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    Eduardo Lopes BeerliOrientador: Prof. Dr. Paulo Cesar Silva

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOlASESCOLA DE VETERINARIAPROGRAMA DE POS-GRADUA

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    EDUARDO LOPES BEERLI

    ESTRATEGIA ALiMEN1ARE DENSI.DADE DE E.sTOCAGEM PARAACARA~D,ISCO (Symphysodon aequifasc;ata)

    Tese apresentada para obtencao dograu de Doutor em Ciencia Animaljunto a Escola de Veterlnaria daUniversidade Federal de Goias

    Area de concentracao:Producao Animal

    Orlentador:Prof. Dr. Paulo Cesar Silvaccrmte de onentacao:Prof. Dr. Gerson Fausto da SilvaProf. Dr. Marcos Barcellos Cafe

    GOIANIA2009

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    Dados Internacionais de Catalogacao-na-Publicacao (CIP)(GPTIBCIUFG)

    Beerll, Eduardo Lop" .B415" Estrategia alimental ' e densldade de estocagem pan acara-disco (Sympllysodon aequifasciata} [manuscritol zEduardo LopeBI't'I'U. - 2009.v 70 r. : II.Ortentador: PIof.Dr. Paulo Cf ar Silva.

    Te e (Doutorado) - niver Idade Federal de GOias, Escola de.Vt'tt'rinaria 2009.

    Bibliografia.

    1. Peixes Ornamentais - Oieta - Coracao de boi 2. PeixesOmamentais - Oieta - Ra~ao 3. Symphysodon aequifasciata4. Peixes - Nutri~ao I. Si lva, Paulo Cesar I I. UniversidadeFederal de Goias, Escola de Veterinaria. III. Titulo.

    CDU : 639.34

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    (O R IE N TADOR (A ))

    eDUARDO LOPES BEERLI

    Tese defendida e aproveoa em 2.9/0512009 pela Banca Examinadoraconstituida pe ros professores:

    Prof. Dr~arSilva

    Ora. Ke!niaFerreira Rcfclrigues- UFTfrO (memoria)

    Ora. Valeria Lea~ s~secretarja de Agriculturae Meio Ambiente. - Rio Verde/GO

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    Dedico,

    A minha loda rninha familia pelo apoioincondicional em todos as momentose pela paciencia nas horas dificeis.A torca recebida foi essencial para

    transformar esle sonho em realidade.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao MCT, CNPq e FINEP pelo suporte financeiro.A Universidade Federal do Tocantins, pelo apoio na construcao do

    laborat6rio de Piscicultura, onde os experimentos foram realizados.Ao Departamento de Zootecnia, por todos os auxilios prestados que

    auxiliaram na conclusao do trabalho.Em especial ao orientador Prof. Dr. Paulo Cesar Silva, pelos conselhos,

    pela oportunidade de trabalho conjunto e pela coragem de encarar mais estedesafio.

    Aos professores Dr. Gerson Fausto da Silva e Dr. Marcos Barcellos Cafe,pela co-orientacao.

    A minha esposa, pelo auxilio na execucao do experimento, masprincipalmente pela forca, tolerancia e apoio.

    A minha mae e irrnaos, que, apesar da distancia, estiveram sempre ao meulado.

    Aos alunos do curso de Zootecnia, Aline, Atila, Daniela e Dayanne, peloauxilio na execucao dos experimentos.

    Aos amigos que torceram por mim.E a toda turma do doutorado, pelos momentos divididos e amizade.

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    SUMARIO

    CAPiTULO 1 - CONSIDERACOES GERAIS .Referencias......................................................................................................... 5CAPiTULO 2 - UTILIZACAO DO CORACAO DE BOI COMO ESTIMULADORDE CONSUMO NA DIETA PARA ACARA-DISCO (Symphysodon 7aequifasciata) .

    Resumo 7Abstract............................................................................................................... 8lntroducao.... 9Material e metodos.............. 12Resultados e discussao., 18Conclus6es....................................................... 37Referencias. 38CAPiTULO 3 - EFEITO DA DENSIDADE DE ESTOCAGEM NODESEMPENHO, QUALIDADE DE AGUA E VIABILIDADE ECONOMICA DOACARA-DISCO (Symphysodon aequifasciata) 41Resumo 41Abstract........................ 42lntroducao.. 43Material e metodos............... 46Resultados e discussao.... 50Conclus6es....... 65Referencias......... 66CAPiTULO 4 - CONSIDERACOES FINAIS........................................................ 69

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    RESUMO GERALForam elaborados dois experimentos para obter dados zootecnicos que auxiliema producao comercial do acara-disco (Symphysodon aequifasciata), com osseguintes objetivos: a) verificar a eficacia da adicao de coracao de boi comoestimulador de consumo, sobre as variaveis de desempenho, sobrevivencia,consumo, qualidade de agua e desempenho economico; b) avaliar 0 efeito dadensidade de estocagem sobre 0 desempenho do acara-disco e obterlnformacoes economicas para determinar qual a melhor densidade para cultivodesta especie em aquatics. No primeiro experimento foram utilizados 12 aquarios,com 20 peixes, totalizando 240 acara-disco, divididos em quatro tratamentos etres repeticoes. Os tratamentos foram: T1- 100% racao (42%PB); T2- 75% racaoe 25% coracao de boi; T3- 50% racao e 50% coracao de boi e T4- 25% racao e75% coracao de boi. As dietas foram fornecidas aos peixes ate a saciedade, duasvezes por dia, nos horarios de 8:00h e 17:00h. Os tratamentos com 50% e 75%de coracao de boi proporcionaram crescimento e ganho de pesosignificativamente superior, entretanto a dieta com 50% de coracao de boi foi maiseconomica, sendo considerada a melhor. 0segundo experimento recebeu a dietacom 25% racao e 75% coracao de boi. As dietas foram fomecidas aos peixes atea saciedade, duas vezes por dia, nos horarios de 8:00h e 17:00h. Foram testadasdensidades de 8, 12, 16 e 20 peixes/aquario. Os resultados foram submetidos aanalises de reqressao e a densidade calculada que proporcionaria maiordesempenho seria de 17,5 peixes/aquario,

    Palavras-chaves: coracao de boi, custo de producao, dieta urnida, estimulador deconsumo, nutricao, peixes ornamentais

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    CAPiTULO 1 - CONSIDERACOES GERAIS

    o cultivo de peixes ornamentais e considerado um dos setores maislucrativos da piscicultura brasileira. 0 mercado cresce constantemente,favorecendo 0 desenvolvimento do setor. Nao apenas 0 mercado nacionalencontra-se em expansao. Nos uttirnos 10 anos, as exportacoes mundiais depeixes ornamentais tern aumentado em media 3,9% ao ana e entre 2002 e 2006 0crescimento das exportacoes foi de 11,6% ao ana (JUNIOR, 2001; RIBEIRO,2008).

    A expansao do mercado mundial de peixes ornamentais favorecesobremaneira a criacao do acara-disco (JUNIOR, 2003), devido ao aumento dademanda por esta especie, ja que e considerado um dos mais belos peixesornamentais de aqua doce. RIBEIRO et al. (2008) comentam que e provavel queas irnportacoes de peixes ornamentais de 2008 no Brasil ultrapassem US$120mil, sendo constituidas principalmente por especies marinhas, especies dulcicolasexoticas e novas variedades de acara-disco.

    Cingapura, um pequeno pais asiatico, e atualmente 0maior exportadorde peixes ornamentais e 0 Brasil aparece em 18 da lista (FISHSTAT PLUS,2008), exportando principalmente peixes capturados na natureza. Mais de 95%dos peixes exportados provem de extrativismo nos Estados do Para e Amazonas.

    Apesar de possuir enorme potencial para a piscicultura ornamental, 0Brasil baseia sua producao em especies de baixo valor comercial e utilizatecnicas simplificadas de criacao. A cadeia produtiva carece de orqanizacao eincentivos governamentais.

    Comparada ao potencial nacional, a producao e pequena e destinadapraticamente em sua totalidade para 0 mercado interno. RIBEIRO et al. (2008)relatam que 0 principal desafio nacional do ramo de peixes ornamentais eaumentar as exportacoes de especies produzidas pela aquicultura.

    A oferta de varias especies de peixes ornamentais, tanto no mercadointerno quanto no externo, e inferior a demanda (JUNIOR, 2002). Os aquaristasparecem estar sempre avidos por especies diferentes e variedades novas.o acara-disco (Symphysodon aequifasciata) atende as exiqencias domercado, mesmo sendo considerado um peixe de alto custo. 0preco dos peixes

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    com 4 a Scm, no atacado, varia de R$25,OO a mais de R$200,OO. Novasvariedades, que podem alcancar precos ainda maiores, sao produzidas comfrequencia. Pode-se contar aproximadamente uma centena de variedadesdiferentes, das mais diversas cores.

    Nao ha levantamento de dados ou estimativas sobre a quantidade deacara-disco produzidos ou comercializados no Brasil e no exterior.

    E uma especie estritamente nat iva da bacia amaz6nica, sendocapturada e comercializada para 0mercado interne e externo (CAMARA, 2004).Exemplares selvagens apresentam coloracao predominantemente marromamarelada, com manchas escuras e em algumas partes do corpo padroes rajadosde azul ou verde rnetalico, dependendo da populacao a qual pertencem.

    De acordo com JUNIOR (2003), fora do Brasil esta especie vem sendogeneticamente melhorada desde a decada de sessenta e foram obtidas dezenasde variedades com 0 corpo totalmente colorido, nas mais diversas tonalidades.Exemplares selvagens possuem preco relativamente baixo de mercado eprincipalmente as variedades mais coloridas sao utilizadas para producao emcativeiro.

    RIBEIRO & FERNANDES (2008) relatam que 0 valor comercial devariedades de peixes melhorados pode alcancar dez vezes 0 preco deexemplares selvagens. 0 Brasil importa estes acaras-disco produzidos noexterior, com alto valor agregado, e alguns criadores fazem sua reproducao emterrit6rio nacional.

    De maneira geral, sabe-se que a producao de acara-disco no Brasilesta muito atrasada em relacao aos principais paises produtores. 0 mercadocobra dos produtores nacionais exemplares melhorados ou que ostentemcaracteristicas especiais (LIMA, 2003; SOH, 2005).

    Os acaras-disco sao considerados de dificil producao, necessitando demanejo constante e instalacoes adequadas. Segundo JUNIOR (2003), estaespecie e recomendada para sistemas intensivos de producao. Raramente saocultivados em tanques escavados, ao contrario da maioria das outras especies depeixes ornamentais.

    RIBEIRO & FERNANDES (2008) mencionam que os acaras-disco saocultivados em sistema intensivo, dentro de galpoes, em aquarios de vidro. Este

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    sistema se justifica economicamente, diferentemente da piscicultura de peixespara consumo, pelo pequeno tamanho e alto valor comercial do produto.

