curiosidade, minh
querida.Talvez falar de Michael lhe desseforça para resistir ao que lhe
acontecesse. – Ele é fazendeiro. – Fazendeiro? – disse Duke
surpreso e achando graça outravez. – E você aprendeu a arar aterra, Angel? Sabe tirar leite de
uma vaca e costurar bem umabainha? Gostou de ficar com terraembaixo das unhas?
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Pegou sua mão e a virou com apalma para cima. Angel não reagiu
– Calos – ele disse, com nojoargando-lhe a mão. – Sim, calos – ela disse
orgulhosa. – Mesmo coberta deterra e de suor, eu era mais limpacom ele do que jamais fui com
você.Duke deu-lhe um tapa e Ange
quase caiu para trás. Ela endireito
o corpo e viu algo no rosto dele queserviu para amenizar o medo quesentia. Não sabia ao certo o que
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era, mas ele não tinha mais ocontrole de si mesmo nem da
situação. – Conte-me tudo, minha queridaVocê o amava?
– Ainda o amo. Vou amá-losempre. Ele foi a única coisa boaque aconteceu em minha vida e me
agarrarei a isso até morrer.Duke adotou um ar ameaçador.
– Tem pressa de que isso
aconteça? – Faça o que quiser, Duke. O
que tiver vontade. Não é o que
sempre fez?
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Ela lhe deu as costas novamentee até esperou que ele a fizesse se
virar para bater nela outra vez, maDuke não fez nada disso. Ela sesentou na beira da cama e olho
para ele, curiosa. – E onde está esse modelo de
virtude e de masculinidade agora? –
ele perguntou. – Na fazenda dele.Talvez já estivesse com Miriam.
– Você o deixou. – Sim, eu o deixei.Ele sorriu satisfeito.
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– Ficou entediada? – Não. Um dos sonhos de
Michael era ter filhos e, como nódois sabemos muito bem, eu nãoposso dar isso a ele.
Angel não aliviou a amargura nvoz. Nem tentou.
– Então ainda não me perdoo
por isso? – Contei para Michael o motivo
pelo qual eu não posso ter filhos
Ele disse que não fazia diferençapara ele.
– Ah, não?
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– Não. Mas fazia para mim. Equeria que ele tivesse tudo o que
queria e merecia. A expressão de Duke ia ficandocada vez mais pesada com cada
palavra que Angel dizia. Ela ignoroo aviso. Só estava pensando emMichael.
– Não foi a primeira vez que odeixei. Casei-me com ele quandonão podia fazer outra coisa e o
abandonei na primeiraoportunidade que tive. Não queriasaber dele. Queria voltar para
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receber o dinheiro que me deviamQuando cheguei, o bordel não
estava mais lá. Então acabetrabalhando para um dono desaloon. Tive uma boa prova de
todas as classes mais baixas daquais você fala com tantomenosprezo. Sabe o que Michae
fez quando descobriu onde eestava? Ele me tirou de lá. Teve debrigar para sairmos do saloon. E me
evou para casa de novo. Ele meperdoou.
E deu uma risada triste.
– Mas eu continuei fugindo. Ele
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me fazia sentir coisas, coisancríveis. Foi como se ele virasse
toda a minha vida do avesso. Eleme amou, sempre me amou, nãomportava o que tivesse acontecido
em meu passado. Não importava oque eu havia feito. Não importavaquanto eu o magoasse. Ele não
desistia de mim.Duke agarrou-lhe o queixo.
– Como eu também não desisti –
os olhos dele cintilavam comobrasas. – Ou será que você jáesqueceu que fugiu de mim
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se sente em casa aqui, Angel? Nãosentiu falta da boa comida, da
roupas maravilhosas, da decoraçãode luxo, de toda essa atenção?
Ela se ajeitou na cadeira
constrangida, e ele sorriu. – Conheço você – ele disse. –
Apesar de todos os protestos, você
adora a sensação da seda na peleGosta de ter uma empregada paraatendê-la – e pegou a jarra vazia
na mesa. – Você adora leite – e riudela.
O rosto de Angel estava
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pegando fogo. Ele a pressionavacom uma expressão maliciosa, de
prazer. – Eu costumava observar seeito de manipular os homens que
vinham procurá-la. Eram barro emsuas mãos. Eles ficavamcompletamente tontos com você.
– E isso lhe dava poder sobreeles.
– É, dava mesmo – ele admiti
prontamente. – Muito poder – eevantou o rosto dela com um gestobrusco. – Senti sua falta. Senti falta
do poder que me dava, porque o
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homens que eu levava para vocêficavam enfeitiçados e, quando isso
acontecia, eles ficavam em minhamãos.
– Você me dá crédito demais.
– Ninguém conseguia chegar atévocê.
– Michael chegou.
Angel viu um clarão de fúria noolhos escuros de DukeEstranhamente, não teve medo
Havia uma quietude dentro dela. Osimples fato de pensar em Michaeá lhe dava coragem, mas ela sabia
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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que aquela coragem não durariaNão depois que Duke começasse
Ele não era como Magowan. Nãoperdia o controle e nunca amataria.
Duke se levantou. – Vou deixá-la por enquantominha querida. Descanse. Volto
novamente para conversar comvocê. Temos de tratar de negóciosAfinal de contas, você precisa
ganhar seu sustento. Abaixou-se para beijá-la, ma
ela virou o rosto. Ele apertou o
rosto dela com muita força e a fe
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evantar a cabeça. Beijou-a combrutalidade. Ela não sentiu paixão
no beijo nem na expressão delequando se afastou. Ele tinha secansado dela quando era um pouco
mais velha do que Cherry.Duke parou na porta.
– A propósito, Angel, se o
Michael vier procurá-la, vou matá-loda mesma maneira que matei oJohnny – sorriu. – E farei você
assistir. Angel perdeu a coragem. Ele vi
sso e sorriu outra vez.
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Ouviu quando ele trancou aporta do quarto e caiu sentada na
cama.Duke não voltou no dia seguintenem no outro. Cherry levava-lhe
comida e um guarda trancava aporta quando ela saía.
Angel sabia o que Duke estava
fazendo, mas isso não adiantavanada.
Os pesadelos voltaram.
Ela corria e a escuridãoaumentava. Passos pesadoecoavam atrás dela no beco. À sua
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frente via o cais, com os mastrotodos delineando o horizonte
Corria de um barco para outromplorando para subir a bordo. – Sinto muito, madame. Estamo
otados – diziam os marinheiros, umapós o outro.Correu no último píer e viu lá
embaixo uma embarcação quetransportava lixo. Estavamdesamarrando os cabos. Olhou para
trás e viu Duke. Ele a chamava eaquela voz sinistra a puxava paraele.
Ratazanas corriam sobre o lixo
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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na embarcação lá embaixoaproveitando o banquete de carne
e legumes podres. O mau cheiroera terrível, mas ela pulou assimmesmo. Afundou as mãos numa
massa gosmenta e os ratocorreram em todas as direçõesguinchando. Quase desmaiou com
aquele cheiro insuportável, mas seagarrou quando o barco começou ase mover. Afastou-se do cais bem
na hora em que Duke apareceu. – Não poderá fugir. Não poderá
fugir, Angel.
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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E então ele sumiu e ela se viu nomeio de uma tempestade em alto
mar. As ondas quebravam à suavolta, nos costados da embarcaçãoEla tentou subir para um ponto
mais seguro, mas não conseguiachar nenhum. Arrastou-se paraescapar das ondas. Quando chego
ao topo, viu Rab deitado de costasCom a corda preta no pescoço e oratos roendo-lhe a carne morta
Gritou apavorada e deslizou nomonte de lixo, para o mais longepossível dele, e ficou ali, encolhida.
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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Tremendo de frio, cobriu acabeça.
– Quero morrer. Quero morrer... – Querida, onde está? Angel levantou a cabeça e vi
sua mãe, de branco, tremulando àsua frente.
– Onde está, querida? Onde está
o meu terço? Angel engatinhou no lixo
procurando-o freneticamente.
– Vou encontrá-lo, mamãe! Vouencontrá-lo!
Viu alguma coisa brilhando e
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estendeu o braço para pegá-la. – Achei! Está aqui, mamãe!
O barco adernou violentamentee despejou um pouco do lixo nomar. Angel gritou e tentou alcança
o terço, rolando no lixo. Encostou aponta dos dedos no crucifixo e nacontas, mas eles escaparam de sua
mão e foram parar no maturbulento. Angel sentiu quetambém estava caindo
Instintivamente procurou se agarraem alguma coisa, mas nada tinhafirmeza para servir de apoio. Estava
tudo caindo. Mergulhou na água
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gelada, rodeada de dejetos. Bateas pernas para voltar à superfície e
quando conseguiu, o mar tinhaacalmado. Viu uma praia e nadopara lá. Em terra firme, ma
conseguia ficar de pé, em virtudeda grande sujeira que haviagrudado nela. Cambaleou pela
praia e caiu, exausta. Sua peletinha feridas e tumores, como a dobebê da jovem prostituta.
Levantou a cabeça e viu Michaeno meio de uma plantação. O ventosuave fazia o trigo parecer um ma
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dourado ao seu redor. O ar tinhaum cheiro doce e limpo. Miriam ia
ao encontro dele com um bebê nobraços, mas ele não lhe davaatenção.
– Amanda! – gritou Michaecorrendo para Angel. – Não, Michael! Volte! Não
chegue perto de mim!Sabia que, se ela a tocasse, a
podridão que a cobria iria cobri-lo
também. – Fique longe de mim! Volte!Mas ele não lhe deu ouvidos
Continuou avançando.
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Ela estava fraca demais parafugir. Olhou para seu corpo e viu a
pele apodrecendo e caindo. Michaese aproximou dela sem hesitarEstava tão perto que dava para ve
seus olhos. – Oh, meu Deus! Deixe-me
morrer. Faça com que eu morra po
ele.Não, disse uma voz suave.Então Angel viu Michael diante
dela. Uma pequena chama ardia nougar do coração dele. Não, minhaamada. Ele não tinha movido o
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ábios, e a voz não era dele. Achama foi ficando maior e mai
brilhante e se alastrou, até iluminao corpo inteiro de Michael. Aquelauz se separou dele e cobriu o
últimos metros até atingi-la. Era umhomem, glorioso e magnífico, comuz irradiando em todas as direções
– Quem é você? – murmurouapavorada. – Quem é você?
Yahweh, El Shaddai, Jeovah
mikadiskim, El Elyon, El OlamElohim...
Os nomes não acabavam mais
moviam-se juntos como música
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corriam em seu sangue, cobriam-natoda. Ela tremeu de medo e não
conseguiu se mexer. Ele estendeu amão e a tocou, ela sentiu um caloe o medo desapareceu. Olhou para
baixo e viu que estava limpavestida de branco.
– Então eu morri.
Para poder viver. Angel ficou confusa, olhou par
cima de novo e viu o homem de lu
coberto com toda a sujeira que eradela.
– Não! – chorou. – Oh, me
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Deus, perdão. Sinto muito. Querovoltar atrás. Farei qualquer coisa...
E, quando ela estendeu a mão, mundície desapareceu e ele setornou perfeito outra vez.
Eu sou o caminho, SarahSiga-me.Ela avançou e estendeu-lhe o
braços, então ouviu um trovão eacordou na escuridão.
Ficou imóvel, deitada, olhando
para cima, com o coraçãodisparado. Fechou os olhos comforça e quis voltar para o sonho, ve
como terminava, mas não
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conseguiu. Não se lembrava maide quase nada. O sonho tinha-lhe
escapado.Então ouviu um barulho que a
fez despertar. Vinha do quarto ao
ado e era tão familiar que lhedespedaçou o coração.
Duke falava com a voz baixa e
sedutora.E uma criança chorava.
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E, entretanto, eis o que diz oSenhor que
te criou, ó Jacó, e que te formou, Israel:
Não temas, porque eu te remi, e techamepelo teu nome: tu és meu”
– I S A Í A S 4 3 ,
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aul sabia que tinha devoltar para as montanhas
Não aguentava ficar mais umasemana ali. Não era possível estatão próximo de Miriam e não
enlouquecer. Era melhor adesilusão e o torpor de peneirar oouro do que vê-la atravessando o
campos para ir à cabana deMichael.
Mas precisava de mais dinheiro
para comprar suprimentos.Então engoliu o orgulho e
procurou Michael para lhe vende
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suas terras. – Não estou pedindo muito pela
propriedade. Só o suficiente paracomeçar uma vida nova. A terra éboa. E deve ser sua de qualque
maneira, Michael. Foi você quemcuidou dela para mim quando fuembora da última vez.
– Tenho muita terra e nenhumdinheiro – disse Michael, recusandoa oferta. – Espere até poder colhe
suas plantações. Depois pegue tudoo que ganhar com elas e vá, setiver de ir mesmo. A terra estará
aqui à sua espera, para quando
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voltar. – Não vou voltar, Michael. Dessa
vez não.Michael botou a mão no braço
de Paul.
– Por que se tortura assim? Poque se deixa levar por qualquevento que sopre?
Paul se afastou, zangado. – Por que espera a prostituta
que nunca mais vai voltar?
E foi embora antes de dizequalquer outra coisa da quapudesse se arrepender.
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Não tinha mais escolhaprecisava falar com John Altman.
John o convidou para entrar nacabana. Elizabeth estavaembalando o bebê, e Miriam
debruçada sobre o fogo, mexendoum ensopado borbulhante napanela. Quando Paul a viu, sentiu o
coração disparar. Ela se endireitoue sorriu para ele. Ele ficou com apernas bambas.
– Sente-se, Paul – disse Johndando-lhe um tapinha nas costas. –Faz tempo que não nos vemos.
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Paul não resistiu e olhou paraMiriam outra vez. Perdeu o fio da
meada do que John estava falandoenquanto a observava enrolarcortar e botar os pedaços de massa
de biscoito numa frigideira de ferroO silêncio de John chamou suaatenção. Elizabeth sorria para ele.
John também. Paul sentiu o calosubindo pelo rosto.
– Vim lhe oferecer minha
terras, John.Com o canto do olho, Paul viu
que Miriam o olhava. Um músculo
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se contraiu no maxilar dele. – Resolvi voltar para a
montanhas – disse, decidido.John ficou sério.Elizabeth arqueou a
sobrancelhas. – Isso foi bem de repente, nãoPaul?
– Não.Sentiu Miriam olhando
espantada para ele, com as mão
na cintura. – Pensou bem no que vai fazer
– perguntou John. – Investiu muito
trabalho naquela terra.
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– Pensei sim. Acho que não nascpara ser fazendeiro.
Miriam se virou de costas ebateu a tampa de uma panelaElizabeth e John pularam e se
voltaram para ela, surpresos. – Não estou pedindo muito pela
terras – disse Paul, tentando
gnorar Miriam.Deu-lhes o preço, e os Altma
ficaram ainda mais chocados.
– Mas a propriedade vale muitomais – disse John, esfregando oqueixo, intrigado com a oferta. –
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Por que está fazendo isso?Miriam deu meia-volta.
– Porque ele é um tolo! – Miriam! – exclamou Elizabethatônita.
– Perdão, mamãe. Mas ele é umdiota, um retardado, um cabeçadura, um burro!
– Já chega! – disse Johnevantando-se da cadeira commuita raiva. – Paul é visita em
nossa casa!Miriam só olhou para Paul, com
os olhos ardendo e as lágrima
escorrendo pelo rosto.
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– Desculpe, papai. Acho que meesqueci do meu lugar. Com licença.
Apressada, atravessou a salapegou o xale e abriu a porta. Olhopara trás, para Paul.
– Vá em frente. Fuja para suamontanhas e para sua procura deouro.
E saiu, batendo a porta.Paul ficou imóvel, arrasado
Queria ir atrás dela para explicar
mas o que podia dizer? Que eraapaixonado por ela e que isso odeixava louco? Que Michae
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superaria a falta de Angel e queseria sensato que ela esperasse?
John sentou-se novamente. – Peço desculpas – disse. – Nãosei o que deu nela.
– Tenho certeza de que ela nãoquis dizer aquilo – comentoElizabeth.
Seria melhor se quisesse. – O que me diz, John? Quer fica
com as minhas terras, ou terei de i
até a cidade para ver se encontroalguém interessado?
Quanto mais cedo saísse de lá
melhor.
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John franziu a testa e olhou paraa mulher.
– Deixe-me pensar. No final dasemana dou uma resposta.
Mais três dias. Será que
aguentaria tanto tempo?Paul agradeceu e se levantou.
– Vê se não some – disse John
com a mão no ombro dele, quandose despediam. – Aconteça o queacontecer, será sempre bem-vindo
aqui – afirmou, acompanhando-oaté a porta. E completou:
– Não sei o que está
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acontecendo com Miriam, mas elavai superar isso.
Paul viu Miriam atravessando ocampo, indo na direção da cabanade Michael.
– Vai sim – e deu um sorrisodesolado. – Falo com você daqui atrês dias, John.
Botou o chapéu e foi para casa.
– O que acha que foi aquilo? –John perguntou para Elizabethquando voltou para a cabana.
– John, não estou entendendo
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mais nada desde que Amanda foembora.
Os dois esperaram Miriam voltartorcendo para que ela resolvesseconfiar neles, como costumava
fazer. Já era noite quando chegou. – Estávamos preocupados –
disse Elizabeth, chamando a
atenção da filha.Não esperavam que ela ficasse
tanto tempo fora.
– Onde você estava? – John quisaber.
– Fui à casa do Michael. Depoi
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fui caminhar. Depois sentei. Edepois rezei.
Miriam curvou as costas ecomeçou a chorar. John e Elizabethse entreolharam, surpresos. Apesa
de muito emotiva, a filha não eradada a esse tipo de desabafo. – O que foi, querida? –
perguntou Elizabeth, abraçando afilha. – Qual é o problema?
– Ah, mamãe! Eu o amo tanto
que chega a doer.Elizabeth olhou para o marido.
– Mas ele é casado. Você sabe
disso.
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Miriam endireitou as costas como rosto muito vermelho.
– Paul, mamãe! Não o Michael. – Paul! – exclamou Elizabeth
muito aliviada. – Mas nó
pensávamos... – Sempre foi o Paul. Sei que ele
também me ama. Só que é teimoso
demais para admitir, até para elemesmo.
E, virando-se para o pa
continuou: – Não posso deixar que ele vá
embora, papai. Se comprar a
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terras dele, não vou perdoá-lonunca.
– Se eu não comprar, algumoutro comprará – John afirmouprocurando entender o que estava
acontecendo. – Se ele a ama, poque quer vender as terras e iembora?
– Acho que ele quer se afastapela mesma razão que levoAmanda a abandonar Michael.
– Você nunca nos contou o queela disse – lembrou Elizabeth.
Miriam corou.
– Não posso – e afundou n
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cadeira, cobrindo o rosto. –Simplesmente não posso.
Elizabeth se ajoelhou ao ladodela e tentou acalmá-la.
– O que propõe para impedir qu
Paul vá embora? – perguntou o pai– Ele já resolveu, Miriam, não hnada que se possa fazer.
Miriam levantou a cabeça. – Eu poderia fazer Paul muda
de ideia.
John franziu a testa e observou aexpressão decidida da filha.
– Em que está pensando?
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Miriam mordeu o lábio, olhopara a mãe e para o pai.
– Numa coisa que li na Bíblia.Secou as lágrimas e endireitoas costas.
– Em que parte da Bíblia? – Johperguntou, muito sério.
– Eu sei o que preciso fazer
papai, mas vocês terão de confiaem mim.
– Quantos anos ela tem, Duke?Ele curvou os cantos da boca
com uma expressão de deboche.
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– Está com ciúme, Angel?Ela teve vontade de matá-lo.
– Oito? Nove? Não deve temuito mais que isso, senão nãoatrairia seu interesse.
Sua expressão ficou perigosa. – É melhor controlar essa sua
inguinha ferina, minha querida –
ele disse, segurando a cadeira paraela. – Sente-se. Temos deconversar.
Angel usava um vestido cor-derosa, de cetim e renda. Apesar dehe servir como uma luva, ela
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detestou a roupa. Odiou ter suacurvas realçadas para o escrutínio
de Duke. Ele verificava amercadoria, para ver como eramelhor exibi-la, para ganhar o
máximo. – O rosa não combina mais comvocê – disse, e Angel fico
perturbada de ver que os doitinham pensamentos tão parecidos– Vermelho, eu acho... Ou azul
safira escuro, ou verde-esmeralda.Vai parecer uma deusa com essacores.
Antes de se sentar, Duke tocou
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he o ombro.Sentaram-se frente a frente
cada um de um lado da pequenamesa, e Angel controlou as feiçõepara não revelar nada. Duke a
analisou com um sorriso tenso. – Você mudou, Angel. Sempre
foi obstinada e arredia. Era parte de
seu charme. Mas agora estándiferente também. Não é sensatoser assim em sua posição.
