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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA Sintomatologia vivenciada e perfil populacional de mulheres em fase de climatério no distrito de Vila Itoupava - Blumenau. Margit Mitschke Bloedorn BLUMENAU 2006

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

Sintomatologia vivenciada e perfil populacional de mulheres em fase de

climatério no distrito de Vila Itoupava - Blumenau.

Margit Mitschke Bloedorn

BLUMENAU

2006

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MARGIT MITSCHKE BLOEDORN

Sintomatologia vivenciada e perfil populacional de mulheres em fase de

climatério no distrito de Vila Itoupava - Blumenau.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Regional de Blumenau apresentado como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Nunes

BLUMENAU

2006

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS.......................................................................................................................4

RESUMO ..............................................................................................................................................5

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................6

2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................11

2.1 POPULAÇÃO ..........................................................................................................................11

2.2 INSTRUMENTOS.....................................................................................................................12

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................................13

3.1 CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL .......................................................................................13

3.2 POPULAÇÃO E MANIFESTAÇÕES NO CLIMATÉRIO..................................................................18

4 CONCLUSÃO ............................................................................................................................35

5 ANEXOS.....................................................................................................................................37

6 REFERÊNCIAS.........................................................................................................................45

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ÍNDICE DE TABELAS TABELA1: QUANTIDADE DE MULHERES RESIDENTES NAS DIVERSAS MICRO-ÁREAS DA VILA ITOUPAVA E

TAMANHO DE AMOSTRA DEFINIDO POR MICRO-REGIÃO. ................................................................12 TABELA 2 – MULHERES NO CLIMATÉRIO, SEGUNDO SITUAÇÃO CONJUGAL E FAIXA ETÁRIA. DISTRITO DE

VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ...........................................................................................13 TABELA 3 – MULHERES NO CLIMATÉRIO, SEGUNDO NÍVEL DE INSTRUÇÃO. DISTRITO DE VILA

ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ....................................................................................................14 TABELA 4 - MULHERES NO CLIMATÉRIO, SEGUNDO FAIXA ETÁRIA E NÚMERO DE FILHOS. DISTRITO DE

VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ...........................................................................................14 TABELA 5 – MULHERES NO CLIMATÉRIO, SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA E A OCUPAÇÃO. DISTRITO DE VILA

ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ....................................................................................................15 TABELA 6 – MULHERES NO CLIMATÉRIO, SEGUNDO A DISTRIBUIÇÃO NA RENDA FAMILIAR. DISTRITO DE

VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ...........................................................................................16 TABELA 7 – MULHERES NO CLIMATÉRIO E DISPONIBILIDADE DE TEMPO DE LAZER DIÁRIO. DISTRITO DE

VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ...........................................................................................16 TABELA 8 – MULHERES NO CLIMATÉRIO SEGUNDO A OCUPAÇÃO DO TEMPO LIVRE. DISTRITO DE VILA

ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ....................................................................................................17 TABELA 9 – MULHERES NO CLIMATÉRIO E RELIGIÃO. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA – BLUMENAU,

2006..............................................................................................................................................17 TABELA 10 – MULHERES NO CLIMATÉRIO E MANIFESTAÇÕES FÍSICAS. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA,

BLUMENAU, 2006. ........................................................................................................................18 TABELA 11 – DIFICULDADES APRESENTADAS EM LIDAR COM MANIFESTAÇÕES CLIMATÉRICAS. ..........20 TABELA 12 – MULHERES NO CLIMATÉRIO QUANTO À REALIZAÇÃO DE EXAME DE PREVENTIVO DO

CÂNCER DE COLO DE ÚTERO, PAPANICOLAU. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. 21 TABELA 13 – MULHERES NO CLIMATÉRIO QUE REALIZAM O AUTO EXAME DE MAMAS. DISTRITO DE

VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ...........................................................................................22 TABELA 14 – MULHERES NO CLIMATÉRIO QUANTO A REALIZAÇÃO DE MAMOGRAFIA. DISTRITO DE VILA

ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ....................................................................................................22 TABELA 15 – MULHERES CLIMATÉRICAS QUE FAZEM USO DE TRH (TERAPIA DE REPOSIÇÃO

HORMONAL). DISTRITO DE VILA ITOUPAVA – BLUMENAU, 2006. ................................................23 TABELA 16 – MULHERES CLIMATÉRICAS QUE JÁ FIZERAM USO DE TRH. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA –

BLUMENAU, 2006. ........................................................................................................................23 TABELA 17 – MULHERES NO CLIMATÉRIO QUANTO A FAIXA ETÁRIA E A EXISTÊNCIA DE FLUXO

MENSTRUAL. .................................................................................................................................24 TABELA 18 – CORRELAÇÃO PEARSON ENTRE AS MANIFESTAÇÕES CLIMATÉRICAS MAIS SIGNIFICATIVAS

NA MULHERES NO CLIMATÉRIO. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA, 2006............................................26 TABELA 18 – CORRELAÇÃO PEARSON ENTRE AS MANIFESTAÇÕES CLIMATÉRICAS MAIS SIGNIFICATIVAS

NA MULHERES NO CLIMATÉRIO. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA, 2006............................................27 LEGENDA DAS QUESTÕES DA TABELA 18: ............................................................................................28 LEGENDA DE CORES PARA A TABELA 18: ..............................................................................................29 TABELA 19 – MOTIVOS APONTADOS FAVORAVELMENTE À IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO

ESPECIALIZADO DE ATENDIMENTO AS MULHERES EM CLIMATÉRIO. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA, BLUMENAU, 2006. ........................................................................................................................34

TABELA 20 – MOTIVOS APONTADOS DESFAVORAVELMENTE À IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO ESPECIALIZADO DE ATENDIMENTO AS MULHERES EM CLIMATÉRIO. DISTRITO DE VILA ITOUPAVA, BLUMENAU, 2006. ........................................................................................................................34

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RESUMO Este trabalho investigou em literatura científica a sintomatologia que envolve o climatério e traçou o

perfil populacional das mulheres no climatério do distrito de Vila Itoupava da cidade de

Blumenau/SC. Trata-se de um estudo descritivo analítico realizado a partir da coleta de dados

realizada no mês de julho/2006 com 84 mulheres entre os 40 e 60 anos ou mais. Os resultados

revelaram predominância de mulheres casadas, com 1 a 2 filhos, ocupação do lar, com ensino

fundamental incompleto, evangélicas luteranas, praticantes e 59.52% das mulheres tem participação

na renda familiar. Quanto ao auto cuidado, tem-se que 83.95% das mulheres da amostra realizam o

exame de Papanicolau conforme as determinações do INCA, 84.52% realizam auto-exame de mamas

e 58.33% realizam mamografia conforme as determinações do Ministério da Saúde. As

manifestações mais difíceis de lidar referidas, foram a parestesia de membros inferiores (15.94%),

dores nas costas (10.14%), dores nos membros inferiores e superiores (10.14%). A análise estatística

mostrou predominantemente a relação entre manifestações psicogênicas e neurogênicas. As

correlações positivas de maior grau foram de ordem psicogênica entre o sentimento de tristeza e

perda de interesse pelas coisas que gostava e o sentir-se amada em relação a sentir que a vida vale a

pena ser vivida. No tocante à temática da instalação do serviço foi perceptível que a maior

necessidade apontada é a de obter informações adequadas à respeito deste período. Houve a

percepção deste período como um problema que necessita de ajuda, tratamento. Certo estranhamento

em relação a si mesmo e as novas ocorrências deste período podem fazer com que muitas mulheres

tenham dificuldades de lidar com algumas manifestações inerentes a esta fase da vida.

Palavras chave: climatério, menopausa.

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1 INTRODUÇÃO

A saúde da mulher no climatério foi e é tema de muitos estudos. Este assunto vem

conquistando o interesse de vários segmentos sociais (CABRAL, 2001). A preocupação social em

relação à produção de conhecimentos sobre o climatério é perceptível na veiculação reiterada sobre

este assunto nos meios de comunicação de massa e nos artigos disseminados no senso comum. Na

revista Veja de 6 (seis) de Julho de 2005 o médico Alexandre Kalache, coordenador da OMS

(Organização Mundial da Saúde) afirma que as sociedades precisam de um preparo para o aumento

populacional da terceira idade sugerindo que estatisticamente em 2050 haverá uma equiparação entre

o número de jovens e de idosos. No censo demográfico de 2000 o IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) informa uma população de mulheres de 133.510 habitantes e 128.298

homens. A população rural total (homens e mulheres) é de 19.865 habitantes. Para PAIVA (1999) o

ano de 2025 contará com 34 milhões de mulheres na faixa etária dos 60 anos perfazendo 13.8% do

total populacional. Em 1996 a OMS indicou a menopausa como um problema de saúde pública, um

grande peso econômico, prevendo que os próximos 10 anos elevariam a população de mulheres

climatéricas a números superiores a qualquer outro na história. A expectativa para 2030 é de 1.200

milhões de mulheres pós menopáusicas. (MURATA, 2001).

O processo do envelhecer ocorre individualmente, pertencendo ao ser humano integral,

independendo de seu sexo, suas crenças, religião, posição sócio econômico cultural. A diferença é o

que cada um sente e significa frente a este momento da vida. É possível afirmar que muitas

alterações significativas participantes deste processo ocorram com a menopausa, evento mais

marcante do climatério. (OLIEVENSTEIN, 2001; AMARAL, 2001; CABRAL, 2001; FLEURY,

2004; MACEDO e KUBLIKOWSKI, 2000). Menopausa e climatério foram tratados como

sinônimos e confundidos ao longo da história, dificultando as investigações cientificas. A palavra

climatério se origina do grego “klimacter” significando dificuldade de transpor. (AMARAL, 2001).

