José Pereira Da Silva

download José Pereira Da Silva

of 34

Transcript of José Pereira Da Silva

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    1/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 1/34

    Jos Pereira da Silva(organizador e editor)

    HISTRIADA LNGUA PORTUGUESACadernos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa, n. 01

    So Gonalo (RJ)2001

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    2/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 2/34

    UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE EDUCAO E HUMANIDADESFACULDADE DE FORMAO DE PROFESSORES

    DEPARTAMENTO DE LETRASCOORDENAO DE PUBLICAES

    Reitora

    Nilca Freire

    Vice-Reitor

    Celso Pereira da S

    Sub-Reitor de GraduaoIsac Joo de Vasconcellos

    Sub-Reitora de Ps-Graduao e PesquisaMaria Andra Rios Loyola

    Sub-Reitor de Extenso e CulturaAndr Lus de Figueiredo Lzaro

    Diretor do Centro de Educao e HumanidadesLincoln Tavares Silva

    Diretora da Faculdade de Formao de ProfessoresMariza de Paula Assis

    Vice-Diretor da Faculdade de Formao de Professores Marco Antnio Costa da Silva

    Chefe do Departamento de LetrasFlavio Garca de Almeida

    Sub-Chefe do Departamento de LetrasFernando Monteiro de Barros Jnior

    Coordenador da Ps-Graduao em Lngua PortuguesaAfrnio da Silva Garcia

    Coordenador de Publicaes do Departamento de LetrasJos Pereira da Silva

    Editor dos Cadernos de Ps-Graduao em Lngua PortuguesaJos Pereira da Silva

    SUMRIO

    APRESENTAO-Jos Pereira da Silva

    A EVOLUO DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS DO LATIM AO PORTUGUS-Jos Roberto de Castro GonalvesA EVOLUO DOS TEMPOS VERBAIS-Priscila Brgger de MattosA FORMAO DOS PRONOMES NA LNGUA PORTUGUESA-Jupira Maria Bravo PimentelA INFLUNCIA INDGENA NOS TOPNIMOS DO MUNICPIO DE SO GONALO-Norma Cristina da Silva Moreira

    CONTRIBUIES AFRICANAS NOS FALARES DO BRASIL-Jaline Pinto da Silva

    ORIGEM E USO DO FUTURO DO SUBJUNTIVO-Patrcia Miranda MedeirosPROVRBIOS: SABEDORIA DE UM POVO OS PROVRBIOS E SEUS OPOSTOS -Nadir Fernandes Rodrigues

    PERMUTA ENTRE /B/ E /V/-Jos Marcos Barros Devillart

    APRESENTAO

    SUMRIO

    A Coordenao dos Cursos de Ps-Graduao e a Coordenao de Publicaes do Departamento do Letras da Faculdade de Formao de Professores tmo prazer de apresentar-lhe o primeiro nmero dos Cadernos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa, que agora surgem com a finalidade de dar visibilidade

    produo acadmica de seus discentes e docentes da forma mais simples possvel .Os trabalhos aqui divulgados so produzidos, normalmente, como monografias de avaliao discente das disciplinas oferecidas durante o referido curso,

    bem como outros preparados pelos docentes e util izados como bibliografia complementar ou bsica.

    Neste primeiro nmero, todos o s trabalhos foram produzidos co mo monografias de av aliao da discipl ina Histria da Lngua Portuguesa, oferecidapelo Prof. Jos Pereira da Silva no p rimeiro semestre do ano 2001, tendo contribu do como autores: Jaline Pinto da Silva, Jos Marcos Barros Devillart, JosRoberto de Castro Gonalves, Jupira Maria Bravo Pimentel, Nadir Fernandes Rodrigues Cardote, Norma Cristina da Silva Moreira, Patrcia Miranda Medeiros e

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    3/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 3/34

    Priscila Brgger de Mattos, professores ps-graduandos em Lngua Portuguesa.

    No segundo nmero, j em fase de organizao, sero publicados trabalhos sobre Morfossintaxe da Lngua Portuguesa, tambm resultantes demonografias com a mesma finalidade e sob a orientao do mesmo docente, no ficando necessariamente excludos os outros.

    O organizador dos Cadernos da Ps-Graduao em Lngua Portuguesa no se responsabiliza pelas opinies dos autores, que entregam os textosdigitados para a especfica finalidade de serem publicados e contribuem com a sua divulgao, adquirindo sempre um pequeno nmero de exemplares para quese cubram as despesas da publicao.

    Neste momento, em que os alunos dos cursos do Departamento de Letras da Faculdade de Formao de Professores de So Gonalo consegui ram omelhor desempenho na Avaliao Nacional de Cursos ( o Provo), a ps-graduao no poderia deixar de apresentar tambm a sua contribuio para manifestar

    publicamente a satisfao de pertencer a um quadro to selecio nado de colegas de Letras, graduandos e graduados.

    Surgidos como uma iniciativa da Coordenao de Publicaes do Departamento de Letras, estes Cadernos esto abertos para acolher tambm, nos

    prximos nmeros, a contribu io dos ex-alunos e ex-professores do Curso de Ps-Graduao em Lngua Portuguesa para que tambm a produoanteriormente elaborada por esse corpo no fique excluda ou engavetada.

    Est sendo preparado tambm o Catlogo d as Publicaes do Departamento d e Letras, que poder sair como um volume prprio ou anexo ao segundonmero destes Cadernos(o que ainda no est definitivamente resolvido) e estar disponvel no incio do prximo perodo letivo.

    Esperamos que esta iniciativa seja bastante enriquecedora e que anime os caros colegas (que se iniciam no seu aperfeioamento) a publicarem os seustrabalhos e a se esforarem cada vez mais para a consecuo do maior aperfeioamento possvel em todas as suas produes acadmicas.

    A FFP, o Departamento e seus cursos de Letras tambm comeam a aparecer na listagem dos melhores do Pas, engrandecendo o trabalho de seus alunos,funcionrios e professores, que j podem ser tomados como exemplos a serem seguidos, ao menos no que fazem de bom para o desenvolvimento do ensinosuperior, da pesquisa e do engajamento com a sua comunidade.

    Aguardando as suas crticas e as suas sempre bem desejadas sugestes, a Coordenao de Publicaes do Departamento de Letras promete levarabsolutamente a srio todas as suas opinies e corrigir nos prximos nmeros ou reedies todos os erros apontados.

    Jos Pereira da SilvaOrganizador e Editor

    SUMRIO

    Jos Roberto de Castro Gonalves

    Ai, palavras, ai, palavras,que estranha potncia, a vossaTodo o sentido da vidaPrincipia vossa porta.

    Ceclia Meireles

    1- INTRODUO

    Este trabalho visa a estudar a evoluo dos pronomes demonstrativos do latim ao portugus, como tambm o seu sentido,emprego e funes.

    Todo lngua possui um sistema de formas, destinado a situar os elementos do mundo biossocial, que interessam expressolingstica, no quadro de um ato de comunicao. Em vez de serem representados por formas lingsticas que os evoquem e

    simbolizem de acordo com o conceito que tem de cada um deles a comunidade falante, como sucede nas formas nominais e nasformas verbais, eles passam a ser indicados pela posio que ocupam no momento de uma mensagem lingstica. Essas formas, assimmeramente indicativas, ou diticas em sentido amplo, so ospronomes. Funcionam como o campo mostrativo da linguagem, em facedo campo representativo ou simblico.

    Em latim, como a regra geral, o sistema de indicao dos pronomes tinha para perto de partida o eixo falanteouvinte, que seestabelece num ato de comunicao.

    Ao sistema dos pronomes pessoais correspondia um sistema demonstrativo, em que os elementos exteriores ao falante ou aoouvinte eram indicados pela sua posio em referncia a um ou a outro: hice iste, e uma srie de outros pronomes para o que estavaalm dessas duas reas mostrativas.

    A partir desse estudo detectou-se o problema e da justifica a elaborao dessa pesquisa, mostrando que do pronome illeprovieram os artigos e o pronome pessoal de 3apessoa ele em lngua portuguesa.

    2- AS VARIAES DOS PRONOMESDEMONSTRATIVOS

    2.1- O Sistema Dos Pronomes Demonstrativos

    No latim clssico havia trs pronomes demonstrativos que correspondiam s trs pessoas gramaticais: hic para a primeira, iste

    A EVOLUO DOS PRONOMES

    DEMONSTRATIVOS DO LATIM AO PORTUGUS

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    4/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 4/34

    para a segunda e illepara a terceira.

    Observou-se no latim vulgar, uma certa confuso no uso desses pronomes. freqente encontrar-se empregado um no lugar dooutro.

    Desde o tempo de Csar, o pronome da segunda pessoa iste substitui o da primeira hic, que nos ltimos tempos desapareceinteiramente.

    O pronome de identidade ipse, da terceira pessoa, passou ento a ocupar o lugar de iste.

    J. J. NUNES (1975) afirmou que o latim costumava a designar as trs pessoas respectivamente pelos pronomes hic, istee illeafora estes, possua a mesma lngua os pronomes ipse e idem, que designavam identidade, sendo o ltimo um composto de outro

    pronome, is, que era empregado em todos os casos, e de significao contrria a estes aliuse alter o romance, porm, dos quatrosltimos ficou s com dois, ipsee alter, deixando de empregar ideme alius, mas no primeiro destes esqueceu a primitiva significao,e, como iste viera a substituir o hic (que igualmente saiu do uso, deixando vestgios apenas nas expresses agora e arc ogano, nasquais, justapondo-se aos substantivos horae anno, formou como que vocbulos simples) e passara a indicar proximidade, ao contrriode ille, que designava afastamento, por isso o ipseocupou o lugar por ele deixado. Em vista, pois, desta substituio, resultaram para anossa lngua os seguintes demonstrativos simples:

    1apessoamasculino feminino neutro este esta esto

    2apessoa esse essa esso

    3apessoa ele ela elo

    (NUNES, 1975, p. 246)

    Ele diz que o latim costumava reforar os pronomes, servindo-se de duas partculas: eccee met, das quais a primeira antepunhae a segunda como que sufixava ao vocbulo sobre o qual pretendia em especial chamar a ateno semelhante prtica devia,sobretudo, ser do gosto do povo, a julgar pelo seu emprego quase exclusivo dos poetas cmicos. Mas, a par de ecce, que, fundido comos pronomes istee ille, com eliso do e final, ocorre, sobretudo, na poesia arcaica, havia igualmente em latim a expresso eccum, aqual, sendo composta do mesmo advrbio ecce e do pronome is, no caso acusativo, veio a perder a idia dessa composio e a serconsiderada como sinnimo de ecce. Da juno desta partcula com os mencionados pronomes iste, ipsee illenos trs gneros latinose nmero singular provieram os seguintes demonstrativos compostos:

    1apessoamasculino feminino neutro aqueste aquesta aquesto

    2a

    pessoa aquesse aquessa aquesso

    3apessoa aquele aquela aquelo

    (NUNES, 1975, p. 247)

    J. J. NUNES afirmou que no sculo XV no havia diferena sensvel entre os pronomes simples e os compostos. provvel,porm, que nos primeiros tempos houvesse tal ou qual nfase que os diferenciasse no seu emprego provavelmente, porque essapequena distino se perdeu pouco a pouco e as duas formas tornaram-se sinnimas, que as ltimas desapareceram do uso, nosucedendo, todavia, nem podendo suceder o mesmo ao pronome da terceira pessoa, aquele, porque o simples, ele, fora cedo escolhido,

    para suprir, nos pessoais, a mesma pessoa, tendo a sua conservao, que assim se tornou necessria no masculino, em que, como osimples, e por igual razo, tomou tambm a forma aquel, e no feminino, obstado, por motivo de simetria, ao desaparecimento doneutro aquelo.

