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Preco 1$00 Quinta feira 20 de Junho 1957 Ano II - N W A L A U * emanar iâ l u l i u rc m ** R E C R E I O Proprietário, Àdminiitrador e Editor V. S. M O T T A P I N T O REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO - AV. D. NUNO ALVARES PEREIRA - 18 - TELEF. 026467 -------- --------------------- M O N T t i O ---------------- OOMPOSIÇ-IO K mPHEJSSiÓ — TIPOGRAFIA «GRAFEX j » — TEIMES’. 026 236 — M ONTIJO A5 MÁQUINA 1 0 M E M 5 Fo lh a a o v e n l o A imprensa noticiou que a indústria de automóveis ame- ricanos ia reduzir as ho- ras de trabalho dos operários e aumentar-lhes os salários ; e acrescentava que isso se devia às novas cadeias de montagem e às novas má- quinas postas ao serviço. Para nós, a notícia é abso- lutamente lógica e corres- ponde ao que todo o homem esclarecido e humano espera da máquina, porque esta foi inventada para aperfeiçoar a manufactura, activar a cul- tura agrícola e servir o pro- gresso e, principalmente, para evitar a escravização dos operários e dos traba- lhadores. E, se assim nem sempre tem acontecido, a culpa é, igualmente, dos ho- mens— tanto daqueles que possuem as máquinas como daqueles que as manuseiam. Os primeiros, porque o egoismo os animaliza e leva a pensar mais nos proventos próprios do que no bem es- tar do semelhante; e os se- gundos, agrupados em re- banho de dócilondução, por- que se deixaram envolver numa complicada teia, que exige o máximo esforço e rendimento das suas possi- bilidades físicas e mentais, — possibilidades que se de- acreditar que jamais seja conseguida; todavia, de modo algum se poderá concluir que um lugar comum deixe de ter interesse e de continuar a merecer estudo atento e constante atenção. Reafirmar, incansàvelmerite, taritas ve- zes quantas, pelo menos, pareça estar esquecida, urna teoria, não será banalizá-la, finem pela seguinte opinião: — «um empregado, um ope- rário ou um trabalhador é como um limão : quando não tem sumo, deita-se fora». A teoria do emprego ra- cional da máquina, pelo mo- tivo de ter sido já exausti- vamente debatida em toda a parte, tornou-se num vulga- ríssimo lugtr comum, riuma necessidade que toda a gente sente mas que ou factos pa- recem apostados em fazer @táni&ai Dutquittai - 46 cA ALvieeiidade Esta virtude é. em boa razão, uma das mais nobi- litantes. Ser sincero é ser ------ - Por — ÁLVARO VALENTE digno, ser humano, ser acima do «vulgar de Lineu»... Todavia, nenhuma virtude origina mais inimigos. Quase toda a Humanidade faz a sua apologia; mas apenas uma insignificante minoria a pratica. Daqui acontece que os sinceros desagradam rio ge- ral das vezes., e esse desa- grado transforma-se depois em inimizade surda .. que é a pior de todas. Todos pedem as impres- sões sinceras, as opiniões francas e sentidas; mas, se elas forem de aplauso e de elogio, se espicaçam a vai- dade própria, são recebidas com a maior gratidão íntima ; e, se o nào forem, provo- cam o <riso amarelo», — o implacável riso dos que firam despeitados. Desse despeito fervente ao ódio disfarçado, vai um pequeno passo. Quando a ocasião se anto- lhar, ele desabrochará em frutos maldosos e cínicos. A mentira agrada sempre mais. Não merece a pena justificar esta afirmação. To- dos nós sabemos que assim é... A mentira é condenável — gritam os puritanos e os mor a Iões. E, entretanto, nunca se mentiu tanto, e, (Continua na página 4) Hotel 6 Parque da Penha G U IM A R Ã E S Quem não foi um dia a Guimarães e não subiu a Penha, pode dizer que não viu uma das paisagens mais belas e mais portu- guesas da nossa terra ! Os horizontes que se disfrulam, o panorama es- plendorose que a vista abarca, o parque e o hotel, = todas as maravilhas que a Natu- reza ali colocou para regalo da vista e satisfação dos sentimentos — , são de molde a extasiar o visitante que ali subiu em hora feliz. mas lutar por ela, valorizá- -la, mantê-la actual e viva no pensamento e na acção de todos nós, para que nos debrucemos sobre as suas vantagens, lhe analisemos os defeitos e consigamos, pela consciencialização e revisão da nossa inteligência espe- culativa, fazer prevalecer os direitos e prerrogativas do que é humano e justo. Só a abundância gera a riqueza. Quanto maior e me- lhor for a produção, mais barata se tornará e, como consequência, o baratea- mento dos produtos será uma realidade. Barateamento si- gnificará maior poder de compra; maior poder de compra, mais elevado nível de vida, mais fartura e ri- queza, fontes primordiais de um tnais vasto comércio e de uma indústria e agricul- tura mais evoluídas. Por outro lado, o barata- mento dos artigos, tornan- do-os acessíveis à maioria, não representará baixa de salários mas o seu aumento, porque será uma resultante de maior, mais aperfeiçoada O olhar perde-se nos cerros cir- cm vagantes e escalvados; alon- g i-se o pensamento pelas campinas longínquas; espraia-se o sentir mais profundo pelas belezas natu- e racionalizada p r o d u ç ã o , através do melhoramento da técnica e da economia do fabrico e do cultivo; econo- mia conseguida pelo acele- ramento da produção e pela esclarecido emprego da má- quina. C o n t u d o , produzir mais e melhor em menos tempo, graças à máquina, não pode significar desem- prego, mas redução de horas de trabalho, como o que foi conseguido na indústria ame- ricana de automóveis. Atendamos, porém, que num país devidamente estru- turado, o aumento de tempo disponível, assim logrado pe- los operáriosetrabalhadora., não é utilizado noutros tra- balhos remunerados para de- ligênciar obter o quantitativo indispensável à sua manu- tenção e dos seus, uma vez que os vencimentos auferi- dos lhes bastam completa- mente, mas em tarefas úteis à sociedade e à sua cultura física e intelectual, além de outras ocupações como, por exemplo, a associação, a construção da sua própria casa, do seu barco de re- creio e até do seu automóvel, ou, simplesmente, numa con- versa amena e útil com a família, criando entre ela o verdadeiro espírito do lar e de compreensão, que quase sempre tanta falta faz entre nós. Numa perfeita organização económica tudo se harmo- i niza e colabora. Não devemos, rio entanto, confundir barateamento do (Continua na página 4) São em grande número os escritores que se têm preo- cupado com o delicadíssimo problema da localização do Inferno, que sempre nos apresentam pintado de ne- gras cores e em tudo nada ---------------- Por ---------- SAPHERA COSTA tentador. Nâo houve ainda quem, com segurança, nos dissesse onde está situado esse tal Inferno que só se agrada das pessoas reconhe- cidamente más e que nunca souberam merecer o doce convívio úa gente pura e de alma sã. Não vá o leitor julgar que eu tenha a presunção de ser mais sábio do que outro qualquer valor da ciência literária, desses que até agora se reconheceram impotentes para determinar clara e se- guramente onde está esse tal Inferno situado. Não pense também, caro amigo, que eu tenha em mira chamar para mim a atenção de Santanaz! Isso nunca... Faço, sim, votos para que (Continua na página 4) «A Província* EM LISBOA Se deseja adquirir «A Pro- > víncia», procure a Tabacaria J de S. Sebastião da Pedreira na j R. Augusto Santos, 11 - Lisboa 5 junto à igreja - Telefone 41649 j . i i 0 *ii i m »i wmw MMwãlaiaattBãHÉMMHtfiÉãáanMBÉliMfiMÉMMi rais que surgem a todo o momento das recônditas regiões; e cresce o orgulho pelo torrão sagrado onde a nacionalidade nasceu e a nossa pátria se formou ! Par i quê sair da nossa terra ? Para quê sair de Portugal P Para quê ir lá fora sem conhecer primeiro a Penha, de Guimarães?

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Preco 1 $00 Quinta feira 20 de Junho d» 1957 Ano II - N

W A L A U*

emanar iâ

l u l i u rc m * * R E C R E I O

Proprietário, Àdminiitrador e Editor

V. S. M O T T A P I N T OR E D A C Ç Ã O E A D M IN IS TR A Ç Ã O - AV. D. N U N O A L V A R E S P ER EIR A - 18 - T E L E F . 026467

-------- --------------------- M O N T t i O ----------------OOMPOSIÇ-IO K m P H E JS S iÓ — T IP O G R A F IA «G R A F E X j» — TEIMES’. 026 236 — M O N TIJO

A 5 M Á Q U I N A 1 0 M E M 5F o l h a a o

v e n l oA imprensa noticiou que a

indústria de automóveis ame­ricanos ia reduzir as ho­ras de trabalho dos operários e aumentar-lhes os salários ; e acrescentava que isso se devia às novas cadeias de montagem e às novas má­quinas postas ao serviço.

Para nós, a notícia é abso­lutamente lógica e corres­ponde ao que todo o homem esclarecido e humano espera da máquina, porque esta foi inventada para aperfeiçoar a manufactura, activar a cul­tura agrícola e servir o pro­gresso e, p r i n c i p a l m e n t e , para evitar a escravização dos operários e dos traba­lhadores. E, se assim nem sempre tem acontecido, a culpa é, igualmente, dos ho­m e n s— tanto daqueles que possuem as máquinas como daqueles que as manuseiam. Os p r i m e i r o s , porque o egoismo os animaliza e leva

a pensar mais nos proventos próprios do que no bem e s ­tar do se m e lh an te ; e os s e ­gundos, agrupados em re­banho de dócilondução, por­que se deixaram envolver numa complicada teia, que exige o máximo esforço e rendimento das suas possi­bilidades físicas e mentais,— possibilidades que se de-

acreditar que jamais seja conseguida; todavia, de modo algum se poderá concluir que um lugar comum deixe de ter interesse e de continuar a merecer estudo atento e constante atenção. Reafirmar, incansàvelmerite, taritas v e ­zes quantas, pelo menos, pareça estar esquecida, urna teoria, não será banalizá-la,

finem pela seguinte opinião:— «um empregado, um ope­rário ou um trabalhador é como um limão : quando não tem sumo, deita-se fora».

A teoria do emprego ra­cional da máquina, pelo mo­tivo de ter sido já exausti­vamente debatida em toda a parte, tornou-se num vulga- ríssimo lugtr comum, riuma necessidade que toda a gente sente mas que ou factos pa­recem apostados em fazer

@ t á n i & a i D u t q u i t t a i - 4 6

cA ALvieeiidadeEsta virtude é. em boa

razão, uma das mais nobi- litantes. S e r sincero é ser

------ - Por — —

ÁLVARO VALEN TE

digno, ser humano, ser acima do «vulgar de L in e u » . . .