    Devido a pequena area geralmente utilizada nas criacoes do acara-disco, e frequente que estas producoes sejam realizadas em ambiente urbano.Caracterizam-se pelo alto custo com instalacoes, geralmente com poco e bombade aqua que abastece os aquarios climatizados do galpao. 0manejo com trocasde agua, limpeza, alimentacao e manuseio dos peixes necessita de rnao-de-obraconstante.

    E considerada necessaria uma frequents troca de agua diaria paramanter os niveis de am6nia sempre baixos, caso contrario 0desenvolvimento dosacaras-disco seria prejudicado. Alern disso, e comum 0 aquecimento da aqua,pois esta especie desenvolve-se melhor em temperaturas mais altas, em torno de28 a 32C, conforme informacao dos produtores e 26C a 29C de acordo comJUNIOR (2003).

    Existem poucas intorrnacoes cientificas publicadas sobre esta especiee seu cultivo, dentre elas podemos citar CHONG et al. (2000); CHONG et al.(2002); CAMARA (2004); CHELLAPPA et al. (2005a e 2005b) e CHONG et al.(2005). Percebe-se, entao, que os produtores de acara-disco baseiam-se emexperiencia propria, obtida at raves de tentativas, ou adquirida com outroscriadores.

    Nutricionalmente, apenas CHONG et al. (2000), determinaram aexiqencia de proteina do acara-disco trabalhando com peixes de peso inicial de4,4g a 4,65g, testando niveis de proteina variando entre 35% e 55% com dietasisoenerqeticas, durante 12 semanas. 0 nivel exigido estaria entre de 44,9%-50,1% de PB.

    Existem livros publicados sobre producao de acara-disco,principalmente estrangeiros, e ha muita inforrnacao sobre 0 assunto disponivel naInternet, mas praticamente nao ha publicacao cientifica. Tal fato aumenta 0 riscoecon6mico da atividade para 0 produtor, devido a incerteza ou carencia deinformacoes precisas.

    o acara-disco pertence a familia Cichlidae, sendo encontradonaturalmente apenas na America do Sui (SOH, 2005). Possuem formato do corpoarredondado. Quando adultos, alcancarn 20cm de comprimento, mas atingem 0

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    tamanho comercial (de 4 a Scm) por volta dos quatro meses de idade. Possuemhabito alimentar carnivore, sem tendencia de ser ictiofaqo, alimentando-sepredominantemente na natureza de pequenos invertebrados, talvez devido aotamanho reduzido de sua boa.

    E oviparo, depositando seus ovos sobre uma superficie previamentelimpa pelos pais, que protegem a desova, as larvas e pes-larvas ate queconsigam viver por conta propria. Este cuidado parental e comum a todos osintegrantes da familia dos ciclideos.

    Um fato notavel e que as pes-larvas se alimentam do muco do corpodos pais, sendo esta sua primeira alimentacao e aos poucos, enquanto crescem,procuram pequenos organismos vivos na aqua. Em cativeiro, apes cerca de 30dias os alevinos sao retirados do contato com os pais, 0que estimularia uma novadesova do casal.

    A alimentacao e variada na producao do acara-disco. Como nao se teminforrnacao sobre suas exiqencias nutricionais, racoes com alto teor proteico saoutilizadas, sabendo-se que e um peixe carnivoro. Alern da ra~ao seca, saoutilizadas frequenternente racoes umidas, obtidas misturando-se algum produtode origem animal (coracao de boi, carne de peixe, rnexilhao, carnarao) e outrosingredientes diversos (vegetais batidos, corantes, complexos vitaminicos eminerais) com a racao seca. Quando disponivel os peixes recebem algumalimento vivo, como artemis, dafnia, enquiterias ou minhoca.

    AIE~mda questao nutricional, estudos sobre densidade de engorda saodecisivos para melhorar a viabilidade econ6mica de qualquer producao animal.Baixas densidades proporcionam menores lucros, sub-utilizando 0 espacodisponivel e densidades elevadas aumentam risco de doencas, mortalidade eprovocam menor crescimento devido a disputa por alimento, espaco e pelareducao da qualidade da agua.

    Com esse trabalho objetivou-se gerar informacoes que auxiliem naproducao do acara-disco, particularmente verificar 0 efeito da adicao do coracaode boi como estimulador de consumo e determinar a densidade de estocagempara cultivo em aquarios.

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    REFERENCIAS1. CAMARA, M. R Biologia reprodutiva do ciclideo neotropical ornamentalacara-dlsco, Symphysodon discus Hekel, 1840 (Osteichthyes: Perciformes :Cichlidae). Sao Carlos, SP, 2004. 147p.2. CHELLAPPA, S.; CAMARA, M.R; VERANI, J. R Ovarian Development In TheAmazonian RedDiscus, Symphysodon discus Heckel (Osteichthyes: Cichlidae).Brazilian Journal of Biology, v.65(4), p.609-616, 2005a.3. CHELLAPPA, S.; CAMARA, M. R' VERANI, J.R Testicular development in theAmazonian red discus, Symphysodon discus Heckel (Osteichthyes: Cichlidae).Brazil ian Journal of Biology, Sao Carlos I SP, 2005b.4. CHONG, A. S. C.; HASHIM, R; ALI, A. B. Dietary protein requirements fordiscus (Symphysodon spp.). Aquaculture Nutrition, Oxford, v. 6, p. 275-278,2000.5. CHONG, A.; HASHIM, R.; LEE, L . C.; ALI, A. B. Characterization of proteaseactivity in developing discus Symphysodon aequifasciata larva. AquacultureResearch. v.33, p. 663-672, 2002.6. CHONG, K.; YING, T. S.; FOO, J.; JIN, L . T.; CHONG, A. Characterisation ofproteins in epidermal mucus of discus fish (Symphysodon spp.) during parentalphase. Aquaculture, Amsterdam, v.249, p. 469-476, 2005.7. FISHSTAT PLUS. Universal software for fishery statistical time series.Version 2.3. FAO Fisheries Department, Fisheries information, Data and StatisticsUnit, 2008.8. JUNIOR, M. V. V. Agroneg6cio de peixes ornamentais no Brasil e no mundo.Revista Panorama da AqUicultura, Rio de Janeiro, v. 11, n. 65, p. 14-24, mai-jun. 2001.9. JUNIOR, M. V. V. As boas perspectivas para a piscicultura ornamental. RevistaPanorama da aqUicultura, Rio de Janeiro, v. 12, n. 71, p. 41-45, mai-jun. 2002.10. JUNIOR, M. V. V. Acara-disco - 0 rei dos aquarios. Revista Panorama daaqUicultura, Rio de Janeiro, v. 13, n. 80, p. 35-37, nov-dez. 2003.11. LIMA, A. L . Aquicultura Ornamental. Revista Panorama da aqUicultura, Riode Janeiro, v. 13, n. 78, p, 23-29, jul-ago. 2003.12. RIBEIRO, F. A. S.; Panorama mundial do Mercado de peixes ornamentais.Revista Panorama da aquicultura, Rio de Janeiro, v. 18, n. 108, p. 32-37, jul-ago. 2008.

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    13. RIBEIRO, F. A. S.; FERNANDES, J. B. K.; Sistemas de criacao de peixesornamentais. Revista Panorama da aqUicultura, Rio de Janeiro, v. 18, n. 109, p.34-39, set-out. 2008.14. RIBEIRO, F. A. S.; JUNIOR, J. R. C.; FERNANDES, J. B. K.; NAKAYAMA, L .;Cornercio brasileiro de peixes ornamentais. Revista Panorama da Aquicuttura,Rio de Janeiro, v. 18, n. 110, p. 54-59, nov-dez. 2008.15. SOH, A. Discus - The naked truth, Singapore: Agrotechnology Park, 2005.171p.

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    CAPiTULO 2 - UTILlZACAo DO CORACAo DE BOI COMO ESTIMULADOR DECONSUMO NA DIETA PARA ACARA-DISCO (Symphysodon aequifasciata)

    RESUMO

    Para verificar 0 efeito da adicao de coracao de boi como estimulador de consumopara acara-disco foram testadas quatro dietas, avaliando-se 0 crescimento, 0ganho de peso, a sobrevivencia, 0 consumo, a qualidade de agua e 0desempenho econornico. Foram utilizados 12 aquarios, divididos em quatrotratamentos e tres repeticoes. Os tratamentos foram: T1- 100% racao (42%PB);T2- 75% racao e 25% coracao de boi; T3- 50% racao e 50% coracao de boi e T4-25% ra~ao e 75% coracao de boi. As dietas foram fornecidas aos peixes ate asaciedade, 2x1dia, nos horarios de 8:00h e 17:00h. Apes cada alirnentacao, foitrocado 40% do volume de aqua. Cada aquar io continha 20 peixes, totalizando240 acaras-disco. Foram monitorados os seguintes parametres de qualidade deaqua: pH, oxiqenio dissolvido, temperatura e amenia. Nao houve efeito dostratamentos na sobrevivencia. 0 consumo de materia seca foi maior nostratamentos com 50% e 75% de coracao de boi, proporcionando crescimento eganho de peso significativamente superior, embora a dieta com 50% de coracaode boi foi mais economica, sendo considerada a melhor. A analise do fator relativode condicao (Kn) indicou uma melhoria da condicao corporal dos peixes deacordo com 0 aumento da quantidade de coracao de boi nas dietas testadas. Aanalise economics mostrou que 0 tratamento com 75% de coracao teve 0menorindice de custo, mas 0 tratamento com 50% de coracao obteve a maior receitaliquida parcial. Embora as dietas com coracao de boi turvassem a aqua, osparametros de qualidade de aqua analisados mantiveram-se dentro dos Iimitesadequados para os peixes. Conclui-se que 0 coracao de boi e um eficienteestimulador de consumo para 0acara-disco e que a utilizacao de 50% de coracaode boi com 50% de racao proporciona melhor desempenho e maior lucratividade.

    Palavras-chaves: coracao de boi, custo de producao, estimulador de consumo,nutricao, peixes ornamentais, racao urnida

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    USE OF BEEF HEART AS FEED ENHANCER IN DIETS FOR DISCUS FISH(Symphysodon aequffasciata)

    ABSTRACT

    Four diets were tested to verify the effect of beef heart as feed enhancer for discusfish, studding the growth, weight gain, survivor, consumption, water quality andeconomic performance variables. Is was utilized 12 aquariums, distributed in 4treatments and 3 replications. The treatments were: T1- 100% ration (42%PB); T2-75% ration and 25% beef heart; T3- 50% ration and 50% beef heart and T4- 25%ration and 75% beef heart. The diets were feed until fish's satiation, twice by day,at 8:00h and 17:00h. After each feed time, 40% of water was changed. Eachaquarium contained 20 fishes, totalizing 240 discus fishes. The following waterquality parameters were available: pH, dissolved oxygen, temperature andammonia. There wasn't effect of treatments on survivor. The dry matterconsumption was higher in 50% and 75% of beef heart diets, and better growthand weight gain were obtained, but 50% of beef heart were at a low price, andwere considered the best diet. The relative condition factor (Kn) analysis indicatebetter body condition of fishes according beef heart was higher in tested diets. Theeconomic performance shows that 75% of beef heart obtain lower cost index, but50% of beef heart obtain higher partial liquid income. However beef heart dietstum water cloudy, the analyzed water quality parameters keep suitable for fishes.The conclusion is that beef heart is efficient as feed enhancer for discus fish andthat 50% of beef heart with 50% of ration provide better performance and highereconomic gain.