    NUNES mencionou que da posposio da partcula met aos pronomes pessoais, principalmente do reforamento destes com opronome ipse resultaram expresses, como ipsemet e ego met ipse, nesta ltima desaparecendo o pessoal, ficou metipse, que dariaregularmente medesse, onde, depois, da queda da ltima slaba, em virtude da prclise, resultou a forma meds, muito usada na antigalngua, a qual, como a maioria dos nomes em s, era quase sempre invarivel em ambos os gneros e nmeros: todavia no semexemplo o plural medeses. Mas ao pronome latino ipse o povo, como se tratasse de um adjetivo, dava o superlativo, juntando-lhe aterminao costumada, -issimus, de onde ipsissimus, que se encontra em Plauto depois esta forma, decerto por haplologia, converteu-se em ipsimus, que se faz uso Petrnio. Ora, assim como se dizia metipse, dizia-se tambm no fim do Imprio metipsimu(m), onde oatual mesmo, que foi precedido pela forma meesmo, muito freqente ainda nos escritores do sculo XVI, e que, pela queda anormal do

    d, devida provavelmente a prclise evolucionou da mais antiga medesmo, ainda viva no italiano medesimoe reconhecvel no antigofrancs e provenal medesme.

    Afirmou ainda, que do pronome latino alter, no acusativo, resultou o portugus outro, que ainda por um processo usado nolatim, apareceu por vezes a reforar os j mencionados este, esse, aquele, aos quais se aglutinou por forma tal, que nos clssicos, elesocorrem como vocbulos simples e, portanto com o sinal do plural apenas no ltimo dos seus componentes, ao contrrio da prtica de

    pluralizar ambos, seguida por muita gente, quer falando, quer escrevendo.Em igual pronome tem origem outrem, que rigorosamente deve ser contando entre os indefinidos, em virtude da sua significao

    vaga e indeterminada e na lngua arcaica, como no castelhano antigo, devia receber a acentuao na ltima slaba, parecendo teremcontribudo para isso e para a troca do ofinal em emos pronomes de significao quase idntica, queme algum. Mais tarde esse

    pronome, que no antigo portugus tinha as formas outre, outrie outrim, retomou a acentuao do primitivo outro que empregadopelo povo, precedido de artigo no mesmo sentido daquele, em expresses como l diz o outro como diz o outroou como o outro que

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    5/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 5/34

    diz.

    Em lngua portuguesa persiste o sistema tripartido latino: situao prxima ao falante (este), situao prxima ao ouvinte (esse),situao afastada do falante e do ouvinte (aquele). Conceptualmente, apenas se simplificou a srie de 3apessoa latina. Outras lnguaromnicas, como o italiano e o romeno, criaram um sistema bipartido (igual ao padro ingls this that), e o francs reduziu

    praticamente a dixis demonstrativa ao elemento nico ce.

    Segundo MATTOSO CMARA JNIOR (1976) foi o pronome iste, demonstrativo da 2apessoa, que passou para indicar a 1aea casa vazia da 2afoi preenchida por ipse, que tinha uma funo especial em latim. Esse deslocamento de formas foi determinado peloabandono do demonstrativo de 1apessoa hic. Talvez o deslocamento de istetenha sido, a princpio, uma extenso de sua rea, para se

    opor o campo em conjunto do eixo falanteouvinte a tudo que lhe era exterior (ille). Se foi isto que se deu, o antigo sistema tripartidologo retomou seu funcionamento, com a restrio de istepara o campo do falante e a adjudicao de ipsepara o campo do ouvinte,propiciada pela presena enftica de ipsejunto s trs pessoas pronominais, especialmente a 2a.

    Ele disse tambm, que no singular, as formas portuguesas correspondem ao nominativo latino (em que o masculino de temaem e,mas recebe a desinncia ade feminino) no plural estabeleceu-se a desinncia s, de acordo com o padro nominal.

    MATTOSO CMARA JNIOR (1976) afirmou que do ponto de vista da categoria de gnero, os demonstrativos secaracterizam, em portugus, pela presena do gnero neutro, que foi eliminado das formas nominais.

    O nominativoacusativo neutro latino de iste, ipse, ille, a saber istud, ipsum, illud, subsistiram, em funo substantivaexclusivamente e sem categoria de plural para indicar coisas, isto , seres vistos como inertes ou inativos. A noo inicial do gneroneutro, que se esvara em latim nos nomes, tornando-se a, uma idiossincrasia mrfica, persistiu fundamentalmente nosdemonstrativos latinos, como substantivos, e da, sempre em funo substantiva, passou aos nossos demonstrativos. Os reflexos

    portugueses de istud, ipsum, illudservem para assinalar num campo mostrativo, como indivduo singular, o que no pertence ao que

    concebemos como do reino animal.Entretanto, o latim vulgar desde cedo usou reforar o demonstrativo pela anteposio da partcula ecceeis ecce eum (com o

    acusativo masculino de is) aglutinou-se a ela na forma eccume passou a equivaler a ecce. Uma variante de eccum, accum, perdendo anasal final, entrou dessa maneira nos demonstrativos reforados portugueses aqueste, aquesse, aquele, que figuravam na fase arcaicada lngua, em variao livre com a forma simples. Naturalmente, aquele se imps logo exclusivamente, fora da motivao enftica,

    para uma distino formal entre o demonstrativo e o pronome pessoal de 3apessoa (ele), tambm sado de ille.

    2.2- A Evoluo do Pronome Demonstrativo Ille

    em Artigo e como Pronome Pessoal de 3a Pessoa Ele

    Foi de um demonstrativo que saiu o artigo nas lnguas romnicas.

    Segundo MATTOSO CMARA JNIOR (1976), o demonstrativo ille, na sua forma acusativa, sem intento de localizao no

    espao, passou a ser usado diante de um nome substantivo para opor o indivduo definidamente visualizado a qualquer outro damesma espcie. Na funo de artigo, uma forma de transio loperdeu afinal o /l/ inicial, para reduzir-se a atual forma o. Assim, apartcula ficou resumida no tema, que, como o tono final, suprimido, dentro da descrio atual da lngua, pela adjuno dadesinncia ade feminino.

    Da, o artigo portugus: o(masculino), a(feminino), singular e plural, respectivamente, os, as.

    Categoricamente, ele continua a ser uma partcula pronominal demonstrativa. Assinala o carter definitivo de uma posio emum campo mostrativo ideal, de que participam o falante e o ouvinte.

    J. J. NUNES (1975) esclareceu que no possua artigo na lngua latina. Quando, porm, havia um substantivo que se queria maisespecialmente determinar, costumava ela acompanh-lo do pronome ille, que ora colocava antes, ora depois dele. Este processo, usadona linguagem literria, existia igualmente na popular, que empregava com o mesmo fim, alm daquele, o pronome ipse, segundo sedepreende no s de textos posteriores ao latim clssico, mas tambm dos vestgios que desse uso estes dois pronomes deixaram naslnguas romnicas. Ainda hoje, a nossa serve-se por vezes dos pronomes demonstrativos, este, esse, aqueleem casos em que poderia

    perfeitamente substitu-los por artigos. quando o substantivo a que vem junto se acha restringindo na sua significao por umaproposio relativa, como se v nas frases seguintes: estes homens que aqui esto esse indivduo que me recomendas aquelesestudantes que so aplicados. Falando, pois, rigorosamente, o artigo definido um verdadeiro pronome, quer com respeito ao seuemprego, quer sobretudo relativamente sua origem.

    J. J. NUNES (1975) afirma que os demonstrativos de que a lngua vulgar principalmente se servia, quando se referia a umapessoa ou coisa de todos conhecida, eram ille e ipse, mas do fato de estar o primeiro mais extensamente representado nas lnguasromnicas do que o segundo deduz-se que a lngua vulgar tinha por ele especial predileo. No acusativo o pronome ille deuregularmente nos dois gneros elo, ela, formas que, alm do antigo italiano, tambm possua o leons ainda no sculo XVI, e pelo seucarter essencialmente procltico passaram a lo, la, como, mais ou menos alteradas se apresentam na maioria das lnguas congneresda nossa. Sucedia, porm, que na fala, em que soavam como se constitussem um vocbulo nico a palavra e o loou laque a precediaou seguia, freqentemente estes se achavam entre vogais e, como em tais casos o gnio da lngua repelia o l, da a suatransformao posterior em oou a, transformao esta que fez com que exteriormente o artigo tanto se afastasse do das outras lnguasno portugus e no galego igualmente refratrio conservao do l intervoclico, e se realizava, quer em frases em que o lo fazia deverdadeiro pronome demonstrativo, quer naquelas nas quais desempenhava a funo de artigo.

    J. J. NUNES (1975) esclarece que assim como o romance, seguindo processo idntico ao grego, fora tirar de um dos pronomesdemonstrativos o seu artigo definido, para formar o indefinido, procedeu da mesma forma, indo busc-lo ao primeiro dos numeraiscardinais.

    J. J. NUNES (1975) afirma que as formas o, a, os, as, foram a princpio de uso restrito, limitando-se o seu emprego apenas aocaso apontado de se achar o lentre as vogais. Mais tarde, porm, ainda em poca anterior fixao da lngua pela escrita, como pode-

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    6/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 6/34

    se notar nos mais antigos documentos, o que era especial tornou-se geral, sem que todavia desaparecessem por completo os vestgiosdas que as precederam. Com efeito, locues possuiu e possui ainda a lngua atual em que elas continuam a subsistir, as quais semdvida ascendem a tempo anterior transformao pela queda do oou ado artigo loou lamotivada pelo carter procltico deste etambm porque tais frases soavam como se fossem uma nica palavra, o l no podia desaparecer, por se no encontrar entre vogais.Mas, afora estas locues, que ficaram como fossilizadas, as antigas formam lo, la, quer artigos, quer pronomes, ainda so pela lnguahodierna usadas, embora no com a extenso da antiga, pois, enquanto esta a elas recorria, sempre que o vocbulo que as antecediaterminava em rous, aquela s o faz depois de uma forma verbal, cuja ltima letra sejam estas consoantes e a mais z, ou em seguidaaos pronomes nos e vose advrbio. Nestes vocbulos os r,s,zprimeiro assimilaram-se ao ldo artigo ou pronome, depois os dois llreduziram-se a um nico, caindo na fala e na escrita de hoje o l, que viera substituir as consoantes.

    3- OS PRONOMES DEMONSTRATIVOSSENTIDO, EMPREGO E FUNES

    3.1- Sentido e Emprego dos Pronomes Demonstrativos

    Os pronomes demonstrativos portugueses formam um sistema ternrio, cuja organizao absolutamente divergente do sistemados demonstrativos franceses. Esta organizao baseia-se numa certa viso do espao e, de um modo mais geral, de todo o universosensvel e inteligvel. pois impossvel fazer compreender termo a termo um demonstrativo francs a um demonstrativo portugus.S compreendendo a organizao do sistema se poder sentir, em cada caso particular, o valor exato de um determinadodemonstrativo e encontrar-lhe equivalente no sistema francs.

    Tudo se baseia na diviso do espao e do mundo em trs domnios. Simplificando um pouco, poderemos dizer, com osgramticos portugueses e brasileiros, que estes trs domnios correspondem s trs pessoas do verbo:

    1) Domnio de este= Do mnio do eu, ns (aquilo em que o locutor se v presente, aquilo que ele se atribui).

    Adv. de lugar correspondente: aqui.

    2) Domnio de esse= d omnio do tu, vs (aquilo que o lo cutor atribui ao interlocutor ou destinatrio).

    Adv. de lugar correspondente: a.

    3) Domnio de aquele= d omnio do ele, ela, eles (aquilo que o locutor atribui ao objetivo de que fala).

    Adv. de lugar correspondente: ali.