Todavia, nenhuma virtude origina mais inimigos.

Quase toda a Humanidade faz a sua apologia ; mas apenas u m a insignificante minoria a pratica.

Daqui acontece que os sinceros desagradam rio g e ­ral das vezes., e esse desa­grado transforma-se depois em inimizade surda . . que é a pior de todas.

Todos pedem as impres­sões sinceras, as opiniões francas e sentidas; mas, se elas forem de aplauso e de elogio, se espicaçam a vai­dade própria, são recebidas com a maior gratidão íntima ; e, se o nào forem, provo­cam o <riso amarelo», — o implacável riso dos que firam despeitados.

Desse despeito fervente ao ódio disfarçado, vai um pequeno passo.

Quando a ocasião se anto­lhar, ele desabrochará em

frutos maldosos e cínicos.A mentira agrada sempre

mais. Não m erece a pena justificar esta afirmação. T o ­dos nós sabem os que assim é . . .

A mentira é condenável — gritam os puritanos e os m or a I õ e s . E , entretanto, nunca se mentiu tanto, e,

(Continua na página 4)

Hotel 6 Parque da PenhaG U I M A R Ã E S

Quem não foi um dia a Guimarães e não subiu a Penha, pode dizer que não viu uma das paisagens mais belas e mais portu­guesas da nossa terra !

Os horizontes que se disfrulam, o panorama es- plendorose que a vista abarca, o parque e o hotel,= todas as maravilhas que a Natu­reza ali colocou para regalo da vista e satisfação dos sentimentos — , são de molde a extasiar o visitante que ali subiu em hora feliz.

mas lutar por ela, valorizá- -la, mantê-la actual e viva no pensamento e na acção de todos nós, para que nos debrucemos sobre as suas vantagens, lhe analisemos os defeitos e consigam os, pela consciencialização e revisão da nossa inteligência esp e­culativa, fazer prevalecer os direitos e prerrogativas do que é humano e justo.

Só a abundância gera a riqueza. Quanto maior e me­lhor for a produção, mais barata se tornará e, como c o n s e q u ê n c i a , o baratea­mento dos produtos será uma realidade. Barateamento s i­gnificará maior poder de com pra; m a i o r poder de compra, mais elevado nível de vida, mais fartura e ri­queza, fontes primordiais de um tnais vasto comércio e de uma indústria e agricul­tura mais evoluídas.

Por outro lado, o barata- mento dos artigos, tornan- do-os acess íveis à maioria, não representará baixa de salários mas o seu aumento, porque será uma resultante de maior, mais aperfeiçoada

O olhar perde-se nos cerros cir- c m vagantes e escalvados; alon- g i-se o pensamento pelas campinas longínquas; espraia-se o sentir mais profundo pelas belezas natu-

e racionalizada p r o d u ç ã o , através do melhoramento da técnica e da economia do fabrico e do cu lt ivo ; econo­mia conseguida pelo acele- ramento da produção e pela esclarecido emprego da má­quina. C o n t u d o , produzir mais e melhor em menos tempo, graças à máquina, não pode significar desem­prego, mas redução de horas de trabalho, como o que foi conseguido na indústria ame­ricana de automóveis.

Atendamos, porém, que num país devidamente estru­turado, o aumento de tempo disponível, assim logrado pe­los operáriosetrabalhadora., não é utilizado noutros tra­balhos remunerados para de- ligênciar obter o quantitativo indispensável à sua manu­tenção e dos seus, uma vez que os vencimentos auferi­dos lhes bastam completa­mente, mas em tarefas úteis à sociedade e à sua cultura física e intelectual, além de outras ocupações como, por exemplo, a associação, a construção da sua própria casa, do seu barco de re­creio e até do seu automóvel, ou, simplesmente, numa co n ­versa amena e útil com a família, criando entre ela o verdadeiro espírito do lar e de compreensão, que quase sempre tanta falta faz entre nós.

Numa perfeita organização económica tudo se harmo- i niza e colabora.

Não devemos, rio entanto, confundir barateamento do

(Continua na página 4)

S ão em grande número os escritores que se têm preo­cupado com o delicadíssimo problema da localização do Inferno, que sempre nos apresentam pintado de n e­gras cores e em tudo nada

---------------- P o r ----------— ■

S A P H E R A C O S T A

tentador. Nâo houve ainda quem, com segurança, nos dissesse onde está situado esse tal Inferno que só se agrada das pessoas reconhe­cidamente más e que nunca souberam merecer o doce convívio úa gente pura e de alma sã.

Não vá o leitor julgar que eu tenha a presunção de ser mais sábio do que outro qualquer valor da ciência literária, desses que até agora se reconheceram impotentes para determinar clara e se ­guramente onde está esse tal Inferno situado. Não pense também, caro amigo, que eu tenha em mira chamar para mim a atenção de San tan az! Isso nunca. . .

Faço, sim, votos para que

(Continua na página 4)

«A Província*E M L I S B O A

Se deseja adquirir «A Pro- > víncia», procure a Tabacaria J de S. Sebastião da Pedreira na j R. Augusto Santos, 11 - Lisboa 5 junto à igreja - Telefone 41649 j

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rais que surgem a todo o momento das recônditas regiões; e cresce o orgulho pelo torrão sagrado onde a nacionalidade nasceu e a nossa pátria se formou !

Par i quê sair da nossa terra ? Para quê sair de Portugal P Para quê ir lá fora sem conhecer

primeiro a Penha, de Guimarães?

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P R O V IN C IA 20-6-597

V I D A

PROfISSIOMÀLM é d i c o s

l)r. ávelino Rocha BarbosaDas 15 às 20 h.

R. Almirante Reis, 68, 1.° Telef. 0262 4 5 - M O N T I J O

Consultas em Sarilhos Grandes, As 9 horas, todos os dias, excepto às sextas feiras.

Dr. fausto NeivaLargo da Igreja, 11

Das 10 às 13 e das 15 às 18 h. Telef. 02 6 2 5 6 — M O N T IJO

Dr." Isabel Gomes PiresEx-Estagiária do Instituto Português de Oncologia».

Doenças das Senhoras Consultas às 3.as e 6.as feiras

li. Almirante Reis, 68-1.°-Montijo T odos os dias

Rua Morais Soares, 116-1.° LISBOA Telef. 4 8649

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Dr. Cristiano da Silva MendonçaAv. Luís de Cam ões-M O N TIJO ^Telef.5 026 502 - 026465 - 026012

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Diplomada pela Faculdade de Medicina de Coimbra

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Ex-estagiária das Maíernidades de Paris e de Strasbourg.

De dia -̂ R, Almirante. Reis, 7Í Telef. 026038

Ds noite - R. Machado Santos, 28 MONTIJO

Orga nizações P r o gr e s s o

Oiçam todas as 3.as feiras às 13 horas, através do Clube Radiofónico de P o r tu g a l, o programa « REVISTA D ES­PORTIVA-, uma produção de Fernando de Sousa, com o

patrocínio deste jornal.

REVI ST A DÊSPORTIV A15 minutos em que se fala do desporto ea favor do desporto. Brevemente no ar o programa TOUROS, T O U R E IK O S , K TOURADAS — um programa em que se diz a verdade sobre Festa Brava. Para a sua publi­cidade consulte

Organizações ProgressoTrav. da B icaao< Anjos,J27-l.° Telef. 731315 L I S B O a

T e le fo n e s d e u r g ê n c i a

Hospital, 026,046 Serviços Médico Sociais, 026 198

Bombeiros, 026048 Taxis, 026025 e 026479

Ponte dos Vapores, 026425 Polícia, 026144

M O N T I J O [ B e l i s c õ e s

Festas Popularesde S. Pedro

Estam os a oito dias das nossas Festas . V ai uma azá­fama extraordinária p o r toda a vila. Montijo, pode dizer-se, está já em f e s t a !

A s decorações prosseguem seu ritmo contínuo, e as avenidas, r u a s e praças começam a aparecer en g a­lanadas c o m prenúncios certos do seu esplendor, A igre ja matriz, branquinha de neve, prepara a sua no­tável iluminação para as noites de sonho. A popula­ção vive horas de exp ecta­tiva justificável, ao v e r aproxim ar-se a sua Festa ,— a Festa que lhe trará animação, alegria, e também prestígio. Tudo se prepara e se conjuga para que Mon­ti jo marque mais um passo na estrada progressiva da s u a ascensão, escrevendo páginas imorredoiras com o programa incom parável das suas realizações fes­tivas.

A incansável Comissão,— para a qual nunca são de mais todas as palavras de apreço e de elogio — , não tem um momento de des­canso, nem de sossego, a, tudo atendendo e providen­ciando.

Num dos dias da semana passada deslocou-se a S e tú ­bal, onde foi convidar o sr. Governador Civil, Dr. Miguel Rodrigues Bastos, a ass is t ir às Festas como seu convidado de honra.

S . E x .a foi duma gentileza extrem a para com a Com is­são, pois além de prometer ass istir a vários números do programa resolveu com ­parecer na abertura d a s F es tas e proceder à sua inauguração, o que p e l a primeira vez acontece. Este facto encheu de jú bilo os comissionados que ali foram e quantos d e l e tiveram conhecim ento.

A Comissão já está t r a ­çando o protocolo dessas cerim ónias, que assim vão a t i n g i r um brilhantism o inesperado, uma grandio­sidade de surpresa, visto o ineditismo do acontecimento notável.

Prepara-se uma recepção excepcional e haverá sessão de boas vindas.

A Comissão aproveitou a sua estada em Setú b al para também convidar toda a Im prensa da cidade a com ­parecer e a fazer-.ce repre­sentar n a s festividades, como é sempre costume.

E ’ agora altura de a b o r­darmos a lguns pormenores de certos números do pro­grama, a f im de elucidarm os o público e os in teressados:

•— M ontras ornamentadas:— C om unica-se que haverá três prémios, destinados a galardoar o esforço e a von­

tade de todos os concorren­tes. H averá um prémio para a montra m a i s artística , outro para a montra mais original, e ainda outro para a mais regional.

Sabem os que estes pré­mios vão ser r i jam ente d is­putados, reinando o maior entusiasm o entre to d o o comércio e indústria da vila.

— Bata lh a de F lo res : — Até o momento presente, a Comissão já conta com 13 carros ornamentados e es­pera ainda a inscrição de mais um ou dois. A Com is­são apresentará dois carros, sendo um deles o carro da V ila de Montijo, o qual vai, decerto, causar vivo in te­resse e entusiasmo.

Incorporam-se na B atalha de Flores, além dos carros ornamentados, três Ranchos fo lclóricos: o de Casa Branca (Sousel), o de Sam ora Cor­reia, e o de S. Francisco.