– Talvez não me importe maiscom o que me acontece.
– Quer que eu prove que está
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errada? Sabe que eu poderia. Commuita facilidade.
Juntou as pontas dos dedos eolhou fixo para ela, por trádaquelas mãos aristocráticas, sem
calosidades, claras, com as unhabem-feitas. Belas mãos, capazes dcrueldades inimagináveis.
Angel se lembrou das mãos deMichael, grandes e fortesevidentemente acostumadas ao
trabalho pesado. Eram ásperas echeias de calos. Pareciam muitocruéis, no entanto eram tão
gentis... Seu toque tinha-lhe curado
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o corpo e aberto o coração.Duke semicerrou os olhos com
uma expressão de frieza. – Por que está sorrindo desse
eito?
– Porque nada que faça comigorealmente me importa.
– Foi o seu Michael quem lhe
disse isso? Ficou longe de mimtempo demais.
Todos aqueles pesadelos
terríveis, os segredos e a culpa queela carregou. Michael tinha ditouma vez que ela teria de jogar fora
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aquela bagagem antiga. Duke erasso. Uma bagagem antiga.
– Ah, não, Duke. Carreguei vocêcomigo para todo canto. Vendo seu sorriso convencido
ela acrescentou: – Que desperdício de tempo. A boca dele se transformo
numa linha reta. – Vou lhe dar uma opção, minha
querida. Pode administrar a
meninas, ou se tornar uma delas. – Tomar o lugar de Sally, você
quer dizer? O que aconteceu com
ela, Duke? Nunca mais a vi desde
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que você me tirou de lá. – Ela continua em Nova York e
está se dando muito bem na casade pedra. E ainda está bem bonitaExtravagante demais para o me
gosto, é claro. – Pobre Sally. Passou anos
apaixonada por você. Será que você
nunca soube? Imagino que sim. Manunca se importou. Ela é velhademais para você, não é, Duke
Mulher demais.Ele se levantou da cadeira
agarrou Angel pelo cabelo, puxou
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he a cabeça para trás e ficou com orosto muito próximo ao dela.
– O que aconteceu com vocêminha querida? – disse, com umavoz falsamente suave. – O que será
preciso para trazer a minhapequena Angel de volta? A raiz dos cabelos ardia, e ela
sentia o coração na boca. Dukepodia quebrar-lhe o pescoço numnstante, se quisesse. Ela desejo
que ele fizesse isso mesmo e quedesse um fim a tudo aquilo. Oolhos escuros de Duke mudaram
quando ele a encarou, furioso.
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Franziu um pouco a testa eafrouxou a mão.
– Morta você não me serve.Será que ele lia sua mente com
tanta facilidade assim? Soltou-a
com um tranco e se afastouAtravessou o quarto e a olhoudesconfiado.
– Não me pressione, Angel. Pomais que eu goste de você, saibaque não é indispensável.
Angel pensou na menina. – Quem é que controla a
chaves agora?
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Ela alisou a saia para que elenão pudesse vê-la apavorada e
para que não percebesse o motivodaquela pergunta. Duke ficoperplexo, o que era muito melho
do que sádico. – Eu.Enfiou a mão no bolso da calça e
tirou um molho de chaves. – Acho que prefiro a posição de
Sally – ela disse.
Se ela conseguisse descobriqual era a chave da porta do quartoda menina, talvez pudesse tirá-la
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daquele inferno.Duke sorriu, estava rindo dela
com os olhos. Jogou as chaves namesa. – Da adega, da despensa, do
armários de roupa de cama e doquarto de vestir. Abriu o colarinho da camisa e
tirou uma corrente de ouroPendurada nela havia uma chave.
– É essa que você quer.
Continuou sorrindo, aproximouse de novo e pôs as mãos comforça em seus ombros.
– Acho que, afinal, você precisa
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de uma lição sim – disse, com vomacia. – Vou apresentá-la esta
noite. Você vai usar um vestido azue deixar seu glorioso cabelo soltoSerá a maior sensação. Todas as
meninas que tenho são lindas, mavocê é algo muito raro e especiaodos os homens da casa vão
querê-la. A pele de Angel foi ficando cada
vez mais fria enquanto ele falava
Queria pular da cadeira, mas sabiaque, mesmo que fizesse isso, nãoadiantaria nada. Era mais sensato
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ficar quieta e esperar. – Ficará com as chaves a
semana que vem, minha queridamas esta semana servirápessoalmente nossos clientes
enho alguns em mente que meserão muito úteis – e sorriu. – Alémdo mais, sempre mantive uma
exclusividade muito grande comvocê. Precisa de um despertar paraa boa vida que teve.
Quando ele se afastou, elaevantou a cabeça e viu no rostodele que cada palavra que dizia era
verdade.
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Paul acordou e viu Miriamavivando as brasas e pondo maienha no fogo. O coberto
escorregou do peito nu quando elese sentou de um pulo e ficoolhando espantado para ela. Estava
sonhando. Só podia estar. Esfregouo rosto, olhou em volta, viu o xaledela no encosto da cadeira e uma
caixa na mesa.Ela se virou para ele e sorriu.
– Bom dia. O sol está quase
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nascendo. Aquilo era real, e ele entrou em
pânico. – O que está fazendo aqui? – Vim morar com você.
– O quê? – Disse que me mudei para cá.Paul ficou boquiaberto, como se
Miriam tivesse enlouquecido. Ela fose sentar na beira da cama, e elepuxou o cobertor para cobrir o
peito.Miriam olhou para ele e não
pôde deixar de rir com o absurdo d
situação. Mas era culpa dele. Se
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não fosse tão teimoso... – Não tem graça nenhuma – ele
disse entre dentes. – Não tem mesmo – ela
concordou, um pouco mais séria. –
Eu o amo e não vou deixar que vápara as montanhas e arruíne suavida.
Ele ficou confuso. O cabeloestava embaraçado e espetadopara todos os lados, como o de um
menino. Ela estendeu a mão paraalisá-lo e ele recuou, assustado.
– Vá para casa, Miriam – disse
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desesperado.Ele precisava sair dali! Por acaso
ela sabia o que ele sentia quandoela dizia que o amava? Se ela nãosaísse naquele instante
provavelmente não resistiria. Maela não se mexeu. Ficou alolhando para ele, com um sorriso
paciente. Ele ouviu um ronco noouvidos e berrou.
– Vá para casa, já disse!
– Não – ela respondesimplesmente –, e também não vohe dar suas roupas.
Ele ficou atônito.
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Miriam pôs as mãos no colo eentão sorriu para ele. O olhar dela
provocou um calor enorme neleMal conseguia respirar. Aquilo erauma loucura!
– O que está inventando, MiriamAltman? O que seu pai vai dizer?
– Ele já sabe.
– Meu Deus! – ele rezou em voalta, imaginando quando Johrromperia por aquela porta com
uma espingarda na mão. – Papai passou quase a noite
nteira tentando me convencer a
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não fazer o que estou fazendo eacabou desistindo. Se não fosse
sso, teria vindo mais cedo.O sorriso dela sinalizava malícia – Lembra-se do Livro de Ruth
Paul? Na Bíblia? Lembra o que elafez? Bem, Boaz, aqui estou eu, aoseus pés. E agora, o que vai fazer?
Miriam pôs a mão em sua coxae Paul pulou para longe.
– Não toque em mim! – disse
com o suor brotando-lhe na testa. –Estou dizendo que quero que saiadaqui agora!
– Não quer não.
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– Como sabe o que quero? – eletentou parecer zangado.
– Eu sei toda vez que olha parmim. Você me deseja.
– Não faça isso – Paul implorou.
– Paul – ela disse, muitogentilmente –, gosto demais doMichael. Ele é como um irmão mai
velho para mim. Mas não estoapaixonada por ele, nunca estareÉ você que eu amo.
– Mas você não combina comigo– ele disse, angustiado.
– Não seja ridículo – ela afirmou
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como se falasse com uma criançateimosa. – É claro que combino.
– Miriam...Ela pôs a mão em seu ombro eele prendeu a respiração.
– Sempre quis tocar em você –ela disse, com a voz suave e rouca– Aquele dia no campo, quando
você estava arando...Ele engoliu em seco e segurou a
mão dela.
Seus olhos encontraram os dele. – E eu sempre quis que você
tocasse em mim.
– Miriam – ele disse, com a vo
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rouca –, não sou nenhum santo. – Eu sei disso. E acha que e
sou?Os olhos dela brilharam com a
ágrimas.
– Isso não é nada fácil, sabiaMas sou uma mulher, Paul, e nãouma criança. Sei o que quero.
quero você como meu marido. Paravivermos juntos todos os nossodias.
Ele estava tremendo. – Não faça isso comigo.Paul viu uma lágrima deslizar na
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face dela e, não se contendoafagou-a. Miriam pôs a mão sobre a
dele e a prendeu contra o rosto poum breve tempo. A pele dele eramuito macia, o cabelo, sedoso. Ele
sentiu sua pulsação e exclamou: – Miriam! Oh, Miriam! O questá fazendo comigo?
– Nada que você não queira hmuito tempo. Admita.
Miriam enlaçou-lhe o pescoço e
o beijou. Depois se afastou umpouco, mas ele continuou. Seguroo rosto dela com as duas mãos e a
beijou, suavemente no início
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depois com todo o amor acumuladoque vinha sentindo havia meses.
Beijou-a com volúpia. Miriam seentregou e todos os sentidos deleganharam vida. Ela era firme
macia e quente, e tinha um gostodelicioso.
– Eu a amo – ele sussurrou, com
medo de dizer aquelas palavras emvoz alta. – Estava enlouquecendoNão podia suportar. Precisava me
afastar de você. – Eu sei – ela disse, tremendo
tocando-lhe os cabelos.
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E começou a chorar. – Eu o amo tanto, Paul. De
verdade...Ele se afastou, olhou para orosto dela e viu que ela estava
corada, transbordando de amor poele, e chegou a pensar que secoração explodiria. Ela era sua. Ela
he pertencia! Mal podia acreditar.Miriam viu a chama no olhar de
Paul e tocou-lhe o rosto com
ternura. – Quero que comecemos direito
Case-se comigo primeiro, Paul. Seja
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meu marido. Quero compartilhatudo com você, sem nenhuma
sombra sobre nós, semarrependimento. Se fizer amocomigo agora, sentirá vergonha
amanhã. Sabe que é verdade. Nãopoderá encarar meu pai e minhamãe. Pensará que se aproveitou de
mim – ela deu um sorriso trêmulo– Apesar de ser o contrário.
– Pensei que podia me afasta
de você – ele disse, sabendo que aevaria com ele o resto da vida, umtormento do qual nunca poderia
escapar. – Acho que teremos de i
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até Sacramento para encontrar umpregador.
– Não vamos, não.Ele ficou surpreso.Miriam corou e sorriu com
timidez. Agora sim parecia a Miriamque ele conhecia, e não a jovemousada que entrara em sua cabana
no meio da noite. – Papai disse que ele mesmo
fará nosso casamento. Ele fico
remexendo no baú quando eu saprocurando seu Livro de OraçõesAchei que ele estava com pressa.
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Paul não resistiu e a beijou outravez.
– Eu não podia escapar mesmonão é? – ele disse, rindo baixinho. – Não – ela sorriu, satisfeita. –
Michael sempre me disse que vocêcederia. Mas eu cansei de esperar.
Do lugar onde estava, atrás dacortina, à esquerda do palco, Ange
podia ouvir os homens no cassinoO lugar era um circo, e Duke iaexibi-la no picadeiro principal.
Já tinha apresentado um show
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de dançarinas, equilibristas eacrobatas. Angel não fazia ideia de
onde Duke tinha encontradoaquelas pessoas, mas ele tinhaseus métodos. Com um gesto de
mão, podia fazê-los e materializáos do fogo e da fumaça.
Estava inquieta e sentiu um
aperto no braço. Desde que Duke aevara para o quarto, não tinhaficado um minuto sozinha sem que
um guarda a vigiasse. Não haviasaída, e estava morta de medo.
Fechou os olhos e lutou contra a
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náusea. Talvez nem devessealvez fosse melhor ir para o palco
central e vomitar ali mesmo. Issoestragaria o ardor da multidãoQuase riu, mas sabia que, se
fizesse isso, estaria cedendo de veà histeria.Ouvia a voz dele manipulando a
plateia. Tinha a voz de um oradorIsso lhe tinha sido muito útil napolítica e depois também, quando
resolvera trabalhar nos bastidoresucrando muito mais com issoInstigava os homens, punha-lhe
fogo. Angel quase podia sentir o
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cheiro da excitação deles. Empoucos minutos teria de encara
aquilo. Centenas de pares de olhofixados nela, tirando a roupamaginando o que desejariam faze
com ela. E Duke permitindo que afantasias deles se tornassemrealidade. Por um preço. Qualque
coisa por um preço bem alto. “Servirá a eles por uma
semana.”
Angel fechou os olhos. MeDeus, se estiver me escutando, pofavor, me mate! Varra-me da face
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da terra com um raio. Mande-mepara a morte, para o esquecimento
me queime, me transforme numpilar de sal. Do jeito que quisermas faça isso. Por favor, meu Deus
me ajude, me ajude! – Calma, senhorinha – disse ohomem, sorrindo com frieza.
Oh, Deus! Oh, Jesus, ajude-mepor favor!
– Ele já está acabando de
prepará-los para você.E, então, quando achou que se
coração ia parar de bater com o
pavor que sentia, Angel ouviu.
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Sarah, minha amada.Era a mesma voz suave que
tinha ouvido na cabana de MichaeA que tinha ouvido também nosonho...
Acalme-se, estou aqui.Ela olhou em volta e só viu o
guarda encarregado de vigiá-la e o
artistas. Seu coração disparooucamente, ficou toda arrepiadacomo naquela estranha noite na
cabana. – Onde? Onde? – murmurou
freneticamente.
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O guarda se virou para ela, sementender.
– Qual é o problema? – Você ouviu uma voz aqui? – Com toda aquela balbúrdia da
plateia? – ele riu. Angel tremia violentamente. – Tem certeza?
Ele apertou ainda mais o braçodela, dando-lhe um tranco violento
– É melhor se controlar. Fingi
que é maluca não vai ser nada bompara você. Duke está quase prontopara apresentá-la. Ouça aquele
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homens. Parecem leões famintosnão parecem?
Angel queria resistir, mas de queadiantaria? Fechou bem os olhonovamente, procurou bloquear a
multidão enlouquecida sentadadiante do palco, tentou seconcentrar na voz calma e
assustadora que falava dentro dacabeça dela, que a chamava pelonome que só ouvira uma vez, em
um sonho, desde a morte da mãe.O que quer que eu faça? Diga
me. Oh, Deus! Diga-me o que que
que eu faça.
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A minha vontade.Ela se desesperou. Não sabia o
que era aquilo. – Esse é o seu sinal – disse o
guarda. – Vai até lá sozinha?
Mesmo se ela conseguisse fugirpara onde iria? Angel abriu os olhoe de repente aquela tremedeira po
dentro parou. Não tinha explicaçãomas estava tranquilaEstranhamente calma. Virou-se
para o guarda com altivez. – Se você soltar o meu braço.Ele piscou, pego de surpresa, e a
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soltou. Angel se adiantou e ohomem abriu a cortina para que ela
pudesse passar. Assim que ela apareceu, aplateia enlouqueceu de vez. O
homens assobiavam e gritavamAngel manteve a cabeça erguidaolhou para frente e foi para o palco
central, onde Duke sorria commalícia e prazer. Ele inclinou acabeça com a boca bem perto de
seu ouvido, para que ela pudesseouvi-lo apesar de todo o barulho daplateia.
– Está sentindo o poder, Angel?
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Pode dividi-lo comigo. Podemosbotar todos eles de joelhos!
Então a deixou sozinha, nocentro do palco.
O barulho era ensurdecedor
Estavam todos loucos? Queria fugie se esconder. Queria morrer.
Olhe para eles.
Ela se esforçou para exibir aantiga arrogância e o desdémvarrendo a plateia com o olhar.
Olhe bem nos olhos delesSarah.
Ela olhou, primeiro para o
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homens que estavam mais perto dopalco, depois para os outros. Eram
ovens. Tinham um vazio perdidono olhar. Ela reconheceu aqueleolhar. Desilusão, sonhos desfeitos
rebeldia. Tinha sentido aquelamesma solidão e desespero que viarefletidos à sua volta. Olhou para o
homens de pé perto das mesas deogos. Olhou para os que estavamenfileirados no bar de mogno
segurando copos de uísque. Seriamaginação dela, ou o vozerioestava diminuindo?
– Cante alguma coisa! – grito
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um homem no fundo do salão.Outros gritaram concordando
Sua cabeça estava vazia, excetopor uma canção, nada apropriadacompletamente fora de contexto.
– Cante, Angel! A barulheira cresceu de novo
como uma onda, e o pianista
batucou uma canção vulgar que ohomens reconheceram. Alguncomeçaram a cantar e a rir com
abandono.Cante, minha amada.Ela fechou os olhos para se
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solar dos homens e cantou. Não amúsica que eles entoavam, ma
outra. Uma canção muito antiga. Ecantando, transportou-se para opoço, com Michael e Miriam
debruçados, cantando dentro daparedes, envolvida pela música epela harmonia. Quase podia ouvir a
risada de Miriam. “Mais alto, suaboba. Do que tem medo? Você sabcantar. É claro que sabe.”
Depois ecoou a voz de MichaeMais alto, Tirzah. Cante como se
acreditasse.”
Mas eu não acredito. Tenho
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medo de acreditar. Parou derepente, abriu os olhos e sua ment
ficou subitamente vazia. A letra dacanção se apagou. Desapareceu.
A plateia estava em silêncio
todos os homens olhavam para elaali sozinha no palco vazio. Sentiu aardência das lágrimas nos olhos
Oh, Deus! Faça-me acreditar! Alguém começou a cantar po
ela, de onde havia parado. Era uma
voz profunda e melodiosa, tãoparecida com a de Michael quesentiu o coração dar um pulo no
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peito. Procurou aquela voz namultidão e viu um homem alto e
grisalho, de terno escuro, perto dobar.Com a mesma rapidez que tinha
desaparecido, a letra da cançãovoltou e ela cantou com eleAvançando lentamente por entre o
homens, ele parou logo embaixo dopalco e sorriu. Ela retribuiu osorriso. Então olhou em volta
novamente e viu que estavamtodos calados, atônitos. Alguns nãoconseguiam encará-la, desviavam o
olhar, envergonhados.
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– Por que estão todos aqui? –ela perguntou, temendo sufoca
com as lágrimas reprimidas. – Poque não estão em casa, com suamulheres e filhos, ou com sua
mães e irmãs? Vocês não sabemque lugar é este? Não sabem ondeestão?
As cortinas se abriram atrás delae as dançarinas saíram correndopara o palco. O pianista começou a
tocar e as jovens cantaram bemalto em volta dela, levantando apernas em estilo cancã. Algun
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homens bateram palmas evibraram. Outros ficaram quietos
calados e envergonhados. Angel saiu lentamente do palcoViu Duke à sua espera, com uma
expressão que jamais tinha vistoSuava na testa e o rosto estavabranco de fúria. Agarrou-lhe o braço
com brutalidade e puxou-a para umcanto escuro.
– Por que fez aquela estupidez?
– Acho que foi por Deus – disseespantada.
Angel sentia o júbilo e a
presença de um poder tão
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formidável que a fazia tremerEncarou Duke e não teve mai
medo. – Deus? – ele cuspiu a palavra.Seus olhos faiscavam.
– Vou matar você. Devia tefeito isso há muito tempo.
– Você está com medo, não
está? Eu sinto o cheiro. Tem medode uma coisa que não pode ver. Esabe por quê? Porque o que Michae
tem é muito mais poderoso do quevocê já foi ou poderá ser.
Ele levantou a mão para bate
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nela, mas um homem falotranquilamente atrás dele:
– Se encostar nessa jovem, farecom que o enforquem.Duke deu meia-volta. O homem
que tinha cantado com Angeestava a poucos metros deles. Eraum pouco mais baixo do que Duke
e bem mais magro, mas tinhaalguma coisa que lhe dava umaaura de força e autoridade. Ange
olhou para Duke, para ver se elesentia aquilo também, e teve aconfirmação. O coração dela bate
descompassado.
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– Quer sair daqui, senhorita? –perguntou o desconhecido.
– Quero, quero sim. Angel não questionou para onde
am nem suas intenções. Bastava
que tivesse uma rota de fuga, e aela se agarraria com unhas edentes. Esperava que Duke
enfrentasse o homem por causadaquela interferência, mas ele ficoá, parado, calado e muito pálido
rangendo os dentes. Quem eraaquele homem?