    (CARVALHO, 1989, p. 141)

    importante ressaltar que este sistema , no essencial, idntico ao do espanhol.

    Este, esta, isto.

    Empregar-se- estes demonstrativos para a primeira pessoa do singular ou do plural eu ou ns, para tudo o que se situa no

    local.Exs.:

    Estamonografia (a minha).

    Aqui nestafaculdade.

    S temos estefilho.

    Nestacasa (onde habito).

    Nestemundo.

    Pegue isto!

    Esse, essa, isso.Os demonstrativos citados aplicam-se a tudo o que o locutor atribui pessoa (ou s pessoas) a quem se dirige.

    Exs.:

    Esselivro de que voc me falou.

    No me diga isso!

    Essamonografia que estou escrevendo.

    Aquele, aquela, aquilo.

    Estes demonstrativos aplicam-se aquilo que no atribudo pelo locutor nem a ele prprio nem ao seu interlocutor. Usa-seportanto com a 3apessoa e com o advrbio de lugar ali.

    Ex.:Ali naquelacasa onde ela mora com a me.

    Nas determinaes do tempo mais ou menos longo que abranja o momento em que se fala, emprega-se o pronomedemonstrativo este= estasemana, estems, esteano.

    O demonstrativo este serve tambm para marcar o tempo muito prximo ao momento atual, mas este uso reduz a poucasexpresses: estanoite (pode referir-se tanto noite passada como a que vir), estamanh (a manh de hoje), estesdias (passados ou

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    7/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 7/34

    mais prximos).

    Em frases como as precedentes, nisto, indicando tempo, expresso consagrada que no se substitui por nisso. No obstantedizemos nesse instante, nesse dia, nessa hora, nesse ano, aludindo a uma poca distante da atual: E logo nesse instante comeamos aelaborao do trabalho.

    A simples anteposio do pronome essea um substantivo supre muitas vezes a locuo adverbial de tempo: Assim termina essedia maravilhoso!

    O pronome demonstrativo estesugere a noo de proximidade em relao pessoa que fala por isso tambm empregado, nalinguagem animada, para dar a impresso de que nos interessa muito de perto alguma coisa ou pessoa, conquanto de fato se ache umtanto afastada. O contrrio se d com o demonstrativo esse.

    Com freqncia, na linguagem animada, nos transportamos pelo pensamento a regies ou pocas distantes, a fim de nos referirmos a pessoas ouobjetos que nos interessam particularmente, como se estivssemos em sua presena. Lingisticamente, esta aproximao mental traduz-se peloemprego do pronome este(esta, isto) onde seria de esperar esseou aquele. (CUNHA, 1986, pg.: 324)

    Os exemplos abaixo foram colhidos das obras de Jos Lins do Rego:

    Amarelo infeliz. Se fosse outro, dizia Deodato, j tinha mandado estemondrongo para as profundas dos infernos. (MR, 45)

    Este Alfredo Gama um danado, dizia D. Jlia, elogiando o compositor. (U, 89)

    Pode-se afirmar que o pronome demonstrativo este, a imaginao aproxima de ns, coisas da realidade afastada com o pronomeesse, a imaginao afasta de ns coisas que esto ou poderiam estar prximas.

    3.2- As Funes Anafrica e Diticados Pronomes Demonstrativos

    O sistema dos pronomes demonstrativos em portugus funciona no s para uma indicao no espao em que se situam falante eouvinte (funo ditica, propriamente dita), mas tambm, no mbito do contexto lingstico, o que constitui a suafuno anafrica.

    Os pronomes demonstrativos situam a pessoa ou a coisa designada relativamente s pessoas gramaticais. Podem situ-la no espaoou no tempo. (CUNHA, 1986, pg.: 321)

    Vivi pois Deus me guardava

    Para este lugar e hora! (G. DIAS, PCPE, 269)

    Segundo CUNHA (1986), a capacidade de mostrar um objeto sem nome-lo, a chamada funo ditica (do grego deiktiks =prprio para demonstrar, demonstrativo), a que caracteriza fundamentalmente esta classe de pronomes.

    Mas os demonstrativos empregam-se tambm para lembrar ao ouvinte ou ao leitor o que foi mencionado ou o que se vaimencionar:

    Depois vieram outros e outros, estes fincados de leve, aquelesat a cabea. (M. LOBATO, U, 110)Minha tristeza esta

    A das coisas reais. (F. PESSOA, OP, 100)

    a suafuno anafrica(do grego anaploriks = que faz lembrar, que traz memria).

    Conforme esclarece J. MATTOSO CMARA JNIOR (1976), como pronomes anafricos, os demonstrativos servem a umcampo mostrativo centrado no falante. O sistema tripartido, fundamentado na oposio falanteouvinte, perde a rigor seu sentido. Oque se cria ento, na realidade, a oposio entre o mbito contextual do momento da comunicao e quaisquer outros, anteriores ou

    posteriores, de que o falante se acha atualmente afastado. Em outros termos, a srie este esse aquele se reduz a outra (este/esse) aquele, do tipo bipartido italiano, romeno ou ingls.

    H assim uma discrepncia entre o sistema de demonstrativo na funo ditica e o que atua na funo anafrica.

    A lngua escrita, tanto em Portugal como no Brasil, procura apesar de tudo, manter estreme a distino entre este e essepara

    referncias dentro do contexto lingstico. Mas a regra, que criou para tal fim, de se empregar essepara o que acaba de ser dito, e estepara o que vai ser dito em seguimento, uma conveno fora da realidade lingstica e no rigorosamente obedecida. A relutnciacontra ela muito maior no Brasil do que em Portugal, certo. A norma imanente da lngua escrita brasileira usar esse, em oposioa aquele, para a comunicao global do momento, e recorrer a estecomo uma variante enftica de esse. Na prpria funo ditica, osistema tripartido est se tornando inseguro no Brasil, com a tendncia a suprimir a discrepncia entre o sistema tripartido e o

    bipartido da funo anafrica.

    4- CONCLUSO

    Esta exposio teve como um dos objetivos fazer um levantamento dos pronomes demonstrativos do latim ao portugus e aevoluo que se deu do pronome ille.

    Do pronome ille originou os artigos na lngua portuguesa, como tambm o pronome pessoal de 3 apessoa ele. Observamos

    que na lngua latina no possua artigos e quando queriam enfatizar um substantivo utilizavam o pronome ille diante do mesmo.Na lngua portuguesa temos os artigos, os quais tm a funo de substantivar as palavras de qualquer classe morfolgica.

    Aps refletirmos sobre as funes dos pronomes demonstrativos chegamos a uma concluso, que as funes ditica e anafricatm uma importncia relevante na comunicao, pois as mesmas funcionam no s para uma indicao no espao em que se situamfalante e ouvinte, mas tambm, no mbito do contexto lingstico.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    8/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 8/34

    Acreditamos que este trabalho venha nos auxiliar no conhecimento da Histria da Lngua Portuguesa e motivar outraspesquisas, uma vez que o assunto oferece possibilidades de ser ampliado.

    5- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALMEIDA, Napoleo Mendes de. Gramtica Latina. Curso nico e Completo. 27aed. So Paulo : Saraiva, 1997.

    BECHARA, Evanildo.Moderna Gramtica Portuguesa. 37aed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro : Lucerna. 2001.

    CAMARA, Junior, J. Matoso.Histria e Estrutura da Lngua Portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro : Padro, 1976.

    CARDOSO, Zlia de Almeida.Iniciao ao Latim. Srie Princpios. 3aed. So Paulo : tica.

    CARVALHO, Margarida Choro de. Manual da Lngua Portuguesa (Portugal Brasil) Traduo. Editora: Coimbra. Coleo:Lingstica. 1989. p.: 139 a 147.

    COUTINHO, Ismael de Lima.Pontos de Gramtica Histrica. 7aed. Rio de Janeiro : Livro Tcnico, 1976.

    CUNHA, Celso Ferreira da. Gramtica de Lngua Portuguesa. 11aed. Rio de Janeiro : FAE. 1986.

    FARIA, Ernesto. Gramtica da Lngua Latina. Reviso de Ruth Junqueira de Faria. Braslia : FAE, 1995.

    NUNES, Jos Joaquim. Compndio de Gramtica Histrica Portuguesa Fontica e Morfologia. 8 ed. Livraria Clssica Editora,1975.

    SAID ALI, Manuel. Gramtica Histrica da Lngua Portuguesa. Melhoramentos. Volume: 19. 1971.TEYSSIER, P.Histria da Lngua Portuguesa. So Paulo: Martins Fontes, 1997.

    A EVOLUO DOS TEMPOS VERBAIS

    SUMRIO

    Priscila Brgger de Mattos

    INTRODUO

    Este trabalho tem objetivo mostrar a evoluo dos tempos verbais do modo Indicativo desde o Latim at o Portugus atual.

    Mostrando, assim, as perdas e inovaes ocorridas.

    AS CONJUGAES LATINAS

    Segundo a gramtica latina, os verbos distribuam-se por quatro conjugaes, caracterizadas pela vogal do tema, as quaistinham as seguintes terminaes no infinitivo:

    1 - re (amre)

    2 - re longo (debre)

    3 - re breve (vendre)

    4 - re (punre)

    Tal distribuio era um tanto artificial, visto que no correspondia totalmente s formas vivas da lngua corrente, e, assim no

    era respeitada em todas as mincias.Ora, no latim corrente lusitnico os verbos da terceira incorporavam-se segunda passando alguns quarta.

    Desse modo as quatro conjugaes reduziram-se a trs:

    1 - are: mais numerosa de todas.

    2 - re: contm os da segunda e a maioria dos da terceira.

    3 - re: a antiga quarta, acrescida com alguns da terceira.

    J no latim a primeira conjugao era a mais produtiva, visto que os emprstimos a ela melhor se adaptavam. Exemplos:roubare (origem germnica) > roubar trottare (origem germnica) > trotar gbernre (origem grega) > governar etc.

    Alm disso, nela se infiltravam verbos doutras conjugaes. Exemplos: molliare (por mollire) > molhar torrare (por torrere) >torrar terrre (por terrere) > aterrar etc.

    As novas formaes por ela se modelavam. Exemplos: altiare (de altus) > alar cantare (cantum) > cantar usare (de usus) >usar etc.

    A segunda conjugao a formadora dos verbos incoativos, isto , daqueles que indicam comeo de ao. Exemplos:permanescre (de manre) > permanecer parescre (de parere) > parecer perescre (de perire) > perecer etc.

    A terceira conjugao de todas a mais pobre.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    9/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 9/34

    Como conseqncia desse estado de coisas do latim corrente, h, em portugus, trs conjugaes, caracterizadas pelasrespectivas vogais temticas.

    Vogal temtica a que fica entre a raiz do verbo, sua parte primria irredutvel, e a desinncia. V-se claramente no infinitivo:

    1 amar raiz am vogal temtica a desinncia r

    2 beber raiz beb vogal temtica e desinncia r

    3 partir raiz part vogal temtica i desinncia r

    O verbo pr atemtico no infinitivo, pois perdeu o eque tinha na lngua antiga, onde se dizia poer. Por essa razo inclumosesse verbo, com os compostos, entre os irregulares da segunda conjugao. Observemos que na segunda e terceira pessoas do presente

    do indicativo aparece a vogal caracterstica: tu pes, ele pe, eles pem.Assim, pode-se estabelecer o quadro da conjugao no latim vulgar lusitnico com os seus correspondentes no latim clssico e

    respectivos resultados no portugus.

    Conjugaes Latim Clssico Latim Vulgar Portugus

    1 - re - are -ar 2 - re -re (-re ou re) -er 3 - re -re (-re ou re ou

    re)-ir

    3 - re -

    OS TEMPOS VERBAIS

    A conjugao do verbo latino tem por base a oposio de dois grupos de tempos: o do infectume o doperfectum. Os tempos doinfectumexprimiam a ao ou processo em seu curso de durao (aspecto imperfeito), ao passo que os doperfectum indicavam umaao ou processo concludos ou terminados (aspecto perfeito).