O Rancho de S . Francisco bem merece que lhe dedi­quemos algumas palavras de admiração e de reconhe­cimento, em virtude da sua deliberada atitude d e s e apresentar, a expensas pró­prias e com bastantes sacri­fícios, a colaborar n e s t e número das Festas com a mais luzida representação. Montijo, agradecido, saberá m anifestar-lhe publicam en­te a sua muita sim patia e aplauso.

Nesse mesmo dia realizar- -se-á, de manhã, um cortejo promovido pela Comissão da Praça de T oiros . Esse cortejo, que será uma de­monstração de regionalismo bem significativa, percor­rerá várias artérias da vila e dele se incorporarão tam ­bém na B ata lh a das F lores vários carros e componen­tes.

Pelo relatado se conclui que este número do pro­gram a vai ter este ano um relevo superior, assim cor­respondendo a o s desejos gerais.

Sabem os igualm ente que a Casa fornecedora de todo o fogo vem este ano disposta a exceder tudo quanto h a b i­tualm ente t e m trazido a M ontijo. O que vai ser esse certam e de cor e luz e des­lum bram ento, só o poderão dizer quantos tiverem a dita de a ele assistir .

Estam os a oito dias.A euforia, a efervescên­

cia sente-se por toda a parte. A F e ira Fran ca marca te r ­renos e in icia as instalações. Chegam todos os dias b ar­racas, carrocéis, «estandes», loiças, vidrarias, etc..

As Festas Populares de S. Pedro já aí estão.

E las vão deliciar, assom ­brar, encantar os nossos v i­sitantes. E las encherão de orgulho todos os v erdadei­ros amigos da nossa terra.

Assuntos Monográtícos

A P ó v o a d e M o n t i j oA Póvoa de Montijo, situada na

Ponta donde derivou o seu nome, foi, em tempos, uma povoaçã > de certa importância, embora nunca lhe chegassem a dar autonomia de freguesia pelo que ela sempre suspirou.

Cremos que desta povoação nada resta, além de ruínas.

A Póvoa de Montijo constituía, até que D. Manuel criou as fregue­sias de Alcochete e Aldeia Galega, com estas povoações e Sarilhos, a freguesia de Nossa Senhora d i Sabonha com a sede em S. Fran­cisco, que, em 1512. tinha 320 vi­zinhos, isto é, fogos ou casas ha­bitadas, e, em 1534, tre/enlos e cinquenta fogos. Mais tarde, a Póvoa desejou separar-se da fre­guesia de Aldeia Galega, mas o mestre de Santiago ou o visitado*- da Ordem, 11a visita que fez à Igreja de Aldeia Galega, em 1607, ordenou :

«Os da Póvoa fregueses desta ma­triz que não faça freguesia na Ermi­da de Santiago que está no dito lu­gar, em prejuízo da sua matriz antes venham a ouvir missa todos os domingos e dias santos de guard.i á dita matriz, e mandamos ao Prior em virtude da obediência tenha particular cuidado de os obrigar a isso condenando aos revéis para a fábrica desta igreja como atrás fica dito nas penas que lhe parecer; e quando na dita ermida tiver missa pedirá o dito prior escrito as pessoas que falta­

rem na matriz porque lhe conste que a ouviram lá.

Ii serão obrigados os ditos mo­radores da Póvoa a uzarem a cruz e turíbulo que tèm na dita ermida a assistir todos os anos à procissão de Corpus Christi e à procissão do nosso patrono Santiago com pena de dois mil réis para as cati­vas e mesa da visitação (metade). E com pena de outros dois mil réis para do dito modo aplicados mandarão pôr na fresta da Capela- -mor uma vidraça e consertar o telhado da igreja pela parede da pia da água benta onde chove, uma e outra no espaço de seis meses».

Cremos que da igreja da Póvoa nada resta. As suas imagens, entre elas a do patrono Santiago, vestido de romeiro de Santiago de Com­postela, e a de S. .loão, vieram há uns anos para a igreja de Montijo. Na eapela-mor foi encontrada pelo sr. António Lopes Tavares uma pedrà sepulcral com a seguinte inscrição:

AQ’IAX P° EOPEZ — FÁLC E Ô ANO - DE S9 È A N A V A - S — S V A M O L II E R - FALECEO ’ ANO DE ~ 92MADOV P aORAQ’ESTA CAPA SEV F° FR ~ SIMA

Não vimos original deste epitá­fio, contudo afirmamos sem receio de errar, tratar- se do século XVI.

Raparigas destas ruas, Ornam entai as janelas !A s <í frentes» não ficam nuas, Ficam as casas mais belas, , ,

Com m uitas rosas E mangericos E dálias fo rm o sa s E hera a trepar,Pobres e ricos Vão fig u r a r !

Engalanai as varandas Com seus festões e bandeiras! F lo res por todas as bandas, Cravos, c r a v o s , sardinhei-

[ r a s . , .

S e ja à francesa,Ou à inglesa,O u mexicana;M as à portuguesa E ra surpresa Ribatejana !

A ' nossa «moda» ê melhor., Agradava muito m ais;T in h a mais graça e f rescor, E eram, então, regionais.

M as não hesitem E não meditem Um só momento;V á de en feita r E ornamentar Sem desalento.

Raparigas, nâo se esqueçam ! — Quero as ja n ela s flo r id a s, Cheias de côres garridas. O lhem que as Festas se

[ apressam . . .V 1enfiam poetas,Venham pintores,Venham artistas;Ouero violetas.Quero os amores,Quero am etistas !

N ão tenham medo D os ais paternos É pra gastarem Contos de réis 1 E é a maneira M ais prasenteira De lá chegarem O s olhos ternos Dos fu r r ié i s , . .

Homem ao mar

Pelo

Prof losé MHuel t a i mA data do falecimento de Pedro Lopes tanto pode ser de 1589 como de 1559. Optamos pela última. Vamos decifrar 0 epitáfio: Aqui jaz Pedro Lopes — faleceu (110) ano de (15) 89 ou 59 e Ana Vaz, sua mulher faleceu (110) ano de 1592. Mandou por aqui (construir) esta capela (altar) seu filho Fran­cisco Simã(o). N e sta inscrição usa-se o I por J, e o V por U.

Ora o J e 0 U só aparecem no nosso alfabeto no século XVII.

A Póvoa já existia no reinado de D. João 1 que, quando quis saber quantos besteiros havia no reino, promoveu u m inquérito geral.

A Póvoa tinha oito destes ho­mens de armas, Setúbal 65, Almada 60, Lavradio 28, Sesimbra 20, A l­deia Galega 12, Alhos Vedros 16, e Alcochete 26.

A Póvoa, Samouco e Aldeia Ga­lega possuíam, em 1552, 30 barcos «batris» que carregavam sal, trigo, lenha, palha e barro.

Um caso importante, tanto dis­cutido nos nossos dias : Já nesse tempo (1607) se reconhecia a ne­cessidade e utilidade de estabelecer a ligação da capital com a margem esquerda do ri» aproveitando a praia do antigo Montijo, e, esta­mos certos de que, não foi feita, por a engenharia desses longín­quos anos não estar tão aperfei­çoada como nos nossos dias. Lem ­bramos, a propósito, que a velhice é a experiência da v id a ! ...

No mês dos Santos Populares 1957.

I

Page 3: O «GRAFEX j A5 MÁQUINA€¦ · Para nós, a notícia é abso lutamente lógica e corres ponde ao que todo o homem esclarecido e humano espera da máquina, porque esta foi inventada

20 6-957 A P R O V IN C IA 5

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A G E N D A

E L E G A N T E 1M

MONT J OA n iv e r s á r io s

JUNHO

— No dia 13, completou o seu 80.° aniversário a sr. D. Maria .losé da Purificação Lopes, mãe do nosso dedicado assinante sr. José António Resina.

— No did 15, a sr.a D. Maria Josel da C. Agostinho Cabrita, esposa do nosso redactor António Cabrita.

— No dia 24. a sr." 1). Mai ia de Lourdes Martins Galego, nossa dedicada assinante.

— No dia 26, a sr.a D. Eulália Luísa Gregório Valente,, esposa do nosso Director sr. Álvaro Valente.

JULHO

— No dia 4, o sr. Francisco da Mónica de Sousa Fortunato, nosso prezado assinante.

— No dia 7, o menino António Joaquim Garroa Soares, lilho do nosso estimado assinante sr. Ni­colau Madeiia Soares.

N a s c im e n io— No passado dia 12 do corrente,

na Maternidade do hospital sub­regional de Montijo, teve n seu feliz sucesso a sr.!l D. Déborah L u z Alves Andrade, esposa do nosso dedicado amigo e assinante sr. Carlos Andrade, comerciante em Montijo, e filha da nossa tam­bém estimada assinante sr. D. Car­mina Luz Rodrigues dando à luz uma robusta criança do sexo fe­minino. Mãe e filha encontram-se bem.

«A Província» apresenta à famí­lia da recém nascida os seus para­béns e. nomeadamente, aos nossos prezados e referidos assinantes.

C a s a m e n to s— Realizou-se no passado dia 8,

pelas 14 horas, na igreja paroquial o enlace matrimonial do sr. Ângelo Reinardes Paulos, trabalhador, natural do Cartaxo, filho do sr. Manuel Paulos e da sr.a D. Ger­trudes de Jesus Sardinha, com a menina Deolinda Maria Gil, filha do sr. Manuel Gil e da sr.a D. Fe- liciana Cândida, doméstica e natu­ral de Vila Nova de Milfontes.

Apadrinharam o acto o sr. João Gomez Diaz e a sr.a I). Maria José da Conceição Resina Pinto. Após a cerimónia realizou-se um «copo de água».

«A Província» apresenta ao novo casal os seus parabéns e deseja-lhe muitas felicidades na nova vida.

— Contraíram também matri­mónio o sr. Aníbal Sousa Madeiia, irmão da nossa prezada assinante sr.a D. Guiomar Madeira, e a sr.a D. Maria da Graça Ribeirinho, realizando-se a cerimónia no dia 16 do corrente, pelas 14 horas, na igreja matriz de Montijo.

Serviram de padri hos, p o r parte da noiva : o sr. António dos Santos Nunes e sua Esposa, a sr.a 1). Delmira Silvestre B ra z dos Santos Nunes; e por parte do noivo: o sr. Francisco Viegas de Castro e sua Esposa, a sr.* D. Ma­ria João Palma Rosa.

Desejamos ao novo lar as maio­res venturas, felicitando os noivos e bem assim a nossa assinante pelo feliz enlace.

fis festos Populares de S. Pedioc o sorteio de « À P i •ovincia»

Aproxim a-se a data do nosso Sorteio.