    Keywords: beef heart, feed enhancer, nutrition, ornamental fish, production costs,wet diet

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    INTRODUCAo

    Estudos alimentares sao basicos para se desenvolver tecnologia para aproducao comercial de qualquer especie animal. Diversos autores pesquisaram aalirnentacao e a nutricao de peixes, podendo-se citar CHONG et al. (2000), KIM &LALL (2001), GONC;ALVES&CARNEIRO (2003), LEE et al. (2003), CHO et al.(2005) e WANG et al. (2006), dentre centenas de trabalhos publicadosanualmente sobre 0tema.

    Contudo, ha carencia de dados cientificos sobre alirnentacao e nutricaode peixes ornamentais e praticamente nao existe informacao cientifica sobrealirnentacao ou nutricao de acara-disco.

    A alirnentacao do acara-disco representa um problema peculiar. Osacaras-disco tern dificuldade de se adaptarem a novas dietas e facilmenterecusam a racao fornecida, principalmente durante os primeiros dias de oferta donovo alimento. Podem ate mesmo recusarem completamente, vindo morrer porinanlcao com a racao ao seu lado. Neste caso, a pesquisa de dietas maispalataveis se torna particularmente importante.

    Uma alternativa e a utilizacao de racoes pastosas, obtidas pela misturade racao com algum outro produto, geralmente de origem animal, como carne depeixe, coracao de boi ou frango, figado, rnexilhao, carnarao, dentre outros. 0coracao de boi parece ter preferencia pelos criadores de peixes ornamentais,possivelmente devido ao preco acessivel, facilidade de obtencao, poucaquantidade de fibra ap6s ser limpo e batido, excelente aceitacao pelos peixes epor proporcionar um bom desempenho.

    As racoes pastosas foram bastante usadas no treino alimentar depeixes carnivores na piscicultura para producao de peixes para consumo, onde sereduzia gradativamente 0 produto urnido de origem animal ate que 0 peixe sealimentasse apenas de racao, Nestes casos a dieta urnida e utilizada apenas porum curto periodo, para peixes carnivoros como trairao, surubim e pirarucu. Taistrabalhos foram realizados por diversos autores, dentre eles:LOVSHIN&RUSHING (1989), KUBITZA&CYRINO (1997), LUZ et al. (2001),LUZ&PORTELLA (2002), LUZ et al. (2002), LUZ et al. (2003), MOURA (1998),

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    ONO (1996), SALARO et at. (2003), nao havendo registro do uso continuo deracao umida para peixes para consumo.

    Algumas dificuldades foram observadas na utilizacao earmazenamento de racoes umidas, tornando esta pratica menos comum (CHO etat., 1983). Dentre elas, podemos citar: pouca estabilidade na agua, reducao daqualidade da aqua, ausencia de flutuabilidade, mao-de-obra constante paraelaboracao deste tipo de dieta e dificuldades no armazenamento de grandesquantidades do produto.

    Por sua vez, no cultivo de peixes ornamentais, tais problemas naorepresentam grandes entraves devido ao pequeno consumo diario de racao,principalmente para peixes produzidos em aquarios, caixas daqua e pequenostanques.

    Sendo assim, alern da racao extrusada utilizada como alimento, 0 usodo coracao de boi na alimentacao de peixes ornamentais e pratica comumquando nao se dispoe de outre alimento que possa melhorar a aceitacao pelospeixes. 0 coracao e fornecido em pedacos ou como base para racoes urnidas,tambem conhecidas como "pates". Nestas misturas normalmente adiciona-se umapequena quantidade de gelatina incolor para que 0 alimento pastoso tenha certaconsistencia, minimizando perdas por solubilidade na aqua.

    Alern de estimulador 0 consumo, outras opcoes para utilizacao destasmisturas e auxiliar 0 peixe a se alimentar durante 0 estado de doenca, no qualocorre reducao ou recusa completa do alimento, ou estresse, como por exemplo,reducao do tempo de inanicao ap6s 0 transporte.

    Uma importante constatacao e 0 custo reduzido das dietas urnidasobtidas com a mistura de racao para peixes para consumo e coracao de boi.Atualmente os acaras-disco geralmente sao cultivados com racao importada comcusto superior a R$200,OO0 quilograma (preco do varejo). Variedades de acaras-disco com tonalidades amarela, laranja ou vermelha s6 apresentam cor intensaquando consomem racao enriquecida com pigmentos, como e 0 caso das racoesimportadas, ricas em caroten6ides. Variedades azuis, como a "Turquesa", naonecessitam deste tipo de pigmento para intensificarem sua coloracao.

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    Deve-se ressaltar que peixes ornamentais sao vendidos de acordo comseu tamanho, portanto, na avaliacao dos resultados de desempenho a variavelcrescimento e economicamente mais importante do que 0ganho de peso.

    Com esse trabalho objetivou-se verificar 0efeito da adi~ao de coracaode boi como estimulador de consumo para acara-disco, determinando qual amelhor dieta constituida por niveis variados de racao e coracao de boi.

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    MATERIAL E METODOSo experimento foi conduzido no l.aboratorio de Piscicultura da Escola

    de Medicina Vetennaria e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins - UFT,Campus de Araguaina, com curacao de 31 dias e foi realizado no periodo de16/08/2008 a 16/09/2008.

    1cm1----1

    FIGURA 1 - Acara-disco da variedade 'Turquesa", utilizada no experimento.Foram utilizados exemplares da especie acara-disco (Symphysodon

    aequifasciata), variedade "Turquesa" (Figura 1), com comprimento total rnedio de5,47O,21cm e peso rnedio de 4,420,57g, sem distin~ao de sexo. Estes peixesforam produzidos no Sui do Brasil e adquiridos com um atacadista da cidade deSao Paulo, transportados atraves de aeronave e autornovel ate chegarem aolaboratorio.

    Apes 0 recebimento, actirnatacao e soltura dos peixes, eles foramsubmetidos a um periodo de sete dias de adaptacao. No inicio do experimento foirealizada uma biometria obtendo dados individuais de comprimento total inicial epeso inicial dos peixes.

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    Foram utilizados aquarios de vidro com capacidade para 80 litros, comaeracao suplementar e termostato para elevar a temperatura da aqua de 25,5Cpara 28,8C (Figuras 2 e 3).

    FIGURA 2 - Vista geral dos aquarios utilizados no experimento.

    FIGURA 3 - Aquario (parcela) utilizado no experimento. 1- Abastecimento deagua, 2- Nivel maximo da aqua, 3- Nivel de troca da aqua (40%), 4- Termostato,5- Aeracao suplementar e 6- Term6metro para controle.

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    A alirnentacao foi realizada duas vezes por dia, nos horarios de 8:00h e17:00h. Durante cada alirnentacao, a dieta foi oferecida uma vez em cada aquarioe ap6s este procedimento marcava-se um tempo de dez minutos. Durante estetempo, quando a racao fosse completamente consumida, mais alimento eraoferecido. Transcorrido 0periodo de dez minutos, esperava-se mais algum tempoate que 0alimento fosse consumido e realizava-se a troca parcial da aqua. Esteprocedimento foi adotado visando fornecer alimento ate a saciedade dos peixes.

    Para obter os dados de consumo de racao, 0 peso do alimentofornecido era obtido subtraindo-se 0peso inicial do peso final da dieta.

    Ap6s cada refeicao era eliminado 40% do volume da agua, total izandouma troca diana com sifonagem de 80% do volume.

    A aqua foi analisada em dias alternados, antes do fornecimento doalimento, pela rnanha e tarde. Os parametres de qualidade da agua avaliadosforam: pH, temperatura, oxiqenio dissolvido e amenia. Os tres primeirosparametres foram analisados com aparelhos eletronicos portateis utilizados empiscicultura e a amenia foi analisada por meio de um fotornetro.

    Foram utilizados 20 acaras-disco em cada aquario, totalizando 240animais, distribuidos aleatoriamente em um delineamento inteiramentecasualizado (Die), constitufdo de quatro tratamentos e tres repeticoes. Ostratamentos foram:

    Tratamento 1-100% racaoTratamento 2- 75% racao + 25% coracao de boiTratamento 3- 50% racao + 50% coracao de boiTratamento 4- 25% racao + 75% coracao de boi

    A racao utilizada no primeiro tratamento foi obtida moendo-se racaoextrusada para peixes com 42% de PB e peneirando-se para adequar os granulosao tamanho da boca dos peixes.

    Nos demais tratamentos utilizou-se racao extrusada para peixes com42% de proteina bruta, moida ate virar p6 e misturada com coracao de boi batido,obtendo-se racoes pastosas.

    Antes de bater no liquidificador, 0 coracao foi limpo retirando-seexcessos de gordura e ligamentos. Para bater 0 coracao de boi no liquidificadorfoi necessario acrescentar uma parte igual (em peso) de agua. A pasta obtida foi

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    peneirada e misturada na proporcao adequada com ra~ao em p6 para obter asdietas de cada tratamento. Foi necessario acrescentar 35% de aqua na misturautilizada no tratamento com 75% de racao.

    Para atuar como aglutinante em todos os tres tratamentos com dietaurnida foi acrescentado 5% de gelatina incolor, diluida em oito partes de aquamorna. 0 aspecto final das dietas esta mostrado na Figura 4.

    FIGURA 4 - Racoes utilizadas nos quatro tratamentos do experimento.

    As racoes pastosas foram armazenadas em congelador,descongelando-se e mantendo-se no refrigerador apenas a porcao a ser utilizadanos pr6ximos dois ou tres dias.

    A Tabela 1 apresenta a composicao da racao extrusada, com dados dofabricante.

    TABELA 1 - Cornposicao da ra~ao extrusada. Dados do fabricante.Componente %Umidade (max) 12Proteina bruta (min) 42Extrato etereo 9Fibra bruta (max) 4Minerais (max) 14Cacio (max) 3F6sforo (min) 1,5

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    FIGURA 5 - 8iometria dos acaras-disco. Medi~ao do comprimento total compaquimetro (A) e pesagem com balanca digital (8).Ao final do experimento os peixes foram pesados e medidos (Figura 5),

    anotando-se tarnbern a sobrevivencia em cada parcela. Antes de cada biometriaos peixes eram mantidos em jejum por 24h, para esvaziamento do tratodigest6rio.