Ela descobriria mais tarde. Já ia
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andando para perto dele, maparou. Não podia ir embora ainda
Virou-se para Duke. – Dê-me a chave, Duke.Os dois homens a olharam, um
sem entender, o outro lívido deraiva. E com algo mais: com medo. – A chave – disse outra vez, e
estendeu a mão.Duke não se mexeu, então Ange
rasgou a camisa dele, pegou a
corrente e a arrancou. Chocado, osuor escorria-lhe pelas têmporasAngel olhou bem nos olhos dele.
– Você não vai ficar com ela –
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disse, segurando a chave com opunho cerrado, bem embaixo de
seu nariz. – Queime no infernoDuke.
E olhou para o cavalheiro a
parado, em silêncio, observando odois.
– Espere por mim, por favor.
– Não vou a lugar algum sem asenhora – disse o homemcalmamente.
Angel subiu a escada correndofoi ao quarto ao lado do dela edestrancou a porta. A menina
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deitada na cama acordomediatamente e se sentou, com o
olhos azuis arregalados de medoAfastou-se e o vestido rosa seenrugou em volta dos joelhos. O
cabelo louro estava enfeitado comfitas de cetim rosa. Angel mordeu o lábio. Era como
se ver num espelho dez anos antesMas não podia ficar ali paradaafundando na dor. Precisava tira
aquela criança dali. Já. Então seadiantou rapidamente.
– Está tudo bem, querida. So
Angel, e você vem comigo – disse
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estendendo-lhe a mão. – Agora – enclinou-se sobre a cama, pegando
a mão da menina. – Não temomuito tempo.
No corredor, Angel viu Cherry
boquiaberta, espantada e cheia deesperança.
– Venha conosco – disse Angel
– Não precisa ficar aqui, mas temde vir agora.
– Duke...
– Venha agora, senão vai passao resto da vida num lugar comoeste. Ou pior.
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– Deixe-me pegar minhacoisas...
– Esqueça tudo isso. Apenasaia. Não olhe para trás. Angel seguiu às pressas pelo
corredor. Cherry ficou um instantesem saber o que fazer, mas depoiscorreu atrás dela. As três desceram
a escada juntas e o desconhecidoestava lá para acompanhá-las. Nãohavia sinal de Duke. Quando o
cavalheiro viu as duas meninas comAngel, ficou possesso.
– Não vou sem elas – disse
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Angel. – É claro que não.
Angel apontou com a cabeçpara a porta do palco. – Podemos sair por ali.
– Não. Vamos atravessar o palcoe sair pela porta da frente. – O quê? – exclamou Angel.
Ele era louco? – Não podemos fazer isso! – Vamos. Andem logo – ele
estava lívido. – Vamos expor odemônio que esse homem é.
A menininha chorava, agarrada à
saia de cetim azul de Angel, e
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Cherry também ficou bem perto daduas.
– Vamos, eu carrego a menina –disse o cavalheiro, mas, quandoestendeu a mão, a menina tento
desesperadamente se escondeatrás de Angel.
– Ela não vai deixar que a toqu
– disse Angel, ajoelhada e abraçadacom a menina. – Segure firmequerida, vou levá-la no colo.
Olhou para o desconhecido edisse com firmeza:
– Não vamos deixar ninguém
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machucá-la. Duke não vai nompedir.
A menina prendeu as pernas ncintura de Angel, que se erguecom ela. Os bracinhos finos se
penduraram no pescoço dela. – Seria mais seguro sairmos pelaoutra porta. – Angel disse.
– Por aqui é melhor.E abriu a cortina.
– Há dezenas de homens aí qu
podem nos impedir. – Não há um homem neste luga
que ousaria tocar em mim.
– Quem pensa que é? Deus?
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– Não, madame. ApenaJonathan Axle, dono de um do
maiores bancos de San FranciscoAgora vamos?
Ele não lhe dava nenhuma
opção. Angel abraçou a meninaque tremia com mais força.
– Feche os olhos, querida
Vamos tirá-la daqui.Ou morrer tentando.Cherry ficou bem junto dela e
Jonathan Axle levou as três para opalco central. A música parou derepente e as dançarinas também
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confusas. Angel olhou em volta eviu a expressão de choque do
homens. Duke não estava em luganenhum. Nem o homem que lheservira de guarda.
– Vamos – disse Axle baixinhoapoiando o braço dela comgentileza e firmeza.
Angel desceu os degraus até omeio do salão. Os homens abriramcaminho.
Muitos clientes arregalavam oolhos para Cherry, vestida emaquiada como uma mulher da
vida, apesar de obviamente ainda
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ser uma criança. Os homenrecuaram para abrir caminho diante
dela. O choro assustado damenininha cortava o silêncio.
Alguns começaram a comentar
com vozes baixas, atônitos. Angeescutou algumas observaçõeenquanto passava por eles.
– Por que ele mantinha umacriança tão pequena assim, numugar como este?
Angel parou e olhou para ohomem.
– Não imagina por quê? – disse
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baixinho, arrasada de pena.O homem ficou horrorizado
quando compreendeu.O vozerio cresceu como umvagalhão atrás dela e Angel senti
a violência das vozes. Os homenqueriam sangue, mas não era odela. Chegando à rua, soltou a
respiração, que nem sabia queestava prendendo.
– Por aqui – disse Axle. – Sinto
muito, mas não tenho carruagemSão alguns quarteirões. Acha queconsegue?
Angel fez que sim e encaixou a
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menina do outro lado. Foi seguindoo homem em silêncio, a certa
distância, e então perguntou: – Para onde está nos levando? – Para a minha casa.
Ela semicerrou os olhosdesconfiada.
– Para quê?
– Para minha mulher e minhafilha cuidarem de vocês enquantovejo o que posso fazer com aquele
ugar. Devia ser queimado, comaquele diabo dentro.
Angel ficou constrangida com a
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desconfiança que manifestou, manão conhecia nada além da
aparente simpatia daquele homemO fato de ser um banqueiro nãosignificava que tinha boa
ntenções. Tinha conhecido outrobanqueiros.O peso da menina parecia
aumentar a cada passo que davaOs músculos doíam, mas continuoandando. Cherry ficava olhando
para trás, preocupada. – Acha que ele virá atrás de nós – Não – disse Angel, e pergunto
para Axle:
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– Por que me ajudou daqueleeito? Nem me conhece.
– Foi a música que você cantouDeus não podia deixar mais claroque eu precisava tirá-la dali.
Angel se surpreendeu. Ficocalada um tempo, mas não paravade pensar.
– Sr. Axle, preciso dizer umacoisa.
– O que é?
– Não acredito em Deus – Angesentiu uma dor aguda quando dissesso.
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Não acredita? A pergunta veio de dentro dela
inha pedido ajuda de Deus quandoestava apavorada, e ali estava elaDepois aquela voz... Será que tinha
maginado? O que Axle disse foi ecda confusão que ela sentia.
– Não? Você foi muito
convincente quando cantou lá. – Eu estava morta de medo e fo
a única canção que consegu
embrar.Ele sorriu.
– Tem alguma coisa aí.
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– Não acredito num homenzinhvelho, todo enrugado, de barba
onga e branca, sentado num tronocuidando de mim.Ele riu.
– Eu também não. Acredito emalgo muito maior do que isso. E vohe dizer mais uma coisa – ele de
um sorriso gentil –, o fato de nãoacreditar em Deus não significa queo poder dele não está atuando em
você. Angel ficou sem fala
envergonhada. Tinha tentado de
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tudo para escapar de Duke e nadahavia dado certo. Então, naquela
noite, um simples hino que Michaehe ensinara tinha resolvido. ComoNão fazia sentido. Aquela vo
dissera “A minha vontade”, mastudo o que ela realmente fez foi aúnica coisa que lhe veio à cabeça.
aquele homem havia aparecido donada.
Ela se lembrou das palavras que
Michael tinha lido. “Ainda que euande pelo vale das sombras damorte, não temerei mal algum
porque tu estás comigo.”
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Duke teve medo dela. Isso elaviu, com certeza.
De você não, Sarah. De mim. Angel estremeceu, ficou toda
arrepiada de novo quando se
coração se abriu. Meu Deus, eu oneguei tantas vezes... Como podeme salvar agora?
Apesar de me negar, eu aamo com um amor eterno.
O que aconteceu lá? Nem e
mesma sei. Como foi queescapamos? Oh, Jesus, eu nãoentendo! Simplesmente não
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entendo como fez isso.Começou a garoar, e o pesado
nevoeiro da baía ocupava oespaços. Cherry se agarrou mais aAngel no caminho.
– Estou com frio – ela sussurrou – Falta muito, sr. Axle? – Angeperguntou com a voz trêmula, ma
não de frio. – No alto dessa ladeira.E viu uma casa grande diante
deles. Ele era mesmo rico. Agora achuva tinha engrossado e a ideia dter um abrigo a fez continuar
Lampiões ardiam nas janelas
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Pensou ter visto uma mulheespiando atrás de uma cortina
Jonathan Axle abriu o portão. Aporta se abriu antes de que o grupochegasse, e uma mulher alta e
magra apareceu, com o cabelo todopreso para trás. Não dava paraAngel ver seu rosto, mas fico
desconsolada. O que aquelasenhora pensaria do marido, vendoo levar para casa três prostitutas
mesmo sendo duas tão jovens? – Entrem, senão ficarão doente
– disse a mulher.
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Ela estava visivelmente nervosaAngel não sabia se ela falava com
Jonathan Axle ou com os quatro, eficou parada, sem saber o quefazer.
– Entrem, entrem – disse amulher, fazendo sinal para ela.
Jonathan pôs a mão no braço de
Angel. – Não precisa ter medo dela –
disse, achando graça. – Ela só late.
Angel tomou coragem e seguiaté a porta. Talvez a senhoradeixasse que elas se secassem
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antes de jogá-las na rua.Ela entrou, e Cherry a
acompanhou logo em seguidaOlhou em volta antes de encarar amulher e foi uma surpresa ver que
ela era jovem e atraente, apesar dcoque sem graça e do vestidoescuro.
– A lareira está acesa, por aqui –disse, e levou-as para uma salacom mobília simples, ma
confortável. – Sentem-se, por favor. Angel se sentou. Olhou para a
mulher e viu que ela a examinava
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sem esconder a curiosidadeExaminou as três, da cabeça ao
pés. – Está tudo bem – disse Ange
alisando as costas da menininha
que tremia.Será que estava mesmo?
A menina relaxou nos braço
dela, chegou para trás e Angel pôdolhar em volta. Cherry estavasentada no sofá ao seu lado, com
as costas bem retas, muito pálida eassustada. A jovem mulher olhavapara Jonathan Axle, pedindo uma
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explicação. Se estava chocada, nãodemonstrou.
– Pai, o que aconteceu? – Minha filha, Susanna – disseJonathan Axle.
A mulher meneou a cabeça edeu um sorriso tímido, confuso. – Não sei o nome de vocês – ele
se desculpou. – Meu nome é Angel. Esta é
Cherry e... – Angel lembrou de
repente que não sabia o nome dagarotinha. – Querida – dissesuavemente, levantando-lhe o
queixo –, como se chama?
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Os lábios da menina tremeramela murmurou alguma coisa e
escondeu novamente o rosto noombro de Angel.
– Faith – disse Angel. – O nome
dela é Faith. – Precisamos de cobertores
Susanna. Quer cuidar disso
enquanto vou falar com sua mãe? – Mamãe está na cozinha
esquentando o seu jantar – disse
sorrindo, e saiu apressada. – Deem-me licença um instante
– disse Jonathan, antes de deixá
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as sozinhas.Cherry curvou os ombros e
começou a chorar assim que elesaiu. – Estou com medo. Duke vai me
matar. – Duke nunca mais vai encostaem você – disse Angel, pegando em
sua mão. – Estamos todas commedo, mas acho que podemoconfiar nessa gente.
Precisavam confiar. Não tinhamescolha.
Jonathan voltou com uma
mulher pequena de olhos muito
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azuis. Seu nome era Priscilla. Angenotou a semelhança entre mãe e
filha. Priscilla assumiu rapidamenteo controle da situação.
– A primeira coisa que temos de
fazer é tirar essas roupas molhada– disse, e levou as meninas para osegundo andar. – Depois vocês
descem para a cozinha para comealguma coisa conosco.
Abriu a porta da direita no
corredor e mostrou-lhes um quartoespaçoso.
– Vocês duas, mais jovens
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dividirão este quarto – disse. – Angel pode ficar no quarto da
Susanna, que fica bem aqui emfrente. Angel imaginou o que Susanna
acharia disso.Priscilla pegou roupas secas partodas elas e Angel ficou ainda mai
surpresa. Será que havia umguarda-roupa com peças de todoos tamanhos ou havia outras filha
que ainda não tinham visto? Ovestidos eram de lã, simples econfortáveis. Angel juntou a
roupas que Cherry, Faith e ela
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tinham tirado e as botou no baldeperto da lareira.
Susanna ficou esperando paraevá-las para baixo, até a cozinhaonde Priscilla serviu bifes, sopa de
egumes e biscoitos. Jonathacomeu com elas. Angel recusou ocafé e preferiu um copo de leite
Faith caía de sono ao lado delaCherry tinha manchas de lápis pretosob os olhos. Estava abatida, ma
parecia menos amedrontada.Priscilla pôs a mão suavemente
no ombro de Cherry e encostou o
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rosto no da menina. – Venha, filha, você está caindo
de sono – disse, estendendo a mãopara Faith, quesurpreendentemente aceitou.
Foi um alívio enorme para AngelSusanna tirou a mesa. – Por que não vão para a sala de
estar, pai? Só não falem de nadamportante até eu chegar.
– Sim, querida – disse Jonathan
fingindo submissão.Piscou para Angel e se levantou
– É melhor fazermos o que ela
disse.
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Angel se sentou perto do fogonervosa e preocupada. O que
aconteceria com elas no diaseguinte? Jonathan foi até umapequena mesa num canto, serviu-se
de uma bebida e olhou para ela. – Quer um pouco de cidra? – Não, obrigada.
Ele sorriu e botou a garrafa namesa. Sentou-se numa poltronaconfortável, de frente para ela.
– Estão seguras aqui. – Eu sei. Mas por quanto tempo
– perguntou, espantando-se com a
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própria ousadia. – Ninguém vai botá-las par
fora, Angel. Podem ficar conosco otempo que quiserem. Angel mal acreditou. Senti
vontade de chorar, mordeu o lábiomas não conseguiu falar. Ele sorriu – São muito bem-vindas – ele
disse. Angel encostou a cabeça na
costas do sofá e procurou controla
suas emoções. – Fico pensando no que ele va
fazer – disse, refletindo em vo
alta.
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Jonathan não precisou perguntade quem ela estava falando.
– Se ele continuou dentrodaquele prédio depois que saímosdeve estar pendurado em algum
poste a essa altura. Infelizmenteacho que não é tão burro assim.
– Não. Duke pode ser tudo
menos burro – ela suspirou. – Vocêestão sendo muito bondosoconosco. Obrigada.
– Tive fome e me deram decomer; tive sede e me deram debeber; não me conheciam e me
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convidaram para entrar; estava ne me vestiram; estava doente e
ficaram comigo; estava preso e meprocuraram – ele citou. – Conhecesso?
Michael tinha lido aquelapalavras para ela certa vez, logodepois de receber os Altman e ela
ter perguntado por que ele faziaaquilo. As lembranças que tinhadele eram tão fortes que a
mpediam de falar.Jonathan Axle percebeu o
sofrimento nos olhos da jovem e
quis amenizá-lo. Ela parecia não te
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noção da magnitude de seus atosda coragem necessária para agi
daquela maneira. – Vocês são bem-vindas para
compartilhar o que temos.
Afinal, nada daquilo pertencia aele. Ele era apenas o guardião.
Conversaram até bem tarde. Ela
contou mais do que tinha contadopara qualquer pessoa, até paraMichael. Talvez pelo fato de que
Jonathan Axle ainda fosse umdesconhecido bondoso, sentia tantaiberdade de lhe falar. Só que ele
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não parecia nenhum desconhecido. Angel inclinou a cabeça par
trás, cansada. – O que vou fazer agora, srAxle?
– Você é quem sabe – sorriuJonathan. – Você e Deus.
Priscilla acordou quandoJonathan entrou no quarto. Ele se
despiu e entrou embaixo dacobertas, puxando-a para perto. Ocorpo dela estava quente e macio
e ela pôs a mão em seu peito.
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– Preciso lhe perguntar algoJonathan. O que estava fazendo
num lugar como aquele?Ele riu baixinho e beijou-lhe atesta.
– Não sei, meu amor. – Mas você não bebe nem joga –
disse. – O que deu em você?
– Foi um dia estranho, PrissAlguma coisa ficou mencomodando a partir do meio-dia
Não consegui descobrir o que era. – Está tudo bem no banco? – Muito bem. Senti vontade de
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caminhar um pouco. Por issomandei avisar que chegaria tarde
Estava passando por aquele lugar eouvi aquele demônio fazendo umdiscurso. O lugar era tão barulhento
que entrei para ouvir o que eledizia. – Mas por quê? Você odeia
aquele homem. – Não sei por quê. Foi um
mpulso, alguma coisa me
empurrou lá para dentro. Ele estavaapresentando Angel. Foi obscenoNão exatamente as palavras que
usou. Mas o jeito dele, a
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nsinuações. Não sei explicar. Tive asensação de estar num templo
pagão e de que ele era umsacerdote apresentando a novaprostituta do templo.
– Por que não foi embora? – Pensei nisso, mas toda vez qu
pensava em sair alguma coisa me
dizia para esperar. E então Angeapareceu.
– Ela é muito linda – disse
Priscilla. – Não foi a beleza dela que me
prendeu ali, meu amor. Ela era tão
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ovem, foi até o centro do palcocom tanta dignidade... Você nem
pode imaginar, Priss. Aqueleshomens pareciam todos os cães donferno, rosnando para ela. E então
ela cantou. Cantou tão baixo nonício que ninguém ouviu direitoDepois o barulho diminuiu até se
fazer silêncio e ficar só a voz dela.Ele sentiu um nó na garganta e
ágrimas brotaram-lhe dos olhos.
– Ela cantou “Rock of Ages”.
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Deus opera de modo misterioso
para realizar maravilhas. – W I L L I A M C O W P E
o jantar, Miriam notou o
mau humor de Paul. Ele mahavia tocado no ensopado e o caféhavia esfriado na caneca. Nem
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precisou perguntar o que estavaacontecendo.
– Foi visitar o Michael? – Fui – disse Paul friamenteempurrando o prato e franzindo a
testa. – Não entendo mais oMichael. Não o entendo mesmo.Miriam esperou, achando que ele
diria mais alguma coisa, queexplicaria melhor. Paul estava comraiva e frustrado, mas não era só
sso, algo profundo e invisível oncomodava e o envenenava, comoum câncer na alma.
Enfim ele falou, entre dente
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cerrados: – Quando é que ele vai desistir
Fico arrasado de vê-lo de joelhopor causa daquela mulher – e deum suspiro ruidoso. – Miriam, tive
vontade de bater nele – dissecerrando o punho. – Quis sacudi-loEle estava rezando quando chegue
á. De joelhos, no celeiro, rezandopor ela.
Miriam não entendia aquela
animosidade toda. – Mas por que ele não deveria
rezar por ela, Paul? Ela é mulhe
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dele e ele ainda a ama.Ele fechou a cara.
– Mulher? Não vê o que ela fecom ele? – Ela me disse que ia embora
porque achava que era melhor paraele.Ele passou a mão no cabelo
aflito. – Acredita nisso? Você não a
conheceu, não de verdade. Era fria
como gelo. Uma prostituta de Paira-Dice. Nunca sentiu nada poMichael, ele simplesmente lhe era
conveniente. Mas nunca o amou
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pois ela não tem coração. Não sejaboba!
Os olhos de Miriam se encheramde lágrimas com esse ataque. Tinhavisto seu pai zangado muitas vezes
mas nunca descarregava a raiva emseus entes queridos. Teve deresponder:
– Você é que nunca a conheceuPaul. Nunca sequer tentou...
– Não me venha defendê-la! E
a conheci sim – ele disseasperamente. – Eu a conhecmelhor do que você, melhor do que
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Michael. Vocês dois só viram o queela quis que vissem. Eu vi o que ela
realmente era.Miriam levantou a cabeça. Nãoficaria ali calada, ouvindo sua
amiga ser difamada. – Você viu Amanda como umacriatura vil que não merecia um
pingo de sua cortesia.Ele ficou lívido.
– Está me repreendendo por não
ter sucumbido ao feitiço dela comoo resto de vocês? Em minha própriacasa?
Miriam ficou boquiaberta. Fo
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como se Paul tivesse lhe enfiadouma espada no coração.
– Então agora a casa é só suaapesar de estarmos casados? – eladisse, com a voz entrecortada. –
Sou apenas uma visita, até vocêresolver me expulsar. Deus me livrede cometer qualquer erro, de não
ser perfeita.Paul lamentou o que disse ante
mesmo de Miriam começar a falar.