    Assim, pertenciam ao tema do infectum: o presente, o imperfeito, e o futuro imperfeito do indicativo. E se formavam do temadoperfectum: o perfeito, o mais-que-perfeito e o futuro perfeito do indicativo.

    Conjugaes 1 2 3(atemtica)

    3(temtica)

    4

    Infectum

    Presente Amo Vdeo Lego Cpio udio

    Imperf eito Amaba m Videbam L egeba m Capiebam Audie bam

    Futuro Amabo Videbo Legam Cpiam udiam

    Perfec tum

    Perfeito Amavi Vidi Legi Cepi Audivi

    Mais-que-perfei to Amveram Vderam Lgeram Cperam Audveram

    Futuro Perfeito Amvero Vdero Lgero Cpero Audvero

    PERDAS E INOVAES DA CONJUGAO LATINA

    Vejamos o que ocorreu na evoluo dessas formas verbais.

    Presente

    O Presente do Indicativo manteve-se: amo > amo debo (por debeo) > devo vendo > vendo puno (por punio) > puno.

    Imperfeito

    O Imperfeito do Indicativo igualmente se manteve: amabam > amava debeam (por debebam) > devia vedeam (por vendebam)> vendia puniam (por punibam) > punia.

    Futuro Imperfeito

    O Futuro Imperfeito do Latim Clssico no se manteve no latim vulgar. Quer se tratasse da forma em -bo, da 1 e da 2conjugaes (amabo, debebo), quer se tratasse da forma em am, da 3 e da 4 (vendam, puniam), foi substitudo por uma perfrase,que j aparecia nos escritores da decadncia, a qual era construda de um verbo no infinitivo e do presente do indicativo de habere:Amare habeo (compare-se ao portugus hei de amar). Tendendo a se transformarem em simples terminaes verbais, as formas do

    presente do indicativo de habere contraram-se atravs de alteraes fonticas violentas, mas no anmalas: habeo > aio > ai > ei.

    Dessa forma, em amarei, a terminao ei est por hei, do verbo haver, e a conscincia da composio ainda se observa napossibilidade de intercalar entre as formas primitivas o pronome: amar-te-ei. Temos, pois: amare habeo > amarei debere habeo >deverei vendere habeo > venderei punire habeo > punirei.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    10/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 10/34

    Perfeito

    O Pretrito Perfeito do Indicativo manteve-se: amai (por amavi) > amei debei (por debui) > devi vendei (por vendedi e estepor vendidi) > vendi punivi > puni.

    Mais-que-perfeito

    O Pretrito-mais-que-perfeito do Indicativo manteve-se atravs das formas sincopadas, que predominaram no latim vulgar:amaram (por amavram) > amara deberam (por debiram) > devera venderam (por vendidram) > vendera puniram (por punivram)

    > punira.

    Futuro Perfeito

    O Futuro Perfeito do Indicativo, fundindo-se com o pretrito perfeito do subjuntivo produziu um tempo novo: o futuro dosubjuntivo.

    Para indicar o Futuro do Perfeito ou o sentido condicional, desenvolveu-se tardiamente, no latim vulgar, uma nova forma verbal o Futuro do Pretrito. Constituindo-se, a exemplo do Futuro Imperfeito do Indicativo, de um infinitivo seguido do Imperfeito doIndicativo de habere, sua evoluo foi paralela daquele modelo: amre habbam > amaria debre habbam > deveria vendrehabebam > venderia punre habebam > puniria.

    A CONJUGAO PORTUGUESA

    De conformidade com isso, podemos dizer que a conjugao portuguesa se compe de suas famlias: a do presente e a doperfeito.

    primeira, pertencem:

    Presente

    Imperfeito

    Futuro do presente

    segunda, pertencem:

    Pretrito perfeito

    Pretrito mais-que-perfeito

    Futuro do pretrito

    Conjugaes 1 2 3

    Presente

    Presente Amo Vendo Parto

    Imperfeito Amava Vendia Partia

    Futuro doPresente

    Amarei Venderei Partirei

    Perfeito

    Pretrito Perfeito Amei Vendi Parti

    Pretrito mais-que-perfeito

    Amara Vendera Partira

    Futuro doPretrito

    Amaria Venderia Partiria

    CONCLUSO

    proporo que se distanciava do seu centro, e lngua latina ia sofrendo alteraes e simplificando sua estrutura. Logo, foramvrias as transformaes ocorridas na lngua at o Portugus atual.

    Um exame superficial das formas verbais nos mostra que na evoluo do latim para o Portugus, nem sempre os verbos seconservavam nas conjugaes de origem. Podemos citar como exemplos os verbos: fazer, agir e pr que de acordo com a gramticalatina, pertencem 3 Conjugao.

    H correspondncia entre formas verbais latinas e portuguesas, embora nem sempre se empreguem do mesmo modo em uma

    lngua e em outra lngua. Podemos citar como exemplos: o imperfeito (era < erat) o perfeito (pensou < pensavit) e o mais-que-perfeitodo indicativo (voltara < vol (u) tarat, por vol (u) taverat).

    Como compensao s evolues ocorridas, o latim criou novas formas verbais: os futuros do indicativo (presente e pretrito) oltimo tambm chamado de condicional e o futuro do subjuntivo.

    BIBLIOGRAFIA

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    11/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 11/34

    ALI, M. Said. Gramtica Secundria e Gramtica Histrica da Lngua Portuguesa. [Braslia] : UnB, 1964.

    BECHARA, Evanildo.Moderna Gramtica Portuguesa. 13 ed. So Paulo, 1968.

    BUENO, Francisco da Silveira.A Formao Histrica da Lngua Portuguesa. Rio de Janeiro : Acadmica, 1955.

    CARDOSO, Wilton e CUNHA, Celso.Estilstica e Gramtica Histrica. Rio de Janeiro : Tempo Brasileiro, 1978.

    COUTINHO, I.L. Gramtica Histrica.Rio de Janeiro : Acadmica, 1974.

    NETO, Serafim da Silva.Introduo ao Estudo da Filologia Portuguesa. 2 [Rio de Janeiro] :Grifo, 1976.

    A FORMAO DOS PRONOMES

    NA LNGUA PORTUGUESA

    SUMRIO

    Jupira Maria Bravo Pimentel

    fato conhecido que do latim se originou o novo sistema lingstico.

    Fatos aparentemente simples envolvem, na verdade, uma srie de questes entrelaadas que podem dar margem a discussesenriquecedoras no tocante mudana e variao lingstica.

    Este breve trabalho tem por finalidade estudar os pronomes em sua estrutura morfossinttica numa perspectiva diacrnica esincrnica.

    Prope tambm uma rpida apreciao sobre a relao da evoluo lingstica evoluo histrico-social, focalizando o falantee sua necessidade de se comunicar.

    I. INTRODUO

    Sabemos que o portugus vem do latim, porm, esse latim no o mesmo das classes cultas de Roma. Foi do latim vulgar quenasceram as lnguas romnicas, da modalidade falada, da qual pouca histria escrita restou e chegou a nossos dias.

    Objetiva-se, neste trabalho, realizar um breve estudo sobre os pronomes, que so na sua forma lingstica elaborada e complexa,sinais que indicam em vez de nomear.

    Na presente pesquisa, sero adotados procedimentos de anlise descritiva e histrica. Tomar-se- como ponto de partida o latimvulgar, visando depreender sua estrutura conforme apresentado por Mattoso Cmara (1979), Silva Neto (1952) e Ismael Coutinho(1976).

    Na seqncia, procurar-se- demonstrar a organizao do sistema lingstico da lngua portuguesa, levando em considerao asalteraes morfossintticas ocorridas.

    Ao final, ento, comentar-se- sobre a evoluo lingstica e sua ligao com a evoluo histrico-social face necessidade decomunicao, no eixo falante-ouvinte.

    Temos conhecimento de que a vida social oscila entre a imitao dos antigos e a difuso das inovaes, operando em direesdiferentes: enquanto a primeira tende a perpetuar e valorizar o antigo, a segunda empenha-se por coletivar as inovaes.

    de capital importncia a estrutura da sociedade. As inovaes lingsticas tm que levar em conta as condies sociais dosfalantes que fixam as novas formas e do andamento s mudanas em potencial.

    II. DESENVOLVIMENTO

    A- Consideraes geraisA lngua possui um conjunto de elementos destinados a situar o universo biossocial, que interessam expresso lingstica, no

    ato da comunicao.

    Dentre este, h um certo grupo de vocbulos, que, se diferenciam. Esses vocbulos, meramente indicativos so os pronomes. Demaneira geral, eles possuem trs noes gramaticais:

    a- A primeira a noo de pessoa gramatical. Assim se situa a referncia do pronome no mbito do falante, no do ouvinte oufora da alada dos dois interlocutores.A noo de pessoa gramatical se realiza lexicalmente por vocbulos distintos, como: eu, tu, ele, este, esse, aquele.

    b- A segunda noo gramatical, prpria dos pronomes, a existncia em vrios deles de um gnero neutro em funosubstantiva, quando a referncia a coisas inanimadas, como: isto, isso, aquilo.Por outro lado, h formas especficas paraseres humanos, com algum, ningum eoutrem.

    c- A terceira noo gramatical uma categoria casos. Os pronomes pessoais distinguem uma forma reta, para sujeito, euma ou duas formas oblquas, servindo umas como complemento aglutinado ao verbo, como: falou-me e outras comcomplemento regido de preposio, como:falou de mim.

    Em latim, o sistema de indicao dos pronomes tinha como ponto de partida a relao estabelecida num ato de comunicaofalante ouvinte.

    Havia assim formas para indicar o falante: ego a si mesmo (ou seja, a pessoa que no momento fala) tu- quando a um dele

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    12/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 12/34

    se dirigia outro falante.

    Havia tambm a possibilidade do falante se expressar no nome de outras pessoas ou de se dirigir a mais de um ouvinte. Talpossibilidade era caracterizada com a existncia de uma forma ns (o falante e mais algum), e de outra forma vs, para mais deum ouvinte.

    A esse sistema, chamado de pronomes pessoais, correspondia um sistema demonstrativo, em que os elementos exteriores aofalante ou ao ouvinte eram indicados pela sua posio em referncia a um ou a outro.

    A lngua latina possua um sistema de formas vocabulares, que se opunham aos demonstrativos no sentido de assinalarem aausncia de uma indicao de posio. Tambm se opunham aos nomes, em geral, porque, ao mesmo tempo, eram vazios derepresentao especfica.

    Em virtude desse duplo carter, serviam nas perguntas para designar o elemento desconhecido sobre o que se queria informar doouvinte. So, por isso, usualmente denominados na gramtica latina como indefinidos interrogativos.

    B. A evoluo da formas pronominais

    e o seu sistema em portugus.

    1. As formas pronominais

    1.1. Os pronomes pessoais

    Eram mais empregados no latim vulgar que no clssico.

    Segundo Mattoso, a melhor denominao para as trs formas portuguesas de um pronome pessoal :

    a. forma isolada tnica e livre

    b. forma dependente adverbal cltico que pode ficar em prclise ou nclise em relao ao vocbulo verbal

    c. forma com preposio regente tnica mas dependente, porque s aparece associada a uma preposio.

    Em eu e tuque provm respectivamente de egoe tu, no houve propriamente mudana funcional o que no aconteceu com asoutras duas formas portuguesas.Mimorigina-se do dativo latino sob o seu aspecto contratomi (em vez de mihi) e tiesi, de formaslatinas ti,si, cunhadas pelo modelo de mihie substitudos em latim vulgar aos dativos tibi, sibi. Me, te, se, so reflexos do acusativo-ablativome, te, se. Mas em portugus os clticos adverbais indicam objeto direto ou indireto, isto , equivalem a um acusativo-dativo,enquanto a forma com preposio regente, sada do dativo latino, corresponde a um ablativo.

