Bernardo soares Maria José Alberto Caeiro O mestre Dr...

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Alberto Caeiro O mestre Fernando P. Álvaro de Campos Ricardo Reis Bernardo soares Maria José Dr. Pancrácio Barão de Teine Antônio Mora Seguidor de Álvaro de Campos Semi-heterônimo Universo pós-Caeiro 08-03-1914 Personalidades literárias Robert Anon Chevalier de Pas Embrião da heteronomia - 1899 Universo pré-Caeiro Alessander Search

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Alberto CaeiroO mestre

Fernando P.

Álvaro de Campos

Ricardo Reis

Bernardo soares

Maria José

Dr. Pancrácio

Barão de Teine

Antônio MoraSeguidor de Álvaro

de Campos

Semi-heterônimo

Universo pós-Caeiro08-03-1914

Pe

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Robert Anon

Chevalier de Pas

Embrião da heteronomia - 1899

Universo pré-Caeiro

Alessander Search

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Fernando Pessoa• Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de

1935 (cirrose hepática, aos 47 anos)

• Ao lado de Luís de Camões, é um ícone, o grande escritorportuguês

• Foi o idealizador e promulgador do Modernismo Português:Revista Orpheu

• Teve uma vida de perdas e ausências, além da incompreensãosocial da sua poesia, que estava muito além de sua época

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,Não há nada mais simples.Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.Entre uma e outra todos os dias são meus.

(Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; escrito entre 1913-15; publicado na Revista Atena, nº5, Fevereiro de

1925)

Sua última frase foi escrita na cama do hospital, em inglês, com adata de 29 de Novembro de 1935: I know not what tomorrow willbring ("Não sei o que o amanhã trará.")

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Obra• 1899, cria o pseudônimo Alexander Search

• 1914, cria os heterônimos Alberto Caeiro,Ricardo Reis e Álvaro de Campos

• 1914, escreve a obra O Livro do Desassossego,do semi-heterônimo Bernardo Soares

• 1934, publica o poema Mensagem (de cunhoesotérico, exotérico, maçônico, espírita esbastianista)

Fernando Pessoa morreu quase completamente ignorado do grande público e nãopodia deixar de ser assim, pela natureza das suas criações, escapando ainteligibilidade fácil exigida do leitor comum e renunciando deliberadamente aocódigo de inspiração naturalista-amorosa que norteava a lírica de então.

Maria Aliete Galhoz

Ob. Fernando Pessoa faleceu de cólica hepática; morava num quartinho minúsculode cais de porto, endividado e alcóolico, completamente desajustado socialmente.

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Cada grupo de estados dealma mais aproximadosinsensivelmente se tornaráuma personagem, com estilopróprio, com sentimentosporventura diferentes, atéopostos aos típicos do poetana sua pessoa viva.

Fernando Pessoa.

Modernismo Europeu

Início do séc. XX - Portugal

Os heterônimos desenhados por Pessoa.

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Os d’Orpheu

• Revista Trimestral de Literatura, publicada em Lisboa em apenas dois números, em1915, sendo o terceiro número cancelado devido a dificuldades de financiamento.

• Exerceu uma notável e duradoura influência: o seu vanguardismo inspiroumovimentos literários de renovação da literatura portuguesa.

• Mau estar: causou impacto negativo na crítica do seu tempo.• Introduziu em Portugal o movimento modernista.• Importantes nomes das letras e das artes:

Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada-Negreiros ou Santa-Rita Pintor

Mário de Sá-Carneiro

Almada Negreiros

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A Águia

Capa do n.º 4 (1912) de AÁguia, órgão da RenascençaPortuguesa.

• Revista de literatura, arte, ciência, filosofia ecrítica social, que se publicou no Porto, entre1910 e 1932, como órgão do movimento deação sóciocultural autodenominado aRenascença Portuguesa.

• SAUDOSISMO METAFÍSICO: Portugal Império eglorioso, colonialista, monárquico esebastianista (mito)

• Cunho exotérico (místico) e esotérico (mítico)• A revista exerceu uma profunda influência

estética e ideológica sobre boa parte daintelectualidade portuguesa do primeiro quarteldo século XX, congregando sob o ideal comumdo nacionalismo literário diferentes tendências.