– Miriam, eu não... A raiva que ela sentia
aumentava rapidamente.
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– Imagino que não tenho odireito de ter pensamentos e
crenças próprios, se foremdiferentes dos seus. É isso, Paul? –ela se levantou e apontou para a
porta. – Se eu quiser dizer o quepenso, terei de ir lá para fora parafazer isso. Melhor ainda, você va
querer que eu esteja fora de suapropriedade?
A culpa matou o remorso dele. O
que Miriam dizia era um golpe naconsciência de Paul e ele atacou denovo, para se defender.
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– Você sabe que não foi isso queeu quis dizer!
Ela começou a chorar e ele sederreteu. – Miriam, não... – gemeu.
– Não sei mais o que quer dizerPaul. Você está tomado pelaamargura. Carrega seu ódio por a
feito uma bandeira que acena otempo todo. Não me conta o queAmanda lhe fez para odiá-la tanto
então só me resta pensar se vocênão tomou parte nisso!
Paul sentiu o calor subindo pelo
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rosto, e a raiva crescendo tambémJá ia se defender, mas Miriam não
tinha terminado. – Eu nunca teria vindo atrás devocê como vim se não fosse a
Amanda. – Do que está falando?Ela abaixou o tom de voz.
– Eu não teria tido coragem.Miriam viu que Paul não estava
entendendo e não sabia como lhe
explicar. Tinha a gargantaapertada, só queria se sentar ecobrir o rosto com as mãos. Mesmo
se conseguisse contar, ele não
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entenderia. Paul estava surdo paraqualquer coisa que demonstrasse a
bondade de Amanda.O rosto dela começou a se
enrugar como o de uma criança
ferida, e Paul sentiu um aperto nopeito.
– Eu amo você – ele disse, com
a voz rouca. – Miriam, eu amo você – Mas não age como se me
amasse.
– Angel ficou entre mim eMichael. Não deixe que ela fiqueentre nós também.
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– Foi você quem a pôs nesseugar!
– Não, não é verdade – eleafirmou. – Não entende o que elafaz?
Ele queria implorar para que elao escutasse. Não suportava seolhar.
– Ela destruiu Michael – elecontinuou, com a voz falha.
– Michael está mais forte do qu
nunca agora. – É por isso que está de joelhos? – Ele luta por ela do único jeito
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que pode. – Miriam, ela enfiou as garra
nele e depois o fez em pedaços. – Você é mesmo tão cegoassim? Foi Michael quem
desbaratou as defesas dela. Ela oama! – Se isso fosse verdade, ela não
teria ficado? Nada poderia fazê-la iembora. Mas ela não ficou, não éEla o abandonou com a maio
facilidade – ele disse, e estalou odedos. – E está querendo meconvencer de que ela tem coração?
Miriam se sentou pesadamente e
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olhou para o rosto amargurado domarido. Realmente achava que o
salvaria sozinha? Que arrogânciaEle estava mais distante dela agorado que se tivesse voltado para a
montanhas à procura de ouro. Elasó sabia o que sentia.
– Eu também a amo, Paul, como
a uma irmã. Seja o que for quevocê pense dela, eu a conheço erezarei todos os dias de minha vida
para que ela volte.Paul saiu de casa e bateu a
porta.
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Angel estava deitada na camaolhando para o teto. Sabia que
tinha feito a coisa certa, mas àvezes a saudade de Michael ficavatão forte que chegava a doer. Será
que ele estava bem? Será queestava feliz? Certamente já deviater desistido dela. Devia te
entendido que eles nunca deveriamter ficado juntos. Ela sabia que elenão a perdoaria nunca, ma
prosseguiria com a vida, ficaria comMiriam e poderia ter filhos.
Não devia pensar nisso, para
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não afundar em autopiedade. Tinhaacabado, terminado, aquilo era
passado. Tinha de seguir em frenteFechou os olhos e abafou osofrimento. Levantou-se da cama e
vestiu-se, pensando nas coisamaravilhosas que tinhamacontecido.
Cherry estava morando com umcasal que era dono de uma padariaEstava feliz e se adaptando à nova
vida. A pequena Faith tinha sidoadotada por uma família batista eagora vivia em Monterey, com seus
novos irmãos e irmãs. E estava
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aprendendo a ler e a escreverporque tinha lhes enviado cartas.
Por mais que Angel gostasse deviver com os Axle, sabia que nãopodia ficar com eles para sempre. A
família já tinha sido boa demaipara ela, dando-lhe abrigoproteção e amizade
Providenciaram-lhe até um novoguarda-roupa, deixando queescolhesse o que queria. Ange
preferiu roupas simples de lã, nacores cinza-claro e marrom.
Foi Susanna quem insistiu em
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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he dar aulas. Angel ficava aflitapara aprender o que Susanna lhe
explicava, e a nova amiga insistia. – Você tem agilidade mental evai acabar entendendo. Não exija
demais de si mesma em tão poucotempo. As aulas eram difíceis, e Ange
ficava imaginando se valeria a penatodo aquele esforço.
Pensou em voltar a trabalha
para Virgil, mas logo desistiu dadeia. Por algum motivo sabia quenão era aquilo que devia fazer. O
que era, então?
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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Susanna levava Angel quandosaía para fazer compras para a
família. Andavam pelos mercados ecompravam carne, legumesverduras, pão e material de
impeza. Angel aprendeu apechinchar. Não era muito diferentede vender panelas para o
mineiros. Sabia blefar, fingindiferença, e costumava conseguio que Susanna queria por um preço
baixíssimo. – Só de olharem para seus olho
azul-claros, eles entregam a
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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mercadorias praticamente de graçaEles se desdobram para servi-la –
disse Susanna, dando risada. – magine só, receber um pedido decasamento no mercado!
– Não foi um pedido, SusannaFoi uma proposta. É bem diferente. – Ora, não seja tão implacáve
Você não a aceitou, e foi muitoeducada, devo dizer.
Quem sabe os homens não a
notassem se ela vestisse roupas desaco de aniagem. Mas, mesmo decinza-claro, chamava atenção
quando passava. Poucos a
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mportunavam, mas ela acreditavaque era porque Susanna Axle
estava a seu lado, e não em razãode sua nova condição. Os Axle erammuito conhecidos e respeitados na
comunidade. O que poderiaacontecer se saísse de baixo da asaprotetora deles? Ao primeiro sina
de dificuldade, fraquejarianovamente? Essa simples ideia afazia engolir o orgulho e aceitar de
bom grado a ajuda de seus amigos Angel começou até a frequenta
a igreja com eles, sentindo-se
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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solada, mas protegida, comJonathan e Priscilla de um lado e
Susanna do outro. Sorvia apalavras de salvação e redençãoembora achasse que não tinha
direito a elas. Tinha sede daqueleensinamentos tal qual um gamo àprocura da água da vida, e
enquanto os ouvia, lembrava-se dosonho que tivera no bordel deDuke, na Praça Portsmouth.
Oh, meu Deus! Era o Senhor quefalava comigo, não era? Era oSenhor. E aquela noite na cabana
tanto tempo atrás, quando sent
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aquela fragrância maravilhosa epensei ter ouvido alguém fala
comigo, também era o Senhor.Tudo o que Michael lhe tinha
dito, tudo o que ele tinha feito
agora fazia sentido. Ele vivia emCristo para ela poder entender.
Oh, Senhor! Como pude ser tão
cega? Por que não lhe dei ouvidosPor que precisei de tantosofrimento para ver que o Senho
estava lá comigo, o tempo todo?Todo domingo, depois do
sermão, o pastor chamava quem
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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quisesse receber Cristo como seSalvador e Senhor. E toda vez que
ele dava a oportunidade aos quequeriam se apresentar, Angel sentiaos nervos tensos.
A voz calma a chamava comternura. Venha a mim, minha amada
Levante-se e venha a mim.E então ela sentia todo o corpo
quente. Aquele era o amor pelo
qual tinha esperado a vida inteiraMas não podia se mexer. OhMichael! Se estivesse aqui comigo
hoje... Se ao menos estivesse aqu
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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para ir comigo, talvez eu tivessecoragem.
Todos os domingos ela fechavaos olhos e tentava criar coragempara atender ao chamado... E todo
os domingos fracassava. Ficavatremendo, sentada, sabendo quenão era digna, que, depois de tudo
o que havia dito contra Deus, nãoteria o direito de ser sua filha.
No quarto domingo, Susanna
chegou bem perto e sussurrou: – Você quer ir, não quer? Está
querendo há semanas.
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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Com vontade de chorar, semvoz, Angel fez que sim, abaixou a
cabeça e apertou os lábios. Sentiamedo, tanto medo que chegava atremer. Que direito tinha de se
apresentar a Deus e de recebemisericórdia? Que direito tinha?
– Eu vou com você – disse
Susanna, segurando a mão delacom firmeza.
Foi a mais longa caminhada que
Angel fez na vida, para encarar opastor que aguardava no fim danave da igreja, sorrindo, com o
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olhos brilhando. Pensou em Michaee sentiu uma pontada de angústia
Oh, Michael! Queria que estivesseaqui comigo agora. Queria queestivesse aqui para ver isso. Será
que um dia vai saber que foi vocêquem acendeu a chama e iluminominha escuridão? O coração dela se
encheu de gratidão. Meu Deus, eleo ama muito.
Angel não chorou. Tinha anos de
prática para controlar as emoções enão cederia agora, diante de todaaquela gente, nem mesmo com
Susanna Axle ao seu lado. Sentia
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sobre ela os olhares de todos nagreja, observando cada movimento
seu, prestando atenção emqualquer mudança em seu tom devoz. Não podia errar.
– Crê que Jesus é o Cristo, oFilho do Deus vivo? – perguntou opastor.
– Creio – ela respondeu commuita dignidade e fechou os olhopor um instante.
Oh, Deus! Perdoe minhadescrença. Torne minha fé maior doque uma semente de mostarda
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Jesus. Faça-a crescer. Por favor. – E entrega sua vida a Jesu
agora, diante dessas testemunhasSe é sua vontade, atesta dizendoque sim?
Palavras para uma cerimônia decasamento. Ela deu um sorrisotriste. Com Michael tinha dito “po
que não”, em vez de “sim”. Tinhachegado ao fim de suas forças enão teve escolha. Sentia isso agora
inha chegado ao fim de suabatalhas, ao fim de sua luta parasobreviver sozinha. Precisava de
Deus. Queria Deus. Ele a tirara de
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sua antiga vida, quando não tinhafé. E agora que sabia que ele
realmente estava ali, ele lheestendia a mão e fazia seu pedido.
Oh, Michael! Era isso que queria
para mim, não era? Era isso quequeria me dizer ao afirmar que umdia eu teria de escolher.
– Angel? – chamou o pastorperplexo.
Todos ficaram imóveis e
prenderam a respiração. – Sim – ela respondeu, com um
sorriso radiante. – Com toda
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certeza, digo que sim.E então ele riu e a fez se virar de
frente para a congregação, dizendo – Esta é Angel. Nossa nova irmãem Cristo. Recebam-na.
E todos a receberam.Mas as coisas não podiamcontinuar do mesmo jeito. Lá no
fundo, ela sentia isso. Não era paraela ficar naquela bolha desegurança, protegida pelos Axle
Mais cedo ou mais tarde teria dedeixá-los e descobrir se era capade viver sozinha.
Mas primeiro tinha de saber o
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que ia fazer da vida.
Depois de guardar as comprana cozinha, Angel subiu para o
quarto. Tirou a capa preta e apendurou ao lado da porta. Priscillatinha lhe dado o quarto onde Cherr
e Faith haviam ficado. Eraespaçoso, bem mobiliado e comuma lareira num canto. Alguém
tinha acendido o fogo. Angel abriu acortina de renda e espiou pelaanela.
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O nevoeiro estava chegandoufadas de névoa passavam pela
anela. Ela viu o cais e uma florestade navios sem ninguém no portoUm a um iam sendo desmontados
afundados para fundear o aterro.Lembrou-se de certo dia em que
espiara pela janela de um segundo
andar e vira Michael lá embaixoquando ele saía de Pair-a-DiceLembrou-se de ter ouvido sua vo
na agonia que ela mesmoprovocara com Magowan. Lembrouse de Michael rindo e correndo
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atrás dela no milharal. Lembrou-sede sua compaixão, de sua revolta
de sua compreensão, de sua forçaLembrou-se de seu amoavassalador. E soube o que ele
queria que ela fizesse paraencontrar as respostas de queprecisava. Rezar. Quase pôde ver o
rosto dele dizendo isso. Reze.Fechou os olhos e suspirou
cansada.
– Sei que não tenho o direito depedir nada, Senhor, mas Michaedisse que eu deveria. Então vo
pedir. Jesus, se estiver me ouvindo
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por favor, diga-me para onde devor. Não sei o que fazer. Não posso
ficar aqui para sempre, vivendo àcusta dessa boa gente. Não édireito. Preciso pagar minha
dívidas neste mundo. O que devofazer, Jesus? Preciso fazer algumacoisa, senão vou enlouquecer. Eu
he peço, Jesus, lhe imploro. O quedevo fazer? Amém.
Ficou ali sentada mais de uma
hora, esperando.Não desceu nenhuma luz do céu
Nenhuma voz. Nada.
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Poucos dias depois, Susanna foao quarto dela após o jantar.
– Esteve muito calada a semantoda, Angel. Qual é o problemaEstá preocupada com seu futuro?
Angel não se surpreendeu ao veque Susanna sabia o que ancomodava. Parecia que ela
sempre previa os pensamentos esentimentos das pessoas.
– Tenho de fazer alguma coisa –
Angel disse, sinceramente. – Nãoposso ficar aqui, vivendo à custa desua família o resto da vida.
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– E não vai ficar. – Já se passaram seis meses
Susanna, e até agora sei tantoquanto na noite em que chegueaqui.
– Já rezou a respeito disso? Angel corou.Os olhos de Susanna brilharam
e ela riu. – Ora, não precisa ficar assim
como se alguém a pegasse de
calças curtas. – Não fique tão satisfeita – disse
Angel, secamente. – Deus não me
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respondeu.Susanna sacudiu os ombros.
– Ainda não. Mas ele sempreresponde, no tempo dele, não noseu. Quando chegar a hora, você
vai saber o que deve fazer. – Gostaria de ter sua fé. – Pode pedir – Susanna sorriu de
orelha a orelha. Angel sentiu uma pontada de
dor.
– Você me faz lembrar deMiriam.
– Vou considerar isso um elogio
– afirmou Susanna, olhando-a com
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ternura. – A fé em Deus não veiofácil para mim também, por incríve
que pareça – e se levantou. –Venha. Quero lhe mostrar umacoisa.
E estendeu-lhe a mão.Foram para o quarto de
Susanna, onde tinham conversado
antes, muitas vezes. Susannasoltou a mão de Angel, abaixou-see enfiou os braços embaixo da
cama. Tirou de lá uma caixa e apôs em cima da cama.
– Tenho de ficar de joelhos para
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pegá-la – disse, esfregando amãos. – Preciso varrer aí embaixo
um dia desses.Enfiou uma mecha de cabelo nocoque e se sentou.
– Sente-se – disse, batendo coma mão na cama. Angel se sentou e olhou curiosa
para a caixa entre as duas.Susanna pôs a caixa no colo.
– Esta é minha caixa de Deus –
disse. – Quando fico com a cabeçacheia de problemas, escrevo tudo oque me aflige, dobro o papel e o
enfio na abertura. Quando estão
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dentro desta caixa, são problemade Deus, não meus.
Angel deu risada. Susanna ficomuito séria olhando para ela eAngel parou de rir.
– Você está brincando, não está – Não. Falo sério. Sei que parece
ridículo, mas funciona. Tenho mania
de consertar tudo. Vivo preocupadaNunca fui capaz de deixar as coisacomo estão. Pode-se dizer que
quero bancar Deus – ela sorriuzombando dela mesma. – Mas todavez que faço isso, as coisas dão
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errado – e bateu de leve na caixa. –Por isso tenho esta caixa.
– Uma simples caixa de chapé– disse Angel, secamente. – Sim, uma simples caixa de
chapéu, que me lembra de ter féem Deus e não em mim. O prêmiochega quando vejo minhas prece
atendidas – ela fez um trejeito coma boca. – Acha que sou louca, nãoé? Mas vou lhe mostrar.
Susanna tirou a tampa da caixae lá dentro havia dezenas depapeizinhos, bem dobrados. Mexe
neles e tirou um.
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– Cherry precisa de um lar – elaeu.
O bilhete tinha uma data. – Gosto de saber quanto tempo
Deus leva para responder –
Susanna riu de si mesma. – Já queessa prece foi atendida, não vopôr o papel de volta na caixa.
Dobrou-o, botou-o na cama etirou outro da caixa.
– Deus, dê-me paciência com
papai. Se ele trouxer mais umcandidato a marido para casa, socapaz de entrar para um convento
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E sabe que eu seria uma péssimafreira.
Angel riu com ela. – É melhor deixar esse dentro dcaixa.
Tirou outro. Ficou um momentoem silêncio, depois leu. – Por favor, acabe com os
pesadelos de Faith. Proteja-a domal.
Esse Susanna dobrou e o coloco
de volta na caixa. – Entende o que quero dizer? – Acho que sim – disse Angel. –
E se Deus disser não?
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Susanna não ficou incomodadacom a possibilidade.
– Então é porque ele temalguma outra coisa em mente, umacoisa melhor do que somos capaze
de imaginar.Susanna franziu a testa e olho
para a caixa cheia.
– Angel, nem sempre é fácaceitar – ela fechou os olhos esoltou o ar lentamente. – Houve um
tempo em que eu tinha tudoplanejado para mim. Quandoconheci Steven, sabia exatamente o
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que eu queria e o que ia fazer. Eleera bonito e vibrante. Estava
estudando para ser ministro, cheiode fé e zelo – e sorriu. – Íamopara o oeste, pregar o Evangelho
para os índios.Susanna balançou a cabeça eseus olhos se encheram de tristeza
– Ele a deixou? – De certa forma. Ele fo
assassinado. Foi tudo tão sem
sentido... Ele costumava ir aopiores bairros da cidade paraconversar com os homens no
bares. Dizia que eles precisavam
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mais de Deus do que os maiprivilegiados. Que não seria pasto
de homens ricos. Parece que umanoite um homem estava levandouma surra em um beco e Steve
tentou impedir. Foi esfaqueado atéa morte.
Ela mordeu o lábio.
– Sinto muito, Susanna – disseAngel, sentindo a dor da amigacomo se fosse dela.
Susanna apertou as mãos, e aágrimas lhe encheram os olhos eescorreram lentamente pelo rosto
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pálido. – Culpei Deus. Fiquei com muita
raiva. Por que Steven? Por quealguém tão bom, alguém que tinhatanto a oferecer? Fiquei zangada
até com Steven. Por que fez abesteira de ir para aqueles lugarehorríveis? Por que se incomoda
com aquela gente? Tinham feitosuas escolhas, não tinham? – esuspirou. – Tudo ficou muito
confuso dentro de mim, minhaemoções entraram em conflito. Nãome servia de consolo saber que
Steven estava com Deus. Eu queria
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que estivesse comigo – e ficocalada um tempo. – E ainda quero.
Angel apertou a mão dela. Sabiao que era desejar alguém assim tãontensamente, sabendo que essa
pessoa estará sempre fora de sealcance.
– Você disse que não tinha
certeza do que devia fazer daqupor diante. Bem, estamos nomesmo barco – disse Susanna
sorrindo outra vez. – Mas aresposta virá, Angel. Sei que virá.
A tampa da caixa escorregou
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caiu da cama, e ela largou a mãode Angel para pegá-la. Quando se
abaixou, a caixa virou e opapeizinhos caíram no chão. Angeajoelhou-se com Susanna para
recolher os bilhetes e botá-los devolta na caixa. Tantos pedacinhosde papel, tantas preces...
Susanna pegou um, se sentosobre os calcanhares e sorriu. Apalidez desapareceu de seu rosto, e
a luz voltou a seus olhos. Sorrindoficou com o papel na mão enquantoAngel guardava todos os outros e
tampava a caixa. Susanna enfiou a
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caixa embaixo da cama. – Às vezes ele responde rápido –
e continuou sorrindo, dando o papepara Angel. – Leia isso.
Angel pegou o bilhete e leu a
palavras escritas com uma belacaligrafia: “Deus, por favor, pofavor, preciso de uma amiga para
conversar”. A data era de um dia antes da
chegada de Angel com Jonathan.
Michael carregou a carroça com
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sacos de trigo e foi paraSacramento. Havia um moinho no
caminho, onde podia moer os grãoe ensacar adequadamente paraevá-los para o mercado. Tinha sido
uma boa colheita. Ganharia osuficiente para comprar algumacabeças de gado e uns dois leitões
No próximo ano teria toucinho epresunto para defumar, e carnepara vender.