    Para a 1 e 2 pessoa do plural, s h em portugus uma forma ns e vs, respectivamente. Acontece que, como clticoadverbal, ela perde o vocalismo o do quadro das vogais tnicas e apresentam /u/, escrito o-, do quadro tono final.

    O subsistema de 3 pessoa, criado na fase romnica, apresenta uma forma livre e tnica, varivel em gnero e nmero pelomodelo dos nomes ele, eles, ela, elas, e duas formas clticas adverbais, que conservam a oposio latina entre acusativo e dativo. A

    forma acusativa, para objeto direto, com um feminino e um plural tambm pelo modelo dos nomes o, a, os, as. A forma de dativo,para objeto indireto, no tem gnero, mas tem plural em s lhe, lhes.

    Todas essas formas de 3 pessoa se prendem ao demonstrativo latino ille. Foi o nominativo, masculino ilhe, feminino ilha, queoriginou o portugus ele, ela. O plural com s uma criao portuguesa pelo padro do plural dos nomes. A partcula o, a, os, as

    provm do acusativo latino de ille, em suas quatro formas de masculino, feminino, singular e plural illem, illam, illos, illas,submetidas a um enfraquecimento articulatrio gradual, que atingiu a vogal inicial e a consoante do radical.

    Na lngua coloquial do Brasil esse subsistema, de 3 pessoa foi mudado. Lhe com plural s passou a forma adverbal para oouvinte tratado em 3 pessoa, em identidade de funo com te, enquanto o, a, os, as est ficando em desuso. Assim, a 3 pessoa sereduz a forma ele, eles, ela, elas em qualquer funo sinttica.

    Porm, a lngua escrita e a oral formalstica mantm em vigor o sistema tradicional.

    Interessante que o sistema de pronomes pessoais em portugus a rigor dicotmico. De um lado h a estrutura heternimalatina, como: eu, tu, ns, vs de outra parte, a srie de 3 pessoal com a estrutura nominal de feminino em a e plural em s. Os

    primeiros referem-se s pessoas que participam da comunicao lingstica o segundo substitui no contexto lingstico um nomesubstantivo.

    1.2. Os possessivos

    O latim clssico usava a forma adjetiva do pronome pessoal em concordncia com o nome substantivo dado. So essespronomes pessoais adjetivos que a gramtica latina denominou os possessivos, partindo das construes em que o adjetivopronominal designava o possuidor de uma coisa.

    Os possessivos eram da 2 declinao, no masculino, e, no feminino, da 1 declinao.

    Eram quatro sries, correspondentes aos quatro pronomes pessoais:

    a - meus, mea (ego, genitivo mei)

    b - tuus, tua (tu, genitivo tui)c - noster, nostra (nos, genitivo nostrum)

    d - uester, uestra (uos, genitivo uestrum)

    O pronome pessoal reflexivo de 3 pessoa apresenta desinncias causais paralelas s de tu (sui,sibi,se) e o possessivo reflexivode 3 pessoa era da estrutura dos demais (masc.suus, 2 declinao fem.sua, 1 declinao).

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    13/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 13/34

    O sistema de possessivos portugueses continua o padro estabelecido em latim. O portugus refez os masculinos da 2 e 3pessoa pelo modelo da 1: meu, teu, seu (+ - /s/ no plural) feminino minha, tua, sua (+ - /s/ no plural). No plural da 1 e 2 pessoa,nostru, vostru, o latim vulgar adotou formas novas, tiradas dos pronomes pessoais respectivos - nossu-, vossu-da, nosso, vossocom as desinncias a e s, de feminino e plural, respectivamente.

    Como em latim, o possessivo portugus no definidor do substantivo, da o emprego do artigo para esse fim, mas no Brasil usual a omisso do artigo. A oposio entre a indicao definida e a indefinida, na presena ou na ausncia do artigo, s se manifestaquando o possessivo se reporta a um substantivo sujeito.

    Tambm o possessivo portugus, como em latim, s tem funo adjetiva.

    1.3. Os demonstrativos

    Havia no latim clssico, trs pronomes demonstrativos, correspondentes s trs pessoas gramticas hicpara a primeira, esteparasegunda e illepara a terceira.

    No latim vulgar, observa-se certa confuso no uso desses pronomes. freqente encontrar-se empregado um em lugar do outro.

    O pronome da 2 pessoa iste substitui o da 1 hic, que nos ltimos tempos desaparece inteiramente. O pronome de identidadeipse, da 3 pessoa, passa ento a ocupar o lugar de iste.

    Havia, em latim, a partcula ecce, que se combinava com algumas palavras, para pr em relevo a idia por elas expressa: eccum(ecce+ hunc), eccilum (ecce+ illum), eccistrum (ecce+ istum). O composto eccum, pronunciado eccu, influenciado provavelmente

    por atque, o que melhor explica os pronomes arcaicos aqueste< accu+ iste, aquesse< accu+ issepor ipsee o atual aquele< accu +ille.

    No singular, as formas portuguesas correspondem ao nominativo latino, no plural estabeleceu-se a desinncia s, de acordo

    com o padro nominal.O nominativo acusativo neutro latino de iste, ipse, ille, a saber istud, ipsum, illud, substituram, em funo substantiva e sem

    categoria de plural, para indicar coisas, isto , seres vivos como inativos. Os reflexos portugueses de istud, ipsum, illudservem paraassinalar o que no pertence ao que concebemos como do reino animal.

    Na morfologia dos demonstrativos, no portugus atual, tem ainda a alternncia /e/ para /e/, no feminino, e, no neutro, /e/ para /i/.Para o neutro, esto, que era forma normal no portugus arcaico, passou para isto.

    Como pronomes anafricos, os demonstrativos servem a um campo mostrativo centrado no falante. O sistema tripartido,fundamentado na oposio falante ouvinte, perde a rigor seu sentido. O que se cria ento a oposio entre o contexto do momentoda comunicao e o falante. Assim temos: este, esse, aquele se reduz a este /esse/, aquele.

    A lngua escrita no Brasil procura manter a distino entre este e esse para referncias dentro do contexto lingstico. Mas anorma imanente da lngua escrita usar esse em oposio a aquele, para a comunicao do momento.

    O sistema tripartido est se tornando inseguro, com a tendncia a suprimir a discrepncia entre o sistema tripartido e o bipartido.

    2. Os Indefinidos

    2.1. Os pronomes indefinidos

    A lngua latina possua um sistema de formas vocabulares, que se opunham aos demonstrativos no sentido de assinalarem aausncia de uma indicao de posio. Tambm se opunham aos nomes, porque eram vazios de representao.

    Por essa dupla oposio, serviam nas perguntas para designar o elemento desconhecido sobre o que se desejava de informaodo ouvinte. Na gramtica latina so chamados de indefinidos-interrogativos.

    A forma bsica era um radicalKw( i/ o), de que provm no latim clssico, primrio quis (mas., fem.), quid(neutro), do radicalKwi, no nominativo. Com essa base havia uma srie numerosa de derivados:quisquis, quidam, quispiam, aliquis, quims etc. com umadistribuio de acordo com a necessidade do falante para efetuar o processo de comunicao.

    No latim, o indefinido-interrogativo era aproveitado para subordinar uma orao a outra. O pronome passava a funcionar nasduas oraes, ao mesmo tempo. Assim, desta maneira era preferida no nominativo a variante de radical Kwo (quimasculino quae,feminino quod,neutro).

    A unidade do conjunto era desfeita pela incluso de uma srie de adjetivos de tema em o/u, como: unus - um ullus qualquer um alter o outro, entre dois alius outro entre vrios. Morfologicamente, apresentavam no genitivo e dativo dosingular as desinncias pessoais dos demonstrativos (gen. - ius, dat. i, para os 3 gneros).

    Assim, na lngua portuguesa o sistema foi profundamente reformulado, havendo uma ntida separao entre os pronomesindefinidos e os interrogativos.

    De uma maneira geral, do ponto de vista mrfico-semntico, o que encontramos nos pronomes indefinidos uma funosubstantiva ou adjetiva, varivel em gnero e nmero, e uma forma varivel de funo substantiva.

    A criao do sistema se fez pela evoluo fontica e reinterpretao e redistribuio de formas latinas com o radicalKu ( i/o ):

    . alquis e unus >algum

    . aliquem (acusativo de aliquins) > algum

    . aliquod (do temaKwo, em vez de aliquid, temaKwi neutro de aliquis) > algo.

    Ao pronome algumcorresponde uma srie negativa:

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    14/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 14/34

    . nenhum(lat. ne(c) + unu-) a , + s ningum(ne(c) + quem), nada).

    . outro(+ a, +s), do acusativo de alter (alterum, alteram, alteros, alteras)ganhou uma forma invarivel para pessoa outrem ,onde o sufixo em tono).

    Inovao romnica, decorrente de um emprstimo do latim vulgar ao grego, o adjetivo cada, invarivel, s aplicvel nosingular.

    Outra inovao foi a locuo qualquer, com um plural quaisquer, para marcar a diferena de escolha dentre uma srie.

    Cada exclusivamente de funo adjetiva. Para a funo substantiva h uma locuo com o indefinido um (+ a, + s ): cada um.

    A descrio gramatical tradicional inclui os adjetivos de tema o entre os indefinidos. Assim, muito,poucoe todo. Para os dois

    primeiros nada justifica esse critrio, mas para o segundo, a gramtica latina fazia a relao com lotus.Assim, h uma separao em portugus entre as formas de indefinido e interrogativo. Apenas qual, que fundamental

    interrogativo.

    2.2. Os interrogativos.

    As formas pronominais interrogativas, em portugus, provm do latim quis quid, e de qualis,que um composto na base doradicalKwo-.

    A forma masculina feminina na forma de acusativo quem ficou em portugus reservada ao gnero pessoal, que j foimencionado nos indefinidos algum, ningum, outrem.

    A forma neutra quidpassou ao portugus sob a forma que e do gnero neutro, para coisas".

    Qual,do acusativo qualem de qualis, tem a funo de assinalar a indefinio dentro de um grupo limitado de seres e definidoem seu conjunto. Singular qualplural quales> quais.

    H assim, uma relao muito grande do portugus com o latim nos pronomes interrogativos.

    2.3. O relativo

    O pronome relativo tinha, em latim, trs formas: uma para o masculino qui, outra para o feminino qual, uma terceira para oneutro quod.

    Pelo fim do Imprio, o pronome relativo ficou assim: qui que (m), cui quid ou quod.

    Sobreviveram em nossa lngua os acusativos que (m) tono e quid > que, quem (tnico) > quem, cuju (m) > cujo.

    Como qui qual quod latino, portugus que s funciona na orao relativa e a se reporta anaforicamente a um nome oupronome substantivo da outra orao. Em decorrncia de sua funo na orao relativa, pode vir regido de qualquer preposio.

    Ao lado de que, h como pronome relativo uma locuo constituda de qualcom o artigo definido anteposto. Como qualvariaem nmero e o artigo em nmero e gnero, h a uma concordncia em gnero e nmero.

    III. CONCLUSO

    O individual e o social interpenetram-se. As palavras, pronunciadas s por uma pessoa, no sobreviveriam. As palavras s tmhistria porque a coletividade as repete.

    A lngua eminentemente mutvel no tempo e o seu movimento de mudana tem o carter de uma evoluo, isto , umprocesso dinmico, gradual e coerente.

    A evoluo muito complexa. A histria de uma lngua no um esquema pr-estabelecido. No se pode partir do latim echegar diretamente aos dias de hoje.