A OMS em 1981 definiu menopausa como o final da última menstruação.

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Aspectos culturais ocidentais valorizam o novo, o jovem e junto à valores sociais norteiam o

caminhar para a terceira idade. A verdadeira idade de uma pessoa é muito mais que sua idade

cronológica, que é um somatório entre os diversos fatores, biológicos, psicológicos e sociais, cada

qual com várias dissensões. A possibilidade de dependência de outrem é uma das maiores

preocupações das pessoas ao envelhecerem. (STRAUB, 2005).

Historicamente, a menopausa é um fenômeno referido e comentado desde os tempos bíblicos,

porém não corriqueiro entre as mulheres que tinham uma expectativa de vida reduzida. Desde o

século I a faixa etária dos 40 aos 50 anos é considerada a idade da menopausa. A investigação

cientifica dos transtornos ligados à menopausa data do século XVIII, a partir de estudos escassos,

pouco e inadequadamente divulgados, originando a medicalização em torno deste fenômeno. O

britânico Edward Tilt foi quem, ao longo de 50 anos, desenvolveu pesquisas sendo o primeiro a

sugerir que os transtornos do climatério deviam-se à involução ovariana e publicou a primeira análise

estatística dos sintomas incluindo neles os transtornos psíquicos. (CABRAL, 1996). A visão

patológica da menopausa se mantém até a atualidade, sendo cada vez um fenômeno mais

medicalizado. (MACEDO E KUBLIKOSKI, 2000). A medicina trata a menopausa como uma

endocrinopatia ou “crise nervosa” tranqüilizante dependente. (CABRAL, 1996). A meia idade

feminina é fundamentada por uma produção de verdades que legitimou predominantemente o

modelo médico, pautado sobre a fragilidade do corpo governado pelo útero responsável pela

produção de patologias físicas e mentais, estigmatizado através da histeria e atualmente através da

tensão pré-menstrual, depressão pós parto e menopausa. (MACEDO E KUBLIKOWSLI, 2000). No

Brasil, desde os tempos coloniais, a ordem das instituições eclesiásticas e civis se pautava sobre o

controle da sexualidade feminina. A salvação da mulher era a maternidade e desvios eram

considerados feitiçaria. No século XIX o controle social passou pelo discurso cientifico

monopolizado pelos novos profissionais da psiquiatria e da medicina, a histeria e a loucura foram

ligadas e aspectos como a menstruação, gravidez e parto e considerados a base etiológica dos

distúrbios mentais de maior incidência nas mulheres. (MACEDO E KUBLIKOWSKI, 2000).

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Conceitualmente o climatério é um distúrbio endócrino associado à exaustão folicular,

falência ovariana progressiva, culminando com uma deficiência hormonal. (MURATA, 2001).

Também considerado como passagem da mulher à terceira idade é caracterizado por uma serie de

mudanças biológicas, físicas e sociais, considerada como período critico da vida da mulher.

(AMARAL, 2001). Também é caracterizado pelo conjunto de alterações observadas no final da vida

reprodutiva da mulher sendo que a menopausa é apenas um evento neste período. (FERREIRA,

1986). O climatério é visto como uma crise agravada por eventos sociais, além da possibilidade de

perda de pessoas próximas levando ao abalo assim de seus esteios de equilíbrio emocional. Com o

aumento da expectativa de vida, aparece a importância de cuidar bem destes anos buscando, a todo

custo, o bem estar físico, social e emocional. (PELEGRINI JR., 1999). A sintomatologia e

significado do climatério e menopausa não são experiências universais. (KONRAD, 2004). O

climatério é percebido pelas mulheres como uma crise da reprodução ou produção da crise

intensamente medicalizado e submetidas a um violento controle social no que se refere à relação

entre seus papéis de produtoras de bens e reprodutoras de indivíduos, papéis estes que desaparecem

no período do climatério, inaugurado pela menopausa, podendo-se pensar em uma crise

culturalmente produzida, cujos estudos e pesquisas devem ser contextualizados (JURBERG E

CANELLA, 1997). Ainda que possa parecer um período marcado por perdas, é também um período

que pode ser marcado por oportunidades, se for submetido á lente de um olhar psicológico e não

apenas pseudobiológico. O olhar médico das perdas remete à TRH (terapia de reposição hormonal).

O olhar psicológico remete aos questionamentos e a busca de uma qualidade de vida, com vistas às

mudanças no sentido de vivência das mulheres. (MACEDO E KUBLIKOWSKI, 2001).

A sintomatologia climatérica é dividida em sintomas em corporais: cefaléia, diminuição da

lubrificação vaginal, ondas de calor, tensão corporal, ganho de peso, astenia, fadiga e sudorese e

psíquicos como: falta de concentração, diminuição da memória, nervosismo, irritabilidade geral,

inquietação, ansiedade, labilidade afetiva, tristeza, melancolia, insônia, diminuição da libido até

frigidez. (MIRANDA E FIGUEIREDO, 1999). Alterações urogenitais e na função sexual,

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palpitações, dores em geral, mudanças ma pele, olhos, dentes, aumento das possibilidades de

transtornos de humor, além da vivência diferenciada de cada mulher em torno da parada da

menstruação podem despertar uma gama de sentimentos contraditórios. Tanto alívio em detrimentos

às preocupações com a fertilidade quanto apreensões em relação à proximidade do envelhecimento e

às perdas são próprias desta etapa da vida. (FLEURY, 2004). A invisibilidade do climatério foi

analisada a partir das queixas que levam as mulheres a procurarem atendimento psicológico em uma

clinica escola do IPUSP. Dentre as queixas, dificuldades afetivas, de relacionamento e sexuais foram

encontradas além dos sintomas físicos. (SOUZA E SILVARES, 2002).

A etiopatogênese dos sintomas psíquicos é multifatorial e heterogêneo, atribuído ao déficit

hormonal responsável pelas principais alterações descritas anteriormente. A fertilidade desempenha

um papel importante para a mulher climatérica, fase que algumas vezes culmina com outros fatores

estressores sociais, como perda dos pais, problemas na área do trabalho, viuvez, conflitos conjugais e

doenças associadas. A dependência socioeconômica pode surgir e a baixa escolaridade e, a função de

“dona de casa” aumenta a incidência de sintomas de ordem psíquica no climatério. (MIRANDA E

FIGUEIREDO, 1999). A relação dos sintomas físicos e mentais permanece indefinida, porém

alterações próprias do envelhecimento (diminuição sono, libido e saúde física) e mudança nos papéis

sociais, responsabilidades e relacionamentos parece ser fonte de afecção da identidade feminina, da

sua auto-estima e relacionamentos sócio-familiares. (DIAS, 2005).

A multifatorialidade do climatério é confirmada através de instrumentos de avaliação de

saúde e bem estar, que deveria contemplar a identificação de sintomas e seu impacto na qualidade de

vida (DIAS, 2005). O instrumento desenvolvido neste sentido é o Kupperman Menopausal Index e

WHQ (Women’s Health Questionary). O WHQ é um instrumento aceito internacionalmente,

desenvolvido na Inglaterra, em 1986 destinado ao conhecimento dos sintomas pós menopáusicos e

permitindo o acesso às mudanças que afetam a qualidade de vida, ocorridas nesta época da vida da

mulher. (SILVA F.O., 2005). O WHQ foi traduzido para o português por três profissionais bilíngües

das disciplinas de psiquiatria e psicologia do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Faculdade

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de Medicina de Botucatu–UNESP, recebendo, em português, a designação “Questionário da Saúde

da Mulher” (QSM). Seguiu-se a retro tradução, por três profissionais da língua inglesa. A versão

final foi elaborada com a participação de todos os profissionais envolvidos com o objetivo de se

manter a estrutura semântica e lingüística do instrumento. Para a validade de critério foram utilizados

o coeficiente de correlação de Pearson e coeficientes de sensibilidade e especificidade da escala em

questão. O índice geral de sensibilidade foi de 0.83, especificidade 0.87, correlação de -0.82 e

consistência interna de 0.89. (DIAS, 2005).

No Brasil as mulheres climatéricas e menopausadas utilizam os serviços de saúde no sentido

de buscar um tratamento medicamentoso para os sintomas desconfortáveis instalados e não no

sentido psico-profilático. (MURATA, 2001). Considerando o fato de que as mulheres têm uma vida

de pelo menos 25 anos após a menopausa e que os profissionais de saúde necessitaram de preparo

para lidar com esta população (MURATA, 2001) acredito na possibilidade de colaborar com este

estudo na possibilidade de estruturação de um serviço de atenção as mulheres climatéricas do distrito

de Vila Itoupava – Blumenau.

Situado na região norte do município de Blumenau, situa-se o distrito de Vila Itoupava. A

raiz germânica é muito forte na sua colonização e a população de terceira idade é uma das maiores

do município. Situado a 35 km do centro da cidade de Blumenau não conta com serviços de saúde e

de atenção especial à esta população. O distrito de Vila Itoupava foi criado pela Lei Estadual n 941,

de 31 de dezembro de 1943. Conta com uma superfície de 91 km2, sendo 11,9 km2 de área urbana

(13%), e 79,1 km2 (87%) área rural. O distrito é constituído em sua quase totalidade por

descendentes alemães, que conservam nítidos traços étnicos e culturais, tendo um forte sentimento de

grupo mantido por laços religiosos, parentesco, compadrio e tradições herdadas de seus

antepassados. Conforme o censo de 2000, o contingente populacional era de 4895 habitantes

divididos em 92.2% descendentes de alemães, 2.6% de poloneses, 2.3% de italianos e 2.9% de

brasileiros. O crescimento populacional da região é da ordem de 1.3% ao e a projeção para 2005 é de

5221 habitantes. (IPPUB – Instituto de Pesquisa de Planejamento Urbano de Blumenau).