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O que é um heterônimo?

• Ortônimo: eu empírico, o próprio poeta, sujeito real do mundo, ideológico,que vive as experiências, o criador.

• Heterônimo é a criação, com nome, biografia, obra e estilo próprios, comose fosse um eu empírico, mas, por ser criação, é eu lírico.

• A heteronomia é um processo criativo pelo qual Pessoa cria seus outroseus, e assim percorre os caminhos do autoconhecimento. Cada eu líricocriado dá vida a outros eus empíricos.

Teoria do Fingimento:

teoria da criação desenvolvida pelo filósofo alemão

Friedrich Nietzsche.

“somente o poeta que é capaz de mentir

conscientemente, voluntariamente, pode

dizer a verdade.”(1884, quatro anos antes do nascimento de F. Pessoa)

Friedrich Nietzsche1844-1900

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Despersonalização:

teoria criada pelo filósofo alemão Friedrich Hegel.

O ser em si (eu empírico, real, o criador) torna-se

outro ser (eu lírico, a criação) e retorna a estar em

si. É um estado de consciência das infinitas

possibilidades que podemos ser de nós mesmos.

Em Fernando Pessoa, ao busca por essa

consciência alimentou e elevou sua esquizofrenia

ao grau máximo; ele criou artisticamente a

Estética da Esquizofrenia. Friedrich Hegel1770-1831

EU AUTOCONHECIMENTO

busca outros (eus líricos)

retorna a si (eu empírico)

A criação

O poeta

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Fernando Pessoa... Racionalizou tudo que é sentimento, emoção, sem perder um mínimo de profundidade.

Leyla Perrone-Moisés

Sente com a imaginação, é atravessado pela razão.

Como pessoa absorveu tudo da teoria do fingimento de

Nietzsche, sua estética se estruturava na racionalidade

com a exclusão do sentimento, uma busca incessante e

interminável pela verdade.

A razão organiza tudo, é o processo criativo, e para que

esse processo não seja desorientado, a emoção – estímulo

de tudo (processo interno) – deve ficar fora no plano

criativo. Essa é uma das maiores dicotomias em Fernando

Pessoa.

Todavia, o poeta racionalizou tudo sem deixar de ser

subjetivo e profundo. O único problema é que não se

consegue chegar à verdade através da poesia.

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• A busca pelo não saber-se(quem não tem consciênciade si, não existe)

Sonho. Não sei quem sou neste momento. Durmo sentindo-me. Na hora calma Meu pensamento esquece o pensamento,

Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo Parece que erro. Sinto que não sei. Nada quero nem tenho nem recordo.

Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões, Fantasmas me limitam e me contêm. Dorme insciente de alheios corações,

Coração de ninguém.

in Cancioneiro

Razão – Real – HomemX

Sentimento – Subjetivo - Alma

Se eu não penso e não tenhoalma, não existo.

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Vanguarda Sensacionistapensar é estar doente dos olhos.

• Não é um movimento

• Todo objeto é uma sensação nossa; toda arte converteuma sensação em objeto – busca pela racionalidade

Busca da realidade pela sensação.

• Problema!

Toda arte converte uma sensação em outra sensação.

• o poeta não consegue alcançar a realidade porque elanão existe; tudo é sensação

•Três tipos de sensações independentes:

externas – real

Internas – eu lírico

Abstratas – criadas pela arte

• Não existe uma sensação pura, nem individual: forteinfluência do Cubismo, que via a fragmentação do mundonuma espécie de mosaico Pablo Picasso,

cubismo

A união desses elementosgera o INTERSECCIONISMO:o cubismo em poesia.

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Fernando Pessoa

ele mesmo

Poemas

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• Só o poeta é capaz de dizer averdade através do fingimento, poisele é a amplitude das sensações

• Duas dores: a fingida e a verdadeira

• O poeta entende as duas; o leitor,só a fingida

Poeta – Leitor - Vida

Autopsicografia

O poeta é um fingidor. Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.