Os prémios passam dos lO Ò anunciados, pelo que resolvemos passar a prémios de consolação os excedentes. Estes serão norteados entre os que não obtiverem qual­quer daqueles ÍO O prémios.

Repetimos as condições: Sim­plesmente preencher com o nome é morada (bera legíveis) os cupões que os anúncios trouxerem.

Entregá-los na Redacção ou re­metê-los pelo correio.

O dia do Sorteio será oportuna­mente anunciado.

Seguem mais prémios:— João Fernandes Nunes, rua

José J. Marques - Montijo, um par de sapatos no valor de 100$00 esc., para senhora; Tiago Augusto Alberto de Almeida & Filhos. L.da - rua José J. Marques - uma lata com ■> quilosde chouriço;Tamarca, L.da. - um frasco de óleo marca ilee Jnoe ; Hepal, Representações, dois frascos de tinta «Além-mar»: Manuel Teixeira de Castro. ,\'er- cado Municipal, 2 latas de salsi­chas, marca «Tó-bom», e 2 la1 as de Lunchem ite; A. J. Ventura & Fi­lho. L.da - um fogão eléctrico SIUL, no valor de 120$00 esc.; Elisiário Joaquim Carvalho, apea ­deiro de Sarilhos, uma garrafa de licor; Casa lutmar, av. João de Deus, um par de meias de vidro, marca «Libélula»; Casa dos Cara­cóis, Manuel Aranha Fernandes, um almoço ou um jan'ar à escolha do premiado; C. Barreires & Moura, L.da - rua José J. Marques,

Concurso H o r a F e l i z

O relógio deste concurso, esta semana encontrámo-lo parado nas 11 horas e 44 m inutos.

Foi contemplada a sr.* D. Ger­trudes da Conceição Elias, mora­dora na R. Tenente Valadim, n.u 28 — Montijo, que tinha o cartão com a hora mais próxima 12 ho­ras e 0 4 minutos.

Como os estimados leitores aca­bam de ver, isto é maravilhoso. Com 5$00 semanais aparece sem­pre um concorrente premiado. Porque se não habilita, leitor ou leilora amiga, no Concurso HORA FELIZ da grande Relojoa­ria e Ourivesaria Contramestre na Praça L° de Maio em Montijo?

177, um queijo flamengo; António José de Sousa, rua Serpa Pinto, um cinzeiro em pedra mármore; Tobias, Cabeleireiro, av. João de Deus, urna permanente corn mise; Femandez, oculista, praça da Re­pública, um par de óculos à es- eolha do premiado, no valor de 80$00 esc.; Manuel Faísca Semeão, bairro da Bela Vista, Montijo, meias solas n u n s s a p a to s , à escolha do contemplado ; António dos Reis, bairro da Bela Vista - Montijo, um garrafão de licor de ginja ; Américo de Oliveira, mesmo bairro, um garrafão com creme de ananás; José de Sousa Casta­nheira Júnior, uma lanterna à antiga portuguesa.

(Continua)

Musical ClubeA u d i ç ã o d e p ia n oNo p ró x im o sá b a d o . 22 tio

c o rr e n te , p e la * 21 lio ra s e ;s0, re a liza -se n este C lu b e a h a b i­tu a l a u d iç ã o de p ia u o d o s d is ­c íp u lo s de D. Judite R osado.

A F esta co n s ta de 3 p a r te s ; a l.a e a 2.a serã o p reen ch id as com tre c h o s m u sic a is de v á ­r io s a u to re s , e x e c u ta d o s p o r a q u e le s d isc íp u lo » ; e a 3.a p o r uni b a ile , co m a a p rec ia d a o rq u e stra «E ldoradon.

A g ra d e c e m o s o c o n v ite que no» e n v ia ra m .

C O M A R C A DE M O N T i J O

A n ú n c i o1.* publicação

No dia 15 do p ró x im o m ês de Jullio , p e la s 10 h oras, uo T r ib u n a l d esta coinaicí», na e x e c u ç ã o su m á ria q u e M aria d o R o sário , v iú v a , p ro p rie tá r ia e filh o s , re s id e n te s n ad re- g u e a ia de P alh a is , co n celh o do B a rre iro , m ovem con tra M a n u e l da C o sta M urilhas jú n io r , re s id e n te no sitio do Q u a d ra d o -M o ita , v iú v o , a p o ­sen ta d o da G u a rd a F isc a l, e O u tro s, serà p o sto em p ra ça , pela p r im e ira ve z, p a ra ser a rre m a ta d o ao m a io r la n ço o f e r e c i d o acim a do v a lo r a d ia n te in d ica d o , o se g u in te p r é d io :

— P ré d io q u e se co m p õ e de te rra de sem e a d u ra , v in h a e á r v o r e s de fru to , c a sa s de h a b ita ç ã o e a d e g a , sito uo Q u a d ra d o , ou F on te d o F eto , F re g u e sia d e A lh o s V ed ro s, c o n c e l h o da M oita, d esta c o m a r c a , c o n fro n tra n d o do N orte com A n tó n io da C o sta M u rilh as, S u l com M anuel M ar­que» R olo , N ascen te com João S ald an h a de O liv e ir a e P oen te co m e stra d a , d e scrito na C o n ­s e r v a tó r ia d o R e g is to P red ia l desta c o m a rca sob o n.° 11.100, a f ls . 96 v .° do L° B 30 e in s­crito n a m atriz p re d ia l u rb a n a so b o a r t .0 296 e na m a triz p re d ia l r ú s tic a sob o art.° 273, da fre g u e sia de A lhos V ed ro s.

V a i à p ra ça n o v a lo r d e tí0.000$00.

M o n tijo , 13 de Junho de 19,

O C h efe da 3.a S ecção

Alfredo Maria Pereira RibeiroV e rifiq u e i:

O Juiz de D ire ito

Octávio Dias Garcia

Quiosque— Com vitrinas, depósitos para

água, e geleira para 200 garrafas. Deslocação fácil e original. Ven­de-se barato.

Informa «Agência Labor», Praça da República, 15 - MONTIJO.

Desastre de viacãoNo dia 2 do corrente mês, em

Setúbal, na avenida Portela, quan­do o motorista sr. Marcelino Vie­gas Palma, xolieiro, residente em Setúbal, saia de um posto abaste- cedor de gasolina alí existente, colheu com seu a u to m ó v e l a scooter conduzida pelo nosso esti­mado assinante sr. Constantino de Jesus Filipe Mata, casado, empre­gado de escritório da O. P., que levava como companheiro o sr. Adelino Maria Correia, natural de Mora, c a s a d o , carpinteiro da C. U. F..

Transportados ao hospital de Setúbal e pensados, o nosso assi­nante regressou a casa com escoria­ções pelo corpo, e o s ' . Correia teve que seguir na ambulância dos Bombeiros de Setúbal para o hospital da C. U. F., em Lisboa, onde ficou internado alguns dias.

A P. S. P . de Setúbal tomou conta da ocorrência, apurando-se que aquele motorista, sr. Marce­lino Viegas Palma, fora o causa­dor do desastre.

D E S A S T R E S— N um a q u ed a de sua b ic i­

c le ta , p a rtiu u m a c la v íc u la A n tó n io João T o rm en ta F rad e, de 16 a n o s, a p re n d iz de b a r ­b e iro , n a tu ra l de M on tijo , so ­b rin h o do n osso estim a d o a s- • s in an te sr. A n tó n io de A ze ­v e d o O liv e ir a F ra d e e p rim o do sr. João V en tu ra F rad e, tam b ém n o sso a ssin a n te . D e­p o is de p en sado no n o sso h o s­p ita l, r e c o lh e u ao d e S. Josè, em L isb o a on de fo i o p erad o. A p re sen ta m o s o s «entim ento» de «A P ro v in cia » àq u ele» n o s­so s a ss in a n te s .

— R eco lh eu tatn bém ao H o s­p ita l de S. José o m ecâ n ico M anuel da S ilv a , de 54 an os, de M o n tijo , q u e so fre u g r a v e s c o n tu sõ e s q u a n d o tr a b a lh a v a d e b a ix o dum a u to m ó v e l, q u e e s ta v a eiu re p a ra ç ã o .

— N o E n tro n ca m en to , ca iu do co m b ó io à linh » o sr. A n ­tó n io Joaqu im L o p e s , r e s i­d en te em M ontijo, o q u a l p o u co d ep o is faleceu/

— E n co n tra-se d e catna o sr. A m é rico M endes P in to , filh o do n o sso p reza d o a s s i­n an te sr. Joaqu im M endes P in to , que na a u la de g in á s­tica deu um a q u ed a e fr a c tu ­ro u um a pern a. F a zem o s s in ­c e ro s vo to s p e la s su a s rá p id a s m elh o ra s.

Qfrntinuamas bombinhas . . .

Não obstante ser proibido por lei lançar bombinhas nas ruas, por ocasião dos santos populares deste mês, continuam os «gracio­sos» neste «engraçado» diverti­mento, incomodando e assustando quem passa, ou quem se encontra nas esplanadas tomando qualquer co isa ... e o fresco.

Em Lisboa, segundo os diários, iniciou-se já a represão, era face desses prejuízos e incómodos.

Não se poderá também reprimir e.m Montijo essa «graça», sem graça nenhum a?

Esperamos que se tomem medi­das nesse sentido e se acabe de vez com semelhante aborreci­mento.

L U T U O S AFaleceu no passado dia 12, na

sua residência, a sr.a D. Mariana Teixeira Balseiro Mortal, de 76 anos, viuva de João Martins Mor­tal.

O funeral realizou-se no dia se­guinte para o cemitério lo c a l , acompanhado de muitas pessoas de todas as categorias sociais.

«A Província» apresenta à famí­lia enlutada os seus pêsames.

A g r a d e c i m e n t o

Francisco LopesSua mulher Josefina Madeira,

seus filhos, Francisco Madeira Lo­pes, António Madeira Lopes, Jose- fina Madeira Lopes, Raquel Ma­deira Lopes, e netos, vêm por este meio agradecer reconhecida­mente a tod>as as pessoas que se dignaram acompanhar à última morada, seu marido, pai e avô.

A G E I \ D A

U T I L I T Á R I A

Trânsito do azeiteSegundo uma portaria ultima­

mente publicada, cessou o regime de guias de trânsito em relação ao azeite destinado ao auto-abasteci- mento dos produtores e das casas agrícolas. Igual disposição abrange também o azeite destinado ao pa­gamento de foros e pensões.

Vendem-se— Carroças de mão, e para gar-

rano, charretes, em estado novo.Trata, Manuel Fernandes A le­

gria - Montijo.

Pinhal Novo— T R E SPA SSA -SE mercearia,

vinhos, e cereais, motivo à vista. Estrada dos Espanhóis. Trata-se com Noé Frescata, no mesmo esta­belecimento.