    A taxa de ganho de peso especifico (TGPE) foi obtida pela f6rmula:TGPE = (Ln (PF) - Ln (PI) I T) x 100, onde PF = peso final (g); PI = peso inicial (g);T = curacao do experimento (dias). 0ganho de peso relativo (GPR) foi calculadopela f6rmula: GPR = PF - PI)/PI) x 100.

    Os dados obtidos foram submetidos a uma analise de variancia peloTeste T de Student, ao nivel de 5% de probabilidade, utilizando-se 0 programacomputacional SAS (1985). Atraves dos resultados de ganho de peso,crescimento e desempenho economico foi identificada a melhor dieta para 0acara-disco.

    Foi realizada analise de reqressao nos pares de dados de peso ecomprimento total obtido nas biometrias, obtendo-se uma curva de reqressao esua equacao. Todos os pontos acima da curva do grafico representaram peixesque estavam com peso acima do esperado e 0 inverso ocorreu com pontos queestavam abaixo da curva. Estas equacoes foram utilizadas para calcular 0 pesoesperado dos peixes em funcao do seu comprimento.

    Foi calculado 0 fator relativo de condicao (Kn), dividindo-se 0peso realpelo peso esperado do peixe. Desta forma, valores de Kn menores que 1

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    indicaram peixes com peso abaixo do esperado e valores maiores que 1indicarampesos acima do esperado.

    A analise econ6mica parcial foi realizada considerando-se despesas ereceitas com as dietas e os peixes, obtendo-se 0 custo operacional parcial e aincidencia de custos.

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    RESULTADOS E DISCUSSAO

    A Tabela 2 a seguir mostra a taxa de sobrevivencia obtida em cadatratamento.TABELA 2 - Taxas de sobrevivencia (%) dos acaras-disco, ap6s 31 dias deexperimento, submetidos a diferentes dietas.Tratamento Taxa de sobrevivencia

    100% racao 10025% coracao 98,350% coracao 98,375% coracao 100

    Apenas um peixe morreu em uma das parcelas dos tratamentos com25% e 50% de coracao de boi, resultando em uma taxa de sobrevivencia de98,3%. Portanto, as dietas testadas nao influenciaram a sobrevivencia do acara-disco. CHONG et al. (2000) tarnbern trabalharam com acara-disco durante umperiodo de 12 semanas e n80 observaram mortalidade.

    Embora as taxas de sobrevivencias obtidas neste trabalho fossemelevadas, em pesquisas com outras especies de peixes alimentados com dietascontendo coracao de boi, foi observada a influencia dos tratamentos nasobrevivencia. LUZ et a/. (2002), estudaram 0 condicionamento alimentar dealevinos do trairao, testando dois tratamentos (T1= racao seca e T2= racao +coracao de boi, sendo progressivamente substitufda por racao seca) e obtiveramsobrevivsncia final de 27,5% e 97,6%, respectivamente, evidenciando que 0condicionamento alimentar com racao umida e eficiente para alcancar melhorsobrevivencia.

    as dados obtidos na pesagem inicial e final dos peixes encontram-se naTabela 3, apresentada a seguir.

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    TABELA 3 - Peso inicial medio(g), peso final rnediotq), ganho de peso rnediofq),consumo de materia seca medio(g), taxa de ganho de peso especifico medio(%) eganho de peso relativo medio(%) dos acaras-disco, ap6s 31 dias de experimento,submetidos a diferentes dietas.Tratamento PI PF GP CMS TGPE GPR100% racao 4,510,58a 4,631,06b O,19c 11,09c 0,14c 4,34c25% coracao 4,60O,59a 5,801,80a 1,16b 44,26b O,73b 25,56b50% coracao 4,440,54a 6,401,60a 1,98a 54,58a 1,18a 44,57a75% coracao 4,150,49a 6,201,91a 2,05a 55,46a 1,29a 49,33a

    CV(%) 4,41 7,01 27,57 7,39 24,31 27,12Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente(p

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    Ganho de peso (g)2,5

    aa

    2 c--1,5 - '--

    ~1 - - ~0,5 - - c--n+-L-L-~~----~~--~~~100% 25% 50% 75%Ra~ao Cora~ao ccracso coracae

    TratamentosFIGURA 6 - Ganho de peso medic (g) dos acaras-disco, submetidos a diferentesdietas. Letras diferentes diferem significativamente entre si (p

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    o comprimento final foi maior nos tratamentos com 50% e 75% decoracao de boi, embora sejam estatisticamente iguais ao resultado obtido notratamento com 25% de coracao. Todos diferiram do tratamento com 100% deracao. o crescimento medic e a TCE tambern foram maiores nos tratamentoscom 50% e 75% de coracao, A taxa de crescimento especifico e 0 ganho decrescimento relativo foram calculados da mesma forma que a TGPE e 0GPE.

    CHONG et al. (2000) trabalharam com acara-disco com peso rnedioinicial de 4,48g a 4,65g, durante 12 semanas, testando niveis proteicos de 35%,40%, 45%, 50% e 55%PB e obtiveram valores de taxa de crescimento especificooscilando entre 1,36 e 1,83, enquanto que neste trabalho os valores oscilaramentre 0,12 e 0,46.

    Este menor desempenho pode ter diversas causas, dentre elas 0estresse para adaptacao as condicoes do experimento e ao alimento oferecido, 0que inciui adaptacao do perfil enzirnatico e das estruturas intestinais para suaabsorcao. Estes problemas provavelmente seriam reduzidos com um maiorperiodo de adaptacao.

    A Figura 7 mostra 0crescimento obtido em cada um dos tratamentos.Creseimento (em)1~----------------------~~AA0,5 + - - - - - - - - n B - . . . . - - - - ; 1---t --n IO+-~~-~L--~-L-~~~100% 25% 50% 75%Racao Coracao Coracao Coracao

    TratamentosFIGURA 7 - Crescimento (cm) dos acaras-disco, submetidos a diferentes dietas.Letras diferentes diferem significativamente entre si (p

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    desempenho de acordo com 0 aumento da quantidade de coracao de boi nadieta. Alern disso, de acordo com que se desenvolveram, os acaras-discoaumentaram mais seu peso do que seu comprimento.

    o melhor desempenho dos peixes dos tratamentos com 50% e 75% decoracao, tanto em ganho de peso quanto crescimento, foi devido ao aumento doconsumo proporcionado pela melhor palatabilidade do coracao de boi. Apesar dedesbalancear a racao produzida para peixes, a lnclusao do coracao de boi atuoucomo um forte estimulador de consumo, proporcionando um melhor desempenho.

    A seguir estao apresentadas as relacoes entre peso e comprimento,tanto inicial como final, para 0acara-disco obtidos neste trabalho (Tabela 5).TABELA 5 - Relacao entre peso e comprimento total inicial e final dos acaras-disco, submetidos a diferentes dietas.

    Tratamentos100% 25% 50% 75%racao coracao coracao coracao MediaPIC inicial 0,82 0,83 0,81 0,77 0,81PIC final O,81b o . s s e 1,03a 1,OOa 0,96Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente(p

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    maiores pesos, assim como femeas com ovaries em desenvolvimento,preparando-se para a reproducao,

    Os dados de peso e comprimento total obtido nas biometrias destetrabalho foram submetidos a uma analise de reqressao, obtido-se a curvaapresentada na Figura 8, com seu respective valor de R2.

    FIGURA 8 - Estimativa do peso esperado (y) para 0 acara-disco, em funcao doseu comprimento(cm), obtido dos 240 peixes no inicio do experimento e dos 238peixes que permaneceram ate 0 final, e equacao de reqressao.A equacao de reqressao foi utilizada para calcular 0 peso esperado de

    um peixe em funy c 3 0 do seu comprimento. Para cada especie, em cada fase doseu crescimento e em cada sistema de producao, pode-se obter uma equacao dereqressao como esta. Portanto, esta equacao s6 pode ser utilizada para acaras-disco criados nas mesmas condicoes deste experimento.

    Com a equacao mostrada na Figura 8, foi calculado 0 fator relativo decondicao (Kn) dos peixes de cada tratamento, mostrados na Tabela 6.

    12,0

    10.0

    8,00 6,0III41c, 4,0

    2,0

    0,00.0

    y = O,353x3 - 5,813xz + 33,98x - 65,52R 2 = 0,901

    5,0 6,0 7,0 8,0Comprimento (em)

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    TABELA 6 - Valores medics do fator de condicao relativo (Kn) para cadatratamento e quantidade de peixes com peso abaixo do esperado (kn

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    Apesar dos valores medics do Kn serem os mesmos nos tratamentoscom 25% e 75% de coracao, a quantidade de peixes com Kn~1 no tratamentocom inclusao de 75% de coracao de boi foi bem maior. Portanto, a media naoindica adequadamente a condicao corporal do lote de peixes, sendo maisadequada a utilizacao da quantidade de peixes com Kn acima ou abaixo de 1.

    Os resultados obtidos dos coeficientes de variacao do peso ecomprimento iniciais e finais dos acaras-disco estao apresentados na Tabela 7.

    TABELA 7 - Coeficiente de variacao das medidas de peso inicial (CVPI),comprimento inicial (CVCI), peso final (CVPF) e comprimento final (CVCF) dosacaras-disco, submetidos a diferentes dietas.

    Tratamentos CVPI(%) CVCI(%) CVPF(%) CVCF(%)100% racao 12,13a 3,74a 22,6a 6,84a25% coracao 11,57a 3,63a 31,3b 9,06b50% coracao 10,82a 3,69a 23,5a 7,41ab75% coracao 11,44a 3,52a 30,9b 9,26b

    CY(%) 4,68 2,61 14,78 13,87Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente(p

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    No inicio do experimento os peixes estavam uniformes, principalmenteem comprimento, 0que pode ser observado pelos pequenos valores do CV inicial.Contudo, provavelmente algum fator deve ter contribuido para que alguns acaras-disco praticamente nao consumissem 0 alimento e, portanto, nao sedesenvolvessem satisfatoriamente durante todo 0experimento.

    A reducao do consumo pode ter side causada pelo estresse dotransporte, pelas interacoes comportamentais (como dominancia, por exemplo) oupelas rnudancas do ambiente ou ainda na alimentacao que os peixes recebiamantes do experimento. Alern disso, segundo SOH (2005), os machos tendem acrescer mais que as femeas, indicando efeito do sexo como causador dedesuniformidade no crescimento do acara-disco. Tarnbern e provavel que variesfatores atuem em conjunto para causar crescimento heteroqeneo.

    E importante notar que os peixes tinham a mesma idade eapresentavam tamanhos e pesos semelhantes no inicio do experimento e ocorreuaumento da desuniformidade durante 0 experimento. A identificacao destesfatores que provocam reducao do consumo pode ser um importante tema paraestudos, pois a desuniformidade em lotes de peixes e indesejavel.

    a comportamento de recusa do alimento certamente contribuiu para 0aumento da desuniformidade do lote. CHONG et al. (2000) testaram niveisproteicos de 35%, 40%, 45%, 50% e 55%PB para 0 acara-disco durante 12semanas e obtiveram valores de CV para comprimento final entre 11,6% e 28,3%.Como a duracao do experimento foi diferente, nao se deve comparar os valoresde CV com 0do presente estudo.