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A inserção de um estudo específico nesta região, valorizando e compreendendo os aspectos

culturais, teria um impacto positivo na saúde e qualidade de vida destas mulheres. Através de um

aprofundamento do estudo desta população e a promoção de atendimento integral à saúde da mulher

na faixa etária a partir dos 40 anos, pretende-se buscar a minimização dos sintomas climatéricos,

diminuir a medicalização e promover atividades de lazer e esporte, essenciais para a manutenção da

saúde biopsicossocial.

O objetivo geral desta pesquisa é a identificação da sintomatologia associada ao climatério e

o perfil populacional de mulheres na faixa etária a partir de 40 anos, residentes no distrito de Vila

Itoupava, no município de Blumenau. A aplicação dos instrumentos na respectiva população foi

realizada para se descrever as manifestações mais relevantes relacionadas ao climatério, e averiguar a

percepção das mulheres sobre a necessidade de implantação de um programa de atividades

específicas voltadas à saúde da mulher climatérica.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 População

A investigação foi realizada no distrito de Vila Itoupava, Blumenau. O Programa de Saúde da

Família realizou, no início de 2006, um levantamento na região para identificar a incidência de

mulheres com 40 anos ou mais, tendo sido encontradas 973 moradoras em nove micro-regiões

geograficamente divididas por distribuição populacional.

Nesta pesquisa, optou-se pelo levantamento de 10% do total de mulheres identificadas. A

Tabela 1 mostra a quantidade de mulheres residentes nas diversas micro-áreas daquele distrito, bem

como o tamanho da amostra em cada uma destas micro-áreas. Em razão de que o levantamento de

informações foi realizado durante visitas domiciliares de agentes de saúde, em cada micro-região,

treze mulheres pré-difinidas, por critério aleatório dentro das áreas, não participaram da pesquisa, por

não estarem em casa quando ocorreu a visita dos agentes, ou por não aceitarem responder ao

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questionário. Deste modo, a pesquisa contou com um total de oitenta e quatro sujeitos respondentes,

distribuídos ao longo das nove micro-regiões.

Tabela 1: Quantidade de mulheres residentes nas diversas micro-áreas da Vila Itoupava e tamanho de amostra pré-estabelecido por micro-região.

Micro-área População de mulheres Amostra 1 91 9 2 112 11 3 188 19 4 86 9 5 109 11 6 75 7 7 102 10 8 97 10 9 113 11

Total 973 97

2.2 Instrumentos

Para a coleta de dados foi utilizado um questionário adaptado a partir de dois instrumentos,

contendo 46 questões. O primeiro instrumento utilizado na UNIFESP formulado com perguntas

estruturadas contendo aspectos relevantes do climatério, a partir de análise de literatura e consulta à

ginecologistas da instituição utilizado por MURATA (2001). Do instrumento de MURATA (2001),

foi retirada a questão referente ao rendimento mensal por julgar ser uma questão irrelevante para este

estudo. Foram alterados os itens da questão 3 referentes a sintomas de ordem subjetiva, mantendo-se

nesta questão apenas os itens de transformações físicas. As questões 37, 38 e 39 foram adaptadas de

MURATA, 2001 para a forma do QSM. Acrescentaram-se também duas questões relativas à

reposição hormonal, uma questão referente ao sangramento menstrual e uma última questão sobre a

percepção da necessidade da existência de um serviço de saúde para atender esta população estudada.

O segundo instrumento é o QSM, constituído originalmente de 37 questões, cada qual com 4

alternativas de resposta. As questões estão dispostas em 7 grupos aleatoriamente e avaliam questões

como sintomas somáticos, sintomas referentes à ansiedade e depressão, sintomas menstruais,

sintomas relacionados com a perda de memória, sono e concentração, sintomas sexuais e percepção

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da atratividade. As questões relativas ao instrumento QSM são as de número 4 até o número 40. A

questão referente ao sintoma urinário e sede foi dividida a fim de melhorar a compreensão da mesma.

As questões do QSM foram elaboradas com o cuidado de não enfatizarem os sintomas negativos,

excluindo o termo menopausa na formulação das mesmas. Não é um questionário discriminativo,

mas possibilita o acesso a informações subjetivas, podendo ser utilizado na monitorização de

sintomas climatérios e mensuração do impacto destes sobre o bem estar das mulheres. (DIAS, 2005).

Referente aos dados demográficos a idade limite inferior foi de 40 anos.

Os dados foram analisados através de estatística descritiva e métodos estatísticos não

paramétricos, em especial teste qui-quadrado e correlação de Pearson.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Caracterização populacional Para fins didáticos consideraremos a variável faixa etária em todas as tabelas que se seguem

de forma que de 40 a 44 anos equivale a faixa etária 1, de 44 – 49, 50 – 54, 55 – 59, maior que 60

anos como 2, 3, 4 e 5 respectivamente.

Tabela 2 – Mulheres no climatério, segundo situação conjugal e faixa etária. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Situação Conjugal Com Sem moram não moram Faixa Etária Nº % comp. % Casada % comp. % Viúva % juntos % juntos % 40 a 44 19 22,62 4 23,53 11 22,92 2 50,00 2 18,18 0 0,00 0 0,0045 a 49 18 21,43 4 23,53 12 25,00 1 25,00 0 0,00 1 25,00 0 0,0050 a 54 17 20,24 5 29,41 9 18,75 0 0,00 2 18,18 1 25,00 0 0,0055 a 59 18 21,43 4 23,53 8 16,67 0 0,00 4 36,36 2 50,00 0 0,0060 + 12 14,29 0 0,00 8 16,67 1 25,00 3 27,27 0 0,00 0 0,00Total 84 100,00 17 100,00 48 100,00 4 100,00 11 100,00 4 100,00 0 0,00

Como pode ser visto na tabela 2, existe significativamente um número maior de mulheres

casadas na distribuição das diversas faixas etárias, diminuindo gradativamente após os 50 anos. A

faixa etária 3 mostra predominância da situação de viuvez. Na região não encontramos nenhuma

ocorrência para situação com companheiro sem residirem juntos.

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Tabela 3– Mulheres no climatério, segundo nível de instrução. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006. Faixas Etárias

Nº % 40 - 44 %

45 - 49 %

50 - 54 %

55 - 59 %

60 ou + %

Ens. Fund. Incompl. 61 72,62 10 52,63 12 66,67 13 76,47 16 88,89

10 83,33

Ens. Fund. Compl. 12 14,29 6 31,58 2 11,11 1 5,88 1 5,56

2 16,67

Ensino Méd. Incompl. 5 5,95 1 5,26 2 11,11 1 5,88 1 5,56

- 0,00

Ensino Méd. Compl. 4 4,76 1 5,26 2 11,11 1 5,88 0 0,00

- 0,00

Ensino Sup. Incompl. 1 1,19 0 0,00 0 0,00 1 5,88 0 0,00

- 0,00

Ensino Sup. Compl. 1 1,19 1 5,26 0 0,00 0 0,00 0 0,00

- 0,00

Total 84 100 19 100 18 100 17 100 18 100 12 100

A tabela 3 representa significativamente que o nível de instrução predominante em todas as

faixas etárias é o do ensino fundamental incompleto. Apesar de ser uma fração pequena da amostra,

também pode ser notado que houve mulheres que completaram o ensino superior apenas nas faixas

etárias 1 e 2. A amostra da faixa etária 4 foi a que apresentou maior percentual de mulheres que

interromperam seus estudos antes de completar o ensino fundamental (88.89%).

Tabela 4 - Mulheres no climatério, segundo faixa etária e número de filhos. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006. Faixas Etárias Nº de Filhos Nº %

40 - 44 %

45 - 49 %

50 - 54 %

55 - 59 %

60 ou + %

Sem Filhos 5 5,95 1 5,26 3 16,67 1 5,88 - 0,00 - 0,00

1 a 2 filhos 36 42,86 9 47,37 11 61,11 3 17,65 6 33,33

7 58,33

3 a 4 filhos 30 35,71 8 42,11 4 22,22 10 58,82 4 22,22

4 33,33

5 filhos ou +

13 15,48 1 5,26 - 0,00 3 17,65 8 44,44

1 8,33

Total 84 100 19 100 18 100 17 100 18 100 12 100

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A tabela 4 indica que o percentual maior de número de filhos é de 1 a 2 filhos nas faixas

etárias 1, 2 e de 4. Nas faixas etárias 3 preponderou o número de 3 a 4 filhos em 58, 82% das

mulheres. Chama a atenção que um percentual pequeno por faixa etária não tem filhos, porém na

faixa de 50 a 54 anos 16.67% não tem filhos.