í n r m a d o s d e S e r v i ç o

5." - fe ira , 20 — G i r a l d e s ti." - fe ira , 21 — M o n t e p i o Sàb à d o , 22 — M o d e r n a Domingo, 23 — D i o g o

fe ira , 24 — G ir a l â e s Xa- fd ira, 25 — M o n t e p i o

- Ptíií-a, 26 — Mo d e r n a

l a r e j a E v a n g é l i c a

Horário dos serviços religiosos na Igreja Evangélica Presbiteriana do Salvador — Rua Santos Oliveira, 4 - Montijo.

Domingos — Escola dominical, às 10 horas, para crianças, jovens e adultos. Culto divino, às 11 e 21 horas.

Quartas-feiras — Culto abre­viado com ensaio de cânticos reli­giosos, às 21,30 horas.

Sexlas-feiras — Reunião de Oração, às 21,30 horas.

No segundo domingo de cada mês, celebração da Ceia do Senhor, mais vulgarmente conhecida por Eucarista ou Sagrada Comunhão.

B o i e i i m R e l i g i o s o

C ulto C atólicoMISSAS

5.a-íeira — às 9, 12 (Atalaia), 10;6,“-feira — às 8,30, 9 horas.Sábado — às 8,30 e 9 horas. Domingo — às 9, na (Cadeia);

(Atalaia); 10, 11,30 e 19 horas.

E s p e c t á c u lo sCINE P O P U L A R

5.a feira, 20; (17 anos) Rir, Rir, Rir, com Tom Ewell, Sherce Nort e Rita Moreno, no filme em Cine­mascópio, em cor de Luxo, «O T e ­nente Usava Saias». No programa- complementos curtos e M e t r o , Jornal.

6.a feira, 21; (12 anos) De novo o sensacional filme em Tecnicolor, cujo rèclame está feito com as suas anteriores exibições, «Quo Vadis». No programa, complemen­tos curtos.

Sábado, 22; (17 anos) O famoso mundo do cinema visto por dentro, em «A Grande Mentira», c o m Francisco Rabal, Medeleine Fis- cher e Jacqueline Pierreux. E uj complemento, o maior cómico do cinema mexicano, Tin - tan, em «Músico, Poeta e Louco».

Domingo, 23; (17 anos) Reapa­rição da escultural e estonteante Marilyn Monroe, no interessant; filme em Cinemascópio e cor de Luxe, «Paragem de Autocarro». No programa, complementos cur­tos.

2.a feira, 24; (17 anos) Um filme com Maria F élix ; a história duma mulher bela e inteligente que se vingou da traição dum homem com a ruína de muitos, «As Culpas dos Homens». Em complemento, «Para Sempre Meu Amor».

Em virtude da realização das Festas de S. Pedro os espectáculo» recomeçam no dia 4 de Julho.

CINKMA l.° DE DEZEMBRO

5.* feira, 20; (Para 12 anos) O gigantesco filme d e aventuras em 15 episódios e 25 partes, «O Capitão Africa», lutas terríveis na selva, na terra, no mar e no ar.

Sábado. 22; (Para 12 anos) O assombroso filme de política e amor, «Escândalo Internacional», com Joseph Cotten. Ainda uma grande reposição que é a mais linda fantasia das Mil e Uma Noi­tes, «ASadino e a Princesa de Bag- dad», com Cornell Wild.

Domingo, 23 e 2.a feira, 24; (Para 12 a n o s ) O maravilhoso filme de toiros em Cinemascópio, «Magnífico Matador», com An~ thony Quin e Maureen OTIara.

ATEN ÇÃO: os espectáculos se­rão interrompidos durante as fes­tas, sendo após as mesmas o 1.° espectáculo:

5.a feira, 4 de Julho, com o s u p e r - drama em Cinemascópio, com o grande actor James Dean, «Fúria de Viver».

Esta núm ero de «À Pro­vincia» foi visado pela

C E N S U R A

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4 A P R O V IN C IA 20-6-957

A s m á q u i n a s e o s h o m e n sP o p J o s é d o s S a n t o s M a r q u e s

(Continuação da í .a página)

custo dos artigos devido à produção racional e intensiva, servida por um melhor e mais inteligente aproveita­mento da mão de obra e da maquinaria, com a vulgar baixa de preços que a crise ou uma concorrência, rui­nosa e especuladora, cons­tantemente originam. Aquela gera a riqueza, a prosperi­dade e o bem-estar; estas conduzem ao descalabro e ao empobrecimento das na­ções e dos homens.

Na época actual, não mais se pode continuar a cami­nhar às cegas, por tentativas ou a bel-prazer de uma mi­noria que põe gananciosa­mente os seus interesses acima dos da comunidade. Só através de uma econo­mia perfeitamente planificada se alcançam com êxito os máximos resultados. Tal pla­nificação, porém, exige os mais profundos conhecimen­tos técnicos e uma visão fora do comum, que só os ho­mens verdadeiramente gran­des e honestos possuem ; e carece, igualmente, de traba­lhadores consciencosumente treinados e esclarecidos para que o seu trabalho resulte em fértil realidade.

Os primeiros homens se­rão os que devem estar à frente das nações e, tantq uns como outros, nos luga­res de responsabilidade.

O esquema da estrutura­ção económica estabelece-se nos fundamentos — base : — maior, melhor e mais rápida p r o d u ç ã o , tanto agrícola como industrial; menos ho­ras de trabalho; maiores lu­cros ; salários mais e lev ado s; mais v e n d a s ; maior poder de compra dos operários e trabalhadores.

Esta é uma cadeia lógica e inevitável.

A avareza, a ganância e o condicionalismo geram oem - perramento da o r g â n i c a económica, trazem a crise, o desemprego, o pauperismo, o descontentamento e a re­volta.

Só conseguem ser verda­deiramente prósperos e f e ­lizes os povos economica­mente evoluídos. O bem- -estar afasta da baixa política e canaliza as atenções dos indivíduos para um revigo- ramento da mentalidade e da raça.

A n g u s t i a n t e s preocupa­

ções económicas não são propícias a ideias claras, a inteligentes soluções de na­tureza prática, nem podem favorecer uma cultura.

Pensar que a máquina ioi inventada para substituir e escravizar o homem é erro crasso que só por ignorância se comete em nossos dias.

Acontece, porém, simples­mente, que os ignorantes são em tão grande número que a economia das nações est : a ressentir-se enorme­mente do facto.

O feudalismo económico dos nossos avós depositou nas mãos de certos indiví­duos os capitais que lhes têm permitido jogar com o

destino dos hom ens; mas, à medida que os capitais vão mudando de mãos e os ope­rários e trabalhadores con­seguem fazer prevalecer os seus direitos por acordos entre os sindicatos e associa ­ções que os representam e o patronato — como já está acontecendo na jovem Amé­rica do N o rte — , os homens mais esclarecidos e inteli­gentes que ficam na posse desses capitais, em benefício próprio e no dos outros ho­mens, vão adoptando outros sistemas mais racionais de produção, capazes de gerar a riqueza e a abastança de que todos nós precisamos para viver melhor.

c A l i s t e m d a c U

( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a)

contudo, sãoeles , justamente, os que mais mentem !

O s moralões, na primeira f i la :

— O trabalho de cada um deve ser equitativamente re ­munerado.

(E pagam a quem os serve verdadeiras misérias, e ex­ploram o esforço alheio até a última gota de suor.)

— Todos d e v e m o s lutar por uma paz duradoura.

(E todos se armam até os dentes para mais guerras.)

— Todos falam em renún­cia e propagam essa dou­trina como redentora.

(E todos procuram o maior somatório de benesses indi­viduais.)

— Todos c o n d e n a m o «egoismo feroz», em frases bombásticas, de estrondo, que fazem carreira e escola.

(E todos «se coçam para dentro» ferozmente.)

— Todos prègam os prin­cípios evangélicos, como sal­vadores das almas.

(E poucos são, afinal, os que, na vida prática de todos, os dias, os seguem.)

— Todos falam e escrevem acerca da solidariedade hu­mana, do bem da comuni­dade, da ventura dos povos, e quejandas doutrinices.

(E vemos positivamente o contrário, quando eles actuam nos vários lances desta curta travessia.)

Por tudo isto, e pelo mais

que fica nos conciliábulos e recantos, a sinceridade é cada vez mais planta exótica, mais planta rara das estufas hodiernas

Mal daquele que, em obe­diência à sua estrutura mo­ral, ao seu temperamento, à sua educação animica, aos sentimentos que o orientam sobre a Terra, traz na pan ó­plia das suas directrizes a flecha inflexível duma since­ridade real.

Em breve se encontrará isolado, escarmentado, posto à margem dos altos valores como inutilidade fanfarrona.

Contudo, a sinceridade é uma das virtudes mais nobi- litantes e aqueles que a possuem, mau grado todas as consequências inerentes, incluir-se-ão no martirológio dos que o Mundo costuma receber c o m gargalhadas sarcásticas e classificações bem pejorativas, sem que desistam ou modifiquem o seu modo de ser

É que há teimosias que só a Morte consegue ap a­gar, — como aquelas can­deias que bruxoleiam mas ainda alumiam. . .

D o M i n h o a o G u a d i a n a

A L H O S V E D R O S(Continuação da página 5)

nheirense, com oferta de pedra ; i carro da Delega­ção do Fu tebol Clube B a r ­reirense, com a oferta de20 sacos de cim ento de João D u arte ; grupo de meninas com ofertas recolhidas pela comissão de senhoras ; c r ian ­ças das escolas de A lhos Vedros com donativos para a M isericórdia, com as suas p ro fe sso ra s ; c lasse mista com p ro fe sso re s ; Sociedade Filarm ónica H um anitária, de Palmeia.

A e n c e r r a r o desfile : carro a legórico da M iseri­c ó r d i a , simbolizando um caste lo com a Rainha D. L eo n o r ; a joelhada a seus pés urr.a criança pedindo m isericórdia e um velhinho, também ajoelhado rep resen ­tando o Asilo, e ainda uma mulher com ura filho nos braços representando a Ma­tern idade; i carro, também ornamentado, com 6 meni­nas com bandeja, levando ao centro uma colcha (feitio de saco), pedindo ao povo a sua generosa dádiva, para

ajuda das obras (de am plia­ção do H ospital Su b -R eg io ­nal e construção de uma creche-infantário).

A finalizar proferiu um discurso o sr. dr. Miguel R. Bastos, que culm inou com uma prolongada salva de palmas, tendo usado depois da palavra o provedor da Misericórdia, para dirigir um «muito obrisrado» a to­dos os presentes.

O cortejo , que teve enorme assistência , deve dar um rendim ento à volta de 170 contos.