Passou a noite à beira de umriacho, onde Angel e ele haviamfeito uma parada. Sentado ao luar
olhando para a água, pensou nela
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Podia quase sentir o suave perfumede sua pele na brisa noturna. Senti
um calor e um formigamento nocorpo. Lembrou-se de seu sorrisotímido e de seu olhar espantado
sempre que ele rompia suadefesas. Às vezes conseguia issoapenas com uma palavra ou com
um olhar, e ficava embevecidonessas horas, como se ele, e nãoDeus, tivesse realizado o
mpossível. Michael abaixou acabeça e chorou.
Sim, tinha aprendido que era
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esmagará como a um inseto.” Será que ela ainda acreditava
nisso? Será que a fé e a certezadele eram tão fracas que ela nemvira? Será que não tinha aprendido
nada com as crueldades que sofrerae com a própria impotência diantedelas? Será que ela ainda
acreditava que podia controlar aprópria vida?
Quando esses pensamento
torturantes ganharam forçaMichael se lembrou de uma únicafrase das Escrituras e se agarrou a
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ela. “Confie no Senhor de todocoração e não se apegue à sua
compreensão.” O suor despontouhe na testa e ele cerrou os punhosConfie no Senhor, confie no Senhor.
Ficou repetindo sem parar, até seacalmar e a tensão se desfazer.Então Michael rezou por Ange
não para que voltasse para elemas para que encontrasse Deus.
De manhã, quando segui
viagem, jurou que, por maior quefosse a tentação, não a procurariaquando chegasse a Sacramento.
E jamais poria os pés em Sa
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Francisco.
– Angel! Angel!Ela estremeceu quando alguém
gritou seu nome. Por que sentiuaquela necessidade de ir até apraça? Devia ter ido para casa
assim que se despedira de VirgiEle tinha mandado embora outrocozinheiro e estava tentando
convencê-la a voltar a trabalhapara ele. Ela quase desejou não tedo e renovado as esperanças dele.
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Então foi andando pelas ruas, epassou por um teatro e um bar. Seu
antigo território, que a assombravaNão sabia por que estava ali. Tinhaapenas saído para caminhar e
pensar um pouco, para fazeplanos, e foi atraída de volta paraaquele lugar. Era desanimador.
E agora alguém do passadoabria caminho entre as pessoas narua e chamava seu nome. Senti
vontade de correr sem olhar paratrás.
– Angel, espere!
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Ela cerrou os dentes, parou evirou-se para trás. Reconheceu a
ovem imediatamente. Ao vê-laempertigou-se no mesmo instante eusou a máscara de desprezo e
calma. – Olá, Torie – disse, inclinando
um pouco o queixo.
Torie examinou-a de alto abaixo.
– Não acreditei que fosse você
Está tão diferente – ela pareciaconfusa. – Continua casada comaquele fazendeiro?
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Angel sentiu a dor da saudadeantes de poder controlá-la.
– Não, não estou mais casadacom ele. – Que pena. Ele era muito
especial. Tinha alguma coisa nele..– e deu de ombros. – Bem, é avida, eu acho – notou o vestido e a
capa marrom de Angel e mordeu oábio. – Não está mais trabalhandoestá?
– Não. Parei há dois anos. – Soube da Lucky? Angel fez que sim com a cabeça
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Querida, querida Lucky. – Mai Ling morreu no incêndio
também. – Eu sei. Angel queria acabar com aquela
conversa e voltar para a casa nacolina. Não queria pensar nopassado. Não queria olhar para
orie e ver como tinha envelhecidoNão queria reconhecer o desesperoem seus olhos.
– Bem, pelo menos Magowateve o que merecia – disse Torie.
E olhava atentamente para a
gola alta da blusa de Angel.
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– Meg está morrendo de varíola– continuou. – A Duquesa a
dispensou assim que descobriu. Evia Meggie de vez em quandodormindo em alguma porta com
uma garrafa de gim na mão – esacudiu os ombros. – Mas não atenho visto mais.
– Continua com a Duquesa?Torie riu.
– Nada muda. Pelo menos para
algumas de nós – e deu um sorrisocínico. – Na verdade não é tão maassim. Ela acabou de construir uma
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casa nova e está com um bomcozinheiro. Estou bem. Tenho até
algum dinheiro guardado para ofuturo. Angel sentiu um peso no peito
orie fingia que estava bemenquanto sangrava até morrer podentro? A outra continuou falando
mas Angel nem ouviu o que eladizia. Olhava para seus olhos e viacoisas que não tinha percebido
antes. E então voltou tudo, tudo oque tinha vivenciado desde os 8anos. A dor, a solidão... E aquilo
estava ali também, nos olhos de
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orie. – Bom, já tomei bastante se
tempo falando dos bons e velhotempos – disse Torie, com umsorriso triste. – É melhor eu volta
para o trabalho. Mais um hoje edepois posso descansar.
Ela já ia se afastando e Ange
sentiu uma coisa muito estranhaPrimeiro foi um calor e depois umaexplosão de energia e de seguranç
que nunca havia sentido antesEsticou o braço rapidamente e feorie parar.
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– Almoce comigo – pediu, tãoanimada que chegava a tremer.
– Eu? – Torie perguntou, tãosurpresa quanto Angel. – Sim, você! – disse Ange
sorrindo.Parecia que ia explodir com a
deias que se expandiam em sua
cabeça. Ela sabia! Sabia o que Deuqueria que fizesse. Sabiaexatamente o que ele queria.
– Conheço um pequeno café ana esquina.
E deu o braço para Torie.
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– O nome do dono é Virgil. Vagostar dele. E eu sei que ele va
gostar de conhecê-la.Torie ficou atônita demais paraprotestar.
– Ela disse para onde ia? –
Jonathan perguntou para a filhaaflita.
– Não, pai. Você sabe que ela
tem andado inquieta nessas últimasemanas. Hoje de manhã disse quesairia para andar um pouco. Acho
que aconteceu alguma coisa com
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ela. – Você não tem de achar nada –
disse Priscilla. – Está se deixandodominar pelas emoções. Angel sabese cuidar.
– Sua mãe tem razão –concordou Jonathan, mas até eleestava preocupado.
Se Angel não voltasse dali a umahora, sairia para procurá-la.
Susanna parou de andar de um
ado para o outro e espiou pelaanela.
– Está escurecendo. Ah! Lá está
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ela. Vem subindo a ladeira.Deu meia-volta, com os olho
brilhando. – Ela sorriu e acenou para mim!Susanna largou a cortina de
renda e marchou para o ha l l deentrada. – Vou dizer o que eu acho de ela
nos deixar assim, morrendo depreocupação!
Angel entrou em casa e abraço
Susanna antes que ela pudessearticular uma palavra de protesto.
– Oh, Susanna! Você não va
acreditar! Não vai mesmo! – Ange
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deu risada. – Bem, retiro o que edisse. Você vai acreditar sim.
Tirou a capa, pendurou-a nocabide e botou a touca em cima.
Jonathan notou imediatamente
algo diferente nela. Tinha o rostoradiante, exibia um sorriso dealegria.
– Eu sei o que Deus quer que efaça da minha vida – disse, e sesentou na beira do sofá com a
mãos nos joelhos, parecendo que iaexplodir de felicidade.
Jonathan observou a filha se
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sentar lentamente perto de AngeParecia que estava perdendo sua
melhor amiga. Bem, talveestivesse mesmo. – Vou precisar de sua ajuda –
disse Angel para Jonathan. – Nuncaconseguirei pagar o que já fizerampor mim, mas vou pedir mais uma
coisa – e balançou a cabeça. –Estou indo depressa demaisPrimeiro tenho de lhes contar o que
aconteceu hoje. Angel contou que encontrar
orie e almoçara com ela. Falou da
depressão e do desespero da
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ovens prostitutas e dos muitoanos que passara sentindo isso.
– Ela podia trabalhar para Virgse soubesse cozinhar. Mesmo assimele aceitou que ela ficasse desde
que eu trabalhe com ela napróximas semanas. Ela é inteligentee poderá cuidar de tudo sozinha em
pouco tempo. – Não estamos entendendo nada
– disse Jonathan.
A menina estava tão empolgadaque não falava coisa com coisa.
– Torie disse que, se tivesse
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uma saída, largaria essa vida. Virgperguntou se ela sabia cozinhar e
ela disse que não. E então me veioa ideia, bem ali no café do VirgiPor que não?
– Por que não o quê? – disseSusanna, exasperada. – Você nãoexplicou nada.
– Por que não criar uma saídapara ela? – disse Angel. – Ensiná-laa cozinhar, costurar, fazer chapéus,
qualquer coisa que lhe servissecomo uma forma de ganhar a vidaJonathan, quero comprar uma casa
para onde alguém como Torie
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possa ir e se sentir protegida, paraganhar seu sustento sem ter de
vender o corpo para isso.Ele ficou pensativo.
– Tenho amigos que podem
ajudar. Quanto acha que vaprecisar para começar?
– Tem uma casa a dois
quarteirões do cais.Ela falou o preço.Ele arqueou as sobrancelhas. Era
muito dinheiro. Olhou para Priscillamas ela não o socorreu. Virou-se denovo para Angel e viu que não
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podia negar-lhe o pedido e apagaaquele brilho de esperança e
propósito que via estampado emseus olhos. – Vamos cuidar disso amanhã de
manhã.Com os olhos brilhando, ela securvou e deu-lhe um beijo no rosto
– Obrigada, querido amigo. – Meu pai tem mais amigos qu
podem ajudar a sustentar a casa –
disse Susanna.Jonathan viu a mudança de
expressão da filha. Não via aquela
animação em seu rosto desde a
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morte de Steven. Sentiu um apertono peito. Oh, meu Deus! Aquela
revelação repentina lhe doeu. Voperdê-la, afinal, não para um jovementusiasta que pretende levá-la
para o meio do mato e converter ondios pagãos, mas para Angel eoutras iguais a ela.
Queria sua menina casada eestabelecida, com filhos. Queriaque ela morasse perto para pode
visitá-la sempre. Queria que elafosse mais parecida com Priscilla emenos com ele.
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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Viu a filha andando de um ladopara o outro, despejando plano
como uma fonte. Angel dava risadae falava de suas ideias, umacascata delas. As duas estavam tão
indas... Eram como luzes brilhandona escuridão.
Jonathan fechou os olhos. Oh
Deus! Não foi isso que planejei.De qualquer modo, quando é
que as coisas reais, de valo
duradouro, podem ser planejadas?
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Quando eu era menino, falava
como menino, discorria comomenino, raciocinava como menino
mas, quando me
tornei homem, abandonei as coisade menino – I C O R Í N T I O S 1 3 , 1
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aul foi para Sacramentoprocurar Angel. Se queria
salvar seu casamento, tinha deencontrar a bruxa e levá-la devolta. Era óbvio que Michael não
ria atrás dela, e Miriam nãosossegaria até que ela voltassepara casa. Ele não suportava mai
vê-la sofrendo por causa de AngeNão entendia como ela podia vebondade naquela mulher depois de
todo aquele tempo. Talvez por issomesmo ele a amasse tanto. Miriamnão tinha visto bondade nele?
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Naquele momento faria qualquecoisa por ela, até sair da casa dele
e ir à procura de Angel, se com issoela se acalmasse e cuidasse daprópria saúde.
Imaginou que Angel devia tevoltado para a vida fácil nacomunidade próspera mai
próxima. Primeiro a procurou nobordéis, achando que com sua rarabeleza seria fácil chegar até ela. Só
que o nome “Angel” tinha setornado comum entre aprostitutas. Encontrou muita
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outras, mas ela não.Depois de uma semana, Pau
saiu de Sacramento e foi para ooeste, para San Francisco. TalvezSacramento não fosse grande o
bastante para Angel. Pensando quetalvez pudesse estar errado sobresso, foi parando em cada
cidadezinha no caminho eperguntando por ela. Nem sinal.
Quando chegou a San Francisco
estava convencido de que a buscaera inútil, não ia dar em nadainha passado muito tempo desde
que Angel saíra do vale. Quase trê
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anos. Devia ter partido em algumbarco para Nova York, ou para a
China. Ele não sabia se agradeciapor seu fracasso ou se continuavaprocurando até obter alguma
nformação. Miriam tinha tantacerteza, estava tão convencida.
– Ela ainda está na Califórnia
Sei que está. Alguém devia ter ouvido fala
dela. Uma menina como Angel não
podia simplesmente desaparecer. Aquela situação toda o
ncomodava demais. E se a
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encontrasse? O que diriaQueremos que você volte para o
vale? Ela saberia que ele estariamentindo. Ele não queria que elavoltasse. Não queria vê-la nunca
mais. Também não dava paramaginar que Michael a quisesse devolta depois de todo aquele tempo
rês anos. Só Deus sabia o que elatinha feito aquele tempo todo, ecom quem.
Mas Michael queria que elavoltasse. Esse era o problema. Eleainda amava Angel. Sempre a
amaria. Era teimosia, ou orgulho
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que o impedia de ir atrás deladessa vez. Ele dizia que Angel teria
de decidir. Que ela deveria voltapor vontade própria. Bem, ela nãoa voltar. Um ano devia ter-lhe
ndicado isso. Dois anos, comcerteza. Ao fim do terceiro, atéMiriam havia perdido a esperança
de que Angel voltasse por si sóPediu então que alguém fosse aoseu encalço.
– Quero que você vá, Paul. Temde ser você.
Ouvindo isso, ele odiou Ange
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mais do que nunca.Finalmente chegou a Sa
Francisco. A névoa cobria a cidadee Paul foi procurá-la, desanimadoEncontrar Angel geraria mai
problemas do que não encontrarSerá que ele teria de arrastá-la devolta para o vale como Michae
tinha feito na primeira vez em queela o deixara? De que adiantariaEla simplesmente iria embora de
novo. E de novo. E de novo. Seráque Miriam não era capaz deentender? Uma vez prostituta
sempre prostituta. Alguma
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verdades podiam ser cruas demaipara uma menina tão doce e
ngênua como sua esposa. Ou paraum homem tão puro quantoMichael. Paul amava demais o
dois, e não entendia comoencontrar Angel podia ajudá-los.
Por que Miriam insistia tanto
para que ele fosse encontrá-la e aevasse de volta? Ela não quiexplicar. Disse que ele descobriria
por conta própria. No início ele serecusou e ela ficou irritada com elePaul se espantou ao ver que sua
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mulher, que costumava ser tãosensata, podia se tornar tão
obstinada e furiosa. Suas palavraeram como espadas que ocortavam em pedaços. Depois ela
chorou e disse que não podiacontinuar daquele jeito. Quandomplorou para que ele procurasse
Angel, ele não aguentou e acabocedendo.
Agora estava ali, a duzento
quilômetros de casa, com tantasaudade de Miriam que o corpotodo doía. E pensando por que
cargas d’água tinha cedido. Era
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melhor que Angel ficasse longe.Distraído com a própria revolta e
de mau humor, vagou sem destinoolhando em volta sem registrar oque via. Uma jovem de cinza
chamou sua atenção. Estava dooutro lado da rua, olhando umavitrine, e vê-la o fez se lembrar de
essie. Não pensava nela haviameses, e a antiga tristeza voltoucom todo o sofrimento. A jovem
nclinou o corpo para frente e a saiaevantou um pouco atrás, revelandobotinhas pretas bem gastas, iguai
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às que Tess usava.Miriam, o que estou fazendo
aqui? Quero estar em casa comvocê. Preciso de você. Por que meconvenceu a partir nessa busca
ouca? A jovem endireitou o corpo eamarrou direito a touca. Virou-se
para a rua e esperou uma carroçapassar para atravessar. Paul viu orosto dela de relance e seu coração
parou. Angel!Primeiro não acreditou que era
ela. Só podia ser sua imaginação
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desenhando o rosto dela sobreoutro depois de todas aquela
semanas de busca. Ela atravessou rua apressada e se afastorapidamente. Paul pôs o chapéu
para cima e ficou olhando para elapara saber se tinha visto direitoDevia estar enganado. Não podia
ser ela, não vestida daquele jeito..Mas de qualquer modo a seguiu, sópara dar mais uma espiada.
A jovem foi andando bemrápido, com a cabeça erguida. Ohomens olhavam para ela em todo
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o trajeto. Alguns acumprimentavam com a mão no
chapéu quando passava. Outroassobiavam, fazendo propostaousadas. Mas ela não parava nem
falava com ninguém. Obviamenteestava indo para algum lugarQuando chegou ao centro da
cidade, entrou num grande banconuma esquina.
Paul ficou esperando meia hora
do lado de fora, no frio, e então elasaiu. Era mesmo Angel. Tinhacerteza. Estava com um cavalheiro
bem-vestido, um homem bem mai
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velho e mais próspero do queMichael. Paul cerrou os dentes
Ficou observando os doiconversarem por alguns minutosEntão o homem lhe deu um beijo
no rosto.Clientela de alta classe, Pau
pensou com cinismo. E apesar da
postura e da roupa adequadaAngel estava mais ousada do qununca. Nenhuma mulher decente
deixaria um homem beijá-la na ruaNem no rosto.
As palavras de Miriam o
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perseguiam. “Você sempre julgouAmanda. De forma errada.”
Ele apertou os lábios. Miriamnão estava lá para ver aquela cenaNão sabia nada sobre mulhere
como Angel. Ele nunca conseguiraconvencê-la. Miriam nuncaacreditara realmente na existência
de uma menina chamada Angel eno que ela fazia num bordel emPair-a-Dice.
– Você nem está falando damesma pessoa – Miriam havia dito.
Mas Paul sabia o que Angel era
mesmo que Miriam e Michae
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amais tivessem encarado isso.O que os dois podiam ter visto
naquela vadia para amá-la comuma devoção tão sólida, tãonabalável? Ele jamais entenderia.
Seguiu Angel até um prédiosimples, de compensado, não muitoonge da Praça Portsmouth. Havia
um cartaz na porta da frente. Tevede atravessar a rua para lê-lo. Casade Madalena. Ali estava, para
qualquer homem ver. Ele sabia otempo todo. E agora, o que iafazer? Mesmo se contasse para
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Miriam, ela não acreditaria. convencê-la só serviria para magoá
a ainda mais.Deprimido e revoltado, Pauficou muito tempo andando. Era
culpa de Angel ele estar naquelasituação! Ela sempre fora umadestruidora, desde a primeira ve
que pusera os olhos nela. Primeiroficara entre ele e seu dinheirofazendo-o jogar ouro fora uma vez
na vã tentativa de passar meia horacom ela no Palácio. Depois, ficaraentre Michael e ele. E agora, estav
entre ele e sua mulher!
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Paul passou a noite num hotebarato. Pediu o jantar no refeitório
do hotel, mas não conseguiu comerFoi para a cama, mas nãoconseguiu dormir. Ficava
maginando o rosto de Miriammolhado de lágrimas.
– Você nunca sequer tentou
entendê-la, Paul. E não a entendeagora. Às vezes fico pensando sevai entendê-la algum dia!
Eu a entendo muito bem e queroessa bruxa fora da minha vida parasempre! Queria que estivesse
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morta, enterrada e esquecida.Paul teve um sono agitado e
acordou bem antes de o sol nascerresolvido a voltar para o valeMentiria para Miriam. Não havia
outra maneira de poupá-la. Diriaque a tinha procurado por todaparte e não a tinha encontrado. O
então diria que ficara sabendo queAngel morrera com a febre, ou devaríola. Não, varíola não. Difteria
Pneumonia. Qualquer coisa, menovaríola. Podia dizer que Angel tinhado para a costa leste e que o navio
havia afundado no cabo Horn. Isso
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seria plausível. Mas jamais poderiacontar que tinha visto Ange
entrando num bordel a poucaquadras do cais.
Sentiu-se mal de ter de mentir
Arrumou suas coisas, furioso depensar em todas as semanas quehavia passado sem a doce
companhia da mulher por causa deAngel. Inventaria um jeito, antes dechegar em casa, de convence
Miriam de que se tratava de umacausa perdida. Tinha de fazer isso.
A caminho da barca que o
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evaria para o outro lado da baíaPaul começou a ter dúvidas. Miriam
a querer saber o nome do navio. Iaquerer saber com quem ele tinhaconversado. Ia querer sabe
centenas de detalhes que ele teriade inventar. Uma grande mentiraele seria capaz de contar, mas não
uma trama cheia de pequenamentiras.
Parado no espesso nevoeiro, ele
sentiu um frio por dentro. Não dariacerto. Qualquer história quenventasse, Miriam saberia. Ela
sempre sabia. Assim como Michae
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soube o que acontecera com ele ecom Angel na estrada, por mais qu
ninguém tivesse dito nada em voalta.