Tabela 5 – Mulheres no climatério, segundo a faixa etária e a ocupação. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006. Faixas Etárias

Ocupação Nº. % 40 - 44 %

45 - 49 %

50 - 54 %

55 - 59 %

60 ou + %

Do Lar 68 81,93

9 50,00

14 77,78 15 88,24

18 100

12 100,

Atividade no Campo - 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,0 - 0,0

OMSPF 10 12,05

7 38,89

1 5,56 2 11,76 - 0,0 - 0,0

OFNME 5 6,02

2 11,11

3 16,67 - 0,00 - 0,0 - 0,0

OENSE - 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,0 - 0,0

Total 83 100 18 100 18 100 17 100 18 100 12 100

Legenda: OMSPF – ocupação manual sem preparo formal OFNME – ocupação formal com nível médio de instrução OENSE – ocupação especializada com nível superior de instrução

Na tabela 5 temos que das mulheres entrevistadas, 81.93%, da faixa etária 1 têm como

ocupação atividades do lar, decrescendo este número para 50% na faixa etária 2, em seguida

crescendo o percentual nas demais faixas etárias até atingir 100% após os 55 anos. (Nestas atividades

foram consideradas inclusas as atividades do campo e trabalhos de artes manuais). Na faixa etária 2

verifica-se o maior percentual de mulheres que tem ocupação com nível médio de instrução. É

significativo também sinalizar que não houve nenhuma resposta para ocupação especializada com

nível superior. Em relação à Murata, 2001, é significativamente diferente a amostragem populacional

que em seu estudo conta com 32 % das mulheres com pós graduação e 10% com ensino superior

completo.

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Tabela 6 – Mulheres no climatério, segundo a distribuição na renda familiar. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Participação na Renda Nº % Única Responsável 9 10,71 Maior Responsável 8 9,52 Divide Responsabil. 50 59,52 Sem Responsabi. 17 20,24 Total 84 100,00

A partir da tabela 6 é relevante o percentual de mulheres que dividem a responsabilidade com

a aquisição da renda familiar, 59,52%. Também chama a atenção que 20.24% das mulheres que não

tem responsabilidade na distribuição é superior as que são unicamente responsáveis pela mesma,

10.71%. Ainda que o percentual maior de mulheres tenha como ocupação principal o gerenciamento

do lar, 59.52% dividem a responsabilidade na geração de renda para o lar. Poderíamos supor que este

incremento da renda, esteja ligado à renda de aposentadoria ou a atividades de preparo não formal

(artesanato e produção doméstica de produtos alimentícios como geléias, docinhos, conservas, pães e

outros) que são vendidos em feiras organizadas pela cooperativa de produtores locais. A partir destes

dados acreditamos ser importante que em pesquisas futuras seja incluída uma questão referente à

fonte de ganho extra.

Tabela 7 – Mulheres no climatério e disponibilidade de tempo de lazer diário. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Tempo de Lazer Diário Nº % Menos de 3 horas 64 76,19Até 3 horas 13 15,48Até 6 horas 4 4,76Mais de 6 horas 3 3,57Total 84 100,00

A tabela 7 mostra que a maior parte da amostra populacional tem menos de 3 horas de lazer

diários, 76,19 %. Apenas 3,57 % conseguem dedicar mais de 6 horas para atividades de lazer.

MURATA, 2001, mostrou que 82% das trabalhadoras da universidade dispunham deste mesmo

tempo diário, relacionando este diminuto tempo de lazer à terceira jornada de trabalho no retorno ao

lar. Porém vale refletir como o trabalho afeta a mulher em suas diversas etapas de vida e no local

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onde se insere. A preocupação com a família, particularmente com os filhos e o cunho gratuito das

tarefas domesticas têm repercussões na saúde da mulher. (MURATA, 2001).

Tabela 8 – Mulheres no climatério segundo a ocupação do tempo livre. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Ocupação de Tempo Livre Quant. % Total Assiste TV 60 17,86Conversa com amigos 51 15,18Leitura 48 14,29Ouve Rádio 45 13,39Confecção de trabalhos manuais 33 9,82Participação de grupos 33 9,82Atividades físicas 31 9,23Participação de associação de caridade/comunitária/assistencial 9 2,68Participação de associação recreativa 8 2,38Participação de associação esportiva 5 1,49Participação de associação sindical/política 5 1,49Participação de associação cultural 4 1,19Outros 4 1,19Total 336 100,00

Na tabela 8 é possível verificar que a ocupação de destaque foi assistir TV, 17,86 %, seguido

da conversa com os amigos, 15,18 %; leitura 14,29 % e ouvir rádio, 13,39 %. O número de respostas

ultrapassa o número de sujeitos por haver mais de uma possibilidade de resposta por sujeito. Chama

a atenção que as atividades físicas e participação em atividades culturais perfazem 9,23 % e 1,19 %

do total. O hábito de ver televisão predominou também no estudo de Murata (2001) na região

metropolitana de São Paulo. Um dado interessante e que não pode deixar de ser citado é a conversa

com amigos que foi a segunda maior alternativa para as horas de lazer.

Tabela 9 – Mulheres no climatério e religião. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Praticantes % Não

praticantes % Total Luteranos 51 96,23 2 3,77 53 Católicos 27 93,1 2 6,9 29 Assembléia 1 50 1 50 2 Total 79 5

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A observação da Tabela 9 indica que a maioria das respondentes segue a religião Luterana,

isto é, 53 mulheres (63,10 % da amostra). Vinte e nove mulheres indicaram seguir a religião católica

(34,52 %), e 2,38 % a Igreja Assembléia de Deus. Aparentemente, não há diferença significativa

entre as condições de praticantes e não praticantes apontadas nas porções da amostra de mulheres

que seguem as duas religiões predominantes. O número de respondentes nas outras religiões não é

significativo a fim de permitir uma maior análise neste trabalho.

3.2 População e manifestações no climatério

Tabela 10 – Mulheres no climatério e manifestações físicas. Distrito de Vila Itoupava, Blumenau, 2006.

Transformações Físicas Descrição Quant. % Total ganho peso 50 16,61cansaço 47 15,61ondas calor 40 13,29pele seca 40 13,29taquicardia 37 12,29Calor/frio 29 9,63fraqueza 29 9,63tremores 20 6,64perda peso 9 2,99Total 301 100,00

O total de repostas foi superior ao de sujeitos porque houve mais de uma possibilidade de

resposta por sujeito entrevistado. Na tabela 10 a manifestação de maior ocorrência foi o ganho de

peso, relatado por 16.61% dos respondentes. O cansaço ficou em segundo com 15.61% seguido pela

manifestação de ondas de calor e pela seca com 13.29%. A taquicardia representou 12.29% das

respostas. Do total, 2.99% das mulheres relataram perda de peso. As manifestações mais freqüentes

no climatério se relacionam às mudanças hormonais sofridas pelas mulheres, dentre elas as mais

freqüentes são vasomotoras como as ondas de calor e taquicardia e ressecamento da pele devido a

menor absorção de colágeno. (KONRAD, 2004). Interessante observar que no estudo realizado a

manifestação de maior ocorrência é o aumento de peso. As alterações de peso nesta época estão

relacionadas a alterações fisiológicas variáveis, como nos níveis de estrogênios. A involução

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ovariana do climatério concorre com a redução da produção hormonal que atua sobre a lipase

lipoprotéica dos tecidos, concorrendo para o aumento do acúmulo de gordura, com maior

distribuição na região abdominal. Outro fator que poderia contribuir para o ganho de peso é a

diminuição de atividades físicas, prática comum das mulheres neste período. (MELO et al, 2004).

Ao observar a tabela 11 verifica-se que a manifestação climatérica que traz mais dificuldade

para a mulher lidar no cotidiano são a parestesia (formigamento) dos membros inferiores (MMII),

15.94%, seguidas pelas dores nas costas, dores nos MMII (membros inferiores) e dores nos membros

superiores (MMSS), 10.14%. Tanto a parestesia quanto a dor em MMII podem ser consideradas

manifestações vasomotoras. (SANCHÉZ E BUSTAMANTE, 2005). Sabe-se também que não existe

uma correlação entre os níveis absolutos de estrogênios e sintomas vasomotores e nem correlação

direta entre os sintomas, mas freqüentemente se observa melhora significativa nas manifestações

destes quando do uso de TRH. (SILVA, 2004). Um percentual de 7.25 % das mulheres relatou

dificuldades em lidar com a cefaléia. A deficiência estrogênica no sistema límbico parece ser a causa

para a cefaléia no climatério (FERNANDES et al, 2004). Chama a atenção que manifestações

psicogênicas como as dificuldades de convivência, tristeza, desânimo representaram 1.45% do total

relatado, ou seja, uma mulher para cada manifestação. Silva (2004) relata que 42.2% das mulheres

que participaram da pesquisa no hospital universitário da Universidade Federal de Santa Catarina

apresentaram depressão e 75.5% se queixaram de ondas de calor, sendo este, o segundo sintoma mais

prevalente. As ondas de calor e a sudorese, que acometem cerca de 80% das mulheres na pós-

menopausa (HALBE et al, 2002). Em nosso estudo, apenas 2.90% referiram ondas de calor.

Concordamos com Silva (2004) que sugere que diferenças entre sintomas climatéricos

aparecem como resultado de interações entre alterações físicas, influências culturais, percepções e

expectativas individuais. (SILVA, 2004). Pérez-López (2003) sugere que o climatério é vivido como

experiência individual segundo seus fatores hereditários, dieta, estilo de vida, meio social e atitudes

culturais, sendo que entre as mulheres japonesas há menos referencias de ondas de calor, enquanto

que nas gregas há muitas referencias a esta sintomatologia.

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Tabela 11 – Dificuldades apresentadas pelas mulheres em lidar com manifestações climatéricas. Distrito de Vila Itoupava. Blumenau 2006.