Para louvar o com porta­m e n t o irrepreensível do

'povo de A lh os Vedros, que uma vez mais deu uma prova de civismo, e acorreu com os seus parcos haveres.

Felic itam os a Mesa A dm i­nistrativa da San ta Casa da Misericórdia, bem como os seus c o l a b o r a d o r e s , pela magnífica organização, neste empreendimento.

O sr. G overnador Civil, re tirou-se depois, m anifes­tando a sua grande satisfa­ção por quanto lhe foi dado presenciar.

A’lvare Valente

Moita do RibatejoA S o c i e d a d e E s t r e l a M o i ­

t e n s e e a s u a r e v i s t a - f a n f a s i a

« R E C O R D A R . . . É V I V E R ! »

Um sopro revivificador de boas vontades penetrou na mais idosa das colectividades moitenses, in­suflando-a de uma vida tão desu­sada, que as suas realizações são hoje excepcionais, se atendermos à conturbada fase porque e«tão passando a maioria das Sociedades de Recreio, em todo o País.

Aparte o acolhimento que a sede oferece, com os 'u s jogos e bi­blioteca, o sócio et,.' disfrutando de inúmeros bailes muitos com variedades, quer no saião. quer ao ar livre, 11a esplanada vistosamente ornamentada com arraial á moda do Minho, de duas sessões de ci­nema por semana, grátis, e ainda de espectáculos pelo seu grupo cénico, com a já tão festejada re- vista-fantasia «Recordar... é vi­ver»!

Como pela mão da sua congé­nere, Banda Democrática 2 de Janeiro, o Montijo irá assistir hoje a um espectáculo com esta revista. Esclarecemos que nela estão en­volvidas mais de 60 pessoas, tendo a Estrela Moitense revelado auto­res, cenógrafos, coreógrafos um compositor (Carlos dos Santos), e

um punhado de bois vocações teatrais, num trabalho cem por cento amador, absolutamente digno e sério, que não deslustra de forma alguma quem o apresenta.

Pelo seu agrado, estão interes­sadas na sua apresentação colec­tividades de Almada. Seixal, Bar­reiro, Alverca, e Lisboa, estando em curso :.s respectivas negocia­ções.

C o r p o d e S a l v a ç ã o P ú b l i c a

Mercê da vontade férrea e de- s interessada, digna de louvor, de um punhado de homens que fomram a Direcção desta prestimosa Insti­tuição, vai este concelho si-r do­tado, brevemente, com mais um pronto-socorro que, sem dúvida de desmentido, ficará sendo uma das melhores viaturas desle g é­nero, no distrito de Setúbal. Cc.n- tinuai, soldados da paz. na vossa cruzada, que o povo vos agrade­cerá.

M e l h o r a m e n t o s

Continuam as obras do alarga­mento do pontão existente nu Rua da Estação, cuja construção irá descongestionar o trânsito nesta movimentada artéria.

S A N F E R , L . D A

S E D E Illl A R M A Z É N S

LISBOA, Rua de S. Julião, 41—1.” ||j| ÍTÍOÍIIIJO, Rua da Beln VistoA E R O M O T O R S A N F E R o moinho que resistiu ao

. ciclone — F E R R O S para construções, A R A M E S , A R C O S , etc.

C IM EN TO P O R T L A N D , T R IT U R A Ç Ã O de a lim en­tos para gados

R IC 1N 0 B E L G A para abudo de batata, cebola, etc. C A R R IS , V A C O N E T A S e todo o material para Ca­

minho de FerroA R M A Z É N S D E R E C O V A G E M

F O L H A A O V E N T O . . .( C o n t i n u a ç ã o d a p r i m e i r a p á g i n a )

0 sr Satanaz ViVa à tripa forra e de gorra e pucari- nho com todos os que sobre 0 globo terrestre se não far­tam de exercer 0 maior mal possível para a Humanidade, para seu contentamento com­pleto. Que vá passando de perfeita saúde e se sinta por lá muito bem sem a minh 1 companhia, certo de que, pobre de mim, me desinte­resso em absoluto pelo que se passa por sua casa, pois não tenho por costume preo­cupar-me com a vida em casa alheia.

Entendo, todavia, que para

Inferno, e bem duro, nos basta 0 quanto de mau pas­s a m o s e experimentamos desde a primeira hora em que nos entendemos, e prin­cipalmente 0 que sofremos com amarguras e privações constantes. Este, sim, é que é 0 ncsso verdadeiro Inferno. Do outro, desse tal que tanto tem preocupado os inúmeros escritores, nada quero saber, mas mesmo nada, entenda-se bem, nem que ele possa ser muito me­lhor que este mundo em que vivemos, embora que com grandes dificuldades e até

com algumas más compa­nhias, que de bom grado mandaríamos de presente ao sr. S a t a n a z . . . se é que sua e x c e l ê n c i a a i n d a tenha tempo, Vagar e paciência para receber em seus domí­nios mais s im p atizan tes .. .

Saphera Costa

Telefone 036 576

1'Ptira hum afiai

F o f o M o n H J e n s e

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20-6-957 A PROVINCIA 5

D o M i n h o a o G u a d i a n a

Baixo da Banheira( A l h o s V e d r o s )

— Em defesa do consum i­d o r — Parece mentira, mas é mesmo a s s im :

Todos vam os indo no «bote», sem que haja uma pessoa que apareça a rec la ­mar. Mas desta vez alguém vai pôr tudo em pratos lim­pos. . ,

E sta terra é geralmente abastecida, diáriamente, por numerosíssimos vendedores am bulantes, e todos fazem uso dos respectivos instru ­mentos de pesar ou medir, nos diversos géneros ou mercadorias, a fornecer ao público. E n tre estes, existe a classe dos padeiros am ­bulantes (venda ao dom icí­lio), que não são muito poucos, tanto desta lo ca li­dade c o m o do Barreiro, Alhos Vedros, e Moita do Ribatejo. E stes srs., já por hábito, chegam à porca dos seus clientes, apenas abrem os cestos, tiram o pão ne­cessário que os mesmos pedem para seu consumo, entregam, e pro nto .. . Agora p e r g u n t a m o s nós: — Para que servem as respectivas

.b a lan ças? Acaso virá todo o pão com garantia de peso? Por nossa parte não acredi­tam os! E assim a quem de direito, pede-se uma f isca­lização rigorosa, em defesa do consumidor. — (C,)

A L H O S V E D R O SO C o r t e j o d e O f e r e n d a s ..............

GrândolaD i a 9 d e J u n h o

Visitou e s t a localidade em 9 de Junho , passado, o E x .m0 S enh o r 1). António Cardoso Cunha, B ispo au xi­liar da Diocese de B e ja .

Esperaram -no à entrada da vila as entidades oficiais, as duas bandas de música, e muito povo. St-guiu depois para os Paços do Concelho onde lhe foram dadas as

O C orte jo de Oferendas, levado a efeito no dia 9 do corrente, pela Mesa A d m i­n istrativa da S an ta Casa da Misericórdia, da qual fa­zem parte os srs. Sebastião da Encarnação Mira, V ictor de Sousa e Manuel de Mora Féria , foi um êxito seguro.

C erca das 16 horas, 'che­gou o Chefe do Distrito, que se fazia acom panhar do P r e s i d e n t e e V ice-P res i- dente da Câm ara da Moita.

A ’s 16,30 horas, numa tribuna a r m a d a na Rua Cândido dos Reis, tomaram lugar os s rs . : Dr. Miguel Rodrigues Bastos, G o v e r­nador C iv il do D istrito , tendo à direita o Presidente da Câm ara e à esquerda o Provedor da San ta Casa da M isericórd ia ; s e g u i d o do C om andante da G . N. R., no Barreiro , Cap. Pim enta de C a s t r o ; Presidente da C om issãoC on celh iad aU . N., da Moita, R e v .0 João Evan­gelista de Matos, e outras individualidades.

A ntes de se in iciar 0 des­file, o sr. Alfredo Penedo, em nome do povo de Alhos Vedros, saudou o Chefe do D istrito , anunciando, segui­damente, a ordem de pas­sagem dos vários carros que se incorporaram no co rte jo ;

A m bu lância de socorros (adquirida pela Comissão de Festas de 19>5) ; carro com bandeira da M isericór­dia ; Sociedade Filarm ónica Dem ocrática 2 de Janeiro , de M o nti jo ; os estandartes da A cadem ia M usical e R e­

boas vindas, as quais se dignou agradecer.

Seguiu dali para a Igreja Matriz, onde deu a C om u ­nhão a inúm eras crianças.— (C.)

c re a t iv a 8 de Jan e iro ; S o c ie ­dade O perária Crédito e C onsum o ; Clube Recreio e Instrução ; Sociedade F i la r ­mónica Recreio e U nião ; Corpo de B om beiros de S a l ­vação Pública, com duas v ia tu ra s ; carro da firma Sebastião E. M ira; carro da firma J Brito Caiado Lda.; firma Joaquim Pedro Coelho G u e rre iro ; de Ja c in to &C.a, L d a . ; de Custódio N as­cimento S a n ch o ; João José San ch o & C.a ; A ldem iro E. Mira, Lda ; firma Rolin e F i lh o s ; Manuel de Sousa S e r r o ; J . M, Sancho e F i ­lhos, L d a . ; S . B rito & Irmão, e J. C. C abrita & Irmão, re­presentando toda a a c t iv i ­dade corticeira e que osten ­tava um dístico com a se ­guinte legend a: «A festas de caridade não há quem diga que não».

O conteúdo destes ú lti­mos carros foi in tegralm ente oferecido à Misericórdia.

Seguia-se a representação do B airro das A rroteias, com estandarte do Clube Recreativo Sport C h in q u i­lho, do qual fazia parte um rancho folclórico e um carro de bois devidam ente orna­mentado.

A representação da Barra Cheia era constitu ída por 9 carroças as quais transpor­tavam oferendas tais c o m o : batatas, sal, flores, galinhas, coelhos, arroz, e tc . ; 2 ca­miões com ti jolos (oferta da cerâm ica de Montijo) e \o sacos de cim ento S é c i l ; i carro com ofertas colhidas durante o percurso.

B aixa da Banheira — 6 cic listas equipados com 0 estandarte do G inásio A t lé ­tico B a n h e ire n se ; 1 carro do Clube C olu m bó filo ; 1 carro do Clube União Ba-

(Continna na página 4)

Elsa Jtfarval\

a a r f i j f a q tié c o n q u is to u t i s b ó a ó n d e voltará brevemente

( C o 71 / t n u a ç ã o d a ú l t i m a p á g i n a )

pense, pois refiro-me, apenas à Arte e Cultura, no sentido mais elevado e magnífico que esses dois dons possam envolver.