    As Figuras 9 e 10, apresentadas a seguir, mostram a diferenca nadistribuicao das dietas e dos peixes no momenta da alimentacao.

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    FIGURA 9 - Oistribuicao uniforme dos peixes no momento da alirnentacao dotratamento com 100% de racao, com racao granulada.

    FIGURA 10 - Disputa pelo alimento nos tratamentos que receberam racao urnida.Notar peixes excluidos no momento da alirnentacao.

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    De acordo com a Tabela 7, nao ha uma relacao direta entre aquantidade de coracao de boi na dieta e 0 CV final, tanto de peso quanto decomprimento. 0 menor CV final, tanto em peso quanto em comprimento, foi obtidono primeiro tratamento. Possivelmente isso ocorreu devido ao fato de que a racaoseca se distribuiu melhor pelo aquario (Figuras 9 e 10), diminuindo a cornpeticaopelo alimento, aliado ao pequeno desempenho produzido no tratamento com100% de racao. Percebe-se que, alem do teor de agua nas dietas, a forma fisicatambern variou.

    Segundo BALDISSEROTTO (2002), mesmo quando 0 alimento efornecido em abundancia e de forma desigual pode ocorrer cornpeticao alimentar,o que gera a desuniformidade do lote de peixes.

    Os valores de CV mostrados na ultima linha da Tabela 7 indicam adesuniformidade entre os tratamentos. Tanto para peso quanto comprimento, osvalores do CV foram maiores no final, indicando que os tratamentos testadosprovocaram diferencas no desempenho. Tal fato pode ser verificado peladiferenya significativa encontrada entre os resultados de ganho de peso (Tabela3) e crescimento (Tabela 4).

    A Tabela 8 apresenta os resultados de consumo, conversao alimentare indices econ6micos para as dietas utilizadas em cada tratamento.

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    TABELA 8 - Consumo(g) e conversao alimentar em fun9ao da materia integral emateria seca, custo do quilo de cada dieta experimental(R$), custo da dietaconsumida em cada tratamento(R$), teor de materia seca(%), custo em fun9ao damateria seca de cada dieta(R$) e custo final da materia seca de cada dieta paracada guilo de acara-disco produzido(R$), submetidos a diferentes dietas.R~ R~ Cu~okg R$R kg CA MSI kgMI MS MS CMS (MS) peixeratamento Co CA(MI) 2,24 0,03 93,70 2,39 11,09c 2,84b 6,793,48 0,34 45,90 7,58 44,26b 1,93b 14,63

    3,15 3,79 0,47 43,71 8,67 54,58a 1,41ab 12,2375% coracao 193,9 4,73 4,11 0,80 28,60 14,37 55,46a 1,35a 19,40

    100%racso 11,8 3,114,165%coracao 96,4

    50%coracao 124,9

    Co = Consumo medic de cada aquario (materia integral) (g); CA(MI)= conversaoalimentar em tuncao da materia integral; R$I kg MI = Preco do quilo de cada dietaexperimental;R$R= Custo rnediodo alimentoconsumidodurante0 experimento;MS (%)= Teor de materia seca de cada dieta; R$/kg MS = Preco do quilo de materiaseca decada dieta; CMS = Consumo medic de cada aquario (materia seca) (g); CA(MS)=conversao alimentar em funcao da materia seca; Custo MSI kg peixe = custo final damateriasecade cadadieta para cadaquilo de acara-discoproduzido.Pre90da raCaoextrusada= R$1,84lkg;Precodo coracaode boi = R$4,OOlkgPrecoda gelatina= R$50,00/kgMediascom letras diferentes na mesmacolunadiferem significativamente(p

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    semelhantes com peixes para consumo tiverem 0mesmo resultado, a pisciculturapode estar produzindo peixes com menor desempenho do que poderia produzirse utilizasse uma dieta mais palatavel.

    A utilizacao em larga escala de dietas urnidas e dificil devido aproblemas como estabilidade na aqua, transporte, armazenamento efornecimento. Entretanto, possivelmente 0 desempenho dos peixes para consumopode ser melhorado caso forem estimulados a consumirem mais alimento.

    Estudos semelhantes a este sao necessaries para melhoresclarecimento do efeito dos estimuladores de consumo no desenvolvimento deoutras especies de peixes, tanto ornamentais como para consumo.

    A conversao alimentar em funcao do consumo de materia seca obtidano tratamento com 100% de racao foi a mais elevada (Tabela 8), caracterizandouma inadequacao da dieta as necessidades dos animais, aumentando 0 efeitopoluidor provocado pelos residuos eliminados pelos peixes e pelas sobras doalimento. 0 melhor valor da conversao alimentar foi obtido no tratamento com75% de coracao de boi.

    No cultivo de peixes ornamentais de alto valor comercial, como 0acara-disco, diferentemente do que ocorre com peixes para consumo, 0 custo doalimento e muito inferior ao valor do peixe. 0acara-disco foi adquirido a R$27,00a unidade (preco de atacado) e 0 consumo do tratamento com 100% de racao foide 11,8g de racao, 0que representa um custo de apenas R$0,03 durante todo 0periodo experimental. 0 tratamento com maior custo de alimento consumido foi 0tratamento com 75% de coracao de boi, que atingiu R$0,80.

    Nota-se que 0 raciocinio econ6mico utilizado para producao de peixespara consumo, onde 0 custo do alimento chega a 50-68% do custo de producao(KUBITZA et aI., 1999; BOZANO & CYRINO, 1999), nao se aplica ao cultivo depeixes ornamentais de alto valor comercial produzidos em aquarios.o custo das dietas tambern pode ser comparado em funcao do custopor quilo de materia seca (Tabela 8). 0 quilo da racao utilizada no tratamento com100% de racao custou R$2,39 e 0 quilo da dieta do tratamento com 75% decoracao custou R$14,37 0 que corresponde a uma diferenca de 6,01 vezes.Como 0 tratamento com 75% de coracao produziu uma conversao alimentarmelhor do que 0 tratamento com 100% de racao, somente pode-se comparar 0

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    custo dos tratamentos quanto se obtem 0 custo de materia seca por quilo depeixe produzido, 0que esta apresentado na ultima coluna da Tabela 9.

    Considerando apenas 0custo do alimento, em fun~ao da materia seca,a dieta do tratamento com 100% de racao foi 0alimento mais barato (R$6,79! kgpeixe) e 0 tratamento com 75% de coracao foi 0mais caro (R$19,40! kg peixe), 0que corresponde a uma diferenca de 2,86 vezes. Contudo, antes de decidireconomicamente qual a melhor dieta, deve-se considerar, alern do custo doalimento, 0custo do peixe.

    A Tabela 9 apresenta os dados medics por tratamento de consumo demateria seca, custo da racao consumida, preco de venda dos peixes, receitabruta, custo operacional parcial e incidencia de custos.

    TABELA 9 - Avaliacao econ6mica do cultivo de acara-disco em aquanos,submetido a diferentes dietas. Dados medics por tratamento para consumo demateria seca, custo da rayao consumida, preco de venda dos peixes, receitabrutal custo oQeracional Qarcial, receita Ifguida Qarciale incidencia de custos.RACAoCMS R$/kg CT PV RB COP RLP ICTratamento (kg} MS (R$} (R$} (R$} (R$} (R$} (R$}100% racao 0,0111 2,39 0,03 28,11 562,18 540,03 22,16 131,59

    25% coracao 0,0443 7,58 0,34 29,36 587,27 540,34 46,93 63,8350% co racao 0,0546 8,67 0,47 30,59 611,87 540,47 71,40 38,8575% coracao 0,0555 14,37 0,80 30,50 609,98 540,80 69,18 33,16

    Considerando20 peixes/aquarloemcada parcelaConsiderandoprecode comprae vendado ecara-olsco= R$4,94!cm(noatacado)CMS= Consumode materiasecaR$/kgMS= Precodo quilode materiasecaCT= Custototal damateriasecaconsumidaPV = Preco de venda dos peixesl unidade, considerando preco em fun~ao docomprimentofinal atingido,em cm.RB = ReceitaBruta= PVx 20COP = Custooperacionalparcial= CT + (precocomprax 20)RLP = Receita liquida parcial= RB- COPIC = lncidenciade custos= COP I (l:comprimentofinal- l:comprimento inicial)Nesta tabela esta mostrado 0 alto custo dos peixes (R$4,94/cm no

    atacado) em relacao ao custo do alimento. Mesmo 0 tratamento com maior custocom alirnentacao (tratamento com 75% de coracao), gastou apenas R$0,80 paraalimentar 20 peixes durante 0 perfodo experimental. Como 0 acara-disco e

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    vendido em fun~ao do tamanho, 0maior preco de venda de cada peixe foi obtidono tratamento com 50% de coracao (R$30,59).

    Comparando-se os tratamentos, a maior receita bruta foi conseguidano terceiro tratamento (R$611,87), assim como a maior receita liquida parcial(R$71,40), contudo, a menor incidencia de custo foi obtida no tratamento com75% de coracao (R$33,16/cm produzido). Portanto, economicamente, 0tratamento 3 foi 0que apresentou melhores resultados.o tratamento com 100% de ra{:ao produziu os menores peixes, commenor preco de venda, menor receita bruta, menor receita liquida parcial e maiorincidencia de custos, embora tenha 0 custo operacional parcial ligeiramentemenor que os demais tratamentos. Portanto, economicamente, este tratamentoobteve resultado inferior aos demais.

    Na Tabela 10 encontra-se 0 consumo de materia seca, 0 teor deumidade e energia das dietas utilizadas neste experimento, alern do teor deumidade e energia do coracao de boi e da gelatina.TABELA 10 - Consumo de materia seca, teor de umidade e energia das dietasexperimentais utilizadas para acara-disco, e teor de umidade e energia docoracao de boi e da gelatina.

    Tratamentos CMS (g) Umidade (%) E(kcallkg)100% racao 11,125% coracao 44,350% coracao 54,675% coracao 55,5Coracao (1)Gelatina

    6,3054,10

    467941514233505856,2971,40

    71,7314,00

    5938,004746,00

    CMS = Consumo de materia seca; E - Energia da materia seca.(1) Segundo Luz et al (2002).

    Deveria haver um aumento proporcional do teor de umidade nas dietas,ja que a quantidade de coracao de boi aumentava gradativamente. Ressalta-seque foi necessario acrescentar 35% de agua na dieta do tratamento com 25% decoracao para obter consistencia adequada. Como as analises de desempenho ecusto foram feitas em funyao do teor de materia seca, esta diferenya foi corrigida.

