Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

152
desenhando futuros sociais uma pedagogia dos Courtney Cazden Bill Cope Norman Fairclough James Gee Mary Kalantzis Gunther Kress Allan Luke Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata NEW LONDON G R O U P ORGANIZAÇÃO APRESENTAÇÃO Ana Elisa Ribeiro Hércules Tolêdo Corrêa com GLOSSÁRIO de termos técnicos multi letra mentos

Transcript of Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

Page 1: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

C o u r t n e y C a z d e n bull B i l l C o p e bull N o r m a n F a i r c l o u g hJ a m e s G e e bull M a r y K a l a n t z i s bull G u n t h e r K r e s s bull A l l a n L u k e

C a r m e n L u k e bull S a r a h M i c h a e l s bull M a r t i n N a k a t a

N E W L O N D O NG R O U P

O R G A N I Z A Ccedil Atilde OA P R E S E N T A Ccedil Atilde OA n a E l i s a R i b e i r oH eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a

c o m G L O S S Aacute R I O d e t e r m o s t eacute c n i c o s

multiletramentos

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

C o u r t n e y C a z d e n bull B i l l C o p e bull N o r m a n F a i r c l o u g hJ a m e s G e e bull M a r y K a l a n t z i s bull G u n t h e r K r e s s bull A l l a n L u k e

C a r m e n L u k e bull S a r a h M i c h a e l s bull M a r t i n N a k a t a

N E W L O N D O NG R O U P

multiletramentos

O R G A N I Z A Ccedil Atilde OA P R E S E N T A Ccedil Atilde OA n a E l i s a R i b e i r oH eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a

c o m G L O S S Aacute R I O d e t e r m o s t eacute c n i c o s

C o u r t n e y C a z d e n bull B i l l C o p e bull N o r m a n F a i r c l o u g hJ a m e s G e e bull M a r y K a l a n t z i s bull G u n t h e r K r e s s bull A l l a n L u k e

C a r m e n L u k e bull S a r a h M i c h a e l s bull M a r t i n N a k a t a

N E W L O N D O NG R O U P

multiletramentos

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

Como citar este livro

CAZDEN et al Uma pedagogia dos multiletramentos Desenhando futuros sociais (Orgs Ana Elisa Ribeiro e Heacutercules Tolecircdo Correcirca Trad Adriana Alves Pinto et al) Belo Horizonte LED 2021

s u m aacute r i o

R E S U M O

I N T R O D U Ccedil Atilde O

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O P R E S E N T E E M T R A N S F O R M A Ccedil Atilde O E O S F U T U R O S P R Oacute X I M O S V I S Otilde E S P A R A O T R A B A L H O A C I D A D A N I A E O S E S T I L O S D E V I D A

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s11

06

12

13

21

21

25

28

31

31

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

m u l t i l e t r a m e n t o s

43

46

49

49

53

54

55

56

57

60

61

67

137

D e s i g n l i n g u iacute s t i c o

P r aacute t i c a S i t u a d a

I n s t r u ccedil atilde o A b e r t a

U m a T e o r i a d a P e d a g o g i a

E n q u a d r a m e n t o C r iacute t i c o

P r aacute t i c a T r a n s f o r m a d a

D e s i g n s p a r a o u t r o s m o d o s d e p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o

O ldquoc o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

O p r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

R E F E R Ecirc N C I A S

34

34

35

37

39

40

43

O ldquoo q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

D e s i g n s d e s e n t i d o

D e s i g n s d i s p o n iacute v e i s

D e s i g n i n g

R e d e s i g n e d

D i m e n s otilde e s d a p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o s

E l e m e n t o s d o d e s i g n

g l o s s aacute r i o

e q u i p e e d i t o r i a l

s u m aacute r i o

6

Demorou muito mas finalmente executamos ndash e propusemos ndash uma traduccedilatildeo do manifesto da Pedagogia dos Multiletra-

mentos documento produzido por dez pesquisadores e profes-sores de liacutengua inglesa em meados dos anos 1990 e publicado

A n a E l i s a R i b e i r oC e n t r o F e d e r a l d e E d u c a ccedil atilde o T e c n o l oacute g i c a d e M i n a s G e r a i s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

U M A T R A D U Ccedil Atilde O N E C E S S Aacute R I A

7

em revista em 1996 1 Esse manifesto programaacutetico autodeclarado teve tanta influecircncia sobre os estudos de letramentos e multi-modalidade no Brasil que eacute um dos principais documentos em que se inspira nossa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) embora isso natildeo esteja expliacutecito e nem identificado no documen-to Eacute natildeo apenas por isso mas tambeacutem portanto fundamental que esta traduccedilatildeo ao portuguecircs brasileiro exista mesmo que um pouco tardiamente (25 anos passados) e com algumas imperfei-ccedilotildees

Ateacute o momento era bastante comum que tiveacutessemos de ler o manifesto em inglecircs ou que conhececircssemos suas partes por meio de traduccedilotildees de trechos em artigos e livros brasileiros Pen-sando nisso e na ampliaccedilatildeo significativa do acesso a este texto por pesquisadores professores e estudantes brasileiros a turma de mestrandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) ao cursar uma disciplina sobre identidade e letramentos do pro-fessor aceitou com alegria e responsabilidade o desafio de tra-duzir o documento em inglecircs tornando-o acessiacutevel natildeo apenas em nossa liacutengua mas tambeacutem propondo sua publicaccedilatildeo por meio da editora laboratoacuterio do bacharelado em Letras (Tecnolo-gias de Ediccedilatildeo) a LED que o disponibiliza gratuitamente a todos os interessados no tema e nesta importante discussatildeo que eacute a dos multiletramentos

Nesse documento nasce esse termo tatildeo empregado por muitas pessoas em especial no campo da educaccedilatildeo embora nem sempre lido diretamente Tambeacutem nasce aqui uma pro-posta para o seacuteculo XXI preocupada com o futuro de jovens do mundo inteiro considerando ambientes de aprendizagem mul-ticulturais multilinguiacutesticos e multimidiaacuteticos Eacute claro que em 1994-1996 ainda natildeo era possiacutevel prever muita coisa ligada agraves tecnologias digitais (redes sociais smartphones etc) era menos

1 Utilizamos na traduccedilatildeo o documento disponiacutevel emhttpnewarcprojectpbworkscomfPedagogy+of+Multiliteracies_New+London+-Grouppdf O artigo original foi publicado na Harvard Educational Review que optamos por natildeo consultar dado que esta eacute uma traduccedilatildeo tentativa validada como atividade de curso de poacutes-graduaccedilatildeo de instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino sem qualquer intenccedilatildeo de comerciali-zaccedilatildeo e apenas com finalidade pedagoacutegica e formativa

8

possiacutevel ainda para noacutes na Ameacuterica Latina no Brasil que mal conheciacuteamos de perto a internet de banda discada Nosso con-texto era bastante outro mesmo que esse documento tenha sido lido agraves vezes de forma a negligenciar nossos aspectos locais A pandemia parece ter nos mostrado algo sobre isso com mais pre-cisatildeo infelizmente

O grupo de tradutores aqui reunido (creacuteditos ao final) eacute formado principalmente por professores e professoras de inglecircs e portuguecircs que tal como em qualquer processo editorial se distribuiu conforme suas expertises A traduccedilatildeo foi coletiva as-sim como a revisatildeo final e contou como tarefa principal de uma disciplina de poacutes-graduaccedilatildeo validada tanto no mestrado quanto no doutorado de nossa instituiccedilatildeo o CEFET-MG Foi uma tarefa aacuterdua difiacutecil mas que contou com um grupo de pessoas engaja-do e ciente da importacircncia do acesso direto tanto quanto possiacute-vel em uma traduccedilatildeo ao texto original

A etapa seguinte consistiu em uma conferecircncia da tradu-ccedilatildeo que foi feita por professores e pelo tradutor e pesquisador Seacutergio Karam Ao encontrar aspectos complexos neste manifes-to debatemos com algumas pessoas relemos outros textos a fim de tomar decisotildees sobre as tentativas e propostas do grupo de tradutores Pelo menos quatro aspectos foram levantados (1) a dificuldade imposta pelo proacuteprio texto em inglecircs escrito a vinte matildeos quase trecircs deacutecadas atraacutes que carrega elementos linguiacutesti-cos e de estilo difiacuteceis mesmo em inglecircs (2) a consagraccedilatildeo de al-guns termos traduzidos ao portuguecircs no Brasil mesmo quando nos pareciam inadequados ou imprecisos mas que optamos por manter tal como jaacute ficaram conhecidos e foram legitimados no debate local (3) a dificuldade grande de traduzir palavras que em inglecircs satildeo uacutenicas como literacy que em portuguecircs pode dizer respeito agrave alfabetizaccedilatildeo e ao letramento e (4) a traduccedilatildeo tambeacutem difiacutecil de termos como design fundamental nesta proposta do New London Group mas que em portuguecircs tem outros sentidos que nos parecem indesejados

Os dois casos mais complexos deste documento em por-tuguecircs foram justamente os das palavras literacy e design e suas derivaccedilotildees Por vezes a ideia foi traduzir a primeira por alfa-

9

betizaccedilatildeo mas na maioria dos casos estamos tratando de letra-mento assim como de letramentos e multiletramentos O termo se consagrou em portuguecircs especialmente o multiletramentos que natildeo encontra uma realizaccedilatildeo tal como multialfabetizaccedilotildees embora literacy possa ser traduzida como alfabetizaccedilatildeo Jaacute design nos pa-receu termo ainda mais complexo e vejamos entatildeo trata-se de uma palavra admitida ao portuguecircs com sentidos proacuteximos aos de projeto e desenho no entanto o manifesto a emprega com o intuito declarado de propor uma metalinguagem especializada Escolhem entatildeo a palavra design num sentido que em portuguecircs ainda natildeo encontra uma traduccedilatildeo exata Por se tratar de termo especializado optamos pela manutenccedilatildeo de design com este sen-tido que o NLG quer erigir e propor incluindo palavras da mes-ma famiacutelia e igualmente difiacuteceis de traduzir como designing e designed expressotildees que tornam o construto do grupo bastante complexo em alguns pontos em especial depois de traduzido

Design eacute portanto aqui uma palavra em sentido especiacute-ficoespecializado agrave qual o NLG atribui sentido dentro do con-texto da pedagogia que propotildee para o novo seacuteculo (eles estavam agraves veacutesperas da virada do milecircnio) A opccedilatildeo por mantecirc-la e natildeo traduzi-la por desenho ou projeto tambeacutem respeitou certa consa-graccedilatildeo na aacuterea ou nos estudos de multiletramentos daiacute termos considerado que trocar o termo mais atrapalharia e confundiria do que ajudaria no entendimento da proposta Ainda outra coisa ocorria por vezes caberia a traduccedilatildeo de design por desenho ou-tras vezes melhor seria por projeto o que poderia trazer inconsis-tecircncia e inespecificidade ao termo em portuguecircs num contexto de expliacutecita construccedilatildeoproposiccedilatildeo de uma metalinguagem e de uma pedagogia que se diferenciasse do que jaacute ocorria antes dos anos 1990

Traduzir A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Fu-tures foi uma tarefa coletiva executada ao longo de quatro meses Desde o primeiro encontro de nosso curso esta missatildeo foi discu-tida por um grupo de professores-pesquisadores disposto a es-tudar a fundo esse documento e tornaacute-lo de acesso mais amplo Depois de traduzido e revisado o documento seguiu para cotejo conferecircncia e ajustes de ordem terminoloacutegica para em seguida

10

chegar ao processo de ediccedilatildeo que o tornaria um ebook A tradu-ccedilatildeo foi feita num arquivo do Google Docs compartilhado com todas as pessoas inscritas do curso que acessavam assincrona-mente o texto trabalhavam nele quando podiam e discutiam so-luccedilotildees e revisotildees por muitos canais em especial os foacuteruns virtu-ais da disciplina Foi tal como o manifesto um trabalho a vaacuterias matildeos soacute que empregando ferramentas que provavelmente aque-les dez autores natildeo chegaram a conhecer enquanto escreviam nos anos 1990 Esta foi uma experiecircncia de traduccedilatildeo que tentou se apropriar justamente das dimensotildees muacuteltiplas que tiacutenhamos em nosso grupo subculturais de linguagem e de miacutedias Trata--se entatildeo de uma traduccedilatildeo oferecida e proposta por um grupo em Belo Horizonte Minas Gerais que deseja que esta pedagogia de fato possa ser lida por mais pessoas para aleacutem dos horizontes da liacutengua inglesa num paiacutes que de maneira geral tem tratado a educaccedilatildeo e as tecnologias sem o devido cuidado em especial quando pensamos nas conexotildees entre essas duas coisas no seacute-culo XXI

Juntou-se a noacutes neste material a equipe de colegas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) coordenada pelo prof dr Heacutercules Tolecircdo Correcirca Simultaneamente ao processo da nossa traduccedilatildeo eles produziam um glossaacuterio dos multiletra-mentos material fundamental para a familiarizaccedilatildeo de docentes e pesquisadores com a proposta do New London Group e com muito do que se debate nesse campo Foi com enorme alegria que nos unimos neste livro fazendo convergir dois esforccedilos cujo vetor era o mesmo ampliar o acesso agrave proposta da pedagogia dos multiletramentos quem sabe dirimindo duacutevidas de colegas e estudantes Esperamos alcanccedilar um diaacutelogo cada vez mais am-plo e qualificado

Agradecemos a colaboraccedilatildeo de Seacutergio Karam tradutor assim como a de Marcelo Amaral editor Tambeacutem agrave equipe da LED CEFET-MG em especial ao Murilo Valente agrave Gabriela Oliveira agrave Gabrielly Ferreira e agrave Elinara Santana Estamos gratos agrave Acircngela Vasconcelos do projeto Aula Aberta e finalmente nosso agradecimento agrave atenciosa equipe da Harvard Educational Review especialmente agrave Laura Clos e agrave professora Luciana Azeredo querida colega do CEFET-MG

11

1 Esta discussatildeo sobre o futuro da pedagogia do letramento tem a coautoria de

Courtney Cazden Graduate School of Education Universidade de Harvard EUA

Bill Cope National Languages and Literacy Institute of Austraacutelia Centre for Workplace Communication and Culture Universidade de Tecnologia Sydney e James Cook University of North Queensland Austraacutelia

Norman Fairclough Centre for Language in Social Life Universidade de Lancaster Reino Unido

James Gee Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Mary Kalantzis Institute of Interdisciplinary Studies James Cook University of North Queensland Austraacutelia Gunther Kress Institute of Education Universidade de Londres Reino Unido

Allan Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Carmen Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Sarah Michaels Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Martin Nakata School of Education James Cook University of North Queensland Austraacutelia

N E W L O N D O NG R O U P 1

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

multiletramentos

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

12

Neste artigo o Grupo de Nova Londres apresenta um panorama teoacuterico sobre as conexotildees entre o ambiente social em transforma-

ccedilatildeo enfrentado por estudantes e professores e uma nova abordagem agrave pedagogia dos letramentos a que os autores chamam ldquomultiletramen-tosrdquo Eles defendem que a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e a crescente diversidade cultural e linguiacutestica do mundo de hoje requerem uma concepccedilatildeo mais ampla de letramento do que a descrita nas abor-dagens tradicionais baseadas na liacutengua A noccedilatildeo de multiletramentos segundo os autores supera as limitaccedilotildees das abordagens tradicionais ao enfatizar que saber lidar com muacuteltiplas diferenccedilas linguiacutesticas e culturais em nossa sociedade eacute central para a vida privada laboral e cidadatilde dos estudantes Os autores sustentam que o uso de abordagens de multiletramentos na pedagogia permitiraacute aos estudantes alcanccedilar o duplo objetivo da aprendizagem letrada ter acesso agraves linguagens em permanente evoluccedilatildeo do trabalho do poder e da comunidade e favore-cer o engajamento criacutetico necessaacuterio agrave projeccedilatildeo de seus futuros sociais e agrave obtenccedilatildeo do sucesso por meio de empregos satisfatoacuterios

R e s u m o

13

Se fosse possiacutevel definir genericamente a missatildeo da educaccedilatildeo poder-se-ia dizer que seu propoacutesito fundamental eacute garantir

que todos os estudantes se beneficiem da aprendizagem de ma-neira a lhes permitir a ampla participaccedilatildeo nas esferas da vida puacuteblica econocircmica e comunitaacuteria Espera-se que uma peda-gogia dos letramentos desempenhe um papel particularmen-te importante nessa missatildeo Pedagogia eacute a relaccedilatildeo de ensino e de aprendizagem que potencializa a construccedilatildeo de condiccedilotildees de aprendizagem que levem agrave equidade na participaccedilatildeo social Tradicionalmente a pedagogia do letramento tem significado ensinar e aprender a ler e a escrever as formas padronizadas e oficiais das liacutenguas nacionais destinadas agrave paacutegina impressa Em outros termos a pedagogia do letramento tem sido um projeto cuidadosamente restritivo mdash restrito agraves formas de linguagem padronizadas monolinguais monoculturais e sujeitas a regras

Neste artigo tentamos ampliar o entendimento do letra-mento e do ensino e aprendizagem do letramento para incluir as relaccedilotildees entre uma multiplicidade de discursos Buscamos desta-car dois aspectos principais dessa multiplicidade Primeiramen-te gostariacuteamos de estender a noccedilatildeo e o escopo da pedagogia do letramento para que ela levasse em conta o contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas e progressi-vamente globalizadas bem como a variedade de culturas que se inter-relacionam e a pluralidade de textos que circulam Em segundo lugar sustentamos que uma pedagogia do letramento precisa dar conta agora da crescente variedade de formas textu-ais associadas agraves tecnologias da informaccedilatildeo e multimiacutedia Isso inclui a compreensatildeo e o controle competente das formas repre-sentacionais que estatildeo se tornando progressivamente significati-vas na esfera das comunicaccedilotildees em geral tais como as imagens visuais e sua relaccedilatildeo com a palavra escrita mdash por exemplo a pro-gramaccedilatildeo visual na editoraccedilatildeo eletrocircnica ou a interface entre os

I N T R O D U Ccedil Atilde O

14

sentidos visual e linguiacutestico em publicaccedilotildees multimiacutedia De fato este segundo ponto estaacute intimamente relacionado ao primeiro a proliferaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo e de miacutedia apoia e ex-pande a diversidade cultural e subcultural Assim que passamos a focalizar o objetivo de criar condiccedilotildees de aprendizagem para uma plena participaccedilatildeo social o problema das diferenccedilas assu-me importacircncia criacutetica De que maneira noacutes podemos garantir que as diferenccedilas culturais de linguagem e de gecircnero natildeo sejam barreiras para o sucesso educacional Quais satildeo as implicaccedilotildees dessas diferenccedilas para uma pedagogia do letramento

Esse ponto das diferenccedilas tornou-se questatildeo principal que como educadores agora devemos abordar E embora inuacutemeras teorias e praacuteticas tenham sido desenvolvidas como possiacuteveis res-postas neste momento parece haver uma particular ansiedade sobre como proceder O que eacute uma educaccedilatildeo adequada para mu-lheres para povos indiacutegenas para imigrantes que natildeo falam a liacutengua nacional para falantes de dialetos natildeo padronizados O que eacute adequado para todos num contexto dos fatores cada vez mais criacuteticos em termos de diversidade local e conexatildeo global Enquanto os educadores tentam abordar o contexto da diversi-dade cultural e linguiacutestica por meio da pedagogia do letramento ouvimos afirmaccedilotildees e contra-afirmaccedilotildees estridentes sobre o po-liticamente correto o cacircnone da grande literatura a gramaacutetica e outros princiacutepios baacutesicos

A sensaccedilatildeo de ansiedade reinante eacute alimentada em par-te pela sensaccedilatildeo de que apesar da boa vontade por parte dos educadores da expertise profissional e das grandes quantias de dinheiro gastas para desenvolver novas abordagens ainda existem grandes disparidades nas oportunidades de vida ndash dis-paridades que hoje parecem se ampliar ainda mais Ao mesmo tempo mudanccedilas radicais estatildeo ocorrendo na natureza da vida puacuteblica comunitaacuteria e econocircmica Um forte senso de cidadania tem dado lugar agrave fragmentaccedilatildeo local e as comunidades estatildeo se dividindo em grupos cada vez mais diversos e subculturalmente definidos A transformaccedilatildeo tecnoloacutegica e organizacional da vida profissional permite que alguns tenham acesso a estilos de vida de riqueza sem precedentes enquanto excluem outros de ma-

15

neiras que se relacionam cada vez mais aos resultados da edu-caccedilatildeo e do treinamento Pode muito bem ser que tenhamos de repensar o que estamos ensinando e em particular quais novas necessidades de aprendizagem a pedagogia do letramento pode abarcar agora

Os dez autores deste texto satildeo educadores que se encon-traram durante uma semana em setembro de 1994 em Nova Londres New Hampshire nos Estados Unidos para discutir o estado da pedagogia dos letramentos Os membros do grupo ou tinham trabalhado juntos ou tinham se alimentado de seus res-pectivos trabalhos ao longo de vaacuterios anos As principais aacutereas de interesse comum ou complementar incluiacuteam a tensatildeo pedagoacute-gica entre abordagens de ensino expliacutecitas e imersivas o desafio da diversidade linguiacutestica e cultural a recente proeminecircncia dos modos e tecnologias da comunicaccedilatildeo e as mudanccedilas nos usos dos textos em espaccedilos de trabalho reestruturados Quando nos encontramos em 1994 nossa intenccedilatildeo era consolidar e ampliar essas relaccedilotildees a fim de abordar o problema mais amplo dos pro-poacutesitos da educaccedilatildeo e neste contexto o problema especiacutefico da pedagogia dos letramentos Era nossa intenccedilatildeo reunir ideias de diferentes domiacutenios e de diferentes paiacuteses falantes do inglecircs Nossa principal preocupaccedilatildeo era a questatildeo das oportunidades de vida na medida em que elas se relacionam com a ordem moral e cultural mais ampla da pedagogia dos letramentos

Sendo dez pessoas diferentes trouxemos para esta discus-satildeo uma grande variedade de experiecircncias nacionais de vida e profissionais Courtney Cazden dos Estados Unidos tem uma longa e influente carreira trabalhando temas tais como o discur-so da sala de aula a aprendizagem de liacutengua em contextos mul-tiliacutengues e mais recentemente a pedagogia dos letramentos Bill Cope da Austraacutelia havia produzido curriacuteculos que abordavam a diversidade cultural nas escolas e havia pesquisado a pedago-gia dos letramentos e as mudanccedilas culturais e discursivas dos ambientes de trabalho Da Gratilde-Bretanha Norman Fairclough teoacuterico da liacutengua e do discurso social eacute particularmente inte-ressado nas mudanccedilas linguiacutesticas e discursivas como parte das transformaccedilotildees sociais e culturais James Gee dos Estados Uni-

16

dos eacute um dos principais pesquisadores e teoacutericos da linguagem e da mente e da linguagem e das demandas por aprendizagem nos mais recentes espaccedilos de trabalho marcados pelo ldquocapitalis-mo aceleradordquo (fast capitalism) A australiana Mary Kalantzis tem estado envolvida em projetos experimentais de educaccedilatildeo social e de curriacuteculos para o letramento e estaacute particularmente inte-ressada na educaccedilatildeo para a cidadania Gunther Kress da Gratilde--Bretanha eacute mais conhecido por seu trabalho sobre linguagem e aprendizagem semioacutetica letramento visual e os letramentos multimodais cada vez mais importantes para a comunicaccedilatildeo como um todo particularmente as miacutedias de massa Allan Luke da Austraacutelia eacute pesquisador e teoacuterico do letramento criacutetico que trouxe a anaacutelise socioloacutegica para apoiar o ensino de leitura e es-crita Carmen Luke tambeacutem da Austraacutelia escreveu extensiva-mente sobre a pedagogia feminista Sarah Michaels dos Estados Unidos tem ampla experiecircncia no desenvolvimento e na pesqui-sa de programas de aprendizagem em sala de aula em contextos urbanos Martin Nakata australiano tem pesquisado e escrito sobre o problema do letramento de comunidades indiacutegenas

Criando um contexto para o encontro havia nossas dife-renccedilas de experiecircncia nacional e diferenccedilas de ecircnfase teoacuterica e poliacutetica Por exemplo precisaacutevamos debater em profundidade tanto a importacircncia da imersatildeo quanto a do ensino expliacutecito nossos distintos interesses como especialistas em multimiacutedia letramentos no ambiente de trabalho diversidade linguiacutestica e cultural e o problema de ateacute que ponto deveriacuteamos nos compro-meter com as expectativas de aprendizagem e o ethos das novas formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo de trabalho Noacutes nos engaja-mos nas discussotildees com base em um genuiacuteno compromisso com a resoluccedilatildeo colaborativa de problemas reunindo uma equipe com diferentes saberes experiecircncias e posicionamentos a fim de otimizar a possibilidade de enfrentar com eficiecircncia a complexa realidade das escolas

Conscientes de nossas diferenccedilas compartilhamos a pre-ocupaccedilatildeo de que nossa discussatildeo talvez natildeo fosse produtiva no entanto ela foi devido agraves nossas diferenccedilas combinadas com nos-so sentimento de desconforto Conseguimos concordar a respei-

17

to do problema fundamental ndash isto eacute que as disparidades nos resultados da educaccedilatildeo natildeo pareciam estar melhorando Concor-damos que precisamos voltar agrave questatildeo mais ampla dos resulta-dos sociais da aprendizagem de liacutengua e que tiacutenhamos baseado nisso que repensar as premissas fundamentais de uma peda-gogia dos letramentos a fim de influenciar praacuteticas que daratildeo aos estudantes as habilidades e o conhecimento de que precisam para alcanccedilar suas aspiraccedilotildees Concordamos que em cada paiacutes angloacutefono de onde viemos o que os estudantes precisavam para aprender estava se transformando e que o principal elemento dessa mudanccedila era que natildeo havia mais um inglecircs singular canocirc-nico que poderia ou deveria ser ensinado Diferenccedilas culturais e a raacutepida mudanccedila nos meios de comunicaccedilatildeo significavam que a proacutepria natureza do assunto ndash a pedagogia do letramento ndash estava mudando radicalmente Este artigo eacute o resumo de nossas discussotildees

A estrutura deste artigo desenvolveu-se a partir das dis-cussotildees de Nova Londres Comeccedilamos com um programa pre-viamente combinado que consistia em um quadro esquemaacutetico de questotildees-chaves sobre as formas e o conteuacutedo da pedagogia do letramento Ao longo de nossa reuniatildeo percorremos esse programa trecircs vezes destacando pontos difiacuteceis elaborando a argumentaccedilatildeo e adaptando a estrutura esquemaacutetica que havia sido proposta originalmente Um membro da equipe registrou pontos fundamentais que foram projetados em uma tela para que pudeacutessemos discutir a formulaccedilatildeo de uma argumentaccedilatildeo comum Ao final do encontro desenvolvemos o esboccedilo que pos-teriormente se tornaria este artigo Os vaacuterios membros do grupo voltaram aos seus respectivos paiacuteses e instituiccedilotildees e trabalharam de forma independente nas diferentes seccedilotildees do texto o rascu-nho foi distribuiacutedo e modificado e finalmente abrimos o artigo para discussatildeo puacuteblica em uma seacuterie de apresentaccedilotildees plenaacuterias e pequenos grupos de discussatildeo liderados pela equipe da Quar-ta Conferecircncia da Rede Internacional de Pesquisa em Alfabeti-zaccedilatildeo e Educaccedilatildeo (Fourth International Literacy and Education Rese-arch Network Conference) realizada em Townsville Austraacutelia em junho-julho de 1995

18

Este artigo eacute o resultado de um ano de exaustivas discus-sotildees mas de forma alguma eacute um texto acabado Noacutes o apresenta-mos aqui como um manifesto programaacutetico como uma espeacutecie de ponto de partida aberto e provisoacuterio Este artigo eacute um pano-rama teoacuterico do atual contexto social de aprendizagem e as con-sequecircncias das mudanccedilas sociais em relaccedilatildeo ao conteuacutedo (o ldquoo quecircrdquo) e agrave forma (o ldquocomordquo) da pedagogia do letramento Espera-mos que este artigo possa formar a base para um diaacutelogo aberto com colegas educadores em todo o mundo que possa despertar ideias para possiacuteveis novas aacutereas de pesquisa e que possa ajudar a estruturar experiecircncias curriculares que busquem enfrentar nosso ambiente educacional em constante mudanccedila

Decidimos que os resultados de nossas discussotildees pode-riam ser encapsulados em uma palavra ndash multiletramentos ndash pa-lavra que escolhemos para descrever dois importantes argumen-tos com que podemos abordar as ordens cultural institucional e global emergentes a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e miacutedia e a crescente proeminecircncia da diversidade cultural e lin-guiacutestica A noccedilatildeo de multiletramentos complementa a pedagogia tradicional do letramento ao abordar esses dois aspectos rela-cionados agrave multiplicidade textual O que poderiacuteamos denominar ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo2 permanece centrado apenas na liacutengua e geralmente em uma uacutenica forma da liacutengua nacional que eacute con-cebida como um sistema estaacutevel baseado em regras tais como o domiacutenio da correspondecircncia entre fonemas e letras Isso se baseia na suposiccedilatildeo de que podemos discernir e descrever seu uso correto Essa concepccedilatildeo de liacutengua se traduz tipicamente em um tipo mais ou menos autoritaacuterio de pedagogia Uma pedago-gia dos multiletramentos ao contraacuterio concentra-se em modos de representaccedilatildeo muito mais amplos do que apenas a liacutengua Eles diferem de acordo com a cultura e o contexto e tecircm efeitos cognitivos culturais e sociais especiacuteficos Em alguns contextos culturais ndash em uma comunidade aboriacutegine ou em um ambiente multimiacutedia por exemplo ndash o modo visual de representaccedilatildeo pode ser muito mais poderoso e intimamente relacionado agrave liacutengua do que a ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo jamais seria capaz de permitir Os multiletramentos tambeacutem criam um tipo diferente de pedago-

19

gia em que a linguagem e outros modos de significaccedilatildeo satildeo re-cursos representacionais dinacircmicos constantemente refeitos por seus usuaacuterios agrave medida que trabalham para alcanccedilar seus vaacuterios objetivos culturais

Dois pontos principais entatildeo emergiram em nossas dis-cussotildees O primeiro se relaciona agrave crescente multiplicidade e in-tegraccedilatildeo de modos de construccedilatildeo de sentido significativos em que o textual tambeacutem estaacute relacionado ao visual ao aacuteudio ao espacial ao comportamental e assim por diante Isso eacute particu-larmente importante nas miacutedias de massa multimiacutedia e em hi-permiacutedia eletrocircnica Podemos ter motivos para continuar ceacuteticos em relaccedilatildeo agraves visotildees da ficccedilatildeo cientiacutefica sobre as superinfovias e um futuro proacuteximo em que todos seremos compradores virtuais No entanto os novos meios de comunicaccedilatildeo estatildeo remodelando a maneira como usamos a linguagem Quando as tecnologias de produccedilatildeo de sentido estatildeo mudando tatildeo rapidamente natildeo pode haver um soacute conjunto de padrotildees ou habilidades que constituam as finalidades do letramento por mais que eles sejam ensinados

Em segundo lugar decidimos usar o termo ldquomultiletra-mentosrdquo como meio de focalizar as realidades do aumento da diversidade local e da conexatildeo global Lidar com diferenccedilas lin-guiacutesticas e culturais agora se tornou aspecto central de nossas vidas privadas profissional e cidadatilde Uma cidadania efetiva e o trabalho produtivo agora exigem interaccedilatildeo efetiva usando vaacuterios idiomas muacuteltiplas variedades do inglecircs e padrotildees de comuni-caccedilatildeo que cruzam fronteiras culturais comunitaacuterias e nacionais com mais frequecircncia A diversidade subcultural tambeacutem se es-tende ao espectro cada vez maior de registros especializados e variaccedilotildees situacionais na linguagem sejam elas teacutecnicas espor-tivas ou relacionadas a grupos de interesse e afiliaccedilatildeo Quando um dos fatos principais do nosso tempo eacute a proximidade entre diversidade cultural e linguiacutestica a proacutepria natureza da apren-dizagem de liacutenguas mudou

De fato essas satildeo questotildees fundamentais para o nosso fu-turo Ao abordaacute-las professores alfabetizadores e alunos devem se ver como participantes ativos da mudanccedila social como apren-dizes e alunos que podem ser designers3 ativos ndash artiacutefices ndash de fu-

20

turos sociais Decidimos comeccedilar a discussatildeo com essa questatildeo dos futuros sociais

Consequentemente o ponto de partida deste artigo eacute o formato da mudanccedila social ndash alteraccedilotildees em nossas vidas profis-sionais nossas vidas puacuteblicas como cidadatildeos e privadas como membros de diferentes estilos de vida em comunidade A ques-tatildeo fundamental eacute esta o que essas mudanccedilas significam para a pedagogia do letramento Nesse contexto passamos a concei-tuar o ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento O conceito-chave que apresentamos eacute o de Design em relaccedilatildeo ao qual tanto somos herdeiros de padrotildees e convenccedilotildees ligadas aos sentidossignifi-cados quanto somos designers ativos de sentidos E como desig-ners de sentidos somos designers de futuros sociais ndash futuros no ambiente de trabalho futuros puacuteblicos e futuros comunitaacuterios O artigo prossegue discutindo seis componentes do design do processo de produccedilatildeo de sentidos Linguiacutestico Visual Auditi-vo Gestual Espacial e Padrotildees Multimodais que relacionam os primeiros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos entre si Na uacuteltima das seccedilotildees mais importantes o artigo traduz o ldquoo quecircrdquo em um ldquocomordquo Quatro componentes pedagoacutegicos satildeo sugeridos Praacutetica Situada que se fundamenta na experiecircncia de produccedilatildeo de sentidos em estilos de vida particulares o domiacutenio puacuteblico e os espaccedilos de trabalho Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos desenvolvem uma metalinguagem expliacutecita do Design Enquadramento Criacutetico que interpreta o contexto social e a fina-lidade dos designs de sentidos e a Praacutetica Transformada na qual os alunos como produtores de sentidos tornam-se Designers de futuros sociais No Projeto Internacional de Multiletramentos em que estamos embarcando esperamos estabelecer relaccedilotildees de pesquisa colaborativa e programas de desenvolvimento curricu-lar que testem exemplifiquem ampliem e retrabalhem as ideias provisoriamente sugeridas neste artigo

21

Estamos vivendo um periacuteodo de dramaacuteticas mudanccedilas econocirc-micas globais agrave medida que novas teorias e praacuteticas de negoacutecios e de gestatildeo surgem em todo o mundo desenvolvido Essas teo-rias e praacuteticas enfatizam a competiccedilatildeo e os mercados centrados em mudanccedilas flexibilidade qualidade e nichos distintivos ndash natildeo os produtos de massa do ldquovelhordquo capitalismo (Boyett Conn 1992 Cross Feather Lynch 1994 Davidow Malone 1992 Deal Jenkins 1994 Dobyns Crawford-Mason 1991 Drucker 1993 Hammer Champy 1993 Ishikawa 1985 Lipnack Stamps 1993 Peters 1992 Sashkin Kiser 1993 Senge 1991) Toda uma nova terminologia cruza e recruza as fronteiras entre esses novos discursos de negoacutecios e gestatildeo de um lado e discursos preo-cupados com a educaccedilatildeo com a reforma educacional e com a ciecircncia cognitiva de outro (Bereiter Scardamalia 1993 Bruer 1993 Gardner 1991 Lave Wenger 1991 Light Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990) A nova teoria de gestatildeo usa palavras que satildeo muito familiares aos educadores tais como conhecimen-to (como em ldquotrabalhador do conhecimentordquo) aprendizagem (como em ldquoorganizaccedilatildeo de aprendizagemrdquo) colaboraccedilatildeo avalia-ccedilotildees alternativas comunidades de praacutetica redes e outros (Gee 1994a) Aleacutem disso os principais termos e interesses de vaacuterios discursos poacutes-modernos e criacuteticos com foco na emancipaccedilatildeo na destruiccedilatildeo de hierarquias e no respeito agrave diversidade (Faigley 1992 Freire 1968 1973 Freire Macedo 1987 Gee 1993 Giroux

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O P R E S E N T E E M T R A N S F OR M ACcedil AtildeO E O S F U T U RO S

P ROacuteX I M O S V I S OtildeE S PA R A O T R A BA L HO

A C I DA DA N I A E O S E S T I L O S DE V I DA

As linguagens necessaacuterias para produzir sentidos estatildeo mu-dando radicalmente em trecircs esferas de nossa existecircncia a

vida profissional a vida puacuteblica (cidadania) e a vida privada (es-tilos de vida)

22

1988 Walkerdine 1986) encontraram espaccedilo nesses novos dis-cursos de negoacutecios e gestatildeo (Gee 1994b)

A natureza mutante do trabalho tem sido denominada de ldquopoacutes-fordismordquo (Piore Sable 1984) e de ldquocapitalismo acelera-dordquo4 (Gee 1994b) O poacutes-fordismo substitui as antigas estruturas hieraacuterquicas de comando simbolizadas no desenvolvimento de teacutecnicas de produccedilatildeo em massa de Henry Ford e representadas de maneira caricatural por Charlie Chaplin em Tempos Moder-nos ndash uma imagem de trabalho natildeo qualificado repetitivo e que dispensa a inteligecircncia na linha de produccedilatildeo industrial Em vez disso com o desenvolvimento do poacutes-fordismo ou do capitalismo acelerado um nuacutemero cada vez maior de espaccedilos de trabalho vem optando por uma hierarquia mais achatada Compromisso responsabilidade e motivaccedilatildeo satildeo conquistados com o desen-volvimento de uma cultura de trabalho na qual os membros de uma organizaccedilatildeo se identificam com sua visatildeo missatildeo e valo-res corporativos As antigas cadeias verticais de comando satildeo substituiacutedas pelas relaccedilotildees horizontais do trabalho em equipe Uma divisatildeo de trabalho em seus componentes miacutenimos e pou-co qualificados eacute substituiacuteda por trabalhadores ldquopolivalentesrdquo e bem preparados suficientemente flexiacuteveis para realizar um tra-balho complexo e integrado (Cope Kalantzis 1995) De fato nos locais de trabalho de capitalistas acelerados e poacutes-fordistas mais avanccedilados as estruturas tradicionais de comando e de controle estatildeo sendo substituiacutedas por relaccedilotildees de pedagogia orientaccedilatildeo treinamento e organizaccedilatildeo da aprendizagem (Senge 1991) Co-nhecimentos antes considerados disciplinares especializados e divergentes tais como pedagogia e gestatildeo vatildeo ficando agora cada vez mais proacuteximos Isso significa que como educadores temos uma responsabilidade maior de considerar as implicaccedilotildees do que fazemos em relaccedilatildeo a uma vida profissional produtiva

Com uma nova vida profissional surge uma nova lin-guagem Boa parte dessa mudanccedila eacute o resultado de novas tec-nologias tais como os modos iconograacutefico textual e de tela de interagir com maacutequinas automatizadas interfaces ldquoamigaacuteveis ao usuaacuteriordquo operam com niacuteveis mais sutis de integraccedilatildeo cultural do que interfaces baseadas em comandos abstratos Mas grande

23

parte da mudanccedila tambeacutem eacute resultado das novas relaccedilotildees sociais de trabalho Enquanto a velha organizaccedilatildeo fordista dependia de sistemas de comando claros precisos e formais como memoran-dos escritos e ordens do supervisor o trabalho em equipe eficaz depende muito mais do discurso informal oral e interpessoal Essa informalidade tambeacutem se traduz em formas escritas hiacute-bridas informais e interpessoalmente sensiacuteveis como o e-mail (Sproull Kiesler 1991) Esses exemplos de mudanccedilas revolucio-naacuterias na tecnologia e na natureza das organizaccedilotildees produziram uma nova linguagem de trabalho Todas essas satildeo razotildees pelas quais a pedagogia do letramento precisa mudar se quiser ser relevante para as novas demandas da vida profissional se quiser fornecer a todos os alunos o acesso a um emprego satisfatoacuterio

Mas o capitalismo acelerado tambeacutem eacute um pesadelo Cul-turas corporativas e seus discursos de familiaridade satildeo mais sutilmente e mais rigorosamente seletivos que a mais desagra-daacutevel ndash honestamente desagradaacutevel ndash das hierarquias A reaccedilatildeo agrave cultura corporativa exige uma assimilaccedilatildeo das normas conven-cionais que soacute funcionam realmente se algueacutem jaacute fala a liacutengua da cultura convencional Se algueacutem natildeo estaacute se sentindo confortaacutevel como um integrante da cultura e dos discursos convencionais eacute ainda mais difiacutecil entrar em redes que operam informalmente do que entrar nos antigos discursos de formalidade Esse eacute um fator crucial na produccedilatildeo do fenocircmeno do teto de vidro o pon-to em que as oportunidades de emprego e de promoccedilatildeo cessam abruptamente E o capitalismo acelerado apesar de seu discurso de colaboraccedilatildeo cultura e valores compartilhados eacute tambeacutem um mundo vicioso impulsionado pelo mercado mal contido Agrave medi-da que refazemos nossa pedagogia do letramento para ser mais relevante para um novo mundo do trabalho precisamos estar cientes do perigo de que nossas palavras sejam cooptadas pelos discursos impulsionados pela economia e pelo mercado natildeo im-porta quatildeo contemporacircneos e ldquopoacutes-capitalistasrdquo possam parecer A nova literatura do capitalismo acelerado enfatiza a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila constante por meio do pensar e falar por si da criacutetica e do empoderamento da inovaccedilatildeo e da criatividade do pensa-mento teacutecnico e sistecircmico e do aprender a aprender Todas essas

24

formas de pensar e agir satildeo veiculadas por discursos novos e emergentes Esses novos discursos do trabalho podem ser inter-pretados de duas maneiras muito diferentes ndash como a abertura de novas possibilidades educacionais e sociais ou como novos sistemas de controle e exploraccedilatildeo da mente No sentido positi-vo por exemplo a ecircnfase na inovaccedilatildeo e na criatividade pode se encaixar bem com uma pedagogia que vecirc a linguagem e outros modos de representaccedilatildeo como dinacircmicos e sendo constantemen-te refeitos por produtores de sentidos em contextos variados e cambiantes No entanto pode muito bem ser que as teorias e as praacuteticas direcionadas ao mercado mesmo que pareccedilam huma-nas nunca incluiratildeo autenticamente uma visatildeo de sucesso sig-nificativo para todos os estudantes Raramente os proponentes dessas ideias consideram seriamente que elas sejam relevantes para pessoas destinadas a empregos qualificados e de elite De fato em um sistema que ainda valoriza resultados sociais muito diacutespares nunca haveraacute espaccedilo suficiente ldquono topordquo Uma visatildeo autenticamente democraacutetica das escolas deve incluir uma visatildeo de sucesso significativo para todos uma visatildeo de sucesso que natildeo seja definida exclusivamente em termos econocircmicos e que inclua uma criacutetica agrave hierarquia e agrave injusticcedila econocircmica

Em resposta agraves mudanccedilas radicais na vida profissional que estatildeo em curso precisamos trilhar um caminho cuidadoso que ofereccedila aos estudantes a oportunidade de desenvolver ha-bilidades para o acesso a novas formas de trabalho por meio do aprendizado da nova linguagem do trabalho Mas ao mesmo tempo como professores nosso papel natildeo eacute simplesmente ser tecnocratas Nosso trabalho natildeo eacute produzir trabalhadores doacuteceis e submissos Os estudantes precisam desenvolver a capacidade de opinar de negociar e de serem capazes de se envolver critica-mente nas condiccedilotildees de suas vidas profissionais

Na verdade os objetivos de acesso e engajamento criacutetico natildeo precisam ser incompatiacuteveis A questatildeo eacute como podemos nos afastar das uacuteltimas visotildees e anaacutelises de espaccedilos de trabalho de alta tecnologia globalizados e culturalmente diversos e relacio-naacute-los a programas educacionais baseados em uma visatildeo ampla de uma vida boa e uma sociedade igualitaacuteria Paradoxalmente

25

a nova eficiecircncia requer novos sistemas de motivar as pessoas que podem ser a base para um pluralismo democraacutetico no es-paccedilo de trabalho e fora dele No campo do trabalho chamamos essa possibilidade utoacutepica de diversidade produtiva a ideia de que o que parece ser um problema ndash a multiplicidade de cul-turas experiecircncias maneiros de produzir sentido e de pensar ndash pode ser explorado como um recurso (Cope Kalantzis 1995) A comunicaccedilatildeo intercultural e o diaacutelogo negociado de diferentes linguagens e discursos podem ser a base para a participaccedilatildeo o acesso e a criatividade dos trabalhadores para a formaccedilatildeo de re-des localmente sensiacuteveis e globalmente extensas que relacionam intimamente as organizaccedilotildees com seus clientes ou fornecedores e de estruturas de motivaccedilatildeo em que as pessoas sentem que seus diferentes repertoacuterios e experiecircncias satildeo genuinamente valori-zados Um tanto ironicamente talvez o pluralismo democraacutetico seja possiacutevel nos espaccedilos de trabalho pelas mais duras razotildees co-merciais e a eficiecircncia econocircmica pode ser uma aliada da justiccedila social embora nem sempre seja leal ou confiaacutevelAssim como o trabalho estaacute mudando a cidadania tambeacutem estaacute

Nas uacuteltimas duas deacutecadas reverteu-se a tendecircncia de um seacuteculo em direccedilatildeo a um estado de bem-estar social intervencionista e expandido A cidadania bem como o poder e a importacircncia dos espaccedilos puacuteblicos estatildeo diminuindo O racionalismo econocircmico a privatizaccedilatildeo a desregulamentaccedilatildeo e a transformaccedilatildeo de institui-ccedilotildees puacuteblicas tais como escolas e universidades para que ope-rem de acordo com a loacutegica do mercado satildeo transformaccedilotildees que fazem parte de uma mudanccedila global que coincide com o fim da Guerra Fria Ateacute a deacutecada de 1980 a dinacircmica geopoliacutetica global do seacuteculo XX assumira a forma de uma discussatildeo entre comunis-mo e capitalismo Isso acabou se tornando uma discussatildeo sobre o papel do Estado na sociedade em que o Estado de bem-estar intervencionista era a posiccedilatildeo de compromisso do capitalismo A discussatildeo foi ganha e perdida quando o Bloco Comunista natildeo

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

26

foi capaz de fazer frente ao custo crescente das instituiccedilotildees do mundo capitalista O fim da Guerra Fria representa uma vira-da histoacuterica indicativa de que uma nova ordem mundial eacute um liberalismo que evita o Estado Em apenas uma ou duas deacuteca-das esse liberalismo prevaleceu globalmente quase sem exceccedilatildeo (Fukuyama 1992) Aqueles de noacutes que trabalham na educaccedilatildeo financiada pelo Estado ou pela iniciativa privada sabem como eacute esse liberalismo A loacutegica do mercado se tornou uma parte muito maior de nossas vidas

Em algumas partes do mundo uma vez que os Estados centralizadores e homogeneizadores fortes praticamente entra-ram em colapso os Estados em todos os lugares foram redu-zidos em seus papeacuteis e responsabilidades Isso deixou espaccedilo para uma nova poliacutetica da diferenccedila Nos piores casos ndash em Los Angeles Sarajevo Cabul Belfast Beirute ndash a ausecircncia de um Es-tado eficiente em arbitragens deixou a administraccedilatildeo nas matildeos de gangues bandos organizaccedilotildees paramilitares e facccedilotildees poliacute-ticas etnonacionalistas Na melhor das hipoacuteteses as poliacuteticas de cultura e de identidade assumiram um novo significado Nego-ciar essas diferenccedilas agora eacute uma questatildeo de vida ou morte A luta perene pelo acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos de reconhecimento tem sido cada vez mais articulada por meio dos discursos de identidade e de reconhecimento (Kalantzis 1995)

A escolaridade em geral e a alfabetizaccedilatildeo em particular eram uma parte central da velha ordem Os Estados em expan-satildeo e intervencionistas dos seacuteculos XIX e XX usaram a escolari-dade como uma forma de padronizar as liacutenguas nacionais No Velho Mundo isso significou a imposiccedilatildeo de padrotildees nacionais sobre as diferenccedilas dialetais No Novo Mundo significou inte-grar imigrantes e povos indiacutegenas agrave linguagem ldquoadequadardquo e padronizada do colonizador (Anderson 1983 Dewey 19161966 Gellner 1983 Kalantzis Cope 1993a)

Assim como a geopoliacutetica global mudou o papel das es-colas mudou fundamentalmente As diversidades cultural e lin-guiacutestica satildeo agora questotildees centrais e criacuteticas Como resultado o significado da pedagogia do letramento mudou A diversidade local e a conexatildeo global significam natildeo apenas que natildeo pode ha-

27

ver um padratildeo tambeacutem significam que a habilidade mais impor-tante que os alunos precisam aprender eacute negociar dialetos regio-nais eacutetnicos ou de classe variaccedilotildees de registro que ocorrem de acordo com o contexto social discursos interculturais hiacutebridos a troca de coacutedigo frequentemente encontrada em um texto entre diferentes idiomas dialetos ou registros diferentes sentidos vi-suais e icocircnicos e variaccedilotildees nas relaccedilotildees gestuais entre pessoas linguagem e objetos materiais De fato esta eacute a uacutenica esperanccedila de evitar os conflitos catastroacuteficos relacionados a identidades e espaccedilos que agora parecem estar sempre prontos a explodir

O decliacutenio do velho sentido monocultural e nacionalis-ta de ldquocidadatildeordquo deixa um espaccedilo vago que deve ser novamente preenchido Propomos que este espaccedilo seja reivindicado por um pluralismo cidadatildeo Em vez de Estados que exigem um padratildeo cultural e linguiacutestico precisamos de Estados que arbitrem as di-ferenccedilas O acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos deve ser possiacutevel natildeo importa quais sejam os marcadores de identidade de algueacutem ndash como idioma dialeto e registro Os Estados devem ser fortes novamente mas natildeo para impor padrotildees eles devem ser fortes como aacuterbitros neutros da diferenccedila assim como as es-colas E tambeacutem a pedagogia do letramento Esta eacute a base de uma sociabilidade coesa uma nova cidadania em que as diferenccedilas satildeo utilizadas como recurso produtivo e em que as diferenccedilas satildeo a norma Eacute a base para o senso poacutes-nacionalista de propoacutesito comum que agora eacute essencial para uma ordem global paciacutefica e produtiva (Kalantzis Cope 1993b)

Para tanto as diversidades cultural e linguiacutestica satildeo re-cursos de sala de aula com a mesma forccedila que satildeo recursos so-ciais na formaccedilatildeo de novos espaccedilos e noccedilotildees de cidadania Isso natildeo eacute apenas para que os educadores possam prestar um melhor ldquoserviccedilordquo agraves ldquominoriasrdquo Em vez disso essa orientaccedilatildeo pedagoacute-gica produziraacute benefiacutecios para todos Por exemplo haveraacute um benefiacutecio cognitivo para todas as crianccedilas em uma pedagogia dos pluralismos linguiacutestico e cultural inclusive para crianccedilas mainstream Quando os aprendizes justapotildeem diferentes lingua-gens discursos estilos e abordagens eles ganham substantiva-mente em habilidades metacognitivas e metalinguiacutesticas e em

28

sua capacidade de refletir criticamente a respeito dos sistemas complexos e suas interaccedilotildees Ao mesmo tempo o uso folcloacuteri-co da diversidade de siacutembolos ndash criando mercadorias eacutetnicas ou outras mercadorias diferenciadas culturalmente para explorar nichos de mercado especializados ou adicionando cores festivas e eacutetnicas agraves salas de aula ndash natildeo deve encobrir conflitos reais de poder e de interesse Somente lidando autenticamente com eles podemos criar a partir da diversidade e da histoacuteria um domiacutenio puacuteblico novo vigoroso e igualitaacuterio

O pluralismo cidadatildeo muda a natureza dos espaccedilos ciacutevi-cos e com a mudanccedila de significado desses espaccedilos tudo muda desde o amplo conteuacutedo dos direitos e das responsabilidades puacuteblicas ateacute os detalhes institucionais e curriculares da peda-gogia do letramento Em vez da cultura central e dos padrotildees nacionais o campo da cidadania eacute um espaccedilo para a negocia-ccedilatildeo de um tipo diferente de ordem social onde as diferenccedilas satildeo ativamente reconhecidas onde essas diferenccedilas satildeo negociadas de forma a se complementarem e onde as pessoas tecircm a chance de expandir seus repertoacuterios culturais e linguiacutesticos para que possam acessar uma gama mais ampla de recursos culturais e institucionais (Cope Kalantzis 1995)

Vivemos em um ambiente no qual as diferenccedilas subculturais ndash de identidade e afiliaccedilatildeo ndash estatildeo se tornando cada vez mais significativas Gecircnero etnia geraccedilatildeo e orientaccedilatildeo sexual satildeo ape-nas alguns dos marcadores dessas diferenccedilas Para aqueles que anseiam por ldquopadrotildeesrdquo elas aparecem como evidecircncia de uma fragmentaccedilatildeo angustiante da estrutura social De fato em certo sentido eacute apenas uma mudanccedila histoacuterica em que as culturas na-cionais singulares tecircm menos influecircncia do que antes Por exem-plo um dos paradoxos dos sistemas de miacutedia multicanais menos regulamentados eacute que eles minam o conceito de audiecircncia cole-tiva e cultura comum em vez de promover o oposto uma gama crescente de opccedilotildees subculturais acessiacuteveis e a crescente diver-

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

29

gecircncia de discursos especializados e subculturais Isso significa o fim definitivo do ldquopuacuteblicordquo ndash aquela comunidade imaginaacuteria homogecircnea de Estados-naccedilatildeo democraacuteticos modernos

No entanto agrave medida que as diferenccedilas subculturais se tornam mais significativas tambeacutem testemunhamos outro de-senvolvimento um tanto contraditoacuterio ndash a crescente invasatildeo de espaccedilos privados pela cultura da miacutedia de massa pela cultura global de commodities e pelas redes de comunicaccedilatildeo e de infor-maccedilatildeo As culturas infantis satildeo feitas de narrativas e mercado-rias entrelaccediladas que cruzam a TV brinquedos embalagens de fast-food videogames camisetas sapatos roupas de cama esto-jos de laacutepis e lancheiras (Luke 1995) Os pais consideram essas narrativas mercantis inexoraacuteveis e os professores descobrem que suas mensagens culturais e linguiacutesticas perdem forccedila e relevacircn-cia ao competir com essas narrativas globais Como exatamente negociar esses textos globais invasivos Em alguns sentidos a invasatildeo da miacutedia de massa e o consumismo zombam da diver-sidade de suas miacutedias e canais Apesar de toda a diferenciaccedilatildeo subcultural dos nichos de mercado natildeo eacute oferecido muito espaccedilo no mercado infantil que reflita a verdadeira diversidade entre crianccedilas e adolescentes

Enquanto isso a vida particular estaacute se tornando mais puacute-blica agrave medida que tudo se torna um assunto potencial de dis-cussatildeo na miacutedia resultando no que chamamos de ldquoconversacio-nalizaccedilatildeordquo da linguagem puacuteblica Discursos que antes eram do domiacutenio particular ndash as complexidades da vida sexual de figuras puacuteblicas discussatildeo de memoacuterias reprimidas de abuso infantil ndash agora satildeo despudoradamente tornados puacuteblicos Em alguns sentidos isso eacute um desenvolvimento muito positivo e importan-te na medida em que essas satildeo questotildees frequentemente impor-tantes que precisam de uma divulgaccedilatildeo A conversacionalizaccedilatildeo difundida da linguagem puacuteblica no entanto envolve a simula-ccedilatildeo institucionalmente motivada da linguagem conversacional e das personas e relaccedilotildees da vida cotidiana A vida profissional estaacute sendo transformada para operar de acordo com metaacuteforas que antes eram distintamente privadas como gerenciamento por ldquoculturardquo equipes dependentes de discursos interpessoais e

30

relaccedilotildees paternalistas de orientaccedilatildeo Muito disso pode ser consi-derado ciacutenico manipulador invasivo e explorador visto que os discursos da vida particular e da comunidade satildeo apropriados para servir a fins comerciais e institucionais Em outras palavras este eacute um processo que destroacutei em parte a autonomia dos estilos de vida particular e comunitaacuterio

O desafio eacute disponibilizar espaccedilo para que diferentes esti-los de vida ndash espaccedilos para a vida comunitaacuteria onde significados locais e especiacuteficos possam ser construiacutedos ndash possam prosperar Os novos canais de multimiacutedia e hipermiacutedia podem e agraves vezes fornecem aos membros de subculturas a oportunidade de encon-trarem suas proacuteprias vozes Essas tecnologias tecircm o potencial de permitir maior autonomia para diferentes estilos de vida por exemplo televisatildeo multiliacutengue ou a criaccedilatildeo de comunidades vir-tuais por meio do acesso agrave internet

Poreacutem quanto mais diversos e vibrantes esses estilos de vida se tornam e quanto maior o espectro das diferenccedilas menos claramente delimitados os diferentes estilos de vida parecem ser A palavra ldquocomunidaderdquo eacute frequentemente usada para descrever as diferenccedilas que agora satildeo tatildeo criacuteticas ndash a comunidade iacutetalo-a-mericana a comunidade gay a comunidade empresarial e assim por diante ndash como se cada uma dessas comunidades tivesse li-mites bem definidos Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes nos novos espaccedilos puacuteblicos de pluralismo cida-datildeo suas fronteiras tornam-se mais evidentemente complexas e sobrepostas A crescente divergecircncia entre os estilos de vida e a crescente importacircncia das diferenccedilas satildeo responsaacuteveis pela inde-finiccedilatildeo de suas fronteiras Quanto mais autocircnomos os estilos de vida se tornam mais movimento pode haver pessoas entrando e saindo estilos de vida inteiros passando por grandes transiccedilotildees negociaccedilatildeo mais aberta e produtiva de diferenccedilas internas liga-ccedilotildees e alianccedilas externas mais livres

Como as pessoas satildeo simultaneamente membros de vaacuterios estilos de vida suas identidades tecircm vaacuterias camadas que estatildeo em relaccedilatildeo complexa umas com as outras Nenhuma pessoa eacute membro de uma uacutenica comunidade Em vez disso elas satildeo mem-bros de comunidades muacuteltiplas e sobrepostas ndash comunidades de

31

trabalho de interesse e afiliaccedilatildeo de etnia de identidade sexual e assim por diante (Kalantzis 1995)

Diferenccedilas de linguagem discurso e registro satildeo marca-dores de diferenccedilas no estilo de vida Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes e suas fronteiras mais borradas o fato central da linguagem torna-se a multiplicidade de senti-dos e sua interseccedilatildeo contiacutenua Assim como existem muacuteltiplas ca-madas para a identidade de todos existem muacuteltiplos discursos de identidade e muacuteltiplos discursos de reconhecimento a serem negociados Precisamos ser proficientes ao negociar os muitos estilos de vida que habitam cada um de noacutes e os muitos estilos de vida que encontramos em nossa vida cotidiana Isso cria um novo desafio para a pedagogia do letramento Em suma este eacute o mundo que a pedagogia do letramento agora precisa abordar

Realidades emtransformaccedilatildeo

Desenhando futuros sociais

Vidas profissionais Capitalismo acelerado Poacutes-fordismo

-gt Diversidade produtiva

Vidas puacuteblicas Decliacutenio do pluralismo puacuteblico

-gt Pluralismo cidadatildeo

Vidas privadas Invasatildeo do espaccedilo privado

-gt Estilo de vidamulticamadas

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

As escolas sempre desempenharam um papel crucial na de-terminaccedilatildeo das oportunidades de vida dos estudantes Elas

regulam o acesso agraves ordens do discurso ndash a relaccedilatildeo dos discursos em um espaccedilo social especiacutefico ndash e ao capital simboacutelico ndash senti-dos simboacutelicos que tecircm circulaccedilatildeo no acesso ao emprego poder poliacutetico e reconhecimento cultural Elas fornecem acesso a um

32

mundo de trabalho ordenado hierarquicamente elas moldam suas cidadanias elas fornecem um suplemento aos discursos e atividades de comunidades e estilos de vida particulares Como esses trecircs domiacutenios principais da atividade social mudaram os papeacuteis e as responsabilidades das escolas precisam mudar

A escolarizaccedilatildeo institucionalizada desempenhou tradicio-nalmente a funccedilatildeo de disciplinar e capacitar pessoas para aacutereas de trabalho industriais regulamentadas auxiliando na formaccedilatildeo do caldeiratildeo de cidadatildeos nacionais homogecircneos e suavizando as diferenccedilas herdadas entre estilos de vida Isso eacute o que Dewey (1916-1966) chamou de funccedilatildeo assimilatoacuteria da escolarizaccedilatildeo a funccedilatildeo de homogeneizar as diferenccedilas Agora a funccedilatildeo das salas de aula e da aprendizagem eacute em alguns sentidos inversa Cada sala de aula iraacute inevitavelmente reconfigurar as relaccedilotildees de di-ferenccedila local e global que agora satildeo tatildeo importantes Para serem relevantes os processos de aprendizagem precisam recrutar em vez de tentar ignorar e apagar as diferentes subjetividades ndash in-teresses intenccedilotildees compromissos e propoacutesitos ndash que os alunos trazem ao processo de aprendizado O curriacuteculo agora precisa se entrelaccedilar com diferentes subjetividades e seus inerentes lingua-gens discursos e registros e usaacute-los como um recurso de apren-dizagem

Essa eacute a base necessaacuteria para uma pedagogia que abra possibilidades de maior acesso O perigo do pluralismo simpli-ficador e caricato eacute que ele vecirc as diferenccedilas como imutaacuteveis e as deixa fragmentadas Visto que as diferenccedilas satildeo agora uma ques-tatildeo central predominante o nuacutecleo ou a tendecircncia dominante mudou Na medida em que natildeo pode haver uma liacutengua e cultura nacional universal padratildeo existem novos padrotildees universais na forma de diversidade produtiva pluralismo cidadatildeo e estilos de vida multicamadas

Essa eacute a base para uma pedagogia de acesso transformada ndash acesso ao capital simboacutelico com um valor real nas realidades emergentes de nosso tempo Tal pedagogia natildeo envolve sobres-crever as subjetividades existentes com a liacutengua da cultura domi-nante Esses antigos significados de ldquoacessordquo e ldquomobilidaderdquo satildeo a base para modelos de pedagogia que partem da ideia de que

33

culturas e liacutenguas diferentes das predominantes representam um deacuteficit No entanto na realidade emergente ainda existem deacuteficits reais como a falta de acesso ao poder social agrave riqueza e a siacutembolos de reconhecimento O papel da pedagogia eacute desen-volver uma epistemologia do pluralismo que proporcione acesso sem que as pessoas tenham de apagar ou deixar para traacutes dife-rentes subjetividades Essa deve ser a base de uma nova norma

A transformaccedilatildeo das escolas e do letramento escolar eacute ao mesmo tempo uma questatildeo muito ampla e especiacutefica uma parte criacutetica de um projeto social mais abrangente No entanto haacute um limite para o que as escolas podem alcanccedilar sozinhas A questatildeo ampla eacute o que contaraacute para o sucesso no mundo do futuro imi-nente um mundo que pode ser imaginado e alcanccedilado A ques-tatildeo mais estrita eacute como podemos transformar gradativamente os resultados alcanccedilaacuteveis e adequados da escolaridade Como podemos complementar o que as escolas jaacute fazem Natildeo podemos refazer o mundo por meio da escolarizaccedilatildeo mas podemos favo-recer uma visatildeo por meio da pedagogia que cria no microcosmo um conjunto transformador de relaccedilotildees e possibilidades de fu-turos sociais uma visatildeo que eacute vivida nas escolas Isso pode en-volver atividades como a simulaccedilatildeo de relaccedilotildees de trabalho com colaboraccedilatildeo comprometimento e envolvimento criativo usar a escola como local para acesso e aprendizagem de miacutedia de mas-sa resgatar o espaccedilo puacuteblico de cidadania escolar para diversas comunidades e discursos e criar comunidades de aprendizes diversificadas e que respeitem a autonomia dos estilos de vida

No restante deste artigo desenvolvemos a noccedilatildeo de pe-dagogia como design Nosso objetivo eacute discutir a proposiccedilatildeo de que o curriacuteculo eacute um projeto para futuros sociais e debater a forma geral desse projeto agrave medida que complementamos a pedagogia do letramento nas maneiras indicadas pela noccedilatildeo de multiletra-mentos Nesse sentido este artigo natildeo tem orientaccedilatildeo praacutetica imediata eacute mais da natureza de um manifesto programaacutetico O apelo agrave praticidade eacute frequentemente mal interpretado na me-dida em que desloca o tipo de discussatildeo fundacional que temos aqui Haacute outro sentido entretanto em que a discussatildeo nesse niacutevel eacute eminentemente praacutetica embora de uma maneira muito

34

geral Diferentes concepccedilotildees de educaccedilatildeo e sociedade levam a formas muito especiacuteficas de curriacuteculo e pedagogia que por sua vez incorporam designs de futuros sociais Para alcanccedilar isso precisamos nos engajar em um diaacutelogo criacutetico com os conceitos centrais do capitalismo acelerado das formas pluralistas emer-gentes de cidadania e dos diferentes estilos de vida Esta eacute a base para um novo contrato social uma nova comunidade

Em relaccedilatildeo ao novo ambiente da pedagogia do letramento preci-samos resgatar duas questotildees fundamentais o ldquoo quecircrdquo da peda-gogia do letramento ou o que os estudantes precisam aprender e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento ou o espectro das rela-ccedilotildees de aprendizagem adequadas

Designs de sentido

Ao abordar a questatildeo do ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento propomos uma metalinguagem dos multiletramentos baseada no conceito de ldquodesignrdquo O Design tornou-se central para inova-ccedilotildees no universo do trabalho bem como para reformas escola-res no mundo contemporacircneo Professores e gestores satildeo vistos como designers de processos e ambientes de aprendizagem e natildeo como chefes que ditam o que seus subordinados devem pen-sar e fazer Aleacutem disso algumas pessoas tecircm argumentado que a pesquisa educacional deveria tornar-se uma ciecircncia baseada em design estudando como diferentes planos curriculares projetos pedagoacutegicos e formatos de sala de aula motivam e alcanccedilam di-ferentes tipos de aprendizagem Do mesmo modo os gestores escolares tecircm suas proacuteprias concepccedilotildees de design estudando como a gestatildeo e as teorias empresariais podem ser postas em praacutetica e continuamente ajustadas e pensadas na praacutetica A no-ccedilatildeo de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteli-gecircncia criativa de que os melhores profissionais necessitam para poderem continuamente redesenhar suas atividades no ato da

O ldquo o q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

35

praacutetica Tambeacutem se associa agrave ideia de que a aprendizagem e a produtividade satildeo resultados de designs (estruturas) de sistemas complexos de pessoas ambientes tecnologia crenccedilas e textos

Decidimos tambeacutem utilizar a expressatildeo design para des-crever as formas de sentido porque o termo estaacute livre de associa-ccedilotildees negativas para os professores como por exemplo o termo ldquogramaacuteticardquo Trata-se de um conceito suficientemente rico para fundar um curriacuteculo linguiacutestico e uma pedagogia O termo tem tambeacutem uma feliz ambiguidade pode identificar tanto a estru-tura organizacional (ou morfologia) dos produtos quanto o pro-cesso de criaccedilatildeo Expressotildees como ldquoo design de um carrordquo ou ldquoo design de um textordquo podem ter os dois sentidos o modo como eacute ndash foi ndash projetado ou o processo de design dele Propomos tratar qualquer atividade semioacutetica incluindo a utilizaccedilatildeo da lingua-gem para produzir ou consumir textos como uma questatildeo de Design envolvendo trecircs elementos Designs Disponiacuteveis Desig-ning5 e o Redesign Juntos esses trecircs elementos enfatizam que a produccedilatildeo de sentidos eacute um processo vivo e dinacircmico e natildeo algo regido por regras estaacuteticas

Essa estrutura eacute baseada numa teoria especiacutefica do dis-curso Ela entende a atividade semioacutetica como uma aplicaccedilatildeo criativa e uma combinaccedilatildeo de convenccedilotildees (recursos ndash Designs Disponiacuteveis) que no processo de Design transforma ao mesmo tempo que reproduz essas convenccedilotildees (Fairclough 1992 a 1995) Aquilo que determina (Designs Disponiacuteveis) e o processo ativo de determinaccedilatildeo (Designing que cria Redesigns) estatildeo em cons-tante tensatildeo Essa teoria enquadra-se bem na visatildeo da vida e dos sujeitos sociais em sociedades em raacutepida mudanccedila e cultural-mente diversas que descrevemos anteriormente

Designs Disponiacuteveis

Designs Disponiacuteveis ndash os recursos para o Design ndash incluem as ldquogramaacuteticasrdquo de vaacuterios sistemas semioacuteticos as gramaacuteticas das liacutenguas e as gramaacuteticas de outros sistemas semioacuteticos tais como cinema fotografia ou gramaacutetica gestual Os Designs Disponiacuteveis tambeacutem incluem ldquoordens do discursordquo (Fairclough 1995) Uma

36

ordem do discurso eacute o conjunto estruturado de convenccedilotildees asso-ciadas agrave atividade semioacutetica (incluindo o uso da liacutengua) num determinado espaccedilo social ndash uma sociedade especiacutefica ou uma instituiccedilatildeo especiacutefica como uma escola ou um local de trabalho ou espaccedilos menos estruturados da vida comum agrupados na noccedilatildeo de diferentes modos de vida Uma ordem do discurso eacute um conjunto de discursos socialmente produzidos interligados e interagindo de forma dinacircmica Trata-se de uma configuraccedilatildeo especiacutefica dos elementos do Design Uma ordem do discurso pode ser vista como uma configuraccedilatildeo particular de tais ele-mentos Pode incluir uma mistura de diferentes sistemas semioacute-ticos ndash por exemplo sistemas semioacuteticos visuais e auditivos em combinaccedilatildeo com a liacutengua constituem a ordem do discurso da televisatildeo Outro exemplo pode envolver as gramaacuteticas de vaacuterias liacutenguas ndash as ordens do discurso de diferentes escolas

A ordem do discurso tem como objetivo apreender a ma-neira como diferentes discursos se relacionam (conversam) en-tre si Deste modo o discurso das gangues afro-americanas de Los Angeles estaacute historicamente relacionado com o discurso da poliacutecia da cidade Os discursos de ambos e outros discursos se-melhantes moldam-se e satildeo moldados uns pelos outros Para dar outro exemplo considere-se as relaccedilotildees histoacutericas e institucio-nais entre o discurso da biologia e o discurso do fundamentalis-mo religioso As escolas satildeo espaccedilos especialmente importantes em que um conjunto de discursos se relacionam entre si ndash dis-cursos disciplinares discursos de ser professor (cultura do pro-fessor) discurso de ser estudante (de diferentes tipos) discursos comunitaacuterios eacutetnicos de classe e discursos da esfera puacuteblica en-volvendo negoacutecios e governo por exemplo Cada discurso envol-ve produccedilatildeo reproduccedilatildeo e transformaccedilatildeo de diferentes tipos de pessoas Existe diversidade entre afro-americanos professores crianccedilas estudantes policiais e bioacutelogos O mesmo indiviacuteduo pode ser uma pessoa diferente em lugares e momentos distintos Diferentes tipos de pessoas conectam-se por meio dos discursos entrecruzados que constituem as ordens do discurso

No acircmbito das ordens do discurso existem convenccedilotildees es-peciacuteficas dos Designs ndash Disponiacuteveis ndash que assumem a forma de

37

discursos estilos gecircneros dialetos e vozes para citar algumas das principais variaacuteveis Um discurso eacute uma configuraccedilatildeo do co-nhecimento e das suas formas habituais de expressatildeo que repre-senta um conjunto especiacutefico de interesses Ao longo do tempo por exemplo as instituiccedilotildees produzem discursos ndash ou seja as suas configuraccedilotildees de conhecimento Estilo eacute a configuraccedilatildeo de todas as expressotildees semioacuteticas de um texto em que por exemplo a linguagem pode estar relacionada com o layout e a programa-ccedilatildeo visual Os gecircneros satildeo formas de texto ou organizaccedilatildeo textual que surgem de configuraccedilotildees sociais especiacuteficas ou das relaccedilotildees especiacuteficas dos participantes de uma interaccedilatildeo Refletem os ob-jetivos dos participantes num dado tipo de interaccedilatildeo Numa en-trevista por exemplo o entrevistador quer algo o entrevistado quer algo mais e o gecircnero da entrevista reflete isso Os dialetos podem ser relacionados com a regiatildeo ou a idade A voz eacute mais individual e pessoal incluindo evidentemente muitos fatores discursivos e geneacutericos

O conceito abrangente de ordens do discurso eacute necessaacuterio para enfatizar que no designing de textos e interaccedilotildees as pesso-as recorrem sempre a sistemas de praacutetica sociolinguiacutestica bem como a sistemas gramaticais Esses sistemas podem natildeo ser tatildeo clara ou rigidamente estruturados como a palavra ldquosistemardquo su-gere mas existem sempre alguns pontos comuns de orientaccedilatildeo quando agimos semioticamente Os Designs Disponiacuteveis tam-beacutem incluem outro elemento a experiecircncia linguiacutestica e discur-siva das pessoas envolvidas no designing na qual um momento de designing flui continuamente como as histoacuterias particulares dos membros envolvidos Podemos referir-nos a isso como o contexto intertextual (Fairclough 1989) que liga o texto que estaacute sendo criado a uma ou mais cadeias (ldquoredesrdquo) de textos passados

Designing

O processo de modelagem do sentido emergente envolve reapre-sentaccedilatildeo e recontextualizaccedilatildeo Isso nunca eacute simplesmente uma repeticcedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis Cada momento da produccedilatildeo

38

de sentidos envolve a transformaccedilatildeo dos recursos de sentido dis-poniacuteveis Ler ver e ouvir satildeo todos instacircncias do Designing

Segundo Halliday (1978) um profundo princiacutepio organi-zacional nas gramaacuteticas das liacutenguas humanas eacute a distinccedilatildeo entre macrofunccedilotildees da linguagem que satildeo as diferentes funccedilotildees dos Designs Disponiacuteveis funccedilotildees ideacionais interpessoais e textu-ais Essas funccedilotildees produzem distintas expressotildees de sentido A funccedilatildeo ideacional trata do ldquoconhecimentordquo e a funccedilatildeo interpes-soal trata das ldquorelaccedilotildees sociaisrdquo Quanto agraves ordens do discurso a inter-relaccedilatildeo generativa dos discursos num contexto social os seus gecircneros constituintes podem ser parcialmente caracteriza-dos em termos das relaccedilotildees sociais especiacuteficas e posiccedilotildees pesso-ais que articulam enquanto que os discursos satildeo conhecimentos especiacuteficos (construccedilotildees do mundo) articulados com posiccedilotildees especiacuteficas do sujeito

Qualquer atividade semioacutetica ndash qualquer Designing ndash fun-ciona simultaneamente sobre e com essas facetas dos Designs Disponiacuteveis O Designing reproduziraacute mais ou menos norma-tivamente ou transformaraacute mais ou menos radicalmente os co-nhecimentos dados as relaccedilotildees sociais e identidades dependen-do das condiccedilotildees sociais sob as quais o Design ocorre Mas nunca iraacute simplesmente reproduzir os Designs Disponiacuteveis O Desig-ning transforma o conhecimento ao produzir novas construccedilotildees e representaccedilotildees da realidade Atraveacutes da co-gestatildeo de Desig-ns as pessoas transformam suas relaccedilotildees umas com as outras e assim transformam-se a si mesmas Esses natildeo satildeo processos independentes Configuraccedilotildees de indiviacuteduos relaccedilotildees sociais e conhecimentos satildeo trabalhados e transformados (Designing) no processo de designing As configuraccedilotildees preexistentes e novas satildeo sempre provisoacuterias embora possam atingir um elevado grau de permanecircncia A transformaccedilatildeo eacute sempre uma nova utilizaccedilatildeo de velhos materiais uma rearticulaccedilatildeo e recombinaccedilatildeo dos re-cursos dos Designs Disponiacuteveis

A noccedilatildeo de Design reconhece a natureza iterativa da pro-duccedilatildeo de sentidos recorrendo aos Designs Disponiacuteveis para criar padrotildees de sentidos que satildeo parcialmente previsiacuteveis em seus contextos Eacute por isso que o Redesign traz em si certo ar de

39

familiaridade No entanto haacute algo inevitavelmente uacutenico em cada enunciado A maioria dos paraacutegrafos escritos satildeo uacutenicos nunca construiacutedos exatamente dessa forma antes e ndash exceto pela coacutepia ou pela improbabilidade estatiacutestica ndash nunca mais devem ser construiacutedos dessa forma novamente Do mesmo modo haacute algo irredutivelmente uacutenico na voz de cada pessoa O Designing sempre envolve a transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis sem-pre envolve fazer novo uso de materiais antigos

Eacute importante frisar que ouvir e falar ler e escrever satildeo atividades produtivas formas de designing Ouvintes e leitores encontram textos como designs disponiacuteveis Eles tambeacutem se va-lem de sua experiecircncia de outros designs disponiacuteveis como um recurso para criar novos significados a partir dos textos que en-contram A sua leitura e escuta satildeo em si uma produccedilatildeo (um De-signing) de textos (embora textos para si natildeo textos para outros) com base em seus proacuteprios interesses e experiecircncias de vida E sua escuta e leitura por sua vez transformam os recursos que receberam na forma de Designs disponiacuteveis em Redesigned

Redesigned

O resultado do Designing gera um novo significado algo por meio do qual os produtores de sentidos se recriam Nunca eacute uma reformulaccedilatildeo ou uma simples recombinaccedilatildeo de Designs Disponiacuteveis O Redesigned pode ser variavelmente criativo ou reprodutivo em relaccedilatildeo aos recursos para a produccedilatildeo de senti-dos existentes nos Designs Disponiacuteveis Mas natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo (como o mito das normas e da pedagogia da trans-missatildeo nos faria acreditar) nem eacute simplesmente criativo (como os mitos da originalidade individual e da voz pessoal nos fariam crer) Como a instacircncia em que estatildeo em jogo os recursos cultu-rais e as subjetividades uacutenicas o Redesigned fundamenta-se em padrotildees de sentido histoacuterica e culturalmente herdados Ao mes-mo tempo eacute produto uacutenico do agenciamento humano sentido transformado E por sua vez o Redesigned torna-se um novo Design Disponiacutevel um novo recurso produtor de sentidos

40

Aleacutem disso por meio dos processos do Design os pro-dutores de sentido se recriam Reconstroem e renegociam suas identidades O Redesigned natildeo apenas foi construiacutedo ativamen-te mas tambeacutem eacute uma evidecircncia das maneiras como a interven-ccedilatildeo ativa no mundo que eacute o Designing transformou o proacuteprio designer

Designs de sentidos

Dimensotildees da produccedilatildeo de sentidos

Professores e alunos precisam de uma linguagem para descrever os sentidos que satildeo representados nos Designs Disponiacuteveis e no Redesigned Em outras palavras eles precisam de uma metalin-guagem ndash ou seja uma linguagem para falar sobre linguagem imagens textos e interaccedilotildees na produccedilatildeo de sentidos

Um dos objetivos do Projeto Internacional dos Multiletra-mentos iniciado e planejado durante a reuniatildeo de Nova Londres e entrando agora em uma fase de pesquisa colaborativa e expe-rimentaccedilatildeo de curriacuteculo eacute desenvolver uma gramaacutetica funcio-nal e educacionalmente acessiacutevel isto eacute uma metalinguagem que descreva o sentido em diferentes ambientes Estes incluem o textual e o visual assim como as relaccedilotildees multimodais entre os diferentes processos de produccedilatildeo de sentidos que agora satildeo tatildeo fundamentais nos textos da miacutedia impressa quanto nos textos multimiacutedia eletrocircnicos

Qualquer metalinguagem a ser utilizada em um curriacuteculo escolar tem de atender a alguns criteacuterios riacutegidos Deve ser ca-

Designs de sentidos

Designs disponiacuteveis Recursos para produccedilatildeo de sentidos designs Disponiacuteveis para produccedilatildeo de sentidos

Designing O trabalho desenvolvido sobrecom os designs Disponiacuteveis no processo semioacutetico

Redesigned Os recursos reproduzidos e transformados por meio do designing

41

paz de fundamentar anaacutelises criacuteticas sofisticadas da linguagem e de outros sistemas semioacuteticos e ao mesmo tempo natildeo fazer exigecircncias impraticaacuteveis aos conhecimentos do professor e do aprendiz e natildeo evocar imediatamente as aversotildees muitas vezes justificadas e acumuladas dos professores em relaccedilatildeo ao forma-lismo O uacuteltimo ponto eacute crucial pois os professores devem estar motivados a trabalhar com a metalinguagem

Uma metalinguagem tambeacutem precisa ser bastante flexiacutevel e aberta Ela deve ser vista como uma caixa de ferramentas para trabalhar em atividades semioacuteticas natildeo como um formalismo a ser a elas aplicado Devemos nos sentir agrave vontade com conceitos confusos eou sobrepostos Professores e alunos devem ser capa-zes de escolher e selecionar a partir das ferramentas oferecidas Eles tambeacutem devem sentir-se livres para modelar suas proacuteprias ferramentas A flexibilidade eacute muito importante porque a rela-ccedilatildeo entre categorias descritivas e analiacuteticas e a praacutetica eacute por na-tureza mutaacutevel provisoacuteria insegura e relativa aos contextos e propoacutesitos da anaacutelise

Aleacutem disso o objetivo principal da metalinguagem deve ser identificar e explicar as diferenccedilas entre textos e relacionaacute-las aos contextos culturais e agraves situaccedilotildees em que atuam A metalin-guagem natildeo deve impor regras estabelecer padrotildees de correccedilatildeo ou privilegiar certos discursos para ldquocapacitarrdquo os estudantes

A metalinguagem que estamos sugerindo para analisar o Design de sentidos com relaccedilatildeo agraves ordens do discurso inclui ter-mos-chaves como ldquogecircnerosrdquo e ldquodiscursosrdquo e uma seacuterie de concei-tos relacionados tais como vozes estilos e provavelmente outros (Fairclough 1992a Kress 1990 van Leeuwen 1993) Informal-mente podemos perguntar a respeito de qualquer Designing quais satildeo as regras do jogo E qual eacute a perspectiva

ldquoAs regras do jogordquo nos apontam na direccedilatildeo do propoacutesito e da noccedilatildeo de gecircneros do discurso Agraves vezes as regras do jogo podem ser especificadas em termos de um gecircnero bem definido e socialmente marcado como a liturgia da igreja agraves vezes natildeo haacute uma categoria geneacuterica clara A atividade semioacutetica e os textos que ela gera normalmente misturam gecircneros (por exemplo con-sultas entre meacutedico e paciente que satildeo em parte como exames

42

meacutedicos e em parte como sessotildees de aconselhamento ou mesmo conversas informais)

Na tentativa de caracterizar as regras do jogo e o gecircnero do discurso devemos partir do contexto social do ambiente ins-titucional e das relaccedilotildees e das praacuteticas sociais em que os textos estatildeo inseridos O gecircnero eacute um aspecto intertextual de um texto Ele mostra como o texto se liga a outros textos no contexto in-tertextual e como ele pode ser semelhante em alguns aspectos a outros textos utilizados em contextos sociais similares e suas conexotildees com outros tipos de texto na(s) ordem(ns) do discurso Mas o gecircnero eacute apenas um dos vaacuterios aspectos intertextuais de um texto e precisa ser usado em conjunto com outros aspectos especialmente com os discursos

Um discurso eacute uma construccedilatildeo de algum aspecto da reali-dade de um ponto de vista especiacutefico de um acircngulo especiacutefico em termos de interesses especiacutefico Como substantivo abstrato o discurso chama a atenccedilatildeo para o uso da linguagem como uma faceta da praacutetica social que eacute moldada ndash e molda ndash pelas ordens culturais do discurso bem como pelos sistemas linguiacutesticos (gramaacuteticas) Como substantivo contaacutevel (discursos no plural em vez de discurso geneacuterico) ele chama a atenccedilatildeo para a diversida-de de construccedilotildees (representaccedilotildees) de vaacuterios domiacutenios da vida e experiecircncias associadas a diferentes vozes posiccedilotildees e interesses (subjetividades) Novamente alguns discursos satildeo claramente demarcados e tecircm nomes convencionais na cultura (por exem-plo discursos feministas poliacutetico-partidaacuterios ou religiosos) en-quanto outros satildeo muito mais difiacuteceis de serem identificados As caracterizaccedilotildees intertextuais dos textos em termos de gecircneros e discursos satildeo melhor consideradas como aproximaccedilotildees provi-soacuterias pois satildeo interpretaccedilotildees culturais de textos que dependem da sensibilidade difusa poreacutem operacionalmente adequada do analista em relaccedilatildeo agrave cultura e tambeacutem aos conhecimentos es-pecializados

43

Elementos do design

Uma das principais ideias que fundamentam a noccedilatildeo de multile-tramentos eacute a crescente complexidade e inter-relaccedilatildeo dos diver-sos modos de produccedilatildeo de sentidos Identificamos seis grandes aacutereas para as quais satildeo requeridas gramaacuteticas funcionais ndash as metalinguagens que descrevem e explicam os padrotildees de sen-tido Design Linguiacutestico Design Visual Design Sonoro Design Gestual Design Espacial e Design Multimodal O Design Mul-timodal eacute de uma ordem diferente dos outros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos ele representa os padrotildees de interconexatildeo entre os outros modos Utilizamos a palavra ldquogramaacuteticardquo num sentido positivo como uma linguagem especializada que des-creve padrotildees de representaccedilatildeo Em cada caso nosso objetivo eacute apresentar natildeo mais do que dez elementos principais do Design

Design linguiacutestico

A metalinguagem que propomos utilizar para descrever o De-sign Linguiacutestico tem o objetivo de concentrar nossa atenccedilatildeo nos recursos de representaccedilatildeo Esta metalinguagem natildeo eacute uma cate-goria de habilidades mecacircnicas como eacute comumente usada nas gramaacuteticas para uso educacional nem deve servir de base para uma criacutetica ou reflexatildeo avulsa Ao contraacuterio a noccedilatildeo de Design enfatiza o potencial produtivo e inovador da linguagem como um sistema de produccedilatildeo de sentido Esta eacute uma accedilatildeo uma des-criccedilatildeo geradora da linguagem como um meio de representaccedilatildeo Como argumentamos anteriormente tal orientaccedilatildeo tanto para o meio social quanto para o texto seraacute um requisito essencial para as economias e sociedades do presente e do futuro Seraacute tambeacutem essencial para a produccedilatildeo de determinados tipos de subjetivida-de democraacutetica e participativa Os elementos do Design Linguiacutes-tico que estamos desenvolvendo ajudam a descrever os recursos de representaccedilatildeo que estatildeo disponiacuteveis os vaacuterios sentidos que esses recursos teratildeo se forem utilizados em um contexto espe-ciacutefico e o potencial inovador de reformular esses recursos em relaccedilatildeo aos objetivos sociais

44

Considere este exemplo ldquoAs taxas de mortalidade por cacircn-cer de pulmatildeo estatildeo claramente associadas ao aumento do taba-gismordquo e ldquoTabagismo causa cacircncerrdquo A primeira frase pode signi-ficar o que a segunda significa embora tambeacutem possa significar muitas outras coisas A primeira frase eacute mais expliacutecita em alguns aspectos do que a segunda (por exemplo referecircncia ao cacircncer de pulmatildeo) e menos expliacutecita em outros aspectos (por exemplo ldquoassociado ardquo versus ldquocausardquo) A gramaacutetica foi empregada para projetar dois mecanismos diferentes Cada frase eacute utilizaacutevel em discursos diferentes Por exemplo a primeira eacute uma forma tiacutepica nas ciecircncias sociais e ateacute mesmo nas ciecircncias duras A segunda eacute uma forma tiacutepica da discussatildeo na aacuterea de sauacutede puacuteblica A gra-maacutetica precisa ser vista como uma gama de escolhas que se faz ao projetar a comunicaccedilatildeo para fins especiacuteficos incluindo um maior agenciamento de aspectos natildeo verbais Entretanto essas escolhas precisam ser vistas natildeo apenas como uma questatildeo de estilo ou intenccedilatildeo individual mas como intrinsecamente ligadas a diferentes discursos com seus interesses e relaccedilotildees de poder mais amplos

Nossa metalinguagem sugerida para analisar os desig-ns da liacutengua eacute construiacuteda com base em uma lista de elementos textuais altamente seletiva que a experiecircncia tem mostrado ser particularmente digna de atenccedilatildeo (ver tambeacutem Fowler Hodge Kress Trent 1979 Fairclough 1992a) A tabela a seguir lista al-guns termos-chaves que podem ser incluiacutedos como metalingua-gem do Design Linguiacutestico Eacute provaacutevel que outras caracteriacutesticas textuais potencialmente significativas sejam mencionadas de tempos em tempos mas pensamos que a facilidade em utilizar os elementos listados constitui uma base substancial embora li-mitada para uma consciecircncia criacutetica da linguagem

Examinaremos dois deles agora a fim de ilustrar nossa no-ccedilatildeo de Design Linguiacutestico a nominalizaccedilatildeo e a transitividade A nominalizaccedilatildeo envolve o uso de uma frase para compactar uma grande quantidade de informaccedilotildees algo como a maneira como um compactador de lixo funciona Apoacutes a compactaccedilatildeo natildeo se pode dizer o que foi compactado Considere a expressatildeo ldquoTaxas de morte por cacircncer de pulmatildeordquo Essas ldquotaxasrdquo se referem agraves pes-

45

soas que morrem de cacircncer de pulmatildeo ou aos pulmotildees que mor-rem de cacircncer Natildeo se pode saber isso a menos que tenhamos conhecimento preacutevio sobre essa discussatildeo As nominalizaccedilotildees satildeo usadas para compactar informaccedilotildees ndash conversas inteiras ndash que supomos que as pessoas (ou pelo menos os ldquoespecialistasrdquo) conheccedilam Elas satildeo indicaccedilotildees para quem ldquoestaacute no jogordquo e conse-quentemente tambeacutem para manter as pessoas fora dele

A transitividade indica quanto de agenciamento e de efeito se deseja em uma frase ldquoJoatildeo golpeou Mariardquo tem mais efeito (sobre Maria) do que ldquoJoatildeo atingiu Mariardquo e ldquoJoatildeo golpeou Ma-riardquo tem mais agecircncia do que ldquoMaria foi golpeada6rdquo Uma vez que noacutes humanos relacionamos agecircncia e efeito com responsa-bilidade e culpa em muitos domiacutenios (discursos) estas natildeo satildeo apenas questotildees de gramaacutetica Satildeo maneiras de utilizar a lin-guagem para se envolver em accedilotildees como culpar evitar culpa ou comparar certas coisas com outras

Alguns elementos do Design Linguiacutestico

Emissatildeo Caracteriacutesticas de entonaccedilatildeo ecircnfase ritmo sotaque etc

Vocabulaacuterio e metaacutefora Inclui colocaccedilatildeo lexicalizaccedilatildeo e sentido da palavra

Redesigned A natureza do engajamento do produtor com a mensagem em uma oraccedilatildeo

TransitividadeOs tipos de processo e os participantes da oraccedilatildeo

Vocabulaacuterio e metaacutefora escolha de palavras posicionamento e sentido

Nominalizaccedilatildeo de processos

Transformar accedilotildees qualidades avaliaccedilotildees ou conexatildeo loacutegica em substantivos ou estados de ser e estar

(por exemplo ldquoavaliarrdquo torna-se ldquoavaliaccedilatildeordquo ldquopoderrdquo torna-se ldquohabilidaderdquo)

Estruturas de informaccedilatildeo Como a informaccedilatildeo eacute apresentada em oraccedilotildees e sentenccedilas

Relaccedilotildees de Coerecircncia Local

Coesatildeo entre oraccedilotildees e relaccedilotildees loacutegicas entre as oraccedilotildees (por exemplo incorporaccedilatildeo subordinaccedilatildeo)

Relaccedilotildees de Coerecircncia Global

As propriedades organizacionais gerais dos textos (por exemplo gecircneros)

46

Designs para outros modos de produccedilatildeo de sentido

Os modos de significaccedilatildeo aleacutem do Linguiacutestico satildeo cada vez mais importantes incluindo Visuais (imagens layout de paacutegina for-matos de tela) aacuteudio (muacutesica efeitos sonoros) Gestuais (lingua-gem corporal sensualidade) Espaciais (os significados dos es-paccedilos ambientais espaccedilos arquitetocircnicos) e Multimodais Dos modos de significaccedilatildeo o Multimodal eacute o mais significativo pois relaciona todos os outros modos em conexotildees notavelmente di-nacircmicas Por exemplo as imagens dos meios de comunicaccedilatildeo de massa relacionam o linguiacutestico ao visual e ao gestual de manei-ras intricadas Ler a miacutedia de massa apenas por seus significados linguiacutesticos natildeo eacute suficiente As revistas empregam gramaacuteticas visuais muito diferentes de acordo com seu conteuacutedo social e cultural O roteiro de um seriado como ldquoRoseanne7rdquo natildeo teria nenhuma das qualidades do programa se vocecirc natildeo tivesse uma ldquosensibilidaderdquo para seus significados gestuais sonoros e visu-ais uacutenicos Um script sem esse conhecimento permitiria apenas uma leitura muito limitada Da mesma forma uma visita a um shopping center envolve muito texto escrito No entanto um en-volvimento prazeroso ou criacutetico com o shopping envolveraacute uma leitura multimodal que inclui natildeo apenas o design linguiacutestico mas uma leitura espacial da arquitetura do shopping e a locali-zaccedilatildeo e o sentido dos signos escritos logotipos e iluminaccedilatildeo O McDonaldrsquos tem assentos duros ndash para mantecirc-lo em movimento Os cassinos natildeo tecircm janelas ou reloacutegios ndash para eliminar indica-dores tangiacuteveis da passagem do tempo Esses satildeo sentidos espa-ciais e arquitetocircnicos profundamente importantes cruciais para a leitura de Designs Disponiacuteveis e para o Designing de futuros sociais

Em um sentido profundo toda produccedilatildeo de sentido eacute mul-timodal Todo texto escrito tambeacutem eacute organizado visualmente A editoraccedilatildeo eletrocircnica valoriza o design visual e espalha a res-ponsabilidade pelo visual de maneira muito mais ampla do que acontecia quando a escrita e o layout da paacutegina eram atividades distintas Portanto um projeto de escola pode e deve ser devida-mente avaliado com base no design visual linguiacutestico e em suas

47

relaccedilotildees multimodais Para dar outro exemplo a linguagem fala-da eacute uma questatildeo de design de aacuteudio tanto quanto eacute uma questatildeo de design linguiacutestico entendido como relaccedilotildees gramaticais

Os textos satildeo produzidos usando a gama de escolhas his-toricamente disponiacuteveis entre os diferentes modos de produccedilatildeo de sentidos Isso implica uma preocupaccedilatildeo com as ausecircncias nos textos bem como com as presenccedilas ldquoPor que natildeo issordquo bem como ldquoPor que issordquo (Fairclough 1992b) O conceito de Design enfatiza as relaccedilotildees entre os modos de significaccedilatildeo recebidos (Designs Disponiacuteveis) a transformaccedilatildeo desses modos de produ-ccedilatildeo de sentido em seu uso hiacutebrido e intertextual (Designing) e seu subsequente status a ser lido (O Redesigned) A metalingua-gem da produccedilatildeo de sentido se aplica a todos os aspectos deste processo como as pessoas satildeo posicionadas pelos elementos dos modos de produccedilatildeo de sentido disponiacuteveis (Designs disponiacute-veis) como os autores em alguns sentidos importantes tecircm a responsabilidade de estar conscientemente no controle da trans-formaccedilatildeo de sentidos (Designing) e como os efeitos de sentido a sedimentaccedilatildeo do sentido tornam-se parte do processo social (O Redesigned)

Obviamente a extensatildeo da transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis em Redesigned como resultado do Designing pode variar muito Agraves vezes os produtores de sentidos reproduziratildeo os Designs Disponiacuteveis na forma de Redesigned de maneira mais proacutexima do que em outras ocasiotildees ndash um formulaacuterio em vez de uma carta pessoal ou um classificado em vez de um anuacutencio (display) por exemplo Certo Designing eacute mais premeditado ndash planejado deliberado sistematizado ndash do que outras instacircncias por exemplo uma conversa em vez de um poema Agraves vezes o Designing baseia-se em metalinguagens claramente articuladas talvez especializadas que descrevem os elementos do design (a linguagem do editor profissional ou do arquiteto) enquanto ou-tros designing podem menos ou mais transformadores mesmo que os produtores natildeo tenham uma metalinguagem articulada para descrever os elementos de seus processos de produccedilatildeo de sentido (a pessoa que ldquocorrigerdquo o que eles acabaram de escrever ou o empreiteiro da reforma da casa) Apesar dessas diferentes

48

relaccedilotildees de estrutura e de agecircncia toda produccedilatildeo de sentidos sempre envolve os dois elementos

Dois conceitos-chaves nos ajudam a descrever os sentidos multimodais e as relaccedilotildees de diferentes designs de sentido hi-bridismo e intertextualidade (Fairclough 1992a 1992b) O termo hibridismo destaca os mecanismos de criatividade e de cultura--como-processo particularmente proeminentes na sociedade contemporacircnea As pessoas criam e inovam hibridizando ndash isto eacute articulando de novas maneiras ndash praacuteticas e convenccedilotildees estabe-lecidas dentro e entre diferentes modos de produccedilatildeo de sentido Isso inclui a hibridizaccedilatildeo de modos de significaccedilatildeo de formas estabelecidas (de discursos e gecircneros) e combinaccedilotildees variadas de modos de produccedilatildeo de sentido que ultrapassam as fronteiras da convenccedilatildeo e criam novas convenccedilotildees A muacutesica popular eacute um exemplo perfeito do processo de hibridismo Diferentes formas e tradiccedilotildees culturais satildeo constantemente recombinadas e reestru-turadas ndash as formas musicais da Aacutefrica encontram o eletrocircnico e a induacutestria musical comercial E novas relaccedilotildees estatildeo constan-temente sendo criadas entre sentidos linguiacutesticos e sonoros (pop versus rap) e entre sentidos linguiacutesticossonoros e visuais (per-formance ao vivo versus videoclipes)

A intertextualidade chama a atenccedilatildeo para as maneiras po-tencialmente complexas como os sentidos (como sentidos lin-guiacutesticos) se constituem por meio de relaccedilotildees com outros tex-tos (reais ou imaginaacuterios) tipos de texto (discurso ou gecircneros) narrativas e outros modos de significaccedilatildeo (como design visual posicionamento arquitetocircnico ou geograacutefico) Qualquer texto pode ser visto historicamente em termos das cadeias intertex-tuais (seacuteries histoacutericas de textos) em que se baseia e em termos das transformaccedilotildees que opera sobre elas Por exemplo os filmes estatildeo cheios de referecircncias cruzadas feitas explicitamente pelo cineasta ou lidas no filme pelo espectador enquanto designer um papel uma cena um ambiente O espectador apreende uma boa parte da visatildeo que tem do sentido do filme por meio desses tipos de cadeias intertextuais

49

Uma Teoria da Pedagogia

Qualquer teoria pedagoacutegica bem-sucedida deve ser baseada em visotildees sobre como a mente humana funciona em sociedade e nas salas de aula bem como sobre a natureza do ensino e da aprendizagem Embora certamente acreditemos que nenhuma teoria atual em psicologia educaccedilatildeo ou ciecircncias sociais tem ldquoas respostasrdquo e que as teorias provenientes desses domiacutenios devem sempre ser integradas ao ldquoconhecimento praacuteticordquo dos principais implicados tambeacutem acreditamos que aqueles que propotildeem as reformas curriculares e pedagoacutegicas devem expressar claramen-te seus pontos de vista sobre a mente a sociedade e o aprendiza-do em virtude do que eles acreditam que tais reformas seriam eficazes

Nossa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem baseia-se na suposiccedilatildeo de que a mente humana eacute corporifi-cada situada e social ou seja que o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvido natildeo como ldquogeral e abstratordquo mas sim como inserido em contextos sociais culturais e materiais Aleacutem disso o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvi-do como parte das interaccedilotildees colaborativas com outras pessoas de habilidades experiecircncias e perspectivas diversas unidas em uma comunidade epistecircmica especiacutefica ou seja em uma comu-nidade de alunos engajados em praacuteticas comuns centradas em torno de dado (histoacuterica e socialmente constituiacutedo) domiacutenio do conhecimento Acreditamos que ldquoabstraccedilotildeesrdquo ldquogeneralidadesrdquo e ldquoteorias abertasrdquo surgem dessa base inicial e devem ser sempre devolvidas a essa base ou a uma versatildeo recontextualizada dela

Essa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem que esperamos explicar e desenvolver nos proacuteximos anos como parte de nosso projeto internacional conjunto leva-nos a argumentar que a pedagogia eacute uma integraccedilatildeo complexa de quatro fatores Praacutetica Situada baseada no mundo das experiecircncias de designed e designing dos estudantes Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos moldam para si mesmos uma metalinguagem expliacutecita

O ldquo c o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

50

do design Enquadramento Criacutetico que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais e a Praacutetica Transforma-da na qual os alunos transferem e recriam designs de produccedilatildeo de sentido de um contexto para outro Vamos desenvolver bre-vemente esses temas a seguir

Trabalhos recentes em ciecircncias cognitivas em cogniccedilatildeo social e abordagens socioculturais de liacutengua e letramento (Bar-salou 1992 Bereiter e Scardamalia 1993 Cazden 1988 Clark 1993 Gardner 1991 Gee 1992 Heath 1983 Holanda Holyoak Nisbett Thagard 1986 Lave Wenger 1991 Light e Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990 Scollon e Scollon 1981 Street 1984 Wertsch 1985) argumentam que se um de nossos objetivos pedagoacutegicos eacute algum grau de domiacutenio da praacutetica entatildeo a imer-satildeo em uma comunidade de alunos engajados em versotildees autecircn-ticas dessa praacutetica eacute necessaacuteria Noacutes chamamos isso de Praacutetica Situada Uma pesquisa recente (Barsalou 1992 Eiser 1994 Gee 1992 Harre Gillett 1994 Margolis 1993 Nolan 1994) sustenta que a mente humana natildeo eacute tal como um computador um pro-cessador de regras gerais e abstraccedilotildees descontextualizadas Em vez disso o conhecimento humano quando aplicaacutevel agrave praacutetica estaacute situado principalmente em ambientes socioculturais e forte-mente contextualizado em domiacutenios e praacuteticas de conhecimen-tos especiacuteficos Esse conhecimento estaacute inextricavelmente ligado agrave capacidade de reconhecer e de agir sobre padrotildees de dados e de experiecircncia um processo que eacute adquirido apenas por meio da experiecircncia uma vez que os padrotildees necessaacuterios satildeo mui-tas vezes fortemente amarrados e ajustados ao contexto e satildeo muitas vezes sutis e complexos o suficiente para que ningueacutem possa descrevecirc-los ou explicaacute-los de maneira completa e uacutetil Os humanos satildeo neste niacutevel ldquoreconhecedores de padrotildeesrdquo e atores contextuais e socioculturais Esse reconhecimento de padrotildees eacute a base da capacidade de agir de maneira flexiacutevel e adaptaacutevel no contexto ndash ou seja o domiacutenio na praacutetica

No entanto existem limitaccedilotildees para a Praacutetica Situada como a uacutenica base para a pedagogia Primeiramente a preocu-paccedilatildeo com a situaccedilatildeo da aprendizagem eacute tanto a forccedila quanto a fraqueza das pedagogias progressistas (Kalantzis e Cope 1993a)

51

Embora essa aprendizagem situada possa levar ao domiacutenio na praacutetica os alunos imersos em praacuteticas ricas e complexas podem variar significativamente entre si (e quanto aos objetivos curricu-lares) e alguns podem gastar muito tempo perseguindo as pistas ldquoerradasrdquo por assim dizer Em segundo lugar muito da ldquoimer-satildeordquo que experimentamos quando crianccedilas como na aquisiccedilatildeo de nossa liacutengua ldquonativardquo eacute certamente apoiada por nossa biolo-gia humana e pelo curso normal do amadurecimento e do desen-volvimento humanos Esse apoio natildeo estaacute disponiacutevel na imersatildeo

FIGURA 1 - Multiletramentos Metalinguagens para Descrever e Interpretar os Diferentes Modos de Sentido dos Componentes do Projeto

MULTIMODAL

MULTIMODAL

ALGUNS ELEMENTOS DO PROJETO

Como os sistemas integrados de criaccedilatildeo de sentido dos textos eletrocircnicos multimiacutedia

Componentes de sentido linguiacutestico

tais como

Componentes desentido visual tais como

Componentesque constituem

Componentesque constituem

Componentesque constituem- Apresentaccedilatildeo

- Vocabulaacuterio e metaacutefora- Modalidade- Transitividade- Normalizaccedilatildeo de processos- Estrutura de informaccedilatildeo- Relaccedilotildees de coerecircncia local- Relaccedilotildees de coerecircncia global

- Comportamento- Corporeidade fiacutesica- Gestos- Sensualidade- Sentimentos e afetos- Cinesia- Proxecircmica- Etc

- Cores- Perspectivas- Vetores- Primeiro plano e fundo- Etc

- Sentidos ecossistecircmicos e geograacuteficos - Sentidos arquitetocircnicos- Etc

- Muacutesica- Efeitos sonoros- Etc

Modo de RessignifcaccedilatildeoPr

ojet

o Li

nguiacute

stico

Proje

to V

isua

l

Projeto GestualPro

jeto

Esp

acia

l

Projeto de Aacuteudio

52

escolar posterior em aacutereas como letramento e como domiacutenios acadecircmicos uma vez que estes surgem muito tarde no cenaacuterio humano para ter reunido qualquer suporte bioloacutegico ou evolu-tivo substancial Deste modo qualquer ajuda que a biologia e o amadurecimento possam dar agraves crianccedilas em sua socializaccedilatildeo pri-maacuteria deve ser compensada ndash dada mais abertamente ndash quando usamos a ldquoimersatildeordquo como meacutetodo na escola Terceiro a Praacutetica Situada natildeo leva necessariamente ao controle consciente e agrave per-cepccedilatildeo do que se sabe e faz o que eacute um objetivo central de gran-de parte do aprendizado na escola Quarto essa Praacutetica Situada natildeo cria necessariamente alunos ou comunidades que possam criticar o que estatildeo aprendendo em termos de relaccedilotildees histoacutericas culturais poliacuteticas ideoloacutegicas ou baseadas em valores E em quinto lugar haacute a questatildeo de colocar o conhecimento em accedilatildeo As pessoas podem ser capazes de articular seus conhecimentos em palavras Eles podem ter consciecircncia dos relacionamentos e ateacute mesmo fazer ldquocriacuteticasrdquo Contudo ainda podem ser incapazes de representar reflexivamente seu conhecimento na praacutetica

Portanto a Praacutetica Situada na qual os professores orien-tam uma comunidade de alunos como ldquomestresrdquo da praacutetica deve ser suplementada por vaacuterios outros componentes (ver Cazden 1992) Aleacutem do domiacutenio na praacutetica uma pedagogia eficaz deve procurar a compreensatildeo criacutetica ou a compreensatildeo cultural em dois sentidos diferentes Criacutetico na frase ldquocompreensatildeo criacuteticardquo significa percepccedilatildeo consciente e controle sobre as relaccedilotildees intras-sistemaacuteticas de um sistema A imersatildeo notoriamente natildeo leva a isso Por exemplo crianccedilas que adquiriram uma primeira liacutengua por meio da imersatildeo nas praacuteticas de suas comunidades natildeo se tornam em virtude disso bons linguistas Vygotsky (1978 1987) que certamente apoiou a colaboraccedilatildeo na praacutetica como alicerce da aprendizagem tambeacutem argumentou que certas formas de Instruccedilatildeo Aberta eram necessaacuterias para suplementar a imersatildeo (aquisiccedilatildeo) se quiseacutessemos que os alunos desenvolvessem cons-ciecircncia e controle do que adquiriram

Existe outro sentido de ldquocriacuteticardquo como na capacidade de criticar um sistema e suas relaccedilotildees com outros sistemas com base no funcionamento do poder da poliacutetica da ideologia e de valo-

53

res (Fairclough 1992b) Nesse sentido as pessoas tomam consci-ecircncia e satildeo capazes de articular a localizaccedilatildeo cultural das praacuteti-cas Infelizmente nem a imersatildeo em praacuteticas situadas dentro de comunidades de aprendizes nem a Instruccedilatildeo Aberta do tipo que Vygotsky (1987) discutiu necessariamente datildeo origem a esse tipo de compreensatildeo criacutetica ou de compreensatildeo cultural Na ver-dade tanto a imersatildeo quanto muitos tipos de Instruccedilatildeo Aberta satildeo notoacuterios como agentes socializadores que podem tornar os alunos bastante acriacuteticos e nada conscientes da localizaccedilatildeo cultu-ral de significados e praacuteticas

Os quatro componentes da pedagogia que propomos aqui natildeo constituem uma hierarquia linear nem representam estaacutegios Em vez disso satildeo componentes relacionados de maneiras com-plexas Elementos de cada um podem ocorrer simultaneamente enquanto em momentos diferentes um ou outro iraacute predominar e todos eles satildeo repetidamente revisitados em diferentes niacuteveis

Praacutetica Situada

Essa eacute a parte da pedagogia que se constitui pela imersatildeo em praacuteticas significativas dentro de uma comunidade de alunos que satildeo capazes de desempenhar papeacuteis muacuteltiplos e diferentes com base em suas origens e experiecircncias A comunidade deve incluir especialistas pessoas que dominam certas praacuteticas No miacutenimo deve incluir novatos especialistas pessoas que satildeo especialistas em aprender novos domiacutenios com alguma profundidade Esses especialistas podem orientar os alunos servindo como mentores e designers de seus processos de aprendizagem Esse aspecto do curriacuteculo precisa reunir as experiecircncias anteriores e atuais dos alunos bem como suas comunidades e discursos extraescolares como parte integral da experiecircncia de aprendizagem

Haacute ampla evidecircncia de que as pessoas natildeo aprendem nada direito a menos que estejam motivadas para aprender e acreditem que seratildeo capazes de usar e de trabalhar com o que estatildeo aprendendo de alguma forma que seja de seu interesse Portanto a Praacutetica Situada que constitui o aspecto de imersatildeo da pedagogia deve considerar crucialmente as necessidades e as

54

identidades afetivas e socioculturais de todos os alunos Deve tambeacutem constituir uma arena na qual todos os alunos estejam seguros em assumir riscos e em confiar na orientaccedilatildeo de outros mdash colegas e professores

Neste aspecto da pedagogia acreditamos que a avaliaccedilatildeo nunca deve ser usada para julgar mas deve ser usada no desen-volvimento a fim de orientar os alunos para as experiecircncias e para a assistecircncia de que precisam para se desenvolverem ainda mais como membros da comunidade capazes de aproveitar e em uacuteltima anaacutelise contribuindo para toda a gama de seus re-cursos

Instruccedilatildeo Aberta

A Instruccedilatildeo Aberta natildeo implica transmissatildeo direta exerciacutecios e memorizaccedilatildeo mecacircnica embora infelizmente muitas vezes te-nha essas conotaccedilotildees Em vez disso inclui todas as intervenccedilotildees ativas por parte do professor e de outros especialistas que estru-turam as atividades de aprendizagem que concentram o aluno nas caracteriacutesticas importantes de suas experiecircncias e atividades dentro da comunidade de alunos e que permitem que o estudan-te obtenha informaccedilotildees expliacutecitas nos momentos em que pode organizar e orientar a praacutetica de maneira mais uacutetil aproveitando e reunindo o que o aluno jaacute sabe e realizou Inclui centralmen-te os tipos de esforccedilos colaborativos entre professor e aluno em que este tem permissatildeo para realizar uma tarefa mais complexa do que pode realizar por conta proacutepria e em que o aluno chega agrave consciecircncia da representaccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo do professor dessa tarefa e de suas relaccedilotildees com outros aspectos do que estaacute sendo aprendido O objetivo aqui eacute a percepccedilatildeo consciente e o controle sobre o que estaacute sendo aprendido ndash sobre as relaccedilotildees intrassistemaacuteticas do domiacutenio que estaacute sendo praticado

Um aspecto definidor da Instruccedilatildeo Aberta eacute o uso de me-talinguagens linguagens de generalizaccedilatildeo reflexiva que descre-vem a forma o conteuacutedo e a funccedilatildeo dos discursos da praacutetica No caso do esquema dos multiletramentos proposto aqui isso sig-nificaria que os alunos desenvolvem uma metalinguagem que

55

descreve tanto o ldquoquecircrdquo da pedagogia dos letramentos (processos e elementos de design) quanto os andaimes que constituem o ldquocomordquo da aprendizagem (Praacutetica Situada Instruccedilatildeo Aberta En-quadramento Criacutetico Praacutetica Transformada)

Muitas avaliaccedilotildees no curriacuteculo tradicional exigiam a re-peticcedilatildeo das generalidades da Instruccedilatildeo Aberta Como no caso da Praacutetica Situada a avaliaccedilatildeo na Instruccedilatildeo Aberta deveria ser de desenvolvimento um guia para pensamentos e accedilotildees poste-riores Deveria tambeacutem estar relacionada aos outros aspectos do processo de aprendizagem ndash as conexotildees por exemplo entre a evoluccedilatildeo das metalinguagens agrave medida que satildeo negociadas e desenvolvidas por meio da Instruccedilatildeo Aberta por um lado e a Praacutetica Situada Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada por outro

Enquadramento Criacutetico

O objetivo do Enquadramento Criacutetico eacute ajudar os alunos a enqua-drar seu crescente domiacutenio da praacutetica (da Praacutetica Situada) e do controle e compreensatildeo consciente (da Instruccedilatildeo Aberta) quanto agraves relaccedilotildees histoacutericas sociais culturais poliacuteticas ideoloacutegicas e de valor de sistemas especiacuteficos de conhecimento e de praacutetica social Aqui crucialmente o professor deve ajudar os alunos a desnaturalizar e a tornar estranho novamente o que aprenderam e dominaram

Praacutetica Situada

Imersatildeo na experiecircncia e utilizaccedilatildeo dos discursos disponiacuteveis incluindo aqueles dos estilos de vida dos alunos e simulaccedilotildees das relaccedilotildees encontradas em locais de trabalho e espaccedilos puacuteblicos

Instruccedilatildeo Aberta

Compreensatildeo sistemaacutetica analiacutetica e consciente No caso dos multile-tramentos isso requer a introduccedilatildeo de metalinguagens expliacutecitas que descrevem e interpretam os Elementos de design de diferentes modos de produccedilatildeo de sentido

Enquadramento Criacutetico

Interpretar os contextos social e cultural de Desings de sentido espe-ciacuteficos Isso implica os alunos se afastarem do que estatildeo estudando e enxergarem o objeto de estudo de forma criacutetica em relaccedilatildeo ao seu contexto

Praacutetica Transformada

Transferecircncia na praacutetica de produccedilatildeo de sentido que coloca o signi-ficado transformado para funcionar em outros contextos ou espaccedilos culturais

56

Por exemplo a alegaccedilatildeo de que ldquoo DNA se replicardquo en-quadrada na biologia eacute oacutebvia e ldquoverdadeirardquo Enquadrado em outro discurso torna-se menos natural e menos ldquoverdadeirordquo da seguinte maneira Coloque um pouco de DNA em um pouco de aacutegua em um copo sobre a mesa Certamente natildeo se replica-raacute apenas ficaraacute laacute Os organismos se replicam usando o DNA como coacutedigo mas esse coacutedigo eacute colocado em vigor por uma seacuterie de mecanismos que envolvem proteiacutenas Em muitos de nossos discursos acadecircmicos e ocidentais privilegiamos a informaccedilatildeo e a mente em detrimento dos materiais da praacutetica e do traba-lho A afirmaccedilatildeo original coloca em primeiro plano informaccedilatildeo e coacutedigo e omite ou deixa em segundo plano a maquinaria e o trabalho Primeiro e segundo planos se tornam aparentes apenas quando reenquadramos quando retiramos a frase de seu discur-so ldquooriginalrdquo e a colocamos em um contexto mais amplo Aqui o contexto mais amplo satildeo os processos reais e as praacuteticas ma-teriais natildeo apenas afirmaccedilotildees geneacutericas em uma teoria de uma disciplina (o exemplo do DNA eacute de Lewontin 1991)

Por meio do Enquadramento Criacutetico os aprendizes podem obter a distacircncia pessoal e teoacuterica necessaacuteria do que aprenderam criticaacute-la construtivamente explicar sua localizaccedilatildeo cultural es-tendecirc-la e aplicaacute-la de forma criativa e eventualmente inovar por conta proacutepria dentro de comunidades antigas e novas Este eacute o alicerce para a Praacutetica Transformada Tambeacutem representa um tipo de transferecircncia de aprendizagem e uma aacuterea na qual a avaliaccedilatildeo pode comeccedilar a avaliar os alunos e principalmente os processos de aprendizagem nos quais eles estatildeo operando

Praacutetica Transformada

Natildeo eacute suficiente ser capaz de articular a compreensatildeo das rela-ccedilotildees intrassistemaacuteticas ou de criticar as relaccedilotildees extrassistemaacute-ticas Precisamos sempre voltar para onde comeccedilamos para a Praacutetica Situada mas agora uma re-praacutetica em que a teoria se torna praacutetica reflexiva Com seus alunos os professores preci-sam desenvolver maneiras pelas quais os estudantes possam demonstrar como podem produzir o design e realizar de forma

57

reflexiva novas praacuteticas embutidas em seus proacuteprios objetivos e valores Devem ser capazes de mostrar que podem implemen-tar entendimentos adquiridos por meio da Instruccedilatildeo Aberta e do Enquadramento Criacutetico em praacuteticas que os ajudem simul-taneamente a aplicar e a revisar o que aprenderam Na Praacutetica Transformada oferecemos um local para avaliaccedilatildeo situada e contextualizada dos alunos e dos processos de aprendizagem concebidos para eles Esses processos de aprendizagem tal como essa pedagogia precisam ser continuamente reformulados com base nessas avaliaccedilotildees

Na Praacutetica Transformada em uma atividade noacutes tentamos recriar um discurso envolvendo-nos nele para nossos proacuteprios objetivos reais Portanto imagine um aluno tendo de agir e pen-sar como um bioacutelogo e ao mesmo tempo como um bioacutelogo com grande interesse em resistir agrave representaccedilatildeo de coisas femininas ndash de ovos a organismos ndash como ldquopassivasrdquo O aluno agora tem de justapor e integrar (natildeo sem tensatildeo) dois discursos diferentes ou identidades sociais ou ldquointeressesrdquo que historicamente estiveram em conflito Usando outro exemplo como algueacutem pode ser um advogado ldquode verdaderdquo e ao mesmo tempo ter seu desempenho influenciado por ser um afro-americano Em seus argumentos perante a Suprema Corte dos EUA para eliminar a segregaccedilatildeo nas escolas Thurgood Marshall fez isso de maneira claacutessica E ao misturar o discurso da poliacutetica ao discurso da religiatildeo afro-a-mericana Jesse Jackson transformou o primeiro A chave aqui eacute justaposiccedilatildeo integraccedilatildeo e viver na tensatildeo

Vamos amarrar o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramen-to de volta agrave grande agenda com a qual comeccedilamos este artigo focar nas praacuteticas situadas no processo de aprendizagem envol-ve o reconhecimento de que as diferenccedilas satildeo muito importan-tes nos espaccedilos de trabalho na cidadania e nos estilos de vida multicamadas O ensino em sala de aula e o curriacuteculo precisam se envolver com as experiecircncias e os discursos dos proacuteprios alu-nos que satildeo cada vez mais definidos pela diversidade cultural

O P r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

58

e subcultural e pelas diferentes origens e praacuteticas linguiacutesticas que vecircm com essa diversidade A Instruccedilatildeo Aberta natildeo tem a in-tenccedilatildeo ditar ndash empoderar os alunos em relaccedilatildeo agrave ldquogramaacuteticardquo de uma forma de linguagem adequada padratildeo ou poderosa Desti-na-se a ajudar os alunos a desenvolver uma metalinguagem que leve em consideraccedilatildeo as diferenccedilas de design O Enquadramento Criacutetico envolve ligar essas diferenccedilas de design a diferentes pro-poacutesitos culturais A Praacutetica Transformada envolve a mudanccedila de um contexto cultural para outro por exemplo num redesigning de estrateacutegias de significaccedilatildeo para que possam ser transferidas de uma situaccedilatildeo cultural para outra

A ideia de Design eacute aquela que reconhece os diferentes Designs Disponiacuteveis de sentido localizadas como estatildeo em dife-rentes contextos culturais A metalinguagem dos multiletramen-tos descreve os elementos do design natildeo como regras mas como uma heuriacutestica que explica a infinita variabilidade de diferentes formas de produccedilatildeo de sentido em relaccedilatildeo agraves culturas agraves subcul-turas ou agraves camadas da identidade de um indiviacuteduo a que essas formas servem Ao mesmo tempo o Designing restaura a agecircn-cia humana e o dinamismo cultural no processo de produccedilatildeo de sentido Cada ato de produccedilatildeo de sentido tanto se apropria dos Designs Disponiacuteveis quanto os recria no Designing produzindo assim um novo significado o Redesigned Em uma economia de diversidade produtiva em espaccedilos cidadatildeos que valorizam o pluralismo e no florescimento de esferas de vida inter-relacio-nadas com multicamadas complementares mas cada vez mais divergentes trabalhadores cidadatildeos e membros da comunidade satildeo produtores de sentido idealmente criativos e responsaacuteveis Somos de fato designers de nossos futuros sociais

Claro a negociaccedilatildeo necessaacuteria das diferenccedilas seraacute difiacutecil e muitas vezes dolorosa O diaacutelogo encontraraacute abismos de di-ferenccedila de valores de desigualdades grosseiramente injustas e de difiacuteceis mas necessaacuterias cruzamentos de fronteiras As di-ferenccedilas natildeo satildeo tatildeo neutras coloridas e benignas quanto um multiculturalismo simplista pode querer fazer que acreditemos Ainda assim como trabalhadores cidadatildeos e membros da co-munidade noacutes todos precisaremos das habilidades necessaacuterias para negociar essas diferenccedilas

59

Este artigo representa uma declaraccedilatildeo geral de princiacutepios Eacute altamente provisoacuterio e algo que oferecemos como base para o debate puacuteblico O objetivo do Projeto Internacional de Multile-tramentos eacute testar e desenvolver ainda mais essas ideias parti-cularmente a metalinguagem do Design e a pedagogia da Praacuteti-ca Situada Instruccedilatildeo Aberta Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada Tambeacutem queremos estabelecer relaccedilotildees com pro-fessores e pesquisadores desenvolvendo e testando o curriacuteculo e revisando as proposiccedilotildees teoacutericas do projeto

Este artigo eacute uma declaraccedilatildeo provisoacuteria de intenccedilotildees e uma visatildeo geral teoacuterica das conexotildees entre o ambiente social em mudanccedila e o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento Agrave medida que o projeto avanccedila para sua proacutexima fase o grupo que se reuniu em Nova Londres estaacute escrevendo um livro que explora ainda mais as ideias dos multiletramentos relacionando a ideia agraves salas de aula e agraves nossas proacuteprias experiecircncias educa-cionais Tambeacutem estamos comeccedilando a conduzir pesquisas em sala de aula experimentando os multiletramentos como uma noccedilatildeo que pode suplementar e apoiar o curriacuteculo de letramento E estamos ativamente engajados em um diaacutelogo puacuteblico contiacute-nuo Em setembro de 1996 o grupo colocaraacute o projeto em discus-satildeo puacuteblica mais uma vez na Domains of Literacy Conference na Universidade de Londres e novamente em 1997 na Literacy and Education Research Network Conference na Austraacutelia Queremos salientar que este eacute um processo aberto ndash provisoacuterio exploratoacuterio e acolhedor de colaboraccedilotildees muacuteltiplas e divergentes E acima de tudo nosso objetivo eacute fazer algum tipo de diferenccedila para crian-ccedilas reais em salas de aula reais

Essas atividades seratildeo informadas por uma seacuterie de prin-ciacutepios-chaves de accedilatildeo Primeiro o projeto iraacute suplementar natildeo criticar curriacuteculos existentes e abordagens pedagoacutegicas para o ensino da liacutengua inglesa e do letramento Isso incluiraacute o desen-volvimento da estrutura conceitual do Projeto Internacional de Multiletramentos e o mapeamento em relaccedilatildeo agraves praacuteticas curri-culares existentes a fim de ampliar os repertoacuterios pedagoacutegicos e curriculares dos professores Em segundo lugar a equipe do projeto aceitaraacute colaboraccedilotildees com pesquisadores desenvolve-

60

dores de curriacuteculos professores e comunidades A estrutura do projeto representa um diaacutelogo complexo e difiacutecil essas comple-xidades e dificuldades seratildeo articuladas junto com um convite aberto a todos para contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia que faccedila alguma diferenccedila E em terceiro lugar ele se esforccedilaraacute continuamente no sentido de reformular a teoria que sirva para uso direto na praacutetica educacional

Este artigo eacute um ponto de partida provisoacuterio para esse processo

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

2 Em portuguecircs a traduccedilatildeo de literacy sempre ofereceu um desafio aos estudiosos Pode-mos traduzir por alfabetizaccedilatildeo ou por letramento No artigo o contexto nos ajuda a escolher

3 A palavra design tambeacutem eacute um desafio para a traduccedilatildeo Ela estaacute admitida em portuguecircs com sentidos ligados ao projeto ao desenho e agrave beleza Mantivemos o termo em inglecircs mas tambeacutem deslocado de sentidos porventura tidos em portuguecircs Consideramos que este seja um termo ressignificado pelos autores isto eacute uma proposiccedilatildeo metalinguiacutestica que serve agraves ideias do manifesto guardando portanto um sentido especiacutefico e especializado Nesta traduccedilatildeo mantivemos o uso de aspas itaacutelicos e outros destaques conforme o texto original em inglecircs Entendemos que modificar isso ou inserir itaacutelicos em portuguecircs pode-ria alterar sentidos inapropriadamente

4 Em inglecircs fast capitalism

5 No original ocorre a forma Designing com valor substantivo Nossa opccedilatildeo por natildeo tradu-zir se baseia em consideraccedilotildees semelhantes agraves explicitadas na nota 3

6 Em inglecircs strike e strike out

7 Roseanne foi uma seacuterie televisiva norte-americana exibida nos EUA no final dos anos 1990 Foram nove temporadas mais de duzentos episoacutedios e alguns precircmios conquistados Os protagonistas eram representados por Roseanne Barr e John Goodman O enredo trata-va de uma famiacutelia proletaacuteria urbana Roseanne foi exibida no Brasil pelo canal Multishow

61

R E F E R Ecirc N C I A S

ANDERSON B (1983) Comunidades imaginadas reflexotildees sobre a origem e difusatildeo do nacionalismo Trad Denise Bottman Satildeo Paulo Companhia das Letras 2008

BARSALOU L W Cognitive Psychology an overview for cognitive scientists Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1992

BEREITER C SCARDAMALIA M Surpassing Ourselves an inquiry into the nature and implications of expertise Chicago Open Court 1993

BOYETT J H CONN H P Workplace 2000 the revolution reshaping American business Nova York Dutton 1991

BRUER J T Schools for thought a science of learning in the classroom Cambridge MA MIT Press 1993

CAZDEN C Classroom discourse the language of teaching and learning Portsmouth NH Heinemann 1988

CAZDEN C Whole language plus essays on literacy in the United States and New Zealand Nova York Teachers College Press 1992

CLARK A Associative engines connections concepts and representational change Cambridge Eng Cambridge University Press 1993

COPE B KALANTZIS M Productive diversity organizational life in the age of civic pluralism and total globalisation Sydney Harper Collins 1995

CROSS K F FEATHER J J LYNCH R L Corporate renaissance the art of reengineering Oxford Eng Basil Blackwell 1994

DAVIDOW W H MALONE M S The virtual corporation structuring and revitalizing the corporation for the 21st century New York Harper Business 1992

DEAL T E JENKINS W A Managing the hidden organization strategies for empowering your behind-the-scenes employees New York Warner 1994

DEWEY J Democracy and education New York Free Press (Original work published 1916) 1966

DOBYNS L CRAWFORD-MASON C Quality or else the revolution in world business Boston Houghton Mifflin 1991

DRUCKER P F (1993) Sociedade Poacutes-capitalista Coimbra Actual Editora 2015

62

EISER J R Attitudes chaos and the connectionist mind Oxford Eng Basil Blackwell 1994

FAIGLEY L Fragments of rationality postmodernity and the subject of composition Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1992

FAIRCLOUGH N Language and power London Longmans 1989

FAIRCLOUGH N (1992a) Discurso e Mudanccedila Social Brasiacutelia Editora UnB 2016

FAIRCLOUGH N Discourse and text Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis Discourse and Society 3 p 193-217 1992b

FAIRCLOUGH N Critical discourse analysis London Longmans 1995

FOWLER R HODGE R KRESS G TRENT T Language and control London Routledge 1979

FREIRE P (1970) Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987

FREIRE P Education for critical consciousness New York Seabury Press 1973

FREIRE P MACEDO D (1987) Alfabetizaccedilatildeo leitura do mundo leitura da palavra Rio de Janeiro Paz e Terra 2011

FUKUYAMA F The end of history and the last man London Penguin 1992

GARDNER H The unschooled mind how children think and how schools should teach New York Basic Books 1991

GEE J P The social mind Language ideology and social practice New York Bergin e Garvey 1992

GEE J P Postmodernism discourses and linguistics In C Lankshear P McLaren (ed) Critical literacy Radical and postmodernist perspectives Albany State University of New York Press 1993 p 271-295

GEE J P Quality science and the lifeworld the alignment of business and education (Focus occasional papers in adult basic education No 4) Leichhardt Australia adult literacy and basic skills action coalition 1994a

GEE J P New alignments and old literacies from fast capitalism to the canon In SHORTLAND-JONES B BOSICH B RIVALLAND J (ed) Conference papers 1994 Australian Reading Association Twentieth National Conference Carlton South Australian Reading Association 1994b p 1-35

GELLNER E Nations and nationalism London Basil Blackwell 1983

GIROUX H Schooling and the struggle for pedagogies critical and feminist discourses as regimes of truth New York Routledge 1988

63

HALLIDAY M A K Language as social semiotic London Edward Arnold 1978

HAMMER M CHAMPY J Reengineering the corporation a manifesto for business revolution New York Harper Business 1993

HARRE R GILLETT G (1994) A Mente Discursiva Porto Alegre Penso 2004

HEATH S B Ways with words language life and work in communities and classrooms Cambridge Eng Cambridge University Press 1983

HOLLAND J H HOLYOAK K J NISBETT R E THAGARD P R In J H HOLLAND K J HOLYOAK R E NISBETT P R THAGARD (ed) Induction processes of inference learning and discovery Cambridge MA MIT Press 1986

ISHIKAWA K (1985) Controle de Qualidade Total agrave maneira japonesa Rio de Janeiro Campus 1993

KALANTZIS M The new citizen and the new state In W Hudson (ed) Rethinking Australian citizenship Sydney University of New South Wales Press 1995

KALANTZIS M COPE B Histories of pedagogy cultures of schooling In B Cope e M Kalantzis (ed) The powers of literacy London Falmer Press 1993a p 38-62

KALANTZIS M COPE B Republicanism and cultural diversity In W Hudson e D Carter (ed) The Republicanism debate Sydney University of New South Wales Press 1993b p 118-144

KRESS G Linguistic process and sociocultural change Oxford Eng Oxford University Press 1990

LAVE J WEGNER E Situated learning legitimate peripheral participation Cambridge Eng Cambridge University Press 1991

LEWONTIN R C (1991) Biologia como ideologia a doutrina do DNA Satildeo Paulo Funpec 2000

LIGHT P BUTTERWORTH G (ed) Context and cognition Ways of learning and knowing Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1993

LIPNACK J STAMPS J The team net factor bringing the power of boundary crossing into the heart of your business Essex Junction VT Oliver Wright 1993

LUKE C Media and cultural studies In P Freebody S Muspratt A Luke (ed) Constructing critical literacies Crosskill NJ Hampton Press 1995

MARGOLIS H Paradigms and barriers how habits of mind govern scientific beliefs Chicago University of Chicago Press 1993

64

NOLAN R Cognitive practices human language and human knowledge Oxford Blackwell 1994

PIORE M SABLE C The second industrial divide New York Basic Books 1984

PERKINS D Smart schools from training memories to educating minds New York Free Press 1992

PETERS T Liberation management necessary disorganization for the nanosecond nineties New York Vintage Books 1992

ROGOFF B Apprenticeship in thinking New York Oxford University Press 1990

SASHKIN M KISER K J (1993) Gestatildeo da qualidade total na praacutetica Rio de Janeiro Elsevier Editora 1994

SCOLLON R SCOLLON S B K Narrative literacy and face in interethnic communication Norwood NJ Ablex 1981

SENGE P M (1991) A quinta disciplina arte e praacutetica da organizaccedilatildeo que aprende Rio de Janeiro BestSeller 2013

SPROULL L KIESLER S Connections New ways of working in the networked organization Cambridge MA MIT Press 1991

STREET B V Literacy in theory and practice Cambridge Eng Cambridge University Press 1984

VAN LEEUWEN T Genre and field in critical discourse analysis Discourse and society n 4 p 193-223 1993

VYGOTSKY L S (1978) A formaccedilatildeo social da mente o desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos superiores Michael Cole et al (org) Trad Joseacute Cipolla Neto Luiacutes Silveira Menna Barreto Solange Castro Afeche Satildeo Paulo Martins Fontes 1984

VYGOTSKY L S The collected works of L S Vygotsky Vol 1 Problems of general psychology including the volume thinking and speech R W Rieber A S Carton (ed) New York Plenum 1987

WALKERDINE V Surveillance subjectivity and struggle Lessons from pedagogic and domestic practices Minneapolis University of Minnesota Press 1986

WERTSCH J V (ed) Culture communication and cognition Vygotskian perspectives Cambridge Eng Cambridge University Press 1985

65

Courtney B Cazden eacute doutora em educaccedilatildeo e professora na uni-versidade de Harvard Eacute autora de cinco livros entre eles Classroom Discourse The Language of Teaching and Learning publicado em 2001 Courtney eacute especialista em linguagem e educaccedilatildeo infantil e membro da National Academy of Education

Bill Cope eacute professor e pesquisador no Departamento de Estudos de Poliacuteticas Educacionais da Universidade de Illinois Urbana-Champaign diretor-presidente na Common Ground Publishing Bill eacute autor de de-zenas de livros e artigos e suas pesquisas incluem teorias e praacuteticas de pedagogia diversidade cultural e linguiacutestica e novas tecnologias de representaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo Entre suas obras destacam-se The future of the academic journal and e-learning ecologies e Towards a semantic web Connecting knowledge in academic research

Normal Fairclough eacute linguista um dos pioneiros da anaacutelise criacutetica do discurso e professor na Universidade de Lancaster Eacute autor de diversas publicaccedilotildees que abordam a linguagem e as relaccedilotildees sociais dentre es-sas obras destaca-se Discurso e mudanccedila social publicada pela UNB em 2008

James ldquoJimrdquo Gee eacute linguista professor na Universidade do Estado do Arizona e membro da National Academy of Education Eacute autor de vaacute-rias obras entre elas Social Linguistics and Literacies de grande importacircn-cia nos estudos de letramento

Mary Kalantzis eacute referecircncia mundial nos lsquonovos estudos de alfabetiza-ccedilatildeorsquo com foco na multimodalidade e na diversidade nas comunicaccedilotildees contemporacircneas Eacute professora do Departamento de Educaccedilatildeo Poliacutetica Organizaccedilatildeo e Lideranccedila da Universidade de Illinois Urbana-Cham-paign Eacute autora de inuacutemeros livros dentre eles New Learning Elements of a Science of Education Letramentos publicado no Brasil pela editora Unicamp em 2020 e a Gramaacutetica de Significados Multimodais dividida em dois volumes Making Sense e Added Sense publicada em 2020

N E W L O N D O N G R O U P

66

Allan Luke eacute um pesquisador voltado agrave aacuterea da alfabetizaccedilatildeo multile-tramentos linguiacutestica aplicada e sociologia e poliacutetica educacional Eacute pro-fessor na Queensland University of Technology em Brisbane Austraacutelia e na Escola de Educaccedilatildeo Werklund Universidade de Calgary Canadaacute Em parceria com Peter Freebody formulou o Modelo de Quatro Recursos de alfabetizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 Entre suas obras mais relevantes estaacute Educational Policy Narrative and Discourse

Carmen Luke eacute professora na Universidade de Queensland pesquisa-dora de temas relacionados agrave pedagogia multiletramentos sociologia e linguiacutestica Tem vaacuterios livros publicados dentre eles Globalization And Women In Academia e Feminisms And Critical Pedagogy

Sarah Michaels eacute sociolinguista se dedica ao ensino e agrave pesquisa na aacuterea de linguagem cultura ldquomultiletramentosrdquo e nos discursos de matemaacutetica e ciecircncias Eacute professora da Clarck University Entre suas publicaccedilotildees destacam-se High-Expectation Curricula Helping All Students Succeed with Powerful Learning e Ready Set Science Putting Research to Work in the K-8 Science Classroom

Martin Nakata eacute doutor em Filosofia e um dos principais acadecircmicos indiacutegenas da Austraacutelia sua pesquisa eacute voltada agrave melhoria do ensino superior para estudantes indiacutegenas Atualmente eacute diretor do Centro UNSW Nura Gili para Programas Indiacutegenas e Vice-Reitor de Educaccedilatildeo Indiacutegena e Estrateacutegia da Universidade James Cook na Austraacutelia Mar-tin eacute autor de inuacutemeras publicaccedilotildees dentre as quais destaca-se Discipli-ning The Savages Savaging The Disciplines

Gunther Kress eacute considerado um dos principais teoacutericos dos campos da anaacutelise criacutetica do discurso da semioacutetica social e da multimodalida-de ateacute hoje foi um linguista e semiotista Gunther Kress deixou dezenas de livros e artigos publicados entre eles Multimodality A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication e Reading Images The Grammar of Visual Design Faleceu em 2019

N E W L O N D O N G R O U P

67

g l o s s aacute r i o

No conturbado ano de 2020 em meio agrave pandemia de Covid-19 que fez com que tiveacutessemos todos de aderir ao

ldquodistanciamento socialrdquo suspendendo aulas e encontros presen-ciais na universidade ministrei uma disciplina eletiva no Pro-

O R G A N I Z A Ccedil Atilde O E E D I Ccedil Atilde O

H eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e O u r o P r e t o

A P R E S E N T A Ccedil Atilde O

68

grama de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Mestrado e Doutorado agrave qual dei o nome de Multiletramentos entre teorias amp praacuteticas O objetivo era discutir a chamada Pedagogia dos Multiletra-mentos um documento publicado no finalzinho do seacuteculo XX e que discutiu as praacuteticas de leitura e escrita naquele momento de explosatildeo das tecnologias digitais em um mundo globalizado e multicultural ao mesmo tempo que propotildee esboccedilosdesenhos de um futuro social Para tanto selecionei textos de diferentes autores brasileiros e estrangeiros desde os proponentes da Pe-dagogia dos Multiletramentos aos seus comentadores e divul-gadores no Brasil Foi central para a conduccedilatildeo da disciplina o livro receacutem-publicado dos pesquisadores Roxane Rojo e Eduar-do Moura (2019) intitulado Letramentos miacutedias linguagens (2019) Agrave medida que discutiacuteamos cada um dos capiacutetulos do livro que trata aleacutem dos conceitos explicitados no seu tiacutetulo da imagem estaacutetica da imagem dinacircmica do som e do verbo sentimos a necessidade de construir um glossaacuterio que servisse para nortea-mento das nossas discussotildees Assim comecei a anotar termos e expressotildees que apareciam nas obras e artigos estudados (natildeo soacute o livro aqui evidenciado) e designar a cada aluno trecircs ou quatro daquelas palavras ou expressotildees para que fosse produzido um verbete A ideia foi acatada por toda a turma que diga-se era constituiacuteda de uma diversidade de mestrandos doutorandos e aspirantes a esses niacuteveis de ensino oriundos de diferentes aacutereas do conhecimento o que tornou nossas discussotildees muito ricas e calorosas Pedagogia Letras Jornalismo Sistema de Informaccedilatildeo Licenciatura em Quiacutemica Fiacutesica Matemaacutetica Ciecircncias Bioloacutegi-cas Biblioteconomia Engenharia de Controle e Automaccedilatildeo Ci-ecircncia da Computaccedilatildeo Produzidos os verbetes tivemos tempo haacutebil para fazecirc-los circular entre a turma e discutir a linguagem e a padronizaccedilatildeo de alguns deles em sala de aula Minha inten-ccedilatildeo como organizador do Glossaacuterio sempre foi divulgaacute-lo o mais amplamente possiacutevel apoacutes a sua conclusatildeo Quase ao final da disciplina recebemos a ldquovisita virtualrdquo da colega Ana Elisa Ribeiro professora e pesquisadora da linguagem em sua interfa-ce com as tecnologias digitais para discutir um texto publicado por ela no qual fez um balanccedilo das repercussotildees do manifesto

69

Pedagogia dos Multiletramentos nos uacuteltimos anos Nessa oca-siatildeo soubemos que um grupo de mestrandos e doutorandos do CEFET-MG estava fazendo a traduccedilatildeo do Manifesto e surgiu a ideia de publicarmos conjuntamente nossos produtos o que acreditamos vaacute ser bastante uacutetil aos interessados no tema Dessa forma reunimos neste e-book o Glossaacuterio MULTDICS MULTI-LETRAMENTOS e a traduccedilatildeo do Manifesto 1 Ao procurar um nome para nosso glossaacuterio chegamos agrave conclusatildeo de que gos-tariacuteamos de um tiacutetulo bem conciso e que representasse ao mes-mo tempo nosso grupo de pesquisa o MULTDICS ndash Grupo de Pesquisa sobre Multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e o principal conceito com o qual temos trabalhado haacute seis anos quando nos reunimos

Lembramos que este glossaacuterio natildeo esgota os termos e expres-sotildees usados no acircmbito das discussotildees sobre a temaacutetica mas se pauta como explicitamos acima a partir de nossas necessidades A ideia eacute que ele seja cada vez mais ampliado e revisto a partir desta ediccedilatildeo Importante tambeacutem destacar que consultado um verbete eacute bem provaacutevel que o leitor tambeacutem tenha a necessidade de consultar outros jaacute que vaacuterias das expressotildees aqui elencadas estatildeo inter-relacionadas

Esperamos que de fato esse material possa ser uacutetil a estudan-tes de Letras Pedagogia Comunicaccedilatildeo Social Tecnologias de In-formaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo bem como a mestrandos doutorandos e demais pesquisadores interessados nas temaacuteticas abordadas Todas as criacuteticas e contribuiccedilotildees seratildeo bem-vindas

1 Para uma leitura criacutetica do manifesto ver o artigo de Ana Elisa Ribeiro ldquoQue futuros rede-senhamos Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o seacuteculo XXIrdquo publicado no v 9 da revista Diaacutelogo das Letras em 2020 Tambeacutem a revista Linguagem em Foco v 13 n 2 de 2021 faz uma homenagem aos 25 anos do manifesto com vaacuterios artigos relacionados e outra traduccedilatildeo

A

70

AFFORDANCES (Propiciamento)

A palavra affordance faz parte do leacutexico da liacutengua inglesa Embora natildeo possua uma versatildeo mais exata em portuguecircs convencionou-se tra-duzi-la por propiciaccedilatildeo no acircmbito da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva Esse conceito designa a capacidade que certos objetos demonstram para despertar a intuiccedilatildeo dos usuaacuterios da liacutengua Um exemplo de affordance eacute aquilo que acontece com o botatildeo de uma caixa de descarga acoplada a um vaso sanitaacuterio sua funccedilatildeo eacute clara e prescinde de explicaccedilatildeo preacutevia Apertaacute-lo para acionar a descida da aacutegua eacute algo intuitivo Ao desejar limpar a bacia o usuaacuterio eacute convidado (pela situaccedilatildeo em si) a pressionar o dispositivo sem ter recebido instruccedilatildeo anterior para que entendes-se aquela funcionalidade A situaccedilatildeo em si propicia a possibilidade de pressionaacute-lo O processo da affordance pode ser compreendido por meio da Teoria Cognitivista que trata dentre outros temas da atenccedilatildeo e da percepccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de problemas Tal conceito eacute largamente ex-plorado por desenhistas industriais que buscam criar produtos cujo uso seja cada vez mais autoexplicativo Ao manusear um teclado de computador por exemplo ateacute mesmo um digitador iniciante tenderaacute a pressionar intuitivamente a tecla caso deseje aumentar a luminosi-dade da tela Provavelmente natildeo o faraacute por estar repetindo um ato que lhe foi ensinado A posiccedilatildeo estrateacutegica da tecla (bem abaixo da tela) e o siacutembolo que traz agrave mente a imagem do Sol induzem o usuaacuterio agrave dedu-ccedilatildeo daquela funcionalidade Um dos empregos mais modernos da affor-dance verifica-se na produccedilatildeo de aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Os iacutecones presentes neles afinal precisam remeter facilmente ao comando que desencadeiam durante a comunicaccedilatildeo homemmaacute-quina O conceito de propiciaccedilatildeo estaacute presente por isso em discussotildees sobre a anaacutelise e o desenvolvimento de miacutedias digitais utilizaacuteveis na educaccedilatildeo remota das quais os apps satildeo exemplos Isso ocorre porque a interrupccedilatildeo momentacircnea do contato entre o docente e o discente gera a necessidade de que este seja capaz de executar atividades de forma au-tocircnoma Eacute fundamental que as miacutedias utilizadas na educaccedilatildeo remota no acircmbito do ensino hiacutebrido propiciem um ambiente adequado para a aprendizagem

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasBROCH Joseacute Carlos O conceito de affordance como estrateacutegia generativa no design de produtos orientado para a versatilidade 2010 99 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Design e Tecnologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010

EYSENK Michael W KEANE Mark T Manual de Psicologia Cognitiva 7 ed Porto Alegre Artmed 2017

A

71

ALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1930 e utilizado pelo exeacutercito estadunidense du-rante a Segunda Guerra Mundial indicando a capacidade de entender instruccedilotildees escritas e publicaccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tare-fas militares O Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) pesquisa aplicada no Brasil a partir do iniacutecio do seacuteculo XXI define quatro niacuteveis de alfabetismo 1) Analfabetismo corresponde agrave condiccedilatildeo dos que natildeo conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela desses sujeitos consiga ler nuacutemeros fa-miliares (nuacutemeros de telefone preccedilos etc) 2) Niacutevel rudimentar corres-ponde agrave capacidade de localizar uma informaccedilatildeo expliacutecita em textos curtos e familiares (como por exemplo num anuacutencio ou numa pequena carta) ler e escrever nuacutemeros usuais e realizar operaccedilotildees simples como manusear dinheiro para pagamento de pequenas quantias ou fazer me-didas de comprimento usando a fita meacutetrica 3) Niacutevel baacutesico as pes-soas classificadas neste niacutevel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas pois jaacute leem e compreendem textos de meacutedia extensatildeo localizam informaccedilotildees mesmo que seja necessaacuterio realizar pequenas inferecircncias leem nuacutemeros na casa dos milhotildees resolvem problemas envolvendo uma sequecircncia simples de operaccedilotildees e tecircm noccedilatildeo de pro-porcionalidade 4) Niacutevel pleno classificadas neste niacutevel as pessoas cujas habilidades natildeo mais impotildeem restriccedilotildees para compreender e interpre-tar textos em situaccedilotildees usuais leem textos mais longos analisando e re-lacionando suas partes comparam e avaliam informaccedilotildees distinguem fato de opiniatildeo realizam inferecircncias e siacutenteses Quanto agrave matemaacutetica resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle envol-vendo percentuais proporccedilotildees e caacutelculo de aacuterea aleacutem de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e graacuteficos

A Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidadas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) considera alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente agraves demandas de seu con-texto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se de-senvolvendo ao longo da vida De acordo com o INAF satildeo considerados analfabetos funcionais os niacuteveis 1 e 2 e alfabetizados funcionalmente os niacuteveis 3 e 4 Em poucas palavras alfabetismo funcional eacute a capacidade que o indiviacuteduo tem de utilizar a leitura e a escrita no conviacutevio social

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINAF BRASIL 2011 Indicador de Alfabetismo Funcional principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-de-resultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

A

72

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

ALFABETIZACcedilAtildeO

A palavra alfabetizaccedilatildeo etimologicamente vem do latim alphabētum e do grego alphaacutebētos a partir de suas duas primeiras letras alfa e beta Segundo o dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa a palavra alfabeti-zaccedilatildeo significa algo como ldquoato ou efeito de alfabetizar de ensinar as primeiras letrasrdquo Assim uma pessoa alfabetizada eacute considerada como ldquoaquela que domina as primeiras letrasrdquo que domina as habilidades baacutesicas ou iniciais de ler e escrever

A histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo estaacute dividida em quatro periacuteodos O pri-meiro teve iniacutecio na Antiguidade e se estendeu ateacute a Idade Meacutedia uti-lizando-se apenas o meacutetodo da soletraccedilatildeo O segundo periacuteodo ocorreu durante os seacuteculos XVI e XVII e se estendeu ateacute a deacutecada de 1960 sendo marcado pela rejeiccedilatildeo ao meacutetodo soletraccedilatildeo e pela criaccedilatildeo de novos meacute-todos sinteacuteticos e analiacuteticos surgindo nesse periacuteodo a criaccedilatildeo das car-tilhas amplamente utilizadas para ensinar a ler e a escrever no Brasil e em outros paiacuteses O terceiro periacuteodo iniciou-se em meados da deacutecada de 1980 com a divulgaccedilatildeo da teoria da Psicogecircnese da liacutengua escrita Considera-se que estamos vivendo o quarto periacuteodo denominado de ldquoreinvenccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeordquo surgido em decorrecircncia dos reiterados indicadores do fracasso da alfabetizaccedilatildeo (neste caso estamos tratando do Brasil) Atualmente discute-se bastante a necessidade da organiza-ccedilatildeo do trabalho docente e a sistematizaccedilatildeo do ensino para ldquoalfabetizar letrandordquo tanto no acircmbito acadecircmico quanto no escolar

Como podemos perceber o conceito de alfabetizaccedilatildeo vem sofrendo modificaccedilotildees devido agraves necessidades sociais e poliacuteticas Simplesmente decodificar e codificar letras ou saber ler escrever e contar natildeo atende mais agraves reais necessidades do mundo contemporacircneo letrado e conecta-do Eacute preciso que as crianccedilas compreendam as funccedilotildees sociais tanto da leitura e da escrita e que faccedilam uso adequado delas em seu cotidiano Especialistas destacam que na praacutetica pedagoacutegica a aprendizagem da liacutengua escrita ainda que inicial deve ser tratada em sua totalidade a alfabetizaccedilatildeo deve integrar-se com o desenvolvimento das habilidades

A

73

de uso do sistema alfabeacutetico ndash com o letramento embora os dois proces-sos tenham especificidades quanto a seus objetos de conhecimento e aos processos linguiacutesticos e cognitivos de apropriaccedilatildeo desses objetos Dissociar alfabetizaccedilatildeo de letramento teria como consequecircncia levar a crianccedila a uma concepccedilatildeo distorcida e parcial da natureza e das funccedilotildees da liacutengua escrita em nossa cultura

Tatildeo importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita eacute poder se engajar em praacuteticas sociais letradas respondendo aos inevitaacuteveis apelos de uma cultura grafocecircntrica Assim enquanto a alfabetizaccedilatildeo se ocupa da aquisiccedilatildeo da escrita por um indiviacuteduo ou grupo de indiviacuteduos o letramento focaliza os aspectos soacutecio-histoacutericos de seus usos em uma sociedade

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou simplesmente AVA ndash do inglecircs Virtual Learning Environment (VLE) ndash eacute uma expressatildeo usada para tratar de um ambiente digital integrado que possibilita a interaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo entre professores tutores e estudantes (e outros agentes da chamada Educaccedilatildeo a Distacircncia) Essas interaccedilotildees podem ser siacutencro-nas (aquelas em que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo dos diferentes agentes no mesmo instante) ou assiacutencronas (natildeo eacute necessaacuterio que os agentes estejam conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam execu-tadas) Em um AVA eacute possiacutevel disponibilizar materiais variados como viacutedeos planilhas questionaacuterios atividades avaliaccedilotildees aleacutem de dispo-nibilizar arquivos de textos foacuteruns chats Wiki e fornecer feedbacks agraves tarefas realizadas enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem Existem interfaces como o Moodle (httpmoodlecom) e o Edmodo (httpswwwedmodocom) que auxiliam na organizaccedilatildeo desses ma-

A

74

teriais pois satildeo softwares livres executados em um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa Nos AVA os alunos tecircm a oportunidade de estudar de se encontrar a qualquer hora interagindo com os conteuacutedos propostos pelos professores e mediados pelos tutores Os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem espaccedilos virtuais ideais para que os alunos possam se reunir compartilhar colaborar e aprender juntos Destaca-se ainda que no Brasil esses ambientes virtuais ou plataformas para educaccedilatildeo on-line ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem mas aleacutem desse receberam nomes e siglas diferentes em portuguecircs e em inglecircs tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments - IDLE) sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System - LMS) e espaccedilos virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces - VLE) Trata-se entatildeo de espaccedilos de aprendizagem em que os interlocutores do processo interagem construindo aprendizagens signi-ficativas e reunindo interfaces siacutencronas e assiacutencronas integradas Ou-tro exemplo de AVA eacute o Google Classroom uma plataforma LMS gratuita que tem como objetivo apoiar professores em sala de aula melhorando a qualidade do ensino A plataforma Google Classroom constitui um ser-viccedilo desenvolvido pela divisatildeo da Google for Education que permite ao professor criar turmas virtuais enviar mensagens disponibilizar ava-liaccedilotildees receber os trabalhos dos alunos otimizar a comunicaccedilatildeo entre professores e alunos postar atualizaccedilotildees das aulas e tarefas de casa adicionar ou remover alunos e enviar feedbacks dos trabalhos realiza-dos Aleacutem disso essa sala de aula virtual permite que o professor lance as notas das atividades concluiacutedas para que sejam visualizadas pelos estudantes A cada nova atividade inserida os estudantes recebem uma mensagem em seus e-mails O serviccedilo eacute integrado ao Google Drive fazen-do parte da suiacutete de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google Docs e Slide Para ter acesso ao serviccedilo do Google Classroom eacute preciso possuir uma conta de e-mail institucional de escola puacuteblica ou privada cadastrada no banco de dados da Google for Education A utilizaccedilatildeo dessas ferramentas corrobora para a autonomia e construccedilatildeo coletiva do conhecimento possibilitando a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos no processo educacional

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

ReferecircnciasBACICH L et al Ensino hiacutebrido Personalizaccedilatildeo e tecnologia na educaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2015

DAUDT Luciano 6 Ferramentas do Google Sala de Aula que vatildeo incrementar sua aula Florianoacutepolis Qinetwork 29 set 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwqinetworkcombr6-ferramentas-do-google-sala-de-aula-que-vao-incrementar-sua-aulagt Acesso em 15 jul 2020

A

75

PAIVA Vera Menezes de O Ambientes virtuais de aprendizagem implicaccedilotildees epistemoloacutegicas Educaccedilatildeo em Revista Belo Horizonte v 26 nordm 3 dez 2010

PEREIRA Ives da Silva Duque Uma experiecircncia de ensino hiacutebrido utilizando a plataforma Google Sala de Aula In SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA ENCONTRO DE PESQUISADORES DE EDUCACcedilAtildeO A DISTANCIA 2016 Satildeo Carlos (SP) Anais [] Satildeo Carlos (SP) 2016 p 1-6 Disponiacutevel em lthttpwwwsied-enped2016eadufscarbrojsindexphp2016articleview1005gt Acesso em 15 jul 2020

ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo analfabetismo se divide em duas vertentes o analfabetis-mo absoluto e o analfabetismo funcional No primeiro caso o sujeito natildeo teve nenhum ou teve pouco acesso agrave educaccedilatildeo No segundo caso o sujeito eacute capaz de identificar letras e nuacutemeros mas natildeo consegue interpretar textos e realizar operaccedilotildees matemaacuteticas mais complexas As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indiviacuteduo O conceito de analfabetismo funcional surgiu na deacutecada de 1930 nos Estados Unidos da Ameacuterica durante a Segunda Guerra Mundial Ele foi utilizado para indicar a capacidade de entendimento de instruccedilotildees escritas necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tarefas militares

O analfabetismo funcional natildeo deve ser tratado como um conceito universal pois varia no tempo e no espaccedilo e a proacutepria distinccedilatildeo entre paiacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento altera tal conceito Uma definiccedilatildeo adotada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatiacutestica (IBGE) e aceita pela Organizaccedilatildeo das Naccediloes Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) eacute a de que analfabetos fun-cionais satildeo pessoas agraves quais falta domiacutenio de habilidades em leitura escrita caacutelculos e ciecircncias correspondentes a uma escolaridade de ateacute trecircs anos completos do ensino fundamental No Brasil os ciclos do ensi-no fundamental e meacutedio satildeo formados por 11 anos de estudo completos e constituem a educaccedilatildeo baacutesica no paiacutes

A UNESCO define analfabetismo funcional como a situaccedilatildeo de ins-truccedilatildeo de algueacutem que assina o proacuteprio nome ou eacute capaz de fazer caacutel-culos simples e ler palavras e frases isoladas mas natildeo eacute capaz de inter-pretar o sentido dos textos natildeo eacute capaz de usar a leitura e a escrita para seu desenvolvimento pessoal nem para fazer frente agraves suas demandas sociais A ocorrecircncia de analfabetismo funcional em determinada po-pulaccedilatildeo costuma ser medida de duas formas principais uma indireta que considera analfabeto funcional os indiviacuteduos com 15 anos ou mais que natildeo concluiacuteram quatro anos de estudo completos e uma direta

A

76

mensurada por testes especiacuteficos para habilidades em leitura escrita e caacutelculos aritmeacuteticos em amostragens populacionais

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINDICADOR Nacional de Alfabetismo Funcional INAF 2011 principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-deresultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

APLICATIVO PARA A APRENDIZAGEM DE LIacuteNGUAS

Um aplicativo eacute um programa de computador (software) geralmen-te utilizado em dispositivos moacuteveis A ideia do que seria um aplicativo fortaleceu a partir da deacutecada de 1970 periacuteodo em que empresas priva-das movidas por interesses financeiros decidiram facilitar o alcance de cidadatildeos comuns aos computadores Interessava aos empreendedores da eacutepoca que as maacutequinas se popularizassem natildeo por mera generosi-dade ou responsabilidade social mas para que estimulasse o consumo A tecnologia foi se especializando a fim de atender a necessidades cole-tivas e individuais cada vez mais direcionadas Os dispositivos em que os primeiros aplicativos foram instalados se apresentavam como enor-mes caixas fixas e pesadas dentro das quais se escondia um emaranha-do de fios e conexotildees O alto preccedilo inviabilizava sua real democratiza-ccedilatildeo Nos anos 1990 graccedilas ao esforccedilo conjunto de pesquisadores aliado ao interesse monetaacuterio da induacutestria da Comunicaccedilatildeo concebeu-se o primeiro dispositivo moacutevel capaz de abrigar um aplicativo era o IBM Simon pioneiro dos atuais smartphones Atualmente os telefones inteli-gentes satildeo capazes de hospedar uma gama de aplicativos ou apps como satildeo popularmente conhecidos Alguns dos mais famosos satildeo o Uber (destinado agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo de transporte veicular temporaacuterio) o Spotify (voltado para o entretenimento musical e a difusatildeo de podcasts) o aiqfome (em que se encomendam alimentos prontos) e o WhatsApp (in-tercambiador de mensagens multimodais) Muitos satildeo disponibiliza-dos gratuitamente para download em plataformas como a Google Play Store Os aplicativos geram renda para seus desenvolvedores a partir de anuacutencios comerciais que satildeo exibidos aos usuaacuterios durante sua uti-lizaccedilatildeo Em 2020 forccedilados pela pandemia de Covid-19 os aplicativos moacuteveis passaram a ser amplamente empregados na educaccedilatildeo remota estabelecendo pontes entre docentes e discentes devido agrave necessidade

A

77

de distanciamento social Por demonstrarem potencial enquanto ferra-mentas utilizaacuteveis no ensino hiacutebrido os aplicativos destinados ao ensino e agrave aprendizagem de liacutenguas estrangeiras vecircm ganhando destaque nos uacuteltimos anos Trabalham as quatro habilidades baacutesicas audiccedilatildeo fala lei-tura e escrita Entre os mais proeminentes destacam-se o Hello Talk o Rosetta Stone e o Duolingo Este uacuteltimo jaacute conta com mais de trezentos milhotildees de usuaacuterios em todo o mundo O resultado do seu teste de pro-ficiecircncia jaacute eacute aceito em instituiccedilotildees renomadas como a Harvard Extension School Os aplicativos (ou simplesmente apps) estatildeo enfim definitiva-mente incorporados ao quotidiano das sociedades modernas

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFRAGA Nayara Como o Duolingo chegou a 300 milhotildees de downloads sem propaganda nenhuma Eacutepoca Negoacutecios 2018 Disponiacutevel em lthttpsepocanegociosglobocomTecnologianoticia201810como-o-duolingo-chegou-300-milhoes-de-downloads-sempropaganda-nenhumahtmlgt Acesso em 2 jul 2020

MAGGI Lecticia Vocecirc sabia Harvard Extension School aceita teste de inglecircs do Duolingo ESTUDARFORAORG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwestudarforaorgbrteste-deingles-de-us-20-a-harvard-extension-school-aceitagt Acesso em 2 jul 2020

PRIMEIRO smartphone completa 20 anos BBC News Brasil 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwbbccomportuguesenoticias201408140815_smartphone_vinte_anos_rbgt Acesso em 1 jul 2020

VOLTOLINI Ramon Conheccedila o primeiro smartphone da Histoacuteria Tecmundo 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrcelular59888-conheca-primeiro-smartphone-historia-galeriashtmgt Acesso em 2 jul de 2020

WAZLAWICK Raul Sidnei Histoacuteria da computaccedilatildeo Rio de Janeiro Elsevier 2016

APRENDIZAGEM BASEADA EM INVESTIGACcedilAtildeO (Inquiry-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Investigaccedilatildeo (ABI) eacute uma metodolo-gia que se pauta no estiacutemulo do desenvolvimento da autonomia dos alunos levando-os agrave produccedilatildeo dos proacuteprios meacutetodos investigativos Vejamos uma ilustraccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dessa metodologia de ensino e aprendizagem o professor propotildee um questionamento inicial e os alu-nos individualmente ou em grupo desenvolvem suas anaacutelises a res-peito do problema apresentado Com isso a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo (ou inqueacuterito) despertou a caracteriacutestica latente que consti-tui o ser humano em descobrir o mundo a partir de sua curiosidade A aprendizagem por investigaccedilatildeo apresenta semelhanccedilas com a investi-gaccedilatildeo cientiacutefica envolve a pesquisa anaacutelise siacutentese avaliaccedilatildeo e genera-lizaccedilatildeo de dados de preferecircncia num processo colaborativo visando a

A

78

caracterizaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de uma situaccedilatildeo-problema concreta Dentro dessa perspectiva haacute o desdobramento das metodologias de inqueacuteri-to atraveacutes das estrateacutegias de aprendizagem por descoberta o inqueacuterito indutivo a instruccedilatildeo ancorada o estudo de caso e a Aprendizagem Ba-seada em Problemas ou Projetos (ABP) As fases e subfases encontradas na ABI referem-se agrave orientaccedilatildeo contextualizaccedilatildeo investigaccedilatildeo discus-satildeo e conclusatildeo com atividades mais especiacuteficas sendo desenvolvidas em cada uma destas etapas Os princiacutepios-chave dessa metodologia compreendem que todas as atividades de aprendizagem enfatizam as habilidades de processamento de informaccedilatildeo (observaccedilatildeo-siacutentese) tendo como objetivo a apreensatildeo de conteuacutedo definido a partir de um contexto conceitual amplo Nesse processo de aprendizagem o profes-sor recurso e tecnologia satildeo vistos como elementos sistecircmicos usados como suporte para a aprendizagem O professor tambeacutem eacute visto como facilitador pautando seu trabalho a partir dessa abordagem e buscando compreender melhor o contexto de aprendizagem do seu aluno Em se tratando de metodologias ativas encontram-se discutidas em biblio-grafia especiacutefica duas perspectivas bastante divulgadas o Ensino por Investigaccedilatildeo tambeacutem denominado inquiry na bibliografia internacional utilizada na educaccedilatildeo cientiacutefica e a Aprendizagem Baseada em Proble-mas tambeacutem conhecida como Problem-Based Learning (PBL) utilizada principalmente em cursos de graduaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede A Apren-dizagem Baseada em Investigaccedilatildeo se destaca por resultados positivos em diferentes pesquisas da aacuterea Haacute diferentes abordagens dentro da ABI algumas se pautam no desenvolvimento do pensamento cientiacutefico ldquoInvestigaccedilatildeo Cientiacutefica Autecircnticardquo ldquoInvestigaccedilatildeo Guiada ou Mediadardquo na qual o docente acompanha as fases que constituem a investigaccedilatildeo para aleacutem do ensino dos conteuacutedos no intuito de desenvolver o pen-samento cientiacutefico Nessa abordagem os estudantes satildeo envolvidos em atividades investigativas por meio da apresentaccedilatildeo de situaccedilotildees-pro-blema em que devem aplicar os procedimentos cientiacuteficos que levem a conclusotildees suportadas por argumentos fundamentados Estimula-se que os alunos criem perguntas pesquisem informaccedilotildees estruturem e conduzam a investigaccedilatildeo analisem os dados elaborarem conclusotildees e comuniquem os resultados No entanto eacute importante que o estudante se mantenha em estado reflexivo para que compreenda a natureza do trabalho cientiacutefico em que estaacute envolvido A alternacircncia entre o fazer e o refletir eacute que proporciona aos estudantes as habilidades de investiga-ccedilatildeo bem como um melhor entendimento sobre o que estaacute desenvolven-do Em outras palavras o intuito eacute que os estudantes aprendam a fazer a investigaccedilatildeo bem como aprendam sobre a investigaccedilatildeo

Luanna Amorim Vieira da Silva

A

79

ReferecircnciasVIEIRA Fabiana Andrade da Costa Ensino por Investigaccedilatildeo e Aprendizagem Significativa Criacutetica anaacutelise fenomenoloacutegica do potencial de uma proposta de ensino Orientador Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani 2012 149 f Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) - Faculdade de Ciecircncias Universidade Estadual Paulista - UNESP Bauru 2012 Disponiacutevel em lthttpsrepositoriounespbrbitstreamhandle11449102039vieira_fac_dr_baurupdfsequence=1ampisAllowed=ygt Acesso em 25 nov 2020

PBWORKS Aprendizagem baseada em Inqueacuterito (Inquiry Based Learning) Disponiacutevel em lthttptictrabalhodeprojectopbworkscomwpage40204926Aprendizagem20baseada20em20InquC3A9rito2028Inquiry20Based20Learning29gt Acesso em 25 nov 2020

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS(Project-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se fundamenta nas concepccedilotildees sobre ensino e aprendizagem difundidas pelo filoacutesofo e educador John Dewey (1859-1952) As discussotildees em torno desse mo-delo de aprendizagem emergiram em concomitacircncia com outros aspec-tos que compotildeem as alternativas metodoloacutegicas das chamadas meto-dologias ativas descritas como o Ensino sob Medida ou Just-in-Time Teaching a Instruccedilatildeo pelos Colegas ou Peer Instruction a Aprendizagem Baseada em Equipes ou Team-Based Learning e a Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project-Based Learning propriamente dita Essas alterna-tivas surgem de forma a atender as exigecircncias ocasionadas pelas dinacirc-micas de transformaccedilotildees caracteriacutesticas de uma sociedade tecnoloacutegica Nesse sentido modificam percepccedilotildees sobre os elementos que consti-tuem o ensino e que produzem ajustes na forma de abordar as concep-ccedilotildees sobre aprendizagem e o engajamento e a proatividade do aluno se tornam aspectos preponderantes no processo de aprendizagem no acircmbito da ABP Essa metodologia eacute caracterizada por centralizar em sua execuccedilatildeo o aspecto colaborativo em articulaccedilatildeo com interdiscipli-naridade ao gerir e produzir conteuacutedos e assim articulaacute-los de forma a promover a resoluccedilatildeo ou concretizaccedilatildeo de algo Assim a ldquoinstruccedilatildeordquo natildeo deveria preceder o projeto mas estar integrada a ele e partir dessa integralidade para prover mobilidade interatividade dinacircmica diaacutelo-go conexotildees em correspondecircncia entre os colaboradores do processo dar visibilidade agrave sincronia das aprendizagens dos alunos valorizando e viabilizando os processos interativos Poderia tambeacutem dar maior cen-tralidade a esse processo por voltar-se agrave maneira como o aluno percebe a sua aprendizagem ao assumir-se ativamente em cada etapa A ava-liaccedilatildeo eacute vista atraveacutes da articulaccedilatildeo entre distintas dinacircmicas do pro-cesso participaccedilatildeo e efetividade do aluno nas diferentes possibilidades

A

80

de aprender e atender as demandas do seu cotidiano Atenta-se para as distintas abordagens da ABP ambas as perspectivas de aprendizagens possuem problemas a serem resolvidos mas uma eacute baseada em projetos ou seja haacute um processo a ser planejado para se atingir determinado fim a partir de etapas que constitui a metodologia de trabalho escolhida dentre esses aspectos e que culmina com um produto Jaacute na aprendiza-gem baseada em problemas a centralidade estaacute em resolver investigar problematizar colaborativamente a resoluccedilatildeo de uma questatildeo natildeo haacute obrigatoriedade de culminar num produto

Luanna Amorim Vieira da Silva

ReferecircnciasMASSON Terezinha Jocelen et al Metodologia de ensino aprendizagem baseada em projetos (pbl) XL CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCACcedilAtildeO EM ENGENHARIA (COBENGE) Anais Beleacutem PA 2012

SANTORO Flaacutevia Maria et al Modelo de cooperaccedilatildeo para aprendizagem baseada em projetos uma linguagem de padrotildees THE FIRST LATIN AMERICAN CONFERENCE ON PATTERN LANGUAGES OF PROGRAMMING (SUGARLOAF PLOP) Rio de Janeiro 2001

AUTOR-PESSOA E AUTOR-CRIADOR

Autor-pessoa e autor-criador satildeo dois conceitos apresentados pelo pensador russo Mikhail Bakhtin no texto O autor e a personagem na ativi-dade esteacutetica (1921-1922) Segundo o teoacuterico o autor-pessoa eacute o escritor a pessoa fiacutesica um componente da vida e natildeo estaacute relacionado ao prin-ciacutepio criador existente na relaccedilatildeo autor-personagem jaacute o autor-criador eacute compreendido como a funccedilatildeo esteacutetico-formal engendradora da obra um constituinte do objeto esteacutetico O autor-criador tem como caracte-riacutestica central a capacidade de materializar certa relaccedilatildeo axioloacutegica com o heroacutei e seu mundo Eacute por meio dessa funccedilatildeo autor-criador do posi-cionamento axioloacutegico que o social o histoacuterico e o cultural se tornam elementos imanentes do objeto esteacutetico O autor-criador daacute forma a um conteuacutedo faz um recorte de alguns aspectos do plano da vida e os or-ganiza de um modo novo esteticamente Essa transposiccedilatildeo do plano da vida para o plano esteacutetico (arte) ocorre por meio de um vieacutes valorativo consubstanciado no autor-criador que eacute uma posiccedilatildeo refratada e ao mesmo tempo refratante Refratada porque trata de uma posiccedilatildeo axio-loacutegica recortada pelo vieacutes valorativo do autor-pessoa e refratante pois eacute a partir dela que se recorta e reordena esteticamente os eventos da vida

Ana Claacuteudia Rola Santos

C

81

ReferecircnciasA CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

FARACO C A Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje v 46 n 1 p 21-26 20 jul 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

CIacuteRCULO DE BAKHTIN

Grupo de intelectuais russos de formaccedilatildeo literaacuteria filosoacutefica cientiacute-fica eou artiacutestica a maioria professores que apoacutes Revoluccedilatildeo Russa em 1918 reuniram-se na cidade de Nieacutevel e posteriormente de 1924 a 1929 em Vitesbk e Leningrado para atraveacutes do diaacutelogo entre as diferentes aacutereas do conhecimento construiacuterem uma linha de pensamento com base em um posicionamento soacutelido diante da linguagem e da vida Esses intelectuais apesar de discordarem em vaacuterios aspectos tinham em co-mum a concepccedilatildeo de linguagem fundamentada na interaccedilatildeo verbal no enunciado concreto no signo ideoloacutegico e no dialogismo considerando que a base de sustentaccedilatildeo da discussatildeo da linguagem verbal da litera-tura seja a mesma de outras linguagens Embora os textos produzidos pelo Ciacuterculo fossem assinados essa produccedilatildeo provocou uma questatildeo de autoria uma vez que toda discussatildeo proposta pelo grupo baseava-se no diaacutelogo no sentido bakhtiniano da palavra no qual as ideias circulam entre os atores do discurso O produto final eacute portanto advindo desse pensamento comunitaacuterio Haacute escritos construiacutedos a mais de duas matildeos sob pseudocircnimos e trocas de identidades que era tambeacutem uma forma de resistecircncia ao stalinismo totalitarista Um exemplo dessa questatildeo eacute a produccedilatildeo de Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) Valentin Volochinov (1895 ndash 1936) e Pavel Medieacutedev (1891 ndash 1938) que em um primeiro momen-to foi atribuiacuteda a Bakhtin Posteriormente houve um movimento para determinar a autoria de Volochinov e Medieacutedev e hoje jaacute eacute possiacutevel distinguir esses autores e seus respectivos textos Esses textos comeccedila-ram a ser lidos e discutidos mais fortemente no Brasil no final dos anos 1980 e iniacutecio dos anos 1990 A primeira obra traduzida para o portuguecircs foi Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1979 pela editora Hucitec a partir de uma ediccedilatildeo francesa A autoria eacute atribuiacuteda a Bakhtin e entre parecircnteses estaacute escrito Volochinov dando a entender tratar-se da mes-ma pessoa Em 2017 surge a primeira ediccedilatildeo de Marxismo e Filosofia da Linguagem Editora 34 feita diretamente do russo Na capa a autoria eacute

C

82

atribuiacuteda a Valentin Volochinov e entre parecircnteses estaacute escrito Ciacuterculo de Bakhtin o que jaacute situa a autoria no contexto do Ciacuterculo

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasBRAIT Beth Dialogismo e Polifonia em Mikhail Bakhtin e o Ciacuterculo (dez obrasfundamentais) Disponiacutevel em lthttpsfflchuspbrsitesfflchuspbrfiles2017-Bakhtinpdfgt Acesso em 17 jun 2020

BRAIT Beth GRILLO Sheylla A Atualidade de Bakhtin um pensador sobre a humanidade em transformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsaovivoabralinorglivesbeth-braitgt Acesso em 1 jul 2020

CONTEXTO

Do latim contextus contexto eacute uma palavra que pode ser definida como uma situaccedilatildeo ou ambiente fiacutesico em que um conjunto de circuns-tacircncias nas quais se produz a mensagem que se deseja emitir ndash lugar e tempo emissor e receptor etc ndash permite sua compreensatildeo mais ade-quada e mais correta No caso de um texto o contexto eacute essencial para uma leitura mais eficaz aproximando o interlocutorleitor do sentido que o locutorescritor quis imprimir a esse texto Sendo assim para entender determinadas situaccedilotildees ou mensagens a serem transmitidas eacute necessaacuterio que haja a uniatildeo entre o texto e o contexto que colocados em adjacecircncia servem para lembrar que satildeo aspectos do mesmo processo Metaforicamente pode-se pensar que haacute um texto e um outro texto que o acompanha e que se denomina contexto O que estaacute dentro da ideia lsquocom o textorsquo estaacute na verdade aleacutem do texto em uma situaccedilatildeo discursi-va A esse contexto denomina-se de contexto de situaccedilatildeo Eacute a situaccedilatildeo de uso da linguagem o ambiente do texto O contexto situacional eacute for-mado por informaccedilotildees que estatildeo fora do texto sejam elas histoacutericas ge-ograacuteficas socioloacutegicas ou literaacuterias Portanto os elementos linguiacutesticos escolhidos por um produtor de texto assim como as informaccedilotildees por ele selecionadas e o modo como ele as organiza depende das condiccedilotildees de produccedilatildeo O contexto contribui de forma significativa na construccedilatildeo da leitura de mundo de todo indiviacuteduo assim como afirma o educador Paulo Freire (1989) a interaccedilatildeo do sujeito com o seu contexto iraacute possi-bilitar a construccedilatildeo de leituras diversificadas do proacuteprio mundo e de qualquer texto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

ReferecircnciasFREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler em trecircs artigos que se completam Satildeo Paulo Autores Associados Cortez 1989

C

83

HALLIDAY MAK HASAN R Language context and text aspects of language in a social-semiotic perspective New York Oxford Press 1989

TRAVAGLIA Luiz Carlos Gramaacutetica e interaccedilatildeo uma proposta para o ensino da gramaacutetica no 1ordm e 2ordm graus 8 ed Satildeo Paulo Cortez 2002

CROSSMIacuteDIA

A palavra crossmiacutedia estaacute originalmente relacionada agrave publicidade As agecircncias de publicidade e propaganda investem na produccedilatildeo de um conteuacutedo que eacute distribuiacutedo por diferentes plataformas midiaacuteticas Tem--se assim uma mesma mensagem com o mesmo conceito mas com um formato especiacutefico para o meio no qual deveraacute circular A taacutetica eacute a dis-tribuiccedilatildeo do mesmo conteuacutedo em diversas miacutedias O objetivo eacute atingir o maior nuacutemero de pessoas atraveacutes de canais diferentes

Glaacuteucio Antocircnio Santos

ReferecircnciasLOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Convergecircncia de miacutedias e jornalismo In TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Accedilatildeo Pesquisa e Reflexatildeo sobre a docecircncia na formaccedilatildeo do jornalista em tempos de convergecircncia das miacutedias digitais Dissertaccedilatildeo (Mestre em Educaccedilatildeo) - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais Belo Horizonte 2007 p 255 Disponiacutevel em lthttpswwwacademiaedu2084363ConvergC3AAncia_de_mC3ADdias_e_jornalismogt Acesso em 19 jul 2020

CULTURAS HIacuteBRIDAS E HIBRIDISMO CULTURAL

Chamamos de culturas hiacutebridas o rompimento de barreiras que se-param estruturas socioculturais diferentes diminuindo as fronteiras entre o que eacute considerado culto ou erudito e o que eacute considerado po-pular ou de massa A expressatildeo ldquoculturas hiacutebridasrdquo ganha notoriedade no acircmbito acadecircmico a partir de publicaccedilotildees do antropoacutelogo Neacutestor Garciacutea Canclini O antropoacutelogo chama de hibridismo cultural o pro-cesso em que duas ou mais culturas distintas se mesclam abrangendo tambeacutem os aspectos econocircmicos e poliacuteticos Como exemplo podemos citar a proacutepria constituiccedilatildeo do povo brasileiro a partir de colonizadores europeus (principalmente os portugueses) os indiacutegenas que aqui vi-

C D

84

viam e os africanos trazidos para caacute e escravizados Somam-se a esses trecircs grupos a imigraccedilatildeo de asiaacuteticos (japoneses chineses) libaneses turcos siacuterios e outros grupos que para caacute vieram ao longo da histoacuteria Eacute importante lembrar que em muitos casos certos grupos natildeo aceitam ou natildeo querem a hibridaccedilatildeo cultural permanecendo cada um em suas respectivas ldquobolhasrdquo Podemos observar essa questatildeo tambeacutem numa perspectiva microssocial em que o tradicional se mistura ao moderno e o culto ao popular Pensemos por exemplo na apropriaccedilatildeo de uma obra de arte renascentista como a pintura La Gioconda retrato da Mona Lisa e sua apropriaccedilatildeo pela publicidade ou por uma histoacuteria em quadrinhos O avanccedilo das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) tem proporcionado essa hibridaccedilatildeo entre objetos culturais distintos de-vido ao desenvolvimento de softwares e aplicativos que permitem remi-xagens de obras distintas e de campos diferentes

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasCANCLINI Neacutestor Garciacutea Culturas hiacutebridas estrateacutegias para entrar e sair da modernidade Satildeo Paulo EDUSP 2007

DIALOGISMO

Conceito desenvolvido por Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) no ensaio publicado em 1963 intitulado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a par-tir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacute-vski (1821-1881) Bakhtin parte do princiacutepio de que a linguagem eacute uma realidade muacuteltipla e heterogecircnea e a verdadeira substacircncia da liacutengua eacute constituiacuteda nas interaccedilotildees verbais via enunciaccedilatildeo ou enunciaccedilotildees Dessa forma o discurso (liacutengua concreta viva) eacute construiacutedo a partir do discurso do outro e o sujeito eacute construiacutedo pelo outro por meio da linguagem Nessa perspectiva o sujeito tem um projeto de fala que natildeo depende soacute da sua intenccedilatildeo depende do outro com quem se fala do ou-tro ideoloacutegico forjado por outros discursos do contexto Sendo assim o dialogismo eacute caracteriacutestica essencial da linguagem eacute a condiccedilatildeo do sen-tido do discurso compreende a palavra em constante movimento e as relaccedilotildees dialoacutegicas como relaccedilotildees semacircnticas em toda a espeacutecie de diaacute-logo Em qualquer momento do desenvolvimento do diaacutelogo sentidos esquecidos poderatildeo vir agrave tona seratildeo ressignificados e sob uma forma renovada surgiratildeo em outro contexto Contrapondo-se ao discurso mo-noloacutegico o diaacutelogo bakhtiniano eacute accedilatildeo entre interlocutores natildeo sendo mensurado pelo nuacutemero de falantes ouvintes ou observadores Nessa accedilatildeo coexistem convergecircncias e divergecircncias advindas do tempo pas-

D E

85

sado e futuro dos grupos sociais das tendecircncias etc O dialogismo eacute portanto interaccedilatildeo social natildeo soacute a partir do diaacutelogo face a face mas principalmente entre discursos de quaisquer naturezas desde as rela-ccedilotildees dialoacutegicas cotidianas ateacute o texto literaacuterio

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasFIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

A CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

DISPOSITIVOS MOacuteVEIS DE COMUNICACcedilAtildeO

Dispositivos moacuteveis satildeo tecnologias digitais que permitem a mo-bilidade e o acesso agrave internet Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo fo-ram desenvolvidas teacutecnicas para resolver problemas Essas tecnologias sejam analoacutegicas ou digitais sempre estiveram presentes em nossa sociedade inclusive no acircmbito educacional Ao longo do tempo vecircm sofrendo constantes modificaccedilotildees em detrimento das necessidades hu-manas Isto faz com que a tecnologia se torne na modernidade um recurso indispensaacutevel tanto agrave vida cotidiana como para o setor educa-cional Aparelhos de GPS (de Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global) laptops smartphones tablets satildeo exemplos des-ses equipamentos facilitadores do cotidiano Geralmente eles apresen-tam espessura fina tamanho pequeno faacutecil manuseio para atender agrave funcionalidade praacutetica O uso significativo de dispositivos moacuteveis de tecnologia promove experiecircncias enriquecedoras para a Educaccedilatildeo Na sala de aula esses aparelhos satildeo recursos que somados agraves praacuteticas e metodologias significativas atendem agraves necessidades educacionais

Sabrina Ribeiro

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Moderna 2020

ECOSSISTEMA DIGITAL

O termo ecossistema tem origem nas aacutereas da ecologia e biologia sendo definido como um grupo de elementos interconectados formado pela interaccedilatildeo de uma comunidade de organismos com o seu ambiente

E

86

Baseado nessa descriccedilatildeo o ecossistema digital trata de uma integraccedilatildeo de soluccedilotildees de software ou soluccedilotildees tecnoloacutegicas funcionando no mes-mo ambiente ou plataforma A expressatildeo ecossistema digital eacute muito abrangente pois as soluccedilotildees que compotildeem o ecossistema podem abar-car tanto hardwares (componentes fiacutesicos) quanto softwares (sistemas) e tambeacutem usuaacuterios No contexto abordado no livro Letramentos miacutedias linguagens de Rojo e Moura (2019) o ecossistema digital engloba os softwares utilizados para manipulaccedilatildeo de fotos tradicionais e criaccedilatildeo de fotografias digitais inseridos em uma plataforma de sistema operacio-nal Os produtos dos diversos atores envolvidos nos processos de cria-ccedilatildeo de imagens e fotografias podem ser distribuiacutedos entre pessoas e nas redes sociais que tambeacutem fazem parte do ecossistema Nos ecossiste-mas diferentes tipos de usuaacuterios se conectam e interagem utilizando re-cursos disponibilizados pela plataforma Em vez de seguir numa linha reta ndash dos produtores para os consumidores ndash o valor pode ser criado modificado trocado e consumido de diversas formas e em diversos lu-gares graccedilas agraves conexotildees facilitadas pela plataforma

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

ReferecircnciasBITTARELLO Kamila Entenda o que eacute ecossistema digital ou ecossistema de software Blog do Sienge 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwsiengecombrblogecossistema-digitalgt Acesso em 4 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA (EAD)

A expressatildeo Educaccedilatildeo a Distacircncia (EAD) designa alguns modelos de ensino em que professores e alunos natildeo se encontram num mesmo espaccedilo e ao mesmo tempo para as aulas Muitos satildeo os modelos do que se pode chamar de educaccedilatildeo a distacircncia ou ensino a distacircncia Pode-mos iniciar fazendo uma distinccedilatildeo entre essas duas expressotildees O que distingue e diferencia ldquoeducaccedilatildeordquo e ldquoensinordquo A principal diferenccedila entre os dois substantivos que designam processos estaacute relacionada agrave abrangecircncia dos termos Enquanto ldquoensinordquo tem um caraacuteter mais es-peciacutefico pressupondo certas accedilotildees que geralmente partem dos sujei-tos ldquoensinantesrdquo (os professores) com o objetivo de transmitir conhe-cimentos para os chamados ldquoaprendentesrdquo a ldquoeducaccedilatildeordquo por sua vez eacute um processo mais amplo que concebe a ensinantes e a aprendentes em constante interaccedilatildeo de modo que o conhecimento vai sendo construiacutedo de maneira conjunta entre esses sujeitos Derivam daiacute distinccedilotildees como

E

87

ldquotransmissatildeordquo e ldquoconstruccedilatildeo de conhecimentosrdquo bem como a distinccedilatildeo entre informaccedilatildeo e conhecimento Dentre os modelos de educaccedilatildeo a distacircncia com o tempo e por forccedila de uso o acento grave indicativo de uma crase entre preposiccedilatildeo e artigo acabou sendo abolido Temos tanto formas bem antigas como os cursos por correspondecircncia ateacute modelos bem contemporacircneos com o uso de plataformas digitais pensadas es-pecificamente para servir como ambientes virtuais de aprendizagem com um conjunto de ferramentas agrave disposiccedilatildeo de professores alunos designers instrucionais e tutores Em muitos modelos a educaccedilatildeo a dis-tacircncia conta com certos atores natildeo tatildeo comuns na educaccedilatildeo presencial como os tutores ndash presenciais e a distacircncia que auxiliam na mediaccedilatildeo entre professores e alunos os designers instrucionais profissionais que geralmente contribuem com os professores do ponto de vista teacutecnico e esteacutetico para construccedilatildeo das plataformas educacionais A esse mo-delo de educaccedilatildeo em que vaacuterios sujeitos com atribuiccedilotildees diferentes atuam no ensino denominou-se ldquopolidocecircnciardquo Dentre as ferramentas disponibilizadas pelos mais conhecidos ambientes virtuais de aprendi-zagem identifica-se uma primeira distinccedilatildeo entre conteuacutedo e ativida-de Como conteuacutedo podemos elencar textos digitais (artigos ou livros disponiacuteveis na internet escaneados ou produzidos especificamente para a disciplina) viacutedeos (videoaulas gravadas viacutedeos disponiacuteveis na internet ou produzidos especialmente para a disciplina) podcasts graacutefi-cos infograacuteficos modelos de sequecircncias didaacuteticas links para portais e paacuteginas da internet dentre tantos outros materiais especiacuteficos das dife-rentes disciplinas Como atividades temos algumas jaacute previstas nesses ambientes como foacuteruns de discussatildeo chats questionaacuterios pesquisas glossaacuterios wikis tarefas diversas dentre tantas outras A educaccedilatildeo a distacircncia pressupotildee uma forma de ensino e aprendizagem concebida para ser oferecida em espaccedilos e tempos flexiacuteveis que permite ao estu-dante a possibilidade de acessar o ambiente virtual de aprendizagem do lugar em que ele dispuser de equipamento tecnoloacutegico e no seu tem-po disponiacutevel conforme suas atividades cotidianas Esse modelo natildeo dispensa a possibilidade de exigecircncia de que em determinados dias e horaacuterios programados possam ser previstas atividades siacutencronas e em espaccedilos especiacuteficos para isso como os chamados polos de apoio presen-cial locais em que tambeacutem costumam dar plantotildees os chamados tuto-res presenciais Os chamados tutores a distacircncia geralmente datildeo seus plantotildees de suas casas ou da unidade de ensino agrave qual estatildeo vinculados Um ponto muito importante a se considerar quando se pensa em EAD eacute a questatildeo do planejamento Neste modelo parte-se de um pacto estabe-lecido entre professores e alunos de que as principais formas de intera-ccedilatildeo aconteceratildeo de maneira natildeo presencial e atualmente na chamada

E

88

terceira geraccedilatildeo da EAD (a primeira eacute a do ensino por correspondecircncia e a segunda do uso das chamadas miacutedias analoacutegicas como o raacutedio e a televisatildeo) esta interaccedilatildeo eacute mediada pelas chamadas tecnologias di-gitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) ou tecnologias digitais de informaccedilatildeo (TIC) ou simplesmente ldquonovas tecnologiasrdquo Nossa opccedilatildeo eacute pela expressatildeo tecnologias digitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo por consideraacute-la mais adequada (a palavra ldquonovardquo tem uma carga muito grande de relativismo) e completa (haja vista que pressupotildee informa-ccedilatildeo e comunicaccedilatildeo)

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasMILL Daniel RIBEIRO Luis Roberto de Camargo OLIVEIRA Marcia Rozenfeld Gomes (org) Polidocecircncia na educaccedilatildeo a distacircncia muacuteltiplos enfoques 2 ed Satildeo Paulo Edufscar 2014 200 p

EDUCACcedilAtildeO MISTA SEMIPRESENCIAL OU HIacuteBRIDA (blended learning)

Aleacutem do modelo de educaccedilatildeo natildeo presencial conhecido pela sigla EAD tem-se constituiacutedo e firmado um modelo misto chamado de semi-presencial ou hiacutebrido que parece ser de acordo com os estudiosos do assunto um modelo dialeacutetico que consegue reunir o melhor dos dois modelos polarizados A educaccedilatildeo hiacutebrida parte de princiacutepios como aprendemos em espaccedilos formais e natildeo formais aprendemos (e ensi-namos) de diferentes formas e podemos usar metodologias digitais e analoacutegicas (mais antigas e mais tradicionais por assim dizer) Nesse contexto os modelos de ensino que seguem o padratildeo do blended learning apresenta quatro tipos estruturantes a) O modelo rotacional baseado na criaccedilatildeo pelo professor de diferentes espaccedilos de ensino e aprendiza-gem dentro ou fora da sala de aula para que os alunos revezem entre diferentes atividades conforme as orientaccedilotildees do docente Nesse mode-lo haacute as seguintes propostas i) rotaccedilatildeo por estaccedilotildees (os alunos realizam diferentes atividades em estaccedilotildees e no espaccedilo da sala de aula) ii) labo-ratoacuterio rotacional (os alunos usam o espaccedilo da sala de aula e laboratoacute-rios) iii) sala de aula invertida (a teoria eacute estudada em casa no formato on-line e o espaccedilo da sala de aula eacute utilizado para discussotildees resolu-ccedilatildeo de atividades entre outras propostas) e iv) rotaccedilatildeo individual (cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados) b) o modelo flex baseado na experiecircncia de aprendizagem por meio de atividades on-line na qual o ritmo do aluno eacute personalizado e o docente fica agrave disposiccedilatildeo para

E

89

esclarecimento de duacutevidas c) o modelo a la carte baseado na respon-sabilidade do aluno pela organizaccedilatildeo de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos organizados em parceria com o docente personalizando a aprendizagem que pode ocorrer no momen-to e local mais adequados e d) o modelo virtual aprimorado baseado na experiecircncia realizada por toda a escola em que em cada curso os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem on-line e a presencial

Heacutercules Tolecircdo Correcirca e Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBACICH Lilian MORAN Joseacute Aprender e ensinar com foco na educaccedilatildeo hiacutebrida Paacutetio n 25 junho 2015 p 45-47 Disponiacutevel em lthttpwwwgrupoacombrrevista-patioartigo11551aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibridaaspxgt Acesso em 27 jun 2020

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B JOHNSON Curtis W Inovaccedilatildeo na Sala de Aula Como a Inovaccedilatildeo Disruptiva Muda a Forma de Aprender Traduccedilatildeo Rodrigo Sardenberg 1 ed Satildeo Paulo Bookman 2011 262 p

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B STAKER Heather Ensino Hiacutebrido uma Inovaccedilatildeo Disruptiva Uma introduccedilatildeo agrave teoria dos hiacutebridos Boston Clayton Christensen Institute 21 maio 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwchristenseninstituteorgpublicationsensino-hibrido_sf_s=ensino+hC3ADbridogt Acesso em 3 ago 2020

ELETRONIC-LEARNING OU E-LEARNING

Trata-se de uma das modalidades ou uma das geraccedilotildees da Educaccedilatildeo a Distacircncia A e-learning centra-se principalmente na mediaccedilatildeo tecno-loacutegica inicialmente realizada por meio de disquetes CD CD-ROM e pendrive (principais modos de armazenamento e transferecircncia de da-dos) Com o desenvolvimento e popularizaccedilatildeo da internet a e-learning tem nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) plataformas de ensino ou LMS (learning management system) como o Moodle o TelEduc o Canvas dentre outros o seu principal suporte Haacute quem aponte dife-renccedilas entre LMS e AVA afirmando que este eacute mais usado no meio edu-cacional enquanto aquele eacute mais utilizado pelas empresas No primeiro modelo a e-learning era considerada ldquosem gerenciamento do aprendiza-dordquo pela dificuldade de interaccedilatildeo entre ldquoensinantesrdquo e ldquoaprendentesrdquo No modelo com AVA passa a ser ldquocom gerenciamento do aprendizadordquo

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL OU ENSINO ON-LINE

O ensino remoto tem sua vertente analoacutegica por meio de material impresso normalmente caderno de atividades produzido por profes-

E

90

sores e distribuiacutedos aos alunos Os modos de diagramaccedilatildeo e impres-satildeo vatildeo desde processos mais simples como reprografias ateacute materiais mais sofisticados com projetos graacuteficos mais arrojados com suporte de profissionais da aacuterea de comunicaccedilatildeo visual e design graacutefico Outra ver-tente do ensino remoto emergencial eacute aquela mediada pela tecnologia com aulas on-line siacutencronas eou assiacutencronas (gravadas e disponibiliza-das aos alunos) Satildeo realizadas em forma de aulas (com preleccedilotildees expo-siccedilotildees e exibiccedilotildees de material audiovisual tais como slides e animaccedilotildees) ou em forma de reuniotildees virtuais usando diversos tipos de ferramen-tas tecnoloacutegicas algumas pagas e outras gratuitas (Google Meet Zoom Jitsi Skype dentre outras) Especialistas em educaccedilatildeo e tecnologia enfa-tizam que natildeo se deve confundir ensino remoto emergencial com Edu-caccedilatildeo a Distacircncia uma vez que a EAD tem caracteriacutesticas especiacuteficas que natildeo estatildeo presentes no ensino remoto (emergencial ou natildeo) como o planejamento preacutevio de todas as etapas e a presenccedila da tutoria Esta modalidade de educaccedilatildeoensino foi a soluccedilatildeo encontrada por grande parte das instituiccedilotildees de ensino em todos os niacuteveis devido agrave pandemia de COVID-19 no ano de 2020 que levou agraves pessoas ao chamado ldquodistan-ciamento socialrdquo por recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ESCRITA COLABORATIVA

A escrita colaborativa consiste na produccedilatildeo de textos de modo coleti-vo ou em grupos Ela se materializa pela atuaccedilatildeo de mais de um autor no processo da criaccedilatildeo A escrita acadecircmica pode ser por exemplo co-laborativa Normalmente um mestrando ou doutorando sempre redige suas anaacutelises sob a orientaccedilatildeo de um professor orientador e faraacute altera-ccedilotildees em sua composiccedilatildeo ao aceitar sugestotildees da banca que o examinaraacute durante sua defesa caso sejam necessaacuterias Em muitas situaccedilotildees pode existir a correccedilatildeo por pares e esta pode apresentar algumas vantagens contribuir para que a subjetividade de um dos autores de determinado trabalho natildeo extrapole os limites definidos pela Ciecircncia Eacute totalmente compreensiacutevel que a descriccedilatildeo dos resultados de um estudo contenha nuances personalistas Costuma-se reconhecer um autor pelo seu estilo uma vez que a personalidade autoral eacute desejaacutevel Poreacutem alguma criacutetica externa eacute sempre bem-vinda quando se almeja evitar que uma opiniatildeo pessoal (ou exagero ideoloacutegico) supere a neutralidade caracteriacutestica da obra cientiacutefica Tambeacutem se pode verificar a escrita colaborativa em di-cionaacuterios glossaacuterios anais perioacutedicos enciclopeacutedias Os meios digi-tais tecircm cada vez mais feito uso do trabalho conjunto Um exemplo eacute

E

91

o da enciclopeacutedia eletrocircnica Wikipeacutedia que vem substituindo as antigas coleccedilotildees de livros impressos nem sempre acessiacuteveis a todas as camadas da sociedade Eacute equivocado o pensamento de que enciclopeacutedias abertas na internet natildeo satildeo dignas de credibilidade A plataforma da Wikipedia por exemplo exige referecircncias Informaccedilotildees falsas podem ser contesta-das e corrigidas a qualquer momento Revisores analisam periodica-mente textos denunciados ou considerados suspeitos Por fim pode-se tambeacutem encontrar a escrita colaborativa nos aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Entre os que se destinam ao ensino e agrave aprendiza-gem de liacutenguas estrangeiras pode-se mencionar o Duolingo Ele dispotildee de um recurso que recebe o nome de incubadora no qual cursos de novas liacutenguas satildeo elaborados conjuntamente por voluntaacuterios que pas-sam por um processo seletivo bastante criterioso A escrita colaborativa persiste enfim na modernidade mais recente inclusive na produccedilatildeo de miacutedias digitais

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFAGUNDES Leacutea da Cruz LACERDA Rosaacutelia SCHAumlFER Patriacutecia Behling Escrita colaborativa na cultura digital ferramentas e possibilidades de construccedilatildeo do conhecimento em rede Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educaccedilatildeo Porto Alegre v 7 ed 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpsseerufrgsbrrenotearticleview140127902gt Acesso em 5 jul 2020

EVOLUCcedilAtildeO DA WEB

A expressatildeo evoluccedilatildeo da web refere-se agraves fases de configuraccedilatildeo da web como a web 10 20 30 e 40 A internet reconhecida como a rede mundial de computadores eacute formada pela ligaccedilatildeo entre computadores no entanto os recursos que conferem ldquointeligecircnciardquo agrave rede satildeo reconhe-cidos por World Wide Web sigla www ou simplesmente web que permi-tem a interaccedilatildeo entre as milhares de paacuteginas que abrigam textos ima-gens sons viacutedeos animaccedilotildees etc O meacuterito pela criaccedilatildeo da World Wide Web em 1989 eacute atribuiacutedo ao fiacutesico inglecircs Tim Berners-Lee enquanto tra-balhava como engenheiro de software no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN em Genebra A web 10 tambeacutem conhecida como web sintaacutetica surgiu em 1990 e foi caracterizada como a web de conexatildeo e obtenccedilatildeo de conteuacutedo o que resultava em interaccedilotildees limitadas do usuaacute-rio com a web sendo dirigida somente agrave transmissatildeo de informaccedilotildees A web 20 constitui-se na evoluccedilatildeo da web 10 e eacute tambeacutem conhecida como web social conceito proposto em 2004 por Tim OrsquoReilly Essa internet eacute caracterizada como um conjunto de serviccedilos que promoviam interaccedilotildees entre seus usuaacuterios de forma colaborativa designados como redes de

E F

92

relacionamento on-line redes sociais on-line ou redes sociais digitais A proposta da web 30 tambeacutem conhecida como web semacircntica Web de contextos e significados foi lanccedilada publicamente em 2001 por Tim Berners-Lee como uma web capaz de processar e cruzar informaccedilotildees consolidaacute-las e trazer resultados mais relevantes para seus usuaacuterios Assim a web 30 caracteriza-se por softwares inteligentes que utilizam dados semacircnticos permitindo a relaccedilatildeo colaborativa com as pessoas por meio da categorizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos pesquisados Jaacute a proposta da web 40 conhecida como web of things (Web das coi-sas) e tambeacutem desenvolvida por Tim Berners-Lee estaacute fundamentada pela conectividade e interatividade entre pessoas informaccedilotildees proces-sos e objetos por meio de tecnologias que possibilitam acesso agrave rede por qualquer pessoa de qualquer lugar a qualquer tempo utilizando quaisquer dispositivos incluindo equipamentos multifuncionais com sensores inteligentes tais como eletrodomeacutesticos automoacuteveis roupas etc a partir de aplicaccedilotildees que se adaptam dinamicamente agraves necessi-dades dos usuaacuterios

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBERNERS-LEE Tim Semantic Web Roadmap Disponiacutevel em lthttpwwww3corgDesignIssuesSemantichtmlgt Acesso em 4 ago 2020

OrsquoREILLY Tim OrsquoReilly Media Inc Disponiacutevel em lthttpwwworeillycomgt Acesso em 4 ago 2020

FAKE NEWS

Pela traduccedilatildeo literal o termo fake news vem do inglecircs fake (falsafalso) e news (notiacutecias) ou seja notiacutecias falsas Assim tomamos por em-preacutestimo o conceito de notiacutecia como ldquoum fato verdadeiro ineacutedito ou atual de interesse geral que se comunica com o puacuteblico depois de re-colhido pesquisado e avaliado por quem controla o meio utilizado para a sua difusatildeordquo e o conceito de ldquofalsordquo pelo dicionaacuterio como adjetivo 1 contraacuterio agrave verdade ou agrave realidade 2 causar alteraccedilatildeo em adulterar 3 dar sentido ou significado diferente do verdadeiro fraudar

Apesar de a expressatildeo existir desde o seacuteculo XIX o termo fake news re-cebeu o tiacutetulo de ldquopalavra do anordquo em 2017 no Oxford English Dictionary principalmente devido agraves eleiccedilotildees presidenciais estadunidenses no ano anterior quando notiacutecias falsas foram usadas como ferramenta eleito-ral para promover ou difamar algum candidato Desde entatildeo o termo tem sido amplamente usado pela miacutedia De maneira geral fake news

F

93

satildeo ldquoafirmaccedilotildees que agem como notiacutecias e que satildeo deliberadamente fabricadas para enganar ou melhor dizendo desviar o receptor da verdaderdquo Geralmente as fake news satildeo afirmaccedilotildees que tecircm a forma de notiacutecia mas de conteuacutedo completa ou parcialmente falso orientadas por motivaccedilatildeo poliacutetica e intencionalmente fabricadas para desinformar ou enganar a fim de manipular a opiniatildeo puacuteblica

As fake news tecircm um caraacuteter sedutor ao mesmo tempo convincentes pois se apropriam das qualidades de uma notiacutecia e satildeo construiacutedas sob a abordagem linguiacutestica emprestadas na forma e no conteuacutedo dos meios jornaliacutesticos mas satildeo passiacuteveis de marcaccedilotildees ideoloacutegicas (construiacutedas por indiviacuteduos embebidos em crenccedilas e valores e consumidas por ou-tros os quais as interpretaratildeo imiscuiacutedos num contexto histoacuterico-social

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias BECHARA Evanildo Minicidionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1 ed Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 2009 1024 p

FANTE Alexandra SILVA Tiago Mathias da GRACcedilA Valdete da Fake News e Bakthin gecircnero discursivo e a (des)apropriaccedilatildeo da notiacutecia Atas do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo Porto Portugal p 106-119 2019 VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo 2018 [Universidade do Porto - Faculdade de Letras]

FILHO Joatildeo Batista Ferreira A verdade sob suspeita fake news e conduta epistecircmica na poliacutetica da desinformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsscholargooglecombrscholarhl=pt-PTampas_sdt=02C5ampq=27fake+news27+definiC3A7ao+ampbtnG=gt Acesso em 2 dez 2020

GELFERT Axel Fake news A Definition Informal Logic Vol 38 N 1 2018 (doi 1022329ilv38i15068)

LETRIA J Pequeno breviaacuterio jornaliacutestico Lisboa Editorial Notiacutecias 2000

FANDOM

Fandom eacute uma forma reduzida da expressatildeo em inglecircs fan kingdom que significa ldquoreino dos fatildesrdquo na traduccedilatildeo literal para o portuguecircs Um fandom eacute um grupo de pessoas que satildeo fatildes de determinada produto cultural como um seriado de televisatildeo uma muacutesica um filme deter-minado um livro ou mesmo um artista (um cantor um muacutesico um ator) Este termo se popularizou atraveacutes da internet principalmente pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook por exemplo Como os fandons satildeo comuns na internet os seus membros costumam discu-tir virtualmente todos os assuntos relacionados ao tema do qual satildeo fatildes Em muitos casos os fandons organizam encontros presenciais para que os membros dessas comunidades possam se conhecer Os fandons

F

94

satildeo adeptos dos fanfics e usam a narrativa transmidiaacutetica num universo ficcional onde os consumidores devem assumir o papel de caccediladores e coletores perseguindo partes da histoacuteria pelos diferentes canais com-parando suas observaccedilotildees com as de outros fatildes em grupos de discus-satildeo on-line e colaborando para assegurar que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiecircncia de entretenimento mais rica Os fandoms satildeo similares aos populares fanclubs que fizeram sucesso nos anos 1990 A grande diferenccedila entre ambos estaacute no uso das redes sociais digitais como ferramenta para se comunicarem se articularem e compartilharem os seus gostos em comum com pessoas de todo o mundo Atualmente os fandons satildeo essenciais para o crescimento e o movimento da induacutestria do entretenimento pois satildeo os principais con-sumidores da miacutedia

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FANFICTION

Fanfiction ou fanfic (forma abreviada) significa ldquoficccedilatildeo de fatilderdquo em tra-duccedilatildeo literal para a liacutengua portuguesa As fanfics satildeo histoacuterias ficcio-nais que podem ser baseadas em diversos personagens e enredos que pertencem aos produtos midiaacuteticos como filmes seacuteries histoacuterias em quadrinhos videogames mangaacutes animes grupos musicais celebrida-des dentre outros Com a popularizaccedilatildeo da internet no final dos anos 1990 muitos escritores desse tipo de literatura encontraram uma forma mais faacutecil de atingir outros fatildes e pessoas com os mesmos interesses Contudo o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretizaccedilatildeo da web Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA na deacutecada de 1970 com a publicaccedilatildeo em fanzines de histoacuterias que eram tributos agrave seacuterie Jornada nas Estrelas Os fatildes desses produtos se apropriam do mote da histoacuteria ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original As fanfics satildeo um belo exemplo de texto multi-modal e narrativa transmidiaacutetica que se refere a uma nova esteacutetica que surgiu em resposta agrave convergecircncia das miacutedias ndash uma esteacutetica que faz novas exigecircncias aos consumidores e depende da participaccedilatildeo ativa de comunidades de conhecimento

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

F

95

FANPAGE

Uma fanpage eacute uma paacutegina do Facebook criada especialmente para ser um canal de comunicaccedilatildeo com fatildes dentro da rede social digital fanpage eacute uma paacutegina para fatildes em traduccedilatildeo literal Os posts e posterior-mente outras redes sociais mudaram nossas vidas e tambeacutem a forma como nos conectamos com o mundo Diferentemente dos perfis pesso-ais a fanpage possui algumas funcionalidades a mais e tem como ob-jetivo reunir a comunidade envolvida com um determinado negoacutecio As fanpages tambeacutem apresentam recursos como aplicativos que promo-vem maior interaccedilatildeo do puacuteblico ferramenta de promoccedilatildeo que permite o impulsionamento dos seus posts aumentando a visibilidade de algum conteuacutedo-chave relatoacuterios de estatiacutesticas que possibilitam que seja feita uma anaacutelise das campanhas promovidas e do engajamento do puacuteblico com as postagens novas curtidas graacuteficos de desempenho entre ou-tros A fanpage eacute um exemplo de hipermiacutedia que surge com a possibili-dade de estabelecer links com diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-lo

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FOTOGRAFIA DIGITAL

Fotografia feita a partir de dispositivos digitais A fotografia digital frequentemente se assemelha a uma fotografia tradicional A primei-ra possui angulaccedilatildeo cor contrastes iluminaccedilatildeo e diversos elementos componentes da segunda No entanto a fotografia digital apresenta maior flexibilidade uma vez que pode ser manipulada editada recom-binada com outras imagens remodelada e compartilhada com outras pessoas nas redes sociais A fotografia tradicional serve como base para posteriormente ser trabalhada no ambiente digital por meio de programas de ediccedilatildeo ndash Photoshop Gimp Illustrator dentre outros ndash e receber novos elementos e novas cores em busca da comunicaccedilatildeo efi-ciente de ideias Um exemplo muito famoso da fotografia digital circu-lou nas eleiccedilotildees americanas de 2008 a foto conhecida como Hope (Espe-ranccedila) Eacute uma imagem do entatildeo candidato agrave presidecircncia Barack Obama com as cores da bandeira estadunidense e a palavra Hope centrada sob a foto composiccedilatildeo conhecida como pocircster poliacutetico A imagem foi cria-

F G

96

da pelo artista Frank Shepard Fairey fundador da Obey Giant Fairey usou uma fotografia tradicional feita por Mannie Garcia fotoacutegrafo da Associated Press para criar o cartaz atraveacutes da manipulaccedilatildeo de diver-sas camadas e inserccedilatildeo de efeitos Uma das primeiras imagens criadas por Fairey tinha a palavra Progress (Progresso) disposta da mesma for-ma que Hope Soacute em um segundo momento Fairey lanccedilaria a famosa seacuterie com a palavra Hope (Esperanccedila) estampada no cartaz que captu-rou o sentimento de esperanccedila e levou Barack Obama agrave Casa Branca De fato o cartaz de Fairey adquire seu real poder a partir de uma com-binaccedilatildeo de elementos visuais tradicionais e modernos participando de um novo ethos proacuteprio do poacutes-fotograacutefico e das novas miacutedias Pela facilidade de manipulaccedilatildeo poder de comunicar ideias e desencadear sentimentos a fotografia digital pode ser empregada em campanhas publicitaacuterias campanhas eleitorais memes etc

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

GAMIFICACcedilAtildeO E ENSINO

O termo em portuguecircs gamificaccedilatildeo (tambeacutem conhecido como lu-dificaccedilatildeo) vem do inglecircs gamification e estaacute relacionado com o uso de jogos digitais e seus elementos na resoluccedilatildeo de problemas do mundo real Isto quer dizer que a gamificaccedilatildeo pode ser entendida como meacute-todo praacutetica ou sistema baseado em jogos digitais com sua aplicaccedilatildeo fora do cenaacuterio dos games Seu foco eacute ajudar o indiviacuteduo no alcance de um determinado objetivo ou na resoluccedilatildeo de problemas aleacutem de pro-porcionar uma experiecircncia de aprendizagem individual eou coletiva Por causa das caracteriacutesticas luacutedicas e motivadoras da tecnologia digital como um todo surgiram estudos relacionando jogos digitais com aacutereas aleacutem do entretenimento como a aacuterea da educaccedilatildeo Esses estudos permi-tiram uma melhor compreensatildeo dos Serious Games (jogos seacuterios) jogos educativos e gamificaccedilatildeo A diferenccedila destes trecircs termos estaacute no fato de os dois primeiros jogos seacuterios e jogos educativos serem jogos comple-tos e a gamificaccedilatildeo natildeo ser exatamente um jogo mas sim elementos dos games utilizados fora dos proacuteprios jogos Vale ressaltar que existe uma diferenccedila entre a gamificaccedilatildeo no ensino e o uso de jogos digitais na educaccedilatildeo (educational games game-based learning etc) sendo estas duas propostas educativas diferentes Portanto a gamificaccedilatildeo natildeo eacute em si

G H

97

um jogo mas a utilizaccedilatildeo de abstraccedilotildees e metaacuteforas originaacuterias da cul-tura e estudos de videogames em aacutereas natildeo relacionadas a esses jogos

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias SANTOS Thales Gamificaccedilatildeo Um recurso aliado a educaccedilatildeo Orientador Profordf Drordf Alexandra Resende Campos 2019 54 f Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Ouro Preto Mariana MG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwmonografiasufopbrbitstream3540000024279MONOGRAFIA_Gamificac3a7c3a3oRecursoAliadopdfgt Acesso em 4 jul 2020

GRAMAacuteTICA SISTEcircMICO-FUNCIONAL

A gramaacutetica sistecircmico-funcional ou linguiacutestica sistecircmico-funcional eacute uma teoria desenvolvida pelo linguista Michael Alexander Kirkwood Halliday e colaboradores Eacute considerada uma abordagem referente ao estudo da linguagem focada na ideia de ldquofunccedilatildeordquo ou seja considera--se a gramaacutetica condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo para fornecer significados Essa concepccedilatildeo iniciada a partir dos estudos de Halliday nas deacutecadas de 1960 e 1970 eacute definida como sistecircmico-funcional uma vez que conside-ra a liacutengua com uma rede de sistemas associados que o locutor utiliza para gerar significados em contextos de comunicaccedilatildeo Nesse contexto a liacutengua deixa de ser um sistema dominado por regras e passa a ser analisada sob o ponto de vista sociossemioacutetico tornando-se um siste-ma de formaccedilatildeo de significados Como caracteriacutesticas da teoria sistecirc-mico-funcional define-se que o uso da liacutengua eacute funcional a funccedilatildeo da linguagem eacute produzir significados esses significados satildeo influenciados pelos contextos social e cultural em que satildeo negociados o uso da liacutengua produz significados atraveacutes de escolhas

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias EGGINS S An introduction to Systemic Functional Linguistics 2ed London New York Continuum 1994

SANTOS Zaacuteira Bomfante dos A Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional algumas consideraccedilotildees Soletras Revista Rio de Janeiro v 28 p 164-181 juldez 2014

THOMPSON G Introducing Functional Grammar 2 ed Oxford Oxford University Press 2003

HIPERMIacuteDIA

Entende-se por hipermiacutedia conglomerados de informaccedilatildeo multimiacute-dia (verbo som e imagem) de acesso natildeo sequencial navegaacuteveis por

H

98

meio de palavras-chave semialeatoacuterias A hipermiacutedia permite ao leitor apreciar viacutedeos filmes e animaccedilotildees ouvir muacutesicas canccedilotildees e falas no lugar em que se encontram simultacircnea ou quase Na hipermiacutedia haacute tambeacutem a possibilidade de interligar diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-las Imagens sons textos animaccedilotildees e viacutedeos podem ser conectados em combinaccedilotildees diversas rompendo com a ideia linear de um texto com comeccedilo meio e fim predetermina-dos e fixos Entende-se por hipermiacutedia tambeacutem um conjunto de infor-maccedilotildees armazenadas e veiculadas por meio de um computador que permite ao usuaacuterio ter acesso a diversos documentos (textos imagens estaacuteticas viacutedeos sons etc) por remissatildeo associativa por meio de links de hipertextos A hipermiacutedia eacute marcada pela oportunidade de interaccedilatildeo leitura natildeo linear extraccedilatildeo de recortes especiacuteficos para atender especi-ficidade sobre o que se procura no processo da navegabilidade

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

HIPERTEXTO

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson na deacutecada de 1960 para denominar a forma de escritaleitura natildeo linear na infor-maacutetica pelo sistema Xanadu O prefixo hiper- (do grego υπερ- sobre aleacutem) remete agrave superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da linearidade do texto es-crito possibilitando a representaccedilatildeo do nosso pensamento bem como um processo de produccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre as pessoas em uma (re)construccedilatildeo coletiva Ateacute entatildeo a ideia de hipertextualidade havia sido manifestada apenas pelo matemaacutetico e fiacutesico Vannevar Bush atraveacutes do dispositivo Memex Diferentemente do que se costuma pensar a ideia de hipertexto natildeo nasce com a internet As primeiras manifestaccedilotildees hipertextuais ocorrem nos seacuteculos XVI e XVII atraveacutes de manuscritos e marginalia Os primeiros sofriam alteraccedilotildees quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espeacutecie de escrita coletiva Os segundos eram anotaccedilotildees realizadas pelos leitores nas margens das paacuteginas dos livros antigos permitindo assim uma leitura natildeo linear do texto Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos para que pudessem ser consultadas por outros leitores A noccedilatildeo de hi-pertexto constitui um suporte linguiacutestico-semioacutetico hoje intensamente

H I

99

utilizado para estabelecer interaccedilotildees virtuais desterritorizadas Segun-do a maioria dos autores o termo designa uma escritura natildeo sequencial e natildeo linear que se ramifica e permite ao leitor virtual o acesso prati-camente ilimitado a outros textos a partir de escolhas locais e suces-sivas em tempo real Trata-se pois de um processo de leituraescrita multilinearizado multissequencial e natildeo determinado realizado em um novo espaccedilo ndash o ciberespaccedilo O hipertexto eacute tambeacutem uma forma de estruturaccedilatildeo textual que faz do leitor simultaneamente um coautor do texto oferecendo-lhe a possibilidade de opccedilatildeo entre caminhos diver-sificados de maneira a permitir diferentes niacuteveis de desenvolvimento e aprofundamento de um tema No hipertexto contudo tais possibili-dades se abrem a partir de elementos especiacuteficos nele presentes que se encontram interconectados embora natildeo necessariamente correlaciona-dos ndash os hiperlinks

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias CAVALCANTE Marianne Carvalho Bezerra Mapeamento e produccedilatildeo de sentido os links no hipertexto In MARCUSCHI amp XAVIER (orgs) Hipertextos e Gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

KOCH Ingedore G Villaccedila Desvendando os segredos do texto 4 ed Satildeo Paulo Cortez 2005

MARCUSCHI Luiz Antonio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

INDEXACcedilAtildeO

A palavra indexaccedilatildeo deriva do verbo indexar que significa organi-zar dados de tal modo que seja possiacutevel recuperar as informaccedilotildees de um arquivo Mais que isso eacute uma forma de identificar e encontrar um arquivo em bases de dados Os itens satildeo organizados por associaccedilatildeo a tags ou caracteriacutesticas particulares que o identifiquem entre muitos ou-tros Dessa forma tambeacutem eacute possiacutevel relacionar um material indexado como um arquivo publicado em um site aos resultados de mecanismos de busca (Google Yahoo etc) por exemplo Como natildeo eacute viaacutevel que os sites de busca faccedilam uma varredura on-line a cada pesquisa feita os bus-cadores indexam paacuteginas para criar um banco de dados relacionados as palavras buscadas Por isso as palavras-chave tecircm grande importacircncia pois elas ajudam o banco de dados a selecionar o material disponiacutevel mais coerente com a busca do usuaacuterio

Layla Juacutelia Gomes Mattos

I L

100

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

HISTOacuteRIA DOS SITES DE BUSCA indexaccedilatildeo (O que eacute indexaccedilatildeo) Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsitehistoriasobreossitesdebuscahistoria-siteindexacao~text=A20indexaC3A7C3A3o20C3A920a20formaum20grande20nC3BAmero20de20itensgt Acesso em 10 ago 2020

INTERATIVIDADE

A palavra interatividade surgiu nas deacutecadas de 1960 e 1970 com a evoluccedilatildeo das Tecnologias de Comunicaccedilatildeo e Informaccedilatildeo ndash TIC mais tarde Tecnologias Digitais de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC For-mada pelo prefixo ldquointerrdquo que significa entre uma coisa e outra e a palavra ldquoatividaderdquo que significa capacidade ou tendecircncia para agir para se movimentar para realizar alguma coisa Caracteriza o estado de interativo a capacidade de possibilitar interaccedilatildeo entre o indiviacuteduo e emissor relaccedilatildeo entre o homem-maacutequina e homem-homem que surge com as necessidades do ser humano no mundo globalizado resultando na mudanccedila da interaccedilatildeo humana A interatividade vem crescendo na educaccedilatildeo a distacircncia desde os cursos por correspondecircncia ateacute o ensi-no on-line A interaccedilatildeo entre professorado e alunado ampliou com os avanccedilos das TIC natildeo se limitando a executar e corrigir atividades ou acompanhar videoaulas por exemplo mas na forma como acontece o contato na educaccedilatildeo presencial entres discentes e docentes atraveacutes de ferramentas como chat webconferecircncia e foacuterum

Sabrina Ribeiro

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

LETRAMENTO

O vocaacutebulo letramento deriva da palavra inglesa literacy que vem do latim litera que significa letra mais o sufixo -cy que indica quali-dade condiccedilatildeo estado fato de ser Para tratar de letramento eacute preciso compreender a sua diferenccedila relaccedilatildeo e associaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo Estudiosos e teoacutericos diferenciam alfabetizaccedilatildeo de letramento da se-guinte forma a alfabetizaccedilatildeo diz respeito ao processo de aprendiza-gem de um coacutedigo e das habilidades de utilizaacute-lo para ler e escrever

L

101

O letramento vai aleacutem do domiacutenio do ato de ler e escrever possibilita tambeacutem o uso dessas habilidades em praacuteticas sociais em que escrever e ler satildeo imprescindiacuteveis O letramento natildeo constitui necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever mas eacute a condiccedilatildeo daquele que consequentemente se apropriou da escrita Quanto ao termo no plural letramentos refere-se aos diversos campos de compreensatildeo e anaacutelise do processo letramento literaacuterio filosoacutefico funcional cartograacutefico ou digital O uso pluralizado do termo eacute marcado por uma ampliaccedilatildeo do sentido de letra que estaacute na raiz etimoloacutegica da palavra para o sentido mais amplo de signos e siacutembolos levando a um certo descentramento da escrita na definiccedilatildeo dos letramentos Portanto letramentos apresen-ta como princiacutepio a complexidade do ato de ler e escrever num contexto de comunicaccedilatildeo mais aacutegil por meio de outros suportes aleacutem do forma-to impresso ou seja a utilizaccedilatildeo de novas miacutedias Neste sentido houve uma convergecircncia do texto para uma tela propiciando uma mudanccedila cultural e consequentemente nos letramentos

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPOS CA CORREcircA HT Praacuteticas de letramento literaacuterio em bibliotecas de escolas puacuteblicas municipais de Ouro Preto In Seminaacuterio de Literatura Infantil e Juvenil 7 2016 Florianoacutepolis Anais Florianoacutepolis UFSC UNISUL 2017 224-231 Disponiacutevel em lthttplinguagemunisulbrpaginasensinoposlinguagemeventossilij7-SLIJ-2017-Anaispdfgt Acesso em 21 jun 2020

COSSON R Letramento Literaacuterio uma localizaccedilatildeo necessaacuteria Letras amp letras v 31 n 3 juldez 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwseerufubrindexPhpletraseletrasarticleview3064416712gt Acesso em 9 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOARES MB Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2003

LETRAMENTO DIGITAL

A expressatildeo letramento digital refere-se agraves praacuteticas sociais de leitu-ra e escrita em ambientes digitais como aqueles propiciados pelos com-putadores ou por dispositivos moacuteveis tais como smartphones e tablets ou outros equipamentos como terminais de banco e eletrodomeacutesticos com interface digital Assim a capacidade de compreender discernir e criar com as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC natildeo estatildeo necessariamente ligadas agrave escola pois as pessoas apren-dem sobre o digital no dia a dia Considerando-se que o conceito de letramento trata do conjunto de praacuteticas sociais que usam a escrita em contextos especiacuteficos e com fins determinados alguns pesquisadores

L

102

enfatizam que haacute modalidades diferentes de letramento o que sugere que a palavra seja pluralizada haacute letramentos e natildeo letramento isto eacute diferentes espaccedilos de escrita e mecanismos de produccedilatildeo reproduccedilatildeo e difusatildeo resultam em diferentes letramentos A necessidade de plu-ralizaccedilatildeo da palavra letramento tambeacutem designa variados efeitos cog-nitivos culturais e sociais em funccedilatildeo dos contextos de interaccedilatildeo com a palavra escrita e em funccedilatildeo de variadas e muacuteltiplas formas de interaccedilatildeo com o mundo Neste sentido alguns pesquisadores enfatizam que o letramento digital designa um certo estado ou condiccedilatildeo que adquirem os que se apropriam da tecnologia digital e exercem praacuteticas de leitura e de escrita na tela Ser letrado digitalmente implica saber se comunicar em diferentes situaccedilotildees buscar informaccedilotildees no ambiente digital e se-lecionaacute-las avaliando sua credibilidade Aleacutem do acesso agrave informaccedilatildeo cabe ao leitor estar atento agrave autoria agrave fonte e ter senso criacutetico para ava-liar o que encontra Ser letrado digitalmente implica portanto em fazer uso das TDIC respondendo ativa e criticamente a diferentes propoacutesitos e contextos interagindo e participando socialmente da construccedilatildeo cole-tiva do conhecimento

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasCOSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E (Orgs) Letramento Digital aspectos sociais e possibilidades pedagoacutegicas 3 ed Belo Horizonte Ceale Autecircntica 2011

COSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E Letramento Digital In FRADE Isabel C A S VAL Maria G C BREGUNCI Maria G C (Orgs) Glossaacuterio CEALE Termos de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita para Educadores Centro de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita - CEALE Belo Horizonte Faculdade de Educaccedilatildeo da UFMG 2014

SOARES Magda B Novas praacuteticas de leitura e escrita letramento na cibercultura Educaccedilatildeo e Sociedade v 23 n 31 p 143-160 dez 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfesv23n8113935pdfgt Acesso em 3 ago 2020

LETRAMENTO INFORMACIONAL

A expressatildeo letramento informacional eacute uma traduccedilatildeo de informa-tion literacy cunhada nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1970 pelo bibliotecaacuterio americano Paul Zurkowski No Brasil foi no iniacute-cio do seacuteculo XXI que os estudos sobre o tema se iniciaram A pesqui-sadora Bernadete Campello discorre sobre o letramento informacional com maior enfoque nos bibliotecaacuterios e educadores pois esse termo foi usado no contexto norte-americano para caracterizar as competecircncias necessaacuterias ao uso de fontes eletrocircnicas de informaccedilatildeo De modo geral pode-se dizer que o letramento informacional significa um processo de autoaprendizado do indiviacuteduo por meio da tomada de consciecircncia

L

103

de qual eacute a sua necessidade de informaccedilatildeo e as habilidades necessaacuterias para utilizaccedilatildeo das fontes de maneira que possibilite a competecircncia e a autonomia na busca e uso da informaccedilatildeo para gerar conhecimento O letramento informacional tem como finalidade a adaptaccedilatildeo e a socia-lizaccedilatildeo dos indiviacuteduos na sociedade da aprendizagem Sendo assim compreende a capacidade de determinar a sua necessidade de infor-maccedilatildeo acessar a informaccedilatildeo com eficiecircncia avaliar a informaccedilatildeo e suas fontes criticamente incorporar a nova informaccedilatildeo ao conhecimento preacutevio utilizar a informaccedilatildeo de maneira efetiva para alcanccedilar objetivos especiacuteficos compreender os aspectos socioeconocircmicos e legais do uso da informaccedilatildeo bem como acessar e usar a informaccedilatildeo dentro da lei

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPELLO B Letramento Informacional funccedilatildeo educativa do bibliotecaacuterio na escola Belo Horizonte Autecircntica 2009

DUDZIAK E A Information literacy princiacutepios filosofia e praacutetica Ciecircncia da Informaccedilatildeo Brasiacutelia v 32 n 1 Apr 2003 Disponiacutevel em lthttpswwwscielo brpdfciv32n115970pdfgt Acesso em 12 jul 2020

GASQUE K C G D Letramento informacional pesquisa reflexatildeo e aprendizagem Brasiacutelia Faculdade de Ciecircncia da Informaccedilatildeo 2012

LETRAMENTOS MUacuteLTIPLOS

Para entendermos o conceito de letramentos muacuteltiplos retomemos a noccedilatildeo de letramentos que a partir das transformaccedilotildees nas formas de se pensar e usar a leitura e escrita foi se ressignificando Letramentos no plural nos remete agrave ideia que os letramentos satildeo muitos Sendo assim letramentos satildeo as diversas praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita e natildeo se restringem somente ao saber ler e escre-ver (alfabetizaccedilatildeo) Importante lembrar que alfabetizaccedilatildeo e letramento satildeo termos indissociaacuteveis poreacutem diferentes em termos de processos cognitivos Para ampliar essa complexidade que abarca os letramentos surge a necessidade de conceituaacute-los e adjetivaacute-los como letramentos muacuteltiplos A palavra muacuteltiplos aparece no dicionaacuterio como sinocircnimo de multiacuteplice que aponta para algo composto por elementos complexos e variados Ao atribuir tal adjetivo ao substantivo letramentos formando a expressatildeo letramentos muacuteltiplos entendemos que as praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita satildeo variadas satildeo muitas se multiplicam e tambeacutem satildeo processos complexos pois mesmo um in-diviacuteduo natildeo alfabetizado pode participar de diversas praacuteticas de letra-mento na sociedade sendo assim letrado de uma certa maneira com

L

104

algum niacutevel de letramento Uma possibilidade de definiccedilatildeo pode ser es-tabelecida de modo que os letramentos compreendam as mais variadas formas de utilizaccedilatildeo da leitura e da escrita seja na cultura escolar ou em suas formas dominantes assim como nas diferentes culturas locais e populares como tambeacutem nos produtos da cultura de massa Nessa perspectiva entendemos que eles abrangem diferentes e diversificadas praacuteticas de leitura e escrita por isso satildeo muacuteltiplos Dessa forma fala-mos em letramento literaacuterio filosoacutefico informacional digital etc

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

LIVES (live streaming)

A traduccedilatildeo literal da palavra inglesa live eacute ldquovivordquo ldquopermanecerrdquo ou ldquomorarrdquo Jaacute a palavra streaming pode ser traduzida por ldquotransmissatildeordquo ou seja a expressatildeo live streaming pode ser entendida como ldquotransmis-satildeo ao vivordquo

O avanccedilo da banda larga na internet (em meados de 2005) permitiu que o sistema de streaming (ou seja o fluxo de dados entre a internet e hardwares) pudesse transmitir dados de som e imagens (estaacuteticas eou em movimento) em grande volume O streaming foi um sistema desen-volvido para permitir que o usuaacuterio da internet natildeo precisasse mais realizar o download ndash descarregamentotransferecircncia termos usados na comunicaccedilatildeo em redes de computadores para referenciar a trans-missatildeo de dados de um dispositivo para outro atraveacutes de um canal de comunicaccedilatildeo previamente estabelecido - para o consumo de arquivos audiovisuais Com essa tecnologia a internet recebe as informaccedilotildees (dados) ao mesmo tempo em que as repassa ao usuaacuterio (consumidor dos dados) Assim os dados satildeo baixados instantaneamente conforme o arquivo vai sendo executado armazenados temporariamente e depois deletados do equipamento (computador ou smartphone por exemplo) Assim o streaming possibilitou as lives (ou tambeacutem live streaming) o que basicamente eacute a transmissatildeo de dados ao vivo via internet ou rede de computadores (dados audiovisuais ou somente aacuteudio) em que os dados gravados satildeo transmitidos em tempo real aos dispositivos conectados

A primeira realizaccedilatildeo de uma live streaming aconteceu em 1993 pelo grupo musical Severe Tire Damage Formada por profissionais de empre-sas de tecnologia de Palo Alto na Califoacuternia a banda transmitiu um pequeno show realizado no Centro de Pesquisa da Xerox e se tornou a

L M

105

pioneira no live streaming A partir de entatildeo essa tecnologia permitiu a transmissatildeo de eventos dos mais diversos como partidas esportivas ateacute palestras e aulas on-line

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias LIVE streaming tudo o que vocecirc precisa saber sobre essa tecnologia Netshowme 2017 Disponiacutevel em lthttpsnetshowmebloglive-streaming-tudo-o-que-voce-precisa-sabergt Acesso em 15 de jul de 2020

LIVE streaming Wikipedia 2020 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiLive_streaminggt Acesso em 15 de jul de 2020

DOWNLOAD e upload Wikipedia 2004 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiDownload_e_uploadgt Acesso em 15 de jul de 2020

MASHUPS

Mashup eacute uma palavra da liacutengua inglesa traduzida para o portu-guecircs como ldquomisturardquo Denominamos mashup uma canccedilatildeo ou composi-ccedilatildeo criada a partir da mistura e combinaccedilatildeo de duas ou mais canccedilotildees eou viacutedeos preexistentes Esse tipo de obra tem suas origens na dissemi-naccedilatildeo de remixes musicais ao longo do seacuteculo XX os quais passaram a misturar elementos de duas ou mais canccedilotildees Essas produccedilotildees torna-ram-se populares ao longo dos anos 1990 em vaacuterios gecircneros musicais principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias e softwares de digitalizaccedilatildeo do som Essa popularizaccedilatildeo ao longo do seacuteculo XX ex-trapolou o acircmbito da muacutesica de forma que o mashup tornou-se um mo-delo conceitual para criaccedilotildees em diversos tipos de miacutedia Os mashups satildeo tipos de remixes caracterizados pela combinaccedilatildeo de elementos de duas ou mais fontes (aparentemente muito distintas entre si) numa nova obra que pode ou natildeo retomar explicitamente essas fontes Um exemplo de mashup eacute a combinaccedilatildeo de canccedilotildees de Bob Marley (No wo-man no cry) e The Beatles (Let it be) para gerar um novo material intitu-lado Bob Marley vs The Beatles - Let it be no cry e divulgado no YouTube

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias BUZATO M E K et al Remix mashup paroacutedia e companhia por uma taxonomia multidimensional da transtextualidade na cultura digital Rev bras linguist apl v 13 n 4 p 1191-1221 2013

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

106

MEMES

A palavra meme vem do grego mimema que significa imitaccedilatildeo Sua primeira apariccedilatildeo foi em 1976 no livro The Selfish Gene (O gene egoiacutesta) de Richard Dawkins Na obra o termo meme eacute descrito como ldquouma unidade de transmissatildeo cultural ou uma unidade de imitaccedilatildeordquo Um meme pode ser uma histoacuteria um haacutebito uma habilidade uma maneira de fazer coisas que copiamos de uma pessoa para outra atraveacutes da imi-taccedilatildeo Na oacutetica da cibercultura meme eacute tudo aquilo que se propaga ou espalha aleatoriamente com algum conteuacutedo humoriacutestico Memes po-dem ser viacutedeos virais feitos para circular e ser redistribuiacutedo em redes sociais geralmente dentro de tradiccedilotildees de ciberativismo consistem no remix de um mesmo fragmento de material audiovisual acrescido de uma nova informaccedilatildeo uma nova legenda dublagem eou outros frag-mentos de viacutedeos

Pode-se dizer que os memes satildeo uma espeacutecie de ldquoproduccedilatildeordquo que traz consigo alguma criacutetica eou teor humoriacutestico a partir do remix de outra obra (visual audiovisual etc) podendo ser replicada para atingir uma grande quantidade de pessoas

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOUZA Carlos Memes Formaccedilotildees discursivas que ecoam no ciberespaccedilo Veacutertices Campos dos Goytacazes RJ v 15 n 1 p 127-148 2013 DOI 1059351809-266720130011 Disponiacutevel em lthttpessentiaeditoraiffedubrindexphpverticesarticleview1809-2667201300112743gt Acesso em 3 jul 2020

METAMIacuteDIA

A ideia de metamiacutedia decorre do teoacuterico canadense Marshall McLuhan O prefixo meta remete a uma dimensatildeo midiaacutetica intersti-cial um devir-miacutedia que estaacute em permanente transformaccedilatildeo segundo o termo originalmente cunhado por Alan Kay e Adele Golberg Fenocirc-meno que refuta a separaccedilatildeo dos elementos e a organizaccedilatildeo da miacutedia segundo padrotildees Um dos princiacutepios baacutesicos e que sustenta os demais eacute a ldquorepresentaccedilatildeo numeacutericardquo o que significa a capacidade que a miacutedia digital possui de emular qualquer objeto em termos puramente formais ou matemaacuteticos Outro princiacutepio para compreender a metamiacutedia eacute a variabilidade o que possibilita que os objetos digitais existam numa in-finidade de versotildees Para melhor compreender essa questatildeo os produ-

M

107

tos midiaacuteticos satildeo o resultado de diferentes algoritmos que modificam uma estrutura singular de dados Trata-se de uma miacutedia que conjugaria constantemente todas as anteriores Diferentes meios de comunicaccedilatildeo estatildeo em constante relaccedilatildeo de contato e apropriaccedilatildeo uns com os outros O raacutedio surge como metamiacutedia do jornal impresso alcanccedilando sua au-tonomia A tevecirc eacute uma metamiacutedia do raacutedio A internet eacute metamiacutedia das miacutedias anteriores mas agrega a especificidade da interaccedilatildeo da reelabo-raccedilatildeo e difusatildeo por ela mesma do conteuacutedo ressignificado pelo usuaacuterio

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SATUF Ivan Contribuiccedilotildees e desafios da Teoria Ator-Rede para o estudo da metamiacutedia Esferas Ano 6 nordm 11 Julho a dezembro de 2017

METODOLOGIAS ATIVAS

As chamadas metodologias ativas constituem um conjunto de meacute-todos e maneiras de ensino e aprendizagem para que os alunos apren-dam de forma autocircnoma e participativa a partir de problemas e si-tuaccedilotildees reais Satildeo exemplos de metodologias ativas a aula invertida a pedagogia de projetos a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo a aprendizagem baseada em problemas dentre outras Nas metodologias ativas o estudante eacute o centro do processo de aprendizagem participan-do efetivamente e sendo responsaacutevel pela construccedilatildeo do conhecimento

Para se trabalhar na perspectiva das metodologias ativas eacute preciso que os curriacuteculos escolares as metodologias os tempos e os espaccedilos sejam revistos a fim de promover uma evoluccedilatildeo para se tornar relevan-te frente agraves constantes mudanccedilas na sociedade As tecnologias digitais permitem hoje em dia a integraccedilatildeo de espaccedilos e tempos tornando-se importantes nos processos educacionais O ensinar e aprender deve acontecer em uma interligaccedilatildeo simboacutelica profunda constante entre o que chamamos mundo fiacutesico e mundo digital Natildeo satildeo dois mundos ou dois espaccedilos mas um espaccedilo estendido em uma sala de aula ampliada e que se hibridiza constantemente Por isso a educaccedilatildeo formal eacute cada vez mais misturada hiacutebrida porque natildeo acontece soacute no espaccedilo fiacutesico da sala de aula mas nos muacuteltiplos espaccedilos do cotidiano que incluem os espaccedilos digitais O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos mas tambeacutem digitalmente com as tecnologias moacuteveis equilibrando a interaccedilatildeo com todos e com cada um Nesse contexto as metodologias ativas satildeo praacuteticas escolarizadas que buscam explorar

M

108

todo o potencial de aprendizagem dos alunos por meio de ferramentas tecnoloacutegicas disponiacuteveis no mundo globalizado

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

Referecircncias MOacuteRAN Joseacute Manuel Mudando a educaccedilatildeo com metodologias ativas Coleccedilatildeo Miacutedias Contemporacircneas Convergecircncias Midiaacuteticas Educaccedilatildeo e Cidadania aproximaccedilotildees jovens Ponta Grossa UEPGPROEX v II 2015 Disponiacutevel em lthttpwww2ecauspbrmoranwp-contentuploads201312mudando_moranpdfgt Acesso em 29 jul 2020

MIacuteDIAS

A palavra miacutedia vem do latim medium cujo plural eacute media com sen-tido de meio A pronuacutencia aportuguesada miacutedia vem do inglecircs em que o ldquoerdquo eacute pronunciado como o ldquoirdquo em portuguecircs A palavra foi introdu-zida no portuguecircs brasileiro nos anos 1960 com o sentido de ldquomeio de comunicaccedilatildeo (social) de massardquo e tem como exemplos mais comuns os jornais impressos o raacutedio a televisatildeo que tiveram seu auge durante o seacuteculo XX A palavra foi introduzida no inglecircs no final do seacuteculo XIX e iniacutecio do seacuteculo XX agrave eacutepoca da invenccedilatildeo do teleacutegrafo da fotografia e do raacutedio para designar a comunicaccedilatildeo entre pessoas distantes espacial-mente de forma anaacuteloga agraves que se realizavam nas sessotildees espiacuteritas por meio de uma pessoa (meacutedium) que servia de mediador entre um espiacuteri-to e as pessoas presentes em uma reuniatildeo realizada com essa intenccedilatildeo Atualmente a palavra eacute usada para designar a imprensa (a grande miacute-dia ou seja os grandes jornais e as grandes redes de comunicaccedilatildeo e a chamada miacutedia alternativa iniciativas que surgem como possibilidade de informaccedilotildees natildeo veiculadas da mesma forma pelas miacutedias de maior poder de penetraccedilatildeo) Na aacuterea da publicidade tem sentido mais especiacute-fico ligado agrave escolha dos veiacuteculos em que determinadas campanhas satildeo disponibilizadas A palavra miacutedia eacute usada ainda para designar a base fiacutesica para a tecnologia empregada no registro e veiculaccedilatildeo da informa-ccedilatildeo por exemplo um CD um pen drive ou um impresso No portuguecircs de Portugal usa-se normalmente a forma meacutedia

Heacutercules Tolecircdo CorrecircaReferecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Ed Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

109

MULTILETRAMENTOS

A palavra multiletramentos eacute formada pelo prefixo mult(i) - do la-tim multus a um correspondente a abundante numeroso em gran-de quantidade - e a palavra letramentos Antes de conceituaacute-la eacute ne-cessaacuterio compreender o que se entende por letramento No Brasil em meados dos anos 1990 esse termo ganha destaque nos estudos de lin-guagem e educaccedilatildeo ao ir aleacutem da ideia de alfabetizaccedilatildeo O letramento eacute um conceito de visatildeo antropoloacutegica ou seja diz respeito aos usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de diferentes ma-neiras sendo socialmente valorizados ou natildeo de diferentes grupos e esferas sociais e culturais Portanto letramento natildeo considera somen-te o sujeito que sabe ler e escrever mas sim eacute o estado ou a condiccedilatildeo que adquire um indiviacuteduo ou grupo social ao se apropriar da escrita A partir desse conceito o adjetivo ldquoletradordquo pode ser entendido como o indiviacuteduo que convive com diversas praacuteticas de leitura e escrita sa-bendo ler ou natildeo Pensando nas diversas situaccedilotildees em que utilizamos a leitura e a escrita surge entatildeo a necessidade de tornar esse conceito plural letramentos Vaacuterias atividades em nosso cotidiano demandam o uso da escrita e mesmo os indiviacuteduos que satildeo analfabetos tambeacutem participam de praacuteticas letradas ou seja modos culturais de utilizar a linguagem escrita em suas vidas cotidianas que variam de acordo com os contextos culturais e sociais Pensando nisso na diversidade de praacute-ticas letradas que surgem com as transformaccedilotildees culturais linguiacutesticas e econocircmicas da sociedade surge a necessidade de ampliar o conceito de letramentos A partir dessa necessidade nasce o conceito de multi-letramentos do inglecircs multiliteracy que surge da reuniatildeo de um grupo de pesquisadores de aacutereas distintas da linguagem que ficou conhecido como New London Group - NLG (Grupo de Nova Londres) no ano de 1996 cujo objetivo era discutir as transformaccedilotildees do mundo globaliza-do seu impacto no ensino de liacutenguas e as transformaccedilotildees pelas quais os textos vinham incorporando ao longo do tempo Para esses pesquisa-dores os textos estavam se modificando ou seja natildeo eram somente de caraacuteter escrito e sim compostos de muacuteltiplas e diferentes linguagens a chamada multimodalidade Os multiletramentos apontam para dois aspectos principais do uso da linguagem sendo eles as diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e a diversidade de contextos e culturas que constituem a sociedade No que diz respeito agraves muacuteltiplas lingua-gens ou agrave multimodalidade dos textos entendemos que os textos que circulam socialmente impressos em diferentes suportes e digitais satildeo compostos por muacuteltiplas semioses e linguagens O segundo aspecto diz respeito agrave multiplicidade cultural que aponta para a variedade de cul-

M

110

turas de produccedilatildeo cultural letrada e do hibridismo textual baseado na eliminaccedilatildeo de fronteiras entre o culto e o popular Aleacutem dessa multipli-cidade surge tambeacutem uma nova eacutetica que natildeo se baseia na ideia de pro-priedade (como o direito autoral) mas no diaacutelogo entre novos partici-pantes (o remix) e uma nova esteacutetica baseada na ideia de ldquocoleccedilatildeordquo em que cada indiviacuteduo seleciona por uma questatildeo esteacutetica de apreciaccedilatildeo conforme seus gostos Os multiletramentos portanto correspondem a esses textos multissemioacuteticos que proporcionam novas relaccedilotildees e expe-riecircncias entre indiviacuteduos textos e culturas

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias COPE Bill KALANTZIS Mary A pedagogy of Multiliteracies designing social futures In COPE B KALANTZIS M (Eds) Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures New York Routledge 2000 p 9-37

KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a praacutetica social da escrita Campinas SP Mercado de Letras 1995

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTILINGUISMO

Mulltilinguismo se refere agrave presenccedila de vaacuterias liacutenguas em coexis-tecircncia O reconhecimento dessa coexistecircncia como um estado natural de um mundo globalizado contribui para a promoccedilatildeo de uma educaccedilatildeo antirracista e valoriza a importacircncia dessas liacutenguas no desenvolvimen-to social e cultural bem como econocircmico e poliacutetico Diante disso focar em uma liacutengua nacional natildeo eacute uma resposta educacional adequada a um mundo multiliacutengue Pessoas multiliacutengues desenvolvem capacida-des de compreender melhor culturas e maneiras de pensar diferentes tal experiecircncia tambeacutem possibilita que se adaptem a necessidades que as liacutenguas dominantes demandem seja no acircmbito linguiacutestico seja no conceitual

No Brasil a liacutengua portuguesa eacute o idioma oficial mas no ano de 2010 por meio do decreto nordm 7387 foi criado o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) identificando 32 municiacutepios com doze liacutenguas cooficiais quatro de descendentes de imigrantes e oito liacutenguas indiacutegenas O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE tam-beacutem no ano de 2010 em uma primeira contagem desde 1950 conseguiu mapear por meio de um censo demograacutefico duzentas e setenta e qua-tro liacutenguas indiacutegenas e tambeacutem trezentas e cinco etnias Aleacutem dessas existem ainda outras multiplicidades como liacutenguas de sinais crioulas afrodescendentes e variaccedilotildees da liacutengua portuguesa em diversas regi-

M

111

otildees do paiacutes Contudo uma naccedilatildeo multiliacutengue se constroacutei com medidas institucionais que se movimentam para aleacutem do reconhecimento da existecircncia de muacuteltiplas liacutenguas no paiacutes Faz-se necessaacuterio investir em instacircncias educacionais que promovam acesso a conhecimento e que valorizem o patrimocircnio cultural (familiar histoacuterico e linguiacutestico) dos cidadatildeos

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias ARCHANJO Renata Globalizaccedilatildeo e Multilingualismo no Brasil Competecircncia Linguiacutestica e o Programa Ciecircncia Sem Fronteiras Revista Brasileira de Linguiacutestica Aplicada Belo Horizonte v 15 ed 3 julset 2015 DOI httpsdoiorg1015901984-639820156309 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrjrblaazCHkdXKkKVJ68hNBktdGWMLlang=ptgt Acesso em 22 jul 2020

Finger I Alves U K Fontes A B A da L amp Preuss E O (2016) Diaacutelogos em multilinguismo uma discussatildeo sobre as pesquisas realizadas no labicoufrgs Letrocircnica s97-s113 httpsdoiorg10154481984-43012016s22390 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpletronicaarticleview22390gt Acesso em 26 jul 2020

LEMOS Ameacutelia Francisco Filipe da C Liacutengua e cultura em contexto multilingue um olhar sobre o sistemaeducativo em Moccedilambique Educar em Revista Curitiba v 34 ed 69 p 17-32 maiojun 2018 DOI 1015900104-406057228 Disponiacutevel em lthttpsrevistasufprbreducararticleview5722835458gt Acesso em 15 jul 2020

LOTHERINGTON H Pedagogy of Multiliteracies Rewriting Goldilocks 1ordf Ediccedilatildeo Editora Routledge 2011

MORELLO R Multilinguismo e ensino nas fronteiras Liacutenguas e Instrumentos Liacutenguiacutesticos Campinas SP n 43 p 217ndash236 2019 DOI 1020396lilv0i438658350 Disponiacutevel em lthttpsperiodicossbuunicampbrojsindexphplilarticleview8658350gt Acesso em 26 jul2020

MULTIMIacuteDIA

A palavra multimiacutedia relaciona-se com os campos da comunicaccedilatildeo e da informaacutetica Pode-se compreendecirc-la como muacuteltiplos meios para se realizar uma comunicaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de meios de comunicaccedilatildeo di-ferentes com vaacuterios suportes de difusatildeo de informaccedilatildeo notadamente imagem e som qualquer recurso de comunicaccedilatildeo ou meio de expressatildeo em que se utiliza mais de um canal de comunicaccedilatildeo Uma apresentaccedilatildeo multimiacutedia eacute contextualizada pela utilizaccedilatildeo de imagem viacutedeo anima-ccedilatildeo som ou uma combinaccedilatildeo dessas miacutedias Na informaacutetica o conceito define a possibilidade de possuir todos os meios de comunicaccedilatildeo entre um computador e o usuaacuterio ainda que estes natildeo sejam bidirecionais Em uma campanha publicitaacuteria ou um plano de miacutedia multimiacutedia eacute a combinaccedilatildeo de diferentes meios e veiacuteculos que favorecem os objetivos de comunicaccedilatildeo cobertura e distribuiccedilatildeo Uma empresa multimiacutedia eacute

M

112

marcada pelo desenvolvimento de produtos que combina a utilizaccedilatildeo de vaacuterias miacutedias ou que oferece serviccedilos independentes (que natildeo se re-lacionam necessariamente) como eacute o caso de um conglomerado indus-trial que possui canais de raacutedio televisatildeo revistas jornais serviccedilos de portalsite fotografia etc O conglomerado pode gerar produtos multi-miacutedia eou oferecer serviccedilos multimiacutedia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MICHAELIS Michaelis Dicionaacuterio Brasileiro da Liacutengua Portuguesa Acesso em lthttpsmichaelisuolcombrgt Acesso em 17 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

PRIBERAM Disponiacutevel em lthttpsdicionariopriberamorggt Acesso em 17 jul 2020

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infantojuvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

MULTIMODALIDADE

A multimodalidade eacute um fenocircmeno em que diferentes modos se-mioacuteticos isto eacute diferentes linguagens como idiomas representaccedilotildees visuais gestos satildeo combinados e integrados em situaccedilotildees comunicati-vas O conceito de multimodalidade geralmente ligado agrave palavra texto comeccedilou a ser usado diante de caracteriacutesticas natildeo verbais que um texto expressa englobando imagens som e gestos Um texto multimodal traz mais de uma modalidade linguiacutestica verbal ou natildeo verbal integradas em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo

A multimodalidade natildeo eacute apenas a soma de linguagens mas a inte-raccedilatildeo entre linguagens diferentes em um mesmo texto Em um mundo marcado por princiacutepios verbais escritos de produccedilatildeo do texto esse se manifesta organizado segundo princiacutepios imageacuteticos de produccedilatildeo

A multimodalidade eacute encontrada em uma conversa face a face em que gestos e expressotildees faciais se unem agrave linguagem verbal Outro exemplo eacute visto nos livros infantis que usam diferentes texturas chei-ros e ateacute mesmo figuras que saltam de suas paacuteginas para estimular os sentidos das crianccedilas

M

113

O conceito de multimodalidade surge a partir da teoria semioacuteti-ca mais especificamente da Semioacutetica Social dos estudiosos Gunther Kress e Leeuwen A semioacutetica prima pelo estudo do texto em suas dife-rentes formas e linguagens mais especificamente focando em explicar o que ele diz e como faz para dizer o que diz

Embora mais utilizada para se referir a textos digitais a multimo-dalidade jaacute era encontrada em pinturas rupestres que demonstram a vida cotidiana do homem expressa por signos Atualmente os textos verbais convivem mutuamente com iacutecones fotos viacutedeos expressando a sua multimodalidade

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias BARROS Diana Luz de Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

CORREcircA Heacutercules T e COSCARELLI Carla V Multimodalidade MIL Daniel (Org) Dicionaacuterio criacutetico da educaccedilatildeo e tecnologias e de educaccedilatildeo a distacircncia Satildeo Paulo Papirus 2018

ROJO Roxane MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTISSEMIOSE

Multissemiose eacute a combinaccedilatildeo de diversos sistemas semioacuteticos como a linguagem verbal e a natildeo verbal em um mesmo texto Assim sendo podemos conceber o texto multissemioacutetico tambeacutem chamado de multimodal por alguns estudiosos como uma interaccedilatildeo semacircntica en-tre fala imagens escrita e outros modos veiculados por meio de outros sentidos ndash tato e paladar por exemplo A multissemiose estaacute presente em textos que nos permitem interpretar uma mensagem imagetica-mente de modo que o leitor tenha aleacutem do texto verbal alguns recur-sos visuais que facilitem o processamento do conteuacutedo em si

A multissimeiose eacute uma marca dos textos na sociedade atual re-pleta de panfletos outdoors reconhecimento automaacutetico de voz textos verbais acompanhados de fotos imagens diversas emoticons e emojis

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias KRESS G VAN L T Reading images the grammar of visual design 2 ed London amp New York Routledge 2006

ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

VIEIRA Mauriceacuteia de Paula A leitura de textos multissemioacuteticos novos desafios para velhos problemas Anais do SIELP Uberlacircndia EDUFU 2012 v 2 n 1

N

114

NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO

O termo letramento vem sendo acompanhado de diferentes adjetivos e outros termos qualificadores ao longo dos anos a partir do seu sur-gimento no Brasil nos anos 1980 Antes de definirmos Novos Estudos do Letramento eacute importante relembrar o que se entende por letramen-to Numa perspectiva socioantropoloacutegica o termo letramento pode ser entendido como usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam eles socialmente valorizados ou natildeo locais (proacuteprios de uma comunidade especiacutefica) ou globais re-cobrindo contextos sociais diversos (famiacutelia igreja trabalho miacutedias escolas etc) em grupos sociais e comunidades culturalmente diversifi-cadas e o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em dife-rentes situaccedilotildees de uso dela Constitui-se portanto um sujeito letrado aquele que domina essas praacuteticas sociais de leitura e escrita Partamos entatildeo para o que chamamos de Novos Estudos do Letramento Novos ndash plural de novo ndash que se caracteriza pela atualidade pela contempo-raneidade ndash e atribuiacutedo aos estudos do letramento Esse conceito surge ao se observar que os estudos do letramento estavam caminhando para um vieacutes mais social do que cognitivo Essa denominaccedilatildeo New Litera-cy Studies (NLS) foca em uma visatildeo mais social do letramento Esse ldquonovordquo se relaciona agrave ideia de ldquovirada socialrdquo ndash termo representou uma mudanccedila paradigmaacutetica da mente do indiviacuteduo passou-se a conside-rar leitura e escrita a partir do contexto das praacuteticas sociais e culturais (histoacutericas poliacuteticas e econocircmicas) ndash ou seja um aprofundamento das praacuteticas sociais culturais e locais de uso do letramento Esse caraacuteter etnograacutefico proposto pelos NLS enquanto um modelo de pesquisa envolve enquadramentos conceitualizaccedilotildees conduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo escrita e relato associado a um estudo amplo profundo e de longa du-raccedilatildeo de um grupo social ou cultural A partir dos estudos fundamen-tados na metodologia da etnografia o NLS apresenta duas concepccedilotildees de letramento autocircnomo e ideoloacutegico Pela perspectiva do letramento autocircnomo entende-se que o indiviacuteduo age de maneira independente Trata-se de um modelo de letramento que natildeo depende de um contexto social pois estaacute baseado em noccedilotildees de neutralidade e universalidade do conhecimento a ser transmitido ou seja o letramento por si soacute eacute autocircnomo capaz de produzir efeitos sobre praacuteticas cognitivas e sociais desconsiderando as condiccedilotildees sociais culturais e econocircmicas ineren-tes agrave vida social Jaacute na perspectiva do letramento ideoloacutegico as praacute-ticas de letramento variam de um contexto a outro isso porque esse modelo entende o letramento como uma praacutetica social e natildeo somente uma habilidade teacutecnica e neutra Nessa perspectiva o modo como as

N

115

pessoas se relacionam com a leitura estaacute enraizado na representaccedilatildeo dessas pessoas sobre o conhecimento Diferente do modelo autocircnomo em que o letramento eacute algo ldquodadordquo aos sujeitos o letramento ideoloacutegico seraacute reformulado reapropriado de maneiras diferentes de acordo com o contexto em que tiver inserido e com a identidade dos sujeitos-mem-bros de uma comunidade

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias BEVILAQUA Raquel Novos estudos do letramento e multiletramentos divergecircncias e confluecircncias RevLet Revista Virtual de Letras v 5 n1 janjul 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwrevletcombrartigos175pdfgt Acesso em 5 jul 2020

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

STREET B V Literacy and multimodality STIS Lecture Inter-Disciplinary Seminars Laboratoacuterio SEMIOTEC da FALEUFMG Faculdade de Letras Belo Horizonte Brazil 2012

NOVOS (MULTI)LETRAMENTOS

Para compreendermos o que se designa de Novos (multi)letramen-tos eacute importante retomar brevemente o conceito de multiletramentos Os multiletramentos se constituem a partir das diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e da diversidade de contextos e culturas que cons-tituem a sociedade Sendo assim ao longo do tempo surgiu a necessida-de de atribuir o adjetivo novos (no plural) ndash que aponta para algo que vigora que tem curso atual e substitui algo jaacute ultrapassado ndash ou seja a incorporaccedilatildeo desse adjetivo caminha para uma ideia de que surgiram ou se ampliaram os usos de novas linguagens e estamos em uma diver-sidade de contextos e culturas mais amplos Um dos fatores que moti-varam o emprego dessa ideia de novo eacute o uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo A internet mudou e ampliou as praacuteticas de letramento(s) promovendo assim uma novidade em relaccedilatildeo agraves praacuteti-cas sociais Os novos letramentos surgem com a internet e a tecnologia e para isso demandam novas habilidades de utilizaccedilatildeo como uso de aplicativos de texto que tambeacutem integram sons imagens e animaccedilotildees Aleacutem disso os novos dispositivos vecircm se transformando e se modifi-cando cada vez mais para atender as diferentes demandas da sociedade como por exemplo os smartphones os tablets os laptops os smartwatches (reloacutegios digitais com funccedilotildees diversas)Todos esses novos letramentos possuem esse caraacuteter multi (muitos) satildeo muacuteltiplos multimodais e mul-tifacetados Aleacutem disso esses novos letramentos satildeo mais participati-

N O

116

vos colaborativos e distributivos Essas novas tecnologias assim como esses novos dispositivos promoveram novas possibilidades de textosdiscursos como o hipertexto a multimiacutedia e depois a hipermiacutedia que por sua vez ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos tex-tosdiscursos requisitando assim novos (multi)letramentos

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

OBJETOS DE APRENDIZAGEM ndash recursos digitais

No mundo globalizado os objetos de aprendizagem possuem uma estreita ligaccedilatildeo com as tecnologias digitais e a internet Dessa manei-ra agrave medida que as tecnologias digitais se aprimoram os recursos se apresentam com maiores possibilidades de ocuparem lugares no cam-po educacional possibilitando uma maior interatividade dos alunos professores e conteuacutedos escolares e consequentemente uma aprendi-zagem mais eficaz O conceito busca estabelecer formalismos para o desenvolvimento de conteuacutedos didaacuteticos que sejam acessiacuteveis a qual-quer ambiente virtual de ensino-aprendizagem e aplicaacuteveis em dife-rentes contextos Os objetos de aprendizagem (OAs) satildeo ferramentas ou recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados no suporte do aprendizado Tais recursos podem compreender viacutedeos imagens hipertextos apresentaccedilotildees em slides etc A essecircncia dos OAs repousa sobre quatro caracteriacutesticas fundamentais acessibilidade reutilizaccedilatildeo durabilidade e interoperabilidade nas quais espera-se que aleacutem de po-derem ser encontrados e modificados sem perdas de qualidade teacutecnica ou didaacutetica duraacuteveis os OAs possam ser operados a partir de diferentes softwares e ambientes virtuais

Leidelaine Seacutergio Perucci

Referecircncias DIAS Carla Cristina Lu et al Padrotildees abertos aplicabilidade em Objetos de Aprendizagem (OAs) XX Simpoacutesio Brasileiro de Informaacutetica na Educaccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpsbr-ieorgpubindexphpsbiearticleview11631066gt Acesso em 29 jul 2020

SILVA Robson Santos Objetos de aprendizagem para Educaccedilatildeo a Distacircncia Satildeo Paulo Novatec Editora 2011 Disponiacutevel em lthttpss3novateccombrcapituloscapitulo-9788575222256pdfgt Acesso em 29 jul 2020

P

117

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Haacute uma discussatildeo terminoloacutegica que perpassa as consideraccedilotildees sobre trecircs expressotildees que compotildeem o campo e estudo sobre pedago-gia de projetos Satildeo eles meacutetodo de projetos trabalho com projetos e pedagogia de projetos Traccedilar essa delimitaccedilatildeo carece reconhecer os fundamentos teoacutericos que iniciaram essa trajetoacuteria de discussatildeo contri-buindo para consolidar o campo de estudos sobre as temaacuteticas e assim possibilitar aberturas para novos desdobramentos no campo teoacuterico e metodoloacutegico acerca da pedagogia de projetos Pensar numa pedagogia engloba o sentido etimoloacutegico da palavra paidagōgiacutea que significa lsquodi-reccedilatildeo ou educaccedilatildeo de crianccedilasrsquo ou seja educaccedilatildeo abrange pressupostos fundamentos diaacutelogo entre diferentes teorias que demarcam a conso-lidaccedilatildeo de um campo de conhecimentos teoacutericos e metodoloacutegicos em articulaccedilatildeo relaccedilatildeo dialoacutegica entre aspectos globais e locais Associar a expressatildeo meacutetodo eou trabalho com projetos demanda uma atuaccedilatildeo e olhar mais especiacuteficos sobre o trabalho pedagoacutegico a ser realizado Estudiosos do assunto apresentam uma cronologia do desenvolvimen-to teoacuterico e metodoloacutegico do trabalho baseado em projetos que teria se iniciado no final do seacuteculo XVI mais precisamente em 1590 nas escolas de arquitetura da Europa Essa trajetoacuteria tem sua continuidade em 1765 quando o trabalho com projetos eacute considerado meacutetodo de ensino e im-plementado nas Ameacutericas Em 1880 o trabalho com projetos eacute instituiacute-do nas escolas de formaccedilatildeo manual e nas escolas puacuteblicas em geral No ano de 1915 haacute redefiniccedilatildeo sobre o trabalho com projetos e retorno des-sa problematizaccedilatildeo na Europa Por fim entre os anos de 1965 e 2006 haacute a redescoberta do trabalho com projetos e sua divulgaccedilatildeo internacional pela terceira vez Hoje essa metodologia estaacute amplamente difundida e utilizada por diferentes aacutereas A efervececircncia da discussatildeo que culmi-na na expressatildeo pedagogia de projetos esbarra nos aspectos histoacutericos e econocircmicos ao longo do seacuteculo XX mas centra-se no decliacutenio dos mo-delos taylorista e fordista que dinamizavam as empresas influenciando a estrutura e forma de organizaccedilatildeo da dinacircmica escolar ponto este de tensatildeo que contribuiu para um (re)pensar educativo atraveacutes da pedago-gia de projetos por parte de todos os envolvidos na dinacircmica da escola e assim propiciar possibilidades de transiccedilatildeo da estrutura escolar tradi-cional para apropriar-se de abordagens mais dinacircmicas atrativas e ati-vas A pedagogia de projetos constitui-se de forma a articular aspectos antes fragmentados como o diaacutelogo entre as disciplinas escolares que favorece a integralidade curricular e com isso uma avaliaccedilatildeo natildeo mais centralizada mas articulada com diversos instrumentos subjacentes ao processo baseados na autonomia e proatividade do aluno A concepccedilatildeo inicial e origem da utilizaccedilatildeo da expressatildeo ldquopedagogia de projetosrdquo par-

P

118

te das contribuiccedilotildees do filoacutesofo e educador escolanovista John Dewey (1959 1971) no que se refere agraves percepccedilotildees sobre uma experiecircncia de produccedilatildeo de conhecimento de engajamento e participaccedilatildeo nas etapas que constituem os processos educativos Assim pretende-se por meio da pedagogia de projetos oferecer uma educaccedilatildeo pautada na postura ativa e natildeo mais passiva dos educandos descentralizando a atuaccedilatildeo docente o que remodela a forma de organizar aspectos estruturantes de se fazer e viver a escola sua dinacircmica e organizaccedilatildeo ao decentrali-zar a atuaccedilatildeo dos participantes do cotidiano escolar Essa experiecircncia ajuda a repensar reordenar e assim ressignificar as percepccedilotildees sobre os elementos que constituem o processo de ensino e reposiciona os parti-cipantes desse processo estabelecendo uma relaccedilatildeo horizontal pautada no engajamento e caraacuteter colaborativo de forma a atender as especifici-dades que surgem no processo de ensino e aprendizagem individual e coletivamente bem como atender as necessidades dos indiviacuteduos que a estes processos dinamizam No Brasil o maior colaborador para disse-minaccedilatildeo da pedagogia de projetos e a discussatildeo que essa terminologia representa foi Aniacutesio Teixeira

Luanna Amorim Vieira da Silva

Referecircncias PASQUALETO T I VEIT E A amp ARAUacuteJO I S (2017) Aprendizagem Baseada em Projetos no Ensino de Fiacutesica uma Revisatildeo da Literatura Revista Brasileira De Pesquisa Em Educaccedilatildeo Em Ciecircncias 17(2) 551-577 Disponiacutevel em lthttpsdoiorg10289761984-2686rbpec2017172551gt Acesso em 1 dez 2020

PLANOS FOTOGRAacuteFICOS

Plano fotograacutefico eacute a organizaccedilatildeo dos elementos fotografados no en-quadramento da cena Satildeo divididos com base na distacircncia entre a cacirc-mera e o objeto fotografado em grande plano geral plano meacutedio plano americano primeiro plano plano detalhe plongeacutee (cuja traduccedilatildeo literal do francecircs eacute mergulho) e contraplongeacutee O grande plano geral busca en-quadrar e evidenciar todo o ambiente dando pouca ecircnfase no sujeito O plano geral busca enquadrar o sujeito no espaccedilo onde ele se encontra dando uma sensaccedilatildeo de completude O plano meacutedio busca dar foco agrave captura do sujeito e eacute utilizado para fotografar todo o corpo de uma pessoa ou da cintura para cima Os demais elementos compotildeem o ce-naacuterio que ajudam no enquadramento No plano americano o sujeito eacute enquadrado da linha dos joelhos para cima Foi criado por diretores de filmes de faroeste americanos para que as armas tambeacutem fossem mostradas nas cenas de duelos O primeiro plano tambeacutem conhecido popularmente como close eacute utilizado para registrar emoccedilotildees e expres-

P

119

sotildees do rosto do sujeito enquadrando assim a cabeccedila e outros detalhes do corpo da pessoa que o fotoacutegrafo julgar importante O sujeito eacute iso-lado e o ambiente pouco importa nesse plano O plano detalhe busca captar os detalhes de parte do corpo partes de objetos ou da natureza No plano plongeacutee a cacircmera estaacute acima do niacutevel dos olhos voltada para baixo Essa forma de enquadramento eacute tambeacutem chamada de cacircmera alta Jaacute no plano contraplongeacutee a cacircmera estaacute abaixo no niacutevel dos olhos e apontada para cima

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias DANTAS Marcelo O artista digital e os planos fotograacuteficos Medium 2018 Disponiacutevel em lthttpsmediumcomaelao-artista-digital-e-os-planos-fotogrC3A1ficos-373f8499d62cgt Acesso em 5 de jul de 2020

PLURILINGUISMO

O prefixo ldquoplurirdquo tem sua origem no latim plus e se refere agrave ideia de ldquovaacuteriosrdquo ldquodiversosrdquo ldquopluralrdquo Desse modo plurilinguismo se refere ao ensino de vaacuterias liacutenguas Tal ensino se direciona a uma competecircncia adquirida pelo falante para compreender e ser compreendido diante da presenccedila de mais de uma liacutengua em determinado contexto de comuni-caccedilatildeo intercultural O ensino plurilinguiacutestico evolui para uma capaci-dade comunicativa que expande a experiecircncia do indiviacuteduo para uma dimensatildeo sociocomunicativa mais ampla Assim estaacute ligado de forma mais estreita agraves questotildees culturais e natildeo soacute ao domiacutenio de liacutenguas es-trangeiras Dessa forma a aprendizagem de outras liacutenguas tende a pro-mover a construccedilatildeo de identidades compostas por diversas culturas valorizando as diferenccedilas em um mundo multiliacutengue Portanto estaacute relacionado a convivecircncia pluricultural na qual os indiviacuteduos se comu-nicam por meio de uma variedade linguiacutestica

Haacute tambeacutem a compreensatildeo de que a competecircncia plurilinguiacutestica eacute transversal e corresponde agraves necessidades de comunicaccedilatildeo da ldquoera planetaacuteriardquo em que vivemos Essa era evoca outra necessidade a de ar-ticular e inter-relacionar conhecimentos contrapondo-se ao ensino tra-dicional compartimentado e linear Diante da multiplicidade cultural e da diversidade linguiacutestica das populaccedilotildees os multiletramentos se mos-tram necessaacuterios e condizentes com as linguagens miacutedias e tecnologias que favorecem novas praacuteticas de leitura e escrita o que se justifica nas sociedades contemporacircneas cuja multiplicidade semioacutetica dos textos com os quais essa sociedade se informa e se comunica eacute notoacuteria

Layla Juacutelia Gomes Mattos

P

120

Referecircncias CAROLA Cristina COSTA Heloisa Albuquerque Intercompreensatildeo no ensino de liacutenguas estrangeiras formaccedilatildeo pluriliacutengue para preacute-universitaacuterios Revista Moara n42 p99-116 juldez 2014 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufpabrindexphpmoaraarticledownload20582397gt Acesso em 26 jul 2020

ROJO Roxane Moura Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MENEZES Leonarda Jacinto Joseacute Maria Plurilinguismo Multilinguismo e Bilinguismo Reflexotildees sobre a Realidade Linguiacutestica Moccedilambicana PERcursos Linguiacutesticos v 3 n 7 (2013) Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufesbrindexphppercursosarticleview4589gt Acesso em 20 jul 2020

PODCASTS

Podcast designa uma forma de produccedilatildeo e compartilhamento de ar-quivos de aacuteudio na internet cujas atualizaccedilotildees podem ser consumidas (ouvidas) pelos usuaacuterios que por sua vez podem tambeacutem descarregaacute--las (fazer downloads) em seus dispositivos (hardwares)

Diferentemente do que se tornou comum considerar o podcast natildeo estaacute necessariamente ligado ao aacuteudio jaacute que qualquer conteuacutedo de miacute-dia (viacutedeo texto foto) pode ser distribuiacutedo atraveacutes do RSS (Rich Site Summary ou Really Simple Syndication)

A palavra podcast foi criada por Ben Hammersley para a ediccedilatildeo de abril de 2004 do jornal britacircnico The Guardian e inaugura o neologismo cujo conceito tem sido debatido Haacute duas versotildees sobre a origem do pre-fixo na primeira o pod proveacutem do famoso aparelho tocador de aacuteudio da empresa Apple (o lsquoiPodrsquo) jaacute na segunda pod significaria personal on demand ou lsquopessoal por demandarsquo O sufixo cast vem de broadcasting ou seja lsquotransmissatildeorsquo Desde entatildeo diferentes abordagens do fenocircmeno ganharam espaccedilo no debate acadecircmico Poreacutem natildeo haacute acordo sobre a definiccedilatildeo de padrotildees especiacuteficos ou regras que devem ser conduzidas no podcasting mas converge sempre agrave produccedilatildeo sonora realizada de for-ma colaborativa e associada agrave mobilidade A grande maioria dos ouvin-tes de podcasts utiliza seus smartphones para a escuta dos aacuteudios geral-mente durante o trajeto de locomoccedilatildeo urbana ou em tarefas domeacutesticas

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias COUTO Ana Luiacuteza S MARTINO Luiacutes Mauro Saacute Dimensotildees da pesquisa sobre podcast trilhas conceituais e metodoloacutegicas de teses e dissertaccedilotildees de PPGComs (2006-2017) Revista Raacutedio-Leituras Mariana-MG v 9 n 02 pp 48-68 juldez 2018

P

121

SALVES Deacuteborah Podcast imediato um estudo sobre a podosfera brasileira Orientador Profordf Drordf Raquel Ritter Longhi 2009 84 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Jornalismo) - Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2009 Disponiacutevel em lthttpsnephijorufscbrwordpresswp-contentuploads201305Podcast-Imediato-um-Estudo-Sobre-a-Podosfera-Brasileira-Deborah-Salves-2009-2pdfgt Acesso em 8 jul 2020

VICENTE Eduardo Do raacutedio terrestre ao podcast uma nova praacutetica de produccedilatildeo e consumo de aacuteudio Anais da Compoacutes Disponiacutevel em lthttpwwwcomposorgbrdataarquivos_2018trabalhos_arquivo_5U524AASCK6777ZKAFXV_27_6695_25_02_2018_16_09_06pdfgt Acesso em 8 jul 2020

POLIFONIA

Entende-se por polifonia um recurso esteacutetico formal apresentado por Mikhail Bakhtin (1895-1975) no ensaio publicado em 1963 intitu-lado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a partir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacutevski (1821-1881) O ponto de partida para a definiccedilatildeo da polifonia eacute a relaccedilatildeo autor-heroacutei nos roman-ces de Dostoieacutevski Bakhtin percebeu que tanto a voz autoral como a do heroacutei satildeo colocadas no mesmo plano A voz do heroacutei natildeo estaacute subor-dinada a uma imagem objetivada dele mesmo nem serve de inteacuterprete da voz do autor possuindo independecircncia dentro da estrutura da obra Nesses romances que Bakhtin denominou de romance polifocircnico em contraponto ao romance monoloacutegico a voz do autor eacute uma voz como as outras e todas satildeo dotadas de valores e poderes plenos nenhuma voz torna-se objeto da outra A polifonia eacute portanto a equivalecircncia de to-das as vozes no interior do objeto esteacutetico e essas vozes se constituem atraveacutes do diaacutelogo na maioria das vezes em pontos de vista contradi-toacuterios pois a voz consciecircncia falante que se faz presente nos enuncia-dos natildeo eacute neutra traz consigo a percepccedilatildeo de mundo juiacutezo e valores Atraveacutes da polifonia podemos compreender um mundo em constante transformaccedilatildeo plural incluso repleto de singularidades Essa capaci-dade permite que o conceito bakhtiniano esteja ainda tatildeo atual

Ana Claacuteudia Rola Santos

Referecircncias FIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

FARACO Carlos Alberto Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje Porto Alegre v 46 n 1 p 21-26 janmar 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

Q R

122

QUIZZES E ENSINO

Quiz eacute uma palavra com origem na liacutengua inglesa cuja definiccedilatildeo eacute questionaacuterio teste ou uma sequecircncia de perguntas Quando este termo estaacute relacionado ao ensino o quiz passa a ser algo aleacutem de uma sequ-ecircncia de perguntas pois este se torna uma ferramenta interativa capaz de aprofundar consolidar reforccedilar e principalmente avaliar a aprendi-zagem do estudante O quiz tem o objetivo de incentivar os estudantes a pensarem pesquisarem refletirem e discutirem os conteuacutedos e con-ceitos passados em sala de aula atraveacutes de questotildees de ordem teoacutericas e praacuteticas Existem diversos aplicativos sites e serviccedilos que possibilitam a criaccedilatildeo e uso gratuito de quizzes podendo ser do tipo on-line ou off--line Em sua forma on-line os quizzes satildeo criados e disponibilizados a partir de aplicativos plataformas ou sites da web como Quizur Google Forms ProProfs Quiz Maker Kahoot Socrative etc Jaacute em seu modo off-line utilizam-se aplicativos como o Plickers Dessa maneira com au-xiacutelio das tecnologias digitais o quiz se torna uma ferramenta uacutetil na aacuterea da educaccedilatildeo proporcionando experiecircncias diferentes no ambiente estudantil inclusive podendo ser utilizado de forma luacutedica como um ldquojogordquo

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias VARGAS Daiana de AHLERT Edson Moacir O processo de aprendizagem e avaliaccedilatildeo atraveacutes de QUIZ 2017 Artigo (Especializaccedilatildeo) ndash Curso de Docecircncia na Educaccedilatildeo Profissional Universidade do Vale do Taquari - Univates Lajeado 22 set 2017 Disponiacutevel em lthttphdlhandlenet107372038gt Acesso em 4 jul 2020

REDE SOCIAL (digital)

As redes sociais satildeo sites e aplicativos que permitem conexatildeo e inte-raccedilatildeo entre os usuaacuterios Satildeo tambeacutem conhecidas como ldquomiacutedias sociaisrdquo Entre as mais populares atualmente estatildeo o Facebook Instagram WhatsApp SlideShare YouTube e Twitter Por tambeacutem permitirem a comunicaccedilatildeo entre empresas e seu puacuteblico satildeo importantes canais para uma estrateacutegia de marketing digital As redes sociais tecircm como objetivo alcanccedilar um puacuteblico Podemos enquadrar as redes sociais agrave definiccedilatildeo de lsquomiacutediasrsquo como um conjunto de lsquomeios de comunicaccedilatildeorsquo de lsquomassarsquo ou lsquodigitaisrsquo destacados sobretudo por se tratar de dispositivos tecnoloacutegi-cos englobados por vezes em um acircmbito institucional no qual lsquomiacutediarsquo ganha tambeacutem o significado de lsquoempresa de comunicaccedilatildeorsquo e em que a

R

123

miacutedia eacute encarada como elemento agenciador das accedilotildees e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo de determinados fatos

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias EQUIPE EDUCAMUNDO As redes sociais na educaccedilatildeo desafios e dicas imperdiacuteveis [Sl] Educamundo 12 jun 2020 Disponiacutevel em lthttpswwweducamundocombrblogeducacao-redes-sociaisgt Acesso em 5 jul 2020

REMIXAGEM

Remixagem relaciona-se com a palavra remix originada do in-glecircs podendo ser tanto o verbo to remix quanto o substantivo remix As formas mais conhecidas do termo descrevem o objeto e o processo de remix tendo relaccedilatildeo com vaacuterios outros termos como o sampling e o mashup Sobre o conceito de remix pesquisadores desenvolveram trecircs frentes distintas o fenocircmeno cultural conhecido como cultura remix praticado com o uso de tecnologias digitais a praacutetica ou teacutecnica de re-mix a ideologia eou discurso da cultura remix conhecida como Re-mix (escrita apenas com a primeira letra na forma maiuacutescula) Como praacutetica eou teacutecnica ligada agrave cultura remix o termo pode ser encarado como re-mix em que o ldquorerdquo traz consigo a ideia de fazer algo novamente e o ldquomixrdquo significa mixagem (mistura) Assim o termo remix deve ser entendido como o rearranjo e mixagem de algo que jaacute foi editado antes ou seja uma forma de recriaccedilatildeo de outra obra (muacutesica viacutedeo entre ou-tras) uma remixagem A partir disso pode-se dizer que a palavra remi-xagem estaacute mais ligada agrave praacutetica ou agrave teacutecnica de remix do que qualquer outra nuance do mesmo termo

A praacutetica de remix como apropriaccedilatildeo desvio e criaccedilatildeo livre tem suas origens no movimento hip-hop que surgiu no final da deacutecada de 1960 em Nova York com gecircnese na muacutesica jamaicana Eacute nesse cenaacuterio mais especificamente nos anos 1970 a partir da criaccedilatildeo de maacutequinas de remix pelos DJs que o termo remix comeccedilou a ser utilizado em contex-tos associados agrave muacutesica e a outras aacutereas como a literatura o cinema e as artes plaacutesticas Em seu sentido amplo a remixagem pode ser entendida como um processo de ediccedilatildeo e apropriaccedilatildeo de fragmentos de materiais preexistentes com o intuito de originar novas obras As caracteriacutesticas das novas ferramentas digitais e da sociedade contemporacircnea tecircm po-tencializado a praacutetica do remix a partir de outros formatos e modali-dades Nesse sentido com a facilidade de acesso a softwares de ediccedilatildeo de aacuteudio imagem e viacutedeo a remixagem se torna uma praacutetica cada vez mais comum na nossa cultura (cultura remix) Esse movimento eacute ainda

R

124

mais potencializado por sites de divulgaccedilatildeo de viacutedeos como o YouTube que abarca uma grande variedade de remixes comuns na nossa cultura tais como memes e mashups

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo e Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias NAVAS E Remix Theory Nova York Springer 2012

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

RENDERIZACcedilAtildeO

O substantivo renderizaccedilatildeo deriva do verbo renderizar cujo signifi-cado eacute tornar um trabalho de processamento digital de aacuteudio imagem viacutedeo dentre outros produtos digitais em um material permanente Esse material eacute resultado de compilaccedilotildees e ediccedilotildees que constroem o resultado final Logo renderizaccedilatildeo eacute a etapa final desse processo que demanda teacutecnicas e recursos graacuteficos que envolvem cor luz contraste som etc partindo de um material bruto digitalizado que por meio de ediccedilatildeo poderaacute proporcionar uma melhor experiecircncia para o usuaacuterio transformando vaacuterios arquivos em um uacutenico produto

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias RENDERIZAR In DICIO Dicionaacuterio Online de Portuguecircs Porto 7Graus 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwdiciocombrrenderizargt Acesso em 9 ago 2020

O QUE eacute renderizaccedilatildeo ou render ControleNet Disponiacutevel em lthttpswwwcontrolenetfaqrenderizacao-ou-render-de-video-audio-e-imagens-3dgt Acesso em 9 ago 2020

SEEMG Cadernos de Informaacutetica - Curso de Computaccedilatildeo Graacutefica 3D Belo Horizonte Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais Disponiacutevel em lthttpportaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000014214pdfgt Acesso 9 ago 2020

REPRODUTIBILIDADE TEacuteCNICA

A expressatildeo reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida pela anaacute-lise do significado das palavras que a compotildeem Reprodutibilidade eacute a qualidade do que pode ser reproduzido enquanto teacutecnica designa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou uma ciecircncia ou ainda a parte material dessa arte ou ciecircncia Nesse sentido reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida como um material ou um conjunto de pro-cedimentos que podem ser reproduzidos A ideia de reprodutibilidade

R

125

teacutecnica eacute utilizada no campo das artes para fazer referecircncia agraves possibili-dades de reproduzir a imagem principalmente a partir de teacutecnicas como a fotografia e o cinema que surgiram com o processo industrial Esta relaccedilatildeo entre reprodutibilidade teacutecnica e imagem foi traccedilada por Walter Benjamin (1987) em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade teacutecnica A fotografia foi inventada no iniacutecio do seacuteculo XIX em meio ao desenvolvimento tecnoloacutegico e afetou de forma acentuada o campo das artes visuais Isso porque ateacute aquele momento a produccedilatildeo de imagens visuais era feita manualmente por artistas o que propiciava o caraacuteter uacutenico dessas obras Por outro lado a fotografia possibilita a captaccedilatildeo de imagens por meio de uma maacutequina e viabiliza sua produccedilatildeo em seacuterie Nesse sentido a fotografia natildeo se insere no acircmbito da unicidade como ocorre com a pintura mas sim na ordem da reprodutibilidade teacutecnica Nesse processo de reprodutibilidade teacutecnica natildeo existe mais o original pois todos tecircm acesso agraves coacutepias disseminadas

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

ReferecircnciasALMEIDA J G M A reprodutibilidade teacutecnica e a mudanccedila de percepccedilatildeo da realidade Revista Diaacutelogo Educacional v 5 n15 p27-43 2005

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

REUNIAtildeO VIRTUAL

Entende-se pela expressatildeo ldquoreuniatildeo virtualrdquo um encontro de pes-soas realizado pela internet atraveacutes de aplicativos ou serviccedilos com pos-sibilidades de compartilhamento de apresentaccedilotildees voz viacutedeo textos e arquivos unindo participantes de diferentes locais geograficamente Para realizar uma reuniatildeo virtual podem ser usados computadores de mesa laptops smartphones ou tablets Algumas plataformas como o Skype o Google Meet o Google HangOuts o Zoom o Team e o Jitsi possibilitam a realizaccedilatildeo de reuniotildees virtuais permitindo aleacutem das chamadas de viacutedeo o compartilhamento de telas e a ediccedilatildeo colaborati-va de documentos O Skype eacute um software lanccedilado no ano de 2003 que permite comunicaccedilatildeo pela internet atraveacutes de conexotildees de voz e viacutedeo criado por Janus Friis e Niklas Zennstrom Ele permite criar gratuita-mente videochamadas com ateacute 50 convidados Natildeo eacute preciso ser cadas-trado no serviccedilo para participar de uma reuniatildeo que pode ser acessada por meio de um link O Skype oferece bate-papo por viacutedeo chamadas internacionais e mensagens de texto via web Jaacute o Google Meet eacute um

R S

126

serviccedilo de comunicaccedilatildeo por viacutedeo desenvolvido pela empresa Google Ele conta com recursos multimiacutedia de interaccedilatildeo como suporte ao mi-crofone cacircmera e gravaccedilatildeo de tela A plataforma tambeacutem eacute chamada de Google Hangouts Meet pois surgiu a partir da separaccedilatildeo do chat do Hangouts e do recurso de viacutedeo Hoje a ferramenta de chat ficou responsaacutevel apenas pelo bate-papo em texto dos grupos enquanto o Meet tornou-se um aplicativo especiacutefico para realizaccedilatildeo de reuniotildees de viacutedeo com ateacute 250 pessoas conforme a licenccedila adotada O Zoom eacute um serviccedilo que possui diversas funcionalidades como compartilhamento de tela gravaccedilatildeo de webinars acesso via telefone upload de reuniotildees na nuvem e permite o uso de um quadro branco para fazer anotaccedilotildees O aplicativo tem uma versatildeo gratuita que oferece ateacute 40 minutos de viacutedeo com 100 pessoas e oferece a opccedilatildeo de uma conta gratuita apenas regis-trando um endereccedilo de e-mail e uma senha Atraveacutes dessa ferramenta o administrador da reuniatildeo pode criar uma sala e enviar um convite via e-mail ou link para qualquer pessoa participar mesmo que natildeo tenha uma conta no serviccedilo Jaacute o Jitsi eacute mais uma opccedilatildeo para quem procura re-alizar reuniotildees virtuais Trata-se de uma plataforma sem fins lucrativos e de coacutedigo aberto Para entrar nas chamadas natildeo precisa se cadastrar apenas eacute necessaacuterio acessar o link gerado que pode ser protegido por senha Importante lembrar que com a acelerada evoluccedilatildeo das tecnolo-gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alteraccedilotildees nessas plataformas e o surgimentos de outras ocorrem a todo momento tornando as informa-ccedilotildees aqui prestadas facilmente ultrapassadas

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

Referecircncias 10 ferramentas de videochamada para fazer reuniatildeo on-line Share 2020 Disponiacutevel em lthttpstudodesharecombrblog10-ferramentas-de-videochamada-para-fazer-reunioes-onlinegt Acesso em 12 de jul 2020

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

LEacuteVY Pieacuterre O que eacute o virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

ROSOLEN Faacutebio Google Meet serviccedilo de videoconferecircncia agora eacute gratuito para todos MundoConectado 2020 Disponiacutevel em lthttpsmundoconectadocombrnoticiasv13436google-meet-servico-devideoconferencia-agora-e-gratuito-para-todosgt Acesso em 12 jul 2020

SEMIOacuteTICA

A palavra semioacutetica vem do grego semeion que significa signo sema ou sinal o que demonstra imprecisatildeo na definiccedilatildeo dos limites da se-mioacutetica em relaccedilatildeo a outras ciecircncias afins tais como a semacircntica e a

S

127

semiologia De modo geral a semioacutetica eacute uma ciecircncia que estuda os signos (natildeo no sentido da astrologia mas no sentido de dar significado referindo-se agrave linguagem) e seu uso no campo da comunicaccedilatildeo aleacutem dos seus significados Embora por muitos anos o termo ldquosemiologiardquo tenha prevalecido entre os conhecidos estruturalistas franceses termo adotado pelo linguista e filoacutelogo suiacuteccedilo Ferdinand de Saussure a partir do seacuteculo XX mais precisamente no ano de 1969 o termo semioacutetica foi adotado como referecircncia no estudo dos signos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias B DE M BATISTA M DE F A semioacutetica caminhar histoacuterico e perspectivas atuais Revista de Letras v 1 n 25 2003

SANTAELLA L O que eacute semioacutetica Satildeo Paulo Brasiliense 1983 (Coleccedilatildeo Primeiros Passos)

SEMIOacuteTICA (peirciana)

Charles Sanders Peirce foi cientista matemaacutetico pedagogista filoacute-sofo e linguista americano Desenvolveu trabalhos com contribuiccedilotildees importantes agrave matemaacutetica filosofia loacutegica e principalmente agrave semi-oacutetica Para o entendimento da semioacutetica peirciana eacute importante com-preender o sistema categorial triaacutedico definido por Peirce Fenomeno-logia desenvolvida a partir de trecircs categorias universais denominadas como primeiridade secundidade e terceiridade A categoria definida como primeiridade eacute a forma de ser daquilo como eacute positivamente e sem nenhuma referecircncia a qualquer outra coisa Essa categoria indica a presenccedila raacutepida da mera possibilidade do sentimento irrefletido da independecircncia Jaacute a categoria definida como secundidade apoia-se na relaccedilatildeo entre um primeiro e um segundo indicada como categoria da experiecircncia no tempo e espaccedilo do confronto da realidade Segundo Peirce somos confrontados com ela em fatos tais como o outro a rela-ccedilatildeo a coerccedilatildeo o efeito a dependecircncia e a independecircncia a negaccedilatildeo o acontecimento a realidade o resultado Por fim a categoria definida como terceiridade baseia-se em um segundo em relaccedilatildeo a um terceiro essa categoria eacute definida como a da comunicaccedilatildeo e da semiose da me-diaccedilatildeo da siacutentese do haacutebito dos signos ou da representaccedilatildeo

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias SANTAELLA L A Teoria geral dos signos Satildeo Paulo Aacutetica 1995

PEIRCE C S Collected papers Vols I-VI ed Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge MA Harvard University Press 1931-1935) Vols VII-VIII ed Arthur W Burks (same publisher 1958) (1994)

S

128

SEMIOacuteTICA SOCIAL OU SOCIOSSEMIOacuteTICA

A expressatildeo semioacutetica social ou o termo sociossemioacutetica comeccedilou a ser usado ao final dos anos 1980 na Austraacutelia apoiado pelos princiacute-pios definidos pela Linguiacutestica Criacutetica e fundamentado sobre a concep-ccedilatildeo da Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional A semioacutetica social se desen-volve sobre os princiacutepios fundamentados por Ferdinand de Saussure nos quais satildeo investigadas as consequecircncias causadas pelo motivo que os sinais ou coacutedigos de comunicaccedilatildeo e linguagem satildeo constituiacutedos por processos sociais Sendo assim isso implica que os sistemas semioacuteti-cos e significados satildeo definidos a partir das relaccedilotildees de poder ou seja conforme o poder se desenvolve na sociedade a linguagem e outros significados socialmente reconhecidos podem eou devem sofrer mu-danccedilas A semioacutetica social realiza a anaacutelise dos signos na sociedade tendo como atribuiccedilatildeo principal o estudo sobre as trocas de informa-ccedilotildees Nessa concepccedilatildeo a escolha dos signos e a elaboraccedilatildeo dos discur-sos satildeo induzidos a partir de interesses que constituem um significado definido por meio de anaacutelise loacutegica que se refere a um contexto social

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias CARVALHO F F Semioacutetica social e imprensa o layout da primeira paacutegina de jornais portugueses sob o enfoque analiacutetico da gramaacutetica visual 286 paacuteginas Tese de Doutorado em Linguiacutestica Aplicada Universidade de Lisboa Portugal 2012

SANTOS Z B A concepccedilatildeo de texto e discurso para semioacutetica social e o desdobramento de uma leitura multimodal Revista Gatilho v13 2011

HODGE R and KRESS G Social Semiotics Cambridge Polity 1988

SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TIPOLOacuteGICOS E SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TOPOLOacuteGICOS

Pode-se definir que sistemas semioacuteticos tipoloacutegicos estatildeo relaciona-dos ao modo verbal como por exemplo a liacutengua jaacute os sistemas semi-oacuteticos topoloacutegicos estatildeo relacionados agrave percepccedilatildeo visual e a gesticula-ccedilatildeo espacial como por exemplo a danccedila e o ato de desenhar Segundo Lemke (2010) eacute possiacutevel construir de modo complementar significados essenciais tais como classificar coisas em grupos exclusivos e distin-guir variaccedilatildeo de grau no decorrer de vaacuterios contiacutenuos de diferenccedila A composiccedilatildeo real de um significado em geral compreende combinaccedilotildees de diversas modalidades semioacuteticas e assim como combinaccedilotildees gerais do tipo tipoloacutegico ou topoloacutegica A semacircntica das palavras relacionadas agrave liacutengua eacute considerada como sistema semioacutetico tipoloacutegico mas tratan-

S

129

do-se de caracteriacutesticas visuais da escrita manuscrita como por exem-plo tipos e formatos das letras efeitos acuacutesticos dentre outros essas caracteriacutesticas satildeo consideradas sistemas semioacuteticos topoloacutegicos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias LEMKE Jay L Letramento metamidiaacutetico transformando significados e miacutedias Trab linguist apl [on-line] 2010 vol49 n2 pp 455-479 Disponiacutevel em lthttpgooglaYoAe5gt Acesso em 12 jul 2020

SONS

O som eacute uma onda mecacircnica que pode ser percebida pela membra-na timpacircnica que compotildee a orelha e nos daacute a sensaccedilatildeo sonora Vivemos rodeados por ondas sonoras luminosas de raacutedio entre outras Satildeo elas que nos possibilitam assistir a programas de TV ouvir raacutedio aquecer um alimento no forno micro-ondas receber a luz solar As ondas sono-ras satildeo ondas mecacircnicas portanto elas necessitam de um meio mate-rial para se propagarem O meio material pode ser soacutelido liacutequido ou gasoso A velocidade do som depende da densidade do meio material em que ela se propaga A reflexatildeo do som tem aplicaccedilotildees praacuteticas como o uso de sonar aparelho capaz de emitir ondas sonoras na aacutegua e captar seus ecos Com ele eacute possiacutevel fazer a localizaccedilatildeo de cardumes ou obter o perfil do fundo marinho por exemplo Alguns animais como o golfi-nho e o morcego tecircm sonar bioloacutegico e orientam-se pelos ecos dos sons que emitem Os morcegos por exemplo utilizam o sonar bioloacutegico para se locomoverem e tambeacutem para obterem seu alimento em geral inse-tos e frutos Esses animais emitem som em alta frequecircncia (ultrassom) que reflete depois de atingir um obstaacuteculo e volta ao morcego o qual decodifica as informaccedilotildees do ambiente Com relaccedilatildeo agrave aacuterea da muacutesica os sons se dividem em modal semimodal e tonal