Furioso, Paul voltou para a casa
de compensado. Achou que nãoprecisava bater e entrou. Viu umasala pequena com dois bancos e um
cabide para chapéu. Mas não havianenhum chapéu pendurado. Naverdade não havia ninguém ali a
quem pudesse perguntar qualquecoisa.
Ouviu mulheres conversando
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irou o chapéu, entrou numagrande sala de estar e fico
paralisado. Estava cheia demulheres, a maioria jovem, todaolhando para ele. Paul ficou
ruborizado.Muitas coisas lhe vieram àcabeça ao mesmo tempo. A
meninas estavam todas sentadaem cadeiras de madeira comespaldar reto. O único homem na
sala era ele, e o lugar parecia maiuma sala de aula do que um bordeodas usavam o mesmo vestido
cinza que Angel estava usando na
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véspera. Mas Angel não estava comelas.
Uma mulher alta que estava nafrente das outras sorriu para ele. Oolhos castanhos brilhavam, achando
graça de vê-lo ali. – Está perdido, senhor? Veio
mudar de vida?
As mulheres mais jovens riram. – Eu... eu... Perdão, madame –
ele gaguejou, confuso e
constrangido.Que lugar era aquele?
– Ele acha que aqui é um hotel –
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disse uma das meninas, vendo osaco de viagem que ele tinha na
costas. As outras deram risada. – Ah, aposto que ele acha que é
outra coisa completamentediferente, não é, querido? – disseoutra, examinando Paul de alto a
baixo. Alguém riu. – Ele está todo vermelho! Não
via um homem corar desde 1849. – Senhoras, por favor – disse a
mulher alta, fazendo-as calar.
Ela largou o giz, tirou o pó
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branco dos dedos compridos e seaproximou dele.
– Sou Susanna.Estendeu a mão e ele a aperto
sem pensar. Os dedos dela eram
frios, o aperto de mão, firme. – Posso ajudá-lo? – Estou procurando uma pessoa
Angel. O nome dela é Angel. Pelomenos costumavam chamá-laassim. Pensei tê-la visto entrando
aqui ontem à tarde. – Paul?Ele se virou rapidamente e a vi
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parada na porta. Parecia surpresa econsternada.
– Venha comigo, por favor – eladisse.Ele a seguiu por um corredor e
entraram num pequeno escritórioEla se sentou atrás de uma grandemesa de carvalho, coberta de
papéis e de livros. Num canto haviauma caixa de chapéu marrom, comuma abertura na tampa.
– Sente-se, por favor – disse.Ele se sentou e examinou a sala
simples. Não estava entendendo
nada. Por que uma madame de
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bordel teria uma sala que parecia ade uma freira? Que tipo de aula
estavam sendo dadas na outrasala? Tinha visto problemas dematemática escritos no quadro
mas agora, diante de Angenovamente, nem se lembrou deperguntar. A antiga animosidade
tinha voltado com toda a força.Se não fosse por ela, ele estaria
em casa com Miriam.
Angel o olhava da mesmamaneira direta, mas ela estavadiferente. Ele a encarou com frieza
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tentando descobrir o que era. Aindaera linda, incrivelmente linda... Ma
sso ela sempre fora: linda, fria edura feito uma pedra.Ele franziu a testa. Era isso
Aquela dureza. Tinha desaparecidoAgora havia suavidade nela. Noolhos azuis, no sorriso discreto, na
postura tranquila.Ela está serena.Paul se espantou com a ideia e a
deixou de lado. Não, não éserenidade. Ela não senteabsolutamente nada. Nunca sentiu
Ele se lembrou daquele dia na
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estrada. Não conseguia exorcizá-loQueria dizer alguma coisa, mas não
conseguia pensar em uma únicapalavra. Estava com raivaressentido, deprimido, ma
embrando sempre que não estavaali por ele. Estava ali por MiriamQuanto mais cedo explicasse tudo
mais cedo Angel diria que nãovoltaria e ele poderia ir emboracom a consciência tranquila.
Angel falou primeiro. – Você está muito bem, Paul.Ele teve uma sensação muito
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estranha, de que ela estavaquerendo deixá-lo à vontade. Po
que ia querer isso? – É. Você também – eleretrucou, com uma polidez forçada.
Mas era verdade. Mesmo decinza, ela ficava bem. Melhor doque nunca. Angel era uma daquela
mulheres que seriam bonitamesmo aos 60 anos. Um demôniodisfarçado.
– Foi um choque vê-lo aqui – eladisse.
– É. Tenho certeza de que foi.
Ela examinou o rosto dele.
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– O que veio fazer na Casa deMadalena?
Faria suspense para deixá-lapreocupada.
– De quem é essa casa?
– Minha.E não explicou mais nada
Esperou que ele dissesse alguma
coisa. – Vi você na rua ontem e a segu
até aqui.
– Por que não entrou? – Não quis interromper nada –
ele disse. – Ainda usa o nome
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Angel?Paul não conseguia tirar a
animosidade da voz e não entendiao olhar dela, como se cada palavraque ele dizia a machucasse
profundamente. Por que isso? Angenunca sofrera com nada antes. Eramais uma encenação.
– Ainda me chamo Angel – eladisse. – Achei apropriado.
Mais uma vez a resposta direta
Sem rodeios, direto ao ponto, sóque mais suave, de um jeito queele nunca tinha visto antes.
– Você está diferente – ele disse
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e olhou em volta. – Esperava quetivesse um padrão mais alto do que
esse. – Mais baixo, você quer dizer.Parecia que Angel se divertia
que não estava se defendendo.Ele deu um sorriso debochado.
– Nada muda, não é?
Angel olhou bem para ele. Numcerto sentido Paul tinha razão. Pelomenos no que dizia respeito ao ódio
que sentia por ela. Não sem razãoMesmo assim, aquilo machucava.
– É, acho que não – ela
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respondeu, tranquila. –compreensível.
Ela devia muitas explicaçõesParou de olhar para ele. Nãoconseguia parar de pensar em
Michael. Tinha medo de perguntapor ele, especialmente para aquelehomem que gostava tanto dele e a
odiava com a mesma intensidadeO que ele estava fazendo ali?
Paul não sabia o que dizer
Percebeu que a tinha magoado. Elasuspirou e olhou para ele de novoEle imaginou se ela estava calma
como aparentava, se alguma coisa
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podia afetá-la. Era uma das coisaque desprezava nela. Nenhuma
flecha disparada por ele a tinhafeito sangrar.
– Voltou ao vale alguma vez? –
Angel perguntou. A pergunta o pego
desprevenido.
– Eu moro lá. – Ah – ela disse, surpresa. – Nunca saí de lá.
Ela não reagiu ao tom deacusação.
– Miriam me disse que você
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planejava tentar a sorte na buscado ouro outra vez.
– Era desespero – ele disse. –Ela me convenceu a ficar. A expressão de Angel ficou mai
suave. – É, imaginei que ela faria issoMiriam está sempre salvando uma
alma. Como é que ela está? – Vai ter um filho neste verão.Paul viu o rosto de Ange
embranquecer e depois recuperar acor, devagar.
– Graças a Deus.
Graças a Deus?
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Ela sorriu. Mas foi um sorrisotriste, melancólico. Paul nunca vira
Angel sorrir daquele jeito. Gostariade saber o que ela estavapensando.
– É uma notícia maravilhosaPaul. Michael deve estar muito feliz
– Michael? – ele riu baixinho
sem entender. – Bem, imagino queesteja.
Ele não resistiu e continuou:
– Ele tem progredido muitonesses últimos anos. Comprou maiterra e um pequeno rebanho de
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gado na última primavera. construiu um celeiro maior agora no
outono.Ela não precisava saber quetinha levado metade do coração
dele quando partira. Michael aindatinha fé em Deus, e Deuencontraria uma boa mulher para
ele.Paul não esperava que Ange
sorrisse com as notícias que estava
dando, mas ela sorriu. Não parecenem um pouco surpresa. Ficoaliviada e feliz.
– Michael progredirá sempre.
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A bruxa desalmada. Era tudoque podia dizer? Então não sabia
quanto Michael a amava, comotinha ficado arrasado quando elapartira?
– E você, Paul? Já fez as pazecom ele?
Ele a odiou por lembrar o que
tinha acontecido. Odiava-a tantoque sentiu até o gosto de aço naboca.
– Assim que você foi embora, acoisas voltaram a ser como antes –ele disse, sabendo que era mentira
8/15/2019 Francine Rivers - Amor de Redenção
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Michael nunca guardara rancorE ra ele, Paul, que não conseguia
esquecer. Nada mais era a mesmacoisa. Ela continuava sendo ummuro entre eles.
– Fico contente – ela disseparecendo sincera. – Ele sempre oadorou, você sabe. Nunca deixou d
gostar de você. Angel notou sua expressão e
mudou de assunto.
– Você pode ajudá-lo a ampliar acabana. Ele vai precisar agora.
– Ampliar? Para quê?
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– Para a chegada do bebê – eladisse. – Miriam e ele vão acaba
precisando de mais espaço. E com otempo virão mais filhos. Michaesempre disse que queria muito
filhos. Agora poderá tê-los.Paul não conseguia respirar
Ficou nauseado e com frio.
Angel franziu a testa. – O que foi?Ele entendeu a verdade, e a
sensação na boca do estômago nãoera nada comparada à dor doaperto no peito. Oh, meu Deus! Oh
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meu Deus! Então foi por isso queela o deixou?
Ele sentiu a presença de Miriame ouviu suas palavras. “Você nuncaentendeu Amanda, Paul. Nunca
sequer tentou.” Miriam comágrimas nos olhos. “Talvez setivesse tentado, pelo menos uma
vez, as coisas pudessem ter sidodiferentes. Amanda nunca teriaconfiado em mim. Não
completamente. Acho que elanunca deixou ninguém sabequanta dor sentia, nem mesmo
Michael. Talvez você pudesse te
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tentado ajudá-la!” Miriam semrecuar diante do deboche dele. “E
nunca conheci Angel. Só conheçoAmanda e, se não fosse ela, eamais teria tido coragem de vi
procurar você.” Miriam no dia emque foi à cabana dele. “Precisofazer o que é melhor para você.”
Angel examinava o rosto dele. – Qual é o problema, Paul? O
que é? Não há nada de errado com
a Miriam, há? – Miriam é minha mulher, não do
Michael.
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Ela chegou para trás, atônita. – Sua?
– Sim, minha. – Não estou entendendo – eladisse, trêmula. – Como pode se
sua mulher?Paul não pôde responder. Sabia
o que ela queria dizer. Quantas
vezes pensara que não era bom obastante para ela. Ela era perfeitapara Michael. Pensava sempre
nisso, e nesse meio-tempo seapaixonara por Miriam. E estavaconvencido disso até o dia em que
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ela fora procurá-lo na cabana. – Angel, Michael continu
esperando que você volte paracasa.Ela ficou muito pálida.
– Faz mais de três anos. Ele nãopode estar me esperando. – Mas está.
As palavras de Paul foram umapancada no peito dela. Oh, meDeus! Ela fechou os olhos, então se
evantou e se virou de costas paraele. Abriu a cortina e espiou pelaanela. Chovia. Não conseguia
respirar com aquela dor no peito
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Seus olhos ardiam.Paul viu que ela apertou a
cortina até as articulações da mãoficarem brancas.
– Acho que estou entendendo –
ele disse, arrasado. – Você pensouque indo embora ele ficaria comMiriam. Com o tempo ia se
apaixonar por ela e esquecer vocêFoi isso?
Ele também esperava isso.
aquela possibilidade o despedaçarapor dentro.
– Ia acabar acontecendo.
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Ela nem precisou completar: “Sevocê não tivesse interferido”. Uma
vez Paul disse para Miriam queachava que Angel não era capaz desofrer ou amar. Aquelas palavras
voltaram para atormentá-lonaquele momento. Como podia tese enganado tanto em relação a
ela? Quando Angel se virou e oolhou, Paul sentiu vergonha.
– Miriam é perfeita para ele –
ela disse. – É o tipo de esposa queele precisa. Pura, inteligente ecarinhosa. Tem uma imensa
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capacidade de amar.Dessa vez ele ouviu muito mai
do que palavras. – Isso tudo é verdade, maMichael ama você.
– Ele quer ter filhos, e Miriampoderia dar filhos a ele. Eles seentendem muito bem.
– Porque são amigos.Os olhos dela brilharam.
– Podiam ter sido mais que isso.
– Talvez – Paul concedeuencarando o próprio egoísmo. – Seeu tivesse a coragem que você
teve, se tivesse me afastado. Ma
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não fiz isso. Não consegui. Até aquele momento ele achava
que era porque amava muitoMiriam, mas agora via claramenteque amava mais a si mesmo. Ange
vivia um amor mais elevado, capade se sacrificar.
Ele chegou para frente e apoio
a cabeça nas mãos. Agora sabia poque Miriam tinha insistido tantopara ele ir procurá-la.
– Eu estava errado. Enganei-mesobre você o tempo todo.
A visão ficou embaçada. Ele
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evantou a cabeça de novo. – Eu odiei você. Odiei tanto
que...Paul parou, não conseguia maifalar.
Angel se sentou outra vez, triste – Você tinha razão em muitacoisas.
As palavras dela só confirmavamo que ele tinha acabado dedescobrir. Ele deu uma risada
desolada. – Nunca cheguei nem perto. E e
sei por quê. Aquele dia na estrada
eu sabia que você tinha razão. Você
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estava certa. Eu traí Michael.Os olhos dela se encheram de
ágrimas. – Eu podia ter me recusado. – Você sabia disso na hora?
Ela demorou um pouco pararesponder.
– Uma parte de mim devia
saber. Talvez eu apenas nãoquisesse admitir. Talvez fosse meueito de fazê-lo sofrer. Não sei mais
Faz tanto tempo... Nunca quipensar nisso de novo, e depoistoda vez que o via, lá estava aquela
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cena. Não conseguia me livrar dela Angel se lembrou da escuridão
em que vivera. Lembrou-se detodos aqueles meses em que Pause mantivera afastado, e como a
ausência dele magoava MichaePodia imaginar a dor de Pautambém com a separação, e a
vergonha que ele devia sentir. E aterrível culpa. Não tinha convividocom a dela o tempo todo?
Ela permitira que acontecessePor qualquer motivo. Mas quemportância tinha isso agora? Não
podia jogar a culpa em ninguém, a
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não ser em si mesma. A escolhahavia sido dela. Nunca havia
pensado nas consequências. Arepercussões foram como umapedra jogada em águas tranquilas
A batida na superfície, depois ocírculos se alastrando. Levou muitotempo até o espelho d’água fica
iso de novo. E a pedra continuoá, fria e dura na água silenciosaMichael. Paul. Ela. Almas partidas
desesperadas para se recompor.O tormento e a rixa entre os doi
homens aumentaram, não porque
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Michael não pudesse perdoar, masporque Paul não sabia se perdoar
Não foi isso que ela sentira a maioparte da vida? Que tudo que tinhaacontecido com ela era sua culpa
que era culpada até de ter nascidoNaqueles últimos anos, tinhaaprendido que não era a única a
sentir isso. Ouvia a mesma coisatodos os dias de outras mulhereque sofreram os mesmos abuso
que ela. Perdoar os outros pelo quetinham feito com ela tinha sidomuito mais fácil do que perdoar a s
mesma. E ainda enfrentava
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algumas batalhas nessa guerra.Os lábios dela tremiam.
– Paul, sinto muito pelosofrimento que lhe causei. Sintomesmo.
Ele ficou muito tempo caladosem conseguir falar, pensando emtoda a perseguição que ela havia
sofrido. E naquela que havia partidodele. E agora era ela quem lhepedia perdão. Ele planejou a
destruição dela e acabou sedestruindo nesse processo. Desdeaquela época fora consumido pelo
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ódio, ficara cego. Fui insuportávehipócrita e cruel. Essa revelação er
amarga e dolorosa, mas tambémum alívio. Era uma espécieestranha de liberdade estar diante
de um espelho e se ver claramentePela primeira vez na vida.Se não fosse por Miriam, em que
ele teria se transformado? O amoque sentia por ela o tornava maihumano. Miriam tinha visto nele
algo que ele nunca imaginara queoutra pessoa pudesse ver, excetoess. E ela vira alguma coisa em
Angel que ele não fora capaz de
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ver. Chegou a ter dúvidas, mas seagarrou obstinadamente às própria
convicções. A mulher de Michaesempre fora Angel para ele, aprostituta de luxo de Pair-a-Dice..
E ele sempre a tratara assim.Olhando para trás, Paul não
conseguia se lembrar de uma só
vez em que ela tivesse sedefendido. Por que ela não sedefendera? Ele também sabia essa
resposta. Angel acabara deresponder quando dissera que eletinha razão para recriminá-la. Não
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fora desprezo nem arrogância que afizeram silenciar, fora vergonha
Angel acreditava em tudo o que eledizia sobre ela. Acreditava que erasuja, que não valia nada, que só
servia para ser usada.E eu ajudei a convencê-la dissoFiz o papel que Michael se recuso
a desempenhar.Paul foi dominado pelo remorso
Era doloroso olhar para ela. Doía
mais ainda enxergar a verdade –que o sofrimento de Michael eraem grande parte, culpa sua
também. Se tivesse ido procurá-lo
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só uma vez, como Miriam haviadito, talvez as coisas mudassem
mas fora orgulhoso demais, acharaque era o dono da verdade.
– Eu é que sinto muito – ele
disse. – Sinto demais. Pode meperdoar?
Angel imaginou que Paul nem
sabia que tinha lágrimas no rosto esentiu um carinho súbito enexplicável por aquele homem. O
rmão de Michael, irmão dela. – Já o perdoei há muito tempo
Paul. Abandonei o vale e Michae
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por vontade própria. Não pense quea culpa foi sua.
Ela inclinou o corpo para frente eapertou o mata-borrão sobre amesa.
– Vamos deixar isso tudo paratrás. Por favor. Conte-me tudo queaconteceu desde a minha partida –
ela sorriu, tentando animá-lo. –Especialmente como um homemcomo você conseguiu conquista
uma menina como a Miriam.Ele riu pela primeira vez depoi
de meses.
– Só Deus sabe – disse
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balançando a cabeça.Paul deu um suspiro profundo e
se acalmou. – Ela me ama. Disse que soube
que se casaria comigo no instante
em que me viu.Falar sobre Miriam trouxe o
bem-estar de volta, então ele
continuou: – Eu ficava olhando para ela e a
desejava muito, mas encontrava
todo tipo de motivo para não meconsiderar digno de beijar a bainhada saia dela. Então, certa
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madrugada, ela apareceu em minhacabana. Disse que ia morar comigo
e tratou de me convencer de queeu precisava muito dela. Não tiveforças para mandá-la para casa.
Angel riu baixinho. – Não consigo imaginar Miriamsendo tão ousada.
– Ela disse que aprendeu a secorajosa com você.
Na hora Paul não soube o que
Miriam queria dizer. Mas agorasabia. Angel amou Michael obastante para deixá-lo quando
achou que era melhor para ele
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Miriam foi procurá-lo pelo mesmomotivo. Se não tivesse feito isso
ele teria voltado para a busca doouro, para a bebida, os bordéis... provavelmente teria morrido por lá
de cara na lama. – Foi Miriam quem me pediu
para vir procurá-la, Amanda. Quero
evá-la para casa – Paul dissesinceramente.
Amanda. Ela ficou emocionada e
sorriu. Estava se livrando de maium fardo e era grata por isso, manão era fácil nem simples. Não
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conseguia aceitar. – Não posso voltar, Paul. Nunca
mais. – Por que não?O que mais ele precisava sabe
para entender e ficar do lado dela? – Tem muita coisa sobre mimque você não sabe.
– Então me conte.Ela mordeu o lábio. Quanto
bastaria?
– Fui vendida para a prostituiçãoquando tinha 8 anos – disse bemdevagar, olhando para o vazio. –
Nunca conheci nenhuma outra vida
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até Michael se casar comigo. nunca o entendi, não do jeito que
ele esperava que eu o entendesseNão posso mudar quem fui. Nãoposso desfazer o que aconteceu.
Paul chegou para frente. – É você que não está
entendendo, Amanda. Tem uma
coisa que eu não tinhacompreendido até agora, porqueera cabeça-dura demais, invejoso
orgulhoso... Michael escolheu vocêCom todo o seu passado, com todaas suas fraquezas, com tudo. Ele
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sabia desde o começo de onde vocvinha, e isso não fez diferença
nenhuma para ele. Ondemorávamos havia muitas mulhereque teriam agarrado a chance de se
casar com ele. Meninas virgensdoces, sensatas, de famíliatementes a Deus. Ele nunca se
apaixonou por nenhuma delasBastou olhar para você uma únicavez para ele ter certeza. Desde o
nício. Você e ninguém mais. Ele mecontou tudo isso, mas pensei queera só atração sexual. Agora se
que não era. Era outra coisa.