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    Apesar das dietas apresentarem teor de energia razoavelmenteproxirnos, variando entre 4151kcal/kg e 5058kcallkg, 0 consumo foi muitodiferente. A dieta com 100% de rayao continha 4679kcal/kg, proporcionando umconsumo de 11,19 de racao por aquario. Por outro lado, a dieta com 75% decoracao de boi possuia 5058kcallkg de energia, gerando um consumo de 55,5gde alimento.

    Segundo 0 National Research Council, NRC (1993), uma dieta comexcesso de energia pode reduzir 0 consumo de alimento e, portanto, a ingestaoda quantidade necessaria de proteina e outros nutrientes essenciais para 0crescimento maximo. De acordo com essa teoria, uma dieta com maior teor deenergia seria consumida em menor quantidade, 0 que nao ocorreu nesteexperimento. Possivelmente, 0efeito palatabilizante do coracao de boi e/ou a piorpalatabilidade da racao utilizada no primeiro tratamento foram as causas do maiorconsumo das dietas urnidas,

    Por outro lado, 0 tratamento com 75% de coracao, apesar deapresentar maior teor de coracao de boi que 0tratamento com 50% de coracao, 0aumento de consumo foi pequeno. 0elevado teor de umidade da dieta do ultimotratamento pode ter limitado 0 consumo. Neste caso, 0 peixe pode ter consumidoalimento ate atingir a capacidade maxima de inqestao, antes de satisfazer suasnecessidades nutricionais.

    Na Tabela 11 estao apresentados os parametros de qualidade de aquaanalisados, oxiqenio dissolvido, temperatura, pH e amenia total.

    TABELA 11 - Parametres de qualidade de agua analisados durante 0 periodoexperimental de 31 dias no cultivo de acara-disco, submetidos a diferentes dietas.Amenia Amenia Ameniototal (NH3) (NH4)pH (mg/L) (mg/L) (mgfL)020(mg/L)ratamento100%racao 9,461,42 28,871,33 6,85O,29 O,62O,17 0,003 0,617O,8HO,09 0,004 0,806O,86O,23 0,004 0,856

    25% coracao50% coracao

    9,O21,498,941,52

    28,851,38 6,83O,286,80O,268,B41,40

    75% coracao 8,911,58 28,901,34 6,83O,28 O,96O,23 0,005 0,959

    A partir do teor de amenia total, do pH e da temperatura foi calculado 0teor de amenia (NH3) e amenia (NH4).

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    As analises de qualidade de agua revelaram valores adequados deoxiqenio dissolvidos, com menor media de 8,911 ,58 (Tabela 11). Certamente atroca de aqua diaria de 80% do volume e a aeracao suplementar garantiramniveis adequados de oxiqenio mesmo nos tratamentos com dietas que continhamcoracao de boi, que turvaram bastante a aqua.

    Segundo BALDISSEROTTO (2002) niveis de oxiqenio dissolvido aoredor de 5-6mg/L sao requeridos para a maioria dos peixes. Quando 0 oxigenioesta abaixo de 3mg/L, a situacao e estressante para varias especies de peixes.

    A temperatura media foi de 28,8C. Durante 0 periodo de adaptacaodos peixes, observou-se um consideravel aumento no consumo de alimento ap6selevar de 25,5C (temperatura ambiente da aqua) para 28,8C a temperatura daaqua. Deve-se lembrar que peixes sao heteroterrnicos, e que, dentro da faixa deconforto terrnico, quanto maior a temperatura, mais acelerado estara 0metabolismo, aumentando 0consumo.

    Segundo JUNIOR (2003). esta especie necessita de uma temperaturade cultivo entre 26C e 29C. RIBEIRO & FERNANDES (2008) citam que 0 climaem Sao Paulo nao permite 0 cultivo desta e outras especies tropicais emambiente externo, necessitando de aquecimento.

    Por serem peixes amazonicos, os acaras-discos preferem pHlevemente acido. Neste trabalho 0 pH da agua manteve-se em torno de 6,8(Tabela 11). Segundo SOH (2005) em pH variando entre 6,0 e 8,0 0 acara-discose reproduz bem. BALDISSEROTTO (2002) confirma que peixes arnazonicos,que vivem em aguas naturalmente acidas, certamente apresentarao melhorcrescimento em aguas com valores menores de pH.

    A Figura 11 mostra a diferenca da turbidez na aqua entre os tratamentosque receberam racao seca e racao urnida.

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    FIGURA 11 - Diferenca da turbidez da agua entre um aquario do tratamento com100% de racao (A), que recebia rayao granulada e do tratamento com 75% decoracao de boi (B), que recebia racao urnida.Em todos os tratamentos que receberam dietas urnidas, a agua

    tornava-se bastante turva, pois ao se alimentarem os peixes despedacavarn 0alimento e muitas vezes expeliam 0 excesso arrancado em cada mordida (Figura11). Apesar disso, a amenia na sua forma toxica (NH3), sempre apresentouvalores baixos, devido ao pH (Tabela 11).

    A decornposicao de materia orqanica consome oxiqenio e liberacompostos toxicos nitrogenados. A grande quantidade de detritos de alimento queturvaram a agua provavelmente afetou 0desempenho dos peixes, provocando ummenor desempenho do que eles poderiam ter com aqua mais limpa. Apesar disso,o ganho de peso e crescimento foram maiores nos tratamentos com coracao deboi do que no tratamento que so recebia racao seca, conforme foi demonstradonas Tabelas 3 e 4.

    BALDISSEROnO (2002) apresenta uma tabela com valores do nivelmaximo de NH3 para algumas especies de peixes, encontrados por diversosautores, que variaram de 0,01 a 0,75mg/L. KUBITZA (1999) menciona que aexposicao continua ou frequente a concentracoes de amenia toxica acima de0,02mg/L pode causar intensa irritacao e inflarnacao nas branquias.

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    A Tabela 12 apresenta 0consumo de agua ao Iongo do experimento.

    TABELA 12 - Consumo de aqua para cultivo de acara-disco em aquario,submetidos a diferentes dietas. Volume (L)Volume util do aquarioGasto de agua diariol aquarioGasto total de agua! aquario/31 diasGasto total de aqua no experimento

    8064198423808

    Considerando que 0 volume util de cada aquario foi de 80L, e que atroca de aqua de 80% do volume correspondeu a 64L1dia, 0 gasto total de aquaem cada aquario durante 0 experimento foi de 1984L (Tabela 12). Como 0efluente eliminado diariamente neste sistema de producao e pequeno, devido aop eque no vo lum e do s aquario s, a agua po de ria se r utilizada p ara ir r igac;:ao o u outrofim, minimizando impactos ambientais.

    Os dados obtidos neste trabalho possibilitam 0 cultivo do acara-discocom uma dieta com custo mais elevado, contendo 50% de racao e 50% decoracao de boi, mas que proporciona melhores desempenhos, tornando-seeconomicamente mais rentavel. 0 preparo da dieta e facil e os excelentesresultados alcancados devem-se ao potente efeito estimulador de consumo docoracao de boi.

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    CONCLUSOES

    Diante do que foi testado neste trabalho, pode-se concluir que:- A racao para peixes com 42% de proteina nao tem boa aceitacao para 0acara-disco;- 0 coracao de boi estimula 0 consumo de materia seca pelo acara-disco;- A dieta com 50% de coracao de boi proporcionou melhor desempenho(crescimento e ganho de peso), maior consumo e proporcionou a maior receitaliquida parcial, sendo a mais indicada para 0acara-disco.

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    CAPiTULO 3 - EFEITO DA DENSIDADE DE ESTOCAGEM NO DESEMPENHO,QUALIDADE DEAGUA E VIABILIDADE ECONOMICA DOACARA-DISCO(Symphysodon aequifasciata)

    RESUMO

    Foram testadas quatro densidades de estocagem do acara-disco em aquarios: 8,12, 16 e 20 peixes/ aquario. A capacidade dos aquarios era de 80L de volume utiIe os peixes recebiam alimento duas vezes por dia ate a saciedade, as 8:00h e17:00h, com uma dieta composta de 75% de coracao de boi e 25% de racao com42% PB. Apes cada alirnentacao era trocado 40% do volume de aqua, visandomanter as melhores condicoes possiveis, totalizando 80% de troca diaria, Osaquarios tinham aeracao suplementar e termostato para manter a temperaturaadequada. Foram analisados em dias alternados 0 pH, oxiqenio dissolvido,temperatura e am6nia. 0 objetivo deste trabalho foi avaliar 0efeito da densidadede estocagem sobre 0 desenvolvimento e sobrevivencia do acara-disco e obterinforrnacoes econ6micas para determinar qual a melhor densidade para cultivodesta especie em aquarios. 0 teor de amenia aumentou de acordo com 0aumento da densidade, mas os niveis de todos os parametres de qualidade deaqua analisados permaneceram dentro da faixa adequada para os acaras-disco.A sobrevivencia nao foi afetada pela densidade de estocagem. 0 consumo dealimento por peixe reduziu de acordo com 0 aumento da densidade. Houvecrescimento bastante heteroqeneo em densidade de oito peixes por aquario,possivelmente devido a interacoes sociais. A analise de reqressao indicou adensidade de 17,5 peixes/aquario como aquela que proporciona maiorcrescimento total. A densidade de 19,8 peixes proporciona a maior receita liquidaparcial, sendo, portanto, mais lucrativa.

    Palavras-chaves: coracao de boi, custo de producao, densidade, nutricao, peixesornamentais, racao urnida

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    Effect of stocking density on development, water quality and economicviability of discus fish (Symphysodon aequifasciata)

    ABSTRACT

    It was tested four stoking densities for discus fish in aquariums: 8, 12, 16 and 20fish/aquarium. The useful aquarium capacity was 80L and fishes were feed twiceby day until satiation, at 8:00h and 17:00h, with a 75% beef heart and 25% rationdiet with 42% crude protein. After each feed time, 40% of water was changed toprovide better possible condition. It was used supplemental aeration andthermostat to keep adequate temperature. It was analyzed pH, dissolved oxygen,temperature and ammonia in alternate days. The aim of this study was evaluatethe effect of stocking density of discus fish development and survivor and obtaineconomic data to determinate the better culture density of this species inaquarium. The ammonia level grow up according density becomes higher, but allanalyzed water quality parameters keep adequate for discus fish. There wasn'teffect of stoking density on survivor. The feed consumption by each fish was loweraccording density grows up. There was high heterogenic development in eightfish/aquarium density, possibly due social interactions. The regression analysisshows that 17,5fishes/aquarium density provides higher total development. The19,8fish/aquarium density provides better partial liquid income, thus, providingbetter economic return.