O tipo de som modal tem como caracteriacutesticas a ausecircncia de har-monias uso constante da ritmizaccedilatildeo ciacuteclica ligada a rituais sagrados sejam eles primitivos africanos indianos chineses japoneses aacuterabes indoneacutesios indiacutegenas das Ameacutericas entre outras culturas O som mo-dal estaacute presente tambeacutem na tradiccedilatildeo grega antiga e no canto gregoria-no sendo estes considerados etapas iniciais dessa estrutura sonora no Ocidente

O som tonal apresenta um contraste entre o tom maior e o menor com ritmizaccedilatildeo mais complexa Esse tipo de som abrange a muacutesica do periacuteodo medieval ateacute meados do seacuteculo XIX Seu aacutepice estaacute entre o bar-roco e o romantismo tardio transitando pelo estilo claacutessico De forma

S

130

geral o estilo tonal eacute a base da histoacuteria da muacutesica com uma pequena passagem pelo dodecafonismo desenvolvendo-se na muacutesica atual tor-nando possiacutevel uma articulaccedilatildeo entre o passado e presente

Jaacute o som poacutes-tonal tem um aspecto modal dentro do sistema tonal e estaacute presente em ritmos mais contemporacircneos como o jazz e a bossa nova da deacutecada de 1950 e os ritmos eletroacuacutesticos Encontra-se nas for-mas mais extremadas da muacutesica vanguardista do seacuteculo XX cujos ex-poentes satildeo Schoenberg e Webern bem como os seus desdobramentos que se estabeleceratildeo com a muacutesica eletrocircnica e suas formas recentes de repeticcedilatildeo consideradas tambeacutem como minimalistas Percebemos atu-almente diante das inovaccedilotildees musicais o fim da estrutura evolutiva da muacutesica ocidental que perpassa o cantochatildeo o tonalismo e a polifonia indo ao encontro do atonalismo do serialismo e da muacutesica eletrocircnica Provavelmente essa etapa evolutiva da muacutesica finalizou-se na metade do seacuteculo XX e atualmente vivenciamos uma mudanccedila substancial de paracircmetros em que o pulso atua de forma efetiva e que o minimalismo aponta para essa direccedilatildeo

Ricardo Ferreira Vale

Referecircncias GOWDAK Demeacutetrio Ossowski MARTINS Eduardo Lavieri Ciecircncias novo pensar- biologia quiacutemica e fiacutesica 9 Satildeo Paulo FTD 2017

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

WISNIK Joseacute Miguel O som e o sentido uma outra histoacuteria das muacutesicas Satildeo Paulo Cia das Letras 2000

STREAMING

A palavra streaming derivada do verbo to stream que pode ser tra-duzido como ldquotransmitirrdquo O substantivo streaming eacute utilizado para designar a tecnologia que permite captar sons e imagens num compu-tador como um fluxo contiacutenuo que permite ter acesso a estes sons e imagens antes de a informaccedilatildeo ter sido baixada como um todo Esse tipo de tecnologia significou uma inovaccedilatildeo importante pois nos pri-moacuterdios da internet o usuaacuterio soacute conseguia ouvir ou assistir viacutedeos depois que estes fossem transferidos por inteiro para o disco riacutegido do computador Atualmente existem duas teacutecnicas para fornecer serviccedilos de viacutedeo download and play e streaming Na primeira o arquivo de viacutedeo precisa ser inteiramente transferido para o usuaacuterio antes de ser visua-lizado Nesse tipo de tecnologia o tempo necessaacuterio para a transferecircn-

S T

131

cia de grandes arquivos eacute um dos principais limitantes uma vez que o usuaacuterio precisa da transferecircncia completa para iniciar a visualizaccedilatildeo O armazenamento local do viacutedeo permite ao usuaacuterio visualizaacute-lo sempre que desejar Por outro lado o streaming permite que as informaccedilotildees flu-am (sejam transmitidas) continuamente para o computador enquanto elas satildeo mostradas ao usuaacuterio A principal vantagem dessa teacutecnica em relaccedilatildeo agrave anterior eacute o fato de que ela reduz o tempo de iniacutecio da exibiccedilatildeo do viacutedeo e suprime a necessidade de armazenamento local do arquivo Esses viacutedeos podem ser acessados em servidores no quais eles satildeo ar-mazenados (como ocorre por exemplo em plataformas como a Netflix) ou transmitidos em tempo real (como ocorre por exemplo em uma live ou em uma videoconferecircncia)

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias TSCHOumlKE Clodoaldo Criaccedilatildeo de streaming de viacutedeo para transmissatildeo de sinais de viacutedeo em tempo real pela internet Orientador Prof Francisco Adell Peacutericas 2001 73 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Ciecircncias da Computaccedilatildeo) - Universidade Regional de Blumenau Blumenau 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwinffurbbr~pericasorientacoesStreaming2001pdfgt Acesso em 15 jul 2020

TAGUEAMENTO

Tagueamento deriva da palavra tag que em inglecircs significa etique-ta roacutetulo Tagueamento estaacute relacionado agrave organizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de informaccedilotildees em paacuteginas na internet por exemplo Essa organizaccedilatildeo se daacute por meio de tags palavras-chave que funcionam como etiquetas para informaccedilotildees e por meio da marcaccedilatildeo relaciona e facilita o acesso a publicaccedilotildees conexas ou afins Tagueamento tambeacutem pode ser com-preendido por etiquetagem visto que o termo tag originalmente utili-zado nas especificaccedilotildees da linguagem de marcaccedilatildeo HTML tambeacutem eacute chamado de etiqueta marcador roacutetulo ou comando Esse tagueamento ou etiquetagem eacute criado por meio de Linguagem de Marcaccedilatildeo e como o proacuteprio nome evidencia define uma marca como um coacutedigo que envol-ve a palavra ou texto Uma forma de tagueamento eacute o uso das hashtags usadas nas redes sociais on-line e por meio delas o usuaacuterio pode vin-cular sua postagem a outras que tenham a mesma palavra bem como encontrar postagens relacionadas a uma mesma hashtag em apenas um click sobre ela Aleacutem disso elas tambeacutem servem para orientar mecanis-mos de pesquisa de ferramentas de busca

Layla Juacutelia Gomes Mattos

T

132

Referecircncias CAMBRIDGE Dictionary TAG Disponiacutevel em lthttpsdictionarycambridgeorgptdicionarioingles-portuguestaggt Acesso em 4 ago 2020

ASSIS PabloO que eacute tag Tecmundo 2009 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrnavegador2051-o-que-e-tag-htmgt Acesso em 4 ago 2020

AMADO Francisco Para que serve uma tag Brasil Escola Disponiacutevel em lthttpsmeuartigobrasilescolauolcombrinformaticapara-que-serve-uma-taghtmgt Acesso em 4 ago 2020

Fundamentos da linguagem HTML etiqueta elemento atributo e valor Disponiacutevel em lthttpwwwnceufrjbrginapecursohtmlconteudointroducaofundamentoshtmgt Acesso em 4 ago 2020

FURGERI S O papel das linguagens de marcaccedilatildeo para a Ciecircncia da Informaccedilatildeo Transinformaccedilatildeo v 18 p 225-250 2006 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrpdftinfv18n306pdfgt Acesso em 4 ago 2020

TEXTO

A palavra texto de acordo com o dicionaacuterio etimoloacutegico vem do latim texere (construir tecer) cujo particiacutepio passado textus tambeacutem era usado como substantivo e significava lsquomaneira de tecerrsquo ou lsquocoisa te-cidarsquo e ainda mais tarde lsquoestruturarsquo Em meados do seacuteculo XIV que a evoluccedilatildeo semacircntica da palavra atingiu o sentido de lsquotecelagem ou estru-turaccedilatildeo de palavrasrsquo ou lsquocomposiccedilatildeo literaacuteriarsquo e passou a ser usado em inglecircs proveniente do francecircs antigo texte Trata-se pois de uma uni-dade de sentido de um contiacutenuo comunicativo contextual que se carac-teriza por um conjunto de relaccedilotildees responsaacuteveis pela tessitura do texto ndash os criteacuterios ou padrotildees de textualidade entre os quais merecem desta-que especial a coesatildeo e a coerecircncia Numa outra perspectiva de acordo com estudos contemporacircneos o sentido de um texto natildeo estaacute nele o sentido do texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-sujeitos e natildeo algo que preexista a essa interaccedilatildeo Na concepccedilatildeo interacional da liacutengua o texto eacute considerado o proacuteprio lugar da interaccedilatildeo e da constituiccedilatildeo dos inter-locutores Haacute lugar no texto para toda uma gama de impliacutecitos dos mais variados tipos somente detectaacuteveis quando se tem como pano de fundo o contexto sociocognitivo dos participantes da interaccedilatildeo

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias KOCH I G V ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2010 3 ed 7ordf reimpressatildeo

FAacuteVERO Leonor L KOCH Ingedore G V Linguiacutestica textual uma introduccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

T

133

TRANSMIacuteDIA

O termo transmiacutedia foi criado por Marsha Kinder uma estudiosa de cinema e professora de Estudos Criacuteticos na Universidade do Sul da Califoacuternia em 1991 no livro Playing with Power Foi uma das primei-ras a reconhecer formalmente que a histoacuteria pode ser fragmentada e espalhada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo contribuindo para uma experiecircncia coletiva enriquecida quando apreciada em conjunto Em 2001 Henry Jenkins codiretor do programa de Estudos de Miacutedia Comparada do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) passou a promover a teoria de Kinder e chamar a atenccedilatildeo de escritores e produ-tores de Hollywood para suas perspectivas comerciais

Henry Jenkins utilizou o termo transmiacutedia pela primeira vez em um artigo da revista Technology Review em 2003 e aperfeiccediloou o con-ceito trecircs anos mais tarde no livro Cultura da convergecircncia publicado no Brasil em 2008

Uma histoacuteria transmidiaacutetica se desenrola atraveacutes de muacuteltiplos su-portes midiaacuteticos com cada novo texto contribuindo de maneira distin-ta e valiosa para o todo Cada meio faz o melhor para que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela televisatildeo roman-ces e quadrinhos por exemplo Seu universo pode ser explorado em games ou experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildees O acesso deve ser autocircnomo para que natildeo seja necessaacuterio ver o filme para gostar do game ou vice-versa Cada produto determinado eacute um ponto de acesso agrave franquia como um todo As histoacuterias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente

A palavra transmiacutedia surge para se referir agrave induacutestria do entreteni-mento e se difunde para outras aacutereas como o jornalismo O termo tem sido frequentemente confundido com a ideia de convergecircncia e conce-bido de forma generalizada utilizado para caracterizar qualquer nar-rativa que flui de uma miacutedia para outra sem que sejam consideradas as suas peculiaridades

Relacionada a comunicaccedilatildeo de mensagens histoacuterias conceitos por meio de diferentes plataformas de miacutedia como filme programa de tele-visatildeo livro revista em quadrinhos videogame internet etc Cada novo texto contribui com algo novo para a narrativa principal Tem como objetivo captar novos consumidores para um determinado produto ou marca Por exemplo uma histoacuteria eacute dividida em partes e veiculada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo Cada um definido pelo seu maior po-tencial de explorar aquela parte da histoacuteria Haacute sempre uma miacutedia re-gente na qual se desenvolve uma narrativa principal enquanto o trans-bordamento para as outras se caracteriza como narrativas secundaacuterias

T

134

A predominacircncia de uma determinada miacutedia vai qualificar o tipo de conteuacutedo do projeto como narrativas radiofocircnicas transmiacutedia ou entatildeo televisivas transmiacutedia

No caso do jornalismo quatro caracteriacutesticas devem estar presentes em uma narrativa transmiacutedia a) interatividade b) hipertextualidade c) multimidialidade integrada d) contextualizaccedilatildeo A compreensatildeo de transmiacutedia seja ela aplicada ao jornalismo ou ao entretenimento deve incorporar estrateacutegias de ampliaccedilatildeo da narrativa regente de engaja-mento e envolvimento da audiecircncia na composiccedilatildeo eou na recircula-ccedilatildeo de narrativas secundaacuterias Estrutura que se expande em termos de linguagens verbais como as icocircnicas textuais etc e de miacutedias como televisatildeo raacutedio celular internet jogos quadrinhos etc

Outras duas vertentes principais da narrativa transmiacutedia podem ser citadas a histoacuteria eacute contada atraveacutes de vaacuterios meios e plataformas comeccedilando em um meio e continuando em outros os prosumidores (consumidor que produz conteuacutedo) colaboram na construccedilatildeo do mun-do narrativo O relato gerado pelo emissor (de cima para baixo) deve-se somar agrave produccedilatildeo de baixo para cima ndash a colaboraccedilatildeo dos consumido-res agora convertidos em produtores

A loacutegica transmiacutedia ultrapassou o entretenimento e o marketing alcanccedilando a educaccedilatildeo o jornalismo e outras aacutereas do conhecimento Uma extensatildeo natural da chamada cultura da convergecircncia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias ALZAMORA Geane TAacuteRCIA Lorena Convergecircncia e Transmiacutedia galaacutexias semacircnticas e narrativas emergentes em jornalismo Brazilian Journalism Research Vol 8 Nordm 1 2012

LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infanto-juvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

TRANSMODALIDADE

Entende-se por transmodalidade elementos da linguagem que podem ser utilizados em diferentes modos Eacute a transformaccedilatildeo de um modo em outro a combinaccedilatildeo de elementos semioacuteticos de modos dife-

T V

135

rentes mas pertinentes entre si se correlacionando para que haja com-preensatildeo

Alguns exemplos de transmodalidade um livro transformado em filme o modo de comunicaccedilatildeo foi transformado em outro alterando as caracteriacutesticas de cada um que satildeo bem definidas Encontramos trans-modalidade tambeacutem na linguagem de sinais as pessoas surdas estatildeo em constantes processos de transmodalidade ou seja no tracircnsito entre liacutenguas (sinais e orais) e entre modalidades linguiacutesticas (visual-espacial e oral-auditiva)

Coincidindo com esse conceito a transmiacutedia utiliza diferentes miacute-dias ou seja diferentes modos para transmitir conteuacutedos variados de forma que os meios se contemplem Uma histoacuteria transmiacutedia desenro-la-se atraveacutes de muacuteltiplas plataformas de miacutedia com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo

Andresa Carla Gomes de Carvalho

ReferecircnciasLIMA Hildomar Joseacute de RESENDE Tacircnia Ferreira Escritas em portuguecircs por surdos(as) como praacuteticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade Revista Educaccedilatildeo Especial Santa Maria 2019 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufsmbreducacaoespecialarticleview38270gt Acesso em 15 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

VIDEOCAST E REPOSITOacuteRIOS DE VIacuteDEOS

A palavra videocast surge depois da palavra podcast quando ocor-re a inclusatildeo da imagem estaacutetica ou em movimento nos arquivos de conteuacutedo de aacuteudio Portanto videocasts consistem em arquivos de viacutedeo que podem ser assistidos pela internet ou baixados pelo usuaacuterio com a possibilidade de interaccedilatildeo destes (compartilhamento e comentaacuterios em espaccedilos no canal onde o videocast foi postado) caso esta opccedilatildeo seja habilitada pelo publicante O termo podcast permanece sendo usado principalmente para referir-se a arquivos de aacuteudio enquanto os arqui-vos de viacutedeo ganharam nomes especiacuteficos (vodcasts ou videocasts)

Os chamados ldquoviacutedeos da internetrdquo se popularizaram acompanhan-do os avanccedilos tecnoloacutegicos com a digitalizaccedilatildeo das cacircmeras fotograacutefi-cas e cinematograacuteficas Com a expansatildeo e a popularizaccedilatildeo do podcast na primeira metade dos anos 2000 os viacutedeos disponiacuteveis nos chamados repositoacuterios miacutedia passaram a ser denominados por alguns de video-casts ou abreviadamente de vodcasts conquanto vaacuterios autores tambeacutem os considerem podcasts

V

136

Atualmente existem inuacutemeros repositoacuterios de viacutedeo na internet alguns pagos e outros gratuitos (vimeocom pexelscom darefulcom videezycom pixabaycom videvonet etc) sendo o YouTube o mais po-pular entre todos que desde 2005 hospeda viacutedeos de colaboradores do mundo inteiro

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias ARAUacuteJO PMP ERROBIDART NCG JARDIM MIA Videocast Potencialidades e Desafios na Praacutetica Educativa segundo a literatura XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educaccedilatildeo em Ciecircncias ndash XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis SC ndash 3 a 6 de julho de 2017

CORREcircA Heacutercules Tolecircdo DIAS Daniela Rodrigues Podcasts na educaccedilatildeo a distacircncia possibilidades pedagoacutegicas e desafios a partir da experiecircncia Artigo apresentado como requisito da Disciplina Toacutepicos especiais em Comunicaccedilatildeo I - Podcast experimentaccedilotildees e formatos contemporacircneos ministrada pela docente Profa Dra Nair Prata do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Comunicaccedilatildeo - Mestrado do Instituto de Ciecircncias Sociais Aplicadas - ICSA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Mariana MG 2019

PAULA Joatildeo Basilio Costa Podcasts educativos possibilidades limitaccedilotildees e a visatildeo do professor de ensino superior Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica Belo Horizonte Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais 2010

e q u i p ee d i t o r i a l

138

Ana Elisa Ribeiro eacute doutora em Linguiacutestica Aplicada (Linguagem e tecnologia) e mestre em Estudos Linguiacutesticos (Cogniccedilatildeo linguagem e cultura) pela Universidade Federal de Minas Gerais poacutes-doutora em Comunicaccedilatildeo pela PUC Minas em Linguiacutestica Aplicada pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp e em Estudos Literaacuterios pela Universidade Federal de Minas Gerais Eacute professora titular e pesquisa-dora do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais onde atua no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (mestrado e doutorado) no bacharelado em Letras (Tecnologias de Ediccedilatildeo) e no ensino meacutedio Eacute es-critora autora de livros e publicaccedilotildees literaacuterias individuais e coletivas

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

O R G A N I Z A D O R E S

139

Adriana Alves Pinto eacute doutoranda em Estudos de Linguagens no Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) Mestra em Estudos linguiacutesticos-Traduccedilatildeo liacutengua inglesa pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais Especialista em Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Utilizando o Linux Educacional pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado) liacuten-gua inglesa pela UFMG Graduada em LetrasPortuguecircs pela Faculda-de Educacional da Lapa (FAEL) Adriana Alves tambeacutem eacute professora de liacutengua inglesa do ensino baacutesico na escola estadual Celmar Botelho Duarte em Belo Horizonte MG

Arlene Pereira dos Santos Faria eacute poacutes-graduada em ciecircncias da reli-giatildeo pelo ISTA e em Administraccedilatildeo Escolar pela Universidade Cacircndido Mendes Atualmente mestranda em Administraccedilatildeo pelo centro uni-versitaacuterio Unihorizontes Graduada em Pedagogia com ecircnfase no ensi-no religioso pela PUC Minas Dirigiu ateacute fevereiro de 2021 o Coleacutegio Agostiniano Frei Carlos Vicuna projeto social da Sociedade Inteligecircn-cia e Coraccedilatildeo (SIC)

Aureacutelio Kubo eacute doutorando no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estu-dos de Linguagens do CEFET-MG fez mestrado em Estudos Linguiacutesti-cos na UFMG e eacute licenciado em Letras Eacute professor no CEFET-MG Cam-pus Timoacuteteo

Magno Martins eacute mestrando em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG Produtor multimiacutedia estrategista em Marketing Digital e atual-mente eacute professor e profissional independente em Marketing Digital e Comunicaccedilatildeo Digital

Marcos Felipe da Silva eacute mestrando em Estudos de Linguagens no CEFET e formado em Letras pela Faculdade Pitaacutegoras de Belo Hori-zonte

T R A D U T O R E S

140

Michel Montandon eacute doutorando em Estudos de Linguagens pelo Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica e servidor da Universidade Fede-ral de Satildeo Joatildeo del-Rei (UFSJ)

Nathalie Santos Caldeira Gomes eacute mestra em Teoria do Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharela em Direito pelo Centro Universitaacuterio Newton Paiva bacharela em Letras com Ecircn-fase em Tecnologias de Ediccedilatildeo pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecno-loacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG licenciada em Portuguecircs e Inglecircs pelo Centro de Ensino Superior de Maringaacute e licenciada em Pedagogia pela Faculdade Ibra de Brasiacutelia Atualmente professora na Prefeitura Municipal de Lagoa Santa e na Seicho-No-Ie do Brasil

Rafael Augusto Gonccedilalves Rocha eacute doutorando em Estudos de Lin-guagens pelo CEFET-MG e Mestre em Estudos Culturais Contempo-racircneos pela Universidade FUMEC Graduado em LetrasInglecircs pela UFMG Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Grupo Educacional Unis-MG e Peda-gogia pelo ISEIB Professor no Coleacutegio Tiradentes da PMMG professor de Liacutengua Inglesa no Coleacutegio Santa Maria Minas - Unidades Betim e Nova Lima e professor da SEE-MG

T R A D U T O R E S

141

Amanda Ribeiro eacute mestranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais escritora e professora da rede particular de ensino

Aquiles Junio dos Santos eacute graduado em Administraccedilatildeo Puacuteblica pela Faculdade Minas Gerais - Famig e Especialista em Gestatildeo Puacuteblica Mu-nicipal pela Universidade Federal de Satildeo Joatildeo del-Rei - UFSJ Teacutecnico em Estradas pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG e servidor puacuteblico estadual na Fundaccedilatildeo Ezequiel Dias - Funed

Gbegravenoukpo Geacuterard Nouatin eacute doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG Professor de liacutenguas com experiecircncia em traduccedilatildeo Professor Gbegravenoukpo eacute graduado em LetrasEspanhol na especialidade Estudos Linguiacutesticos pela Universiteacute drsquoAbomey-Calavi

Ione Aparecida Neto Rodrigues eacute doutoranda em Estudos de Lin-guagens - CEFET-MG Mestre em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica- CEFET-MG Graduada em Pedagogia pela UEMG e Coordenadora Pedagoacutegica da Faculdade Ciecircncias da Vida em Sete Lagoas (MG)

Mateus Esteves de Oliveira eacute doutorando e mestre em Estudos de Lin-guagens (CEFET-MG) Graduado em Gestatildeo Comercial (Universidade de Itauacutena) Letras Portuguecircs Inglecircs (UNAR)

Rejane Aparecida da Silva eacute mestre em Letras - Linguiacutestica e Liacutengua Portuguesa pela PUC Minas Graduada em Letras pela PUC Minas Atualmente eacute aluna em disciplina isolada no Programa de Poacutes-Gradu-accedilatildeo em Estudos de Linguagem no CEFET-MG e atua como professora na rede particular em Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

142

Suzanne Silva Rodrigues de Morais eacute doutoranda e mestre em Estu-dos de Linguagens pelo CEFET-MG Graduada em Letras pela UEMG eacute professora de liacutengua portuguesa e produccedilatildeo de textos na rede puacuteblica e particular de Divinoacutepolis - MG

Weliton da Silva Leatildeo eacute mestrando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG Licenciado em Matemaacutetica pela PUC Minas e professor de Matemaacutetica na rede particular de Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

143

Ana Claacuteudia Rola Santos eacute mestra em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Ana Luacutecia de Souza eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educaccedilatildeo de Joatildeo Monlevade e em Matemaacutetica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Andresa Carla Gomes de Carvalho eacute mestranda em Letras - Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto e graduada em Letras pela Faculdade de Ciecircncias e Letras de Congonhas

Beatriz Toledo Rodrigues eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Linguagem Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana eacute especialista em Metodologia de ensino da Educaccedilatildeo Infantil e Seacuteries Iniciais pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais graduada em Letras pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto e aluna da disciplina (isolada) Multi-letramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Daniela Rodrigues Dias eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto MBA em Gestatildeo de Instituiccedilotildees Educacionais pela Faculdade Pitaacutegoras e em Gestatildeo Empresarial pela Fundaccedilatildeo Comu-nitaacuteria de Ensino Superior de Itabira especialista em Informaacutetica em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Lavras e bacharela em Sistemas de Informaccedilatildeo pela Faculdade Kennedy de Joatildeo Monlevade

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

144

Elton Ferreira de Mattos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Ciecircncias Humanas pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Fernanda Luiza de Sousa eacute mestra em Ensino de Ciecircncias com ecircnfase em Fiacutesica pela Universidade Federal de Ouro Preto e Licenciada em Fiacutesica pelo Instituto Federal de Minas Gerais - Ouro Preto

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Con-trole e Automaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselheiro Lafaiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo de Conteuacutedo em ComunicaccedilatildeoJornalismo pela Universidade Metodista de Satildeo Paulo e em Gestatildeo de Pessoas pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharel em Comunicaccedilatildeo SocialJornalismo pela Fundaccedilatildeo Comunitaacuteria Educacional e Cultural de Joatildeo Monlevade e graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

145

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Com-putaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselho La-faiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Layla Juacutelia Gomes Mattos eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Viccedilosa graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viccedilosa aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universida-de Federal de Ouro Preto

Leidelaine Seacutergio Perucci eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Coordenaccedilatildeo Pedagoacutegica pela Universidade Cacircndido Mendes graduada em Pedagogia pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Luanna Amorim Vieira da Silva eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Facul-dade Fransinette do Recife

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves eacute mestrando em Letras ndash Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Metodologia de Ensino da Liacutengua Portuguesa e da Liacutengua Inglesa pela Universidade Cacircndido Mendes graduado em Letras pela Faculdade Santa Rita

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa eacute graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em In-formaacutetica Aplicada agrave Educaccedilatildeo pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

146

Ricardo Ferreira Vale eacute doutorando em ducaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestre em Biotecnologia e Gestatildeo da Inovaccedilatildeo pelo Centro Universitaacuterio de Sete Lagoas especialista em Ensino de Biologia pela Universidade Cacircndido Mendes licenciado em Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Centro Universitaacuterio do Sul de Minas e licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitaacuterio Unifacvest

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees eacute doutoranda em Educaccedilatildeo e Mestra em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Psicopedagogia Institucio-nal pelo Instituto Prominas e graduada em LetrasLiacutengua Portuguesa pela Universidade Federal de Ouro Preto

Sabrina Ribeiro eacute graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Ouro Preto e voluntaacuteria do Grupo de Pesquisa Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto licenciada em Quiacutemica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Thiago Caldeira da Silva eacute mestrando em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo Puacuteblica pela Universidade Federal de Ouro Pre-to bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Viccedilosa

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

c r eacute d i t o s

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Diretor-GeralProf Flaacutevio Antocircnio dos Santos

Vice-DiretoraProfa Maria Celeste Monteiro de Souza Costa

Chefe de GabineteProfa Carla Simone Chamon

Diretor de Educaccedilatildeo Profissional e TecnoloacutegicaProf Seacutergio Roberto Gomide Filho

Diretora de GraduaccedilatildeoProfa Danielle Marra de Freitas Silva Azevedo

Diretor de Pesquisa e Poacutes-GraduaccedilatildeoProf Conrado de Souza Rodrigues

Diretor de Planejamento e GestatildeoProf Moacir Felizardo de Franccedila Filho

Diretor de Extensatildeo e Desenvolvimento ComunitaacuterioProf Flaacutevio Luis Cardeal Paacutedua

Diretor de Governanccedila e Desenvolvimento Institucional Prof Henrique Elias Borges

Diretor de Tecnologia da InformaccedilatildeoProf Gray Faria Moita

Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo

Coordenadora

Profa Joelma Rezende Xavier

Coordenador AdjuntoProf Joseacute de Souza Muniz Jr

LED eacute a editora-laboratoacuterio do Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo do CEFET-MG Tem por objetivo proporcionar ao corpo discente um espaccedilo permanente de reflexatildeo e experiecircncia para a praacutetica profis-sional em ediccedilatildeo de diversos materiais Tem como princiacutepios fundado-res a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensatildeo a integraccedilatildeo entre formaccedilatildeo teoacuterica e formaccedilatildeo praacutetica e a valorizaccedilatildeo do aprendiza-do horizontal e autocircnomo

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas GeraisAv Amazonas 5253 Nova SuiacuteccedilaCampus I sala 344Belo Horizonte MG Brasil CEP 30421-169Telefone +55 (31) 3319-7140

CoordenadorProf Dr Joseacute de Souza Muniz Jr

Vice-coordenadorProf Dr Luiz Henrique Silva de Oliveira

Comissatildeo EditorialProfa Dra Ana Elisa RibeiroProfa Dra Elaine Ameacutelia MartinsProf Dr Joseacute de Souza Muniz JrProf Dr Luiz Henrique Silva de OliveiraProfa Dra Maria do Rosaacuterio Alves PereiraProf Dr Rogeacuterio Silva BarbosaProf Dr Wagner Moreira

Conselho EditorialProfa Dra Ana Claacuteudia Gruszynski (UFRGS Brasil)Profa Dra Andreacutea Borges Leatildeo (UFC Brasil)Prof Dr Cleber Arauacutejo Cabral (Uninter Brasil)Profa Dra Daniela Szpilbarg (CIS-IDES-CONICET Argentina)Profa Dra Isabel Travancas (UFRJ Brasil)Profa Dra Luciana Salazar Salgado (UFSCar Brasil)Prof Dr Luis Alberto Ferreira Brandatildeo Santos (UFMG Brasil)Profa Dra Mariacutelia de Arauacutejo Barcellos (UFSM Brasil)Prof Dr Maacuterio Alex Rosa (CEFET-MG Brasil)

Projeto de traduccedilatildeo ldquoUma Pedagogia dos Multiletramentosrdquo

Professores CoordenadoresAna Elisa RibeiroMarcelo Amaral (Doutorando Posling - CEFET-MG)

PreparaccedilatildeoCarolina de Vasconcelos SilvaGabriela OliveiraGabrielly Ferreira

Texto de quarta capaElinara Santana

Projeto Graacutefico e DiagramaccedilatildeoMurilo Vale Valente

RevisatildeoAcircngela Alves Vasconcelos

Revisatildeo finalElinara Santana

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca UniversitaacuteriaBibliotecaacuterio Wagner Moreira de Souza ndash CRB6-2623

P371 Uma pedagogia dos multiletramentos Organizaccedilatildeo e apresentaccedilatildeo Ana Elisa Ribeiro Heacutercules Tolecircdo Correcirca ndash Belo Horizonte LED 2021

152 p ISBN 978-65-87948-04-1

1 Linguiacutestica 2 Letramento I Ribeiro Ana Elisa II Correcirca Heacutercules Toledo III Tiacutetulo

CDD 410

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

Este e-book celebra os 25 anos do Manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos Foram usadas as

fontes Palatia e Palatino Linotype O projeto editorial eacute de estudantes de Letras do CEFET-MG e foi

finalizado no inverno de 2021

de

se

nh

an

do

futu

ros

so

cia

is

do

s

Em 1994 dez educadores se reuniram em Nova Londres (EUA) com o intuito de

discutir a pedagogia dos letramentos Des-se encontro surgiu o manifesto A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures importante documento que propocircs a noccedilatildeo de multiletramentos com sua diversidade linguiacutestica cultural e textual Agora com esforccedilo e dedicaccedilatildeo de professores mes-trandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) em parceria com a editora-la-boratoacuterio do Bacharelado em Letras esse manifesto foi traduzido para o portuguecircs brasileiro e estaacute acessiacutevel para professores pesquisadores e estudantes das aacutereas de educaccedilatildeo e afins acrescido de um glossaacuterio produzido por parceiros da Universidade Federal de Ouro Preto

mu

ltil

etr

am

en

tos

u m a

gogia

peda

POSLINGPROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeOEM ESTUDOS DE LINGUAGENS

Page 2: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

C o u r t n e y C a z d e n bull B i l l C o p e bull N o r m a n F a i r c l o u g hJ a m e s G e e bull M a r y K a l a n t z i s bull G u n t h e r K r e s s bull A l l a n L u k e

C a r m e n L u k e bull S a r a h M i c h a e l s bull M a r t i n N a k a t a

N E W L O N D O NG R O U P

multiletramentos

O R G A N I Z A Ccedil Atilde OA P R E S E N T A Ccedil Atilde OA n a E l i s a R i b e i r oH eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a

c o m G L O S S Aacute R I O d e t e r m o s t eacute c n i c o s

C o u r t n e y C a z d e n bull B i l l C o p e bull N o r m a n F a i r c l o u g hJ a m e s G e e bull M a r y K a l a n t z i s bull G u n t h e r K r e s s bull A l l a n L u k e

C a r m e n L u k e bull S a r a h M i c h a e l s bull M a r t i n N a k a t a

N E W L O N D O NG R O U P

multiletramentos

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

Como citar este livro

CAZDEN et al Uma pedagogia dos multiletramentos Desenhando futuros sociais (Orgs Ana Elisa Ribeiro e Heacutercules Tolecircdo Correcirca Trad Adriana Alves Pinto et al) Belo Horizonte LED 2021

s u m aacute r i o

R E S U M O

I N T R O D U Ccedil Atilde O

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O P R E S E N T E E M T R A N S F O R M A Ccedil Atilde O E O S F U T U R O S P R Oacute X I M O S V I S Otilde E S P A R A O T R A B A L H O A C I D A D A N I A E O S E S T I L O S D E V I D A

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s11

06

12

13

21

21

25

28

31

31

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

m u l t i l e t r a m e n t o s

43

46

49

49

53

54

55

56

57

60

61

67

137

D e s i g n l i n g u iacute s t i c o

P r aacute t i c a S i t u a d a

I n s t r u ccedil atilde o A b e r t a

U m a T e o r i a d a P e d a g o g i a

E n q u a d r a m e n t o C r iacute t i c o

P r aacute t i c a T r a n s f o r m a d a

D e s i g n s p a r a o u t r o s m o d o s d e p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o

O ldquoc o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

O p r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

R E F E R Ecirc N C I A S

34

34

35

37

39

40

43

O ldquoo q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

D e s i g n s d e s e n t i d o

D e s i g n s d i s p o n iacute v e i s

D e s i g n i n g

R e d e s i g n e d

D i m e n s otilde e s d a p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o s

E l e m e n t o s d o d e s i g n

g l o s s aacute r i o

e q u i p e e d i t o r i a l

s u m aacute r i o

6

Demorou muito mas finalmente executamos ndash e propusemos ndash uma traduccedilatildeo do manifesto da Pedagogia dos Multiletra-

mentos documento produzido por dez pesquisadores e profes-sores de liacutengua inglesa em meados dos anos 1990 e publicado

A n a E l i s a R i b e i r oC e n t r o F e d e r a l d e E d u c a ccedil atilde o T e c n o l oacute g i c a d e M i n a s G e r a i s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

U M A T R A D U Ccedil Atilde O N E C E S S Aacute R I A

7

em revista em 1996 1 Esse manifesto programaacutetico autodeclarado teve tanta influecircncia sobre os estudos de letramentos e multi-modalidade no Brasil que eacute um dos principais documentos em que se inspira nossa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) embora isso natildeo esteja expliacutecito e nem identificado no documen-to Eacute natildeo apenas por isso mas tambeacutem portanto fundamental que esta traduccedilatildeo ao portuguecircs brasileiro exista mesmo que um pouco tardiamente (25 anos passados) e com algumas imperfei-ccedilotildees

Ateacute o momento era bastante comum que tiveacutessemos de ler o manifesto em inglecircs ou que conhececircssemos suas partes por meio de traduccedilotildees de trechos em artigos e livros brasileiros Pen-sando nisso e na ampliaccedilatildeo significativa do acesso a este texto por pesquisadores professores e estudantes brasileiros a turma de mestrandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) ao cursar uma disciplina sobre identidade e letramentos do pro-fessor aceitou com alegria e responsabilidade o desafio de tra-duzir o documento em inglecircs tornando-o acessiacutevel natildeo apenas em nossa liacutengua mas tambeacutem propondo sua publicaccedilatildeo por meio da editora laboratoacuterio do bacharelado em Letras (Tecnolo-gias de Ediccedilatildeo) a LED que o disponibiliza gratuitamente a todos os interessados no tema e nesta importante discussatildeo que eacute a dos multiletramentos

Nesse documento nasce esse termo tatildeo empregado por muitas pessoas em especial no campo da educaccedilatildeo embora nem sempre lido diretamente Tambeacutem nasce aqui uma pro-posta para o seacuteculo XXI preocupada com o futuro de jovens do mundo inteiro considerando ambientes de aprendizagem mul-ticulturais multilinguiacutesticos e multimidiaacuteticos Eacute claro que em 1994-1996 ainda natildeo era possiacutevel prever muita coisa ligada agraves tecnologias digitais (redes sociais smartphones etc) era menos

1 Utilizamos na traduccedilatildeo o documento disponiacutevel emhttpnewarcprojectpbworkscomfPedagogy+of+Multiliteracies_New+London+-Grouppdf O artigo original foi publicado na Harvard Educational Review que optamos por natildeo consultar dado que esta eacute uma traduccedilatildeo tentativa validada como atividade de curso de poacutes-graduaccedilatildeo de instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino sem qualquer intenccedilatildeo de comerciali-zaccedilatildeo e apenas com finalidade pedagoacutegica e formativa

8

possiacutevel ainda para noacutes na Ameacuterica Latina no Brasil que mal conheciacuteamos de perto a internet de banda discada Nosso con-texto era bastante outro mesmo que esse documento tenha sido lido agraves vezes de forma a negligenciar nossos aspectos locais A pandemia parece ter nos mostrado algo sobre isso com mais pre-cisatildeo infelizmente

O grupo de tradutores aqui reunido (creacuteditos ao final) eacute formado principalmente por professores e professoras de inglecircs e portuguecircs que tal como em qualquer processo editorial se distribuiu conforme suas expertises A traduccedilatildeo foi coletiva as-sim como a revisatildeo final e contou como tarefa principal de uma disciplina de poacutes-graduaccedilatildeo validada tanto no mestrado quanto no doutorado de nossa instituiccedilatildeo o CEFET-MG Foi uma tarefa aacuterdua difiacutecil mas que contou com um grupo de pessoas engaja-do e ciente da importacircncia do acesso direto tanto quanto possiacute-vel em uma traduccedilatildeo ao texto original

A etapa seguinte consistiu em uma conferecircncia da tradu-ccedilatildeo que foi feita por professores e pelo tradutor e pesquisador Seacutergio Karam Ao encontrar aspectos complexos neste manifes-to debatemos com algumas pessoas relemos outros textos a fim de tomar decisotildees sobre as tentativas e propostas do grupo de tradutores Pelo menos quatro aspectos foram levantados (1) a dificuldade imposta pelo proacuteprio texto em inglecircs escrito a vinte matildeos quase trecircs deacutecadas atraacutes que carrega elementos linguiacutesti-cos e de estilo difiacuteceis mesmo em inglecircs (2) a consagraccedilatildeo de al-guns termos traduzidos ao portuguecircs no Brasil mesmo quando nos pareciam inadequados ou imprecisos mas que optamos por manter tal como jaacute ficaram conhecidos e foram legitimados no debate local (3) a dificuldade grande de traduzir palavras que em inglecircs satildeo uacutenicas como literacy que em portuguecircs pode dizer respeito agrave alfabetizaccedilatildeo e ao letramento e (4) a traduccedilatildeo tambeacutem difiacutecil de termos como design fundamental nesta proposta do New London Group mas que em portuguecircs tem outros sentidos que nos parecem indesejados

Os dois casos mais complexos deste documento em por-tuguecircs foram justamente os das palavras literacy e design e suas derivaccedilotildees Por vezes a ideia foi traduzir a primeira por alfa-

9

betizaccedilatildeo mas na maioria dos casos estamos tratando de letra-mento assim como de letramentos e multiletramentos O termo se consagrou em portuguecircs especialmente o multiletramentos que natildeo encontra uma realizaccedilatildeo tal como multialfabetizaccedilotildees embora literacy possa ser traduzida como alfabetizaccedilatildeo Jaacute design nos pa-receu termo ainda mais complexo e vejamos entatildeo trata-se de uma palavra admitida ao portuguecircs com sentidos proacuteximos aos de projeto e desenho no entanto o manifesto a emprega com o intuito declarado de propor uma metalinguagem especializada Escolhem entatildeo a palavra design num sentido que em portuguecircs ainda natildeo encontra uma traduccedilatildeo exata Por se tratar de termo especializado optamos pela manutenccedilatildeo de design com este sen-tido que o NLG quer erigir e propor incluindo palavras da mes-ma famiacutelia e igualmente difiacuteceis de traduzir como designing e designed expressotildees que tornam o construto do grupo bastante complexo em alguns pontos em especial depois de traduzido

Design eacute portanto aqui uma palavra em sentido especiacute-ficoespecializado agrave qual o NLG atribui sentido dentro do con-texto da pedagogia que propotildee para o novo seacuteculo (eles estavam agraves veacutesperas da virada do milecircnio) A opccedilatildeo por mantecirc-la e natildeo traduzi-la por desenho ou projeto tambeacutem respeitou certa consa-graccedilatildeo na aacuterea ou nos estudos de multiletramentos daiacute termos considerado que trocar o termo mais atrapalharia e confundiria do que ajudaria no entendimento da proposta Ainda outra coisa ocorria por vezes caberia a traduccedilatildeo de design por desenho ou-tras vezes melhor seria por projeto o que poderia trazer inconsis-tecircncia e inespecificidade ao termo em portuguecircs num contexto de expliacutecita construccedilatildeoproposiccedilatildeo de uma metalinguagem e de uma pedagogia que se diferenciasse do que jaacute ocorria antes dos anos 1990

Traduzir A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Fu-tures foi uma tarefa coletiva executada ao longo de quatro meses Desde o primeiro encontro de nosso curso esta missatildeo foi discu-tida por um grupo de professores-pesquisadores disposto a es-tudar a fundo esse documento e tornaacute-lo de acesso mais amplo Depois de traduzido e revisado o documento seguiu para cotejo conferecircncia e ajustes de ordem terminoloacutegica para em seguida

10

chegar ao processo de ediccedilatildeo que o tornaria um ebook A tradu-ccedilatildeo foi feita num arquivo do Google Docs compartilhado com todas as pessoas inscritas do curso que acessavam assincrona-mente o texto trabalhavam nele quando podiam e discutiam so-luccedilotildees e revisotildees por muitos canais em especial os foacuteruns virtu-ais da disciplina Foi tal como o manifesto um trabalho a vaacuterias matildeos soacute que empregando ferramentas que provavelmente aque-les dez autores natildeo chegaram a conhecer enquanto escreviam nos anos 1990 Esta foi uma experiecircncia de traduccedilatildeo que tentou se apropriar justamente das dimensotildees muacuteltiplas que tiacutenhamos em nosso grupo subculturais de linguagem e de miacutedias Trata--se entatildeo de uma traduccedilatildeo oferecida e proposta por um grupo em Belo Horizonte Minas Gerais que deseja que esta pedagogia de fato possa ser lida por mais pessoas para aleacutem dos horizontes da liacutengua inglesa num paiacutes que de maneira geral tem tratado a educaccedilatildeo e as tecnologias sem o devido cuidado em especial quando pensamos nas conexotildees entre essas duas coisas no seacute-culo XXI

Juntou-se a noacutes neste material a equipe de colegas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) coordenada pelo prof dr Heacutercules Tolecircdo Correcirca Simultaneamente ao processo da nossa traduccedilatildeo eles produziam um glossaacuterio dos multiletra-mentos material fundamental para a familiarizaccedilatildeo de docentes e pesquisadores com a proposta do New London Group e com muito do que se debate nesse campo Foi com enorme alegria que nos unimos neste livro fazendo convergir dois esforccedilos cujo vetor era o mesmo ampliar o acesso agrave proposta da pedagogia dos multiletramentos quem sabe dirimindo duacutevidas de colegas e estudantes Esperamos alcanccedilar um diaacutelogo cada vez mais am-plo e qualificado

Agradecemos a colaboraccedilatildeo de Seacutergio Karam tradutor assim como a de Marcelo Amaral editor Tambeacutem agrave equipe da LED CEFET-MG em especial ao Murilo Valente agrave Gabriela Oliveira agrave Gabrielly Ferreira e agrave Elinara Santana Estamos gratos agrave Acircngela Vasconcelos do projeto Aula Aberta e finalmente nosso agradecimento agrave atenciosa equipe da Harvard Educational Review especialmente agrave Laura Clos e agrave professora Luciana Azeredo querida colega do CEFET-MG

11

1 Esta discussatildeo sobre o futuro da pedagogia do letramento tem a coautoria de

Courtney Cazden Graduate School of Education Universidade de Harvard EUA

Bill Cope National Languages and Literacy Institute of Austraacutelia Centre for Workplace Communication and Culture Universidade de Tecnologia Sydney e James Cook University of North Queensland Austraacutelia

Norman Fairclough Centre for Language in Social Life Universidade de Lancaster Reino Unido

James Gee Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Mary Kalantzis Institute of Interdisciplinary Studies James Cook University of North Queensland Austraacutelia Gunther Kress Institute of Education Universidade de Londres Reino Unido

Allan Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Carmen Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Sarah Michaels Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Martin Nakata School of Education James Cook University of North Queensland Austraacutelia

N E W L O N D O NG R O U P 1

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

multiletramentos

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

12

Neste artigo o Grupo de Nova Londres apresenta um panorama teoacuterico sobre as conexotildees entre o ambiente social em transforma-

ccedilatildeo enfrentado por estudantes e professores e uma nova abordagem agrave pedagogia dos letramentos a que os autores chamam ldquomultiletramen-tosrdquo Eles defendem que a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e a crescente diversidade cultural e linguiacutestica do mundo de hoje requerem uma concepccedilatildeo mais ampla de letramento do que a descrita nas abor-dagens tradicionais baseadas na liacutengua A noccedilatildeo de multiletramentos segundo os autores supera as limitaccedilotildees das abordagens tradicionais ao enfatizar que saber lidar com muacuteltiplas diferenccedilas linguiacutesticas e culturais em nossa sociedade eacute central para a vida privada laboral e cidadatilde dos estudantes Os autores sustentam que o uso de abordagens de multiletramentos na pedagogia permitiraacute aos estudantes alcanccedilar o duplo objetivo da aprendizagem letrada ter acesso agraves linguagens em permanente evoluccedilatildeo do trabalho do poder e da comunidade e favore-cer o engajamento criacutetico necessaacuterio agrave projeccedilatildeo de seus futuros sociais e agrave obtenccedilatildeo do sucesso por meio de empregos satisfatoacuterios

R e s u m o

13

Se fosse possiacutevel definir genericamente a missatildeo da educaccedilatildeo poder-se-ia dizer que seu propoacutesito fundamental eacute garantir

que todos os estudantes se beneficiem da aprendizagem de ma-neira a lhes permitir a ampla participaccedilatildeo nas esferas da vida puacuteblica econocircmica e comunitaacuteria Espera-se que uma peda-gogia dos letramentos desempenhe um papel particularmen-te importante nessa missatildeo Pedagogia eacute a relaccedilatildeo de ensino e de aprendizagem que potencializa a construccedilatildeo de condiccedilotildees de aprendizagem que levem agrave equidade na participaccedilatildeo social Tradicionalmente a pedagogia do letramento tem significado ensinar e aprender a ler e a escrever as formas padronizadas e oficiais das liacutenguas nacionais destinadas agrave paacutegina impressa Em outros termos a pedagogia do letramento tem sido um projeto cuidadosamente restritivo mdash restrito agraves formas de linguagem padronizadas monolinguais monoculturais e sujeitas a regras

Neste artigo tentamos ampliar o entendimento do letra-mento e do ensino e aprendizagem do letramento para incluir as relaccedilotildees entre uma multiplicidade de discursos Buscamos desta-car dois aspectos principais dessa multiplicidade Primeiramen-te gostariacuteamos de estender a noccedilatildeo e o escopo da pedagogia do letramento para que ela levasse em conta o contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas e progressi-vamente globalizadas bem como a variedade de culturas que se inter-relacionam e a pluralidade de textos que circulam Em segundo lugar sustentamos que uma pedagogia do letramento precisa dar conta agora da crescente variedade de formas textu-ais associadas agraves tecnologias da informaccedilatildeo e multimiacutedia Isso inclui a compreensatildeo e o controle competente das formas repre-sentacionais que estatildeo se tornando progressivamente significati-vas na esfera das comunicaccedilotildees em geral tais como as imagens visuais e sua relaccedilatildeo com a palavra escrita mdash por exemplo a pro-gramaccedilatildeo visual na editoraccedilatildeo eletrocircnica ou a interface entre os

I N T R O D U Ccedil Atilde O

14

sentidos visual e linguiacutestico em publicaccedilotildees multimiacutedia De fato este segundo ponto estaacute intimamente relacionado ao primeiro a proliferaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo e de miacutedia apoia e ex-pande a diversidade cultural e subcultural Assim que passamos a focalizar o objetivo de criar condiccedilotildees de aprendizagem para uma plena participaccedilatildeo social o problema das diferenccedilas assu-me importacircncia criacutetica De que maneira noacutes podemos garantir que as diferenccedilas culturais de linguagem e de gecircnero natildeo sejam barreiras para o sucesso educacional Quais satildeo as implicaccedilotildees dessas diferenccedilas para uma pedagogia do letramento

Esse ponto das diferenccedilas tornou-se questatildeo principal que como educadores agora devemos abordar E embora inuacutemeras teorias e praacuteticas tenham sido desenvolvidas como possiacuteveis res-postas neste momento parece haver uma particular ansiedade sobre como proceder O que eacute uma educaccedilatildeo adequada para mu-lheres para povos indiacutegenas para imigrantes que natildeo falam a liacutengua nacional para falantes de dialetos natildeo padronizados O que eacute adequado para todos num contexto dos fatores cada vez mais criacuteticos em termos de diversidade local e conexatildeo global Enquanto os educadores tentam abordar o contexto da diversi-dade cultural e linguiacutestica por meio da pedagogia do letramento ouvimos afirmaccedilotildees e contra-afirmaccedilotildees estridentes sobre o po-liticamente correto o cacircnone da grande literatura a gramaacutetica e outros princiacutepios baacutesicos

A sensaccedilatildeo de ansiedade reinante eacute alimentada em par-te pela sensaccedilatildeo de que apesar da boa vontade por parte dos educadores da expertise profissional e das grandes quantias de dinheiro gastas para desenvolver novas abordagens ainda existem grandes disparidades nas oportunidades de vida ndash dis-paridades que hoje parecem se ampliar ainda mais Ao mesmo tempo mudanccedilas radicais estatildeo ocorrendo na natureza da vida puacuteblica comunitaacuteria e econocircmica Um forte senso de cidadania tem dado lugar agrave fragmentaccedilatildeo local e as comunidades estatildeo se dividindo em grupos cada vez mais diversos e subculturalmente definidos A transformaccedilatildeo tecnoloacutegica e organizacional da vida profissional permite que alguns tenham acesso a estilos de vida de riqueza sem precedentes enquanto excluem outros de ma-

15

neiras que se relacionam cada vez mais aos resultados da edu-caccedilatildeo e do treinamento Pode muito bem ser que tenhamos de repensar o que estamos ensinando e em particular quais novas necessidades de aprendizagem a pedagogia do letramento pode abarcar agora

Os dez autores deste texto satildeo educadores que se encon-traram durante uma semana em setembro de 1994 em Nova Londres New Hampshire nos Estados Unidos para discutir o estado da pedagogia dos letramentos Os membros do grupo ou tinham trabalhado juntos ou tinham se alimentado de seus res-pectivos trabalhos ao longo de vaacuterios anos As principais aacutereas de interesse comum ou complementar incluiacuteam a tensatildeo pedagoacute-gica entre abordagens de ensino expliacutecitas e imersivas o desafio da diversidade linguiacutestica e cultural a recente proeminecircncia dos modos e tecnologias da comunicaccedilatildeo e as mudanccedilas nos usos dos textos em espaccedilos de trabalho reestruturados Quando nos encontramos em 1994 nossa intenccedilatildeo era consolidar e ampliar essas relaccedilotildees a fim de abordar o problema mais amplo dos pro-poacutesitos da educaccedilatildeo e neste contexto o problema especiacutefico da pedagogia dos letramentos Era nossa intenccedilatildeo reunir ideias de diferentes domiacutenios e de diferentes paiacuteses falantes do inglecircs Nossa principal preocupaccedilatildeo era a questatildeo das oportunidades de vida na medida em que elas se relacionam com a ordem moral e cultural mais ampla da pedagogia dos letramentos

Sendo dez pessoas diferentes trouxemos para esta discus-satildeo uma grande variedade de experiecircncias nacionais de vida e profissionais Courtney Cazden dos Estados Unidos tem uma longa e influente carreira trabalhando temas tais como o discur-so da sala de aula a aprendizagem de liacutengua em contextos mul-tiliacutengues e mais recentemente a pedagogia dos letramentos Bill Cope da Austraacutelia havia produzido curriacuteculos que abordavam a diversidade cultural nas escolas e havia pesquisado a pedago-gia dos letramentos e as mudanccedilas culturais e discursivas dos ambientes de trabalho Da Gratilde-Bretanha Norman Fairclough teoacuterico da liacutengua e do discurso social eacute particularmente inte-ressado nas mudanccedilas linguiacutesticas e discursivas como parte das transformaccedilotildees sociais e culturais James Gee dos Estados Uni-

16

dos eacute um dos principais pesquisadores e teoacutericos da linguagem e da mente e da linguagem e das demandas por aprendizagem nos mais recentes espaccedilos de trabalho marcados pelo ldquocapitalis-mo aceleradordquo (fast capitalism) A australiana Mary Kalantzis tem estado envolvida em projetos experimentais de educaccedilatildeo social e de curriacuteculos para o letramento e estaacute particularmente inte-ressada na educaccedilatildeo para a cidadania Gunther Kress da Gratilde--Bretanha eacute mais conhecido por seu trabalho sobre linguagem e aprendizagem semioacutetica letramento visual e os letramentos multimodais cada vez mais importantes para a comunicaccedilatildeo como um todo particularmente as miacutedias de massa Allan Luke da Austraacutelia eacute pesquisador e teoacuterico do letramento criacutetico que trouxe a anaacutelise socioloacutegica para apoiar o ensino de leitura e es-crita Carmen Luke tambeacutem da Austraacutelia escreveu extensiva-mente sobre a pedagogia feminista Sarah Michaels dos Estados Unidos tem ampla experiecircncia no desenvolvimento e na pesqui-sa de programas de aprendizagem em sala de aula em contextos urbanos Martin Nakata australiano tem pesquisado e escrito sobre o problema do letramento de comunidades indiacutegenas

Criando um contexto para o encontro havia nossas dife-renccedilas de experiecircncia nacional e diferenccedilas de ecircnfase teoacuterica e poliacutetica Por exemplo precisaacutevamos debater em profundidade tanto a importacircncia da imersatildeo quanto a do ensino expliacutecito nossos distintos interesses como especialistas em multimiacutedia letramentos no ambiente de trabalho diversidade linguiacutestica e cultural e o problema de ateacute que ponto deveriacuteamos nos compro-meter com as expectativas de aprendizagem e o ethos das novas formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo de trabalho Noacutes nos engaja-mos nas discussotildees com base em um genuiacuteno compromisso com a resoluccedilatildeo colaborativa de problemas reunindo uma equipe com diferentes saberes experiecircncias e posicionamentos a fim de otimizar a possibilidade de enfrentar com eficiecircncia a complexa realidade das escolas

Conscientes de nossas diferenccedilas compartilhamos a pre-ocupaccedilatildeo de que nossa discussatildeo talvez natildeo fosse produtiva no entanto ela foi devido agraves nossas diferenccedilas combinadas com nos-so sentimento de desconforto Conseguimos concordar a respei-

17

to do problema fundamental ndash isto eacute que as disparidades nos resultados da educaccedilatildeo natildeo pareciam estar melhorando Concor-damos que precisamos voltar agrave questatildeo mais ampla dos resulta-dos sociais da aprendizagem de liacutengua e que tiacutenhamos baseado nisso que repensar as premissas fundamentais de uma peda-gogia dos letramentos a fim de influenciar praacuteticas que daratildeo aos estudantes as habilidades e o conhecimento de que precisam para alcanccedilar suas aspiraccedilotildees Concordamos que em cada paiacutes angloacutefono de onde viemos o que os estudantes precisavam para aprender estava se transformando e que o principal elemento dessa mudanccedila era que natildeo havia mais um inglecircs singular canocirc-nico que poderia ou deveria ser ensinado Diferenccedilas culturais e a raacutepida mudanccedila nos meios de comunicaccedilatildeo significavam que a proacutepria natureza do assunto ndash a pedagogia do letramento ndash estava mudando radicalmente Este artigo eacute o resumo de nossas discussotildees

A estrutura deste artigo desenvolveu-se a partir das dis-cussotildees de Nova Londres Comeccedilamos com um programa pre-viamente combinado que consistia em um quadro esquemaacutetico de questotildees-chaves sobre as formas e o conteuacutedo da pedagogia do letramento Ao longo de nossa reuniatildeo percorremos esse programa trecircs vezes destacando pontos difiacuteceis elaborando a argumentaccedilatildeo e adaptando a estrutura esquemaacutetica que havia sido proposta originalmente Um membro da equipe registrou pontos fundamentais que foram projetados em uma tela para que pudeacutessemos discutir a formulaccedilatildeo de uma argumentaccedilatildeo comum Ao final do encontro desenvolvemos o esboccedilo que pos-teriormente se tornaria este artigo Os vaacuterios membros do grupo voltaram aos seus respectivos paiacuteses e instituiccedilotildees e trabalharam de forma independente nas diferentes seccedilotildees do texto o rascu-nho foi distribuiacutedo e modificado e finalmente abrimos o artigo para discussatildeo puacuteblica em uma seacuterie de apresentaccedilotildees plenaacuterias e pequenos grupos de discussatildeo liderados pela equipe da Quar-ta Conferecircncia da Rede Internacional de Pesquisa em Alfabeti-zaccedilatildeo e Educaccedilatildeo (Fourth International Literacy and Education Rese-arch Network Conference) realizada em Townsville Austraacutelia em junho-julho de 1995

18

Este artigo eacute o resultado de um ano de exaustivas discus-sotildees mas de forma alguma eacute um texto acabado Noacutes o apresenta-mos aqui como um manifesto programaacutetico como uma espeacutecie de ponto de partida aberto e provisoacuterio Este artigo eacute um pano-rama teoacuterico do atual contexto social de aprendizagem e as con-sequecircncias das mudanccedilas sociais em relaccedilatildeo ao conteuacutedo (o ldquoo quecircrdquo) e agrave forma (o ldquocomordquo) da pedagogia do letramento Espera-mos que este artigo possa formar a base para um diaacutelogo aberto com colegas educadores em todo o mundo que possa despertar ideias para possiacuteveis novas aacutereas de pesquisa e que possa ajudar a estruturar experiecircncias curriculares que busquem enfrentar nosso ambiente educacional em constante mudanccedila

Decidimos que os resultados de nossas discussotildees pode-riam ser encapsulados em uma palavra ndash multiletramentos ndash pa-lavra que escolhemos para descrever dois importantes argumen-tos com que podemos abordar as ordens cultural institucional e global emergentes a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e miacutedia e a crescente proeminecircncia da diversidade cultural e lin-guiacutestica A noccedilatildeo de multiletramentos complementa a pedagogia tradicional do letramento ao abordar esses dois aspectos rela-cionados agrave multiplicidade textual O que poderiacuteamos denominar ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo2 permanece centrado apenas na liacutengua e geralmente em uma uacutenica forma da liacutengua nacional que eacute con-cebida como um sistema estaacutevel baseado em regras tais como o domiacutenio da correspondecircncia entre fonemas e letras Isso se baseia na suposiccedilatildeo de que podemos discernir e descrever seu uso correto Essa concepccedilatildeo de liacutengua se traduz tipicamente em um tipo mais ou menos autoritaacuterio de pedagogia Uma pedago-gia dos multiletramentos ao contraacuterio concentra-se em modos de representaccedilatildeo muito mais amplos do que apenas a liacutengua Eles diferem de acordo com a cultura e o contexto e tecircm efeitos cognitivos culturais e sociais especiacuteficos Em alguns contextos culturais ndash em uma comunidade aboriacutegine ou em um ambiente multimiacutedia por exemplo ndash o modo visual de representaccedilatildeo pode ser muito mais poderoso e intimamente relacionado agrave liacutengua do que a ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo jamais seria capaz de permitir Os multiletramentos tambeacutem criam um tipo diferente de pedago-

19

gia em que a linguagem e outros modos de significaccedilatildeo satildeo re-cursos representacionais dinacircmicos constantemente refeitos por seus usuaacuterios agrave medida que trabalham para alcanccedilar seus vaacuterios objetivos culturais

Dois pontos principais entatildeo emergiram em nossas dis-cussotildees O primeiro se relaciona agrave crescente multiplicidade e in-tegraccedilatildeo de modos de construccedilatildeo de sentido significativos em que o textual tambeacutem estaacute relacionado ao visual ao aacuteudio ao espacial ao comportamental e assim por diante Isso eacute particu-larmente importante nas miacutedias de massa multimiacutedia e em hi-permiacutedia eletrocircnica Podemos ter motivos para continuar ceacuteticos em relaccedilatildeo agraves visotildees da ficccedilatildeo cientiacutefica sobre as superinfovias e um futuro proacuteximo em que todos seremos compradores virtuais No entanto os novos meios de comunicaccedilatildeo estatildeo remodelando a maneira como usamos a linguagem Quando as tecnologias de produccedilatildeo de sentido estatildeo mudando tatildeo rapidamente natildeo pode haver um soacute conjunto de padrotildees ou habilidades que constituam as finalidades do letramento por mais que eles sejam ensinados

Em segundo lugar decidimos usar o termo ldquomultiletra-mentosrdquo como meio de focalizar as realidades do aumento da diversidade local e da conexatildeo global Lidar com diferenccedilas lin-guiacutesticas e culturais agora se tornou aspecto central de nossas vidas privadas profissional e cidadatilde Uma cidadania efetiva e o trabalho produtivo agora exigem interaccedilatildeo efetiva usando vaacuterios idiomas muacuteltiplas variedades do inglecircs e padrotildees de comuni-caccedilatildeo que cruzam fronteiras culturais comunitaacuterias e nacionais com mais frequecircncia A diversidade subcultural tambeacutem se es-tende ao espectro cada vez maior de registros especializados e variaccedilotildees situacionais na linguagem sejam elas teacutecnicas espor-tivas ou relacionadas a grupos de interesse e afiliaccedilatildeo Quando um dos fatos principais do nosso tempo eacute a proximidade entre diversidade cultural e linguiacutestica a proacutepria natureza da apren-dizagem de liacutenguas mudou

De fato essas satildeo questotildees fundamentais para o nosso fu-turo Ao abordaacute-las professores alfabetizadores e alunos devem se ver como participantes ativos da mudanccedila social como apren-dizes e alunos que podem ser designers3 ativos ndash artiacutefices ndash de fu-

20

turos sociais Decidimos comeccedilar a discussatildeo com essa questatildeo dos futuros sociais

Consequentemente o ponto de partida deste artigo eacute o formato da mudanccedila social ndash alteraccedilotildees em nossas vidas profis-sionais nossas vidas puacuteblicas como cidadatildeos e privadas como membros de diferentes estilos de vida em comunidade A ques-tatildeo fundamental eacute esta o que essas mudanccedilas significam para a pedagogia do letramento Nesse contexto passamos a concei-tuar o ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento O conceito-chave que apresentamos eacute o de Design em relaccedilatildeo ao qual tanto somos herdeiros de padrotildees e convenccedilotildees ligadas aos sentidossignifi-cados quanto somos designers ativos de sentidos E como desig-ners de sentidos somos designers de futuros sociais ndash futuros no ambiente de trabalho futuros puacuteblicos e futuros comunitaacuterios O artigo prossegue discutindo seis componentes do design do processo de produccedilatildeo de sentidos Linguiacutestico Visual Auditi-vo Gestual Espacial e Padrotildees Multimodais que relacionam os primeiros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos entre si Na uacuteltima das seccedilotildees mais importantes o artigo traduz o ldquoo quecircrdquo em um ldquocomordquo Quatro componentes pedagoacutegicos satildeo sugeridos Praacutetica Situada que se fundamenta na experiecircncia de produccedilatildeo de sentidos em estilos de vida particulares o domiacutenio puacuteblico e os espaccedilos de trabalho Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos desenvolvem uma metalinguagem expliacutecita do Design Enquadramento Criacutetico que interpreta o contexto social e a fina-lidade dos designs de sentidos e a Praacutetica Transformada na qual os alunos como produtores de sentidos tornam-se Designers de futuros sociais No Projeto Internacional de Multiletramentos em que estamos embarcando esperamos estabelecer relaccedilotildees de pesquisa colaborativa e programas de desenvolvimento curricu-lar que testem exemplifiquem ampliem e retrabalhem as ideias provisoriamente sugeridas neste artigo

21

Estamos vivendo um periacuteodo de dramaacuteticas mudanccedilas econocirc-micas globais agrave medida que novas teorias e praacuteticas de negoacutecios e de gestatildeo surgem em todo o mundo desenvolvido Essas teo-rias e praacuteticas enfatizam a competiccedilatildeo e os mercados centrados em mudanccedilas flexibilidade qualidade e nichos distintivos ndash natildeo os produtos de massa do ldquovelhordquo capitalismo (Boyett Conn 1992 Cross Feather Lynch 1994 Davidow Malone 1992 Deal Jenkins 1994 Dobyns Crawford-Mason 1991 Drucker 1993 Hammer Champy 1993 Ishikawa 1985 Lipnack Stamps 1993 Peters 1992 Sashkin Kiser 1993 Senge 1991) Toda uma nova terminologia cruza e recruza as fronteiras entre esses novos discursos de negoacutecios e gestatildeo de um lado e discursos preo-cupados com a educaccedilatildeo com a reforma educacional e com a ciecircncia cognitiva de outro (Bereiter Scardamalia 1993 Bruer 1993 Gardner 1991 Lave Wenger 1991 Light Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990) A nova teoria de gestatildeo usa palavras que satildeo muito familiares aos educadores tais como conhecimen-to (como em ldquotrabalhador do conhecimentordquo) aprendizagem (como em ldquoorganizaccedilatildeo de aprendizagemrdquo) colaboraccedilatildeo avalia-ccedilotildees alternativas comunidades de praacutetica redes e outros (Gee 1994a) Aleacutem disso os principais termos e interesses de vaacuterios discursos poacutes-modernos e criacuteticos com foco na emancipaccedilatildeo na destruiccedilatildeo de hierarquias e no respeito agrave diversidade (Faigley 1992 Freire 1968 1973 Freire Macedo 1987 Gee 1993 Giroux

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O P R E S E N T E E M T R A N S F OR M ACcedil AtildeO E O S F U T U RO S

P ROacuteX I M O S V I S OtildeE S PA R A O T R A BA L HO

A C I DA DA N I A E O S E S T I L O S DE V I DA

As linguagens necessaacuterias para produzir sentidos estatildeo mu-dando radicalmente em trecircs esferas de nossa existecircncia a

vida profissional a vida puacuteblica (cidadania) e a vida privada (es-tilos de vida)

22

1988 Walkerdine 1986) encontraram espaccedilo nesses novos dis-cursos de negoacutecios e gestatildeo (Gee 1994b)

A natureza mutante do trabalho tem sido denominada de ldquopoacutes-fordismordquo (Piore Sable 1984) e de ldquocapitalismo acelera-dordquo4 (Gee 1994b) O poacutes-fordismo substitui as antigas estruturas hieraacuterquicas de comando simbolizadas no desenvolvimento de teacutecnicas de produccedilatildeo em massa de Henry Ford e representadas de maneira caricatural por Charlie Chaplin em Tempos Moder-nos ndash uma imagem de trabalho natildeo qualificado repetitivo e que dispensa a inteligecircncia na linha de produccedilatildeo industrial Em vez disso com o desenvolvimento do poacutes-fordismo ou do capitalismo acelerado um nuacutemero cada vez maior de espaccedilos de trabalho vem optando por uma hierarquia mais achatada Compromisso responsabilidade e motivaccedilatildeo satildeo conquistados com o desen-volvimento de uma cultura de trabalho na qual os membros de uma organizaccedilatildeo se identificam com sua visatildeo missatildeo e valo-res corporativos As antigas cadeias verticais de comando satildeo substituiacutedas pelas relaccedilotildees horizontais do trabalho em equipe Uma divisatildeo de trabalho em seus componentes miacutenimos e pou-co qualificados eacute substituiacuteda por trabalhadores ldquopolivalentesrdquo e bem preparados suficientemente flexiacuteveis para realizar um tra-balho complexo e integrado (Cope Kalantzis 1995) De fato nos locais de trabalho de capitalistas acelerados e poacutes-fordistas mais avanccedilados as estruturas tradicionais de comando e de controle estatildeo sendo substituiacutedas por relaccedilotildees de pedagogia orientaccedilatildeo treinamento e organizaccedilatildeo da aprendizagem (Senge 1991) Co-nhecimentos antes considerados disciplinares especializados e divergentes tais como pedagogia e gestatildeo vatildeo ficando agora cada vez mais proacuteximos Isso significa que como educadores temos uma responsabilidade maior de considerar as implicaccedilotildees do que fazemos em relaccedilatildeo a uma vida profissional produtiva

Com uma nova vida profissional surge uma nova lin-guagem Boa parte dessa mudanccedila eacute o resultado de novas tec-nologias tais como os modos iconograacutefico textual e de tela de interagir com maacutequinas automatizadas interfaces ldquoamigaacuteveis ao usuaacuteriordquo operam com niacuteveis mais sutis de integraccedilatildeo cultural do que interfaces baseadas em comandos abstratos Mas grande

23

parte da mudanccedila tambeacutem eacute resultado das novas relaccedilotildees sociais de trabalho Enquanto a velha organizaccedilatildeo fordista dependia de sistemas de comando claros precisos e formais como memoran-dos escritos e ordens do supervisor o trabalho em equipe eficaz depende muito mais do discurso informal oral e interpessoal Essa informalidade tambeacutem se traduz em formas escritas hiacute-bridas informais e interpessoalmente sensiacuteveis como o e-mail (Sproull Kiesler 1991) Esses exemplos de mudanccedilas revolucio-naacuterias na tecnologia e na natureza das organizaccedilotildees produziram uma nova linguagem de trabalho Todas essas satildeo razotildees pelas quais a pedagogia do letramento precisa mudar se quiser ser relevante para as novas demandas da vida profissional se quiser fornecer a todos os alunos o acesso a um emprego satisfatoacuterio

Mas o capitalismo acelerado tambeacutem eacute um pesadelo Cul-turas corporativas e seus discursos de familiaridade satildeo mais sutilmente e mais rigorosamente seletivos que a mais desagra-daacutevel ndash honestamente desagradaacutevel ndash das hierarquias A reaccedilatildeo agrave cultura corporativa exige uma assimilaccedilatildeo das normas conven-cionais que soacute funcionam realmente se algueacutem jaacute fala a liacutengua da cultura convencional Se algueacutem natildeo estaacute se sentindo confortaacutevel como um integrante da cultura e dos discursos convencionais eacute ainda mais difiacutecil entrar em redes que operam informalmente do que entrar nos antigos discursos de formalidade Esse eacute um fator crucial na produccedilatildeo do fenocircmeno do teto de vidro o pon-to em que as oportunidades de emprego e de promoccedilatildeo cessam abruptamente E o capitalismo acelerado apesar de seu discurso de colaboraccedilatildeo cultura e valores compartilhados eacute tambeacutem um mundo vicioso impulsionado pelo mercado mal contido Agrave medi-da que refazemos nossa pedagogia do letramento para ser mais relevante para um novo mundo do trabalho precisamos estar cientes do perigo de que nossas palavras sejam cooptadas pelos discursos impulsionados pela economia e pelo mercado natildeo im-porta quatildeo contemporacircneos e ldquopoacutes-capitalistasrdquo possam parecer A nova literatura do capitalismo acelerado enfatiza a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila constante por meio do pensar e falar por si da criacutetica e do empoderamento da inovaccedilatildeo e da criatividade do pensa-mento teacutecnico e sistecircmico e do aprender a aprender Todas essas

24

formas de pensar e agir satildeo veiculadas por discursos novos e emergentes Esses novos discursos do trabalho podem ser inter-pretados de duas maneiras muito diferentes ndash como a abertura de novas possibilidades educacionais e sociais ou como novos sistemas de controle e exploraccedilatildeo da mente No sentido positi-vo por exemplo a ecircnfase na inovaccedilatildeo e na criatividade pode se encaixar bem com uma pedagogia que vecirc a linguagem e outros modos de representaccedilatildeo como dinacircmicos e sendo constantemen-te refeitos por produtores de sentidos em contextos variados e cambiantes No entanto pode muito bem ser que as teorias e as praacuteticas direcionadas ao mercado mesmo que pareccedilam huma-nas nunca incluiratildeo autenticamente uma visatildeo de sucesso sig-nificativo para todos os estudantes Raramente os proponentes dessas ideias consideram seriamente que elas sejam relevantes para pessoas destinadas a empregos qualificados e de elite De fato em um sistema que ainda valoriza resultados sociais muito diacutespares nunca haveraacute espaccedilo suficiente ldquono topordquo Uma visatildeo autenticamente democraacutetica das escolas deve incluir uma visatildeo de sucesso significativo para todos uma visatildeo de sucesso que natildeo seja definida exclusivamente em termos econocircmicos e que inclua uma criacutetica agrave hierarquia e agrave injusticcedila econocircmica

Em resposta agraves mudanccedilas radicais na vida profissional que estatildeo em curso precisamos trilhar um caminho cuidadoso que ofereccedila aos estudantes a oportunidade de desenvolver ha-bilidades para o acesso a novas formas de trabalho por meio do aprendizado da nova linguagem do trabalho Mas ao mesmo tempo como professores nosso papel natildeo eacute simplesmente ser tecnocratas Nosso trabalho natildeo eacute produzir trabalhadores doacuteceis e submissos Os estudantes precisam desenvolver a capacidade de opinar de negociar e de serem capazes de se envolver critica-mente nas condiccedilotildees de suas vidas profissionais

Na verdade os objetivos de acesso e engajamento criacutetico natildeo precisam ser incompatiacuteveis A questatildeo eacute como podemos nos afastar das uacuteltimas visotildees e anaacutelises de espaccedilos de trabalho de alta tecnologia globalizados e culturalmente diversos e relacio-naacute-los a programas educacionais baseados em uma visatildeo ampla de uma vida boa e uma sociedade igualitaacuteria Paradoxalmente

25

a nova eficiecircncia requer novos sistemas de motivar as pessoas que podem ser a base para um pluralismo democraacutetico no es-paccedilo de trabalho e fora dele No campo do trabalho chamamos essa possibilidade utoacutepica de diversidade produtiva a ideia de que o que parece ser um problema ndash a multiplicidade de cul-turas experiecircncias maneiros de produzir sentido e de pensar ndash pode ser explorado como um recurso (Cope Kalantzis 1995) A comunicaccedilatildeo intercultural e o diaacutelogo negociado de diferentes linguagens e discursos podem ser a base para a participaccedilatildeo o acesso e a criatividade dos trabalhadores para a formaccedilatildeo de re-des localmente sensiacuteveis e globalmente extensas que relacionam intimamente as organizaccedilotildees com seus clientes ou fornecedores e de estruturas de motivaccedilatildeo em que as pessoas sentem que seus diferentes repertoacuterios e experiecircncias satildeo genuinamente valori-zados Um tanto ironicamente talvez o pluralismo democraacutetico seja possiacutevel nos espaccedilos de trabalho pelas mais duras razotildees co-merciais e a eficiecircncia econocircmica pode ser uma aliada da justiccedila social embora nem sempre seja leal ou confiaacutevelAssim como o trabalho estaacute mudando a cidadania tambeacutem estaacute

Nas uacuteltimas duas deacutecadas reverteu-se a tendecircncia de um seacuteculo em direccedilatildeo a um estado de bem-estar social intervencionista e expandido A cidadania bem como o poder e a importacircncia dos espaccedilos puacuteblicos estatildeo diminuindo O racionalismo econocircmico a privatizaccedilatildeo a desregulamentaccedilatildeo e a transformaccedilatildeo de institui-ccedilotildees puacuteblicas tais como escolas e universidades para que ope-rem de acordo com a loacutegica do mercado satildeo transformaccedilotildees que fazem parte de uma mudanccedila global que coincide com o fim da Guerra Fria Ateacute a deacutecada de 1980 a dinacircmica geopoliacutetica global do seacuteculo XX assumira a forma de uma discussatildeo entre comunis-mo e capitalismo Isso acabou se tornando uma discussatildeo sobre o papel do Estado na sociedade em que o Estado de bem-estar intervencionista era a posiccedilatildeo de compromisso do capitalismo A discussatildeo foi ganha e perdida quando o Bloco Comunista natildeo

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

26

foi capaz de fazer frente ao custo crescente das instituiccedilotildees do mundo capitalista O fim da Guerra Fria representa uma vira-da histoacuterica indicativa de que uma nova ordem mundial eacute um liberalismo que evita o Estado Em apenas uma ou duas deacuteca-das esse liberalismo prevaleceu globalmente quase sem exceccedilatildeo (Fukuyama 1992) Aqueles de noacutes que trabalham na educaccedilatildeo financiada pelo Estado ou pela iniciativa privada sabem como eacute esse liberalismo A loacutegica do mercado se tornou uma parte muito maior de nossas vidas

Em algumas partes do mundo uma vez que os Estados centralizadores e homogeneizadores fortes praticamente entra-ram em colapso os Estados em todos os lugares foram redu-zidos em seus papeacuteis e responsabilidades Isso deixou espaccedilo para uma nova poliacutetica da diferenccedila Nos piores casos ndash em Los Angeles Sarajevo Cabul Belfast Beirute ndash a ausecircncia de um Es-tado eficiente em arbitragens deixou a administraccedilatildeo nas matildeos de gangues bandos organizaccedilotildees paramilitares e facccedilotildees poliacute-ticas etnonacionalistas Na melhor das hipoacuteteses as poliacuteticas de cultura e de identidade assumiram um novo significado Nego-ciar essas diferenccedilas agora eacute uma questatildeo de vida ou morte A luta perene pelo acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos de reconhecimento tem sido cada vez mais articulada por meio dos discursos de identidade e de reconhecimento (Kalantzis 1995)

A escolaridade em geral e a alfabetizaccedilatildeo em particular eram uma parte central da velha ordem Os Estados em expan-satildeo e intervencionistas dos seacuteculos XIX e XX usaram a escolari-dade como uma forma de padronizar as liacutenguas nacionais No Velho Mundo isso significou a imposiccedilatildeo de padrotildees nacionais sobre as diferenccedilas dialetais No Novo Mundo significou inte-grar imigrantes e povos indiacutegenas agrave linguagem ldquoadequadardquo e padronizada do colonizador (Anderson 1983 Dewey 19161966 Gellner 1983 Kalantzis Cope 1993a)

Assim como a geopoliacutetica global mudou o papel das es-colas mudou fundamentalmente As diversidades cultural e lin-guiacutestica satildeo agora questotildees centrais e criacuteticas Como resultado o significado da pedagogia do letramento mudou A diversidade local e a conexatildeo global significam natildeo apenas que natildeo pode ha-

27

ver um padratildeo tambeacutem significam que a habilidade mais impor-tante que os alunos precisam aprender eacute negociar dialetos regio-nais eacutetnicos ou de classe variaccedilotildees de registro que ocorrem de acordo com o contexto social discursos interculturais hiacutebridos a troca de coacutedigo frequentemente encontrada em um texto entre diferentes idiomas dialetos ou registros diferentes sentidos vi-suais e icocircnicos e variaccedilotildees nas relaccedilotildees gestuais entre pessoas linguagem e objetos materiais De fato esta eacute a uacutenica esperanccedila de evitar os conflitos catastroacuteficos relacionados a identidades e espaccedilos que agora parecem estar sempre prontos a explodir

O decliacutenio do velho sentido monocultural e nacionalis-ta de ldquocidadatildeordquo deixa um espaccedilo vago que deve ser novamente preenchido Propomos que este espaccedilo seja reivindicado por um pluralismo cidadatildeo Em vez de Estados que exigem um padratildeo cultural e linguiacutestico precisamos de Estados que arbitrem as di-ferenccedilas O acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos deve ser possiacutevel natildeo importa quais sejam os marcadores de identidade de algueacutem ndash como idioma dialeto e registro Os Estados devem ser fortes novamente mas natildeo para impor padrotildees eles devem ser fortes como aacuterbitros neutros da diferenccedila assim como as es-colas E tambeacutem a pedagogia do letramento Esta eacute a base de uma sociabilidade coesa uma nova cidadania em que as diferenccedilas satildeo utilizadas como recurso produtivo e em que as diferenccedilas satildeo a norma Eacute a base para o senso poacutes-nacionalista de propoacutesito comum que agora eacute essencial para uma ordem global paciacutefica e produtiva (Kalantzis Cope 1993b)

Para tanto as diversidades cultural e linguiacutestica satildeo re-cursos de sala de aula com a mesma forccedila que satildeo recursos so-ciais na formaccedilatildeo de novos espaccedilos e noccedilotildees de cidadania Isso natildeo eacute apenas para que os educadores possam prestar um melhor ldquoserviccedilordquo agraves ldquominoriasrdquo Em vez disso essa orientaccedilatildeo pedagoacute-gica produziraacute benefiacutecios para todos Por exemplo haveraacute um benefiacutecio cognitivo para todas as crianccedilas em uma pedagogia dos pluralismos linguiacutestico e cultural inclusive para crianccedilas mainstream Quando os aprendizes justapotildeem diferentes lingua-gens discursos estilos e abordagens eles ganham substantiva-mente em habilidades metacognitivas e metalinguiacutesticas e em

28

sua capacidade de refletir criticamente a respeito dos sistemas complexos e suas interaccedilotildees Ao mesmo tempo o uso folcloacuteri-co da diversidade de siacutembolos ndash criando mercadorias eacutetnicas ou outras mercadorias diferenciadas culturalmente para explorar nichos de mercado especializados ou adicionando cores festivas e eacutetnicas agraves salas de aula ndash natildeo deve encobrir conflitos reais de poder e de interesse Somente lidando autenticamente com eles podemos criar a partir da diversidade e da histoacuteria um domiacutenio puacuteblico novo vigoroso e igualitaacuterio

O pluralismo cidadatildeo muda a natureza dos espaccedilos ciacutevi-cos e com a mudanccedila de significado desses espaccedilos tudo muda desde o amplo conteuacutedo dos direitos e das responsabilidades puacuteblicas ateacute os detalhes institucionais e curriculares da peda-gogia do letramento Em vez da cultura central e dos padrotildees nacionais o campo da cidadania eacute um espaccedilo para a negocia-ccedilatildeo de um tipo diferente de ordem social onde as diferenccedilas satildeo ativamente reconhecidas onde essas diferenccedilas satildeo negociadas de forma a se complementarem e onde as pessoas tecircm a chance de expandir seus repertoacuterios culturais e linguiacutesticos para que possam acessar uma gama mais ampla de recursos culturais e institucionais (Cope Kalantzis 1995)

Vivemos em um ambiente no qual as diferenccedilas subculturais ndash de identidade e afiliaccedilatildeo ndash estatildeo se tornando cada vez mais significativas Gecircnero etnia geraccedilatildeo e orientaccedilatildeo sexual satildeo ape-nas alguns dos marcadores dessas diferenccedilas Para aqueles que anseiam por ldquopadrotildeesrdquo elas aparecem como evidecircncia de uma fragmentaccedilatildeo angustiante da estrutura social De fato em certo sentido eacute apenas uma mudanccedila histoacuterica em que as culturas na-cionais singulares tecircm menos influecircncia do que antes Por exem-plo um dos paradoxos dos sistemas de miacutedia multicanais menos regulamentados eacute que eles minam o conceito de audiecircncia cole-tiva e cultura comum em vez de promover o oposto uma gama crescente de opccedilotildees subculturais acessiacuteveis e a crescente diver-

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

29

gecircncia de discursos especializados e subculturais Isso significa o fim definitivo do ldquopuacuteblicordquo ndash aquela comunidade imaginaacuteria homogecircnea de Estados-naccedilatildeo democraacuteticos modernos

No entanto agrave medida que as diferenccedilas subculturais se tornam mais significativas tambeacutem testemunhamos outro de-senvolvimento um tanto contraditoacuterio ndash a crescente invasatildeo de espaccedilos privados pela cultura da miacutedia de massa pela cultura global de commodities e pelas redes de comunicaccedilatildeo e de infor-maccedilatildeo As culturas infantis satildeo feitas de narrativas e mercado-rias entrelaccediladas que cruzam a TV brinquedos embalagens de fast-food videogames camisetas sapatos roupas de cama esto-jos de laacutepis e lancheiras (Luke 1995) Os pais consideram essas narrativas mercantis inexoraacuteveis e os professores descobrem que suas mensagens culturais e linguiacutesticas perdem forccedila e relevacircn-cia ao competir com essas narrativas globais Como exatamente negociar esses textos globais invasivos Em alguns sentidos a invasatildeo da miacutedia de massa e o consumismo zombam da diver-sidade de suas miacutedias e canais Apesar de toda a diferenciaccedilatildeo subcultural dos nichos de mercado natildeo eacute oferecido muito espaccedilo no mercado infantil que reflita a verdadeira diversidade entre crianccedilas e adolescentes

Enquanto isso a vida particular estaacute se tornando mais puacute-blica agrave medida que tudo se torna um assunto potencial de dis-cussatildeo na miacutedia resultando no que chamamos de ldquoconversacio-nalizaccedilatildeordquo da linguagem puacuteblica Discursos que antes eram do domiacutenio particular ndash as complexidades da vida sexual de figuras puacuteblicas discussatildeo de memoacuterias reprimidas de abuso infantil ndash agora satildeo despudoradamente tornados puacuteblicos Em alguns sentidos isso eacute um desenvolvimento muito positivo e importan-te na medida em que essas satildeo questotildees frequentemente impor-tantes que precisam de uma divulgaccedilatildeo A conversacionalizaccedilatildeo difundida da linguagem puacuteblica no entanto envolve a simula-ccedilatildeo institucionalmente motivada da linguagem conversacional e das personas e relaccedilotildees da vida cotidiana A vida profissional estaacute sendo transformada para operar de acordo com metaacuteforas que antes eram distintamente privadas como gerenciamento por ldquoculturardquo equipes dependentes de discursos interpessoais e

30

relaccedilotildees paternalistas de orientaccedilatildeo Muito disso pode ser consi-derado ciacutenico manipulador invasivo e explorador visto que os discursos da vida particular e da comunidade satildeo apropriados para servir a fins comerciais e institucionais Em outras palavras este eacute um processo que destroacutei em parte a autonomia dos estilos de vida particular e comunitaacuterio

O desafio eacute disponibilizar espaccedilo para que diferentes esti-los de vida ndash espaccedilos para a vida comunitaacuteria onde significados locais e especiacuteficos possam ser construiacutedos ndash possam prosperar Os novos canais de multimiacutedia e hipermiacutedia podem e agraves vezes fornecem aos membros de subculturas a oportunidade de encon-trarem suas proacuteprias vozes Essas tecnologias tecircm o potencial de permitir maior autonomia para diferentes estilos de vida por exemplo televisatildeo multiliacutengue ou a criaccedilatildeo de comunidades vir-tuais por meio do acesso agrave internet

Poreacutem quanto mais diversos e vibrantes esses estilos de vida se tornam e quanto maior o espectro das diferenccedilas menos claramente delimitados os diferentes estilos de vida parecem ser A palavra ldquocomunidaderdquo eacute frequentemente usada para descrever as diferenccedilas que agora satildeo tatildeo criacuteticas ndash a comunidade iacutetalo-a-mericana a comunidade gay a comunidade empresarial e assim por diante ndash como se cada uma dessas comunidades tivesse li-mites bem definidos Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes nos novos espaccedilos puacuteblicos de pluralismo cida-datildeo suas fronteiras tornam-se mais evidentemente complexas e sobrepostas A crescente divergecircncia entre os estilos de vida e a crescente importacircncia das diferenccedilas satildeo responsaacuteveis pela inde-finiccedilatildeo de suas fronteiras Quanto mais autocircnomos os estilos de vida se tornam mais movimento pode haver pessoas entrando e saindo estilos de vida inteiros passando por grandes transiccedilotildees negociaccedilatildeo mais aberta e produtiva de diferenccedilas internas liga-ccedilotildees e alianccedilas externas mais livres

Como as pessoas satildeo simultaneamente membros de vaacuterios estilos de vida suas identidades tecircm vaacuterias camadas que estatildeo em relaccedilatildeo complexa umas com as outras Nenhuma pessoa eacute membro de uma uacutenica comunidade Em vez disso elas satildeo mem-bros de comunidades muacuteltiplas e sobrepostas ndash comunidades de

31

trabalho de interesse e afiliaccedilatildeo de etnia de identidade sexual e assim por diante (Kalantzis 1995)

Diferenccedilas de linguagem discurso e registro satildeo marca-dores de diferenccedilas no estilo de vida Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes e suas fronteiras mais borradas o fato central da linguagem torna-se a multiplicidade de senti-dos e sua interseccedilatildeo contiacutenua Assim como existem muacuteltiplas ca-madas para a identidade de todos existem muacuteltiplos discursos de identidade e muacuteltiplos discursos de reconhecimento a serem negociados Precisamos ser proficientes ao negociar os muitos estilos de vida que habitam cada um de noacutes e os muitos estilos de vida que encontramos em nossa vida cotidiana Isso cria um novo desafio para a pedagogia do letramento Em suma este eacute o mundo que a pedagogia do letramento agora precisa abordar

Realidades emtransformaccedilatildeo

Desenhando futuros sociais

Vidas profissionais Capitalismo acelerado Poacutes-fordismo

-gt Diversidade produtiva

Vidas puacuteblicas Decliacutenio do pluralismo puacuteblico

-gt Pluralismo cidadatildeo

Vidas privadas Invasatildeo do espaccedilo privado

-gt Estilo de vidamulticamadas

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

As escolas sempre desempenharam um papel crucial na de-terminaccedilatildeo das oportunidades de vida dos estudantes Elas

regulam o acesso agraves ordens do discurso ndash a relaccedilatildeo dos discursos em um espaccedilo social especiacutefico ndash e ao capital simboacutelico ndash senti-dos simboacutelicos que tecircm circulaccedilatildeo no acesso ao emprego poder poliacutetico e reconhecimento cultural Elas fornecem acesso a um

32

mundo de trabalho ordenado hierarquicamente elas moldam suas cidadanias elas fornecem um suplemento aos discursos e atividades de comunidades e estilos de vida particulares Como esses trecircs domiacutenios principais da atividade social mudaram os papeacuteis e as responsabilidades das escolas precisam mudar

A escolarizaccedilatildeo institucionalizada desempenhou tradicio-nalmente a funccedilatildeo de disciplinar e capacitar pessoas para aacutereas de trabalho industriais regulamentadas auxiliando na formaccedilatildeo do caldeiratildeo de cidadatildeos nacionais homogecircneos e suavizando as diferenccedilas herdadas entre estilos de vida Isso eacute o que Dewey (1916-1966) chamou de funccedilatildeo assimilatoacuteria da escolarizaccedilatildeo a funccedilatildeo de homogeneizar as diferenccedilas Agora a funccedilatildeo das salas de aula e da aprendizagem eacute em alguns sentidos inversa Cada sala de aula iraacute inevitavelmente reconfigurar as relaccedilotildees de di-ferenccedila local e global que agora satildeo tatildeo importantes Para serem relevantes os processos de aprendizagem precisam recrutar em vez de tentar ignorar e apagar as diferentes subjetividades ndash in-teresses intenccedilotildees compromissos e propoacutesitos ndash que os alunos trazem ao processo de aprendizado O curriacuteculo agora precisa se entrelaccedilar com diferentes subjetividades e seus inerentes lingua-gens discursos e registros e usaacute-los como um recurso de apren-dizagem

Essa eacute a base necessaacuteria para uma pedagogia que abra possibilidades de maior acesso O perigo do pluralismo simpli-ficador e caricato eacute que ele vecirc as diferenccedilas como imutaacuteveis e as deixa fragmentadas Visto que as diferenccedilas satildeo agora uma ques-tatildeo central predominante o nuacutecleo ou a tendecircncia dominante mudou Na medida em que natildeo pode haver uma liacutengua e cultura nacional universal padratildeo existem novos padrotildees universais na forma de diversidade produtiva pluralismo cidadatildeo e estilos de vida multicamadas

Essa eacute a base para uma pedagogia de acesso transformada ndash acesso ao capital simboacutelico com um valor real nas realidades emergentes de nosso tempo Tal pedagogia natildeo envolve sobres-crever as subjetividades existentes com a liacutengua da cultura domi-nante Esses antigos significados de ldquoacessordquo e ldquomobilidaderdquo satildeo a base para modelos de pedagogia que partem da ideia de que

33

culturas e liacutenguas diferentes das predominantes representam um deacuteficit No entanto na realidade emergente ainda existem deacuteficits reais como a falta de acesso ao poder social agrave riqueza e a siacutembolos de reconhecimento O papel da pedagogia eacute desen-volver uma epistemologia do pluralismo que proporcione acesso sem que as pessoas tenham de apagar ou deixar para traacutes dife-rentes subjetividades Essa deve ser a base de uma nova norma

A transformaccedilatildeo das escolas e do letramento escolar eacute ao mesmo tempo uma questatildeo muito ampla e especiacutefica uma parte criacutetica de um projeto social mais abrangente No entanto haacute um limite para o que as escolas podem alcanccedilar sozinhas A questatildeo ampla eacute o que contaraacute para o sucesso no mundo do futuro imi-nente um mundo que pode ser imaginado e alcanccedilado A ques-tatildeo mais estrita eacute como podemos transformar gradativamente os resultados alcanccedilaacuteveis e adequados da escolaridade Como podemos complementar o que as escolas jaacute fazem Natildeo podemos refazer o mundo por meio da escolarizaccedilatildeo mas podemos favo-recer uma visatildeo por meio da pedagogia que cria no microcosmo um conjunto transformador de relaccedilotildees e possibilidades de fu-turos sociais uma visatildeo que eacute vivida nas escolas Isso pode en-volver atividades como a simulaccedilatildeo de relaccedilotildees de trabalho com colaboraccedilatildeo comprometimento e envolvimento criativo usar a escola como local para acesso e aprendizagem de miacutedia de mas-sa resgatar o espaccedilo puacuteblico de cidadania escolar para diversas comunidades e discursos e criar comunidades de aprendizes diversificadas e que respeitem a autonomia dos estilos de vida

No restante deste artigo desenvolvemos a noccedilatildeo de pe-dagogia como design Nosso objetivo eacute discutir a proposiccedilatildeo de que o curriacuteculo eacute um projeto para futuros sociais e debater a forma geral desse projeto agrave medida que complementamos a pedagogia do letramento nas maneiras indicadas pela noccedilatildeo de multiletra-mentos Nesse sentido este artigo natildeo tem orientaccedilatildeo praacutetica imediata eacute mais da natureza de um manifesto programaacutetico O apelo agrave praticidade eacute frequentemente mal interpretado na me-dida em que desloca o tipo de discussatildeo fundacional que temos aqui Haacute outro sentido entretanto em que a discussatildeo nesse niacutevel eacute eminentemente praacutetica embora de uma maneira muito

34

geral Diferentes concepccedilotildees de educaccedilatildeo e sociedade levam a formas muito especiacuteficas de curriacuteculo e pedagogia que por sua vez incorporam designs de futuros sociais Para alcanccedilar isso precisamos nos engajar em um diaacutelogo criacutetico com os conceitos centrais do capitalismo acelerado das formas pluralistas emer-gentes de cidadania e dos diferentes estilos de vida Esta eacute a base para um novo contrato social uma nova comunidade

Em relaccedilatildeo ao novo ambiente da pedagogia do letramento preci-samos resgatar duas questotildees fundamentais o ldquoo quecircrdquo da peda-gogia do letramento ou o que os estudantes precisam aprender e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento ou o espectro das rela-ccedilotildees de aprendizagem adequadas

Designs de sentido

Ao abordar a questatildeo do ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento propomos uma metalinguagem dos multiletramentos baseada no conceito de ldquodesignrdquo O Design tornou-se central para inova-ccedilotildees no universo do trabalho bem como para reformas escola-res no mundo contemporacircneo Professores e gestores satildeo vistos como designers de processos e ambientes de aprendizagem e natildeo como chefes que ditam o que seus subordinados devem pen-sar e fazer Aleacutem disso algumas pessoas tecircm argumentado que a pesquisa educacional deveria tornar-se uma ciecircncia baseada em design estudando como diferentes planos curriculares projetos pedagoacutegicos e formatos de sala de aula motivam e alcanccedilam di-ferentes tipos de aprendizagem Do mesmo modo os gestores escolares tecircm suas proacuteprias concepccedilotildees de design estudando como a gestatildeo e as teorias empresariais podem ser postas em praacutetica e continuamente ajustadas e pensadas na praacutetica A no-ccedilatildeo de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteli-gecircncia criativa de que os melhores profissionais necessitam para poderem continuamente redesenhar suas atividades no ato da

O ldquo o q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

35

praacutetica Tambeacutem se associa agrave ideia de que a aprendizagem e a produtividade satildeo resultados de designs (estruturas) de sistemas complexos de pessoas ambientes tecnologia crenccedilas e textos

Decidimos tambeacutem utilizar a expressatildeo design para des-crever as formas de sentido porque o termo estaacute livre de associa-ccedilotildees negativas para os professores como por exemplo o termo ldquogramaacuteticardquo Trata-se de um conceito suficientemente rico para fundar um curriacuteculo linguiacutestico e uma pedagogia O termo tem tambeacutem uma feliz ambiguidade pode identificar tanto a estru-tura organizacional (ou morfologia) dos produtos quanto o pro-cesso de criaccedilatildeo Expressotildees como ldquoo design de um carrordquo ou ldquoo design de um textordquo podem ter os dois sentidos o modo como eacute ndash foi ndash projetado ou o processo de design dele Propomos tratar qualquer atividade semioacutetica incluindo a utilizaccedilatildeo da lingua-gem para produzir ou consumir textos como uma questatildeo de Design envolvendo trecircs elementos Designs Disponiacuteveis Desig-ning5 e o Redesign Juntos esses trecircs elementos enfatizam que a produccedilatildeo de sentidos eacute um processo vivo e dinacircmico e natildeo algo regido por regras estaacuteticas

Essa estrutura eacute baseada numa teoria especiacutefica do dis-curso Ela entende a atividade semioacutetica como uma aplicaccedilatildeo criativa e uma combinaccedilatildeo de convenccedilotildees (recursos ndash Designs Disponiacuteveis) que no processo de Design transforma ao mesmo tempo que reproduz essas convenccedilotildees (Fairclough 1992 a 1995) Aquilo que determina (Designs Disponiacuteveis) e o processo ativo de determinaccedilatildeo (Designing que cria Redesigns) estatildeo em cons-tante tensatildeo Essa teoria enquadra-se bem na visatildeo da vida e dos sujeitos sociais em sociedades em raacutepida mudanccedila e cultural-mente diversas que descrevemos anteriormente

Designs Disponiacuteveis

Designs Disponiacuteveis ndash os recursos para o Design ndash incluem as ldquogramaacuteticasrdquo de vaacuterios sistemas semioacuteticos as gramaacuteticas das liacutenguas e as gramaacuteticas de outros sistemas semioacuteticos tais como cinema fotografia ou gramaacutetica gestual Os Designs Disponiacuteveis tambeacutem incluem ldquoordens do discursordquo (Fairclough 1995) Uma

36

ordem do discurso eacute o conjunto estruturado de convenccedilotildees asso-ciadas agrave atividade semioacutetica (incluindo o uso da liacutengua) num determinado espaccedilo social ndash uma sociedade especiacutefica ou uma instituiccedilatildeo especiacutefica como uma escola ou um local de trabalho ou espaccedilos menos estruturados da vida comum agrupados na noccedilatildeo de diferentes modos de vida Uma ordem do discurso eacute um conjunto de discursos socialmente produzidos interligados e interagindo de forma dinacircmica Trata-se de uma configuraccedilatildeo especiacutefica dos elementos do Design Uma ordem do discurso pode ser vista como uma configuraccedilatildeo particular de tais ele-mentos Pode incluir uma mistura de diferentes sistemas semioacute-ticos ndash por exemplo sistemas semioacuteticos visuais e auditivos em combinaccedilatildeo com a liacutengua constituem a ordem do discurso da televisatildeo Outro exemplo pode envolver as gramaacuteticas de vaacuterias liacutenguas ndash as ordens do discurso de diferentes escolas

A ordem do discurso tem como objetivo apreender a ma-neira como diferentes discursos se relacionam (conversam) en-tre si Deste modo o discurso das gangues afro-americanas de Los Angeles estaacute historicamente relacionado com o discurso da poliacutecia da cidade Os discursos de ambos e outros discursos se-melhantes moldam-se e satildeo moldados uns pelos outros Para dar outro exemplo considere-se as relaccedilotildees histoacutericas e institucio-nais entre o discurso da biologia e o discurso do fundamentalis-mo religioso As escolas satildeo espaccedilos especialmente importantes em que um conjunto de discursos se relacionam entre si ndash dis-cursos disciplinares discursos de ser professor (cultura do pro-fessor) discurso de ser estudante (de diferentes tipos) discursos comunitaacuterios eacutetnicos de classe e discursos da esfera puacuteblica en-volvendo negoacutecios e governo por exemplo Cada discurso envol-ve produccedilatildeo reproduccedilatildeo e transformaccedilatildeo de diferentes tipos de pessoas Existe diversidade entre afro-americanos professores crianccedilas estudantes policiais e bioacutelogos O mesmo indiviacuteduo pode ser uma pessoa diferente em lugares e momentos distintos Diferentes tipos de pessoas conectam-se por meio dos discursos entrecruzados que constituem as ordens do discurso

No acircmbito das ordens do discurso existem convenccedilotildees es-peciacuteficas dos Designs ndash Disponiacuteveis ndash que assumem a forma de

37

discursos estilos gecircneros dialetos e vozes para citar algumas das principais variaacuteveis Um discurso eacute uma configuraccedilatildeo do co-nhecimento e das suas formas habituais de expressatildeo que repre-senta um conjunto especiacutefico de interesses Ao longo do tempo por exemplo as instituiccedilotildees produzem discursos ndash ou seja as suas configuraccedilotildees de conhecimento Estilo eacute a configuraccedilatildeo de todas as expressotildees semioacuteticas de um texto em que por exemplo a linguagem pode estar relacionada com o layout e a programa-ccedilatildeo visual Os gecircneros satildeo formas de texto ou organizaccedilatildeo textual que surgem de configuraccedilotildees sociais especiacuteficas ou das relaccedilotildees especiacuteficas dos participantes de uma interaccedilatildeo Refletem os ob-jetivos dos participantes num dado tipo de interaccedilatildeo Numa en-trevista por exemplo o entrevistador quer algo o entrevistado quer algo mais e o gecircnero da entrevista reflete isso Os dialetos podem ser relacionados com a regiatildeo ou a idade A voz eacute mais individual e pessoal incluindo evidentemente muitos fatores discursivos e geneacutericos

O conceito abrangente de ordens do discurso eacute necessaacuterio para enfatizar que no designing de textos e interaccedilotildees as pesso-as recorrem sempre a sistemas de praacutetica sociolinguiacutestica bem como a sistemas gramaticais Esses sistemas podem natildeo ser tatildeo clara ou rigidamente estruturados como a palavra ldquosistemardquo su-gere mas existem sempre alguns pontos comuns de orientaccedilatildeo quando agimos semioticamente Os Designs Disponiacuteveis tam-beacutem incluem outro elemento a experiecircncia linguiacutestica e discur-siva das pessoas envolvidas no designing na qual um momento de designing flui continuamente como as histoacuterias particulares dos membros envolvidos Podemos referir-nos a isso como o contexto intertextual (Fairclough 1989) que liga o texto que estaacute sendo criado a uma ou mais cadeias (ldquoredesrdquo) de textos passados

Designing

O processo de modelagem do sentido emergente envolve reapre-sentaccedilatildeo e recontextualizaccedilatildeo Isso nunca eacute simplesmente uma repeticcedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis Cada momento da produccedilatildeo

38

de sentidos envolve a transformaccedilatildeo dos recursos de sentido dis-poniacuteveis Ler ver e ouvir satildeo todos instacircncias do Designing

Segundo Halliday (1978) um profundo princiacutepio organi-zacional nas gramaacuteticas das liacutenguas humanas eacute a distinccedilatildeo entre macrofunccedilotildees da linguagem que satildeo as diferentes funccedilotildees dos Designs Disponiacuteveis funccedilotildees ideacionais interpessoais e textu-ais Essas funccedilotildees produzem distintas expressotildees de sentido A funccedilatildeo ideacional trata do ldquoconhecimentordquo e a funccedilatildeo interpes-soal trata das ldquorelaccedilotildees sociaisrdquo Quanto agraves ordens do discurso a inter-relaccedilatildeo generativa dos discursos num contexto social os seus gecircneros constituintes podem ser parcialmente caracteriza-dos em termos das relaccedilotildees sociais especiacuteficas e posiccedilotildees pesso-ais que articulam enquanto que os discursos satildeo conhecimentos especiacuteficos (construccedilotildees do mundo) articulados com posiccedilotildees especiacuteficas do sujeito

Qualquer atividade semioacutetica ndash qualquer Designing ndash fun-ciona simultaneamente sobre e com essas facetas dos Designs Disponiacuteveis O Designing reproduziraacute mais ou menos norma-tivamente ou transformaraacute mais ou menos radicalmente os co-nhecimentos dados as relaccedilotildees sociais e identidades dependen-do das condiccedilotildees sociais sob as quais o Design ocorre Mas nunca iraacute simplesmente reproduzir os Designs Disponiacuteveis O Desig-ning transforma o conhecimento ao produzir novas construccedilotildees e representaccedilotildees da realidade Atraveacutes da co-gestatildeo de Desig-ns as pessoas transformam suas relaccedilotildees umas com as outras e assim transformam-se a si mesmas Esses natildeo satildeo processos independentes Configuraccedilotildees de indiviacuteduos relaccedilotildees sociais e conhecimentos satildeo trabalhados e transformados (Designing) no processo de designing As configuraccedilotildees preexistentes e novas satildeo sempre provisoacuterias embora possam atingir um elevado grau de permanecircncia A transformaccedilatildeo eacute sempre uma nova utilizaccedilatildeo de velhos materiais uma rearticulaccedilatildeo e recombinaccedilatildeo dos re-cursos dos Designs Disponiacuteveis

A noccedilatildeo de Design reconhece a natureza iterativa da pro-duccedilatildeo de sentidos recorrendo aos Designs Disponiacuteveis para criar padrotildees de sentidos que satildeo parcialmente previsiacuteveis em seus contextos Eacute por isso que o Redesign traz em si certo ar de

39

familiaridade No entanto haacute algo inevitavelmente uacutenico em cada enunciado A maioria dos paraacutegrafos escritos satildeo uacutenicos nunca construiacutedos exatamente dessa forma antes e ndash exceto pela coacutepia ou pela improbabilidade estatiacutestica ndash nunca mais devem ser construiacutedos dessa forma novamente Do mesmo modo haacute algo irredutivelmente uacutenico na voz de cada pessoa O Designing sempre envolve a transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis sem-pre envolve fazer novo uso de materiais antigos

Eacute importante frisar que ouvir e falar ler e escrever satildeo atividades produtivas formas de designing Ouvintes e leitores encontram textos como designs disponiacuteveis Eles tambeacutem se va-lem de sua experiecircncia de outros designs disponiacuteveis como um recurso para criar novos significados a partir dos textos que en-contram A sua leitura e escuta satildeo em si uma produccedilatildeo (um De-signing) de textos (embora textos para si natildeo textos para outros) com base em seus proacuteprios interesses e experiecircncias de vida E sua escuta e leitura por sua vez transformam os recursos que receberam na forma de Designs disponiacuteveis em Redesigned

Redesigned

O resultado do Designing gera um novo significado algo por meio do qual os produtores de sentidos se recriam Nunca eacute uma reformulaccedilatildeo ou uma simples recombinaccedilatildeo de Designs Disponiacuteveis O Redesigned pode ser variavelmente criativo ou reprodutivo em relaccedilatildeo aos recursos para a produccedilatildeo de senti-dos existentes nos Designs Disponiacuteveis Mas natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo (como o mito das normas e da pedagogia da trans-missatildeo nos faria acreditar) nem eacute simplesmente criativo (como os mitos da originalidade individual e da voz pessoal nos fariam crer) Como a instacircncia em que estatildeo em jogo os recursos cultu-rais e as subjetividades uacutenicas o Redesigned fundamenta-se em padrotildees de sentido histoacuterica e culturalmente herdados Ao mes-mo tempo eacute produto uacutenico do agenciamento humano sentido transformado E por sua vez o Redesigned torna-se um novo Design Disponiacutevel um novo recurso produtor de sentidos

40

Aleacutem disso por meio dos processos do Design os pro-dutores de sentido se recriam Reconstroem e renegociam suas identidades O Redesigned natildeo apenas foi construiacutedo ativamen-te mas tambeacutem eacute uma evidecircncia das maneiras como a interven-ccedilatildeo ativa no mundo que eacute o Designing transformou o proacuteprio designer

Designs de sentidos

Dimensotildees da produccedilatildeo de sentidos

Professores e alunos precisam de uma linguagem para descrever os sentidos que satildeo representados nos Designs Disponiacuteveis e no Redesigned Em outras palavras eles precisam de uma metalin-guagem ndash ou seja uma linguagem para falar sobre linguagem imagens textos e interaccedilotildees na produccedilatildeo de sentidos

Um dos objetivos do Projeto Internacional dos Multiletra-mentos iniciado e planejado durante a reuniatildeo de Nova Londres e entrando agora em uma fase de pesquisa colaborativa e expe-rimentaccedilatildeo de curriacuteculo eacute desenvolver uma gramaacutetica funcio-nal e educacionalmente acessiacutevel isto eacute uma metalinguagem que descreva o sentido em diferentes ambientes Estes incluem o textual e o visual assim como as relaccedilotildees multimodais entre os diferentes processos de produccedilatildeo de sentidos que agora satildeo tatildeo fundamentais nos textos da miacutedia impressa quanto nos textos multimiacutedia eletrocircnicos

Qualquer metalinguagem a ser utilizada em um curriacuteculo escolar tem de atender a alguns criteacuterios riacutegidos Deve ser ca-

Designs de sentidos

Designs disponiacuteveis Recursos para produccedilatildeo de sentidos designs Disponiacuteveis para produccedilatildeo de sentidos

Designing O trabalho desenvolvido sobrecom os designs Disponiacuteveis no processo semioacutetico

Redesigned Os recursos reproduzidos e transformados por meio do designing

41

paz de fundamentar anaacutelises criacuteticas sofisticadas da linguagem e de outros sistemas semioacuteticos e ao mesmo tempo natildeo fazer exigecircncias impraticaacuteveis aos conhecimentos do professor e do aprendiz e natildeo evocar imediatamente as aversotildees muitas vezes justificadas e acumuladas dos professores em relaccedilatildeo ao forma-lismo O uacuteltimo ponto eacute crucial pois os professores devem estar motivados a trabalhar com a metalinguagem

Uma metalinguagem tambeacutem precisa ser bastante flexiacutevel e aberta Ela deve ser vista como uma caixa de ferramentas para trabalhar em atividades semioacuteticas natildeo como um formalismo a ser a elas aplicado Devemos nos sentir agrave vontade com conceitos confusos eou sobrepostos Professores e alunos devem ser capa-zes de escolher e selecionar a partir das ferramentas oferecidas Eles tambeacutem devem sentir-se livres para modelar suas proacuteprias ferramentas A flexibilidade eacute muito importante porque a rela-ccedilatildeo entre categorias descritivas e analiacuteticas e a praacutetica eacute por na-tureza mutaacutevel provisoacuteria insegura e relativa aos contextos e propoacutesitos da anaacutelise

Aleacutem disso o objetivo principal da metalinguagem deve ser identificar e explicar as diferenccedilas entre textos e relacionaacute-las aos contextos culturais e agraves situaccedilotildees em que atuam A metalin-guagem natildeo deve impor regras estabelecer padrotildees de correccedilatildeo ou privilegiar certos discursos para ldquocapacitarrdquo os estudantes

A metalinguagem que estamos sugerindo para analisar o Design de sentidos com relaccedilatildeo agraves ordens do discurso inclui ter-mos-chaves como ldquogecircnerosrdquo e ldquodiscursosrdquo e uma seacuterie de concei-tos relacionados tais como vozes estilos e provavelmente outros (Fairclough 1992a Kress 1990 van Leeuwen 1993) Informal-mente podemos perguntar a respeito de qualquer Designing quais satildeo as regras do jogo E qual eacute a perspectiva

ldquoAs regras do jogordquo nos apontam na direccedilatildeo do propoacutesito e da noccedilatildeo de gecircneros do discurso Agraves vezes as regras do jogo podem ser especificadas em termos de um gecircnero bem definido e socialmente marcado como a liturgia da igreja agraves vezes natildeo haacute uma categoria geneacuterica clara A atividade semioacutetica e os textos que ela gera normalmente misturam gecircneros (por exemplo con-sultas entre meacutedico e paciente que satildeo em parte como exames

42

meacutedicos e em parte como sessotildees de aconselhamento ou mesmo conversas informais)

Na tentativa de caracterizar as regras do jogo e o gecircnero do discurso devemos partir do contexto social do ambiente ins-titucional e das relaccedilotildees e das praacuteticas sociais em que os textos estatildeo inseridos O gecircnero eacute um aspecto intertextual de um texto Ele mostra como o texto se liga a outros textos no contexto in-tertextual e como ele pode ser semelhante em alguns aspectos a outros textos utilizados em contextos sociais similares e suas conexotildees com outros tipos de texto na(s) ordem(ns) do discurso Mas o gecircnero eacute apenas um dos vaacuterios aspectos intertextuais de um texto e precisa ser usado em conjunto com outros aspectos especialmente com os discursos

Um discurso eacute uma construccedilatildeo de algum aspecto da reali-dade de um ponto de vista especiacutefico de um acircngulo especiacutefico em termos de interesses especiacutefico Como substantivo abstrato o discurso chama a atenccedilatildeo para o uso da linguagem como uma faceta da praacutetica social que eacute moldada ndash e molda ndash pelas ordens culturais do discurso bem como pelos sistemas linguiacutesticos (gramaacuteticas) Como substantivo contaacutevel (discursos no plural em vez de discurso geneacuterico) ele chama a atenccedilatildeo para a diversida-de de construccedilotildees (representaccedilotildees) de vaacuterios domiacutenios da vida e experiecircncias associadas a diferentes vozes posiccedilotildees e interesses (subjetividades) Novamente alguns discursos satildeo claramente demarcados e tecircm nomes convencionais na cultura (por exem-plo discursos feministas poliacutetico-partidaacuterios ou religiosos) en-quanto outros satildeo muito mais difiacuteceis de serem identificados As caracterizaccedilotildees intertextuais dos textos em termos de gecircneros e discursos satildeo melhor consideradas como aproximaccedilotildees provi-soacuterias pois satildeo interpretaccedilotildees culturais de textos que dependem da sensibilidade difusa poreacutem operacionalmente adequada do analista em relaccedilatildeo agrave cultura e tambeacutem aos conhecimentos es-pecializados

43

Elementos do design

Uma das principais ideias que fundamentam a noccedilatildeo de multile-tramentos eacute a crescente complexidade e inter-relaccedilatildeo dos diver-sos modos de produccedilatildeo de sentidos Identificamos seis grandes aacutereas para as quais satildeo requeridas gramaacuteticas funcionais ndash as metalinguagens que descrevem e explicam os padrotildees de sen-tido Design Linguiacutestico Design Visual Design Sonoro Design Gestual Design Espacial e Design Multimodal O Design Mul-timodal eacute de uma ordem diferente dos outros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos ele representa os padrotildees de interconexatildeo entre os outros modos Utilizamos a palavra ldquogramaacuteticardquo num sentido positivo como uma linguagem especializada que des-creve padrotildees de representaccedilatildeo Em cada caso nosso objetivo eacute apresentar natildeo mais do que dez elementos principais do Design

Design linguiacutestico

A metalinguagem que propomos utilizar para descrever o De-sign Linguiacutestico tem o objetivo de concentrar nossa atenccedilatildeo nos recursos de representaccedilatildeo Esta metalinguagem natildeo eacute uma cate-goria de habilidades mecacircnicas como eacute comumente usada nas gramaacuteticas para uso educacional nem deve servir de base para uma criacutetica ou reflexatildeo avulsa Ao contraacuterio a noccedilatildeo de Design enfatiza o potencial produtivo e inovador da linguagem como um sistema de produccedilatildeo de sentido Esta eacute uma accedilatildeo uma des-criccedilatildeo geradora da linguagem como um meio de representaccedilatildeo Como argumentamos anteriormente tal orientaccedilatildeo tanto para o meio social quanto para o texto seraacute um requisito essencial para as economias e sociedades do presente e do futuro Seraacute tambeacutem essencial para a produccedilatildeo de determinados tipos de subjetivida-de democraacutetica e participativa Os elementos do Design Linguiacutes-tico que estamos desenvolvendo ajudam a descrever os recursos de representaccedilatildeo que estatildeo disponiacuteveis os vaacuterios sentidos que esses recursos teratildeo se forem utilizados em um contexto espe-ciacutefico e o potencial inovador de reformular esses recursos em relaccedilatildeo aos objetivos sociais

44

Considere este exemplo ldquoAs taxas de mortalidade por cacircn-cer de pulmatildeo estatildeo claramente associadas ao aumento do taba-gismordquo e ldquoTabagismo causa cacircncerrdquo A primeira frase pode signi-ficar o que a segunda significa embora tambeacutem possa significar muitas outras coisas A primeira frase eacute mais expliacutecita em alguns aspectos do que a segunda (por exemplo referecircncia ao cacircncer de pulmatildeo) e menos expliacutecita em outros aspectos (por exemplo ldquoassociado ardquo versus ldquocausardquo) A gramaacutetica foi empregada para projetar dois mecanismos diferentes Cada frase eacute utilizaacutevel em discursos diferentes Por exemplo a primeira eacute uma forma tiacutepica nas ciecircncias sociais e ateacute mesmo nas ciecircncias duras A segunda eacute uma forma tiacutepica da discussatildeo na aacuterea de sauacutede puacuteblica A gra-maacutetica precisa ser vista como uma gama de escolhas que se faz ao projetar a comunicaccedilatildeo para fins especiacuteficos incluindo um maior agenciamento de aspectos natildeo verbais Entretanto essas escolhas precisam ser vistas natildeo apenas como uma questatildeo de estilo ou intenccedilatildeo individual mas como intrinsecamente ligadas a diferentes discursos com seus interesses e relaccedilotildees de poder mais amplos

Nossa metalinguagem sugerida para analisar os desig-ns da liacutengua eacute construiacuteda com base em uma lista de elementos textuais altamente seletiva que a experiecircncia tem mostrado ser particularmente digna de atenccedilatildeo (ver tambeacutem Fowler Hodge Kress Trent 1979 Fairclough 1992a) A tabela a seguir lista al-guns termos-chaves que podem ser incluiacutedos como metalingua-gem do Design Linguiacutestico Eacute provaacutevel que outras caracteriacutesticas textuais potencialmente significativas sejam mencionadas de tempos em tempos mas pensamos que a facilidade em utilizar os elementos listados constitui uma base substancial embora li-mitada para uma consciecircncia criacutetica da linguagem

Examinaremos dois deles agora a fim de ilustrar nossa no-ccedilatildeo de Design Linguiacutestico a nominalizaccedilatildeo e a transitividade A nominalizaccedilatildeo envolve o uso de uma frase para compactar uma grande quantidade de informaccedilotildees algo como a maneira como um compactador de lixo funciona Apoacutes a compactaccedilatildeo natildeo se pode dizer o que foi compactado Considere a expressatildeo ldquoTaxas de morte por cacircncer de pulmatildeordquo Essas ldquotaxasrdquo se referem agraves pes-

45

soas que morrem de cacircncer de pulmatildeo ou aos pulmotildees que mor-rem de cacircncer Natildeo se pode saber isso a menos que tenhamos conhecimento preacutevio sobre essa discussatildeo As nominalizaccedilotildees satildeo usadas para compactar informaccedilotildees ndash conversas inteiras ndash que supomos que as pessoas (ou pelo menos os ldquoespecialistasrdquo) conheccedilam Elas satildeo indicaccedilotildees para quem ldquoestaacute no jogordquo e conse-quentemente tambeacutem para manter as pessoas fora dele

A transitividade indica quanto de agenciamento e de efeito se deseja em uma frase ldquoJoatildeo golpeou Mariardquo tem mais efeito (sobre Maria) do que ldquoJoatildeo atingiu Mariardquo e ldquoJoatildeo golpeou Ma-riardquo tem mais agecircncia do que ldquoMaria foi golpeada6rdquo Uma vez que noacutes humanos relacionamos agecircncia e efeito com responsa-bilidade e culpa em muitos domiacutenios (discursos) estas natildeo satildeo apenas questotildees de gramaacutetica Satildeo maneiras de utilizar a lin-guagem para se envolver em accedilotildees como culpar evitar culpa ou comparar certas coisas com outras

Alguns elementos do Design Linguiacutestico

Emissatildeo Caracteriacutesticas de entonaccedilatildeo ecircnfase ritmo sotaque etc

Vocabulaacuterio e metaacutefora Inclui colocaccedilatildeo lexicalizaccedilatildeo e sentido da palavra

Redesigned A natureza do engajamento do produtor com a mensagem em uma oraccedilatildeo

TransitividadeOs tipos de processo e os participantes da oraccedilatildeo

Vocabulaacuterio e metaacutefora escolha de palavras posicionamento e sentido

Nominalizaccedilatildeo de processos

Transformar accedilotildees qualidades avaliaccedilotildees ou conexatildeo loacutegica em substantivos ou estados de ser e estar

(por exemplo ldquoavaliarrdquo torna-se ldquoavaliaccedilatildeordquo ldquopoderrdquo torna-se ldquohabilidaderdquo)

Estruturas de informaccedilatildeo Como a informaccedilatildeo eacute apresentada em oraccedilotildees e sentenccedilas

Relaccedilotildees de Coerecircncia Local

Coesatildeo entre oraccedilotildees e relaccedilotildees loacutegicas entre as oraccedilotildees (por exemplo incorporaccedilatildeo subordinaccedilatildeo)

Relaccedilotildees de Coerecircncia Global

As propriedades organizacionais gerais dos textos (por exemplo gecircneros)

46

Designs para outros modos de produccedilatildeo de sentido

Os modos de significaccedilatildeo aleacutem do Linguiacutestico satildeo cada vez mais importantes incluindo Visuais (imagens layout de paacutegina for-matos de tela) aacuteudio (muacutesica efeitos sonoros) Gestuais (lingua-gem corporal sensualidade) Espaciais (os significados dos es-paccedilos ambientais espaccedilos arquitetocircnicos) e Multimodais Dos modos de significaccedilatildeo o Multimodal eacute o mais significativo pois relaciona todos os outros modos em conexotildees notavelmente di-nacircmicas Por exemplo as imagens dos meios de comunicaccedilatildeo de massa relacionam o linguiacutestico ao visual e ao gestual de manei-ras intricadas Ler a miacutedia de massa apenas por seus significados linguiacutesticos natildeo eacute suficiente As revistas empregam gramaacuteticas visuais muito diferentes de acordo com seu conteuacutedo social e cultural O roteiro de um seriado como ldquoRoseanne7rdquo natildeo teria nenhuma das qualidades do programa se vocecirc natildeo tivesse uma ldquosensibilidaderdquo para seus significados gestuais sonoros e visu-ais uacutenicos Um script sem esse conhecimento permitiria apenas uma leitura muito limitada Da mesma forma uma visita a um shopping center envolve muito texto escrito No entanto um en-volvimento prazeroso ou criacutetico com o shopping envolveraacute uma leitura multimodal que inclui natildeo apenas o design linguiacutestico mas uma leitura espacial da arquitetura do shopping e a locali-zaccedilatildeo e o sentido dos signos escritos logotipos e iluminaccedilatildeo O McDonaldrsquos tem assentos duros ndash para mantecirc-lo em movimento Os cassinos natildeo tecircm janelas ou reloacutegios ndash para eliminar indica-dores tangiacuteveis da passagem do tempo Esses satildeo sentidos espa-ciais e arquitetocircnicos profundamente importantes cruciais para a leitura de Designs Disponiacuteveis e para o Designing de futuros sociais

Em um sentido profundo toda produccedilatildeo de sentido eacute mul-timodal Todo texto escrito tambeacutem eacute organizado visualmente A editoraccedilatildeo eletrocircnica valoriza o design visual e espalha a res-ponsabilidade pelo visual de maneira muito mais ampla do que acontecia quando a escrita e o layout da paacutegina eram atividades distintas Portanto um projeto de escola pode e deve ser devida-mente avaliado com base no design visual linguiacutestico e em suas

47

relaccedilotildees multimodais Para dar outro exemplo a linguagem fala-da eacute uma questatildeo de design de aacuteudio tanto quanto eacute uma questatildeo de design linguiacutestico entendido como relaccedilotildees gramaticais

Os textos satildeo produzidos usando a gama de escolhas his-toricamente disponiacuteveis entre os diferentes modos de produccedilatildeo de sentidos Isso implica uma preocupaccedilatildeo com as ausecircncias nos textos bem como com as presenccedilas ldquoPor que natildeo issordquo bem como ldquoPor que issordquo (Fairclough 1992b) O conceito de Design enfatiza as relaccedilotildees entre os modos de significaccedilatildeo recebidos (Designs Disponiacuteveis) a transformaccedilatildeo desses modos de produ-ccedilatildeo de sentido em seu uso hiacutebrido e intertextual (Designing) e seu subsequente status a ser lido (O Redesigned) A metalingua-gem da produccedilatildeo de sentido se aplica a todos os aspectos deste processo como as pessoas satildeo posicionadas pelos elementos dos modos de produccedilatildeo de sentido disponiacuteveis (Designs disponiacute-veis) como os autores em alguns sentidos importantes tecircm a responsabilidade de estar conscientemente no controle da trans-formaccedilatildeo de sentidos (Designing) e como os efeitos de sentido a sedimentaccedilatildeo do sentido tornam-se parte do processo social (O Redesigned)

Obviamente a extensatildeo da transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis em Redesigned como resultado do Designing pode variar muito Agraves vezes os produtores de sentidos reproduziratildeo os Designs Disponiacuteveis na forma de Redesigned de maneira mais proacutexima do que em outras ocasiotildees ndash um formulaacuterio em vez de uma carta pessoal ou um classificado em vez de um anuacutencio (display) por exemplo Certo Designing eacute mais premeditado ndash planejado deliberado sistematizado ndash do que outras instacircncias por exemplo uma conversa em vez de um poema Agraves vezes o Designing baseia-se em metalinguagens claramente articuladas talvez especializadas que descrevem os elementos do design (a linguagem do editor profissional ou do arquiteto) enquanto ou-tros designing podem menos ou mais transformadores mesmo que os produtores natildeo tenham uma metalinguagem articulada para descrever os elementos de seus processos de produccedilatildeo de sentido (a pessoa que ldquocorrigerdquo o que eles acabaram de escrever ou o empreiteiro da reforma da casa) Apesar dessas diferentes

48

relaccedilotildees de estrutura e de agecircncia toda produccedilatildeo de sentidos sempre envolve os dois elementos

Dois conceitos-chaves nos ajudam a descrever os sentidos multimodais e as relaccedilotildees de diferentes designs de sentido hi-bridismo e intertextualidade (Fairclough 1992a 1992b) O termo hibridismo destaca os mecanismos de criatividade e de cultura--como-processo particularmente proeminentes na sociedade contemporacircnea As pessoas criam e inovam hibridizando ndash isto eacute articulando de novas maneiras ndash praacuteticas e convenccedilotildees estabe-lecidas dentro e entre diferentes modos de produccedilatildeo de sentido Isso inclui a hibridizaccedilatildeo de modos de significaccedilatildeo de formas estabelecidas (de discursos e gecircneros) e combinaccedilotildees variadas de modos de produccedilatildeo de sentido que ultrapassam as fronteiras da convenccedilatildeo e criam novas convenccedilotildees A muacutesica popular eacute um exemplo perfeito do processo de hibridismo Diferentes formas e tradiccedilotildees culturais satildeo constantemente recombinadas e reestru-turadas ndash as formas musicais da Aacutefrica encontram o eletrocircnico e a induacutestria musical comercial E novas relaccedilotildees estatildeo constan-temente sendo criadas entre sentidos linguiacutesticos e sonoros (pop versus rap) e entre sentidos linguiacutesticossonoros e visuais (per-formance ao vivo versus videoclipes)

A intertextualidade chama a atenccedilatildeo para as maneiras po-tencialmente complexas como os sentidos (como sentidos lin-guiacutesticos) se constituem por meio de relaccedilotildees com outros tex-tos (reais ou imaginaacuterios) tipos de texto (discurso ou gecircneros) narrativas e outros modos de significaccedilatildeo (como design visual posicionamento arquitetocircnico ou geograacutefico) Qualquer texto pode ser visto historicamente em termos das cadeias intertex-tuais (seacuteries histoacutericas de textos) em que se baseia e em termos das transformaccedilotildees que opera sobre elas Por exemplo os filmes estatildeo cheios de referecircncias cruzadas feitas explicitamente pelo cineasta ou lidas no filme pelo espectador enquanto designer um papel uma cena um ambiente O espectador apreende uma boa parte da visatildeo que tem do sentido do filme por meio desses tipos de cadeias intertextuais

49

Uma Teoria da Pedagogia

Qualquer teoria pedagoacutegica bem-sucedida deve ser baseada em visotildees sobre como a mente humana funciona em sociedade e nas salas de aula bem como sobre a natureza do ensino e da aprendizagem Embora certamente acreditemos que nenhuma teoria atual em psicologia educaccedilatildeo ou ciecircncias sociais tem ldquoas respostasrdquo e que as teorias provenientes desses domiacutenios devem sempre ser integradas ao ldquoconhecimento praacuteticordquo dos principais implicados tambeacutem acreditamos que aqueles que propotildeem as reformas curriculares e pedagoacutegicas devem expressar claramen-te seus pontos de vista sobre a mente a sociedade e o aprendiza-do em virtude do que eles acreditam que tais reformas seriam eficazes

Nossa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem baseia-se na suposiccedilatildeo de que a mente humana eacute corporifi-cada situada e social ou seja que o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvido natildeo como ldquogeral e abstratordquo mas sim como inserido em contextos sociais culturais e materiais Aleacutem disso o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvi-do como parte das interaccedilotildees colaborativas com outras pessoas de habilidades experiecircncias e perspectivas diversas unidas em uma comunidade epistecircmica especiacutefica ou seja em uma comu-nidade de alunos engajados em praacuteticas comuns centradas em torno de dado (histoacuterica e socialmente constituiacutedo) domiacutenio do conhecimento Acreditamos que ldquoabstraccedilotildeesrdquo ldquogeneralidadesrdquo e ldquoteorias abertasrdquo surgem dessa base inicial e devem ser sempre devolvidas a essa base ou a uma versatildeo recontextualizada dela

Essa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem que esperamos explicar e desenvolver nos proacuteximos anos como parte de nosso projeto internacional conjunto leva-nos a argumentar que a pedagogia eacute uma integraccedilatildeo complexa de quatro fatores Praacutetica Situada baseada no mundo das experiecircncias de designed e designing dos estudantes Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos moldam para si mesmos uma metalinguagem expliacutecita

O ldquo c o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

50

do design Enquadramento Criacutetico que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais e a Praacutetica Transforma-da na qual os alunos transferem e recriam designs de produccedilatildeo de sentido de um contexto para outro Vamos desenvolver bre-vemente esses temas a seguir

Trabalhos recentes em ciecircncias cognitivas em cogniccedilatildeo social e abordagens socioculturais de liacutengua e letramento (Bar-salou 1992 Bereiter e Scardamalia 1993 Cazden 1988 Clark 1993 Gardner 1991 Gee 1992 Heath 1983 Holanda Holyoak Nisbett Thagard 1986 Lave Wenger 1991 Light e Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990 Scollon e Scollon 1981 Street 1984 Wertsch 1985) argumentam que se um de nossos objetivos pedagoacutegicos eacute algum grau de domiacutenio da praacutetica entatildeo a imer-satildeo em uma comunidade de alunos engajados em versotildees autecircn-ticas dessa praacutetica eacute necessaacuteria Noacutes chamamos isso de Praacutetica Situada Uma pesquisa recente (Barsalou 1992 Eiser 1994 Gee 1992 Harre Gillett 1994 Margolis 1993 Nolan 1994) sustenta que a mente humana natildeo eacute tal como um computador um pro-cessador de regras gerais e abstraccedilotildees descontextualizadas Em vez disso o conhecimento humano quando aplicaacutevel agrave praacutetica estaacute situado principalmente em ambientes socioculturais e forte-mente contextualizado em domiacutenios e praacuteticas de conhecimen-tos especiacuteficos Esse conhecimento estaacute inextricavelmente ligado agrave capacidade de reconhecer e de agir sobre padrotildees de dados e de experiecircncia um processo que eacute adquirido apenas por meio da experiecircncia uma vez que os padrotildees necessaacuterios satildeo mui-tas vezes fortemente amarrados e ajustados ao contexto e satildeo muitas vezes sutis e complexos o suficiente para que ningueacutem possa descrevecirc-los ou explicaacute-los de maneira completa e uacutetil Os humanos satildeo neste niacutevel ldquoreconhecedores de padrotildeesrdquo e atores contextuais e socioculturais Esse reconhecimento de padrotildees eacute a base da capacidade de agir de maneira flexiacutevel e adaptaacutevel no contexto ndash ou seja o domiacutenio na praacutetica

No entanto existem limitaccedilotildees para a Praacutetica Situada como a uacutenica base para a pedagogia Primeiramente a preocu-paccedilatildeo com a situaccedilatildeo da aprendizagem eacute tanto a forccedila quanto a fraqueza das pedagogias progressistas (Kalantzis e Cope 1993a)

51

Embora essa aprendizagem situada possa levar ao domiacutenio na praacutetica os alunos imersos em praacuteticas ricas e complexas podem variar significativamente entre si (e quanto aos objetivos curricu-lares) e alguns podem gastar muito tempo perseguindo as pistas ldquoerradasrdquo por assim dizer Em segundo lugar muito da ldquoimer-satildeordquo que experimentamos quando crianccedilas como na aquisiccedilatildeo de nossa liacutengua ldquonativardquo eacute certamente apoiada por nossa biolo-gia humana e pelo curso normal do amadurecimento e do desen-volvimento humanos Esse apoio natildeo estaacute disponiacutevel na imersatildeo

FIGURA 1 - Multiletramentos Metalinguagens para Descrever e Interpretar os Diferentes Modos de Sentido dos Componentes do Projeto

MULTIMODAL

MULTIMODAL

ALGUNS ELEMENTOS DO PROJETO

Como os sistemas integrados de criaccedilatildeo de sentido dos textos eletrocircnicos multimiacutedia

Componentes de sentido linguiacutestico

tais como

Componentes desentido visual tais como

Componentesque constituem

Componentesque constituem

Componentesque constituem- Apresentaccedilatildeo

- Vocabulaacuterio e metaacutefora- Modalidade- Transitividade- Normalizaccedilatildeo de processos- Estrutura de informaccedilatildeo- Relaccedilotildees de coerecircncia local- Relaccedilotildees de coerecircncia global

- Comportamento- Corporeidade fiacutesica- Gestos- Sensualidade- Sentimentos e afetos- Cinesia- Proxecircmica- Etc

- Cores- Perspectivas- Vetores- Primeiro plano e fundo- Etc

- Sentidos ecossistecircmicos e geograacuteficos - Sentidos arquitetocircnicos- Etc

- Muacutesica- Efeitos sonoros- Etc

Modo de RessignifcaccedilatildeoPr

ojet

o Li

nguiacute

stico

Proje

to V

isua

l

Projeto GestualPro

jeto

Esp

acia

l

Projeto de Aacuteudio

52

escolar posterior em aacutereas como letramento e como domiacutenios acadecircmicos uma vez que estes surgem muito tarde no cenaacuterio humano para ter reunido qualquer suporte bioloacutegico ou evolu-tivo substancial Deste modo qualquer ajuda que a biologia e o amadurecimento possam dar agraves crianccedilas em sua socializaccedilatildeo pri-maacuteria deve ser compensada ndash dada mais abertamente ndash quando usamos a ldquoimersatildeordquo como meacutetodo na escola Terceiro a Praacutetica Situada natildeo leva necessariamente ao controle consciente e agrave per-cepccedilatildeo do que se sabe e faz o que eacute um objetivo central de gran-de parte do aprendizado na escola Quarto essa Praacutetica Situada natildeo cria necessariamente alunos ou comunidades que possam criticar o que estatildeo aprendendo em termos de relaccedilotildees histoacutericas culturais poliacuteticas ideoloacutegicas ou baseadas em valores E em quinto lugar haacute a questatildeo de colocar o conhecimento em accedilatildeo As pessoas podem ser capazes de articular seus conhecimentos em palavras Eles podem ter consciecircncia dos relacionamentos e ateacute mesmo fazer ldquocriacuteticasrdquo Contudo ainda podem ser incapazes de representar reflexivamente seu conhecimento na praacutetica

Portanto a Praacutetica Situada na qual os professores orien-tam uma comunidade de alunos como ldquomestresrdquo da praacutetica deve ser suplementada por vaacuterios outros componentes (ver Cazden 1992) Aleacutem do domiacutenio na praacutetica uma pedagogia eficaz deve procurar a compreensatildeo criacutetica ou a compreensatildeo cultural em dois sentidos diferentes Criacutetico na frase ldquocompreensatildeo criacuteticardquo significa percepccedilatildeo consciente e controle sobre as relaccedilotildees intras-sistemaacuteticas de um sistema A imersatildeo notoriamente natildeo leva a isso Por exemplo crianccedilas que adquiriram uma primeira liacutengua por meio da imersatildeo nas praacuteticas de suas comunidades natildeo se tornam em virtude disso bons linguistas Vygotsky (1978 1987) que certamente apoiou a colaboraccedilatildeo na praacutetica como alicerce da aprendizagem tambeacutem argumentou que certas formas de Instruccedilatildeo Aberta eram necessaacuterias para suplementar a imersatildeo (aquisiccedilatildeo) se quiseacutessemos que os alunos desenvolvessem cons-ciecircncia e controle do que adquiriram

Existe outro sentido de ldquocriacuteticardquo como na capacidade de criticar um sistema e suas relaccedilotildees com outros sistemas com base no funcionamento do poder da poliacutetica da ideologia e de valo-

53

res (Fairclough 1992b) Nesse sentido as pessoas tomam consci-ecircncia e satildeo capazes de articular a localizaccedilatildeo cultural das praacuteti-cas Infelizmente nem a imersatildeo em praacuteticas situadas dentro de comunidades de aprendizes nem a Instruccedilatildeo Aberta do tipo que Vygotsky (1987) discutiu necessariamente datildeo origem a esse tipo de compreensatildeo criacutetica ou de compreensatildeo cultural Na ver-dade tanto a imersatildeo quanto muitos tipos de Instruccedilatildeo Aberta satildeo notoacuterios como agentes socializadores que podem tornar os alunos bastante acriacuteticos e nada conscientes da localizaccedilatildeo cultu-ral de significados e praacuteticas

Os quatro componentes da pedagogia que propomos aqui natildeo constituem uma hierarquia linear nem representam estaacutegios Em vez disso satildeo componentes relacionados de maneiras com-plexas Elementos de cada um podem ocorrer simultaneamente enquanto em momentos diferentes um ou outro iraacute predominar e todos eles satildeo repetidamente revisitados em diferentes niacuteveis

Praacutetica Situada

Essa eacute a parte da pedagogia que se constitui pela imersatildeo em praacuteticas significativas dentro de uma comunidade de alunos que satildeo capazes de desempenhar papeacuteis muacuteltiplos e diferentes com base em suas origens e experiecircncias A comunidade deve incluir especialistas pessoas que dominam certas praacuteticas No miacutenimo deve incluir novatos especialistas pessoas que satildeo especialistas em aprender novos domiacutenios com alguma profundidade Esses especialistas podem orientar os alunos servindo como mentores e designers de seus processos de aprendizagem Esse aspecto do curriacuteculo precisa reunir as experiecircncias anteriores e atuais dos alunos bem como suas comunidades e discursos extraescolares como parte integral da experiecircncia de aprendizagem

Haacute ampla evidecircncia de que as pessoas natildeo aprendem nada direito a menos que estejam motivadas para aprender e acreditem que seratildeo capazes de usar e de trabalhar com o que estatildeo aprendendo de alguma forma que seja de seu interesse Portanto a Praacutetica Situada que constitui o aspecto de imersatildeo da pedagogia deve considerar crucialmente as necessidades e as

54

identidades afetivas e socioculturais de todos os alunos Deve tambeacutem constituir uma arena na qual todos os alunos estejam seguros em assumir riscos e em confiar na orientaccedilatildeo de outros mdash colegas e professores

Neste aspecto da pedagogia acreditamos que a avaliaccedilatildeo nunca deve ser usada para julgar mas deve ser usada no desen-volvimento a fim de orientar os alunos para as experiecircncias e para a assistecircncia de que precisam para se desenvolverem ainda mais como membros da comunidade capazes de aproveitar e em uacuteltima anaacutelise contribuindo para toda a gama de seus re-cursos

Instruccedilatildeo Aberta

A Instruccedilatildeo Aberta natildeo implica transmissatildeo direta exerciacutecios e memorizaccedilatildeo mecacircnica embora infelizmente muitas vezes te-nha essas conotaccedilotildees Em vez disso inclui todas as intervenccedilotildees ativas por parte do professor e de outros especialistas que estru-turam as atividades de aprendizagem que concentram o aluno nas caracteriacutesticas importantes de suas experiecircncias e atividades dentro da comunidade de alunos e que permitem que o estudan-te obtenha informaccedilotildees expliacutecitas nos momentos em que pode organizar e orientar a praacutetica de maneira mais uacutetil aproveitando e reunindo o que o aluno jaacute sabe e realizou Inclui centralmen-te os tipos de esforccedilos colaborativos entre professor e aluno em que este tem permissatildeo para realizar uma tarefa mais complexa do que pode realizar por conta proacutepria e em que o aluno chega agrave consciecircncia da representaccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo do professor dessa tarefa e de suas relaccedilotildees com outros aspectos do que estaacute sendo aprendido O objetivo aqui eacute a percepccedilatildeo consciente e o controle sobre o que estaacute sendo aprendido ndash sobre as relaccedilotildees intrassistemaacuteticas do domiacutenio que estaacute sendo praticado

Um aspecto definidor da Instruccedilatildeo Aberta eacute o uso de me-talinguagens linguagens de generalizaccedilatildeo reflexiva que descre-vem a forma o conteuacutedo e a funccedilatildeo dos discursos da praacutetica No caso do esquema dos multiletramentos proposto aqui isso sig-nificaria que os alunos desenvolvem uma metalinguagem que

55

descreve tanto o ldquoquecircrdquo da pedagogia dos letramentos (processos e elementos de design) quanto os andaimes que constituem o ldquocomordquo da aprendizagem (Praacutetica Situada Instruccedilatildeo Aberta En-quadramento Criacutetico Praacutetica Transformada)

Muitas avaliaccedilotildees no curriacuteculo tradicional exigiam a re-peticcedilatildeo das generalidades da Instruccedilatildeo Aberta Como no caso da Praacutetica Situada a avaliaccedilatildeo na Instruccedilatildeo Aberta deveria ser de desenvolvimento um guia para pensamentos e accedilotildees poste-riores Deveria tambeacutem estar relacionada aos outros aspectos do processo de aprendizagem ndash as conexotildees por exemplo entre a evoluccedilatildeo das metalinguagens agrave medida que satildeo negociadas e desenvolvidas por meio da Instruccedilatildeo Aberta por um lado e a Praacutetica Situada Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada por outro

Enquadramento Criacutetico

O objetivo do Enquadramento Criacutetico eacute ajudar os alunos a enqua-drar seu crescente domiacutenio da praacutetica (da Praacutetica Situada) e do controle e compreensatildeo consciente (da Instruccedilatildeo Aberta) quanto agraves relaccedilotildees histoacutericas sociais culturais poliacuteticas ideoloacutegicas e de valor de sistemas especiacuteficos de conhecimento e de praacutetica social Aqui crucialmente o professor deve ajudar os alunos a desnaturalizar e a tornar estranho novamente o que aprenderam e dominaram

Praacutetica Situada

Imersatildeo na experiecircncia e utilizaccedilatildeo dos discursos disponiacuteveis incluindo aqueles dos estilos de vida dos alunos e simulaccedilotildees das relaccedilotildees encontradas em locais de trabalho e espaccedilos puacuteblicos

Instruccedilatildeo Aberta

Compreensatildeo sistemaacutetica analiacutetica e consciente No caso dos multile-tramentos isso requer a introduccedilatildeo de metalinguagens expliacutecitas que descrevem e interpretam os Elementos de design de diferentes modos de produccedilatildeo de sentido

Enquadramento Criacutetico

Interpretar os contextos social e cultural de Desings de sentido espe-ciacuteficos Isso implica os alunos se afastarem do que estatildeo estudando e enxergarem o objeto de estudo de forma criacutetica em relaccedilatildeo ao seu contexto

Praacutetica Transformada

Transferecircncia na praacutetica de produccedilatildeo de sentido que coloca o signi-ficado transformado para funcionar em outros contextos ou espaccedilos culturais

56

Por exemplo a alegaccedilatildeo de que ldquoo DNA se replicardquo en-quadrada na biologia eacute oacutebvia e ldquoverdadeirardquo Enquadrado em outro discurso torna-se menos natural e menos ldquoverdadeirordquo da seguinte maneira Coloque um pouco de DNA em um pouco de aacutegua em um copo sobre a mesa Certamente natildeo se replica-raacute apenas ficaraacute laacute Os organismos se replicam usando o DNA como coacutedigo mas esse coacutedigo eacute colocado em vigor por uma seacuterie de mecanismos que envolvem proteiacutenas Em muitos de nossos discursos acadecircmicos e ocidentais privilegiamos a informaccedilatildeo e a mente em detrimento dos materiais da praacutetica e do traba-lho A afirmaccedilatildeo original coloca em primeiro plano informaccedilatildeo e coacutedigo e omite ou deixa em segundo plano a maquinaria e o trabalho Primeiro e segundo planos se tornam aparentes apenas quando reenquadramos quando retiramos a frase de seu discur-so ldquooriginalrdquo e a colocamos em um contexto mais amplo Aqui o contexto mais amplo satildeo os processos reais e as praacuteticas ma-teriais natildeo apenas afirmaccedilotildees geneacutericas em uma teoria de uma disciplina (o exemplo do DNA eacute de Lewontin 1991)

Por meio do Enquadramento Criacutetico os aprendizes podem obter a distacircncia pessoal e teoacuterica necessaacuteria do que aprenderam criticaacute-la construtivamente explicar sua localizaccedilatildeo cultural es-tendecirc-la e aplicaacute-la de forma criativa e eventualmente inovar por conta proacutepria dentro de comunidades antigas e novas Este eacute o alicerce para a Praacutetica Transformada Tambeacutem representa um tipo de transferecircncia de aprendizagem e uma aacuterea na qual a avaliaccedilatildeo pode comeccedilar a avaliar os alunos e principalmente os processos de aprendizagem nos quais eles estatildeo operando

Praacutetica Transformada

Natildeo eacute suficiente ser capaz de articular a compreensatildeo das rela-ccedilotildees intrassistemaacuteticas ou de criticar as relaccedilotildees extrassistemaacute-ticas Precisamos sempre voltar para onde comeccedilamos para a Praacutetica Situada mas agora uma re-praacutetica em que a teoria se torna praacutetica reflexiva Com seus alunos os professores preci-sam desenvolver maneiras pelas quais os estudantes possam demonstrar como podem produzir o design e realizar de forma