    No latim estavam reunidas todas as condies de instabilidade lingsticas. A experincia mostra que os povos invasores solevados a eliminar as particularidades locais de sua lngua: a conseqncia dos contatos que se verificam durante esses movimentossociais. A unificao, como se compreende, escolhe as formas que so sentidas como m ais regulares: as anomalias so desfeitas,adaptando-se aos modelos.

    A inovao , pois, um fato individual, que pode, ou no se tornar coletivo. Quando isso acontece, temos um fato concreto,realizado.

    A, entendemos que o uso e a evoluo dos pronomes serviram no s para que as pessoas pudessem comunicar suas idias epensamentos da melhor forma, uma vez que o pronome mostra o ser no espao, visto esse espao em funo do falante: eu, mim, me,estee assim por diante, mas tambm para designar elementos desconhecidos sobre o que se queira informar.

    IV. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da lngua portuguesa. Petrpolis : Vozes._____.Histria e estrutura da lngua portuguesa. Rio de Janeiro : Padro, 1979.

    ____.Princpios de lingstica geral. Rio de Janeiro : Padro, 1979.

    CHIZZOTTI, Antnio.Pesquisa em cincias humanas e sociais. Rio de Janeiro : Cortez, 1995.

    COUTINHO, Ismael de Lima. Gramtica histrica.Rio de Janeiro : Livro Tcnico S/A, 1976.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    15/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 15/34

    SILVA NETO, Serafim da.Histria da lngua portuguesa.Rio de Janeiro : Livros de Portugal, 1952.

    WINTER, Enia & SALLES, Paulo Eduardo Marcondes de (org).Metodologia da pesquisa cientfica.So Paulo : CEDAS.

    A INFLUNCIA INDGENA NOS TOPNIMOS

    DO MUNICPIO DE SO GONALO

    SUMRIO

    Norma Cristina da Silva Moreira

    Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutra.

    Carlos Drummond de Andrade

    ABREVIATURAS

    al. alameda.................................. av. avenidab. bairro..................................... est. estradaJd. Jardim.................................... r. ruatv. travessa.................................. var. variante(s)

    INTRODUO

    A influncia da lngua indgena, em especial o tupi, na formao do lxico da lngua portuguesa falada no Brasil muitoexpressiva. Pretende-se, ento, neste trabalho, fazer o levantamento de alguns topnimos de procedncia indgena existentes no

    Municpio de So Gonalo (Regio Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro), dando sua localizao e seu significado.[1]

    Os missionrios jesutas foram os grandes defensores do ensino do tupi e, no af de catequizar os selvagens, contriburamdecisivamente para o conhecimento e a permanncia do idioma. Da mesma forma, o advento das bandeiras fez com que tal lnguativesse considervel expanso:

    Nas suas entradas pelo serto brasileiro, estabelecendo a l igao entre o litoral e o interior, os bandeirantes, entre os quais havia ordinariamentecondutores ndios, faziam do abanhem o instrumento das suas comunicaes dirias.

    Deste modo que se justifica a existncia de tantos topnimos em regies situadas fora da rea ocupada pelos tupis.2

    So Gonalo, municpio com cerca de 889.828 habitantes e uma extenso territorial de 251 km2

    3

    , tambm apresenta, nosnomes de suas ruas e bairros, as contribuies da lngua indgena.

    TOPNIMOS DE ORIGEM INDGENADE SO GONALO

    A

    Abaet (av. b. Antonina): Do tupi aba, homem, e t, por excelncia: homem de valor. Var. Abaet.

    Acari(r. b. Trindade): Do tupi acari,isto , acar, cascudo, escamoso e i, pequeno. Peixe de gua doce do Brasil.

    Anai (est. b. Tribob): Do tupi: palmeira de fruto drupceo, verde-amarelo.

    Andira (r. Expedicionrio Andiras Nogueira de Abreu b. Porto do Rosa): Do taxonomia Andira, de origem tupi: gnero de plantas da famliadas leguminosas.

    Araatuba(r. b. Trindade): Do tupi ara-tyba, o stio dos aras, onde h aras em abundncia.

    Araguaia (r. b. Boa Vista): Do tupi ara-gu-y, rio do vale dos papagaios ou ara, dia, tempo eguaia, caranguejo: tempo, poca, estao deapanhar caranguejo.

    Arara (r. Araras b. Trindade): Do tupi: ave.

    Araribia (r. b. Porto Novo): Do tupi araba, de ara, tempo, e aba, mau, e mbo, cobra de mau tempo, cobra de tempestade, serpentemisteriosa que no fundo das guas respondia com um eco ao ribombo do trovo.

    Araruama(r. b. Trindade) : Do tupi arara-uama,comedouro ou bebedouro das araras.

    Arax (r. b. Trindade): Do tupi: planalto em forma de tabuleiro.

    Ari (r. Ari de Azevedo b. Jardim Catarina): Do tupi.

    B

    Baependi (r. b. Trindade): Do tupi: clare ira na mata, atalho, picada que d passagem.

    Baturit(r. b. Trindade): Do tupiybytyra-et, alterao de ubutur-et, montanha verdadeira, a serra por excelncia.

    Birigui (r. b. Boa Vista): Do tupi: mosca pequena.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    16/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 16/34

    Boau (b.): Do tupi mboy-a,serpente, cobra grande Rio de Janeiro.

    C

    Caapava (r. b. Trindade) : Do tupi ca-apaba,clareira da mata, aberta, travessia ou vereda na mata.

    Caets (r. b. Jardim Catarina): No singular Caet. Do tupi ca-t, mata real ou verdadeira, mato virgem.

    Caiara (tv. Jardim Caia ra b. Barro Vermelho): Do tupi: caa, folha, mato ou folhagem e iara, tronco ou haste: tapume, paliada, cercado,trincheira.

    Cambuci (r. b. Trindade): Do tupi: camb-chi,vaso de gua, pote, cntaro, tina var.: camuci, camucim, camutim, camoti,ca-mboci, fruto

    feito de duas partes juntas.Cambuquira (r. b. Trindade): Do tupi: grelo de erva, isto , broto de erva.

    Canind(r. b. Trindade): Do tupi kanine: anegrado, retinto, tisnado, escuro nome de uma espcie de arara.

    Capivari (r. b. Trindade): Do tupi capiuar-y, rio das capivaras.

    Caramuru (r. b. Galo Branco): Do tupi, moria.

    Carioca(al. b. Jquei Clube): Do tupi, casa do branco.

    Cariri (r. B. Coelho): Do tupi kiriri,adjetivo, taciturno, silencioso, calado lugar descampado, serto, lugar silencioso.

    Caruaru (r. b. Coelho): Do tupi karnara-, a aguada das caruaras.

    Cataguases (r. b. Trindade): Do tupi caat-gua, o morador ou habitante dos cerrados.

    Cavaru (r. b. Porto da Pedra): O modo do tupi da palavra ca valo.

    Corumb (r. b. Trindade): Do tupi cur-mb, o banco de cascalho. Var. corumbaba.

    Cuiab (al. b. Rio do Ouro): Do tupi: lugar onde h cuias.

    Curi(r. Ada Curi b. Raul Veiga): Do tupi: a argila vermelha.

    G

    Guanabara(r. b. Gradim ): Do tupi: baa to vasta que parece mar.

    Guapor (r. Santa Isabel): Do tupi wa, campo, epor, catarata, cachoeira no campo, no campestre.

    Guaraci (r. b. Estrela do Norte) : Do tupi wara s, a me dos viventes, o criador, o sol, ou ento,ko ara s , a me deste dia, a me do dia.

    Guarani (r. Tenente Guarani b. Estrela do Norte): De origem obscura, mas certamente de idioma indgena da Amrica do Sul. SegundoBaptista Caetano deriva do tupiguarini, guerrear.

    Guarapari(r. b. Trindade): Do tupi.

    Guaxindiba (b.): Do tupigwaxindiba: vassouras em abundncia.

    I

    Iara (r. b. Laranjal): Do tupi: senhor, senhora.

    Ibicu(tv. b. Coluband) : Do tupi ibi,terra, e kui, farinha, p: p de terra, areia, praia.

    Ibirapitanga (r. b. Guaxindiba): Do tupi ibir, pau, epitga, vermelho.

    Ibituruna (r. b. Monjolo): Do tupi ibitu, nuvem, e una, preta ou ibituroi,vento frio.

    Iguaba (r. b. Trindade ):Do tupi , gua, e wab,particpio de u, beber, aquilo em que se bebe, lugar onde se bebe, bebedouro dgua.Iguau (al. b. Rio do Ouro ): Do tupi-guarani , gua e wasu,grande: rio caudaloso.

    Imb(r. b. Guaxindiba): Do tupi: a planta rasteira trepadeira.

    Ip (r. b. Arsenal) : Do tupiy-p, rvore cascuda.

    Ip (r. b. Arsenal): Do tupiy-p, rvore cascuda.

    Ipiranga (r. b. Gradim): Do tupi, gua, rio, epiranga, vermelha.

    Iracema (tv. b. Paraso): Do tupiir, mel e cema, poro, abundncia: fluxo, quantidade de mel que escorre.

    Itaberaba (r. b. Barrac o): Do tupi ita, pedra e beraba,brilhante.

    Itabira (r. b. Guaxindiba/Monjolo): Do tupi ita,pedra, e bira, levantada, erguida, empinada, alta.

    Itacambira(r. b. Barraco): Do tupi ita akambira, forcado de ferro, c ompasso, tenaz.

    Itacava(r. b. Barraco): Do tupi.

    Itacoatiara (r. b. Guaxindiba/Monjolo): Do tupi ita, pedra, e kwatiara, pintada, escrita, gravada.

    Itacolomi (r. b. Jardim Catarina): Do tupi ita, pedra e kulumi,criana, menino, o menino da pedra, o filho da pedra, a pedra e seu filho.

    Itacuru (r. b. Monjolo): Do tupi ita,pedra e kurusa,forma que os tupis deram palavra portuguesa cruz: lugar da cruz de pedra.

    Itagua (r. - b. Trindade): Do tupi gua (hi, hig, ig) do barro vermelho ou da argila vermelha.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    17/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 17/34

    Itape (r. b. Guaxindiba): Do tupi ita,pedrai, rio, guape, caminho: gua que corre entre pedras.

    Itaipu (r. b. Laranjal): Do tupi ita,pedrayp,fonte, manancial: gua que nasce da pedra.

    Itaja(r. b. Galo Branco): Do tupi itaj, que tanto pode significar uma erva como tambm uma espcie de formiga hi, hig, i, ig, rio: rio dasformigas ou da erva taj.

    Itajub (r. b. Trindade): Do tupi ita,pedrajub, amarela, de ouro.

    Itajuru (r. b. Vista Alegre) Do tupi ita, pedra,jur (yur),boca: boca de pedra ou caverna.

    Itamarati (av. Guaxindiba/Monjolo): Do tupi ita, pedra, marati,branca: rio das pedras brancas.

    Itamb (r. b. Monjolo): Do tupi ita,pedra e aymb, afiada, pontiaguda, cortante.

    Itambi (r. b. Laranjal) Do tupi ita, pedra, e mbi, alada, o penedo em p ou ,gua e b, muco, gua de muco ou ainda ita,pedra, ebi, muco, rochedos mucosos.

    Itamirim (r. b. Barraco) : Do tupi ita,pedra, e mirim, pequena.

    Itangu(r. b. Barraco): Do tupiyt-gu,a baixa das conchas.

    Itanhandu(r. b. Guaxindiba): Do tupi ita,pedra, e nhandu, nhandu, nhandu de pedra.

    Itaoca (est. - b. Itaoca): Do tupi ita, pedra e oca, casa : casa de pedra.

    Itaocara (r. - b. Trindade): Do tupi ita, pedra e ocara onde h oca, casa e ara lugar: lugar da casa de pedra.