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– Um acidente louco... – Acho que ele sabia quanto
você precisava dele.Ela balançou a cabeça, não
queria ouvir aquilo, mas Pau
estava determinado. – Amanda, ele comprou a sua
alforria com o próprio suor e com o
próprio sangue, e você sabe dissoNão me diga que não pode voltapara ele.
O sofrimento era muito grandeporque ela ainda amava e precisavade Michael. Às vezes chegava a
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pensar que morreria se não ouvissea voz dele. Fechava os olhos, via o
rosto dele, seu modo de andar, oeito que sorria para ela. Ele aensinara a brincar, a cantar e a se
alegrar, coisas desconhecidas paraela até então. E a doçura daquelemomentos era torturante. A
separação, insuportável. Às vezes tentava não pensa
nele, porque a dor era grande
demais. Mas a necessidade deleestava sempre presente, aquelasede infinita e sofrida. Ele havia
aberto o coração para que Cristo
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entrasse na vida dela. Através deleCristo a preenchera plenamente
Michael sempre lhe dissera quetudo tinha a ver com Deus. Agoraela sabia que era verdade.
E saber que ele tinha sido aponte entre ela e o Salvador sófazia com que o desejasse ainda
mais.Não podia se permitir pensar em
tudo isso. Tinha de pensar no que
era bom para ele, não no que elaqueria. Agora tinha um propósito navida, e era gratificante. Não era
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mais perseguida por pesadelos nempela insegurança. Pelo menos até
agora. Tinha de contar toda averdade a Paul, para que ele aentendesse.
– Não posso dar filhos a elePaul. Nunca. Fizeram uma coisacomigo quando eu era muito jovem
para impedir que eu engravidasse.Ela teve de parar de falar e vira
o rosto antes de continuar.
– Michael quer filhos. Você sabedisso. É o sonho dele – ela o olhou– Entende agora por que não posso
voltar? Sei que ele me aceitaria de
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volta. Sei que ainda seria suamulher. Mas não seria justo, não
acha? Não para um homem comoele.
Ela fez força para controlar a
ágrimas, que surgiam com muitafrequência ultimamente. Nãocederia. Não podia ceder. Se não se
controlasse, choraria até se reduzia nada.
Paul não sabia o que dizer.
– Faça-me um favor – ela disse– Quando voltar, não diga a Miriamque esteve comigo. Diga-lhe
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qualquer coisa, que eu saí do paísque morri.
Ele se arrepiou quando ouviu apróprias ideias voltando paraassombrá-lo.
– Por favor, Paul. Se contar paraela, ela vai contar para Michael, eele vai achar que tem de vir para
me levar de volta novamente. Nãodeixe que ele descubra onde estou
– Não precisa temer por isso. Ele
disse para Miriam que dessa venão a arrastaria de volta. Disse quea decisão era sua, que você tinha
de voltar por conta própria, senão
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amais entenderia que é livre.Paul queria convencê-la de que
precisava voltar para casa. – Você contou para ele que não
pode ter filhos?
– Contei. – O que ele disse?Ela balançou a cabeça.
– Você conhece o Michael.De fato, ele conhecia. Paul ficou
de pé e apoiou as mãos na mesa.
– Ele se casou com vocêAmanda. Na alegria e na tristezapelo tempo em que viverem, e é
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esse o tempo que ele vai esperá-laaté mais do que isso, se o conheço
Se soubesse como ele estásofrendo... – Não faça isso.
– Você sabe como ele é. Algumavez ele desistiu de você? Ele nãovai desistir de esperá-la agora. Não
vai desistir nunca.Ela balançou a cabeça, abatida e
angustiada.
– Não posso voltar.Paul endireitou as costas. Não
sabia se tinha lhe dado algo para
pensar ou se aquilo a fizera sofre
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ainda mais. – Já lhe disse tudo o que podia
Agora cabe a você, Amanda. Manão demore muito para resolverEstou com saudade da minha
mulher.Ele escreveu o nome e o
endereço do hotel onde havia
passado a noite. – Pretendo sair amanhã às nove
horas. Avise-me o que decidir.
Pegou o saco de viagem e obotou no ombro.
– Afinal, o que é este lugar
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Uma pensão?Ela despertou do dilema que
enfrentava. – Mais ou menos. É um lar parprostitutas, mulheres como eu que
querem mudar de vida. Tivemomuita sorte. Alguns cidadãos riconos deram ajuda financeira.
O homem no banco, pensoPaul. Que Deus me perdoe! Comofui idiota!
– Foi você quem o fundou, nãofoi?
– Sim, mas tive muita ajuda no
caminho.
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– O que ensinam para elanaquela sala? – ele apontou para a
sala espaçosa no fim do corredor. – A ler, escrever, fazer contas,
cozinhar, costurar, administrar um
pequeno negócio... Quando estãopreparadas, encontramos empregopara elas. Estamos conseguindo
sso com a ajuda de várias igrejas.Padre Patrick ia sempre visitá-la
Alguns padres católicos eram muito
parecidos com Michael. Devotadoa Deus, humildes, pacientesamorosos.
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– Madalena é uma das coisas emque tenho de pensar, Paul
Precisam de mim aqui. – Por melhor que seja a causaagora é apenas uma desculpa
Passe o bastão para outra pessoaAquela senhora alta de olhosorridentes parece capaz de cuida
de tudo por aqui – ele foi para aporta. – Sua primeira obrigação écom Michael.
Ele já tinha dito tudo o quepodia.
– Espero-a amanhã, até o meio
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dia no máximo. Então voltarei paracasa.
Depois que Paul foi emboraAngel ficou muito tempo pensandoO sol se pôs e ela não acendeu o
ampião. Lembrou-se de quandoestava sentada na colina a doiquilômetros de casa e de Michae
dizendo: “Esta é a vida que querohe dar”. Ele tinha feito isso.
Como Michael poderia saber o
que tinha feito por ela? Comopoderia imaginar que ela tinha umavida nova porque ele havia lhe
mostrado como viver?
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Paul pensara que ela tinhavoltado para a prostituição. E se
Michael acreditasse na mesmacoisa? Ela não suportaria pensaque ele acreditava nisso. Tiraria o
sentido de tudo o que ele haviafeito por ela, e o sentido de tudoera aquele.
Meu Deus, será que cometi umerro? Devo voltar? Como possoencará-lo de novo, depois de todo
esse tempo? Como posso vê-lo e iembora outra vez? O que o Senhoquer que eu faça? Eu sei o que e
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quero. Oh, Deus! Como sei! Mas oque o Senhor quer que eu faça?
Cruzou os braços com as mãonos ombros e balançou para frentee para trás, mordendo os lábios e
combatendo a dor. Como posso nãoser grata a Michael? Algum dia erealmente lhe expliquei o que ele
fez por mim? O que lhe dei emtroca, além de sofrimento? Maagora ela tinha o que oferecer
inha enfrentado Duke. Tinhatrilhado o caminho que Michael lhehavia ensinado. Por causa dele, a
pessoas confiaram nela e a
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apoiaram na construção da Casa deMadalena. A vida estava sendo boa
com ela, e tudo por causa delepelo que tinha visto nele. “Procuree encontrará”, Michael lera certa
vez para ela, e foi isso o que elafez. Se descobrisse um modo de lhecontar, talvez Michael ficasse em
paz.Sarah, minha amada.Meu Deus, não lhe peço nada
além disso. Ela fechou os olhosNão lhe peço nada além disso.
As aulas haviam terminado
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quando ela saiu do escritório. Ameninas tinham acabado de janta
e estavam nos quartos. Angel subia escada. Viu a luz acesa por baixoda porta de Susanna e bateu.
– Pode entrar.Quando Angel entrou, Susannase levantou da cama e segurou a
mãos dela. – O que aconteceu? – perguntou
– Você está muito abatida
Sentimos sua falta no jantar. Quemera aquele homem?
– Um amigo. Susanna, quero
que você cuide da Casa de
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Madalena para mim. – Eu? – ela disse, espantada.
Susanna parecia muito inseguracomo Angel nunca a vira. Soltou amãos de Angel e recuou.
– Você não pode estar falandosério. Eu não poderia cuidar dissotudo sozinha!
– Estou falando sério sim, e vocêpode assumir tudo aqui.
Susanna era mais do que capa
de cuidar de tudo. Só que ainda nãosabia. Era capaz de caminhar sobreo fogo e sair ainda mais forte do
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que antes. Angel de repente tevecerteza disso.
– Mas por quê? Para onde vocêvai? – Para casa – disse Angel. – Vou
para casa.
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Vinde e retornemos ao Senhorporque ele é o que nos dividiu, ele nos curará
ele o que nos feriu, e o que no
unirá – O S E I A S 6 ,
aul!
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Miriam saiu correndo da cabana epulou no pescoço dele, chorando de
alegria. – Que saudade senti de você!E beijou-lhe cada parte do rosto
Ele deu risada, beijou-lhe a boca ese recompôs por dentro de novoEstava em casa! Toda a tensão das
últimas semanas, a culpa e oremorso dos meses anteriores seevaporaram. Ela o abraçou com
mais força e outras emoçõeafloraram no corpo dele. Ter Miriamnos braços de novo era realmente
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uma tentação.Quando se separaram, ela
estava muito corada e ofeganteNunca parecera tão linda. Ele aexaminou e viu que a gravide
estava começando a aparecer. – Nossa, a barriga cresceu –disse, afagando-a.
Ela riu e pôs a mão sobre a dele – Você a encontrou? – Em San Francisco.
O coração de Paul ficou aindamais leve com a expressão deMiriam.
Ela sorriu, cheia de ternura.
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– Estou vendo que tudo decerto.
Miriam sentiu-se aliviada e muitofeliz. A raiva dele estavacompletamente esquecida.
– Onde ela está? – perguntouespiando atrás dele.
– Ela quis parar um pouco no
caminho para cá. Acho que está sepreparando para uma provação. Madisse uma palavra nesses dois dia
de viagem. Ela está mudadaMiriam.
Miriam o fitou e sorriu.
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– Você também, meu amor. Fezas pazes consigo mesmo, não fez?
– Tive ajuda nessa caminhada.Então Miriam viu Amanda ecorreu pela estrada, com os braço
abertos para recebê-la. As duamulheres se abraçaramcarinhosamente e Paul sorriu
Quando Miriam a soltou, começou atagarelar alegremente, comágrimas escorrendo-lhe pelo rosto
Angel estava pálida e tensa, nemum pouco à vontade. Olhou para aterras de Michael e Paul entendeu
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por quê. Amanda tinha medo deencarar Michael depois de todo
aquele tempo.Senhor, faça tudo dar certo paraela e para Michael. Eu lhe peço. É o
meu pedido. – Vou pegar água para vocêtomar um banho – disse Miriam, de
braço dado com Amanda, indo paraperto de Paul. – Fiz pão hoje demanhã e a sopa está esquentando
Vocês devem estar morrendo defome depois da viagem.
– Não posso ficar, Miriam.
Miriam parou de andar.
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– Não pode? Por quê? – Tenho de encontrar Michael.
– Ora, é claro, mas podedescansar alguns minutos e seavar. Podemos conversar.
– Não posso – disse Angel. – Seesperar mais, sou capaz de desistir
Angel deu um sorriso sofrido.
Miriam examinou-lhe o rostoOlhou para Paul e de novo paraAngel. Deu-lhe um abraço
apertado. – Vamos com você.Ela pediu para Paul com o olhar.
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– Claro que vamos – eleconcordou prontamente, e Ange
assentiu.Chegada a hora, estavam todocom medo do que poderia
acontecer. Até que ponto Michaeera paciente? Pior ainda, será queficaria com raiva pelo fato de ele
nterferirem e resolverem as coisasem consultá-lo? Ou será queestavam cumprindo a vontade de
Deus o tempo todo?Quando finalmente avistaram a
casa de Michael, Angel parou.
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– Preciso seguir sozinha o restodo caminho – disse para os dois. –
Obrigada por virem até aqucomigo.Miriam já ia argumentar. Mas
quando olhou para Paul, elebalançou a cabeça. Amanda tinharazão.
Angel beijou Miriam e deu-lhum abraço.
– Obrigada por enviar Paul –
sussurrou.Os dois ficaram vendo Ange
caminhar sozinha.
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Paul pôs o braço nos ombros deMiriam e observou Amanda
Lembrou-se do jeito que Angesempre andava, de cabeça erguidae costas retas. Tinha pensado que
era arrogância, mas era orgulho, oorgulho que a manteve por tantotempo, o orgulho que os manteve
separados. Agora ela tinha umaaura serena, uma bela humildade.
– Ela está com medo – Pau
disse baixinho. – Ela sempre teve medo – disse
Miriam, apoiada nele. – Acha que
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fizemos a coisa certa, Paul? Talvezdevêssemos ter deixado que ela
voltasse por conta própria.Era a primeira vez que ele a viansegura.
– Ela não ia voltar. Já tinhadecidido. Pensava que você tinha secasado com ele.
– Porque ela disse para eu mecasar com ele. Disse que queria queu desse filhos a ele.
Miriam o olhou com os olhomarejados.
– Mas eu só queria os seus.
– Oh, meu amor – Pau
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exclamou e a abraçou. – Teremosde lembrar o tipo de homem que
Michael é. – Sim – ela afirmou, passando
he o braço na cintura. – Agora é
com eles, não é?Ele virou o rosto de Miriam e a
beijou com toda a saudade que
havia sentido naquelas semanaem que estiveram separados.
– Não sei o que faria sem você.
Ela levantou as mãos, puxou acabeça dele para baixo e retribuiu obeijo. Dessa vez com paixão.
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– Vamos para casa.
Angel avistou Michaetrabalhando no campo. Tinha
tantas emoções conflitantes quemal podia suportá-las. Insegurançaraiva de si mesma, orgulho e medo
odas as coisas que a fizeram fugitanto tempo atrás e outras que ampediram de procurá-lo antes. Não
podia permitir que a impedissemdessa vez.
Oh, Deus, dê-me força! Po
favor. Ande comigo. Ajude-me. Não
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sei se consigo enfrentar isso.Eu não lhe dei um coração
temeroso.Ela soube no momento em queMichael a viu. Ele levantou a cabeça
quando ela atravessava o pastoFicou imóvel, olhando para ela deonge.
Não devo chorar. Não devo.E continuou andando na direção
dele. Michael não se mexeu. Ela
sentiu uma pontada densegurança, mas se controlouQueria desfazer todas as barreira
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que a afastaram dele, todoaqueles meses de desafios, medo
e incertezas. Queria descartar aterríveis lembranças da infância e aculpa que havia assumido po
coisas que nunca tivera poder parampedir.Se as coisas tivessem sido
diferentes... Ela queria tãodesesperadamente ficar limpa paraele, nova. Queria agradá-lo
Dedicaria o resto da vida a isso, seele deixasse. Queria se desfazer dopassado. Ah, se pudesse ser Eva
novamente, uma nova criatura no
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paraíso. Antes da queda.Com as mãos trêmulas, desfez
se dos adornos do mundo. Deixocair o xale, tirou o casaco de lãDesabotoou os minúsculos botõe
da blusa, a despiu também e adeixou cair no caminho. Soltou asaia e a deixou deslizar até o chão
passando por cima dela.Sem titubear, foi andando para
ele.
Nunca dissera tudo que tinhapara dizer. Ele não sabia o quetinha feito com ela, para ela. Ele fo
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como o mar, às vezes tempestuosocom as ondas estourando contra
um penhasco. Outras vezes focomo uma lagoa, serena e calma. sempre como a maré, lavando a
praia, refazendo a costa.Senhor, não importa o que elefaça ou diga, preciso agradecer a
ele. Ele sempre foi seu servo bom efiel e eu nunca agradeci por issoNão o bastante. Oh, Deus, nunca
nunca o bastante!Tirou a bata, a combinação, o
colete do espartilho, o espartilho e
as ceroulas. Com cada peça que
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tirava e deixava cair, Angel jogavafora a raiva, o medo, sua cegueira
para a pluralidade de alegrias davida, o próprio orgulhodesesperado. Tinha um único e
permanente propósito. Mostrar paraMichael que o amava. Foi tirandouma por uma as camadas de
orgulho, até ficar reduzida à próprianudez. Por último descalçou osapato de couro e tirou os grampo
que prendiam o cabelo.Mais de perto, Angel viu o cabelo
grisalho nas têmporas de Michael e
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as novas rugas naquele rostoamado. Quando olhou nos olho
dele, tudo o que ela sentiatransbordou. Sempre conhecera aprópria dor, a própria solidão e as
próprias carências. Agora estavafrente a frente com as dele.Oh! O que lhe fizera ao nega
seu amor, ao lhe dar as costas?Quis ser Deus e fez o que achavaque era melhor para ele, mas com
sso o fez sofrer. Pensava que eleera forte demais para sofrer assimsábio demais para esperar. Só
agora via quanto seu próprio
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martírio tinha custado para ele.Todas as palavras que tinha
cuidadosamente ensaiadodesapareceram. Tantas palavraspara dizer uma coisa simples, vinda
á do fundo: Eu amo você e sintomuito. Angel não conseguia falarAs lágrimas que ficaram congelada
dentro de si a vida toda e seúltimo bastião desmoronaram e sedesmancharam numa enxurrada.
Angel chorou e caiu de joelhosLágrimas quentes caíram nas botadele. Ela as secou com o cabelo, se
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abaixou, com o coração partido, epôs as mãos em seus pés.
– Oh, Michael, Michael, sintomuito.Oh, meu Deus, perdoe-me!
Sentiu a mão dele na cabeça. – Meu amor – ele disse.Michael a segurou e a puxo
para cima. Angel não conseguiaolhar para o rosto dele e queriaesconder o seu. Ele tirou a camisa e
a pousou nos ombros delaLevantou-lhe o queixo, e ela nãoteve escolha senão olhar para o
olhos dele outra vez. Também
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estavam molhados como os delasó que cheios de luz.
– Esperava que você voltassepara casa um dia – ele disse esorriu.
– Tenho tanta coisa para lhedizer. Tanta coisa para lhe contar..
Ele passou os dedos em se
cabelo, inclinando a cabeça delapara trás.
– Temos o resto da vida para
sso.Então Angel soube que duvidara
que ele a perdoasse outra vez, ma
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ele já havia perdoado. Ela podiaviver a eternidade com ele sem
saber o que havia em seu âmagoOh, Senhor, obrigada, obrigada! entregou-se ao seu abraço, com a
mãos nas costas fortes, tão pertoquanto pôde, com um sentido degratidão tão poderoso que ma
conseguia suportar. Ele era calor,uz e vida. Ela queria ser carne dasua carne, sangue do seu sangue
Para sempre. Fechou os olhosnalou seu doce perfume e sentique estava em casa novamente.
Pensava que tinha sido salva
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pelo amor dele, e em parte isso eraverdade. Ele a tinha purificado
amais a culpando por nada. Masso fora apenas o começo. Era aretribuição desse amor que a havia
tirado da escuridão. O que possohe dar além disso? Eu lhe dariatudo.
– Amanda – disse Michaesegurando-a com ternura. –irzah...
Sarah, disse-lhe a voz, serena esuave, e ela entendeu qual era suamaior dádiva. Era ela. Angel se
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afastou de Michael e o olhou. – Sarah, Michael. Meu nome é
Sarah. Não sei o que mais. Só issoSarah.Michael se emocionou. Seu corpo
todo foi dominado pela alegria. Onome combinava muito com elaUma peregrina em terras estranhas
uma mulher estéril cheia dedúvidas. No entanto, a antiga Saratinha se tornado um símbolo de
confiança em Deus eprincipalmente a mãe de umanação. Sarah. Uma bênção. Sarah
Uma mulher estéril que concebe
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um filho. Sua linda e adoradaesposa que um dia lhe daria um
filho.É uma promessa, não é, Senhor
Michael sentiu o calor e a certeza
penetrar cada célula de seu corpo.Ele lhe estendeu a mão.
– Olá, Sarah.
Ela ficou confusa quando elepegou sua mão e a apertou, dandohe um largo sorriso.
– Muito prazer em conhecê-laFinalmente.
Ela riu.
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– Você é louco, Michael.Ele riu com ela, abraçou-a e
beijou-a. Sentiu seus braços quandela retribuiu o beijo. Tinha voltadopara casa para valer dessa vez
Nem mesmo a morte poderiasepará-los.
Pararam para respirar, Michael a
fez girar e a levantou sobre ele comalegria. Ela jogou a cabeça paratrás e abriu os braços para abraça
o céu, com lágrimas de alegria norosto.
Michael certa vez havia lido para
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ela que Deus expulsara o homem ea mulher do paraíso. Mas que
apesar de todas as fraquezas edefeitos humanos, ele tinha lhemostrado o caminho de volta.
Amem o Senhor seu Deus eamem-se uns aos outros. Amem-seuns aos outros como ele os ama
Amem com força, propósito epaixão, não importa o que surjacontra vocês. Não fraquejem
Enfrentem a escuridão e amemEsse é o caminho de volta para oÉden. Esse é o caminho de volta
para a vida.