Queixas Quant. % Total Formigamento 11 15,94 dor costas 7 10,14 dor mmss 7 10,14 dor mmii 7 10,14 nervosismo 6 8,70 Cefaléia 5 7,25 perda libido 4 5,80 aumento peso 3 4,35 perda de memória 3 4,35 ondas calor 2 2,90 aperto peito 2 2,90 Dormir mal 1 1,45 Dor no Peito 1 1,45 Pele seca 1 1,45 Freq. Urinar 1 1,45 dor corpo 1 1,45 dif trabalho 1 1,45 dif convivência 1 1,45 Tristeza 1 1,45 dor abdominal 1 1,45 empachamento 1 1,45 desanimo 1 1,45 Total 69 100,00

A tabela 12 mostra que 74,07 % das mulheres no climatério realizam exame de Papanicolau

anualmente. Apenas 6,17 % realizam o exame eventualmente e 4,94 % nunca realizaram-no. Da

amostra pesquisada, 3 sujeitos não responderam a esta questão. A OMS recomenda que a

periodicidade seja anual e a cada dois anos para dois resultados negativos consecutivos. (Ministério

da Saúde, 1997). Pode-se concluir que, sob este aspecto, 83,95% da amostra realizou o exame de

Papanicolau dentro dos critérios estabelecidos. O câncer de colo do útero é o segundo mais comum

entre mulheres no mundo, sendo responsável, anualmente, por cerca de 471 mil casos novos e pelo

óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano. (INCA, 2006).

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Tabela 12 – Mulheres no climatério quanto à realização de exame de preventivo do câncer de colo de útero, Papanicolau. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Realização de Exame Papanicolau Nº % Sim de 6 em 6 meses 3 3,70 Sim uma vez por ano 57 70,37 Sim uma vez a cada dois anos 8 9,88 Sim eventualmente 5 6,17 Só fez uma vez na vida 4 4,94 Nunca fez 4 4,94 Total 81 100,00

Na tabela 13, observa-se que 84,52 % das mulheres climatéricas realizam o auto-exame de

mamas, 15,48 % nunca se examinaram. Questões referentes ao câncer de mama são amplamente

discutidas na atualidade. De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce e a prevenção

fornecem benefícios sócio-econômicos. O INCA não recomenda o auto exame de mamas como

medida isolada para detecção precoce. (INCA, 2006). Recomenda-se que o auto exame seja feito a

partir dos 21 anos entre o sétimo e o décimo dia do ciclo menstrual, e sua realização é recomendada

como obrigatória em mulheres acima de 50 anos, também cuja mãe ou irmãs que tiveram câncer de

mamas, mulheres que tiveram o primeiro filho após os 30 anos, nulíparas, mulheres que tiveram

menarca precoce ou tardia, mulheres que utilizaram hormônios estrogênicos por um período muito

longo, e as que já tiveram câncer de mamas. (DAWIN et al., 2003).

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo, e o primeiro entre as

mulheres. O Ministério da Saúde reconhece que a taxa de mortalidade por câncer de mama difere

significativamente entre as regiões brasileiras, sendo o sul e sudeste as regiões com as maiores

incidências. (MURATA, 2001). Seria interessante um estudo paralelo à respeito do auto exame de

mamas, freqüência, significação,conhecimento à respeito do auto exame de mamas e verificação de

incidência de câncer mamário nesta região. O instrumento adaptado entre Murata e WHQ não

permite esta avaliação.

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Tabela 13 – Mulheres no climatério que realizam o auto exame de mamas. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Realização de Auto Exame de Mamas Nº % Sim realiza 71 84.52 Nunca Fez 2 2,38 Não Realiza 11 13,10 Total 84 100,00

A tabela 14 mostrou que 58.33 % das mulheres já foram avaliadas através de mamografia e

41.67% não foram.. No início de abril de 2006, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto

Nacional de Câncer (INCA), indicou a obrigatoriedade do exame de mamografia para mulheres

acima dos 50 anos e, a partir dos 40 anos, para mulheres com histórico familiar de incidência de

câncer de mama. (INCA, 2006). O presente estudo mostra que cerca de 1/3 da população de

mulheres nas faixas etárias 4 e 5 não realizam o exame de acordo com as recomendações do

Ministério. Murata, 2001, cita o aumento da incidência do câncer de mamas também entre as

mulheres mais jovens, o que justificaria a necessidade de investimentos maiores em esforços no

sentido do diagnóstico precoce, sendo que neste sentido o auto cuidado é essencial. Os benefícios

deste exame são evidentes, sendo que a sua realização é recomendada a partir dos 35 anos, a cada

dois anos, e anualmente a partir dos 50 anos. (MURATA, 2001). O teste feito (χ2= 5,03; gl= 1; p=

0,025). As amostras são diferentes. No estudo de Murata (2001), 44.30% das mulheres realizaram o

exame de mamografia e 55.1% não realizaram. Verificou-se que as mulheres residentes na Vila

Itoupava usam mais de mamografia do que as funcionárias universitárias. Pode-se supor que as

diversas atividades dos agentes comunitários de saúde possam ter um papel significativo no sentido

de incentivo às mulheres para realização deste exame.

Tabela 14 – Mulheres no climatério quanto a realização de mamografia. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Hábito de Realizar Mamografia Nº % Realiza Mamografia 49 58,33 Não Realiza Mamografia 35 41,67 Total 84 100,00

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A tabela 15 mostra que 21.24% realizam TRH atualmente e 79.76% não fazem uso de TRH.

O uso da TRH é de indicação individual pautado nos riscos e benefícios de cada caso. De acordo

com Marinho (2001), a existência de sintomatologia indica TRH e prescrição é evitada em caso de

negativa da paciente ou contra indicação adequadamente informada. O uso em mulheres

assintomáticas deve ser de decisão individual de acordo com as características e riscos para cada

doença sobre a qual a TRH possa agir. (MARINHO et al, 2001). A TRH melhora a qualidade de vida

das mulheres menopausadas, e, apesar deste fato ser evidente, é ainda enorme o contingente de

paciente, que apesar de sintomáticas, não fazem uso deste tratamento (HALBE et al, 2002).

Neste sentido vale refletir a necessidade de um estudo mais aprofundado nesta região acerca

das representações acerca da menopausa/climatério e o sentimento de necessidade do uso de TRH,

uma vez que esta terapêutica se encontra disponível nos serviços de saúde locais. Neste teste de (χ2=

0,15; gl= 1; p= 0,70) As amostras são semelhantes e os resultados não mostraram diferenças

significativas entre os dados de Murata (2001) colhidos com as mulheres universitárias e as mulheres

da amostragem deste trabalho.

Tabela 15 – Mulheres climatéricas que fazem uso de TRH (Terapia de Reposição Hormonal). Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Realiza Reposição Hormonal Atualmente Nº. % Realiza Reposição 17 20,24 Não Realiza Reposição 67 79,76 Total 84 100,00

Tabela 16 – Mulheres climatéricas que já fizeram uso de TRH. Distrito de Vila Itoupava – Blumenau, 2006.

Já Realizou Reposição Hormonal Nº. % Já Realizou Reposição 21 25,00 Nunca Realizou Reposição 63 75,00 Total 84 100,00

A tabela 16 indica das respondentes 25% já realizaram algum tipo de reposição hormonal

anteriormente. A TRH é amplamente divulgada no meio médico e ainda é primeira escolha no

tratamento da sintomatologia climatérica. A TRH é o melhor tratamento disponível para o climatério,

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pois repõe os hormônios outrora produzidos pelos ovários, revertendo os sintomas produzidos.

(MURATA, 2001). A TRH, além dos benefícios descritos, propicia ainda conservação da massa

óssea e diminuição do risco de doenças coronarianas, mas a despeito desses fatos, há também

controvérsias na sua utilização pelo aumento do risco para câncer de mamas, o que torna necessária a

avaliação dos riscos e benefícios da sua prática. (FERNANDES et al, 2004). O presente estudo não

fornece dados que possam justificar o percentual significativo de mulheres que não fazem TRH nesta

região, mas seria possível supor que algumas questões relativas à cultura local poderiam fornecer

indícios, visto que a TRH é disponibilizada pelos serviços de saúde.

Tabela 17 – Mulheres no climatério quanto a faixa etária e a existência de fluxo menstrual. Existência de Fluxo Menstrual X Faixa Etária

Faixa Etária Nº % Sim % Não % 40 a 44 19 22,62 9 28,13

10 19,23

45 a 49 18 21,43 6 18,75

12 23,08

50 a 54 17 20,24 6 18,75

11 21,15

55 a 59 18 21,43 6 18,75

12 23,08

60 + 12 14,29 5 15,63 7 13,46

Total 84 100,00 32 100,00 52 100,00

A tabela 17 aponta que nas faixas etárias 1, 2, 3, 4 e 5 houve respostas positivas para

sangramento menstrual em 28.13%, 18.75%, 18.75%. 18.75% e 15.63% das mulheres

respectivamente. Ainda que a amostragem seja pequena o dado mostra um percentual ainda

significativo de mulheres que apresentam sangramentos após os 60 anos.

A irregularidade menstrual é fator que varia pelo menos durantes 27 meses e é de risco

moderado à depressão. (JUNIOR et al, 2004). Os primeiros indícios da proximidade da menopausa

coincidem com a queda da função ovariana, que inicia entre os 35 a 45 anos, podendo estender-se

por mais de uma década, sendo a irregularidade menstrual uma das manifestações mais recorrentes.