A vida dá voltas surpreendentes, écomo um brinquedo que nãoconseguimos controlar. É precisofugir para compreendê-la.

Só há a compreensão de si mesmo, não dos outros.

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• A razão cria tudo, até mesmo o sentimento eas sensações, o sonho, a imaginação.

• Nietszche: a mentira é factual, necessária aoser humano

• Aristóteles: há várias formas pelas quais asverdades podem ser contadas

Só o poeta é capaz de dominar o factual e as distintas formas de verdade

Isto

Dizem que finjo ou mintoTudo o que escrevo. Não.Eu simplesmente sintoCom a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraçoSobre outra coisa ainda. Essa coisa que é linda.

Por isso escrevo em meioDo que não está ao pé,Livre do meu enleio,Sério do que não é.Sentir! Sinta quem lê!

A verdade é a outra realidade

Descaso com o leitor: ele écego porque age com aemoção

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Pobre Velha Música!

Pobre velha música! Não sei por que agrado, Enche-se de lágrimas Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te, Não sei se te ouvi Nessa minha infância Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva Quero aquele outrora! E eu era feliz? Não sei: Fui-o outrora agora.

in Cancioneiro

Qualquer Música

Qualquer música, ah, qualquer, Logo que me tire da alma Esta incerteza que quer Qualquer impossível calma!

Qualquer música — guitarra, Viola, harmónio, realejo... Um canto que se desgarra... Um sonho em que nada vejo...

Qualquer coisa que não vida! Jota, fado, a confusão Da última dança vivida... Que eu não sinta o coração!

in Cancioneiro

• Ao ouvir a música, o sujeito relembra dasua infância.

• A felicidade está no mero lembrar dainfância, já que ela é uma incerteza davida madura

• A música da vida de Pessoa é aincerteza, traço da sua maturidadeprecoce e frustrante

• Coração = emoção: sentir dói

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Natal... Na província neva

Natal... Na província neva. Nos lares aconchegados, Um sentimento conserva Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo, Como a família é verdade!Meu pensamento é profundo, Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça A paisagem que não sei, Vista de trás da vidraça Do lar que nunca terei!

Solidão e melancolia: contraste darealidade do sujeito com o significado doNatal

Pessoa não se reconhece nessessentimentos como família, pois ele éoposto a tudo isso: sem família e semamparo sentimental

Existem muitos tipos de verdades

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Ela Canta, Pobre Ceifeira

Ela canta, pobre ceifeira, Julgando-se feliz talvez; Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave No ar limpo como um limiar, E há curvas no enredo suave Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece, Na sua voz há o campo e a lida, E canta como se tivesse Mais razões pra cantar que a vida.

CARPE DIEM = felicidadeComunhão com a natureza

Bucolismo – neo-paganismo

O sujeito poético deseja ser como aCeifeira

Ah, canta, canta sem razão! O que em mim sente ‘stá pensando. Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando!

Ah, poder ser tu, sendo eu! Ter a tua alegre inconsciência, E a consciência disso! Ó céu! Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve! Entrai por mim dentro! Tornai Minha alma a vossa sombra leve! Depois, levando-me, passai!

• O sujeito poético é lúcido,consciente, logo incapaz de serfeliz

X• A ceifeira é feliz por ser

inconsciente

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Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é,Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu.

Referência aos heterônimos: despersonalização

• Oposição entre o viver e o pensar:- Quem vê vive, pois não pensa

- Quem sente não vive, pois pensa

A vida de Fernando Pessoa, foipensada e vivida pelos heterônimos,por isso eles reduzem o ortônimo asua insignificância

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Não sei se é sonho se é realidade

Não sei se é sonho, se realidade,Se uma mistura de sonho e vida,Aquela terra de suavidadeQue na ilha extrema do sul de olvida.É a que ansiamos. Ali, aliA vida é jovem e o amor sorriTalvez palmares inexistentes,Áleas longínquas sem poder ser,Sombra ou sossego deem aos crentesDe que essa terra se pode ter.Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,Naquela terra, daquela vez.Mas já sonhada de desvirtua,Só de pensá-la cansou pensar,Sob os palmares, á luz da lua,Sente-se o frio de haver luar.