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O choro pode durar uma noitepela manhã, porém, vem o cânticode júbilo
– S A L M O S 3 0 , 5
arah e Michael viverammuitos anos felize
untos. No sétimo aniversário de
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casamento, suas preces foramatendidas com o nascimento de um
filho, Stephen. Depois de Stephevieram Luke, Lydia e Esther. Miriame Paul também viveram felizes e
tiveram três filhos, Mark, David eNathan. As duas famílias prosperaram e
continuaram amigas a vida todaJuntos construíram uma igreja euma escola comunitárias e
receberam muitos outros colonono vale.
Susanna Axle ficou na Casa de
Madalena até morrer, em 1892
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Com a ajuda dela, dezenas deovens que viviam escravizada
pela prostituição cruzaram o limiade vidas melhores. Algumas fizerambons casamentos e se tornaram
pessoas importantes. A família de Sarah enriqueceu e
ficou famosa. Alguns se tornaram
médicos, embaixadoresmissionários e até um veteranomuito condecorado de San Jua
Hill, mas todos os anos ela voltavae passava uma semana na Casa deMadalena. Enquanto era
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fisicamente capaz, caminhava pelaBarbary Coast, o bairro da
prostituição, e descia até o caisconversando com as jovenprostitutas, animando-as a muda
de vida. Quando lhe perguntavam arazão daquilo, ela dizia: – Não quero me esquecer jamai
de onde vim e de tudo o que Deufez por mim.
Muitas vezes voltava do cai
para a Casa de Madalena de mãodadas com uma Angel.
Depois de sessenta e oito ano
de casamento, Michael descansou
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Sarah o seguiu um mês depoisSegundo o desejo deles, seu
túmulos deveriam ser marcados posimples cruzes de madeira. Masalguns dias depois do enterro de
Sarah, foi encontrado um epitáfioriscado na cruz:
Embora caídoDeus o ergueu
Um anjo.
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NOTA DE FRANCINE R
P O R Q U E E S C R E V I A M O R D
E R E D E N Ç Ã O
uitos cristãos renascidofalam de uma única
experiência de conversão quemudou sua vida para sempreSabem dizer o dia e a hora em que
tomaram a decisão de viver para oSenhor. Eu não posso fazer isso.
Fui criada num lar cristão
Frequentei a escola dominical e o
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acampamentos de férias da igrejaFiz parte de grupos de jovens
Quando preenchia formulários queperguntavam minha religiãomarcava o quadrado que dizia
protestante”. Mas, para mim, aconversão chegou lentamentecomo a mudança das estações, e
com um poder que ainda medeslumbra.
Não vou entrar em detalhe
sobre os erros que cometi. Bastadizer que carregava um peso e eracarente do espírito, assim como
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meu marido, Rick. Nós doicarregávamos fardos que seriam
suficientes para afundar nossocasamento se a vontade de Deunão fosse outra.
Escrever era minha fuga domundo e dos tempos difíceis. Erasempre a única parte da minha vid
sobre a qual eu acreditava(equivocadamente) que tinhacontrole total. Podia cria
personagens e histórias que meagradassem. Escrevi romances parao mercado secular e os lia
vorazmente.
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Rick disse certa vez: “Se tivessede escolher entre mim e as criança
e o que escreve, você escolheriaescrever”. Na época em que eledisse isso, infelizmente era
verdade. Muitas vezes emaginava que seria muito maifácil viver sozinha numa cabana
onge de todos, na companhiaexclusiva de uma máquina deescrever elétrica.
Em pouco tempo, Rick e eresolvemos que precisávamos fazealgumas mudanças em nossa vida
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Nunca fizemos nada pela metadede modo que vendemos nossa casa
doamos metade de nossa mobília enos mudamos para o norte, paraSonoma County, para começar um
novo negócio. Mas foram todamudanças externas, nenhumanterna, do coração. O negócio
prosperou, mas nossorelacionamento estava sedesintegrando.
Só que, mesmo nos momentomais difíceis, consigo olhar paratrás e ver que Deus demonstro
seu amor e sua preocupação
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conosco. Estava sempreestendendo os braços e no
dizendo: “Venham a mim”. Umamensagem como essa chegou poum menininho que morava na casa
ao lado. Chegamos com nossocaminhão de mudança e estávamoevando as caixas para a pequena
casa alugada em Sebastopoquando o pequeno Eric aparecepara nos receber e ajudar.
– Tenho uma superigreja paravocês! – ele disse.
Rick e eu reviramos os olhos e
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desejamos que ele fosse incomodaoutra pessoa.
Por mera curiosidade, algumasemanas depois, fui à igreja de EricAfinal, não tinha encontrado paz em
nenhuma outra coisa. Bem, o nossopequeno vizinho tinha razão! Ocalor humano e o amor que senti n
congregação me atraíram assimque passei pela porta. Ouvpregarem a palavra de Deus. Sent
a verdade e o amor de Deus emação à minha volta. Muitas igrejaparecem apenas museus de santo
de plástico, ou pregam satisfação e
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realizações do ponto de vista domundo, um “evangelho da
prosperidade”. Mas aquela igrejaera diferente. Era um hospital parapecadores arrependidos, e se
único mapa da vida era a Bíbliaque todos tinham e, o maisurpreendente, que todos liam! A
greja não tinha ligação comnenhuma organização. Eles sechamavam de cristãos e diziam que
viver de acordo com o exemplo doCristo é um processo de uma vidanteira.
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Comecei a levar as crianças paraa igreja comigo. Então Ric
começou a frequentá-la tambémNossa vida começou a mudar, nãopor fora, mas de dentro para fora
Fomos todos batizados por imersãonão só na água, mas com oEspírito. Não foi uma coisa que
aconteceu rapidamente, aindatemos nossos conflitos, mapertencemos a Deus, e ele no
molda e nos faz de acordo com suavontade.
Acredito que todos servimos a
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alguém nesta vida. Nos primeirotrinta e oito anos da minha, servi a
mim mesma. Minha conversão nãofoi uma experiência extremamenteemocional. Foi uma decisão
consciente e pensada que mudomeu objetivo, minha direção, mecoração, minha vida. Mas não quero
enganar ninguém. Não foi tudo pae luz depois disso. A primeira coisaque aconteceu foi que não consegu
mais escrever. Ah, eu tentei, masnão parecia certo. Escrevesimplesmente não funcionava mai
para mim. Perdi minha rota de
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fuga. Havia me entregado aoSenhor e ele tinha outros plano
para mim. Acabei aceitando quetalvez nem estivesse em seuplanos que eu viesse a escrever de
novo. E me rendi. Passei acompreender que ele queria que eo conhecesse primeiro. Ele não
queria outros deuses em minhavida. Nem minha família nem o queeu escrevia. Nada.
Fiquei sedenta da palavra deDeus. Lia página por página, decapa a capa, e de capa a capa, e de
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capa a capa novamente. Comecei arezar, a escutar e a aprender. A
palavra de Deus é como comida eágua limpa e clara. Preenchia ovazios dentro de mim. Eu me
renovava. Abria os olhos, oouvidos, a mente, o coração e meenchia de alegria.
Abrimos nossa casa para umestudo doméstico da Bíblia, e nossopastor iniciou o estudo do
Evangelhos. Depois estudamos omaterialismo, os profetas menorese acabamos chegando ao Livro de
Oseias. Aquela parte da palavra de
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Deus me afetou tão profundamenteque eu soube que aquela era a
história de amor que Deus queriaque eu escrevesse! A história deleuma história muito emocionante do
seu amor apaixonado por cada umde nós, incondicionamisericordioso, imutável, eterno
altruísta, o tipo de amor que amaioria das pessoas deseja a vidanteira e nunca encontra.
Escrever Amor de redenção fouma forma de devoção para mimCom esse livro, pude agradecer a
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Deus por me amar mesmo quandoeu me revoltava, desafiando e
desprezando o que eu pensava quesignificava ser cristão, com medode entregar meu coração. Quis se
meu próprio deus e controlar minhavida, como Eva no jardim do ÉdenAgora sei que ser amada por Cristo
é minha maior felicidade, minhamaior satisfação. Tudo em Amor deredenção foi uma dádiva do Senhor
a trama, os personagens, o temaNada disso é meu.
Há muitos que lutam para
sobreviver, muitos que foram
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usados e abusados em nome doamor, muitos sacrificados nos
altares do prazer e da “liberdade”Mas a liberdade que o mundo nooferece é falsa. Muitos despertaram
um dia e descobriram que sãoescravos, que não sabem comoescapar. Foi para pessoas como
essas que escrevi Amor deredenção – pessoas que lutamcomo eu fiz, para ser deuses de s
mesmas, para acabar descobrindono fim que estão perdidasdesesperadas e terrivelmente
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sozinhas. Quero levar a verdadeaos que estão presos às mentiras e
à escuridão, para dizer-lhes queDeus está aqui, que é real e que oama incondicionalmente.
Eu costumava acreditar que opropósito da vida é buscar afelicidade. Não acredito mais nisso
Creio que todos nós recebemodons de nosso Pai e que nossopropósito é oferecer a ele esse
dons. Ele sabe como quer que ousemos. Lutei muito para encontraa felicidade. Trabalhei muito para
obtê-la. Pelos padrões deste
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mundo, obtive sucesso. Mas tudosso era vaidade sem sentido. Agor
eu tenho a felicidade. Tenho tudo oque sempre quis ou sonhei: umamor tão precioso que não tenho
palavras para descrevê-lo. Nãoconsegui isso pelos meus próprioesforços. Com certeza não fiz nada
que valesse isso nem que emerecesse. Recebi-o como umadádiva gratuita de Deus, o Deu
eterno. É o mesmo dom que eleoferece a você, a cada minuto, acada hora, todos os dias de sua
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vida.Espero que esta história o ajude
a ver quem é Jesus e quanto ele oama. E que o Senhor o conduza atéele.
Escreva para Francine Rivers aos cuidadosde Multnomah Books
12265 Oracle Boulevard, Suite 200Colorado Springs, CO80921 EUA
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Esperamos que tenha gostado doromance de Francine Rivers, Amo
de redenção. Esta história anteporasobre o amor entre Deus e ahumanidade nos faz lembrar do
poço profundo que há em nós e quebrada para ser preenchido por umamor incondicional e redentor
Como sempre, Francine deseja quevocê, leitor, encontre as respostaspara as incríveis situações da vida
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na palavra de Deus, através de umrelacionamento pessoal com ele. O
guia de estudo a seguir se destina aabrir seu apetite e a estimulá-lo emsua jornada. Em cada aula há trê
seções:
• Discussão – a história e o
personagens• Descobertas – princípios e
caráter de Deus
• Decisões – reflexão sobre opersonagens e você
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Em Romanos 8,28, lemosSabemos que todas as coisa
cooperam para o bem daqueles queamam a Deus, daqueles que sãochamados segundo o se
propósito”. Angel acabouatendendo ao chamado de Deus emsua vida e descobriu o bem que ele
tinha lhe reservado. Sarah eMichael aprenderam a lidar comtudo o que a vida lhes dava pela
crença na fidelidade de Deus e emseu amor infalível. Que você atendaao chamado de Deus em sua vida e
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descubra a felicidade e a bondadeque ele tem para você. Que ele o
abençoe quando você buscar arespostas para a vida em seevangelho.
Peggy Lync
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R E J E I Ç Ã O
[Jesus] Era desprezado e rejeitadodos homens – homem de dores eexperimentado nos sofrimentos, ecomo um para quem os homensviravam o rosto, era desprezado, e
não fizemos dele caso algum. –
I S A
A S 5 3 , 3
DI S C U S S Ã O
1. Como Sarah/Angel foi rejeitadae traída? Quais foram sua
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primeiras experiências com Deue/ou com a Igreja?
2. Que experiência tinha Michaecom rejeição ou traiçãoCompare os exemplos de
Michael e de Angel noenfrentamento dessas situaçõede vida.
3. Quem mais na história sofrerejeição ou traição e como lidocom isso?
4. Com qual personagem você seidentifica mais? Por quê?
5. Descreva um momento em que
foi rejeitado ou traído. A quem
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recorreu? Por quê?
D E S C O B E R T A S
u viste quando os meus ossosestavam sendo feitos, quando euestava sendo formado na barriga dminha mãe, crescendo ali emsegredo, tu me viste antes de euter nascido. Os dias que me destepara viver foram todos escritos no
teu livro quando ainda nenhumdeles existia. Como são preciososos seus pensamentos sobre mim, ó
Deus! – S A L M O S 1 3 9 , 1 5 - 1 7
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1. Onde estava Deus quando vocênasceu? Como se sente com
isso? O que mais aprendeu sobreDeus nesses versículos?2. Como relaciona esses versículo
com Angel? Relacione-otambém com você.
D E C I S Õ E S
Sabemos que todas as coisascooperam para o bem daqueles queamam a Deus, daqueles que sãochamados segundo o seu propósito– R O M A N O S 8 , 2 8
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1. Quando Angel vivenciou rejeiçãoe traição, Deus a estava
chamando? Que bem ele estavaoperando na vida dela?
2. Quando você enfrentou rejeiçãoou traição, Deus o estavachamando? Que bem ele operoem sua vida em relação a essasituações?
R E S I G N A Ç Ã OOnde não há conselho, fracassam os
rojetos, mas com os muitos
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conselheiros, há bom êxito. – P R O V É R
B I O S 1 5 , 2 2
odos os caminhos do homem sãopuros aos seus olhos, mas o Senhoexamina seus motivos. – P R O V É R B I
O S 1 6 , 2
D I S C U S S Ã O
1. Qual cena você considera qudemonstra melhor como Ange
se resignou em não contar comninguém além de si mesmaQuais acontecimentos fizeram
com que ela agisse assim? Po
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que você acha que ela nuncaclamou por Deus?
2. Compare Michael com Angel emrelação à autoridade.
3. Descreva o relacionamento d
Miriam com Deus. Por que suaatitudes e crenças são tãodiferentes das de Angel?
4. A quem você recorre? Por quê?
D E S C O B E R T A S
Livrará [Deus] ao pobre que clamapor ajuda, também ao atribulado e
a todo aquele que não tiver quem o
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ajude. Terá compaixão daquele decondição humilde e do pobre, e
salvará as almas dos pobres.Resgatará sua alma da opressão eda violência e a vida deles será
preciosa aos seus olhos. – S A L M OS 7 2 , 1 2 - 1 4
1. O que você aprende sobre o
caráter de Deus nesseversículos?
2. Qual o seu papel quandovivencia a ajuda de Deus? O queo impede de pedir?
3. Discuta os personagens à lu
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desses versículos.
D E C I S Õ E S
Sabemos que todas as coisascooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que sãochamados segundo o seu propósito– R O M A N O S 8 , 2 8
1. De que forma Deus chamava Angel quando ela só contava
consigo mesma? Qual bem eleestava operando?
2. De que forma Deus o tem
chamado, independentemente
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de com quem você conta? Comoele está operando o bem para
você nesse processo?
R E S G A T E
Se ando em meio à tribulação, tume refazes a vida; estendes a mão
contra a ira dos meus inimigos; atua destra me salva. O que a mimme concerne o Senhor levará a bom
termo; a tua misericórdia, ó Senhordura para sempre; não desamparesas obras das tuas mãos. – S A L M
O S 1 3 8 , 7 - 8
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D I S C U S S Ã O
1. Quem ajudou Michael a escapado passado? De que formas elefoi resgatado?
2. Angel tenta inúmeras vezeescapar da situação em quevive. Descreva seus diversoplanos.
3. Compare Ezra, o escravo qu
ajudou Michael, com Duke, otraficante de escravas.4. Discuta o resgate de Angel da
mãos de Magowan, executado
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por Michael.5. Por que você acha que Ange
voltou para sua antiga vida?6. Do que, ou de quem, você estátentando escapar? Por quê?
7. O que faz com que você volteaos antigos hábitos?
D E S C O B E R T A S
Porque todo aquele que invocar onome do Senhor será salvo. Como,porém, invocarão aquele em quenão creram? E como crerão naquele
de quem nada ouviram? E como
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ouvirão se não há quem pregue?– R O M A N O S 1 0 , 1 3 - 1 4
1. Como você aplicaria esseversículos a Angel? De acordocom esses versículos, por que
Angel nunca clamou por DeusQuem era o responsável?
2. O que o impede de clamar po
Deus? O que pode fazer sobreisso agora?
D E C I S Õ E S
Sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que
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amam a Deus, daqueles que sãochamados segundo o seu propósito– R OMANOS 8,28
1. Faça uma lista de todas amaneiras como Deus chamo
Angel nesse momento da vidadela.
2. Você vê o bem que ele opera
em torno dela? Faça uma lista.3. E quanto a sua vida? Como Deu
o resgatou? De que forma ele ochamou e operou o bem atravédisso?
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R E D E N Ç Ã O
[Jesus] o qual se deu a si mesmopor nós, a fim de remir-nos de todaniquidade e purificar para simesmo um povo exclusivamenteseu, zeloso de boas obras. – T I T
O 2 , 1 4
D I S C U S S Ã O
1. Angel foi comprada e vendid
em diversas ocasiões. O que háde diferente quando Michael aredime? Discuta o papel da
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confiança (ou da falta deconfiança) em Angel.
2. Quando Michael e Angeajudaram a família Altman, oque ela aprendeu sobre ele
Sobre si mesma? Sobre Deus?3. Descreva as mudanças nos atoe no modo de pensar que
ocorreram depois de Angel seresgatada pela segunda vez poMichael. O que você acha que
provocou essas mudanças?4. Que problemas de confianç
você tem? Quem Deus pôs em
sua vida como exemplo
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positivos?
D E S C O B E R T A S
Porque pela graça sois salvos,mediante a fé; e isto não vem devós, é dom de Deus; não de obras,para que ninguém se vanglorie.Pois somos obras dele, criados emCristo Jesus para boas ações, asquais Deus de antemão preparou
para que andássemos nelas. – E F É O S 2 , 8 - 1 0
1. Faça uma lista de tudo o que
aprendeu sobre salvação nesse
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versículos.2. Qual é o papel de Deus? Qual
o seu papel?3. Aplique esta passagem a Angel.4. De que forma Deus está sempre
o recriando?
D E C I S Õ E S
Sabemos que todas as coisascooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que sãochamados segundo o seu propósito– R O M A N O S 8 , 2 8
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1. Como você vê o chamado deDeus na vida de Angel sob esse
ponto de vista? O queespecificamente ela descobresozinha?
2. Faça uma lista das coisas boaque acontecem na vida dela.
3. Quais descobertas específica
você fez sozinho em relação aochamado de Deus?
4. Faça uma lista das coisas boa
que acontecem em sua vida.
R E C O N C I L I A Ç Ã O
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Rogo-vos pois, irmãos, pelasmisericórdias de Deus, que
apresenteis os vossos corpos porsacrifício vivo, santo e agradável aDeus, que é o vosso culto racional.
E não vos conformeis com estemundo, mas transformai-vos pelarenovação da vossa mente, para
que experimenteis qual seja a boa,a agradável e a perfeita vontade deDeus. – R O M A N O S 1 2 , 1 - 2
D I S C U S S Ã O
1. O que fez Angel ir embora outr
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vez?2. Em que essa vez é diferente d
anterior?3. Por que teve de ser Paul aprocurar por Angel?
4. O que ele aprendeu sobre smesmo? De que forma isso oajudou?
5. O que Angel aprendeu com essaexperiência?
6. O que Michael estava
aprendendo nesse períododifícil?
7. Há alguém que precisa se
reconciliar com você? Ou você
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precisa se reconciliar comalguém, como fez Paul
Explique.
D E S C O B E R T A S
cima de tudo, porém, tende amor
ntenso uns para com os outros, porque
o amor cobre multidão de pecados.
– I P E D R O 4 , 8
Humilhai-vos portanto, sob apoderosa mão de Deus, para queele, em tempo oportuno, vos
exalte, lançando sobre ele toda a
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vossa ansiedade, porque ele temcuidado de vós. – I P E D R O 5 , 6 -7
1. O que cobre o pecado? Até quponto?
2. O que Deus faz com aqueles quese humilham diante dele? Poquê?
3. Como você aplicaria esseversículos aos personagens? Aquais deles? Por quê?
4. Como o orgulho o impede de tepaz e de ser capaz de perdoar?
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D E C I S Õ E S
Sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles queamam a Deus, daqueles que sãochamados segundo o seu
propósito. – R O M A N O S 8 , 2 8
1. Como o chamado de Deus afeta
a vida de Angel agora?2. Descreva o bem que agora flu
da vida dela.
3. O chamado de Deus tem efeitocompleto em sua vida? Por quesim, ou por que não?
4. Que bem você compartilha com
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os outros?
R E S T A U R A Ç Ã O