— Nasci em Buenos Aires e ali mesmo debutei em Rádio Argen­tina, tendo sucessivamente actuado em Kádio Belgrado e Kádio El Mundo — diz-me o «rouxinol das Américas», na melodia inebriante da sua voz mais própria de qual­quer coisa de celestial, qué não ti deste m undo!

— Depois? — inquiri.— Depois fiz cinema, tendo en­

trado nas películas «Los celos de Cândida», contracenando com Nini Marshall, «Pueblo Chico», «In- fierno Grande», e «Bajo el cielo da Andaluzia», além de outras pe­lículas que seria ocioso enumerar.

— No palco ?— Interpretei papéis principais

em muitas operetas...— Mas qual foi aquela cm qu :

teve mais êxito ?— Em «Viuva Alegre», ao lado

de Augusto Codecá.— Qual foi a canção em qus

mais se notabilizou ?— Na canção italiana «E troppo

tarde», primeiro na cidade de S. Paulo e depois em todo o Brasil.

Este èxito local translormou-se num êxito louco — disse a Im­prensa Carioca — e Elsa Marval teve a confirmação disso através de milhares de missivas de admi­radores, o que, paradoxalmente, tornou o seu nome mais conhecido ainda, no Novo Continente.

Na sua vida em relação a Por tugal, Elsa Marval tem qualquer coisa de particularmente interes­sante. Antes de actuar aqui, Elsita já estivera em Lisboa, no aeroporto da Portela, no decorrer de uma «tournêe». Ela recorda então com uina certa nostalgia esse aconteci­mento. «Eram umas cinco horas da manhã — diz-me a artista — <: o avião em que viajava com tninh 1 mãe teve uma patine que o obri­gou a aterrar na Portela. Enquanto o aparelho baixava, a genial intér­prete de «Maria del O» fazia uma ideia vaga embora, das belezas d.» nossa cidade. «Fazia um frio in- tensíssimo e, enquanto reparavam o aparelho, decidi fazer com minha mãe uma corrida em taxi até L is­boa» — «Lisboa debe ser pre­ciosa. Tendré que veria». E d<* facto, um ano mais tarde Elsa nãn só viu Lisboa, como apreciou a

carinho do nosso público para com os artistas que o são de ver­dade, como ela.

— Acha alguma semelhança en ­tre o nosso fado e o vosso tango ?

— Sinceramente, no. — con­testa me a artista, para logo acres­cen tar:— Pero, por aa índole vuestro fado despierta en mi alma de artista mi tango.

— Projectos ?— Partirei daqui para Paris e

depois para a América do Norte, onde já tenho contratos firmados.

São esses contratos que o rig i­naram a carta que acabo de rece­ber de Elsa Marval que me conta todas as suas actividades, tanto em Paris como na América.

— Em Paris cantei durante quase um mès com sucesso «Avril au Portugal», ou seja a canção por­tuguesa de grande êxito, do malo­grado M a e s t r o Raúl Ferrão, «Coimbra é uma canção». Na Ha- bana estive 17 semanas no melhor cabaret «Tropicana» e fiz televi­são, e aqui no México actuo no cabaret Cap ri e no «Teatro íris» e também fiz cinema.

Dum recorte do jornal m exi­cano, «Domingo en Zocalo», res­pigo a seguinte passagem que fala por si só: «Elsa Marval, la her- mosa argentina de origem italo-espanol, de solo veinti... anos de edad, ha recorrido los i-inco continentes demostrando lo que es una actriz en toda la extensión de la palabra».

— Recordar é v iv e r ! — diz o ditado, e vale tanto mais recordar o que acabo de vos narrar, porque Elsa Marval é uma artista que ama Portugal onde pensa voltar breve.

Lisboa, Junho de 1957.

Anibal A n j*s

~Fotúifi/ineTfúiniltioi para amadores fotografias 4'Íifie il par cibos fotográficos

Reportagem Fotográfica

Rut iulbão Pato, 11 - MONHJO

N." 61 Folhetim de «A Províncias 20-6-957

91Ideia do íâvessoc % c c Á í v a r c 9 ^ a t e n t e

— Que pretendes agora com a tua atitude? Queres arruinar-nos, rião é ? Tu sabes muito bem que concordámos sempre contigo, que te fizemos todas as vontades, — como, por exemplo, no «pau de f i le ir a » . . .

— E que os senhores transformaram num pretexto para exteriorizações,— interrompeu 0 engenheiro bruscamente. — Automóveis ioricando e buzi- nnndo; senhoras cobertas de luxo e jó ia s ; gestos estudados e espalhafato­so s . . uma autêntica contrafacção da ideia.

— Então, como querias tu?— Queria simplicidade, naturalidade, s in ce r id a d e .. .— O ide tens a cabeça, homem?— Tenho-a no seu lugar! Bem fazem os senhores que as têm por ares

e v e n t o s . . . os ares da supremacia, os ventos das ambições imoderadas!— Som os positivos e dinâmicos, é que é . . .— Bem 0 sei. Eu é que sou negativo e antiquado. Pertenço ao número

do:; tais sonhadores e u topistas; de sorte que nunca passarei dum pobretão qualquer, dum «engenhocas pindérico» que, entretanto, mantém a sua per­sonalidade e a sua família num nível muito diferente. Tenho por norma a honestidade e por timbre a minha educação moral. E se um dia me surgir no caminho uma mulher que mereça a minha estima e 0 meu respeito, for­marei outro lar, mas nunca esquecerei a mãe e a irmã que o Destino me confiou. Agora desgraçar as filhas da gente humilde, fazer delas amantes por filáucia e pedantismo, maculando a minha posição e a minha categoria, envenenando um ambiente e conspurcando a vida sã e pura duma terra exemplar, — ainda que a ld e ã — , isso nunca! N u n ca ! — ouviram, meus senhores ?

Os outros estavam abroncados com a catilinária.

Nao 0 conheciam bem sob aquele aspecto. Na ausência chamavam-lhe «esquisito», «excêntrico», «maníaco», «miudinho»; mas não calculavam que fosse até tão longe nas exigências e nas ideias.

Depois dum silêncio contrafeito, em qu,e se notava 0 embaraço geral, um dos sócios resolveu ultimar o incidente.

— Em última analise, vamos a s a b e r : — O que é que 0 engenheiro quer d e ,n ó s ? Para que nos fez reunir aqui ?

— É muito simples. Ou os senhores me dão plenos poderes para des­pedir 0 encarregado e substituí-lo; para proceder a um inquérito rigoroso ao pessoal e ao seu comportamento, com iguais p o d e re s ; 011 terão que pro­curar quem me substitua.

— Isto é peremptório e inflexível.O s sócios ficaram ainda mais abroncados.Depois doutro silêncio ainda maior, 0 parente afastado tomou também

sua re s o lu çã o :/ — Pois bem. Se ja . Levas ’o caso até alturas tais que nos obrigas a

atitudes urgentes. S e nos dás licença, vamos reunir em particular e arru­mamos agora mesmo 0 assunto.

— Não é preciso. Eu é que saio. Passo a outra sala e quando tiverem resolvido, voltarei.

E saiu com a maior placidez.A discussão iniciou-se imediatamente e prolongou-se por algum tempo.

Viam a questão sòmente pelo lado prático:— O que resultaria se 0 engenheiro se a fa s ta sse?— Quajs os prejuízos para a em presa?— E se 0 encarregado fosse despedido?— Seria preferível sair aquele ou despedir e s te ?Por fim, assentaram uo ponto de vista unânime.O parente afastado encarregara-se de 0 transmitir, de fisionomia brusca

e quase colérica.Tocou a campainha eléctrica e deu ordem para que o engenheiro vol­

tasse . E a seguir, co n ênfase e maneiras empoladas, comunicou :

( C O N T I N U A )

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6 A P R O V IN C IA 20-6.-957

Um conto de longe em longe

A V O Z B O N I T A— Tenham paciência, mas agora

quero ouvir o meu program a! — e Ana Rosa procurou apressada­mente u seu posto favorito.

— Bem, já se sabe que temos ao microfone o António Eduardo ! — comentou a Zeca, um pouco mali­ciosa.

Era um aborrecimento naquela altura em que estavam tão anima­dos com a música de baile ; mas Ana liosa. Ião boa/inha, tão con­descendente, era nesse ponto in­flexível. Desde que houvesse um programa de A n tó n io Eduardo nada mais lhe interessava. O pai até brincava com ela dizendo-lhe que a achava apaixonada pelo lo­cutor; Ana Bosa, porém, encolhia os ombros, dizia uma graça, dava dois dedos de conversa ao Marce­lino da Farmácia e escondia o seu segreda

Não. ria não estava ainda apai­xonada p o r António Eduardo; ainava, simplesmente, a sua voz, certa maneira muito pessoal de terminar as frases, esse qualquer coisa delicioso da sua fala quente, máscula, a um tempo doce e v i­brante.

Depois, aquela v o z vinha de Lisboa e acordava na sua alma ingénua, de menina provinciana, mil desejos e anseios nunca antes prensentidos... .

O pobre do Marcelino é que não justava da graça. Ele bem se es­forçava, coitado, mas não conse­guia ilisfa>çar um defeito da fala que lhe ficara dum susto apanhado em criança.

A Zeca levava o serão a afiná-lo, e a Marianit» acolitava a travessa quando não entravam também em cena os irmãos de Ana Bosa, dois diabos de 14 e 15 anos que punham o juizo a arder aos mais velhos.

Apaixonado e t r is te andava, pois, o M arcelino: mas a ingrata fingia não dar por tal e, entre- ianto. a roda dos amiguinhos com a rádio, satisfazia ao mesmo tempo a sua ânsia de novidades e de sonho. Quem, porém, atentasse seriamente na expressão concen­trada da sua carita meiga ao ouvir a voz de António Eduardo, com­preenderia que algo de mais grave se passava dentro dela.

A princípio, fora uma surpresa, em breye um deleite, por fim uma necessidade. E depois era tão na­tural ! A avòzinlia, que t in h a setenta a n o s , tambéin adorava aquela voz.

Encorajada pelo programa, es­creveu-lhe várias vezes, pedindo a transmissão dos seus discos pre­feridos, e quando e r a atendida ficava com o «oração aos saltos, louca de felicidade.

Chegava a ter vergonha de còrar tanto quando ouvia dizer :

— Para você, Ouvinte distante, esta canção romântica, mas cuidado com o rom antism o...

P O R

Gílll! d! M M Hifllll misUm dia pediu-lhe timidamente

um retraio. O pedido foi satisfeito e ainda por cima com uma dedi­catória espampanante, d a q u ela s que os grandes astros escrevem num minuto e em que não pensam mais dum segundo.

(A’ querida Ouvinte Distante — António Eduardo).