(ABDO e FLEURY, 2004). A irregularidade menstrual (aumento ou diminuição dos intervalos entre

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uma menstruação e outra no volume de sangue) pode ser o primeiro sinal de que as modificações

hormonais do climatério estão em curso no corpo da mulher. (SOUZA, 2006). Em Machado 2001,

encontramos que o sangramento no climatério é também chamado de disfuncional, ou ainda

sangramento uterino anormal que é abrangente, multi-etiológico. Dentre as causas, inclui-se a

disfunção hormonal. Quando falamos em sangramento disfuncional, pressupõe-se que todas as outras

causas como lesões internas de vagina, útero e anexos, distúrbios de coagulação e outras patologias

genitais já foram excluídas. (MACHADO, 2001).

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Tabela 18 – Correlação Pearson entre as manifestações climatéricas mais significativas na mulheres no climatério. Distrito de Vila Itoupava, 2006.

Correlação Entre Manifestações Climatéricas Q1 Q2 Q3 Q4 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q12 Q13 Q15 Q16 Q17 Q19 Q20 Q21 Q22 Q24 Q25 Q26 Q27 Q29 Q31 Q32 Q36 Q4 0,38 0 Q6 0,405 0,604 0 0 Q7 0,356 0,402 0,001 0 Q9 0,332 0,002 Q10 0,505 0,444 0,365 0 0 0,001 Q11 0,333 0,379 0,002 0 Q12 0,434 0,459 0 0 Q13 0,389 0,417 0,452 0,364 0 0 0 0,001 Q15 0,304 0,346 0,339 0,307 0,366 0,005 0,001 0,002 0,004 0,001 Q16 0,442 0,326 0,342 0,382 0,301 0,353 0 0,002 0,001 0 0,005 0,001 Q17 0,388 0 Q19 0,453 0,301 0 0,005 Q20 0,301 0,358 0,005 0,001

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Tabela 18 – Correlação Pearson entre as manifestações climatéricas mais significativas na mulheres no climatério. Distrito de Vila Itoupava, 2006.

Correlação Entre Manifestações Climatéricas Q1 Q2 Q3 Q4 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q12 Q13 Q15 Q16 Q17 Q19 Q20 Q21 Q22 Q24 Q25 Q26 Q27 Q29 Q31 Q32 Q36 Q21 0,321 0,341 0,396 0,003 0,002 0 Q22 0,407 0,391 0 0 Q23 0,351 0,001 Q24 0,368 0,331 0,379 0,326 0,302 0,001 0,002 0 0,003 0,005 Q25 0,339 0,413 0,333 0,324 0,324 0,002 0 0,002 0,003 0,003 Q26 0,316 0,447 0,003 0 Q28 0,507 0 Q30 0,333 0,382 0,449 0,002 0 0 Q31 0,389 0,321 0 0,003 Q32 0,368 0,423 0,308 0,335 0,564 0,001 0 0,004 0,002 0 Q33 0,308 0,004 Q35 0,379 0,404 0,501 0,436 0,443 0,333 0,368 0,405 0,303 0,354 0 0 0 0 0 0,002 0,001 0 0,005 0,001 Q36 0,337 0,382 0,334 0,335 0,308 0,356 0,002 0 0,002 0,002 0,004 0,001 Q37 0,347 0,318 0,362 0,431 0,352 0,64 0,001 0,003 0,001 0 0,001 0

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Legenda das questões da Tabela 18: Q1 – insônia (N) Q26 – sensação de empachamento (N)

Q2 – sonolência (N) Q27 – perda de interesse por sexo (P)

Q3 – sensação de pânico (P) Q28 – dispareunia (G)

Q4 – tristeza (P) Q29 – sentir-se atraente (P)

Q5 – ansiedade (P) Q30 – parestesia de membros (N)

Q6 – perda de interessa pelas coisas (P) Q31 – dificuldade de concentração (P)

Q7 – palpitações (P) Q32 – perda de memória (N)

Q8 – ainda gosta das coisas que gostava (P) Q33 – poliúria (G)

Q9 – sentimento de que a vida vale a pena (P) Q34 – polidipsia (N)

Q10 – tensão ou nervosismo (P) Q35 – depressão (P)

Q11 – apetite (P) Q36 – sentir-se amada e respeitada (P)

Q12 – impaciência (P) Q37 – a vida traz realização (P)

Q13 – irritação (P)

Q14 - preocupação com o envelhecimento (P)

Q15 – cefaléia (N)

Q16 – cansaço (N)

Q17 – tonturas (N)

Q18 – dor mamaria (M)

Q19 – dores nas costas e membros superiores e inferiores (N)

Q20 – chatice (P)

Q21 – sentir-se com energia (P)

Q22 – desconfortos abdominais e cólicas (N) * P – queixas psicogênicas

Q23 - hemorragias (ordem uterina) (G) N – queixas neurogênicas

Q24 – sudorese noturna (N) M – queixas mamárias

Q25 – náuseas (N) G – queixas genitais

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Legenda de cores para a tabela 18: Correlação positiva moderada 0.300 a 0.399

Correlação positiva moderada 0.400 a 0.499

Correlação positiva moderada 0.500 a 0.599

Correlação positiva forte 0.600 a 1

A primeira parte da tabela 18 (Pg. 22) mostra os índices de correlação entre Q1 até Q20. Ao

longo deste texto, estarão descritas as correlações positivas moderadas em ordem crescente. Foram

consideradas como significativas correlações variando entre 0.300 a 1. A correlação positiva indica

que os respondentes que obtiveram escores altos na variável X tendem a obter escores também altos

na variável Y. (LEVIN, 1987). Foram descritas as seguintes correlações entre Q1 até Q 20: o

sentimento de tristeza com a sensação de pânico; tristeza com palpitações; palpitações com

tensão/nervosismo; sentimento de que a vida vale menos com a pena com interesse pelas coisas;

tristeza com tensão e irritação; tristeza com insônia; sonolência com bom apetite; irritação com

cefaléia; tristeza com perda de interesse pelas coisas; palpitações com irritação; cefaléia com

cansaço; cansaço com tonturas; cansaço com dores nos MMSS; sonolência com cansaço e chatice.

Perda de interesse pelas coisas com pânico; palpitações com sentir que a vida vale menos a pena;

tensão com palpitações; tristeza com interesse pelas coisas e impaciência; interesse pelas coisas com

tensão e irritação; cansaço com sonolência; dores nos MMSS e insônia.

Pode-se dizer que as reações às manifestações climatéricas promovem no organismo o

desencadeamento de sintomas de stress. Algumas mudanças previsíveis no climatério podem trazer

sobrecarga emocional para as mulheres nesta fase como as descritas nas tabelas 9 e 10. O stress e o

equilíbrio hormonal têm uma relação estreita. A diminuição de estrogênio (principal ocorrência

climatérica) provoca uma desorientação geral do funcionamento feminino. (LIPP, 2003). É

importante considerar a subjetividade de cada mulher envolvida na vivencia deste processo. (ABDO

e FLEURY, 2004). O nível de comprometimento com as manifestações e com as novas situações de

vida que o climatério impõe a mulher resulta em inúmeros sintomas psicofísicos, fazendo parte

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destes, tonturas, sensação de fraqueza, tristeza, cefaléia, sudorese, poliúria, tensão, palpitações,

dificuldade de concentração, alteração de memória, náuseas, aumento ou perda de apetite, irritação,

ansiedade, diminuição de libido e tremores (LIPP, 2003), como pode ser observado pela análise dos

dados do presente estudo.

Aparentemente, o sentimento de que a vida vale a pena está diretamente relacionado com o

interesse mantido pelas coisas que se fazia antes do período de climatério. Quanto maior é o

sentimento de que a vida ainda vale a pena maior é o interesse que a mulher mantém pelas atividades

de outrora. A tristeza aparece correlacionada à tensão e à irritação, com a perda de interesse pelas

coisas e com a insônia. Os sintomas de ordem psicogênica correlacionados entre levam a

possibilidade de pensar que a situação de stress (tensão, irritação) pode levar a insônia e

consequentemente a maior perda de interesse pelas coisas de outrora e impaciência. Sabe-se que o

sono é um reparador do organismo e a sua falta é condicionante de stress fisiológico. A correlação

entre sonolência e apetite poderia ser considerada sob a ótica das manifestações de stress descritas

acima. O cansaço relacionado à sonolência e ao cansaço e tonturas, parece ter uma relação bastante

direta, pois a má qualidade de sono leva o organismo a stress fisiológico e a sensação de mais

cansaço, e produção de tonturas causadas por desequilíbrios hormonais orgânicos. (LIPP, 2003). No

que se refere às dores no MMSS relacionados à insônia, são distúrbios que ocorrem em padrões

variados e sua associação é provável, pois diversas manifestações formam um conjunto, por isso,

síndrome climatérica, composta de sintomas descritos que afetam a qualidade de vida, à medida que

geram fadiga, irritabilidade e dificuldade de concentração. (ABDO e FLEURY, 2004).