A Ilha dos Amores, já imaginada por Luís de Camões em Os Lusíadas

Ah, nesta terra também, tambémO mal não cessa, não dura o bemNão é com ilhas do fim do mundo,Nem com palmares de sonho ou não,Que cura a alma seu mal profundo,Que o bem nos entra no coração.É em nós que é tudo. É ali, ali,Que a vida é jovem e o amor sorri.

• A consciência da realidade:A felicidade depende do íntimo decada um, não do lugar aonde estamos.

Podemos fugir do mundo, mas não de nós mesmos.

A felicidade é incerta, é um eterno talvez.

Sonho VS realidade

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Sente com a imaginação, é atravessado pela razão.

• O sonho do equilíbrio évencido pela realidade dodesequilíbrio

Chuva OblíquaO próprio título sugere: oblíquo,confuso, incerto, turvo – aintersecção entre o real e osonho.

VLá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do carrosselÁrvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim...Noite absoluta na feira iluminada, luar no dia de sol lá fora,E as luzes todas da feira fazem ruído dos muros do quintal...Ranchos de raparigas de bilha à cabeçaQue passam lá fora cheias de estar sob o sol,Cruzam-se com grandes grupos peganhentos de gente que anda na feira,Gente toda misturada com as luzes das barracas, com a noite e com o luar,E os dois grupos encontram-se e penetram-seAté formarem só um que é os dois...A feira e as luzes da feira e a gente que anda na feira,E a noite que pega na feira e a levanta no ar,Andam por cima das copas das árvores cheias de sol,Andam visivelmente por baixo dos penedos que luzem ao sol,Aparecem do outro lado das bilhas que as raparigas levam à cabeça,E toda esta paisagem de Primavera é a lua sobre a feira,E toda a feira com ruídos e luzes é o chão deste dia de sol...

De repente alguém sacode esta hora dupla como numa peneiraE, misturado, o pó das duas realidades caiSobre as minhas mãos cheias de desenhos de portosCom grandes naus que se vão e não pensam em voltar...Pó de ouro branco e negro sobre os meus dedos...As minhas mãos são os passos daquela rapariga que abandona a feira,Sozinha e contente como o dia de hoje...

A feira é o próprio poeta;• As luzes, as gentes, os

pingos de chuva: são osheterônimos

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VIO maestro sacode a batuta,E lânguida e triste a música rompe...Lembra-me a minha infância, aquele diaEm que eu brincava ao pé dum muro de quintal,Atirando-lhe com uma bola que tinha dum ladoO deslizar de um cão verde, e do outro ladoUm cavalo azul a correr com um jockey amarelo...

Prossegue a música, e eis na minha infânciaDe repente entre mim e o maestro, muro branco,Vai e vem a bola, ora um cão verde,Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infânciaEstá em todos os lugares, e a bola vem a tocar músicaUma música triste e vaga que passeia no meu quintalVestida de cão verde, tornando-se jockey amarelo...(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontro à minha infância e elaAtravessa e o teatro todo que está aos meus pésA brincar com um jockey amarelo e um cão verdeE um cavalo azul que aparece por cima do muroDo meu quintal... E a música atira com bolasÀ minha infância... E o muro do quintal é feito de gestosDe batuta e rotações confusas de cães verdesE cavalos azuis e jockeys amarelos...Todo o teatro é um muro branco de músicaPor onde um cão verde corre atrás da minha saudadeDa minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copaCom orquestras a tocar música,Para onde há filas de bolas na loja onde a compreiE o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-seAgradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

8 de Março de 1914

• Experiência Interseccionista, aintersecção entre o real e o sonho:

O real evoca o sonho.

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Estrutura: - 3 quadras- Redondinhas maiores (7 sílabas poéticas)- Rimas cruzadas

Viajar! Perder países!