57

reflexiva novas praacuteticas embutidas em seus proacuteprios objetivos e valores Devem ser capazes de mostrar que podem implemen-tar entendimentos adquiridos por meio da Instruccedilatildeo Aberta e do Enquadramento Criacutetico em praacuteticas que os ajudem simul-taneamente a aplicar e a revisar o que aprenderam Na Praacutetica Transformada oferecemos um local para avaliaccedilatildeo situada e contextualizada dos alunos e dos processos de aprendizagem concebidos para eles Esses processos de aprendizagem tal como essa pedagogia precisam ser continuamente reformulados com base nessas avaliaccedilotildees

Na Praacutetica Transformada em uma atividade noacutes tentamos recriar um discurso envolvendo-nos nele para nossos proacuteprios objetivos reais Portanto imagine um aluno tendo de agir e pen-sar como um bioacutelogo e ao mesmo tempo como um bioacutelogo com grande interesse em resistir agrave representaccedilatildeo de coisas femininas ndash de ovos a organismos ndash como ldquopassivasrdquo O aluno agora tem de justapor e integrar (natildeo sem tensatildeo) dois discursos diferentes ou identidades sociais ou ldquointeressesrdquo que historicamente estiveram em conflito Usando outro exemplo como algueacutem pode ser um advogado ldquode verdaderdquo e ao mesmo tempo ter seu desempenho influenciado por ser um afro-americano Em seus argumentos perante a Suprema Corte dos EUA para eliminar a segregaccedilatildeo nas escolas Thurgood Marshall fez isso de maneira claacutessica E ao misturar o discurso da poliacutetica ao discurso da religiatildeo afro-a-mericana Jesse Jackson transformou o primeiro A chave aqui eacute justaposiccedilatildeo integraccedilatildeo e viver na tensatildeo

Vamos amarrar o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramen-to de volta agrave grande agenda com a qual comeccedilamos este artigo focar nas praacuteticas situadas no processo de aprendizagem envol-ve o reconhecimento de que as diferenccedilas satildeo muito importan-tes nos espaccedilos de trabalho na cidadania e nos estilos de vida multicamadas O ensino em sala de aula e o curriacuteculo precisam se envolver com as experiecircncias e os discursos dos proacuteprios alu-nos que satildeo cada vez mais definidos pela diversidade cultural

O P r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

58

e subcultural e pelas diferentes origens e praacuteticas linguiacutesticas que vecircm com essa diversidade A Instruccedilatildeo Aberta natildeo tem a in-tenccedilatildeo ditar ndash empoderar os alunos em relaccedilatildeo agrave ldquogramaacuteticardquo de uma forma de linguagem adequada padratildeo ou poderosa Desti-na-se a ajudar os alunos a desenvolver uma metalinguagem que leve em consideraccedilatildeo as diferenccedilas de design O Enquadramento Criacutetico envolve ligar essas diferenccedilas de design a diferentes pro-poacutesitos culturais A Praacutetica Transformada envolve a mudanccedila de um contexto cultural para outro por exemplo num redesigning de estrateacutegias de significaccedilatildeo para que possam ser transferidas de uma situaccedilatildeo cultural para outra

A ideia de Design eacute aquela que reconhece os diferentes Designs Disponiacuteveis de sentido localizadas como estatildeo em dife-rentes contextos culturais A metalinguagem dos multiletramen-tos descreve os elementos do design natildeo como regras mas como uma heuriacutestica que explica a infinita variabilidade de diferentes formas de produccedilatildeo de sentido em relaccedilatildeo agraves culturas agraves subcul-turas ou agraves camadas da identidade de um indiviacuteduo a que essas formas servem Ao mesmo tempo o Designing restaura a agecircn-cia humana e o dinamismo cultural no processo de produccedilatildeo de sentido Cada ato de produccedilatildeo de sentido tanto se apropria dos Designs Disponiacuteveis quanto os recria no Designing produzindo assim um novo significado o Redesigned Em uma economia de diversidade produtiva em espaccedilos cidadatildeos que valorizam o pluralismo e no florescimento de esferas de vida inter-relacio-nadas com multicamadas complementares mas cada vez mais divergentes trabalhadores cidadatildeos e membros da comunidade satildeo produtores de sentido idealmente criativos e responsaacuteveis Somos de fato designers de nossos futuros sociais

Claro a negociaccedilatildeo necessaacuteria das diferenccedilas seraacute difiacutecil e muitas vezes dolorosa O diaacutelogo encontraraacute abismos de di-ferenccedila de valores de desigualdades grosseiramente injustas e de difiacuteceis mas necessaacuterias cruzamentos de fronteiras As di-ferenccedilas natildeo satildeo tatildeo neutras coloridas e benignas quanto um multiculturalismo simplista pode querer fazer que acreditemos Ainda assim como trabalhadores cidadatildeos e membros da co-munidade noacutes todos precisaremos das habilidades necessaacuterias para negociar essas diferenccedilas

59

Este artigo representa uma declaraccedilatildeo geral de princiacutepios Eacute altamente provisoacuterio e algo que oferecemos como base para o debate puacuteblico O objetivo do Projeto Internacional de Multile-tramentos eacute testar e desenvolver ainda mais essas ideias parti-cularmente a metalinguagem do Design e a pedagogia da Praacuteti-ca Situada Instruccedilatildeo Aberta Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada Tambeacutem queremos estabelecer relaccedilotildees com pro-fessores e pesquisadores desenvolvendo e testando o curriacuteculo e revisando as proposiccedilotildees teoacutericas do projeto

Este artigo eacute uma declaraccedilatildeo provisoacuteria de intenccedilotildees e uma visatildeo geral teoacuterica das conexotildees entre o ambiente social em mudanccedila e o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento Agrave medida que o projeto avanccedila para sua proacutexima fase o grupo que se reuniu em Nova Londres estaacute escrevendo um livro que explora ainda mais as ideias dos multiletramentos relacionando a ideia agraves salas de aula e agraves nossas proacuteprias experiecircncias educa-cionais Tambeacutem estamos comeccedilando a conduzir pesquisas em sala de aula experimentando os multiletramentos como uma noccedilatildeo que pode suplementar e apoiar o curriacuteculo de letramento E estamos ativamente engajados em um diaacutelogo puacuteblico contiacute-nuo Em setembro de 1996 o grupo colocaraacute o projeto em discus-satildeo puacuteblica mais uma vez na Domains of Literacy Conference na Universidade de Londres e novamente em 1997 na Literacy and Education Research Network Conference na Austraacutelia Queremos salientar que este eacute um processo aberto ndash provisoacuterio exploratoacuterio e acolhedor de colaboraccedilotildees muacuteltiplas e divergentes E acima de tudo nosso objetivo eacute fazer algum tipo de diferenccedila para crian-ccedilas reais em salas de aula reais

Essas atividades seratildeo informadas por uma seacuterie de prin-ciacutepios-chaves de accedilatildeo Primeiro o projeto iraacute suplementar natildeo criticar curriacuteculos existentes e abordagens pedagoacutegicas para o ensino da liacutengua inglesa e do letramento Isso incluiraacute o desen-volvimento da estrutura conceitual do Projeto Internacional de Multiletramentos e o mapeamento em relaccedilatildeo agraves praacuteticas curri-culares existentes a fim de ampliar os repertoacuterios pedagoacutegicos e curriculares dos professores Em segundo lugar a equipe do projeto aceitaraacute colaboraccedilotildees com pesquisadores desenvolve-

60

dores de curriacuteculos professores e comunidades A estrutura do projeto representa um diaacutelogo complexo e difiacutecil essas comple-xidades e dificuldades seratildeo articuladas junto com um convite aberto a todos para contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia que faccedila alguma diferenccedila E em terceiro lugar ele se esforccedilaraacute continuamente no sentido de reformular a teoria que sirva para uso direto na praacutetica educacional

Este artigo eacute um ponto de partida provisoacuterio para esse processo

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

2 Em portuguecircs a traduccedilatildeo de literacy sempre ofereceu um desafio aos estudiosos Pode-mos traduzir por alfabetizaccedilatildeo ou por letramento No artigo o contexto nos ajuda a escolher

3 A palavra design tambeacutem eacute um desafio para a traduccedilatildeo Ela estaacute admitida em portuguecircs com sentidos ligados ao projeto ao desenho e agrave beleza Mantivemos o termo em inglecircs mas tambeacutem deslocado de sentidos porventura tidos em portuguecircs Consideramos que este seja um termo ressignificado pelos autores isto eacute uma proposiccedilatildeo metalinguiacutestica que serve agraves ideias do manifesto guardando portanto um sentido especiacutefico e especializado Nesta traduccedilatildeo mantivemos o uso de aspas itaacutelicos e outros destaques conforme o texto original em inglecircs Entendemos que modificar isso ou inserir itaacutelicos em portuguecircs pode-ria alterar sentidos inapropriadamente

4 Em inglecircs fast capitalism

5 No original ocorre a forma Designing com valor substantivo Nossa opccedilatildeo por natildeo tradu-zir se baseia em consideraccedilotildees semelhantes agraves explicitadas na nota 3

6 Em inglecircs strike e strike out

7 Roseanne foi uma seacuterie televisiva norte-americana exibida nos EUA no final dos anos 1990 Foram nove temporadas mais de duzentos episoacutedios e alguns precircmios conquistados Os protagonistas eram representados por Roseanne Barr e John Goodman O enredo trata-va de uma famiacutelia proletaacuteria urbana Roseanne foi exibida no Brasil pelo canal Multishow

61

R E F E R Ecirc N C I A S

ANDERSON B (1983) Comunidades imaginadas reflexotildees sobre a origem e difusatildeo do nacionalismo Trad Denise Bottman Satildeo Paulo Companhia das Letras 2008

BARSALOU L W Cognitive Psychology an overview for cognitive scientists Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1992

BEREITER C SCARDAMALIA M Surpassing Ourselves an inquiry into the nature and implications of expertise Chicago Open Court 1993

BOYETT J H CONN H P Workplace 2000 the revolution reshaping American business Nova York Dutton 1991

BRUER J T Schools for thought a science of learning in the classroom Cambridge MA MIT Press 1993

CAZDEN C Classroom discourse the language of teaching and learning Portsmouth NH Heinemann 1988

CAZDEN C Whole language plus essays on literacy in the United States and New Zealand Nova York Teachers College Press 1992

CLARK A Associative engines connections concepts and representational change Cambridge Eng Cambridge University Press 1993

COPE B KALANTZIS M Productive diversity organizational life in the age of civic pluralism and total globalisation Sydney Harper Collins 1995

CROSS K F FEATHER J J LYNCH R L Corporate renaissance the art of reengineering Oxford Eng Basil Blackwell 1994

DAVIDOW W H MALONE M S The virtual corporation structuring and revitalizing the corporation for the 21st century New York Harper Business 1992

DEAL T E JENKINS W A Managing the hidden organization strategies for empowering your behind-the-scenes employees New York Warner 1994

DEWEY J Democracy and education New York Free Press (Original work published 1916) 1966

DOBYNS L CRAWFORD-MASON C Quality or else the revolution in world business Boston Houghton Mifflin 1991

DRUCKER P F (1993) Sociedade Poacutes-capitalista Coimbra Actual Editora 2015

62

EISER J R Attitudes chaos and the connectionist mind Oxford Eng Basil Blackwell 1994

FAIGLEY L Fragments of rationality postmodernity and the subject of composition Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1992

FAIRCLOUGH N Language and power London Longmans 1989

FAIRCLOUGH N (1992a) Discurso e Mudanccedila Social Brasiacutelia Editora UnB 2016

FAIRCLOUGH N Discourse and text Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis Discourse and Society 3 p 193-217 1992b

FAIRCLOUGH N Critical discourse analysis London Longmans 1995

FOWLER R HODGE R KRESS G TRENT T Language and control London Routledge 1979

FREIRE P (1970) Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987

FREIRE P Education for critical consciousness New York Seabury Press 1973

FREIRE P MACEDO D (1987) Alfabetizaccedilatildeo leitura do mundo leitura da palavra Rio de Janeiro Paz e Terra 2011

FUKUYAMA F The end of history and the last man London Penguin 1992

GARDNER H The unschooled mind how children think and how schools should teach New York Basic Books 1991

GEE J P The social mind Language ideology and social practice New York Bergin e Garvey 1992

GEE J P Postmodernism discourses and linguistics In C Lankshear P McLaren (ed) Critical literacy Radical and postmodernist perspectives Albany State University of New York Press 1993 p 271-295

GEE J P Quality science and the lifeworld the alignment of business and education (Focus occasional papers in adult basic education No 4) Leichhardt Australia adult literacy and basic skills action coalition 1994a

GEE J P New alignments and old literacies from fast capitalism to the canon In SHORTLAND-JONES B BOSICH B RIVALLAND J (ed) Conference papers 1994 Australian Reading Association Twentieth National Conference Carlton South Australian Reading Association 1994b p 1-35

GELLNER E Nations and nationalism London Basil Blackwell 1983

GIROUX H Schooling and the struggle for pedagogies critical and feminist discourses as regimes of truth New York Routledge 1988

63

HALLIDAY M A K Language as social semiotic London Edward Arnold 1978

HAMMER M CHAMPY J Reengineering the corporation a manifesto for business revolution New York Harper Business 1993

HARRE R GILLETT G (1994) A Mente Discursiva Porto Alegre Penso 2004

HEATH S B Ways with words language life and work in communities and classrooms Cambridge Eng Cambridge University Press 1983

HOLLAND J H HOLYOAK K J NISBETT R E THAGARD P R In J H HOLLAND K J HOLYOAK R E NISBETT P R THAGARD (ed) Induction processes of inference learning and discovery Cambridge MA MIT Press 1986

ISHIKAWA K (1985) Controle de Qualidade Total agrave maneira japonesa Rio de Janeiro Campus 1993

KALANTZIS M The new citizen and the new state In W Hudson (ed) Rethinking Australian citizenship Sydney University of New South Wales Press 1995

KALANTZIS M COPE B Histories of pedagogy cultures of schooling In B Cope e M Kalantzis (ed) The powers of literacy London Falmer Press 1993a p 38-62

KALANTZIS M COPE B Republicanism and cultural diversity In W Hudson e D Carter (ed) The Republicanism debate Sydney University of New South Wales Press 1993b p 118-144

KRESS G Linguistic process and sociocultural change Oxford Eng Oxford University Press 1990

LAVE J WEGNER E Situated learning legitimate peripheral participation Cambridge Eng Cambridge University Press 1991

LEWONTIN R C (1991) Biologia como ideologia a doutrina do DNA Satildeo Paulo Funpec 2000

LIGHT P BUTTERWORTH G (ed) Context and cognition Ways of learning and knowing Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1993

LIPNACK J STAMPS J The team net factor bringing the power of boundary crossing into the heart of your business Essex Junction VT Oliver Wright 1993

LUKE C Media and cultural studies In P Freebody S Muspratt A Luke (ed) Constructing critical literacies Crosskill NJ Hampton Press 1995

MARGOLIS H Paradigms and barriers how habits of mind govern scientific beliefs Chicago University of Chicago Press 1993

64

NOLAN R Cognitive practices human language and human knowledge Oxford Blackwell 1994

PIORE M SABLE C The second industrial divide New York Basic Books 1984

PERKINS D Smart schools from training memories to educating minds New York Free Press 1992

PETERS T Liberation management necessary disorganization for the nanosecond nineties New York Vintage Books 1992

ROGOFF B Apprenticeship in thinking New York Oxford University Press 1990

SASHKIN M KISER K J (1993) Gestatildeo da qualidade total na praacutetica Rio de Janeiro Elsevier Editora 1994

SCOLLON R SCOLLON S B K Narrative literacy and face in interethnic communication Norwood NJ Ablex 1981

SENGE P M (1991) A quinta disciplina arte e praacutetica da organizaccedilatildeo que aprende Rio de Janeiro BestSeller 2013

SPROULL L KIESLER S Connections New ways of working in the networked organization Cambridge MA MIT Press 1991

STREET B V Literacy in theory and practice Cambridge Eng Cambridge University Press 1984

VAN LEEUWEN T Genre and field in critical discourse analysis Discourse and society n 4 p 193-223 1993

VYGOTSKY L S (1978) A formaccedilatildeo social da mente o desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos superiores Michael Cole et al (org) Trad Joseacute Cipolla Neto Luiacutes Silveira Menna Barreto Solange Castro Afeche Satildeo Paulo Martins Fontes 1984

VYGOTSKY L S The collected works of L S Vygotsky Vol 1 Problems of general psychology including the volume thinking and speech R W Rieber A S Carton (ed) New York Plenum 1987

WALKERDINE V Surveillance subjectivity and struggle Lessons from pedagogic and domestic practices Minneapolis University of Minnesota Press 1986

WERTSCH J V (ed) Culture communication and cognition Vygotskian perspectives Cambridge Eng Cambridge University Press 1985

65

Courtney B Cazden eacute doutora em educaccedilatildeo e professora na uni-versidade de Harvard Eacute autora de cinco livros entre eles Classroom Discourse The Language of Teaching and Learning publicado em 2001 Courtney eacute especialista em linguagem e educaccedilatildeo infantil e membro da National Academy of Education

Bill Cope eacute professor e pesquisador no Departamento de Estudos de Poliacuteticas Educacionais da Universidade de Illinois Urbana-Champaign diretor-presidente na Common Ground Publishing Bill eacute autor de de-zenas de livros e artigos e suas pesquisas incluem teorias e praacuteticas de pedagogia diversidade cultural e linguiacutestica e novas tecnologias de representaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo Entre suas obras destacam-se The future of the academic journal and e-learning ecologies e Towards a semantic web Connecting knowledge in academic research

Normal Fairclough eacute linguista um dos pioneiros da anaacutelise criacutetica do discurso e professor na Universidade de Lancaster Eacute autor de diversas publicaccedilotildees que abordam a linguagem e as relaccedilotildees sociais dentre es-sas obras destaca-se Discurso e mudanccedila social publicada pela UNB em 2008

James ldquoJimrdquo Gee eacute linguista professor na Universidade do Estado do Arizona e membro da National Academy of Education Eacute autor de vaacute-rias obras entre elas Social Linguistics and Literacies de grande importacircn-cia nos estudos de letramento

Mary Kalantzis eacute referecircncia mundial nos lsquonovos estudos de alfabetiza-ccedilatildeorsquo com foco na multimodalidade e na diversidade nas comunicaccedilotildees contemporacircneas Eacute professora do Departamento de Educaccedilatildeo Poliacutetica Organizaccedilatildeo e Lideranccedila da Universidade de Illinois Urbana-Cham-paign Eacute autora de inuacutemeros livros dentre eles New Learning Elements of a Science of Education Letramentos publicado no Brasil pela editora Unicamp em 2020 e a Gramaacutetica de Significados Multimodais dividida em dois volumes Making Sense e Added Sense publicada em 2020

N E W L O N D O N G R O U P

66

Allan Luke eacute um pesquisador voltado agrave aacuterea da alfabetizaccedilatildeo multile-tramentos linguiacutestica aplicada e sociologia e poliacutetica educacional Eacute pro-fessor na Queensland University of Technology em Brisbane Austraacutelia e na Escola de Educaccedilatildeo Werklund Universidade de Calgary Canadaacute Em parceria com Peter Freebody formulou o Modelo de Quatro Recursos de alfabetizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 Entre suas obras mais relevantes estaacute Educational Policy Narrative and Discourse

Carmen Luke eacute professora na Universidade de Queensland pesquisa-dora de temas relacionados agrave pedagogia multiletramentos sociologia e linguiacutestica Tem vaacuterios livros publicados dentre eles Globalization And Women In Academia e Feminisms And Critical Pedagogy

Sarah Michaels eacute sociolinguista se dedica ao ensino e agrave pesquisa na aacuterea de linguagem cultura ldquomultiletramentosrdquo e nos discursos de matemaacutetica e ciecircncias Eacute professora da Clarck University Entre suas publicaccedilotildees destacam-se High-Expectation Curricula Helping All Students Succeed with Powerful Learning e Ready Set Science Putting Research to Work in the K-8 Science Classroom

Martin Nakata eacute doutor em Filosofia e um dos principais acadecircmicos indiacutegenas da Austraacutelia sua pesquisa eacute voltada agrave melhoria do ensino superior para estudantes indiacutegenas Atualmente eacute diretor do Centro UNSW Nura Gili para Programas Indiacutegenas e Vice-Reitor de Educaccedilatildeo Indiacutegena e Estrateacutegia da Universidade James Cook na Austraacutelia Mar-tin eacute autor de inuacutemeras publicaccedilotildees dentre as quais destaca-se Discipli-ning The Savages Savaging The Disciplines

Gunther Kress eacute considerado um dos principais teoacutericos dos campos da anaacutelise criacutetica do discurso da semioacutetica social e da multimodalida-de ateacute hoje foi um linguista e semiotista Gunther Kress deixou dezenas de livros e artigos publicados entre eles Multimodality A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication e Reading Images The Grammar of Visual Design Faleceu em 2019

N E W L O N D O N G R O U P

67

g l o s s aacute r i o

No conturbado ano de 2020 em meio agrave pandemia de Covid-19 que fez com que tiveacutessemos todos de aderir ao

ldquodistanciamento socialrdquo suspendendo aulas e encontros presen-ciais na universidade ministrei uma disciplina eletiva no Pro-

O R G A N I Z A Ccedil Atilde O E E D I Ccedil Atilde O

H eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e O u r o P r e t o

A P R E S E N T A Ccedil Atilde O

68

grama de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Mestrado e Doutorado agrave qual dei o nome de Multiletramentos entre teorias amp praacuteticas O objetivo era discutir a chamada Pedagogia dos Multiletra-mentos um documento publicado no finalzinho do seacuteculo XX e que discutiu as praacuteticas de leitura e escrita naquele momento de explosatildeo das tecnologias digitais em um mundo globalizado e multicultural ao mesmo tempo que propotildee esboccedilosdesenhos de um futuro social Para tanto selecionei textos de diferentes autores brasileiros e estrangeiros desde os proponentes da Pe-dagogia dos Multiletramentos aos seus comentadores e divul-gadores no Brasil Foi central para a conduccedilatildeo da disciplina o livro receacutem-publicado dos pesquisadores Roxane Rojo e Eduar-do Moura (2019) intitulado Letramentos miacutedias linguagens (2019) Agrave medida que discutiacuteamos cada um dos capiacutetulos do livro que trata aleacutem dos conceitos explicitados no seu tiacutetulo da imagem estaacutetica da imagem dinacircmica do som e do verbo sentimos a necessidade de construir um glossaacuterio que servisse para nortea-mento das nossas discussotildees Assim comecei a anotar termos e expressotildees que apareciam nas obras e artigos estudados (natildeo soacute o livro aqui evidenciado) e designar a cada aluno trecircs ou quatro daquelas palavras ou expressotildees para que fosse produzido um verbete A ideia foi acatada por toda a turma que diga-se era constituiacuteda de uma diversidade de mestrandos doutorandos e aspirantes a esses niacuteveis de ensino oriundos de diferentes aacutereas do conhecimento o que tornou nossas discussotildees muito ricas e calorosas Pedagogia Letras Jornalismo Sistema de Informaccedilatildeo Licenciatura em Quiacutemica Fiacutesica Matemaacutetica Ciecircncias Bioloacutegi-cas Biblioteconomia Engenharia de Controle e Automaccedilatildeo Ci-ecircncia da Computaccedilatildeo Produzidos os verbetes tivemos tempo haacutebil para fazecirc-los circular entre a turma e discutir a linguagem e a padronizaccedilatildeo de alguns deles em sala de aula Minha inten-ccedilatildeo como organizador do Glossaacuterio sempre foi divulgaacute-lo o mais amplamente possiacutevel apoacutes a sua conclusatildeo Quase ao final da disciplina recebemos a ldquovisita virtualrdquo da colega Ana Elisa Ribeiro professora e pesquisadora da linguagem em sua interfa-ce com as tecnologias digitais para discutir um texto publicado por ela no qual fez um balanccedilo das repercussotildees do manifesto

69

Pedagogia dos Multiletramentos nos uacuteltimos anos Nessa oca-siatildeo soubemos que um grupo de mestrandos e doutorandos do CEFET-MG estava fazendo a traduccedilatildeo do Manifesto e surgiu a ideia de publicarmos conjuntamente nossos produtos o que acreditamos vaacute ser bastante uacutetil aos interessados no tema Dessa forma reunimos neste e-book o Glossaacuterio MULTDICS MULTI-LETRAMENTOS e a traduccedilatildeo do Manifesto 1 Ao procurar um nome para nosso glossaacuterio chegamos agrave conclusatildeo de que gos-tariacuteamos de um tiacutetulo bem conciso e que representasse ao mes-mo tempo nosso grupo de pesquisa o MULTDICS ndash Grupo de Pesquisa sobre Multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e o principal conceito com o qual temos trabalhado haacute seis anos quando nos reunimos

Lembramos que este glossaacuterio natildeo esgota os termos e expres-sotildees usados no acircmbito das discussotildees sobre a temaacutetica mas se pauta como explicitamos acima a partir de nossas necessidades A ideia eacute que ele seja cada vez mais ampliado e revisto a partir desta ediccedilatildeo Importante tambeacutem destacar que consultado um verbete eacute bem provaacutevel que o leitor tambeacutem tenha a necessidade de consultar outros jaacute que vaacuterias das expressotildees aqui elencadas estatildeo inter-relacionadas

Esperamos que de fato esse material possa ser uacutetil a estudan-tes de Letras Pedagogia Comunicaccedilatildeo Social Tecnologias de In-formaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo bem como a mestrandos doutorandos e demais pesquisadores interessados nas temaacuteticas abordadas Todas as criacuteticas e contribuiccedilotildees seratildeo bem-vindas

1 Para uma leitura criacutetica do manifesto ver o artigo de Ana Elisa Ribeiro ldquoQue futuros rede-senhamos Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o seacuteculo XXIrdquo publicado no v 9 da revista Diaacutelogo das Letras em 2020 Tambeacutem a revista Linguagem em Foco v 13 n 2 de 2021 faz uma homenagem aos 25 anos do manifesto com vaacuterios artigos relacionados e outra traduccedilatildeo

A

70

AFFORDANCES (Propiciamento)

A palavra affordance faz parte do leacutexico da liacutengua inglesa Embora natildeo possua uma versatildeo mais exata em portuguecircs convencionou-se tra-duzi-la por propiciaccedilatildeo no acircmbito da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva Esse conceito designa a capacidade que certos objetos demonstram para despertar a intuiccedilatildeo dos usuaacuterios da liacutengua Um exemplo de affordance eacute aquilo que acontece com o botatildeo de uma caixa de descarga acoplada a um vaso sanitaacuterio sua funccedilatildeo eacute clara e prescinde de explicaccedilatildeo preacutevia Apertaacute-lo para acionar a descida da aacutegua eacute algo intuitivo Ao desejar limpar a bacia o usuaacuterio eacute convidado (pela situaccedilatildeo em si) a pressionar o dispositivo sem ter recebido instruccedilatildeo anterior para que entendes-se aquela funcionalidade A situaccedilatildeo em si propicia a possibilidade de pressionaacute-lo O processo da affordance pode ser compreendido por meio da Teoria Cognitivista que trata dentre outros temas da atenccedilatildeo e da percepccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de problemas Tal conceito eacute largamente ex-plorado por desenhistas industriais que buscam criar produtos cujo uso seja cada vez mais autoexplicativo Ao manusear um teclado de computador por exemplo ateacute mesmo um digitador iniciante tenderaacute a pressionar intuitivamente a tecla caso deseje aumentar a luminosi-dade da tela Provavelmente natildeo o faraacute por estar repetindo um ato que lhe foi ensinado A posiccedilatildeo estrateacutegica da tecla (bem abaixo da tela) e o siacutembolo que traz agrave mente a imagem do Sol induzem o usuaacuterio agrave dedu-ccedilatildeo daquela funcionalidade Um dos empregos mais modernos da affor-dance verifica-se na produccedilatildeo de aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Os iacutecones presentes neles afinal precisam remeter facilmente ao comando que desencadeiam durante a comunicaccedilatildeo homemmaacute-quina O conceito de propiciaccedilatildeo estaacute presente por isso em discussotildees sobre a anaacutelise e o desenvolvimento de miacutedias digitais utilizaacuteveis na educaccedilatildeo remota das quais os apps satildeo exemplos Isso ocorre porque a interrupccedilatildeo momentacircnea do contato entre o docente e o discente gera a necessidade de que este seja capaz de executar atividades de forma au-tocircnoma Eacute fundamental que as miacutedias utilizadas na educaccedilatildeo remota no acircmbito do ensino hiacutebrido propiciem um ambiente adequado para a aprendizagem

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasBROCH Joseacute Carlos O conceito de affordance como estrateacutegia generativa no design de produtos orientado para a versatilidade 2010 99 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Design e Tecnologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010

EYSENK Michael W KEANE Mark T Manual de Psicologia Cognitiva 7 ed Porto Alegre Artmed 2017

A

71

ALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1930 e utilizado pelo exeacutercito estadunidense du-rante a Segunda Guerra Mundial indicando a capacidade de entender instruccedilotildees escritas e publicaccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tare-fas militares O Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) pesquisa aplicada no Brasil a partir do iniacutecio do seacuteculo XXI define quatro niacuteveis de alfabetismo 1) Analfabetismo corresponde agrave condiccedilatildeo dos que natildeo conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela desses sujeitos consiga ler nuacutemeros fa-miliares (nuacutemeros de telefone preccedilos etc) 2) Niacutevel rudimentar corres-ponde agrave capacidade de localizar uma informaccedilatildeo expliacutecita em textos curtos e familiares (como por exemplo num anuacutencio ou numa pequena carta) ler e escrever nuacutemeros usuais e realizar operaccedilotildees simples como manusear dinheiro para pagamento de pequenas quantias ou fazer me-didas de comprimento usando a fita meacutetrica 3) Niacutevel baacutesico as pes-soas classificadas neste niacutevel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas pois jaacute leem e compreendem textos de meacutedia extensatildeo localizam informaccedilotildees mesmo que seja necessaacuterio realizar pequenas inferecircncias leem nuacutemeros na casa dos milhotildees resolvem problemas envolvendo uma sequecircncia simples de operaccedilotildees e tecircm noccedilatildeo de pro-porcionalidade 4) Niacutevel pleno classificadas neste niacutevel as pessoas cujas habilidades natildeo mais impotildeem restriccedilotildees para compreender e interpre-tar textos em situaccedilotildees usuais leem textos mais longos analisando e re-lacionando suas partes comparam e avaliam informaccedilotildees distinguem fato de opiniatildeo realizam inferecircncias e siacutenteses Quanto agrave matemaacutetica resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle envol-vendo percentuais proporccedilotildees e caacutelculo de aacuterea aleacutem de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e graacuteficos

A Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidadas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) considera alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente agraves demandas de seu con-texto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se de-senvolvendo ao longo da vida De acordo com o INAF satildeo considerados analfabetos funcionais os niacuteveis 1 e 2 e alfabetizados funcionalmente os niacuteveis 3 e 4 Em poucas palavras alfabetismo funcional eacute a capacidade que o indiviacuteduo tem de utilizar a leitura e a escrita no conviacutevio social

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINAF BRASIL 2011 Indicador de Alfabetismo Funcional principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-de-resultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

A

72

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

ALFABETIZACcedilAtildeO

A palavra alfabetizaccedilatildeo etimologicamente vem do latim alphabētum e do grego alphaacutebētos a partir de suas duas primeiras letras alfa e beta Segundo o dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa a palavra alfabeti-zaccedilatildeo significa algo como ldquoato ou efeito de alfabetizar de ensinar as primeiras letrasrdquo Assim uma pessoa alfabetizada eacute considerada como ldquoaquela que domina as primeiras letrasrdquo que domina as habilidades baacutesicas ou iniciais de ler e escrever

A histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo estaacute dividida em quatro periacuteodos O pri-meiro teve iniacutecio na Antiguidade e se estendeu ateacute a Idade Meacutedia uti-lizando-se apenas o meacutetodo da soletraccedilatildeo O segundo periacuteodo ocorreu durante os seacuteculos XVI e XVII e se estendeu ateacute a deacutecada de 1960 sendo marcado pela rejeiccedilatildeo ao meacutetodo soletraccedilatildeo e pela criaccedilatildeo de novos meacute-todos sinteacuteticos e analiacuteticos surgindo nesse periacuteodo a criaccedilatildeo das car-tilhas amplamente utilizadas para ensinar a ler e a escrever no Brasil e em outros paiacuteses O terceiro periacuteodo iniciou-se em meados da deacutecada de 1980 com a divulgaccedilatildeo da teoria da Psicogecircnese da liacutengua escrita Considera-se que estamos vivendo o quarto periacuteodo denominado de ldquoreinvenccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeordquo surgido em decorrecircncia dos reiterados indicadores do fracasso da alfabetizaccedilatildeo (neste caso estamos tratando do Brasil) Atualmente discute-se bastante a necessidade da organiza-ccedilatildeo do trabalho docente e a sistematizaccedilatildeo do ensino para ldquoalfabetizar letrandordquo tanto no acircmbito acadecircmico quanto no escolar

Como podemos perceber o conceito de alfabetizaccedilatildeo vem sofrendo modificaccedilotildees devido agraves necessidades sociais e poliacuteticas Simplesmente decodificar e codificar letras ou saber ler escrever e contar natildeo atende mais agraves reais necessidades do mundo contemporacircneo letrado e conecta-do Eacute preciso que as crianccedilas compreendam as funccedilotildees sociais tanto da leitura e da escrita e que faccedilam uso adequado delas em seu cotidiano Especialistas destacam que na praacutetica pedagoacutegica a aprendizagem da liacutengua escrita ainda que inicial deve ser tratada em sua totalidade a alfabetizaccedilatildeo deve integrar-se com o desenvolvimento das habilidades

A

73

de uso do sistema alfabeacutetico ndash com o letramento embora os dois proces-sos tenham especificidades quanto a seus objetos de conhecimento e aos processos linguiacutesticos e cognitivos de apropriaccedilatildeo desses objetos Dissociar alfabetizaccedilatildeo de letramento teria como consequecircncia levar a crianccedila a uma concepccedilatildeo distorcida e parcial da natureza e das funccedilotildees da liacutengua escrita em nossa cultura

Tatildeo importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita eacute poder se engajar em praacuteticas sociais letradas respondendo aos inevitaacuteveis apelos de uma cultura grafocecircntrica Assim enquanto a alfabetizaccedilatildeo se ocupa da aquisiccedilatildeo da escrita por um indiviacuteduo ou grupo de indiviacuteduos o letramento focaliza os aspectos soacutecio-histoacutericos de seus usos em uma sociedade

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou simplesmente AVA ndash do inglecircs Virtual Learning Environment (VLE) ndash eacute uma expressatildeo usada para tratar de um ambiente digital integrado que possibilita a interaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo entre professores tutores e estudantes (e outros agentes da chamada Educaccedilatildeo a Distacircncia) Essas interaccedilotildees podem ser siacutencro-nas (aquelas em que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo dos diferentes agentes no mesmo instante) ou assiacutencronas (natildeo eacute necessaacuterio que os agentes estejam conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam execu-tadas) Em um AVA eacute possiacutevel disponibilizar materiais variados como viacutedeos planilhas questionaacuterios atividades avaliaccedilotildees aleacutem de dispo-nibilizar arquivos de textos foacuteruns chats Wiki e fornecer feedbacks agraves tarefas realizadas enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem Existem interfaces como o Moodle (httpmoodlecom) e o Edmodo (httpswwwedmodocom) que auxiliam na organizaccedilatildeo desses ma-

A

74

teriais pois satildeo softwares livres executados em um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa Nos AVA os alunos tecircm a oportunidade de estudar de se encontrar a qualquer hora interagindo com os conteuacutedos propostos pelos professores e mediados pelos tutores Os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem espaccedilos virtuais ideais para que os alunos possam se reunir compartilhar colaborar e aprender juntos Destaca-se ainda que no Brasil esses ambientes virtuais ou plataformas para educaccedilatildeo on-line ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem mas aleacutem desse receberam nomes e siglas diferentes em portuguecircs e em inglecircs tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments - IDLE) sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System - LMS) e espaccedilos virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces - VLE) Trata-se entatildeo de espaccedilos de aprendizagem em que os interlocutores do processo interagem construindo aprendizagens signi-ficativas e reunindo interfaces siacutencronas e assiacutencronas integradas Ou-tro exemplo de AVA eacute o Google Classroom uma plataforma LMS gratuita que tem como objetivo apoiar professores em sala de aula melhorando a qualidade do ensino A plataforma Google Classroom constitui um ser-viccedilo desenvolvido pela divisatildeo da Google for Education que permite ao professor criar turmas virtuais enviar mensagens disponibilizar ava-liaccedilotildees receber os trabalhos dos alunos otimizar a comunicaccedilatildeo entre professores e alunos postar atualizaccedilotildees das aulas e tarefas de casa adicionar ou remover alunos e enviar feedbacks dos trabalhos realiza-dos Aleacutem disso essa sala de aula virtual permite que o professor lance as notas das atividades concluiacutedas para que sejam visualizadas pelos estudantes A cada nova atividade inserida os estudantes recebem uma mensagem em seus e-mails O serviccedilo eacute integrado ao Google Drive fazen-do parte da suiacutete de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google Docs e Slide Para ter acesso ao serviccedilo do Google Classroom eacute preciso possuir uma conta de e-mail institucional de escola puacuteblica ou privada cadastrada no banco de dados da Google for Education A utilizaccedilatildeo dessas ferramentas corrobora para a autonomia e construccedilatildeo coletiva do conhecimento possibilitando a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos no processo educacional

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

ReferecircnciasBACICH L et al Ensino hiacutebrido Personalizaccedilatildeo e tecnologia na educaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2015

DAUDT Luciano 6 Ferramentas do Google Sala de Aula que vatildeo incrementar sua aula Florianoacutepolis Qinetwork 29 set 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwqinetworkcombr6-ferramentas-do-google-sala-de-aula-que-vao-incrementar-sua-aulagt Acesso em 15 jul 2020

A

75

PAIVA Vera Menezes de O Ambientes virtuais de aprendizagem implicaccedilotildees epistemoloacutegicas Educaccedilatildeo em Revista Belo Horizonte v 26 nordm 3 dez 2010

PEREIRA Ives da Silva Duque Uma experiecircncia de ensino hiacutebrido utilizando a plataforma Google Sala de Aula In SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA ENCONTRO DE PESQUISADORES DE EDUCACcedilAtildeO A DISTANCIA 2016 Satildeo Carlos (SP) Anais [] Satildeo Carlos (SP) 2016 p 1-6 Disponiacutevel em lthttpwwwsied-enped2016eadufscarbrojsindexphp2016articleview1005gt Acesso em 15 jul 2020

ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo analfabetismo se divide em duas vertentes o analfabetis-mo absoluto e o analfabetismo funcional No primeiro caso o sujeito natildeo teve nenhum ou teve pouco acesso agrave educaccedilatildeo No segundo caso o sujeito eacute capaz de identificar letras e nuacutemeros mas natildeo consegue interpretar textos e realizar operaccedilotildees matemaacuteticas mais complexas As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indiviacuteduo O conceito de analfabetismo funcional surgiu na deacutecada de 1930 nos Estados Unidos da Ameacuterica durante a Segunda Guerra Mundial Ele foi utilizado para indicar a capacidade de entendimento de instruccedilotildees escritas necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tarefas militares

O analfabetismo funcional natildeo deve ser tratado como um conceito universal pois varia no tempo e no espaccedilo e a proacutepria distinccedilatildeo entre paiacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento altera tal conceito Uma definiccedilatildeo adotada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatiacutestica (IBGE) e aceita pela Organizaccedilatildeo das Naccediloes Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) eacute a de que analfabetos fun-cionais satildeo pessoas agraves quais falta domiacutenio de habilidades em leitura escrita caacutelculos e ciecircncias correspondentes a uma escolaridade de ateacute trecircs anos completos do ensino fundamental No Brasil os ciclos do ensi-no fundamental e meacutedio satildeo formados por 11 anos de estudo completos e constituem a educaccedilatildeo baacutesica no paiacutes

A UNESCO define analfabetismo funcional como a situaccedilatildeo de ins-truccedilatildeo de algueacutem que assina o proacuteprio nome ou eacute capaz de fazer caacutel-culos simples e ler palavras e frases isoladas mas natildeo eacute capaz de inter-pretar o sentido dos textos natildeo eacute capaz de usar a leitura e a escrita para seu desenvolvimento pessoal nem para fazer frente agraves suas demandas sociais A ocorrecircncia de analfabetismo funcional em determinada po-pulaccedilatildeo costuma ser medida de duas formas principais uma indireta que considera analfabeto funcional os indiviacuteduos com 15 anos ou mais que natildeo concluiacuteram quatro anos de estudo completos e uma direta

A

76

mensurada por testes especiacuteficos para habilidades em leitura escrita e caacutelculos aritmeacuteticos em amostragens populacionais

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINDICADOR Nacional de Alfabetismo Funcional INAF 2011 principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-deresultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

APLICATIVO PARA A APRENDIZAGEM DE LIacuteNGUAS

Um aplicativo eacute um programa de computador (software) geralmen-te utilizado em dispositivos moacuteveis A ideia do que seria um aplicativo fortaleceu a partir da deacutecada de 1970 periacuteodo em que empresas priva-das movidas por interesses financeiros decidiram facilitar o alcance de cidadatildeos comuns aos computadores Interessava aos empreendedores da eacutepoca que as maacutequinas se popularizassem natildeo por mera generosi-dade ou responsabilidade social mas para que estimulasse o consumo A tecnologia foi se especializando a fim de atender a necessidades cole-tivas e individuais cada vez mais direcionadas Os dispositivos em que os primeiros aplicativos foram instalados se apresentavam como enor-mes caixas fixas e pesadas dentro das quais se escondia um emaranha-do de fios e conexotildees O alto preccedilo inviabilizava sua real democratiza-ccedilatildeo Nos anos 1990 graccedilas ao esforccedilo conjunto de pesquisadores aliado ao interesse monetaacuterio da induacutestria da Comunicaccedilatildeo concebeu-se o primeiro dispositivo moacutevel capaz de abrigar um aplicativo era o IBM Simon pioneiro dos atuais smartphones Atualmente os telefones inteli-gentes satildeo capazes de hospedar uma gama de aplicativos ou apps como satildeo popularmente conhecidos Alguns dos mais famosos satildeo o Uber (destinado agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo de transporte veicular temporaacuterio) o Spotify (voltado para o entretenimento musical e a difusatildeo de podcasts) o aiqfome (em que se encomendam alimentos prontos) e o WhatsApp (in-tercambiador de mensagens multimodais) Muitos satildeo disponibiliza-dos gratuitamente para download em plataformas como a Google Play Store Os aplicativos geram renda para seus desenvolvedores a partir de anuacutencios comerciais que satildeo exibidos aos usuaacuterios durante sua uti-lizaccedilatildeo Em 2020 forccedilados pela pandemia de Covid-19 os aplicativos moacuteveis passaram a ser amplamente empregados na educaccedilatildeo remota estabelecendo pontes entre docentes e discentes devido agrave necessidade

A

77

de distanciamento social Por demonstrarem potencial enquanto ferra-mentas utilizaacuteveis no ensino hiacutebrido os aplicativos destinados ao ensino e agrave aprendizagem de liacutenguas estrangeiras vecircm ganhando destaque nos uacuteltimos anos Trabalham as quatro habilidades baacutesicas audiccedilatildeo fala lei-tura e escrita Entre os mais proeminentes destacam-se o Hello Talk o Rosetta Stone e o Duolingo Este uacuteltimo jaacute conta com mais de trezentos milhotildees de usuaacuterios em todo o mundo O resultado do seu teste de pro-ficiecircncia jaacute eacute aceito em instituiccedilotildees renomadas como a Harvard Extension School Os aplicativos (ou simplesmente apps) estatildeo enfim definitiva-mente incorporados ao quotidiano das sociedades modernas

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFRAGA Nayara Como o Duolingo chegou a 300 milhotildees de downloads sem propaganda nenhuma Eacutepoca Negoacutecios 2018 Disponiacutevel em lthttpsepocanegociosglobocomTecnologianoticia201810como-o-duolingo-chegou-300-milhoes-de-downloads-sempropaganda-nenhumahtmlgt Acesso em 2 jul 2020

MAGGI Lecticia Vocecirc sabia Harvard Extension School aceita teste de inglecircs do Duolingo ESTUDARFORAORG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwestudarforaorgbrteste-deingles-de-us-20-a-harvard-extension-school-aceitagt Acesso em 2 jul 2020

PRIMEIRO smartphone completa 20 anos BBC News Brasil 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwbbccomportuguesenoticias201408140815_smartphone_vinte_anos_rbgt Acesso em 1 jul 2020

VOLTOLINI Ramon Conheccedila o primeiro smartphone da Histoacuteria Tecmundo 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrcelular59888-conheca-primeiro-smartphone-historia-galeriashtmgt Acesso em 2 jul de 2020

WAZLAWICK Raul Sidnei Histoacuteria da computaccedilatildeo Rio de Janeiro Elsevier 2016

APRENDIZAGEM BASEADA EM INVESTIGACcedilAtildeO (Inquiry-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Investigaccedilatildeo (ABI) eacute uma metodolo-gia que se pauta no estiacutemulo do desenvolvimento da autonomia dos alunos levando-os agrave produccedilatildeo dos proacuteprios meacutetodos investigativos Vejamos uma ilustraccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dessa metodologia de ensino e aprendizagem o professor propotildee um questionamento inicial e os alu-nos individualmente ou em grupo desenvolvem suas anaacutelises a res-peito do problema apresentado Com isso a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo (ou inqueacuterito) despertou a caracteriacutestica latente que consti-tui o ser humano em descobrir o mundo a partir de sua curiosidade A aprendizagem por investigaccedilatildeo apresenta semelhanccedilas com a investi-gaccedilatildeo cientiacutefica envolve a pesquisa anaacutelise siacutentese avaliaccedilatildeo e genera-lizaccedilatildeo de dados de preferecircncia num processo colaborativo visando a

A

78

caracterizaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de uma situaccedilatildeo-problema concreta Dentro dessa perspectiva haacute o desdobramento das metodologias de inqueacuteri-to atraveacutes das estrateacutegias de aprendizagem por descoberta o inqueacuterito indutivo a instruccedilatildeo ancorada o estudo de caso e a Aprendizagem Ba-seada em Problemas ou Projetos (ABP) As fases e subfases encontradas na ABI referem-se agrave orientaccedilatildeo contextualizaccedilatildeo investigaccedilatildeo discus-satildeo e conclusatildeo com atividades mais especiacuteficas sendo desenvolvidas em cada uma destas etapas Os princiacutepios-chave dessa metodologia compreendem que todas as atividades de aprendizagem enfatizam as habilidades de processamento de informaccedilatildeo (observaccedilatildeo-siacutentese) tendo como objetivo a apreensatildeo de conteuacutedo definido a partir de um contexto conceitual amplo Nesse processo de aprendizagem o profes-sor recurso e tecnologia satildeo vistos como elementos sistecircmicos usados como suporte para a aprendizagem O professor tambeacutem eacute visto como facilitador pautando seu trabalho a partir dessa abordagem e buscando compreender melhor o contexto de aprendizagem do seu aluno Em se tratando de metodologias ativas encontram-se discutidas em biblio-grafia especiacutefica duas perspectivas bastante divulgadas o Ensino por Investigaccedilatildeo tambeacutem denominado inquiry na bibliografia internacional utilizada na educaccedilatildeo cientiacutefica e a Aprendizagem Baseada em Proble-mas tambeacutem conhecida como Problem-Based Learning (PBL) utilizada principalmente em cursos de graduaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede A Apren-dizagem Baseada em Investigaccedilatildeo se destaca por resultados positivos em diferentes pesquisas da aacuterea Haacute diferentes abordagens dentro da ABI algumas se pautam no desenvolvimento do pensamento cientiacutefico ldquoInvestigaccedilatildeo Cientiacutefica Autecircnticardquo ldquoInvestigaccedilatildeo Guiada ou Mediadardquo na qual o docente acompanha as fases que constituem a investigaccedilatildeo para aleacutem do ensino dos conteuacutedos no intuito de desenvolver o pen-samento cientiacutefico Nessa abordagem os estudantes satildeo envolvidos em atividades investigativas por meio da apresentaccedilatildeo de situaccedilotildees-pro-blema em que devem aplicar os procedimentos cientiacuteficos que levem a conclusotildees suportadas por argumentos fundamentados Estimula-se que os alunos criem perguntas pesquisem informaccedilotildees estruturem e conduzam a investigaccedilatildeo analisem os dados elaborarem conclusotildees e comuniquem os resultados No entanto eacute importante que o estudante se mantenha em estado reflexivo para que compreenda a natureza do trabalho cientiacutefico em que estaacute envolvido A alternacircncia entre o fazer e o refletir eacute que proporciona aos estudantes as habilidades de investiga-ccedilatildeo bem como um melhor entendimento sobre o que estaacute desenvolven-do Em outras palavras o intuito eacute que os estudantes aprendam a fazer a investigaccedilatildeo bem como aprendam sobre a investigaccedilatildeo

Luanna Amorim Vieira da Silva

A

79

ReferecircnciasVIEIRA Fabiana Andrade da Costa Ensino por Investigaccedilatildeo e Aprendizagem Significativa Criacutetica anaacutelise fenomenoloacutegica do potencial de uma proposta de ensino Orientador Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani 2012 149 f Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) - Faculdade de Ciecircncias Universidade Estadual Paulista - UNESP Bauru 2012 Disponiacutevel em lthttpsrepositoriounespbrbitstreamhandle11449102039vieira_fac_dr_baurupdfsequence=1ampisAllowed=ygt Acesso em 25 nov 2020

PBWORKS Aprendizagem baseada em Inqueacuterito (Inquiry Based Learning) Disponiacutevel em lthttptictrabalhodeprojectopbworkscomwpage40204926Aprendizagem20baseada20em20InquC3A9rito2028Inquiry20Based20Learning29gt Acesso em 25 nov 2020

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS(Project-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se fundamenta nas concepccedilotildees sobre ensino e aprendizagem difundidas pelo filoacutesofo e educador John Dewey (1859-1952) As discussotildees em torno desse mo-delo de aprendizagem emergiram em concomitacircncia com outros aspec-tos que compotildeem as alternativas metodoloacutegicas das chamadas meto-dologias ativas descritas como o Ensino sob Medida ou Just-in-Time Teaching a Instruccedilatildeo pelos Colegas ou Peer Instruction a Aprendizagem Baseada em Equipes ou Team-Based Learning e a Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project-Based Learning propriamente dita Essas alterna-tivas surgem de forma a atender as exigecircncias ocasionadas pelas dinacirc-micas de transformaccedilotildees caracteriacutesticas de uma sociedade tecnoloacutegica Nesse sentido modificam percepccedilotildees sobre os elementos que consti-tuem o ensino e que produzem ajustes na forma de abordar as concep-ccedilotildees sobre aprendizagem e o engajamento e a proatividade do aluno se tornam aspectos preponderantes no processo de aprendizagem no acircmbito da ABP Essa metodologia eacute caracterizada por centralizar em sua execuccedilatildeo o aspecto colaborativo em articulaccedilatildeo com interdiscipli-naridade ao gerir e produzir conteuacutedos e assim articulaacute-los de forma a promover a resoluccedilatildeo ou concretizaccedilatildeo de algo Assim a ldquoinstruccedilatildeordquo natildeo deveria preceder o projeto mas estar integrada a ele e partir dessa integralidade para prover mobilidade interatividade dinacircmica diaacutelo-go conexotildees em correspondecircncia entre os colaboradores do processo dar visibilidade agrave sincronia das aprendizagens dos alunos valorizando e viabilizando os processos interativos Poderia tambeacutem dar maior cen-tralidade a esse processo por voltar-se agrave maneira como o aluno percebe a sua aprendizagem ao assumir-se ativamente em cada etapa A ava-liaccedilatildeo eacute vista atraveacutes da articulaccedilatildeo entre distintas dinacircmicas do pro-cesso participaccedilatildeo e efetividade do aluno nas diferentes possibilidades

A

80

de aprender e atender as demandas do seu cotidiano Atenta-se para as distintas abordagens da ABP ambas as perspectivas de aprendizagens possuem problemas a serem resolvidos mas uma eacute baseada em projetos ou seja haacute um processo a ser planejado para se atingir determinado fim a partir de etapas que constitui a metodologia de trabalho escolhida dentre esses aspectos e que culmina com um produto Jaacute na aprendiza-gem baseada em problemas a centralidade estaacute em resolver investigar problematizar colaborativamente a resoluccedilatildeo de uma questatildeo natildeo haacute obrigatoriedade de culminar num produto

Luanna Amorim Vieira da Silva

ReferecircnciasMASSON Terezinha Jocelen et al Metodologia de ensino aprendizagem baseada em projetos (pbl) XL CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCACcedilAtildeO EM ENGENHARIA (COBENGE) Anais Beleacutem PA 2012

SANTORO Flaacutevia Maria et al Modelo de cooperaccedilatildeo para aprendizagem baseada em projetos uma linguagem de padrotildees THE FIRST LATIN AMERICAN CONFERENCE ON PATTERN LANGUAGES OF PROGRAMMING (SUGARLOAF PLOP) Rio de Janeiro 2001

AUTOR-PESSOA E AUTOR-CRIADOR

Autor-pessoa e autor-criador satildeo dois conceitos apresentados pelo pensador russo Mikhail Bakhtin no texto O autor e a personagem na ativi-dade esteacutetica (1921-1922) Segundo o teoacuterico o autor-pessoa eacute o escritor a pessoa fiacutesica um componente da vida e natildeo estaacute relacionado ao prin-ciacutepio criador existente na relaccedilatildeo autor-personagem jaacute o autor-criador eacute compreendido como a funccedilatildeo esteacutetico-formal engendradora da obra um constituinte do objeto esteacutetico O autor-criador tem como caracte-riacutestica central a capacidade de materializar certa relaccedilatildeo axioloacutegica com o heroacutei e seu mundo Eacute por meio dessa funccedilatildeo autor-criador do posi-cionamento axioloacutegico que o social o histoacuterico e o cultural se tornam elementos imanentes do objeto esteacutetico O autor-criador daacute forma a um conteuacutedo faz um recorte de alguns aspectos do plano da vida e os or-ganiza de um modo novo esteticamente Essa transposiccedilatildeo do plano da vida para o plano esteacutetico (arte) ocorre por meio de um vieacutes valorativo consubstanciado no autor-criador que eacute uma posiccedilatildeo refratada e ao mesmo tempo refratante Refratada porque trata de uma posiccedilatildeo axio-loacutegica recortada pelo vieacutes valorativo do autor-pessoa e refratante pois eacute a partir dela que se recorta e reordena esteticamente os eventos da vida

Ana Claacuteudia Rola Santos

C

81

ReferecircnciasA CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

FARACO C A Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje v 46 n 1 p 21-26 20 jul 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

CIacuteRCULO DE BAKHTIN

Grupo de intelectuais russos de formaccedilatildeo literaacuteria filosoacutefica cientiacute-fica eou artiacutestica a maioria professores que apoacutes Revoluccedilatildeo Russa em 1918 reuniram-se na cidade de Nieacutevel e posteriormente de 1924 a 1929 em Vitesbk e Leningrado para atraveacutes do diaacutelogo entre as diferentes aacutereas do conhecimento construiacuterem uma linha de pensamento com base em um posicionamento soacutelido diante da linguagem e da vida Esses intelectuais apesar de discordarem em vaacuterios aspectos tinham em co-mum a concepccedilatildeo de linguagem fundamentada na interaccedilatildeo verbal no enunciado concreto no signo ideoloacutegico e no dialogismo considerando que a base de sustentaccedilatildeo da discussatildeo da linguagem verbal da litera-tura seja a mesma de outras linguagens Embora os textos produzidos pelo Ciacuterculo fossem assinados essa produccedilatildeo provocou uma questatildeo de autoria uma vez que toda discussatildeo proposta pelo grupo baseava-se no diaacutelogo no sentido bakhtiniano da palavra no qual as ideias circulam entre os atores do discurso O produto final eacute portanto advindo desse pensamento comunitaacuterio Haacute escritos construiacutedos a mais de duas matildeos sob pseudocircnimos e trocas de identidades que era tambeacutem uma forma de resistecircncia ao stalinismo totalitarista Um exemplo dessa questatildeo eacute a produccedilatildeo de Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) Valentin Volochinov (1895 ndash 1936) e Pavel Medieacutedev (1891 ndash 1938) que em um primeiro momen-to foi atribuiacuteda a Bakhtin Posteriormente houve um movimento para determinar a autoria de Volochinov e Medieacutedev e hoje jaacute eacute possiacutevel distinguir esses autores e seus respectivos textos Esses textos comeccedila-ram a ser lidos e discutidos mais fortemente no Brasil no final dos anos 1980 e iniacutecio dos anos 1990 A primeira obra traduzida para o portuguecircs foi Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1979 pela editora Hucitec a partir de uma ediccedilatildeo francesa A autoria eacute atribuiacuteda a Bakhtin e entre parecircnteses estaacute escrito Volochinov dando a entender tratar-se da mes-ma pessoa Em 2017 surge a primeira ediccedilatildeo de Marxismo e Filosofia da Linguagem Editora 34 feita diretamente do russo Na capa a autoria eacute

C

82

atribuiacuteda a Valentin Volochinov e entre parecircnteses estaacute escrito Ciacuterculo de Bakhtin o que jaacute situa a autoria no contexto do Ciacuterculo

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasBRAIT Beth Dialogismo e Polifonia em Mikhail Bakhtin e o Ciacuterculo (dez obrasfundamentais) Disponiacutevel em lthttpsfflchuspbrsitesfflchuspbrfiles2017-Bakhtinpdfgt Acesso em 17 jun 2020

BRAIT Beth GRILLO Sheylla A Atualidade de Bakhtin um pensador sobre a humanidade em transformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsaovivoabralinorglivesbeth-braitgt Acesso em 1 jul 2020

CONTEXTO

Do latim contextus contexto eacute uma palavra que pode ser definida como uma situaccedilatildeo ou ambiente fiacutesico em que um conjunto de circuns-tacircncias nas quais se produz a mensagem que se deseja emitir ndash lugar e tempo emissor e receptor etc ndash permite sua compreensatildeo mais ade-quada e mais correta No caso de um texto o contexto eacute essencial para uma leitura mais eficaz aproximando o interlocutorleitor do sentido que o locutorescritor quis imprimir a esse texto Sendo assim para entender determinadas situaccedilotildees ou mensagens a serem transmitidas eacute necessaacuterio que haja a uniatildeo entre o texto e o contexto que colocados em adjacecircncia servem para lembrar que satildeo aspectos do mesmo processo Metaforicamente pode-se pensar que haacute um texto e um outro texto que o acompanha e que se denomina contexto O que estaacute dentro da ideia lsquocom o textorsquo estaacute na verdade aleacutem do texto em uma situaccedilatildeo discursi-va A esse contexto denomina-se de contexto de situaccedilatildeo Eacute a situaccedilatildeo de uso da linguagem o ambiente do texto O contexto situacional eacute for-mado por informaccedilotildees que estatildeo fora do texto sejam elas histoacutericas ge-ograacuteficas socioloacutegicas ou literaacuterias Portanto os elementos linguiacutesticos escolhidos por um produtor de texto assim como as informaccedilotildees por ele selecionadas e o modo como ele as organiza depende das condiccedilotildees de produccedilatildeo O contexto contribui de forma significativa na construccedilatildeo da leitura de mundo de todo indiviacuteduo assim como afirma o educador Paulo Freire (1989) a interaccedilatildeo do sujeito com o seu contexto iraacute possi-bilitar a construccedilatildeo de leituras diversificadas do proacuteprio mundo e de qualquer texto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

ReferecircnciasFREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler em trecircs artigos que se completam Satildeo Paulo Autores Associados Cortez 1989

C

83

HALLIDAY MAK HASAN R Language context and text aspects of language in a social-semiotic perspective New York Oxford Press 1989

TRAVAGLIA Luiz Carlos Gramaacutetica e interaccedilatildeo uma proposta para o ensino da gramaacutetica no 1ordm e 2ordm graus 8 ed Satildeo Paulo Cortez 2002

CROSSMIacuteDIA

A palavra crossmiacutedia estaacute originalmente relacionada agrave publicidade As agecircncias de publicidade e propaganda investem na produccedilatildeo de um conteuacutedo que eacute distribuiacutedo por diferentes plataformas midiaacuteticas Tem--se assim uma mesma mensagem com o mesmo conceito mas com um formato especiacutefico para o meio no qual deveraacute circular A taacutetica eacute a dis-tribuiccedilatildeo do mesmo conteuacutedo em diversas miacutedias O objetivo eacute atingir o maior nuacutemero de pessoas atraveacutes de canais diferentes

Glaacuteucio Antocircnio Santos

ReferecircnciasLOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Convergecircncia de miacutedias e jornalismo In TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Accedilatildeo Pesquisa e Reflexatildeo sobre a docecircncia na formaccedilatildeo do jornalista em tempos de convergecircncia das miacutedias digitais Dissertaccedilatildeo (Mestre em Educaccedilatildeo) - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais Belo Horizonte 2007 p 255 Disponiacutevel em lthttpswwwacademiaedu2084363ConvergC3AAncia_de_mC3ADdias_e_jornalismogt Acesso em 19 jul 2020

CULTURAS HIacuteBRIDAS E HIBRIDISMO CULTURAL

Chamamos de culturas hiacutebridas o rompimento de barreiras que se-param estruturas socioculturais diferentes diminuindo as fronteiras entre o que eacute considerado culto ou erudito e o que eacute considerado po-pular ou de massa A expressatildeo ldquoculturas hiacutebridasrdquo ganha notoriedade no acircmbito acadecircmico a partir de publicaccedilotildees do antropoacutelogo Neacutestor Garciacutea Canclini O antropoacutelogo chama de hibridismo cultural o pro-cesso em que duas ou mais culturas distintas se mesclam abrangendo tambeacutem os aspectos econocircmicos e poliacuteticos Como exemplo podemos citar a proacutepria constituiccedilatildeo do povo brasileiro a partir de colonizadores europeus (principalmente os portugueses) os indiacutegenas que aqui vi-

C D

84

viam e os africanos trazidos para caacute e escravizados Somam-se a esses trecircs grupos a imigraccedilatildeo de asiaacuteticos (japoneses chineses) libaneses turcos siacuterios e outros grupos que para caacute vieram ao longo da histoacuteria Eacute importante lembrar que em muitos casos certos grupos natildeo aceitam ou natildeo querem a hibridaccedilatildeo cultural permanecendo cada um em suas respectivas ldquobolhasrdquo Podemos observar essa questatildeo tambeacutem numa perspectiva microssocial em que o tradicional se mistura ao moderno e o culto ao popular Pensemos por exemplo na apropriaccedilatildeo de uma obra de arte renascentista como a pintura La Gioconda retrato da Mona Lisa e sua apropriaccedilatildeo pela publicidade ou por uma histoacuteria em quadrinhos O avanccedilo das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) tem proporcionado essa hibridaccedilatildeo entre objetos culturais distintos de-vido ao desenvolvimento de softwares e aplicativos que permitem remi-xagens de obras distintas e de campos diferentes

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasCANCLINI Neacutestor Garciacutea Culturas hiacutebridas estrateacutegias para entrar e sair da modernidade Satildeo Paulo EDUSP 2007

DIALOGISMO

Conceito desenvolvido por Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) no ensaio publicado em 1963 intitulado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a par-tir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacute-vski (1821-1881) Bakhtin parte do princiacutepio de que a linguagem eacute uma realidade muacuteltipla e heterogecircnea e a verdadeira substacircncia da liacutengua eacute constituiacuteda nas interaccedilotildees verbais via enunciaccedilatildeo ou enunciaccedilotildees Dessa forma o discurso (liacutengua concreta viva) eacute construiacutedo a partir do discurso do outro e o sujeito eacute construiacutedo pelo outro por meio da linguagem Nessa perspectiva o sujeito tem um projeto de fala que natildeo depende soacute da sua intenccedilatildeo depende do outro com quem se fala do ou-tro ideoloacutegico forjado por outros discursos do contexto Sendo assim o dialogismo eacute caracteriacutestica essencial da linguagem eacute a condiccedilatildeo do sen-tido do discurso compreende a palavra em constante movimento e as relaccedilotildees dialoacutegicas como relaccedilotildees semacircnticas em toda a espeacutecie de diaacute-logo Em qualquer momento do desenvolvimento do diaacutelogo sentidos esquecidos poderatildeo vir agrave tona seratildeo ressignificados e sob uma forma renovada surgiratildeo em outro contexto Contrapondo-se ao discurso mo-noloacutegico o diaacutelogo bakhtiniano eacute accedilatildeo entre interlocutores natildeo sendo mensurado pelo nuacutemero de falantes ouvintes ou observadores Nessa accedilatildeo coexistem convergecircncias e divergecircncias advindas do tempo pas-

D E

85

sado e futuro dos grupos sociais das tendecircncias etc O dialogismo eacute portanto interaccedilatildeo social natildeo soacute a partir do diaacutelogo face a face mas principalmente entre discursos de quaisquer naturezas desde as rela-ccedilotildees dialoacutegicas cotidianas ateacute o texto literaacuterio

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasFIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

A CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

DISPOSITIVOS MOacuteVEIS DE COMUNICACcedilAtildeO

Dispositivos moacuteveis satildeo tecnologias digitais que permitem a mo-bilidade e o acesso agrave internet Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo fo-ram desenvolvidas teacutecnicas para resolver problemas Essas tecnologias sejam analoacutegicas ou digitais sempre estiveram presentes em nossa sociedade inclusive no acircmbito educacional Ao longo do tempo vecircm sofrendo constantes modificaccedilotildees em detrimento das necessidades hu-manas Isto faz com que a tecnologia se torne na modernidade um recurso indispensaacutevel tanto agrave vida cotidiana como para o setor educa-cional Aparelhos de GPS (de Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global) laptops smartphones tablets satildeo exemplos des-ses equipamentos facilitadores do cotidiano Geralmente eles apresen-tam espessura fina tamanho pequeno faacutecil manuseio para atender agrave funcionalidade praacutetica O uso significativo de dispositivos moacuteveis de tecnologia promove experiecircncias enriquecedoras para a Educaccedilatildeo Na sala de aula esses aparelhos satildeo recursos que somados agraves praacuteticas e metodologias significativas atendem agraves necessidades educacionais

Sabrina Ribeiro

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Moderna 2020

ECOSSISTEMA DIGITAL

O termo ecossistema tem origem nas aacutereas da ecologia e biologia sendo definido como um grupo de elementos interconectados formado pela interaccedilatildeo de uma comunidade de organismos com o seu ambiente

E

86

Baseado nessa descriccedilatildeo o ecossistema digital trata de uma integraccedilatildeo de soluccedilotildees de software ou soluccedilotildees tecnoloacutegicas funcionando no mes-mo ambiente ou plataforma A expressatildeo ecossistema digital eacute muito abrangente pois as soluccedilotildees que compotildeem o ecossistema podem abar-car tanto hardwares (componentes fiacutesicos) quanto softwares (sistemas) e tambeacutem usuaacuterios No contexto abordado no livro Letramentos miacutedias linguagens de Rojo e Moura (2019) o ecossistema digital engloba os softwares utilizados para manipulaccedilatildeo de fotos tradicionais e criaccedilatildeo de fotografias digitais inseridos em uma plataforma de sistema operacio-nal Os produtos dos diversos atores envolvidos nos processos de cria-ccedilatildeo de imagens e fotografias podem ser distribuiacutedos entre pessoas e nas redes sociais que tambeacutem fazem parte do ecossistema Nos ecossiste-mas diferentes tipos de usuaacuterios se conectam e interagem utilizando re-cursos disponibilizados pela plataforma Em vez de seguir numa linha reta ndash dos produtores para os consumidores ndash o valor pode ser criado modificado trocado e consumido de diversas formas e em diversos lu-gares graccedilas agraves conexotildees facilitadas pela plataforma

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

ReferecircnciasBITTARELLO Kamila Entenda o que eacute ecossistema digital ou ecossistema de software Blog do Sienge 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwsiengecombrblogecossistema-digitalgt Acesso em 4 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA (EAD)

A expressatildeo Educaccedilatildeo a Distacircncia (EAD) designa alguns modelos de ensino em que professores e alunos natildeo se encontram num mesmo espaccedilo e ao mesmo tempo para as aulas Muitos satildeo os modelos do que se pode chamar de educaccedilatildeo a distacircncia ou ensino a distacircncia Pode-mos iniciar fazendo uma distinccedilatildeo entre essas duas expressotildees O que distingue e diferencia ldquoeducaccedilatildeordquo e ldquoensinordquo A principal diferenccedila entre os dois substantivos que designam processos estaacute relacionada agrave abrangecircncia dos termos Enquanto ldquoensinordquo tem um caraacuteter mais es-peciacutefico pressupondo certas accedilotildees que geralmente partem dos sujei-tos ldquoensinantesrdquo (os professores) com o objetivo de transmitir conhe-cimentos para os chamados ldquoaprendentesrdquo a ldquoeducaccedilatildeordquo por sua vez eacute um processo mais amplo que concebe a ensinantes e a aprendentes em constante interaccedilatildeo de modo que o conhecimento vai sendo construiacutedo de maneira conjunta entre esses sujeitos Derivam daiacute distinccedilotildees como

E

87

ldquotransmissatildeordquo e ldquoconstruccedilatildeo de conhecimentosrdquo bem como a distinccedilatildeo entre informaccedilatildeo e conhecimento Dentre os modelos de educaccedilatildeo a distacircncia com o tempo e por forccedila de uso o acento grave indicativo de uma crase entre preposiccedilatildeo e artigo acabou sendo abolido Temos tanto formas bem antigas como os cursos por correspondecircncia ateacute modelos bem contemporacircneos com o uso de plataformas digitais pensadas es-pecificamente para servir como ambientes virtuais de aprendizagem com um conjunto de ferramentas agrave disposiccedilatildeo de professores alunos designers instrucionais e tutores Em muitos modelos a educaccedilatildeo a dis-tacircncia conta com certos atores natildeo tatildeo comuns na educaccedilatildeo presencial como os tutores ndash presenciais e a distacircncia que auxiliam na mediaccedilatildeo entre professores e alunos os designers instrucionais profissionais que geralmente contribuem com os professores do ponto de vista teacutecnico e esteacutetico para construccedilatildeo das plataformas educacionais A esse mo-delo de educaccedilatildeo em que vaacuterios sujeitos com atribuiccedilotildees diferentes atuam no ensino denominou-se ldquopolidocecircnciardquo Dentre as ferramentas disponibilizadas pelos mais conhecidos ambientes virtuais de aprendi-zagem identifica-se uma primeira distinccedilatildeo entre conteuacutedo e ativida-de Como conteuacutedo podemos elencar textos digitais (artigos ou livros disponiacuteveis na internet escaneados ou produzidos especificamente para a disciplina) viacutedeos (videoaulas gravadas viacutedeos disponiacuteveis na internet ou produzidos especialmente para a disciplina) podcasts graacutefi-cos infograacuteficos modelos de sequecircncias didaacuteticas links para portais e paacuteginas da internet dentre tantos outros materiais especiacuteficos das dife-rentes disciplinas Como atividades temos algumas jaacute previstas nesses ambientes como foacuteruns de discussatildeo chats questionaacuterios pesquisas glossaacuterios wikis tarefas diversas dentre tantas outras A educaccedilatildeo a distacircncia pressupotildee uma forma de ensino e aprendizagem concebida para ser oferecida em espaccedilos e tempos flexiacuteveis que permite ao estu-dante a possibilidade de acessar o ambiente virtual de aprendizagem do lugar em que ele dispuser de equipamento tecnoloacutegico e no seu tem-po disponiacutevel conforme suas atividades cotidianas Esse modelo natildeo dispensa a possibilidade de exigecircncia de que em determinados dias e horaacuterios programados possam ser previstas atividades siacutencronas e em espaccedilos especiacuteficos para isso como os chamados polos de apoio presen-cial locais em que tambeacutem costumam dar plantotildees os chamados tuto-res presenciais Os chamados tutores a distacircncia geralmente datildeo seus plantotildees de suas casas ou da unidade de ensino agrave qual estatildeo vinculados Um ponto muito importante a se considerar quando se pensa em EAD eacute a questatildeo do planejamento Neste modelo parte-se de um pacto estabe-lecido entre professores e alunos de que as principais formas de intera-ccedilatildeo aconteceratildeo de maneira natildeo presencial e atualmente na chamada

E

88

terceira geraccedilatildeo da EAD (a primeira eacute a do ensino por correspondecircncia e a segunda do uso das chamadas miacutedias analoacutegicas como o raacutedio e a televisatildeo) esta interaccedilatildeo eacute mediada pelas chamadas tecnologias di-gitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) ou tecnologias digitais de informaccedilatildeo (TIC) ou simplesmente ldquonovas tecnologiasrdquo Nossa opccedilatildeo eacute pela expressatildeo tecnologias digitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo por consideraacute-la mais adequada (a palavra ldquonovardquo tem uma carga muito grande de relativismo) e completa (haja vista que pressupotildee informa-ccedilatildeo e comunicaccedilatildeo)

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasMILL Daniel RIBEIRO Luis Roberto de Camargo OLIVEIRA Marcia Rozenfeld Gomes (org) Polidocecircncia na educaccedilatildeo a distacircncia muacuteltiplos enfoques 2 ed Satildeo Paulo Edufscar 2014 200 p

EDUCACcedilAtildeO MISTA SEMIPRESENCIAL OU HIacuteBRIDA (blended learning)

Aleacutem do modelo de educaccedilatildeo natildeo presencial conhecido pela sigla EAD tem-se constituiacutedo e firmado um modelo misto chamado de semi-presencial ou hiacutebrido que parece ser de acordo com os estudiosos do assunto um modelo dialeacutetico que consegue reunir o melhor dos dois modelos polarizados A educaccedilatildeo hiacutebrida parte de princiacutepios como aprendemos em espaccedilos formais e natildeo formais aprendemos (e ensi-namos) de diferentes formas e podemos usar metodologias digitais e analoacutegicas (mais antigas e mais tradicionais por assim dizer) Nesse contexto os modelos de ensino que seguem o padratildeo do blended learning apresenta quatro tipos estruturantes a) O modelo rotacional baseado na criaccedilatildeo pelo professor de diferentes espaccedilos de ensino e aprendiza-gem dentro ou fora da sala de aula para que os alunos revezem entre diferentes atividades conforme as orientaccedilotildees do docente Nesse mode-lo haacute as seguintes propostas i) rotaccedilatildeo por estaccedilotildees (os alunos realizam diferentes atividades em estaccedilotildees e no espaccedilo da sala de aula) ii) labo-ratoacuterio rotacional (os alunos usam o espaccedilo da sala de aula e laboratoacute-rios) iii) sala de aula invertida (a teoria eacute estudada em casa no formato on-line e o espaccedilo da sala de aula eacute utilizado para discussotildees resolu-ccedilatildeo de atividades entre outras propostas) e iv) rotaccedilatildeo individual (cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados) b) o modelo flex baseado na experiecircncia de aprendizagem por meio de atividades on-line na qual o ritmo do aluno eacute personalizado e o docente fica agrave disposiccedilatildeo para

E

89

esclarecimento de duacutevidas c) o modelo a la carte baseado na respon-sabilidade do aluno pela organizaccedilatildeo de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos organizados em parceria com o docente personalizando a aprendizagem que pode ocorrer no momen-to e local mais adequados e d) o modelo virtual aprimorado baseado na experiecircncia realizada por toda a escola em que em cada curso os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem on-line e a presencial

Heacutercules Tolecircdo Correcirca e Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBACICH Lilian MORAN Joseacute Aprender e ensinar com foco na educaccedilatildeo hiacutebrida Paacutetio n 25 junho 2015 p 45-47 Disponiacutevel em lthttpwwwgrupoacombrrevista-patioartigo11551aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibridaaspxgt Acesso em 27 jun 2020

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B JOHNSON Curtis W Inovaccedilatildeo na Sala de Aula Como a Inovaccedilatildeo Disruptiva Muda a Forma de Aprender Traduccedilatildeo Rodrigo Sardenberg 1 ed Satildeo Paulo Bookman 2011 262 p

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B STAKER Heather Ensino Hiacutebrido uma Inovaccedilatildeo Disruptiva Uma introduccedilatildeo agrave teoria dos hiacutebridos Boston Clayton Christensen Institute 21 maio 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwchristenseninstituteorgpublicationsensino-hibrido_sf_s=ensino+hC3ADbridogt Acesso em 3 ago 2020

ELETRONIC-LEARNING OU E-LEARNING

Trata-se de uma das modalidades ou uma das geraccedilotildees da Educaccedilatildeo a Distacircncia A e-learning centra-se principalmente na mediaccedilatildeo tecno-loacutegica inicialmente realizada por meio de disquetes CD CD-ROM e pendrive (principais modos de armazenamento e transferecircncia de da-dos) Com o desenvolvimento e popularizaccedilatildeo da internet a e-learning tem nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) plataformas de ensino ou LMS (learning management system) como o Moodle o TelEduc o Canvas dentre outros o seu principal suporte Haacute quem aponte dife-renccedilas entre LMS e AVA afirmando que este eacute mais usado no meio edu-cacional enquanto aquele eacute mais utilizado pelas empresas No primeiro modelo a e-learning era considerada ldquosem gerenciamento do aprendiza-dordquo pela dificuldade de interaccedilatildeo entre ldquoensinantesrdquo e ldquoaprendentesrdquo No modelo com AVA passa a ser ldquocom gerenciamento do aprendizadordquo

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL OU ENSINO ON-LINE

O ensino remoto tem sua vertente analoacutegica por meio de material impresso normalmente caderno de atividades produzido por profes-

E

90

sores e distribuiacutedos aos alunos Os modos de diagramaccedilatildeo e impres-satildeo vatildeo desde processos mais simples como reprografias ateacute materiais mais sofisticados com projetos graacuteficos mais arrojados com suporte de profissionais da aacuterea de comunicaccedilatildeo visual e design graacutefico Outra ver-tente do ensino remoto emergencial eacute aquela mediada pela tecnologia com aulas on-line siacutencronas eou assiacutencronas (gravadas e disponibiliza-das aos alunos) Satildeo realizadas em forma de aulas (com preleccedilotildees expo-siccedilotildees e exibiccedilotildees de material audiovisual tais como slides e animaccedilotildees) ou em forma de reuniotildees virtuais usando diversos tipos de ferramen-tas tecnoloacutegicas algumas pagas e outras gratuitas (Google Meet Zoom Jitsi Skype dentre outras) Especialistas em educaccedilatildeo e tecnologia enfa-tizam que natildeo se deve confundir ensino remoto emergencial com Edu-caccedilatildeo a Distacircncia uma vez que a EAD tem caracteriacutesticas especiacuteficas que natildeo estatildeo presentes no ensino remoto (emergencial ou natildeo) como o planejamento preacutevio de todas as etapas e a presenccedila da tutoria Esta modalidade de educaccedilatildeoensino foi a soluccedilatildeo encontrada por grande parte das instituiccedilotildees de ensino em todos os niacuteveis devido agrave pandemia de COVID-19 no ano de 2020 que levou agraves pessoas ao chamado ldquodistan-ciamento socialrdquo por recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ESCRITA COLABORATIVA

A escrita colaborativa consiste na produccedilatildeo de textos de modo coleti-vo ou em grupos Ela se materializa pela atuaccedilatildeo de mais de um autor no processo da criaccedilatildeo A escrita acadecircmica pode ser por exemplo co-laborativa Normalmente um mestrando ou doutorando sempre redige suas anaacutelises sob a orientaccedilatildeo de um professor orientador e faraacute altera-ccedilotildees em sua composiccedilatildeo ao aceitar sugestotildees da banca que o examinaraacute durante sua defesa caso sejam necessaacuterias Em muitas situaccedilotildees pode existir a correccedilatildeo por pares e esta pode apresentar algumas vantagens contribuir para que a subjetividade de um dos autores de determinado trabalho natildeo extrapole os limites definidos pela Ciecircncia Eacute totalmente compreensiacutevel que a descriccedilatildeo dos resultados de um estudo contenha nuances personalistas Costuma-se reconhecer um autor pelo seu estilo uma vez que a personalidade autoral eacute desejaacutevel Poreacutem alguma criacutetica externa eacute sempre bem-vinda quando se almeja evitar que uma opiniatildeo pessoal (ou exagero ideoloacutegico) supere a neutralidade caracteriacutestica da obra cientiacutefica Tambeacutem se pode verificar a escrita colaborativa em di-cionaacuterios glossaacuterios anais perioacutedicos enciclopeacutedias Os meios digi-tais tecircm cada vez mais feito uso do trabalho conjunto Um exemplo eacute

E

91

o da enciclopeacutedia eletrocircnica Wikipeacutedia que vem substituindo as antigas coleccedilotildees de livros impressos nem sempre acessiacuteveis a todas as camadas da sociedade Eacute equivocado o pensamento de que enciclopeacutedias abertas na internet natildeo satildeo dignas de credibilidade A plataforma da Wikipedia por exemplo exige referecircncias Informaccedilotildees falsas podem ser contesta-das e corrigidas a qualquer momento Revisores analisam periodica-mente textos denunciados ou considerados suspeitos Por fim pode-se tambeacutem encontrar a escrita colaborativa nos aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Entre os que se destinam ao ensino e agrave aprendiza-gem de liacutenguas estrangeiras pode-se mencionar o Duolingo Ele dispotildee de um recurso que recebe o nome de incubadora no qual cursos de novas liacutenguas satildeo elaborados conjuntamente por voluntaacuterios que pas-sam por um processo seletivo bastante criterioso A escrita colaborativa persiste enfim na modernidade mais recente inclusive na produccedilatildeo de miacutedias digitais

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFAGUNDES Leacutea da Cruz LACERDA Rosaacutelia SCHAumlFER Patriacutecia Behling Escrita colaborativa na cultura digital ferramentas e possibilidades de construccedilatildeo do conhecimento em rede Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educaccedilatildeo Porto Alegre v 7 ed 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpsseerufrgsbrrenotearticleview140127902gt Acesso em 5 jul 2020

EVOLUCcedilAtildeO DA WEB

A expressatildeo evoluccedilatildeo da web refere-se agraves fases de configuraccedilatildeo da web como a web 10 20 30 e 40 A internet reconhecida como a rede mundial de computadores eacute formada pela ligaccedilatildeo entre computadores no entanto os recursos que conferem ldquointeligecircnciardquo agrave rede satildeo reconhe-cidos por World Wide Web sigla www ou simplesmente web que permi-tem a interaccedilatildeo entre as milhares de paacuteginas que abrigam textos ima-gens sons viacutedeos animaccedilotildees etc O meacuterito pela criaccedilatildeo da World Wide Web em 1989 eacute atribuiacutedo ao fiacutesico inglecircs Tim Berners-Lee enquanto tra-balhava como engenheiro de software no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN em Genebra A web 10 tambeacutem conhecida como web sintaacutetica surgiu em 1990 e foi caracterizada como a web de conexatildeo e obtenccedilatildeo de conteuacutedo o que resultava em interaccedilotildees limitadas do usuaacute-rio com a web sendo dirigida somente agrave transmissatildeo de informaccedilotildees A web 20 constitui-se na evoluccedilatildeo da web 10 e eacute tambeacutem conhecida como web social conceito proposto em 2004 por Tim OrsquoReilly Essa internet eacute caracterizada como um conjunto de serviccedilos que promoviam interaccedilotildees entre seus usuaacuterios de forma colaborativa designados como redes de

E F

92

relacionamento on-line redes sociais on-line ou redes sociais digitais A proposta da web 30 tambeacutem conhecida como web semacircntica Web de contextos e significados foi lanccedilada publicamente em 2001 por Tim Berners-Lee como uma web capaz de processar e cruzar informaccedilotildees consolidaacute-las e trazer resultados mais relevantes para seus usuaacuterios Assim a web 30 caracteriza-se por softwares inteligentes que utilizam dados semacircnticos permitindo a relaccedilatildeo colaborativa com as pessoas por meio da categorizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos pesquisados Jaacute a proposta da web 40 conhecida como web of things (Web das coi-sas) e tambeacutem desenvolvida por Tim Berners-Lee estaacute fundamentada pela conectividade e interatividade entre pessoas informaccedilotildees proces-sos e objetos por meio de tecnologias que possibilitam acesso agrave rede por qualquer pessoa de qualquer lugar a qualquer tempo utilizando quaisquer dispositivos incluindo equipamentos multifuncionais com sensores inteligentes tais como eletrodomeacutesticos automoacuteveis roupas etc a partir de aplicaccedilotildees que se adaptam dinamicamente agraves necessi-dades dos usuaacuterios

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBERNERS-LEE Tim Semantic Web Roadmap Disponiacutevel em lthttpwwww3corgDesignIssuesSemantichtmlgt Acesso em 4 ago 2020

OrsquoREILLY Tim OrsquoReilly Media Inc Disponiacutevel em lthttpwwworeillycomgt Acesso em 4 ago 2020

FAKE NEWS

Pela traduccedilatildeo literal o termo fake news vem do inglecircs fake (falsafalso) e news (notiacutecias) ou seja notiacutecias falsas Assim tomamos por em-preacutestimo o conceito de notiacutecia como ldquoum fato verdadeiro ineacutedito ou atual de interesse geral que se comunica com o puacuteblico depois de re-colhido pesquisado e avaliado por quem controla o meio utilizado para a sua difusatildeordquo e o conceito de ldquofalsordquo pelo dicionaacuterio como adjetivo 1 contraacuterio agrave verdade ou agrave realidade 2 causar alteraccedilatildeo em adulterar 3 dar sentido ou significado diferente do verdadeiro fraudar

Apesar de a expressatildeo existir desde o seacuteculo XIX o termo fake news re-cebeu o tiacutetulo de ldquopalavra do anordquo em 2017 no Oxford English Dictionary principalmente devido agraves eleiccedilotildees presidenciais estadunidenses no ano anterior quando notiacutecias falsas foram usadas como ferramenta eleito-ral para promover ou difamar algum candidato Desde entatildeo o termo tem sido amplamente usado pela miacutedia De maneira geral fake news

F

93

satildeo ldquoafirmaccedilotildees que agem como notiacutecias e que satildeo deliberadamente fabricadas para enganar ou melhor dizendo desviar o receptor da verdaderdquo Geralmente as fake news satildeo afirmaccedilotildees que tecircm a forma de notiacutecia mas de conteuacutedo completa ou parcialmente falso orientadas por motivaccedilatildeo poliacutetica e intencionalmente fabricadas para desinformar ou enganar a fim de manipular a opiniatildeo puacuteblica

As fake news tecircm um caraacuteter sedutor ao mesmo tempo convincentes pois se apropriam das qualidades de uma notiacutecia e satildeo construiacutedas sob a abordagem linguiacutestica emprestadas na forma e no conteuacutedo dos meios jornaliacutesticos mas satildeo passiacuteveis de marcaccedilotildees ideoloacutegicas (construiacutedas por indiviacuteduos embebidos em crenccedilas e valores e consumidas por ou-tros os quais as interpretaratildeo imiscuiacutedos num contexto histoacuterico-social

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias BECHARA Evanildo Minicidionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1 ed Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 2009 1024 p

FANTE Alexandra SILVA Tiago Mathias da GRACcedilA Valdete da Fake News e Bakthin gecircnero discursivo e a (des)apropriaccedilatildeo da notiacutecia Atas do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo Porto Portugal p 106-119 2019 VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo 2018 [Universidade do Porto - Faculdade de Letras]

FILHO Joatildeo Batista Ferreira A verdade sob suspeita fake news e conduta epistecircmica na poliacutetica da desinformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsscholargooglecombrscholarhl=pt-PTampas_sdt=02C5ampq=27fake+news27+definiC3A7ao+ampbtnG=gt Acesso em 2 dez 2020

GELFERT Axel Fake news A Definition Informal Logic Vol 38 N 1 2018 (doi 1022329ilv38i15068)

LETRIA J Pequeno breviaacuterio jornaliacutestico Lisboa Editorial Notiacutecias 2000

FANDOM

Fandom eacute uma forma reduzida da expressatildeo em inglecircs fan kingdom que significa ldquoreino dos fatildesrdquo na traduccedilatildeo literal para o portuguecircs Um fandom eacute um grupo de pessoas que satildeo fatildes de determinada produto cultural como um seriado de televisatildeo uma muacutesica um filme deter-minado um livro ou mesmo um artista (um cantor um muacutesico um ator) Este termo se popularizou atraveacutes da internet principalmente pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook por exemplo Como os fandons satildeo comuns na internet os seus membros costumam discu-tir virtualmente todos os assuntos relacionados ao tema do qual satildeo fatildes Em muitos casos os fandons organizam encontros presenciais para que os membros dessas comunidades possam se conhecer Os fandons

F

94

satildeo adeptos dos fanfics e usam a narrativa transmidiaacutetica num universo ficcional onde os consumidores devem assumir o papel de caccediladores e coletores perseguindo partes da histoacuteria pelos diferentes canais com-parando suas observaccedilotildees com as de outros fatildes em grupos de discus-satildeo on-line e colaborando para assegurar que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiecircncia de entretenimento mais rica Os fandoms satildeo similares aos populares fanclubs que fizeram sucesso nos anos 1990 A grande diferenccedila entre ambos estaacute no uso das redes sociais digitais como ferramenta para se comunicarem se articularem e compartilharem os seus gostos em comum com pessoas de todo o mundo Atualmente os fandons satildeo essenciais para o crescimento e o movimento da induacutestria do entretenimento pois satildeo os principais con-sumidores da miacutedia

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FANFICTION

Fanfiction ou fanfic (forma abreviada) significa ldquoficccedilatildeo de fatilderdquo em tra-duccedilatildeo literal para a liacutengua portuguesa As fanfics satildeo histoacuterias ficcio-nais que podem ser baseadas em diversos personagens e enredos que pertencem aos produtos midiaacuteticos como filmes seacuteries histoacuterias em quadrinhos videogames mangaacutes animes grupos musicais celebrida-des dentre outros Com a popularizaccedilatildeo da internet no final dos anos 1990 muitos escritores desse tipo de literatura encontraram uma forma mais faacutecil de atingir outros fatildes e pessoas com os mesmos interesses Contudo o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretizaccedilatildeo da web Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA na deacutecada de 1970 com a publicaccedilatildeo em fanzines de histoacuterias que eram tributos agrave seacuterie Jornada nas Estrelas Os fatildes desses produtos se apropriam do mote da histoacuteria ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original As fanfics satildeo um belo exemplo de texto multi-modal e narrativa transmidiaacutetica que se refere a uma nova esteacutetica que surgiu em resposta agrave convergecircncia das miacutedias ndash uma esteacutetica que faz novas exigecircncias aos consumidores e depende da participaccedilatildeo ativa de comunidades de conhecimento

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

F

95

FANPAGE

Uma fanpage eacute uma paacutegina do Facebook criada especialmente para ser um canal de comunicaccedilatildeo com fatildes dentro da rede social digital fanpage eacute uma paacutegina para fatildes em traduccedilatildeo literal Os posts e posterior-mente outras redes sociais mudaram nossas vidas e tambeacutem a forma como nos conectamos com o mundo Diferentemente dos perfis pesso-ais a fanpage possui algumas funcionalidades a mais e tem como ob-jetivo reunir a comunidade envolvida com um determinado negoacutecio As fanpages tambeacutem apresentam recursos como aplicativos que promo-vem maior interaccedilatildeo do puacuteblico ferramenta de promoccedilatildeo que permite o impulsionamento dos seus posts aumentando a visibilidade de algum conteuacutedo-chave relatoacuterios de estatiacutesticas que possibilitam que seja feita uma anaacutelise das campanhas promovidas e do engajamento do puacuteblico com as postagens novas curtidas graacuteficos de desempenho entre ou-tros A fanpage eacute um exemplo de hipermiacutedia que surge com a possibili-dade de estabelecer links com diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-lo

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FOTOGRAFIA DIGITAL

Fotografia feita a partir de dispositivos digitais A fotografia digital frequentemente se assemelha a uma fotografia tradicional A primei-ra possui angulaccedilatildeo cor contrastes iluminaccedilatildeo e diversos elementos componentes da segunda No entanto a fotografia digital apresenta maior flexibilidade uma vez que pode ser manipulada editada recom-binada com outras imagens remodelada e compartilhada com outras pessoas nas redes sociais A fotografia tradicional serve como base para posteriormente ser trabalhada no ambiente digital por meio de programas de ediccedilatildeo ndash Photoshop Gimp Illustrator dentre outros ndash e receber novos elementos e novas cores em busca da comunicaccedilatildeo efi-ciente de ideias Um exemplo muito famoso da fotografia digital circu-lou nas eleiccedilotildees americanas de 2008 a foto conhecida como Hope (Espe-ranccedila) Eacute uma imagem do entatildeo candidato agrave presidecircncia Barack Obama com as cores da bandeira estadunidense e a palavra Hope centrada sob a foto composiccedilatildeo conhecida como pocircster poliacutetico A imagem foi cria-

F G

96

da pelo artista Frank Shepard Fairey fundador da Obey Giant Fairey usou uma fotografia tradicional feita por Mannie Garcia fotoacutegrafo da Associated Press para criar o cartaz atraveacutes da manipulaccedilatildeo de diver-sas camadas e inserccedilatildeo de efeitos Uma das primeiras imagens criadas por Fairey tinha a palavra Progress (Progresso) disposta da mesma for-ma que Hope Soacute em um segundo momento Fairey lanccedilaria a famosa seacuterie com a palavra Hope (Esperanccedila) estampada no cartaz que captu-rou o sentimento de esperanccedila e levou Barack Obama agrave Casa Branca De fato o cartaz de Fairey adquire seu real poder a partir de uma com-binaccedilatildeo de elementos visuais tradicionais e modernos participando de um novo ethos proacuteprio do poacutes-fotograacutefico e das novas miacutedias Pela facilidade de manipulaccedilatildeo poder de comunicar ideias e desencadear sentimentos a fotografia digital pode ser empregada em campanhas publicitaacuterias campanhas eleitorais memes etc

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

GAMIFICACcedilAtildeO E ENSINO

O termo em portuguecircs gamificaccedilatildeo (tambeacutem conhecido como lu-dificaccedilatildeo) vem do inglecircs gamification e estaacute relacionado com o uso de jogos digitais e seus elementos na resoluccedilatildeo de problemas do mundo real Isto quer dizer que a gamificaccedilatildeo pode ser entendida como meacute-todo praacutetica ou sistema baseado em jogos digitais com sua aplicaccedilatildeo fora do cenaacuterio dos games Seu foco eacute ajudar o indiviacuteduo no alcance de um determinado objetivo ou na resoluccedilatildeo de problemas aleacutem de pro-porcionar uma experiecircncia de aprendizagem individual eou coletiva Por causa das caracteriacutesticas luacutedicas e motivadoras da tecnologia digital como um todo surgiram estudos relacionando jogos digitais com aacutereas aleacutem do entretenimento como a aacuterea da educaccedilatildeo Esses estudos permi-tiram uma melhor compreensatildeo dos Serious Games (jogos seacuterios) jogos educativos e gamificaccedilatildeo A diferenccedila destes trecircs termos estaacute no fato de os dois primeiros jogos seacuterios e jogos educativos serem jogos comple-tos e a gamificaccedilatildeo natildeo ser exatamente um jogo mas sim elementos dos games utilizados fora dos proacuteprios jogos Vale ressaltar que existe uma diferenccedila entre a gamificaccedilatildeo no ensino e o uso de jogos digitais na educaccedilatildeo (educational games game-based learning etc) sendo estas duas propostas educativas diferentes Portanto a gamificaccedilatildeo natildeo eacute em si

G H

97

um jogo mas a utilizaccedilatildeo de abstraccedilotildees e metaacuteforas originaacuterias da cul-tura e estudos de videogames em aacutereas natildeo relacionadas a esses jogos

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias SANTOS Thales Gamificaccedilatildeo Um recurso aliado a educaccedilatildeo Orientador Profordf Drordf Alexandra Resende Campos 2019 54 f Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Ouro Preto Mariana MG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwmonografiasufopbrbitstream3540000024279MONOGRAFIA_Gamificac3a7c3a3oRecursoAliadopdfgt Acesso em 4 jul 2020

GRAMAacuteTICA SISTEcircMICO-FUNCIONAL

A gramaacutetica sistecircmico-funcional ou linguiacutestica sistecircmico-funcional eacute uma teoria desenvolvida pelo linguista Michael Alexander Kirkwood Halliday e colaboradores Eacute considerada uma abordagem referente ao estudo da linguagem focada na ideia de ldquofunccedilatildeordquo ou seja considera--se a gramaacutetica condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo para fornecer significados Essa concepccedilatildeo iniciada a partir dos estudos de Halliday nas deacutecadas de 1960 e 1970 eacute definida como sistecircmico-funcional uma vez que conside-ra a liacutengua com uma rede de sistemas associados que o locutor utiliza para gerar significados em contextos de comunicaccedilatildeo Nesse contexto a liacutengua deixa de ser um sistema dominado por regras e passa a ser analisada sob o ponto de vista sociossemioacutetico tornando-se um siste-ma de formaccedilatildeo de significados Como caracteriacutesticas da teoria sistecirc-mico-funcional define-se que o uso da liacutengua eacute funcional a funccedilatildeo da linguagem eacute produzir significados esses significados satildeo influenciados pelos contextos social e cultural em que satildeo negociados o uso da liacutengua produz significados atraveacutes de escolhas

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias EGGINS S An introduction to Systemic Functional Linguistics 2ed London New York Continuum 1994

SANTOS Zaacuteira Bomfante dos A Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional algumas consideraccedilotildees Soletras Revista Rio de Janeiro v 28 p 164-181 juldez 2014

THOMPSON G Introducing Functional Grammar 2 ed Oxford Oxford University Press 2003

HIPERMIacuteDIA

Entende-se por hipermiacutedia conglomerados de informaccedilatildeo multimiacute-dia (verbo som e imagem) de acesso natildeo sequencial navegaacuteveis por

H

98

meio de palavras-chave semialeatoacuterias A hipermiacutedia permite ao leitor apreciar viacutedeos filmes e animaccedilotildees ouvir muacutesicas canccedilotildees e falas no lugar em que se encontram simultacircnea ou quase Na hipermiacutedia haacute tambeacutem a possibilidade de interligar diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-las Imagens sons textos animaccedilotildees e viacutedeos podem ser conectados em combinaccedilotildees diversas rompendo com a ideia linear de um texto com comeccedilo meio e fim predetermina-dos e fixos Entende-se por hipermiacutedia tambeacutem um conjunto de infor-maccedilotildees armazenadas e veiculadas por meio de um computador que permite ao usuaacuterio ter acesso a diversos documentos (textos imagens estaacuteticas viacutedeos sons etc) por remissatildeo associativa por meio de links de hipertextos A hipermiacutedia eacute marcada pela oportunidade de interaccedilatildeo leitura natildeo linear extraccedilatildeo de recortes especiacuteficos para atender especi-ficidade sobre o que se procura no processo da navegabilidade

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

HIPERTEXTO

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson na deacutecada de 1960 para denominar a forma de escritaleitura natildeo linear na infor-maacutetica pelo sistema Xanadu O prefixo hiper- (do grego υπερ- sobre aleacutem) remete agrave superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da linearidade do texto es-crito possibilitando a representaccedilatildeo do nosso pensamento bem como um processo de produccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre as pessoas em uma (re)construccedilatildeo coletiva Ateacute entatildeo a ideia de hipertextualidade havia sido manifestada apenas pelo matemaacutetico e fiacutesico Vannevar Bush atraveacutes do dispositivo Memex Diferentemente do que se costuma pensar a ideia de hipertexto natildeo nasce com a internet As primeiras manifestaccedilotildees hipertextuais ocorrem nos seacuteculos XVI e XVII atraveacutes de manuscritos e marginalia Os primeiros sofriam alteraccedilotildees quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espeacutecie de escrita coletiva Os segundos eram anotaccedilotildees realizadas pelos leitores nas margens das paacuteginas dos livros antigos permitindo assim uma leitura natildeo linear do texto Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos para que pudessem ser consultadas por outros leitores A noccedilatildeo de hi-pertexto constitui um suporte linguiacutestico-semioacutetico hoje intensamente

H I

99

utilizado para estabelecer interaccedilotildees virtuais desterritorizadas Segun-do a maioria dos autores o termo designa uma escritura natildeo sequencial e natildeo linear que se ramifica e permite ao leitor virtual o acesso prati-camente ilimitado a outros textos a partir de escolhas locais e suces-sivas em tempo real Trata-se pois de um processo de leituraescrita multilinearizado multissequencial e natildeo determinado realizado em um novo espaccedilo ndash o ciberespaccedilo O hipertexto eacute tambeacutem uma forma de estruturaccedilatildeo textual que faz do leitor simultaneamente um coautor do texto oferecendo-lhe a possibilidade de opccedilatildeo entre caminhos diver-sificados de maneira a permitir diferentes niacuteveis de desenvolvimento e aprofundamento de um tema No hipertexto contudo tais possibili-dades se abrem a partir de elementos especiacuteficos nele presentes que se encontram interconectados embora natildeo necessariamente correlaciona-dos ndash os hiperlinks

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias CAVALCANTE Marianne Carvalho Bezerra Mapeamento e produccedilatildeo de sentido os links no hipertexto In MARCUSCHI amp XAVIER (orgs) Hipertextos e Gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

KOCH Ingedore G Villaccedila Desvendando os segredos do texto 4 ed Satildeo Paulo Cortez 2005

MARCUSCHI Luiz Antonio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

INDEXACcedilAtildeO

A palavra indexaccedilatildeo deriva do verbo indexar que significa organi-zar dados de tal modo que seja possiacutevel recuperar as informaccedilotildees de um arquivo Mais que isso eacute uma forma de identificar e encontrar um arquivo em bases de dados Os itens satildeo organizados por associaccedilatildeo a tags ou caracteriacutesticas particulares que o identifiquem entre muitos ou-tros Dessa forma tambeacutem eacute possiacutevel relacionar um material indexado como um arquivo publicado em um site aos resultados de mecanismos de busca (Google Yahoo etc) por exemplo Como natildeo eacute viaacutevel que os sites de busca faccedilam uma varredura on-line a cada pesquisa feita os bus-cadores indexam paacuteginas para criar um banco de dados relacionados as palavras buscadas Por isso as palavras-chave tecircm grande importacircncia pois elas ajudam o banco de dados a selecionar o material disponiacutevel mais coerente com a busca do usuaacuterio

Layla Juacutelia Gomes Mattos

I L

100

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

HISTOacuteRIA DOS SITES DE BUSCA indexaccedilatildeo (O que eacute indexaccedilatildeo) Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsitehistoriasobreossitesdebuscahistoria-siteindexacao~text=A20indexaC3A7C3A3o20C3A920a20formaum20grande20nC3BAmero20de20itensgt Acesso em 10 ago 2020

INTERATIVIDADE

A palavra interatividade surgiu nas deacutecadas de 1960 e 1970 com a evoluccedilatildeo das Tecnologias de Comunicaccedilatildeo e Informaccedilatildeo ndash TIC mais tarde Tecnologias Digitais de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC For-mada pelo prefixo ldquointerrdquo que significa entre uma coisa e outra e a palavra ldquoatividaderdquo que significa capacidade ou tendecircncia para agir para se movimentar para realizar alguma coisa Caracteriza o estado de interativo a capacidade de possibilitar interaccedilatildeo entre o indiviacuteduo e emissor relaccedilatildeo entre o homem-maacutequina e homem-homem que surge com as necessidades do ser humano no mundo globalizado resultando na mudanccedila da interaccedilatildeo humana A interatividade vem crescendo na educaccedilatildeo a distacircncia desde os cursos por correspondecircncia ateacute o ensi-no on-line A interaccedilatildeo entre professorado e alunado ampliou com os avanccedilos das TIC natildeo se limitando a executar e corrigir atividades ou acompanhar videoaulas por exemplo mas na forma como acontece o contato na educaccedilatildeo presencial entres discentes e docentes atraveacutes de ferramentas como chat webconferecircncia e foacuterum

Sabrina Ribeiro

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

LETRAMENTO

O vocaacutebulo letramento deriva da palavra inglesa literacy que vem do latim litera que significa letra mais o sufixo -cy que indica quali-dade condiccedilatildeo estado fato de ser Para tratar de letramento eacute preciso compreender a sua diferenccedila relaccedilatildeo e associaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo Estudiosos e teoacutericos diferenciam alfabetizaccedilatildeo de letramento da se-guinte forma a alfabetizaccedilatildeo diz respeito ao processo de aprendiza-gem de um coacutedigo e das habilidades de utilizaacute-lo para ler e escrever

L

101

O letramento vai aleacutem do domiacutenio do ato de ler e escrever possibilita tambeacutem o uso dessas habilidades em praacuteticas sociais em que escrever e ler satildeo imprescindiacuteveis O letramento natildeo constitui necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever mas eacute a condiccedilatildeo daquele que consequentemente se apropriou da escrita Quanto ao termo no plural letramentos refere-se aos diversos campos de compreensatildeo e anaacutelise do processo letramento literaacuterio filosoacutefico funcional cartograacutefico ou digital O uso pluralizado do termo eacute marcado por uma ampliaccedilatildeo do sentido de letra que estaacute na raiz etimoloacutegica da palavra para o sentido mais amplo de signos e siacutembolos levando a um certo descentramento da escrita na definiccedilatildeo dos letramentos Portanto letramentos apresen-ta como princiacutepio a complexidade do ato de ler e escrever num contexto de comunicaccedilatildeo mais aacutegil por meio de outros suportes aleacutem do forma-to impresso ou seja a utilizaccedilatildeo de novas miacutedias Neste sentido houve uma convergecircncia do texto para uma tela propiciando uma mudanccedila cultural e consequentemente nos letramentos

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPOS CA CORREcircA HT Praacuteticas de letramento literaacuterio em bibliotecas de escolas puacuteblicas municipais de Ouro Preto In Seminaacuterio de Literatura Infantil e Juvenil 7 2016 Florianoacutepolis Anais Florianoacutepolis UFSC UNISUL 2017 224-231 Disponiacutevel em lthttplinguagemunisulbrpaginasensinoposlinguagemeventossilij7-SLIJ-2017-Anaispdfgt Acesso em 21 jun 2020

COSSON R Letramento Literaacuterio uma localizaccedilatildeo necessaacuteria Letras amp letras v 31 n 3 juldez 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwseerufubrindexPhpletraseletrasarticleview3064416712gt Acesso em 9 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOARES MB Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2003

LETRAMENTO DIGITAL

A expressatildeo letramento digital refere-se agraves praacuteticas sociais de leitu-ra e escrita em ambientes digitais como aqueles propiciados pelos com-putadores ou por dispositivos moacuteveis tais como smartphones e tablets ou outros equipamentos como terminais de banco e eletrodomeacutesticos com interface digital Assim a capacidade de compreender discernir e criar com as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC natildeo estatildeo necessariamente ligadas agrave escola pois as pessoas apren-dem sobre o digital no dia a dia Considerando-se que o conceito de letramento trata do conjunto de praacuteticas sociais que usam a escrita em contextos especiacuteficos e com fins determinados alguns pesquisadores

L

102

enfatizam que haacute modalidades diferentes de letramento o que sugere que a palavra seja pluralizada haacute letramentos e natildeo letramento isto eacute diferentes espaccedilos de escrita e mecanismos de produccedilatildeo reproduccedilatildeo e difusatildeo resultam em diferentes letramentos A necessidade de plu-ralizaccedilatildeo da palavra letramento tambeacutem designa variados efeitos cog-nitivos culturais e sociais em funccedilatildeo dos contextos de interaccedilatildeo com a palavra escrita e em funccedilatildeo de variadas e muacuteltiplas formas de interaccedilatildeo com o mundo Neste sentido alguns pesquisadores enfatizam que o letramento digital designa um certo estado ou condiccedilatildeo que adquirem os que se apropriam da tecnologia digital e exercem praacuteticas de leitura e de escrita na tela Ser letrado digitalmente implica saber se comunicar em diferentes situaccedilotildees buscar informaccedilotildees no ambiente digital e se-lecionaacute-las avaliando sua credibilidade Aleacutem do acesso agrave informaccedilatildeo cabe ao leitor estar atento agrave autoria agrave fonte e ter senso criacutetico para ava-liar o que encontra Ser letrado digitalmente implica portanto em fazer uso das TDIC respondendo ativa e criticamente a diferentes propoacutesitos e contextos interagindo e participando socialmente da construccedilatildeo cole-tiva do conhecimento

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasCOSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E (Orgs) Letramento Digital aspectos sociais e possibilidades pedagoacutegicas 3 ed Belo Horizonte Ceale Autecircntica 2011

COSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E Letramento Digital In FRADE Isabel C A S VAL Maria G C BREGUNCI Maria G C (Orgs) Glossaacuterio CEALE Termos de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita para Educadores Centro de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita - CEALE Belo Horizonte Faculdade de Educaccedilatildeo da UFMG 2014

SOARES Magda B Novas praacuteticas de leitura e escrita letramento na cibercultura Educaccedilatildeo e Sociedade v 23 n 31 p 143-160 dez 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfesv23n8113935pdfgt Acesso em 3 ago 2020

LETRAMENTO INFORMACIONAL

A expressatildeo letramento informacional eacute uma traduccedilatildeo de informa-tion literacy cunhada nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1970 pelo bibliotecaacuterio americano Paul Zurkowski No Brasil foi no iniacute-cio do seacuteculo XXI que os estudos sobre o tema se iniciaram A pesqui-sadora Bernadete Campello discorre sobre o letramento informacional com maior enfoque nos bibliotecaacuterios e educadores pois esse termo foi usado no contexto norte-americano para caracterizar as competecircncias necessaacuterias ao uso de fontes eletrocircnicas de informaccedilatildeo De modo geral pode-se dizer que o letramento informacional significa um processo de autoaprendizado do indiviacuteduo por meio da tomada de consciecircncia

L

103

de qual eacute a sua necessidade de informaccedilatildeo e as habilidades necessaacuterias para utilizaccedilatildeo das fontes de maneira que possibilite a competecircncia e a autonomia na busca e uso da informaccedilatildeo para gerar conhecimento O letramento informacional tem como finalidade a adaptaccedilatildeo e a socia-lizaccedilatildeo dos indiviacuteduos na sociedade da aprendizagem Sendo assim compreende a capacidade de determinar a sua necessidade de infor-maccedilatildeo acessar a informaccedilatildeo com eficiecircncia avaliar a informaccedilatildeo e suas fontes criticamente incorporar a nova informaccedilatildeo ao conhecimento preacutevio utilizar a informaccedilatildeo de maneira efetiva para alcanccedilar objetivos especiacuteficos compreender os aspectos socioeconocircmicos e legais do uso da informaccedilatildeo bem como acessar e usar a informaccedilatildeo dentro da lei

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPELLO B Letramento Informacional funccedilatildeo educativa do bibliotecaacuterio na escola Belo Horizonte Autecircntica 2009

DUDZIAK E A Information literacy princiacutepios filosofia e praacutetica Ciecircncia da Informaccedilatildeo Brasiacutelia v 32 n 1 Apr 2003 Disponiacutevel em lthttpswwwscielo brpdfciv32n115970pdfgt Acesso em 12 jul 2020

GASQUE K C G D Letramento informacional pesquisa reflexatildeo e aprendizagem Brasiacutelia Faculdade de Ciecircncia da Informaccedilatildeo 2012

LETRAMENTOS MUacuteLTIPLOS

Para entendermos o conceito de letramentos muacuteltiplos retomemos a noccedilatildeo de letramentos que a partir das transformaccedilotildees nas formas de se pensar e usar a leitura e escrita foi se ressignificando Letramentos no plural nos remete agrave ideia que os letramentos satildeo muitos Sendo assim letramentos satildeo as diversas praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita e natildeo se restringem somente ao saber ler e escre-ver (alfabetizaccedilatildeo) Importante lembrar que alfabetizaccedilatildeo e letramento satildeo termos indissociaacuteveis poreacutem diferentes em termos de processos cognitivos Para ampliar essa complexidade que abarca os letramentos surge a necessidade de conceituaacute-los e adjetivaacute-los como letramentos muacuteltiplos A palavra muacuteltiplos aparece no dicionaacuterio como sinocircnimo de multiacuteplice que aponta para algo composto por elementos complexos e variados Ao atribuir tal adjetivo ao substantivo letramentos formando a expressatildeo letramentos muacuteltiplos entendemos que as praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita satildeo variadas satildeo muitas se multiplicam e tambeacutem satildeo processos complexos pois mesmo um in-diviacuteduo natildeo alfabetizado pode participar de diversas praacuteticas de letra-mento na sociedade sendo assim letrado de uma certa maneira com

L

104

algum niacutevel de letramento Uma possibilidade de definiccedilatildeo pode ser es-tabelecida de modo que os letramentos compreendam as mais variadas formas de utilizaccedilatildeo da leitura e da escrita seja na cultura escolar ou em suas formas dominantes assim como nas diferentes culturas locais e populares como tambeacutem nos produtos da cultura de massa Nessa perspectiva entendemos que eles abrangem diferentes e diversificadas praacuteticas de leitura e escrita por isso satildeo muacuteltiplos Dessa forma fala-mos em letramento literaacuterio filosoacutefico informacional digital etc

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

LIVES (live streaming)

A traduccedilatildeo literal da palavra inglesa live eacute ldquovivordquo ldquopermanecerrdquo ou ldquomorarrdquo Jaacute a palavra streaming pode ser traduzida por ldquotransmissatildeordquo ou seja a expressatildeo live streaming pode ser entendida como ldquotransmis-satildeo ao vivordquo

O avanccedilo da banda larga na internet (em meados de 2005) permitiu que o sistema de streaming (ou seja o fluxo de dados entre a internet e hardwares) pudesse transmitir dados de som e imagens (estaacuteticas eou em movimento) em grande volume O streaming foi um sistema desen-volvido para permitir que o usuaacuterio da internet natildeo precisasse mais realizar o download ndash descarregamentotransferecircncia termos usados na comunicaccedilatildeo em redes de computadores para referenciar a trans-missatildeo de dados de um dispositivo para outro atraveacutes de um canal de comunicaccedilatildeo previamente estabelecido - para o consumo de arquivos audiovisuais Com essa tecnologia a internet recebe as informaccedilotildees (dados) ao mesmo tempo em que as repassa ao usuaacuterio (consumidor dos dados) Assim os dados satildeo baixados instantaneamente conforme o arquivo vai sendo executado armazenados temporariamente e depois deletados do equipamento (computador ou smartphone por exemplo) Assim o streaming possibilitou as lives (ou tambeacutem live streaming) o que basicamente eacute a transmissatildeo de dados ao vivo via internet ou rede de computadores (dados audiovisuais ou somente aacuteudio) em que os dados gravados satildeo transmitidos em tempo real aos dispositivos conectados

A primeira realizaccedilatildeo de uma live streaming aconteceu em 1993 pelo grupo musical Severe Tire Damage Formada por profissionais de empre-sas de tecnologia de Palo Alto na Califoacuternia a banda transmitiu um pequeno show realizado no Centro de Pesquisa da Xerox e se tornou a

L M

105

pioneira no live streaming A partir de entatildeo essa tecnologia permitiu a transmissatildeo de eventos dos mais diversos como partidas esportivas ateacute palestras e aulas on-line

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias LIVE streaming tudo o que vocecirc precisa saber sobre essa tecnologia Netshowme 2017 Disponiacutevel em lthttpsnetshowmebloglive-streaming-tudo-o-que-voce-precisa-sabergt Acesso em 15 de jul de 2020

LIVE streaming Wikipedia 2020 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiLive_streaminggt Acesso em 15 de jul de 2020

DOWNLOAD e upload Wikipedia 2004 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiDownload_e_uploadgt Acesso em 15 de jul de 2020

MASHUPS

Mashup eacute uma palavra da liacutengua inglesa traduzida para o portu-guecircs como ldquomisturardquo Denominamos mashup uma canccedilatildeo ou composi-ccedilatildeo criada a partir da mistura e combinaccedilatildeo de duas ou mais canccedilotildees eou viacutedeos preexistentes Esse tipo de obra tem suas origens na dissemi-naccedilatildeo de remixes musicais ao longo do seacuteculo XX os quais passaram a misturar elementos de duas ou mais canccedilotildees Essas produccedilotildees torna-ram-se populares ao longo dos anos 1990 em vaacuterios gecircneros musicais principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias e softwares de digitalizaccedilatildeo do som Essa popularizaccedilatildeo ao longo do seacuteculo XX ex-trapolou o acircmbito da muacutesica de forma que o mashup tornou-se um mo-delo conceitual para criaccedilotildees em diversos tipos de miacutedia Os mashups satildeo tipos de remixes caracterizados pela combinaccedilatildeo de elementos de duas ou mais fontes (aparentemente muito distintas entre si) numa nova obra que pode ou natildeo retomar explicitamente essas fontes Um exemplo de mashup eacute a combinaccedilatildeo de canccedilotildees de Bob Marley (No wo-man no cry) e The Beatles (Let it be) para gerar um novo material intitu-lado Bob Marley vs The Beatles - Let it be no cry e divulgado no YouTube

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias BUZATO M E K et al Remix mashup paroacutedia e companhia por uma taxonomia multidimensional da transtextualidade na cultura digital Rev bras linguist apl v 13 n 4 p 1191-1221 2013

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

106

MEMES

A palavra meme vem do grego mimema que significa imitaccedilatildeo Sua primeira apariccedilatildeo foi em 1976 no livro The Selfish Gene (O gene egoiacutesta) de Richard Dawkins Na obra o termo meme eacute descrito como ldquouma unidade de transmissatildeo cultural ou uma unidade de imitaccedilatildeordquo Um meme pode ser uma histoacuteria um haacutebito uma habilidade uma maneira de fazer coisas que copiamos de uma pessoa para outra atraveacutes da imi-taccedilatildeo Na oacutetica da cibercultura meme eacute tudo aquilo que se propaga ou espalha aleatoriamente com algum conteuacutedo humoriacutestico Memes po-dem ser viacutedeos virais feitos para circular e ser redistribuiacutedo em redes sociais geralmente dentro de tradiccedilotildees de ciberativismo consistem no remix de um mesmo fragmento de material audiovisual acrescido de uma nova informaccedilatildeo uma nova legenda dublagem eou outros frag-mentos de viacutedeos

Pode-se dizer que os memes satildeo uma espeacutecie de ldquoproduccedilatildeordquo que traz consigo alguma criacutetica eou teor humoriacutestico a partir do remix de outra obra (visual audiovisual etc) podendo ser replicada para atingir uma grande quantidade de pessoas

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOUZA Carlos Memes Formaccedilotildees discursivas que ecoam no ciberespaccedilo Veacutertices Campos dos Goytacazes RJ v 15 n 1 p 127-148 2013 DOI 1059351809-266720130011 Disponiacutevel em lthttpessentiaeditoraiffedubrindexphpverticesarticleview1809-2667201300112743gt Acesso em 3 jul 2020

METAMIacuteDIA

A ideia de metamiacutedia decorre do teoacuterico canadense Marshall McLuhan O prefixo meta remete a uma dimensatildeo midiaacutetica intersti-cial um devir-miacutedia que estaacute em permanente transformaccedilatildeo segundo o termo originalmente cunhado por Alan Kay e Adele Golberg Fenocirc-meno que refuta a separaccedilatildeo dos elementos e a organizaccedilatildeo da miacutedia segundo padrotildees Um dos princiacutepios baacutesicos e que sustenta os demais eacute a ldquorepresentaccedilatildeo numeacutericardquo o que significa a capacidade que a miacutedia digital possui de emular qualquer objeto em termos puramente formais ou matemaacuteticos Outro princiacutepio para compreender a metamiacutedia eacute a variabilidade o que possibilita que os objetos digitais existam numa in-finidade de versotildees Para melhor compreender essa questatildeo os produ-

M

107

tos midiaacuteticos satildeo o resultado de diferentes algoritmos que modificam uma estrutura singular de dados Trata-se de uma miacutedia que conjugaria constantemente todas as anteriores Diferentes meios de comunicaccedilatildeo estatildeo em constante relaccedilatildeo de contato e apropriaccedilatildeo uns com os outros O raacutedio surge como metamiacutedia do jornal impresso alcanccedilando sua au-tonomia A tevecirc eacute uma metamiacutedia do raacutedio A internet eacute metamiacutedia das miacutedias anteriores mas agrega a especificidade da interaccedilatildeo da reelabo-raccedilatildeo e difusatildeo por ela mesma do conteuacutedo ressignificado pelo usuaacuterio

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SATUF Ivan Contribuiccedilotildees e desafios da Teoria Ator-Rede para o estudo da metamiacutedia Esferas Ano 6 nordm 11 Julho a dezembro de 2017

METODOLOGIAS ATIVAS

As chamadas metodologias ativas constituem um conjunto de meacute-todos e maneiras de ensino e aprendizagem para que os alunos apren-dam de forma autocircnoma e participativa a partir de problemas e si-tuaccedilotildees reais Satildeo exemplos de metodologias ativas a aula invertida a pedagogia de projetos a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo a aprendizagem baseada em problemas dentre outras Nas metodologias ativas o estudante eacute o centro do processo de aprendizagem participan-do efetivamente e sendo responsaacutevel pela construccedilatildeo do conhecimento

Para se trabalhar na perspectiva das metodologias ativas eacute preciso que os curriacuteculos escolares as metodologias os tempos e os espaccedilos sejam revistos a fim de promover uma evoluccedilatildeo para se tornar relevan-te frente agraves constantes mudanccedilas na sociedade As tecnologias digitais permitem hoje em dia a integraccedilatildeo de espaccedilos e tempos tornando-se importantes nos processos educacionais O ensinar e aprender deve acontecer em uma interligaccedilatildeo simboacutelica profunda constante entre o que chamamos mundo fiacutesico e mundo digital Natildeo satildeo dois mundos ou dois espaccedilos mas um espaccedilo estendido em uma sala de aula ampliada e que se hibridiza constantemente Por isso a educaccedilatildeo formal eacute cada vez mais misturada hiacutebrida porque natildeo acontece soacute no espaccedilo fiacutesico da sala de aula mas nos muacuteltiplos espaccedilos do cotidiano que incluem os espaccedilos digitais O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos mas tambeacutem digitalmente com as tecnologias moacuteveis equilibrando a interaccedilatildeo com todos e com cada um Nesse contexto as metodologias ativas satildeo praacuteticas escolarizadas que buscam explorar

M

108

todo o potencial de aprendizagem dos alunos por meio de ferramentas tecnoloacutegicas disponiacuteveis no mundo globalizado

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

Referecircncias MOacuteRAN Joseacute Manuel Mudando a educaccedilatildeo com metodologias ativas Coleccedilatildeo Miacutedias Contemporacircneas Convergecircncias Midiaacuteticas Educaccedilatildeo e Cidadania aproximaccedilotildees jovens Ponta Grossa UEPGPROEX v II 2015 Disponiacutevel em lthttpwww2ecauspbrmoranwp-contentuploads201312mudando_moranpdfgt Acesso em 29 jul 2020

MIacuteDIAS

A palavra miacutedia vem do latim medium cujo plural eacute media com sen-tido de meio A pronuacutencia aportuguesada miacutedia vem do inglecircs em que o ldquoerdquo eacute pronunciado como o ldquoirdquo em portuguecircs A palavra foi introdu-zida no portuguecircs brasileiro nos anos 1960 com o sentido de ldquomeio de comunicaccedilatildeo (social) de massardquo e tem como exemplos mais comuns os jornais impressos o raacutedio a televisatildeo que tiveram seu auge durante o seacuteculo XX A palavra foi introduzida no inglecircs no final do seacuteculo XIX e iniacutecio do seacuteculo XX agrave eacutepoca da invenccedilatildeo do teleacutegrafo da fotografia e do raacutedio para designar a comunicaccedilatildeo entre pessoas distantes espacial-mente de forma anaacuteloga agraves que se realizavam nas sessotildees espiacuteritas por meio de uma pessoa (meacutedium) que servia de mediador entre um espiacuteri-to e as pessoas presentes em uma reuniatildeo realizada com essa intenccedilatildeo Atualmente a palavra eacute usada para designar a imprensa (a grande miacute-dia ou seja os grandes jornais e as grandes redes de comunicaccedilatildeo e a chamada miacutedia alternativa iniciativas que surgem como possibilidade de informaccedilotildees natildeo veiculadas da mesma forma pelas miacutedias de maior poder de penetraccedilatildeo) Na aacuterea da publicidade tem sentido mais especiacute-fico ligado agrave escolha dos veiacuteculos em que determinadas campanhas satildeo disponibilizadas A palavra miacutedia eacute usada ainda para designar a base fiacutesica para a tecnologia empregada no registro e veiculaccedilatildeo da informa-ccedilatildeo por exemplo um CD um pen drive ou um impresso No portuguecircs de Portugal usa-se normalmente a forma meacutedia

Heacutercules Tolecircdo CorrecircaReferecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Ed Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

109

MULTILETRAMENTOS

A palavra multiletramentos eacute formada pelo prefixo mult(i) - do la-tim multus a um correspondente a abundante numeroso em gran-de quantidade - e a palavra letramentos Antes de conceituaacute-la eacute ne-cessaacuterio compreender o que se entende por letramento No Brasil em meados dos anos 1990 esse termo ganha destaque nos estudos de lin-guagem e educaccedilatildeo ao ir aleacutem da ideia de alfabetizaccedilatildeo O letramento eacute um conceito de visatildeo antropoloacutegica ou seja diz respeito aos usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de diferentes ma-neiras sendo socialmente valorizados ou natildeo de diferentes grupos e esferas sociais e culturais Portanto letramento natildeo considera somen-te o sujeito que sabe ler e escrever mas sim eacute o estado ou a condiccedilatildeo que adquire um indiviacuteduo ou grupo social ao se apropriar da escrita A partir desse conceito o adjetivo ldquoletradordquo pode ser entendido como o indiviacuteduo que convive com diversas praacuteticas de leitura e escrita sa-bendo ler ou natildeo Pensando nas diversas situaccedilotildees em que utilizamos a leitura e a escrita surge entatildeo a necessidade de tornar esse conceito plural letramentos Vaacuterias atividades em nosso cotidiano demandam o uso da escrita e mesmo os indiviacuteduos que satildeo analfabetos tambeacutem participam de praacuteticas letradas ou seja modos culturais de utilizar a linguagem escrita em suas vidas cotidianas que variam de acordo com os contextos culturais e sociais Pensando nisso na diversidade de praacute-ticas letradas que surgem com as transformaccedilotildees culturais linguiacutesticas e econocircmicas da sociedade surge a necessidade de ampliar o conceito de letramentos A partir dessa necessidade nasce o conceito de multi-letramentos do inglecircs multiliteracy que surge da reuniatildeo de um grupo de pesquisadores de aacutereas distintas da linguagem que ficou conhecido como New London Group - NLG (Grupo de Nova Londres) no ano de 1996 cujo objetivo era discutir as transformaccedilotildees do mundo globaliza-do seu impacto no ensino de liacutenguas e as transformaccedilotildees pelas quais os textos vinham incorporando ao longo do tempo Para esses pesquisa-dores os textos estavam se modificando ou seja natildeo eram somente de caraacuteter escrito e sim compostos de muacuteltiplas e diferentes linguagens a chamada multimodalidade Os multiletramentos apontam para dois aspectos principais do uso da linguagem sendo eles as diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e a diversidade de contextos e culturas que constituem a sociedade No que diz respeito agraves muacuteltiplas lingua-gens ou agrave multimodalidade dos textos entendemos que os textos que circulam socialmente impressos em diferentes suportes e digitais satildeo compostos por muacuteltiplas semioses e linguagens O segundo aspecto diz respeito agrave multiplicidade cultural que aponta para a variedade de cul-

M

110

turas de produccedilatildeo cultural letrada e do hibridismo textual baseado na eliminaccedilatildeo de fronteiras entre o culto e o popular Aleacutem dessa multipli-cidade surge tambeacutem uma nova eacutetica que natildeo se baseia na ideia de pro-priedade (como o direito autoral) mas no diaacutelogo entre novos partici-pantes (o remix) e uma nova esteacutetica baseada na ideia de ldquocoleccedilatildeordquo em que cada indiviacuteduo seleciona por uma questatildeo esteacutetica de apreciaccedilatildeo conforme seus gostos Os multiletramentos portanto correspondem a esses textos multissemioacuteticos que proporcionam novas relaccedilotildees e expe-riecircncias entre indiviacuteduos textos e culturas

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias COPE Bill KALANTZIS Mary A pedagogy of Multiliteracies designing social futures In COPE B KALANTZIS M (Eds) Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures New York Routledge 2000 p 9-37

KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a praacutetica social da escrita Campinas SP Mercado de Letras 1995

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTILINGUISMO

Mulltilinguismo se refere agrave presenccedila de vaacuterias liacutenguas em coexis-tecircncia O reconhecimento dessa coexistecircncia como um estado natural de um mundo globalizado contribui para a promoccedilatildeo de uma educaccedilatildeo antirracista e valoriza a importacircncia dessas liacutenguas no desenvolvimen-to social e cultural bem como econocircmico e poliacutetico Diante disso focar em uma liacutengua nacional natildeo eacute uma resposta educacional adequada a um mundo multiliacutengue Pessoas multiliacutengues desenvolvem capacida-des de compreender melhor culturas e maneiras de pensar diferentes tal experiecircncia tambeacutem possibilita que se adaptem a necessidades que as liacutenguas dominantes demandem seja no acircmbito linguiacutestico seja no conceitual

No Brasil a liacutengua portuguesa eacute o idioma oficial mas no ano de 2010 por meio do decreto nordm 7387 foi criado o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) identificando 32 municiacutepios com doze liacutenguas cooficiais quatro de descendentes de imigrantes e oito liacutenguas indiacutegenas O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE tam-beacutem no ano de 2010 em uma primeira contagem desde 1950 conseguiu mapear por meio de um censo demograacutefico duzentas e setenta e qua-tro liacutenguas indiacutegenas e tambeacutem trezentas e cinco etnias Aleacutem dessas existem ainda outras multiplicidades como liacutenguas de sinais crioulas afrodescendentes e variaccedilotildees da liacutengua portuguesa em diversas regi-

M

111

otildees do paiacutes Contudo uma naccedilatildeo multiliacutengue se constroacutei com medidas institucionais que se movimentam para aleacutem do reconhecimento da existecircncia de muacuteltiplas liacutenguas no paiacutes Faz-se necessaacuterio investir em instacircncias educacionais que promovam acesso a conhecimento e que valorizem o patrimocircnio cultural (familiar histoacuterico e linguiacutestico) dos cidadatildeos

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias ARCHANJO Renata Globalizaccedilatildeo e Multilingualismo no Brasil Competecircncia Linguiacutestica e o Programa Ciecircncia Sem Fronteiras Revista Brasileira de Linguiacutestica Aplicada Belo Horizonte v 15 ed 3 julset 2015 DOI httpsdoiorg1015901984-639820156309 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrjrblaazCHkdXKkKVJ68hNBktdGWMLlang=ptgt Acesso em 22 jul 2020

Finger I Alves U K Fontes A B A da L amp Preuss E O (2016) Diaacutelogos em multilinguismo uma discussatildeo sobre as pesquisas realizadas no labicoufrgs Letrocircnica s97-s113 httpsdoiorg10154481984-43012016s22390 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpletronicaarticleview22390gt Acesso em 26 jul 2020

LEMOS Ameacutelia Francisco Filipe da C Liacutengua e cultura em contexto multilingue um olhar sobre o sistemaeducativo em Moccedilambique Educar em Revista Curitiba v 34 ed 69 p 17-32 maiojun 2018 DOI 1015900104-406057228 Disponiacutevel em lthttpsrevistasufprbreducararticleview5722835458gt Acesso em 15 jul 2020

LOTHERINGTON H Pedagogy of Multiliteracies Rewriting Goldilocks 1ordf Ediccedilatildeo Editora Routledge 2011

MORELLO R Multilinguismo e ensino nas fronteiras Liacutenguas e Instrumentos Liacutenguiacutesticos Campinas SP n 43 p 217ndash236 2019 DOI 1020396lilv0i438658350 Disponiacutevel em lthttpsperiodicossbuunicampbrojsindexphplilarticleview8658350gt Acesso em 26 jul2020

MULTIMIacuteDIA

A palavra multimiacutedia relaciona-se com os campos da comunicaccedilatildeo e da informaacutetica Pode-se compreendecirc-la como muacuteltiplos meios para se realizar uma comunicaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de meios de comunicaccedilatildeo di-ferentes com vaacuterios suportes de difusatildeo de informaccedilatildeo notadamente imagem e som qualquer recurso de comunicaccedilatildeo ou meio de expressatildeo em que se utiliza mais de um canal de comunicaccedilatildeo Uma apresentaccedilatildeo multimiacutedia eacute contextualizada pela utilizaccedilatildeo de imagem viacutedeo anima-ccedilatildeo som ou uma combinaccedilatildeo dessas miacutedias Na informaacutetica o conceito define a possibilidade de possuir todos os meios de comunicaccedilatildeo entre um computador e o usuaacuterio ainda que estes natildeo sejam bidirecionais Em uma campanha publicitaacuteria ou um plano de miacutedia multimiacutedia eacute a combinaccedilatildeo de diferentes meios e veiacuteculos que favorecem os objetivos de comunicaccedilatildeo cobertura e distribuiccedilatildeo Uma empresa multimiacutedia eacute

M

112

marcada pelo desenvolvimento de produtos que combina a utilizaccedilatildeo de vaacuterias miacutedias ou que oferece serviccedilos independentes (que natildeo se re-lacionam necessariamente) como eacute o caso de um conglomerado indus-trial que possui canais de raacutedio televisatildeo revistas jornais serviccedilos de portalsite fotografia etc O conglomerado pode gerar produtos multi-miacutedia eou oferecer serviccedilos multimiacutedia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MICHAELIS Michaelis Dicionaacuterio Brasileiro da Liacutengua Portuguesa Acesso em lthttpsmichaelisuolcombrgt Acesso em 17 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

PRIBERAM Disponiacutevel em lthttpsdicionariopriberamorggt Acesso em 17 jul 2020

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infantojuvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

MULTIMODALIDADE

A multimodalidade eacute um fenocircmeno em que diferentes modos se-mioacuteticos isto eacute diferentes linguagens como idiomas representaccedilotildees visuais gestos satildeo combinados e integrados em situaccedilotildees comunicati-vas O conceito de multimodalidade geralmente ligado agrave palavra texto comeccedilou a ser usado diante de caracteriacutesticas natildeo verbais que um texto expressa englobando imagens som e gestos Um texto multimodal traz mais de uma modalidade linguiacutestica verbal ou natildeo verbal integradas em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo

A multimodalidade natildeo eacute apenas a soma de linguagens mas a inte-raccedilatildeo entre linguagens diferentes em um mesmo texto Em um mundo marcado por princiacutepios verbais escritos de produccedilatildeo do texto esse se manifesta organizado segundo princiacutepios imageacuteticos de produccedilatildeo

A multimodalidade eacute encontrada em uma conversa face a face em que gestos e expressotildees faciais se unem agrave linguagem verbal Outro exemplo eacute visto nos livros infantis que usam diferentes texturas chei-ros e ateacute mesmo figuras que saltam de suas paacuteginas para estimular os sentidos das crianccedilas

M

113

O conceito de multimodalidade surge a partir da teoria semioacuteti-ca mais especificamente da Semioacutetica Social dos estudiosos Gunther Kress e Leeuwen A semioacutetica prima pelo estudo do texto em suas dife-rentes formas e linguagens mais especificamente focando em explicar o que ele diz e como faz para dizer o que diz

Embora mais utilizada para se referir a textos digitais a multimo-dalidade jaacute era encontrada em pinturas rupestres que demonstram a vida cotidiana do homem expressa por signos Atualmente os textos verbais convivem mutuamente com iacutecones fotos viacutedeos expressando a sua multimodalidade

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias BARROS Diana Luz de Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

CORREcircA Heacutercules T e COSCARELLI Carla V Multimodalidade MIL Daniel (Org) Dicionaacuterio criacutetico da educaccedilatildeo e tecnologias e de educaccedilatildeo a distacircncia Satildeo Paulo Papirus 2018

ROJO Roxane MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTISSEMIOSE

Multissemiose eacute a combinaccedilatildeo de diversos sistemas semioacuteticos como a linguagem verbal e a natildeo verbal em um mesmo texto Assim sendo podemos conceber o texto multissemioacutetico tambeacutem chamado de multimodal por alguns estudiosos como uma interaccedilatildeo semacircntica en-tre fala imagens escrita e outros modos veiculados por meio de outros sentidos ndash tato e paladar por exemplo A multissemiose estaacute presente em textos que nos permitem interpretar uma mensagem imagetica-mente de modo que o leitor tenha aleacutem do texto verbal alguns recur-sos visuais que facilitem o processamento do conteuacutedo em si

A multissimeiose eacute uma marca dos textos na sociedade atual re-pleta de panfletos outdoors reconhecimento automaacutetico de voz textos verbais acompanhados de fotos imagens diversas emoticons e emojis

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias KRESS G VAN L T Reading images the grammar of visual design 2 ed London amp New York Routledge 2006

ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

VIEIRA Mauriceacuteia de Paula A leitura de textos multissemioacuteticos novos desafios para velhos problemas Anais do SIELP Uberlacircndia EDUFU 2012 v 2 n 1

N

114

NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO

O termo letramento vem sendo acompanhado de diferentes adjetivos e outros termos qualificadores ao longo dos anos a partir do seu sur-gimento no Brasil nos anos 1980 Antes de definirmos Novos Estudos do Letramento eacute importante relembrar o que se entende por letramen-to Numa perspectiva socioantropoloacutegica o termo letramento pode ser entendido como usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam eles socialmente valorizados ou natildeo locais (proacuteprios de uma comunidade especiacutefica) ou globais re-cobrindo contextos sociais diversos (famiacutelia igreja trabalho miacutedias escolas etc) em grupos sociais e comunidades culturalmente diversifi-cadas e o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em dife-rentes situaccedilotildees de uso dela Constitui-se portanto um sujeito letrado aquele que domina essas praacuteticas sociais de leitura e escrita Partamos entatildeo para o que chamamos de Novos Estudos do Letramento Novos ndash plural de novo ndash que se caracteriza pela atualidade pela contempo-raneidade ndash e atribuiacutedo aos estudos do letramento Esse conceito surge ao se observar que os estudos do letramento estavam caminhando para um vieacutes mais social do que cognitivo Essa denominaccedilatildeo New Litera-cy Studies (NLS) foca em uma visatildeo mais social do letramento Esse ldquonovordquo se relaciona agrave ideia de ldquovirada socialrdquo ndash termo representou uma mudanccedila paradigmaacutetica da mente do indiviacuteduo passou-se a conside-rar leitura e escrita a partir do contexto das praacuteticas sociais e culturais (histoacutericas poliacuteticas e econocircmicas) ndash ou seja um aprofundamento das praacuteticas sociais culturais e locais de uso do letramento Esse caraacuteter etnograacutefico proposto pelos NLS enquanto um modelo de pesquisa envolve enquadramentos conceitualizaccedilotildees conduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo escrita e relato associado a um estudo amplo profundo e de longa du-raccedilatildeo de um grupo social ou cultural A partir dos estudos fundamen-tados na metodologia da etnografia o NLS apresenta duas concepccedilotildees de letramento autocircnomo e ideoloacutegico Pela perspectiva do letramento autocircnomo entende-se que o indiviacuteduo age de maneira independente Trata-se de um modelo de letramento que natildeo depende de um contexto social pois estaacute baseado em noccedilotildees de neutralidade e universalidade do conhecimento a ser transmitido ou seja o letramento por si soacute eacute autocircnomo capaz de produzir efeitos sobre praacuteticas cognitivas e sociais desconsiderando as condiccedilotildees sociais culturais e econocircmicas ineren-tes agrave vida social Jaacute na perspectiva do letramento ideoloacutegico as praacute-ticas de letramento variam de um contexto a outro isso porque esse modelo entende o letramento como uma praacutetica social e natildeo somente uma habilidade teacutecnica e neutra Nessa perspectiva o modo como as

N

115

pessoas se relacionam com a leitura estaacute enraizado na representaccedilatildeo dessas pessoas sobre o conhecimento Diferente do modelo autocircnomo em que o letramento eacute algo ldquodadordquo aos sujeitos o letramento ideoloacutegico seraacute reformulado reapropriado de maneiras diferentes de acordo com o contexto em que tiver inserido e com a identidade dos sujeitos-mem-bros de uma comunidade

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias BEVILAQUA Raquel Novos estudos do letramento e multiletramentos divergecircncias e confluecircncias RevLet Revista Virtual de Letras v 5 n1 janjul 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwrevletcombrartigos175pdfgt Acesso em 5 jul 2020

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

STREET B V Literacy and multimodality STIS Lecture Inter-Disciplinary Seminars Laboratoacuterio SEMIOTEC da FALEUFMG Faculdade de Letras Belo Horizonte Brazil 2012

NOVOS (MULTI)LETRAMENTOS

Para compreendermos o que se designa de Novos (multi)letramen-tos eacute importante retomar brevemente o conceito de multiletramentos Os multiletramentos se constituem a partir das diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e da diversidade de contextos e culturas que cons-tituem a sociedade Sendo assim ao longo do tempo surgiu a necessida-de de atribuir o adjetivo novos (no plural) ndash que aponta para algo que vigora que tem curso atual e substitui algo jaacute ultrapassado ndash ou seja a incorporaccedilatildeo desse adjetivo caminha para uma ideia de que surgiram ou se ampliaram os usos de novas linguagens e estamos em uma diver-sidade de contextos e culturas mais amplos Um dos fatores que moti-varam o emprego dessa ideia de novo eacute o uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo A internet mudou e ampliou as praacuteticas de letramento(s) promovendo assim uma novidade em relaccedilatildeo agraves praacuteti-cas sociais Os novos letramentos surgem com a internet e a tecnologia e para isso demandam novas habilidades de utilizaccedilatildeo como uso de aplicativos de texto que tambeacutem integram sons imagens e animaccedilotildees Aleacutem disso os novos dispositivos vecircm se transformando e se modifi-cando cada vez mais para atender as diferentes demandas da sociedade como por exemplo os smartphones os tablets os laptops os smartwatches (reloacutegios digitais com funccedilotildees diversas)Todos esses novos letramentos possuem esse caraacuteter multi (muitos) satildeo muacuteltiplos multimodais e mul-tifacetados Aleacutem disso esses novos letramentos satildeo mais participati-

N O

116

vos colaborativos e distributivos Essas novas tecnologias assim como esses novos dispositivos promoveram novas possibilidades de textosdiscursos como o hipertexto a multimiacutedia e depois a hipermiacutedia que por sua vez ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos tex-tosdiscursos requisitando assim novos (multi)letramentos

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

OBJETOS DE APRENDIZAGEM ndash recursos digitais

No mundo globalizado os objetos de aprendizagem possuem uma estreita ligaccedilatildeo com as tecnologias digitais e a internet Dessa manei-ra agrave medida que as tecnologias digitais se aprimoram os recursos se apresentam com maiores possibilidades de ocuparem lugares no cam-po educacional possibilitando uma maior interatividade dos alunos professores e conteuacutedos escolares e consequentemente uma aprendi-zagem mais eficaz O conceito busca estabelecer formalismos para o desenvolvimento de conteuacutedos didaacuteticos que sejam acessiacuteveis a qual-quer ambiente virtual de ensino-aprendizagem e aplicaacuteveis em dife-rentes contextos Os objetos de aprendizagem (OAs) satildeo ferramentas ou recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados no suporte do aprendizado Tais recursos podem compreender viacutedeos imagens hipertextos apresentaccedilotildees em slides etc A essecircncia dos OAs repousa sobre quatro caracteriacutesticas fundamentais acessibilidade reutilizaccedilatildeo durabilidade e interoperabilidade nas quais espera-se que aleacutem de po-derem ser encontrados e modificados sem perdas de qualidade teacutecnica ou didaacutetica duraacuteveis os OAs possam ser operados a partir de diferentes softwares e ambientes virtuais

Leidelaine Seacutergio Perucci

Referecircncias DIAS Carla Cristina Lu et al Padrotildees abertos aplicabilidade em Objetos de Aprendizagem (OAs) XX Simpoacutesio Brasileiro de Informaacutetica na Educaccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpsbr-ieorgpubindexphpsbiearticleview11631066gt Acesso em 29 jul 2020

SILVA Robson Santos Objetos de aprendizagem para Educaccedilatildeo a Distacircncia Satildeo Paulo Novatec Editora 2011 Disponiacutevel em lthttpss3novateccombrcapituloscapitulo-9788575222256pdfgt Acesso em 29 jul 2020

P

117

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Haacute uma discussatildeo terminoloacutegica que perpassa as consideraccedilotildees sobre trecircs expressotildees que compotildeem o campo e estudo sobre pedago-gia de projetos Satildeo eles meacutetodo de projetos trabalho com projetos e pedagogia de projetos Traccedilar essa delimitaccedilatildeo carece reconhecer os fundamentos teoacutericos que iniciaram essa trajetoacuteria de discussatildeo contri-buindo para consolidar o campo de estudos sobre as temaacuteticas e assim possibilitar aberturas para novos desdobramentos no campo teoacuterico e metodoloacutegico acerca da pedagogia de projetos Pensar numa pedagogia engloba o sentido etimoloacutegico da palavra paidagōgiacutea que significa lsquodi-reccedilatildeo ou educaccedilatildeo de crianccedilasrsquo ou seja educaccedilatildeo abrange pressupostos fundamentos diaacutelogo entre diferentes teorias que demarcam a conso-lidaccedilatildeo de um campo de conhecimentos teoacutericos e metodoloacutegicos em articulaccedilatildeo relaccedilatildeo dialoacutegica entre aspectos globais e locais Associar a expressatildeo meacutetodo eou trabalho com projetos demanda uma atuaccedilatildeo e olhar mais especiacuteficos sobre o trabalho pedagoacutegico a ser realizado Estudiosos do assunto apresentam uma cronologia do desenvolvimen-to teoacuterico e metodoloacutegico do trabalho baseado em projetos que teria se iniciado no final do seacuteculo XVI mais precisamente em 1590 nas escolas de arquitetura da Europa Essa trajetoacuteria tem sua continuidade em 1765 quando o trabalho com projetos eacute considerado meacutetodo de ensino e im-plementado nas Ameacutericas Em 1880 o trabalho com projetos eacute instituiacute-do nas escolas de formaccedilatildeo manual e nas escolas puacuteblicas em geral No ano de 1915 haacute redefiniccedilatildeo sobre o trabalho com projetos e retorno des-sa problematizaccedilatildeo na Europa Por fim entre os anos de 1965 e 2006 haacute a redescoberta do trabalho com projetos e sua divulgaccedilatildeo internacional pela terceira vez Hoje essa metodologia estaacute amplamente difundida e utilizada por diferentes aacutereas A efervececircncia da discussatildeo que culmi-na na expressatildeo pedagogia de projetos esbarra nos aspectos histoacutericos e econocircmicos ao longo do seacuteculo XX mas centra-se no decliacutenio dos mo-delos taylorista e fordista que dinamizavam as empresas influenciando a estrutura e forma de organizaccedilatildeo da dinacircmica escolar ponto este de tensatildeo que contribuiu para um (re)pensar educativo atraveacutes da pedago-gia de projetos por parte de todos os envolvidos na dinacircmica da escola e assim propiciar possibilidades de transiccedilatildeo da estrutura escolar tradi-cional para apropriar-se de abordagens mais dinacircmicas atrativas e ati-vas A pedagogia de projetos constitui-se de forma a articular aspectos antes fragmentados como o diaacutelogo entre as disciplinas escolares que favorece a integralidade curricular e com isso uma avaliaccedilatildeo natildeo mais centralizada mas articulada com diversos instrumentos subjacentes ao processo baseados na autonomia e proatividade do aluno A concepccedilatildeo inicial e origem da utilizaccedilatildeo da expressatildeo ldquopedagogia de projetosrdquo par-