A segunda parte da tabela 18, apresentada à página 23, mostra os índices de correlação

obtidos de Q20 até Q37 em ordem numérica crescente. Houve correlações significantes entre:

tristeza com perda de interesse pelas coisas; gostar do que gostava antes (não gostar mais do que

gostava antes) e sentir-se com energia (neste sentido com energia diminuída); cólicas/desconfortos

abdominais com tonturas e hemorragias; sonolência com pânico, cefaléia, cansaço, desconfortos

abdominais e sudorese noturna; sonolência com palpitações, cansaço, tonturas e náuseas; palpitações

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com sensação de empachamento; insônia com dificuldades de concentração; palpitações com perda

de memória; sudorese noturna com náuseas; cansaço com poliúria; depressão com sonolência,

tensão, chatice, sudorese noturna e náuseas; sentir-se menos amada e respeitada com perda de

interesse pelas coisas, impaciência, irritação, chatice, perda de interesse pelo sexo e sentir-se

fisicamente menos atraente; a vida trazer realização (não sentir-se realizada) com impaciência, sentir-

se com menos energia, sentir-se fisicamente menos atraente e diminuição de memória.

Têm-se associações entre várias manifestações. A relação direta entre não gostar mais do que

gostava antes e sentir-se com menos energia parece ter relação com quadros depressivos. A transição

climatérica é identificada como uma etapa da vida em que a probabilidade de aumento de transtornos

de humor é significativa, e numa perspectiva psicológica, mudanças podem desencadear quadros de

muita ansiedade envolvendo perdas (neste caso perda do gostar de algo de outrora), distanciamento

de pessoas próximas, e de condições de vida valorizadas (sentir que a vida ainda vale a pena).

(ABDO e FLEURY, 2004). Cólicas, desconfortos abdominais e hemorragias estão diretamente

ligados por uma questão anatômica e fisiológica. Para a OMS, considera-se menopausa quando há

cessação da menstruação num período consecutivo de 12 meses, ocorrendo nos países

industrializados em torno dos 50 anos. (JUNIOR et al, 2004). Uma parcela significativa das mulheres

relata experiências desfavoráveis em relação à menopausa, e muitas desenvolvem sintomatologia

física e psíquica importante relacionada a este fato do climatério. (JUNIOR et al, 2004). A

probabilidade de quem apresentou sonolência apresentou também mais cefaléia, cansaço,

desconfortos abdominais e sudorese noturna, conduzem-nos a supor que a associação de diversos

sintomas pode produzir má qualidade de sono, levando a sonolência. O cansaço junto às tonturas e

náuseas, palpitações relacionados à sensação de empachamento, insônia e dificuldades de

concentração, palpitações e diminuição da memória, sudorese noturna e náuseas, são manifestações

psicogênicas decorrentes da síndrome climatérica (MIRANDA E FIGUEIREDO, 1999). No que se

refere ao cansaço relacionado a poliúria, a relação mais provável é a freqüência aumentada do

número de micções prejudica a boa qualidade do sono e repouso, levando a situação de cansaço. A

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depressão tem uma correlação com outras diversas manifestações, entre elas o sentimento da

diminuição da atratividade física. A depressão pode estar associada aos fatores hormonais, como já

descrito, mas no que se refere ao sentimento de atratividade entende-se a relação com a auto estima.

Este valor é influenciado pela educação, cultura e valores locais, e adequação aos valores sociais. É

ligado, portanto à fatores extrínsecos, como ser amada e respeitada pelos que a rodeiam, mas estes

não são decisivos, pois mesmo amada e respeitada uma pessoa pode não se sentir útil ou adequada.

(MURATA, 2001).

Escores obtidos entre 0.4 e 0.499 têm-se: desconfortos abdominais com cefaléia; náuseas com

pânico; sensação de empachamento com náuseas; parestesia com dores nos MMSS; memória fraca

com desconfortos abdominais; depressão com pânico e perda de interesse pelas coisas, palpitações e

sentir-se com menos energia, a vida trazer realização (não sentir-se realizada) com dificuldades de

concentração. Sánchez e Bustamante (2005) citam que os desconfortos abdominais e cefaléia são

queixas comumente associadas pelas pessoas, e fazem parte da síndrome climatérica, da mesma

forma que a sensação de empachamento e náuseas. A parestesia e a dor em MMSS têm associação

direta, pois são dois sintomas vasomotores, já descritos anteriormente, fazendo parte da síndrome

climatérica. (SÁNCHEZ E BUSTAMANTE, 2005).

Em escores indicativos de correlação moderada à forte (0.500 a 0.599) observa-se: sensação de

empachamento com perda de interesse pelo sexo; memória fraca com dificuldades de concentração e

depressão com tristeza. A complexidade da etiologia das disfunções sexuais é grande, e no

climatério envolvem a auto estima, a auto imagem, o seu bem estar geral, além da sintomatologia

urogenital. (ABDO e FLEURY, 2004). A sensação de empachamento é uma causa de mal estar geral,

portanto afeta também o caráter sexual. As demais correlações fazem parte da síndrome climatérica

já descrita.

Na tabela 18 de modo geral foi possível observar uma forte correlação positiva (0.600 a 1) entre

tristeza e a perda de interesse pelas coisas e também entre sentir-se amada e respeitada com a vida

trazer realização para a mulher. Neste sentido a relação é positiva na medida em que quanto maior a

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sensação de sentir-se amada mais a mulher sente que a vida vale a pena. Mais uma vez podemos falar

em auto estima. Há probabilidade de que a mulher que se sente amada e respeitada tenha um maior

grau de satisfação e realização na sua vida, a questão está ligada na significação dada a cada situação

vivida, à capacidade adaptativa a mudanças, à tolerância à imprevisibilidade e ao desconhecimento

prévio dos fenômenos climatéricos. (ABDO e FLEURY, 2004). Pode-se afirmar que algumas das

manifestações com maior número de correlações do climatério de forma geral estão de acordo com

Silva, 2004, quando cita que os sintomas climatéricos estão compreendidos em sua maioria entre as

manifestações neurogênicas, as quais costumas ser mais desagradáveis no período noturno, o que por

sua vez determina agitação, insônia e mais cansaço. Halbe et al (2002) vem confirmar que mudanças

e estresses da vida familiar podem desencadear estados depressivos. Complementa ainda que a

carência hormonal seja menos responsável neste processo, citando que mudanças de vida de uma

pessoa podem esgotar seus recursos destinados à adaptação e contribuir para o inicio de sintomas

diversos ligados à vulnerabilidade psicológica a qual a mulher está sujeita durante o climatério.

(HALBE et al, 2002)

Na Tabela 19, das 84 entrevistadas, 74 (88.10%) responderam afirmativamente em relação a

implantação de um serviço especializado para as mulheres no climatério nesta região. Os motivos

relatados de maior destaque foram a possibilidade de obterem maiores informações acerca do assunto

(40%), 14.1% não comentaram, 10.6% relacionaram o serviço como uma possibilidade de

auxilio/ajuda neste momento de dificuldades. “Por que a mulher neste período sente-se indiferente,

com duvidas e tem vergonha de conversar a respeito disso”, “Claro, qualquer prevenção a saúde

auxilia no futuro. E todo auxilio é sempre bem vindo”, “para esclarecer melhor, a maioria nem

conhece o seu próprio corpo e sintomas”, “ é interessante saber mais sobre o assunto” e “para

conversar, esclarecer e oferecer tratamento para as mulheres” foram algumas das frases descritas

pelas mulheres. Considerando-se as eventuais dificuldades que o climatério pode trazer, é fácil

imaginar os benefícios de um bom nível de informação a respeito deste momento na vida feminina.

(SOUZA e SILVARES, 2000).

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Tabela 19 – Motivos apontados favoravelmente à implantação de um serviço especializado de atendimento as mulheres em climatério. Distrito de Vila Itoupava, Blumenau, 2006.

Motivos Quant.%

Total Maiores informações 34 40,0Não comentou 12 14,1Auxilio/ajuda 9 10,6Diminuir dificuldades 4 4,7Para saber o que fazer 4 4,7Mulheres têm problemas na menopausa 3 3,5Problemas psicológicos 3 3,5Mais aprendizado 2 2,4Prevenção (medicação) 2 2,4Prevenção problemas 2 2,4Porque fase difícil 2 2,4Aconselhar 1 1,2Não possuir plano saúde 1 1,2Para saber onde ir 1 1,2Fase de muitas doenças 1 1,2Dar segurança 1 1,2Facilidade no atendimento 1 1,2Oferecer tratamento 1 1,2Sentimento vergonha 1 1,2Total 85 100,0

Tabela 20 – Motivos apontados desfavoravelmente à implantação de um serviço especializado de atendimento as mulheres em climatério. Distrito de Vila Itoupava, Blumenau, 2006.

Motivos Quant.%

Total Não comentou 5 50,00Não teve problemas 1 10,00Não tem interesse 1 10,00Não gosta de sair de casa 1 10,00Não tem tempo 1 10,00Ginecologista resolve tudo 1 10,00Total 10 100,00

A tabela 20 aponta os motivos desfavoráveis à implantação de um serviço especializado de

atendimento às mulheres no climatério. Dos 84 respondentes, 10 (11.9%) responderam

negativamente. O motivo principal da negativa não foi comentado (50%). As demais se distribuíram

homogeneamente (10% para cada uma das respostas) entre as referências de não ter tido problemas

no climatério, portanto não precisar de informações ou ajuda, não ter interesse neste assunto, não

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gostar de sair de casa, não ter tempo para procurar este tipo de serviço e que indo ao ginecologista já

resolve todas as suas dúvidas.

4 CONCLUSÃO

A expectativa de uma crescente população mundial de mulheres climatéricas é um indicativo

da necessidade de que este período merece estudos cada vez mais aprofundados. Além deste fato, é

imprescindível que se compreendam o referencial valorativo social e o contexto sócio cultural que

contribui para a manutenção da sintomatologia que compõe a síndrome climatérica de cada segmento

populacional estudado.