Viajar! Perder países! Ser outro constantemente, Por a alma não ter raízes De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim! Ir em frente, ir a seguir A ausência de ter um fim, E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem. Mas faço-o sem ter de meu Mais que o sonho da passagem. O resto é só terra e céu.

• Viajar: busca do conhecer a si próprio- Fragmentação do Eu: heterônimos- A procura do verdadeiro Eu- Só a experiência leva ao autoconhecimento

Fragmentação do sujeito (despersonalização)Viagem interior

Paradoxo: sonho vs realidade

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Liberdade

Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. Sol doira Sem literatura O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como o tempo não tem pressa...

Estoicismo de Sêneca: filósofo romano (4a.C) preocupado com a ética; defendiaque o cumprimento do dever era umserviço à humanidade.O destino do homem está predestinado, esomente o aceitando é que se podealcançar a liberdade

Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca...

Ironia: crítica ao povoportuguês que aguarda porum salvador

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2ª parte: Mar PortuguêsVida

1ª parte: BrasãoNascimento

3ª parte: O EncobertoMorte – Rei D. Sebastião

• O poema Mensagem é uma busca do passado glorioso dePortugal – o V Império (esoterismo pessoano)

- Profecia de Daniel ao interpretar o sonho de Nabucodonosor

- Profeta popular Bandarra

• Dividi em 3 partes: Brasão, O Mar Português e O Encoberto

• Mito Sebastianista

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• O mito sebastianista: foi odécimo sexto rei de Portugal,herdeiro da Dinastia de Avis,fundador do V Império

• Desapareceu na derrotaportuguesa na batalha deAlcácer-Quibir em 1578, dandolugar à dinastia Filipina e aonascimento do mito doSebastianismo

• Os lusos creem no retorno de D.Sebastião como uma forma dePortugal retomar seu passadoglorioso e tornar-se mais uma veznum grande império

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• Fernando Pessoa propõe-se avalorizar os heróis de Portugal

• D. Infante Henrique, o navegador:herói do início do período dasdescobertas, das grandesnavegações

I. O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Segunda Parte: Mar Português

Tom sagrado: Deus foi oresponsável por guiar Portugal àsdescobertas e ao status de Império

Paradoxo: a glória e a decadênciaDestino de Portugal: cair emdesgraça

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III. PADRÃO

O esforço é grande e o homem é pequeno.Eu, Diogo Cão, navegador, deixeiEste padrão ao pé do areal morenoE para diante naveguei.A alma é divina e a obra é imperfeita.Este padrão sinala ao vento e aos céusQue, da obra ousada, é minha a parte feita:O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceanoEnsinam estas Quinas, que aqui vês,Que o mar com fim será grego ou romano:O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na almaE faz a febre em mim de navegarSó encontrará de Deus na eterna calmaO porto sempre por achar.

Segunda Parte: Mar Português

• Diogo Cão: grande navegador doinício do período dosdescobrimentos (séc. XV)

• Padrão de descobrimento:reconhecimento da costa ocidentalafricana

Portugal é um dos paísesCatólicos mais efervescentes. AIgreja patrocinou muito dasGrandes navegações e dasconquistas lusas. Logo, Deus é overdadeiro herói

O surgimento do V Império

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XÓ mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.

Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.

Segunda Parte: Mar Português

1. Os marinheiros que morreram nasconquistas portuguesas

2. As famílias que perderam pais,filhos e irmãos no mar

Tom nostálgico e positivo do sacrifício luso,dos homens de Portugal

Para a alcançar a glória, é preciso enfrentare vencer grandes desafios

Ob: Correspondência com opoema épico de Luís deCamões Os Lusíadas, episódioO Velho do Restelo

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95- Ó glória de mandar! Ó vã cobiçaDesta vaidade, a quem chamamos Fama!Ó fraudulento gosto, que se atiçaC'uma aura popular, que honra se chama!Que castigo tamanho e que justiçaFazes no peito vão que muito te ama!Que mortes, que perigos, que tormentas,Que crueldades neles experimentas!

Luís de Camões: Os Lusíadas, Canto IV, 94-97

Velho do Restelo (1904), por ColumbanoBordalo Pinheiro no Museu Militar deLisboa.