Aquela palavra «querida», junto ao rosto simpático do rapaz, aca­bou por transtornar a cabecinha de Ana Bosa. 0 sonho apoderou-se dela; a sua ideia exaltada quis dar-lhe a vida; e a primeira carta de amor, ingénua e palpitante, partiu da vilazita humilde e che­gou com seu perfume de inocência às mãos finas do locutor. Escusado é dizer-se que ele não lhe ligou importância alguma, porque rece­bia todos os dias declarações de meninas mais 011 menos apaixo­nada» e levianas sem que isso o perturbasse. Mas a garota e r a teimosa, escreveu de novo, desta vez falando de amizade, ; brindo o seu coração ávido de sensações, cansado da vila, dos namoricos das amigas, das conversas das vizi­nhas, da insistência do Marcelino. E, porque a carta era sincera. An­tónio Eduardo respondeu cha­mando-lhe amiguinha. Nessa noite Ana Rosa não dormiu, mas sonhou acordada que passava por Lisboa muito agarradinha ao sen amigui- nho. E a voz, a voz bonita, emba­lava aquele sonho, vibrando em seu coração como o sino da igreja da vila em dias de romatia. O destino, esse menino travesso que tantas partidas nos prega, ia fazer mais uma : no dia seguinte chegou uma caria da tia Fernanda pedindo para Ana Rosa ir tratar dela, pois se encontrava de cama. A pequena nem pensou em lamentar a doença da tia. Fez a malinha e abalou para Lisboa com a alegria estampada no olhar.

O pior foi qúe a tia estava real­mente doente e durante quinze dias Ana Bosa teve de entregar-se ao seu dever de enfermeira, sem sair, sem chegar à janela, e, — Deus do Céu ! . . . sem ouvir rádio. Isto não a desanimou, pois que em contrapartida um a conversa de duas visitas da tia, hàbilmente ex ­plorada, deu-lhe a conhecer certos pormenores da vida do seu ídolo e até o restaurante mais frequen­tado por ele.

Mal achou a tia capaz de ficar sem a sua companhia, pretextou uma compra e dirigiu-se ao res­taurante; mas a sorte não a bafe­jou; — António Eduardo não almo­çava ali n e s s e dia, talvez no

M A I Ol o p o d a , escritor e j ortal i t l o portuguêi J orge R s a o s , c o m 0 minho sincera adrai- r c( B8 e jraternsl cari sko.

R i t a d e L a r a(pottUa brasileira)

Monarca da am plidão, huma opulenta ostentação, 0 so l doira a floresta e, em crispações de luz, cemo que tenta arrebatá-la, no calor da sesta.

sE M aio ! Todo o verde em f l o r rebenta. . . e no ar derrama, em voluptuosa festa ,0 pólen salutar, cuja violenta pulverulência fecundante atesta.

O leque rendilhado das palm eiras se inclina sobre a relva sorridente, qual verde pálio de esmerado estilo.

E nas copas festiv a s das paineiras ouve-se de aves o gorgeio quente, por entre os ram os do còrado a s ilo !

F o r ta le z a — M aio d e 1957

próximo sábado, — disse - lhe o criado, com um sorriso trocista.

Aquela semana parecia não ter fitn ; porém, o tal sábado sempre chegou, por sinal radioso de sol, um sol escaldante de primavera lisboeta.

Ana Rosa suava, metida no ca- sacão cinzento, os sapatos à inglesa pesavam-lhe nos pés, a pintura feita à pressa escorria-lhe pelas faces afogueadas.

Foi assim que entrou no restau­rante e ouviu a boa nova : — Sirr senhor, o sr. António Eduardo vem almoçar.

Como aquele coraçãozinho bateu enquanto pedia um almoço que talvez nem provasse! C om o os momentos de espera lhe pareceram longos ! Louca de esperança ia pensando o que diria, como se havia de apresentar, de forma a não lhe parecer tão provinciana, tão b an al.,.

Mas eis que a porta se abre de repente e António Eduardo apa­rece, elegante, distinto, com o à vontade de grande senhor, t a,l como ela sonhara que ele fosse em pessoa, m as.. . acompanhado por uma rapariga loira e bonita. En­caminharam-se para uma mesa, ele deu rapidamente as ordens ao criado, enquanto ela ajeitava com graça o penteado e retocava a «maquillage». O rapaz ajudou-a a despir o casaco de fazenda leve, tocando-lhe nos braços bem tor­neados para compor a manga do vestido de «cetim»; ela sorria contente, sentava-se, e levantava- -se, alegre, feliz.

Ana Rosa olhava-os desvairada. Agora António Eduardo conver­sava e a sua voz tinha o encanto de sempre, aumentado pelo prazer de falar a uma linda mulher.

Podia ter ouvido tudo, mas para quê ? O tom entusiasmado, a ter­nura do olhar, a carícia das mãos, provavam claramente que a con­versa era de amor. Quis desviar os olhos, e foi então que deu com o espelho em frente onde se reflec­tiam as suas figuras: numa mesa o parzinho feliz de expressão ra­diante, noutra uma rapariga deses­perada e ridícula, sim, ridícula, porque só nesse momento Ana Bosa compreendeu a extensão da sua loucura. Como poderia Antó­nio Eduardo reparar n a pobre «Ouvinte Distante» se tinha à sua beira uma rapariga como aquela?

E não era a beleza da oulra que a vexava; Ana Rosa sentia que era bonita, sabia o encanto dos seus olhos. Na sua terra, no seu meio, era a pequena mais reques­tada ; mas ali não passava duma provinciana, mal vestida e mal pintada, em confronto com a graça e o apuro daquela lisboeta gentil.

Maquinalmente pagou a conta e fugiu para a rua, com medo de começar ali mesmo a chorar.

— Então, Ana Rosa, não queres ouvir o teu programa? — pergun­tou a Zeca admirada-

— Ouçam lá vocês o que quise­rem, respondeu o Marcelino, pra­zenteiro. Nós estamos falando do futuro!

— Já não estás apaixonada pela voz do António Eduardo? — es­tranhou a Marianita.

— Sabes, desde que estive em Lisboa, convenci-me de que liã muitas vozes como a dele. — E Ana Bosa procurou um programa de música de dança.

Não, agora não poderia ouvir a voz dele, aquela voz quente, más­cula, a um tempo doce e vibrante, não poderia .,, pelo menos diante dos outros.

S i l H I I J I t í i I J I jll I i l H ilflliti

E L S A M A R V A La a r t is t a q u e c o n q u is to u L isb o a o n d e v o l t a r á b r e v e m e n te

«Becordar é viver» — diz o di­tado, e mais uma vez esta frase se afirma 11 uma verdade, através duma simples carta e de algumas fotos que acabo de receber da artista argentina Elsa Marval, vinda do México, onde actua há muito, com êxito estrondoso no Teatro íris e na televisão, nos programas de Max Factor, o maquil- leur americano, de re­nome mundial.

Mas, volvamos u m pouco mais de três anos atrás, aos bastidores do Teatro Maria Victória, do Parque Mayer. Foi numa noite frígida de inverno que o secretário de então, da Legação da Argentina, em Lisboa, me apresentou a Elsita— nome de intimidade da a r t is t a . O acolhi­mento fo i estupendo para o signatário desta reportagem, o que vale a pena recordar e arqui­var n a s colunas do nosso jornal, porquanto, não só a artista é de grande valor, como é também uma amiga de Portugal e deste vosso criado— se me permi­tem o termo.

Nessa noite conversá­mos d u r a n te alguns momentos, e como a hora era já avançada em relação à do espec­táculo que ia começar, voltei no dia seguinte para a entrevista pro­priamente dita. Naquela noite assisti ao espectá­culo em que Elsa Marval actuava — uma revista intitulada «Como é o tempero».

Loira e dotada duma cultura estupenda, Elsa Marval é uma artista duma afabilidade tã o grande que cria desde o primeiro momento um amigo em todos quantos dela se aproximam. A sua voz é tão melodiosa que. além Atlântico,a cognominaram «o rou­xinol das Américas», e é bem ver­dade.

Uma salva de palmas estrondosa irrompera da plateia da pitoresca «boite» que é o Teatro Maria Victória. Sincera e profundamente comovida com o acolhimento do nosso público, aliás merecido, a que o talento da lídima artis'a, verdadeira alma dos pampas e artista internacional, tem jús, cur­va-se graciosamente a agradecer a homenagem dum público conhe­cedor como o nosso, teatreiro por excelência. Elsa Marval acabara de cantar «Ai Mouraria», em por­tuguês bem timbrado, pois está­vamos em presença duma artista de largos recursos, que abarca desde a simples canção até à ope­reta vienense. Elsita é uma arlista genérica. Para ela a arte do palco não tem segredos em todas as suas modalidades.

No dia aeguinte apresentei-me no camarim de Elsa, onde fui re­cebido já como uui amigo, na boa acepção da palavra. De fino trato, o que a eleva à categoria de Em baixatriz das artistas, aliada à de expoente m á x im o da canção argentina, escuta-me no in t rro- gatório a que a submeto, 110 seu amoroso camarim, de cujas pare­des pendem as extensas e tufadas "aias de organdi, enquadramento

R e c o r d a n d o a t r a ç o s l a r g o s

o q u e o j o r n a l i s t a v i v e u . . .

e c o n t i n u a r á v i v e n d o , t a l v e z

n u m f u t u r o p r ó x i m j o .

A artista argentina ELSA M AÍiVAL.

do seu talento maravilhoso, para uma entrevista que resultará im­portante nos anais da História dos intérpretes estrangeiros que têm visitado Lisboa, através de todo o nosso Teatro. Entrevista quase relâmpago, sem dúvida, mas nem por isso menos interessante, não só pelo dinamismo da própria ve- d ta argentina, que deixou sauda­des 110 nosso público, como pela melodia da sua voz carinhosa com que responde solicitamente às perguntas que lhe dirijo, entre duas actuações da referida revista. A sua arte inconfundível é tão perfeita tanto no «lieder» como na arte de representar propriamente dita, porque Elsita é também 11111a comediante emérita e uma baila­rina perfeitíssima.

E como é tão raro encontrarmos um artista estrangeiro que nos tenha visitado que reuna todas estas qualidades, eis por que, ao ver Elsa actuar nessa noite au­mentou mais em mim o desejo de entrevistá-la. Por detrás duma artista tão categorizada transparece sempre qualquer coisa de inolvi­dável, como de inolvidável ficará para sempre os contactos que du­rante a sua estadia em Lisboa tive com ela. Honny soit qui mal y

(Conclui na página 5)

A n í b a l A n j o s

- W-K-c:-.- Wkk-- —

f M O H T I J O e s p e r a - v o s

I nus ( f eitas Qflpulaus de S. (J)tdx&§ de 27 de Junho a 2 de Julho I