    Keywords: beef heart, nutrition, ornamental fish, production costs, stockingdensity, wet diet

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    INTRODUCAo

    Estudos sobre densidade de estocagem sao basicos para sedesenvolver tecnologia para a producao comercial de qualquer especie animal.Diversos autores realizaram trabalhos visando determinar a melhor densidade decultivo para peixes, podendo-se citar CAMPAGNOLO & NUNER (2006);ROWLAND et al. (2006); CHAKRABORTY & MIRZA (2007); e MERINO et al.(2007).

    Contudo, ha uma grande carencia de publicacao cientifica sobredensidades de estocagem para peixes ornamentais.

    o termo densidade de estocagem refere-se a quantidade de peixesque e colocada dentro de um determinado volume de agua e afeta tanto 0meioambiente quanto 0 metabolismo dos peixes, resultando em diversas respostasmetab61icasque influenciam 0desempenho dos animais.

    Muitos esforcos em pesquisa tern sido realizados para avaliar 0 efeitoda densidade de estocagem sobre 0 crescimento, sobrevivencia, inqestao dealimentos, alteracoes hormonais e 0 efeito do estresse no comportamento,metabolismo e nos aspectos imunol6gicos.

    Sabe-se que a densidade de estocagem varia de acordo com diversosfatores, tais como especie, idade, manejo, sistema de cultivo, condicoesambientais, alirnentacao e nutricao.

    Um conceito err6neo e atribuir a densidade de estocagem uma relacaoapenas com 0nurnero de animais por unidade de area ou volume. Quanto maioro peixe, maiores serao suas necessidades e mais metab61itos serao produzidos.Neste caso, 0ambiente suportara menor numero de individuos.

    A densidade esta, na realidade, relacionada com a biomassa que 0ambiente suporta, desta forma, 0efeito do aumento da densidade de estocagempode ser observado tanto quando ocorre aumento do numero de animais ouquando os animais crescem.

    Na producao animal e comum a utilizacao de densidades elevadas decultivo, pois os produtores desejam aumentar sua producao, econseqUentemente, seus lucros. Com 0 aumento da populacao dentro de umsistema produtivo, agravam-se os efeitos do estresse nos animais. Altas

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    densidades de estocagem em aqUicultura sao consideradas estressores cr6nicos(BARTON & IWAMA, 1991; WEDEMEYER, 1997).

    Em densidades elevadas alguns problemas sao comuns: aumento daincidencia de doencas, reducao do crescimento, reducao dos indices reprodutivose aumento da taxa de mortalidade, podendo ser facilmente observados empisciculturas comerciais que utilizam sistemas mais intensivos de producao.

    Apesar destes problemas causados quando a criacao de peixes erealizada em altas densidades, existem grandes vantagens na sua utitizacao, taiscomo a reducao do custo de producao, a menor utilizacao de area e 0 aumentoda produtividade. Tais caracteristicas sao os principais motivos da busca pelaintensificacao da producao animal.

    Portanto, peixes em densidades mais elevadas tendem a apresentarempiores desempenhos do que peixes em densidades menores. Por outro lado,baixas densidades de estocagem proporcionam menores lucros para 0 produtor,devido a sub-utitizacao do espaco disponivel.

    A determinacao da melhor densidade depende do interesse nomomento da decisao. Quando se visa 0 desempenho, 0 importante sao peixesgrandes ou pesados, e decide-se pela maior densidade que proporcione pesofinal ou comprimento final rnaximos nas condicoes do experimento.

    Por outro lado, quando 0 interesse e econornico, 0 importante e aproducao total, e opta-se pelo tratamento que proporcione maximo ganho de pesoou crescimento total (sornatoria de todos os ganhos de comprimento) do lote depeixes, mesmo que este nao produza os peixes maiores ou mais pesados. Comoem peixes ornamentais, economicamente, 0 comprimento e mais importante queo peso dos peixes, 0crescimento total e utilizado como pararnetro de decisao.

    Com a analise de reqressao e possivel estimar a densidade otirna,mesmo que esta nao tenha side utilizada com uma das densidades testadas noexperimento. Para encontra-la devem-se testar densidades inferiores e superioresa densidade otirna, caso contrario 0 ponto de maximo nao poderia ser encontradoatraves da equacao de reqressao, pois a densidade otima nao foi atingida. 0planejamento do experimento deve ser criterioso para testar densidadesadequadas.

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    Com esse trabalho objetivou-se avaliar 0 efaito da densidade deestocagem sobre 0 desempenho e sobrevivencia do acara-oisco e obterintormacoes econ6micas para determinar qual a melhor densidade para cultivodesta especie emaquarios..

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    MATERIAL E METODOS

    o presente estudo foi conduzido no Laboratorio de Piscicultura daEscola de Medicina Veterinaria e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins- UFT, Campus de Araguaina. 0 experimento teve duracao de SOdias, no periodode 20109/2008 a 8/1112008.

    Foram utilizados exemplares da especie acara-disco (Symphysodonaequifasciata), variedade "Turquesa", com comprimento inicial medic de6,18O,39cm e peso inicial medic de 6,101,19g, sem distincao de sexo. Estespeixes foram produzidos no Sui do Brasil e adquiridos com um atacadista dacidade de Sao Paulo, transportados atraves de aeronave e autornovel atechegarem ao laboratorio.

    Apes 0primeiro experimento os peixes foram submetidos a um periodode adaptacao de 10 dias. No inicio do segundo experimento foi realizada umabiometria obtendo dados individuais de comprimento total inicial e peso inicial dospeixes.

    Foram utilizados aquarios de vidro com capacidade para 80 litros, comaeracao suplementar e termostato para elevar a temperatura da aqua de 2S,SoCpara 29,SoC.

    A alirnentacao foi realizada duas vezes por dia, nos horarios de 8:00h e17:00h. Durante cada alirnentacao, a dieta foi oferecida uma vez em cada aquarioe apes este procedimento marcava-se um tempo de dez minutos. Durante estetempo, quando a racao fosse completamente consumida, mais alimento eraoferecido. Transcorrido 0periodo de dez minutos, esperava-se mais algum tempoate que 0 alimento fosse consumido e realizava-se a troca parcial da aqua. Esteprocedimento foi adotado visando fornecer alimento ate a saciedade dos peixes.

    Para obter os dados de consumo de racao, 0 peso do alimentofornecido era obtido subtraindo-se 0 peso inicial do peso final da dieta.

    Apes cada refeicao era eliminado 40% do volume da agua, totalizandouma troea diaria com sifonagem de 80% do volume.

    A agua foi analisada em dias alternados, antes do fornecimento doalimento, pela rnanha e tarde. Os parametres de qualidade da aqua avaliadosforam: pH, temperatura, oxiqenio dissolvido e amenia. Os tres primeiros

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    parametros foram analisados com aparelhos eletronicos portateis utilizados empiscicultura e a amenia foi analisada por meio de um fotornetro.

    Foram utilizados 168 acaras-disco, distribuidos aleatoriamente em umdelineamento inteiramente casualizado (Die), constituido de quatro tratamentos etres repeticoes. Os tratamentos foram os seguintes:

    Tratamento 1- 1peixe/1OL (8 peixes/aquario)Tratamento 2- 1peixe/6,7L (12 peixes/aquario)Tratamento 3- 1peixe/5L (16 peixes/aquario)Tratamento 4- 1peixe/4L (20 peixes/aquario)

    Os peixes receberam como alimento uma dieta composta por 25% deracao com 75% de coracao de boi. A dieta foi elaborada misturando-se racaoextrusada para peixes com 42% de proteina bruta, rnoida ate virar po, comcoracao de boi batido, obtendo-se um alimento pastoso.

    Antes de bater no liquidificador. 0 coracao foi limpo retirando-seexcessos de gordura e ligamentos. Para bater 0 coracao de boi no liquidificadorfoi necessario acrescentar uma parte igual (em peso) de agua. A pasta obtida foipeneirada e misturada na proporcao adequada com racao em po para obter asdietas de cada tratamento. Foi necessario acrescentar 35% de agua na misturautilizada no tratamento com 75% de racao.

    Para atuar como aglutinante em todos os tres tratamentos com dietaurnida foi acrescentado 5% de gelatina incolor, diluida em oito partes de aquamorna. 0aspecto final da dieta esta mostrado na Figura 1.

    FIGURA 1 - Aspecto final da dieta utilizada no experimento.

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    A dieta foi armazenada em congelador, descongelando-se e mantendo-se no refrigerador apenas a porcao a ser utilizada nos pr6ximos dois ou tres dias.

    A Tabela 1 apresenta a composicao da racao extrusada, com dados dofabricante.

    TABELA 1 - Composicao da racao extrusada. Oados do fabricante.Com~onente %Umidade (max) 12Proteina bruta (min) 42Extrato etereo 9Fibra bruta (max) 4Minerais (max) 14Cacio (max) 3Fosforo (min) 1,5

    Ao final do experimento os peixes foram pesados e medidos, anotando-se tarnbern a sobrevivencia em cada parcela. Antes de cada biometria os peixeseram mantidos em jejum por 24h, para esvaziamento do trato diqestorio.

    A taxa de ganho de peso especifico (TGPE) foi obtida pela formula:TGPE = (Ln (PF) - Ln (PI) I T) x 100, onde PF = peso final (g); PI = peso inicial (g);T = duracao do experimento (dias). 0ganho de peso relativo (GPR) foi calculadopela formula: GPR = PF - PI)/PI) x 100.

    Os dados obtidos foram submetidos a uma analise de variancia peloTeste T de Student, ao nivel de 5% de probabilidade, utilizando-se 0 programacomputacional SAS (1985). Alern disso, foram realizadas analises de reqressaopara 0 ganho de peso total (peso final total - peso inicial total) e crescimento total(comprimento final total - comprimento inicial total) obtidos em cada densidade,gerando curvas de reqressao e suas respectivas equacoes. Oerivando-se aequacao de reqressao e igualando 0 resultado a zero, obteve-se 0 ponto demaximo valor do grafico, que corresponde a melhor densidade.

    Foi tarnbern realizada analise de reqressao nos pares de dados depeso e comprimento total obtido nas biometrias, obtendo-se uma curva dereqressao e sua equacao. Todos os pontos acima da curva do graficorepresentaram peixes que estavam com peso acima do esperado e 0 inverso

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    ocorreu com pontos que estavam abaixo da curva. Estas equacoes foramutilizadas para calcular 0 peso esperado dos peixes em funcao do seucomprimento.

    Foi calculado0 fator relativo de condicao (Kn), dividindo-se0peso realpelo peso esperado do peixe. Desta forma, valores de Kn menores que 1indicaram peixes com peso abaixo do esperado e valores maiores queindicarampesos acima do esperado.

    A analise econ6mica parcial foi realizada considerando-se despesas ereceitas com as dietas e os peixes, obtendo-se 0 custo operacional parcial e aincidencia de custos.

    A receita liquida parcial obtida nas parcelas de cada tratamento foramsubmetidas a analise de reqressao e, atraves de sua equacao, foi identificada adensidade que proporcionamaior lucratividade.