    Itapagipe (r. b. Vista Alegre): Do tupi, segundo Von Martius alterao de utapugipe,rio que d vau, que d caminho.

    Itaparica (r. - b. Guaxindiba): Do tupi ita, pedrapari,cercado: lugar cercado de pedras.

    Itapemirim (r. b. Monjolo): Do tupi itap, laje, e miri, pequena.

    Itaperuna(r. b. Vista Alegre): Do tupi ita,pedrape, caminho ou passagem e una, preta.

    Itapetininga (r. - b. Guaxindiba): Do tupi itape,laje tininga,seca.

    Itapeva(r. b. Guaxindiba/Monjolo): Do tupi ita,pedra, epewa, chata.

    Itaporanga(r. b. Guaxindiba) : Do tupi ita, pedraporang, bela, bonita.

    Itapuca(r. - b. Monjolo) : Do tupi ita,pedra epuca, arrebentada, amassada.

    Itarar (r. - b. Boa Vista): Do tupi ita,pedra erar, escavada, onde h um buraco.

    Itatiaia (r. b. Laranjal): Do tupi ita,pedra, tiai, gancho, croque, dente, o penhasco cheio de pontas, a crista eriada.

    Ita (r. - b. Guaxindiba): Do tupi ita,pedra e u, preta: pedra preta, isto , o ferro.

    Itana (b.): Do tupi ita,pedra e una, preta : pedra preta.

    Itaverava (r. b. Monjolo) : Do tupi ita,pedra, verava, corruptela de beraba, luzente.

    Itoror(r. - b. Jardim Catarina): Do tupi ita,pedra e ror, que faz barulho, ou ento: i, gua, rio, e toror, sussurrante.

    Itu (r. - b. Monjolo) : Do tupii, gua, rio tu, fazer barulho: gua rumorejante.

    Ituverava(r. b. Monjolo): Do tupi tu,cascata, cachoeira, salto, e beraba, brilhante, luzente, resplandecente.

    J

    Jabaquara(r. b. Itana): Do tupiyab-quara: refgio ou esconderijo dos fujes, vulgo, quilombo.

    Jacarand(r. b. Arsenal): Do tupiy-ac-rat: o que tem o miolo duro, o cerne duro.

    Jaceguai (r. Almirante Jaceguai b. Laranjal): Do tupiyaswa , rio da baixa das melancias, ouyas wai, a cabea edule, a melancia.

    Jaci (r. Jaci de Menezes b. Barro Vermelho): Do tupiya-cy , a me dos frutos ou do tupi yas,lua.

    Jaguar (r. b. Monjolo): Do tupi: sabe a ona, ou que tem cheiro de ona, a catinga da ona.Jaguari(r. b. Laranjal): Do tupijaguar, ona e i, ig, gua, rio: rio da ona.

    Jaragu (r. b. Trindade): Do tupiyara,senhor egu,campo: senhor do campo.

    Ja (r. b. Trindade): Do tupi-guaraniya-, o comedor, o comilo, o nome de um peixe fluvial. Do tupi iau: bagres dgua doce.

    Jequitib (r. b. Arsenal): Do tupi:yiki, covo, t-yb,fruto: rvore de covos, porque os frutos tm a forma de covo.

    Jequitinhonha(r. b. Itana): Pode ser vocbulo de origem tupi: yiki tnone,o covo mergulhado ou assentado ngua.

    Jo (r. b. Almerinda): O mesmo que ju, do tupiyu,espinho.

    Jurema(tv. b. Porto Novo): Do tupiy, espinhoso e r-ema, que vasa.

    Juru(r. Rio Juru b. Rocha): Do tupi yuru a,a boca aberta ou ampla, a embocadura larga.

    LLambari (r. b. Trindade): Do tupi : peixe pequeno de gua doce. Var. de alambari.

    M

    Maca (r. b. Trindade): Do tupi maka,abreviao de makaba,macaba, e , doce ou amaka ae, rede de dormir dele ou ainda miki, rio dosbagres e cu enxuto.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    18/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 18/34

    Macap (al. b. Rio do Ouro): Do tupi: forma apocopada de makapaba, a estncia das macabas, o palmar das macabas.

    Macei (al. b. Rio do Ouro): Do tupi ma por mba, coisa, e sai, estendida, dilatada: o espraiado, extenso, ou ma-sai-, o que se estendeencobrindo ou tapando.

    Mangaratiba (r. b. Trindade): Do tupi mgara,mangar, tba,sufixo coletivo, o stio das mangars.

    Mantiqueira (r. b. Engenho Pequeno): Do tupi amtikir, a chuva goteja, ou mbatikir,coisa que verte.

    Marab(r. b. Trindade): Do tupi mair-ab,isto , o francs, o estrangeiro.

    Maraj(tv. b. Lindo Parque): Do tupi mbara y, tirado, arrancado do mar.

    Marambaia (b.): Do tupi mar-bai,cerco do mar.

    Maric (av. b. Galo Branco): Do tupi mari,cssia c, espinho, ponta aguada.

    Mau (r. b. Porto Velho): Do tupi ma-u: a coisa elevada aluso terra erguida entre baixas alagadias.

    Miracema (r. b. Alcntara): Talvez do tupi mra, povo, gente, ou mira,pau, e sema, gerndio desem , sair, gente que nasce ou pau quebrota.

    Mojica (r. Frei Mojica b. Boau): Do tupi.

    Mossor (r. b. Boa Vista): Do tupi mbo, fazer, esorok, romper, rasgo, ruptura.

    Mucuri(r. - b. Jd. Catarina): Do tupi mucura,gamb, ey, gua, rio.

    N

    Niteri (r. b. Alcntara): De origem tupi, um tanto duvidosa: gua abrigada em seio.

    P

    Paraba(tv. b. Gradim): Do tupi: variegado e o tupi : rvore do tupi : rio imprestvel.

    Paran (al. b. Rio do Ouro) : Do tupi: semelhante ao mar.

    Paranagu (r. b. Trindade): Do tupiParane gu,baa.

    Parati (r. b. Trindade): Do tupi: peixe branco.

    Peri (r. b. Lagoinha): Do tupi, junco.

    Piabas (est. b. Vrzea das Moas): Do tupi: no singular,piaba, pele manchada.

    Pindamonhangaba (r. Porto do Rosa): Do tupipinda monhangaba, fbrica de anzis, ou pescaria a anzol.

    Piracanjuba (r. b. Jd. Catarina): Do tupi:pira,peixe de pele,kang, osso, eyuba, amarelo.

    Piracicaba(r. b. Trindade): Do tupipira, peixe, cycaba, colheita.

    Pira(r. b. Trindade): Do tupi: designao indgena de peixes de pequeno porte.

    Piraju (r. b. Boa Vista): Do tupipira,peixe eyu, forma apocopada deyuba, amarelo, peixe amarelo, o dourado.

    Pita (tv. Alberto Pita b. Sete Pontes): Do quchuapita: fio fino.

    Pitangas (est. b. Monjolo): Do tupi: no singular,pitanga, vermelho.

    Pororoca (r. b. Itaoca): Do tupi: estrondar.

    S

    Sabar (r. b. Itaoca): Do tupi ita, pedra, beraba, luzente, pedra luzente, cristal, alterado para tabaraba, tabarab, Tabar (forma antiga),finalmente Sabar.

    Sapucaia (est. b. Itana): Do tupi: fruto que faz saltar o olho.

    Sepetiba (r. Visconde de Sepetiba b. Mutondo): Do tupisap,sap, e sufixo coletivo tba, sapezal.

    Sergipe(r. b. Brasilndia): Do tupisiri pe: no rio dos siris.

    Sorocaba (r. b. Trindade): Do tupisorokab, lugar de se romper.

    T

    Tapuia (r. Tapuias b. Jardim Catarina): De origem tupi, mas de etimologia mal explicada. O que se sabe ao certo que da denominao seserviam, como alcunha injuriosa, tanto os nossos tupinambs como os guaranis do Paraguai. Quanto significao desta alcunha, pode ser:

    brbaro, selvagem contrrio, inimigo.

    Taubat (r. b. Trindade ): Do tupi taba et,a ldeia verdadeira, considervel.

    Tiet (r. b. Trindade): Do tupi, ti(pssaro) verdadeiro.

    Tupi(r. b. Raul Veiga): Do tupi: tu-upi, o pai supremo, o primitivo, o progenitor.

    Tupinamb (r. b. Porto Novo): Do tupi: descendente dos tupis.

    Turiau(r. b. Laranjal): Do tupi. Pode ser tor wasu,a turiva grande, ou tor wasu,o facho grande, a fogueira, o incndio.

    U

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    19/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 19/34

    Ub (r. b. Trindade): Do tupi: rvore.

    Ubirajara (r. b. Laranjal): Do tupi: senhor da terra.

    Uruguai (al. b. Tenente Jardim): Do guarani: rio de cara cis.

    CONCLUSO

    Depois de to longo convvio com a lngua portuguesa, as lnguas nativas dos nossos ndios deixaram importante influncia nafala brasileira e, principalmente, no vocabulrio nomes prprios de pessoas e de lugares.

    Apesar da constante tentativa de extermnio dos povos indgenas atravs da destruio da sua cultura e lngua, esta resistebravamente e continua viva nos topnimos das diversas regies do pas.

    A contribuio indgena cultura brasileira deve ser sempre estudada e valorizada, fazendo-se conhecida s geraes atuais.

    BIBLIOGRAFIA

    ASSIS, Cecy Fernandes.Dicionrio guarani-portugus.So Paulo : O Autor, 2000.

    BUENO, Francisco da Silveira. Grande dicionrio etimolgico-prosdico da lnguaportuguesa.So Paulo : Saraiva, 1963.

    BUENO, Francisco da Silveira. Vocabulrio tupi-guarani portugus. 3 ed. So Paulo : Brasilivros, 1984.

    COUTINHO, Ismael de Lima.Pontos de gramtica histrica. 7 ed. Rio de Janeiro : Ao Livro Tcnico, 1976.

    FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda.Novo dicionrio da lngua portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1986.

    GUIA POSTAL BRASILEIRO. Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos. 8 ed. Fotomtica, 1992.MACHADO, Jos Pedro.Dicionrio etimolgico da lngua portuguesa. 2 ed. So Paulo : Confluncia, 1967.

    NASCENTES, Antenor.Dicionrio etimolgico da lngua portuguesa. Rio de Janeiro : F. Alves, 1952.

    SAMPAIO, Theodoro. O tupi na geografia nacional. 3 ed. Bahia : Seco Graphica da Escola de Aprendizes Artifices, 1928.

    VIANA, Eliane Rodrigues da Costa.A influncia indgena na lngua portuguesa doBrasil.Rio de Janeiro : CiFEFiL, 2000.

    CONTRIBUIES AFRICANAS

    NOS FALARES DO BRASIL

    SUMRIO

    Jaline Pinto da Silva

    I - INTRODUO

    O presente trabalho tem por objetivo promover uma reflexo acerca das contribuies dos falares africanos para a histria doPortugus do Brasil. Para tanto, faz-se necessrio citar informaes, ainda que sintticas, a respeito dos pases que compem osterritrios de fala portuguesa. Sabendo-se, no entanto, que a proposta desta pesquisa delimita-se s influncias que as comunidades deorigem africana exerceram no Brasil.

    Situando geograficamente os pases que possuem como lngua oficial o portugus, tem-se hoje: Portugal, Brasil, So Tom ePrncipe, Ilhas de Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, Angola, Macau, Goa e uma parte de Timor, sendo o portugus, nestesltimos territrios asiticos, bastante ameaado pela expanso do ingls, dentre outros fatores polticos e econmicos.