A partir dos resultados da amostragem das mulheres da região da Vila Itoupava em Blumenau

encontrou referente ao perfil populacional uma predominância de mulheres casadas, com 1 a 2 filhos,

ocupação do lar, com ensino fundamental incompleto, evangélicas, praticantes 59.52% destas

mulheres com participação na renda familiar. No tocante à temática da instalação do serviço foi

perceptível que a maior necessidade apontada é a de obter informações adequadas à respeito deste

período. Em algumas falas foi nítida a percepção da menopausa/climatério como um problema que

necessita de ajuda, tratamento. Neste sentido pode-se concluir se fazem necessários a produção de

informações adequadas e desenvolvimento de pesquisas científicas que produzam conhecimentos

para minimizar as idéias que se tem deste período, desfazer mitos do passado e promover novas

maneiras da mulher se relacionar com o fim da sua idade reprodutiva.

Os resultados mostraram um dado especificamente significante no tocante às manifestações

do climatério nesta população: a preocupação com o ganho de peso, seguidos pelo cansaço, ondas de

calor e pele seca. (Tabela 10). Diferentemente de estudos realizados em universidades de Fortaleza e

São Paulo e Florianópolis onde as manifestações mais apontadas são primeiramente as ondas de

calor, ansiedade e insônia. Souza (2004) afirma que as manifestações climatéricas são resultantes

também da inserção cultural das mulheres.

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Outro resultado interessante mostrou que a maior dificuldade em lidar relatada pelas mulheres

é a parestesia de MMII. Percebeu-se a partir deste dado, por exemplo, a necessidade de investigações

também relacionadas ao perfil clínico envolvendo a pesquisa de comorbidades, garantindo a

efetividade de um serviço de prevenção e tratamento necessário mulheres que apresentem

sintomatologia climatérica.

Outras correlações entre manifestações neurogênicas, psicogênicas e genitais importantes

delinearam-se a partir das respostas nas entrevistas. Considerando-se dificuldades que as mulheres

possam vir a sentir no climatério e que muitos destes sintomas mostraram correlação com auto –

estima e qualidade de vida, pode-se imaginar que os benefícios de um bom nível de informações a

respeito produzam efeitos positivos nesta população que experencia esta fase, refletindo na vida

interpessoal e social destas mulheres.

Consideramos que a psicologia, bem como demais áreas da saúde, precisam estas mais

atentas para atuar junto às mulheres que precisam de informações, que visem apropriação de

conhecimento e do bem estar e de tratamento adequado à sua sintomatologia,. A psicologia tem

destaque no que se refere ao papel desenvolver junto a esta comunidade a construção de informações

que visem o desenvolvimento pessoal, para que efetivamente as mulheres possam utilizar-se de

mecanismos de enfrentamento eficazes a fim de superarem conflitos causados pelo climatério, além

de auxilio na construção de um novo olhar sobre este momento de suas vidas, fugindo do

reducionismo medicamentoso ao qual o climatério está preso. A principal atitude psicoprofilática do

climatério é promover esclarecimento e autoconhecimento. (FREITAS, 2004).

A sintomatologia do climatério é multifatorial, portanto deve ser vista sob óticas diversas

articuladas entre si. Portanto, a psicologia articulada a outras especialidades tem um papel importante

tanto na implementação de medidas de prevenção e atenção às mulheres no climatério, quanto na

educação em saúde, na escuta efetiva das percepções de cada um, assegurando às mulheres

acolhimento e comprometimento com mudanças adequadas à realidade à medida que buscam a

construção de qualidade de vida.

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5 ANEXOS

Questões formuladas para pesquisar o conhecimento, sentimentos e sintomas relacionados ao

climatério (menopausa) das mulheres na faixa etária a partir de 40 anos residentes no distrito

de Vila Itoupava – Blumenau/SC.

1. Dados Sócio Demográficos

a) Idade

( ) 40 a 44 ( ) 45 a 49 ( ) 50 a 54 ( ) 55 a 59 ( ) 60 anos ou mais

b)Situação conjugal

( ) com companheiro (a) ( ) casada

( ) sem companheiro (a) ( ) viúva

( ) moram juntos ( ) não moram juntos

c) Nível de Instrução

( ) Ensino Fundamental Incompleto

( ) Ensino Fundamental Completo

( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Ensino Médio Completo

( ) Ensino Superior Incompleto

( ) Ensino Superior Completo

( ) Pés Graduação

( ) Outros

Qual:_____________________________________________________________________

d) Filhos

( ) sem filhos

( ) com filhos Quantos:______________________________________________________

e) Ocupação

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( ) do lar

( ) atividade no campo

( ) ocupação manual sem preparo formal ou com preparo mínimo de escolaridade

( ) ocupação formal com nível médio de escolaridade

( ) ocupação especializada com nível superior de escolaridade

Qual:_____________________________________________________________________

f) Participação na Renda Familiar

( ) única responsável

( ) maior responsável

( ) divide a responsabilidade

( ) sem participação

2. Aspectos bio-psico-culturais

a) Quanto a ocupação do tempo livre:

( ) assiste TV

( ) conversa com amigos

( ) ouve rádio

( ) leitura (jornais, revistas, livros)

( ) confecção de trabalhos manuais

( ) realização de atividades físicas

( ) participação de associação cultural

( ) participação de associação esportiva

( ) participação de associação recreativa

( ) participação de grupos

( ) participação de associação de caridade/comunitária/assistencial

( ) participação de associação sindical/política

( ) outros

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Especifique_______________________________________________________________

b) Tempo de lazer diário (horas que sobram para lazer e descanso)

( ) menos de 3 horas

( ) até 3 horas

( ) até 6 horas

( ) mais de 6 horas

c) Religião

( ) evangélica luterana

( ) católica

( ) outros

Especifique:_______________________________________________________________

d) É praticante:

( ) sim ( ) não

3. Quanto às transformações físicas:

Das alterações abaixo quais sente no seu organismo atualmente:

( ) calor/frio ( ) ondas de calor

( ) aceleração do coração (taquicardia)

( ) fraqueza

( ) tremores

( ) cansaço

( ) aumento de peso

( ) perda de peso

( ) pele seca

( ) outros

Quais:____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

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4. Você acorda no meio da noite e dorme mal ou tem dificuldade de dormir o resto dela?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

5. Você apresenta sonolência?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

6. Você sente medo ou sensação de pânico sem nenhuma razão aparente?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

7. Você se sente triste ou infeliz?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

8.Você se sente ansiosa quando sai de casa sozinha?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

9. Você perdeu o interesse pelas coisas?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

10. Você tem palpitações ou sente sensação de “aperto” no estomago ou no peito?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

11. Você ainda gosta das coisas que costumava gostar?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

Você sente que a vida vale a pena?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

12. Você se sente tensa ou muito nervosa?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

13. Você tem bom apetite?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

14. Você se sente impaciente e não consegue ficar calma?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

15. Você se sente mais irritada que o normal?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

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16. Você está preocupada com o envelhecimento?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

17. Você tem dores de cabeça?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

18. Você se sente mais cansada que o normal?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

19. Você tem tonturas?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

20. Você tem a sensação de que seus seios estão doloridos ou desconfortáveis?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

21. Você sente dores nas costas ou nos membros (braços ou pernas)?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

22. Você está mais “chata” e implicante que antes?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

23. Você se sente cheia de vida (com energia) e empolgada?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

24. Você tem cólicas ou desconfortos abdominais?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

25. Você tem hemorragias (sangramento de origem uterina)?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

26. Você apresenta suores noturnos?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

27. Você sente náuseas ou mal estar constante?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

28. Você tem a sensação de empachamento (estômago cheio)?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

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29. Você perdeu o interesse pelas atividades sexuais?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

30. Você acha que as relações sexuais tornaram-se desconfortáveis devido a secura vaginal?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

31. Você se sente fisicamente atraente?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

32. Você sente formigamento nas mãos e nos pés?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

33. Você apresenta dificuldades para se concentrar?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

34. Você acha que sua memória está ruim?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

35. Você aumentou a freqüência com que precisa urinar?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

36. Você sente mais sede?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

37. Você se sente deprimida?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

38. Você se sente amada e/ou respeitada pelos outros?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

39. A vida que você leva lhe traz realização?

( ) sim sempre ( ) sim algumas vezes ( ) não muito ( ) não nunca

40. Do que foi perguntado há algum (ns) sintoma(s) que você tenha mais dificuldade em lidar

do que outros?

( ) sim ( ) não

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Quais:____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________

41. Realiza exame de Papanicolau:

( ) sim de 6 em 6 meses

( ) sim uma vez por ano

( ) sim uma vez a cada dois anos

( ) sim eventualmente

( ) só fez uma vez na vida

( ) nunca fez

42. Realiza auto exame de mamas:

( ) sim ( ) não ( ) às vezes ( ) mensalmente ( ) nunca fez

43. Realiza mamografia:

( ) sim ( ) não

44. Faz reposição hormonal (TRH) atualmente?

( ) sim ( ) não

45. Fez reposição hormonal alguma vez?

( ) sim ( ) não

46. Você ainda possui algum sangramento menstrual?

( )sim ( )não

Quando foi a ultima menstruação?______________________________________________

47. Você acharia interessante existir um serviço especializado para atender as mulheres em

menopausa e pós menopausa aqui do distrito?

( ) sim ( ) não

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Porque:___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

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