P

118

te das contribuiccedilotildees do filoacutesofo e educador escolanovista John Dewey (1959 1971) no que se refere agraves percepccedilotildees sobre uma experiecircncia de produccedilatildeo de conhecimento de engajamento e participaccedilatildeo nas etapas que constituem os processos educativos Assim pretende-se por meio da pedagogia de projetos oferecer uma educaccedilatildeo pautada na postura ativa e natildeo mais passiva dos educandos descentralizando a atuaccedilatildeo docente o que remodela a forma de organizar aspectos estruturantes de se fazer e viver a escola sua dinacircmica e organizaccedilatildeo ao decentrali-zar a atuaccedilatildeo dos participantes do cotidiano escolar Essa experiecircncia ajuda a repensar reordenar e assim ressignificar as percepccedilotildees sobre os elementos que constituem o processo de ensino e reposiciona os parti-cipantes desse processo estabelecendo uma relaccedilatildeo horizontal pautada no engajamento e caraacuteter colaborativo de forma a atender as especifici-dades que surgem no processo de ensino e aprendizagem individual e coletivamente bem como atender as necessidades dos indiviacuteduos que a estes processos dinamizam No Brasil o maior colaborador para disse-minaccedilatildeo da pedagogia de projetos e a discussatildeo que essa terminologia representa foi Aniacutesio Teixeira

Luanna Amorim Vieira da Silva

Referecircncias PASQUALETO T I VEIT E A amp ARAUacuteJO I S (2017) Aprendizagem Baseada em Projetos no Ensino de Fiacutesica uma Revisatildeo da Literatura Revista Brasileira De Pesquisa Em Educaccedilatildeo Em Ciecircncias 17(2) 551-577 Disponiacutevel em lthttpsdoiorg10289761984-2686rbpec2017172551gt Acesso em 1 dez 2020

PLANOS FOTOGRAacuteFICOS

Plano fotograacutefico eacute a organizaccedilatildeo dos elementos fotografados no en-quadramento da cena Satildeo divididos com base na distacircncia entre a cacirc-mera e o objeto fotografado em grande plano geral plano meacutedio plano americano primeiro plano plano detalhe plongeacutee (cuja traduccedilatildeo literal do francecircs eacute mergulho) e contraplongeacutee O grande plano geral busca en-quadrar e evidenciar todo o ambiente dando pouca ecircnfase no sujeito O plano geral busca enquadrar o sujeito no espaccedilo onde ele se encontra dando uma sensaccedilatildeo de completude O plano meacutedio busca dar foco agrave captura do sujeito e eacute utilizado para fotografar todo o corpo de uma pessoa ou da cintura para cima Os demais elementos compotildeem o ce-naacuterio que ajudam no enquadramento No plano americano o sujeito eacute enquadrado da linha dos joelhos para cima Foi criado por diretores de filmes de faroeste americanos para que as armas tambeacutem fossem mostradas nas cenas de duelos O primeiro plano tambeacutem conhecido popularmente como close eacute utilizado para registrar emoccedilotildees e expres-

P

119

sotildees do rosto do sujeito enquadrando assim a cabeccedila e outros detalhes do corpo da pessoa que o fotoacutegrafo julgar importante O sujeito eacute iso-lado e o ambiente pouco importa nesse plano O plano detalhe busca captar os detalhes de parte do corpo partes de objetos ou da natureza No plano plongeacutee a cacircmera estaacute acima do niacutevel dos olhos voltada para baixo Essa forma de enquadramento eacute tambeacutem chamada de cacircmera alta Jaacute no plano contraplongeacutee a cacircmera estaacute abaixo no niacutevel dos olhos e apontada para cima

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias DANTAS Marcelo O artista digital e os planos fotograacuteficos Medium 2018 Disponiacutevel em lthttpsmediumcomaelao-artista-digital-e-os-planos-fotogrC3A1ficos-373f8499d62cgt Acesso em 5 de jul de 2020

PLURILINGUISMO

O prefixo ldquoplurirdquo tem sua origem no latim plus e se refere agrave ideia de ldquovaacuteriosrdquo ldquodiversosrdquo ldquopluralrdquo Desse modo plurilinguismo se refere ao ensino de vaacuterias liacutenguas Tal ensino se direciona a uma competecircncia adquirida pelo falante para compreender e ser compreendido diante da presenccedila de mais de uma liacutengua em determinado contexto de comuni-caccedilatildeo intercultural O ensino plurilinguiacutestico evolui para uma capaci-dade comunicativa que expande a experiecircncia do indiviacuteduo para uma dimensatildeo sociocomunicativa mais ampla Assim estaacute ligado de forma mais estreita agraves questotildees culturais e natildeo soacute ao domiacutenio de liacutenguas es-trangeiras Dessa forma a aprendizagem de outras liacutenguas tende a pro-mover a construccedilatildeo de identidades compostas por diversas culturas valorizando as diferenccedilas em um mundo multiliacutengue Portanto estaacute relacionado a convivecircncia pluricultural na qual os indiviacuteduos se comu-nicam por meio de uma variedade linguiacutestica

Haacute tambeacutem a compreensatildeo de que a competecircncia plurilinguiacutestica eacute transversal e corresponde agraves necessidades de comunicaccedilatildeo da ldquoera planetaacuteriardquo em que vivemos Essa era evoca outra necessidade a de ar-ticular e inter-relacionar conhecimentos contrapondo-se ao ensino tra-dicional compartimentado e linear Diante da multiplicidade cultural e da diversidade linguiacutestica das populaccedilotildees os multiletramentos se mos-tram necessaacuterios e condizentes com as linguagens miacutedias e tecnologias que favorecem novas praacuteticas de leitura e escrita o que se justifica nas sociedades contemporacircneas cuja multiplicidade semioacutetica dos textos com os quais essa sociedade se informa e se comunica eacute notoacuteria

Layla Juacutelia Gomes Mattos

P

120

Referecircncias CAROLA Cristina COSTA Heloisa Albuquerque Intercompreensatildeo no ensino de liacutenguas estrangeiras formaccedilatildeo pluriliacutengue para preacute-universitaacuterios Revista Moara n42 p99-116 juldez 2014 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufpabrindexphpmoaraarticledownload20582397gt Acesso em 26 jul 2020

ROJO Roxane Moura Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MENEZES Leonarda Jacinto Joseacute Maria Plurilinguismo Multilinguismo e Bilinguismo Reflexotildees sobre a Realidade Linguiacutestica Moccedilambicana PERcursos Linguiacutesticos v 3 n 7 (2013) Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufesbrindexphppercursosarticleview4589gt Acesso em 20 jul 2020

PODCASTS

Podcast designa uma forma de produccedilatildeo e compartilhamento de ar-quivos de aacuteudio na internet cujas atualizaccedilotildees podem ser consumidas (ouvidas) pelos usuaacuterios que por sua vez podem tambeacutem descarregaacute--las (fazer downloads) em seus dispositivos (hardwares)

Diferentemente do que se tornou comum considerar o podcast natildeo estaacute necessariamente ligado ao aacuteudio jaacute que qualquer conteuacutedo de miacute-dia (viacutedeo texto foto) pode ser distribuiacutedo atraveacutes do RSS (Rich Site Summary ou Really Simple Syndication)

A palavra podcast foi criada por Ben Hammersley para a ediccedilatildeo de abril de 2004 do jornal britacircnico The Guardian e inaugura o neologismo cujo conceito tem sido debatido Haacute duas versotildees sobre a origem do pre-fixo na primeira o pod proveacutem do famoso aparelho tocador de aacuteudio da empresa Apple (o lsquoiPodrsquo) jaacute na segunda pod significaria personal on demand ou lsquopessoal por demandarsquo O sufixo cast vem de broadcasting ou seja lsquotransmissatildeorsquo Desde entatildeo diferentes abordagens do fenocircmeno ganharam espaccedilo no debate acadecircmico Poreacutem natildeo haacute acordo sobre a definiccedilatildeo de padrotildees especiacuteficos ou regras que devem ser conduzidas no podcasting mas converge sempre agrave produccedilatildeo sonora realizada de for-ma colaborativa e associada agrave mobilidade A grande maioria dos ouvin-tes de podcasts utiliza seus smartphones para a escuta dos aacuteudios geral-mente durante o trajeto de locomoccedilatildeo urbana ou em tarefas domeacutesticas

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias COUTO Ana Luiacuteza S MARTINO Luiacutes Mauro Saacute Dimensotildees da pesquisa sobre podcast trilhas conceituais e metodoloacutegicas de teses e dissertaccedilotildees de PPGComs (2006-2017) Revista Raacutedio-Leituras Mariana-MG v 9 n 02 pp 48-68 juldez 2018

P

121

SALVES Deacuteborah Podcast imediato um estudo sobre a podosfera brasileira Orientador Profordf Drordf Raquel Ritter Longhi 2009 84 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Jornalismo) - Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2009 Disponiacutevel em lthttpsnephijorufscbrwordpresswp-contentuploads201305Podcast-Imediato-um-Estudo-Sobre-a-Podosfera-Brasileira-Deborah-Salves-2009-2pdfgt Acesso em 8 jul 2020

VICENTE Eduardo Do raacutedio terrestre ao podcast uma nova praacutetica de produccedilatildeo e consumo de aacuteudio Anais da Compoacutes Disponiacutevel em lthttpwwwcomposorgbrdataarquivos_2018trabalhos_arquivo_5U524AASCK6777ZKAFXV_27_6695_25_02_2018_16_09_06pdfgt Acesso em 8 jul 2020

POLIFONIA

Entende-se por polifonia um recurso esteacutetico formal apresentado por Mikhail Bakhtin (1895-1975) no ensaio publicado em 1963 intitu-lado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a partir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacutevski (1821-1881) O ponto de partida para a definiccedilatildeo da polifonia eacute a relaccedilatildeo autor-heroacutei nos roman-ces de Dostoieacutevski Bakhtin percebeu que tanto a voz autoral como a do heroacutei satildeo colocadas no mesmo plano A voz do heroacutei natildeo estaacute subor-dinada a uma imagem objetivada dele mesmo nem serve de inteacuterprete da voz do autor possuindo independecircncia dentro da estrutura da obra Nesses romances que Bakhtin denominou de romance polifocircnico em contraponto ao romance monoloacutegico a voz do autor eacute uma voz como as outras e todas satildeo dotadas de valores e poderes plenos nenhuma voz torna-se objeto da outra A polifonia eacute portanto a equivalecircncia de to-das as vozes no interior do objeto esteacutetico e essas vozes se constituem atraveacutes do diaacutelogo na maioria das vezes em pontos de vista contradi-toacuterios pois a voz consciecircncia falante que se faz presente nos enuncia-dos natildeo eacute neutra traz consigo a percepccedilatildeo de mundo juiacutezo e valores Atraveacutes da polifonia podemos compreender um mundo em constante transformaccedilatildeo plural incluso repleto de singularidades Essa capaci-dade permite que o conceito bakhtiniano esteja ainda tatildeo atual

Ana Claacuteudia Rola Santos

Referecircncias FIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

FARACO Carlos Alberto Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje Porto Alegre v 46 n 1 p 21-26 janmar 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

Q R

122

QUIZZES E ENSINO

Quiz eacute uma palavra com origem na liacutengua inglesa cuja definiccedilatildeo eacute questionaacuterio teste ou uma sequecircncia de perguntas Quando este termo estaacute relacionado ao ensino o quiz passa a ser algo aleacutem de uma sequ-ecircncia de perguntas pois este se torna uma ferramenta interativa capaz de aprofundar consolidar reforccedilar e principalmente avaliar a aprendi-zagem do estudante O quiz tem o objetivo de incentivar os estudantes a pensarem pesquisarem refletirem e discutirem os conteuacutedos e con-ceitos passados em sala de aula atraveacutes de questotildees de ordem teoacutericas e praacuteticas Existem diversos aplicativos sites e serviccedilos que possibilitam a criaccedilatildeo e uso gratuito de quizzes podendo ser do tipo on-line ou off--line Em sua forma on-line os quizzes satildeo criados e disponibilizados a partir de aplicativos plataformas ou sites da web como Quizur Google Forms ProProfs Quiz Maker Kahoot Socrative etc Jaacute em seu modo off-line utilizam-se aplicativos como o Plickers Dessa maneira com au-xiacutelio das tecnologias digitais o quiz se torna uma ferramenta uacutetil na aacuterea da educaccedilatildeo proporcionando experiecircncias diferentes no ambiente estudantil inclusive podendo ser utilizado de forma luacutedica como um ldquojogordquo

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias VARGAS Daiana de AHLERT Edson Moacir O processo de aprendizagem e avaliaccedilatildeo atraveacutes de QUIZ 2017 Artigo (Especializaccedilatildeo) ndash Curso de Docecircncia na Educaccedilatildeo Profissional Universidade do Vale do Taquari - Univates Lajeado 22 set 2017 Disponiacutevel em lthttphdlhandlenet107372038gt Acesso em 4 jul 2020

REDE SOCIAL (digital)

As redes sociais satildeo sites e aplicativos que permitem conexatildeo e inte-raccedilatildeo entre os usuaacuterios Satildeo tambeacutem conhecidas como ldquomiacutedias sociaisrdquo Entre as mais populares atualmente estatildeo o Facebook Instagram WhatsApp SlideShare YouTube e Twitter Por tambeacutem permitirem a comunicaccedilatildeo entre empresas e seu puacuteblico satildeo importantes canais para uma estrateacutegia de marketing digital As redes sociais tecircm como objetivo alcanccedilar um puacuteblico Podemos enquadrar as redes sociais agrave definiccedilatildeo de lsquomiacutediasrsquo como um conjunto de lsquomeios de comunicaccedilatildeorsquo de lsquomassarsquo ou lsquodigitaisrsquo destacados sobretudo por se tratar de dispositivos tecnoloacutegi-cos englobados por vezes em um acircmbito institucional no qual lsquomiacutediarsquo ganha tambeacutem o significado de lsquoempresa de comunicaccedilatildeorsquo e em que a

R

123

miacutedia eacute encarada como elemento agenciador das accedilotildees e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo de determinados fatos

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias EQUIPE EDUCAMUNDO As redes sociais na educaccedilatildeo desafios e dicas imperdiacuteveis [Sl] Educamundo 12 jun 2020 Disponiacutevel em lthttpswwweducamundocombrblogeducacao-redes-sociaisgt Acesso em 5 jul 2020

REMIXAGEM

Remixagem relaciona-se com a palavra remix originada do in-glecircs podendo ser tanto o verbo to remix quanto o substantivo remix As formas mais conhecidas do termo descrevem o objeto e o processo de remix tendo relaccedilatildeo com vaacuterios outros termos como o sampling e o mashup Sobre o conceito de remix pesquisadores desenvolveram trecircs frentes distintas o fenocircmeno cultural conhecido como cultura remix praticado com o uso de tecnologias digitais a praacutetica ou teacutecnica de re-mix a ideologia eou discurso da cultura remix conhecida como Re-mix (escrita apenas com a primeira letra na forma maiuacutescula) Como praacutetica eou teacutecnica ligada agrave cultura remix o termo pode ser encarado como re-mix em que o ldquorerdquo traz consigo a ideia de fazer algo novamente e o ldquomixrdquo significa mixagem (mistura) Assim o termo remix deve ser entendido como o rearranjo e mixagem de algo que jaacute foi editado antes ou seja uma forma de recriaccedilatildeo de outra obra (muacutesica viacutedeo entre ou-tras) uma remixagem A partir disso pode-se dizer que a palavra remi-xagem estaacute mais ligada agrave praacutetica ou agrave teacutecnica de remix do que qualquer outra nuance do mesmo termo

A praacutetica de remix como apropriaccedilatildeo desvio e criaccedilatildeo livre tem suas origens no movimento hip-hop que surgiu no final da deacutecada de 1960 em Nova York com gecircnese na muacutesica jamaicana Eacute nesse cenaacuterio mais especificamente nos anos 1970 a partir da criaccedilatildeo de maacutequinas de remix pelos DJs que o termo remix comeccedilou a ser utilizado em contex-tos associados agrave muacutesica e a outras aacutereas como a literatura o cinema e as artes plaacutesticas Em seu sentido amplo a remixagem pode ser entendida como um processo de ediccedilatildeo e apropriaccedilatildeo de fragmentos de materiais preexistentes com o intuito de originar novas obras As caracteriacutesticas das novas ferramentas digitais e da sociedade contemporacircnea tecircm po-tencializado a praacutetica do remix a partir de outros formatos e modali-dades Nesse sentido com a facilidade de acesso a softwares de ediccedilatildeo de aacuteudio imagem e viacutedeo a remixagem se torna uma praacutetica cada vez mais comum na nossa cultura (cultura remix) Esse movimento eacute ainda

R

124

mais potencializado por sites de divulgaccedilatildeo de viacutedeos como o YouTube que abarca uma grande variedade de remixes comuns na nossa cultura tais como memes e mashups

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo e Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias NAVAS E Remix Theory Nova York Springer 2012

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

RENDERIZACcedilAtildeO

O substantivo renderizaccedilatildeo deriva do verbo renderizar cujo signifi-cado eacute tornar um trabalho de processamento digital de aacuteudio imagem viacutedeo dentre outros produtos digitais em um material permanente Esse material eacute resultado de compilaccedilotildees e ediccedilotildees que constroem o resultado final Logo renderizaccedilatildeo eacute a etapa final desse processo que demanda teacutecnicas e recursos graacuteficos que envolvem cor luz contraste som etc partindo de um material bruto digitalizado que por meio de ediccedilatildeo poderaacute proporcionar uma melhor experiecircncia para o usuaacuterio transformando vaacuterios arquivos em um uacutenico produto

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias RENDERIZAR In DICIO Dicionaacuterio Online de Portuguecircs Porto 7Graus 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwdiciocombrrenderizargt Acesso em 9 ago 2020

O QUE eacute renderizaccedilatildeo ou render ControleNet Disponiacutevel em lthttpswwwcontrolenetfaqrenderizacao-ou-render-de-video-audio-e-imagens-3dgt Acesso em 9 ago 2020

SEEMG Cadernos de Informaacutetica - Curso de Computaccedilatildeo Graacutefica 3D Belo Horizonte Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais Disponiacutevel em lthttpportaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000014214pdfgt Acesso 9 ago 2020

REPRODUTIBILIDADE TEacuteCNICA

A expressatildeo reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida pela anaacute-lise do significado das palavras que a compotildeem Reprodutibilidade eacute a qualidade do que pode ser reproduzido enquanto teacutecnica designa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou uma ciecircncia ou ainda a parte material dessa arte ou ciecircncia Nesse sentido reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida como um material ou um conjunto de pro-cedimentos que podem ser reproduzidos A ideia de reprodutibilidade

R

125

teacutecnica eacute utilizada no campo das artes para fazer referecircncia agraves possibili-dades de reproduzir a imagem principalmente a partir de teacutecnicas como a fotografia e o cinema que surgiram com o processo industrial Esta relaccedilatildeo entre reprodutibilidade teacutecnica e imagem foi traccedilada por Walter Benjamin (1987) em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade teacutecnica A fotografia foi inventada no iniacutecio do seacuteculo XIX em meio ao desenvolvimento tecnoloacutegico e afetou de forma acentuada o campo das artes visuais Isso porque ateacute aquele momento a produccedilatildeo de imagens visuais era feita manualmente por artistas o que propiciava o caraacuteter uacutenico dessas obras Por outro lado a fotografia possibilita a captaccedilatildeo de imagens por meio de uma maacutequina e viabiliza sua produccedilatildeo em seacuterie Nesse sentido a fotografia natildeo se insere no acircmbito da unicidade como ocorre com a pintura mas sim na ordem da reprodutibilidade teacutecnica Nesse processo de reprodutibilidade teacutecnica natildeo existe mais o original pois todos tecircm acesso agraves coacutepias disseminadas

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

ReferecircnciasALMEIDA J G M A reprodutibilidade teacutecnica e a mudanccedila de percepccedilatildeo da realidade Revista Diaacutelogo Educacional v 5 n15 p27-43 2005

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

REUNIAtildeO VIRTUAL

Entende-se pela expressatildeo ldquoreuniatildeo virtualrdquo um encontro de pes-soas realizado pela internet atraveacutes de aplicativos ou serviccedilos com pos-sibilidades de compartilhamento de apresentaccedilotildees voz viacutedeo textos e arquivos unindo participantes de diferentes locais geograficamente Para realizar uma reuniatildeo virtual podem ser usados computadores de mesa laptops smartphones ou tablets Algumas plataformas como o Skype o Google Meet o Google HangOuts o Zoom o Team e o Jitsi possibilitam a realizaccedilatildeo de reuniotildees virtuais permitindo aleacutem das chamadas de viacutedeo o compartilhamento de telas e a ediccedilatildeo colaborati-va de documentos O Skype eacute um software lanccedilado no ano de 2003 que permite comunicaccedilatildeo pela internet atraveacutes de conexotildees de voz e viacutedeo criado por Janus Friis e Niklas Zennstrom Ele permite criar gratuita-mente videochamadas com ateacute 50 convidados Natildeo eacute preciso ser cadas-trado no serviccedilo para participar de uma reuniatildeo que pode ser acessada por meio de um link O Skype oferece bate-papo por viacutedeo chamadas internacionais e mensagens de texto via web Jaacute o Google Meet eacute um

R S

126

serviccedilo de comunicaccedilatildeo por viacutedeo desenvolvido pela empresa Google Ele conta com recursos multimiacutedia de interaccedilatildeo como suporte ao mi-crofone cacircmera e gravaccedilatildeo de tela A plataforma tambeacutem eacute chamada de Google Hangouts Meet pois surgiu a partir da separaccedilatildeo do chat do Hangouts e do recurso de viacutedeo Hoje a ferramenta de chat ficou responsaacutevel apenas pelo bate-papo em texto dos grupos enquanto o Meet tornou-se um aplicativo especiacutefico para realizaccedilatildeo de reuniotildees de viacutedeo com ateacute 250 pessoas conforme a licenccedila adotada O Zoom eacute um serviccedilo que possui diversas funcionalidades como compartilhamento de tela gravaccedilatildeo de webinars acesso via telefone upload de reuniotildees na nuvem e permite o uso de um quadro branco para fazer anotaccedilotildees O aplicativo tem uma versatildeo gratuita que oferece ateacute 40 minutos de viacutedeo com 100 pessoas e oferece a opccedilatildeo de uma conta gratuita apenas regis-trando um endereccedilo de e-mail e uma senha Atraveacutes dessa ferramenta o administrador da reuniatildeo pode criar uma sala e enviar um convite via e-mail ou link para qualquer pessoa participar mesmo que natildeo tenha uma conta no serviccedilo Jaacute o Jitsi eacute mais uma opccedilatildeo para quem procura re-alizar reuniotildees virtuais Trata-se de uma plataforma sem fins lucrativos e de coacutedigo aberto Para entrar nas chamadas natildeo precisa se cadastrar apenas eacute necessaacuterio acessar o link gerado que pode ser protegido por senha Importante lembrar que com a acelerada evoluccedilatildeo das tecnolo-gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alteraccedilotildees nessas plataformas e o surgimentos de outras ocorrem a todo momento tornando as informa-ccedilotildees aqui prestadas facilmente ultrapassadas

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

Referecircncias 10 ferramentas de videochamada para fazer reuniatildeo on-line Share 2020 Disponiacutevel em lthttpstudodesharecombrblog10-ferramentas-de-videochamada-para-fazer-reunioes-onlinegt Acesso em 12 de jul 2020

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

LEacuteVY Pieacuterre O que eacute o virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

ROSOLEN Faacutebio Google Meet serviccedilo de videoconferecircncia agora eacute gratuito para todos MundoConectado 2020 Disponiacutevel em lthttpsmundoconectadocombrnoticiasv13436google-meet-servico-devideoconferencia-agora-e-gratuito-para-todosgt Acesso em 12 jul 2020

SEMIOacuteTICA

A palavra semioacutetica vem do grego semeion que significa signo sema ou sinal o que demonstra imprecisatildeo na definiccedilatildeo dos limites da se-mioacutetica em relaccedilatildeo a outras ciecircncias afins tais como a semacircntica e a

S

127

semiologia De modo geral a semioacutetica eacute uma ciecircncia que estuda os signos (natildeo no sentido da astrologia mas no sentido de dar significado referindo-se agrave linguagem) e seu uso no campo da comunicaccedilatildeo aleacutem dos seus significados Embora por muitos anos o termo ldquosemiologiardquo tenha prevalecido entre os conhecidos estruturalistas franceses termo adotado pelo linguista e filoacutelogo suiacuteccedilo Ferdinand de Saussure a partir do seacuteculo XX mais precisamente no ano de 1969 o termo semioacutetica foi adotado como referecircncia no estudo dos signos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias B DE M BATISTA M DE F A semioacutetica caminhar histoacuterico e perspectivas atuais Revista de Letras v 1 n 25 2003

SANTAELLA L O que eacute semioacutetica Satildeo Paulo Brasiliense 1983 (Coleccedilatildeo Primeiros Passos)

SEMIOacuteTICA (peirciana)

Charles Sanders Peirce foi cientista matemaacutetico pedagogista filoacute-sofo e linguista americano Desenvolveu trabalhos com contribuiccedilotildees importantes agrave matemaacutetica filosofia loacutegica e principalmente agrave semi-oacutetica Para o entendimento da semioacutetica peirciana eacute importante com-preender o sistema categorial triaacutedico definido por Peirce Fenomeno-logia desenvolvida a partir de trecircs categorias universais denominadas como primeiridade secundidade e terceiridade A categoria definida como primeiridade eacute a forma de ser daquilo como eacute positivamente e sem nenhuma referecircncia a qualquer outra coisa Essa categoria indica a presenccedila raacutepida da mera possibilidade do sentimento irrefletido da independecircncia Jaacute a categoria definida como secundidade apoia-se na relaccedilatildeo entre um primeiro e um segundo indicada como categoria da experiecircncia no tempo e espaccedilo do confronto da realidade Segundo Peirce somos confrontados com ela em fatos tais como o outro a rela-ccedilatildeo a coerccedilatildeo o efeito a dependecircncia e a independecircncia a negaccedilatildeo o acontecimento a realidade o resultado Por fim a categoria definida como terceiridade baseia-se em um segundo em relaccedilatildeo a um terceiro essa categoria eacute definida como a da comunicaccedilatildeo e da semiose da me-diaccedilatildeo da siacutentese do haacutebito dos signos ou da representaccedilatildeo

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias SANTAELLA L A Teoria geral dos signos Satildeo Paulo Aacutetica 1995

PEIRCE C S Collected papers Vols I-VI ed Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge MA Harvard University Press 1931-1935) Vols VII-VIII ed Arthur W Burks (same publisher 1958) (1994)

S

128

SEMIOacuteTICA SOCIAL OU SOCIOSSEMIOacuteTICA

A expressatildeo semioacutetica social ou o termo sociossemioacutetica comeccedilou a ser usado ao final dos anos 1980 na Austraacutelia apoiado pelos princiacute-pios definidos pela Linguiacutestica Criacutetica e fundamentado sobre a concep-ccedilatildeo da Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional A semioacutetica social se desen-volve sobre os princiacutepios fundamentados por Ferdinand de Saussure nos quais satildeo investigadas as consequecircncias causadas pelo motivo que os sinais ou coacutedigos de comunicaccedilatildeo e linguagem satildeo constituiacutedos por processos sociais Sendo assim isso implica que os sistemas semioacuteti-cos e significados satildeo definidos a partir das relaccedilotildees de poder ou seja conforme o poder se desenvolve na sociedade a linguagem e outros significados socialmente reconhecidos podem eou devem sofrer mu-danccedilas A semioacutetica social realiza a anaacutelise dos signos na sociedade tendo como atribuiccedilatildeo principal o estudo sobre as trocas de informa-ccedilotildees Nessa concepccedilatildeo a escolha dos signos e a elaboraccedilatildeo dos discur-sos satildeo induzidos a partir de interesses que constituem um significado definido por meio de anaacutelise loacutegica que se refere a um contexto social

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias CARVALHO F F Semioacutetica social e imprensa o layout da primeira paacutegina de jornais portugueses sob o enfoque analiacutetico da gramaacutetica visual 286 paacuteginas Tese de Doutorado em Linguiacutestica Aplicada Universidade de Lisboa Portugal 2012

SANTOS Z B A concepccedilatildeo de texto e discurso para semioacutetica social e o desdobramento de uma leitura multimodal Revista Gatilho v13 2011

HODGE R and KRESS G Social Semiotics Cambridge Polity 1988

SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TIPOLOacuteGICOS E SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TOPOLOacuteGICOS

Pode-se definir que sistemas semioacuteticos tipoloacutegicos estatildeo relaciona-dos ao modo verbal como por exemplo a liacutengua jaacute os sistemas semi-oacuteticos topoloacutegicos estatildeo relacionados agrave percepccedilatildeo visual e a gesticula-ccedilatildeo espacial como por exemplo a danccedila e o ato de desenhar Segundo Lemke (2010) eacute possiacutevel construir de modo complementar significados essenciais tais como classificar coisas em grupos exclusivos e distin-guir variaccedilatildeo de grau no decorrer de vaacuterios contiacutenuos de diferenccedila A composiccedilatildeo real de um significado em geral compreende combinaccedilotildees de diversas modalidades semioacuteticas e assim como combinaccedilotildees gerais do tipo tipoloacutegico ou topoloacutegica A semacircntica das palavras relacionadas agrave liacutengua eacute considerada como sistema semioacutetico tipoloacutegico mas tratan-

S

129

do-se de caracteriacutesticas visuais da escrita manuscrita como por exem-plo tipos e formatos das letras efeitos acuacutesticos dentre outros essas caracteriacutesticas satildeo consideradas sistemas semioacuteticos topoloacutegicos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias LEMKE Jay L Letramento metamidiaacutetico transformando significados e miacutedias Trab linguist apl [on-line] 2010 vol49 n2 pp 455-479 Disponiacutevel em lthttpgooglaYoAe5gt Acesso em 12 jul 2020

SONS

O som eacute uma onda mecacircnica que pode ser percebida pela membra-na timpacircnica que compotildee a orelha e nos daacute a sensaccedilatildeo sonora Vivemos rodeados por ondas sonoras luminosas de raacutedio entre outras Satildeo elas que nos possibilitam assistir a programas de TV ouvir raacutedio aquecer um alimento no forno micro-ondas receber a luz solar As ondas sono-ras satildeo ondas mecacircnicas portanto elas necessitam de um meio mate-rial para se propagarem O meio material pode ser soacutelido liacutequido ou gasoso A velocidade do som depende da densidade do meio material em que ela se propaga A reflexatildeo do som tem aplicaccedilotildees praacuteticas como o uso de sonar aparelho capaz de emitir ondas sonoras na aacutegua e captar seus ecos Com ele eacute possiacutevel fazer a localizaccedilatildeo de cardumes ou obter o perfil do fundo marinho por exemplo Alguns animais como o golfi-nho e o morcego tecircm sonar bioloacutegico e orientam-se pelos ecos dos sons que emitem Os morcegos por exemplo utilizam o sonar bioloacutegico para se locomoverem e tambeacutem para obterem seu alimento em geral inse-tos e frutos Esses animais emitem som em alta frequecircncia (ultrassom) que reflete depois de atingir um obstaacuteculo e volta ao morcego o qual decodifica as informaccedilotildees do ambiente Com relaccedilatildeo agrave aacuterea da muacutesica os sons se dividem em modal semimodal e tonal

O tipo de som modal tem como caracteriacutesticas a ausecircncia de har-monias uso constante da ritmizaccedilatildeo ciacuteclica ligada a rituais sagrados sejam eles primitivos africanos indianos chineses japoneses aacuterabes indoneacutesios indiacutegenas das Ameacutericas entre outras culturas O som mo-dal estaacute presente tambeacutem na tradiccedilatildeo grega antiga e no canto gregoria-no sendo estes considerados etapas iniciais dessa estrutura sonora no Ocidente

O som tonal apresenta um contraste entre o tom maior e o menor com ritmizaccedilatildeo mais complexa Esse tipo de som abrange a muacutesica do periacuteodo medieval ateacute meados do seacuteculo XIX Seu aacutepice estaacute entre o bar-roco e o romantismo tardio transitando pelo estilo claacutessico De forma

S

130

geral o estilo tonal eacute a base da histoacuteria da muacutesica com uma pequena passagem pelo dodecafonismo desenvolvendo-se na muacutesica atual tor-nando possiacutevel uma articulaccedilatildeo entre o passado e presente

Jaacute o som poacutes-tonal tem um aspecto modal dentro do sistema tonal e estaacute presente em ritmos mais contemporacircneos como o jazz e a bossa nova da deacutecada de 1950 e os ritmos eletroacuacutesticos Encontra-se nas for-mas mais extremadas da muacutesica vanguardista do seacuteculo XX cujos ex-poentes satildeo Schoenberg e Webern bem como os seus desdobramentos que se estabeleceratildeo com a muacutesica eletrocircnica e suas formas recentes de repeticcedilatildeo consideradas tambeacutem como minimalistas Percebemos atu-almente diante das inovaccedilotildees musicais o fim da estrutura evolutiva da muacutesica ocidental que perpassa o cantochatildeo o tonalismo e a polifonia indo ao encontro do atonalismo do serialismo e da muacutesica eletrocircnica Provavelmente essa etapa evolutiva da muacutesica finalizou-se na metade do seacuteculo XX e atualmente vivenciamos uma mudanccedila substancial de paracircmetros em que o pulso atua de forma efetiva e que o minimalismo aponta para essa direccedilatildeo

Ricardo Ferreira Vale

Referecircncias GOWDAK Demeacutetrio Ossowski MARTINS Eduardo Lavieri Ciecircncias novo pensar- biologia quiacutemica e fiacutesica 9 Satildeo Paulo FTD 2017

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

WISNIK Joseacute Miguel O som e o sentido uma outra histoacuteria das muacutesicas Satildeo Paulo Cia das Letras 2000

STREAMING

A palavra streaming derivada do verbo to stream que pode ser tra-duzido como ldquotransmitirrdquo O substantivo streaming eacute utilizado para designar a tecnologia que permite captar sons e imagens num compu-tador como um fluxo contiacutenuo que permite ter acesso a estes sons e imagens antes de a informaccedilatildeo ter sido baixada como um todo Esse tipo de tecnologia significou uma inovaccedilatildeo importante pois nos pri-moacuterdios da internet o usuaacuterio soacute conseguia ouvir ou assistir viacutedeos depois que estes fossem transferidos por inteiro para o disco riacutegido do computador Atualmente existem duas teacutecnicas para fornecer serviccedilos de viacutedeo download and play e streaming Na primeira o arquivo de viacutedeo precisa ser inteiramente transferido para o usuaacuterio antes de ser visua-lizado Nesse tipo de tecnologia o tempo necessaacuterio para a transferecircn-

S T

131

cia de grandes arquivos eacute um dos principais limitantes uma vez que o usuaacuterio precisa da transferecircncia completa para iniciar a visualizaccedilatildeo O armazenamento local do viacutedeo permite ao usuaacuterio visualizaacute-lo sempre que desejar Por outro lado o streaming permite que as informaccedilotildees flu-am (sejam transmitidas) continuamente para o computador enquanto elas satildeo mostradas ao usuaacuterio A principal vantagem dessa teacutecnica em relaccedilatildeo agrave anterior eacute o fato de que ela reduz o tempo de iniacutecio da exibiccedilatildeo do viacutedeo e suprime a necessidade de armazenamento local do arquivo Esses viacutedeos podem ser acessados em servidores no quais eles satildeo ar-mazenados (como ocorre por exemplo em plataformas como a Netflix) ou transmitidos em tempo real (como ocorre por exemplo em uma live ou em uma videoconferecircncia)

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias TSCHOumlKE Clodoaldo Criaccedilatildeo de streaming de viacutedeo para transmissatildeo de sinais de viacutedeo em tempo real pela internet Orientador Prof Francisco Adell Peacutericas 2001 73 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Ciecircncias da Computaccedilatildeo) - Universidade Regional de Blumenau Blumenau 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwinffurbbr~pericasorientacoesStreaming2001pdfgt Acesso em 15 jul 2020

TAGUEAMENTO

Tagueamento deriva da palavra tag que em inglecircs significa etique-ta roacutetulo Tagueamento estaacute relacionado agrave organizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de informaccedilotildees em paacuteginas na internet por exemplo Essa organizaccedilatildeo se daacute por meio de tags palavras-chave que funcionam como etiquetas para informaccedilotildees e por meio da marcaccedilatildeo relaciona e facilita o acesso a publicaccedilotildees conexas ou afins Tagueamento tambeacutem pode ser com-preendido por etiquetagem visto que o termo tag originalmente utili-zado nas especificaccedilotildees da linguagem de marcaccedilatildeo HTML tambeacutem eacute chamado de etiqueta marcador roacutetulo ou comando Esse tagueamento ou etiquetagem eacute criado por meio de Linguagem de Marcaccedilatildeo e como o proacuteprio nome evidencia define uma marca como um coacutedigo que envol-ve a palavra ou texto Uma forma de tagueamento eacute o uso das hashtags usadas nas redes sociais on-line e por meio delas o usuaacuterio pode vin-cular sua postagem a outras que tenham a mesma palavra bem como encontrar postagens relacionadas a uma mesma hashtag em apenas um click sobre ela Aleacutem disso elas tambeacutem servem para orientar mecanis-mos de pesquisa de ferramentas de busca

Layla Juacutelia Gomes Mattos

T

132

Referecircncias CAMBRIDGE Dictionary TAG Disponiacutevel em lthttpsdictionarycambridgeorgptdicionarioingles-portuguestaggt Acesso em 4 ago 2020

ASSIS PabloO que eacute tag Tecmundo 2009 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrnavegador2051-o-que-e-tag-htmgt Acesso em 4 ago 2020

AMADO Francisco Para que serve uma tag Brasil Escola Disponiacutevel em lthttpsmeuartigobrasilescolauolcombrinformaticapara-que-serve-uma-taghtmgt Acesso em 4 ago 2020

Fundamentos da linguagem HTML etiqueta elemento atributo e valor Disponiacutevel em lthttpwwwnceufrjbrginapecursohtmlconteudointroducaofundamentoshtmgt Acesso em 4 ago 2020

FURGERI S O papel das linguagens de marcaccedilatildeo para a Ciecircncia da Informaccedilatildeo Transinformaccedilatildeo v 18 p 225-250 2006 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrpdftinfv18n306pdfgt Acesso em 4 ago 2020

TEXTO

A palavra texto de acordo com o dicionaacuterio etimoloacutegico vem do latim texere (construir tecer) cujo particiacutepio passado textus tambeacutem era usado como substantivo e significava lsquomaneira de tecerrsquo ou lsquocoisa te-cidarsquo e ainda mais tarde lsquoestruturarsquo Em meados do seacuteculo XIV que a evoluccedilatildeo semacircntica da palavra atingiu o sentido de lsquotecelagem ou estru-turaccedilatildeo de palavrasrsquo ou lsquocomposiccedilatildeo literaacuteriarsquo e passou a ser usado em inglecircs proveniente do francecircs antigo texte Trata-se pois de uma uni-dade de sentido de um contiacutenuo comunicativo contextual que se carac-teriza por um conjunto de relaccedilotildees responsaacuteveis pela tessitura do texto ndash os criteacuterios ou padrotildees de textualidade entre os quais merecem desta-que especial a coesatildeo e a coerecircncia Numa outra perspectiva de acordo com estudos contemporacircneos o sentido de um texto natildeo estaacute nele o sentido do texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-sujeitos e natildeo algo que preexista a essa interaccedilatildeo Na concepccedilatildeo interacional da liacutengua o texto eacute considerado o proacuteprio lugar da interaccedilatildeo e da constituiccedilatildeo dos inter-locutores Haacute lugar no texto para toda uma gama de impliacutecitos dos mais variados tipos somente detectaacuteveis quando se tem como pano de fundo o contexto sociocognitivo dos participantes da interaccedilatildeo

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias KOCH I G V ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2010 3 ed 7ordf reimpressatildeo

FAacuteVERO Leonor L KOCH Ingedore G V Linguiacutestica textual uma introduccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

T

133

TRANSMIacuteDIA

O termo transmiacutedia foi criado por Marsha Kinder uma estudiosa de cinema e professora de Estudos Criacuteticos na Universidade do Sul da Califoacuternia em 1991 no livro Playing with Power Foi uma das primei-ras a reconhecer formalmente que a histoacuteria pode ser fragmentada e espalhada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo contribuindo para uma experiecircncia coletiva enriquecida quando apreciada em conjunto Em 2001 Henry Jenkins codiretor do programa de Estudos de Miacutedia Comparada do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) passou a promover a teoria de Kinder e chamar a atenccedilatildeo de escritores e produ-tores de Hollywood para suas perspectivas comerciais

Henry Jenkins utilizou o termo transmiacutedia pela primeira vez em um artigo da revista Technology Review em 2003 e aperfeiccediloou o con-ceito trecircs anos mais tarde no livro Cultura da convergecircncia publicado no Brasil em 2008

Uma histoacuteria transmidiaacutetica se desenrola atraveacutes de muacuteltiplos su-portes midiaacuteticos com cada novo texto contribuindo de maneira distin-ta e valiosa para o todo Cada meio faz o melhor para que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela televisatildeo roman-ces e quadrinhos por exemplo Seu universo pode ser explorado em games ou experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildees O acesso deve ser autocircnomo para que natildeo seja necessaacuterio ver o filme para gostar do game ou vice-versa Cada produto determinado eacute um ponto de acesso agrave franquia como um todo As histoacuterias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente

A palavra transmiacutedia surge para se referir agrave induacutestria do entreteni-mento e se difunde para outras aacutereas como o jornalismo O termo tem sido frequentemente confundido com a ideia de convergecircncia e conce-bido de forma generalizada utilizado para caracterizar qualquer nar-rativa que flui de uma miacutedia para outra sem que sejam consideradas as suas peculiaridades

Relacionada a comunicaccedilatildeo de mensagens histoacuterias conceitos por meio de diferentes plataformas de miacutedia como filme programa de tele-visatildeo livro revista em quadrinhos videogame internet etc Cada novo texto contribui com algo novo para a narrativa principal Tem como objetivo captar novos consumidores para um determinado produto ou marca Por exemplo uma histoacuteria eacute dividida em partes e veiculada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo Cada um definido pelo seu maior po-tencial de explorar aquela parte da histoacuteria Haacute sempre uma miacutedia re-gente na qual se desenvolve uma narrativa principal enquanto o trans-bordamento para as outras se caracteriza como narrativas secundaacuterias

T

134

A predominacircncia de uma determinada miacutedia vai qualificar o tipo de conteuacutedo do projeto como narrativas radiofocircnicas transmiacutedia ou entatildeo televisivas transmiacutedia

No caso do jornalismo quatro caracteriacutesticas devem estar presentes em uma narrativa transmiacutedia a) interatividade b) hipertextualidade c) multimidialidade integrada d) contextualizaccedilatildeo A compreensatildeo de transmiacutedia seja ela aplicada ao jornalismo ou ao entretenimento deve incorporar estrateacutegias de ampliaccedilatildeo da narrativa regente de engaja-mento e envolvimento da audiecircncia na composiccedilatildeo eou na recircula-ccedilatildeo de narrativas secundaacuterias Estrutura que se expande em termos de linguagens verbais como as icocircnicas textuais etc e de miacutedias como televisatildeo raacutedio celular internet jogos quadrinhos etc

Outras duas vertentes principais da narrativa transmiacutedia podem ser citadas a histoacuteria eacute contada atraveacutes de vaacuterios meios e plataformas comeccedilando em um meio e continuando em outros os prosumidores (consumidor que produz conteuacutedo) colaboram na construccedilatildeo do mun-do narrativo O relato gerado pelo emissor (de cima para baixo) deve-se somar agrave produccedilatildeo de baixo para cima ndash a colaboraccedilatildeo dos consumido-res agora convertidos em produtores

A loacutegica transmiacutedia ultrapassou o entretenimento e o marketing alcanccedilando a educaccedilatildeo o jornalismo e outras aacutereas do conhecimento Uma extensatildeo natural da chamada cultura da convergecircncia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias ALZAMORA Geane TAacuteRCIA Lorena Convergecircncia e Transmiacutedia galaacutexias semacircnticas e narrativas emergentes em jornalismo Brazilian Journalism Research Vol 8 Nordm 1 2012

LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infanto-juvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

TRANSMODALIDADE

Entende-se por transmodalidade elementos da linguagem que podem ser utilizados em diferentes modos Eacute a transformaccedilatildeo de um modo em outro a combinaccedilatildeo de elementos semioacuteticos de modos dife-

T V

135

rentes mas pertinentes entre si se correlacionando para que haja com-preensatildeo

Alguns exemplos de transmodalidade um livro transformado em filme o modo de comunicaccedilatildeo foi transformado em outro alterando as caracteriacutesticas de cada um que satildeo bem definidas Encontramos trans-modalidade tambeacutem na linguagem de sinais as pessoas surdas estatildeo em constantes processos de transmodalidade ou seja no tracircnsito entre liacutenguas (sinais e orais) e entre modalidades linguiacutesticas (visual-espacial e oral-auditiva)

Coincidindo com esse conceito a transmiacutedia utiliza diferentes miacute-dias ou seja diferentes modos para transmitir conteuacutedos variados de forma que os meios se contemplem Uma histoacuteria transmiacutedia desenro-la-se atraveacutes de muacuteltiplas plataformas de miacutedia com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo

Andresa Carla Gomes de Carvalho

ReferecircnciasLIMA Hildomar Joseacute de RESENDE Tacircnia Ferreira Escritas em portuguecircs por surdos(as) como praacuteticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade Revista Educaccedilatildeo Especial Santa Maria 2019 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufsmbreducacaoespecialarticleview38270gt Acesso em 15 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

VIDEOCAST E REPOSITOacuteRIOS DE VIacuteDEOS

A palavra videocast surge depois da palavra podcast quando ocor-re a inclusatildeo da imagem estaacutetica ou em movimento nos arquivos de conteuacutedo de aacuteudio Portanto videocasts consistem em arquivos de viacutedeo que podem ser assistidos pela internet ou baixados pelo usuaacuterio com a possibilidade de interaccedilatildeo destes (compartilhamento e comentaacuterios em espaccedilos no canal onde o videocast foi postado) caso esta opccedilatildeo seja habilitada pelo publicante O termo podcast permanece sendo usado principalmente para referir-se a arquivos de aacuteudio enquanto os arqui-vos de viacutedeo ganharam nomes especiacuteficos (vodcasts ou videocasts)

Os chamados ldquoviacutedeos da internetrdquo se popularizaram acompanhan-do os avanccedilos tecnoloacutegicos com a digitalizaccedilatildeo das cacircmeras fotograacutefi-cas e cinematograacuteficas Com a expansatildeo e a popularizaccedilatildeo do podcast na primeira metade dos anos 2000 os viacutedeos disponiacuteveis nos chamados repositoacuterios miacutedia passaram a ser denominados por alguns de video-casts ou abreviadamente de vodcasts conquanto vaacuterios autores tambeacutem os considerem podcasts

V

136

Atualmente existem inuacutemeros repositoacuterios de viacutedeo na internet alguns pagos e outros gratuitos (vimeocom pexelscom darefulcom videezycom pixabaycom videvonet etc) sendo o YouTube o mais po-pular entre todos que desde 2005 hospeda viacutedeos de colaboradores do mundo inteiro

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias ARAUacuteJO PMP ERROBIDART NCG JARDIM MIA Videocast Potencialidades e Desafios na Praacutetica Educativa segundo a literatura XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educaccedilatildeo em Ciecircncias ndash XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis SC ndash 3 a 6 de julho de 2017

CORREcircA Heacutercules Tolecircdo DIAS Daniela Rodrigues Podcasts na educaccedilatildeo a distacircncia possibilidades pedagoacutegicas e desafios a partir da experiecircncia Artigo apresentado como requisito da Disciplina Toacutepicos especiais em Comunicaccedilatildeo I - Podcast experimentaccedilotildees e formatos contemporacircneos ministrada pela docente Profa Dra Nair Prata do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Comunicaccedilatildeo - Mestrado do Instituto de Ciecircncias Sociais Aplicadas - ICSA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Mariana MG 2019

PAULA Joatildeo Basilio Costa Podcasts educativos possibilidades limitaccedilotildees e a visatildeo do professor de ensino superior Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica Belo Horizonte Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais 2010

e q u i p ee d i t o r i a l

138

Ana Elisa Ribeiro eacute doutora em Linguiacutestica Aplicada (Linguagem e tecnologia) e mestre em Estudos Linguiacutesticos (Cogniccedilatildeo linguagem e cultura) pela Universidade Federal de Minas Gerais poacutes-doutora em Comunicaccedilatildeo pela PUC Minas em Linguiacutestica Aplicada pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp e em Estudos Literaacuterios pela Universidade Federal de Minas Gerais Eacute professora titular e pesquisa-dora do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais onde atua no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (mestrado e doutorado) no bacharelado em Letras (Tecnologias de Ediccedilatildeo) e no ensino meacutedio Eacute es-critora autora de livros e publicaccedilotildees literaacuterias individuais e coletivas

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

O R G A N I Z A D O R E S

139

Adriana Alves Pinto eacute doutoranda em Estudos de Linguagens no Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) Mestra em Estudos linguiacutesticos-Traduccedilatildeo liacutengua inglesa pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais Especialista em Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Utilizando o Linux Educacional pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado) liacuten-gua inglesa pela UFMG Graduada em LetrasPortuguecircs pela Faculda-de Educacional da Lapa (FAEL) Adriana Alves tambeacutem eacute professora de liacutengua inglesa do ensino baacutesico na escola estadual Celmar Botelho Duarte em Belo Horizonte MG

Arlene Pereira dos Santos Faria eacute poacutes-graduada em ciecircncias da reli-giatildeo pelo ISTA e em Administraccedilatildeo Escolar pela Universidade Cacircndido Mendes Atualmente mestranda em Administraccedilatildeo pelo centro uni-versitaacuterio Unihorizontes Graduada em Pedagogia com ecircnfase no ensi-no religioso pela PUC Minas Dirigiu ateacute fevereiro de 2021 o Coleacutegio Agostiniano Frei Carlos Vicuna projeto social da Sociedade Inteligecircn-cia e Coraccedilatildeo (SIC)

Aureacutelio Kubo eacute doutorando no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estu-dos de Linguagens do CEFET-MG fez mestrado em Estudos Linguiacutesti-cos na UFMG e eacute licenciado em Letras Eacute professor no CEFET-MG Cam-pus Timoacuteteo

Magno Martins eacute mestrando em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG Produtor multimiacutedia estrategista em Marketing Digital e atual-mente eacute professor e profissional independente em Marketing Digital e Comunicaccedilatildeo Digital

Marcos Felipe da Silva eacute mestrando em Estudos de Linguagens no CEFET e formado em Letras pela Faculdade Pitaacutegoras de Belo Hori-zonte

T R A D U T O R E S

140

Michel Montandon eacute doutorando em Estudos de Linguagens pelo Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica e servidor da Universidade Fede-ral de Satildeo Joatildeo del-Rei (UFSJ)

Nathalie Santos Caldeira Gomes eacute mestra em Teoria do Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharela em Direito pelo Centro Universitaacuterio Newton Paiva bacharela em Letras com Ecircn-fase em Tecnologias de Ediccedilatildeo pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecno-loacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG licenciada em Portuguecircs e Inglecircs pelo Centro de Ensino Superior de Maringaacute e licenciada em Pedagogia pela Faculdade Ibra de Brasiacutelia Atualmente professora na Prefeitura Municipal de Lagoa Santa e na Seicho-No-Ie do Brasil

Rafael Augusto Gonccedilalves Rocha eacute doutorando em Estudos de Lin-guagens pelo CEFET-MG e Mestre em Estudos Culturais Contempo-racircneos pela Universidade FUMEC Graduado em LetrasInglecircs pela UFMG Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Grupo Educacional Unis-MG e Peda-gogia pelo ISEIB Professor no Coleacutegio Tiradentes da PMMG professor de Liacutengua Inglesa no Coleacutegio Santa Maria Minas - Unidades Betim e Nova Lima e professor da SEE-MG

T R A D U T O R E S

141

Amanda Ribeiro eacute mestranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais escritora e professora da rede particular de ensino

Aquiles Junio dos Santos eacute graduado em Administraccedilatildeo Puacuteblica pela Faculdade Minas Gerais - Famig e Especialista em Gestatildeo Puacuteblica Mu-nicipal pela Universidade Federal de Satildeo Joatildeo del-Rei - UFSJ Teacutecnico em Estradas pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG e servidor puacuteblico estadual na Fundaccedilatildeo Ezequiel Dias - Funed

Gbegravenoukpo Geacuterard Nouatin eacute doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG Professor de liacutenguas com experiecircncia em traduccedilatildeo Professor Gbegravenoukpo eacute graduado em LetrasEspanhol na especialidade Estudos Linguiacutesticos pela Universiteacute drsquoAbomey-Calavi

Ione Aparecida Neto Rodrigues eacute doutoranda em Estudos de Lin-guagens - CEFET-MG Mestre em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica- CEFET-MG Graduada em Pedagogia pela UEMG e Coordenadora Pedagoacutegica da Faculdade Ciecircncias da Vida em Sete Lagoas (MG)

Mateus Esteves de Oliveira eacute doutorando e mestre em Estudos de Lin-guagens (CEFET-MG) Graduado em Gestatildeo Comercial (Universidade de Itauacutena) Letras Portuguecircs Inglecircs (UNAR)

Rejane Aparecida da Silva eacute mestre em Letras - Linguiacutestica e Liacutengua Portuguesa pela PUC Minas Graduada em Letras pela PUC Minas Atualmente eacute aluna em disciplina isolada no Programa de Poacutes-Gradu-accedilatildeo em Estudos de Linguagem no CEFET-MG e atua como professora na rede particular em Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

142

Suzanne Silva Rodrigues de Morais eacute doutoranda e mestre em Estu-dos de Linguagens pelo CEFET-MG Graduada em Letras pela UEMG eacute professora de liacutengua portuguesa e produccedilatildeo de textos na rede puacuteblica e particular de Divinoacutepolis - MG

Weliton da Silva Leatildeo eacute mestrando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG Licenciado em Matemaacutetica pela PUC Minas e professor de Matemaacutetica na rede particular de Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

143

Ana Claacuteudia Rola Santos eacute mestra em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Ana Luacutecia de Souza eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educaccedilatildeo de Joatildeo Monlevade e em Matemaacutetica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Andresa Carla Gomes de Carvalho eacute mestranda em Letras - Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto e graduada em Letras pela Faculdade de Ciecircncias e Letras de Congonhas

Beatriz Toledo Rodrigues eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Linguagem Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana eacute especialista em Metodologia de ensino da Educaccedilatildeo Infantil e Seacuteries Iniciais pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais graduada em Letras pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto e aluna da disciplina (isolada) Multi-letramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Daniela Rodrigues Dias eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto MBA em Gestatildeo de Instituiccedilotildees Educacionais pela Faculdade Pitaacutegoras e em Gestatildeo Empresarial pela Fundaccedilatildeo Comu-nitaacuteria de Ensino Superior de Itabira especialista em Informaacutetica em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Lavras e bacharela em Sistemas de Informaccedilatildeo pela Faculdade Kennedy de Joatildeo Monlevade

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

144

Elton Ferreira de Mattos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Ciecircncias Humanas pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Fernanda Luiza de Sousa eacute mestra em Ensino de Ciecircncias com ecircnfase em Fiacutesica pela Universidade Federal de Ouro Preto e Licenciada em Fiacutesica pelo Instituto Federal de Minas Gerais - Ouro Preto

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Con-trole e Automaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselheiro Lafaiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo de Conteuacutedo em ComunicaccedilatildeoJornalismo pela Universidade Metodista de Satildeo Paulo e em Gestatildeo de Pessoas pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharel em Comunicaccedilatildeo SocialJornalismo pela Fundaccedilatildeo Comunitaacuteria Educacional e Cultural de Joatildeo Monlevade e graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

145

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Com-putaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselho La-faiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Layla Juacutelia Gomes Mattos eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Viccedilosa graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viccedilosa aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universida-de Federal de Ouro Preto

Leidelaine Seacutergio Perucci eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Coordenaccedilatildeo Pedagoacutegica pela Universidade Cacircndido Mendes graduada em Pedagogia pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Luanna Amorim Vieira da Silva eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Facul-dade Fransinette do Recife

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves eacute mestrando em Letras ndash Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Metodologia de Ensino da Liacutengua Portuguesa e da Liacutengua Inglesa pela Universidade Cacircndido Mendes graduado em Letras pela Faculdade Santa Rita

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa eacute graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em In-formaacutetica Aplicada agrave Educaccedilatildeo pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

146

Ricardo Ferreira Vale eacute doutorando em ducaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestre em Biotecnologia e Gestatildeo da Inovaccedilatildeo pelo Centro Universitaacuterio de Sete Lagoas especialista em Ensino de Biologia pela Universidade Cacircndido Mendes licenciado em Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Centro Universitaacuterio do Sul de Minas e licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitaacuterio Unifacvest

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees eacute doutoranda em Educaccedilatildeo e Mestra em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Psicopedagogia Institucio-nal pelo Instituto Prominas e graduada em LetrasLiacutengua Portuguesa pela Universidade Federal de Ouro Preto

Sabrina Ribeiro eacute graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Ouro Preto e voluntaacuteria do Grupo de Pesquisa Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto licenciada em Quiacutemica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Thiago Caldeira da Silva eacute mestrando em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo Puacuteblica pela Universidade Federal de Ouro Pre-to bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Viccedilosa

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

c r eacute d i t o s

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Diretor-GeralProf Flaacutevio Antocircnio dos Santos

Vice-DiretoraProfa Maria Celeste Monteiro de Souza Costa

Chefe de GabineteProfa Carla Simone Chamon

Diretor de Educaccedilatildeo Profissional e TecnoloacutegicaProf Seacutergio Roberto Gomide Filho

Diretora de GraduaccedilatildeoProfa Danielle Marra de Freitas Silva Azevedo

Diretor de Pesquisa e Poacutes-GraduaccedilatildeoProf Conrado de Souza Rodrigues

Diretor de Planejamento e GestatildeoProf Moacir Felizardo de Franccedila Filho

Diretor de Extensatildeo e Desenvolvimento ComunitaacuterioProf Flaacutevio Luis Cardeal Paacutedua

Diretor de Governanccedila e Desenvolvimento Institucional Prof Henrique Elias Borges

Diretor de Tecnologia da InformaccedilatildeoProf Gray Faria Moita

Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo

Coordenadora

Profa Joelma Rezende Xavier

Coordenador AdjuntoProf Joseacute de Souza Muniz Jr

LED eacute a editora-laboratoacuterio do Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo do CEFET-MG Tem por objetivo proporcionar ao corpo discente um espaccedilo permanente de reflexatildeo e experiecircncia para a praacutetica profis-sional em ediccedilatildeo de diversos materiais Tem como princiacutepios fundado-res a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensatildeo a integraccedilatildeo entre formaccedilatildeo teoacuterica e formaccedilatildeo praacutetica e a valorizaccedilatildeo do aprendiza-do horizontal e autocircnomo

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas GeraisAv Amazonas 5253 Nova SuiacuteccedilaCampus I sala 344Belo Horizonte MG Brasil CEP 30421-169Telefone +55 (31) 3319-7140

CoordenadorProf Dr Joseacute de Souza Muniz Jr

Vice-coordenadorProf Dr Luiz Henrique Silva de Oliveira

Comissatildeo EditorialProfa Dra Ana Elisa RibeiroProfa Dra Elaine Ameacutelia MartinsProf Dr Joseacute de Souza Muniz JrProf Dr Luiz Henrique Silva de OliveiraProfa Dra Maria do Rosaacuterio Alves PereiraProf Dr Rogeacuterio Silva BarbosaProf Dr Wagner Moreira

Conselho EditorialProfa Dra Ana Claacuteudia Gruszynski (UFRGS Brasil)Profa Dra Andreacutea Borges Leatildeo (UFC Brasil)Prof Dr Cleber Arauacutejo Cabral (Uninter Brasil)Profa Dra Daniela Szpilbarg (CIS-IDES-CONICET Argentina)Profa Dra Isabel Travancas (UFRJ Brasil)Profa Dra Luciana Salazar Salgado (UFSCar Brasil)Prof Dr Luis Alberto Ferreira Brandatildeo Santos (UFMG Brasil)Profa Dra Mariacutelia de Arauacutejo Barcellos (UFSM Brasil)Prof Dr Maacuterio Alex Rosa (CEFET-MG Brasil)

Projeto de traduccedilatildeo ldquoUma Pedagogia dos Multiletramentosrdquo

Professores CoordenadoresAna Elisa RibeiroMarcelo Amaral (Doutorando Posling - CEFET-MG)

PreparaccedilatildeoCarolina de Vasconcelos SilvaGabriela OliveiraGabrielly Ferreira

Texto de quarta capaElinara Santana

Projeto Graacutefico e DiagramaccedilatildeoMurilo Vale Valente

RevisatildeoAcircngela Alves Vasconcelos

Revisatildeo finalElinara Santana

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca UniversitaacuteriaBibliotecaacuterio Wagner Moreira de Souza ndash CRB6-2623

P371 Uma pedagogia dos multiletramentos Organizaccedilatildeo e apresentaccedilatildeo Ana Elisa Ribeiro Heacutercules Tolecircdo Correcirca ndash Belo Horizonte LED 2021

152 p ISBN 978-65-87948-04-1

1 Linguiacutestica 2 Letramento I Ribeiro Ana Elisa II Correcirca Heacutercules Toledo III Tiacutetulo

CDD 410

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

Este e-book celebra os 25 anos do Manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos Foram usadas as

fontes Palatia e Palatino Linotype O projeto editorial eacute de estudantes de Letras do CEFET-MG e foi

finalizado no inverno de 2021

de

se

nh

an

do

futu

ros

so

cia

is

do

s

Em 1994 dez educadores se reuniram em Nova Londres (EUA) com o intuito de

discutir a pedagogia dos letramentos Des-se encontro surgiu o manifesto A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures importante documento que propocircs a noccedilatildeo de multiletramentos com sua diversidade linguiacutestica cultural e textual Agora com esforccedilo e dedicaccedilatildeo de professores mes-trandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) em parceria com a editora-la-boratoacuterio do Bacharelado em Letras esse manifesto foi traduzido para o portuguecircs brasileiro e estaacute acessiacutevel para professores pesquisadores e estudantes das aacutereas de educaccedilatildeo e afins acrescido de um glossaacuterio produzido por parceiros da Universidade Federal de Ouro Preto

mu

ltil

etr

am

en

tos

u m a

gogia

peda

POSLINGPROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeOEM ESTUDOS DE LINGUAGENS

Page 3: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

C o u r t n e y C a z d e n bull B i l l C o p e bull N o r m a n F a i r c l o u g hJ a m e s G e e bull M a r y K a l a n t z i s bull G u n t h e r K r e s s bull A l l a n L u k e

C a r m e n L u k e bull S a r a h M i c h a e l s bull M a r t i n N a k a t a

N E W L O N D O NG R O U P

multiletramentos

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

Como citar este livro

CAZDEN et al Uma pedagogia dos multiletramentos Desenhando futuros sociais (Orgs Ana Elisa Ribeiro e Heacutercules Tolecircdo Correcirca Trad Adriana Alves Pinto et al) Belo Horizonte LED 2021

s u m aacute r i o

R E S U M O

I N T R O D U Ccedil Atilde O

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O P R E S E N T E E M T R A N S F O R M A Ccedil Atilde O E O S F U T U R O S P R Oacute X I M O S V I S Otilde E S P A R A O T R A B A L H O A C I D A D A N I A E O S E S T I L O S D E V I D A

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s11

06

12

13

21

21

25

28

31

31

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

m u l t i l e t r a m e n t o s

43

46

49

49

53

54

55

56

57

60

61

67

137

D e s i g n l i n g u iacute s t i c o

P r aacute t i c a S i t u a d a

I n s t r u ccedil atilde o A b e r t a

U m a T e o r i a d a P e d a g o g i a

E n q u a d r a m e n t o C r iacute t i c o

P r aacute t i c a T r a n s f o r m a d a

D e s i g n s p a r a o u t r o s m o d o s d e p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o

O ldquoc o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

O p r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

R E F E R Ecirc N C I A S

34

34

35

37

39

40

43

O ldquoo q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

D e s i g n s d e s e n t i d o

D e s i g n s d i s p o n iacute v e i s

D e s i g n i n g

R e d e s i g n e d

D i m e n s otilde e s d a p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o s

E l e m e n t o s d o d e s i g n

g l o s s aacute r i o

e q u i p e e d i t o r i a l

s u m aacute r i o

6

Demorou muito mas finalmente executamos ndash e propusemos ndash uma traduccedilatildeo do manifesto da Pedagogia dos Multiletra-

mentos documento produzido por dez pesquisadores e profes-sores de liacutengua inglesa em meados dos anos 1990 e publicado

A n a E l i s a R i b e i r oC e n t r o F e d e r a l d e E d u c a ccedil atilde o T e c n o l oacute g i c a d e M i n a s G e r a i s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

U M A T R A D U Ccedil Atilde O N E C E S S Aacute R I A

7

em revista em 1996 1 Esse manifesto programaacutetico autodeclarado teve tanta influecircncia sobre os estudos de letramentos e multi-modalidade no Brasil que eacute um dos principais documentos em que se inspira nossa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) embora isso natildeo esteja expliacutecito e nem identificado no documen-to Eacute natildeo apenas por isso mas tambeacutem portanto fundamental que esta traduccedilatildeo ao portuguecircs brasileiro exista mesmo que um pouco tardiamente (25 anos passados) e com algumas imperfei-ccedilotildees

Ateacute o momento era bastante comum que tiveacutessemos de ler o manifesto em inglecircs ou que conhececircssemos suas partes por meio de traduccedilotildees de trechos em artigos e livros brasileiros Pen-sando nisso e na ampliaccedilatildeo significativa do acesso a este texto por pesquisadores professores e estudantes brasileiros a turma de mestrandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) ao cursar uma disciplina sobre identidade e letramentos do pro-fessor aceitou com alegria e responsabilidade o desafio de tra-duzir o documento em inglecircs tornando-o acessiacutevel natildeo apenas em nossa liacutengua mas tambeacutem propondo sua publicaccedilatildeo por meio da editora laboratoacuterio do bacharelado em Letras (Tecnolo-gias de Ediccedilatildeo) a LED que o disponibiliza gratuitamente a todos os interessados no tema e nesta importante discussatildeo que eacute a dos multiletramentos

Nesse documento nasce esse termo tatildeo empregado por muitas pessoas em especial no campo da educaccedilatildeo embora nem sempre lido diretamente Tambeacutem nasce aqui uma pro-posta para o seacuteculo XXI preocupada com o futuro de jovens do mundo inteiro considerando ambientes de aprendizagem mul-ticulturais multilinguiacutesticos e multimidiaacuteticos Eacute claro que em 1994-1996 ainda natildeo era possiacutevel prever muita coisa ligada agraves tecnologias digitais (redes sociais smartphones etc) era menos

1 Utilizamos na traduccedilatildeo o documento disponiacutevel emhttpnewarcprojectpbworkscomfPedagogy+of+Multiliteracies_New+London+-Grouppdf O artigo original foi publicado na Harvard Educational Review que optamos por natildeo consultar dado que esta eacute uma traduccedilatildeo tentativa validada como atividade de curso de poacutes-graduaccedilatildeo de instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino sem qualquer intenccedilatildeo de comerciali-zaccedilatildeo e apenas com finalidade pedagoacutegica e formativa

8

possiacutevel ainda para noacutes na Ameacuterica Latina no Brasil que mal conheciacuteamos de perto a internet de banda discada Nosso con-texto era bastante outro mesmo que esse documento tenha sido lido agraves vezes de forma a negligenciar nossos aspectos locais A pandemia parece ter nos mostrado algo sobre isso com mais pre-cisatildeo infelizmente

O grupo de tradutores aqui reunido (creacuteditos ao final) eacute formado principalmente por professores e professoras de inglecircs e portuguecircs que tal como em qualquer processo editorial se distribuiu conforme suas expertises A traduccedilatildeo foi coletiva as-sim como a revisatildeo final e contou como tarefa principal de uma disciplina de poacutes-graduaccedilatildeo validada tanto no mestrado quanto no doutorado de nossa instituiccedilatildeo o CEFET-MG Foi uma tarefa aacuterdua difiacutecil mas que contou com um grupo de pessoas engaja-do e ciente da importacircncia do acesso direto tanto quanto possiacute-vel em uma traduccedilatildeo ao texto original

A etapa seguinte consistiu em uma conferecircncia da tradu-ccedilatildeo que foi feita por professores e pelo tradutor e pesquisador Seacutergio Karam Ao encontrar aspectos complexos neste manifes-to debatemos com algumas pessoas relemos outros textos a fim de tomar decisotildees sobre as tentativas e propostas do grupo de tradutores Pelo menos quatro aspectos foram levantados (1) a dificuldade imposta pelo proacuteprio texto em inglecircs escrito a vinte matildeos quase trecircs deacutecadas atraacutes que carrega elementos linguiacutesti-cos e de estilo difiacuteceis mesmo em inglecircs (2) a consagraccedilatildeo de al-guns termos traduzidos ao portuguecircs no Brasil mesmo quando nos pareciam inadequados ou imprecisos mas que optamos por manter tal como jaacute ficaram conhecidos e foram legitimados no debate local (3) a dificuldade grande de traduzir palavras que em inglecircs satildeo uacutenicas como literacy que em portuguecircs pode dizer respeito agrave alfabetizaccedilatildeo e ao letramento e (4) a traduccedilatildeo tambeacutem difiacutecil de termos como design fundamental nesta proposta do New London Group mas que em portuguecircs tem outros sentidos que nos parecem indesejados

Os dois casos mais complexos deste documento em por-tuguecircs foram justamente os das palavras literacy e design e suas derivaccedilotildees Por vezes a ideia foi traduzir a primeira por alfa-

9

betizaccedilatildeo mas na maioria dos casos estamos tratando de letra-mento assim como de letramentos e multiletramentos O termo se consagrou em portuguecircs especialmente o multiletramentos que natildeo encontra uma realizaccedilatildeo tal como multialfabetizaccedilotildees embora literacy possa ser traduzida como alfabetizaccedilatildeo Jaacute design nos pa-receu termo ainda mais complexo e vejamos entatildeo trata-se de uma palavra admitida ao portuguecircs com sentidos proacuteximos aos de projeto e desenho no entanto o manifesto a emprega com o intuito declarado de propor uma metalinguagem especializada Escolhem entatildeo a palavra design num sentido que em portuguecircs ainda natildeo encontra uma traduccedilatildeo exata Por se tratar de termo especializado optamos pela manutenccedilatildeo de design com este sen-tido que o NLG quer erigir e propor incluindo palavras da mes-ma famiacutelia e igualmente difiacuteceis de traduzir como designing e designed expressotildees que tornam o construto do grupo bastante complexo em alguns pontos em especial depois de traduzido

Design eacute portanto aqui uma palavra em sentido especiacute-ficoespecializado agrave qual o NLG atribui sentido dentro do con-texto da pedagogia que propotildee para o novo seacuteculo (eles estavam agraves veacutesperas da virada do milecircnio) A opccedilatildeo por mantecirc-la e natildeo traduzi-la por desenho ou projeto tambeacutem respeitou certa consa-graccedilatildeo na aacuterea ou nos estudos de multiletramentos daiacute termos considerado que trocar o termo mais atrapalharia e confundiria do que ajudaria no entendimento da proposta Ainda outra coisa ocorria por vezes caberia a traduccedilatildeo de design por desenho ou-tras vezes melhor seria por projeto o que poderia trazer inconsis-tecircncia e inespecificidade ao termo em portuguecircs num contexto de expliacutecita construccedilatildeoproposiccedilatildeo de uma metalinguagem e de uma pedagogia que se diferenciasse do que jaacute ocorria antes dos anos 1990

Traduzir A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Fu-tures foi uma tarefa coletiva executada ao longo de quatro meses Desde o primeiro encontro de nosso curso esta missatildeo foi discu-tida por um grupo de professores-pesquisadores disposto a es-tudar a fundo esse documento e tornaacute-lo de acesso mais amplo Depois de traduzido e revisado o documento seguiu para cotejo conferecircncia e ajustes de ordem terminoloacutegica para em seguida

10

chegar ao processo de ediccedilatildeo que o tornaria um ebook A tradu-ccedilatildeo foi feita num arquivo do Google Docs compartilhado com todas as pessoas inscritas do curso que acessavam assincrona-mente o texto trabalhavam nele quando podiam e discutiam so-luccedilotildees e revisotildees por muitos canais em especial os foacuteruns virtu-ais da disciplina Foi tal como o manifesto um trabalho a vaacuterias matildeos soacute que empregando ferramentas que provavelmente aque-les dez autores natildeo chegaram a conhecer enquanto escreviam nos anos 1990 Esta foi uma experiecircncia de traduccedilatildeo que tentou se apropriar justamente das dimensotildees muacuteltiplas que tiacutenhamos em nosso grupo subculturais de linguagem e de miacutedias Trata--se entatildeo de uma traduccedilatildeo oferecida e proposta por um grupo em Belo Horizonte Minas Gerais que deseja que esta pedagogia de fato possa ser lida por mais pessoas para aleacutem dos horizontes da liacutengua inglesa num paiacutes que de maneira geral tem tratado a educaccedilatildeo e as tecnologias sem o devido cuidado em especial quando pensamos nas conexotildees entre essas duas coisas no seacute-culo XXI

Juntou-se a noacutes neste material a equipe de colegas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) coordenada pelo prof dr Heacutercules Tolecircdo Correcirca Simultaneamente ao processo da nossa traduccedilatildeo eles produziam um glossaacuterio dos multiletra-mentos material fundamental para a familiarizaccedilatildeo de docentes e pesquisadores com a proposta do New London Group e com muito do que se debate nesse campo Foi com enorme alegria que nos unimos neste livro fazendo convergir dois esforccedilos cujo vetor era o mesmo ampliar o acesso agrave proposta da pedagogia dos multiletramentos quem sabe dirimindo duacutevidas de colegas e estudantes Esperamos alcanccedilar um diaacutelogo cada vez mais am-plo e qualificado

Agradecemos a colaboraccedilatildeo de Seacutergio Karam tradutor assim como a de Marcelo Amaral editor Tambeacutem agrave equipe da LED CEFET-MG em especial ao Murilo Valente agrave Gabriela Oliveira agrave Gabrielly Ferreira e agrave Elinara Santana Estamos gratos agrave Acircngela Vasconcelos do projeto Aula Aberta e finalmente nosso agradecimento agrave atenciosa equipe da Harvard Educational Review especialmente agrave Laura Clos e agrave professora Luciana Azeredo querida colega do CEFET-MG

11

1 Esta discussatildeo sobre o futuro da pedagogia do letramento tem a coautoria de

Courtney Cazden Graduate School of Education Universidade de Harvard EUA

Bill Cope National Languages and Literacy Institute of Austraacutelia Centre for Workplace Communication and Culture Universidade de Tecnologia Sydney e James Cook University of North Queensland Austraacutelia

Norman Fairclough Centre for Language in Social Life Universidade de Lancaster Reino Unido

James Gee Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Mary Kalantzis Institute of Interdisciplinary Studies James Cook University of North Queensland Austraacutelia Gunther Kress Institute of Education Universidade de Londres Reino Unido

Allan Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Carmen Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Sarah Michaels Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Martin Nakata School of Education James Cook University of North Queensland Austraacutelia

N E W L O N D O NG R O U P 1

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

multiletramentos

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

12

Neste artigo o Grupo de Nova Londres apresenta um panorama teoacuterico sobre as conexotildees entre o ambiente social em transforma-

ccedilatildeo enfrentado por estudantes e professores e uma nova abordagem agrave pedagogia dos letramentos a que os autores chamam ldquomultiletramen-tosrdquo Eles defendem que a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e a crescente diversidade cultural e linguiacutestica do mundo de hoje requerem uma concepccedilatildeo mais ampla de letramento do que a descrita nas abor-dagens tradicionais baseadas na liacutengua A noccedilatildeo de multiletramentos segundo os autores supera as limitaccedilotildees das abordagens tradicionais ao enfatizar que saber lidar com muacuteltiplas diferenccedilas linguiacutesticas e culturais em nossa sociedade eacute central para a vida privada laboral e cidadatilde dos estudantes Os autores sustentam que o uso de abordagens de multiletramentos na pedagogia permitiraacute aos estudantes alcanccedilar o duplo objetivo da aprendizagem letrada ter acesso agraves linguagens em permanente evoluccedilatildeo do trabalho do poder e da comunidade e favore-cer o engajamento criacutetico necessaacuterio agrave projeccedilatildeo de seus futuros sociais e agrave obtenccedilatildeo do sucesso por meio de empregos satisfatoacuterios

R e s u m o

13

Se fosse possiacutevel definir genericamente a missatildeo da educaccedilatildeo poder-se-ia dizer que seu propoacutesito fundamental eacute garantir

que todos os estudantes se beneficiem da aprendizagem de ma-neira a lhes permitir a ampla participaccedilatildeo nas esferas da vida puacuteblica econocircmica e comunitaacuteria Espera-se que uma peda-gogia dos letramentos desempenhe um papel particularmen-te importante nessa missatildeo Pedagogia eacute a relaccedilatildeo de ensino e de aprendizagem que potencializa a construccedilatildeo de condiccedilotildees de aprendizagem que levem agrave equidade na participaccedilatildeo social Tradicionalmente a pedagogia do letramento tem significado ensinar e aprender a ler e a escrever as formas padronizadas e oficiais das liacutenguas nacionais destinadas agrave paacutegina impressa Em outros termos a pedagogia do letramento tem sido um projeto cuidadosamente restritivo mdash restrito agraves formas de linguagem padronizadas monolinguais monoculturais e sujeitas a regras

Neste artigo tentamos ampliar o entendimento do letra-mento e do ensino e aprendizagem do letramento para incluir as relaccedilotildees entre uma multiplicidade de discursos Buscamos desta-car dois aspectos principais dessa multiplicidade Primeiramen-te gostariacuteamos de estender a noccedilatildeo e o escopo da pedagogia do letramento para que ela levasse em conta o contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas e progressi-vamente globalizadas bem como a variedade de culturas que se inter-relacionam e a pluralidade de textos que circulam Em segundo lugar sustentamos que uma pedagogia do letramento precisa dar conta agora da crescente variedade de formas textu-ais associadas agraves tecnologias da informaccedilatildeo e multimiacutedia Isso inclui a compreensatildeo e o controle competente das formas repre-sentacionais que estatildeo se tornando progressivamente significati-vas na esfera das comunicaccedilotildees em geral tais como as imagens visuais e sua relaccedilatildeo com a palavra escrita mdash por exemplo a pro-gramaccedilatildeo visual na editoraccedilatildeo eletrocircnica ou a interface entre os

I N T R O D U Ccedil Atilde O

14

sentidos visual e linguiacutestico em publicaccedilotildees multimiacutedia De fato este segundo ponto estaacute intimamente relacionado ao primeiro a proliferaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo e de miacutedia apoia e ex-pande a diversidade cultural e subcultural Assim que passamos a focalizar o objetivo de criar condiccedilotildees de aprendizagem para uma plena participaccedilatildeo social o problema das diferenccedilas assu-me importacircncia criacutetica De que maneira noacutes podemos garantir que as diferenccedilas culturais de linguagem e de gecircnero natildeo sejam barreiras para o sucesso educacional Quais satildeo as implicaccedilotildees dessas diferenccedilas para uma pedagogia do letramento

Esse ponto das diferenccedilas tornou-se questatildeo principal que como educadores agora devemos abordar E embora inuacutemeras teorias e praacuteticas tenham sido desenvolvidas como possiacuteveis res-postas neste momento parece haver uma particular ansiedade sobre como proceder O que eacute uma educaccedilatildeo adequada para mu-lheres para povos indiacutegenas para imigrantes que natildeo falam a liacutengua nacional para falantes de dialetos natildeo padronizados O que eacute adequado para todos num contexto dos fatores cada vez mais criacuteticos em termos de diversidade local e conexatildeo global Enquanto os educadores tentam abordar o contexto da diversi-dade cultural e linguiacutestica por meio da pedagogia do letramento ouvimos afirmaccedilotildees e contra-afirmaccedilotildees estridentes sobre o po-liticamente correto o cacircnone da grande literatura a gramaacutetica e outros princiacutepios baacutesicos

A sensaccedilatildeo de ansiedade reinante eacute alimentada em par-te pela sensaccedilatildeo de que apesar da boa vontade por parte dos educadores da expertise profissional e das grandes quantias de dinheiro gastas para desenvolver novas abordagens ainda existem grandes disparidades nas oportunidades de vida ndash dis-paridades que hoje parecem se ampliar ainda mais Ao mesmo tempo mudanccedilas radicais estatildeo ocorrendo na natureza da vida puacuteblica comunitaacuteria e econocircmica Um forte senso de cidadania tem dado lugar agrave fragmentaccedilatildeo local e as comunidades estatildeo se dividindo em grupos cada vez mais diversos e subculturalmente definidos A transformaccedilatildeo tecnoloacutegica e organizacional da vida profissional permite que alguns tenham acesso a estilos de vida de riqueza sem precedentes enquanto excluem outros de ma-

15

neiras que se relacionam cada vez mais aos resultados da edu-caccedilatildeo e do treinamento Pode muito bem ser que tenhamos de repensar o que estamos ensinando e em particular quais novas necessidades de aprendizagem a pedagogia do letramento pode abarcar agora

Os dez autores deste texto satildeo educadores que se encon-traram durante uma semana em setembro de 1994 em Nova Londres New Hampshire nos Estados Unidos para discutir o estado da pedagogia dos letramentos Os membros do grupo ou tinham trabalhado juntos ou tinham se alimentado de seus res-pectivos trabalhos ao longo de vaacuterios anos As principais aacutereas de interesse comum ou complementar incluiacuteam a tensatildeo pedagoacute-gica entre abordagens de ensino expliacutecitas e imersivas o desafio da diversidade linguiacutestica e cultural a recente proeminecircncia dos modos e tecnologias da comunicaccedilatildeo e as mudanccedilas nos usos dos textos em espaccedilos de trabalho reestruturados Quando nos encontramos em 1994 nossa intenccedilatildeo era consolidar e ampliar essas relaccedilotildees a fim de abordar o problema mais amplo dos pro-poacutesitos da educaccedilatildeo e neste contexto o problema especiacutefico da pedagogia dos letramentos Era nossa intenccedilatildeo reunir ideias de diferentes domiacutenios e de diferentes paiacuteses falantes do inglecircs Nossa principal preocupaccedilatildeo era a questatildeo das oportunidades de vida na medida em que elas se relacionam com a ordem moral e cultural mais ampla da pedagogia dos letramentos

Sendo dez pessoas diferentes trouxemos para esta discus-satildeo uma grande variedade de experiecircncias nacionais de vida e profissionais Courtney Cazden dos Estados Unidos tem uma longa e influente carreira trabalhando temas tais como o discur-so da sala de aula a aprendizagem de liacutengua em contextos mul-tiliacutengues e mais recentemente a pedagogia dos letramentos Bill Cope da Austraacutelia havia produzido curriacuteculos que abordavam a diversidade cultural nas escolas e havia pesquisado a pedago-gia dos letramentos e as mudanccedilas culturais e discursivas dos ambientes de trabalho Da Gratilde-Bretanha Norman Fairclough teoacuterico da liacutengua e do discurso social eacute particularmente inte-ressado nas mudanccedilas linguiacutesticas e discursivas como parte das transformaccedilotildees sociais e culturais James Gee dos Estados Uni-

16

dos eacute um dos principais pesquisadores e teoacutericos da linguagem e da mente e da linguagem e das demandas por aprendizagem nos mais recentes espaccedilos de trabalho marcados pelo ldquocapitalis-mo aceleradordquo (fast capitalism) A australiana Mary Kalantzis tem estado envolvida em projetos experimentais de educaccedilatildeo social e de curriacuteculos para o letramento e estaacute particularmente inte-ressada na educaccedilatildeo para a cidadania Gunther Kress da Gratilde--Bretanha eacute mais conhecido por seu trabalho sobre linguagem e aprendizagem semioacutetica letramento visual e os letramentos multimodais cada vez mais importantes para a comunicaccedilatildeo como um todo particularmente as miacutedias de massa Allan Luke da Austraacutelia eacute pesquisador e teoacuterico do letramento criacutetico que trouxe a anaacutelise socioloacutegica para apoiar o ensino de leitura e es-crita Carmen Luke tambeacutem da Austraacutelia escreveu extensiva-mente sobre a pedagogia feminista Sarah Michaels dos Estados Unidos tem ampla experiecircncia no desenvolvimento e na pesqui-sa de programas de aprendizagem em sala de aula em contextos urbanos Martin Nakata australiano tem pesquisado e escrito sobre o problema do letramento de comunidades indiacutegenas

Criando um contexto para o encontro havia nossas dife-renccedilas de experiecircncia nacional e diferenccedilas de ecircnfase teoacuterica e poliacutetica Por exemplo precisaacutevamos debater em profundidade tanto a importacircncia da imersatildeo quanto a do ensino expliacutecito nossos distintos interesses como especialistas em multimiacutedia letramentos no ambiente de trabalho diversidade linguiacutestica e cultural e o problema de ateacute que ponto deveriacuteamos nos compro-meter com as expectativas de aprendizagem e o ethos das novas formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo de trabalho Noacutes nos engaja-mos nas discussotildees com base em um genuiacuteno compromisso com a resoluccedilatildeo colaborativa de problemas reunindo uma equipe com diferentes saberes experiecircncias e posicionamentos a fim de otimizar a possibilidade de enfrentar com eficiecircncia a complexa realidade das escolas

Conscientes de nossas diferenccedilas compartilhamos a pre-ocupaccedilatildeo de que nossa discussatildeo talvez natildeo fosse produtiva no entanto ela foi devido agraves nossas diferenccedilas combinadas com nos-so sentimento de desconforto Conseguimos concordar a respei-

17

to do problema fundamental ndash isto eacute que as disparidades nos resultados da educaccedilatildeo natildeo pareciam estar melhorando Concor-damos que precisamos voltar agrave questatildeo mais ampla dos resulta-dos sociais da aprendizagem de liacutengua e que tiacutenhamos baseado nisso que repensar as premissas fundamentais de uma peda-gogia dos letramentos a fim de influenciar praacuteticas que daratildeo aos estudantes as habilidades e o conhecimento de que precisam para alcanccedilar suas aspiraccedilotildees Concordamos que em cada paiacutes angloacutefono de onde viemos o que os estudantes precisavam para aprender estava se transformando e que o principal elemento dessa mudanccedila era que natildeo havia mais um inglecircs singular canocirc-nico que poderia ou deveria ser ensinado Diferenccedilas culturais e a raacutepida mudanccedila nos meios de comunicaccedilatildeo significavam que a proacutepria natureza do assunto ndash a pedagogia do letramento ndash estava mudando radicalmente Este artigo eacute o resumo de nossas discussotildees

A estrutura deste artigo desenvolveu-se a partir das dis-cussotildees de Nova Londres Comeccedilamos com um programa pre-viamente combinado que consistia em um quadro esquemaacutetico de questotildees-chaves sobre as formas e o conteuacutedo da pedagogia do letramento Ao longo de nossa reuniatildeo percorremos esse programa trecircs vezes destacando pontos difiacuteceis elaborando a argumentaccedilatildeo e adaptando a estrutura esquemaacutetica que havia sido proposta originalmente Um membro da equipe registrou pontos fundamentais que foram projetados em uma tela para que pudeacutessemos discutir a formulaccedilatildeo de uma argumentaccedilatildeo comum Ao final do encontro desenvolvemos o esboccedilo que pos-teriormente se tornaria este artigo Os vaacuterios membros do grupo voltaram aos seus respectivos paiacuteses e instituiccedilotildees e trabalharam de forma independente nas diferentes seccedilotildees do texto o rascu-nho foi distribuiacutedo e modificado e finalmente abrimos o artigo para discussatildeo puacuteblica em uma seacuterie de apresentaccedilotildees plenaacuterias e pequenos grupos de discussatildeo liderados pela equipe da Quar-ta Conferecircncia da Rede Internacional de Pesquisa em Alfabeti-zaccedilatildeo e Educaccedilatildeo (Fourth International Literacy and Education Rese-arch Network Conference) realizada em Townsville Austraacutelia em junho-julho de 1995

18

Este artigo eacute o resultado de um ano de exaustivas discus-sotildees mas de forma alguma eacute um texto acabado Noacutes o apresenta-mos aqui como um manifesto programaacutetico como uma espeacutecie de ponto de partida aberto e provisoacuterio Este artigo eacute um pano-rama teoacuterico do atual contexto social de aprendizagem e as con-sequecircncias das mudanccedilas sociais em relaccedilatildeo ao conteuacutedo (o ldquoo quecircrdquo) e agrave forma (o ldquocomordquo) da pedagogia do letramento Espera-mos que este artigo possa formar a base para um diaacutelogo aberto com colegas educadores em todo o mundo que possa despertar ideias para possiacuteveis novas aacutereas de pesquisa e que possa ajudar a estruturar experiecircncias curriculares que busquem enfrentar nosso ambiente educacional em constante mudanccedila

Decidimos que os resultados de nossas discussotildees pode-riam ser encapsulados em uma palavra ndash multiletramentos ndash pa-lavra que escolhemos para descrever dois importantes argumen-tos com que podemos abordar as ordens cultural institucional e global emergentes a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e miacutedia e a crescente proeminecircncia da diversidade cultural e lin-guiacutestica A noccedilatildeo de multiletramentos complementa a pedagogia tradicional do letramento ao abordar esses dois aspectos rela-cionados agrave multiplicidade textual O que poderiacuteamos denominar ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo2 permanece centrado apenas na liacutengua e geralmente em uma uacutenica forma da liacutengua nacional que eacute con-cebida como um sistema estaacutevel baseado em regras tais como o domiacutenio da correspondecircncia entre fonemas e letras Isso se baseia na suposiccedilatildeo de que podemos discernir e descrever seu uso correto Essa concepccedilatildeo de liacutengua se traduz tipicamente em um tipo mais ou menos autoritaacuterio de pedagogia Uma pedago-gia dos multiletramentos ao contraacuterio concentra-se em modos de representaccedilatildeo muito mais amplos do que apenas a liacutengua Eles diferem de acordo com a cultura e o contexto e tecircm efeitos cognitivos culturais e sociais especiacuteficos Em alguns contextos culturais ndash em uma comunidade aboriacutegine ou em um ambiente multimiacutedia por exemplo ndash o modo visual de representaccedilatildeo pode ser muito mais poderoso e intimamente relacionado agrave liacutengua do que a ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo jamais seria capaz de permitir Os multiletramentos tambeacutem criam um tipo diferente de pedago-

19

gia em que a linguagem e outros modos de significaccedilatildeo satildeo re-cursos representacionais dinacircmicos constantemente refeitos por seus usuaacuterios agrave medida que trabalham para alcanccedilar seus vaacuterios objetivos culturais

Dois pontos principais entatildeo emergiram em nossas dis-cussotildees O primeiro se relaciona agrave crescente multiplicidade e in-tegraccedilatildeo de modos de construccedilatildeo de sentido significativos em que o textual tambeacutem estaacute relacionado ao visual ao aacuteudio ao espacial ao comportamental e assim por diante Isso eacute particu-larmente importante nas miacutedias de massa multimiacutedia e em hi-permiacutedia eletrocircnica Podemos ter motivos para continuar ceacuteticos em relaccedilatildeo agraves visotildees da ficccedilatildeo cientiacutefica sobre as superinfovias e um futuro proacuteximo em que todos seremos compradores virtuais No entanto os novos meios de comunicaccedilatildeo estatildeo remodelando a maneira como usamos a linguagem Quando as tecnologias de produccedilatildeo de sentido estatildeo mudando tatildeo rapidamente natildeo pode haver um soacute conjunto de padrotildees ou habilidades que constituam as finalidades do letramento por mais que eles sejam ensinados

Em segundo lugar decidimos usar o termo ldquomultiletra-mentosrdquo como meio de focalizar as realidades do aumento da diversidade local e da conexatildeo global Lidar com diferenccedilas lin-guiacutesticas e culturais agora se tornou aspecto central de nossas vidas privadas profissional e cidadatilde Uma cidadania efetiva e o trabalho produtivo agora exigem interaccedilatildeo efetiva usando vaacuterios idiomas muacuteltiplas variedades do inglecircs e padrotildees de comuni-caccedilatildeo que cruzam fronteiras culturais comunitaacuterias e nacionais com mais frequecircncia A diversidade subcultural tambeacutem se es-tende ao espectro cada vez maior de registros especializados e variaccedilotildees situacionais na linguagem sejam elas teacutecnicas espor-tivas ou relacionadas a grupos de interesse e afiliaccedilatildeo Quando um dos fatos principais do nosso tempo eacute a proximidade entre diversidade cultural e linguiacutestica a proacutepria natureza da apren-dizagem de liacutenguas mudou

De fato essas satildeo questotildees fundamentais para o nosso fu-turo Ao abordaacute-las professores alfabetizadores e alunos devem se ver como participantes ativos da mudanccedila social como apren-dizes e alunos que podem ser designers3 ativos ndash artiacutefices ndash de fu-

20

turos sociais Decidimos comeccedilar a discussatildeo com essa questatildeo dos futuros sociais

Consequentemente o ponto de partida deste artigo eacute o formato da mudanccedila social ndash alteraccedilotildees em nossas vidas profis-sionais nossas vidas puacuteblicas como cidadatildeos e privadas como membros de diferentes estilos de vida em comunidade A ques-tatildeo fundamental eacute esta o que essas mudanccedilas significam para a pedagogia do letramento Nesse contexto passamos a concei-tuar o ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento O conceito-chave que apresentamos eacute o de Design em relaccedilatildeo ao qual tanto somos herdeiros de padrotildees e convenccedilotildees ligadas aos sentidossignifi-cados quanto somos designers ativos de sentidos E como desig-ners de sentidos somos designers de futuros sociais ndash futuros no ambiente de trabalho futuros puacuteblicos e futuros comunitaacuterios O artigo prossegue discutindo seis componentes do design do processo de produccedilatildeo de sentidos Linguiacutestico Visual Auditi-vo Gestual Espacial e Padrotildees Multimodais que relacionam os primeiros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos entre si Na uacuteltima das seccedilotildees mais importantes o artigo traduz o ldquoo quecircrdquo em um ldquocomordquo Quatro componentes pedagoacutegicos satildeo sugeridos Praacutetica Situada que se fundamenta na experiecircncia de produccedilatildeo de sentidos em estilos de vida particulares o domiacutenio puacuteblico e os espaccedilos de trabalho Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos desenvolvem uma metalinguagem expliacutecita do Design Enquadramento Criacutetico que interpreta o contexto social e a fina-lidade dos designs de sentidos e a Praacutetica Transformada na qual os alunos como produtores de sentidos tornam-se Designers de futuros sociais No Projeto Internacional de Multiletramentos em que estamos embarcando esperamos estabelecer relaccedilotildees de pesquisa colaborativa e programas de desenvolvimento curricu-lar que testem exemplifiquem ampliem e retrabalhem as ideias provisoriamente sugeridas neste artigo

21

Estamos vivendo um periacuteodo de dramaacuteticas mudanccedilas econocirc-micas globais agrave medida que novas teorias e praacuteticas de negoacutecios e de gestatildeo surgem em todo o mundo desenvolvido Essas teo-rias e praacuteticas enfatizam a competiccedilatildeo e os mercados centrados em mudanccedilas flexibilidade qualidade e nichos distintivos ndash natildeo os produtos de massa do ldquovelhordquo capitalismo (Boyett Conn 1992 Cross Feather Lynch 1994 Davidow Malone 1992 Deal Jenkins 1994 Dobyns Crawford-Mason 1991 Drucker 1993 Hammer Champy 1993 Ishikawa 1985 Lipnack Stamps 1993 Peters 1992 Sashkin Kiser 1993 Senge 1991) Toda uma nova terminologia cruza e recruza as fronteiras entre esses novos discursos de negoacutecios e gestatildeo de um lado e discursos preo-cupados com a educaccedilatildeo com a reforma educacional e com a ciecircncia cognitiva de outro (Bereiter Scardamalia 1993 Bruer 1993 Gardner 1991 Lave Wenger 1991 Light Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990) A nova teoria de gestatildeo usa palavras que satildeo muito familiares aos educadores tais como conhecimen-to (como em ldquotrabalhador do conhecimentordquo) aprendizagem (como em ldquoorganizaccedilatildeo de aprendizagemrdquo) colaboraccedilatildeo avalia-ccedilotildees alternativas comunidades de praacutetica redes e outros (Gee 1994a) Aleacutem disso os principais termos e interesses de vaacuterios discursos poacutes-modernos e criacuteticos com foco na emancipaccedilatildeo na destruiccedilatildeo de hierarquias e no respeito agrave diversidade (Faigley 1992 Freire 1968 1973 Freire Macedo 1987 Gee 1993 Giroux

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O P R E S E N T E E M T R A N S F OR M ACcedil AtildeO E O S F U T U RO S

P ROacuteX I M O S V I S OtildeE S PA R A O T R A BA L HO

A C I DA DA N I A E O S E S T I L O S DE V I DA

As linguagens necessaacuterias para produzir sentidos estatildeo mu-dando radicalmente em trecircs esferas de nossa existecircncia a

vida profissional a vida puacuteblica (cidadania) e a vida privada (es-tilos de vida)

22

1988 Walkerdine 1986) encontraram espaccedilo nesses novos dis-cursos de negoacutecios e gestatildeo (Gee 1994b)

A natureza mutante do trabalho tem sido denominada de ldquopoacutes-fordismordquo (Piore Sable 1984) e de ldquocapitalismo acelera-dordquo4 (Gee 1994b) O poacutes-fordismo substitui as antigas estruturas hieraacuterquicas de comando simbolizadas no desenvolvimento de teacutecnicas de produccedilatildeo em massa de Henry Ford e representadas de maneira caricatural por Charlie Chaplin em Tempos Moder-nos ndash uma imagem de trabalho natildeo qualificado repetitivo e que dispensa a inteligecircncia na linha de produccedilatildeo industrial Em vez disso com o desenvolvimento do poacutes-fordismo ou do capitalismo acelerado um nuacutemero cada vez maior de espaccedilos de trabalho vem optando por uma hierarquia mais achatada Compromisso responsabilidade e motivaccedilatildeo satildeo conquistados com o desen-volvimento de uma cultura de trabalho na qual os membros de uma organizaccedilatildeo se identificam com sua visatildeo missatildeo e valo-res corporativos As antigas cadeias verticais de comando satildeo substituiacutedas pelas relaccedilotildees horizontais do trabalho em equipe Uma divisatildeo de trabalho em seus componentes miacutenimos e pou-co qualificados eacute substituiacuteda por trabalhadores ldquopolivalentesrdquo e bem preparados suficientemente flexiacuteveis para realizar um tra-balho complexo e integrado (Cope Kalantzis 1995) De fato nos locais de trabalho de capitalistas acelerados e poacutes-fordistas mais avanccedilados as estruturas tradicionais de comando e de controle estatildeo sendo substituiacutedas por relaccedilotildees de pedagogia orientaccedilatildeo treinamento e organizaccedilatildeo da aprendizagem (Senge 1991) Co-nhecimentos antes considerados disciplinares especializados e divergentes tais como pedagogia e gestatildeo vatildeo ficando agora cada vez mais proacuteximos Isso significa que como educadores temos uma responsabilidade maior de considerar as implicaccedilotildees do que fazemos em relaccedilatildeo a uma vida profissional produtiva

Com uma nova vida profissional surge uma nova lin-guagem Boa parte dessa mudanccedila eacute o resultado de novas tec-nologias tais como os modos iconograacutefico textual e de tela de interagir com maacutequinas automatizadas interfaces ldquoamigaacuteveis ao usuaacuteriordquo operam com niacuteveis mais sutis de integraccedilatildeo cultural do que interfaces baseadas em comandos abstratos Mas grande

23

parte da mudanccedila tambeacutem eacute resultado das novas relaccedilotildees sociais de trabalho Enquanto a velha organizaccedilatildeo fordista dependia de sistemas de comando claros precisos e formais como memoran-dos escritos e ordens do supervisor o trabalho em equipe eficaz depende muito mais do discurso informal oral e interpessoal Essa informalidade tambeacutem se traduz em formas escritas hiacute-bridas informais e interpessoalmente sensiacuteveis como o e-mail (Sproull Kiesler 1991) Esses exemplos de mudanccedilas revolucio-naacuterias na tecnologia e na natureza das organizaccedilotildees produziram uma nova linguagem de trabalho Todas essas satildeo razotildees pelas quais a pedagogia do letramento precisa mudar se quiser ser relevante para as novas demandas da vida profissional se quiser fornecer a todos os alunos o acesso a um emprego satisfatoacuterio

Mas o capitalismo acelerado tambeacutem eacute um pesadelo Cul-turas corporativas e seus discursos de familiaridade satildeo mais sutilmente e mais rigorosamente seletivos que a mais desagra-daacutevel ndash honestamente desagradaacutevel ndash das hierarquias A reaccedilatildeo agrave cultura corporativa exige uma assimilaccedilatildeo das normas conven-cionais que soacute funcionam realmente se algueacutem jaacute fala a liacutengua da cultura convencional Se algueacutem natildeo estaacute se sentindo confortaacutevel como um integrante da cultura e dos discursos convencionais eacute ainda mais difiacutecil entrar em redes que operam informalmente do que entrar nos antigos discursos de formalidade Esse eacute um fator crucial na produccedilatildeo do fenocircmeno do teto de vidro o pon-to em que as oportunidades de emprego e de promoccedilatildeo cessam abruptamente E o capitalismo acelerado apesar de seu discurso de colaboraccedilatildeo cultura e valores compartilhados eacute tambeacutem um mundo vicioso impulsionado pelo mercado mal contido Agrave medi-da que refazemos nossa pedagogia do letramento para ser mais relevante para um novo mundo do trabalho precisamos estar cientes do perigo de que nossas palavras sejam cooptadas pelos discursos impulsionados pela economia e pelo mercado natildeo im-porta quatildeo contemporacircneos e ldquopoacutes-capitalistasrdquo possam parecer A nova literatura do capitalismo acelerado enfatiza a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila constante por meio do pensar e falar por si da criacutetica e do empoderamento da inovaccedilatildeo e da criatividade do pensa-mento teacutecnico e sistecircmico e do aprender a aprender Todas essas

24

formas de pensar e agir satildeo veiculadas por discursos novos e emergentes Esses novos discursos do trabalho podem ser inter-pretados de duas maneiras muito diferentes ndash como a abertura de novas possibilidades educacionais e sociais ou como novos sistemas de controle e exploraccedilatildeo da mente No sentido positi-vo por exemplo a ecircnfase na inovaccedilatildeo e na criatividade pode se encaixar bem com uma pedagogia que vecirc a linguagem e outros modos de representaccedilatildeo como dinacircmicos e sendo constantemen-te refeitos por produtores de sentidos em contextos variados e cambiantes No entanto pode muito bem ser que as teorias e as praacuteticas direcionadas ao mercado mesmo que pareccedilam huma-nas nunca incluiratildeo autenticamente uma visatildeo de sucesso sig-nificativo para todos os estudantes Raramente os proponentes dessas ideias consideram seriamente que elas sejam relevantes para pessoas destinadas a empregos qualificados e de elite De fato em um sistema que ainda valoriza resultados sociais muito diacutespares nunca haveraacute espaccedilo suficiente ldquono topordquo Uma visatildeo autenticamente democraacutetica das escolas deve incluir uma visatildeo de sucesso significativo para todos uma visatildeo de sucesso que natildeo seja definida exclusivamente em termos econocircmicos e que inclua uma criacutetica agrave hierarquia e agrave injusticcedila econocircmica

Em resposta agraves mudanccedilas radicais na vida profissional que estatildeo em curso precisamos trilhar um caminho cuidadoso que ofereccedila aos estudantes a oportunidade de desenvolver ha-bilidades para o acesso a novas formas de trabalho por meio do aprendizado da nova linguagem do trabalho Mas ao mesmo tempo como professores nosso papel natildeo eacute simplesmente ser tecnocratas Nosso trabalho natildeo eacute produzir trabalhadores doacuteceis e submissos Os estudantes precisam desenvolver a capacidade de opinar de negociar e de serem capazes de se envolver critica-mente nas condiccedilotildees de suas vidas profissionais

Na verdade os objetivos de acesso e engajamento criacutetico natildeo precisam ser incompatiacuteveis A questatildeo eacute como podemos nos afastar das uacuteltimas visotildees e anaacutelises de espaccedilos de trabalho de alta tecnologia globalizados e culturalmente diversos e relacio-naacute-los a programas educacionais baseados em uma visatildeo ampla de uma vida boa e uma sociedade igualitaacuteria Paradoxalmente

25

a nova eficiecircncia requer novos sistemas de motivar as pessoas que podem ser a base para um pluralismo democraacutetico no es-paccedilo de trabalho e fora dele No campo do trabalho chamamos essa possibilidade utoacutepica de diversidade produtiva a ideia de que o que parece ser um problema ndash a multiplicidade de cul-turas experiecircncias maneiros de produzir sentido e de pensar ndash pode ser explorado como um recurso (Cope Kalantzis 1995) A comunicaccedilatildeo intercultural e o diaacutelogo negociado de diferentes linguagens e discursos podem ser a base para a participaccedilatildeo o acesso e a criatividade dos trabalhadores para a formaccedilatildeo de re-des localmente sensiacuteveis e globalmente extensas que relacionam intimamente as organizaccedilotildees com seus clientes ou fornecedores e de estruturas de motivaccedilatildeo em que as pessoas sentem que seus diferentes repertoacuterios e experiecircncias satildeo genuinamente valori-zados Um tanto ironicamente talvez o pluralismo democraacutetico seja possiacutevel nos espaccedilos de trabalho pelas mais duras razotildees co-merciais e a eficiecircncia econocircmica pode ser uma aliada da justiccedila social embora nem sempre seja leal ou confiaacutevelAssim como o trabalho estaacute mudando a cidadania tambeacutem estaacute

Nas uacuteltimas duas deacutecadas reverteu-se a tendecircncia de um seacuteculo em direccedilatildeo a um estado de bem-estar social intervencionista e expandido A cidadania bem como o poder e a importacircncia dos espaccedilos puacuteblicos estatildeo diminuindo O racionalismo econocircmico a privatizaccedilatildeo a desregulamentaccedilatildeo e a transformaccedilatildeo de institui-ccedilotildees puacuteblicas tais como escolas e universidades para que ope-rem de acordo com a loacutegica do mercado satildeo transformaccedilotildees que fazem parte de uma mudanccedila global que coincide com o fim da Guerra Fria Ateacute a deacutecada de 1980 a dinacircmica geopoliacutetica global do seacuteculo XX assumira a forma de uma discussatildeo entre comunis-mo e capitalismo Isso acabou se tornando uma discussatildeo sobre o papel do Estado na sociedade em que o Estado de bem-estar intervencionista era a posiccedilatildeo de compromisso do capitalismo A discussatildeo foi ganha e perdida quando o Bloco Comunista natildeo

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

26

foi capaz de fazer frente ao custo crescente das instituiccedilotildees do mundo capitalista O fim da Guerra Fria representa uma vira-da histoacuterica indicativa de que uma nova ordem mundial eacute um liberalismo que evita o Estado Em apenas uma ou duas deacuteca-das esse liberalismo prevaleceu globalmente quase sem exceccedilatildeo (Fukuyama 1992) Aqueles de noacutes que trabalham na educaccedilatildeo financiada pelo Estado ou pela iniciativa privada sabem como eacute esse liberalismo A loacutegica do mercado se tornou uma parte muito maior de nossas vidas

Em algumas partes do mundo uma vez que os Estados centralizadores e homogeneizadores fortes praticamente entra-ram em colapso os Estados em todos os lugares foram redu-zidos em seus papeacuteis e responsabilidades Isso deixou espaccedilo para uma nova poliacutetica da diferenccedila Nos piores casos ndash em Los Angeles Sarajevo Cabul Belfast Beirute ndash a ausecircncia de um Es-tado eficiente em arbitragens deixou a administraccedilatildeo nas matildeos de gangues bandos organizaccedilotildees paramilitares e facccedilotildees poliacute-ticas etnonacionalistas Na melhor das hipoacuteteses as poliacuteticas de cultura e de identidade assumiram um novo significado Nego-ciar essas diferenccedilas agora eacute uma questatildeo de vida ou morte A luta perene pelo acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos de reconhecimento tem sido cada vez mais articulada por meio dos discursos de identidade e de reconhecimento (Kalantzis 1995)

A escolaridade em geral e a alfabetizaccedilatildeo em particular eram uma parte central da velha ordem Os Estados em expan-satildeo e intervencionistas dos seacuteculos XIX e XX usaram a escolari-dade como uma forma de padronizar as liacutenguas nacionais No Velho Mundo isso significou a imposiccedilatildeo de padrotildees nacionais sobre as diferenccedilas dialetais No Novo Mundo significou inte-grar imigrantes e povos indiacutegenas agrave linguagem ldquoadequadardquo e padronizada do colonizador (Anderson 1983 Dewey 19161966 Gellner 1983 Kalantzis Cope 1993a)

Assim como a geopoliacutetica global mudou o papel das es-colas mudou fundamentalmente As diversidades cultural e lin-guiacutestica satildeo agora questotildees centrais e criacuteticas Como resultado o significado da pedagogia do letramento mudou A diversidade local e a conexatildeo global significam natildeo apenas que natildeo pode ha-

27

ver um padratildeo tambeacutem significam que a habilidade mais impor-tante que os alunos precisam aprender eacute negociar dialetos regio-nais eacutetnicos ou de classe variaccedilotildees de registro que ocorrem de acordo com o contexto social discursos interculturais hiacutebridos a troca de coacutedigo frequentemente encontrada em um texto entre diferentes idiomas dialetos ou registros diferentes sentidos vi-suais e icocircnicos e variaccedilotildees nas relaccedilotildees gestuais entre pessoas linguagem e objetos materiais De fato esta eacute a uacutenica esperanccedila de evitar os conflitos catastroacuteficos relacionados a identidades e espaccedilos que agora parecem estar sempre prontos a explodir

O decliacutenio do velho sentido monocultural e nacionalis-ta de ldquocidadatildeordquo deixa um espaccedilo vago que deve ser novamente preenchido Propomos que este espaccedilo seja reivindicado por um pluralismo cidadatildeo Em vez de Estados que exigem um padratildeo cultural e linguiacutestico precisamos de Estados que arbitrem as di-ferenccedilas O acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos deve ser possiacutevel natildeo importa quais sejam os marcadores de identidade de algueacutem ndash como idioma dialeto e registro Os Estados devem ser fortes novamente mas natildeo para impor padrotildees eles devem ser fortes como aacuterbitros neutros da diferenccedila assim como as es-colas E tambeacutem a pedagogia do letramento Esta eacute a base de uma sociabilidade coesa uma nova cidadania em que as diferenccedilas satildeo utilizadas como recurso produtivo e em que as diferenccedilas satildeo a norma Eacute a base para o senso poacutes-nacionalista de propoacutesito comum que agora eacute essencial para uma ordem global paciacutefica e produtiva (Kalantzis Cope 1993b)

Para tanto as diversidades cultural e linguiacutestica satildeo re-cursos de sala de aula com a mesma forccedila que satildeo recursos so-ciais na formaccedilatildeo de novos espaccedilos e noccedilotildees de cidadania Isso natildeo eacute apenas para que os educadores possam prestar um melhor ldquoserviccedilordquo agraves ldquominoriasrdquo Em vez disso essa orientaccedilatildeo pedagoacute-gica produziraacute benefiacutecios para todos Por exemplo haveraacute um benefiacutecio cognitivo para todas as crianccedilas em uma pedagogia dos pluralismos linguiacutestico e cultural inclusive para crianccedilas mainstream Quando os aprendizes justapotildeem diferentes lingua-gens discursos estilos e abordagens eles ganham substantiva-mente em habilidades metacognitivas e metalinguiacutesticas e em

28

sua capacidade de refletir criticamente a respeito dos sistemas complexos e suas interaccedilotildees Ao mesmo tempo o uso folcloacuteri-co da diversidade de siacutembolos ndash criando mercadorias eacutetnicas ou outras mercadorias diferenciadas culturalmente para explorar nichos de mercado especializados ou adicionando cores festivas e eacutetnicas agraves salas de aula ndash natildeo deve encobrir conflitos reais de poder e de interesse Somente lidando autenticamente com eles podemos criar a partir da diversidade e da histoacuteria um domiacutenio puacuteblico novo vigoroso e igualitaacuterio

O pluralismo cidadatildeo muda a natureza dos espaccedilos ciacutevi-cos e com a mudanccedila de significado desses espaccedilos tudo muda desde o amplo conteuacutedo dos direitos e das responsabilidades puacuteblicas ateacute os detalhes institucionais e curriculares da peda-gogia do letramento Em vez da cultura central e dos padrotildees nacionais o campo da cidadania eacute um espaccedilo para a negocia-ccedilatildeo de um tipo diferente de ordem social onde as diferenccedilas satildeo ativamente reconhecidas onde essas diferenccedilas satildeo negociadas de forma a se complementarem e onde as pessoas tecircm a chance de expandir seus repertoacuterios culturais e linguiacutesticos para que possam acessar uma gama mais ampla de recursos culturais e institucionais (Cope Kalantzis 1995)

Vivemos em um ambiente no qual as diferenccedilas subculturais ndash de identidade e afiliaccedilatildeo ndash estatildeo se tornando cada vez mais significativas Gecircnero etnia geraccedilatildeo e orientaccedilatildeo sexual satildeo ape-nas alguns dos marcadores dessas diferenccedilas Para aqueles que anseiam por ldquopadrotildeesrdquo elas aparecem como evidecircncia de uma fragmentaccedilatildeo angustiante da estrutura social De fato em certo sentido eacute apenas uma mudanccedila histoacuterica em que as culturas na-cionais singulares tecircm menos influecircncia do que antes Por exem-plo um dos paradoxos dos sistemas de miacutedia multicanais menos regulamentados eacute que eles minam o conceito de audiecircncia cole-tiva e cultura comum em vez de promover o oposto uma gama crescente de opccedilotildees subculturais acessiacuteveis e a crescente diver-

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

29

gecircncia de discursos especializados e subculturais Isso significa o fim definitivo do ldquopuacuteblicordquo ndash aquela comunidade imaginaacuteria homogecircnea de Estados-naccedilatildeo democraacuteticos modernos

No entanto agrave medida que as diferenccedilas subculturais se tornam mais significativas tambeacutem testemunhamos outro de-senvolvimento um tanto contraditoacuterio ndash a crescente invasatildeo de espaccedilos privados pela cultura da miacutedia de massa pela cultura global de commodities e pelas redes de comunicaccedilatildeo e de infor-maccedilatildeo As culturas infantis satildeo feitas de narrativas e mercado-rias entrelaccediladas que cruzam a TV brinquedos embalagens de fast-food videogames camisetas sapatos roupas de cama esto-jos de laacutepis e lancheiras (Luke 1995) Os pais consideram essas narrativas mercantis inexoraacuteveis e os professores descobrem que suas mensagens culturais e linguiacutesticas perdem forccedila e relevacircn-cia ao competir com essas narrativas globais Como exatamente negociar esses textos globais invasivos Em alguns sentidos a invasatildeo da miacutedia de massa e o consumismo zombam da diver-sidade de suas miacutedias e canais Apesar de toda a diferenciaccedilatildeo subcultural dos nichos de mercado natildeo eacute oferecido muito espaccedilo no mercado infantil que reflita a verdadeira diversidade entre crianccedilas e adolescentes

Enquanto isso a vida particular estaacute se tornando mais puacute-blica agrave medida que tudo se torna um assunto potencial de dis-cussatildeo na miacutedia resultando no que chamamos de ldquoconversacio-nalizaccedilatildeordquo da linguagem puacuteblica Discursos que antes eram do domiacutenio particular ndash as complexidades da vida sexual de figuras puacuteblicas discussatildeo de memoacuterias reprimidas de abuso infantil ndash agora satildeo despudoradamente tornados puacuteblicos Em alguns sentidos isso eacute um desenvolvimento muito positivo e importan-te na medida em que essas satildeo questotildees frequentemente impor-tantes que precisam de uma divulgaccedilatildeo A conversacionalizaccedilatildeo difundida da linguagem puacuteblica no entanto envolve a simula-ccedilatildeo institucionalmente motivada da linguagem conversacional e das personas e relaccedilotildees da vida cotidiana A vida profissional estaacute sendo transformada para operar de acordo com metaacuteforas que antes eram distintamente privadas como gerenciamento por ldquoculturardquo equipes dependentes de discursos interpessoais e

30

relaccedilotildees paternalistas de orientaccedilatildeo Muito disso pode ser consi-derado ciacutenico manipulador invasivo e explorador visto que os discursos da vida particular e da comunidade satildeo apropriados para servir a fins comerciais e institucionais Em outras palavras este eacute um processo que destroacutei em parte a autonomia dos estilos de vida particular e comunitaacuterio

O desafio eacute disponibilizar espaccedilo para que diferentes esti-los de vida ndash espaccedilos para a vida comunitaacuteria onde significados locais e especiacuteficos possam ser construiacutedos ndash possam prosperar Os novos canais de multimiacutedia e hipermiacutedia podem e agraves vezes fornecem aos membros de subculturas a oportunidade de encon-trarem suas proacuteprias vozes Essas tecnologias tecircm o potencial de permitir maior autonomia para diferentes estilos de vida por exemplo televisatildeo multiliacutengue ou a criaccedilatildeo de comunidades vir-tuais por meio do acesso agrave internet

Poreacutem quanto mais diversos e vibrantes esses estilos de vida se tornam e quanto maior o espectro das diferenccedilas menos claramente delimitados os diferentes estilos de vida parecem ser A palavra ldquocomunidaderdquo eacute frequentemente usada para descrever as diferenccedilas que agora satildeo tatildeo criacuteticas ndash a comunidade iacutetalo-a-mericana a comunidade gay a comunidade empresarial e assim por diante ndash como se cada uma dessas comunidades tivesse li-mites bem definidos Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes nos novos espaccedilos puacuteblicos de pluralismo cida-datildeo suas fronteiras tornam-se mais evidentemente complexas e sobrepostas A crescente divergecircncia entre os estilos de vida e a crescente importacircncia das diferenccedilas satildeo responsaacuteveis pela inde-finiccedilatildeo de suas fronteiras Quanto mais autocircnomos os estilos de vida se tornam mais movimento pode haver pessoas entrando e saindo estilos de vida inteiros passando por grandes transiccedilotildees negociaccedilatildeo mais aberta e produtiva de diferenccedilas internas liga-ccedilotildees e alianccedilas externas mais livres

Como as pessoas satildeo simultaneamente membros de vaacuterios estilos de vida suas identidades tecircm vaacuterias camadas que estatildeo em relaccedilatildeo complexa umas com as outras Nenhuma pessoa eacute membro de uma uacutenica comunidade Em vez disso elas satildeo mem-bros de comunidades muacuteltiplas e sobrepostas ndash comunidades de

31

trabalho de interesse e afiliaccedilatildeo de etnia de identidade sexual e assim por diante (Kalantzis 1995)

Diferenccedilas de linguagem discurso e registro satildeo marca-dores de diferenccedilas no estilo de vida Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes e suas fronteiras mais borradas o fato central da linguagem torna-se a multiplicidade de senti-dos e sua interseccedilatildeo contiacutenua Assim como existem muacuteltiplas ca-madas para a identidade de todos existem muacuteltiplos discursos de identidade e muacuteltiplos discursos de reconhecimento a serem negociados Precisamos ser proficientes ao negociar os muitos estilos de vida que habitam cada um de noacutes e os muitos estilos de vida que encontramos em nossa vida cotidiana Isso cria um novo desafio para a pedagogia do letramento Em suma este eacute o mundo que a pedagogia do letramento agora precisa abordar

Realidades emtransformaccedilatildeo

Desenhando futuros sociais

Vidas profissionais Capitalismo acelerado Poacutes-fordismo

-gt Diversidade produtiva

Vidas puacuteblicas Decliacutenio do pluralismo puacuteblico

-gt Pluralismo cidadatildeo

Vidas privadas Invasatildeo do espaccedilo privado

-gt Estilo de vidamulticamadas

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

As escolas sempre desempenharam um papel crucial na de-terminaccedilatildeo das oportunidades de vida dos estudantes Elas

regulam o acesso agraves ordens do discurso ndash a relaccedilatildeo dos discursos em um espaccedilo social especiacutefico ndash e ao capital simboacutelico ndash senti-dos simboacutelicos que tecircm circulaccedilatildeo no acesso ao emprego poder poliacutetico e reconhecimento cultural Elas fornecem acesso a um

32

mundo de trabalho ordenado hierarquicamente elas moldam suas cidadanias elas fornecem um suplemento aos discursos e atividades de comunidades e estilos de vida particulares Como esses trecircs domiacutenios principais da atividade social mudaram os papeacuteis e as responsabilidades das escolas precisam mudar

A escolarizaccedilatildeo institucionalizada desempenhou tradicio-nalmente a funccedilatildeo de disciplinar e capacitar pessoas para aacutereas de trabalho industriais regulamentadas auxiliando na formaccedilatildeo do caldeiratildeo de cidadatildeos nacionais homogecircneos e suavizando as diferenccedilas herdadas entre estilos de vida Isso eacute o que Dewey (1916-1966) chamou de funccedilatildeo assimilatoacuteria da escolarizaccedilatildeo a funccedilatildeo de homogeneizar as diferenccedilas Agora a funccedilatildeo das salas de aula e da aprendizagem eacute em alguns sentidos inversa Cada sala de aula iraacute inevitavelmente reconfigurar as relaccedilotildees de di-ferenccedila local e global que agora satildeo tatildeo importantes Para serem relevantes os processos de aprendizagem precisam recrutar em vez de tentar ignorar e apagar as diferentes subjetividades ndash in-teresses intenccedilotildees compromissos e propoacutesitos ndash que os alunos trazem ao processo de aprendizado O curriacuteculo agora precisa se entrelaccedilar com diferentes subjetividades e seus inerentes lingua-gens discursos e registros e usaacute-los como um recurso de apren-dizagem

Essa eacute a base necessaacuteria para uma pedagogia que abra possibilidades de maior acesso O perigo do pluralismo simpli-ficador e caricato eacute que ele vecirc as diferenccedilas como imutaacuteveis e as deixa fragmentadas Visto que as diferenccedilas satildeo agora uma ques-tatildeo central predominante o nuacutecleo ou a tendecircncia dominante mudou Na medida em que natildeo pode haver uma liacutengua e cultura nacional universal padratildeo existem novos padrotildees universais na forma de diversidade produtiva pluralismo cidadatildeo e estilos de vida multicamadas

Essa eacute a base para uma pedagogia de acesso transformada ndash acesso ao capital simboacutelico com um valor real nas realidades emergentes de nosso tempo Tal pedagogia natildeo envolve sobres-crever as subjetividades existentes com a liacutengua da cultura domi-nante Esses antigos significados de ldquoacessordquo e ldquomobilidaderdquo satildeo a base para modelos de pedagogia que partem da ideia de que

33

culturas e liacutenguas diferentes das predominantes representam um deacuteficit No entanto na realidade emergente ainda existem deacuteficits reais como a falta de acesso ao poder social agrave riqueza e a siacutembolos de reconhecimento O papel da pedagogia eacute desen-volver uma epistemologia do pluralismo que proporcione acesso sem que as pessoas tenham de apagar ou deixar para traacutes dife-rentes subjetividades Essa deve ser a base de uma nova norma

A transformaccedilatildeo das escolas e do letramento escolar eacute ao mesmo tempo uma questatildeo muito ampla e especiacutefica uma parte criacutetica de um projeto social mais abrangente No entanto haacute um limite para o que as escolas podem alcanccedilar sozinhas A questatildeo ampla eacute o que contaraacute para o sucesso no mundo do futuro imi-nente um mundo que pode ser imaginado e alcanccedilado A ques-tatildeo mais estrita eacute como podemos transformar gradativamente os resultados alcanccedilaacuteveis e adequados da escolaridade Como podemos complementar o que as escolas jaacute fazem Natildeo podemos refazer o mundo por meio da escolarizaccedilatildeo mas podemos favo-recer uma visatildeo por meio da pedagogia que cria no microcosmo um conjunto transformador de relaccedilotildees e possibilidades de fu-turos sociais uma visatildeo que eacute vivida nas escolas Isso pode en-volver atividades como a simulaccedilatildeo de relaccedilotildees de trabalho com colaboraccedilatildeo comprometimento e envolvimento criativo usar a escola como local para acesso e aprendizagem de miacutedia de mas-sa resgatar o espaccedilo puacuteblico de cidadania escolar para diversas comunidades e discursos e criar comunidades de aprendizes diversificadas e que respeitem a autonomia dos estilos de vida

No restante deste artigo desenvolvemos a noccedilatildeo de pe-dagogia como design Nosso objetivo eacute discutir a proposiccedilatildeo de que o curriacuteculo eacute um projeto para futuros sociais e debater a forma geral desse projeto agrave medida que complementamos a pedagogia do letramento nas maneiras indicadas pela noccedilatildeo de multiletra-mentos Nesse sentido este artigo natildeo tem orientaccedilatildeo praacutetica imediata eacute mais da natureza de um manifesto programaacutetico O apelo agrave praticidade eacute frequentemente mal interpretado na me-dida em que desloca o tipo de discussatildeo fundacional que temos aqui Haacute outro sentido entretanto em que a discussatildeo nesse niacutevel eacute eminentemente praacutetica embora de uma maneira muito

34

geral Diferentes concepccedilotildees de educaccedilatildeo e sociedade levam a formas muito especiacuteficas de curriacuteculo e pedagogia que por sua vez incorporam designs de futuros sociais Para alcanccedilar isso precisamos nos engajar em um diaacutelogo criacutetico com os conceitos centrais do capitalismo acelerado das formas pluralistas emer-gentes de cidadania e dos diferentes estilos de vida Esta eacute a base para um novo contrato social uma nova comunidade

Em relaccedilatildeo ao novo ambiente da pedagogia do letramento preci-samos resgatar duas questotildees fundamentais o ldquoo quecircrdquo da peda-gogia do letramento ou o que os estudantes precisam aprender e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento ou o espectro das rela-ccedilotildees de aprendizagem adequadas

Designs de sentido

Ao abordar a questatildeo do ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento propomos uma metalinguagem dos multiletramentos baseada no conceito de ldquodesignrdquo O Design tornou-se central para inova-ccedilotildees no universo do trabalho bem como para reformas escola-res no mundo contemporacircneo Professores e gestores satildeo vistos como designers de processos e ambientes de aprendizagem e natildeo como chefes que ditam o que seus subordinados devem pen-sar e fazer Aleacutem disso algumas pessoas tecircm argumentado que a pesquisa educacional deveria tornar-se uma ciecircncia baseada em design estudando como diferentes planos curriculares projetos pedagoacutegicos e formatos de sala de aula motivam e alcanccedilam di-ferentes tipos de aprendizagem Do mesmo modo os gestores escolares tecircm suas proacuteprias concepccedilotildees de design estudando como a gestatildeo e as teorias empresariais podem ser postas em praacutetica e continuamente ajustadas e pensadas na praacutetica A no-ccedilatildeo de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteli-gecircncia criativa de que os melhores profissionais necessitam para poderem continuamente redesenhar suas atividades no ato da

O ldquo o q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

35

praacutetica Tambeacutem se associa agrave ideia de que a aprendizagem e a produtividade satildeo resultados de designs (estruturas) de sistemas complexos de pessoas ambientes tecnologia crenccedilas e textos

Decidimos tambeacutem utilizar a expressatildeo design para des-crever as formas de sentido porque o termo estaacute livre de associa-ccedilotildees negativas para os professores como por exemplo o termo ldquogramaacuteticardquo Trata-se de um conceito suficientemente rico para fundar um curriacuteculo linguiacutestico e uma pedagogia O termo tem tambeacutem uma feliz ambiguidade pode identificar tanto a estru-tura organizacional (ou morfologia) dos produtos quanto o pro-cesso de criaccedilatildeo Expressotildees como ldquoo design de um carrordquo ou ldquoo design de um textordquo podem ter os dois sentidos o modo como eacute ndash foi ndash projetado ou o processo de design dele Propomos tratar qualquer atividade semioacutetica incluindo a utilizaccedilatildeo da lingua-gem para produzir ou consumir textos como uma questatildeo de Design envolvendo trecircs elementos Designs Disponiacuteveis Desig-ning5 e o Redesign Juntos esses trecircs elementos enfatizam que a produccedilatildeo de sentidos eacute um processo vivo e dinacircmico e natildeo algo regido por regras estaacuteticas

Essa estrutura eacute baseada numa teoria especiacutefica do dis-curso Ela entende a atividade semioacutetica como uma aplicaccedilatildeo criativa e uma combinaccedilatildeo de convenccedilotildees (recursos ndash Designs Disponiacuteveis) que no processo de Design transforma ao mesmo tempo que reproduz essas convenccedilotildees (Fairclough 1992 a 1995) Aquilo que determina (Designs Disponiacuteveis) e o processo ativo de determinaccedilatildeo (Designing que cria Redesigns) estatildeo em cons-tante tensatildeo Essa teoria enquadra-se bem na visatildeo da vida e dos sujeitos sociais em sociedades em raacutepida mudanccedila e cultural-mente diversas que descrevemos anteriormente

Designs Disponiacuteveis

Designs Disponiacuteveis ndash os recursos para o Design ndash incluem as ldquogramaacuteticasrdquo de vaacuterios sistemas semioacuteticos as gramaacuteticas das liacutenguas e as gramaacuteticas de outros sistemas semioacuteticos tais como cinema fotografia ou gramaacutetica gestual Os Designs Disponiacuteveis tambeacutem incluem ldquoordens do discursordquo (Fairclough 1995) Uma

36

ordem do discurso eacute o conjunto estruturado de convenccedilotildees asso-ciadas agrave atividade semioacutetica (incluindo o uso da liacutengua) num determinado espaccedilo social ndash uma sociedade especiacutefica ou uma instituiccedilatildeo especiacutefica como uma escola ou um local de trabalho ou espaccedilos menos estruturados da vida comum agrupados na noccedilatildeo de diferentes modos de vida Uma ordem do discurso eacute um conjunto de discursos socialmente produzidos interligados e interagindo de forma dinacircmica Trata-se de uma configuraccedilatildeo especiacutefica dos elementos do Design Uma ordem do discurso pode ser vista como uma configuraccedilatildeo particular de tais ele-mentos Pode incluir uma mistura de diferentes sistemas semioacute-ticos ndash por exemplo sistemas semioacuteticos visuais e auditivos em combinaccedilatildeo com a liacutengua constituem a ordem do discurso da televisatildeo Outro exemplo pode envolver as gramaacuteticas de vaacuterias liacutenguas ndash as ordens do discurso de diferentes escolas

A ordem do discurso tem como objetivo apreender a ma-neira como diferentes discursos se relacionam (conversam) en-tre si Deste modo o discurso das gangues afro-americanas de Los Angeles estaacute historicamente relacionado com o discurso da poliacutecia da cidade Os discursos de ambos e outros discursos se-melhantes moldam-se e satildeo moldados uns pelos outros Para dar outro exemplo considere-se as relaccedilotildees histoacutericas e institucio-nais entre o discurso da biologia e o discurso do fundamentalis-mo religioso As escolas satildeo espaccedilos especialmente importantes em que um conjunto de discursos se relacionam entre si ndash dis-cursos disciplinares discursos de ser professor (cultura do pro-fessor) discurso de ser estudante (de diferentes tipos) discursos comunitaacuterios eacutetnicos de classe e discursos da esfera puacuteblica en-volvendo negoacutecios e governo por exemplo Cada discurso envol-ve produccedilatildeo reproduccedilatildeo e transformaccedilatildeo de diferentes tipos de pessoas Existe diversidade entre afro-americanos professores crianccedilas estudantes policiais e bioacutelogos O mesmo indiviacuteduo pode ser uma pessoa diferente em lugares e momentos distintos Diferentes tipos de pessoas conectam-se por meio dos discursos entrecruzados que constituem as ordens do discurso

No acircmbito das ordens do discurso existem convenccedilotildees es-peciacuteficas dos Designs ndash Disponiacuteveis ndash que assumem a forma de

37

discursos estilos gecircneros dialetos e vozes para citar algumas das principais variaacuteveis Um discurso eacute uma configuraccedilatildeo do co-nhecimento e das suas formas habituais de expressatildeo que repre-senta um conjunto especiacutefico de interesses Ao longo do tempo por exemplo as instituiccedilotildees produzem discursos ndash ou seja as suas configuraccedilotildees de conhecimento Estilo eacute a configuraccedilatildeo de todas as expressotildees semioacuteticas de um texto em que por exemplo a linguagem pode estar relacionada com o layout e a programa-ccedilatildeo visual Os gecircneros satildeo formas de texto ou organizaccedilatildeo textual que surgem de configuraccedilotildees sociais especiacuteficas ou das relaccedilotildees especiacuteficas dos participantes de uma interaccedilatildeo Refletem os ob-jetivos dos participantes num dado tipo de interaccedilatildeo Numa en-trevista por exemplo o entrevistador quer algo o entrevistado quer algo mais e o gecircnero da entrevista reflete isso Os dialetos podem ser relacionados com a regiatildeo ou a idade A voz eacute mais individual e pessoal incluindo evidentemente muitos fatores discursivos e geneacutericos

O conceito abrangente de ordens do discurso eacute necessaacuterio para enfatizar que no designing de textos e interaccedilotildees as pesso-as recorrem sempre a sistemas de praacutetica sociolinguiacutestica bem como a sistemas gramaticais Esses sistemas podem natildeo ser tatildeo clara ou rigidamente estruturados como a palavra ldquosistemardquo su-gere mas existem sempre alguns pontos comuns de orientaccedilatildeo quando agimos semioticamente Os Designs Disponiacuteveis tam-beacutem incluem outro elemento a experiecircncia linguiacutestica e discur-siva das pessoas envolvidas no designing na qual um momento de designing flui continuamente como as histoacuterias particulares dos membros envolvidos Podemos referir-nos a isso como o contexto intertextual (Fairclough 1989) que liga o texto que estaacute sendo criado a uma ou mais cadeias (ldquoredesrdquo) de textos passados

Designing

O processo de modelagem do sentido emergente envolve reapre-sentaccedilatildeo e recontextualizaccedilatildeo Isso nunca eacute simplesmente uma repeticcedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis Cada momento da produccedilatildeo

38

de sentidos envolve a transformaccedilatildeo dos recursos de sentido dis-poniacuteveis Ler ver e ouvir satildeo todos instacircncias do Designing

Segundo Halliday (1978) um profundo princiacutepio organi-zacional nas gramaacuteticas das liacutenguas humanas eacute a distinccedilatildeo entre macrofunccedilotildees da linguagem que satildeo as diferentes funccedilotildees dos Designs Disponiacuteveis funccedilotildees ideacionais interpessoais e textu-ais Essas funccedilotildees produzem distintas expressotildees de sentido A funccedilatildeo ideacional trata do ldquoconhecimentordquo e a funccedilatildeo interpes-soal trata das ldquorelaccedilotildees sociaisrdquo Quanto agraves ordens do discurso a inter-relaccedilatildeo generativa dos discursos num contexto social os seus gecircneros constituintes podem ser parcialmente caracteriza-dos em termos das relaccedilotildees sociais especiacuteficas e posiccedilotildees pesso-ais que articulam enquanto que os discursos satildeo conhecimentos especiacuteficos (construccedilotildees do mundo) articulados com posiccedilotildees especiacuteficas do sujeito

Qualquer atividade semioacutetica ndash qualquer Designing ndash fun-ciona simultaneamente sobre e com essas facetas dos Designs Disponiacuteveis O Designing reproduziraacute mais ou menos norma-tivamente ou transformaraacute mais ou menos radicalmente os co-nhecimentos dados as relaccedilotildees sociais e identidades dependen-do das condiccedilotildees sociais sob as quais o Design ocorre Mas nunca iraacute simplesmente reproduzir os Designs Disponiacuteveis O Desig-ning transforma o conhecimento ao produzir novas construccedilotildees e representaccedilotildees da realidade Atraveacutes da co-gestatildeo de Desig-ns as pessoas transformam suas relaccedilotildees umas com as outras e assim transformam-se a si mesmas Esses natildeo satildeo processos independentes Configuraccedilotildees de indiviacuteduos relaccedilotildees sociais e conhecimentos satildeo trabalhados e transformados (Designing) no processo de designing As configuraccedilotildees preexistentes e novas satildeo sempre provisoacuterias embora possam atingir um elevado grau de permanecircncia A transformaccedilatildeo eacute sempre uma nova utilizaccedilatildeo de velhos materiais uma rearticulaccedilatildeo e recombinaccedilatildeo dos re-cursos dos Designs Disponiacuteveis

A noccedilatildeo de Design reconhece a natureza iterativa da pro-duccedilatildeo de sentidos recorrendo aos Designs Disponiacuteveis para criar padrotildees de sentidos que satildeo parcialmente previsiacuteveis em seus contextos Eacute por isso que o Redesign traz em si certo ar de

39

familiaridade No entanto haacute algo inevitavelmente uacutenico em cada enunciado A maioria dos paraacutegrafos escritos satildeo uacutenicos nunca construiacutedos exatamente dessa forma antes e ndash exceto pela coacutepia ou pela improbabilidade estatiacutestica ndash nunca mais devem ser construiacutedos dessa forma novamente Do mesmo modo haacute algo irredutivelmente uacutenico na voz de cada pessoa O Designing sempre envolve a transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis sem-pre envolve fazer novo uso de materiais antigos

Eacute importante frisar que ouvir e falar ler e escrever satildeo atividades produtivas formas de designing Ouvintes e leitores encontram textos como designs disponiacuteveis Eles tambeacutem se va-lem de sua experiecircncia de outros designs disponiacuteveis como um recurso para criar novos significados a partir dos textos que en-contram A sua leitura e escuta satildeo em si uma produccedilatildeo (um De-signing) de textos (embora textos para si natildeo textos para outros) com base em seus proacuteprios interesses e experiecircncias de vida E sua escuta e leitura por sua vez transformam os recursos que receberam na forma de Designs disponiacuteveis em Redesigned

Redesigned

O resultado do Designing gera um novo significado algo por meio do qual os produtores de sentidos se recriam Nunca eacute uma reformulaccedilatildeo ou uma simples recombinaccedilatildeo de Designs Disponiacuteveis O Redesigned pode ser variavelmente criativo ou reprodutivo em relaccedilatildeo aos recursos para a produccedilatildeo de senti-dos existentes nos Designs Disponiacuteveis Mas natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo (como o mito das normas e da pedagogia da trans-missatildeo nos faria acreditar) nem eacute simplesmente criativo (como os mitos da originalidade individual e da voz pessoal nos fariam crer) Como a instacircncia em que estatildeo em jogo os recursos cultu-rais e as subjetividades uacutenicas o Redesigned fundamenta-se em padrotildees de sentido histoacuterica e culturalmente herdados Ao mes-mo tempo eacute produto uacutenico do agenciamento humano sentido transformado E por sua vez o Redesigned torna-se um novo Design Disponiacutevel um novo recurso produtor de sentidos

40

Aleacutem disso por meio dos processos do Design os pro-dutores de sentido se recriam Reconstroem e renegociam suas identidades O Redesigned natildeo apenas foi construiacutedo ativamen-te mas tambeacutem eacute uma evidecircncia das maneiras como a interven-ccedilatildeo ativa no mundo que eacute o Designing transformou o proacuteprio designer

Designs de sentidos

Dimensotildees da produccedilatildeo de sentidos

Professores e alunos precisam de uma linguagem para descrever os sentidos que satildeo representados nos Designs Disponiacuteveis e no Redesigned Em outras palavras eles precisam de uma metalin-guagem ndash ou seja uma linguagem para falar sobre linguagem imagens textos e interaccedilotildees na produccedilatildeo de sentidos

Um dos objetivos do Projeto Internacional dos Multiletra-mentos iniciado e planejado durante a reuniatildeo de Nova Londres e entrando agora em uma fase de pesquisa colaborativa e expe-rimentaccedilatildeo de curriacuteculo eacute desenvolver uma gramaacutetica funcio-nal e educacionalmente acessiacutevel isto eacute uma metalinguagem que descreva o sentido em diferentes ambientes Estes incluem o textual e o visual assim como as relaccedilotildees multimodais entre os diferentes processos de produccedilatildeo de sentidos que agora satildeo tatildeo fundamentais nos textos da miacutedia impressa quanto nos textos multimiacutedia eletrocircnicos

Qualquer metalinguagem a ser utilizada em um curriacuteculo escolar tem de atender a alguns criteacuterios riacutegidos Deve ser ca-

Designs de sentidos

Designs disponiacuteveis Recursos para produccedilatildeo de sentidos designs Disponiacuteveis para produccedilatildeo de sentidos

Designing O trabalho desenvolvido sobrecom os designs Disponiacuteveis no processo semioacutetico

Redesigned Os recursos reproduzidos e transformados por meio do designing

41

paz de fundamentar anaacutelises criacuteticas sofisticadas da linguagem e de outros sistemas semioacuteticos e ao mesmo tempo natildeo fazer exigecircncias impraticaacuteveis aos conhecimentos do professor e do aprendiz e natildeo evocar imediatamente as aversotildees muitas vezes justificadas e acumuladas dos professores em relaccedilatildeo ao forma-lismo O uacuteltimo ponto eacute crucial pois os professores devem estar motivados a trabalhar com a metalinguagem

Uma metalinguagem tambeacutem precisa ser bastante flexiacutevel e aberta Ela deve ser vista como uma caixa de ferramentas para trabalhar em atividades semioacuteticas natildeo como um formalismo a ser a elas aplicado Devemos nos sentir agrave vontade com conceitos confusos eou sobrepostos Professores e alunos devem ser capa-zes de escolher e selecionar a partir das ferramentas oferecidas Eles tambeacutem devem sentir-se livres para modelar suas proacuteprias ferramentas A flexibilidade eacute muito importante porque a rela-ccedilatildeo entre categorias descritivas e analiacuteticas e a praacutetica eacute por na-tureza mutaacutevel provisoacuteria insegura e relativa aos contextos e propoacutesitos da anaacutelise

Aleacutem disso o objetivo principal da metalinguagem deve ser identificar e explicar as diferenccedilas entre textos e relacionaacute-las aos contextos culturais e agraves situaccedilotildees em que atuam A metalin-guagem natildeo deve impor regras estabelecer padrotildees de correccedilatildeo ou privilegiar certos discursos para ldquocapacitarrdquo os estudantes

A metalinguagem que estamos sugerindo para analisar o Design de sentidos com relaccedilatildeo agraves ordens do discurso inclui ter-mos-chaves como ldquogecircnerosrdquo e ldquodiscursosrdquo e uma seacuterie de concei-tos relacionados tais como vozes estilos e provavelmente outros (Fairclough 1992a Kress 1990 van Leeuwen 1993) Informal-mente podemos perguntar a respeito de qualquer Designing quais satildeo as regras do jogo E qual eacute a perspectiva

ldquoAs regras do jogordquo nos apontam na direccedilatildeo do propoacutesito e da noccedilatildeo de gecircneros do discurso Agraves vezes as regras do jogo podem ser especificadas em termos de um gecircnero bem definido e socialmente marcado como a liturgia da igreja agraves vezes natildeo haacute uma categoria geneacuterica clara A atividade semioacutetica e os textos que ela gera normalmente misturam gecircneros (por exemplo con-sultas entre meacutedico e paciente que satildeo em parte como exames

42

meacutedicos e em parte como sessotildees de aconselhamento ou mesmo conversas informais)

Na tentativa de caracterizar as regras do jogo e o gecircnero do discurso devemos partir do contexto social do ambiente ins-titucional e das relaccedilotildees e das praacuteticas sociais em que os textos estatildeo inseridos O gecircnero eacute um aspecto intertextual de um texto Ele mostra como o texto se liga a outros textos no contexto in-tertextual e como ele pode ser semelhante em alguns aspectos a outros textos utilizados em contextos sociais similares e suas conexotildees com outros tipos de texto na(s) ordem(ns) do discurso Mas o gecircnero eacute apenas um dos vaacuterios aspectos intertextuais de um texto e precisa ser usado em conjunto com outros aspectos especialmente com os discursos

Um discurso eacute uma construccedilatildeo de algum aspecto da reali-dade de um ponto de vista especiacutefico de um acircngulo especiacutefico em termos de interesses especiacutefico Como substantivo abstrato o discurso chama a atenccedilatildeo para o uso da linguagem como uma faceta da praacutetica social que eacute moldada ndash e molda ndash pelas ordens culturais do discurso bem como pelos sistemas linguiacutesticos (gramaacuteticas) Como substantivo contaacutevel (discursos no plural em vez de discurso geneacuterico) ele chama a atenccedilatildeo para a diversida-de de construccedilotildees (representaccedilotildees) de vaacuterios domiacutenios da vida e experiecircncias associadas a diferentes vozes posiccedilotildees e interesses (subjetividades) Novamente alguns discursos satildeo claramente demarcados e tecircm nomes convencionais na cultura (por exem-plo discursos feministas poliacutetico-partidaacuterios ou religiosos) en-quanto outros satildeo muito mais difiacuteceis de serem identificados As caracterizaccedilotildees intertextuais dos textos em termos de gecircneros e discursos satildeo melhor consideradas como aproximaccedilotildees provi-soacuterias pois satildeo interpretaccedilotildees culturais de textos que dependem da sensibilidade difusa poreacutem operacionalmente adequada do analista em relaccedilatildeo agrave cultura e tambeacutem aos conhecimentos es-pecializados

43

Elementos do design

Uma das principais ideias que fundamentam a noccedilatildeo de multile-tramentos eacute a crescente complexidade e inter-relaccedilatildeo dos diver-sos modos de produccedilatildeo de sentidos Identificamos seis grandes aacutereas para as quais satildeo requeridas gramaacuteticas funcionais ndash as metalinguagens que descrevem e explicam os padrotildees de sen-tido Design Linguiacutestico Design Visual Design Sonoro Design Gestual Design Espacial e Design Multimodal O Design Mul-timodal eacute de uma ordem diferente dos outros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos ele representa os padrotildees de interconexatildeo entre os outros modos Utilizamos a palavra ldquogramaacuteticardquo num sentido positivo como uma linguagem especializada que des-creve padrotildees de representaccedilatildeo Em cada caso nosso objetivo eacute apresentar natildeo mais do que dez elementos principais do Design

Design linguiacutestico

A metalinguagem que propomos utilizar para descrever o De-sign Linguiacutestico tem o objetivo de concentrar nossa atenccedilatildeo nos recursos de representaccedilatildeo Esta metalinguagem natildeo eacute uma cate-goria de habilidades mecacircnicas como eacute comumente usada nas gramaacuteticas para uso educacional nem deve servir de base para uma criacutetica ou reflexatildeo avulsa Ao contraacuterio a noccedilatildeo de Design enfatiza o potencial produtivo e inovador da linguagem como um sistema de produccedilatildeo de sentido Esta eacute uma accedilatildeo uma des-criccedilatildeo geradora da linguagem como um meio de representaccedilatildeo Como argumentamos anteriormente tal orientaccedilatildeo tanto para o meio social quanto para o texto seraacute um requisito essencial para as economias e sociedades do presente e do futuro Seraacute tambeacutem essencial para a produccedilatildeo de determinados tipos de subjetivida-de democraacutetica e participativa Os elementos do Design Linguiacutes-tico que estamos desenvolvendo ajudam a descrever os recursos de representaccedilatildeo que estatildeo disponiacuteveis os vaacuterios sentidos que esses recursos teratildeo se forem utilizados em um contexto espe-ciacutefico e o potencial inovador de reformular esses recursos em relaccedilatildeo aos objetivos sociais