    Vale ressaltar que a investigao do presente trabalho, deu-se a priori atravs de pesquisa de fatores sociais. J que estes, alm de

    variaes dos enunciados lingsticos, da existncia de dialetos, das situaes de contato de lnguas encerram em si conceitos que tmimplicaes na definio de uma lngua, sendo necessrio envolv-los par se dar conta da realidade a que poder corresponder o rtulode lngua portuguesa.

    As consideraes finais da pesquisa trazem uma pequena, porm bastante simblica mostra dos vocbulos que so utilizadoshoje no Brasil e que tm suas origens nos povos africanos.

    II - TERRITRIOS DE LNGUA PORTUGUESA:UMA SINTTICA PERSPECTIVA HISTRICA

    Para se compreender as especificidades que constituem o portugus brasileiro, principalmente no que se diz respeito s influnciasafricanas, faz-se necessrio relatar alguns fatos de ordem social e poltica do incio da expanso do portugus para outros territrios, afim de que estes possam esclarecer dados sobre as diferenas apresentadas no Brasil.

    Para tal objetivo supracitado, deve-se comear por um fator social, historicamente limitado, que terminou em situaes decontato de lnguas, envolvendo uma lngua europia, o portugus, e lnguas extra-europias, faladas na frica, na Amrica e na sia.O fator a colonizao basco-portuguesa que sucedeu a expanso comeada em 400, e que, fruto do equilbrio ou do desequilbriodemogrfico entre os falantes envolvidos no contato, motivou diferentes resultados sociolingsticos. Onde o colonizador era umaventureiro isolado e o territrio inicialmente deserto, servindo de entreposto no negcio da escravatura (caso de Cabo Verde, SoTom e Prncipe), as condies foram de emergncia de crioulos etnicamente desenraizados, integrando grupos africanos mistos. As

    populaes de escravos viam-se obrigadas a renunciar s suas lnguas maternas.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    20/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 20/34

    Essa a situao tpica para o nascimento de uma lngua auxiliar que reaparece sistematicamente em cenrios de entreposto ede plantao e que tem o nome de pitim. Apresentando uma gramtica simplificada e um vocabulrio escasso e instvel, o pitimsujeita-se, onde quer que se converta em lngua materna de novas geraes, a um processo de complexificao que resulta nonascimento de uma nova lngua, o criollo, com base no lxico da lngua do colonizador. Para os falantes do criollo de base

    portuguesa, a lngua portuguesa vai funcionar como segunda lngua, apta a desempenhar as funes de lngua oficial data daindependncia.

    A convivncia com a lngua portuguesa na Guin, Angola e Moambique foi assegurada pela presena dos colonos, durante ossculos XIX e XX, que foram os responsveis pela imposio de um modelo de prestgio que os africanos precisariam dominarsempre que ambicionassem ascenso social ou caso se impusesse uma situao de contato intertnico. Nesses territrios o portuguss pde funcionar como lngua materna para as populaes africanas em reas de intensa migrao interna, como Ruanda. A

    independncia, no entanto, no significou simultaneamente a despedida da lngua materna da classe administrativa.Tambm em vrios pontos da sia se vieram a desenvolver criollos de base portuguesa, falados na ndia, Ceilo, Macau,

    Malsia e Timor, que se extinguiram progressivamente. Onde a administrao portuguesa se manteve at o sculo XX (Goa, Damo eDiu, Macau e Timor), ocorreu a descriolizao. As estruturas gramaticais e lexicais foram se aproximando progressivamente domodelo portugus-europeu e apenas deixaram vestgios nas variedades dos sotaques do portugus hoje falado por uma minoria deindianos, macaienses e timorenses.

    Presena portuguesa duradoura ou vontade de afirmao da individualidade comunitria, esses foram os dois fatores quecontriburam para a permanncia de vestgios lingsticos. A situao oriental muito diversa da lngua portuguesa na frica, porqueesta ltima foi alvo, em virtude de diferentes mecanismos de descolorizao, de uma interveno autoritria. A lngua portuguesacomeou, a partir de 1975, a integrar um processo de poltica lingstica, ao ser eleita em Cabo Verde, So Tom e Prncipe, Guin,Angola e Moambique como lngua oficial.

    As lnguas s so alvo de decises que implicam atos de poder, quando so faladas em comunidades bilnges ou multilnges.

    No reinado de D. Diniz, h 700 anos, Portugal vivia uma continuao de bilingismo cultural, em que a lngua de cultura, o latim,divergia da lngua materna da populao. D. Diniz decretou que se passasse a redigir em portugus os documentos de chancelaria real.Este foi o primeiro gesto da oficializao da lngua portuguesa em territrio europeu.

    O segundo ato de poder que envolveu a lngua portuguesa ocorreu no sculo XVIII, quando o marqus de Pombal, perante omultilingismo presente no Brasil e crescente importncia das lnguas gerais como lnguas de comunicao entre ndios, africanos emesmo europeus, decretou a proibio, atribuindo assim ao portugus, pela segunda vez na histria, o estatuto de lngua oficial.

    Esses dois antecedentes deixam bem claro que os atos de autoridade s incidem no fato social da lngua, quando nos contornosde um Estado, caiba algo mais do que a implantao de uma com unidade unilnge. Os resultados vo divergir em razo da naturezasociolingstica da lngua imposta. A orientao poltica que passa pela institucionalizao autoritria de uma lngua um instrumentoque tanto pode servir causa nacionalista como combat-la. Impor a oficialidade da lngua da comunidade majoritria, como faz D.Diniz, refora a individualidade poltica dessa comunidade, pois passar a haver uma coincidncia entre poder e cultura. Ligar aoficialidade de lnguas faladas no interior de um Estado, instituindo apenas a lngua da classe dominante, forma federaes como a

    brasileira, com maiores ou menores problemas de homogeneidade lingstica, conforme a individualidade cultural dos grupossubjugados.

    Pode-se dizer que se mantm a hegemonia de uma norma culta s enquanto se mantiverem as condies de estabilidade social.Quando h Estados onde prevalece o bilingismo, ou o multilingismo, como o caso dos africanos, se decreta que prevalea sobre aslnguas maternas das diferentes etnias uma segunda lngua, falada por um grupo prestigiado, pertencente a uma cultura estranha, quese desenvolve at em outro continente, mas vai-se assistir ao ecumenismo. Entretanto, o ecumenismo lingstico no se impenaturalmente, nem basta investir em campanhas de alfabetizao ou numa integrao equilibrada da populao heterognea. precisoque resulte constantemente reforado o prestgio da lngua oficial. No existe propriamente uma comunidade de lngua portuguesa,existiro comunidades, mais do que Estados independentes. Assim sendo, v-se que a lngua portuguesa acompanhou o Imprio nasua expanso e tambm o acompanhou no seu declnio, fato que leva a uma possvel definio de lngua portuguesa como antepassadolingstico de uma famlia de lnguas a que pertencem o portugus europeu, o portugus do Brasil, os crioulos de base portuguesa euma multiplicidade de variedades africanas e asiticas.

    III - DIFERENTES REFERENCIAIS TERICOSACERCA DA INFLUNCIA AFRICANA

    NA ESPECIFICIDADE DO PORTUGUS BRASILEIRO

    Em 1980, o lexicgrafo, americanista e indianista, Macedo Soares, afirmou em um de seus trabalhos sobre a etimologia decertos termos de origem africana:

    Um estudo completo dessas vozes dfrica seria trabalho, de evidente utilidade, para se conhecer no s a influncia que exerceram sobre a nossa sociedade oselementos negros..., mas tambm a direo que vai seguindo a lngua portuguesa falada no Brasil em comparao com a falada na metrpole. (1943, p. 72)

    Os primeiros estudiosos do sculo passado consideraram que a influncia dessas lnguas africanas e tambm indgenas seremresponsveis pela especificidade do portugus no Brasil. Assim, Renato Mendona (1933) e Jacques Raimundo (1933) atribuam influncia das lnguas africanas a motivao de muitas caractersticas que distinguem o portugus brasileiro do europeu.

    Contrapondo-se a esses autores, Serafim da Silva Neto (1986) embora admitido a formao de crioulos e semicrioulosdecorrentes do aprendizado imperfeito do portugus por falantes africanos, nega a influncia destes na constituio do portugus no

    Brasil. A presena africana teria apenas acelerado as tendncias latentes na lngua portuguesa.A concepo terica em que se baseia o raciocnio supracitado defende que as lnguas possuem uma natureza histrica que

    oriente o seu desenvolvimento independente do contexto em que evoluem. Tal posio ratificada por Mattoso Cmara (1972) que deacordo com sua opo estruturalista considera que a influncia das lnguas africanas na constituio do portugus brasileiro estarresumida acelerao de tendncias prefiguradas no sistema lingstico do portugus.

  • 7/26/2019 Jos Pereira Da Silva

    21/34

    19/05/2016 Jos Pereira da Silva

    http://www.filologia.org.br/monografias/historia_da_lingua_portuguesa.html 21/34

    Depois de um longo silncio sobre esta questo, o debate sobre a influncia das lnguas africanas no Portugus do Brasil foiretomado recentemente, nos autores estrangeiros Guy (1981, 1989) e Holm (1987, 1988). Aparados por um conjunto de dados scio-histricos e lingsticos, esses autores defendem a hiptese da crioulizao prvia do portugus brasileiro. Seus argumentos baseiam-se na constatao de que a convivncia e o contato lingstico com uma grande populao africana, por mais de trs sculos,conduzem fatalmente a uma histria influenciada pela crioulizao.

    Animado pela perspectiva delineada pelos autores citados, mas partindo de bases empricas diversas, Baxter (1992) empreendeuuma pesquisa junto a uma comunidade afro-brasileira de descendentes de escravos, prxima a Helvcia, no sul da Bahia.

    Num estudo apresentado no Colquio Internacional sobre Crioulos de Base Lexical Portuguesa, realizado em Lisboa, em 1992,Baxter destacou naquele dialeto de Helvcia os traos morfossintticos que no se encontram na maioria dos dialetos rurais: uso de

    formas da terceira pessoa do singular do presente do indicativo para retratar estados e aes pontuais e contnuas que se situam nopassado uso varivel de formas da terceira pessoa do singular do presente do indicativo em contextos que normalmente se usamformas do infinitivo marcao varivel da primeira pessoa do singular dupla negao, variao de concordncia de nmero e gnerodo SN oraes relativas no introduzidas por pronome presena varivel do artigo definido em SN de referncia definida usovarivel de formas no subjuntivo ausncia de formas sintticas de futuro. Desse estudo concluiu-se que o dialeto de Helvciaapresenta traos sugestivos de processo irregular de aquisio e transmisso de linguagem do tipo que caracteriza as lnguas crioulas.Assinala tambm que o sistema verbal encontrado nos dialetos rurais do portugus do Brasil pode ser derivado de dialetos como os deHelvcia, configurando assim um processo de descriolizao.

    A partir dessas pesquisas, passou Baxter admitir ento, que a crioulizao e a atual descriolizao um fato que pode ser aindaobservado em algumas comunidades que se constituem majoritariamente de negros e que se mantm na zona rural, isoladas de umcontato mais intenso com os centros urbanos.

    Observando de forma sinttica os diferentes referenciais tericos apresentados no presente captulo, pode-se dizer que o estudolingstico das comunidades afro-brasileiras rurais uma contribuio necessria para os estudos dialetolgicos do Brasil para o

    levantamento das variedades do portugus brasileiro e tambm para o conhecimento da cultura da populao brasileira de origemafricana, j que esse aspecto vem sendo marginalizado ao longo do nosso processo civilizatrio.

    IV - LNGUAS AFRICANAS NO BRASIL

    Sabe-se, evidentemente, que as lnguas indgenas sempre foram faladas no Brasil, mas quanto a lnguas africanas, pouco sesabe. Faltam documentos lingsticos do