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    RESULTADOS E DtSCUSSAO

    A Tabela 2 a seguir apresenta a taxa de sobrevivencia obtida em cadatratamento.TABELA 2 - Taxa de sobrevivencia dos acaras-disco, ap6s 50 dias deexperimento, submetidos a diferentes densidades.

    Tratamento N t N.F Sobrevivencia (%)8 peixes/aquario 24 24 100,012 peixes/aquario 36 36 100,016 peixes/aquario 48 47 97,920 peixes/aquario 60 53 88,3

    NI = numero inicial de peixes e NF = numero final de peixesA taxa de sobrevivencia foi de 100% no primeiro e segundo

    tratamentos. No tratamento com 16 peixes/aquario apenas houve mortalidade deum peixe em uma das parcelas, e no quarto tratamento ocorreu mortalidade desete peixes, resultando em uma taxa de sobrevivencia de 97,9% e 88,3%respectivamente. Ocorreram problemas com 0 compressor de ar e a mortalidadenao pode ser atribuida ao efeito do tratamento.

    Nos sistemas intensivos de producao de peixes, os principais fatoresdeterminantes da taxa de sobrevivencia sao: densidade de estocagem, qualidadeda agua, estado nutricional, enfermidades e ataques de predadores (SIPAUBA-TAVARES, 1995). Portanto, era de se esperar um efeito da densidade sobre etaxa de sobrevivencia dos acaras-disco, 0que nao ocorreu.

    CHAPMAN (2000) cita que, de maneira geral, em sistemas intensivosde cultivo de peixes ornamentais a sobrevivencia minima e de 85%.

    A Tabela 3 apresenta os dados referentes ao peso inicial e final dosacaras-discos, submetidos a diferentes densidades.

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    TABELA 3 - Peso inicial medio(g), peso final rnediotq), ganho de peso mediotq),taxa de ganho de peso especifico media(%) e ganho de peso relativo medio(%)dos acaras-disco, ap6s 50 dias de experimento, submetidos a diferentesdensidades.Tratamento PI(g) PF(g) GP(g) TGPE(%) GPR(%)8 peixes/aquario12 pelxes/aquario16 peixes/aquario20 peixes/aquario

    5,98O,97a6,301,24a6,061,14a6,071,28a

    16,733,99a16,53,18a14,863,48ab13,283,75b

    10,75a10,2a8,8ab7,22b

    2,05a1,92ab1,79ab1,57b

    179,99a162,04ab145,47ab121,05b

    CV(%) 2,27 9,03 14,53 11,21 16,83Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente(p

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    TABELA 4 - Comprimento total inicial(cm) e final mediotcrn), crescimentornediotcrn), taxa de crescimento especifico medio(%) e ganho de crescimentorelativo medio(%) dos acaras-disco, apes SO dias de experimento, submetidos adiferentes densidades.Tratamento CI(em) CF(em) C(em) TCE(%) GCR(%)

    8 peixes/aquario 6,1SO,31a 8,31O,70ab 2,16a O,60a 3S,28a12 peixes/aquario 6,210,40a 8,42O,S2a 2,21a O,61a 3S,SSa16 peixes/aquario 6,21O,38a 8,14O,69b 1,93ab O,S4ab 31,21ab20 peixes/aquario 6,16O,42a 7,82O,7Sc 1,6Sb 0,48b 26,88b

    CV(%) O,S1 1,32 9,09 9,86 11,27Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente(p

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    Dentre os tratamentos testados, a densidade de 16 peixes por aquarioproporcionou maior crescimento total (Tabela 5). Entretanto, caso 0trabalho fossecom peixes para consumo, 0 ganho de peso total deveria ser observado e 0tratamento com 20 peixes/aquario seria superior aos demais.

    Os valores apresentados na Tabela 16 foram submetidos a umaanalise de reqressao e as curvas obtidas, com suas equacoes de reqressao eseus respectivos R2 estao mostrados nas Figuras 2 e 3.

    1800016000

    140,00(ij. . . 120000. . .0 100,00I). . . .Q.. . . . 8000"t:I0s: 6000cIII(!) 4000

    2000000

    0

    y= -0,514x2 + 19.24x- 34.91R'=O 730

    8 12 16 20Oensidade (peixes/aquario)

    FIGURA 2 - Estimativa do ganho de peso total (y) para 0acara-disco, em funcaoda densidade de estocagem (peixes/aquario), e equacao de reqressao.A Figura 2 apresenta a estimativa do ganho de peso total para 0acara-

    disco, em funcao da densidade de estocagem, e sua respectiva equacao dereqressao.

    Esta equacao foi utilizada para calculo da densidade que possibilitaobtencao do maximo ganho de peso total e 0 resultado obtido foi de 18,7peixes/aquario, que corresponde a um peixe/4,3L.

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    o lO 003500 E~ 3000 . .C; - 2500 -0-c 2000> E y = -0,148x2 + 5,194x- 1467U :

    (I) 1500 R' = 0.749G >. . .U 1000500000 8 12 16 20

    Densidade (peixes/aquario)FIGURA 3 - Estimativa do crescimento total (y) para 0 acara-disco. em funyao dadensidade de estocagem (peixes/aquario), e equacao de reqressao.

    A Figura 3 apresenta a estimativa do crescimento total para 0 acara-disco, em funcao da densidade de estocagem, e sua equacao de reqressao. Aestimativa da densidade que proporciona 0 maximo crescimento total para estesistema de producao e de 17,5 peixes/aquario, que corresponde a 4,6 peixesfL.Esta densidade deve ser utilizada em detrimento daquela obtida a partir do ganhode peso total, pois 0 acara-disco e comercializado em funcao do seu tamanho.Considerando 0volume util de 80 litros por aquario, esta densidade deestocagem corresponde a 0,22 acaras-disco por litro. Este resultado esta deacordo com SOH (2005), que recomenda densidade para engorda do acara-discode 0,23 peixes fl, com comprimento em torno de Scm.

    RIBEIRO & FERNANDES (2008) relatam que a densidade de cultivo doacara-disco e, em media, um peixe para 30 litros, possivelmente referindo-se aocultivo do peixe ate a fase adulta. Estes autores ressaltam que 0 valor deve serusado como referencia pelo produtor, possivelmente acautelando-se devido aofato de que nao ha publicacao cientifica sobre densidade de cultivo desta especiee que 0sistema de criacao varia entre os produtores.

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    CHAPMAN (2000), referindo-se ao cultivo de peixes omamentais emgeral, normalmente menores que 0 acara-disco, relata que em sistemasintensivos a densidade varia entre 4 a 15 peixes por litro. Oeve-se lembrar quehavia, neste experimento, aeracao suplementar e troca de agua diana de 80% dovolume, 0que possibilita aumentar a densidade de cultivo.

    As equacoes de reqressao para ganho de peso total e crescimentototal (Figuras 2 e 3) podem ser utilizadas para se estimar, em densidades entreoito e 20 peixes, qual 0 ganho de peso total e 0 crescimento total esperado dosacaras-disco criados nas mesmas condicoes deste trabalho.

    A relacao entre peso e comprimento inicial e final dos acaras-discoobtidos neste trabalho estao apresentadas na Tabela 6.

    TABELA 6 - Relacao entre peso e comprimento inicial e final dos acaras-disco,submetidos a diferentes densidades.Tratamentos8 peixesl 12 peixesf 16 peixesf 20 peixeslaquario aguario aquario aguario MediaPIC inicial O,97a 1,01a O,98a O,98a 0,99

    PIC final 2,01a 1,96ab 1,83ab 1,70b 1,87Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente(p

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    0,0 6,0 8,0 10,0 12,0

    30,0

    25,0

    Y" O,686x2 - S,437x + 13,46R2:0,948

    20,0'@-; 15,0IIIC)a .. 10,0

    5,0

    0,0

    Comprimento (em)FIGURA 4 - Estimativa do peso (y) em func;ao do comprimento total (cm) dos 168acaras-disco obtidas no inicio do experimento e dos 160 acaras-disco quepermaneceram ate 0 final do experimento, e equacao de reqressao.

    Tanto na biometria inicial quanta na final foram obtidos valores decomprimento total e peso dos peixes. Estes valores foram submetidos a umaanalise de reqressao e a curva encontrada, com seu respective R2 tarnbern foramcalculados (Figura 4).

    A equacao de reqressao foi utilizada para calcular 0 fator relativo decondicao (Kn) dos peixes, apresentados na Tabela 7.TABELA 7 - Valores medics do fator de condicao relativo (Kn) para cadatratamento e quantidade de peixes com peso abaixo do esperado (kn

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    Como a quantidade de peixes e variavel em cada tratamento, foicalculado tambern a porcentagem de peixes com Kn~1 em relacao ao total depeixes do tratamento.

    Os peixes foram selecionados inicialmente pelo comprimento,objetivando-se um lote homoqeneo em tamanho, portanto, os pesos nao foramutilizados como criterio de selecao no momento da triagem inicial. Ressalta-seque a analise do Kn se refere ao peso, e nao ao comprimento, contudo esteindice e util para avaliar a condicao corporal dos peixes, podendo indicar indicede replecao estomacal ou grau de rnaturacao reprodutivo.

    Pode-se observar que a porcentagem de peixes com Kn~1 no inicio doexperimento foi maior no tratamento com oito peixes/aquario e menor notratamento com 16 peixes/aquario, nao havendo uma relacao entre 0valor do Kninicial e a densidade. Ao final do experimento, transcorridos 50 dias, aporcentagem de peixes com peso final acima do esperado (Kn~1) reduziu emfuncao do aumento da densidade, exceto no tratamento com 20peixes/aquario,com maior densidade de estocagem, que alcancou 60,4%.

    A menor porcentagem de peixes com Kn~1 foi encontrada notratamento com 16peixes/aquario, tanto no inicio quanto no final do experimento,mas houve uma melhora de 33,3% para 44,7%.

    As densidades maiores, com 16 e 20 peixes/aquario, aumentaram aporcentagem de peixes com peso acima do esperado. Isto pode indicar que osacaras-disco sao mais indicados para serem cultivados em cardumes maiores,pois os peixes disputariam mais 0alimento, 0que aumentaria 0consumo.

    Os coeficientes de variacao inicial e final estao mostrados na Tabela 8.TABELA 8 - Coeficiente de variacao das medidas de peso inicial (CVPI),comprimento inicial (CVCI), peso final (CVPF) e comprimento final (CVCF) dosacaras-disco, submetidos a diferentes densidades.

    Tratamentos CVPI{%} CVCI{%} CVPF{%} CVCF{%}8 peixes/aquario 14,72a 4,56a 30,83ab 10,28a12 peixes/aquario 19,90b 6,50b 23,20a 7,10a16 peixes/aquario 18,29b 6,01b 28,92ab 8,76a20 peixes/aquario 19,23b 6,30b 32,98b 10,48a

    CV{%~ 12,77 15,08 18,07 22,54Medias com letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente (p

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