44

Considere este exemplo ldquoAs taxas de mortalidade por cacircn-cer de pulmatildeo estatildeo claramente associadas ao aumento do taba-gismordquo e ldquoTabagismo causa cacircncerrdquo A primeira frase pode signi-ficar o que a segunda significa embora tambeacutem possa significar muitas outras coisas A primeira frase eacute mais expliacutecita em alguns aspectos do que a segunda (por exemplo referecircncia ao cacircncer de pulmatildeo) e menos expliacutecita em outros aspectos (por exemplo ldquoassociado ardquo versus ldquocausardquo) A gramaacutetica foi empregada para projetar dois mecanismos diferentes Cada frase eacute utilizaacutevel em discursos diferentes Por exemplo a primeira eacute uma forma tiacutepica nas ciecircncias sociais e ateacute mesmo nas ciecircncias duras A segunda eacute uma forma tiacutepica da discussatildeo na aacuterea de sauacutede puacuteblica A gra-maacutetica precisa ser vista como uma gama de escolhas que se faz ao projetar a comunicaccedilatildeo para fins especiacuteficos incluindo um maior agenciamento de aspectos natildeo verbais Entretanto essas escolhas precisam ser vistas natildeo apenas como uma questatildeo de estilo ou intenccedilatildeo individual mas como intrinsecamente ligadas a diferentes discursos com seus interesses e relaccedilotildees de poder mais amplos

Nossa metalinguagem sugerida para analisar os desig-ns da liacutengua eacute construiacuteda com base em uma lista de elementos textuais altamente seletiva que a experiecircncia tem mostrado ser particularmente digna de atenccedilatildeo (ver tambeacutem Fowler Hodge Kress Trent 1979 Fairclough 1992a) A tabela a seguir lista al-guns termos-chaves que podem ser incluiacutedos como metalingua-gem do Design Linguiacutestico Eacute provaacutevel que outras caracteriacutesticas textuais potencialmente significativas sejam mencionadas de tempos em tempos mas pensamos que a facilidade em utilizar os elementos listados constitui uma base substancial embora li-mitada para uma consciecircncia criacutetica da linguagem

Examinaremos dois deles agora a fim de ilustrar nossa no-ccedilatildeo de Design Linguiacutestico a nominalizaccedilatildeo e a transitividade A nominalizaccedilatildeo envolve o uso de uma frase para compactar uma grande quantidade de informaccedilotildees algo como a maneira como um compactador de lixo funciona Apoacutes a compactaccedilatildeo natildeo se pode dizer o que foi compactado Considere a expressatildeo ldquoTaxas de morte por cacircncer de pulmatildeordquo Essas ldquotaxasrdquo se referem agraves pes-

45

soas que morrem de cacircncer de pulmatildeo ou aos pulmotildees que mor-rem de cacircncer Natildeo se pode saber isso a menos que tenhamos conhecimento preacutevio sobre essa discussatildeo As nominalizaccedilotildees satildeo usadas para compactar informaccedilotildees ndash conversas inteiras ndash que supomos que as pessoas (ou pelo menos os ldquoespecialistasrdquo) conheccedilam Elas satildeo indicaccedilotildees para quem ldquoestaacute no jogordquo e conse-quentemente tambeacutem para manter as pessoas fora dele

A transitividade indica quanto de agenciamento e de efeito se deseja em uma frase ldquoJoatildeo golpeou Mariardquo tem mais efeito (sobre Maria) do que ldquoJoatildeo atingiu Mariardquo e ldquoJoatildeo golpeou Ma-riardquo tem mais agecircncia do que ldquoMaria foi golpeada6rdquo Uma vez que noacutes humanos relacionamos agecircncia e efeito com responsa-bilidade e culpa em muitos domiacutenios (discursos) estas natildeo satildeo apenas questotildees de gramaacutetica Satildeo maneiras de utilizar a lin-guagem para se envolver em accedilotildees como culpar evitar culpa ou comparar certas coisas com outras

Alguns elementos do Design Linguiacutestico

Emissatildeo Caracteriacutesticas de entonaccedilatildeo ecircnfase ritmo sotaque etc

Vocabulaacuterio e metaacutefora Inclui colocaccedilatildeo lexicalizaccedilatildeo e sentido da palavra

Redesigned A natureza do engajamento do produtor com a mensagem em uma oraccedilatildeo

TransitividadeOs tipos de processo e os participantes da oraccedilatildeo

Vocabulaacuterio e metaacutefora escolha de palavras posicionamento e sentido

Nominalizaccedilatildeo de processos

Transformar accedilotildees qualidades avaliaccedilotildees ou conexatildeo loacutegica em substantivos ou estados de ser e estar

(por exemplo ldquoavaliarrdquo torna-se ldquoavaliaccedilatildeordquo ldquopoderrdquo torna-se ldquohabilidaderdquo)

Estruturas de informaccedilatildeo Como a informaccedilatildeo eacute apresentada em oraccedilotildees e sentenccedilas

Relaccedilotildees de Coerecircncia Local

Coesatildeo entre oraccedilotildees e relaccedilotildees loacutegicas entre as oraccedilotildees (por exemplo incorporaccedilatildeo subordinaccedilatildeo)

Relaccedilotildees de Coerecircncia Global

As propriedades organizacionais gerais dos textos (por exemplo gecircneros)

46

Designs para outros modos de produccedilatildeo de sentido

Os modos de significaccedilatildeo aleacutem do Linguiacutestico satildeo cada vez mais importantes incluindo Visuais (imagens layout de paacutegina for-matos de tela) aacuteudio (muacutesica efeitos sonoros) Gestuais (lingua-gem corporal sensualidade) Espaciais (os significados dos es-paccedilos ambientais espaccedilos arquitetocircnicos) e Multimodais Dos modos de significaccedilatildeo o Multimodal eacute o mais significativo pois relaciona todos os outros modos em conexotildees notavelmente di-nacircmicas Por exemplo as imagens dos meios de comunicaccedilatildeo de massa relacionam o linguiacutestico ao visual e ao gestual de manei-ras intricadas Ler a miacutedia de massa apenas por seus significados linguiacutesticos natildeo eacute suficiente As revistas empregam gramaacuteticas visuais muito diferentes de acordo com seu conteuacutedo social e cultural O roteiro de um seriado como ldquoRoseanne7rdquo natildeo teria nenhuma das qualidades do programa se vocecirc natildeo tivesse uma ldquosensibilidaderdquo para seus significados gestuais sonoros e visu-ais uacutenicos Um script sem esse conhecimento permitiria apenas uma leitura muito limitada Da mesma forma uma visita a um shopping center envolve muito texto escrito No entanto um en-volvimento prazeroso ou criacutetico com o shopping envolveraacute uma leitura multimodal que inclui natildeo apenas o design linguiacutestico mas uma leitura espacial da arquitetura do shopping e a locali-zaccedilatildeo e o sentido dos signos escritos logotipos e iluminaccedilatildeo O McDonaldrsquos tem assentos duros ndash para mantecirc-lo em movimento Os cassinos natildeo tecircm janelas ou reloacutegios ndash para eliminar indica-dores tangiacuteveis da passagem do tempo Esses satildeo sentidos espa-ciais e arquitetocircnicos profundamente importantes cruciais para a leitura de Designs Disponiacuteveis e para o Designing de futuros sociais

Em um sentido profundo toda produccedilatildeo de sentido eacute mul-timodal Todo texto escrito tambeacutem eacute organizado visualmente A editoraccedilatildeo eletrocircnica valoriza o design visual e espalha a res-ponsabilidade pelo visual de maneira muito mais ampla do que acontecia quando a escrita e o layout da paacutegina eram atividades distintas Portanto um projeto de escola pode e deve ser devida-mente avaliado com base no design visual linguiacutestico e em suas

47

relaccedilotildees multimodais Para dar outro exemplo a linguagem fala-da eacute uma questatildeo de design de aacuteudio tanto quanto eacute uma questatildeo de design linguiacutestico entendido como relaccedilotildees gramaticais

Os textos satildeo produzidos usando a gama de escolhas his-toricamente disponiacuteveis entre os diferentes modos de produccedilatildeo de sentidos Isso implica uma preocupaccedilatildeo com as ausecircncias nos textos bem como com as presenccedilas ldquoPor que natildeo issordquo bem como ldquoPor que issordquo (Fairclough 1992b) O conceito de Design enfatiza as relaccedilotildees entre os modos de significaccedilatildeo recebidos (Designs Disponiacuteveis) a transformaccedilatildeo desses modos de produ-ccedilatildeo de sentido em seu uso hiacutebrido e intertextual (Designing) e seu subsequente status a ser lido (O Redesigned) A metalingua-gem da produccedilatildeo de sentido se aplica a todos os aspectos deste processo como as pessoas satildeo posicionadas pelos elementos dos modos de produccedilatildeo de sentido disponiacuteveis (Designs disponiacute-veis) como os autores em alguns sentidos importantes tecircm a responsabilidade de estar conscientemente no controle da trans-formaccedilatildeo de sentidos (Designing) e como os efeitos de sentido a sedimentaccedilatildeo do sentido tornam-se parte do processo social (O Redesigned)

Obviamente a extensatildeo da transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis em Redesigned como resultado do Designing pode variar muito Agraves vezes os produtores de sentidos reproduziratildeo os Designs Disponiacuteveis na forma de Redesigned de maneira mais proacutexima do que em outras ocasiotildees ndash um formulaacuterio em vez de uma carta pessoal ou um classificado em vez de um anuacutencio (display) por exemplo Certo Designing eacute mais premeditado ndash planejado deliberado sistematizado ndash do que outras instacircncias por exemplo uma conversa em vez de um poema Agraves vezes o Designing baseia-se em metalinguagens claramente articuladas talvez especializadas que descrevem os elementos do design (a linguagem do editor profissional ou do arquiteto) enquanto ou-tros designing podem menos ou mais transformadores mesmo que os produtores natildeo tenham uma metalinguagem articulada para descrever os elementos de seus processos de produccedilatildeo de sentido (a pessoa que ldquocorrigerdquo o que eles acabaram de escrever ou o empreiteiro da reforma da casa) Apesar dessas diferentes

48

relaccedilotildees de estrutura e de agecircncia toda produccedilatildeo de sentidos sempre envolve os dois elementos

Dois conceitos-chaves nos ajudam a descrever os sentidos multimodais e as relaccedilotildees de diferentes designs de sentido hi-bridismo e intertextualidade (Fairclough 1992a 1992b) O termo hibridismo destaca os mecanismos de criatividade e de cultura--como-processo particularmente proeminentes na sociedade contemporacircnea As pessoas criam e inovam hibridizando ndash isto eacute articulando de novas maneiras ndash praacuteticas e convenccedilotildees estabe-lecidas dentro e entre diferentes modos de produccedilatildeo de sentido Isso inclui a hibridizaccedilatildeo de modos de significaccedilatildeo de formas estabelecidas (de discursos e gecircneros) e combinaccedilotildees variadas de modos de produccedilatildeo de sentido que ultrapassam as fronteiras da convenccedilatildeo e criam novas convenccedilotildees A muacutesica popular eacute um exemplo perfeito do processo de hibridismo Diferentes formas e tradiccedilotildees culturais satildeo constantemente recombinadas e reestru-turadas ndash as formas musicais da Aacutefrica encontram o eletrocircnico e a induacutestria musical comercial E novas relaccedilotildees estatildeo constan-temente sendo criadas entre sentidos linguiacutesticos e sonoros (pop versus rap) e entre sentidos linguiacutesticossonoros e visuais (per-formance ao vivo versus videoclipes)

A intertextualidade chama a atenccedilatildeo para as maneiras po-tencialmente complexas como os sentidos (como sentidos lin-guiacutesticos) se constituem por meio de relaccedilotildees com outros tex-tos (reais ou imaginaacuterios) tipos de texto (discurso ou gecircneros) narrativas e outros modos de significaccedilatildeo (como design visual posicionamento arquitetocircnico ou geograacutefico) Qualquer texto pode ser visto historicamente em termos das cadeias intertex-tuais (seacuteries histoacutericas de textos) em que se baseia e em termos das transformaccedilotildees que opera sobre elas Por exemplo os filmes estatildeo cheios de referecircncias cruzadas feitas explicitamente pelo cineasta ou lidas no filme pelo espectador enquanto designer um papel uma cena um ambiente O espectador apreende uma boa parte da visatildeo que tem do sentido do filme por meio desses tipos de cadeias intertextuais

49

Uma Teoria da Pedagogia

Qualquer teoria pedagoacutegica bem-sucedida deve ser baseada em visotildees sobre como a mente humana funciona em sociedade e nas salas de aula bem como sobre a natureza do ensino e da aprendizagem Embora certamente acreditemos que nenhuma teoria atual em psicologia educaccedilatildeo ou ciecircncias sociais tem ldquoas respostasrdquo e que as teorias provenientes desses domiacutenios devem sempre ser integradas ao ldquoconhecimento praacuteticordquo dos principais implicados tambeacutem acreditamos que aqueles que propotildeem as reformas curriculares e pedagoacutegicas devem expressar claramen-te seus pontos de vista sobre a mente a sociedade e o aprendiza-do em virtude do que eles acreditam que tais reformas seriam eficazes

Nossa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem baseia-se na suposiccedilatildeo de que a mente humana eacute corporifi-cada situada e social ou seja que o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvido natildeo como ldquogeral e abstratordquo mas sim como inserido em contextos sociais culturais e materiais Aleacutem disso o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvi-do como parte das interaccedilotildees colaborativas com outras pessoas de habilidades experiecircncias e perspectivas diversas unidas em uma comunidade epistecircmica especiacutefica ou seja em uma comu-nidade de alunos engajados em praacuteticas comuns centradas em torno de dado (histoacuterica e socialmente constituiacutedo) domiacutenio do conhecimento Acreditamos que ldquoabstraccedilotildeesrdquo ldquogeneralidadesrdquo e ldquoteorias abertasrdquo surgem dessa base inicial e devem ser sempre devolvidas a essa base ou a uma versatildeo recontextualizada dela

Essa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem que esperamos explicar e desenvolver nos proacuteximos anos como parte de nosso projeto internacional conjunto leva-nos a argumentar que a pedagogia eacute uma integraccedilatildeo complexa de quatro fatores Praacutetica Situada baseada no mundo das experiecircncias de designed e designing dos estudantes Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos moldam para si mesmos uma metalinguagem expliacutecita

O ldquo c o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

50

do design Enquadramento Criacutetico que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais e a Praacutetica Transforma-da na qual os alunos transferem e recriam designs de produccedilatildeo de sentido de um contexto para outro Vamos desenvolver bre-vemente esses temas a seguir

Trabalhos recentes em ciecircncias cognitivas em cogniccedilatildeo social e abordagens socioculturais de liacutengua e letramento (Bar-salou 1992 Bereiter e Scardamalia 1993 Cazden 1988 Clark 1993 Gardner 1991 Gee 1992 Heath 1983 Holanda Holyoak Nisbett Thagard 1986 Lave Wenger 1991 Light e Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990 Scollon e Scollon 1981 Street 1984 Wertsch 1985) argumentam que se um de nossos objetivos pedagoacutegicos eacute algum grau de domiacutenio da praacutetica entatildeo a imer-satildeo em uma comunidade de alunos engajados em versotildees autecircn-ticas dessa praacutetica eacute necessaacuteria Noacutes chamamos isso de Praacutetica Situada Uma pesquisa recente (Barsalou 1992 Eiser 1994 Gee 1992 Harre Gillett 1994 Margolis 1993 Nolan 1994) sustenta que a mente humana natildeo eacute tal como um computador um pro-cessador de regras gerais e abstraccedilotildees descontextualizadas Em vez disso o conhecimento humano quando aplicaacutevel agrave praacutetica estaacute situado principalmente em ambientes socioculturais e forte-mente contextualizado em domiacutenios e praacuteticas de conhecimen-tos especiacuteficos Esse conhecimento estaacute inextricavelmente ligado agrave capacidade de reconhecer e de agir sobre padrotildees de dados e de experiecircncia um processo que eacute adquirido apenas por meio da experiecircncia uma vez que os padrotildees necessaacuterios satildeo mui-tas vezes fortemente amarrados e ajustados ao contexto e satildeo muitas vezes sutis e complexos o suficiente para que ningueacutem possa descrevecirc-los ou explicaacute-los de maneira completa e uacutetil Os humanos satildeo neste niacutevel ldquoreconhecedores de padrotildeesrdquo e atores contextuais e socioculturais Esse reconhecimento de padrotildees eacute a base da capacidade de agir de maneira flexiacutevel e adaptaacutevel no contexto ndash ou seja o domiacutenio na praacutetica

No entanto existem limitaccedilotildees para a Praacutetica Situada como a uacutenica base para a pedagogia Primeiramente a preocu-paccedilatildeo com a situaccedilatildeo da aprendizagem eacute tanto a forccedila quanto a fraqueza das pedagogias progressistas (Kalantzis e Cope 1993a)

51

Embora essa aprendizagem situada possa levar ao domiacutenio na praacutetica os alunos imersos em praacuteticas ricas e complexas podem variar significativamente entre si (e quanto aos objetivos curricu-lares) e alguns podem gastar muito tempo perseguindo as pistas ldquoerradasrdquo por assim dizer Em segundo lugar muito da ldquoimer-satildeordquo que experimentamos quando crianccedilas como na aquisiccedilatildeo de nossa liacutengua ldquonativardquo eacute certamente apoiada por nossa biolo-gia humana e pelo curso normal do amadurecimento e do desen-volvimento humanos Esse apoio natildeo estaacute disponiacutevel na imersatildeo

FIGURA 1 - Multiletramentos Metalinguagens para Descrever e Interpretar os Diferentes Modos de Sentido dos Componentes do Projeto

MULTIMODAL

MULTIMODAL

ALGUNS ELEMENTOS DO PROJETO

Como os sistemas integrados de criaccedilatildeo de sentido dos textos eletrocircnicos multimiacutedia

Componentes de sentido linguiacutestico

tais como

Componentes desentido visual tais como

Componentesque constituem

Componentesque constituem

Componentesque constituem- Apresentaccedilatildeo

- Vocabulaacuterio e metaacutefora- Modalidade- Transitividade- Normalizaccedilatildeo de processos- Estrutura de informaccedilatildeo- Relaccedilotildees de coerecircncia local- Relaccedilotildees de coerecircncia global

- Comportamento- Corporeidade fiacutesica- Gestos- Sensualidade- Sentimentos e afetos- Cinesia- Proxecircmica- Etc

- Cores- Perspectivas- Vetores- Primeiro plano e fundo- Etc

- Sentidos ecossistecircmicos e geograacuteficos - Sentidos arquitetocircnicos- Etc

- Muacutesica- Efeitos sonoros- Etc

Modo de RessignifcaccedilatildeoPr

ojet

o Li

nguiacute

stico

Proje

to V

isua

l

Projeto GestualPro

jeto

Esp

acia

l

Projeto de Aacuteudio

52

escolar posterior em aacutereas como letramento e como domiacutenios acadecircmicos uma vez que estes surgem muito tarde no cenaacuterio humano para ter reunido qualquer suporte bioloacutegico ou evolu-tivo substancial Deste modo qualquer ajuda que a biologia e o amadurecimento possam dar agraves crianccedilas em sua socializaccedilatildeo pri-maacuteria deve ser compensada ndash dada mais abertamente ndash quando usamos a ldquoimersatildeordquo como meacutetodo na escola Terceiro a Praacutetica Situada natildeo leva necessariamente ao controle consciente e agrave per-cepccedilatildeo do que se sabe e faz o que eacute um objetivo central de gran-de parte do aprendizado na escola Quarto essa Praacutetica Situada natildeo cria necessariamente alunos ou comunidades que possam criticar o que estatildeo aprendendo em termos de relaccedilotildees histoacutericas culturais poliacuteticas ideoloacutegicas ou baseadas em valores E em quinto lugar haacute a questatildeo de colocar o conhecimento em accedilatildeo As pessoas podem ser capazes de articular seus conhecimentos em palavras Eles podem ter consciecircncia dos relacionamentos e ateacute mesmo fazer ldquocriacuteticasrdquo Contudo ainda podem ser incapazes de representar reflexivamente seu conhecimento na praacutetica

Portanto a Praacutetica Situada na qual os professores orien-tam uma comunidade de alunos como ldquomestresrdquo da praacutetica deve ser suplementada por vaacuterios outros componentes (ver Cazden 1992) Aleacutem do domiacutenio na praacutetica uma pedagogia eficaz deve procurar a compreensatildeo criacutetica ou a compreensatildeo cultural em dois sentidos diferentes Criacutetico na frase ldquocompreensatildeo criacuteticardquo significa percepccedilatildeo consciente e controle sobre as relaccedilotildees intras-sistemaacuteticas de um sistema A imersatildeo notoriamente natildeo leva a isso Por exemplo crianccedilas que adquiriram uma primeira liacutengua por meio da imersatildeo nas praacuteticas de suas comunidades natildeo se tornam em virtude disso bons linguistas Vygotsky (1978 1987) que certamente apoiou a colaboraccedilatildeo na praacutetica como alicerce da aprendizagem tambeacutem argumentou que certas formas de Instruccedilatildeo Aberta eram necessaacuterias para suplementar a imersatildeo (aquisiccedilatildeo) se quiseacutessemos que os alunos desenvolvessem cons-ciecircncia e controle do que adquiriram

Existe outro sentido de ldquocriacuteticardquo como na capacidade de criticar um sistema e suas relaccedilotildees com outros sistemas com base no funcionamento do poder da poliacutetica da ideologia e de valo-

53

res (Fairclough 1992b) Nesse sentido as pessoas tomam consci-ecircncia e satildeo capazes de articular a localizaccedilatildeo cultural das praacuteti-cas Infelizmente nem a imersatildeo em praacuteticas situadas dentro de comunidades de aprendizes nem a Instruccedilatildeo Aberta do tipo que Vygotsky (1987) discutiu necessariamente datildeo origem a esse tipo de compreensatildeo criacutetica ou de compreensatildeo cultural Na ver-dade tanto a imersatildeo quanto muitos tipos de Instruccedilatildeo Aberta satildeo notoacuterios como agentes socializadores que podem tornar os alunos bastante acriacuteticos e nada conscientes da localizaccedilatildeo cultu-ral de significados e praacuteticas

Os quatro componentes da pedagogia que propomos aqui natildeo constituem uma hierarquia linear nem representam estaacutegios Em vez disso satildeo componentes relacionados de maneiras com-plexas Elementos de cada um podem ocorrer simultaneamente enquanto em momentos diferentes um ou outro iraacute predominar e todos eles satildeo repetidamente revisitados em diferentes niacuteveis

Praacutetica Situada

Essa eacute a parte da pedagogia que se constitui pela imersatildeo em praacuteticas significativas dentro de uma comunidade de alunos que satildeo capazes de desempenhar papeacuteis muacuteltiplos e diferentes com base em suas origens e experiecircncias A comunidade deve incluir especialistas pessoas que dominam certas praacuteticas No miacutenimo deve incluir novatos especialistas pessoas que satildeo especialistas em aprender novos domiacutenios com alguma profundidade Esses especialistas podem orientar os alunos servindo como mentores e designers de seus processos de aprendizagem Esse aspecto do curriacuteculo precisa reunir as experiecircncias anteriores e atuais dos alunos bem como suas comunidades e discursos extraescolares como parte integral da experiecircncia de aprendizagem

Haacute ampla evidecircncia de que as pessoas natildeo aprendem nada direito a menos que estejam motivadas para aprender e acreditem que seratildeo capazes de usar e de trabalhar com o que estatildeo aprendendo de alguma forma que seja de seu interesse Portanto a Praacutetica Situada que constitui o aspecto de imersatildeo da pedagogia deve considerar crucialmente as necessidades e as

54

identidades afetivas e socioculturais de todos os alunos Deve tambeacutem constituir uma arena na qual todos os alunos estejam seguros em assumir riscos e em confiar na orientaccedilatildeo de outros mdash colegas e professores

Neste aspecto da pedagogia acreditamos que a avaliaccedilatildeo nunca deve ser usada para julgar mas deve ser usada no desen-volvimento a fim de orientar os alunos para as experiecircncias e para a assistecircncia de que precisam para se desenvolverem ainda mais como membros da comunidade capazes de aproveitar e em uacuteltima anaacutelise contribuindo para toda a gama de seus re-cursos

Instruccedilatildeo Aberta

A Instruccedilatildeo Aberta natildeo implica transmissatildeo direta exerciacutecios e memorizaccedilatildeo mecacircnica embora infelizmente muitas vezes te-nha essas conotaccedilotildees Em vez disso inclui todas as intervenccedilotildees ativas por parte do professor e de outros especialistas que estru-turam as atividades de aprendizagem que concentram o aluno nas caracteriacutesticas importantes de suas experiecircncias e atividades dentro da comunidade de alunos e que permitem que o estudan-te obtenha informaccedilotildees expliacutecitas nos momentos em que pode organizar e orientar a praacutetica de maneira mais uacutetil aproveitando e reunindo o que o aluno jaacute sabe e realizou Inclui centralmen-te os tipos de esforccedilos colaborativos entre professor e aluno em que este tem permissatildeo para realizar uma tarefa mais complexa do que pode realizar por conta proacutepria e em que o aluno chega agrave consciecircncia da representaccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo do professor dessa tarefa e de suas relaccedilotildees com outros aspectos do que estaacute sendo aprendido O objetivo aqui eacute a percepccedilatildeo consciente e o controle sobre o que estaacute sendo aprendido ndash sobre as relaccedilotildees intrassistemaacuteticas do domiacutenio que estaacute sendo praticado

Um aspecto definidor da Instruccedilatildeo Aberta eacute o uso de me-talinguagens linguagens de generalizaccedilatildeo reflexiva que descre-vem a forma o conteuacutedo e a funccedilatildeo dos discursos da praacutetica No caso do esquema dos multiletramentos proposto aqui isso sig-nificaria que os alunos desenvolvem uma metalinguagem que

55

descreve tanto o ldquoquecircrdquo da pedagogia dos letramentos (processos e elementos de design) quanto os andaimes que constituem o ldquocomordquo da aprendizagem (Praacutetica Situada Instruccedilatildeo Aberta En-quadramento Criacutetico Praacutetica Transformada)

Muitas avaliaccedilotildees no curriacuteculo tradicional exigiam a re-peticcedilatildeo das generalidades da Instruccedilatildeo Aberta Como no caso da Praacutetica Situada a avaliaccedilatildeo na Instruccedilatildeo Aberta deveria ser de desenvolvimento um guia para pensamentos e accedilotildees poste-riores Deveria tambeacutem estar relacionada aos outros aspectos do processo de aprendizagem ndash as conexotildees por exemplo entre a evoluccedilatildeo das metalinguagens agrave medida que satildeo negociadas e desenvolvidas por meio da Instruccedilatildeo Aberta por um lado e a Praacutetica Situada Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada por outro

Enquadramento Criacutetico

O objetivo do Enquadramento Criacutetico eacute ajudar os alunos a enqua-drar seu crescente domiacutenio da praacutetica (da Praacutetica Situada) e do controle e compreensatildeo consciente (da Instruccedilatildeo Aberta) quanto agraves relaccedilotildees histoacutericas sociais culturais poliacuteticas ideoloacutegicas e de valor de sistemas especiacuteficos de conhecimento e de praacutetica social Aqui crucialmente o professor deve ajudar os alunos a desnaturalizar e a tornar estranho novamente o que aprenderam e dominaram

Praacutetica Situada

Imersatildeo na experiecircncia e utilizaccedilatildeo dos discursos disponiacuteveis incluindo aqueles dos estilos de vida dos alunos e simulaccedilotildees das relaccedilotildees encontradas em locais de trabalho e espaccedilos puacuteblicos

Instruccedilatildeo Aberta

Compreensatildeo sistemaacutetica analiacutetica e consciente No caso dos multile-tramentos isso requer a introduccedilatildeo de metalinguagens expliacutecitas que descrevem e interpretam os Elementos de design de diferentes modos de produccedilatildeo de sentido

Enquadramento Criacutetico

Interpretar os contextos social e cultural de Desings de sentido espe-ciacuteficos Isso implica os alunos se afastarem do que estatildeo estudando e enxergarem o objeto de estudo de forma criacutetica em relaccedilatildeo ao seu contexto

Praacutetica Transformada

Transferecircncia na praacutetica de produccedilatildeo de sentido que coloca o signi-ficado transformado para funcionar em outros contextos ou espaccedilos culturais

56

Por exemplo a alegaccedilatildeo de que ldquoo DNA se replicardquo en-quadrada na biologia eacute oacutebvia e ldquoverdadeirardquo Enquadrado em outro discurso torna-se menos natural e menos ldquoverdadeirordquo da seguinte maneira Coloque um pouco de DNA em um pouco de aacutegua em um copo sobre a mesa Certamente natildeo se replica-raacute apenas ficaraacute laacute Os organismos se replicam usando o DNA como coacutedigo mas esse coacutedigo eacute colocado em vigor por uma seacuterie de mecanismos que envolvem proteiacutenas Em muitos de nossos discursos acadecircmicos e ocidentais privilegiamos a informaccedilatildeo e a mente em detrimento dos materiais da praacutetica e do traba-lho A afirmaccedilatildeo original coloca em primeiro plano informaccedilatildeo e coacutedigo e omite ou deixa em segundo plano a maquinaria e o trabalho Primeiro e segundo planos se tornam aparentes apenas quando reenquadramos quando retiramos a frase de seu discur-so ldquooriginalrdquo e a colocamos em um contexto mais amplo Aqui o contexto mais amplo satildeo os processos reais e as praacuteticas ma-teriais natildeo apenas afirmaccedilotildees geneacutericas em uma teoria de uma disciplina (o exemplo do DNA eacute de Lewontin 1991)

Por meio do Enquadramento Criacutetico os aprendizes podem obter a distacircncia pessoal e teoacuterica necessaacuteria do que aprenderam criticaacute-la construtivamente explicar sua localizaccedilatildeo cultural es-tendecirc-la e aplicaacute-la de forma criativa e eventualmente inovar por conta proacutepria dentro de comunidades antigas e novas Este eacute o alicerce para a Praacutetica Transformada Tambeacutem representa um tipo de transferecircncia de aprendizagem e uma aacuterea na qual a avaliaccedilatildeo pode comeccedilar a avaliar os alunos e principalmente os processos de aprendizagem nos quais eles estatildeo operando

Praacutetica Transformada

Natildeo eacute suficiente ser capaz de articular a compreensatildeo das rela-ccedilotildees intrassistemaacuteticas ou de criticar as relaccedilotildees extrassistemaacute-ticas Precisamos sempre voltar para onde comeccedilamos para a Praacutetica Situada mas agora uma re-praacutetica em que a teoria se torna praacutetica reflexiva Com seus alunos os professores preci-sam desenvolver maneiras pelas quais os estudantes possam demonstrar como podem produzir o design e realizar de forma

57

reflexiva novas praacuteticas embutidas em seus proacuteprios objetivos e valores Devem ser capazes de mostrar que podem implemen-tar entendimentos adquiridos por meio da Instruccedilatildeo Aberta e do Enquadramento Criacutetico em praacuteticas que os ajudem simul-taneamente a aplicar e a revisar o que aprenderam Na Praacutetica Transformada oferecemos um local para avaliaccedilatildeo situada e contextualizada dos alunos e dos processos de aprendizagem concebidos para eles Esses processos de aprendizagem tal como essa pedagogia precisam ser continuamente reformulados com base nessas avaliaccedilotildees

Na Praacutetica Transformada em uma atividade noacutes tentamos recriar um discurso envolvendo-nos nele para nossos proacuteprios objetivos reais Portanto imagine um aluno tendo de agir e pen-sar como um bioacutelogo e ao mesmo tempo como um bioacutelogo com grande interesse em resistir agrave representaccedilatildeo de coisas femininas ndash de ovos a organismos ndash como ldquopassivasrdquo O aluno agora tem de justapor e integrar (natildeo sem tensatildeo) dois discursos diferentes ou identidades sociais ou ldquointeressesrdquo que historicamente estiveram em conflito Usando outro exemplo como algueacutem pode ser um advogado ldquode verdaderdquo e ao mesmo tempo ter seu desempenho influenciado por ser um afro-americano Em seus argumentos perante a Suprema Corte dos EUA para eliminar a segregaccedilatildeo nas escolas Thurgood Marshall fez isso de maneira claacutessica E ao misturar o discurso da poliacutetica ao discurso da religiatildeo afro-a-mericana Jesse Jackson transformou o primeiro A chave aqui eacute justaposiccedilatildeo integraccedilatildeo e viver na tensatildeo

Vamos amarrar o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramen-to de volta agrave grande agenda com a qual comeccedilamos este artigo focar nas praacuteticas situadas no processo de aprendizagem envol-ve o reconhecimento de que as diferenccedilas satildeo muito importan-tes nos espaccedilos de trabalho na cidadania e nos estilos de vida multicamadas O ensino em sala de aula e o curriacuteculo precisam se envolver com as experiecircncias e os discursos dos proacuteprios alu-nos que satildeo cada vez mais definidos pela diversidade cultural

O P r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

58

e subcultural e pelas diferentes origens e praacuteticas linguiacutesticas que vecircm com essa diversidade A Instruccedilatildeo Aberta natildeo tem a in-tenccedilatildeo ditar ndash empoderar os alunos em relaccedilatildeo agrave ldquogramaacuteticardquo de uma forma de linguagem adequada padratildeo ou poderosa Desti-na-se a ajudar os alunos a desenvolver uma metalinguagem que leve em consideraccedilatildeo as diferenccedilas de design O Enquadramento Criacutetico envolve ligar essas diferenccedilas de design a diferentes pro-poacutesitos culturais A Praacutetica Transformada envolve a mudanccedila de um contexto cultural para outro por exemplo num redesigning de estrateacutegias de significaccedilatildeo para que possam ser transferidas de uma situaccedilatildeo cultural para outra

A ideia de Design eacute aquela que reconhece os diferentes Designs Disponiacuteveis de sentido localizadas como estatildeo em dife-rentes contextos culturais A metalinguagem dos multiletramen-tos descreve os elementos do design natildeo como regras mas como uma heuriacutestica que explica a infinita variabilidade de diferentes formas de produccedilatildeo de sentido em relaccedilatildeo agraves culturas agraves subcul-turas ou agraves camadas da identidade de um indiviacuteduo a que essas formas servem Ao mesmo tempo o Designing restaura a agecircn-cia humana e o dinamismo cultural no processo de produccedilatildeo de sentido Cada ato de produccedilatildeo de sentido tanto se apropria dos Designs Disponiacuteveis quanto os recria no Designing produzindo assim um novo significado o Redesigned Em uma economia de diversidade produtiva em espaccedilos cidadatildeos que valorizam o pluralismo e no florescimento de esferas de vida inter-relacio-nadas com multicamadas complementares mas cada vez mais divergentes trabalhadores cidadatildeos e membros da comunidade satildeo produtores de sentido idealmente criativos e responsaacuteveis Somos de fato designers de nossos futuros sociais

Claro a negociaccedilatildeo necessaacuteria das diferenccedilas seraacute difiacutecil e muitas vezes dolorosa O diaacutelogo encontraraacute abismos de di-ferenccedila de valores de desigualdades grosseiramente injustas e de difiacuteceis mas necessaacuterias cruzamentos de fronteiras As di-ferenccedilas natildeo satildeo tatildeo neutras coloridas e benignas quanto um multiculturalismo simplista pode querer fazer que acreditemos Ainda assim como trabalhadores cidadatildeos e membros da co-munidade noacutes todos precisaremos das habilidades necessaacuterias para negociar essas diferenccedilas

59

Este artigo representa uma declaraccedilatildeo geral de princiacutepios Eacute altamente provisoacuterio e algo que oferecemos como base para o debate puacuteblico O objetivo do Projeto Internacional de Multile-tramentos eacute testar e desenvolver ainda mais essas ideias parti-cularmente a metalinguagem do Design e a pedagogia da Praacuteti-ca Situada Instruccedilatildeo Aberta Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada Tambeacutem queremos estabelecer relaccedilotildees com pro-fessores e pesquisadores desenvolvendo e testando o curriacuteculo e revisando as proposiccedilotildees teoacutericas do projeto

Este artigo eacute uma declaraccedilatildeo provisoacuteria de intenccedilotildees e uma visatildeo geral teoacuterica das conexotildees entre o ambiente social em mudanccedila e o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento Agrave medida que o projeto avanccedila para sua proacutexima fase o grupo que se reuniu em Nova Londres estaacute escrevendo um livro que explora ainda mais as ideias dos multiletramentos relacionando a ideia agraves salas de aula e agraves nossas proacuteprias experiecircncias educa-cionais Tambeacutem estamos comeccedilando a conduzir pesquisas em sala de aula experimentando os multiletramentos como uma noccedilatildeo que pode suplementar e apoiar o curriacuteculo de letramento E estamos ativamente engajados em um diaacutelogo puacuteblico contiacute-nuo Em setembro de 1996 o grupo colocaraacute o projeto em discus-satildeo puacuteblica mais uma vez na Domains of Literacy Conference na Universidade de Londres e novamente em 1997 na Literacy and Education Research Network Conference na Austraacutelia Queremos salientar que este eacute um processo aberto ndash provisoacuterio exploratoacuterio e acolhedor de colaboraccedilotildees muacuteltiplas e divergentes E acima de tudo nosso objetivo eacute fazer algum tipo de diferenccedila para crian-ccedilas reais em salas de aula reais

Essas atividades seratildeo informadas por uma seacuterie de prin-ciacutepios-chaves de accedilatildeo Primeiro o projeto iraacute suplementar natildeo criticar curriacuteculos existentes e abordagens pedagoacutegicas para o ensino da liacutengua inglesa e do letramento Isso incluiraacute o desen-volvimento da estrutura conceitual do Projeto Internacional de Multiletramentos e o mapeamento em relaccedilatildeo agraves praacuteticas curri-culares existentes a fim de ampliar os repertoacuterios pedagoacutegicos e curriculares dos professores Em segundo lugar a equipe do projeto aceitaraacute colaboraccedilotildees com pesquisadores desenvolve-

60

dores de curriacuteculos professores e comunidades A estrutura do projeto representa um diaacutelogo complexo e difiacutecil essas comple-xidades e dificuldades seratildeo articuladas junto com um convite aberto a todos para contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia que faccedila alguma diferenccedila E em terceiro lugar ele se esforccedilaraacute continuamente no sentido de reformular a teoria que sirva para uso direto na praacutetica educacional

Este artigo eacute um ponto de partida provisoacuterio para esse processo

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

2 Em portuguecircs a traduccedilatildeo de literacy sempre ofereceu um desafio aos estudiosos Pode-mos traduzir por alfabetizaccedilatildeo ou por letramento No artigo o contexto nos ajuda a escolher

3 A palavra design tambeacutem eacute um desafio para a traduccedilatildeo Ela estaacute admitida em portuguecircs com sentidos ligados ao projeto ao desenho e agrave beleza Mantivemos o termo em inglecircs mas tambeacutem deslocado de sentidos porventura tidos em portuguecircs Consideramos que este seja um termo ressignificado pelos autores isto eacute uma proposiccedilatildeo metalinguiacutestica que serve agraves ideias do manifesto guardando portanto um sentido especiacutefico e especializado Nesta traduccedilatildeo mantivemos o uso de aspas itaacutelicos e outros destaques conforme o texto original em inglecircs Entendemos que modificar isso ou inserir itaacutelicos em portuguecircs pode-ria alterar sentidos inapropriadamente

4 Em inglecircs fast capitalism

5 No original ocorre a forma Designing com valor substantivo Nossa opccedilatildeo por natildeo tradu-zir se baseia em consideraccedilotildees semelhantes agraves explicitadas na nota 3

6 Em inglecircs strike e strike out

7 Roseanne foi uma seacuterie televisiva norte-americana exibida nos EUA no final dos anos 1990 Foram nove temporadas mais de duzentos episoacutedios e alguns precircmios conquistados Os protagonistas eram representados por Roseanne Barr e John Goodman O enredo trata-va de uma famiacutelia proletaacuteria urbana Roseanne foi exibida no Brasil pelo canal Multishow

61

R E F E R Ecirc N C I A S

ANDERSON B (1983) Comunidades imaginadas reflexotildees sobre a origem e difusatildeo do nacionalismo Trad Denise Bottman Satildeo Paulo Companhia das Letras 2008

BARSALOU L W Cognitive Psychology an overview for cognitive scientists Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1992

BEREITER C SCARDAMALIA M Surpassing Ourselves an inquiry into the nature and implications of expertise Chicago Open Court 1993

BOYETT J H CONN H P Workplace 2000 the revolution reshaping American business Nova York Dutton 1991

BRUER J T Schools for thought a science of learning in the classroom Cambridge MA MIT Press 1993

CAZDEN C Classroom discourse the language of teaching and learning Portsmouth NH Heinemann 1988

CAZDEN C Whole language plus essays on literacy in the United States and New Zealand Nova York Teachers College Press 1992

CLARK A Associative engines connections concepts and representational change Cambridge Eng Cambridge University Press 1993

COPE B KALANTZIS M Productive diversity organizational life in the age of civic pluralism and total globalisation Sydney Harper Collins 1995

CROSS K F FEATHER J J LYNCH R L Corporate renaissance the art of reengineering Oxford Eng Basil Blackwell 1994

DAVIDOW W H MALONE M S The virtual corporation structuring and revitalizing the corporation for the 21st century New York Harper Business 1992

DEAL T E JENKINS W A Managing the hidden organization strategies for empowering your behind-the-scenes employees New York Warner 1994

DEWEY J Democracy and education New York Free Press (Original work published 1916) 1966

DOBYNS L CRAWFORD-MASON C Quality or else the revolution in world business Boston Houghton Mifflin 1991

DRUCKER P F (1993) Sociedade Poacutes-capitalista Coimbra Actual Editora 2015

62

EISER J R Attitudes chaos and the connectionist mind Oxford Eng Basil Blackwell 1994

FAIGLEY L Fragments of rationality postmodernity and the subject of composition Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1992

FAIRCLOUGH N Language and power London Longmans 1989

FAIRCLOUGH N (1992a) Discurso e Mudanccedila Social Brasiacutelia Editora UnB 2016

FAIRCLOUGH N Discourse and text Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis Discourse and Society 3 p 193-217 1992b

FAIRCLOUGH N Critical discourse analysis London Longmans 1995

FOWLER R HODGE R KRESS G TRENT T Language and control London Routledge 1979

FREIRE P (1970) Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987

FREIRE P Education for critical consciousness New York Seabury Press 1973

FREIRE P MACEDO D (1987) Alfabetizaccedilatildeo leitura do mundo leitura da palavra Rio de Janeiro Paz e Terra 2011

FUKUYAMA F The end of history and the last man London Penguin 1992

GARDNER H The unschooled mind how children think and how schools should teach New York Basic Books 1991

GEE J P The social mind Language ideology and social practice New York Bergin e Garvey 1992

GEE J P Postmodernism discourses and linguistics In C Lankshear P McLaren (ed) Critical literacy Radical and postmodernist perspectives Albany State University of New York Press 1993 p 271-295

GEE J P Quality science and the lifeworld the alignment of business and education (Focus occasional papers in adult basic education No 4) Leichhardt Australia adult literacy and basic skills action coalition 1994a

GEE J P New alignments and old literacies from fast capitalism to the canon In SHORTLAND-JONES B BOSICH B RIVALLAND J (ed) Conference papers 1994 Australian Reading Association Twentieth National Conference Carlton South Australian Reading Association 1994b p 1-35

GELLNER E Nations and nationalism London Basil Blackwell 1983

GIROUX H Schooling and the struggle for pedagogies critical and feminist discourses as regimes of truth New York Routledge 1988

63

HALLIDAY M A K Language as social semiotic London Edward Arnold 1978

HAMMER M CHAMPY J Reengineering the corporation a manifesto for business revolution New York Harper Business 1993

HARRE R GILLETT G (1994) A Mente Discursiva Porto Alegre Penso 2004

HEATH S B Ways with words language life and work in communities and classrooms Cambridge Eng Cambridge University Press 1983

HOLLAND J H HOLYOAK K J NISBETT R E THAGARD P R In J H HOLLAND K J HOLYOAK R E NISBETT P R THAGARD (ed) Induction processes of inference learning and discovery Cambridge MA MIT Press 1986

ISHIKAWA K (1985) Controle de Qualidade Total agrave maneira japonesa Rio de Janeiro Campus 1993

KALANTZIS M The new citizen and the new state In W Hudson (ed) Rethinking Australian citizenship Sydney University of New South Wales Press 1995

KALANTZIS M COPE B Histories of pedagogy cultures of schooling In B Cope e M Kalantzis (ed) The powers of literacy London Falmer Press 1993a p 38-62

KALANTZIS M COPE B Republicanism and cultural diversity In W Hudson e D Carter (ed) The Republicanism debate Sydney University of New South Wales Press 1993b p 118-144

KRESS G Linguistic process and sociocultural change Oxford Eng Oxford University Press 1990

LAVE J WEGNER E Situated learning legitimate peripheral participation Cambridge Eng Cambridge University Press 1991

LEWONTIN R C (1991) Biologia como ideologia a doutrina do DNA Satildeo Paulo Funpec 2000

LIGHT P BUTTERWORTH G (ed) Context and cognition Ways of learning and knowing Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1993

LIPNACK J STAMPS J The team net factor bringing the power of boundary crossing into the heart of your business Essex Junction VT Oliver Wright 1993

LUKE C Media and cultural studies In P Freebody S Muspratt A Luke (ed) Constructing critical literacies Crosskill NJ Hampton Press 1995

MARGOLIS H Paradigms and barriers how habits of mind govern scientific beliefs Chicago University of Chicago Press 1993

64

NOLAN R Cognitive practices human language and human knowledge Oxford Blackwell 1994

PIORE M SABLE C The second industrial divide New York Basic Books 1984

PERKINS D Smart schools from training memories to educating minds New York Free Press 1992

PETERS T Liberation management necessary disorganization for the nanosecond nineties New York Vintage Books 1992

ROGOFF B Apprenticeship in thinking New York Oxford University Press 1990

SASHKIN M KISER K J (1993) Gestatildeo da qualidade total na praacutetica Rio de Janeiro Elsevier Editora 1994

SCOLLON R SCOLLON S B K Narrative literacy and face in interethnic communication Norwood NJ Ablex 1981

SENGE P M (1991) A quinta disciplina arte e praacutetica da organizaccedilatildeo que aprende Rio de Janeiro BestSeller 2013

SPROULL L KIESLER S Connections New ways of working in the networked organization Cambridge MA MIT Press 1991

STREET B V Literacy in theory and practice Cambridge Eng Cambridge University Press 1984

VAN LEEUWEN T Genre and field in critical discourse analysis Discourse and society n 4 p 193-223 1993

VYGOTSKY L S (1978) A formaccedilatildeo social da mente o desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos superiores Michael Cole et al (org) Trad Joseacute Cipolla Neto Luiacutes Silveira Menna Barreto Solange Castro Afeche Satildeo Paulo Martins Fontes 1984

VYGOTSKY L S The collected works of L S Vygotsky Vol 1 Problems of general psychology including the volume thinking and speech R W Rieber A S Carton (ed) New York Plenum 1987

WALKERDINE V Surveillance subjectivity and struggle Lessons from pedagogic and domestic practices Minneapolis University of Minnesota Press 1986

WERTSCH J V (ed) Culture communication and cognition Vygotskian perspectives Cambridge Eng Cambridge University Press 1985

65

Courtney B Cazden eacute doutora em educaccedilatildeo e professora na uni-versidade de Harvard Eacute autora de cinco livros entre eles Classroom Discourse The Language of Teaching and Learning publicado em 2001 Courtney eacute especialista em linguagem e educaccedilatildeo infantil e membro da National Academy of Education

Bill Cope eacute professor e pesquisador no Departamento de Estudos de Poliacuteticas Educacionais da Universidade de Illinois Urbana-Champaign diretor-presidente na Common Ground Publishing Bill eacute autor de de-zenas de livros e artigos e suas pesquisas incluem teorias e praacuteticas de pedagogia diversidade cultural e linguiacutestica e novas tecnologias de representaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo Entre suas obras destacam-se The future of the academic journal and e-learning ecologies e Towards a semantic web Connecting knowledge in academic research

Normal Fairclough eacute linguista um dos pioneiros da anaacutelise criacutetica do discurso e professor na Universidade de Lancaster Eacute autor de diversas publicaccedilotildees que abordam a linguagem e as relaccedilotildees sociais dentre es-sas obras destaca-se Discurso e mudanccedila social publicada pela UNB em 2008

James ldquoJimrdquo Gee eacute linguista professor na Universidade do Estado do Arizona e membro da National Academy of Education Eacute autor de vaacute-rias obras entre elas Social Linguistics and Literacies de grande importacircn-cia nos estudos de letramento

Mary Kalantzis eacute referecircncia mundial nos lsquonovos estudos de alfabetiza-ccedilatildeorsquo com foco na multimodalidade e na diversidade nas comunicaccedilotildees contemporacircneas Eacute professora do Departamento de Educaccedilatildeo Poliacutetica Organizaccedilatildeo e Lideranccedila da Universidade de Illinois Urbana-Cham-paign Eacute autora de inuacutemeros livros dentre eles New Learning Elements of a Science of Education Letramentos publicado no Brasil pela editora Unicamp em 2020 e a Gramaacutetica de Significados Multimodais dividida em dois volumes Making Sense e Added Sense publicada em 2020

N E W L O N D O N G R O U P

66

Allan Luke eacute um pesquisador voltado agrave aacuterea da alfabetizaccedilatildeo multile-tramentos linguiacutestica aplicada e sociologia e poliacutetica educacional Eacute pro-fessor na Queensland University of Technology em Brisbane Austraacutelia e na Escola de Educaccedilatildeo Werklund Universidade de Calgary Canadaacute Em parceria com Peter Freebody formulou o Modelo de Quatro Recursos de alfabetizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 Entre suas obras mais relevantes estaacute Educational Policy Narrative and Discourse

Carmen Luke eacute professora na Universidade de Queensland pesquisa-dora de temas relacionados agrave pedagogia multiletramentos sociologia e linguiacutestica Tem vaacuterios livros publicados dentre eles Globalization And Women In Academia e Feminisms And Critical Pedagogy

Sarah Michaels eacute sociolinguista se dedica ao ensino e agrave pesquisa na aacuterea de linguagem cultura ldquomultiletramentosrdquo e nos discursos de matemaacutetica e ciecircncias Eacute professora da Clarck University Entre suas publicaccedilotildees destacam-se High-Expectation Curricula Helping All Students Succeed with Powerful Learning e Ready Set Science Putting Research to Work in the K-8 Science Classroom

Martin Nakata eacute doutor em Filosofia e um dos principais acadecircmicos indiacutegenas da Austraacutelia sua pesquisa eacute voltada agrave melhoria do ensino superior para estudantes indiacutegenas Atualmente eacute diretor do Centro UNSW Nura Gili para Programas Indiacutegenas e Vice-Reitor de Educaccedilatildeo Indiacutegena e Estrateacutegia da Universidade James Cook na Austraacutelia Mar-tin eacute autor de inuacutemeras publicaccedilotildees dentre as quais destaca-se Discipli-ning The Savages Savaging The Disciplines

Gunther Kress eacute considerado um dos principais teoacutericos dos campos da anaacutelise criacutetica do discurso da semioacutetica social e da multimodalida-de ateacute hoje foi um linguista e semiotista Gunther Kress deixou dezenas de livros e artigos publicados entre eles Multimodality A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication e Reading Images The Grammar of Visual Design Faleceu em 2019

N E W L O N D O N G R O U P

67

g l o s s aacute r i o

No conturbado ano de 2020 em meio agrave pandemia de Covid-19 que fez com que tiveacutessemos todos de aderir ao

ldquodistanciamento socialrdquo suspendendo aulas e encontros presen-ciais na universidade ministrei uma disciplina eletiva no Pro-

O R G A N I Z A Ccedil Atilde O E E D I Ccedil Atilde O

H eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e O u r o P r e t o

A P R E S E N T A Ccedil Atilde O

68

grama de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Mestrado e Doutorado agrave qual dei o nome de Multiletramentos entre teorias amp praacuteticas O objetivo era discutir a chamada Pedagogia dos Multiletra-mentos um documento publicado no finalzinho do seacuteculo XX e que discutiu as praacuteticas de leitura e escrita naquele momento de explosatildeo das tecnologias digitais em um mundo globalizado e multicultural ao mesmo tempo que propotildee esboccedilosdesenhos de um futuro social Para tanto selecionei textos de diferentes autores brasileiros e estrangeiros desde os proponentes da Pe-dagogia dos Multiletramentos aos seus comentadores e divul-gadores no Brasil Foi central para a conduccedilatildeo da disciplina o livro receacutem-publicado dos pesquisadores Roxane Rojo e Eduar-do Moura (2019) intitulado Letramentos miacutedias linguagens (2019) Agrave medida que discutiacuteamos cada um dos capiacutetulos do livro que trata aleacutem dos conceitos explicitados no seu tiacutetulo da imagem estaacutetica da imagem dinacircmica do som e do verbo sentimos a necessidade de construir um glossaacuterio que servisse para nortea-mento das nossas discussotildees Assim comecei a anotar termos e expressotildees que apareciam nas obras e artigos estudados (natildeo soacute o livro aqui evidenciado) e designar a cada aluno trecircs ou quatro daquelas palavras ou expressotildees para que fosse produzido um verbete A ideia foi acatada por toda a turma que diga-se era constituiacuteda de uma diversidade de mestrandos doutorandos e aspirantes a esses niacuteveis de ensino oriundos de diferentes aacutereas do conhecimento o que tornou nossas discussotildees muito ricas e calorosas Pedagogia Letras Jornalismo Sistema de Informaccedilatildeo Licenciatura em Quiacutemica Fiacutesica Matemaacutetica Ciecircncias Bioloacutegi-cas Biblioteconomia Engenharia de Controle e Automaccedilatildeo Ci-ecircncia da Computaccedilatildeo Produzidos os verbetes tivemos tempo haacutebil para fazecirc-los circular entre a turma e discutir a linguagem e a padronizaccedilatildeo de alguns deles em sala de aula Minha inten-ccedilatildeo como organizador do Glossaacuterio sempre foi divulgaacute-lo o mais amplamente possiacutevel apoacutes a sua conclusatildeo Quase ao final da disciplina recebemos a ldquovisita virtualrdquo da colega Ana Elisa Ribeiro professora e pesquisadora da linguagem em sua interfa-ce com as tecnologias digitais para discutir um texto publicado por ela no qual fez um balanccedilo das repercussotildees do manifesto

69

Pedagogia dos Multiletramentos nos uacuteltimos anos Nessa oca-siatildeo soubemos que um grupo de mestrandos e doutorandos do CEFET-MG estava fazendo a traduccedilatildeo do Manifesto e surgiu a ideia de publicarmos conjuntamente nossos produtos o que acreditamos vaacute ser bastante uacutetil aos interessados no tema Dessa forma reunimos neste e-book o Glossaacuterio MULTDICS MULTI-LETRAMENTOS e a traduccedilatildeo do Manifesto 1 Ao procurar um nome para nosso glossaacuterio chegamos agrave conclusatildeo de que gos-tariacuteamos de um tiacutetulo bem conciso e que representasse ao mes-mo tempo nosso grupo de pesquisa o MULTDICS ndash Grupo de Pesquisa sobre Multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e o principal conceito com o qual temos trabalhado haacute seis anos quando nos reunimos

Lembramos que este glossaacuterio natildeo esgota os termos e expres-sotildees usados no acircmbito das discussotildees sobre a temaacutetica mas se pauta como explicitamos acima a partir de nossas necessidades A ideia eacute que ele seja cada vez mais ampliado e revisto a partir desta ediccedilatildeo Importante tambeacutem destacar que consultado um verbete eacute bem provaacutevel que o leitor tambeacutem tenha a necessidade de consultar outros jaacute que vaacuterias das expressotildees aqui elencadas estatildeo inter-relacionadas

Esperamos que de fato esse material possa ser uacutetil a estudan-tes de Letras Pedagogia Comunicaccedilatildeo Social Tecnologias de In-formaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo bem como a mestrandos doutorandos e demais pesquisadores interessados nas temaacuteticas abordadas Todas as criacuteticas e contribuiccedilotildees seratildeo bem-vindas

1 Para uma leitura criacutetica do manifesto ver o artigo de Ana Elisa Ribeiro ldquoQue futuros rede-senhamos Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o seacuteculo XXIrdquo publicado no v 9 da revista Diaacutelogo das Letras em 2020 Tambeacutem a revista Linguagem em Foco v 13 n 2 de 2021 faz uma homenagem aos 25 anos do manifesto com vaacuterios artigos relacionados e outra traduccedilatildeo

A

70

AFFORDANCES (Propiciamento)

A palavra affordance faz parte do leacutexico da liacutengua inglesa Embora natildeo possua uma versatildeo mais exata em portuguecircs convencionou-se tra-duzi-la por propiciaccedilatildeo no acircmbito da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva Esse conceito designa a capacidade que certos objetos demonstram para despertar a intuiccedilatildeo dos usuaacuterios da liacutengua Um exemplo de affordance eacute aquilo que acontece com o botatildeo de uma caixa de descarga acoplada a um vaso sanitaacuterio sua funccedilatildeo eacute clara e prescinde de explicaccedilatildeo preacutevia Apertaacute-lo para acionar a descida da aacutegua eacute algo intuitivo Ao desejar limpar a bacia o usuaacuterio eacute convidado (pela situaccedilatildeo em si) a pressionar o dispositivo sem ter recebido instruccedilatildeo anterior para que entendes-se aquela funcionalidade A situaccedilatildeo em si propicia a possibilidade de pressionaacute-lo O processo da affordance pode ser compreendido por meio da Teoria Cognitivista que trata dentre outros temas da atenccedilatildeo e da percepccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de problemas Tal conceito eacute largamente ex-plorado por desenhistas industriais que buscam criar produtos cujo uso seja cada vez mais autoexplicativo Ao manusear um teclado de computador por exemplo ateacute mesmo um digitador iniciante tenderaacute a pressionar intuitivamente a tecla caso deseje aumentar a luminosi-dade da tela Provavelmente natildeo o faraacute por estar repetindo um ato que lhe foi ensinado A posiccedilatildeo estrateacutegica da tecla (bem abaixo da tela) e o siacutembolo que traz agrave mente a imagem do Sol induzem o usuaacuterio agrave dedu-ccedilatildeo daquela funcionalidade Um dos empregos mais modernos da affor-dance verifica-se na produccedilatildeo de aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Os iacutecones presentes neles afinal precisam remeter facilmente ao comando que desencadeiam durante a comunicaccedilatildeo homemmaacute-quina O conceito de propiciaccedilatildeo estaacute presente por isso em discussotildees sobre a anaacutelise e o desenvolvimento de miacutedias digitais utilizaacuteveis na educaccedilatildeo remota das quais os apps satildeo exemplos Isso ocorre porque a interrupccedilatildeo momentacircnea do contato entre o docente e o discente gera a necessidade de que este seja capaz de executar atividades de forma au-tocircnoma Eacute fundamental que as miacutedias utilizadas na educaccedilatildeo remota no acircmbito do ensino hiacutebrido propiciem um ambiente adequado para a aprendizagem

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasBROCH Joseacute Carlos O conceito de affordance como estrateacutegia generativa no design de produtos orientado para a versatilidade 2010 99 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Design e Tecnologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010

EYSENK Michael W KEANE Mark T Manual de Psicologia Cognitiva 7 ed Porto Alegre Artmed 2017

A

71

ALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1930 e utilizado pelo exeacutercito estadunidense du-rante a Segunda Guerra Mundial indicando a capacidade de entender instruccedilotildees escritas e publicaccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tare-fas militares O Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) pesquisa aplicada no Brasil a partir do iniacutecio do seacuteculo XXI define quatro niacuteveis de alfabetismo 1) Analfabetismo corresponde agrave condiccedilatildeo dos que natildeo conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela desses sujeitos consiga ler nuacutemeros fa-miliares (nuacutemeros de telefone preccedilos etc) 2) Niacutevel rudimentar corres-ponde agrave capacidade de localizar uma informaccedilatildeo expliacutecita em textos curtos e familiares (como por exemplo num anuacutencio ou numa pequena carta) ler e escrever nuacutemeros usuais e realizar operaccedilotildees simples como manusear dinheiro para pagamento de pequenas quantias ou fazer me-didas de comprimento usando a fita meacutetrica 3) Niacutevel baacutesico as pes-soas classificadas neste niacutevel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas pois jaacute leem e compreendem textos de meacutedia extensatildeo localizam informaccedilotildees mesmo que seja necessaacuterio realizar pequenas inferecircncias leem nuacutemeros na casa dos milhotildees resolvem problemas envolvendo uma sequecircncia simples de operaccedilotildees e tecircm noccedilatildeo de pro-porcionalidade 4) Niacutevel pleno classificadas neste niacutevel as pessoas cujas habilidades natildeo mais impotildeem restriccedilotildees para compreender e interpre-tar textos em situaccedilotildees usuais leem textos mais longos analisando e re-lacionando suas partes comparam e avaliam informaccedilotildees distinguem fato de opiniatildeo realizam inferecircncias e siacutenteses Quanto agrave matemaacutetica resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle envol-vendo percentuais proporccedilotildees e caacutelculo de aacuterea aleacutem de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e graacuteficos

A Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidadas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) considera alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente agraves demandas de seu con-texto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se de-senvolvendo ao longo da vida De acordo com o INAF satildeo considerados analfabetos funcionais os niacuteveis 1 e 2 e alfabetizados funcionalmente os niacuteveis 3 e 4 Em poucas palavras alfabetismo funcional eacute a capacidade que o indiviacuteduo tem de utilizar a leitura e a escrita no conviacutevio social

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINAF BRASIL 2011 Indicador de Alfabetismo Funcional principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-de-resultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

A

72

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

ALFABETIZACcedilAtildeO

A palavra alfabetizaccedilatildeo etimologicamente vem do latim alphabētum e do grego alphaacutebētos a partir de suas duas primeiras letras alfa e beta Segundo o dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa a palavra alfabeti-zaccedilatildeo significa algo como ldquoato ou efeito de alfabetizar de ensinar as primeiras letrasrdquo Assim uma pessoa alfabetizada eacute considerada como ldquoaquela que domina as primeiras letrasrdquo que domina as habilidades baacutesicas ou iniciais de ler e escrever

A histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo estaacute dividida em quatro periacuteodos O pri-meiro teve iniacutecio na Antiguidade e se estendeu ateacute a Idade Meacutedia uti-lizando-se apenas o meacutetodo da soletraccedilatildeo O segundo periacuteodo ocorreu durante os seacuteculos XVI e XVII e se estendeu ateacute a deacutecada de 1960 sendo marcado pela rejeiccedilatildeo ao meacutetodo soletraccedilatildeo e pela criaccedilatildeo de novos meacute-todos sinteacuteticos e analiacuteticos surgindo nesse periacuteodo a criaccedilatildeo das car-tilhas amplamente utilizadas para ensinar a ler e a escrever no Brasil e em outros paiacuteses O terceiro periacuteodo iniciou-se em meados da deacutecada de 1980 com a divulgaccedilatildeo da teoria da Psicogecircnese da liacutengua escrita Considera-se que estamos vivendo o quarto periacuteodo denominado de ldquoreinvenccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeordquo surgido em decorrecircncia dos reiterados indicadores do fracasso da alfabetizaccedilatildeo (neste caso estamos tratando do Brasil) Atualmente discute-se bastante a necessidade da organiza-ccedilatildeo do trabalho docente e a sistematizaccedilatildeo do ensino para ldquoalfabetizar letrandordquo tanto no acircmbito acadecircmico quanto no escolar

Como podemos perceber o conceito de alfabetizaccedilatildeo vem sofrendo modificaccedilotildees devido agraves necessidades sociais e poliacuteticas Simplesmente decodificar e codificar letras ou saber ler escrever e contar natildeo atende mais agraves reais necessidades do mundo contemporacircneo letrado e conecta-do Eacute preciso que as crianccedilas compreendam as funccedilotildees sociais tanto da leitura e da escrita e que faccedilam uso adequado delas em seu cotidiano Especialistas destacam que na praacutetica pedagoacutegica a aprendizagem da liacutengua escrita ainda que inicial deve ser tratada em sua totalidade a alfabetizaccedilatildeo deve integrar-se com o desenvolvimento das habilidades

A

73

de uso do sistema alfabeacutetico ndash com o letramento embora os dois proces-sos tenham especificidades quanto a seus objetos de conhecimento e aos processos linguiacutesticos e cognitivos de apropriaccedilatildeo desses objetos Dissociar alfabetizaccedilatildeo de letramento teria como consequecircncia levar a crianccedila a uma concepccedilatildeo distorcida e parcial da natureza e das funccedilotildees da liacutengua escrita em nossa cultura

Tatildeo importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita eacute poder se engajar em praacuteticas sociais letradas respondendo aos inevitaacuteveis apelos de uma cultura grafocecircntrica Assim enquanto a alfabetizaccedilatildeo se ocupa da aquisiccedilatildeo da escrita por um indiviacuteduo ou grupo de indiviacuteduos o letramento focaliza os aspectos soacutecio-histoacutericos de seus usos em uma sociedade

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou simplesmente AVA ndash do inglecircs Virtual Learning Environment (VLE) ndash eacute uma expressatildeo usada para tratar de um ambiente digital integrado que possibilita a interaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo entre professores tutores e estudantes (e outros agentes da chamada Educaccedilatildeo a Distacircncia) Essas interaccedilotildees podem ser siacutencro-nas (aquelas em que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo dos diferentes agentes no mesmo instante) ou assiacutencronas (natildeo eacute necessaacuterio que os agentes estejam conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam execu-tadas) Em um AVA eacute possiacutevel disponibilizar materiais variados como viacutedeos planilhas questionaacuterios atividades avaliaccedilotildees aleacutem de dispo-nibilizar arquivos de textos foacuteruns chats Wiki e fornecer feedbacks agraves tarefas realizadas enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem Existem interfaces como o Moodle (httpmoodlecom) e o Edmodo (httpswwwedmodocom) que auxiliam na organizaccedilatildeo desses ma-

A

74

teriais pois satildeo softwares livres executados em um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa Nos AVA os alunos tecircm a oportunidade de estudar de se encontrar a qualquer hora interagindo com os conteuacutedos propostos pelos professores e mediados pelos tutores Os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem espaccedilos virtuais ideais para que os alunos possam se reunir compartilhar colaborar e aprender juntos Destaca-se ainda que no Brasil esses ambientes virtuais ou plataformas para educaccedilatildeo on-line ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem mas aleacutem desse receberam nomes e siglas diferentes em portuguecircs e em inglecircs tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments - IDLE) sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System - LMS) e espaccedilos virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces - VLE) Trata-se entatildeo de espaccedilos de aprendizagem em que os interlocutores do processo interagem construindo aprendizagens signi-ficativas e reunindo interfaces siacutencronas e assiacutencronas integradas Ou-tro exemplo de AVA eacute o Google Classroom uma plataforma LMS gratuita que tem como objetivo apoiar professores em sala de aula melhorando a qualidade do ensino A plataforma Google Classroom constitui um ser-viccedilo desenvolvido pela divisatildeo da Google for Education que permite ao professor criar turmas virtuais enviar mensagens disponibilizar ava-liaccedilotildees receber os trabalhos dos alunos otimizar a comunicaccedilatildeo entre professores e alunos postar atualizaccedilotildees das aulas e tarefas de casa adicionar ou remover alunos e enviar feedbacks dos trabalhos realiza-dos Aleacutem disso essa sala de aula virtual permite que o professor lance as notas das atividades concluiacutedas para que sejam visualizadas pelos estudantes A cada nova atividade inserida os estudantes recebem uma mensagem em seus e-mails O serviccedilo eacute integrado ao Google Drive fazen-do parte da suiacutete de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google Docs e Slide Para ter acesso ao serviccedilo do Google Classroom eacute preciso possuir uma conta de e-mail institucional de escola puacuteblica ou privada cadastrada no banco de dados da Google for Education A utilizaccedilatildeo dessas ferramentas corrobora para a autonomia e construccedilatildeo coletiva do conhecimento possibilitando a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos no processo educacional

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

ReferecircnciasBACICH L et al Ensino hiacutebrido Personalizaccedilatildeo e tecnologia na educaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2015

DAUDT Luciano 6 Ferramentas do Google Sala de Aula que vatildeo incrementar sua aula Florianoacutepolis Qinetwork 29 set 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwqinetworkcombr6-ferramentas-do-google-sala-de-aula-que-vao-incrementar-sua-aulagt Acesso em 15 jul 2020

A

75

PAIVA Vera Menezes de O Ambientes virtuais de aprendizagem implicaccedilotildees epistemoloacutegicas Educaccedilatildeo em Revista Belo Horizonte v 26 nordm 3 dez 2010

PEREIRA Ives da Silva Duque Uma experiecircncia de ensino hiacutebrido utilizando a plataforma Google Sala de Aula In SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA ENCONTRO DE PESQUISADORES DE EDUCACcedilAtildeO A DISTANCIA 2016 Satildeo Carlos (SP) Anais [] Satildeo Carlos (SP) 2016 p 1-6 Disponiacutevel em lthttpwwwsied-enped2016eadufscarbrojsindexphp2016articleview1005gt Acesso em 15 jul 2020

ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo analfabetismo se divide em duas vertentes o analfabetis-mo absoluto e o analfabetismo funcional No primeiro caso o sujeito natildeo teve nenhum ou teve pouco acesso agrave educaccedilatildeo No segundo caso o sujeito eacute capaz de identificar letras e nuacutemeros mas natildeo consegue interpretar textos e realizar operaccedilotildees matemaacuteticas mais complexas As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indiviacuteduo O conceito de analfabetismo funcional surgiu na deacutecada de 1930 nos Estados Unidos da Ameacuterica durante a Segunda Guerra Mundial Ele foi utilizado para indicar a capacidade de entendimento de instruccedilotildees escritas necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tarefas militares

O analfabetismo funcional natildeo deve ser tratado como um conceito universal pois varia no tempo e no espaccedilo e a proacutepria distinccedilatildeo entre paiacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento altera tal conceito Uma definiccedilatildeo adotada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatiacutestica (IBGE) e aceita pela Organizaccedilatildeo das Naccediloes Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) eacute a de que analfabetos fun-cionais satildeo pessoas agraves quais falta domiacutenio de habilidades em leitura escrita caacutelculos e ciecircncias correspondentes a uma escolaridade de ateacute trecircs anos completos do ensino fundamental No Brasil os ciclos do ensi-no fundamental e meacutedio satildeo formados por 11 anos de estudo completos e constituem a educaccedilatildeo baacutesica no paiacutes

A UNESCO define analfabetismo funcional como a situaccedilatildeo de ins-truccedilatildeo de algueacutem que assina o proacuteprio nome ou eacute capaz de fazer caacutel-culos simples e ler palavras e frases isoladas mas natildeo eacute capaz de inter-pretar o sentido dos textos natildeo eacute capaz de usar a leitura e a escrita para seu desenvolvimento pessoal nem para fazer frente agraves suas demandas sociais A ocorrecircncia de analfabetismo funcional em determinada po-pulaccedilatildeo costuma ser medida de duas formas principais uma indireta que considera analfabeto funcional os indiviacuteduos com 15 anos ou mais que natildeo concluiacuteram quatro anos de estudo completos e uma direta

A

76

mensurada por testes especiacuteficos para habilidades em leitura escrita e caacutelculos aritmeacuteticos em amostragens populacionais

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINDICADOR Nacional de Alfabetismo Funcional INAF 2011 principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-deresultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

APLICATIVO PARA A APRENDIZAGEM DE LIacuteNGUAS

Um aplicativo eacute um programa de computador (software) geralmen-te utilizado em dispositivos moacuteveis A ideia do que seria um aplicativo fortaleceu a partir da deacutecada de 1970 periacuteodo em que empresas priva-das movidas por interesses financeiros decidiram facilitar o alcance de cidadatildeos comuns aos computadores Interessava aos empreendedores da eacutepoca que as maacutequinas se popularizassem natildeo por mera generosi-dade ou responsabilidade social mas para que estimulasse o consumo A tecnologia foi se especializando a fim de atender a necessidades cole-tivas e individuais cada vez mais direcionadas Os dispositivos em que os primeiros aplicativos foram instalados se apresentavam como enor-mes caixas fixas e pesadas dentro das quais se escondia um emaranha-do de fios e conexotildees O alto preccedilo inviabilizava sua real democratiza-ccedilatildeo Nos anos 1990 graccedilas ao esforccedilo conjunto de pesquisadores aliado ao interesse monetaacuterio da induacutestria da Comunicaccedilatildeo concebeu-se o primeiro dispositivo moacutevel capaz de abrigar um aplicativo era o IBM Simon pioneiro dos atuais smartphones Atualmente os telefones inteli-gentes satildeo capazes de hospedar uma gama de aplicativos ou apps como satildeo popularmente conhecidos Alguns dos mais famosos satildeo o Uber (destinado agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo de transporte veicular temporaacuterio) o Spotify (voltado para o entretenimento musical e a difusatildeo de podcasts) o aiqfome (em que se encomendam alimentos prontos) e o WhatsApp (in-tercambiador de mensagens multimodais) Muitos satildeo disponibiliza-dos gratuitamente para download em plataformas como a Google Play Store Os aplicativos geram renda para seus desenvolvedores a partir de anuacutencios comerciais que satildeo exibidos aos usuaacuterios durante sua uti-lizaccedilatildeo Em 2020 forccedilados pela pandemia de Covid-19 os aplicativos moacuteveis passaram a ser amplamente empregados na educaccedilatildeo remota estabelecendo pontes entre docentes e discentes devido agrave necessidade

A

77

de distanciamento social Por demonstrarem potencial enquanto ferra-mentas utilizaacuteveis no ensino hiacutebrido os aplicativos destinados ao ensino e agrave aprendizagem de liacutenguas estrangeiras vecircm ganhando destaque nos uacuteltimos anos Trabalham as quatro habilidades baacutesicas audiccedilatildeo fala lei-tura e escrita Entre os mais proeminentes destacam-se o Hello Talk o Rosetta Stone e o Duolingo Este uacuteltimo jaacute conta com mais de trezentos milhotildees de usuaacuterios em todo o mundo O resultado do seu teste de pro-ficiecircncia jaacute eacute aceito em instituiccedilotildees renomadas como a Harvard Extension School Os aplicativos (ou simplesmente apps) estatildeo enfim definitiva-mente incorporados ao quotidiano das sociedades modernas

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFRAGA Nayara Como o Duolingo chegou a 300 milhotildees de downloads sem propaganda nenhuma Eacutepoca Negoacutecios 2018 Disponiacutevel em lthttpsepocanegociosglobocomTecnologianoticia201810como-o-duolingo-chegou-300-milhoes-de-downloads-sempropaganda-nenhumahtmlgt Acesso em 2 jul 2020

MAGGI Lecticia Vocecirc sabia Harvard Extension School aceita teste de inglecircs do Duolingo ESTUDARFORAORG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwestudarforaorgbrteste-deingles-de-us-20-a-harvard-extension-school-aceitagt Acesso em 2 jul 2020

PRIMEIRO smartphone completa 20 anos BBC News Brasil 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwbbccomportuguesenoticias201408140815_smartphone_vinte_anos_rbgt Acesso em 1 jul 2020

VOLTOLINI Ramon Conheccedila o primeiro smartphone da Histoacuteria Tecmundo 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrcelular59888-conheca-primeiro-smartphone-historia-galeriashtmgt Acesso em 2 jul de 2020

WAZLAWICK Raul Sidnei Histoacuteria da computaccedilatildeo Rio de Janeiro Elsevier 2016

APRENDIZAGEM BASEADA EM INVESTIGACcedilAtildeO (Inquiry-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Investigaccedilatildeo (ABI) eacute uma metodolo-gia que se pauta no estiacutemulo do desenvolvimento da autonomia dos alunos levando-os agrave produccedilatildeo dos proacuteprios meacutetodos investigativos Vejamos uma ilustraccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dessa metodologia de ensino e aprendizagem o professor propotildee um questionamento inicial e os alu-nos individualmente ou em grupo desenvolvem suas anaacutelises a res-peito do problema apresentado Com isso a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo (ou inqueacuterito) despertou a caracteriacutestica latente que consti-tui o ser humano em descobrir o mundo a partir de sua curiosidade A aprendizagem por investigaccedilatildeo apresenta semelhanccedilas com a investi-gaccedilatildeo cientiacutefica envolve a pesquisa anaacutelise siacutentese avaliaccedilatildeo e genera-lizaccedilatildeo de dados de preferecircncia num processo colaborativo visando a

A

78

caracterizaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de uma situaccedilatildeo-problema concreta Dentro dessa perspectiva haacute o desdobramento das metodologias de inqueacuteri-to atraveacutes das estrateacutegias de aprendizagem por descoberta o inqueacuterito indutivo a instruccedilatildeo ancorada o estudo de caso e a Aprendizagem Ba-seada em Problemas ou Projetos (ABP) As fases e subfases encontradas na ABI referem-se agrave orientaccedilatildeo contextualizaccedilatildeo investigaccedilatildeo discus-satildeo e conclusatildeo com atividades mais especiacuteficas sendo desenvolvidas em cada uma destas etapas Os princiacutepios-chave dessa metodologia compreendem que todas as atividades de aprendizagem enfatizam as habilidades de processamento de informaccedilatildeo (observaccedilatildeo-siacutentese) tendo como objetivo a apreensatildeo de conteuacutedo definido a partir de um contexto conceitual amplo Nesse processo de aprendizagem o profes-sor recurso e tecnologia satildeo vistos como elementos sistecircmicos usados como suporte para a aprendizagem O professor tambeacutem eacute visto como facilitador pautando seu trabalho a partir dessa abordagem e buscando compreender melhor o contexto de aprendizagem do seu aluno Em se tratando de metodologias ativas encontram-se discutidas em biblio-grafia especiacutefica duas perspectivas bastante divulgadas o Ensino por Investigaccedilatildeo tambeacutem denominado inquiry na bibliografia internacional utilizada na educaccedilatildeo cientiacutefica e a Aprendizagem Baseada em Proble-mas tambeacutem conhecida como Problem-Based Learning (PBL) utilizada principalmente em cursos de graduaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede A Apren-dizagem Baseada em Investigaccedilatildeo se destaca por resultados positivos em diferentes pesquisas da aacuterea Haacute diferentes abordagens dentro da ABI algumas se pautam no desenvolvimento do pensamento cientiacutefico ldquoInvestigaccedilatildeo Cientiacutefica Autecircnticardquo ldquoInvestigaccedilatildeo Guiada ou Mediadardquo na qual o docente acompanha as fases que constituem a investigaccedilatildeo para aleacutem do ensino dos conteuacutedos no intuito de desenvolver o pen-samento cientiacutefico Nessa abordagem os estudantes satildeo envolvidos em atividades investigativas por meio da apresentaccedilatildeo de situaccedilotildees-pro-blema em que devem aplicar os procedimentos cientiacuteficos que levem a conclusotildees suportadas por argumentos fundamentados Estimula-se que os alunos criem perguntas pesquisem informaccedilotildees estruturem e conduzam a investigaccedilatildeo analisem os dados elaborarem conclusotildees e comuniquem os resultados No entanto eacute importante que o estudante se mantenha em estado reflexivo para que compreenda a natureza do trabalho cientiacutefico em que estaacute envolvido A alternacircncia entre o fazer e o refletir eacute que proporciona aos estudantes as habilidades de investiga-ccedilatildeo bem como um melhor entendimento sobre o que estaacute desenvolven-do Em outras palavras o intuito eacute que os estudantes aprendam a fazer a investigaccedilatildeo bem como aprendam sobre a investigaccedilatildeo

Luanna Amorim Vieira da Silva

A

79

ReferecircnciasVIEIRA Fabiana Andrade da Costa Ensino por Investigaccedilatildeo e Aprendizagem Significativa Criacutetica anaacutelise fenomenoloacutegica do potencial de uma proposta de ensino Orientador Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani 2012 149 f Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) - Faculdade de Ciecircncias Universidade Estadual Paulista - UNESP Bauru 2012 Disponiacutevel em lthttpsrepositoriounespbrbitstreamhandle11449102039vieira_fac_dr_baurupdfsequence=1ampisAllowed=ygt Acesso em 25 nov 2020

PBWORKS Aprendizagem baseada em Inqueacuterito (Inquiry Based Learning) Disponiacutevel em lthttptictrabalhodeprojectopbworkscomwpage40204926Aprendizagem20baseada20em20InquC3A9rito2028Inquiry20Based20Learning29gt Acesso em 25 nov 2020

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS(Project-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se fundamenta nas concepccedilotildees sobre ensino e aprendizagem difundidas pelo filoacutesofo e educador John Dewey (1859-1952) As discussotildees em torno desse mo-delo de aprendizagem emergiram em concomitacircncia com outros aspec-tos que compotildeem as alternativas metodoloacutegicas das chamadas meto-dologias ativas descritas como o Ensino sob Medida ou Just-in-Time Teaching a Instruccedilatildeo pelos Colegas ou Peer Instruction a Aprendizagem Baseada em Equipes ou Team-Based Learning e a Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project-Based Learning propriamente dita Essas alterna-tivas surgem de forma a atender as exigecircncias ocasionadas pelas dinacirc-micas de transformaccedilotildees caracteriacutesticas de uma sociedade tecnoloacutegica Nesse sentido modificam percepccedilotildees sobre os elementos que consti-tuem o ensino e que produzem ajustes na forma de abordar as concep-ccedilotildees sobre aprendizagem e o engajamento e a proatividade do aluno se tornam aspectos preponderantes no processo de aprendizagem no acircmbito da ABP Essa metodologia eacute caracterizada por centralizar em sua execuccedilatildeo o aspecto colaborativo em articulaccedilatildeo com interdiscipli-naridade ao gerir e produzir conteuacutedos e assim articulaacute-los de forma a promover a resoluccedilatildeo ou concretizaccedilatildeo de algo Assim a ldquoinstruccedilatildeordquo natildeo deveria preceder o projeto mas estar integrada a ele e partir dessa integralidade para prover mobilidade interatividade dinacircmica diaacutelo-go conexotildees em correspondecircncia entre os colaboradores do processo dar visibilidade agrave sincronia das aprendizagens dos alunos valorizando e viabilizando os processos interativos Poderia tambeacutem dar maior cen-tralidade a esse processo por voltar-se agrave maneira como o aluno percebe a sua aprendizagem ao assumir-se ativamente em cada etapa A ava-liaccedilatildeo eacute vista atraveacutes da articulaccedilatildeo entre distintas dinacircmicas do pro-cesso participaccedilatildeo e efetividade do aluno nas diferentes possibilidades

A

80

de aprender e atender as demandas do seu cotidiano Atenta-se para as distintas abordagens da ABP ambas as perspectivas de aprendizagens possuem problemas a serem resolvidos mas uma eacute baseada em projetos ou seja haacute um processo a ser planejado para se atingir determinado fim a partir de etapas que constitui a metodologia de trabalho escolhida dentre esses aspectos e que culmina com um produto Jaacute na aprendiza-gem baseada em problemas a centralidade estaacute em resolver investigar problematizar colaborativamente a resoluccedilatildeo de uma questatildeo natildeo haacute obrigatoriedade de culminar num produto

Luanna Amorim Vieira da Silva

ReferecircnciasMASSON Terezinha Jocelen et al Metodologia de ensino aprendizagem baseada em projetos (pbl) XL CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCACcedilAtildeO EM ENGENHARIA (COBENGE) Anais Beleacutem PA 2012

SANTORO Flaacutevia Maria et al Modelo de cooperaccedilatildeo para aprendizagem baseada em projetos uma linguagem de padrotildees THE FIRST LATIN AMERICAN CONFERENCE ON PATTERN LANGUAGES OF PROGRAMMING (SUGARLOAF PLOP) Rio de Janeiro 2001

AUTOR-PESSOA E AUTOR-CRIADOR

Autor-pessoa e autor-criador satildeo dois conceitos apresentados pelo pensador russo Mikhail Bakhtin no texto O autor e a personagem na ativi-dade esteacutetica (1921-1922) Segundo o teoacuterico o autor-pessoa eacute o escritor a pessoa fiacutesica um componente da vida e natildeo estaacute relacionado ao prin-ciacutepio criador existente na relaccedilatildeo autor-personagem jaacute o autor-criador eacute compreendido como a funccedilatildeo esteacutetico-formal engendradora da obra um constituinte do objeto esteacutetico O autor-criador tem como caracte-riacutestica central a capacidade de materializar certa relaccedilatildeo axioloacutegica com o heroacutei e seu mundo Eacute por meio dessa funccedilatildeo autor-criador do posi-cionamento axioloacutegico que o social o histoacuterico e o cultural se tornam elementos imanentes do objeto esteacutetico O autor-criador daacute forma a um conteuacutedo faz um recorte de alguns aspectos do plano da vida e os or-ganiza de um modo novo esteticamente Essa transposiccedilatildeo do plano da vida para o plano esteacutetico (arte) ocorre por meio de um vieacutes valorativo consubstanciado no autor-criador que eacute uma posiccedilatildeo refratada e ao mesmo tempo refratante Refratada porque trata de uma posiccedilatildeo axio-loacutegica recortada pelo vieacutes valorativo do autor-pessoa e refratante pois eacute a partir dela que se recorta e reordena esteticamente os eventos da vida

Ana Claacuteudia Rola Santos

C

81

ReferecircnciasA CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

FARACO C A Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje v 46 n 1 p 21-26 20 jul 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

CIacuteRCULO DE BAKHTIN

Grupo de intelectuais russos de formaccedilatildeo literaacuteria filosoacutefica cientiacute-fica eou artiacutestica a maioria professores que apoacutes Revoluccedilatildeo Russa em 1918 reuniram-se na cidade de Nieacutevel e posteriormente de 1924 a 1929 em Vitesbk e Leningrado para atraveacutes do diaacutelogo entre as diferentes aacutereas do conhecimento construiacuterem uma linha de pensamento com base em um posicionamento soacutelido diante da linguagem e da vida Esses intelectuais apesar de discordarem em vaacuterios aspectos tinham em co-mum a concepccedilatildeo de linguagem fundamentada na interaccedilatildeo verbal no enunciado concreto no signo ideoloacutegico e no dialogismo considerando que a base de sustentaccedilatildeo da discussatildeo da linguagem verbal da litera-tura seja a mesma de outras linguagens Embora os textos produzidos pelo Ciacuterculo fossem assinados essa produccedilatildeo provocou uma questatildeo de autoria uma vez que toda discussatildeo proposta pelo grupo baseava-se no diaacutelogo no sentido bakhtiniano da palavra no qual as ideias circulam entre os atores do discurso O produto final eacute portanto advindo desse pensamento comunitaacuterio Haacute escritos construiacutedos a mais de duas matildeos sob pseudocircnimos e trocas de identidades que era tambeacutem uma forma de resistecircncia ao stalinismo totalitarista Um exemplo dessa questatildeo eacute a produccedilatildeo de Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) Valentin Volochinov (1895 ndash 1936) e Pavel Medieacutedev (1891 ndash 1938) que em um primeiro momen-to foi atribuiacuteda a Bakhtin Posteriormente houve um movimento para determinar a autoria de Volochinov e Medieacutedev e hoje jaacute eacute possiacutevel distinguir esses autores e seus respectivos textos Esses textos comeccedila-ram a ser lidos e discutidos mais fortemente no Brasil no final dos anos 1980 e iniacutecio dos anos 1990 A primeira obra traduzida para o portuguecircs foi Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1979 pela editora Hucitec a partir de uma ediccedilatildeo francesa A autoria eacute atribuiacuteda a Bakhtin e entre parecircnteses estaacute escrito Volochinov dando a entender tratar-se da mes-ma pessoa Em 2017 surge a primeira ediccedilatildeo de Marxismo e Filosofia da Linguagem Editora 34 feita diretamente do russo Na capa a autoria eacute

C

82

atribuiacuteda a Valentin Volochinov e entre parecircnteses estaacute escrito Ciacuterculo de Bakhtin o que jaacute situa a autoria no contexto do Ciacuterculo

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasBRAIT Beth Dialogismo e Polifonia em Mikhail Bakhtin e o Ciacuterculo (dez obrasfundamentais) Disponiacutevel em lthttpsfflchuspbrsitesfflchuspbrfiles2017-Bakhtinpdfgt Acesso em 17 jun 2020

BRAIT Beth GRILLO Sheylla A Atualidade de Bakhtin um pensador sobre a humanidade em transformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsaovivoabralinorglivesbeth-braitgt Acesso em 1 jul 2020

CONTEXTO

Do latim contextus contexto eacute uma palavra que pode ser definida como uma situaccedilatildeo ou ambiente fiacutesico em que um conjunto de circuns-tacircncias nas quais se produz a mensagem que se deseja emitir ndash lugar e tempo emissor e receptor etc ndash permite sua compreensatildeo mais ade-quada e mais correta No caso de um texto o contexto eacute essencial para uma leitura mais eficaz aproximando o interlocutorleitor do sentido que o locutorescritor quis imprimir a esse texto Sendo assim para entender determinadas situaccedilotildees ou mensagens a serem transmitidas eacute necessaacuterio que haja a uniatildeo entre o texto e o contexto que colocados em adjacecircncia servem para lembrar que satildeo aspectos do mesmo processo Metaforicamente pode-se pensar que haacute um texto e um outro texto que o acompanha e que se denomina contexto O que estaacute dentro da ideia lsquocom o textorsquo estaacute na verdade aleacutem do texto em uma situaccedilatildeo discursi-va A esse contexto denomina-se de contexto de situaccedilatildeo Eacute a situaccedilatildeo de uso da linguagem o ambiente do texto O contexto situacional eacute for-mado por informaccedilotildees que estatildeo fora do texto sejam elas histoacutericas ge-ograacuteficas socioloacutegicas ou literaacuterias Portanto os elementos linguiacutesticos escolhidos por um produtor de texto assim como as informaccedilotildees por ele selecionadas e o modo como ele as organiza depende das condiccedilotildees de produccedilatildeo O contexto contribui de forma significativa na construccedilatildeo da leitura de mundo de todo indiviacuteduo assim como afirma o educador Paulo Freire (1989) a interaccedilatildeo do sujeito com o seu contexto iraacute possi-bilitar a construccedilatildeo de leituras diversificadas do proacuteprio mundo e de qualquer texto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

ReferecircnciasFREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler em trecircs artigos que se completam Satildeo Paulo Autores Associados Cortez 1989

C

83

HALLIDAY MAK HASAN R Language context and text aspects of language in a social-semiotic perspective New York Oxford Press 1989

TRAVAGLIA Luiz Carlos Gramaacutetica e interaccedilatildeo uma proposta para o ensino da gramaacutetica no 1ordm e 2ordm graus 8 ed Satildeo Paulo Cortez 2002

CROSSMIacuteDIA

A palavra crossmiacutedia estaacute originalmente relacionada agrave publicidade As agecircncias de publicidade e propaganda investem na produccedilatildeo de um conteuacutedo que eacute distribuiacutedo por diferentes plataformas midiaacuteticas Tem--se assim uma mesma mensagem com o mesmo conceito mas com um formato especiacutefico para o meio no qual deveraacute circular A taacutetica eacute a dis-tribuiccedilatildeo do mesmo conteuacutedo em diversas miacutedias O objetivo eacute atingir o maior nuacutemero de pessoas atraveacutes de canais diferentes

Glaacuteucio Antocircnio Santos

ReferecircnciasLOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Convergecircncia de miacutedias e jornalismo In TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Accedilatildeo Pesquisa e Reflexatildeo sobre a docecircncia na formaccedilatildeo do jornalista em tempos de convergecircncia das miacutedias digitais Dissertaccedilatildeo (Mestre em Educaccedilatildeo) - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais Belo Horizonte 2007 p 255 Disponiacutevel em lthttpswwwacademiaedu2084363ConvergC3AAncia_de_mC3ADdias_e_jornalismogt Acesso em 19 jul 2020

CULTURAS HIacuteBRIDAS E HIBRIDISMO CULTURAL

Chamamos de culturas hiacutebridas o rompimento de barreiras que se-param estruturas socioculturais diferentes diminuindo as fronteiras entre o que eacute considerado culto ou erudito e o que eacute considerado po-pular ou de massa A expressatildeo ldquoculturas hiacutebridasrdquo ganha notoriedade no acircmbito acadecircmico a partir de publicaccedilotildees do antropoacutelogo Neacutestor Garciacutea Canclini O antropoacutelogo chama de hibridismo cultural o pro-cesso em que duas ou mais culturas distintas se mesclam abrangendo tambeacutem os aspectos econocircmicos e poliacuteticos Como exemplo podemos citar a proacutepria constituiccedilatildeo do povo brasileiro a partir de colonizadores europeus (principalmente os portugueses) os indiacutegenas que aqui vi-

C D

84

viam e os africanos trazidos para caacute e escravizados Somam-se a esses trecircs grupos a imigraccedilatildeo de asiaacuteticos (japoneses chineses) libaneses turcos siacuterios e outros grupos que para caacute vieram ao longo da histoacuteria Eacute importante lembrar que em muitos casos certos grupos natildeo aceitam ou natildeo querem a hibridaccedilatildeo cultural permanecendo cada um em suas respectivas ldquobolhasrdquo Podemos observar essa questatildeo tambeacutem numa perspectiva microssocial em que o tradicional se mistura ao moderno e o culto ao popular Pensemos por exemplo na apropriaccedilatildeo de uma obra de arte renascentista como a pintura La Gioconda retrato da Mona Lisa e sua apropriaccedilatildeo pela publicidade ou por uma histoacuteria em quadrinhos O avanccedilo das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) tem proporcionado essa hibridaccedilatildeo entre objetos culturais distintos de-vido ao desenvolvimento de softwares e aplicativos que permitem remi-xagens de obras distintas e de campos diferentes

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasCANCLINI Neacutestor Garciacutea Culturas hiacutebridas estrateacutegias para entrar e sair da modernidade Satildeo Paulo EDUSP 2007

DIALOGISMO

Conceito desenvolvido por Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) no ensaio publicado em 1963 intitulado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a par-tir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacute-vski (1821-1881) Bakhtin parte do princiacutepio de que a linguagem eacute uma realidade muacuteltipla e heterogecircnea e a verdadeira substacircncia da liacutengua eacute constituiacuteda nas interaccedilotildees verbais via enunciaccedilatildeo ou enunciaccedilotildees Dessa forma o discurso (liacutengua concreta viva) eacute construiacutedo a partir do discurso do outro e o sujeito eacute construiacutedo pelo outro por meio da linguagem Nessa perspectiva o sujeito tem um projeto de fala que natildeo depende soacute da sua intenccedilatildeo depende do outro com quem se fala do ou-tro ideoloacutegico forjado por outros discursos do contexto Sendo assim o dialogismo eacute caracteriacutestica essencial da linguagem eacute a condiccedilatildeo do sen-tido do discurso compreende a palavra em constante movimento e as relaccedilotildees dialoacutegicas como relaccedilotildees semacircnticas em toda a espeacutecie de diaacute-logo Em qualquer momento do desenvolvimento do diaacutelogo sentidos esquecidos poderatildeo vir agrave tona seratildeo ressignificados e sob uma forma renovada surgiratildeo em outro contexto Contrapondo-se ao discurso mo-noloacutegico o diaacutelogo bakhtiniano eacute accedilatildeo entre interlocutores natildeo sendo mensurado pelo nuacutemero de falantes ouvintes ou observadores Nessa accedilatildeo coexistem convergecircncias e divergecircncias advindas do tempo pas-

D E

85

sado e futuro dos grupos sociais das tendecircncias etc O dialogismo eacute portanto interaccedilatildeo social natildeo soacute a partir do diaacutelogo face a face mas principalmente entre discursos de quaisquer naturezas desde as rela-ccedilotildees dialoacutegicas cotidianas ateacute o texto literaacuterio

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasFIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

A CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

DISPOSITIVOS MOacuteVEIS DE COMUNICACcedilAtildeO

Dispositivos moacuteveis satildeo tecnologias digitais que permitem a mo-bilidade e o acesso agrave internet Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo fo-ram desenvolvidas teacutecnicas para resolver problemas Essas tecnologias sejam analoacutegicas ou digitais sempre estiveram presentes em nossa sociedade inclusive no acircmbito educacional Ao longo do tempo vecircm sofrendo constantes modificaccedilotildees em detrimento das necessidades hu-manas Isto faz com que a tecnologia se torne na modernidade um recurso indispensaacutevel tanto agrave vida cotidiana como para o setor educa-cional Aparelhos de GPS (de Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global) laptops smartphones tablets satildeo exemplos des-ses equipamentos facilitadores do cotidiano Geralmente eles apresen-tam espessura fina tamanho pequeno faacutecil manuseio para atender agrave funcionalidade praacutetica O uso significativo de dispositivos moacuteveis de tecnologia promove experiecircncias enriquecedoras para a Educaccedilatildeo Na sala de aula esses aparelhos satildeo recursos que somados agraves praacuteticas e metodologias significativas atendem agraves necessidades educacionais

Sabrina Ribeiro

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Moderna 2020

ECOSSISTEMA DIGITAL

O termo ecossistema tem origem nas aacutereas da ecologia e biologia sendo definido como um grupo de elementos interconectados formado pela interaccedilatildeo de uma comunidade de organismos com o seu ambiente

E

86

Baseado nessa descriccedilatildeo o ecossistema digital trata de uma integraccedilatildeo de soluccedilotildees de software ou soluccedilotildees tecnoloacutegicas funcionando no mes-mo ambiente ou plataforma A expressatildeo ecossistema digital eacute muito abrangente pois as soluccedilotildees que compotildeem o ecossistema podem abar-car tanto hardwares (componentes fiacutesicos) quanto softwares (sistemas) e tambeacutem usuaacuterios No contexto abordado no livro Letramentos miacutedias linguagens de Rojo e Moura (2019) o ecossistema digital engloba os softwares utilizados para manipulaccedilatildeo de fotos tradicionais e criaccedilatildeo de fotografias digitais inseridos em uma plataforma de sistema operacio-nal Os produtos dos diversos atores envolvidos nos processos de cria-ccedilatildeo de imagens e fotografias podem ser distribuiacutedos entre pessoas e nas redes sociais que tambeacutem fazem parte do ecossistema Nos ecossiste-mas diferentes tipos de usuaacuterios se conectam e interagem utilizando re-cursos disponibilizados pela plataforma Em vez de seguir numa linha reta ndash dos produtores para os consumidores ndash o valor pode ser criado modificado trocado e consumido de diversas formas e em diversos lu-gares graccedilas agraves conexotildees facilitadas pela plataforma

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

ReferecircnciasBITTARELLO Kamila Entenda o que eacute ecossistema digital ou ecossistema de software Blog do Sienge 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwsiengecombrblogecossistema-digitalgt Acesso em 4 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA (EAD)

A expressatildeo Educaccedilatildeo a Distacircncia (EAD) designa alguns modelos de ensino em que professores e alunos natildeo se encontram num mesmo espaccedilo e ao mesmo tempo para as aulas Muitos satildeo os modelos do que se pode chamar de educaccedilatildeo a distacircncia ou ensino a distacircncia Pode-mos iniciar fazendo uma distinccedilatildeo entre essas duas expressotildees O que distingue e diferencia ldquoeducaccedilatildeordquo e ldquoensinordquo A principal diferenccedila entre os dois substantivos que designam processos estaacute relacionada agrave abrangecircncia dos termos Enquanto ldquoensinordquo tem um caraacuteter mais es-peciacutefico pressupondo certas accedilotildees que geralmente partem dos sujei-tos ldquoensinantesrdquo (os professores) com o objetivo de transmitir conhe-cimentos para os chamados ldquoaprendentesrdquo a ldquoeducaccedilatildeordquo por sua vez eacute um processo mais amplo que concebe a ensinantes e a aprendentes em constante interaccedilatildeo de modo que o conhecimento vai sendo construiacutedo de maneira conjunta entre esses sujeitos Derivam daiacute distinccedilotildees como

E

87

ldquotransmissatildeordquo e ldquoconstruccedilatildeo de conhecimentosrdquo bem como a distinccedilatildeo entre informaccedilatildeo e conhecimento Dentre os modelos de educaccedilatildeo a distacircncia com o tempo e por forccedila de uso o acento grave indicativo de uma crase entre preposiccedilatildeo e artigo acabou sendo abolido Temos tanto formas bem antigas como os cursos por correspondecircncia ateacute modelos bem contemporacircneos com o uso de plataformas digitais pensadas es-pecificamente para servir como ambientes virtuais de aprendizagem com um conjunto de ferramentas agrave disposiccedilatildeo de professores alunos designers instrucionais e tutores Em muitos modelos a educaccedilatildeo a dis-tacircncia conta com certos atores natildeo tatildeo comuns na educaccedilatildeo presencial como os tutores ndash presenciais e a distacircncia que auxiliam na mediaccedilatildeo entre professores e alunos os designers instrucionais profissionais que geralmente contribuem com os professores do ponto de vista teacutecnico e esteacutetico para construccedilatildeo das plataformas educacionais A esse mo-delo de educaccedilatildeo em que vaacuterios sujeitos com atribuiccedilotildees diferentes atuam no ensino denominou-se ldquopolidocecircnciardquo Dentre as ferramentas disponibilizadas pelos mais conhecidos ambientes virtuais de aprendi-zagem identifica-se uma primeira distinccedilatildeo entre conteuacutedo e ativida-de Como conteuacutedo podemos elencar textos digitais (artigos ou livros disponiacuteveis na internet escaneados ou produzidos especificamente para a disciplina) viacutedeos (videoaulas gravadas viacutedeos disponiacuteveis na internet ou produzidos especialmente para a disciplina) podcasts graacutefi-cos infograacuteficos modelos de sequecircncias didaacuteticas links para portais e paacuteginas da internet dentre tantos outros materiais especiacuteficos das dife-rentes disciplinas Como atividades temos algumas jaacute previstas nesses ambientes como foacuteruns de discussatildeo chats questionaacuterios pesquisas glossaacuterios wikis tarefas diversas dentre tantas outras A educaccedilatildeo a distacircncia pressupotildee uma forma de ensino e aprendizagem concebida para ser oferecida em espaccedilos e tempos flexiacuteveis que permite ao estu-dante a possibilidade de acessar o ambiente virtual de aprendizagem do lugar em que ele dispuser de equipamento tecnoloacutegico e no seu tem-po disponiacutevel conforme suas atividades cotidianas Esse modelo natildeo dispensa a possibilidade de exigecircncia de que em determinados dias e horaacuterios programados possam ser previstas atividades siacutencronas e em espaccedilos especiacuteficos para isso como os chamados polos de apoio presen-cial locais em que tambeacutem costumam dar plantotildees os chamados tuto-res presenciais Os chamados tutores a distacircncia geralmente datildeo seus plantotildees de suas casas ou da unidade de ensino agrave qual estatildeo vinculados Um ponto muito importante a se considerar quando se pensa em EAD eacute a questatildeo do planejamento Neste modelo parte-se de um pacto estabe-lecido entre professores e alunos de que as principais formas de intera-ccedilatildeo aconteceratildeo de maneira natildeo presencial e atualmente na chamada

E

88

terceira geraccedilatildeo da EAD (a primeira eacute a do ensino por correspondecircncia e a segunda do uso das chamadas miacutedias analoacutegicas como o raacutedio e a televisatildeo) esta interaccedilatildeo eacute mediada pelas chamadas tecnologias di-gitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) ou tecnologias digitais de informaccedilatildeo (TIC) ou simplesmente ldquonovas tecnologiasrdquo Nossa opccedilatildeo eacute pela expressatildeo tecnologias digitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo por consideraacute-la mais adequada (a palavra ldquonovardquo tem uma carga muito grande de relativismo) e completa (haja vista que pressupotildee informa-ccedilatildeo e comunicaccedilatildeo)

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasMILL Daniel RIBEIRO Luis Roberto de Camargo OLIVEIRA Marcia Rozenfeld Gomes (org) Polidocecircncia na educaccedilatildeo a distacircncia muacuteltiplos enfoques 2 ed Satildeo Paulo Edufscar 2014 200 p

EDUCACcedilAtildeO MISTA SEMIPRESENCIAL OU HIacuteBRIDA (blended learning)

Aleacutem do modelo de educaccedilatildeo natildeo presencial conhecido pela sigla EAD tem-se constituiacutedo e firmado um modelo misto chamado de semi-presencial ou hiacutebrido que parece ser de acordo com os estudiosos do assunto um modelo dialeacutetico que consegue reunir o melhor dos dois modelos polarizados A educaccedilatildeo hiacutebrida parte de princiacutepios como aprendemos em espaccedilos formais e natildeo formais aprendemos (e ensi-namos) de diferentes formas e podemos usar metodologias digitais e analoacutegicas (mais antigas e mais tradicionais por assim dizer) Nesse contexto os modelos de ensino que seguem o padratildeo do blended learning apresenta quatro tipos estruturantes a) O modelo rotacional baseado na criaccedilatildeo pelo professor de diferentes espaccedilos de ensino e aprendiza-gem dentro ou fora da sala de aula para que os alunos revezem entre diferentes atividades conforme as orientaccedilotildees do docente Nesse mode-lo haacute as seguintes propostas i) rotaccedilatildeo por estaccedilotildees (os alunos realizam diferentes atividades em estaccedilotildees e no espaccedilo da sala de aula) ii) labo-ratoacuterio rotacional (os alunos usam o espaccedilo da sala de aula e laboratoacute-rios) iii) sala de aula invertida (a teoria eacute estudada em casa no formato on-line e o espaccedilo da sala de aula eacute utilizado para discussotildees resolu-ccedilatildeo de atividades entre outras propostas) e iv) rotaccedilatildeo individual (cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados) b) o modelo flex baseado na experiecircncia de aprendizagem por meio de atividades on-line na qual o ritmo do aluno eacute personalizado e o docente fica agrave disposiccedilatildeo para

E

89

esclarecimento de duacutevidas c) o modelo a la carte baseado na respon-sabilidade do aluno pela organizaccedilatildeo de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos organizados em parceria com o docente personalizando a aprendizagem que pode ocorrer no momen-to e local mais adequados e d) o modelo virtual aprimorado baseado na experiecircncia realizada por toda a escola em que em cada curso os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem on-line e a presencial

Heacutercules Tolecircdo Correcirca e Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBACICH Lilian MORAN Joseacute Aprender e ensinar com foco na educaccedilatildeo hiacutebrida Paacutetio n 25 junho 2015 p 45-47 Disponiacutevel em lthttpwwwgrupoacombrrevista-patioartigo11551aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibridaaspxgt Acesso em 27 jun 2020

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B JOHNSON Curtis W Inovaccedilatildeo na Sala de Aula Como a Inovaccedilatildeo Disruptiva Muda a Forma de Aprender Traduccedilatildeo Rodrigo Sardenberg 1 ed Satildeo Paulo Bookman 2011 262 p

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B STAKER Heather Ensino Hiacutebrido uma Inovaccedilatildeo Disruptiva Uma introduccedilatildeo agrave teoria dos hiacutebridos Boston Clayton Christensen Institute 21 maio 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwchristenseninstituteorgpublicationsensino-hibrido_sf_s=ensino+hC3ADbridogt Acesso em 3 ago 2020

ELETRONIC-LEARNING OU E-LEARNING

Trata-se de uma das modalidades ou uma das geraccedilotildees da Educaccedilatildeo a Distacircncia A e-learning centra-se principalmente na mediaccedilatildeo tecno-loacutegica inicialmente realizada por meio de disquetes CD CD-ROM e pendrive (principais modos de armazenamento e transferecircncia de da-dos) Com o desenvolvimento e popularizaccedilatildeo da internet a e-learning tem nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) plataformas de ensino ou LMS (learning management system) como o Moodle o TelEduc o Canvas dentre outros o seu principal suporte Haacute quem aponte dife-renccedilas entre LMS e AVA afirmando que este eacute mais usado no meio edu-cacional enquanto aquele eacute mais utilizado pelas empresas No primeiro modelo a e-learning era considerada ldquosem gerenciamento do aprendiza-dordquo pela dificuldade de interaccedilatildeo entre ldquoensinantesrdquo e ldquoaprendentesrdquo No modelo com AVA passa a ser ldquocom gerenciamento do aprendizadordquo

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL OU ENSINO ON-LINE

O ensino remoto tem sua vertente analoacutegica por meio de material impresso normalmente caderno de atividades produzido por profes-

E

90

sores e distribuiacutedos aos alunos Os modos de diagramaccedilatildeo e impres-satildeo vatildeo desde processos mais simples como reprografias ateacute materiais mais sofisticados com projetos graacuteficos mais arrojados com suporte de profissionais da aacuterea de comunicaccedilatildeo visual e design graacutefico Outra ver-tente do ensino remoto emergencial eacute aquela mediada pela tecnologia com aulas on-line siacutencronas eou assiacutencronas (gravadas e disponibiliza-das aos alunos) Satildeo realizadas em forma de aulas (com preleccedilotildees expo-siccedilotildees e exibiccedilotildees de material audiovisual tais como slides e animaccedilotildees) ou em forma de reuniotildees virtuais usando diversos tipos de ferramen-tas tecnoloacutegicas algumas pagas e outras gratuitas (Google Meet Zoom Jitsi Skype dentre outras) Especialistas em educaccedilatildeo e tecnologia enfa-tizam que natildeo se deve confundir ensino remoto emergencial com Edu-caccedilatildeo a Distacircncia uma vez que a EAD tem caracteriacutesticas especiacuteficas que natildeo estatildeo presentes no ensino remoto (emergencial ou natildeo) como o planejamento preacutevio de todas as etapas e a presenccedila da tutoria Esta modalidade de educaccedilatildeoensino foi a soluccedilatildeo encontrada por grande parte das instituiccedilotildees de ensino em todos os niacuteveis devido agrave pandemia de COVID-19 no ano de 2020 que levou agraves pessoas ao chamado ldquodistan-ciamento socialrdquo por recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ESCRITA COLABORATIVA

A escrita colaborativa consiste na produccedilatildeo de textos de modo coleti-vo ou em grupos Ela se materializa pela atuaccedilatildeo de mais de um autor no processo da criaccedilatildeo A escrita acadecircmica pode ser por exemplo co-laborativa Normalmente um mestrando ou doutorando sempre redige suas anaacutelises sob a orientaccedilatildeo de um professor orientador e faraacute altera-ccedilotildees em sua composiccedilatildeo ao aceitar sugestotildees da banca que o examinaraacute durante sua defesa caso sejam necessaacuterias Em muitas situaccedilotildees pode existir a correccedilatildeo por pares e esta pode apresentar algumas vantagens contribuir para que a subjetividade de um dos autores de determinado trabalho natildeo extrapole os limites definidos pela Ciecircncia Eacute totalmente compreensiacutevel que a descriccedilatildeo dos resultados de um estudo contenha nuances personalistas Costuma-se reconhecer um autor pelo seu estilo uma vez que a personalidade autoral eacute desejaacutevel Poreacutem alguma criacutetica externa eacute sempre bem-vinda quando se almeja evitar que uma opiniatildeo pessoal (ou exagero ideoloacutegico) supere a neutralidade caracteriacutestica da obra cientiacutefica Tambeacutem se pode verificar a escrita colaborativa em di-cionaacuterios glossaacuterios anais perioacutedicos enciclopeacutedias Os meios digi-tais tecircm cada vez mais feito uso do trabalho conjunto Um exemplo eacute

E

91

o da enciclopeacutedia eletrocircnica Wikipeacutedia que vem substituindo as antigas coleccedilotildees de livros impressos nem sempre acessiacuteveis a todas as camadas da sociedade Eacute equivocado o pensamento de que enciclopeacutedias abertas na internet natildeo satildeo dignas de credibilidade A plataforma da Wikipedia por exemplo exige referecircncias Informaccedilotildees falsas podem ser contesta-das e corrigidas a qualquer momento Revisores analisam periodica-mente textos denunciados ou considerados suspeitos Por fim pode-se tambeacutem encontrar a escrita colaborativa nos aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Entre os que se destinam ao ensino e agrave aprendiza-gem de liacutenguas estrangeiras pode-se mencionar o Duolingo Ele dispotildee de um recurso que recebe o nome de incubadora no qual cursos de novas liacutenguas satildeo elaborados conjuntamente por voluntaacuterios que pas-sam por um processo seletivo bastante criterioso A escrita colaborativa persiste enfim na modernidade mais recente inclusive na produccedilatildeo de miacutedias digitais

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFAGUNDES Leacutea da Cruz LACERDA Rosaacutelia SCHAumlFER Patriacutecia Behling Escrita colaborativa na cultura digital ferramentas e possibilidades de construccedilatildeo do conhecimento em rede Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educaccedilatildeo Porto Alegre v 7 ed 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpsseerufrgsbrrenotearticleview140127902gt Acesso em 5 jul 2020

EVOLUCcedilAtildeO DA WEB

A expressatildeo evoluccedilatildeo da web refere-se agraves fases de configuraccedilatildeo da web como a web 10 20 30 e 40 A internet reconhecida como a rede mundial de computadores eacute formada pela ligaccedilatildeo entre computadores no entanto os recursos que conferem ldquointeligecircnciardquo agrave rede satildeo reconhe-cidos por World Wide Web sigla www ou simplesmente web que permi-tem a interaccedilatildeo entre as milhares de paacuteginas que abrigam textos ima-gens sons viacutedeos animaccedilotildees etc O meacuterito pela criaccedilatildeo da World Wide Web em 1989 eacute atribuiacutedo ao fiacutesico inglecircs Tim Berners-Lee enquanto tra-balhava como engenheiro de software no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN em Genebra A web 10 tambeacutem conhecida como web sintaacutetica surgiu em 1990 e foi caracterizada como a web de conexatildeo e obtenccedilatildeo de conteuacutedo o que resultava em interaccedilotildees limitadas do usuaacute-rio com a web sendo dirigida somente agrave transmissatildeo de informaccedilotildees A web 20 constitui-se na evoluccedilatildeo da web 10 e eacute tambeacutem conhecida como web social conceito proposto em 2004 por Tim OrsquoReilly Essa internet eacute caracterizada como um conjunto de serviccedilos que promoviam interaccedilotildees entre seus usuaacuterios de forma colaborativa designados como redes de

E F

92

relacionamento on-line redes sociais on-line ou redes sociais digitais A proposta da web 30 tambeacutem conhecida como web semacircntica Web de contextos e significados foi lanccedilada publicamente em 2001 por Tim Berners-Lee como uma web capaz de processar e cruzar informaccedilotildees consolidaacute-las e trazer resultados mais relevantes para seus usuaacuterios Assim a web 30 caracteriza-se por softwares inteligentes que utilizam dados semacircnticos permitindo a relaccedilatildeo colaborativa com as pessoas por meio da categorizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos pesquisados Jaacute a proposta da web 40 conhecida como web of things (Web das coi-sas) e tambeacutem desenvolvida por Tim Berners-Lee estaacute fundamentada pela conectividade e interatividade entre pessoas informaccedilotildees proces-sos e objetos por meio de tecnologias que possibilitam acesso agrave rede por qualquer pessoa de qualquer lugar a qualquer tempo utilizando quaisquer dispositivos incluindo equipamentos multifuncionais com sensores inteligentes tais como eletrodomeacutesticos automoacuteveis roupas etc a partir de aplicaccedilotildees que se adaptam dinamicamente agraves necessi-dades dos usuaacuterios

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBERNERS-LEE Tim Semantic Web Roadmap Disponiacutevel em lthttpwwww3corgDesignIssuesSemantichtmlgt Acesso em 4 ago 2020

OrsquoREILLY Tim OrsquoReilly Media Inc Disponiacutevel em lthttpwwworeillycomgt Acesso em 4 ago 2020

FAKE NEWS

Pela traduccedilatildeo literal o termo fake news vem do inglecircs fake (falsafalso) e news (notiacutecias) ou seja notiacutecias falsas Assim tomamos por em-preacutestimo o conceito de notiacutecia como ldquoum fato verdadeiro ineacutedito ou atual de interesse geral que se comunica com o puacuteblico depois de re-colhido pesquisado e avaliado por quem controla o meio utilizado para a sua difusatildeordquo e o conceito de ldquofalsordquo pelo dicionaacuterio como adjetivo 1 contraacuterio agrave verdade ou agrave realidade 2 causar alteraccedilatildeo em adulterar 3 dar sentido ou significado diferente do verdadeiro fraudar

Apesar de a expressatildeo existir desde o seacuteculo XIX o termo fake news re-cebeu o tiacutetulo de ldquopalavra do anordquo em 2017 no Oxford English Dictionary principalmente devido agraves eleiccedilotildees presidenciais estadunidenses no ano anterior quando notiacutecias falsas foram usadas como ferramenta eleito-ral para promover ou difamar algum candidato Desde entatildeo o termo tem sido amplamente usado pela miacutedia De maneira geral fake news

F

93

satildeo ldquoafirmaccedilotildees que agem como notiacutecias e que satildeo deliberadamente fabricadas para enganar ou melhor dizendo desviar o receptor da verdaderdquo Geralmente as fake news satildeo afirmaccedilotildees que tecircm a forma de notiacutecia mas de conteuacutedo completa ou parcialmente falso orientadas por motivaccedilatildeo poliacutetica e intencionalmente fabricadas para desinformar ou enganar a fim de manipular a opiniatildeo puacuteblica

As fake news tecircm um caraacuteter sedutor ao mesmo tempo convincentes pois se apropriam das qualidades de uma notiacutecia e satildeo construiacutedas sob a abordagem linguiacutestica emprestadas na forma e no conteuacutedo dos meios jornaliacutesticos mas satildeo passiacuteveis de marcaccedilotildees ideoloacutegicas (construiacutedas por indiviacuteduos embebidos em crenccedilas e valores e consumidas por ou-tros os quais as interpretaratildeo imiscuiacutedos num contexto histoacuterico-social

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias BECHARA Evanildo Minicidionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1 ed Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 2009 1024 p

FANTE Alexandra SILVA Tiago Mathias da GRACcedilA Valdete da Fake News e Bakthin gecircnero discursivo e a (des)apropriaccedilatildeo da notiacutecia Atas do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo Porto Portugal p 106-119 2019 VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo 2018 [Universidade do Porto - Faculdade de Letras]

FILHO Joatildeo Batista Ferreira A verdade sob suspeita fake news e conduta epistecircmica na poliacutetica da desinformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsscholargooglecombrscholarhl=pt-PTampas_sdt=02C5ampq=27fake+news27+definiC3A7ao+ampbtnG=gt Acesso em 2 dez 2020

GELFERT Axel Fake news A Definition Informal Logic Vol 38 N 1 2018 (doi 1022329ilv38i15068)

LETRIA J Pequeno breviaacuterio jornaliacutestico Lisboa Editorial Notiacutecias 2000

FANDOM

Fandom eacute uma forma reduzida da expressatildeo em inglecircs fan kingdom que significa ldquoreino dos fatildesrdquo na traduccedilatildeo literal para o portuguecircs Um fandom eacute um grupo de pessoas que satildeo fatildes de determinada produto cultural como um seriado de televisatildeo uma muacutesica um filme deter-minado um livro ou mesmo um artista (um cantor um muacutesico um ator) Este termo se popularizou atraveacutes da internet principalmente pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook por exemplo Como os fandons satildeo comuns na internet os seus membros costumam discu-tir virtualmente todos os assuntos relacionados ao tema do qual satildeo fatildes Em muitos casos os fandons organizam encontros presenciais para que os membros dessas comunidades possam se conhecer Os fandons

F

94

satildeo adeptos dos fanfics e usam a narrativa transmidiaacutetica num universo ficcional onde os consumidores devem assumir o papel de caccediladores e coletores perseguindo partes da histoacuteria pelos diferentes canais com-parando suas observaccedilotildees com as de outros fatildes em grupos de discus-satildeo on-line e colaborando para assegurar que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiecircncia de entretenimento mais rica Os fandoms satildeo similares aos populares fanclubs que fizeram sucesso nos anos 1990 A grande diferenccedila entre ambos estaacute no uso das redes sociais digitais como ferramenta para se comunicarem se articularem e compartilharem os seus gostos em comum com pessoas de todo o mundo Atualmente os fandons satildeo essenciais para o crescimento e o movimento da induacutestria do entretenimento pois satildeo os principais con-sumidores da miacutedia

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FANFICTION

Fanfiction ou fanfic (forma abreviada) significa ldquoficccedilatildeo de fatilderdquo em tra-duccedilatildeo literal para a liacutengua portuguesa As fanfics satildeo histoacuterias ficcio-nais que podem ser baseadas em diversos personagens e enredos que pertencem aos produtos midiaacuteticos como filmes seacuteries histoacuterias em quadrinhos videogames mangaacutes animes grupos musicais celebrida-des dentre outros Com a popularizaccedilatildeo da internet no final dos anos 1990 muitos escritores desse tipo de literatura encontraram uma forma mais faacutecil de atingir outros fatildes e pessoas com os mesmos interesses Contudo o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretizaccedilatildeo da web Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA na deacutecada de 1970 com a publicaccedilatildeo em fanzines de histoacuterias que eram tributos agrave seacuterie Jornada nas Estrelas Os fatildes desses produtos se apropriam do mote da histoacuteria ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original As fanfics satildeo um belo exemplo de texto multi-modal e narrativa transmidiaacutetica que se refere a uma nova esteacutetica que surgiu em resposta agrave convergecircncia das miacutedias ndash uma esteacutetica que faz novas exigecircncias aos consumidores e depende da participaccedilatildeo ativa de comunidades de conhecimento

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

F

95

FANPAGE

Uma fanpage eacute uma paacutegina do Facebook criada especialmente para ser um canal de comunicaccedilatildeo com fatildes dentro da rede social digital fanpage eacute uma paacutegina para fatildes em traduccedilatildeo literal Os posts e posterior-mente outras redes sociais mudaram nossas vidas e tambeacutem a forma como nos conectamos com o mundo Diferentemente dos perfis pesso-ais a fanpage possui algumas funcionalidades a mais e tem como ob-jetivo reunir a comunidade envolvida com um determinado negoacutecio As fanpages tambeacutem apresentam recursos como aplicativos que promo-vem maior interaccedilatildeo do puacuteblico ferramenta de promoccedilatildeo que permite o impulsionamento dos seus posts aumentando a visibilidade de algum conteuacutedo-chave relatoacuterios de estatiacutesticas que possibilitam que seja feita uma anaacutelise das campanhas promovidas e do engajamento do puacuteblico com as postagens novas curtidas graacuteficos de desempenho entre ou-tros A fanpage eacute um exemplo de hipermiacutedia que surge com a possibili-dade de estabelecer links com diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-lo

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FOTOGRAFIA DIGITAL

Fotografia feita a partir de dispositivos digitais A fotografia digital frequentemente se assemelha a uma fotografia tradicional A primei-ra possui angulaccedilatildeo cor contrastes iluminaccedilatildeo e diversos elementos componentes da segunda No entanto a fotografia digital apresenta maior flexibilidade uma vez que pode ser manipulada editada recom-binada com outras imagens remodelada e compartilhada com outras pessoas nas redes sociais A fotografia tradicional serve como base para posteriormente ser trabalhada no ambiente digital por meio de programas de ediccedilatildeo ndash Photoshop Gimp Illustrator dentre outros ndash e receber novos elementos e novas cores em busca da comunicaccedilatildeo efi-ciente de ideias Um exemplo muito famoso da fotografia digital circu-lou nas eleiccedilotildees americanas de 2008 a foto conhecida como Hope (Espe-ranccedila) Eacute uma imagem do entatildeo candidato agrave presidecircncia Barack Obama com as cores da bandeira estadunidense e a palavra Hope centrada sob a foto composiccedilatildeo conhecida como pocircster poliacutetico A imagem foi cria-

F G

96

da pelo artista Frank Shepard Fairey fundador da Obey Giant Fairey usou uma fotografia tradicional feita por Mannie Garcia fotoacutegrafo da Associated Press para criar o cartaz atraveacutes da manipulaccedilatildeo de diver-sas camadas e inserccedilatildeo de efeitos Uma das primeiras imagens criadas por Fairey tinha a palavra Progress (Progresso) disposta da mesma for-ma que Hope Soacute em um segundo momento Fairey lanccedilaria a famosa seacuterie com a palavra Hope (Esperanccedila) estampada no cartaz que captu-rou o sentimento de esperanccedila e levou Barack Obama agrave Casa Branca De fato o cartaz de Fairey adquire seu real poder a partir de uma com-binaccedilatildeo de elementos visuais tradicionais e modernos participando de um novo ethos proacuteprio do poacutes-fotograacutefico e das novas miacutedias Pela facilidade de manipulaccedilatildeo poder de comunicar ideias e desencadear sentimentos a fotografia digital pode ser empregada em campanhas publicitaacuterias campanhas eleitorais memes etc

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

GAMIFICACcedilAtildeO E ENSINO

O termo em portuguecircs gamificaccedilatildeo (tambeacutem conhecido como lu-dificaccedilatildeo) vem do inglecircs gamification e estaacute relacionado com o uso de jogos digitais e seus elementos na resoluccedilatildeo de problemas do mundo real Isto quer dizer que a gamificaccedilatildeo pode ser entendida como meacute-todo praacutetica ou sistema baseado em jogos digitais com sua aplicaccedilatildeo fora do cenaacuterio dos games Seu foco eacute ajudar o indiviacuteduo no alcance de um determinado objetivo ou na resoluccedilatildeo de problemas aleacutem de pro-porcionar uma experiecircncia de aprendizagem individual eou coletiva Por causa das caracteriacutesticas luacutedicas e motivadoras da tecnologia digital como um todo surgiram estudos relacionando jogos digitais com aacutereas aleacutem do entretenimento como a aacuterea da educaccedilatildeo Esses estudos permi-tiram uma melhor compreensatildeo dos Serious Games (jogos seacuterios) jogos educativos e gamificaccedilatildeo A diferenccedila destes trecircs termos estaacute no fato de os dois primeiros jogos seacuterios e jogos educativos serem jogos comple-tos e a gamificaccedilatildeo natildeo ser exatamente um jogo mas sim elementos dos games utilizados fora dos proacuteprios jogos Vale ressaltar que existe uma diferenccedila entre a gamificaccedilatildeo no ensino e o uso de jogos digitais na educaccedilatildeo (educational games game-based learning etc) sendo estas duas propostas educativas diferentes Portanto a gamificaccedilatildeo natildeo eacute em si

G H

97

um jogo mas a utilizaccedilatildeo de abstraccedilotildees e metaacuteforas originaacuterias da cul-tura e estudos de videogames em aacutereas natildeo relacionadas a esses jogos

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias SANTOS Thales Gamificaccedilatildeo Um recurso aliado a educaccedilatildeo Orientador Profordf Drordf Alexandra Resende Campos 2019 54 f Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Ouro Preto Mariana MG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwmonografiasufopbrbitstream3540000024279MONOGRAFIA_Gamificac3a7c3a3oRecursoAliadopdfgt Acesso em 4 jul 2020

GRAMAacuteTICA SISTEcircMICO-FUNCIONAL

A gramaacutetica sistecircmico-funcional ou linguiacutestica sistecircmico-funcional eacute uma teoria desenvolvida pelo linguista Michael Alexander Kirkwood Halliday e colaboradores Eacute considerada uma abordagem referente ao estudo da linguagem focada na ideia de ldquofunccedilatildeordquo ou seja considera--se a gramaacutetica condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo para fornecer significados Essa concepccedilatildeo iniciada a partir dos estudos de Halliday nas deacutecadas de 1960 e 1970 eacute definida como sistecircmico-funcional uma vez que conside-ra a liacutengua com uma rede de sistemas associados que o locutor utiliza para gerar significados em contextos de comunicaccedilatildeo Nesse contexto a liacutengua deixa de ser um sistema dominado por regras e passa a ser analisada sob o ponto de vista sociossemioacutetico tornando-se um siste-ma de formaccedilatildeo de significados Como caracteriacutesticas da teoria sistecirc-mico-funcional define-se que o uso da liacutengua eacute funcional a funccedilatildeo da linguagem eacute produzir significados esses significados satildeo influenciados pelos contextos social e cultural em que satildeo negociados o uso da liacutengua produz significados atraveacutes de escolhas

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias EGGINS S An introduction to Systemic Functional Linguistics 2ed London New York Continuum 1994

SANTOS Zaacuteira Bomfante dos A Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional algumas consideraccedilotildees Soletras Revista Rio de Janeiro v 28 p 164-181 juldez 2014

THOMPSON G Introducing Functional Grammar 2 ed Oxford Oxford University Press 2003

HIPERMIacuteDIA

Entende-se por hipermiacutedia conglomerados de informaccedilatildeo multimiacute-dia (verbo som e imagem) de acesso natildeo sequencial navegaacuteveis por

H

98

meio de palavras-chave semialeatoacuterias A hipermiacutedia permite ao leitor apreciar viacutedeos filmes e animaccedilotildees ouvir muacutesicas canccedilotildees e falas no lugar em que se encontram simultacircnea ou quase Na hipermiacutedia haacute tambeacutem a possibilidade de interligar diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-las Imagens sons textos animaccedilotildees e viacutedeos podem ser conectados em combinaccedilotildees diversas rompendo com a ideia linear de um texto com comeccedilo meio e fim predetermina-dos e fixos Entende-se por hipermiacutedia tambeacutem um conjunto de infor-maccedilotildees armazenadas e veiculadas por meio de um computador que permite ao usuaacuterio ter acesso a diversos documentos (textos imagens estaacuteticas viacutedeos sons etc) por remissatildeo associativa por meio de links de hipertextos A hipermiacutedia eacute marcada pela oportunidade de interaccedilatildeo leitura natildeo linear extraccedilatildeo de recortes especiacuteficos para atender especi-ficidade sobre o que se procura no processo da navegabilidade

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

HIPERTEXTO

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson na deacutecada de 1960 para denominar a forma de escritaleitura natildeo linear na infor-maacutetica pelo sistema Xanadu O prefixo hiper- (do grego υπερ- sobre aleacutem) remete agrave superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da linearidade do texto es-crito possibilitando a representaccedilatildeo do nosso pensamento bem como um processo de produccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre as pessoas em uma (re)construccedilatildeo coletiva Ateacute entatildeo a ideia de hipertextualidade havia sido manifestada apenas pelo matemaacutetico e fiacutesico Vannevar Bush atraveacutes do dispositivo Memex Diferentemente do que se costuma pensar a ideia de hipertexto natildeo nasce com a internet As primeiras manifestaccedilotildees hipertextuais ocorrem nos seacuteculos XVI e XVII atraveacutes de manuscritos e marginalia Os primeiros sofriam alteraccedilotildees quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espeacutecie de escrita coletiva Os segundos eram anotaccedilotildees realizadas pelos leitores nas margens das paacuteginas dos livros antigos permitindo assim uma leitura natildeo linear do texto Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos para que pudessem ser consultadas por outros leitores A noccedilatildeo de hi-pertexto constitui um suporte linguiacutestico-semioacutetico hoje intensamente

H I

99

utilizado para estabelecer interaccedilotildees virtuais desterritorizadas Segun-do a maioria dos autores o termo designa uma escritura natildeo sequencial e natildeo linear que se ramifica e permite ao leitor virtual o acesso prati-camente ilimitado a outros textos a partir de escolhas locais e suces-sivas em tempo real Trata-se pois de um processo de leituraescrita multilinearizado multissequencial e natildeo determinado realizado em um novo espaccedilo ndash o ciberespaccedilo O hipertexto eacute tambeacutem uma forma de estruturaccedilatildeo textual que faz do leitor simultaneamente um coautor do texto oferecendo-lhe a possibilidade de opccedilatildeo entre caminhos diver-sificados de maneira a permitir diferentes niacuteveis de desenvolvimento e aprofundamento de um tema No hipertexto contudo tais possibili-dades se abrem a partir de elementos especiacuteficos nele presentes que se encontram interconectados embora natildeo necessariamente correlaciona-dos ndash os hiperlinks

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias CAVALCANTE Marianne Carvalho Bezerra Mapeamento e produccedilatildeo de sentido os links no hipertexto In MARCUSCHI amp XAVIER (orgs) Hipertextos e Gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

KOCH Ingedore G Villaccedila Desvendando os segredos do texto 4 ed Satildeo Paulo Cortez 2005

MARCUSCHI Luiz Antonio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

INDEXACcedilAtildeO

A palavra indexaccedilatildeo deriva do verbo indexar que significa organi-zar dados de tal modo que seja possiacutevel recuperar as informaccedilotildees de um arquivo Mais que isso eacute uma forma de identificar e encontrar um arquivo em bases de dados Os itens satildeo organizados por associaccedilatildeo a tags ou caracteriacutesticas particulares que o identifiquem entre muitos ou-tros Dessa forma tambeacutem eacute possiacutevel relacionar um material indexado como um arquivo publicado em um site aos resultados de mecanismos de busca (Google Yahoo etc) por exemplo Como natildeo eacute viaacutevel que os sites de busca faccedilam uma varredura on-line a cada pesquisa feita os bus-cadores indexam paacuteginas para criar um banco de dados relacionados as palavras buscadas Por isso as palavras-chave tecircm grande importacircncia pois elas ajudam o banco de dados a selecionar o material disponiacutevel mais coerente com a busca do usuaacuterio

Layla Juacutelia Gomes Mattos

I L

100

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

HISTOacuteRIA DOS SITES DE BUSCA indexaccedilatildeo (O que eacute indexaccedilatildeo) Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsitehistoriasobreossitesdebuscahistoria-siteindexacao~text=A20indexaC3A7C3A3o20C3A920a20formaum20grande20nC3BAmero20de20itensgt Acesso em 10 ago 2020

INTERATIVIDADE

A palavra interatividade surgiu nas deacutecadas de 1960 e 1970 com a evoluccedilatildeo das Tecnologias de Comunicaccedilatildeo e Informaccedilatildeo ndash TIC mais tarde Tecnologias Digitais de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC For-mada pelo prefixo ldquointerrdquo que significa entre uma coisa e outra e a palavra ldquoatividaderdquo que significa capacidade ou tendecircncia para agir para se movimentar para realizar alguma coisa Caracteriza o estado de interativo a capacidade de possibilitar interaccedilatildeo entre o indiviacuteduo e emissor relaccedilatildeo entre o homem-maacutequina e homem-homem que surge com as necessidades do ser humano no mundo globalizado resultando na mudanccedila da interaccedilatildeo humana A interatividade vem crescendo na educaccedilatildeo a distacircncia desde os cursos por correspondecircncia ateacute o ensi-no on-line A interaccedilatildeo entre professorado e alunado ampliou com os avanccedilos das TIC natildeo se limitando a executar e corrigir atividades ou acompanhar videoaulas por exemplo mas na forma como acontece o contato na educaccedilatildeo presencial entres discentes e docentes atraveacutes de ferramentas como chat webconferecircncia e foacuterum

Sabrina Ribeiro

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

LETRAMENTO

O vocaacutebulo letramento deriva da palavra inglesa literacy que vem do latim litera que significa letra mais o sufixo -cy que indica quali-dade condiccedilatildeo estado fato de ser Para tratar de letramento eacute preciso compreender a sua diferenccedila relaccedilatildeo e associaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo Estudiosos e teoacutericos diferenciam alfabetizaccedilatildeo de letramento da se-guinte forma a alfabetizaccedilatildeo diz respeito ao processo de aprendiza-gem de um coacutedigo e das habilidades de utilizaacute-lo para ler e escrever

L

101

O letramento vai aleacutem do domiacutenio do ato de ler e escrever possibilita tambeacutem o uso dessas habilidades em praacuteticas sociais em que escrever e ler satildeo imprescindiacuteveis O letramento natildeo constitui necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever mas eacute a condiccedilatildeo daquele que consequentemente se apropriou da escrita Quanto ao termo no plural letramentos refere-se aos diversos campos de compreensatildeo e anaacutelise do processo letramento literaacuterio filosoacutefico funcional cartograacutefico ou digital O uso pluralizado do termo eacute marcado por uma ampliaccedilatildeo do sentido de letra que estaacute na raiz etimoloacutegica da palavra para o sentido mais amplo de signos e siacutembolos levando a um certo descentramento da escrita na definiccedilatildeo dos letramentos Portanto letramentos apresen-ta como princiacutepio a complexidade do ato de ler e escrever num contexto de comunicaccedilatildeo mais aacutegil por meio de outros suportes aleacutem do forma-to impresso ou seja a utilizaccedilatildeo de novas miacutedias Neste sentido houve uma convergecircncia do texto para uma tela propiciando uma mudanccedila cultural e consequentemente nos letramentos

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPOS CA CORREcircA HT Praacuteticas de letramento literaacuterio em bibliotecas de escolas puacuteblicas municipais de Ouro Preto In Seminaacuterio de Literatura Infantil e Juvenil 7 2016 Florianoacutepolis Anais Florianoacutepolis UFSC UNISUL 2017 224-231 Disponiacutevel em lthttplinguagemunisulbrpaginasensinoposlinguagemeventossilij7-SLIJ-2017-Anaispdfgt Acesso em 21 jun 2020

COSSON R Letramento Literaacuterio uma localizaccedilatildeo necessaacuteria Letras amp letras v 31 n 3 juldez 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwseerufubrindexPhpletraseletrasarticleview3064416712gt Acesso em 9 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOARES MB Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2003

LETRAMENTO DIGITAL

A expressatildeo letramento digital refere-se agraves praacuteticas sociais de leitu-ra e escrita em ambientes digitais como aqueles propiciados pelos com-putadores ou por dispositivos moacuteveis tais como smartphones e tablets ou outros equipamentos como terminais de banco e eletrodomeacutesticos com interface digital Assim a capacidade de compreender discernir e criar com as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC natildeo estatildeo necessariamente ligadas agrave escola pois as pessoas apren-dem sobre o digital no dia a dia Considerando-se que o conceito de letramento trata do conjunto de praacuteticas sociais que usam a escrita em contextos especiacuteficos e com fins determinados alguns pesquisadores

L

102

enfatizam que haacute modalidades diferentes de letramento o que sugere que a palavra seja pluralizada haacute letramentos e natildeo letramento isto eacute diferentes espaccedilos de escrita e mecanismos de produccedilatildeo reproduccedilatildeo e difusatildeo resultam em diferentes letramentos A necessidade de plu-ralizaccedilatildeo da palavra letramento tambeacutem designa variados efeitos cog-nitivos culturais e sociais em funccedilatildeo dos contextos de interaccedilatildeo com a palavra escrita e em funccedilatildeo de variadas e muacuteltiplas formas de interaccedilatildeo com o mundo Neste sentido alguns pesquisadores enfatizam que o letramento digital designa um certo estado ou condiccedilatildeo que adquirem os que se apropriam da tecnologia digital e exercem praacuteticas de leitura e de escrita na tela Ser letrado digitalmente implica saber se comunicar em diferentes situaccedilotildees buscar informaccedilotildees no ambiente digital e se-lecionaacute-las avaliando sua credibilidade Aleacutem do acesso agrave informaccedilatildeo cabe ao leitor estar atento agrave autoria agrave fonte e ter senso criacutetico para ava-liar o que encontra Ser letrado digitalmente implica portanto em fazer uso das TDIC respondendo ativa e criticamente a diferentes propoacutesitos e contextos interagindo e participando socialmente da construccedilatildeo cole-tiva do conhecimento

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasCOSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E (Orgs) Letramento Digital aspectos sociais e possibilidades pedagoacutegicas 3 ed Belo Horizonte Ceale Autecircntica 2011

COSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E Letramento Digital In FRADE Isabel C A S VAL Maria G C BREGUNCI Maria G C (Orgs) Glossaacuterio CEALE Termos de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita para Educadores Centro de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita - CEALE Belo Horizonte Faculdade de Educaccedilatildeo da UFMG 2014

SOARES Magda B Novas praacuteticas de leitura e escrita letramento na cibercultura Educaccedilatildeo e Sociedade v 23 n 31 p 143-160 dez 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfesv23n8113935pdfgt Acesso em 3 ago 2020

LETRAMENTO INFORMACIONAL

A expressatildeo letramento informacional eacute uma traduccedilatildeo de informa-tion literacy cunhada nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1970 pelo bibliotecaacuterio americano Paul Zurkowski No Brasil foi no iniacute-cio do seacuteculo XXI que os estudos sobre o tema se iniciaram A pesqui-sadora Bernadete Campello discorre sobre o letramento informacional com maior enfoque nos bibliotecaacuterios e educadores pois esse termo foi usado no contexto norte-americano para caracterizar as competecircncias necessaacuterias ao uso de fontes eletrocircnicas de informaccedilatildeo De modo geral pode-se dizer que o letramento informacional significa um processo de autoaprendizado do indiviacuteduo por meio da tomada de consciecircncia

L

103

de qual eacute a sua necessidade de informaccedilatildeo e as habilidades necessaacuterias para utilizaccedilatildeo das fontes de maneira que possibilite a competecircncia e a autonomia na busca e uso da informaccedilatildeo para gerar conhecimento O letramento informacional tem como finalidade a adaptaccedilatildeo e a socia-lizaccedilatildeo dos indiviacuteduos na sociedade da aprendizagem Sendo assim compreende a capacidade de determinar a sua necessidade de infor-maccedilatildeo acessar a informaccedilatildeo com eficiecircncia avaliar a informaccedilatildeo e suas fontes criticamente incorporar a nova informaccedilatildeo ao conhecimento preacutevio utilizar a informaccedilatildeo de maneira efetiva para alcanccedilar objetivos especiacuteficos compreender os aspectos socioeconocircmicos e legais do uso da informaccedilatildeo bem como acessar e usar a informaccedilatildeo dentro da lei

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPELLO B Letramento Informacional funccedilatildeo educativa do bibliotecaacuterio na escola Belo Horizonte Autecircntica 2009

DUDZIAK E A Information literacy princiacutepios filosofia e praacutetica Ciecircncia da Informaccedilatildeo Brasiacutelia v 32 n 1 Apr 2003 Disponiacutevel em lthttpswwwscielo brpdfciv32n115970pdfgt Acesso em 12 jul 2020

GASQUE K C G D Letramento informacional pesquisa reflexatildeo e aprendizagem Brasiacutelia Faculdade de Ciecircncia da Informaccedilatildeo 2012

LETRAMENTOS MUacuteLTIPLOS

Para entendermos o conceito de letramentos muacuteltiplos retomemos a noccedilatildeo de letramentos que a partir das transformaccedilotildees nas formas de se pensar e usar a leitura e escrita foi se ressignificando Letramentos no plural nos remete agrave ideia que os letramentos satildeo muitos Sendo assim letramentos satildeo as diversas praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita e natildeo se restringem somente ao saber ler e escre-ver (alfabetizaccedilatildeo) Importante lembrar que alfabetizaccedilatildeo e letramento satildeo termos indissociaacuteveis poreacutem diferentes em termos de processos cognitivos Para ampliar essa complexidade que abarca os letramentos surge a necessidade de conceituaacute-los e adjetivaacute-los como letramentos muacuteltiplos A palavra muacuteltiplos aparece no dicionaacuterio como sinocircnimo de multiacuteplice que aponta para algo composto por elementos complexos e variados Ao atribuir tal adjetivo ao substantivo letramentos formando a expressatildeo letramentos muacuteltiplos entendemos que as praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita satildeo variadas satildeo muitas se multiplicam e tambeacutem satildeo processos complexos pois mesmo um in-diviacuteduo natildeo alfabetizado pode participar de diversas praacuteticas de letra-mento na sociedade sendo assim letrado de uma certa maneira com

L

104

algum niacutevel de letramento Uma possibilidade de definiccedilatildeo pode ser es-tabelecida de modo que os letramentos compreendam as mais variadas formas de utilizaccedilatildeo da leitura e da escrita seja na cultura escolar ou em suas formas dominantes assim como nas diferentes culturas locais e populares como tambeacutem nos produtos da cultura de massa Nessa perspectiva entendemos que eles abrangem diferentes e diversificadas praacuteticas de leitura e escrita por isso satildeo muacuteltiplos Dessa forma fala-mos em letramento literaacuterio filosoacutefico informacional digital etc

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

LIVES (live streaming)

A traduccedilatildeo literal da palavra inglesa live eacute ldquovivordquo ldquopermanecerrdquo ou ldquomorarrdquo Jaacute a palavra streaming pode ser traduzida por ldquotransmissatildeordquo ou seja a expressatildeo live streaming pode ser entendida como ldquotransmis-satildeo ao vivordquo

O avanccedilo da banda larga na internet (em meados de 2005) permitiu que o sistema de streaming (ou seja o fluxo de dados entre a internet e hardwares) pudesse transmitir dados de som e imagens (estaacuteticas eou em movimento) em grande volume O streaming foi um sistema desen-volvido para permitir que o usuaacuterio da internet natildeo precisasse mais realizar o download ndash descarregamentotransferecircncia termos usados na comunicaccedilatildeo em redes de computadores para referenciar a trans-missatildeo de dados de um dispositivo para outro atraveacutes de um canal de comunicaccedilatildeo previamente estabelecido - para o consumo de arquivos audiovisuais Com essa tecnologia a internet recebe as informaccedilotildees (dados) ao mesmo tempo em que as repassa ao usuaacuterio (consumidor dos dados) Assim os dados satildeo baixados instantaneamente conforme o arquivo vai sendo executado armazenados temporariamente e depois deletados do equipamento (computador ou smartphone por exemplo) Assim o streaming possibilitou as lives (ou tambeacutem live streaming) o que basicamente eacute a transmissatildeo de dados ao vivo via internet ou rede de computadores (dados audiovisuais ou somente aacuteudio) em que os dados gravados satildeo transmitidos em tempo real aos dispositivos conectados

A primeira realizaccedilatildeo de uma live streaming aconteceu em 1993 pelo grupo musical Severe Tire Damage Formada por profissionais de empre-sas de tecnologia de Palo Alto na Califoacuternia a banda transmitiu um pequeno show realizado no Centro de Pesquisa da Xerox e se tornou a

L M

105

pioneira no live streaming A partir de entatildeo essa tecnologia permitiu a transmissatildeo de eventos dos mais diversos como partidas esportivas ateacute palestras e aulas on-line

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias LIVE streaming tudo o que vocecirc precisa saber sobre essa tecnologia Netshowme 2017 Disponiacutevel em lthttpsnetshowmebloglive-streaming-tudo-o-que-voce-precisa-sabergt Acesso em 15 de jul de 2020

LIVE streaming Wikipedia 2020 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiLive_streaminggt Acesso em 15 de jul de 2020

DOWNLOAD e upload Wikipedia 2004 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiDownload_e_uploadgt Acesso em 15 de jul de 2020

MASHUPS

Mashup eacute uma palavra da liacutengua inglesa traduzida para o portu-guecircs como ldquomisturardquo Denominamos mashup uma canccedilatildeo ou composi-ccedilatildeo criada a partir da mistura e combinaccedilatildeo de duas ou mais canccedilotildees eou viacutedeos preexistentes Esse tipo de obra tem suas origens na dissemi-naccedilatildeo de remixes musicais ao longo do seacuteculo XX os quais passaram a misturar elementos de duas ou mais canccedilotildees Essas produccedilotildees torna-ram-se populares ao longo dos anos 1990 em vaacuterios gecircneros musicais principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias e softwares de digitalizaccedilatildeo do som Essa popularizaccedilatildeo ao longo do seacuteculo XX ex-trapolou o acircmbito da muacutesica de forma que o mashup tornou-se um mo-delo conceitual para criaccedilotildees em diversos tipos de miacutedia Os mashups satildeo tipos de remixes caracterizados pela combinaccedilatildeo de elementos de duas ou mais fontes (aparentemente muito distintas entre si) numa nova obra que pode ou natildeo retomar explicitamente essas fontes Um exemplo de mashup eacute a combinaccedilatildeo de canccedilotildees de Bob Marley (No wo-man no cry) e The Beatles (Let it be) para gerar um novo material intitu-lado Bob Marley vs The Beatles - Let it be no cry e divulgado no YouTube

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias BUZATO M E K et al Remix mashup paroacutedia e companhia por uma taxonomia multidimensional da transtextualidade na cultura digital Rev bras linguist apl v 13 n 4 p 1191-1221 2013

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

106

MEMES

A palavra meme vem do grego mimema que significa imitaccedilatildeo Sua primeira apariccedilatildeo foi em 1976 no livro The Selfish Gene (O gene egoiacutesta) de Richard Dawkins Na obra o termo meme eacute descrito como ldquouma unidade de transmissatildeo cultural ou uma unidade de imitaccedilatildeordquo Um meme pode ser uma histoacuteria um haacutebito uma habilidade uma maneira de fazer coisas que copiamos de uma pessoa para outra atraveacutes da imi-taccedilatildeo Na oacutetica da cibercultura meme eacute tudo aquilo que se propaga ou espalha aleatoriamente com algum conteuacutedo humoriacutestico Memes po-dem ser viacutedeos virais feitos para circular e ser redistribuiacutedo em redes sociais geralmente dentro de tradiccedilotildees de ciberativismo consistem no remix de um mesmo fragmento de material audiovisual acrescido de uma nova informaccedilatildeo uma nova legenda dublagem eou outros frag-mentos de viacutedeos