• O Velho do Restelo é uma voz popular nopoema, pois representa as famílias queperderam seus entes no mar paraconquistar em nome de Portugal.

• Ao contrário de Mensagem, o Velho doRestelo é uma voz crítica.

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Primeiro – Noite

A nau de um deles tinha-se perdidoNo mar indefinido.O segundo pediu licença ao ReiDe, na fé e na lei

Da descoberta, ir em procuraDo irmão no mar sem fim e a névoa escura.Tempo foi. Nem primeiro nem segundoVolveu do fim profundo

Do mar ignoto à pátria por quem deraO enigma que fizera.Então o terceiro a El-Rei rogouLicença de os buscar, e El-Rei negou.

Como a um cativo, o ouvem a passarOs servos do solar.E, quando o veem, veem a figuraDa febre e da amargura,

Com fixos olhos rasos de ânsiaFitando a proibida azul distância.Senhor, os dois irmãos do nosso Nome-- O Poder e o Renome--

Ambos se foram pelo mar da idadeÀ tua eternidade;E com eles de nós se foiO que faz a alma poder ser de herói.

Queremos ir buscá-los, desta vilNossa prisão servil:É a busca de quem somos, na distânciaDe nós; e, em febre de ânsia,

A Deus as mãos alçamos.Mas Deus não dá licença que partamos.

Terceira Parte: O Encoberto. III, Os Tempos

O Império não se confirmou. Ficou apenas aesperança de que a profecia do V Império secumpra num futuro. Tudo está obscuro.

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• Determinação – indefinição – obscuridade• Promessa de um novo dia: novo Portugal• Presente (séc. XV): desacreditado• Futuro: esperança-profecia

Quinto – Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer

Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo fátuo encerra.Ninguém sabe que coisa querem.Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...É a Hora!

Terceira Parte: O Encoberto. III, Os Tempos

Crise de identidade: que Portugal é esse?

Crise dos valores morais

Esperança de brilho, reconhecimento

Apesar da realidade frustrante,ainda há esperança: esta é a horade mudar Vs a espera do milagredo salvador

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IstoDizem que finjo ou mintoTudo que escrevo. Não.Eu simplesmente sintoCom a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passoO que me falha ou finda,É como que um terraçoSobre outra coisa ainda.Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meioDo que não está ao pé,Livre do meu enleio,Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.

Fernando Pessoa é um dos poetas maisextraordinários do século XX. Sua obsessãopelo fazer poético não encontrou limites.Pessoa viveu mais no plano criativo do que noplano concreto, e criar foi a grande finalidadede sua vida. Poeta da "Geração Orfeu",assumiu uma atitude irreverente.Com base no texto e na temática do poemaIsto, conclui-se que o autor

a) revela seu conflito emotivo em relação aoprocesso de escrita do texto.

b) considera fundamental para a poesia ainfluência dos fetos sociais.

c) associa o modo de composição do poemaao estado de alma do poeta.

d) apresenta a concepção do Romantismoquanto à expressão da voz do poeta.

e) separa os sentimentos do poeta da vozque fala no texto, ou seja, do eu lírico.

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Leia os excertos abaixo do ortônimo FernandoPessoa da obra Mensagem e do poemaLiberdade, respectivamente.

Texto I(...)Quem te sagrou criou-te português... Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!O Infante - Segunda Parte: Mar Português

Texto IIQuanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, (...)

Sobre os excertos, seguem as afirmações:

I. No texto I, o mar possibilitou ao povoluso todas suas conquistas, por isso étão venerado. Contudo, não fez dePortugal uma grande nação.

II. Na última estrofe do texto II, Portugalnunca será um império porque nãoconsegue crescer como nação, umametáfora marcada pela relação poesia-crianças.

III. Podemos dizer que o texto I dialoga como texto II: Portugal não se torna grande,não cresce porque vive à espera, nãoconsegue fazer de seu povo seu própriosalvador.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e III.d) Apenas II e III.e) I, II e III.

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UFRGS 2016

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