Pode-se dizer que os memes satildeo uma espeacutecie de ldquoproduccedilatildeordquo que traz consigo alguma criacutetica eou teor humoriacutestico a partir do remix de outra obra (visual audiovisual etc) podendo ser replicada para atingir uma grande quantidade de pessoas

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOUZA Carlos Memes Formaccedilotildees discursivas que ecoam no ciberespaccedilo Veacutertices Campos dos Goytacazes RJ v 15 n 1 p 127-148 2013 DOI 1059351809-266720130011 Disponiacutevel em lthttpessentiaeditoraiffedubrindexphpverticesarticleview1809-2667201300112743gt Acesso em 3 jul 2020

METAMIacuteDIA

A ideia de metamiacutedia decorre do teoacuterico canadense Marshall McLuhan O prefixo meta remete a uma dimensatildeo midiaacutetica intersti-cial um devir-miacutedia que estaacute em permanente transformaccedilatildeo segundo o termo originalmente cunhado por Alan Kay e Adele Golberg Fenocirc-meno que refuta a separaccedilatildeo dos elementos e a organizaccedilatildeo da miacutedia segundo padrotildees Um dos princiacutepios baacutesicos e que sustenta os demais eacute a ldquorepresentaccedilatildeo numeacutericardquo o que significa a capacidade que a miacutedia digital possui de emular qualquer objeto em termos puramente formais ou matemaacuteticos Outro princiacutepio para compreender a metamiacutedia eacute a variabilidade o que possibilita que os objetos digitais existam numa in-finidade de versotildees Para melhor compreender essa questatildeo os produ-

M

107

tos midiaacuteticos satildeo o resultado de diferentes algoritmos que modificam uma estrutura singular de dados Trata-se de uma miacutedia que conjugaria constantemente todas as anteriores Diferentes meios de comunicaccedilatildeo estatildeo em constante relaccedilatildeo de contato e apropriaccedilatildeo uns com os outros O raacutedio surge como metamiacutedia do jornal impresso alcanccedilando sua au-tonomia A tevecirc eacute uma metamiacutedia do raacutedio A internet eacute metamiacutedia das miacutedias anteriores mas agrega a especificidade da interaccedilatildeo da reelabo-raccedilatildeo e difusatildeo por ela mesma do conteuacutedo ressignificado pelo usuaacuterio

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SATUF Ivan Contribuiccedilotildees e desafios da Teoria Ator-Rede para o estudo da metamiacutedia Esferas Ano 6 nordm 11 Julho a dezembro de 2017

METODOLOGIAS ATIVAS

As chamadas metodologias ativas constituem um conjunto de meacute-todos e maneiras de ensino e aprendizagem para que os alunos apren-dam de forma autocircnoma e participativa a partir de problemas e si-tuaccedilotildees reais Satildeo exemplos de metodologias ativas a aula invertida a pedagogia de projetos a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo a aprendizagem baseada em problemas dentre outras Nas metodologias ativas o estudante eacute o centro do processo de aprendizagem participan-do efetivamente e sendo responsaacutevel pela construccedilatildeo do conhecimento

Para se trabalhar na perspectiva das metodologias ativas eacute preciso que os curriacuteculos escolares as metodologias os tempos e os espaccedilos sejam revistos a fim de promover uma evoluccedilatildeo para se tornar relevan-te frente agraves constantes mudanccedilas na sociedade As tecnologias digitais permitem hoje em dia a integraccedilatildeo de espaccedilos e tempos tornando-se importantes nos processos educacionais O ensinar e aprender deve acontecer em uma interligaccedilatildeo simboacutelica profunda constante entre o que chamamos mundo fiacutesico e mundo digital Natildeo satildeo dois mundos ou dois espaccedilos mas um espaccedilo estendido em uma sala de aula ampliada e que se hibridiza constantemente Por isso a educaccedilatildeo formal eacute cada vez mais misturada hiacutebrida porque natildeo acontece soacute no espaccedilo fiacutesico da sala de aula mas nos muacuteltiplos espaccedilos do cotidiano que incluem os espaccedilos digitais O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos mas tambeacutem digitalmente com as tecnologias moacuteveis equilibrando a interaccedilatildeo com todos e com cada um Nesse contexto as metodologias ativas satildeo praacuteticas escolarizadas que buscam explorar

M

108

todo o potencial de aprendizagem dos alunos por meio de ferramentas tecnoloacutegicas disponiacuteveis no mundo globalizado

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

Referecircncias MOacuteRAN Joseacute Manuel Mudando a educaccedilatildeo com metodologias ativas Coleccedilatildeo Miacutedias Contemporacircneas Convergecircncias Midiaacuteticas Educaccedilatildeo e Cidadania aproximaccedilotildees jovens Ponta Grossa UEPGPROEX v II 2015 Disponiacutevel em lthttpwww2ecauspbrmoranwp-contentuploads201312mudando_moranpdfgt Acesso em 29 jul 2020

MIacuteDIAS

A palavra miacutedia vem do latim medium cujo plural eacute media com sen-tido de meio A pronuacutencia aportuguesada miacutedia vem do inglecircs em que o ldquoerdquo eacute pronunciado como o ldquoirdquo em portuguecircs A palavra foi introdu-zida no portuguecircs brasileiro nos anos 1960 com o sentido de ldquomeio de comunicaccedilatildeo (social) de massardquo e tem como exemplos mais comuns os jornais impressos o raacutedio a televisatildeo que tiveram seu auge durante o seacuteculo XX A palavra foi introduzida no inglecircs no final do seacuteculo XIX e iniacutecio do seacuteculo XX agrave eacutepoca da invenccedilatildeo do teleacutegrafo da fotografia e do raacutedio para designar a comunicaccedilatildeo entre pessoas distantes espacial-mente de forma anaacuteloga agraves que se realizavam nas sessotildees espiacuteritas por meio de uma pessoa (meacutedium) que servia de mediador entre um espiacuteri-to e as pessoas presentes em uma reuniatildeo realizada com essa intenccedilatildeo Atualmente a palavra eacute usada para designar a imprensa (a grande miacute-dia ou seja os grandes jornais e as grandes redes de comunicaccedilatildeo e a chamada miacutedia alternativa iniciativas que surgem como possibilidade de informaccedilotildees natildeo veiculadas da mesma forma pelas miacutedias de maior poder de penetraccedilatildeo) Na aacuterea da publicidade tem sentido mais especiacute-fico ligado agrave escolha dos veiacuteculos em que determinadas campanhas satildeo disponibilizadas A palavra miacutedia eacute usada ainda para designar a base fiacutesica para a tecnologia empregada no registro e veiculaccedilatildeo da informa-ccedilatildeo por exemplo um CD um pen drive ou um impresso No portuguecircs de Portugal usa-se normalmente a forma meacutedia

Heacutercules Tolecircdo CorrecircaReferecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Ed Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

109

MULTILETRAMENTOS

A palavra multiletramentos eacute formada pelo prefixo mult(i) - do la-tim multus a um correspondente a abundante numeroso em gran-de quantidade - e a palavra letramentos Antes de conceituaacute-la eacute ne-cessaacuterio compreender o que se entende por letramento No Brasil em meados dos anos 1990 esse termo ganha destaque nos estudos de lin-guagem e educaccedilatildeo ao ir aleacutem da ideia de alfabetizaccedilatildeo O letramento eacute um conceito de visatildeo antropoloacutegica ou seja diz respeito aos usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de diferentes ma-neiras sendo socialmente valorizados ou natildeo de diferentes grupos e esferas sociais e culturais Portanto letramento natildeo considera somen-te o sujeito que sabe ler e escrever mas sim eacute o estado ou a condiccedilatildeo que adquire um indiviacuteduo ou grupo social ao se apropriar da escrita A partir desse conceito o adjetivo ldquoletradordquo pode ser entendido como o indiviacuteduo que convive com diversas praacuteticas de leitura e escrita sa-bendo ler ou natildeo Pensando nas diversas situaccedilotildees em que utilizamos a leitura e a escrita surge entatildeo a necessidade de tornar esse conceito plural letramentos Vaacuterias atividades em nosso cotidiano demandam o uso da escrita e mesmo os indiviacuteduos que satildeo analfabetos tambeacutem participam de praacuteticas letradas ou seja modos culturais de utilizar a linguagem escrita em suas vidas cotidianas que variam de acordo com os contextos culturais e sociais Pensando nisso na diversidade de praacute-ticas letradas que surgem com as transformaccedilotildees culturais linguiacutesticas e econocircmicas da sociedade surge a necessidade de ampliar o conceito de letramentos A partir dessa necessidade nasce o conceito de multi-letramentos do inglecircs multiliteracy que surge da reuniatildeo de um grupo de pesquisadores de aacutereas distintas da linguagem que ficou conhecido como New London Group - NLG (Grupo de Nova Londres) no ano de 1996 cujo objetivo era discutir as transformaccedilotildees do mundo globaliza-do seu impacto no ensino de liacutenguas e as transformaccedilotildees pelas quais os textos vinham incorporando ao longo do tempo Para esses pesquisa-dores os textos estavam se modificando ou seja natildeo eram somente de caraacuteter escrito e sim compostos de muacuteltiplas e diferentes linguagens a chamada multimodalidade Os multiletramentos apontam para dois aspectos principais do uso da linguagem sendo eles as diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e a diversidade de contextos e culturas que constituem a sociedade No que diz respeito agraves muacuteltiplas lingua-gens ou agrave multimodalidade dos textos entendemos que os textos que circulam socialmente impressos em diferentes suportes e digitais satildeo compostos por muacuteltiplas semioses e linguagens O segundo aspecto diz respeito agrave multiplicidade cultural que aponta para a variedade de cul-

M

110

turas de produccedilatildeo cultural letrada e do hibridismo textual baseado na eliminaccedilatildeo de fronteiras entre o culto e o popular Aleacutem dessa multipli-cidade surge tambeacutem uma nova eacutetica que natildeo se baseia na ideia de pro-priedade (como o direito autoral) mas no diaacutelogo entre novos partici-pantes (o remix) e uma nova esteacutetica baseada na ideia de ldquocoleccedilatildeordquo em que cada indiviacuteduo seleciona por uma questatildeo esteacutetica de apreciaccedilatildeo conforme seus gostos Os multiletramentos portanto correspondem a esses textos multissemioacuteticos que proporcionam novas relaccedilotildees e expe-riecircncias entre indiviacuteduos textos e culturas

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias COPE Bill KALANTZIS Mary A pedagogy of Multiliteracies designing social futures In COPE B KALANTZIS M (Eds) Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures New York Routledge 2000 p 9-37

KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a praacutetica social da escrita Campinas SP Mercado de Letras 1995

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTILINGUISMO

Mulltilinguismo se refere agrave presenccedila de vaacuterias liacutenguas em coexis-tecircncia O reconhecimento dessa coexistecircncia como um estado natural de um mundo globalizado contribui para a promoccedilatildeo de uma educaccedilatildeo antirracista e valoriza a importacircncia dessas liacutenguas no desenvolvimen-to social e cultural bem como econocircmico e poliacutetico Diante disso focar em uma liacutengua nacional natildeo eacute uma resposta educacional adequada a um mundo multiliacutengue Pessoas multiliacutengues desenvolvem capacida-des de compreender melhor culturas e maneiras de pensar diferentes tal experiecircncia tambeacutem possibilita que se adaptem a necessidades que as liacutenguas dominantes demandem seja no acircmbito linguiacutestico seja no conceitual

No Brasil a liacutengua portuguesa eacute o idioma oficial mas no ano de 2010 por meio do decreto nordm 7387 foi criado o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) identificando 32 municiacutepios com doze liacutenguas cooficiais quatro de descendentes de imigrantes e oito liacutenguas indiacutegenas O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE tam-beacutem no ano de 2010 em uma primeira contagem desde 1950 conseguiu mapear por meio de um censo demograacutefico duzentas e setenta e qua-tro liacutenguas indiacutegenas e tambeacutem trezentas e cinco etnias Aleacutem dessas existem ainda outras multiplicidades como liacutenguas de sinais crioulas afrodescendentes e variaccedilotildees da liacutengua portuguesa em diversas regi-

M

111

otildees do paiacutes Contudo uma naccedilatildeo multiliacutengue se constroacutei com medidas institucionais que se movimentam para aleacutem do reconhecimento da existecircncia de muacuteltiplas liacutenguas no paiacutes Faz-se necessaacuterio investir em instacircncias educacionais que promovam acesso a conhecimento e que valorizem o patrimocircnio cultural (familiar histoacuterico e linguiacutestico) dos cidadatildeos

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias ARCHANJO Renata Globalizaccedilatildeo e Multilingualismo no Brasil Competecircncia Linguiacutestica e o Programa Ciecircncia Sem Fronteiras Revista Brasileira de Linguiacutestica Aplicada Belo Horizonte v 15 ed 3 julset 2015 DOI httpsdoiorg1015901984-639820156309 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrjrblaazCHkdXKkKVJ68hNBktdGWMLlang=ptgt Acesso em 22 jul 2020

Finger I Alves U K Fontes A B A da L amp Preuss E O (2016) Diaacutelogos em multilinguismo uma discussatildeo sobre as pesquisas realizadas no labicoufrgs Letrocircnica s97-s113 httpsdoiorg10154481984-43012016s22390 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpletronicaarticleview22390gt Acesso em 26 jul 2020

LEMOS Ameacutelia Francisco Filipe da C Liacutengua e cultura em contexto multilingue um olhar sobre o sistemaeducativo em Moccedilambique Educar em Revista Curitiba v 34 ed 69 p 17-32 maiojun 2018 DOI 1015900104-406057228 Disponiacutevel em lthttpsrevistasufprbreducararticleview5722835458gt Acesso em 15 jul 2020

LOTHERINGTON H Pedagogy of Multiliteracies Rewriting Goldilocks 1ordf Ediccedilatildeo Editora Routledge 2011

MORELLO R Multilinguismo e ensino nas fronteiras Liacutenguas e Instrumentos Liacutenguiacutesticos Campinas SP n 43 p 217ndash236 2019 DOI 1020396lilv0i438658350 Disponiacutevel em lthttpsperiodicossbuunicampbrojsindexphplilarticleview8658350gt Acesso em 26 jul2020

MULTIMIacuteDIA

A palavra multimiacutedia relaciona-se com os campos da comunicaccedilatildeo e da informaacutetica Pode-se compreendecirc-la como muacuteltiplos meios para se realizar uma comunicaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de meios de comunicaccedilatildeo di-ferentes com vaacuterios suportes de difusatildeo de informaccedilatildeo notadamente imagem e som qualquer recurso de comunicaccedilatildeo ou meio de expressatildeo em que se utiliza mais de um canal de comunicaccedilatildeo Uma apresentaccedilatildeo multimiacutedia eacute contextualizada pela utilizaccedilatildeo de imagem viacutedeo anima-ccedilatildeo som ou uma combinaccedilatildeo dessas miacutedias Na informaacutetica o conceito define a possibilidade de possuir todos os meios de comunicaccedilatildeo entre um computador e o usuaacuterio ainda que estes natildeo sejam bidirecionais Em uma campanha publicitaacuteria ou um plano de miacutedia multimiacutedia eacute a combinaccedilatildeo de diferentes meios e veiacuteculos que favorecem os objetivos de comunicaccedilatildeo cobertura e distribuiccedilatildeo Uma empresa multimiacutedia eacute

M

112

marcada pelo desenvolvimento de produtos que combina a utilizaccedilatildeo de vaacuterias miacutedias ou que oferece serviccedilos independentes (que natildeo se re-lacionam necessariamente) como eacute o caso de um conglomerado indus-trial que possui canais de raacutedio televisatildeo revistas jornais serviccedilos de portalsite fotografia etc O conglomerado pode gerar produtos multi-miacutedia eou oferecer serviccedilos multimiacutedia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MICHAELIS Michaelis Dicionaacuterio Brasileiro da Liacutengua Portuguesa Acesso em lthttpsmichaelisuolcombrgt Acesso em 17 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

PRIBERAM Disponiacutevel em lthttpsdicionariopriberamorggt Acesso em 17 jul 2020

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infantojuvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

MULTIMODALIDADE

A multimodalidade eacute um fenocircmeno em que diferentes modos se-mioacuteticos isto eacute diferentes linguagens como idiomas representaccedilotildees visuais gestos satildeo combinados e integrados em situaccedilotildees comunicati-vas O conceito de multimodalidade geralmente ligado agrave palavra texto comeccedilou a ser usado diante de caracteriacutesticas natildeo verbais que um texto expressa englobando imagens som e gestos Um texto multimodal traz mais de uma modalidade linguiacutestica verbal ou natildeo verbal integradas em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo

A multimodalidade natildeo eacute apenas a soma de linguagens mas a inte-raccedilatildeo entre linguagens diferentes em um mesmo texto Em um mundo marcado por princiacutepios verbais escritos de produccedilatildeo do texto esse se manifesta organizado segundo princiacutepios imageacuteticos de produccedilatildeo

A multimodalidade eacute encontrada em uma conversa face a face em que gestos e expressotildees faciais se unem agrave linguagem verbal Outro exemplo eacute visto nos livros infantis que usam diferentes texturas chei-ros e ateacute mesmo figuras que saltam de suas paacuteginas para estimular os sentidos das crianccedilas

M

113

O conceito de multimodalidade surge a partir da teoria semioacuteti-ca mais especificamente da Semioacutetica Social dos estudiosos Gunther Kress e Leeuwen A semioacutetica prima pelo estudo do texto em suas dife-rentes formas e linguagens mais especificamente focando em explicar o que ele diz e como faz para dizer o que diz

Embora mais utilizada para se referir a textos digitais a multimo-dalidade jaacute era encontrada em pinturas rupestres que demonstram a vida cotidiana do homem expressa por signos Atualmente os textos verbais convivem mutuamente com iacutecones fotos viacutedeos expressando a sua multimodalidade

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias BARROS Diana Luz de Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

CORREcircA Heacutercules T e COSCARELLI Carla V Multimodalidade MIL Daniel (Org) Dicionaacuterio criacutetico da educaccedilatildeo e tecnologias e de educaccedilatildeo a distacircncia Satildeo Paulo Papirus 2018

ROJO Roxane MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTISSEMIOSE

Multissemiose eacute a combinaccedilatildeo de diversos sistemas semioacuteticos como a linguagem verbal e a natildeo verbal em um mesmo texto Assim sendo podemos conceber o texto multissemioacutetico tambeacutem chamado de multimodal por alguns estudiosos como uma interaccedilatildeo semacircntica en-tre fala imagens escrita e outros modos veiculados por meio de outros sentidos ndash tato e paladar por exemplo A multissemiose estaacute presente em textos que nos permitem interpretar uma mensagem imagetica-mente de modo que o leitor tenha aleacutem do texto verbal alguns recur-sos visuais que facilitem o processamento do conteuacutedo em si

A multissimeiose eacute uma marca dos textos na sociedade atual re-pleta de panfletos outdoors reconhecimento automaacutetico de voz textos verbais acompanhados de fotos imagens diversas emoticons e emojis

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias KRESS G VAN L T Reading images the grammar of visual design 2 ed London amp New York Routledge 2006

ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

VIEIRA Mauriceacuteia de Paula A leitura de textos multissemioacuteticos novos desafios para velhos problemas Anais do SIELP Uberlacircndia EDUFU 2012 v 2 n 1

N

114

NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO

O termo letramento vem sendo acompanhado de diferentes adjetivos e outros termos qualificadores ao longo dos anos a partir do seu sur-gimento no Brasil nos anos 1980 Antes de definirmos Novos Estudos do Letramento eacute importante relembrar o que se entende por letramen-to Numa perspectiva socioantropoloacutegica o termo letramento pode ser entendido como usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam eles socialmente valorizados ou natildeo locais (proacuteprios de uma comunidade especiacutefica) ou globais re-cobrindo contextos sociais diversos (famiacutelia igreja trabalho miacutedias escolas etc) em grupos sociais e comunidades culturalmente diversifi-cadas e o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em dife-rentes situaccedilotildees de uso dela Constitui-se portanto um sujeito letrado aquele que domina essas praacuteticas sociais de leitura e escrita Partamos entatildeo para o que chamamos de Novos Estudos do Letramento Novos ndash plural de novo ndash que se caracteriza pela atualidade pela contempo-raneidade ndash e atribuiacutedo aos estudos do letramento Esse conceito surge ao se observar que os estudos do letramento estavam caminhando para um vieacutes mais social do que cognitivo Essa denominaccedilatildeo New Litera-cy Studies (NLS) foca em uma visatildeo mais social do letramento Esse ldquonovordquo se relaciona agrave ideia de ldquovirada socialrdquo ndash termo representou uma mudanccedila paradigmaacutetica da mente do indiviacuteduo passou-se a conside-rar leitura e escrita a partir do contexto das praacuteticas sociais e culturais (histoacutericas poliacuteticas e econocircmicas) ndash ou seja um aprofundamento das praacuteticas sociais culturais e locais de uso do letramento Esse caraacuteter etnograacutefico proposto pelos NLS enquanto um modelo de pesquisa envolve enquadramentos conceitualizaccedilotildees conduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo escrita e relato associado a um estudo amplo profundo e de longa du-raccedilatildeo de um grupo social ou cultural A partir dos estudos fundamen-tados na metodologia da etnografia o NLS apresenta duas concepccedilotildees de letramento autocircnomo e ideoloacutegico Pela perspectiva do letramento autocircnomo entende-se que o indiviacuteduo age de maneira independente Trata-se de um modelo de letramento que natildeo depende de um contexto social pois estaacute baseado em noccedilotildees de neutralidade e universalidade do conhecimento a ser transmitido ou seja o letramento por si soacute eacute autocircnomo capaz de produzir efeitos sobre praacuteticas cognitivas e sociais desconsiderando as condiccedilotildees sociais culturais e econocircmicas ineren-tes agrave vida social Jaacute na perspectiva do letramento ideoloacutegico as praacute-ticas de letramento variam de um contexto a outro isso porque esse modelo entende o letramento como uma praacutetica social e natildeo somente uma habilidade teacutecnica e neutra Nessa perspectiva o modo como as

N

115

pessoas se relacionam com a leitura estaacute enraizado na representaccedilatildeo dessas pessoas sobre o conhecimento Diferente do modelo autocircnomo em que o letramento eacute algo ldquodadordquo aos sujeitos o letramento ideoloacutegico seraacute reformulado reapropriado de maneiras diferentes de acordo com o contexto em que tiver inserido e com a identidade dos sujeitos-mem-bros de uma comunidade

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias BEVILAQUA Raquel Novos estudos do letramento e multiletramentos divergecircncias e confluecircncias RevLet Revista Virtual de Letras v 5 n1 janjul 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwrevletcombrartigos175pdfgt Acesso em 5 jul 2020

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

STREET B V Literacy and multimodality STIS Lecture Inter-Disciplinary Seminars Laboratoacuterio SEMIOTEC da FALEUFMG Faculdade de Letras Belo Horizonte Brazil 2012

NOVOS (MULTI)LETRAMENTOS

Para compreendermos o que se designa de Novos (multi)letramen-tos eacute importante retomar brevemente o conceito de multiletramentos Os multiletramentos se constituem a partir das diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e da diversidade de contextos e culturas que cons-tituem a sociedade Sendo assim ao longo do tempo surgiu a necessida-de de atribuir o adjetivo novos (no plural) ndash que aponta para algo que vigora que tem curso atual e substitui algo jaacute ultrapassado ndash ou seja a incorporaccedilatildeo desse adjetivo caminha para uma ideia de que surgiram ou se ampliaram os usos de novas linguagens e estamos em uma diver-sidade de contextos e culturas mais amplos Um dos fatores que moti-varam o emprego dessa ideia de novo eacute o uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo A internet mudou e ampliou as praacuteticas de letramento(s) promovendo assim uma novidade em relaccedilatildeo agraves praacuteti-cas sociais Os novos letramentos surgem com a internet e a tecnologia e para isso demandam novas habilidades de utilizaccedilatildeo como uso de aplicativos de texto que tambeacutem integram sons imagens e animaccedilotildees Aleacutem disso os novos dispositivos vecircm se transformando e se modifi-cando cada vez mais para atender as diferentes demandas da sociedade como por exemplo os smartphones os tablets os laptops os smartwatches (reloacutegios digitais com funccedilotildees diversas)Todos esses novos letramentos possuem esse caraacuteter multi (muitos) satildeo muacuteltiplos multimodais e mul-tifacetados Aleacutem disso esses novos letramentos satildeo mais participati-

N O

116

vos colaborativos e distributivos Essas novas tecnologias assim como esses novos dispositivos promoveram novas possibilidades de textosdiscursos como o hipertexto a multimiacutedia e depois a hipermiacutedia que por sua vez ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos tex-tosdiscursos requisitando assim novos (multi)letramentos

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

OBJETOS DE APRENDIZAGEM ndash recursos digitais

No mundo globalizado os objetos de aprendizagem possuem uma estreita ligaccedilatildeo com as tecnologias digitais e a internet Dessa manei-ra agrave medida que as tecnologias digitais se aprimoram os recursos se apresentam com maiores possibilidades de ocuparem lugares no cam-po educacional possibilitando uma maior interatividade dos alunos professores e conteuacutedos escolares e consequentemente uma aprendi-zagem mais eficaz O conceito busca estabelecer formalismos para o desenvolvimento de conteuacutedos didaacuteticos que sejam acessiacuteveis a qual-quer ambiente virtual de ensino-aprendizagem e aplicaacuteveis em dife-rentes contextos Os objetos de aprendizagem (OAs) satildeo ferramentas ou recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados no suporte do aprendizado Tais recursos podem compreender viacutedeos imagens hipertextos apresentaccedilotildees em slides etc A essecircncia dos OAs repousa sobre quatro caracteriacutesticas fundamentais acessibilidade reutilizaccedilatildeo durabilidade e interoperabilidade nas quais espera-se que aleacutem de po-derem ser encontrados e modificados sem perdas de qualidade teacutecnica ou didaacutetica duraacuteveis os OAs possam ser operados a partir de diferentes softwares e ambientes virtuais

Leidelaine Seacutergio Perucci

Referecircncias DIAS Carla Cristina Lu et al Padrotildees abertos aplicabilidade em Objetos de Aprendizagem (OAs) XX Simpoacutesio Brasileiro de Informaacutetica na Educaccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpsbr-ieorgpubindexphpsbiearticleview11631066gt Acesso em 29 jul 2020

SILVA Robson Santos Objetos de aprendizagem para Educaccedilatildeo a Distacircncia Satildeo Paulo Novatec Editora 2011 Disponiacutevel em lthttpss3novateccombrcapituloscapitulo-9788575222256pdfgt Acesso em 29 jul 2020

P

117

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Haacute uma discussatildeo terminoloacutegica que perpassa as consideraccedilotildees sobre trecircs expressotildees que compotildeem o campo e estudo sobre pedago-gia de projetos Satildeo eles meacutetodo de projetos trabalho com projetos e pedagogia de projetos Traccedilar essa delimitaccedilatildeo carece reconhecer os fundamentos teoacutericos que iniciaram essa trajetoacuteria de discussatildeo contri-buindo para consolidar o campo de estudos sobre as temaacuteticas e assim possibilitar aberturas para novos desdobramentos no campo teoacuterico e metodoloacutegico acerca da pedagogia de projetos Pensar numa pedagogia engloba o sentido etimoloacutegico da palavra paidagōgiacutea que significa lsquodi-reccedilatildeo ou educaccedilatildeo de crianccedilasrsquo ou seja educaccedilatildeo abrange pressupostos fundamentos diaacutelogo entre diferentes teorias que demarcam a conso-lidaccedilatildeo de um campo de conhecimentos teoacutericos e metodoloacutegicos em articulaccedilatildeo relaccedilatildeo dialoacutegica entre aspectos globais e locais Associar a expressatildeo meacutetodo eou trabalho com projetos demanda uma atuaccedilatildeo e olhar mais especiacuteficos sobre o trabalho pedagoacutegico a ser realizado Estudiosos do assunto apresentam uma cronologia do desenvolvimen-to teoacuterico e metodoloacutegico do trabalho baseado em projetos que teria se iniciado no final do seacuteculo XVI mais precisamente em 1590 nas escolas de arquitetura da Europa Essa trajetoacuteria tem sua continuidade em 1765 quando o trabalho com projetos eacute considerado meacutetodo de ensino e im-plementado nas Ameacutericas Em 1880 o trabalho com projetos eacute instituiacute-do nas escolas de formaccedilatildeo manual e nas escolas puacuteblicas em geral No ano de 1915 haacute redefiniccedilatildeo sobre o trabalho com projetos e retorno des-sa problematizaccedilatildeo na Europa Por fim entre os anos de 1965 e 2006 haacute a redescoberta do trabalho com projetos e sua divulgaccedilatildeo internacional pela terceira vez Hoje essa metodologia estaacute amplamente difundida e utilizada por diferentes aacutereas A efervececircncia da discussatildeo que culmi-na na expressatildeo pedagogia de projetos esbarra nos aspectos histoacutericos e econocircmicos ao longo do seacuteculo XX mas centra-se no decliacutenio dos mo-delos taylorista e fordista que dinamizavam as empresas influenciando a estrutura e forma de organizaccedilatildeo da dinacircmica escolar ponto este de tensatildeo que contribuiu para um (re)pensar educativo atraveacutes da pedago-gia de projetos por parte de todos os envolvidos na dinacircmica da escola e assim propiciar possibilidades de transiccedilatildeo da estrutura escolar tradi-cional para apropriar-se de abordagens mais dinacircmicas atrativas e ati-vas A pedagogia de projetos constitui-se de forma a articular aspectos antes fragmentados como o diaacutelogo entre as disciplinas escolares que favorece a integralidade curricular e com isso uma avaliaccedilatildeo natildeo mais centralizada mas articulada com diversos instrumentos subjacentes ao processo baseados na autonomia e proatividade do aluno A concepccedilatildeo inicial e origem da utilizaccedilatildeo da expressatildeo ldquopedagogia de projetosrdquo par-

P

118

te das contribuiccedilotildees do filoacutesofo e educador escolanovista John Dewey (1959 1971) no que se refere agraves percepccedilotildees sobre uma experiecircncia de produccedilatildeo de conhecimento de engajamento e participaccedilatildeo nas etapas que constituem os processos educativos Assim pretende-se por meio da pedagogia de projetos oferecer uma educaccedilatildeo pautada na postura ativa e natildeo mais passiva dos educandos descentralizando a atuaccedilatildeo docente o que remodela a forma de organizar aspectos estruturantes de se fazer e viver a escola sua dinacircmica e organizaccedilatildeo ao decentrali-zar a atuaccedilatildeo dos participantes do cotidiano escolar Essa experiecircncia ajuda a repensar reordenar e assim ressignificar as percepccedilotildees sobre os elementos que constituem o processo de ensino e reposiciona os parti-cipantes desse processo estabelecendo uma relaccedilatildeo horizontal pautada no engajamento e caraacuteter colaborativo de forma a atender as especifici-dades que surgem no processo de ensino e aprendizagem individual e coletivamente bem como atender as necessidades dos indiviacuteduos que a estes processos dinamizam No Brasil o maior colaborador para disse-minaccedilatildeo da pedagogia de projetos e a discussatildeo que essa terminologia representa foi Aniacutesio Teixeira

Luanna Amorim Vieira da Silva

Referecircncias PASQUALETO T I VEIT E A amp ARAUacuteJO I S (2017) Aprendizagem Baseada em Projetos no Ensino de Fiacutesica uma Revisatildeo da Literatura Revista Brasileira De Pesquisa Em Educaccedilatildeo Em Ciecircncias 17(2) 551-577 Disponiacutevel em lthttpsdoiorg10289761984-2686rbpec2017172551gt Acesso em 1 dez 2020

PLANOS FOTOGRAacuteFICOS

Plano fotograacutefico eacute a organizaccedilatildeo dos elementos fotografados no en-quadramento da cena Satildeo divididos com base na distacircncia entre a cacirc-mera e o objeto fotografado em grande plano geral plano meacutedio plano americano primeiro plano plano detalhe plongeacutee (cuja traduccedilatildeo literal do francecircs eacute mergulho) e contraplongeacutee O grande plano geral busca en-quadrar e evidenciar todo o ambiente dando pouca ecircnfase no sujeito O plano geral busca enquadrar o sujeito no espaccedilo onde ele se encontra dando uma sensaccedilatildeo de completude O plano meacutedio busca dar foco agrave captura do sujeito e eacute utilizado para fotografar todo o corpo de uma pessoa ou da cintura para cima Os demais elementos compotildeem o ce-naacuterio que ajudam no enquadramento No plano americano o sujeito eacute enquadrado da linha dos joelhos para cima Foi criado por diretores de filmes de faroeste americanos para que as armas tambeacutem fossem mostradas nas cenas de duelos O primeiro plano tambeacutem conhecido popularmente como close eacute utilizado para registrar emoccedilotildees e expres-

P

119

sotildees do rosto do sujeito enquadrando assim a cabeccedila e outros detalhes do corpo da pessoa que o fotoacutegrafo julgar importante O sujeito eacute iso-lado e o ambiente pouco importa nesse plano O plano detalhe busca captar os detalhes de parte do corpo partes de objetos ou da natureza No plano plongeacutee a cacircmera estaacute acima do niacutevel dos olhos voltada para baixo Essa forma de enquadramento eacute tambeacutem chamada de cacircmera alta Jaacute no plano contraplongeacutee a cacircmera estaacute abaixo no niacutevel dos olhos e apontada para cima

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias DANTAS Marcelo O artista digital e os planos fotograacuteficos Medium 2018 Disponiacutevel em lthttpsmediumcomaelao-artista-digital-e-os-planos-fotogrC3A1ficos-373f8499d62cgt Acesso em 5 de jul de 2020

PLURILINGUISMO

O prefixo ldquoplurirdquo tem sua origem no latim plus e se refere agrave ideia de ldquovaacuteriosrdquo ldquodiversosrdquo ldquopluralrdquo Desse modo plurilinguismo se refere ao ensino de vaacuterias liacutenguas Tal ensino se direciona a uma competecircncia adquirida pelo falante para compreender e ser compreendido diante da presenccedila de mais de uma liacutengua em determinado contexto de comuni-caccedilatildeo intercultural O ensino plurilinguiacutestico evolui para uma capaci-dade comunicativa que expande a experiecircncia do indiviacuteduo para uma dimensatildeo sociocomunicativa mais ampla Assim estaacute ligado de forma mais estreita agraves questotildees culturais e natildeo soacute ao domiacutenio de liacutenguas es-trangeiras Dessa forma a aprendizagem de outras liacutenguas tende a pro-mover a construccedilatildeo de identidades compostas por diversas culturas valorizando as diferenccedilas em um mundo multiliacutengue Portanto estaacute relacionado a convivecircncia pluricultural na qual os indiviacuteduos se comu-nicam por meio de uma variedade linguiacutestica

Haacute tambeacutem a compreensatildeo de que a competecircncia plurilinguiacutestica eacute transversal e corresponde agraves necessidades de comunicaccedilatildeo da ldquoera planetaacuteriardquo em que vivemos Essa era evoca outra necessidade a de ar-ticular e inter-relacionar conhecimentos contrapondo-se ao ensino tra-dicional compartimentado e linear Diante da multiplicidade cultural e da diversidade linguiacutestica das populaccedilotildees os multiletramentos se mos-tram necessaacuterios e condizentes com as linguagens miacutedias e tecnologias que favorecem novas praacuteticas de leitura e escrita o que se justifica nas sociedades contemporacircneas cuja multiplicidade semioacutetica dos textos com os quais essa sociedade se informa e se comunica eacute notoacuteria

Layla Juacutelia Gomes Mattos

P

120

Referecircncias CAROLA Cristina COSTA Heloisa Albuquerque Intercompreensatildeo no ensino de liacutenguas estrangeiras formaccedilatildeo pluriliacutengue para preacute-universitaacuterios Revista Moara n42 p99-116 juldez 2014 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufpabrindexphpmoaraarticledownload20582397gt Acesso em 26 jul 2020

ROJO Roxane Moura Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MENEZES Leonarda Jacinto Joseacute Maria Plurilinguismo Multilinguismo e Bilinguismo Reflexotildees sobre a Realidade Linguiacutestica Moccedilambicana PERcursos Linguiacutesticos v 3 n 7 (2013) Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufesbrindexphppercursosarticleview4589gt Acesso em 20 jul 2020

PODCASTS

Podcast designa uma forma de produccedilatildeo e compartilhamento de ar-quivos de aacuteudio na internet cujas atualizaccedilotildees podem ser consumidas (ouvidas) pelos usuaacuterios que por sua vez podem tambeacutem descarregaacute--las (fazer downloads) em seus dispositivos (hardwares)

Diferentemente do que se tornou comum considerar o podcast natildeo estaacute necessariamente ligado ao aacuteudio jaacute que qualquer conteuacutedo de miacute-dia (viacutedeo texto foto) pode ser distribuiacutedo atraveacutes do RSS (Rich Site Summary ou Really Simple Syndication)

A palavra podcast foi criada por Ben Hammersley para a ediccedilatildeo de abril de 2004 do jornal britacircnico The Guardian e inaugura o neologismo cujo conceito tem sido debatido Haacute duas versotildees sobre a origem do pre-fixo na primeira o pod proveacutem do famoso aparelho tocador de aacuteudio da empresa Apple (o lsquoiPodrsquo) jaacute na segunda pod significaria personal on demand ou lsquopessoal por demandarsquo O sufixo cast vem de broadcasting ou seja lsquotransmissatildeorsquo Desde entatildeo diferentes abordagens do fenocircmeno ganharam espaccedilo no debate acadecircmico Poreacutem natildeo haacute acordo sobre a definiccedilatildeo de padrotildees especiacuteficos ou regras que devem ser conduzidas no podcasting mas converge sempre agrave produccedilatildeo sonora realizada de for-ma colaborativa e associada agrave mobilidade A grande maioria dos ouvin-tes de podcasts utiliza seus smartphones para a escuta dos aacuteudios geral-mente durante o trajeto de locomoccedilatildeo urbana ou em tarefas domeacutesticas

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias COUTO Ana Luiacuteza S MARTINO Luiacutes Mauro Saacute Dimensotildees da pesquisa sobre podcast trilhas conceituais e metodoloacutegicas de teses e dissertaccedilotildees de PPGComs (2006-2017) Revista Raacutedio-Leituras Mariana-MG v 9 n 02 pp 48-68 juldez 2018

P

121

SALVES Deacuteborah Podcast imediato um estudo sobre a podosfera brasileira Orientador Profordf Drordf Raquel Ritter Longhi 2009 84 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Jornalismo) - Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2009 Disponiacutevel em lthttpsnephijorufscbrwordpresswp-contentuploads201305Podcast-Imediato-um-Estudo-Sobre-a-Podosfera-Brasileira-Deborah-Salves-2009-2pdfgt Acesso em 8 jul 2020

VICENTE Eduardo Do raacutedio terrestre ao podcast uma nova praacutetica de produccedilatildeo e consumo de aacuteudio Anais da Compoacutes Disponiacutevel em lthttpwwwcomposorgbrdataarquivos_2018trabalhos_arquivo_5U524AASCK6777ZKAFXV_27_6695_25_02_2018_16_09_06pdfgt Acesso em 8 jul 2020

POLIFONIA

Entende-se por polifonia um recurso esteacutetico formal apresentado por Mikhail Bakhtin (1895-1975) no ensaio publicado em 1963 intitu-lado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a partir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacutevski (1821-1881) O ponto de partida para a definiccedilatildeo da polifonia eacute a relaccedilatildeo autor-heroacutei nos roman-ces de Dostoieacutevski Bakhtin percebeu que tanto a voz autoral como a do heroacutei satildeo colocadas no mesmo plano A voz do heroacutei natildeo estaacute subor-dinada a uma imagem objetivada dele mesmo nem serve de inteacuterprete da voz do autor possuindo independecircncia dentro da estrutura da obra Nesses romances que Bakhtin denominou de romance polifocircnico em contraponto ao romance monoloacutegico a voz do autor eacute uma voz como as outras e todas satildeo dotadas de valores e poderes plenos nenhuma voz torna-se objeto da outra A polifonia eacute portanto a equivalecircncia de to-das as vozes no interior do objeto esteacutetico e essas vozes se constituem atraveacutes do diaacutelogo na maioria das vezes em pontos de vista contradi-toacuterios pois a voz consciecircncia falante que se faz presente nos enuncia-dos natildeo eacute neutra traz consigo a percepccedilatildeo de mundo juiacutezo e valores Atraveacutes da polifonia podemos compreender um mundo em constante transformaccedilatildeo plural incluso repleto de singularidades Essa capaci-dade permite que o conceito bakhtiniano esteja ainda tatildeo atual

Ana Claacuteudia Rola Santos

Referecircncias FIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

FARACO Carlos Alberto Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje Porto Alegre v 46 n 1 p 21-26 janmar 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

Q R

122

QUIZZES E ENSINO

Quiz eacute uma palavra com origem na liacutengua inglesa cuja definiccedilatildeo eacute questionaacuterio teste ou uma sequecircncia de perguntas Quando este termo estaacute relacionado ao ensino o quiz passa a ser algo aleacutem de uma sequ-ecircncia de perguntas pois este se torna uma ferramenta interativa capaz de aprofundar consolidar reforccedilar e principalmente avaliar a aprendi-zagem do estudante O quiz tem o objetivo de incentivar os estudantes a pensarem pesquisarem refletirem e discutirem os conteuacutedos e con-ceitos passados em sala de aula atraveacutes de questotildees de ordem teoacutericas e praacuteticas Existem diversos aplicativos sites e serviccedilos que possibilitam a criaccedilatildeo e uso gratuito de quizzes podendo ser do tipo on-line ou off--line Em sua forma on-line os quizzes satildeo criados e disponibilizados a partir de aplicativos plataformas ou sites da web como Quizur Google Forms ProProfs Quiz Maker Kahoot Socrative etc Jaacute em seu modo off-line utilizam-se aplicativos como o Plickers Dessa maneira com au-xiacutelio das tecnologias digitais o quiz se torna uma ferramenta uacutetil na aacuterea da educaccedilatildeo proporcionando experiecircncias diferentes no ambiente estudantil inclusive podendo ser utilizado de forma luacutedica como um ldquojogordquo

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias VARGAS Daiana de AHLERT Edson Moacir O processo de aprendizagem e avaliaccedilatildeo atraveacutes de QUIZ 2017 Artigo (Especializaccedilatildeo) ndash Curso de Docecircncia na Educaccedilatildeo Profissional Universidade do Vale do Taquari - Univates Lajeado 22 set 2017 Disponiacutevel em lthttphdlhandlenet107372038gt Acesso em 4 jul 2020

REDE SOCIAL (digital)

As redes sociais satildeo sites e aplicativos que permitem conexatildeo e inte-raccedilatildeo entre os usuaacuterios Satildeo tambeacutem conhecidas como ldquomiacutedias sociaisrdquo Entre as mais populares atualmente estatildeo o Facebook Instagram WhatsApp SlideShare YouTube e Twitter Por tambeacutem permitirem a comunicaccedilatildeo entre empresas e seu puacuteblico satildeo importantes canais para uma estrateacutegia de marketing digital As redes sociais tecircm como objetivo alcanccedilar um puacuteblico Podemos enquadrar as redes sociais agrave definiccedilatildeo de lsquomiacutediasrsquo como um conjunto de lsquomeios de comunicaccedilatildeorsquo de lsquomassarsquo ou lsquodigitaisrsquo destacados sobretudo por se tratar de dispositivos tecnoloacutegi-cos englobados por vezes em um acircmbito institucional no qual lsquomiacutediarsquo ganha tambeacutem o significado de lsquoempresa de comunicaccedilatildeorsquo e em que a

R

123

miacutedia eacute encarada como elemento agenciador das accedilotildees e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo de determinados fatos

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias EQUIPE EDUCAMUNDO As redes sociais na educaccedilatildeo desafios e dicas imperdiacuteveis [Sl] Educamundo 12 jun 2020 Disponiacutevel em lthttpswwweducamundocombrblogeducacao-redes-sociaisgt Acesso em 5 jul 2020

REMIXAGEM

Remixagem relaciona-se com a palavra remix originada do in-glecircs podendo ser tanto o verbo to remix quanto o substantivo remix As formas mais conhecidas do termo descrevem o objeto e o processo de remix tendo relaccedilatildeo com vaacuterios outros termos como o sampling e o mashup Sobre o conceito de remix pesquisadores desenvolveram trecircs frentes distintas o fenocircmeno cultural conhecido como cultura remix praticado com o uso de tecnologias digitais a praacutetica ou teacutecnica de re-mix a ideologia eou discurso da cultura remix conhecida como Re-mix (escrita apenas com a primeira letra na forma maiuacutescula) Como praacutetica eou teacutecnica ligada agrave cultura remix o termo pode ser encarado como re-mix em que o ldquorerdquo traz consigo a ideia de fazer algo novamente e o ldquomixrdquo significa mixagem (mistura) Assim o termo remix deve ser entendido como o rearranjo e mixagem de algo que jaacute foi editado antes ou seja uma forma de recriaccedilatildeo de outra obra (muacutesica viacutedeo entre ou-tras) uma remixagem A partir disso pode-se dizer que a palavra remi-xagem estaacute mais ligada agrave praacutetica ou agrave teacutecnica de remix do que qualquer outra nuance do mesmo termo

A praacutetica de remix como apropriaccedilatildeo desvio e criaccedilatildeo livre tem suas origens no movimento hip-hop que surgiu no final da deacutecada de 1960 em Nova York com gecircnese na muacutesica jamaicana Eacute nesse cenaacuterio mais especificamente nos anos 1970 a partir da criaccedilatildeo de maacutequinas de remix pelos DJs que o termo remix comeccedilou a ser utilizado em contex-tos associados agrave muacutesica e a outras aacutereas como a literatura o cinema e as artes plaacutesticas Em seu sentido amplo a remixagem pode ser entendida como um processo de ediccedilatildeo e apropriaccedilatildeo de fragmentos de materiais preexistentes com o intuito de originar novas obras As caracteriacutesticas das novas ferramentas digitais e da sociedade contemporacircnea tecircm po-tencializado a praacutetica do remix a partir de outros formatos e modali-dades Nesse sentido com a facilidade de acesso a softwares de ediccedilatildeo de aacuteudio imagem e viacutedeo a remixagem se torna uma praacutetica cada vez mais comum na nossa cultura (cultura remix) Esse movimento eacute ainda

R

124

mais potencializado por sites de divulgaccedilatildeo de viacutedeos como o YouTube que abarca uma grande variedade de remixes comuns na nossa cultura tais como memes e mashups

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo e Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias NAVAS E Remix Theory Nova York Springer 2012

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

RENDERIZACcedilAtildeO

O substantivo renderizaccedilatildeo deriva do verbo renderizar cujo signifi-cado eacute tornar um trabalho de processamento digital de aacuteudio imagem viacutedeo dentre outros produtos digitais em um material permanente Esse material eacute resultado de compilaccedilotildees e ediccedilotildees que constroem o resultado final Logo renderizaccedilatildeo eacute a etapa final desse processo que demanda teacutecnicas e recursos graacuteficos que envolvem cor luz contraste som etc partindo de um material bruto digitalizado que por meio de ediccedilatildeo poderaacute proporcionar uma melhor experiecircncia para o usuaacuterio transformando vaacuterios arquivos em um uacutenico produto

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias RENDERIZAR In DICIO Dicionaacuterio Online de Portuguecircs Porto 7Graus 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwdiciocombrrenderizargt Acesso em 9 ago 2020

O QUE eacute renderizaccedilatildeo ou render ControleNet Disponiacutevel em lthttpswwwcontrolenetfaqrenderizacao-ou-render-de-video-audio-e-imagens-3dgt Acesso em 9 ago 2020

SEEMG Cadernos de Informaacutetica - Curso de Computaccedilatildeo Graacutefica 3D Belo Horizonte Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais Disponiacutevel em lthttpportaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000014214pdfgt Acesso 9 ago 2020

REPRODUTIBILIDADE TEacuteCNICA

A expressatildeo reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida pela anaacute-lise do significado das palavras que a compotildeem Reprodutibilidade eacute a qualidade do que pode ser reproduzido enquanto teacutecnica designa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou uma ciecircncia ou ainda a parte material dessa arte ou ciecircncia Nesse sentido reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida como um material ou um conjunto de pro-cedimentos que podem ser reproduzidos A ideia de reprodutibilidade

R

125

teacutecnica eacute utilizada no campo das artes para fazer referecircncia agraves possibili-dades de reproduzir a imagem principalmente a partir de teacutecnicas como a fotografia e o cinema que surgiram com o processo industrial Esta relaccedilatildeo entre reprodutibilidade teacutecnica e imagem foi traccedilada por Walter Benjamin (1987) em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade teacutecnica A fotografia foi inventada no iniacutecio do seacuteculo XIX em meio ao desenvolvimento tecnoloacutegico e afetou de forma acentuada o campo das artes visuais Isso porque ateacute aquele momento a produccedilatildeo de imagens visuais era feita manualmente por artistas o que propiciava o caraacuteter uacutenico dessas obras Por outro lado a fotografia possibilita a captaccedilatildeo de imagens por meio de uma maacutequina e viabiliza sua produccedilatildeo em seacuterie Nesse sentido a fotografia natildeo se insere no acircmbito da unicidade como ocorre com a pintura mas sim na ordem da reprodutibilidade teacutecnica Nesse processo de reprodutibilidade teacutecnica natildeo existe mais o original pois todos tecircm acesso agraves coacutepias disseminadas

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

ReferecircnciasALMEIDA J G M A reprodutibilidade teacutecnica e a mudanccedila de percepccedilatildeo da realidade Revista Diaacutelogo Educacional v 5 n15 p27-43 2005

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

REUNIAtildeO VIRTUAL

Entende-se pela expressatildeo ldquoreuniatildeo virtualrdquo um encontro de pes-soas realizado pela internet atraveacutes de aplicativos ou serviccedilos com pos-sibilidades de compartilhamento de apresentaccedilotildees voz viacutedeo textos e arquivos unindo participantes de diferentes locais geograficamente Para realizar uma reuniatildeo virtual podem ser usados computadores de mesa laptops smartphones ou tablets Algumas plataformas como o Skype o Google Meet o Google HangOuts o Zoom o Team e o Jitsi possibilitam a realizaccedilatildeo de reuniotildees virtuais permitindo aleacutem das chamadas de viacutedeo o compartilhamento de telas e a ediccedilatildeo colaborati-va de documentos O Skype eacute um software lanccedilado no ano de 2003 que permite comunicaccedilatildeo pela internet atraveacutes de conexotildees de voz e viacutedeo criado por Janus Friis e Niklas Zennstrom Ele permite criar gratuita-mente videochamadas com ateacute 50 convidados Natildeo eacute preciso ser cadas-trado no serviccedilo para participar de uma reuniatildeo que pode ser acessada por meio de um link O Skype oferece bate-papo por viacutedeo chamadas internacionais e mensagens de texto via web Jaacute o Google Meet eacute um

R S

126

serviccedilo de comunicaccedilatildeo por viacutedeo desenvolvido pela empresa Google Ele conta com recursos multimiacutedia de interaccedilatildeo como suporte ao mi-crofone cacircmera e gravaccedilatildeo de tela A plataforma tambeacutem eacute chamada de Google Hangouts Meet pois surgiu a partir da separaccedilatildeo do chat do Hangouts e do recurso de viacutedeo Hoje a ferramenta de chat ficou responsaacutevel apenas pelo bate-papo em texto dos grupos enquanto o Meet tornou-se um aplicativo especiacutefico para realizaccedilatildeo de reuniotildees de viacutedeo com ateacute 250 pessoas conforme a licenccedila adotada O Zoom eacute um serviccedilo que possui diversas funcionalidades como compartilhamento de tela gravaccedilatildeo de webinars acesso via telefone upload de reuniotildees na nuvem e permite o uso de um quadro branco para fazer anotaccedilotildees O aplicativo tem uma versatildeo gratuita que oferece ateacute 40 minutos de viacutedeo com 100 pessoas e oferece a opccedilatildeo de uma conta gratuita apenas regis-trando um endereccedilo de e-mail e uma senha Atraveacutes dessa ferramenta o administrador da reuniatildeo pode criar uma sala e enviar um convite via e-mail ou link para qualquer pessoa participar mesmo que natildeo tenha uma conta no serviccedilo Jaacute o Jitsi eacute mais uma opccedilatildeo para quem procura re-alizar reuniotildees virtuais Trata-se de uma plataforma sem fins lucrativos e de coacutedigo aberto Para entrar nas chamadas natildeo precisa se cadastrar apenas eacute necessaacuterio acessar o link gerado que pode ser protegido por senha Importante lembrar que com a acelerada evoluccedilatildeo das tecnolo-gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alteraccedilotildees nessas plataformas e o surgimentos de outras ocorrem a todo momento tornando as informa-ccedilotildees aqui prestadas facilmente ultrapassadas

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

Referecircncias 10 ferramentas de videochamada para fazer reuniatildeo on-line Share 2020 Disponiacutevel em lthttpstudodesharecombrblog10-ferramentas-de-videochamada-para-fazer-reunioes-onlinegt Acesso em 12 de jul 2020

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

LEacuteVY Pieacuterre O que eacute o virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

ROSOLEN Faacutebio Google Meet serviccedilo de videoconferecircncia agora eacute gratuito para todos MundoConectado 2020 Disponiacutevel em lthttpsmundoconectadocombrnoticiasv13436google-meet-servico-devideoconferencia-agora-e-gratuito-para-todosgt Acesso em 12 jul 2020

SEMIOacuteTICA

A palavra semioacutetica vem do grego semeion que significa signo sema ou sinal o que demonstra imprecisatildeo na definiccedilatildeo dos limites da se-mioacutetica em relaccedilatildeo a outras ciecircncias afins tais como a semacircntica e a

S

127

semiologia De modo geral a semioacutetica eacute uma ciecircncia que estuda os signos (natildeo no sentido da astrologia mas no sentido de dar significado referindo-se agrave linguagem) e seu uso no campo da comunicaccedilatildeo aleacutem dos seus significados Embora por muitos anos o termo ldquosemiologiardquo tenha prevalecido entre os conhecidos estruturalistas franceses termo adotado pelo linguista e filoacutelogo suiacuteccedilo Ferdinand de Saussure a partir do seacuteculo XX mais precisamente no ano de 1969 o termo semioacutetica foi adotado como referecircncia no estudo dos signos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias B DE M BATISTA M DE F A semioacutetica caminhar histoacuterico e perspectivas atuais Revista de Letras v 1 n 25 2003

SANTAELLA L O que eacute semioacutetica Satildeo Paulo Brasiliense 1983 (Coleccedilatildeo Primeiros Passos)

SEMIOacuteTICA (peirciana)

Charles Sanders Peirce foi cientista matemaacutetico pedagogista filoacute-sofo e linguista americano Desenvolveu trabalhos com contribuiccedilotildees importantes agrave matemaacutetica filosofia loacutegica e principalmente agrave semi-oacutetica Para o entendimento da semioacutetica peirciana eacute importante com-preender o sistema categorial triaacutedico definido por Peirce Fenomeno-logia desenvolvida a partir de trecircs categorias universais denominadas como primeiridade secundidade e terceiridade A categoria definida como primeiridade eacute a forma de ser daquilo como eacute positivamente e sem nenhuma referecircncia a qualquer outra coisa Essa categoria indica a presenccedila raacutepida da mera possibilidade do sentimento irrefletido da independecircncia Jaacute a categoria definida como secundidade apoia-se na relaccedilatildeo entre um primeiro e um segundo indicada como categoria da experiecircncia no tempo e espaccedilo do confronto da realidade Segundo Peirce somos confrontados com ela em fatos tais como o outro a rela-ccedilatildeo a coerccedilatildeo o efeito a dependecircncia e a independecircncia a negaccedilatildeo o acontecimento a realidade o resultado Por fim a categoria definida como terceiridade baseia-se em um segundo em relaccedilatildeo a um terceiro essa categoria eacute definida como a da comunicaccedilatildeo e da semiose da me-diaccedilatildeo da siacutentese do haacutebito dos signos ou da representaccedilatildeo

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias SANTAELLA L A Teoria geral dos signos Satildeo Paulo Aacutetica 1995

PEIRCE C S Collected papers Vols I-VI ed Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge MA Harvard University Press 1931-1935) Vols VII-VIII ed Arthur W Burks (same publisher 1958) (1994)

S

128

SEMIOacuteTICA SOCIAL OU SOCIOSSEMIOacuteTICA

A expressatildeo semioacutetica social ou o termo sociossemioacutetica comeccedilou a ser usado ao final dos anos 1980 na Austraacutelia apoiado pelos princiacute-pios definidos pela Linguiacutestica Criacutetica e fundamentado sobre a concep-ccedilatildeo da Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional A semioacutetica social se desen-volve sobre os princiacutepios fundamentados por Ferdinand de Saussure nos quais satildeo investigadas as consequecircncias causadas pelo motivo que os sinais ou coacutedigos de comunicaccedilatildeo e linguagem satildeo constituiacutedos por processos sociais Sendo assim isso implica que os sistemas semioacuteti-cos e significados satildeo definidos a partir das relaccedilotildees de poder ou seja conforme o poder se desenvolve na sociedade a linguagem e outros significados socialmente reconhecidos podem eou devem sofrer mu-danccedilas A semioacutetica social realiza a anaacutelise dos signos na sociedade tendo como atribuiccedilatildeo principal o estudo sobre as trocas de informa-ccedilotildees Nessa concepccedilatildeo a escolha dos signos e a elaboraccedilatildeo dos discur-sos satildeo induzidos a partir de interesses que constituem um significado definido por meio de anaacutelise loacutegica que se refere a um contexto social

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias CARVALHO F F Semioacutetica social e imprensa o layout da primeira paacutegina de jornais portugueses sob o enfoque analiacutetico da gramaacutetica visual 286 paacuteginas Tese de Doutorado em Linguiacutestica Aplicada Universidade de Lisboa Portugal 2012

SANTOS Z B A concepccedilatildeo de texto e discurso para semioacutetica social e o desdobramento de uma leitura multimodal Revista Gatilho v13 2011

HODGE R and KRESS G Social Semiotics Cambridge Polity 1988

SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TIPOLOacuteGICOS E SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TOPOLOacuteGICOS

Pode-se definir que sistemas semioacuteticos tipoloacutegicos estatildeo relaciona-dos ao modo verbal como por exemplo a liacutengua jaacute os sistemas semi-oacuteticos topoloacutegicos estatildeo relacionados agrave percepccedilatildeo visual e a gesticula-ccedilatildeo espacial como por exemplo a danccedila e o ato de desenhar Segundo Lemke (2010) eacute possiacutevel construir de modo complementar significados essenciais tais como classificar coisas em grupos exclusivos e distin-guir variaccedilatildeo de grau no decorrer de vaacuterios contiacutenuos de diferenccedila A composiccedilatildeo real de um significado em geral compreende combinaccedilotildees de diversas modalidades semioacuteticas e assim como combinaccedilotildees gerais do tipo tipoloacutegico ou topoloacutegica A semacircntica das palavras relacionadas agrave liacutengua eacute considerada como sistema semioacutetico tipoloacutegico mas tratan-

S

129

do-se de caracteriacutesticas visuais da escrita manuscrita como por exem-plo tipos e formatos das letras efeitos acuacutesticos dentre outros essas caracteriacutesticas satildeo consideradas sistemas semioacuteticos topoloacutegicos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias LEMKE Jay L Letramento metamidiaacutetico transformando significados e miacutedias Trab linguist apl [on-line] 2010 vol49 n2 pp 455-479 Disponiacutevel em lthttpgooglaYoAe5gt Acesso em 12 jul 2020

SONS

O som eacute uma onda mecacircnica que pode ser percebida pela membra-na timpacircnica que compotildee a orelha e nos daacute a sensaccedilatildeo sonora Vivemos rodeados por ondas sonoras luminosas de raacutedio entre outras Satildeo elas que nos possibilitam assistir a programas de TV ouvir raacutedio aquecer um alimento no forno micro-ondas receber a luz solar As ondas sono-ras satildeo ondas mecacircnicas portanto elas necessitam de um meio mate-rial para se propagarem O meio material pode ser soacutelido liacutequido ou gasoso A velocidade do som depende da densidade do meio material em que ela se propaga A reflexatildeo do som tem aplicaccedilotildees praacuteticas como o uso de sonar aparelho capaz de emitir ondas sonoras na aacutegua e captar seus ecos Com ele eacute possiacutevel fazer a localizaccedilatildeo de cardumes ou obter o perfil do fundo marinho por exemplo Alguns animais como o golfi-nho e o morcego tecircm sonar bioloacutegico e orientam-se pelos ecos dos sons que emitem Os morcegos por exemplo utilizam o sonar bioloacutegico para se locomoverem e tambeacutem para obterem seu alimento em geral inse-tos e frutos Esses animais emitem som em alta frequecircncia (ultrassom) que reflete depois de atingir um obstaacuteculo e volta ao morcego o qual decodifica as informaccedilotildees do ambiente Com relaccedilatildeo agrave aacuterea da muacutesica os sons se dividem em modal semimodal e tonal

O tipo de som modal tem como caracteriacutesticas a ausecircncia de har-monias uso constante da ritmizaccedilatildeo ciacuteclica ligada a rituais sagrados sejam eles primitivos africanos indianos chineses japoneses aacuterabes indoneacutesios indiacutegenas das Ameacutericas entre outras culturas O som mo-dal estaacute presente tambeacutem na tradiccedilatildeo grega antiga e no canto gregoria-no sendo estes considerados etapas iniciais dessa estrutura sonora no Ocidente

O som tonal apresenta um contraste entre o tom maior e o menor com ritmizaccedilatildeo mais complexa Esse tipo de som abrange a muacutesica do periacuteodo medieval ateacute meados do seacuteculo XIX Seu aacutepice estaacute entre o bar-roco e o romantismo tardio transitando pelo estilo claacutessico De forma

S

130

geral o estilo tonal eacute a base da histoacuteria da muacutesica com uma pequena passagem pelo dodecafonismo desenvolvendo-se na muacutesica atual tor-nando possiacutevel uma articulaccedilatildeo entre o passado e presente

Jaacute o som poacutes-tonal tem um aspecto modal dentro do sistema tonal e estaacute presente em ritmos mais contemporacircneos como o jazz e a bossa nova da deacutecada de 1950 e os ritmos eletroacuacutesticos Encontra-se nas for-mas mais extremadas da muacutesica vanguardista do seacuteculo XX cujos ex-poentes satildeo Schoenberg e Webern bem como os seus desdobramentos que se estabeleceratildeo com a muacutesica eletrocircnica e suas formas recentes de repeticcedilatildeo consideradas tambeacutem como minimalistas Percebemos atu-almente diante das inovaccedilotildees musicais o fim da estrutura evolutiva da muacutesica ocidental que perpassa o cantochatildeo o tonalismo e a polifonia indo ao encontro do atonalismo do serialismo e da muacutesica eletrocircnica Provavelmente essa etapa evolutiva da muacutesica finalizou-se na metade do seacuteculo XX e atualmente vivenciamos uma mudanccedila substancial de paracircmetros em que o pulso atua de forma efetiva e que o minimalismo aponta para essa direccedilatildeo

Ricardo Ferreira Vale

Referecircncias GOWDAK Demeacutetrio Ossowski MARTINS Eduardo Lavieri Ciecircncias novo pensar- biologia quiacutemica e fiacutesica 9 Satildeo Paulo FTD 2017

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

WISNIK Joseacute Miguel O som e o sentido uma outra histoacuteria das muacutesicas Satildeo Paulo Cia das Letras 2000

STREAMING

A palavra streaming derivada do verbo to stream que pode ser tra-duzido como ldquotransmitirrdquo O substantivo streaming eacute utilizado para designar a tecnologia que permite captar sons e imagens num compu-tador como um fluxo contiacutenuo que permite ter acesso a estes sons e imagens antes de a informaccedilatildeo ter sido baixada como um todo Esse tipo de tecnologia significou uma inovaccedilatildeo importante pois nos pri-moacuterdios da internet o usuaacuterio soacute conseguia ouvir ou assistir viacutedeos depois que estes fossem transferidos por inteiro para o disco riacutegido do computador Atualmente existem duas teacutecnicas para fornecer serviccedilos de viacutedeo download and play e streaming Na primeira o arquivo de viacutedeo precisa ser inteiramente transferido para o usuaacuterio antes de ser visua-lizado Nesse tipo de tecnologia o tempo necessaacuterio para a transferecircn-

S T

131

cia de grandes arquivos eacute um dos principais limitantes uma vez que o usuaacuterio precisa da transferecircncia completa para iniciar a visualizaccedilatildeo O armazenamento local do viacutedeo permite ao usuaacuterio visualizaacute-lo sempre que desejar Por outro lado o streaming permite que as informaccedilotildees flu-am (sejam transmitidas) continuamente para o computador enquanto elas satildeo mostradas ao usuaacuterio A principal vantagem dessa teacutecnica em relaccedilatildeo agrave anterior eacute o fato de que ela reduz o tempo de iniacutecio da exibiccedilatildeo do viacutedeo e suprime a necessidade de armazenamento local do arquivo Esses viacutedeos podem ser acessados em servidores no quais eles satildeo ar-mazenados (como ocorre por exemplo em plataformas como a Netflix) ou transmitidos em tempo real (como ocorre por exemplo em uma live ou em uma videoconferecircncia)

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias TSCHOumlKE Clodoaldo Criaccedilatildeo de streaming de viacutedeo para transmissatildeo de sinais de viacutedeo em tempo real pela internet Orientador Prof Francisco Adell Peacutericas 2001 73 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Ciecircncias da Computaccedilatildeo) - Universidade Regional de Blumenau Blumenau 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwinffurbbr~pericasorientacoesStreaming2001pdfgt Acesso em 15 jul 2020

TAGUEAMENTO

Tagueamento deriva da palavra tag que em inglecircs significa etique-ta roacutetulo Tagueamento estaacute relacionado agrave organizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de informaccedilotildees em paacuteginas na internet por exemplo Essa organizaccedilatildeo se daacute por meio de tags palavras-chave que funcionam como etiquetas para informaccedilotildees e por meio da marcaccedilatildeo relaciona e facilita o acesso a publicaccedilotildees conexas ou afins Tagueamento tambeacutem pode ser com-preendido por etiquetagem visto que o termo tag originalmente utili-zado nas especificaccedilotildees da linguagem de marcaccedilatildeo HTML tambeacutem eacute chamado de etiqueta marcador roacutetulo ou comando Esse tagueamento ou etiquetagem eacute criado por meio de Linguagem de Marcaccedilatildeo e como o proacuteprio nome evidencia define uma marca como um coacutedigo que envol-ve a palavra ou texto Uma forma de tagueamento eacute o uso das hashtags usadas nas redes sociais on-line e por meio delas o usuaacuterio pode vin-cular sua postagem a outras que tenham a mesma palavra bem como encontrar postagens relacionadas a uma mesma hashtag em apenas um click sobre ela Aleacutem disso elas tambeacutem servem para orientar mecanis-mos de pesquisa de ferramentas de busca

Layla Juacutelia Gomes Mattos

T

132

Referecircncias CAMBRIDGE Dictionary TAG Disponiacutevel em lthttpsdictionarycambridgeorgptdicionarioingles-portuguestaggt Acesso em 4 ago 2020

ASSIS PabloO que eacute tag Tecmundo 2009 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrnavegador2051-o-que-e-tag-htmgt Acesso em 4 ago 2020

AMADO Francisco Para que serve uma tag Brasil Escola Disponiacutevel em lthttpsmeuartigobrasilescolauolcombrinformaticapara-que-serve-uma-taghtmgt Acesso em 4 ago 2020

Fundamentos da linguagem HTML etiqueta elemento atributo e valor Disponiacutevel em lthttpwwwnceufrjbrginapecursohtmlconteudointroducaofundamentoshtmgt Acesso em 4 ago 2020

FURGERI S O papel das linguagens de marcaccedilatildeo para a Ciecircncia da Informaccedilatildeo Transinformaccedilatildeo v 18 p 225-250 2006 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrpdftinfv18n306pdfgt Acesso em 4 ago 2020

TEXTO

A palavra texto de acordo com o dicionaacuterio etimoloacutegico vem do latim texere (construir tecer) cujo particiacutepio passado textus tambeacutem era usado como substantivo e significava lsquomaneira de tecerrsquo ou lsquocoisa te-cidarsquo e ainda mais tarde lsquoestruturarsquo Em meados do seacuteculo XIV que a evoluccedilatildeo semacircntica da palavra atingiu o sentido de lsquotecelagem ou estru-turaccedilatildeo de palavrasrsquo ou lsquocomposiccedilatildeo literaacuteriarsquo e passou a ser usado em inglecircs proveniente do francecircs antigo texte Trata-se pois de uma uni-dade de sentido de um contiacutenuo comunicativo contextual que se carac-teriza por um conjunto de relaccedilotildees responsaacuteveis pela tessitura do texto ndash os criteacuterios ou padrotildees de textualidade entre os quais merecem desta-que especial a coesatildeo e a coerecircncia Numa outra perspectiva de acordo com estudos contemporacircneos o sentido de um texto natildeo estaacute nele o sentido do texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-sujeitos e natildeo algo que preexista a essa interaccedilatildeo Na concepccedilatildeo interacional da liacutengua o texto eacute considerado o proacuteprio lugar da interaccedilatildeo e da constituiccedilatildeo dos inter-locutores Haacute lugar no texto para toda uma gama de impliacutecitos dos mais variados tipos somente detectaacuteveis quando se tem como pano de fundo o contexto sociocognitivo dos participantes da interaccedilatildeo

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias KOCH I G V ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2010 3 ed 7ordf reimpressatildeo

FAacuteVERO Leonor L KOCH Ingedore G V Linguiacutestica textual uma introduccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

T

133

TRANSMIacuteDIA

O termo transmiacutedia foi criado por Marsha Kinder uma estudiosa de cinema e professora de Estudos Criacuteticos na Universidade do Sul da Califoacuternia em 1991 no livro Playing with Power Foi uma das primei-ras a reconhecer formalmente que a histoacuteria pode ser fragmentada e espalhada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo contribuindo para uma experiecircncia coletiva enriquecida quando apreciada em conjunto Em 2001 Henry Jenkins codiretor do programa de Estudos de Miacutedia Comparada do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) passou a promover a teoria de Kinder e chamar a atenccedilatildeo de escritores e produ-tores de Hollywood para suas perspectivas comerciais

Henry Jenkins utilizou o termo transmiacutedia pela primeira vez em um artigo da revista Technology Review em 2003 e aperfeiccediloou o con-ceito trecircs anos mais tarde no livro Cultura da convergecircncia publicado no Brasil em 2008

Uma histoacuteria transmidiaacutetica se desenrola atraveacutes de muacuteltiplos su-portes midiaacuteticos com cada novo texto contribuindo de maneira distin-ta e valiosa para o todo Cada meio faz o melhor para que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela televisatildeo roman-ces e quadrinhos por exemplo Seu universo pode ser explorado em games ou experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildees O acesso deve ser autocircnomo para que natildeo seja necessaacuterio ver o filme para gostar do game ou vice-versa Cada produto determinado eacute um ponto de acesso agrave franquia como um todo As histoacuterias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente

A palavra transmiacutedia surge para se referir agrave induacutestria do entreteni-mento e se difunde para outras aacutereas como o jornalismo O termo tem sido frequentemente confundido com a ideia de convergecircncia e conce-bido de forma generalizada utilizado para caracterizar qualquer nar-rativa que flui de uma miacutedia para outra sem que sejam consideradas as suas peculiaridades

Relacionada a comunicaccedilatildeo de mensagens histoacuterias conceitos por meio de diferentes plataformas de miacutedia como filme programa de tele-visatildeo livro revista em quadrinhos videogame internet etc Cada novo texto contribui com algo novo para a narrativa principal Tem como objetivo captar novos consumidores para um determinado produto ou marca Por exemplo uma histoacuteria eacute dividida em partes e veiculada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo Cada um definido pelo seu maior po-tencial de explorar aquela parte da histoacuteria Haacute sempre uma miacutedia re-gente na qual se desenvolve uma narrativa principal enquanto o trans-bordamento para as outras se caracteriza como narrativas secundaacuterias

T

134

A predominacircncia de uma determinada miacutedia vai qualificar o tipo de conteuacutedo do projeto como narrativas radiofocircnicas transmiacutedia ou entatildeo televisivas transmiacutedia

No caso do jornalismo quatro caracteriacutesticas devem estar presentes em uma narrativa transmiacutedia a) interatividade b) hipertextualidade c) multimidialidade integrada d) contextualizaccedilatildeo A compreensatildeo de transmiacutedia seja ela aplicada ao jornalismo ou ao entretenimento deve incorporar estrateacutegias de ampliaccedilatildeo da narrativa regente de engaja-mento e envolvimento da audiecircncia na composiccedilatildeo eou na recircula-ccedilatildeo de narrativas secundaacuterias Estrutura que se expande em termos de linguagens verbais como as icocircnicas textuais etc e de miacutedias como televisatildeo raacutedio celular internet jogos quadrinhos etc

Outras duas vertentes principais da narrativa transmiacutedia podem ser citadas a histoacuteria eacute contada atraveacutes de vaacuterios meios e plataformas comeccedilando em um meio e continuando em outros os prosumidores (consumidor que produz conteuacutedo) colaboram na construccedilatildeo do mun-do narrativo O relato gerado pelo emissor (de cima para baixo) deve-se somar agrave produccedilatildeo de baixo para cima ndash a colaboraccedilatildeo dos consumido-res agora convertidos em produtores

A loacutegica transmiacutedia ultrapassou o entretenimento e o marketing alcanccedilando a educaccedilatildeo o jornalismo e outras aacutereas do conhecimento Uma extensatildeo natural da chamada cultura da convergecircncia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias ALZAMORA Geane TAacuteRCIA Lorena Convergecircncia e Transmiacutedia galaacutexias semacircnticas e narrativas emergentes em jornalismo Brazilian Journalism Research Vol 8 Nordm 1 2012

LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infanto-juvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

TRANSMODALIDADE

Entende-se por transmodalidade elementos da linguagem que podem ser utilizados em diferentes modos Eacute a transformaccedilatildeo de um modo em outro a combinaccedilatildeo de elementos semioacuteticos de modos dife-

T V

135

rentes mas pertinentes entre si se correlacionando para que haja com-preensatildeo

Alguns exemplos de transmodalidade um livro transformado em filme o modo de comunicaccedilatildeo foi transformado em outro alterando as caracteriacutesticas de cada um que satildeo bem definidas Encontramos trans-modalidade tambeacutem na linguagem de sinais as pessoas surdas estatildeo em constantes processos de transmodalidade ou seja no tracircnsito entre liacutenguas (sinais e orais) e entre modalidades linguiacutesticas (visual-espacial e oral-auditiva)

Coincidindo com esse conceito a transmiacutedia utiliza diferentes miacute-dias ou seja diferentes modos para transmitir conteuacutedos variados de forma que os meios se contemplem Uma histoacuteria transmiacutedia desenro-la-se atraveacutes de muacuteltiplas plataformas de miacutedia com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo

Andresa Carla Gomes de Carvalho

ReferecircnciasLIMA Hildomar Joseacute de RESENDE Tacircnia Ferreira Escritas em portuguecircs por surdos(as) como praacuteticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade Revista Educaccedilatildeo Especial Santa Maria 2019 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufsmbreducacaoespecialarticleview38270gt Acesso em 15 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

VIDEOCAST E REPOSITOacuteRIOS DE VIacuteDEOS

A palavra videocast surge depois da palavra podcast quando ocor-re a inclusatildeo da imagem estaacutetica ou em movimento nos arquivos de conteuacutedo de aacuteudio Portanto videocasts consistem em arquivos de viacutedeo que podem ser assistidos pela internet ou baixados pelo usuaacuterio com a possibilidade de interaccedilatildeo destes (compartilhamento e comentaacuterios em espaccedilos no canal onde o videocast foi postado) caso esta opccedilatildeo seja habilitada pelo publicante O termo podcast permanece sendo usado principalmente para referir-se a arquivos de aacuteudio enquanto os arqui-vos de viacutedeo ganharam nomes especiacuteficos (vodcasts ou videocasts)

Os chamados ldquoviacutedeos da internetrdquo se popularizaram acompanhan-do os avanccedilos tecnoloacutegicos com a digitalizaccedilatildeo das cacircmeras fotograacutefi-cas e cinematograacuteficas Com a expansatildeo e a popularizaccedilatildeo do podcast na primeira metade dos anos 2000 os viacutedeos disponiacuteveis nos chamados repositoacuterios miacutedia passaram a ser denominados por alguns de video-casts ou abreviadamente de vodcasts conquanto vaacuterios autores tambeacutem os considerem podcasts

V

136

Atualmente existem inuacutemeros repositoacuterios de viacutedeo na internet alguns pagos e outros gratuitos (vimeocom pexelscom darefulcom videezycom pixabaycom videvonet etc) sendo o YouTube o mais po-pular entre todos que desde 2005 hospeda viacutedeos de colaboradores do mundo inteiro

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias ARAUacuteJO PMP ERROBIDART NCG JARDIM MIA Videocast Potencialidades e Desafios na Praacutetica Educativa segundo a literatura XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educaccedilatildeo em Ciecircncias ndash XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis SC ndash 3 a 6 de julho de 2017

CORREcircA Heacutercules Tolecircdo DIAS Daniela Rodrigues Podcasts na educaccedilatildeo a distacircncia possibilidades pedagoacutegicas e desafios a partir da experiecircncia Artigo apresentado como requisito da Disciplina Toacutepicos especiais em Comunicaccedilatildeo I - Podcast experimentaccedilotildees e formatos contemporacircneos ministrada pela docente Profa Dra Nair Prata do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Comunicaccedilatildeo - Mestrado do Instituto de Ciecircncias Sociais Aplicadas - ICSA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Mariana MG 2019

PAULA Joatildeo Basilio Costa Podcasts educativos possibilidades limitaccedilotildees e a visatildeo do professor de ensino superior Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica Belo Horizonte Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais 2010

e q u i p ee d i t o r i a l

138

Ana Elisa Ribeiro eacute doutora em Linguiacutestica Aplicada (Linguagem e tecnologia) e mestre em Estudos Linguiacutesticos (Cogniccedilatildeo linguagem e cultura) pela Universidade Federal de Minas Gerais poacutes-doutora em Comunicaccedilatildeo pela PUC Minas em Linguiacutestica Aplicada pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp e em Estudos Literaacuterios pela Universidade Federal de Minas Gerais Eacute professora titular e pesquisa-dora do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais onde atua no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (mestrado e doutorado) no bacharelado em Letras (Tecnologias de Ediccedilatildeo) e no ensino meacutedio Eacute es-critora autora de livros e publicaccedilotildees literaacuterias individuais e coletivas

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

O R G A N I Z A D O R E S

139

Adriana Alves Pinto eacute doutoranda em Estudos de Linguagens no Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) Mestra em Estudos linguiacutesticos-Traduccedilatildeo liacutengua inglesa pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais Especialista em Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Utilizando o Linux Educacional pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado) liacuten-gua inglesa pela UFMG Graduada em LetrasPortuguecircs pela Faculda-de Educacional da Lapa (FAEL) Adriana Alves tambeacutem eacute professora de liacutengua inglesa do ensino baacutesico na escola estadual Celmar Botelho Duarte em Belo Horizonte MG

Arlene Pereira dos Santos Faria eacute poacutes-graduada em ciecircncias da reli-giatildeo pelo ISTA e em Administraccedilatildeo Escolar pela Universidade Cacircndido Mendes Atualmente mestranda em Administraccedilatildeo pelo centro uni-versitaacuterio Unihorizontes Graduada em Pedagogia com ecircnfase no ensi-no religioso pela PUC Minas Dirigiu ateacute fevereiro de 2021 o Coleacutegio Agostiniano Frei Carlos Vicuna projeto social da Sociedade Inteligecircn-cia e Coraccedilatildeo (SIC)

Aureacutelio Kubo eacute doutorando no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estu-dos de Linguagens do CEFET-MG fez mestrado em Estudos Linguiacutesti-cos na UFMG e eacute licenciado em Letras Eacute professor no CEFET-MG Cam-pus Timoacuteteo

Magno Martins eacute mestrando em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG Produtor multimiacutedia estrategista em Marketing Digital e atual-mente eacute professor e profissional independente em Marketing Digital e Comunicaccedilatildeo Digital

Marcos Felipe da Silva eacute mestrando em Estudos de Linguagens no CEFET e formado em Letras pela Faculdade Pitaacutegoras de Belo Hori-zonte

T R A D U T O R E S

140

Michel Montandon eacute doutorando em Estudos de Linguagens pelo Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica e servidor da Universidade Fede-ral de Satildeo Joatildeo del-Rei (UFSJ)

Nathalie Santos Caldeira Gomes eacute mestra em Teoria do Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharela em Direito pelo Centro Universitaacuterio Newton Paiva bacharela em Letras com Ecircn-fase em Tecnologias de Ediccedilatildeo pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecno-loacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG licenciada em Portuguecircs e Inglecircs pelo Centro de Ensino Superior de Maringaacute e licenciada em Pedagogia pela Faculdade Ibra de Brasiacutelia Atualmente professora na Prefeitura Municipal de Lagoa Santa e na Seicho-No-Ie do Brasil

Rafael Augusto Gonccedilalves Rocha eacute doutorando em Estudos de Lin-guagens pelo CEFET-MG e Mestre em Estudos Culturais Contempo-racircneos pela Universidade FUMEC Graduado em LetrasInglecircs pela UFMG Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Grupo Educacional Unis-MG e Peda-gogia pelo ISEIB Professor no Coleacutegio Tiradentes da PMMG professor de Liacutengua Inglesa no Coleacutegio Santa Maria Minas - Unidades Betim e Nova Lima e professor da SEE-MG

T R A D U T O R E S

141

Amanda Ribeiro eacute mestranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais escritora e professora da rede particular de ensino

Aquiles Junio dos Santos eacute graduado em Administraccedilatildeo Puacuteblica pela Faculdade Minas Gerais - Famig e Especialista em Gestatildeo Puacuteblica Mu-nicipal pela Universidade Federal de Satildeo Joatildeo del-Rei - UFSJ Teacutecnico em Estradas pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG e servidor puacuteblico estadual na Fundaccedilatildeo Ezequiel Dias - Funed

Gbegravenoukpo Geacuterard Nouatin eacute doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG Professor de liacutenguas com experiecircncia em traduccedilatildeo Professor Gbegravenoukpo eacute graduado em LetrasEspanhol na especialidade Estudos Linguiacutesticos pela Universiteacute drsquoAbomey-Calavi

Ione Aparecida Neto Rodrigues eacute doutoranda em Estudos de Lin-guagens - CEFET-MG Mestre em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica- CEFET-MG Graduada em Pedagogia pela UEMG e Coordenadora Pedagoacutegica da Faculdade Ciecircncias da Vida em Sete Lagoas (MG)

Mateus Esteves de Oliveira eacute doutorando e mestre em Estudos de Lin-guagens (CEFET-MG) Graduado em Gestatildeo Comercial (Universidade de Itauacutena) Letras Portuguecircs Inglecircs (UNAR)

Rejane Aparecida da Silva eacute mestre em Letras - Linguiacutestica e Liacutengua Portuguesa pela PUC Minas Graduada em Letras pela PUC Minas Atualmente eacute aluna em disciplina isolada no Programa de Poacutes-Gradu-accedilatildeo em Estudos de Linguagem no CEFET-MG e atua como professora na rede particular em Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

142

Suzanne Silva Rodrigues de Morais eacute doutoranda e mestre em Estu-dos de Linguagens pelo CEFET-MG Graduada em Letras pela UEMG eacute professora de liacutengua portuguesa e produccedilatildeo de textos na rede puacuteblica e particular de Divinoacutepolis - MG

Weliton da Silva Leatildeo eacute mestrando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG Licenciado em Matemaacutetica pela PUC Minas e professor de Matemaacutetica na rede particular de Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

143

Ana Claacuteudia Rola Santos eacute mestra em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Ana Luacutecia de Souza eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educaccedilatildeo de Joatildeo Monlevade e em Matemaacutetica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Andresa Carla Gomes de Carvalho eacute mestranda em Letras - Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto e graduada em Letras pela Faculdade de Ciecircncias e Letras de Congonhas

Beatriz Toledo Rodrigues eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Linguagem Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana eacute especialista em Metodologia de ensino da Educaccedilatildeo Infantil e Seacuteries Iniciais pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais graduada em Letras pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto e aluna da disciplina (isolada) Multi-letramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Daniela Rodrigues Dias eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto MBA em Gestatildeo de Instituiccedilotildees Educacionais pela Faculdade Pitaacutegoras e em Gestatildeo Empresarial pela Fundaccedilatildeo Comu-nitaacuteria de Ensino Superior de Itabira especialista em Informaacutetica em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Lavras e bacharela em Sistemas de Informaccedilatildeo pela Faculdade Kennedy de Joatildeo Monlevade

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

144

Elton Ferreira de Mattos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Ciecircncias Humanas pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Fernanda Luiza de Sousa eacute mestra em Ensino de Ciecircncias com ecircnfase em Fiacutesica pela Universidade Federal de Ouro Preto e Licenciada em Fiacutesica pelo Instituto Federal de Minas Gerais - Ouro Preto

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Con-trole e Automaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselheiro Lafaiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo de Conteuacutedo em ComunicaccedilatildeoJornalismo pela Universidade Metodista de Satildeo Paulo e em Gestatildeo de Pessoas pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharel em Comunicaccedilatildeo SocialJornalismo pela Fundaccedilatildeo Comunitaacuteria Educacional e Cultural de Joatildeo Monlevade e graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

145

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Com-putaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselho La-faiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Layla Juacutelia Gomes Mattos eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Viccedilosa graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viccedilosa aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universida-de Federal de Ouro Preto

Leidelaine Seacutergio Perucci eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Coordenaccedilatildeo Pedagoacutegica pela Universidade Cacircndido Mendes graduada em Pedagogia pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Luanna Amorim Vieira da Silva eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Facul-dade Fransinette do Recife

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves eacute mestrando em Letras ndash Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Metodologia de Ensino da Liacutengua Portuguesa e da Liacutengua Inglesa pela Universidade Cacircndido Mendes graduado em Letras pela Faculdade Santa Rita

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa eacute graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em In-formaacutetica Aplicada agrave Educaccedilatildeo pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

146

Ricardo Ferreira Vale eacute doutorando em ducaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestre em Biotecnologia e Gestatildeo da Inovaccedilatildeo pelo Centro Universitaacuterio de Sete Lagoas especialista em Ensino de Biologia pela Universidade Cacircndido Mendes licenciado em Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Centro Universitaacuterio do Sul de Minas e licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitaacuterio Unifacvest

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees eacute doutoranda em Educaccedilatildeo e Mestra em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Psicopedagogia Institucio-nal pelo Instituto Prominas e graduada em LetrasLiacutengua Portuguesa pela Universidade Federal de Ouro Preto

Sabrina Ribeiro eacute graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Ouro Preto e voluntaacuteria do Grupo de Pesquisa Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto licenciada em Quiacutemica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Thiago Caldeira da Silva eacute mestrando em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo Puacuteblica pela Universidade Federal de Ouro Pre-to bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Viccedilosa

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

c r eacute d i t o s

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Diretor-GeralProf Flaacutevio Antocircnio dos Santos

Vice-DiretoraProfa Maria Celeste Monteiro de Souza Costa

Chefe de GabineteProfa Carla Simone Chamon

Diretor de Educaccedilatildeo Profissional e TecnoloacutegicaProf Seacutergio Roberto Gomide Filho

Diretora de GraduaccedilatildeoProfa Danielle Marra de Freitas Silva Azevedo

Diretor de Pesquisa e Poacutes-GraduaccedilatildeoProf Conrado de Souza Rodrigues

Diretor de Planejamento e GestatildeoProf Moacir Felizardo de Franccedila Filho

Diretor de Extensatildeo e Desenvolvimento ComunitaacuterioProf Flaacutevio Luis Cardeal Paacutedua

Diretor de Governanccedila e Desenvolvimento Institucional Prof Henrique Elias Borges

Diretor de Tecnologia da InformaccedilatildeoProf Gray Faria Moita

Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo

Coordenadora

Profa Joelma Rezende Xavier

Coordenador AdjuntoProf Joseacute de Souza Muniz Jr

LED eacute a editora-laboratoacuterio do Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo do CEFET-MG Tem por objetivo proporcionar ao corpo discente um espaccedilo permanente de reflexatildeo e experiecircncia para a praacutetica profis-sional em ediccedilatildeo de diversos materiais Tem como princiacutepios fundado-res a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensatildeo a integraccedilatildeo entre formaccedilatildeo teoacuterica e formaccedilatildeo praacutetica e a valorizaccedilatildeo do aprendiza-do horizontal e autocircnomo

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas GeraisAv Amazonas 5253 Nova SuiacuteccedilaCampus I sala 344Belo Horizonte MG Brasil CEP 30421-169Telefone +55 (31) 3319-7140

CoordenadorProf Dr Joseacute de Souza Muniz Jr

Vice-coordenadorProf Dr Luiz Henrique Silva de Oliveira

Comissatildeo EditorialProfa Dra Ana Elisa RibeiroProfa Dra Elaine Ameacutelia MartinsProf Dr Joseacute de Souza Muniz JrProf Dr Luiz Henrique Silva de OliveiraProfa Dra Maria do Rosaacuterio Alves PereiraProf Dr Rogeacuterio Silva BarbosaProf Dr Wagner Moreira

Conselho EditorialProfa Dra Ana Claacuteudia Gruszynski (UFRGS Brasil)Profa Dra Andreacutea Borges Leatildeo (UFC Brasil)Prof Dr Cleber Arauacutejo Cabral (Uninter Brasil)Profa Dra Daniela Szpilbarg (CIS-IDES-CONICET Argentina)Profa Dra Isabel Travancas (UFRJ Brasil)Profa Dra Luciana Salazar Salgado (UFSCar Brasil)Prof Dr Luis Alberto Ferreira Brandatildeo Santos (UFMG Brasil)Profa Dra Mariacutelia de Arauacutejo Barcellos (UFSM Brasil)Prof Dr Maacuterio Alex Rosa (CEFET-MG Brasil)

Projeto de traduccedilatildeo ldquoUma Pedagogia dos Multiletramentosrdquo

Professores CoordenadoresAna Elisa RibeiroMarcelo Amaral (Doutorando Posling - CEFET-MG)

PreparaccedilatildeoCarolina de Vasconcelos SilvaGabriela OliveiraGabrielly Ferreira

Texto de quarta capaElinara Santana

Projeto Graacutefico e DiagramaccedilatildeoMurilo Vale Valente

RevisatildeoAcircngela Alves Vasconcelos

Revisatildeo finalElinara Santana

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca UniversitaacuteriaBibliotecaacuterio Wagner Moreira de Souza ndash CRB6-2623

P371 Uma pedagogia dos multiletramentos Organizaccedilatildeo e apresentaccedilatildeo Ana Elisa Ribeiro Heacutercules Tolecircdo Correcirca ndash Belo Horizonte LED 2021

152 p ISBN 978-65-87948-04-1

1 Linguiacutestica 2 Letramento I Ribeiro Ana Elisa II Correcirca Heacutercules Toledo III Tiacutetulo

CDD 410

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

Este e-book celebra os 25 anos do Manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos Foram usadas as

fontes Palatia e Palatino Linotype O projeto editorial eacute de estudantes de Letras do CEFET-MG e foi

finalizado no inverno de 2021

de

se

nh

an

do

futu

ros

so

cia

is

do

s

Em 1994 dez educadores se reuniram em Nova Londres (EUA) com o intuito de

discutir a pedagogia dos letramentos Des-se encontro surgiu o manifesto A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures importante documento que propocircs a noccedilatildeo de multiletramentos com sua diversidade linguiacutestica cultural e textual Agora com esforccedilo e dedicaccedilatildeo de professores mes-trandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) em parceria com a editora-la-boratoacuterio do Bacharelado em Letras esse manifesto foi traduzido para o portuguecircs brasileiro e estaacute acessiacutevel para professores pesquisadores e estudantes das aacutereas de educaccedilatildeo e afins acrescido de um glossaacuterio produzido por parceiros da Universidade Federal de Ouro Preto

mu

ltil

etr

am

en

tos

u m a

gogia

peda

POSLINGPROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeOEM ESTUDOS DE LINGUAGENS

Page 4: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

s u m aacute r i o

R E S U M O

I N T R O D U Ccedil Atilde O

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O P R E S E N T E E M T R A N S F O R M A Ccedil Atilde O E O S F U T U R O S P R Oacute X I M O S V I S Otilde E S P A R A O T R A B A L H O A C I D A D A N I A E O S E S T I L O S D E V I D A

u m a p e d a g o g i a d o s

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s11

06

12

13

21

21

25

28

31

31

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

m u l t i l e t r a m e n t o s

43

46

49

49

53

54

55

56

57

60

61

67

137

D e s i g n l i n g u iacute s t i c o

P r aacute t i c a S i t u a d a

I n s t r u ccedil atilde o A b e r t a

U m a T e o r i a d a P e d a g o g i a

E n q u a d r a m e n t o C r iacute t i c o

P r aacute t i c a T r a n s f o r m a d a

D e s i g n s p a r a o u t r o s m o d o s d e p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o

O ldquoc o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

O p r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

R E F E R Ecirc N C I A S

34

34

35

37

39

40

43

O ldquoo q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

D e s i g n s d e s e n t i d o

D e s i g n s d i s p o n iacute v e i s

D e s i g n i n g

R e d e s i g n e d

D i m e n s otilde e s d a p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o s

E l e m e n t o s d o d e s i g n

g l o s s aacute r i o

e q u i p e e d i t o r i a l

s u m aacute r i o

6

Demorou muito mas finalmente executamos ndash e propusemos ndash uma traduccedilatildeo do manifesto da Pedagogia dos Multiletra-

mentos documento produzido por dez pesquisadores e profes-sores de liacutengua inglesa em meados dos anos 1990 e publicado

A n a E l i s a R i b e i r oC e n t r o F e d e r a l d e E d u c a ccedil atilde o T e c n o l oacute g i c a d e M i n a s G e r a i s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

U M A T R A D U Ccedil Atilde O N E C E S S Aacute R I A

7

em revista em 1996 1 Esse manifesto programaacutetico autodeclarado teve tanta influecircncia sobre os estudos de letramentos e multi-modalidade no Brasil que eacute um dos principais documentos em que se inspira nossa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) embora isso natildeo esteja expliacutecito e nem identificado no documen-to Eacute natildeo apenas por isso mas tambeacutem portanto fundamental que esta traduccedilatildeo ao portuguecircs brasileiro exista mesmo que um pouco tardiamente (25 anos passados) e com algumas imperfei-ccedilotildees

Ateacute o momento era bastante comum que tiveacutessemos de ler o manifesto em inglecircs ou que conhececircssemos suas partes por meio de traduccedilotildees de trechos em artigos e livros brasileiros Pen-sando nisso e na ampliaccedilatildeo significativa do acesso a este texto por pesquisadores professores e estudantes brasileiros a turma de mestrandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) ao cursar uma disciplina sobre identidade e letramentos do pro-fessor aceitou com alegria e responsabilidade o desafio de tra-duzir o documento em inglecircs tornando-o acessiacutevel natildeo apenas em nossa liacutengua mas tambeacutem propondo sua publicaccedilatildeo por meio da editora laboratoacuterio do bacharelado em Letras (Tecnolo-gias de Ediccedilatildeo) a LED que o disponibiliza gratuitamente a todos os interessados no tema e nesta importante discussatildeo que eacute a dos multiletramentos

Nesse documento nasce esse termo tatildeo empregado por muitas pessoas em especial no campo da educaccedilatildeo embora nem sempre lido diretamente Tambeacutem nasce aqui uma pro-posta para o seacuteculo XXI preocupada com o futuro de jovens do mundo inteiro considerando ambientes de aprendizagem mul-ticulturais multilinguiacutesticos e multimidiaacuteticos Eacute claro que em 1994-1996 ainda natildeo era possiacutevel prever muita coisa ligada agraves tecnologias digitais (redes sociais smartphones etc) era menos

1 Utilizamos na traduccedilatildeo o documento disponiacutevel emhttpnewarcprojectpbworkscomfPedagogy+of+Multiliteracies_New+London+-Grouppdf O artigo original foi publicado na Harvard Educational Review que optamos por natildeo consultar dado que esta eacute uma traduccedilatildeo tentativa validada como atividade de curso de poacutes-graduaccedilatildeo de instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino sem qualquer intenccedilatildeo de comerciali-zaccedilatildeo e apenas com finalidade pedagoacutegica e formativa

8

possiacutevel ainda para noacutes na Ameacuterica Latina no Brasil que mal conheciacuteamos de perto a internet de banda discada Nosso con-texto era bastante outro mesmo que esse documento tenha sido lido agraves vezes de forma a negligenciar nossos aspectos locais A pandemia parece ter nos mostrado algo sobre isso com mais pre-cisatildeo infelizmente

O grupo de tradutores aqui reunido (creacuteditos ao final) eacute formado principalmente por professores e professoras de inglecircs e portuguecircs que tal como em qualquer processo editorial se distribuiu conforme suas expertises A traduccedilatildeo foi coletiva as-sim como a revisatildeo final e contou como tarefa principal de uma disciplina de poacutes-graduaccedilatildeo validada tanto no mestrado quanto no doutorado de nossa instituiccedilatildeo o CEFET-MG Foi uma tarefa aacuterdua difiacutecil mas que contou com um grupo de pessoas engaja-do e ciente da importacircncia do acesso direto tanto quanto possiacute-vel em uma traduccedilatildeo ao texto original

A etapa seguinte consistiu em uma conferecircncia da tradu-ccedilatildeo que foi feita por professores e pelo tradutor e pesquisador Seacutergio Karam Ao encontrar aspectos complexos neste manifes-to debatemos com algumas pessoas relemos outros textos a fim de tomar decisotildees sobre as tentativas e propostas do grupo de tradutores Pelo menos quatro aspectos foram levantados (1) a dificuldade imposta pelo proacuteprio texto em inglecircs escrito a vinte matildeos quase trecircs deacutecadas atraacutes que carrega elementos linguiacutesti-cos e de estilo difiacuteceis mesmo em inglecircs (2) a consagraccedilatildeo de al-guns termos traduzidos ao portuguecircs no Brasil mesmo quando nos pareciam inadequados ou imprecisos mas que optamos por manter tal como jaacute ficaram conhecidos e foram legitimados no debate local (3) a dificuldade grande de traduzir palavras que em inglecircs satildeo uacutenicas como literacy que em portuguecircs pode dizer respeito agrave alfabetizaccedilatildeo e ao letramento e (4) a traduccedilatildeo tambeacutem difiacutecil de termos como design fundamental nesta proposta do New London Group mas que em portuguecircs tem outros sentidos que nos parecem indesejados

Os dois casos mais complexos deste documento em por-tuguecircs foram justamente os das palavras literacy e design e suas derivaccedilotildees Por vezes a ideia foi traduzir a primeira por alfa-

9

betizaccedilatildeo mas na maioria dos casos estamos tratando de letra-mento assim como de letramentos e multiletramentos O termo se consagrou em portuguecircs especialmente o multiletramentos que natildeo encontra uma realizaccedilatildeo tal como multialfabetizaccedilotildees embora literacy possa ser traduzida como alfabetizaccedilatildeo Jaacute design nos pa-receu termo ainda mais complexo e vejamos entatildeo trata-se de uma palavra admitida ao portuguecircs com sentidos proacuteximos aos de projeto e desenho no entanto o manifesto a emprega com o intuito declarado de propor uma metalinguagem especializada Escolhem entatildeo a palavra design num sentido que em portuguecircs ainda natildeo encontra uma traduccedilatildeo exata Por se tratar de termo especializado optamos pela manutenccedilatildeo de design com este sen-tido que o NLG quer erigir e propor incluindo palavras da mes-ma famiacutelia e igualmente difiacuteceis de traduzir como designing e designed expressotildees que tornam o construto do grupo bastante complexo em alguns pontos em especial depois de traduzido

Design eacute portanto aqui uma palavra em sentido especiacute-ficoespecializado agrave qual o NLG atribui sentido dentro do con-texto da pedagogia que propotildee para o novo seacuteculo (eles estavam agraves veacutesperas da virada do milecircnio) A opccedilatildeo por mantecirc-la e natildeo traduzi-la por desenho ou projeto tambeacutem respeitou certa consa-graccedilatildeo na aacuterea ou nos estudos de multiletramentos daiacute termos considerado que trocar o termo mais atrapalharia e confundiria do que ajudaria no entendimento da proposta Ainda outra coisa ocorria por vezes caberia a traduccedilatildeo de design por desenho ou-tras vezes melhor seria por projeto o que poderia trazer inconsis-tecircncia e inespecificidade ao termo em portuguecircs num contexto de expliacutecita construccedilatildeoproposiccedilatildeo de uma metalinguagem e de uma pedagogia que se diferenciasse do que jaacute ocorria antes dos anos 1990

Traduzir A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Fu-tures foi uma tarefa coletiva executada ao longo de quatro meses Desde o primeiro encontro de nosso curso esta missatildeo foi discu-tida por um grupo de professores-pesquisadores disposto a es-tudar a fundo esse documento e tornaacute-lo de acesso mais amplo Depois de traduzido e revisado o documento seguiu para cotejo conferecircncia e ajustes de ordem terminoloacutegica para em seguida

10

chegar ao processo de ediccedilatildeo que o tornaria um ebook A tradu-ccedilatildeo foi feita num arquivo do Google Docs compartilhado com todas as pessoas inscritas do curso que acessavam assincrona-mente o texto trabalhavam nele quando podiam e discutiam so-luccedilotildees e revisotildees por muitos canais em especial os foacuteruns virtu-ais da disciplina Foi tal como o manifesto um trabalho a vaacuterias matildeos soacute que empregando ferramentas que provavelmente aque-les dez autores natildeo chegaram a conhecer enquanto escreviam nos anos 1990 Esta foi uma experiecircncia de traduccedilatildeo que tentou se apropriar justamente das dimensotildees muacuteltiplas que tiacutenhamos em nosso grupo subculturais de linguagem e de miacutedias Trata--se entatildeo de uma traduccedilatildeo oferecida e proposta por um grupo em Belo Horizonte Minas Gerais que deseja que esta pedagogia de fato possa ser lida por mais pessoas para aleacutem dos horizontes da liacutengua inglesa num paiacutes que de maneira geral tem tratado a educaccedilatildeo e as tecnologias sem o devido cuidado em especial quando pensamos nas conexotildees entre essas duas coisas no seacute-culo XXI

Juntou-se a noacutes neste material a equipe de colegas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) coordenada pelo prof dr Heacutercules Tolecircdo Correcirca Simultaneamente ao processo da nossa traduccedilatildeo eles produziam um glossaacuterio dos multiletra-mentos material fundamental para a familiarizaccedilatildeo de docentes e pesquisadores com a proposta do New London Group e com muito do que se debate nesse campo Foi com enorme alegria que nos unimos neste livro fazendo convergir dois esforccedilos cujo vetor era o mesmo ampliar o acesso agrave proposta da pedagogia dos multiletramentos quem sabe dirimindo duacutevidas de colegas e estudantes Esperamos alcanccedilar um diaacutelogo cada vez mais am-plo e qualificado

Agradecemos a colaboraccedilatildeo de Seacutergio Karam tradutor assim como a de Marcelo Amaral editor Tambeacutem agrave equipe da LED CEFET-MG em especial ao Murilo Valente agrave Gabriela Oliveira agrave Gabrielly Ferreira e agrave Elinara Santana Estamos gratos agrave Acircngela Vasconcelos do projeto Aula Aberta e finalmente nosso agradecimento agrave atenciosa equipe da Harvard Educational Review especialmente agrave Laura Clos e agrave professora Luciana Azeredo querida colega do CEFET-MG

11

1 Esta discussatildeo sobre o futuro da pedagogia do letramento tem a coautoria de

Courtney Cazden Graduate School of Education Universidade de Harvard EUA

Bill Cope National Languages and Literacy Institute of Austraacutelia Centre for Workplace Communication and Culture Universidade de Tecnologia Sydney e James Cook University of North Queensland Austraacutelia

Norman Fairclough Centre for Language in Social Life Universidade de Lancaster Reino Unido

James Gee Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Mary Kalantzis Institute of Interdisciplinary Studies James Cook University of North Queensland Austraacutelia Gunther Kress Institute of Education Universidade de Londres Reino Unido

Allan Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Carmen Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Sarah Michaels Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Martin Nakata School of Education James Cook University of North Queensland Austraacutelia

N E W L O N D O NG R O U P 1

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

multiletramentos

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

12

Neste artigo o Grupo de Nova Londres apresenta um panorama teoacuterico sobre as conexotildees entre o ambiente social em transforma-

ccedilatildeo enfrentado por estudantes e professores e uma nova abordagem agrave pedagogia dos letramentos a que os autores chamam ldquomultiletramen-tosrdquo Eles defendem que a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e a crescente diversidade cultural e linguiacutestica do mundo de hoje requerem uma concepccedilatildeo mais ampla de letramento do que a descrita nas abor-dagens tradicionais baseadas na liacutengua A noccedilatildeo de multiletramentos segundo os autores supera as limitaccedilotildees das abordagens tradicionais ao enfatizar que saber lidar com muacuteltiplas diferenccedilas linguiacutesticas e culturais em nossa sociedade eacute central para a vida privada laboral e cidadatilde dos estudantes Os autores sustentam que o uso de abordagens de multiletramentos na pedagogia permitiraacute aos estudantes alcanccedilar o duplo objetivo da aprendizagem letrada ter acesso agraves linguagens em permanente evoluccedilatildeo do trabalho do poder e da comunidade e favore-cer o engajamento criacutetico necessaacuterio agrave projeccedilatildeo de seus futuros sociais e agrave obtenccedilatildeo do sucesso por meio de empregos satisfatoacuterios

R e s u m o

13

Se fosse possiacutevel definir genericamente a missatildeo da educaccedilatildeo poder-se-ia dizer que seu propoacutesito fundamental eacute garantir

que todos os estudantes se beneficiem da aprendizagem de ma-neira a lhes permitir a ampla participaccedilatildeo nas esferas da vida puacuteblica econocircmica e comunitaacuteria Espera-se que uma peda-gogia dos letramentos desempenhe um papel particularmen-te importante nessa missatildeo Pedagogia eacute a relaccedilatildeo de ensino e de aprendizagem que potencializa a construccedilatildeo de condiccedilotildees de aprendizagem que levem agrave equidade na participaccedilatildeo social Tradicionalmente a pedagogia do letramento tem significado ensinar e aprender a ler e a escrever as formas padronizadas e oficiais das liacutenguas nacionais destinadas agrave paacutegina impressa Em outros termos a pedagogia do letramento tem sido um projeto cuidadosamente restritivo mdash restrito agraves formas de linguagem padronizadas monolinguais monoculturais e sujeitas a regras

Neste artigo tentamos ampliar o entendimento do letra-mento e do ensino e aprendizagem do letramento para incluir as relaccedilotildees entre uma multiplicidade de discursos Buscamos desta-car dois aspectos principais dessa multiplicidade Primeiramen-te gostariacuteamos de estender a noccedilatildeo e o escopo da pedagogia do letramento para que ela levasse em conta o contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas e progressi-vamente globalizadas bem como a variedade de culturas que se inter-relacionam e a pluralidade de textos que circulam Em segundo lugar sustentamos que uma pedagogia do letramento precisa dar conta agora da crescente variedade de formas textu-ais associadas agraves tecnologias da informaccedilatildeo e multimiacutedia Isso inclui a compreensatildeo e o controle competente das formas repre-sentacionais que estatildeo se tornando progressivamente significati-vas na esfera das comunicaccedilotildees em geral tais como as imagens visuais e sua relaccedilatildeo com a palavra escrita mdash por exemplo a pro-gramaccedilatildeo visual na editoraccedilatildeo eletrocircnica ou a interface entre os

I N T R O D U Ccedil Atilde O

14

sentidos visual e linguiacutestico em publicaccedilotildees multimiacutedia De fato este segundo ponto estaacute intimamente relacionado ao primeiro a proliferaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo e de miacutedia apoia e ex-pande a diversidade cultural e subcultural Assim que passamos a focalizar o objetivo de criar condiccedilotildees de aprendizagem para uma plena participaccedilatildeo social o problema das diferenccedilas assu-me importacircncia criacutetica De que maneira noacutes podemos garantir que as diferenccedilas culturais de linguagem e de gecircnero natildeo sejam barreiras para o sucesso educacional Quais satildeo as implicaccedilotildees dessas diferenccedilas para uma pedagogia do letramento

Esse ponto das diferenccedilas tornou-se questatildeo principal que como educadores agora devemos abordar E embora inuacutemeras teorias e praacuteticas tenham sido desenvolvidas como possiacuteveis res-postas neste momento parece haver uma particular ansiedade sobre como proceder O que eacute uma educaccedilatildeo adequada para mu-lheres para povos indiacutegenas para imigrantes que natildeo falam a liacutengua nacional para falantes de dialetos natildeo padronizados O que eacute adequado para todos num contexto dos fatores cada vez mais criacuteticos em termos de diversidade local e conexatildeo global Enquanto os educadores tentam abordar o contexto da diversi-dade cultural e linguiacutestica por meio da pedagogia do letramento ouvimos afirmaccedilotildees e contra-afirmaccedilotildees estridentes sobre o po-liticamente correto o cacircnone da grande literatura a gramaacutetica e outros princiacutepios baacutesicos

A sensaccedilatildeo de ansiedade reinante eacute alimentada em par-te pela sensaccedilatildeo de que apesar da boa vontade por parte dos educadores da expertise profissional e das grandes quantias de dinheiro gastas para desenvolver novas abordagens ainda existem grandes disparidades nas oportunidades de vida ndash dis-paridades que hoje parecem se ampliar ainda mais Ao mesmo tempo mudanccedilas radicais estatildeo ocorrendo na natureza da vida puacuteblica comunitaacuteria e econocircmica Um forte senso de cidadania tem dado lugar agrave fragmentaccedilatildeo local e as comunidades estatildeo se dividindo em grupos cada vez mais diversos e subculturalmente definidos A transformaccedilatildeo tecnoloacutegica e organizacional da vida profissional permite que alguns tenham acesso a estilos de vida de riqueza sem precedentes enquanto excluem outros de ma-

15

neiras que se relacionam cada vez mais aos resultados da edu-caccedilatildeo e do treinamento Pode muito bem ser que tenhamos de repensar o que estamos ensinando e em particular quais novas necessidades de aprendizagem a pedagogia do letramento pode abarcar agora

Os dez autores deste texto satildeo educadores que se encon-traram durante uma semana em setembro de 1994 em Nova Londres New Hampshire nos Estados Unidos para discutir o estado da pedagogia dos letramentos Os membros do grupo ou tinham trabalhado juntos ou tinham se alimentado de seus res-pectivos trabalhos ao longo de vaacuterios anos As principais aacutereas de interesse comum ou complementar incluiacuteam a tensatildeo pedagoacute-gica entre abordagens de ensino expliacutecitas e imersivas o desafio da diversidade linguiacutestica e cultural a recente proeminecircncia dos modos e tecnologias da comunicaccedilatildeo e as mudanccedilas nos usos dos textos em espaccedilos de trabalho reestruturados Quando nos encontramos em 1994 nossa intenccedilatildeo era consolidar e ampliar essas relaccedilotildees a fim de abordar o problema mais amplo dos pro-poacutesitos da educaccedilatildeo e neste contexto o problema especiacutefico da pedagogia dos letramentos Era nossa intenccedilatildeo reunir ideias de diferentes domiacutenios e de diferentes paiacuteses falantes do inglecircs Nossa principal preocupaccedilatildeo era a questatildeo das oportunidades de vida na medida em que elas se relacionam com a ordem moral e cultural mais ampla da pedagogia dos letramentos

Sendo dez pessoas diferentes trouxemos para esta discus-satildeo uma grande variedade de experiecircncias nacionais de vida e profissionais Courtney Cazden dos Estados Unidos tem uma longa e influente carreira trabalhando temas tais como o discur-so da sala de aula a aprendizagem de liacutengua em contextos mul-tiliacutengues e mais recentemente a pedagogia dos letramentos Bill Cope da Austraacutelia havia produzido curriacuteculos que abordavam a diversidade cultural nas escolas e havia pesquisado a pedago-gia dos letramentos e as mudanccedilas culturais e discursivas dos ambientes de trabalho Da Gratilde-Bretanha Norman Fairclough teoacuterico da liacutengua e do discurso social eacute particularmente inte-ressado nas mudanccedilas linguiacutesticas e discursivas como parte das transformaccedilotildees sociais e culturais James Gee dos Estados Uni-

16

dos eacute um dos principais pesquisadores e teoacutericos da linguagem e da mente e da linguagem e das demandas por aprendizagem nos mais recentes espaccedilos de trabalho marcados pelo ldquocapitalis-mo aceleradordquo (fast capitalism) A australiana Mary Kalantzis tem estado envolvida em projetos experimentais de educaccedilatildeo social e de curriacuteculos para o letramento e estaacute particularmente inte-ressada na educaccedilatildeo para a cidadania Gunther Kress da Gratilde--Bretanha eacute mais conhecido por seu trabalho sobre linguagem e aprendizagem semioacutetica letramento visual e os letramentos multimodais cada vez mais importantes para a comunicaccedilatildeo como um todo particularmente as miacutedias de massa Allan Luke da Austraacutelia eacute pesquisador e teoacuterico do letramento criacutetico que trouxe a anaacutelise socioloacutegica para apoiar o ensino de leitura e es-crita Carmen Luke tambeacutem da Austraacutelia escreveu extensiva-mente sobre a pedagogia feminista Sarah Michaels dos Estados Unidos tem ampla experiecircncia no desenvolvimento e na pesqui-sa de programas de aprendizagem em sala de aula em contextos urbanos Martin Nakata australiano tem pesquisado e escrito sobre o problema do letramento de comunidades indiacutegenas

Criando um contexto para o encontro havia nossas dife-renccedilas de experiecircncia nacional e diferenccedilas de ecircnfase teoacuterica e poliacutetica Por exemplo precisaacutevamos debater em profundidade tanto a importacircncia da imersatildeo quanto a do ensino expliacutecito nossos distintos interesses como especialistas em multimiacutedia letramentos no ambiente de trabalho diversidade linguiacutestica e cultural e o problema de ateacute que ponto deveriacuteamos nos compro-meter com as expectativas de aprendizagem e o ethos das novas formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo de trabalho Noacutes nos engaja-mos nas discussotildees com base em um genuiacuteno compromisso com a resoluccedilatildeo colaborativa de problemas reunindo uma equipe com diferentes saberes experiecircncias e posicionamentos a fim de otimizar a possibilidade de enfrentar com eficiecircncia a complexa realidade das escolas

Conscientes de nossas diferenccedilas compartilhamos a pre-ocupaccedilatildeo de que nossa discussatildeo talvez natildeo fosse produtiva no entanto ela foi devido agraves nossas diferenccedilas combinadas com nos-so sentimento de desconforto Conseguimos concordar a respei-

17

to do problema fundamental ndash isto eacute que as disparidades nos resultados da educaccedilatildeo natildeo pareciam estar melhorando Concor-damos que precisamos voltar agrave questatildeo mais ampla dos resulta-dos sociais da aprendizagem de liacutengua e que tiacutenhamos baseado nisso que repensar as premissas fundamentais de uma peda-gogia dos letramentos a fim de influenciar praacuteticas que daratildeo aos estudantes as habilidades e o conhecimento de que precisam para alcanccedilar suas aspiraccedilotildees Concordamos que em cada paiacutes angloacutefono de onde viemos o que os estudantes precisavam para aprender estava se transformando e que o principal elemento dessa mudanccedila era que natildeo havia mais um inglecircs singular canocirc-nico que poderia ou deveria ser ensinado Diferenccedilas culturais e a raacutepida mudanccedila nos meios de comunicaccedilatildeo significavam que a proacutepria natureza do assunto ndash a pedagogia do letramento ndash estava mudando radicalmente Este artigo eacute o resumo de nossas discussotildees

A estrutura deste artigo desenvolveu-se a partir das dis-cussotildees de Nova Londres Comeccedilamos com um programa pre-viamente combinado que consistia em um quadro esquemaacutetico de questotildees-chaves sobre as formas e o conteuacutedo da pedagogia do letramento Ao longo de nossa reuniatildeo percorremos esse programa trecircs vezes destacando pontos difiacuteceis elaborando a argumentaccedilatildeo e adaptando a estrutura esquemaacutetica que havia sido proposta originalmente Um membro da equipe registrou pontos fundamentais que foram projetados em uma tela para que pudeacutessemos discutir a formulaccedilatildeo de uma argumentaccedilatildeo comum Ao final do encontro desenvolvemos o esboccedilo que pos-teriormente se tornaria este artigo Os vaacuterios membros do grupo voltaram aos seus respectivos paiacuteses e instituiccedilotildees e trabalharam de forma independente nas diferentes seccedilotildees do texto o rascu-nho foi distribuiacutedo e modificado e finalmente abrimos o artigo para discussatildeo puacuteblica em uma seacuterie de apresentaccedilotildees plenaacuterias e pequenos grupos de discussatildeo liderados pela equipe da Quar-ta Conferecircncia da Rede Internacional de Pesquisa em Alfabeti-zaccedilatildeo e Educaccedilatildeo (Fourth International Literacy and Education Rese-arch Network Conference) realizada em Townsville Austraacutelia em junho-julho de 1995

18

Este artigo eacute o resultado de um ano de exaustivas discus-sotildees mas de forma alguma eacute um texto acabado Noacutes o apresenta-mos aqui como um manifesto programaacutetico como uma espeacutecie de ponto de partida aberto e provisoacuterio Este artigo eacute um pano-rama teoacuterico do atual contexto social de aprendizagem e as con-sequecircncias das mudanccedilas sociais em relaccedilatildeo ao conteuacutedo (o ldquoo quecircrdquo) e agrave forma (o ldquocomordquo) da pedagogia do letramento Espera-mos que este artigo possa formar a base para um diaacutelogo aberto com colegas educadores em todo o mundo que possa despertar ideias para possiacuteveis novas aacutereas de pesquisa e que possa ajudar a estruturar experiecircncias curriculares que busquem enfrentar nosso ambiente educacional em constante mudanccedila

Decidimos que os resultados de nossas discussotildees pode-riam ser encapsulados em uma palavra ndash multiletramentos ndash pa-lavra que escolhemos para descrever dois importantes argumen-tos com que podemos abordar as ordens cultural institucional e global emergentes a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e miacutedia e a crescente proeminecircncia da diversidade cultural e lin-guiacutestica A noccedilatildeo de multiletramentos complementa a pedagogia tradicional do letramento ao abordar esses dois aspectos rela-cionados agrave multiplicidade textual O que poderiacuteamos denominar ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo2 permanece centrado apenas na liacutengua e geralmente em uma uacutenica forma da liacutengua nacional que eacute con-cebida como um sistema estaacutevel baseado em regras tais como o domiacutenio da correspondecircncia entre fonemas e letras Isso se baseia na suposiccedilatildeo de que podemos discernir e descrever seu uso correto Essa concepccedilatildeo de liacutengua se traduz tipicamente em um tipo mais ou menos autoritaacuterio de pedagogia Uma pedago-gia dos multiletramentos ao contraacuterio concentra-se em modos de representaccedilatildeo muito mais amplos do que apenas a liacutengua Eles diferem de acordo com a cultura e o contexto e tecircm efeitos cognitivos culturais e sociais especiacuteficos Em alguns contextos culturais ndash em uma comunidade aboriacutegine ou em um ambiente multimiacutedia por exemplo ndash o modo visual de representaccedilatildeo pode ser muito mais poderoso e intimamente relacionado agrave liacutengua do que a ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo jamais seria capaz de permitir Os multiletramentos tambeacutem criam um tipo diferente de pedago-

19

gia em que a linguagem e outros modos de significaccedilatildeo satildeo re-cursos representacionais dinacircmicos constantemente refeitos por seus usuaacuterios agrave medida que trabalham para alcanccedilar seus vaacuterios objetivos culturais

Dois pontos principais entatildeo emergiram em nossas dis-cussotildees O primeiro se relaciona agrave crescente multiplicidade e in-tegraccedilatildeo de modos de construccedilatildeo de sentido significativos em que o textual tambeacutem estaacute relacionado ao visual ao aacuteudio ao espacial ao comportamental e assim por diante Isso eacute particu-larmente importante nas miacutedias de massa multimiacutedia e em hi-permiacutedia eletrocircnica Podemos ter motivos para continuar ceacuteticos em relaccedilatildeo agraves visotildees da ficccedilatildeo cientiacutefica sobre as superinfovias e um futuro proacuteximo em que todos seremos compradores virtuais No entanto os novos meios de comunicaccedilatildeo estatildeo remodelando a maneira como usamos a linguagem Quando as tecnologias de produccedilatildeo de sentido estatildeo mudando tatildeo rapidamente natildeo pode haver um soacute conjunto de padrotildees ou habilidades que constituam as finalidades do letramento por mais que eles sejam ensinados

Em segundo lugar decidimos usar o termo ldquomultiletra-mentosrdquo como meio de focalizar as realidades do aumento da diversidade local e da conexatildeo global Lidar com diferenccedilas lin-guiacutesticas e culturais agora se tornou aspecto central de nossas vidas privadas profissional e cidadatilde Uma cidadania efetiva e o trabalho produtivo agora exigem interaccedilatildeo efetiva usando vaacuterios idiomas muacuteltiplas variedades do inglecircs e padrotildees de comuni-caccedilatildeo que cruzam fronteiras culturais comunitaacuterias e nacionais com mais frequecircncia A diversidade subcultural tambeacutem se es-tende ao espectro cada vez maior de registros especializados e variaccedilotildees situacionais na linguagem sejam elas teacutecnicas espor-tivas ou relacionadas a grupos de interesse e afiliaccedilatildeo Quando um dos fatos principais do nosso tempo eacute a proximidade entre diversidade cultural e linguiacutestica a proacutepria natureza da apren-dizagem de liacutenguas mudou

De fato essas satildeo questotildees fundamentais para o nosso fu-turo Ao abordaacute-las professores alfabetizadores e alunos devem se ver como participantes ativos da mudanccedila social como apren-dizes e alunos que podem ser designers3 ativos ndash artiacutefices ndash de fu-

20

turos sociais Decidimos comeccedilar a discussatildeo com essa questatildeo dos futuros sociais

Consequentemente o ponto de partida deste artigo eacute o formato da mudanccedila social ndash alteraccedilotildees em nossas vidas profis-sionais nossas vidas puacuteblicas como cidadatildeos e privadas como membros de diferentes estilos de vida em comunidade A ques-tatildeo fundamental eacute esta o que essas mudanccedilas significam para a pedagogia do letramento Nesse contexto passamos a concei-tuar o ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento O conceito-chave que apresentamos eacute o de Design em relaccedilatildeo ao qual tanto somos herdeiros de padrotildees e convenccedilotildees ligadas aos sentidossignifi-cados quanto somos designers ativos de sentidos E como desig-ners de sentidos somos designers de futuros sociais ndash futuros no ambiente de trabalho futuros puacuteblicos e futuros comunitaacuterios O artigo prossegue discutindo seis componentes do design do processo de produccedilatildeo de sentidos Linguiacutestico Visual Auditi-vo Gestual Espacial e Padrotildees Multimodais que relacionam os primeiros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos entre si Na uacuteltima das seccedilotildees mais importantes o artigo traduz o ldquoo quecircrdquo em um ldquocomordquo Quatro componentes pedagoacutegicos satildeo sugeridos Praacutetica Situada que se fundamenta na experiecircncia de produccedilatildeo de sentidos em estilos de vida particulares o domiacutenio puacuteblico e os espaccedilos de trabalho Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos desenvolvem uma metalinguagem expliacutecita do Design Enquadramento Criacutetico que interpreta o contexto social e a fina-lidade dos designs de sentidos e a Praacutetica Transformada na qual os alunos como produtores de sentidos tornam-se Designers de futuros sociais No Projeto Internacional de Multiletramentos em que estamos embarcando esperamos estabelecer relaccedilotildees de pesquisa colaborativa e programas de desenvolvimento curricu-lar que testem exemplifiquem ampliem e retrabalhem as ideias provisoriamente sugeridas neste artigo

21

Estamos vivendo um periacuteodo de dramaacuteticas mudanccedilas econocirc-micas globais agrave medida que novas teorias e praacuteticas de negoacutecios e de gestatildeo surgem em todo o mundo desenvolvido Essas teo-rias e praacuteticas enfatizam a competiccedilatildeo e os mercados centrados em mudanccedilas flexibilidade qualidade e nichos distintivos ndash natildeo os produtos de massa do ldquovelhordquo capitalismo (Boyett Conn 1992 Cross Feather Lynch 1994 Davidow Malone 1992 Deal Jenkins 1994 Dobyns Crawford-Mason 1991 Drucker 1993 Hammer Champy 1993 Ishikawa 1985 Lipnack Stamps 1993 Peters 1992 Sashkin Kiser 1993 Senge 1991) Toda uma nova terminologia cruza e recruza as fronteiras entre esses novos discursos de negoacutecios e gestatildeo de um lado e discursos preo-cupados com a educaccedilatildeo com a reforma educacional e com a ciecircncia cognitiva de outro (Bereiter Scardamalia 1993 Bruer 1993 Gardner 1991 Lave Wenger 1991 Light Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990) A nova teoria de gestatildeo usa palavras que satildeo muito familiares aos educadores tais como conhecimen-to (como em ldquotrabalhador do conhecimentordquo) aprendizagem (como em ldquoorganizaccedilatildeo de aprendizagemrdquo) colaboraccedilatildeo avalia-ccedilotildees alternativas comunidades de praacutetica redes e outros (Gee 1994a) Aleacutem disso os principais termos e interesses de vaacuterios discursos poacutes-modernos e criacuteticos com foco na emancipaccedilatildeo na destruiccedilatildeo de hierarquias e no respeito agrave diversidade (Faigley 1992 Freire 1968 1973 Freire Macedo 1987 Gee 1993 Giroux

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O P R E S E N T E E M T R A N S F OR M ACcedil AtildeO E O S F U T U RO S

P ROacuteX I M O S V I S OtildeE S PA R A O T R A BA L HO

A C I DA DA N I A E O S E S T I L O S DE V I DA

As linguagens necessaacuterias para produzir sentidos estatildeo mu-dando radicalmente em trecircs esferas de nossa existecircncia a

vida profissional a vida puacuteblica (cidadania) e a vida privada (es-tilos de vida)

22

1988 Walkerdine 1986) encontraram espaccedilo nesses novos dis-cursos de negoacutecios e gestatildeo (Gee 1994b)

A natureza mutante do trabalho tem sido denominada de ldquopoacutes-fordismordquo (Piore Sable 1984) e de ldquocapitalismo acelera-dordquo4 (Gee 1994b) O poacutes-fordismo substitui as antigas estruturas hieraacuterquicas de comando simbolizadas no desenvolvimento de teacutecnicas de produccedilatildeo em massa de Henry Ford e representadas de maneira caricatural por Charlie Chaplin em Tempos Moder-nos ndash uma imagem de trabalho natildeo qualificado repetitivo e que dispensa a inteligecircncia na linha de produccedilatildeo industrial Em vez disso com o desenvolvimento do poacutes-fordismo ou do capitalismo acelerado um nuacutemero cada vez maior de espaccedilos de trabalho vem optando por uma hierarquia mais achatada Compromisso responsabilidade e motivaccedilatildeo satildeo conquistados com o desen-volvimento de uma cultura de trabalho na qual os membros de uma organizaccedilatildeo se identificam com sua visatildeo missatildeo e valo-res corporativos As antigas cadeias verticais de comando satildeo substituiacutedas pelas relaccedilotildees horizontais do trabalho em equipe Uma divisatildeo de trabalho em seus componentes miacutenimos e pou-co qualificados eacute substituiacuteda por trabalhadores ldquopolivalentesrdquo e bem preparados suficientemente flexiacuteveis para realizar um tra-balho complexo e integrado (Cope Kalantzis 1995) De fato nos locais de trabalho de capitalistas acelerados e poacutes-fordistas mais avanccedilados as estruturas tradicionais de comando e de controle estatildeo sendo substituiacutedas por relaccedilotildees de pedagogia orientaccedilatildeo treinamento e organizaccedilatildeo da aprendizagem (Senge 1991) Co-nhecimentos antes considerados disciplinares especializados e divergentes tais como pedagogia e gestatildeo vatildeo ficando agora cada vez mais proacuteximos Isso significa que como educadores temos uma responsabilidade maior de considerar as implicaccedilotildees do que fazemos em relaccedilatildeo a uma vida profissional produtiva

Com uma nova vida profissional surge uma nova lin-guagem Boa parte dessa mudanccedila eacute o resultado de novas tec-nologias tais como os modos iconograacutefico textual e de tela de interagir com maacutequinas automatizadas interfaces ldquoamigaacuteveis ao usuaacuteriordquo operam com niacuteveis mais sutis de integraccedilatildeo cultural do que interfaces baseadas em comandos abstratos Mas grande

23

parte da mudanccedila tambeacutem eacute resultado das novas relaccedilotildees sociais de trabalho Enquanto a velha organizaccedilatildeo fordista dependia de sistemas de comando claros precisos e formais como memoran-dos escritos e ordens do supervisor o trabalho em equipe eficaz depende muito mais do discurso informal oral e interpessoal Essa informalidade tambeacutem se traduz em formas escritas hiacute-bridas informais e interpessoalmente sensiacuteveis como o e-mail (Sproull Kiesler 1991) Esses exemplos de mudanccedilas revolucio-naacuterias na tecnologia e na natureza das organizaccedilotildees produziram uma nova linguagem de trabalho Todas essas satildeo razotildees pelas quais a pedagogia do letramento precisa mudar se quiser ser relevante para as novas demandas da vida profissional se quiser fornecer a todos os alunos o acesso a um emprego satisfatoacuterio

Mas o capitalismo acelerado tambeacutem eacute um pesadelo Cul-turas corporativas e seus discursos de familiaridade satildeo mais sutilmente e mais rigorosamente seletivos que a mais desagra-daacutevel ndash honestamente desagradaacutevel ndash das hierarquias A reaccedilatildeo agrave cultura corporativa exige uma assimilaccedilatildeo das normas conven-cionais que soacute funcionam realmente se algueacutem jaacute fala a liacutengua da cultura convencional Se algueacutem natildeo estaacute se sentindo confortaacutevel como um integrante da cultura e dos discursos convencionais eacute ainda mais difiacutecil entrar em redes que operam informalmente do que entrar nos antigos discursos de formalidade Esse eacute um fator crucial na produccedilatildeo do fenocircmeno do teto de vidro o pon-to em que as oportunidades de emprego e de promoccedilatildeo cessam abruptamente E o capitalismo acelerado apesar de seu discurso de colaboraccedilatildeo cultura e valores compartilhados eacute tambeacutem um mundo vicioso impulsionado pelo mercado mal contido Agrave medi-da que refazemos nossa pedagogia do letramento para ser mais relevante para um novo mundo do trabalho precisamos estar cientes do perigo de que nossas palavras sejam cooptadas pelos discursos impulsionados pela economia e pelo mercado natildeo im-porta quatildeo contemporacircneos e ldquopoacutes-capitalistasrdquo possam parecer A nova literatura do capitalismo acelerado enfatiza a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila constante por meio do pensar e falar por si da criacutetica e do empoderamento da inovaccedilatildeo e da criatividade do pensa-mento teacutecnico e sistecircmico e do aprender a aprender Todas essas

24

formas de pensar e agir satildeo veiculadas por discursos novos e emergentes Esses novos discursos do trabalho podem ser inter-pretados de duas maneiras muito diferentes ndash como a abertura de novas possibilidades educacionais e sociais ou como novos sistemas de controle e exploraccedilatildeo da mente No sentido positi-vo por exemplo a ecircnfase na inovaccedilatildeo e na criatividade pode se encaixar bem com uma pedagogia que vecirc a linguagem e outros modos de representaccedilatildeo como dinacircmicos e sendo constantemen-te refeitos por produtores de sentidos em contextos variados e cambiantes No entanto pode muito bem ser que as teorias e as praacuteticas direcionadas ao mercado mesmo que pareccedilam huma-nas nunca incluiratildeo autenticamente uma visatildeo de sucesso sig-nificativo para todos os estudantes Raramente os proponentes dessas ideias consideram seriamente que elas sejam relevantes para pessoas destinadas a empregos qualificados e de elite De fato em um sistema que ainda valoriza resultados sociais muito diacutespares nunca haveraacute espaccedilo suficiente ldquono topordquo Uma visatildeo autenticamente democraacutetica das escolas deve incluir uma visatildeo de sucesso significativo para todos uma visatildeo de sucesso que natildeo seja definida exclusivamente em termos econocircmicos e que inclua uma criacutetica agrave hierarquia e agrave injusticcedila econocircmica

Em resposta agraves mudanccedilas radicais na vida profissional que estatildeo em curso precisamos trilhar um caminho cuidadoso que ofereccedila aos estudantes a oportunidade de desenvolver ha-bilidades para o acesso a novas formas de trabalho por meio do aprendizado da nova linguagem do trabalho Mas ao mesmo tempo como professores nosso papel natildeo eacute simplesmente ser tecnocratas Nosso trabalho natildeo eacute produzir trabalhadores doacuteceis e submissos Os estudantes precisam desenvolver a capacidade de opinar de negociar e de serem capazes de se envolver critica-mente nas condiccedilotildees de suas vidas profissionais

Na verdade os objetivos de acesso e engajamento criacutetico natildeo precisam ser incompatiacuteveis A questatildeo eacute como podemos nos afastar das uacuteltimas visotildees e anaacutelises de espaccedilos de trabalho de alta tecnologia globalizados e culturalmente diversos e relacio-naacute-los a programas educacionais baseados em uma visatildeo ampla de uma vida boa e uma sociedade igualitaacuteria Paradoxalmente

25

a nova eficiecircncia requer novos sistemas de motivar as pessoas que podem ser a base para um pluralismo democraacutetico no es-paccedilo de trabalho e fora dele No campo do trabalho chamamos essa possibilidade utoacutepica de diversidade produtiva a ideia de que o que parece ser um problema ndash a multiplicidade de cul-turas experiecircncias maneiros de produzir sentido e de pensar ndash pode ser explorado como um recurso (Cope Kalantzis 1995) A comunicaccedilatildeo intercultural e o diaacutelogo negociado de diferentes linguagens e discursos podem ser a base para a participaccedilatildeo o acesso e a criatividade dos trabalhadores para a formaccedilatildeo de re-des localmente sensiacuteveis e globalmente extensas que relacionam intimamente as organizaccedilotildees com seus clientes ou fornecedores e de estruturas de motivaccedilatildeo em que as pessoas sentem que seus diferentes repertoacuterios e experiecircncias satildeo genuinamente valori-zados Um tanto ironicamente talvez o pluralismo democraacutetico seja possiacutevel nos espaccedilos de trabalho pelas mais duras razotildees co-merciais e a eficiecircncia econocircmica pode ser uma aliada da justiccedila social embora nem sempre seja leal ou confiaacutevelAssim como o trabalho estaacute mudando a cidadania tambeacutem estaacute

Nas uacuteltimas duas deacutecadas reverteu-se a tendecircncia de um seacuteculo em direccedilatildeo a um estado de bem-estar social intervencionista e expandido A cidadania bem como o poder e a importacircncia dos espaccedilos puacuteblicos estatildeo diminuindo O racionalismo econocircmico a privatizaccedilatildeo a desregulamentaccedilatildeo e a transformaccedilatildeo de institui-ccedilotildees puacuteblicas tais como escolas e universidades para que ope-rem de acordo com a loacutegica do mercado satildeo transformaccedilotildees que fazem parte de uma mudanccedila global que coincide com o fim da Guerra Fria Ateacute a deacutecada de 1980 a dinacircmica geopoliacutetica global do seacuteculo XX assumira a forma de uma discussatildeo entre comunis-mo e capitalismo Isso acabou se tornando uma discussatildeo sobre o papel do Estado na sociedade em que o Estado de bem-estar intervencionista era a posiccedilatildeo de compromisso do capitalismo A discussatildeo foi ganha e perdida quando o Bloco Comunista natildeo

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

26

foi capaz de fazer frente ao custo crescente das instituiccedilotildees do mundo capitalista O fim da Guerra Fria representa uma vira-da histoacuterica indicativa de que uma nova ordem mundial eacute um liberalismo que evita o Estado Em apenas uma ou duas deacuteca-das esse liberalismo prevaleceu globalmente quase sem exceccedilatildeo (Fukuyama 1992) Aqueles de noacutes que trabalham na educaccedilatildeo financiada pelo Estado ou pela iniciativa privada sabem como eacute esse liberalismo A loacutegica do mercado se tornou uma parte muito maior de nossas vidas

Em algumas partes do mundo uma vez que os Estados centralizadores e homogeneizadores fortes praticamente entra-ram em colapso os Estados em todos os lugares foram redu-zidos em seus papeacuteis e responsabilidades Isso deixou espaccedilo para uma nova poliacutetica da diferenccedila Nos piores casos ndash em Los Angeles Sarajevo Cabul Belfast Beirute ndash a ausecircncia de um Es-tado eficiente em arbitragens deixou a administraccedilatildeo nas matildeos de gangues bandos organizaccedilotildees paramilitares e facccedilotildees poliacute-ticas etnonacionalistas Na melhor das hipoacuteteses as poliacuteticas de cultura e de identidade assumiram um novo significado Nego-ciar essas diferenccedilas agora eacute uma questatildeo de vida ou morte A luta perene pelo acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos de reconhecimento tem sido cada vez mais articulada por meio dos discursos de identidade e de reconhecimento (Kalantzis 1995)

A escolaridade em geral e a alfabetizaccedilatildeo em particular eram uma parte central da velha ordem Os Estados em expan-satildeo e intervencionistas dos seacuteculos XIX e XX usaram a escolari-dade como uma forma de padronizar as liacutenguas nacionais No Velho Mundo isso significou a imposiccedilatildeo de padrotildees nacionais sobre as diferenccedilas dialetais No Novo Mundo significou inte-grar imigrantes e povos indiacutegenas agrave linguagem ldquoadequadardquo e padronizada do colonizador (Anderson 1983 Dewey 19161966 Gellner 1983 Kalantzis Cope 1993a)

Assim como a geopoliacutetica global mudou o papel das es-colas mudou fundamentalmente As diversidades cultural e lin-guiacutestica satildeo agora questotildees centrais e criacuteticas Como resultado o significado da pedagogia do letramento mudou A diversidade local e a conexatildeo global significam natildeo apenas que natildeo pode ha-

27

ver um padratildeo tambeacutem significam que a habilidade mais impor-tante que os alunos precisam aprender eacute negociar dialetos regio-nais eacutetnicos ou de classe variaccedilotildees de registro que ocorrem de acordo com o contexto social discursos interculturais hiacutebridos a troca de coacutedigo frequentemente encontrada em um texto entre diferentes idiomas dialetos ou registros diferentes sentidos vi-suais e icocircnicos e variaccedilotildees nas relaccedilotildees gestuais entre pessoas linguagem e objetos materiais De fato esta eacute a uacutenica esperanccedila de evitar os conflitos catastroacuteficos relacionados a identidades e espaccedilos que agora parecem estar sempre prontos a explodir

O decliacutenio do velho sentido monocultural e nacionalis-ta de ldquocidadatildeordquo deixa um espaccedilo vago que deve ser novamente preenchido Propomos que este espaccedilo seja reivindicado por um pluralismo cidadatildeo Em vez de Estados que exigem um padratildeo cultural e linguiacutestico precisamos de Estados que arbitrem as di-ferenccedilas O acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos deve ser possiacutevel natildeo importa quais sejam os marcadores de identidade de algueacutem ndash como idioma dialeto e registro Os Estados devem ser fortes novamente mas natildeo para impor padrotildees eles devem ser fortes como aacuterbitros neutros da diferenccedila assim como as es-colas E tambeacutem a pedagogia do letramento Esta eacute a base de uma sociabilidade coesa uma nova cidadania em que as diferenccedilas satildeo utilizadas como recurso produtivo e em que as diferenccedilas satildeo a norma Eacute a base para o senso poacutes-nacionalista de propoacutesito comum que agora eacute essencial para uma ordem global paciacutefica e produtiva (Kalantzis Cope 1993b)

Para tanto as diversidades cultural e linguiacutestica satildeo re-cursos de sala de aula com a mesma forccedila que satildeo recursos so-ciais na formaccedilatildeo de novos espaccedilos e noccedilotildees de cidadania Isso natildeo eacute apenas para que os educadores possam prestar um melhor ldquoserviccedilordquo agraves ldquominoriasrdquo Em vez disso essa orientaccedilatildeo pedagoacute-gica produziraacute benefiacutecios para todos Por exemplo haveraacute um benefiacutecio cognitivo para todas as crianccedilas em uma pedagogia dos pluralismos linguiacutestico e cultural inclusive para crianccedilas mainstream Quando os aprendizes justapotildeem diferentes lingua-gens discursos estilos e abordagens eles ganham substantiva-mente em habilidades metacognitivas e metalinguiacutesticas e em

28

sua capacidade de refletir criticamente a respeito dos sistemas complexos e suas interaccedilotildees Ao mesmo tempo o uso folcloacuteri-co da diversidade de siacutembolos ndash criando mercadorias eacutetnicas ou outras mercadorias diferenciadas culturalmente para explorar nichos de mercado especializados ou adicionando cores festivas e eacutetnicas agraves salas de aula ndash natildeo deve encobrir conflitos reais de poder e de interesse Somente lidando autenticamente com eles podemos criar a partir da diversidade e da histoacuteria um domiacutenio puacuteblico novo vigoroso e igualitaacuterio

O pluralismo cidadatildeo muda a natureza dos espaccedilos ciacutevi-cos e com a mudanccedila de significado desses espaccedilos tudo muda desde o amplo conteuacutedo dos direitos e das responsabilidades puacuteblicas ateacute os detalhes institucionais e curriculares da peda-gogia do letramento Em vez da cultura central e dos padrotildees nacionais o campo da cidadania eacute um espaccedilo para a negocia-ccedilatildeo de um tipo diferente de ordem social onde as diferenccedilas satildeo ativamente reconhecidas onde essas diferenccedilas satildeo negociadas de forma a se complementarem e onde as pessoas tecircm a chance de expandir seus repertoacuterios culturais e linguiacutesticos para que possam acessar uma gama mais ampla de recursos culturais e institucionais (Cope Kalantzis 1995)

Vivemos em um ambiente no qual as diferenccedilas subculturais ndash de identidade e afiliaccedilatildeo ndash estatildeo se tornando cada vez mais significativas Gecircnero etnia geraccedilatildeo e orientaccedilatildeo sexual satildeo ape-nas alguns dos marcadores dessas diferenccedilas Para aqueles que anseiam por ldquopadrotildeesrdquo elas aparecem como evidecircncia de uma fragmentaccedilatildeo angustiante da estrutura social De fato em certo sentido eacute apenas uma mudanccedila histoacuterica em que as culturas na-cionais singulares tecircm menos influecircncia do que antes Por exem-plo um dos paradoxos dos sistemas de miacutedia multicanais menos regulamentados eacute que eles minam o conceito de audiecircncia cole-tiva e cultura comum em vez de promover o oposto uma gama crescente de opccedilotildees subculturais acessiacuteveis e a crescente diver-

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

29

gecircncia de discursos especializados e subculturais Isso significa o fim definitivo do ldquopuacuteblicordquo ndash aquela comunidade imaginaacuteria homogecircnea de Estados-naccedilatildeo democraacuteticos modernos

No entanto agrave medida que as diferenccedilas subculturais se tornam mais significativas tambeacutem testemunhamos outro de-senvolvimento um tanto contraditoacuterio ndash a crescente invasatildeo de espaccedilos privados pela cultura da miacutedia de massa pela cultura global de commodities e pelas redes de comunicaccedilatildeo e de infor-maccedilatildeo As culturas infantis satildeo feitas de narrativas e mercado-rias entrelaccediladas que cruzam a TV brinquedos embalagens de fast-food videogames camisetas sapatos roupas de cama esto-jos de laacutepis e lancheiras (Luke 1995) Os pais consideram essas narrativas mercantis inexoraacuteveis e os professores descobrem que suas mensagens culturais e linguiacutesticas perdem forccedila e relevacircn-cia ao competir com essas narrativas globais Como exatamente negociar esses textos globais invasivos Em alguns sentidos a invasatildeo da miacutedia de massa e o consumismo zombam da diver-sidade de suas miacutedias e canais Apesar de toda a diferenciaccedilatildeo subcultural dos nichos de mercado natildeo eacute oferecido muito espaccedilo no mercado infantil que reflita a verdadeira diversidade entre crianccedilas e adolescentes

Enquanto isso a vida particular estaacute se tornando mais puacute-blica agrave medida que tudo se torna um assunto potencial de dis-cussatildeo na miacutedia resultando no que chamamos de ldquoconversacio-nalizaccedilatildeordquo da linguagem puacuteblica Discursos que antes eram do domiacutenio particular ndash as complexidades da vida sexual de figuras puacuteblicas discussatildeo de memoacuterias reprimidas de abuso infantil ndash agora satildeo despudoradamente tornados puacuteblicos Em alguns sentidos isso eacute um desenvolvimento muito positivo e importan-te na medida em que essas satildeo questotildees frequentemente impor-tantes que precisam de uma divulgaccedilatildeo A conversacionalizaccedilatildeo difundida da linguagem puacuteblica no entanto envolve a simula-ccedilatildeo institucionalmente motivada da linguagem conversacional e das personas e relaccedilotildees da vida cotidiana A vida profissional estaacute sendo transformada para operar de acordo com metaacuteforas que antes eram distintamente privadas como gerenciamento por ldquoculturardquo equipes dependentes de discursos interpessoais e

30

relaccedilotildees paternalistas de orientaccedilatildeo Muito disso pode ser consi-derado ciacutenico manipulador invasivo e explorador visto que os discursos da vida particular e da comunidade satildeo apropriados para servir a fins comerciais e institucionais Em outras palavras este eacute um processo que destroacutei em parte a autonomia dos estilos de vida particular e comunitaacuterio

O desafio eacute disponibilizar espaccedilo para que diferentes esti-los de vida ndash espaccedilos para a vida comunitaacuteria onde significados locais e especiacuteficos possam ser construiacutedos ndash possam prosperar Os novos canais de multimiacutedia e hipermiacutedia podem e agraves vezes fornecem aos membros de subculturas a oportunidade de encon-trarem suas proacuteprias vozes Essas tecnologias tecircm o potencial de permitir maior autonomia para diferentes estilos de vida por exemplo televisatildeo multiliacutengue ou a criaccedilatildeo de comunidades vir-tuais por meio do acesso agrave internet

Poreacutem quanto mais diversos e vibrantes esses estilos de vida se tornam e quanto maior o espectro das diferenccedilas menos claramente delimitados os diferentes estilos de vida parecem ser A palavra ldquocomunidaderdquo eacute frequentemente usada para descrever as diferenccedilas que agora satildeo tatildeo criacuteticas ndash a comunidade iacutetalo-a-mericana a comunidade gay a comunidade empresarial e assim por diante ndash como se cada uma dessas comunidades tivesse li-mites bem definidos Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes nos novos espaccedilos puacuteblicos de pluralismo cida-datildeo suas fronteiras tornam-se mais evidentemente complexas e sobrepostas A crescente divergecircncia entre os estilos de vida e a crescente importacircncia das diferenccedilas satildeo responsaacuteveis pela inde-finiccedilatildeo de suas fronteiras Quanto mais autocircnomos os estilos de vida se tornam mais movimento pode haver pessoas entrando e saindo estilos de vida inteiros passando por grandes transiccedilotildees negociaccedilatildeo mais aberta e produtiva de diferenccedilas internas liga-ccedilotildees e alianccedilas externas mais livres

Como as pessoas satildeo simultaneamente membros de vaacuterios estilos de vida suas identidades tecircm vaacuterias camadas que estatildeo em relaccedilatildeo complexa umas com as outras Nenhuma pessoa eacute membro de uma uacutenica comunidade Em vez disso elas satildeo mem-bros de comunidades muacuteltiplas e sobrepostas ndash comunidades de

31

trabalho de interesse e afiliaccedilatildeo de etnia de identidade sexual e assim por diante (Kalantzis 1995)

Diferenccedilas de linguagem discurso e registro satildeo marca-dores de diferenccedilas no estilo de vida Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes e suas fronteiras mais borradas o fato central da linguagem torna-se a multiplicidade de senti-dos e sua interseccedilatildeo contiacutenua Assim como existem muacuteltiplas ca-madas para a identidade de todos existem muacuteltiplos discursos de identidade e muacuteltiplos discursos de reconhecimento a serem negociados Precisamos ser proficientes ao negociar os muitos estilos de vida que habitam cada um de noacutes e os muitos estilos de vida que encontramos em nossa vida cotidiana Isso cria um novo desafio para a pedagogia do letramento Em suma este eacute o mundo que a pedagogia do letramento agora precisa abordar

Realidades emtransformaccedilatildeo

Desenhando futuros sociais

Vidas profissionais Capitalismo acelerado Poacutes-fordismo

-gt Diversidade produtiva

Vidas puacuteblicas Decliacutenio do pluralismo puacuteblico

-gt Pluralismo cidadatildeo

Vidas privadas Invasatildeo do espaccedilo privado

-gt Estilo de vidamulticamadas

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

As escolas sempre desempenharam um papel crucial na de-terminaccedilatildeo das oportunidades de vida dos estudantes Elas

regulam o acesso agraves ordens do discurso ndash a relaccedilatildeo dos discursos em um espaccedilo social especiacutefico ndash e ao capital simboacutelico ndash senti-dos simboacutelicos que tecircm circulaccedilatildeo no acesso ao emprego poder poliacutetico e reconhecimento cultural Elas fornecem acesso a um

32

mundo de trabalho ordenado hierarquicamente elas moldam suas cidadanias elas fornecem um suplemento aos discursos e atividades de comunidades e estilos de vida particulares Como esses trecircs domiacutenios principais da atividade social mudaram os papeacuteis e as responsabilidades das escolas precisam mudar

A escolarizaccedilatildeo institucionalizada desempenhou tradicio-nalmente a funccedilatildeo de disciplinar e capacitar pessoas para aacutereas de trabalho industriais regulamentadas auxiliando na formaccedilatildeo do caldeiratildeo de cidadatildeos nacionais homogecircneos e suavizando as diferenccedilas herdadas entre estilos de vida Isso eacute o que Dewey (1916-1966) chamou de funccedilatildeo assimilatoacuteria da escolarizaccedilatildeo a funccedilatildeo de homogeneizar as diferenccedilas Agora a funccedilatildeo das salas de aula e da aprendizagem eacute em alguns sentidos inversa Cada sala de aula iraacute inevitavelmente reconfigurar as relaccedilotildees de di-ferenccedila local e global que agora satildeo tatildeo importantes Para serem relevantes os processos de aprendizagem precisam recrutar em vez de tentar ignorar e apagar as diferentes subjetividades ndash in-teresses intenccedilotildees compromissos e propoacutesitos ndash que os alunos trazem ao processo de aprendizado O curriacuteculo agora precisa se entrelaccedilar com diferentes subjetividades e seus inerentes lingua-gens discursos e registros e usaacute-los como um recurso de apren-dizagem

Essa eacute a base necessaacuteria para uma pedagogia que abra possibilidades de maior acesso O perigo do pluralismo simpli-ficador e caricato eacute que ele vecirc as diferenccedilas como imutaacuteveis e as deixa fragmentadas Visto que as diferenccedilas satildeo agora uma ques-tatildeo central predominante o nuacutecleo ou a tendecircncia dominante mudou Na medida em que natildeo pode haver uma liacutengua e cultura nacional universal padratildeo existem novos padrotildees universais na forma de diversidade produtiva pluralismo cidadatildeo e estilos de vida multicamadas

Essa eacute a base para uma pedagogia de acesso transformada ndash acesso ao capital simboacutelico com um valor real nas realidades emergentes de nosso tempo Tal pedagogia natildeo envolve sobres-crever as subjetividades existentes com a liacutengua da cultura domi-nante Esses antigos significados de ldquoacessordquo e ldquomobilidaderdquo satildeo a base para modelos de pedagogia que partem da ideia de que

33

culturas e liacutenguas diferentes das predominantes representam um deacuteficit No entanto na realidade emergente ainda existem deacuteficits reais como a falta de acesso ao poder social agrave riqueza e a siacutembolos de reconhecimento O papel da pedagogia eacute desen-volver uma epistemologia do pluralismo que proporcione acesso sem que as pessoas tenham de apagar ou deixar para traacutes dife-rentes subjetividades Essa deve ser a base de uma nova norma

A transformaccedilatildeo das escolas e do letramento escolar eacute ao mesmo tempo uma questatildeo muito ampla e especiacutefica uma parte criacutetica de um projeto social mais abrangente No entanto haacute um limite para o que as escolas podem alcanccedilar sozinhas A questatildeo ampla eacute o que contaraacute para o sucesso no mundo do futuro imi-nente um mundo que pode ser imaginado e alcanccedilado A ques-tatildeo mais estrita eacute como podemos transformar gradativamente os resultados alcanccedilaacuteveis e adequados da escolaridade Como podemos complementar o que as escolas jaacute fazem Natildeo podemos refazer o mundo por meio da escolarizaccedilatildeo mas podemos favo-recer uma visatildeo por meio da pedagogia que cria no microcosmo um conjunto transformador de relaccedilotildees e possibilidades de fu-turos sociais uma visatildeo que eacute vivida nas escolas Isso pode en-volver atividades como a simulaccedilatildeo de relaccedilotildees de trabalho com colaboraccedilatildeo comprometimento e envolvimento criativo usar a escola como local para acesso e aprendizagem de miacutedia de mas-sa resgatar o espaccedilo puacuteblico de cidadania escolar para diversas comunidades e discursos e criar comunidades de aprendizes diversificadas e que respeitem a autonomia dos estilos de vida

No restante deste artigo desenvolvemos a noccedilatildeo de pe-dagogia como design Nosso objetivo eacute discutir a proposiccedilatildeo de que o curriacuteculo eacute um projeto para futuros sociais e debater a forma geral desse projeto agrave medida que complementamos a pedagogia do letramento nas maneiras indicadas pela noccedilatildeo de multiletra-mentos Nesse sentido este artigo natildeo tem orientaccedilatildeo praacutetica imediata eacute mais da natureza de um manifesto programaacutetico O apelo agrave praticidade eacute frequentemente mal interpretado na me-dida em que desloca o tipo de discussatildeo fundacional que temos aqui Haacute outro sentido entretanto em que a discussatildeo nesse niacutevel eacute eminentemente praacutetica embora de uma maneira muito

34

geral Diferentes concepccedilotildees de educaccedilatildeo e sociedade levam a formas muito especiacuteficas de curriacuteculo e pedagogia que por sua vez incorporam designs de futuros sociais Para alcanccedilar isso precisamos nos engajar em um diaacutelogo criacutetico com os conceitos centrais do capitalismo acelerado das formas pluralistas emer-gentes de cidadania e dos diferentes estilos de vida Esta eacute a base para um novo contrato social uma nova comunidade

Em relaccedilatildeo ao novo ambiente da pedagogia do letramento preci-samos resgatar duas questotildees fundamentais o ldquoo quecircrdquo da peda-gogia do letramento ou o que os estudantes precisam aprender e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento ou o espectro das rela-ccedilotildees de aprendizagem adequadas

Designs de sentido

Ao abordar a questatildeo do ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento propomos uma metalinguagem dos multiletramentos baseada no conceito de ldquodesignrdquo O Design tornou-se central para inova-ccedilotildees no universo do trabalho bem como para reformas escola-res no mundo contemporacircneo Professores e gestores satildeo vistos como designers de processos e ambientes de aprendizagem e natildeo como chefes que ditam o que seus subordinados devem pen-sar e fazer Aleacutem disso algumas pessoas tecircm argumentado que a pesquisa educacional deveria tornar-se uma ciecircncia baseada em design estudando como diferentes planos curriculares projetos pedagoacutegicos e formatos de sala de aula motivam e alcanccedilam di-ferentes tipos de aprendizagem Do mesmo modo os gestores escolares tecircm suas proacuteprias concepccedilotildees de design estudando como a gestatildeo e as teorias empresariais podem ser postas em praacutetica e continuamente ajustadas e pensadas na praacutetica A no-ccedilatildeo de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteli-gecircncia criativa de que os melhores profissionais necessitam para poderem continuamente redesenhar suas atividades no ato da

O ldquo o q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

35

praacutetica Tambeacutem se associa agrave ideia de que a aprendizagem e a produtividade satildeo resultados de designs (estruturas) de sistemas complexos de pessoas ambientes tecnologia crenccedilas e textos

Decidimos tambeacutem utilizar a expressatildeo design para des-crever as formas de sentido porque o termo estaacute livre de associa-ccedilotildees negativas para os professores como por exemplo o termo ldquogramaacuteticardquo Trata-se de um conceito suficientemente rico para fundar um curriacuteculo linguiacutestico e uma pedagogia O termo tem tambeacutem uma feliz ambiguidade pode identificar tanto a estru-tura organizacional (ou morfologia) dos produtos quanto o pro-cesso de criaccedilatildeo Expressotildees como ldquoo design de um carrordquo ou ldquoo design de um textordquo podem ter os dois sentidos o modo como eacute ndash foi ndash projetado ou o processo de design dele Propomos tratar qualquer atividade semioacutetica incluindo a utilizaccedilatildeo da lingua-gem para produzir ou consumir textos como uma questatildeo de Design envolvendo trecircs elementos Designs Disponiacuteveis Desig-ning5 e o Redesign Juntos esses trecircs elementos enfatizam que a produccedilatildeo de sentidos eacute um processo vivo e dinacircmico e natildeo algo regido por regras estaacuteticas

Essa estrutura eacute baseada numa teoria especiacutefica do dis-curso Ela entende a atividade semioacutetica como uma aplicaccedilatildeo criativa e uma combinaccedilatildeo de convenccedilotildees (recursos ndash Designs Disponiacuteveis) que no processo de Design transforma ao mesmo tempo que reproduz essas convenccedilotildees (Fairclough 1992 a 1995) Aquilo que determina (Designs Disponiacuteveis) e o processo ativo de determinaccedilatildeo (Designing que cria Redesigns) estatildeo em cons-tante tensatildeo Essa teoria enquadra-se bem na visatildeo da vida e dos sujeitos sociais em sociedades em raacutepida mudanccedila e cultural-mente diversas que descrevemos anteriormente

Designs Disponiacuteveis

Designs Disponiacuteveis ndash os recursos para o Design ndash incluem as ldquogramaacuteticasrdquo de vaacuterios sistemas semioacuteticos as gramaacuteticas das liacutenguas e as gramaacuteticas de outros sistemas semioacuteticos tais como cinema fotografia ou gramaacutetica gestual Os Designs Disponiacuteveis tambeacutem incluem ldquoordens do discursordquo (Fairclough 1995) Uma

36

ordem do discurso eacute o conjunto estruturado de convenccedilotildees asso-ciadas agrave atividade semioacutetica (incluindo o uso da liacutengua) num determinado espaccedilo social ndash uma sociedade especiacutefica ou uma instituiccedilatildeo especiacutefica como uma escola ou um local de trabalho ou espaccedilos menos estruturados da vida comum agrupados na noccedilatildeo de diferentes modos de vida Uma ordem do discurso eacute um conjunto de discursos socialmente produzidos interligados e interagindo de forma dinacircmica Trata-se de uma configuraccedilatildeo especiacutefica dos elementos do Design Uma ordem do discurso pode ser vista como uma configuraccedilatildeo particular de tais ele-mentos Pode incluir uma mistura de diferentes sistemas semioacute-ticos ndash por exemplo sistemas semioacuteticos visuais e auditivos em combinaccedilatildeo com a liacutengua constituem a ordem do discurso da televisatildeo Outro exemplo pode envolver as gramaacuteticas de vaacuterias liacutenguas ndash as ordens do discurso de diferentes escolas

A ordem do discurso tem como objetivo apreender a ma-neira como diferentes discursos se relacionam (conversam) en-tre si Deste modo o discurso das gangues afro-americanas de Los Angeles estaacute historicamente relacionado com o discurso da poliacutecia da cidade Os discursos de ambos e outros discursos se-melhantes moldam-se e satildeo moldados uns pelos outros Para dar outro exemplo considere-se as relaccedilotildees histoacutericas e institucio-nais entre o discurso da biologia e o discurso do fundamentalis-mo religioso As escolas satildeo espaccedilos especialmente importantes em que um conjunto de discursos se relacionam entre si ndash dis-cursos disciplinares discursos de ser professor (cultura do pro-fessor) discurso de ser estudante (de diferentes tipos) discursos comunitaacuterios eacutetnicos de classe e discursos da esfera puacuteblica en-volvendo negoacutecios e governo por exemplo Cada discurso envol-ve produccedilatildeo reproduccedilatildeo e transformaccedilatildeo de diferentes tipos de pessoas Existe diversidade entre afro-americanos professores crianccedilas estudantes policiais e bioacutelogos O mesmo indiviacuteduo pode ser uma pessoa diferente em lugares e momentos distintos Diferentes tipos de pessoas conectam-se por meio dos discursos entrecruzados que constituem as ordens do discurso

No acircmbito das ordens do discurso existem convenccedilotildees es-peciacuteficas dos Designs ndash Disponiacuteveis ndash que assumem a forma de

37

discursos estilos gecircneros dialetos e vozes para citar algumas das principais variaacuteveis Um discurso eacute uma configuraccedilatildeo do co-nhecimento e das suas formas habituais de expressatildeo que repre-senta um conjunto especiacutefico de interesses Ao longo do tempo por exemplo as instituiccedilotildees produzem discursos ndash ou seja as suas configuraccedilotildees de conhecimento Estilo eacute a configuraccedilatildeo de todas as expressotildees semioacuteticas de um texto em que por exemplo a linguagem pode estar relacionada com o layout e a programa-ccedilatildeo visual Os gecircneros satildeo formas de texto ou organizaccedilatildeo textual que surgem de configuraccedilotildees sociais especiacuteficas ou das relaccedilotildees especiacuteficas dos participantes de uma interaccedilatildeo Refletem os ob-jetivos dos participantes num dado tipo de interaccedilatildeo Numa en-trevista por exemplo o entrevistador quer algo o entrevistado quer algo mais e o gecircnero da entrevista reflete isso Os dialetos podem ser relacionados com a regiatildeo ou a idade A voz eacute mais individual e pessoal incluindo evidentemente muitos fatores discursivos e geneacutericos

O conceito abrangente de ordens do discurso eacute necessaacuterio para enfatizar que no designing de textos e interaccedilotildees as pesso-as recorrem sempre a sistemas de praacutetica sociolinguiacutestica bem como a sistemas gramaticais Esses sistemas podem natildeo ser tatildeo clara ou rigidamente estruturados como a palavra ldquosistemardquo su-gere mas existem sempre alguns pontos comuns de orientaccedilatildeo quando agimos semioticamente Os Designs Disponiacuteveis tam-beacutem incluem outro elemento a experiecircncia linguiacutestica e discur-siva das pessoas envolvidas no designing na qual um momento de designing flui continuamente como as histoacuterias particulares dos membros envolvidos Podemos referir-nos a isso como o contexto intertextual (Fairclough 1989) que liga o texto que estaacute sendo criado a uma ou mais cadeias (ldquoredesrdquo) de textos passados

Designing

O processo de modelagem do sentido emergente envolve reapre-sentaccedilatildeo e recontextualizaccedilatildeo Isso nunca eacute simplesmente uma repeticcedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis Cada momento da produccedilatildeo

38

de sentidos envolve a transformaccedilatildeo dos recursos de sentido dis-poniacuteveis Ler ver e ouvir satildeo todos instacircncias do Designing

Segundo Halliday (1978) um profundo princiacutepio organi-zacional nas gramaacuteticas das liacutenguas humanas eacute a distinccedilatildeo entre macrofunccedilotildees da linguagem que satildeo as diferentes funccedilotildees dos Designs Disponiacuteveis funccedilotildees ideacionais interpessoais e textu-ais Essas funccedilotildees produzem distintas expressotildees de sentido A funccedilatildeo ideacional trata do ldquoconhecimentordquo e a funccedilatildeo interpes-soal trata das ldquorelaccedilotildees sociaisrdquo Quanto agraves ordens do discurso a inter-relaccedilatildeo generativa dos discursos num contexto social os seus gecircneros constituintes podem ser parcialmente caracteriza-dos em termos das relaccedilotildees sociais especiacuteficas e posiccedilotildees pesso-ais que articulam enquanto que os discursos satildeo conhecimentos especiacuteficos (construccedilotildees do mundo) articulados com posiccedilotildees especiacuteficas do sujeito

Qualquer atividade semioacutetica ndash qualquer Designing ndash fun-ciona simultaneamente sobre e com essas facetas dos Designs Disponiacuteveis O Designing reproduziraacute mais ou menos norma-tivamente ou transformaraacute mais ou menos radicalmente os co-nhecimentos dados as relaccedilotildees sociais e identidades dependen-do das condiccedilotildees sociais sob as quais o Design ocorre Mas nunca iraacute simplesmente reproduzir os Designs Disponiacuteveis O Desig-ning transforma o conhecimento ao produzir novas construccedilotildees e representaccedilotildees da realidade Atraveacutes da co-gestatildeo de Desig-ns as pessoas transformam suas relaccedilotildees umas com as outras e assim transformam-se a si mesmas Esses natildeo satildeo processos independentes Configuraccedilotildees de indiviacuteduos relaccedilotildees sociais e conhecimentos satildeo trabalhados e transformados (Designing) no processo de designing As configuraccedilotildees preexistentes e novas satildeo sempre provisoacuterias embora possam atingir um elevado grau de permanecircncia A transformaccedilatildeo eacute sempre uma nova utilizaccedilatildeo de velhos materiais uma rearticulaccedilatildeo e recombinaccedilatildeo dos re-cursos dos Designs Disponiacuteveis

A noccedilatildeo de Design reconhece a natureza iterativa da pro-duccedilatildeo de sentidos recorrendo aos Designs Disponiacuteveis para criar padrotildees de sentidos que satildeo parcialmente previsiacuteveis em seus contextos Eacute por isso que o Redesign traz em si certo ar de

39

familiaridade No entanto haacute algo inevitavelmente uacutenico em cada enunciado A maioria dos paraacutegrafos escritos satildeo uacutenicos nunca construiacutedos exatamente dessa forma antes e ndash exceto pela coacutepia ou pela improbabilidade estatiacutestica ndash nunca mais devem ser construiacutedos dessa forma novamente Do mesmo modo haacute algo irredutivelmente uacutenico na voz de cada pessoa O Designing sempre envolve a transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis sem-pre envolve fazer novo uso de materiais antigos

Eacute importante frisar que ouvir e falar ler e escrever satildeo atividades produtivas formas de designing Ouvintes e leitores encontram textos como designs disponiacuteveis Eles tambeacutem se va-lem de sua experiecircncia de outros designs disponiacuteveis como um recurso para criar novos significados a partir dos textos que en-contram A sua leitura e escuta satildeo em si uma produccedilatildeo (um De-signing) de textos (embora textos para si natildeo textos para outros) com base em seus proacuteprios interesses e experiecircncias de vida E sua escuta e leitura por sua vez transformam os recursos que receberam na forma de Designs disponiacuteveis em Redesigned

Redesigned

O resultado do Designing gera um novo significado algo por meio do qual os produtores de sentidos se recriam Nunca eacute uma reformulaccedilatildeo ou uma simples recombinaccedilatildeo de Designs Disponiacuteveis O Redesigned pode ser variavelmente criativo ou reprodutivo em relaccedilatildeo aos recursos para a produccedilatildeo de senti-dos existentes nos Designs Disponiacuteveis Mas natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo (como o mito das normas e da pedagogia da trans-missatildeo nos faria acreditar) nem eacute simplesmente criativo (como os mitos da originalidade individual e da voz pessoal nos fariam crer) Como a instacircncia em que estatildeo em jogo os recursos cultu-rais e as subjetividades uacutenicas o Redesigned fundamenta-se em padrotildees de sentido histoacuterica e culturalmente herdados Ao mes-mo tempo eacute produto uacutenico do agenciamento humano sentido transformado E por sua vez o Redesigned torna-se um novo Design Disponiacutevel um novo recurso produtor de sentidos

40

Aleacutem disso por meio dos processos do Design os pro-dutores de sentido se recriam Reconstroem e renegociam suas identidades O Redesigned natildeo apenas foi construiacutedo ativamen-te mas tambeacutem eacute uma evidecircncia das maneiras como a interven-ccedilatildeo ativa no mundo que eacute o Designing transformou o proacuteprio designer

Designs de sentidos

Dimensotildees da produccedilatildeo de sentidos

Professores e alunos precisam de uma linguagem para descrever os sentidos que satildeo representados nos Designs Disponiacuteveis e no Redesigned Em outras palavras eles precisam de uma metalin-guagem ndash ou seja uma linguagem para falar sobre linguagem imagens textos e interaccedilotildees na produccedilatildeo de sentidos

Um dos objetivos do Projeto Internacional dos Multiletra-mentos iniciado e planejado durante a reuniatildeo de Nova Londres e entrando agora em uma fase de pesquisa colaborativa e expe-rimentaccedilatildeo de curriacuteculo eacute desenvolver uma gramaacutetica funcio-nal e educacionalmente acessiacutevel isto eacute uma metalinguagem que descreva o sentido em diferentes ambientes Estes incluem o textual e o visual assim como as relaccedilotildees multimodais entre os diferentes processos de produccedilatildeo de sentidos que agora satildeo tatildeo fundamentais nos textos da miacutedia impressa quanto nos textos multimiacutedia eletrocircnicos

Qualquer metalinguagem a ser utilizada em um curriacuteculo escolar tem de atender a alguns criteacuterios riacutegidos Deve ser ca-

Designs de sentidos

Designs disponiacuteveis Recursos para produccedilatildeo de sentidos designs Disponiacuteveis para produccedilatildeo de sentidos

Designing O trabalho desenvolvido sobrecom os designs Disponiacuteveis no processo semioacutetico

Redesigned Os recursos reproduzidos e transformados por meio do designing

41

paz de fundamentar anaacutelises criacuteticas sofisticadas da linguagem e de outros sistemas semioacuteticos e ao mesmo tempo natildeo fazer exigecircncias impraticaacuteveis aos conhecimentos do professor e do aprendiz e natildeo evocar imediatamente as aversotildees muitas vezes justificadas e acumuladas dos professores em relaccedilatildeo ao forma-lismo O uacuteltimo ponto eacute crucial pois os professores devem estar motivados a trabalhar com a metalinguagem

Uma metalinguagem tambeacutem precisa ser bastante flexiacutevel e aberta Ela deve ser vista como uma caixa de ferramentas para trabalhar em atividades semioacuteticas natildeo como um formalismo a ser a elas aplicado Devemos nos sentir agrave vontade com conceitos confusos eou sobrepostos Professores e alunos devem ser capa-zes de escolher e selecionar a partir das ferramentas oferecidas Eles tambeacutem devem sentir-se livres para modelar suas proacuteprias ferramentas A flexibilidade eacute muito importante porque a rela-ccedilatildeo entre categorias descritivas e analiacuteticas e a praacutetica eacute por na-tureza mutaacutevel provisoacuteria insegura e relativa aos contextos e propoacutesitos da anaacutelise

Aleacutem disso o objetivo principal da metalinguagem deve ser identificar e explicar as diferenccedilas entre textos e relacionaacute-las aos contextos culturais e agraves situaccedilotildees em que atuam A metalin-guagem natildeo deve impor regras estabelecer padrotildees de correccedilatildeo ou privilegiar certos discursos para ldquocapacitarrdquo os estudantes

A metalinguagem que estamos sugerindo para analisar o Design de sentidos com relaccedilatildeo agraves ordens do discurso inclui ter-mos-chaves como ldquogecircnerosrdquo e ldquodiscursosrdquo e uma seacuterie de concei-tos relacionados tais como vozes estilos e provavelmente outros (Fairclough 1992a Kress 1990 van Leeuwen 1993) Informal-mente podemos perguntar a respeito de qualquer Designing quais satildeo as regras do jogo E qual eacute a perspectiva

ldquoAs regras do jogordquo nos apontam na direccedilatildeo do propoacutesito e da noccedilatildeo de gecircneros do discurso Agraves vezes as regras do jogo podem ser especificadas em termos de um gecircnero bem definido e socialmente marcado como a liturgia da igreja agraves vezes natildeo haacute uma categoria geneacuterica clara A atividade semioacutetica e os textos que ela gera normalmente misturam gecircneros (por exemplo con-sultas entre meacutedico e paciente que satildeo em parte como exames

42

meacutedicos e em parte como sessotildees de aconselhamento ou mesmo conversas informais)

Na tentativa de caracterizar as regras do jogo e o gecircnero do discurso devemos partir do contexto social do ambiente ins-titucional e das relaccedilotildees e das praacuteticas sociais em que os textos estatildeo inseridos O gecircnero eacute um aspecto intertextual de um texto Ele mostra como o texto se liga a outros textos no contexto in-tertextual e como ele pode ser semelhante em alguns aspectos a outros textos utilizados em contextos sociais similares e suas conexotildees com outros tipos de texto na(s) ordem(ns) do discurso Mas o gecircnero eacute apenas um dos vaacuterios aspectos intertextuais de um texto e precisa ser usado em conjunto com outros aspectos especialmente com os discursos

Um discurso eacute uma construccedilatildeo de algum aspecto da reali-dade de um ponto de vista especiacutefico de um acircngulo especiacutefico em termos de interesses especiacutefico Como substantivo abstrato o discurso chama a atenccedilatildeo para o uso da linguagem como uma faceta da praacutetica social que eacute moldada ndash e molda ndash pelas ordens culturais do discurso bem como pelos sistemas linguiacutesticos (gramaacuteticas) Como substantivo contaacutevel (discursos no plural em vez de discurso geneacuterico) ele chama a atenccedilatildeo para a diversida-de de construccedilotildees (representaccedilotildees) de vaacuterios domiacutenios da vida e experiecircncias associadas a diferentes vozes posiccedilotildees e interesses (subjetividades) Novamente alguns discursos satildeo claramente demarcados e tecircm nomes convencionais na cultura (por exem-plo discursos feministas poliacutetico-partidaacuterios ou religiosos) en-quanto outros satildeo muito mais difiacuteceis de serem identificados As caracterizaccedilotildees intertextuais dos textos em termos de gecircneros e discursos satildeo melhor consideradas como aproximaccedilotildees provi-soacuterias pois satildeo interpretaccedilotildees culturais de textos que dependem da sensibilidade difusa poreacutem operacionalmente adequada do analista em relaccedilatildeo agrave cultura e tambeacutem aos conhecimentos es-pecializados

43

Elementos do design

Uma das principais ideias que fundamentam a noccedilatildeo de multile-tramentos eacute a crescente complexidade e inter-relaccedilatildeo dos diver-sos modos de produccedilatildeo de sentidos Identificamos seis grandes aacutereas para as quais satildeo requeridas gramaacuteticas funcionais ndash as metalinguagens que descrevem e explicam os padrotildees de sen-tido Design Linguiacutestico Design Visual Design Sonoro Design Gestual Design Espacial e Design Multimodal O Design Mul-timodal eacute de uma ordem diferente dos outros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos ele representa os padrotildees de interconexatildeo entre os outros modos Utilizamos a palavra ldquogramaacuteticardquo num sentido positivo como uma linguagem especializada que des-creve padrotildees de representaccedilatildeo Em cada caso nosso objetivo eacute apresentar natildeo mais do que dez elementos principais do Design

Design linguiacutestico

A metalinguagem que propomos utilizar para descrever o De-sign Linguiacutestico tem o objetivo de concentrar nossa atenccedilatildeo nos recursos de representaccedilatildeo Esta metalinguagem natildeo eacute uma cate-goria de habilidades mecacircnicas como eacute comumente usada nas gramaacuteticas para uso educacional nem deve servir de base para uma criacutetica ou reflexatildeo avulsa Ao contraacuterio a noccedilatildeo de Design enfatiza o potencial produtivo e inovador da linguagem como um sistema de produccedilatildeo de sentido Esta eacute uma accedilatildeo uma des-criccedilatildeo geradora da linguagem como um meio de representaccedilatildeo Como argumentamos anteriormente tal orientaccedilatildeo tanto para o meio social quanto para o texto seraacute um requisito essencial para as economias e sociedades do presente e do futuro Seraacute tambeacutem essencial para a produccedilatildeo de determinados tipos de subjetivida-de democraacutetica e participativa Os elementos do Design Linguiacutes-tico que estamos desenvolvendo ajudam a descrever os recursos de representaccedilatildeo que estatildeo disponiacuteveis os vaacuterios sentidos que esses recursos teratildeo se forem utilizados em um contexto espe-ciacutefico e o potencial inovador de reformular esses recursos em relaccedilatildeo aos objetivos sociais

44

Considere este exemplo ldquoAs taxas de mortalidade por cacircn-cer de pulmatildeo estatildeo claramente associadas ao aumento do taba-gismordquo e ldquoTabagismo causa cacircncerrdquo A primeira frase pode signi-ficar o que a segunda significa embora tambeacutem possa significar muitas outras coisas A primeira frase eacute mais expliacutecita em alguns aspectos do que a segunda (por exemplo referecircncia ao cacircncer de pulmatildeo) e menos expliacutecita em outros aspectos (por exemplo ldquoassociado ardquo versus ldquocausardquo) A gramaacutetica foi empregada para projetar dois mecanismos diferentes Cada frase eacute utilizaacutevel em discursos diferentes Por exemplo a primeira eacute uma forma tiacutepica nas ciecircncias sociais e ateacute mesmo nas ciecircncias duras A segunda eacute uma forma tiacutepica da discussatildeo na aacuterea de sauacutede puacuteblica A gra-maacutetica precisa ser vista como uma gama de escolhas que se faz ao projetar a comunicaccedilatildeo para fins especiacuteficos incluindo um maior agenciamento de aspectos natildeo verbais Entretanto essas escolhas precisam ser vistas natildeo apenas como uma questatildeo de estilo ou intenccedilatildeo individual mas como intrinsecamente ligadas a diferentes discursos com seus interesses e relaccedilotildees de poder mais amplos

Nossa metalinguagem sugerida para analisar os desig-ns da liacutengua eacute construiacuteda com base em uma lista de elementos textuais altamente seletiva que a experiecircncia tem mostrado ser particularmente digna de atenccedilatildeo (ver tambeacutem Fowler Hodge Kress Trent 1979 Fairclough 1992a) A tabela a seguir lista al-guns termos-chaves que podem ser incluiacutedos como metalingua-gem do Design Linguiacutestico Eacute provaacutevel que outras caracteriacutesticas textuais potencialmente significativas sejam mencionadas de tempos em tempos mas pensamos que a facilidade em utilizar os elementos listados constitui uma base substancial embora li-mitada para uma consciecircncia criacutetica da linguagem

Examinaremos dois deles agora a fim de ilustrar nossa no-ccedilatildeo de Design Linguiacutestico a nominalizaccedilatildeo e a transitividade A nominalizaccedilatildeo envolve o uso de uma frase para compactar uma grande quantidade de informaccedilotildees algo como a maneira como um compactador de lixo funciona Apoacutes a compactaccedilatildeo natildeo se pode dizer o que foi compactado Considere a expressatildeo ldquoTaxas de morte por cacircncer de pulmatildeordquo Essas ldquotaxasrdquo se referem agraves pes-

45

soas que morrem de cacircncer de pulmatildeo ou aos pulmotildees que mor-rem de cacircncer Natildeo se pode saber isso a menos que tenhamos conhecimento preacutevio sobre essa discussatildeo As nominalizaccedilotildees satildeo usadas para compactar informaccedilotildees ndash conversas inteiras ndash que supomos que as pessoas (ou pelo menos os ldquoespecialistasrdquo) conheccedilam Elas satildeo indicaccedilotildees para quem ldquoestaacute no jogordquo e conse-quentemente tambeacutem para manter as pessoas fora dele

A transitividade indica quanto de agenciamento e de efeito se deseja em uma frase ldquoJoatildeo golpeou Mariardquo tem mais efeito (sobre Maria) do que ldquoJoatildeo atingiu Mariardquo e ldquoJoatildeo golpeou Ma-riardquo tem mais agecircncia do que ldquoMaria foi golpeada6rdquo Uma vez que noacutes humanos relacionamos agecircncia e efeito com responsa-bilidade e culpa em muitos domiacutenios (discursos) estas natildeo satildeo apenas questotildees de gramaacutetica Satildeo maneiras de utilizar a lin-guagem para se envolver em accedilotildees como culpar evitar culpa ou comparar certas coisas com outras

Alguns elementos do Design Linguiacutestico

Emissatildeo Caracteriacutesticas de entonaccedilatildeo ecircnfase ritmo sotaque etc

Vocabulaacuterio e metaacutefora Inclui colocaccedilatildeo lexicalizaccedilatildeo e sentido da palavra

Redesigned A natureza do engajamento do produtor com a mensagem em uma oraccedilatildeo

TransitividadeOs tipos de processo e os participantes da oraccedilatildeo

Vocabulaacuterio e metaacutefora escolha de palavras posicionamento e sentido

Nominalizaccedilatildeo de processos

Transformar accedilotildees qualidades avaliaccedilotildees ou conexatildeo loacutegica em substantivos ou estados de ser e estar

(por exemplo ldquoavaliarrdquo torna-se ldquoavaliaccedilatildeordquo ldquopoderrdquo torna-se ldquohabilidaderdquo)

Estruturas de informaccedilatildeo Como a informaccedilatildeo eacute apresentada em oraccedilotildees e sentenccedilas

Relaccedilotildees de Coerecircncia Local

Coesatildeo entre oraccedilotildees e relaccedilotildees loacutegicas entre as oraccedilotildees (por exemplo incorporaccedilatildeo subordinaccedilatildeo)

Relaccedilotildees de Coerecircncia Global

As propriedades organizacionais gerais dos textos (por exemplo gecircneros)

46

Designs para outros modos de produccedilatildeo de sentido

Os modos de significaccedilatildeo aleacutem do Linguiacutestico satildeo cada vez mais importantes incluindo Visuais (imagens layout de paacutegina for-matos de tela) aacuteudio (muacutesica efeitos sonoros) Gestuais (lingua-gem corporal sensualidade) Espaciais (os significados dos es-paccedilos ambientais espaccedilos arquitetocircnicos) e Multimodais Dos modos de significaccedilatildeo o Multimodal eacute o mais significativo pois relaciona todos os outros modos em conexotildees notavelmente di-nacircmicas Por exemplo as imagens dos meios de comunicaccedilatildeo de massa relacionam o linguiacutestico ao visual e ao gestual de manei-ras intricadas Ler a miacutedia de massa apenas por seus significados linguiacutesticos natildeo eacute suficiente As revistas empregam gramaacuteticas visuais muito diferentes de acordo com seu conteuacutedo social e cultural O roteiro de um seriado como ldquoRoseanne7rdquo natildeo teria nenhuma das qualidades do programa se vocecirc natildeo tivesse uma ldquosensibilidaderdquo para seus significados gestuais sonoros e visu-ais uacutenicos Um script sem esse conhecimento permitiria apenas uma leitura muito limitada Da mesma forma uma visita a um shopping center envolve muito texto escrito No entanto um en-volvimento prazeroso ou criacutetico com o shopping envolveraacute uma leitura multimodal que inclui natildeo apenas o design linguiacutestico mas uma leitura espacial da arquitetura do shopping e a locali-zaccedilatildeo e o sentido dos signos escritos logotipos e iluminaccedilatildeo O McDonaldrsquos tem assentos duros ndash para mantecirc-lo em movimento Os cassinos natildeo tecircm janelas ou reloacutegios ndash para eliminar indica-dores tangiacuteveis da passagem do tempo Esses satildeo sentidos espa-ciais e arquitetocircnicos profundamente importantes cruciais para a leitura de Designs Disponiacuteveis e para o Designing de futuros sociais

Em um sentido profundo toda produccedilatildeo de sentido eacute mul-timodal Todo texto escrito tambeacutem eacute organizado visualmente A editoraccedilatildeo eletrocircnica valoriza o design visual e espalha a res-ponsabilidade pelo visual de maneira muito mais ampla do que acontecia quando a escrita e o layout da paacutegina eram atividades distintas Portanto um projeto de escola pode e deve ser devida-mente avaliado com base no design visual linguiacutestico e em suas

47

relaccedilotildees multimodais Para dar outro exemplo a linguagem fala-da eacute uma questatildeo de design de aacuteudio tanto quanto eacute uma questatildeo de design linguiacutestico entendido como relaccedilotildees gramaticais

Os textos satildeo produzidos usando a gama de escolhas his-toricamente disponiacuteveis entre os diferentes modos de produccedilatildeo de sentidos Isso implica uma preocupaccedilatildeo com as ausecircncias nos textos bem como com as presenccedilas ldquoPor que natildeo issordquo bem como ldquoPor que issordquo (Fairclough 1992b) O conceito de Design enfatiza as relaccedilotildees entre os modos de significaccedilatildeo recebidos (Designs Disponiacuteveis) a transformaccedilatildeo desses modos de produ-ccedilatildeo de sentido em seu uso hiacutebrido e intertextual (Designing) e seu subsequente status a ser lido (O Redesigned) A metalingua-gem da produccedilatildeo de sentido se aplica a todos os aspectos deste processo como as pessoas satildeo posicionadas pelos elementos dos modos de produccedilatildeo de sentido disponiacuteveis (Designs disponiacute-veis) como os autores em alguns sentidos importantes tecircm a responsabilidade de estar conscientemente no controle da trans-formaccedilatildeo de sentidos (Designing) e como os efeitos de sentido a sedimentaccedilatildeo do sentido tornam-se parte do processo social (O Redesigned)

Obviamente a extensatildeo da transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis em Redesigned como resultado do Designing pode variar muito Agraves vezes os produtores de sentidos reproduziratildeo os Designs Disponiacuteveis na forma de Redesigned de maneira mais proacutexima do que em outras ocasiotildees ndash um formulaacuterio em vez de uma carta pessoal ou um classificado em vez de um anuacutencio (display) por exemplo Certo Designing eacute mais premeditado ndash planejado deliberado sistematizado ndash do que outras instacircncias por exemplo uma conversa em vez de um poema Agraves vezes o Designing baseia-se em metalinguagens claramente articuladas talvez especializadas que descrevem os elementos do design (a linguagem do editor profissional ou do arquiteto) enquanto ou-tros designing podem menos ou mais transformadores mesmo que os produtores natildeo tenham uma metalinguagem articulada para descrever os elementos de seus processos de produccedilatildeo de sentido (a pessoa que ldquocorrigerdquo o que eles acabaram de escrever ou o empreiteiro da reforma da casa) Apesar dessas diferentes

48

relaccedilotildees de estrutura e de agecircncia toda produccedilatildeo de sentidos sempre envolve os dois elementos

Dois conceitos-chaves nos ajudam a descrever os sentidos multimodais e as relaccedilotildees de diferentes designs de sentido hi-bridismo e intertextualidade (Fairclough 1992a 1992b) O termo hibridismo destaca os mecanismos de criatividade e de cultura--como-processo particularmente proeminentes na sociedade contemporacircnea As pessoas criam e inovam hibridizando ndash isto eacute articulando de novas maneiras ndash praacuteticas e convenccedilotildees estabe-lecidas dentro e entre diferentes modos de produccedilatildeo de sentido Isso inclui a hibridizaccedilatildeo de modos de significaccedilatildeo de formas estabelecidas (de discursos e gecircneros) e combinaccedilotildees variadas de modos de produccedilatildeo de sentido que ultrapassam as fronteiras da convenccedilatildeo e criam novas convenccedilotildees A muacutesica popular eacute um exemplo perfeito do processo de hibridismo Diferentes formas e tradiccedilotildees culturais satildeo constantemente recombinadas e reestru-turadas ndash as formas musicais da Aacutefrica encontram o eletrocircnico e a induacutestria musical comercial E novas relaccedilotildees estatildeo constan-temente sendo criadas entre sentidos linguiacutesticos e sonoros (pop versus rap) e entre sentidos linguiacutesticossonoros e visuais (per-formance ao vivo versus videoclipes)

A intertextualidade chama a atenccedilatildeo para as maneiras po-tencialmente complexas como os sentidos (como sentidos lin-guiacutesticos) se constituem por meio de relaccedilotildees com outros tex-tos (reais ou imaginaacuterios) tipos de texto (discurso ou gecircneros) narrativas e outros modos de significaccedilatildeo (como design visual posicionamento arquitetocircnico ou geograacutefico) Qualquer texto pode ser visto historicamente em termos das cadeias intertex-tuais (seacuteries histoacutericas de textos) em que se baseia e em termos das transformaccedilotildees que opera sobre elas Por exemplo os filmes estatildeo cheios de referecircncias cruzadas feitas explicitamente pelo cineasta ou lidas no filme pelo espectador enquanto designer um papel uma cena um ambiente O espectador apreende uma boa parte da visatildeo que tem do sentido do filme por meio desses tipos de cadeias intertextuais

49

Uma Teoria da Pedagogia

Qualquer teoria pedagoacutegica bem-sucedida deve ser baseada em visotildees sobre como a mente humana funciona em sociedade e nas salas de aula bem como sobre a natureza do ensino e da aprendizagem Embora certamente acreditemos que nenhuma teoria atual em psicologia educaccedilatildeo ou ciecircncias sociais tem ldquoas respostasrdquo e que as teorias provenientes desses domiacutenios devem sempre ser integradas ao ldquoconhecimento praacuteticordquo dos principais implicados tambeacutem acreditamos que aqueles que propotildeem as reformas curriculares e pedagoacutegicas devem expressar claramen-te seus pontos de vista sobre a mente a sociedade e o aprendiza-do em virtude do que eles acreditam que tais reformas seriam eficazes

Nossa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem baseia-se na suposiccedilatildeo de que a mente humana eacute corporifi-cada situada e social ou seja que o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvido natildeo como ldquogeral e abstratordquo mas sim como inserido em contextos sociais culturais e materiais Aleacutem disso o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvi-do como parte das interaccedilotildees colaborativas com outras pessoas de habilidades experiecircncias e perspectivas diversas unidas em uma comunidade epistecircmica especiacutefica ou seja em uma comu-nidade de alunos engajados em praacuteticas comuns centradas em torno de dado (histoacuterica e socialmente constituiacutedo) domiacutenio do conhecimento Acreditamos que ldquoabstraccedilotildeesrdquo ldquogeneralidadesrdquo e ldquoteorias abertasrdquo surgem dessa base inicial e devem ser sempre devolvidas a essa base ou a uma versatildeo recontextualizada dela

Essa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem que esperamos explicar e desenvolver nos proacuteximos anos como parte de nosso projeto internacional conjunto leva-nos a argumentar que a pedagogia eacute uma integraccedilatildeo complexa de quatro fatores Praacutetica Situada baseada no mundo das experiecircncias de designed e designing dos estudantes Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos moldam para si mesmos uma metalinguagem expliacutecita

O ldquo c o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

50

do design Enquadramento Criacutetico que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais e a Praacutetica Transforma-da na qual os alunos transferem e recriam designs de produccedilatildeo de sentido de um contexto para outro Vamos desenvolver bre-vemente esses temas a seguir

Trabalhos recentes em ciecircncias cognitivas em cogniccedilatildeo social e abordagens socioculturais de liacutengua e letramento (Bar-salou 1992 Bereiter e Scardamalia 1993 Cazden 1988 Clark 1993 Gardner 1991 Gee 1992 Heath 1983 Holanda Holyoak Nisbett Thagard 1986 Lave Wenger 1991 Light e Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990 Scollon e Scollon 1981 Street 1984 Wertsch 1985) argumentam que se um de nossos objetivos pedagoacutegicos eacute algum grau de domiacutenio da praacutetica entatildeo a imer-satildeo em uma comunidade de alunos engajados em versotildees autecircn-ticas dessa praacutetica eacute necessaacuteria Noacutes chamamos isso de Praacutetica Situada Uma pesquisa recente (Barsalou 1992 Eiser 1994 Gee 1992 Harre Gillett 1994 Margolis 1993 Nolan 1994) sustenta que a mente humana natildeo eacute tal como um computador um pro-cessador de regras gerais e abstraccedilotildees descontextualizadas Em vez disso o conhecimento humano quando aplicaacutevel agrave praacutetica estaacute situado principalmente em ambientes socioculturais e forte-mente contextualizado em domiacutenios e praacuteticas de conhecimen-tos especiacuteficos Esse conhecimento estaacute inextricavelmente ligado agrave capacidade de reconhecer e de agir sobre padrotildees de dados e de experiecircncia um processo que eacute adquirido apenas por meio da experiecircncia uma vez que os padrotildees necessaacuterios satildeo mui-tas vezes fortemente amarrados e ajustados ao contexto e satildeo muitas vezes sutis e complexos o suficiente para que ningueacutem possa descrevecirc-los ou explicaacute-los de maneira completa e uacutetil Os humanos satildeo neste niacutevel ldquoreconhecedores de padrotildeesrdquo e atores contextuais e socioculturais Esse reconhecimento de padrotildees eacute a base da capacidade de agir de maneira flexiacutevel e adaptaacutevel no contexto ndash ou seja o domiacutenio na praacutetica

No entanto existem limitaccedilotildees para a Praacutetica Situada como a uacutenica base para a pedagogia Primeiramente a preocu-paccedilatildeo com a situaccedilatildeo da aprendizagem eacute tanto a forccedila quanto a fraqueza das pedagogias progressistas (Kalantzis e Cope 1993a)

51

Embora essa aprendizagem situada possa levar ao domiacutenio na praacutetica os alunos imersos em praacuteticas ricas e complexas podem variar significativamente entre si (e quanto aos objetivos curricu-lares) e alguns podem gastar muito tempo perseguindo as pistas ldquoerradasrdquo por assim dizer Em segundo lugar muito da ldquoimer-satildeordquo que experimentamos quando crianccedilas como na aquisiccedilatildeo de nossa liacutengua ldquonativardquo eacute certamente apoiada por nossa biolo-gia humana e pelo curso normal do amadurecimento e do desen-volvimento humanos Esse apoio natildeo estaacute disponiacutevel na imersatildeo

FIGURA 1 - Multiletramentos Metalinguagens para Descrever e Interpretar os Diferentes Modos de Sentido dos Componentes do Projeto

MULTIMODAL

MULTIMODAL

ALGUNS ELEMENTOS DO PROJETO

Como os sistemas integrados de criaccedilatildeo de sentido dos textos eletrocircnicos multimiacutedia

Componentes de sentido linguiacutestico

tais como

Componentes desentido visual tais como

Componentesque constituem

Componentesque constituem

Componentesque constituem- Apresentaccedilatildeo

- Vocabulaacuterio e metaacutefora- Modalidade- Transitividade- Normalizaccedilatildeo de processos- Estrutura de informaccedilatildeo- Relaccedilotildees de coerecircncia local- Relaccedilotildees de coerecircncia global

- Comportamento- Corporeidade fiacutesica- Gestos- Sensualidade- Sentimentos e afetos- Cinesia- Proxecircmica- Etc

- Cores- Perspectivas- Vetores- Primeiro plano e fundo- Etc

- Sentidos ecossistecircmicos e geograacuteficos - Sentidos arquitetocircnicos- Etc

- Muacutesica- Efeitos sonoros- Etc

Modo de RessignifcaccedilatildeoPr

ojet

o Li

nguiacute

stico

Proje

to V

isua

l

Projeto GestualPro

jeto

Esp

acia

l

Projeto de Aacuteudio

52

escolar posterior em aacutereas como letramento e como domiacutenios acadecircmicos uma vez que estes surgem muito tarde no cenaacuterio humano para ter reunido qualquer suporte bioloacutegico ou evolu-tivo substancial Deste modo qualquer ajuda que a biologia e o amadurecimento possam dar agraves crianccedilas em sua socializaccedilatildeo pri-maacuteria deve ser compensada ndash dada mais abertamente ndash quando usamos a ldquoimersatildeordquo como meacutetodo na escola Terceiro a Praacutetica Situada natildeo leva necessariamente ao controle consciente e agrave per-cepccedilatildeo do que se sabe e faz o que eacute um objetivo central de gran-de parte do aprendizado na escola Quarto essa Praacutetica Situada natildeo cria necessariamente alunos ou comunidades que possam criticar o que estatildeo aprendendo em termos de relaccedilotildees histoacutericas culturais poliacuteticas ideoloacutegicas ou baseadas em valores E em quinto lugar haacute a questatildeo de colocar o conhecimento em accedilatildeo As pessoas podem ser capazes de articular seus conhecimentos em palavras Eles podem ter consciecircncia dos relacionamentos e ateacute mesmo fazer ldquocriacuteticasrdquo Contudo ainda podem ser incapazes de representar reflexivamente seu conhecimento na praacutetica

Portanto a Praacutetica Situada na qual os professores orien-tam uma comunidade de alunos como ldquomestresrdquo da praacutetica deve ser suplementada por vaacuterios outros componentes (ver Cazden 1992) Aleacutem do domiacutenio na praacutetica uma pedagogia eficaz deve procurar a compreensatildeo criacutetica ou a compreensatildeo cultural em dois sentidos diferentes Criacutetico na frase ldquocompreensatildeo criacuteticardquo significa percepccedilatildeo consciente e controle sobre as relaccedilotildees intras-sistemaacuteticas de um sistema A imersatildeo notoriamente natildeo leva a isso Por exemplo crianccedilas que adquiriram uma primeira liacutengua por meio da imersatildeo nas praacuteticas de suas comunidades natildeo se tornam em virtude disso bons linguistas Vygotsky (1978 1987) que certamente apoiou a colaboraccedilatildeo na praacutetica como alicerce da aprendizagem tambeacutem argumentou que certas formas de Instruccedilatildeo Aberta eram necessaacuterias para suplementar a imersatildeo (aquisiccedilatildeo) se quiseacutessemos que os alunos desenvolvessem cons-ciecircncia e controle do que adquiriram

Existe outro sentido de ldquocriacuteticardquo como na capacidade de criticar um sistema e suas relaccedilotildees com outros sistemas com base no funcionamento do poder da poliacutetica da ideologia e de valo-

53

res (Fairclough 1992b) Nesse sentido as pessoas tomam consci-ecircncia e satildeo capazes de articular a localizaccedilatildeo cultural das praacuteti-cas Infelizmente nem a imersatildeo em praacuteticas situadas dentro de comunidades de aprendizes nem a Instruccedilatildeo Aberta do tipo que Vygotsky (1987) discutiu necessariamente datildeo origem a esse tipo de compreensatildeo criacutetica ou de compreensatildeo cultural Na ver-dade tanto a imersatildeo quanto muitos tipos de Instruccedilatildeo Aberta satildeo notoacuterios como agentes socializadores que podem tornar os alunos bastante acriacuteticos e nada conscientes da localizaccedilatildeo cultu-ral de significados e praacuteticas

Os quatro componentes da pedagogia que propomos aqui natildeo constituem uma hierarquia linear nem representam estaacutegios Em vez disso satildeo componentes relacionados de maneiras com-plexas Elementos de cada um podem ocorrer simultaneamente enquanto em momentos diferentes um ou outro iraacute predominar e todos eles satildeo repetidamente revisitados em diferentes niacuteveis

Praacutetica Situada

Essa eacute a parte da pedagogia que se constitui pela imersatildeo em praacuteticas significativas dentro de uma comunidade de alunos que satildeo capazes de desempenhar papeacuteis muacuteltiplos e diferentes com base em suas origens e experiecircncias A comunidade deve incluir especialistas pessoas que dominam certas praacuteticas No miacutenimo deve incluir novatos especialistas pessoas que satildeo especialistas em aprender novos domiacutenios com alguma profundidade Esses especialistas podem orientar os alunos servindo como mentores e designers de seus processos de aprendizagem Esse aspecto do curriacuteculo precisa reunir as experiecircncias anteriores e atuais dos alunos bem como suas comunidades e discursos extraescolares como parte integral da experiecircncia de aprendizagem

Haacute ampla evidecircncia de que as pessoas natildeo aprendem nada direito a menos que estejam motivadas para aprender e acreditem que seratildeo capazes de usar e de trabalhar com o que estatildeo aprendendo de alguma forma que seja de seu interesse Portanto a Praacutetica Situada que constitui o aspecto de imersatildeo da pedagogia deve considerar crucialmente as necessidades e as

54

identidades afetivas e socioculturais de todos os alunos Deve tambeacutem constituir uma arena na qual todos os alunos estejam seguros em assumir riscos e em confiar na orientaccedilatildeo de outros mdash colegas e professores

Neste aspecto da pedagogia acreditamos que a avaliaccedilatildeo nunca deve ser usada para julgar mas deve ser usada no desen-volvimento a fim de orientar os alunos para as experiecircncias e para a assistecircncia de que precisam para se desenvolverem ainda mais como membros da comunidade capazes de aproveitar e em uacuteltima anaacutelise contribuindo para toda a gama de seus re-cursos

Instruccedilatildeo Aberta

A Instruccedilatildeo Aberta natildeo implica transmissatildeo direta exerciacutecios e memorizaccedilatildeo mecacircnica embora infelizmente muitas vezes te-nha essas conotaccedilotildees Em vez disso inclui todas as intervenccedilotildees ativas por parte do professor e de outros especialistas que estru-turam as atividades de aprendizagem que concentram o aluno nas caracteriacutesticas importantes de suas experiecircncias e atividades dentro da comunidade de alunos e que permitem que o estudan-te obtenha informaccedilotildees expliacutecitas nos momentos em que pode organizar e orientar a praacutetica de maneira mais uacutetil aproveitando e reunindo o que o aluno jaacute sabe e realizou Inclui centralmen-te os tipos de esforccedilos colaborativos entre professor e aluno em que este tem permissatildeo para realizar uma tarefa mais complexa do que pode realizar por conta proacutepria e em que o aluno chega agrave consciecircncia da representaccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo do professor dessa tarefa e de suas relaccedilotildees com outros aspectos do que estaacute sendo aprendido O objetivo aqui eacute a percepccedilatildeo consciente e o controle sobre o que estaacute sendo aprendido ndash sobre as relaccedilotildees intrassistemaacuteticas do domiacutenio que estaacute sendo praticado

Um aspecto definidor da Instruccedilatildeo Aberta eacute o uso de me-talinguagens linguagens de generalizaccedilatildeo reflexiva que descre-vem a forma o conteuacutedo e a funccedilatildeo dos discursos da praacutetica No caso do esquema dos multiletramentos proposto aqui isso sig-nificaria que os alunos desenvolvem uma metalinguagem que

55

descreve tanto o ldquoquecircrdquo da pedagogia dos letramentos (processos e elementos de design) quanto os andaimes que constituem o ldquocomordquo da aprendizagem (Praacutetica Situada Instruccedilatildeo Aberta En-quadramento Criacutetico Praacutetica Transformada)

Muitas avaliaccedilotildees no curriacuteculo tradicional exigiam a re-peticcedilatildeo das generalidades da Instruccedilatildeo Aberta Como no caso da Praacutetica Situada a avaliaccedilatildeo na Instruccedilatildeo Aberta deveria ser de desenvolvimento um guia para pensamentos e accedilotildees poste-riores Deveria tambeacutem estar relacionada aos outros aspectos do processo de aprendizagem ndash as conexotildees por exemplo entre a evoluccedilatildeo das metalinguagens agrave medida que satildeo negociadas e desenvolvidas por meio da Instruccedilatildeo Aberta por um lado e a Praacutetica Situada Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada por outro

Enquadramento Criacutetico

O objetivo do Enquadramento Criacutetico eacute ajudar os alunos a enqua-drar seu crescente domiacutenio da praacutetica (da Praacutetica Situada) e do controle e compreensatildeo consciente (da Instruccedilatildeo Aberta) quanto agraves relaccedilotildees histoacutericas sociais culturais poliacuteticas ideoloacutegicas e de valor de sistemas especiacuteficos de conhecimento e de praacutetica social Aqui crucialmente o professor deve ajudar os alunos a desnaturalizar e a tornar estranho novamente o que aprenderam e dominaram

Praacutetica Situada

Imersatildeo na experiecircncia e utilizaccedilatildeo dos discursos disponiacuteveis incluindo aqueles dos estilos de vida dos alunos e simulaccedilotildees das relaccedilotildees encontradas em locais de trabalho e espaccedilos puacuteblicos

Instruccedilatildeo Aberta

Compreensatildeo sistemaacutetica analiacutetica e consciente No caso dos multile-tramentos isso requer a introduccedilatildeo de metalinguagens expliacutecitas que descrevem e interpretam os Elementos de design de diferentes modos de produccedilatildeo de sentido

Enquadramento Criacutetico

Interpretar os contextos social e cultural de Desings de sentido espe-ciacuteficos Isso implica os alunos se afastarem do que estatildeo estudando e enxergarem o objeto de estudo de forma criacutetica em relaccedilatildeo ao seu contexto

Praacutetica Transformada

Transferecircncia na praacutetica de produccedilatildeo de sentido que coloca o signi-ficado transformado para funcionar em outros contextos ou espaccedilos culturais

56

Por exemplo a alegaccedilatildeo de que ldquoo DNA se replicardquo en-quadrada na biologia eacute oacutebvia e ldquoverdadeirardquo Enquadrado em outro discurso torna-se menos natural e menos ldquoverdadeirordquo da seguinte maneira Coloque um pouco de DNA em um pouco de aacutegua em um copo sobre a mesa Certamente natildeo se replica-raacute apenas ficaraacute laacute Os organismos se replicam usando o DNA como coacutedigo mas esse coacutedigo eacute colocado em vigor por uma seacuterie de mecanismos que envolvem proteiacutenas Em muitos de nossos discursos acadecircmicos e ocidentais privilegiamos a informaccedilatildeo e a mente em detrimento dos materiais da praacutetica e do traba-lho A afirmaccedilatildeo original coloca em primeiro plano informaccedilatildeo e coacutedigo e omite ou deixa em segundo plano a maquinaria e o trabalho Primeiro e segundo planos se tornam aparentes apenas quando reenquadramos quando retiramos a frase de seu discur-so ldquooriginalrdquo e a colocamos em um contexto mais amplo Aqui o contexto mais amplo satildeo os processos reais e as praacuteticas ma-teriais natildeo apenas afirmaccedilotildees geneacutericas em uma teoria de uma disciplina (o exemplo do DNA eacute de Lewontin 1991)

Por meio do Enquadramento Criacutetico os aprendizes podem obter a distacircncia pessoal e teoacuterica necessaacuteria do que aprenderam criticaacute-la construtivamente explicar sua localizaccedilatildeo cultural es-tendecirc-la e aplicaacute-la de forma criativa e eventualmente inovar por conta proacutepria dentro de comunidades antigas e novas Este eacute o alicerce para a Praacutetica Transformada Tambeacutem representa um tipo de transferecircncia de aprendizagem e uma aacuterea na qual a avaliaccedilatildeo pode comeccedilar a avaliar os alunos e principalmente os processos de aprendizagem nos quais eles estatildeo operando

Praacutetica Transformada

Natildeo eacute suficiente ser capaz de articular a compreensatildeo das rela-ccedilotildees intrassistemaacuteticas ou de criticar as relaccedilotildees extrassistemaacute-ticas Precisamos sempre voltar para onde comeccedilamos para a Praacutetica Situada mas agora uma re-praacutetica em que a teoria se torna praacutetica reflexiva Com seus alunos os professores preci-sam desenvolver maneiras pelas quais os estudantes possam demonstrar como podem produzir o design e realizar de forma

57

reflexiva novas praacuteticas embutidas em seus proacuteprios objetivos e valores Devem ser capazes de mostrar que podem implemen-tar entendimentos adquiridos por meio da Instruccedilatildeo Aberta e do Enquadramento Criacutetico em praacuteticas que os ajudem simul-taneamente a aplicar e a revisar o que aprenderam Na Praacutetica Transformada oferecemos um local para avaliaccedilatildeo situada e contextualizada dos alunos e dos processos de aprendizagem concebidos para eles Esses processos de aprendizagem tal como essa pedagogia precisam ser continuamente reformulados com base nessas avaliaccedilotildees

Na Praacutetica Transformada em uma atividade noacutes tentamos recriar um discurso envolvendo-nos nele para nossos proacuteprios objetivos reais Portanto imagine um aluno tendo de agir e pen-sar como um bioacutelogo e ao mesmo tempo como um bioacutelogo com grande interesse em resistir agrave representaccedilatildeo de coisas femininas ndash de ovos a organismos ndash como ldquopassivasrdquo O aluno agora tem de justapor e integrar (natildeo sem tensatildeo) dois discursos diferentes ou identidades sociais ou ldquointeressesrdquo que historicamente estiveram em conflito Usando outro exemplo como algueacutem pode ser um advogado ldquode verdaderdquo e ao mesmo tempo ter seu desempenho influenciado por ser um afro-americano Em seus argumentos perante a Suprema Corte dos EUA para eliminar a segregaccedilatildeo nas escolas Thurgood Marshall fez isso de maneira claacutessica E ao misturar o discurso da poliacutetica ao discurso da religiatildeo afro-a-mericana Jesse Jackson transformou o primeiro A chave aqui eacute justaposiccedilatildeo integraccedilatildeo e viver na tensatildeo

Vamos amarrar o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramen-to de volta agrave grande agenda com a qual comeccedilamos este artigo focar nas praacuteticas situadas no processo de aprendizagem envol-ve o reconhecimento de que as diferenccedilas satildeo muito importan-tes nos espaccedilos de trabalho na cidadania e nos estilos de vida multicamadas O ensino em sala de aula e o curriacuteculo precisam se envolver com as experiecircncias e os discursos dos proacuteprios alu-nos que satildeo cada vez mais definidos pela diversidade cultural

O P r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

58

e subcultural e pelas diferentes origens e praacuteticas linguiacutesticas que vecircm com essa diversidade A Instruccedilatildeo Aberta natildeo tem a in-tenccedilatildeo ditar ndash empoderar os alunos em relaccedilatildeo agrave ldquogramaacuteticardquo de uma forma de linguagem adequada padratildeo ou poderosa Desti-na-se a ajudar os alunos a desenvolver uma metalinguagem que leve em consideraccedilatildeo as diferenccedilas de design O Enquadramento Criacutetico envolve ligar essas diferenccedilas de design a diferentes pro-poacutesitos culturais A Praacutetica Transformada envolve a mudanccedila de um contexto cultural para outro por exemplo num redesigning de estrateacutegias de significaccedilatildeo para que possam ser transferidas de uma situaccedilatildeo cultural para outra

A ideia de Design eacute aquela que reconhece os diferentes Designs Disponiacuteveis de sentido localizadas como estatildeo em dife-rentes contextos culturais A metalinguagem dos multiletramen-tos descreve os elementos do design natildeo como regras mas como uma heuriacutestica que explica a infinita variabilidade de diferentes formas de produccedilatildeo de sentido em relaccedilatildeo agraves culturas agraves subcul-turas ou agraves camadas da identidade de um indiviacuteduo a que essas formas servem Ao mesmo tempo o Designing restaura a agecircn-cia humana e o dinamismo cultural no processo de produccedilatildeo de sentido Cada ato de produccedilatildeo de sentido tanto se apropria dos Designs Disponiacuteveis quanto os recria no Designing produzindo assim um novo significado o Redesigned Em uma economia de diversidade produtiva em espaccedilos cidadatildeos que valorizam o pluralismo e no florescimento de esferas de vida inter-relacio-nadas com multicamadas complementares mas cada vez mais divergentes trabalhadores cidadatildeos e membros da comunidade satildeo produtores de sentido idealmente criativos e responsaacuteveis Somos de fato designers de nossos futuros sociais

Claro a negociaccedilatildeo necessaacuteria das diferenccedilas seraacute difiacutecil e muitas vezes dolorosa O diaacutelogo encontraraacute abismos de di-ferenccedila de valores de desigualdades grosseiramente injustas e de difiacuteceis mas necessaacuterias cruzamentos de fronteiras As di-ferenccedilas natildeo satildeo tatildeo neutras coloridas e benignas quanto um multiculturalismo simplista pode querer fazer que acreditemos Ainda assim como trabalhadores cidadatildeos e membros da co-munidade noacutes todos precisaremos das habilidades necessaacuterias para negociar essas diferenccedilas

59

Este artigo representa uma declaraccedilatildeo geral de princiacutepios Eacute altamente provisoacuterio e algo que oferecemos como base para o debate puacuteblico O objetivo do Projeto Internacional de Multile-tramentos eacute testar e desenvolver ainda mais essas ideias parti-cularmente a metalinguagem do Design e a pedagogia da Praacuteti-ca Situada Instruccedilatildeo Aberta Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada Tambeacutem queremos estabelecer relaccedilotildees com pro-fessores e pesquisadores desenvolvendo e testando o curriacuteculo e revisando as proposiccedilotildees teoacutericas do projeto

Este artigo eacute uma declaraccedilatildeo provisoacuteria de intenccedilotildees e uma visatildeo geral teoacuterica das conexotildees entre o ambiente social em mudanccedila e o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento Agrave medida que o projeto avanccedila para sua proacutexima fase o grupo que se reuniu em Nova Londres estaacute escrevendo um livro que explora ainda mais as ideias dos multiletramentos relacionando a ideia agraves salas de aula e agraves nossas proacuteprias experiecircncias educa-cionais Tambeacutem estamos comeccedilando a conduzir pesquisas em sala de aula experimentando os multiletramentos como uma noccedilatildeo que pode suplementar e apoiar o curriacuteculo de letramento E estamos ativamente engajados em um diaacutelogo puacuteblico contiacute-nuo Em setembro de 1996 o grupo colocaraacute o projeto em discus-satildeo puacuteblica mais uma vez na Domains of Literacy Conference na Universidade de Londres e novamente em 1997 na Literacy and Education Research Network Conference na Austraacutelia Queremos salientar que este eacute um processo aberto ndash provisoacuterio exploratoacuterio e acolhedor de colaboraccedilotildees muacuteltiplas e divergentes E acima de tudo nosso objetivo eacute fazer algum tipo de diferenccedila para crian-ccedilas reais em salas de aula reais

Essas atividades seratildeo informadas por uma seacuterie de prin-ciacutepios-chaves de accedilatildeo Primeiro o projeto iraacute suplementar natildeo criticar curriacuteculos existentes e abordagens pedagoacutegicas para o ensino da liacutengua inglesa e do letramento Isso incluiraacute o desen-volvimento da estrutura conceitual do Projeto Internacional de Multiletramentos e o mapeamento em relaccedilatildeo agraves praacuteticas curri-culares existentes a fim de ampliar os repertoacuterios pedagoacutegicos e curriculares dos professores Em segundo lugar a equipe do projeto aceitaraacute colaboraccedilotildees com pesquisadores desenvolve-

60

dores de curriacuteculos professores e comunidades A estrutura do projeto representa um diaacutelogo complexo e difiacutecil essas comple-xidades e dificuldades seratildeo articuladas junto com um convite aberto a todos para contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia que faccedila alguma diferenccedila E em terceiro lugar ele se esforccedilaraacute continuamente no sentido de reformular a teoria que sirva para uso direto na praacutetica educacional

Este artigo eacute um ponto de partida provisoacuterio para esse processo

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

2 Em portuguecircs a traduccedilatildeo de literacy sempre ofereceu um desafio aos estudiosos Pode-mos traduzir por alfabetizaccedilatildeo ou por letramento No artigo o contexto nos ajuda a escolher

3 A palavra design tambeacutem eacute um desafio para a traduccedilatildeo Ela estaacute admitida em portuguecircs com sentidos ligados ao projeto ao desenho e agrave beleza Mantivemos o termo em inglecircs mas tambeacutem deslocado de sentidos porventura tidos em portuguecircs Consideramos que este seja um termo ressignificado pelos autores isto eacute uma proposiccedilatildeo metalinguiacutestica que serve agraves ideias do manifesto guardando portanto um sentido especiacutefico e especializado Nesta traduccedilatildeo mantivemos o uso de aspas itaacutelicos e outros destaques conforme o texto original em inglecircs Entendemos que modificar isso ou inserir itaacutelicos em portuguecircs pode-ria alterar sentidos inapropriadamente

4 Em inglecircs fast capitalism

5 No original ocorre a forma Designing com valor substantivo Nossa opccedilatildeo por natildeo tradu-zir se baseia em consideraccedilotildees semelhantes agraves explicitadas na nota 3

6 Em inglecircs strike e strike out

7 Roseanne foi uma seacuterie televisiva norte-americana exibida nos EUA no final dos anos 1990 Foram nove temporadas mais de duzentos episoacutedios e alguns precircmios conquistados Os protagonistas eram representados por Roseanne Barr e John Goodman O enredo trata-va de uma famiacutelia proletaacuteria urbana Roseanne foi exibida no Brasil pelo canal Multishow

61

R E F E R Ecirc N C I A S

ANDERSON B (1983) Comunidades imaginadas reflexotildees sobre a origem e difusatildeo do nacionalismo Trad Denise Bottman Satildeo Paulo Companhia das Letras 2008

BARSALOU L W Cognitive Psychology an overview for cognitive scientists Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1992

BEREITER C SCARDAMALIA M Surpassing Ourselves an inquiry into the nature and implications of expertise Chicago Open Court 1993

BOYETT J H CONN H P Workplace 2000 the revolution reshaping American business Nova York Dutton 1991

BRUER J T Schools for thought a science of learning in the classroom Cambridge MA MIT Press 1993

CAZDEN C Classroom discourse the language of teaching and learning Portsmouth NH Heinemann 1988

CAZDEN C Whole language plus essays on literacy in the United States and New Zealand Nova York Teachers College Press 1992

CLARK A Associative engines connections concepts and representational change Cambridge Eng Cambridge University Press 1993

COPE B KALANTZIS M Productive diversity organizational life in the age of civic pluralism and total globalisation Sydney Harper Collins 1995

CROSS K F FEATHER J J LYNCH R L Corporate renaissance the art of reengineering Oxford Eng Basil Blackwell 1994

DAVIDOW W H MALONE M S The virtual corporation structuring and revitalizing the corporation for the 21st century New York Harper Business 1992

DEAL T E JENKINS W A Managing the hidden organization strategies for empowering your behind-the-scenes employees New York Warner 1994

DEWEY J Democracy and education New York Free Press (Original work published 1916) 1966

DOBYNS L CRAWFORD-MASON C Quality or else the revolution in world business Boston Houghton Mifflin 1991

DRUCKER P F (1993) Sociedade Poacutes-capitalista Coimbra Actual Editora 2015

62

EISER J R Attitudes chaos and the connectionist mind Oxford Eng Basil Blackwell 1994

FAIGLEY L Fragments of rationality postmodernity and the subject of composition Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1992

FAIRCLOUGH N Language and power London Longmans 1989

FAIRCLOUGH N (1992a) Discurso e Mudanccedila Social Brasiacutelia Editora UnB 2016

FAIRCLOUGH N Discourse and text Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis Discourse and Society 3 p 193-217 1992b

FAIRCLOUGH N Critical discourse analysis London Longmans 1995

FOWLER R HODGE R KRESS G TRENT T Language and control London Routledge 1979

FREIRE P (1970) Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987

FREIRE P Education for critical consciousness New York Seabury Press 1973

FREIRE P MACEDO D (1987) Alfabetizaccedilatildeo leitura do mundo leitura da palavra Rio de Janeiro Paz e Terra 2011

FUKUYAMA F The end of history and the last man London Penguin 1992

GARDNER H The unschooled mind how children think and how schools should teach New York Basic Books 1991

GEE J P The social mind Language ideology and social practice New York Bergin e Garvey 1992

GEE J P Postmodernism discourses and linguistics In C Lankshear P McLaren (ed) Critical literacy Radical and postmodernist perspectives Albany State University of New York Press 1993 p 271-295

GEE J P Quality science and the lifeworld the alignment of business and education (Focus occasional papers in adult basic education No 4) Leichhardt Australia adult literacy and basic skills action coalition 1994a

GEE J P New alignments and old literacies from fast capitalism to the canon In SHORTLAND-JONES B BOSICH B RIVALLAND J (ed) Conference papers 1994 Australian Reading Association Twentieth National Conference Carlton South Australian Reading Association 1994b p 1-35

GELLNER E Nations and nationalism London Basil Blackwell 1983

GIROUX H Schooling and the struggle for pedagogies critical and feminist discourses as regimes of truth New York Routledge 1988

63

HALLIDAY M A K Language as social semiotic London Edward Arnold 1978

HAMMER M CHAMPY J Reengineering the corporation a manifesto for business revolution New York Harper Business 1993

HARRE R GILLETT G (1994) A Mente Discursiva Porto Alegre Penso 2004

HEATH S B Ways with words language life and work in communities and classrooms Cambridge Eng Cambridge University Press 1983

HOLLAND J H HOLYOAK K J NISBETT R E THAGARD P R In J H HOLLAND K J HOLYOAK R E NISBETT P R THAGARD (ed) Induction processes of inference learning and discovery Cambridge MA MIT Press 1986

ISHIKAWA K (1985) Controle de Qualidade Total agrave maneira japonesa Rio de Janeiro Campus 1993

KALANTZIS M The new citizen and the new state In W Hudson (ed) Rethinking Australian citizenship Sydney University of New South Wales Press 1995

KALANTZIS M COPE B Histories of pedagogy cultures of schooling In B Cope e M Kalantzis (ed) The powers of literacy London Falmer Press 1993a p 38-62

KALANTZIS M COPE B Republicanism and cultural diversity In W Hudson e D Carter (ed) The Republicanism debate Sydney University of New South Wales Press 1993b p 118-144

KRESS G Linguistic process and sociocultural change Oxford Eng Oxford University Press 1990

LAVE J WEGNER E Situated learning legitimate peripheral participation Cambridge Eng Cambridge University Press 1991

LEWONTIN R C (1991) Biologia como ideologia a doutrina do DNA Satildeo Paulo Funpec 2000

LIGHT P BUTTERWORTH G (ed) Context and cognition Ways of learning and knowing Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1993

LIPNACK J STAMPS J The team net factor bringing the power of boundary crossing into the heart of your business Essex Junction VT Oliver Wright 1993

LUKE C Media and cultural studies In P Freebody S Muspratt A Luke (ed) Constructing critical literacies Crosskill NJ Hampton Press 1995

MARGOLIS H Paradigms and barriers how habits of mind govern scientific beliefs Chicago University of Chicago Press 1993

64

NOLAN R Cognitive practices human language and human knowledge Oxford Blackwell 1994

PIORE M SABLE C The second industrial divide New York Basic Books 1984

PERKINS D Smart schools from training memories to educating minds New York Free Press 1992

PETERS T Liberation management necessary disorganization for the nanosecond nineties New York Vintage Books 1992

ROGOFF B Apprenticeship in thinking New York Oxford University Press 1990

SASHKIN M KISER K J (1993) Gestatildeo da qualidade total na praacutetica Rio de Janeiro Elsevier Editora 1994

SCOLLON R SCOLLON S B K Narrative literacy and face in interethnic communication Norwood NJ Ablex 1981

SENGE P M (1991) A quinta disciplina arte e praacutetica da organizaccedilatildeo que aprende Rio de Janeiro BestSeller 2013

SPROULL L KIESLER S Connections New ways of working in the networked organization Cambridge MA MIT Press 1991

STREET B V Literacy in theory and practice Cambridge Eng Cambridge University Press 1984

VAN LEEUWEN T Genre and field in critical discourse analysis Discourse and society n 4 p 193-223 1993

VYGOTSKY L S (1978) A formaccedilatildeo social da mente o desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos superiores Michael Cole et al (org) Trad Joseacute Cipolla Neto Luiacutes Silveira Menna Barreto Solange Castro Afeche Satildeo Paulo Martins Fontes 1984

VYGOTSKY L S The collected works of L S Vygotsky Vol 1 Problems of general psychology including the volume thinking and speech R W Rieber A S Carton (ed) New York Plenum 1987

WALKERDINE V Surveillance subjectivity and struggle Lessons from pedagogic and domestic practices Minneapolis University of Minnesota Press 1986

WERTSCH J V (ed) Culture communication and cognition Vygotskian perspectives Cambridge Eng Cambridge University Press 1985

65

Courtney B Cazden eacute doutora em educaccedilatildeo e professora na uni-versidade de Harvard Eacute autora de cinco livros entre eles Classroom Discourse The Language of Teaching and Learning publicado em 2001 Courtney eacute especialista em linguagem e educaccedilatildeo infantil e membro da National Academy of Education

Bill Cope eacute professor e pesquisador no Departamento de Estudos de Poliacuteticas Educacionais da Universidade de Illinois Urbana-Champaign diretor-presidente na Common Ground Publishing Bill eacute autor de de-zenas de livros e artigos e suas pesquisas incluem teorias e praacuteticas de pedagogia diversidade cultural e linguiacutestica e novas tecnologias de representaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo Entre suas obras destacam-se The future of the academic journal and e-learning ecologies e Towards a semantic web Connecting knowledge in academic research

Normal Fairclough eacute linguista um dos pioneiros da anaacutelise criacutetica do discurso e professor na Universidade de Lancaster Eacute autor de diversas publicaccedilotildees que abordam a linguagem e as relaccedilotildees sociais dentre es-sas obras destaca-se Discurso e mudanccedila social publicada pela UNB em 2008

James ldquoJimrdquo Gee eacute linguista professor na Universidade do Estado do Arizona e membro da National Academy of Education Eacute autor de vaacute-rias obras entre elas Social Linguistics and Literacies de grande importacircn-cia nos estudos de letramento

Mary Kalantzis eacute referecircncia mundial nos lsquonovos estudos de alfabetiza-ccedilatildeorsquo com foco na multimodalidade e na diversidade nas comunicaccedilotildees contemporacircneas Eacute professora do Departamento de Educaccedilatildeo Poliacutetica Organizaccedilatildeo e Lideranccedila da Universidade de Illinois Urbana-Cham-paign Eacute autora de inuacutemeros livros dentre eles New Learning Elements of a Science of Education Letramentos publicado no Brasil pela editora Unicamp em 2020 e a Gramaacutetica de Significados Multimodais dividida em dois volumes Making Sense e Added Sense publicada em 2020

N E W L O N D O N G R O U P

66

Allan Luke eacute um pesquisador voltado agrave aacuterea da alfabetizaccedilatildeo multile-tramentos linguiacutestica aplicada e sociologia e poliacutetica educacional Eacute pro-fessor na Queensland University of Technology em Brisbane Austraacutelia e na Escola de Educaccedilatildeo Werklund Universidade de Calgary Canadaacute Em parceria com Peter Freebody formulou o Modelo de Quatro Recursos de alfabetizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 Entre suas obras mais relevantes estaacute Educational Policy Narrative and Discourse

Carmen Luke eacute professora na Universidade de Queensland pesquisa-dora de temas relacionados agrave pedagogia multiletramentos sociologia e linguiacutestica Tem vaacuterios livros publicados dentre eles Globalization And Women In Academia e Feminisms And Critical Pedagogy

Sarah Michaels eacute sociolinguista se dedica ao ensino e agrave pesquisa na aacuterea de linguagem cultura ldquomultiletramentosrdquo e nos discursos de matemaacutetica e ciecircncias Eacute professora da Clarck University Entre suas publicaccedilotildees destacam-se High-Expectation Curricula Helping All Students Succeed with Powerful Learning e Ready Set Science Putting Research to Work in the K-8 Science Classroom

Martin Nakata eacute doutor em Filosofia e um dos principais acadecircmicos indiacutegenas da Austraacutelia sua pesquisa eacute voltada agrave melhoria do ensino superior para estudantes indiacutegenas Atualmente eacute diretor do Centro UNSW Nura Gili para Programas Indiacutegenas e Vice-Reitor de Educaccedilatildeo Indiacutegena e Estrateacutegia da Universidade James Cook na Austraacutelia Mar-tin eacute autor de inuacutemeras publicaccedilotildees dentre as quais destaca-se Discipli-ning The Savages Savaging The Disciplines

Gunther Kress eacute considerado um dos principais teoacutericos dos campos da anaacutelise criacutetica do discurso da semioacutetica social e da multimodalida-de ateacute hoje foi um linguista e semiotista Gunther Kress deixou dezenas de livros e artigos publicados entre eles Multimodality A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication e Reading Images The Grammar of Visual Design Faleceu em 2019

N E W L O N D O N G R O U P

67

g l o s s aacute r i o

No conturbado ano de 2020 em meio agrave pandemia de Covid-19 que fez com que tiveacutessemos todos de aderir ao

ldquodistanciamento socialrdquo suspendendo aulas e encontros presen-ciais na universidade ministrei uma disciplina eletiva no Pro-

O R G A N I Z A Ccedil Atilde O E E D I Ccedil Atilde O

H eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e O u r o P r e t o

A P R E S E N T A Ccedil Atilde O

68

grama de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Mestrado e Doutorado agrave qual dei o nome de Multiletramentos entre teorias amp praacuteticas O objetivo era discutir a chamada Pedagogia dos Multiletra-mentos um documento publicado no finalzinho do seacuteculo XX e que discutiu as praacuteticas de leitura e escrita naquele momento de explosatildeo das tecnologias digitais em um mundo globalizado e multicultural ao mesmo tempo que propotildee esboccedilosdesenhos de um futuro social Para tanto selecionei textos de diferentes autores brasileiros e estrangeiros desde os proponentes da Pe-dagogia dos Multiletramentos aos seus comentadores e divul-gadores no Brasil Foi central para a conduccedilatildeo da disciplina o livro receacutem-publicado dos pesquisadores Roxane Rojo e Eduar-do Moura (2019) intitulado Letramentos miacutedias linguagens (2019) Agrave medida que discutiacuteamos cada um dos capiacutetulos do livro que trata aleacutem dos conceitos explicitados no seu tiacutetulo da imagem estaacutetica da imagem dinacircmica do som e do verbo sentimos a necessidade de construir um glossaacuterio que servisse para nortea-mento das nossas discussotildees Assim comecei a anotar termos e expressotildees que apareciam nas obras e artigos estudados (natildeo soacute o livro aqui evidenciado) e designar a cada aluno trecircs ou quatro daquelas palavras ou expressotildees para que fosse produzido um verbete A ideia foi acatada por toda a turma que diga-se era constituiacuteda de uma diversidade de mestrandos doutorandos e aspirantes a esses niacuteveis de ensino oriundos de diferentes aacutereas do conhecimento o que tornou nossas discussotildees muito ricas e calorosas Pedagogia Letras Jornalismo Sistema de Informaccedilatildeo Licenciatura em Quiacutemica Fiacutesica Matemaacutetica Ciecircncias Bioloacutegi-cas Biblioteconomia Engenharia de Controle e Automaccedilatildeo Ci-ecircncia da Computaccedilatildeo Produzidos os verbetes tivemos tempo haacutebil para fazecirc-los circular entre a turma e discutir a linguagem e a padronizaccedilatildeo de alguns deles em sala de aula Minha inten-ccedilatildeo como organizador do Glossaacuterio sempre foi divulgaacute-lo o mais amplamente possiacutevel apoacutes a sua conclusatildeo Quase ao final da disciplina recebemos a ldquovisita virtualrdquo da colega Ana Elisa Ribeiro professora e pesquisadora da linguagem em sua interfa-ce com as tecnologias digitais para discutir um texto publicado por ela no qual fez um balanccedilo das repercussotildees do manifesto

69

Pedagogia dos Multiletramentos nos uacuteltimos anos Nessa oca-siatildeo soubemos que um grupo de mestrandos e doutorandos do CEFET-MG estava fazendo a traduccedilatildeo do Manifesto e surgiu a ideia de publicarmos conjuntamente nossos produtos o que acreditamos vaacute ser bastante uacutetil aos interessados no tema Dessa forma reunimos neste e-book o Glossaacuterio MULTDICS MULTI-LETRAMENTOS e a traduccedilatildeo do Manifesto 1 Ao procurar um nome para nosso glossaacuterio chegamos agrave conclusatildeo de que gos-tariacuteamos de um tiacutetulo bem conciso e que representasse ao mes-mo tempo nosso grupo de pesquisa o MULTDICS ndash Grupo de Pesquisa sobre Multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e o principal conceito com o qual temos trabalhado haacute seis anos quando nos reunimos

Lembramos que este glossaacuterio natildeo esgota os termos e expres-sotildees usados no acircmbito das discussotildees sobre a temaacutetica mas se pauta como explicitamos acima a partir de nossas necessidades A ideia eacute que ele seja cada vez mais ampliado e revisto a partir desta ediccedilatildeo Importante tambeacutem destacar que consultado um verbete eacute bem provaacutevel que o leitor tambeacutem tenha a necessidade de consultar outros jaacute que vaacuterias das expressotildees aqui elencadas estatildeo inter-relacionadas

Esperamos que de fato esse material possa ser uacutetil a estudan-tes de Letras Pedagogia Comunicaccedilatildeo Social Tecnologias de In-formaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo bem como a mestrandos doutorandos e demais pesquisadores interessados nas temaacuteticas abordadas Todas as criacuteticas e contribuiccedilotildees seratildeo bem-vindas

1 Para uma leitura criacutetica do manifesto ver o artigo de Ana Elisa Ribeiro ldquoQue futuros rede-senhamos Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o seacuteculo XXIrdquo publicado no v 9 da revista Diaacutelogo das Letras em 2020 Tambeacutem a revista Linguagem em Foco v 13 n 2 de 2021 faz uma homenagem aos 25 anos do manifesto com vaacuterios artigos relacionados e outra traduccedilatildeo

A

70

AFFORDANCES (Propiciamento)

A palavra affordance faz parte do leacutexico da liacutengua inglesa Embora natildeo possua uma versatildeo mais exata em portuguecircs convencionou-se tra-duzi-la por propiciaccedilatildeo no acircmbito da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva Esse conceito designa a capacidade que certos objetos demonstram para despertar a intuiccedilatildeo dos usuaacuterios da liacutengua Um exemplo de affordance eacute aquilo que acontece com o botatildeo de uma caixa de descarga acoplada a um vaso sanitaacuterio sua funccedilatildeo eacute clara e prescinde de explicaccedilatildeo preacutevia Apertaacute-lo para acionar a descida da aacutegua eacute algo intuitivo Ao desejar limpar a bacia o usuaacuterio eacute convidado (pela situaccedilatildeo em si) a pressionar o dispositivo sem ter recebido instruccedilatildeo anterior para que entendes-se aquela funcionalidade A situaccedilatildeo em si propicia a possibilidade de pressionaacute-lo O processo da affordance pode ser compreendido por meio da Teoria Cognitivista que trata dentre outros temas da atenccedilatildeo e da percepccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de problemas Tal conceito eacute largamente ex-plorado por desenhistas industriais que buscam criar produtos cujo uso seja cada vez mais autoexplicativo Ao manusear um teclado de computador por exemplo ateacute mesmo um digitador iniciante tenderaacute a pressionar intuitivamente a tecla caso deseje aumentar a luminosi-dade da tela Provavelmente natildeo o faraacute por estar repetindo um ato que lhe foi ensinado A posiccedilatildeo estrateacutegica da tecla (bem abaixo da tela) e o siacutembolo que traz agrave mente a imagem do Sol induzem o usuaacuterio agrave dedu-ccedilatildeo daquela funcionalidade Um dos empregos mais modernos da affor-dance verifica-se na produccedilatildeo de aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Os iacutecones presentes neles afinal precisam remeter facilmente ao comando que desencadeiam durante a comunicaccedilatildeo homemmaacute-quina O conceito de propiciaccedilatildeo estaacute presente por isso em discussotildees sobre a anaacutelise e o desenvolvimento de miacutedias digitais utilizaacuteveis na educaccedilatildeo remota das quais os apps satildeo exemplos Isso ocorre porque a interrupccedilatildeo momentacircnea do contato entre o docente e o discente gera a necessidade de que este seja capaz de executar atividades de forma au-tocircnoma Eacute fundamental que as miacutedias utilizadas na educaccedilatildeo remota no acircmbito do ensino hiacutebrido propiciem um ambiente adequado para a aprendizagem

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasBROCH Joseacute Carlos O conceito de affordance como estrateacutegia generativa no design de produtos orientado para a versatilidade 2010 99 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Design e Tecnologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010

EYSENK Michael W KEANE Mark T Manual de Psicologia Cognitiva 7 ed Porto Alegre Artmed 2017

A

71

ALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1930 e utilizado pelo exeacutercito estadunidense du-rante a Segunda Guerra Mundial indicando a capacidade de entender instruccedilotildees escritas e publicaccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tare-fas militares O Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) pesquisa aplicada no Brasil a partir do iniacutecio do seacuteculo XXI define quatro niacuteveis de alfabetismo 1) Analfabetismo corresponde agrave condiccedilatildeo dos que natildeo conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela desses sujeitos consiga ler nuacutemeros fa-miliares (nuacutemeros de telefone preccedilos etc) 2) Niacutevel rudimentar corres-ponde agrave capacidade de localizar uma informaccedilatildeo expliacutecita em textos curtos e familiares (como por exemplo num anuacutencio ou numa pequena carta) ler e escrever nuacutemeros usuais e realizar operaccedilotildees simples como manusear dinheiro para pagamento de pequenas quantias ou fazer me-didas de comprimento usando a fita meacutetrica 3) Niacutevel baacutesico as pes-soas classificadas neste niacutevel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas pois jaacute leem e compreendem textos de meacutedia extensatildeo localizam informaccedilotildees mesmo que seja necessaacuterio realizar pequenas inferecircncias leem nuacutemeros na casa dos milhotildees resolvem problemas envolvendo uma sequecircncia simples de operaccedilotildees e tecircm noccedilatildeo de pro-porcionalidade 4) Niacutevel pleno classificadas neste niacutevel as pessoas cujas habilidades natildeo mais impotildeem restriccedilotildees para compreender e interpre-tar textos em situaccedilotildees usuais leem textos mais longos analisando e re-lacionando suas partes comparam e avaliam informaccedilotildees distinguem fato de opiniatildeo realizam inferecircncias e siacutenteses Quanto agrave matemaacutetica resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle envol-vendo percentuais proporccedilotildees e caacutelculo de aacuterea aleacutem de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e graacuteficos

A Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidadas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) considera alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente agraves demandas de seu con-texto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se de-senvolvendo ao longo da vida De acordo com o INAF satildeo considerados analfabetos funcionais os niacuteveis 1 e 2 e alfabetizados funcionalmente os niacuteveis 3 e 4 Em poucas palavras alfabetismo funcional eacute a capacidade que o indiviacuteduo tem de utilizar a leitura e a escrita no conviacutevio social

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINAF BRASIL 2011 Indicador de Alfabetismo Funcional principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-de-resultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

A

72

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

ALFABETIZACcedilAtildeO

A palavra alfabetizaccedilatildeo etimologicamente vem do latim alphabētum e do grego alphaacutebētos a partir de suas duas primeiras letras alfa e beta Segundo o dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa a palavra alfabeti-zaccedilatildeo significa algo como ldquoato ou efeito de alfabetizar de ensinar as primeiras letrasrdquo Assim uma pessoa alfabetizada eacute considerada como ldquoaquela que domina as primeiras letrasrdquo que domina as habilidades baacutesicas ou iniciais de ler e escrever

A histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo estaacute dividida em quatro periacuteodos O pri-meiro teve iniacutecio na Antiguidade e se estendeu ateacute a Idade Meacutedia uti-lizando-se apenas o meacutetodo da soletraccedilatildeo O segundo periacuteodo ocorreu durante os seacuteculos XVI e XVII e se estendeu ateacute a deacutecada de 1960 sendo marcado pela rejeiccedilatildeo ao meacutetodo soletraccedilatildeo e pela criaccedilatildeo de novos meacute-todos sinteacuteticos e analiacuteticos surgindo nesse periacuteodo a criaccedilatildeo das car-tilhas amplamente utilizadas para ensinar a ler e a escrever no Brasil e em outros paiacuteses O terceiro periacuteodo iniciou-se em meados da deacutecada de 1980 com a divulgaccedilatildeo da teoria da Psicogecircnese da liacutengua escrita Considera-se que estamos vivendo o quarto periacuteodo denominado de ldquoreinvenccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeordquo surgido em decorrecircncia dos reiterados indicadores do fracasso da alfabetizaccedilatildeo (neste caso estamos tratando do Brasil) Atualmente discute-se bastante a necessidade da organiza-ccedilatildeo do trabalho docente e a sistematizaccedilatildeo do ensino para ldquoalfabetizar letrandordquo tanto no acircmbito acadecircmico quanto no escolar

Como podemos perceber o conceito de alfabetizaccedilatildeo vem sofrendo modificaccedilotildees devido agraves necessidades sociais e poliacuteticas Simplesmente decodificar e codificar letras ou saber ler escrever e contar natildeo atende mais agraves reais necessidades do mundo contemporacircneo letrado e conecta-do Eacute preciso que as crianccedilas compreendam as funccedilotildees sociais tanto da leitura e da escrita e que faccedilam uso adequado delas em seu cotidiano Especialistas destacam que na praacutetica pedagoacutegica a aprendizagem da liacutengua escrita ainda que inicial deve ser tratada em sua totalidade a alfabetizaccedilatildeo deve integrar-se com o desenvolvimento das habilidades

A

73

de uso do sistema alfabeacutetico ndash com o letramento embora os dois proces-sos tenham especificidades quanto a seus objetos de conhecimento e aos processos linguiacutesticos e cognitivos de apropriaccedilatildeo desses objetos Dissociar alfabetizaccedilatildeo de letramento teria como consequecircncia levar a crianccedila a uma concepccedilatildeo distorcida e parcial da natureza e das funccedilotildees da liacutengua escrita em nossa cultura

Tatildeo importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita eacute poder se engajar em praacuteticas sociais letradas respondendo aos inevitaacuteveis apelos de uma cultura grafocecircntrica Assim enquanto a alfabetizaccedilatildeo se ocupa da aquisiccedilatildeo da escrita por um indiviacuteduo ou grupo de indiviacuteduos o letramento focaliza os aspectos soacutecio-histoacutericos de seus usos em uma sociedade

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou simplesmente AVA ndash do inglecircs Virtual Learning Environment (VLE) ndash eacute uma expressatildeo usada para tratar de um ambiente digital integrado que possibilita a interaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo entre professores tutores e estudantes (e outros agentes da chamada Educaccedilatildeo a Distacircncia) Essas interaccedilotildees podem ser siacutencro-nas (aquelas em que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo dos diferentes agentes no mesmo instante) ou assiacutencronas (natildeo eacute necessaacuterio que os agentes estejam conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam execu-tadas) Em um AVA eacute possiacutevel disponibilizar materiais variados como viacutedeos planilhas questionaacuterios atividades avaliaccedilotildees aleacutem de dispo-nibilizar arquivos de textos foacuteruns chats Wiki e fornecer feedbacks agraves tarefas realizadas enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem Existem interfaces como o Moodle (httpmoodlecom) e o Edmodo (httpswwwedmodocom) que auxiliam na organizaccedilatildeo desses ma-

A

74

teriais pois satildeo softwares livres executados em um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa Nos AVA os alunos tecircm a oportunidade de estudar de se encontrar a qualquer hora interagindo com os conteuacutedos propostos pelos professores e mediados pelos tutores Os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem espaccedilos virtuais ideais para que os alunos possam se reunir compartilhar colaborar e aprender juntos Destaca-se ainda que no Brasil esses ambientes virtuais ou plataformas para educaccedilatildeo on-line ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem mas aleacutem desse receberam nomes e siglas diferentes em portuguecircs e em inglecircs tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments - IDLE) sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System - LMS) e espaccedilos virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces - VLE) Trata-se entatildeo de espaccedilos de aprendizagem em que os interlocutores do processo interagem construindo aprendizagens signi-ficativas e reunindo interfaces siacutencronas e assiacutencronas integradas Ou-tro exemplo de AVA eacute o Google Classroom uma plataforma LMS gratuita que tem como objetivo apoiar professores em sala de aula melhorando a qualidade do ensino A plataforma Google Classroom constitui um ser-viccedilo desenvolvido pela divisatildeo da Google for Education que permite ao professor criar turmas virtuais enviar mensagens disponibilizar ava-liaccedilotildees receber os trabalhos dos alunos otimizar a comunicaccedilatildeo entre professores e alunos postar atualizaccedilotildees das aulas e tarefas de casa adicionar ou remover alunos e enviar feedbacks dos trabalhos realiza-dos Aleacutem disso essa sala de aula virtual permite que o professor lance as notas das atividades concluiacutedas para que sejam visualizadas pelos estudantes A cada nova atividade inserida os estudantes recebem uma mensagem em seus e-mails O serviccedilo eacute integrado ao Google Drive fazen-do parte da suiacutete de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google Docs e Slide Para ter acesso ao serviccedilo do Google Classroom eacute preciso possuir uma conta de e-mail institucional de escola puacuteblica ou privada cadastrada no banco de dados da Google for Education A utilizaccedilatildeo dessas ferramentas corrobora para a autonomia e construccedilatildeo coletiva do conhecimento possibilitando a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos no processo educacional

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

ReferecircnciasBACICH L et al Ensino hiacutebrido Personalizaccedilatildeo e tecnologia na educaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2015

DAUDT Luciano 6 Ferramentas do Google Sala de Aula que vatildeo incrementar sua aula Florianoacutepolis Qinetwork 29 set 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwqinetworkcombr6-ferramentas-do-google-sala-de-aula-que-vao-incrementar-sua-aulagt Acesso em 15 jul 2020

A

75

PAIVA Vera Menezes de O Ambientes virtuais de aprendizagem implicaccedilotildees epistemoloacutegicas Educaccedilatildeo em Revista Belo Horizonte v 26 nordm 3 dez 2010

PEREIRA Ives da Silva Duque Uma experiecircncia de ensino hiacutebrido utilizando a plataforma Google Sala de Aula In SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA ENCONTRO DE PESQUISADORES DE EDUCACcedilAtildeO A DISTANCIA 2016 Satildeo Carlos (SP) Anais [] Satildeo Carlos (SP) 2016 p 1-6 Disponiacutevel em lthttpwwwsied-enped2016eadufscarbrojsindexphp2016articleview1005gt Acesso em 15 jul 2020

ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo analfabetismo se divide em duas vertentes o analfabetis-mo absoluto e o analfabetismo funcional No primeiro caso o sujeito natildeo teve nenhum ou teve pouco acesso agrave educaccedilatildeo No segundo caso o sujeito eacute capaz de identificar letras e nuacutemeros mas natildeo consegue interpretar textos e realizar operaccedilotildees matemaacuteticas mais complexas As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indiviacuteduo O conceito de analfabetismo funcional surgiu na deacutecada de 1930 nos Estados Unidos da Ameacuterica durante a Segunda Guerra Mundial Ele foi utilizado para indicar a capacidade de entendimento de instruccedilotildees escritas necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tarefas militares

O analfabetismo funcional natildeo deve ser tratado como um conceito universal pois varia no tempo e no espaccedilo e a proacutepria distinccedilatildeo entre paiacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento altera tal conceito Uma definiccedilatildeo adotada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatiacutestica (IBGE) e aceita pela Organizaccedilatildeo das Naccediloes Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) eacute a de que analfabetos fun-cionais satildeo pessoas agraves quais falta domiacutenio de habilidades em leitura escrita caacutelculos e ciecircncias correspondentes a uma escolaridade de ateacute trecircs anos completos do ensino fundamental No Brasil os ciclos do ensi-no fundamental e meacutedio satildeo formados por 11 anos de estudo completos e constituem a educaccedilatildeo baacutesica no paiacutes

A UNESCO define analfabetismo funcional como a situaccedilatildeo de ins-truccedilatildeo de algueacutem que assina o proacuteprio nome ou eacute capaz de fazer caacutel-culos simples e ler palavras e frases isoladas mas natildeo eacute capaz de inter-pretar o sentido dos textos natildeo eacute capaz de usar a leitura e a escrita para seu desenvolvimento pessoal nem para fazer frente agraves suas demandas sociais A ocorrecircncia de analfabetismo funcional em determinada po-pulaccedilatildeo costuma ser medida de duas formas principais uma indireta que considera analfabeto funcional os indiviacuteduos com 15 anos ou mais que natildeo concluiacuteram quatro anos de estudo completos e uma direta

A

76

mensurada por testes especiacuteficos para habilidades em leitura escrita e caacutelculos aritmeacuteticos em amostragens populacionais

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINDICADOR Nacional de Alfabetismo Funcional INAF 2011 principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-deresultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

APLICATIVO PARA A APRENDIZAGEM DE LIacuteNGUAS

Um aplicativo eacute um programa de computador (software) geralmen-te utilizado em dispositivos moacuteveis A ideia do que seria um aplicativo fortaleceu a partir da deacutecada de 1970 periacuteodo em que empresas priva-das movidas por interesses financeiros decidiram facilitar o alcance de cidadatildeos comuns aos computadores Interessava aos empreendedores da eacutepoca que as maacutequinas se popularizassem natildeo por mera generosi-dade ou responsabilidade social mas para que estimulasse o consumo A tecnologia foi se especializando a fim de atender a necessidades cole-tivas e individuais cada vez mais direcionadas Os dispositivos em que os primeiros aplicativos foram instalados se apresentavam como enor-mes caixas fixas e pesadas dentro das quais se escondia um emaranha-do de fios e conexotildees O alto preccedilo inviabilizava sua real democratiza-ccedilatildeo Nos anos 1990 graccedilas ao esforccedilo conjunto de pesquisadores aliado ao interesse monetaacuterio da induacutestria da Comunicaccedilatildeo concebeu-se o primeiro dispositivo moacutevel capaz de abrigar um aplicativo era o IBM Simon pioneiro dos atuais smartphones Atualmente os telefones inteli-gentes satildeo capazes de hospedar uma gama de aplicativos ou apps como satildeo popularmente conhecidos Alguns dos mais famosos satildeo o Uber (destinado agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo de transporte veicular temporaacuterio) o Spotify (voltado para o entretenimento musical e a difusatildeo de podcasts) o aiqfome (em que se encomendam alimentos prontos) e o WhatsApp (in-tercambiador de mensagens multimodais) Muitos satildeo disponibiliza-dos gratuitamente para download em plataformas como a Google Play Store Os aplicativos geram renda para seus desenvolvedores a partir de anuacutencios comerciais que satildeo exibidos aos usuaacuterios durante sua uti-lizaccedilatildeo Em 2020 forccedilados pela pandemia de Covid-19 os aplicativos moacuteveis passaram a ser amplamente empregados na educaccedilatildeo remota estabelecendo pontes entre docentes e discentes devido agrave necessidade

A

77

de distanciamento social Por demonstrarem potencial enquanto ferra-mentas utilizaacuteveis no ensino hiacutebrido os aplicativos destinados ao ensino e agrave aprendizagem de liacutenguas estrangeiras vecircm ganhando destaque nos uacuteltimos anos Trabalham as quatro habilidades baacutesicas audiccedilatildeo fala lei-tura e escrita Entre os mais proeminentes destacam-se o Hello Talk o Rosetta Stone e o Duolingo Este uacuteltimo jaacute conta com mais de trezentos milhotildees de usuaacuterios em todo o mundo O resultado do seu teste de pro-ficiecircncia jaacute eacute aceito em instituiccedilotildees renomadas como a Harvard Extension School Os aplicativos (ou simplesmente apps) estatildeo enfim definitiva-mente incorporados ao quotidiano das sociedades modernas

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFRAGA Nayara Como o Duolingo chegou a 300 milhotildees de downloads sem propaganda nenhuma Eacutepoca Negoacutecios 2018 Disponiacutevel em lthttpsepocanegociosglobocomTecnologianoticia201810como-o-duolingo-chegou-300-milhoes-de-downloads-sempropaganda-nenhumahtmlgt Acesso em 2 jul 2020

MAGGI Lecticia Vocecirc sabia Harvard Extension School aceita teste de inglecircs do Duolingo ESTUDARFORAORG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwestudarforaorgbrteste-deingles-de-us-20-a-harvard-extension-school-aceitagt Acesso em 2 jul 2020

PRIMEIRO smartphone completa 20 anos BBC News Brasil 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwbbccomportuguesenoticias201408140815_smartphone_vinte_anos_rbgt Acesso em 1 jul 2020

VOLTOLINI Ramon Conheccedila o primeiro smartphone da Histoacuteria Tecmundo 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrcelular59888-conheca-primeiro-smartphone-historia-galeriashtmgt Acesso em 2 jul de 2020

WAZLAWICK Raul Sidnei Histoacuteria da computaccedilatildeo Rio de Janeiro Elsevier 2016

APRENDIZAGEM BASEADA EM INVESTIGACcedilAtildeO (Inquiry-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Investigaccedilatildeo (ABI) eacute uma metodolo-gia que se pauta no estiacutemulo do desenvolvimento da autonomia dos alunos levando-os agrave produccedilatildeo dos proacuteprios meacutetodos investigativos Vejamos uma ilustraccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dessa metodologia de ensino e aprendizagem o professor propotildee um questionamento inicial e os alu-nos individualmente ou em grupo desenvolvem suas anaacutelises a res-peito do problema apresentado Com isso a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo (ou inqueacuterito) despertou a caracteriacutestica latente que consti-tui o ser humano em descobrir o mundo a partir de sua curiosidade A aprendizagem por investigaccedilatildeo apresenta semelhanccedilas com a investi-gaccedilatildeo cientiacutefica envolve a pesquisa anaacutelise siacutentese avaliaccedilatildeo e genera-lizaccedilatildeo de dados de preferecircncia num processo colaborativo visando a

A

78

caracterizaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de uma situaccedilatildeo-problema concreta Dentro dessa perspectiva haacute o desdobramento das metodologias de inqueacuteri-to atraveacutes das estrateacutegias de aprendizagem por descoberta o inqueacuterito indutivo a instruccedilatildeo ancorada o estudo de caso e a Aprendizagem Ba-seada em Problemas ou Projetos (ABP) As fases e subfases encontradas na ABI referem-se agrave orientaccedilatildeo contextualizaccedilatildeo investigaccedilatildeo discus-satildeo e conclusatildeo com atividades mais especiacuteficas sendo desenvolvidas em cada uma destas etapas Os princiacutepios-chave dessa metodologia compreendem que todas as atividades de aprendizagem enfatizam as habilidades de processamento de informaccedilatildeo (observaccedilatildeo-siacutentese) tendo como objetivo a apreensatildeo de conteuacutedo definido a partir de um contexto conceitual amplo Nesse processo de aprendizagem o profes-sor recurso e tecnologia satildeo vistos como elementos sistecircmicos usados como suporte para a aprendizagem O professor tambeacutem eacute visto como facilitador pautando seu trabalho a partir dessa abordagem e buscando compreender melhor o contexto de aprendizagem do seu aluno Em se tratando de metodologias ativas encontram-se discutidas em biblio-grafia especiacutefica duas perspectivas bastante divulgadas o Ensino por Investigaccedilatildeo tambeacutem denominado inquiry na bibliografia internacional utilizada na educaccedilatildeo cientiacutefica e a Aprendizagem Baseada em Proble-mas tambeacutem conhecida como Problem-Based Learning (PBL) utilizada principalmente em cursos de graduaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede A Apren-dizagem Baseada em Investigaccedilatildeo se destaca por resultados positivos em diferentes pesquisas da aacuterea Haacute diferentes abordagens dentro da ABI algumas se pautam no desenvolvimento do pensamento cientiacutefico ldquoInvestigaccedilatildeo Cientiacutefica Autecircnticardquo ldquoInvestigaccedilatildeo Guiada ou Mediadardquo na qual o docente acompanha as fases que constituem a investigaccedilatildeo para aleacutem do ensino dos conteuacutedos no intuito de desenvolver o pen-samento cientiacutefico Nessa abordagem os estudantes satildeo envolvidos em atividades investigativas por meio da apresentaccedilatildeo de situaccedilotildees-pro-blema em que devem aplicar os procedimentos cientiacuteficos que levem a conclusotildees suportadas por argumentos fundamentados Estimula-se que os alunos criem perguntas pesquisem informaccedilotildees estruturem e conduzam a investigaccedilatildeo analisem os dados elaborarem conclusotildees e comuniquem os resultados No entanto eacute importante que o estudante se mantenha em estado reflexivo para que compreenda a natureza do trabalho cientiacutefico em que estaacute envolvido A alternacircncia entre o fazer e o refletir eacute que proporciona aos estudantes as habilidades de investiga-ccedilatildeo bem como um melhor entendimento sobre o que estaacute desenvolven-do Em outras palavras o intuito eacute que os estudantes aprendam a fazer a investigaccedilatildeo bem como aprendam sobre a investigaccedilatildeo

Luanna Amorim Vieira da Silva

A

79

ReferecircnciasVIEIRA Fabiana Andrade da Costa Ensino por Investigaccedilatildeo e Aprendizagem Significativa Criacutetica anaacutelise fenomenoloacutegica do potencial de uma proposta de ensino Orientador Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani 2012 149 f Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) - Faculdade de Ciecircncias Universidade Estadual Paulista - UNESP Bauru 2012 Disponiacutevel em lthttpsrepositoriounespbrbitstreamhandle11449102039vieira_fac_dr_baurupdfsequence=1ampisAllowed=ygt Acesso em 25 nov 2020

PBWORKS Aprendizagem baseada em Inqueacuterito (Inquiry Based Learning) Disponiacutevel em lthttptictrabalhodeprojectopbworkscomwpage40204926Aprendizagem20baseada20em20InquC3A9rito2028Inquiry20Based20Learning29gt Acesso em 25 nov 2020

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS(Project-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se fundamenta nas concepccedilotildees sobre ensino e aprendizagem difundidas pelo filoacutesofo e educador John Dewey (1859-1952) As discussotildees em torno desse mo-delo de aprendizagem emergiram em concomitacircncia com outros aspec-tos que compotildeem as alternativas metodoloacutegicas das chamadas meto-dologias ativas descritas como o Ensino sob Medida ou Just-in-Time Teaching a Instruccedilatildeo pelos Colegas ou Peer Instruction a Aprendizagem Baseada em Equipes ou Team-Based Learning e a Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project-Based Learning propriamente dita Essas alterna-tivas surgem de forma a atender as exigecircncias ocasionadas pelas dinacirc-micas de transformaccedilotildees caracteriacutesticas de uma sociedade tecnoloacutegica Nesse sentido modificam percepccedilotildees sobre os elementos que consti-tuem o ensino e que produzem ajustes na forma de abordar as concep-ccedilotildees sobre aprendizagem e o engajamento e a proatividade do aluno se tornam aspectos preponderantes no processo de aprendizagem no acircmbito da ABP Essa metodologia eacute caracterizada por centralizar em sua execuccedilatildeo o aspecto colaborativo em articulaccedilatildeo com interdiscipli-naridade ao gerir e produzir conteuacutedos e assim articulaacute-los de forma a promover a resoluccedilatildeo ou concretizaccedilatildeo de algo Assim a ldquoinstruccedilatildeordquo natildeo deveria preceder o projeto mas estar integrada a ele e partir dessa integralidade para prover mobilidade interatividade dinacircmica diaacutelo-go conexotildees em correspondecircncia entre os colaboradores do processo dar visibilidade agrave sincronia das aprendizagens dos alunos valorizando e viabilizando os processos interativos Poderia tambeacutem dar maior cen-tralidade a esse processo por voltar-se agrave maneira como o aluno percebe a sua aprendizagem ao assumir-se ativamente em cada etapa A ava-liaccedilatildeo eacute vista atraveacutes da articulaccedilatildeo entre distintas dinacircmicas do pro-cesso participaccedilatildeo e efetividade do aluno nas diferentes possibilidades

A

80

de aprender e atender as demandas do seu cotidiano Atenta-se para as distintas abordagens da ABP ambas as perspectivas de aprendizagens possuem problemas a serem resolvidos mas uma eacute baseada em projetos ou seja haacute um processo a ser planejado para se atingir determinado fim a partir de etapas que constitui a metodologia de trabalho escolhida dentre esses aspectos e que culmina com um produto Jaacute na aprendiza-gem baseada em problemas a centralidade estaacute em resolver investigar problematizar colaborativamente a resoluccedilatildeo de uma questatildeo natildeo haacute obrigatoriedade de culminar num produto

Luanna Amorim Vieira da Silva

ReferecircnciasMASSON Terezinha Jocelen et al Metodologia de ensino aprendizagem baseada em projetos (pbl) XL CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCACcedilAtildeO EM ENGENHARIA (COBENGE) Anais Beleacutem PA 2012

SANTORO Flaacutevia Maria et al Modelo de cooperaccedilatildeo para aprendizagem baseada em projetos uma linguagem de padrotildees THE FIRST LATIN AMERICAN CONFERENCE ON PATTERN LANGUAGES OF PROGRAMMING (SUGARLOAF PLOP) Rio de Janeiro 2001

AUTOR-PESSOA E AUTOR-CRIADOR

Autor-pessoa e autor-criador satildeo dois conceitos apresentados pelo pensador russo Mikhail Bakhtin no texto O autor e a personagem na ativi-dade esteacutetica (1921-1922) Segundo o teoacuterico o autor-pessoa eacute o escritor a pessoa fiacutesica um componente da vida e natildeo estaacute relacionado ao prin-ciacutepio criador existente na relaccedilatildeo autor-personagem jaacute o autor-criador eacute compreendido como a funccedilatildeo esteacutetico-formal engendradora da obra um constituinte do objeto esteacutetico O autor-criador tem como caracte-riacutestica central a capacidade de materializar certa relaccedilatildeo axioloacutegica com o heroacutei e seu mundo Eacute por meio dessa funccedilatildeo autor-criador do posi-cionamento axioloacutegico que o social o histoacuterico e o cultural se tornam elementos imanentes do objeto esteacutetico O autor-criador daacute forma a um conteuacutedo faz um recorte de alguns aspectos do plano da vida e os or-ganiza de um modo novo esteticamente Essa transposiccedilatildeo do plano da vida para o plano esteacutetico (arte) ocorre por meio de um vieacutes valorativo consubstanciado no autor-criador que eacute uma posiccedilatildeo refratada e ao mesmo tempo refratante Refratada porque trata de uma posiccedilatildeo axio-loacutegica recortada pelo vieacutes valorativo do autor-pessoa e refratante pois eacute a partir dela que se recorta e reordena esteticamente os eventos da vida

Ana Claacuteudia Rola Santos

C

81

ReferecircnciasA CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

FARACO C A Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje v 46 n 1 p 21-26 20 jul 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

CIacuteRCULO DE BAKHTIN

Grupo de intelectuais russos de formaccedilatildeo literaacuteria filosoacutefica cientiacute-fica eou artiacutestica a maioria professores que apoacutes Revoluccedilatildeo Russa em 1918 reuniram-se na cidade de Nieacutevel e posteriormente de 1924 a 1929 em Vitesbk e Leningrado para atraveacutes do diaacutelogo entre as diferentes aacutereas do conhecimento construiacuterem uma linha de pensamento com base em um posicionamento soacutelido diante da linguagem e da vida Esses intelectuais apesar de discordarem em vaacuterios aspectos tinham em co-mum a concepccedilatildeo de linguagem fundamentada na interaccedilatildeo verbal no enunciado concreto no signo ideoloacutegico e no dialogismo considerando que a base de sustentaccedilatildeo da discussatildeo da linguagem verbal da litera-tura seja a mesma de outras linguagens Embora os textos produzidos pelo Ciacuterculo fossem assinados essa produccedilatildeo provocou uma questatildeo de autoria uma vez que toda discussatildeo proposta pelo grupo baseava-se no diaacutelogo no sentido bakhtiniano da palavra no qual as ideias circulam entre os atores do discurso O produto final eacute portanto advindo desse pensamento comunitaacuterio Haacute escritos construiacutedos a mais de duas matildeos sob pseudocircnimos e trocas de identidades que era tambeacutem uma forma de resistecircncia ao stalinismo totalitarista Um exemplo dessa questatildeo eacute a produccedilatildeo de Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) Valentin Volochinov (1895 ndash 1936) e Pavel Medieacutedev (1891 ndash 1938) que em um primeiro momen-to foi atribuiacuteda a Bakhtin Posteriormente houve um movimento para determinar a autoria de Volochinov e Medieacutedev e hoje jaacute eacute possiacutevel distinguir esses autores e seus respectivos textos Esses textos comeccedila-ram a ser lidos e discutidos mais fortemente no Brasil no final dos anos 1980 e iniacutecio dos anos 1990 A primeira obra traduzida para o portuguecircs foi Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1979 pela editora Hucitec a partir de uma ediccedilatildeo francesa A autoria eacute atribuiacuteda a Bakhtin e entre parecircnteses estaacute escrito Volochinov dando a entender tratar-se da mes-ma pessoa Em 2017 surge a primeira ediccedilatildeo de Marxismo e Filosofia da Linguagem Editora 34 feita diretamente do russo Na capa a autoria eacute

C

82

atribuiacuteda a Valentin Volochinov e entre parecircnteses estaacute escrito Ciacuterculo de Bakhtin o que jaacute situa a autoria no contexto do Ciacuterculo

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasBRAIT Beth Dialogismo e Polifonia em Mikhail Bakhtin e o Ciacuterculo (dez obrasfundamentais) Disponiacutevel em lthttpsfflchuspbrsitesfflchuspbrfiles2017-Bakhtinpdfgt Acesso em 17 jun 2020

BRAIT Beth GRILLO Sheylla A Atualidade de Bakhtin um pensador sobre a humanidade em transformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsaovivoabralinorglivesbeth-braitgt Acesso em 1 jul 2020

CONTEXTO

Do latim contextus contexto eacute uma palavra que pode ser definida como uma situaccedilatildeo ou ambiente fiacutesico em que um conjunto de circuns-tacircncias nas quais se produz a mensagem que se deseja emitir ndash lugar e tempo emissor e receptor etc ndash permite sua compreensatildeo mais ade-quada e mais correta No caso de um texto o contexto eacute essencial para uma leitura mais eficaz aproximando o interlocutorleitor do sentido que o locutorescritor quis imprimir a esse texto Sendo assim para entender determinadas situaccedilotildees ou mensagens a serem transmitidas eacute necessaacuterio que haja a uniatildeo entre o texto e o contexto que colocados em adjacecircncia servem para lembrar que satildeo aspectos do mesmo processo Metaforicamente pode-se pensar que haacute um texto e um outro texto que o acompanha e que se denomina contexto O que estaacute dentro da ideia lsquocom o textorsquo estaacute na verdade aleacutem do texto em uma situaccedilatildeo discursi-va A esse contexto denomina-se de contexto de situaccedilatildeo Eacute a situaccedilatildeo de uso da linguagem o ambiente do texto O contexto situacional eacute for-mado por informaccedilotildees que estatildeo fora do texto sejam elas histoacutericas ge-ograacuteficas socioloacutegicas ou literaacuterias Portanto os elementos linguiacutesticos escolhidos por um produtor de texto assim como as informaccedilotildees por ele selecionadas e o modo como ele as organiza depende das condiccedilotildees de produccedilatildeo O contexto contribui de forma significativa na construccedilatildeo da leitura de mundo de todo indiviacuteduo assim como afirma o educador Paulo Freire (1989) a interaccedilatildeo do sujeito com o seu contexto iraacute possi-bilitar a construccedilatildeo de leituras diversificadas do proacuteprio mundo e de qualquer texto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

ReferecircnciasFREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler em trecircs artigos que se completam Satildeo Paulo Autores Associados Cortez 1989

C

83

HALLIDAY MAK HASAN R Language context and text aspects of language in a social-semiotic perspective New York Oxford Press 1989

TRAVAGLIA Luiz Carlos Gramaacutetica e interaccedilatildeo uma proposta para o ensino da gramaacutetica no 1ordm e 2ordm graus 8 ed Satildeo Paulo Cortez 2002

CROSSMIacuteDIA

A palavra crossmiacutedia estaacute originalmente relacionada agrave publicidade As agecircncias de publicidade e propaganda investem na produccedilatildeo de um conteuacutedo que eacute distribuiacutedo por diferentes plataformas midiaacuteticas Tem--se assim uma mesma mensagem com o mesmo conceito mas com um formato especiacutefico para o meio no qual deveraacute circular A taacutetica eacute a dis-tribuiccedilatildeo do mesmo conteuacutedo em diversas miacutedias O objetivo eacute atingir o maior nuacutemero de pessoas atraveacutes de canais diferentes

Glaacuteucio Antocircnio Santos

ReferecircnciasLOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Convergecircncia de miacutedias e jornalismo In TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Accedilatildeo Pesquisa e Reflexatildeo sobre a docecircncia na formaccedilatildeo do jornalista em tempos de convergecircncia das miacutedias digitais Dissertaccedilatildeo (Mestre em Educaccedilatildeo) - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais Belo Horizonte 2007 p 255 Disponiacutevel em lthttpswwwacademiaedu2084363ConvergC3AAncia_de_mC3ADdias_e_jornalismogt Acesso em 19 jul 2020

CULTURAS HIacuteBRIDAS E HIBRIDISMO CULTURAL

Chamamos de culturas hiacutebridas o rompimento de barreiras que se-param estruturas socioculturais diferentes diminuindo as fronteiras entre o que eacute considerado culto ou erudito e o que eacute considerado po-pular ou de massa A expressatildeo ldquoculturas hiacutebridasrdquo ganha notoriedade no acircmbito acadecircmico a partir de publicaccedilotildees do antropoacutelogo Neacutestor Garciacutea Canclini O antropoacutelogo chama de hibridismo cultural o pro-cesso em que duas ou mais culturas distintas se mesclam abrangendo tambeacutem os aspectos econocircmicos e poliacuteticos Como exemplo podemos citar a proacutepria constituiccedilatildeo do povo brasileiro a partir de colonizadores europeus (principalmente os portugueses) os indiacutegenas que aqui vi-

C D

84

viam e os africanos trazidos para caacute e escravizados Somam-se a esses trecircs grupos a imigraccedilatildeo de asiaacuteticos (japoneses chineses) libaneses turcos siacuterios e outros grupos que para caacute vieram ao longo da histoacuteria Eacute importante lembrar que em muitos casos certos grupos natildeo aceitam ou natildeo querem a hibridaccedilatildeo cultural permanecendo cada um em suas respectivas ldquobolhasrdquo Podemos observar essa questatildeo tambeacutem numa perspectiva microssocial em que o tradicional se mistura ao moderno e o culto ao popular Pensemos por exemplo na apropriaccedilatildeo de uma obra de arte renascentista como a pintura La Gioconda retrato da Mona Lisa e sua apropriaccedilatildeo pela publicidade ou por uma histoacuteria em quadrinhos O avanccedilo das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) tem proporcionado essa hibridaccedilatildeo entre objetos culturais distintos de-vido ao desenvolvimento de softwares e aplicativos que permitem remi-xagens de obras distintas e de campos diferentes

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasCANCLINI Neacutestor Garciacutea Culturas hiacutebridas estrateacutegias para entrar e sair da modernidade Satildeo Paulo EDUSP 2007

DIALOGISMO

Conceito desenvolvido por Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) no ensaio publicado em 1963 intitulado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a par-tir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacute-vski (1821-1881) Bakhtin parte do princiacutepio de que a linguagem eacute uma realidade muacuteltipla e heterogecircnea e a verdadeira substacircncia da liacutengua eacute constituiacuteda nas interaccedilotildees verbais via enunciaccedilatildeo ou enunciaccedilotildees Dessa forma o discurso (liacutengua concreta viva) eacute construiacutedo a partir do discurso do outro e o sujeito eacute construiacutedo pelo outro por meio da linguagem Nessa perspectiva o sujeito tem um projeto de fala que natildeo depende soacute da sua intenccedilatildeo depende do outro com quem se fala do ou-tro ideoloacutegico forjado por outros discursos do contexto Sendo assim o dialogismo eacute caracteriacutestica essencial da linguagem eacute a condiccedilatildeo do sen-tido do discurso compreende a palavra em constante movimento e as relaccedilotildees dialoacutegicas como relaccedilotildees semacircnticas em toda a espeacutecie de diaacute-logo Em qualquer momento do desenvolvimento do diaacutelogo sentidos esquecidos poderatildeo vir agrave tona seratildeo ressignificados e sob uma forma renovada surgiratildeo em outro contexto Contrapondo-se ao discurso mo-noloacutegico o diaacutelogo bakhtiniano eacute accedilatildeo entre interlocutores natildeo sendo mensurado pelo nuacutemero de falantes ouvintes ou observadores Nessa accedilatildeo coexistem convergecircncias e divergecircncias advindas do tempo pas-

D E

85

sado e futuro dos grupos sociais das tendecircncias etc O dialogismo eacute portanto interaccedilatildeo social natildeo soacute a partir do diaacutelogo face a face mas principalmente entre discursos de quaisquer naturezas desde as rela-ccedilotildees dialoacutegicas cotidianas ateacute o texto literaacuterio

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasFIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

A CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

DISPOSITIVOS MOacuteVEIS DE COMUNICACcedilAtildeO

Dispositivos moacuteveis satildeo tecnologias digitais que permitem a mo-bilidade e o acesso agrave internet Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo fo-ram desenvolvidas teacutecnicas para resolver problemas Essas tecnologias sejam analoacutegicas ou digitais sempre estiveram presentes em nossa sociedade inclusive no acircmbito educacional Ao longo do tempo vecircm sofrendo constantes modificaccedilotildees em detrimento das necessidades hu-manas Isto faz com que a tecnologia se torne na modernidade um recurso indispensaacutevel tanto agrave vida cotidiana como para o setor educa-cional Aparelhos de GPS (de Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global) laptops smartphones tablets satildeo exemplos des-ses equipamentos facilitadores do cotidiano Geralmente eles apresen-tam espessura fina tamanho pequeno faacutecil manuseio para atender agrave funcionalidade praacutetica O uso significativo de dispositivos moacuteveis de tecnologia promove experiecircncias enriquecedoras para a Educaccedilatildeo Na sala de aula esses aparelhos satildeo recursos que somados agraves praacuteticas e metodologias significativas atendem agraves necessidades educacionais

Sabrina Ribeiro

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Moderna 2020

ECOSSISTEMA DIGITAL

O termo ecossistema tem origem nas aacutereas da ecologia e biologia sendo definido como um grupo de elementos interconectados formado pela interaccedilatildeo de uma comunidade de organismos com o seu ambiente

E

86

Baseado nessa descriccedilatildeo o ecossistema digital trata de uma integraccedilatildeo de soluccedilotildees de software ou soluccedilotildees tecnoloacutegicas funcionando no mes-mo ambiente ou plataforma A expressatildeo ecossistema digital eacute muito abrangente pois as soluccedilotildees que compotildeem o ecossistema podem abar-car tanto hardwares (componentes fiacutesicos) quanto softwares (sistemas) e tambeacutem usuaacuterios No contexto abordado no livro Letramentos miacutedias linguagens de Rojo e Moura (2019) o ecossistema digital engloba os softwares utilizados para manipulaccedilatildeo de fotos tradicionais e criaccedilatildeo de fotografias digitais inseridos em uma plataforma de sistema operacio-nal Os produtos dos diversos atores envolvidos nos processos de cria-ccedilatildeo de imagens e fotografias podem ser distribuiacutedos entre pessoas e nas redes sociais que tambeacutem fazem parte do ecossistema Nos ecossiste-mas diferentes tipos de usuaacuterios se conectam e interagem utilizando re-cursos disponibilizados pela plataforma Em vez de seguir numa linha reta ndash dos produtores para os consumidores ndash o valor pode ser criado modificado trocado e consumido de diversas formas e em diversos lu-gares graccedilas agraves conexotildees facilitadas pela plataforma

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

ReferecircnciasBITTARELLO Kamila Entenda o que eacute ecossistema digital ou ecossistema de software Blog do Sienge 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwsiengecombrblogecossistema-digitalgt Acesso em 4 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA (EAD)

A expressatildeo Educaccedilatildeo a Distacircncia (EAD) designa alguns modelos de ensino em que professores e alunos natildeo se encontram num mesmo espaccedilo e ao mesmo tempo para as aulas Muitos satildeo os modelos do que se pode chamar de educaccedilatildeo a distacircncia ou ensino a distacircncia Pode-mos iniciar fazendo uma distinccedilatildeo entre essas duas expressotildees O que distingue e diferencia ldquoeducaccedilatildeordquo e ldquoensinordquo A principal diferenccedila entre os dois substantivos que designam processos estaacute relacionada agrave abrangecircncia dos termos Enquanto ldquoensinordquo tem um caraacuteter mais es-peciacutefico pressupondo certas accedilotildees que geralmente partem dos sujei-tos ldquoensinantesrdquo (os professores) com o objetivo de transmitir conhe-cimentos para os chamados ldquoaprendentesrdquo a ldquoeducaccedilatildeordquo por sua vez eacute um processo mais amplo que concebe a ensinantes e a aprendentes em constante interaccedilatildeo de modo que o conhecimento vai sendo construiacutedo de maneira conjunta entre esses sujeitos Derivam daiacute distinccedilotildees como

E

87

ldquotransmissatildeordquo e ldquoconstruccedilatildeo de conhecimentosrdquo bem como a distinccedilatildeo entre informaccedilatildeo e conhecimento Dentre os modelos de educaccedilatildeo a distacircncia com o tempo e por forccedila de uso o acento grave indicativo de uma crase entre preposiccedilatildeo e artigo acabou sendo abolido Temos tanto formas bem antigas como os cursos por correspondecircncia ateacute modelos bem contemporacircneos com o uso de plataformas digitais pensadas es-pecificamente para servir como ambientes virtuais de aprendizagem com um conjunto de ferramentas agrave disposiccedilatildeo de professores alunos designers instrucionais e tutores Em muitos modelos a educaccedilatildeo a dis-tacircncia conta com certos atores natildeo tatildeo comuns na educaccedilatildeo presencial como os tutores ndash presenciais e a distacircncia que auxiliam na mediaccedilatildeo entre professores e alunos os designers instrucionais profissionais que geralmente contribuem com os professores do ponto de vista teacutecnico e esteacutetico para construccedilatildeo das plataformas educacionais A esse mo-delo de educaccedilatildeo em que vaacuterios sujeitos com atribuiccedilotildees diferentes atuam no ensino denominou-se ldquopolidocecircnciardquo Dentre as ferramentas disponibilizadas pelos mais conhecidos ambientes virtuais de aprendi-zagem identifica-se uma primeira distinccedilatildeo entre conteuacutedo e ativida-de Como conteuacutedo podemos elencar textos digitais (artigos ou livros disponiacuteveis na internet escaneados ou produzidos especificamente para a disciplina) viacutedeos (videoaulas gravadas viacutedeos disponiacuteveis na internet ou produzidos especialmente para a disciplina) podcasts graacutefi-cos infograacuteficos modelos de sequecircncias didaacuteticas links para portais e paacuteginas da internet dentre tantos outros materiais especiacuteficos das dife-rentes disciplinas Como atividades temos algumas jaacute previstas nesses ambientes como foacuteruns de discussatildeo chats questionaacuterios pesquisas glossaacuterios wikis tarefas diversas dentre tantas outras A educaccedilatildeo a distacircncia pressupotildee uma forma de ensino e aprendizagem concebida para ser oferecida em espaccedilos e tempos flexiacuteveis que permite ao estu-dante a possibilidade de acessar o ambiente virtual de aprendizagem do lugar em que ele dispuser de equipamento tecnoloacutegico e no seu tem-po disponiacutevel conforme suas atividades cotidianas Esse modelo natildeo dispensa a possibilidade de exigecircncia de que em determinados dias e horaacuterios programados possam ser previstas atividades siacutencronas e em espaccedilos especiacuteficos para isso como os chamados polos de apoio presen-cial locais em que tambeacutem costumam dar plantotildees os chamados tuto-res presenciais Os chamados tutores a distacircncia geralmente datildeo seus plantotildees de suas casas ou da unidade de ensino agrave qual estatildeo vinculados Um ponto muito importante a se considerar quando se pensa em EAD eacute a questatildeo do planejamento Neste modelo parte-se de um pacto estabe-lecido entre professores e alunos de que as principais formas de intera-ccedilatildeo aconteceratildeo de maneira natildeo presencial e atualmente na chamada

E

88

terceira geraccedilatildeo da EAD (a primeira eacute a do ensino por correspondecircncia e a segunda do uso das chamadas miacutedias analoacutegicas como o raacutedio e a televisatildeo) esta interaccedilatildeo eacute mediada pelas chamadas tecnologias di-gitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) ou tecnologias digitais de informaccedilatildeo (TIC) ou simplesmente ldquonovas tecnologiasrdquo Nossa opccedilatildeo eacute pela expressatildeo tecnologias digitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo por consideraacute-la mais adequada (a palavra ldquonovardquo tem uma carga muito grande de relativismo) e completa (haja vista que pressupotildee informa-ccedilatildeo e comunicaccedilatildeo)

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasMILL Daniel RIBEIRO Luis Roberto de Camargo OLIVEIRA Marcia Rozenfeld Gomes (org) Polidocecircncia na educaccedilatildeo a distacircncia muacuteltiplos enfoques 2 ed Satildeo Paulo Edufscar 2014 200 p

EDUCACcedilAtildeO MISTA SEMIPRESENCIAL OU HIacuteBRIDA (blended learning)

Aleacutem do modelo de educaccedilatildeo natildeo presencial conhecido pela sigla EAD tem-se constituiacutedo e firmado um modelo misto chamado de semi-presencial ou hiacutebrido que parece ser de acordo com os estudiosos do assunto um modelo dialeacutetico que consegue reunir o melhor dos dois modelos polarizados A educaccedilatildeo hiacutebrida parte de princiacutepios como aprendemos em espaccedilos formais e natildeo formais aprendemos (e ensi-namos) de diferentes formas e podemos usar metodologias digitais e analoacutegicas (mais antigas e mais tradicionais por assim dizer) Nesse contexto os modelos de ensino que seguem o padratildeo do blended learning apresenta quatro tipos estruturantes a) O modelo rotacional baseado na criaccedilatildeo pelo professor de diferentes espaccedilos de ensino e aprendiza-gem dentro ou fora da sala de aula para que os alunos revezem entre diferentes atividades conforme as orientaccedilotildees do docente Nesse mode-lo haacute as seguintes propostas i) rotaccedilatildeo por estaccedilotildees (os alunos realizam diferentes atividades em estaccedilotildees e no espaccedilo da sala de aula) ii) labo-ratoacuterio rotacional (os alunos usam o espaccedilo da sala de aula e laboratoacute-rios) iii) sala de aula invertida (a teoria eacute estudada em casa no formato on-line e o espaccedilo da sala de aula eacute utilizado para discussotildees resolu-ccedilatildeo de atividades entre outras propostas) e iv) rotaccedilatildeo individual (cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados) b) o modelo flex baseado na experiecircncia de aprendizagem por meio de atividades on-line na qual o ritmo do aluno eacute personalizado e o docente fica agrave disposiccedilatildeo para

E

89

esclarecimento de duacutevidas c) o modelo a la carte baseado na respon-sabilidade do aluno pela organizaccedilatildeo de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos organizados em parceria com o docente personalizando a aprendizagem que pode ocorrer no momen-to e local mais adequados e d) o modelo virtual aprimorado baseado na experiecircncia realizada por toda a escola em que em cada curso os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem on-line e a presencial

Heacutercules Tolecircdo Correcirca e Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBACICH Lilian MORAN Joseacute Aprender e ensinar com foco na educaccedilatildeo hiacutebrida Paacutetio n 25 junho 2015 p 45-47 Disponiacutevel em lthttpwwwgrupoacombrrevista-patioartigo11551aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibridaaspxgt Acesso em 27 jun 2020

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B JOHNSON Curtis W Inovaccedilatildeo na Sala de Aula Como a Inovaccedilatildeo Disruptiva Muda a Forma de Aprender Traduccedilatildeo Rodrigo Sardenberg 1 ed Satildeo Paulo Bookman 2011 262 p

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B STAKER Heather Ensino Hiacutebrido uma Inovaccedilatildeo Disruptiva Uma introduccedilatildeo agrave teoria dos hiacutebridos Boston Clayton Christensen Institute 21 maio 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwchristenseninstituteorgpublicationsensino-hibrido_sf_s=ensino+hC3ADbridogt Acesso em 3 ago 2020

ELETRONIC-LEARNING OU E-LEARNING

Trata-se de uma das modalidades ou uma das geraccedilotildees da Educaccedilatildeo a Distacircncia A e-learning centra-se principalmente na mediaccedilatildeo tecno-loacutegica inicialmente realizada por meio de disquetes CD CD-ROM e pendrive (principais modos de armazenamento e transferecircncia de da-dos) Com o desenvolvimento e popularizaccedilatildeo da internet a e-learning tem nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) plataformas de ensino ou LMS (learning management system) como o Moodle o TelEduc o Canvas dentre outros o seu principal suporte Haacute quem aponte dife-renccedilas entre LMS e AVA afirmando que este eacute mais usado no meio edu-cacional enquanto aquele eacute mais utilizado pelas empresas No primeiro modelo a e-learning era considerada ldquosem gerenciamento do aprendiza-dordquo pela dificuldade de interaccedilatildeo entre ldquoensinantesrdquo e ldquoaprendentesrdquo No modelo com AVA passa a ser ldquocom gerenciamento do aprendizadordquo

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL OU ENSINO ON-LINE

O ensino remoto tem sua vertente analoacutegica por meio de material impresso normalmente caderno de atividades produzido por profes-

E

90

sores e distribuiacutedos aos alunos Os modos de diagramaccedilatildeo e impres-satildeo vatildeo desde processos mais simples como reprografias ateacute materiais mais sofisticados com projetos graacuteficos mais arrojados com suporte de profissionais da aacuterea de comunicaccedilatildeo visual e design graacutefico Outra ver-tente do ensino remoto emergencial eacute aquela mediada pela tecnologia com aulas on-line siacutencronas eou assiacutencronas (gravadas e disponibiliza-das aos alunos) Satildeo realizadas em forma de aulas (com preleccedilotildees expo-siccedilotildees e exibiccedilotildees de material audiovisual tais como slides e animaccedilotildees) ou em forma de reuniotildees virtuais usando diversos tipos de ferramen-tas tecnoloacutegicas algumas pagas e outras gratuitas (Google Meet Zoom Jitsi Skype dentre outras) Especialistas em educaccedilatildeo e tecnologia enfa-tizam que natildeo se deve confundir ensino remoto emergencial com Edu-caccedilatildeo a Distacircncia uma vez que a EAD tem caracteriacutesticas especiacuteficas que natildeo estatildeo presentes no ensino remoto (emergencial ou natildeo) como o planejamento preacutevio de todas as etapas e a presenccedila da tutoria Esta modalidade de educaccedilatildeoensino foi a soluccedilatildeo encontrada por grande parte das instituiccedilotildees de ensino em todos os niacuteveis devido agrave pandemia de COVID-19 no ano de 2020 que levou agraves pessoas ao chamado ldquodistan-ciamento socialrdquo por recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ESCRITA COLABORATIVA

A escrita colaborativa consiste na produccedilatildeo de textos de modo coleti-vo ou em grupos Ela se materializa pela atuaccedilatildeo de mais de um autor no processo da criaccedilatildeo A escrita acadecircmica pode ser por exemplo co-laborativa Normalmente um mestrando ou doutorando sempre redige suas anaacutelises sob a orientaccedilatildeo de um professor orientador e faraacute altera-ccedilotildees em sua composiccedilatildeo ao aceitar sugestotildees da banca que o examinaraacute durante sua defesa caso sejam necessaacuterias Em muitas situaccedilotildees pode existir a correccedilatildeo por pares e esta pode apresentar algumas vantagens contribuir para que a subjetividade de um dos autores de determinado trabalho natildeo extrapole os limites definidos pela Ciecircncia Eacute totalmente compreensiacutevel que a descriccedilatildeo dos resultados de um estudo contenha nuances personalistas Costuma-se reconhecer um autor pelo seu estilo uma vez que a personalidade autoral eacute desejaacutevel Poreacutem alguma criacutetica externa eacute sempre bem-vinda quando se almeja evitar que uma opiniatildeo pessoal (ou exagero ideoloacutegico) supere a neutralidade caracteriacutestica da obra cientiacutefica Tambeacutem se pode verificar a escrita colaborativa em di-cionaacuterios glossaacuterios anais perioacutedicos enciclopeacutedias Os meios digi-tais tecircm cada vez mais feito uso do trabalho conjunto Um exemplo eacute

E

91

o da enciclopeacutedia eletrocircnica Wikipeacutedia que vem substituindo as antigas coleccedilotildees de livros impressos nem sempre acessiacuteveis a todas as camadas da sociedade Eacute equivocado o pensamento de que enciclopeacutedias abertas na internet natildeo satildeo dignas de credibilidade A plataforma da Wikipedia por exemplo exige referecircncias Informaccedilotildees falsas podem ser contesta-das e corrigidas a qualquer momento Revisores analisam periodica-mente textos denunciados ou considerados suspeitos Por fim pode-se tambeacutem encontrar a escrita colaborativa nos aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Entre os que se destinam ao ensino e agrave aprendiza-gem de liacutenguas estrangeiras pode-se mencionar o Duolingo Ele dispotildee de um recurso que recebe o nome de incubadora no qual cursos de novas liacutenguas satildeo elaborados conjuntamente por voluntaacuterios que pas-sam por um processo seletivo bastante criterioso A escrita colaborativa persiste enfim na modernidade mais recente inclusive na produccedilatildeo de miacutedias digitais

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFAGUNDES Leacutea da Cruz LACERDA Rosaacutelia SCHAumlFER Patriacutecia Behling Escrita colaborativa na cultura digital ferramentas e possibilidades de construccedilatildeo do conhecimento em rede Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educaccedilatildeo Porto Alegre v 7 ed 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpsseerufrgsbrrenotearticleview140127902gt Acesso em 5 jul 2020

EVOLUCcedilAtildeO DA WEB

A expressatildeo evoluccedilatildeo da web refere-se agraves fases de configuraccedilatildeo da web como a web 10 20 30 e 40 A internet reconhecida como a rede mundial de computadores eacute formada pela ligaccedilatildeo entre computadores no entanto os recursos que conferem ldquointeligecircnciardquo agrave rede satildeo reconhe-cidos por World Wide Web sigla www ou simplesmente web que permi-tem a interaccedilatildeo entre as milhares de paacuteginas que abrigam textos ima-gens sons viacutedeos animaccedilotildees etc O meacuterito pela criaccedilatildeo da World Wide Web em 1989 eacute atribuiacutedo ao fiacutesico inglecircs Tim Berners-Lee enquanto tra-balhava como engenheiro de software no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN em Genebra A web 10 tambeacutem conhecida como web sintaacutetica surgiu em 1990 e foi caracterizada como a web de conexatildeo e obtenccedilatildeo de conteuacutedo o que resultava em interaccedilotildees limitadas do usuaacute-rio com a web sendo dirigida somente agrave transmissatildeo de informaccedilotildees A web 20 constitui-se na evoluccedilatildeo da web 10 e eacute tambeacutem conhecida como web social conceito proposto em 2004 por Tim OrsquoReilly Essa internet eacute caracterizada como um conjunto de serviccedilos que promoviam interaccedilotildees entre seus usuaacuterios de forma colaborativa designados como redes de

E F

92

relacionamento on-line redes sociais on-line ou redes sociais digitais A proposta da web 30 tambeacutem conhecida como web semacircntica Web de contextos e significados foi lanccedilada publicamente em 2001 por Tim Berners-Lee como uma web capaz de processar e cruzar informaccedilotildees consolidaacute-las e trazer resultados mais relevantes para seus usuaacuterios Assim a web 30 caracteriza-se por softwares inteligentes que utilizam dados semacircnticos permitindo a relaccedilatildeo colaborativa com as pessoas por meio da categorizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos pesquisados Jaacute a proposta da web 40 conhecida como web of things (Web das coi-sas) e tambeacutem desenvolvida por Tim Berners-Lee estaacute fundamentada pela conectividade e interatividade entre pessoas informaccedilotildees proces-sos e objetos por meio de tecnologias que possibilitam acesso agrave rede por qualquer pessoa de qualquer lugar a qualquer tempo utilizando quaisquer dispositivos incluindo equipamentos multifuncionais com sensores inteligentes tais como eletrodomeacutesticos automoacuteveis roupas etc a partir de aplicaccedilotildees que se adaptam dinamicamente agraves necessi-dades dos usuaacuterios

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBERNERS-LEE Tim Semantic Web Roadmap Disponiacutevel em lthttpwwww3corgDesignIssuesSemantichtmlgt Acesso em 4 ago 2020

OrsquoREILLY Tim OrsquoReilly Media Inc Disponiacutevel em lthttpwwworeillycomgt Acesso em 4 ago 2020

FAKE NEWS

Pela traduccedilatildeo literal o termo fake news vem do inglecircs fake (falsafalso) e news (notiacutecias) ou seja notiacutecias falsas Assim tomamos por em-preacutestimo o conceito de notiacutecia como ldquoum fato verdadeiro ineacutedito ou atual de interesse geral que se comunica com o puacuteblico depois de re-colhido pesquisado e avaliado por quem controla o meio utilizado para a sua difusatildeordquo e o conceito de ldquofalsordquo pelo dicionaacuterio como adjetivo 1 contraacuterio agrave verdade ou agrave realidade 2 causar alteraccedilatildeo em adulterar 3 dar sentido ou significado diferente do verdadeiro fraudar

Apesar de a expressatildeo existir desde o seacuteculo XIX o termo fake news re-cebeu o tiacutetulo de ldquopalavra do anordquo em 2017 no Oxford English Dictionary principalmente devido agraves eleiccedilotildees presidenciais estadunidenses no ano anterior quando notiacutecias falsas foram usadas como ferramenta eleito-ral para promover ou difamar algum candidato Desde entatildeo o termo tem sido amplamente usado pela miacutedia De maneira geral fake news

F

93

satildeo ldquoafirmaccedilotildees que agem como notiacutecias e que satildeo deliberadamente fabricadas para enganar ou melhor dizendo desviar o receptor da verdaderdquo Geralmente as fake news satildeo afirmaccedilotildees que tecircm a forma de notiacutecia mas de conteuacutedo completa ou parcialmente falso orientadas por motivaccedilatildeo poliacutetica e intencionalmente fabricadas para desinformar ou enganar a fim de manipular a opiniatildeo puacuteblica

As fake news tecircm um caraacuteter sedutor ao mesmo tempo convincentes pois se apropriam das qualidades de uma notiacutecia e satildeo construiacutedas sob a abordagem linguiacutestica emprestadas na forma e no conteuacutedo dos meios jornaliacutesticos mas satildeo passiacuteveis de marcaccedilotildees ideoloacutegicas (construiacutedas por indiviacuteduos embebidos em crenccedilas e valores e consumidas por ou-tros os quais as interpretaratildeo imiscuiacutedos num contexto histoacuterico-social

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias BECHARA Evanildo Minicidionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1 ed Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 2009 1024 p

FANTE Alexandra SILVA Tiago Mathias da GRACcedilA Valdete da Fake News e Bakthin gecircnero discursivo e a (des)apropriaccedilatildeo da notiacutecia Atas do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo Porto Portugal p 106-119 2019 VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo 2018 [Universidade do Porto - Faculdade de Letras]

FILHO Joatildeo Batista Ferreira A verdade sob suspeita fake news e conduta epistecircmica na poliacutetica da desinformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsscholargooglecombrscholarhl=pt-PTampas_sdt=02C5ampq=27fake+news27+definiC3A7ao+ampbtnG=gt Acesso em 2 dez 2020

GELFERT Axel Fake news A Definition Informal Logic Vol 38 N 1 2018 (doi 1022329ilv38i15068)

LETRIA J Pequeno breviaacuterio jornaliacutestico Lisboa Editorial Notiacutecias 2000

FANDOM

Fandom eacute uma forma reduzida da expressatildeo em inglecircs fan kingdom que significa ldquoreino dos fatildesrdquo na traduccedilatildeo literal para o portuguecircs Um fandom eacute um grupo de pessoas que satildeo fatildes de determinada produto cultural como um seriado de televisatildeo uma muacutesica um filme deter-minado um livro ou mesmo um artista (um cantor um muacutesico um ator) Este termo se popularizou atraveacutes da internet principalmente pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook por exemplo Como os fandons satildeo comuns na internet os seus membros costumam discu-tir virtualmente todos os assuntos relacionados ao tema do qual satildeo fatildes Em muitos casos os fandons organizam encontros presenciais para que os membros dessas comunidades possam se conhecer Os fandons

F

94

satildeo adeptos dos fanfics e usam a narrativa transmidiaacutetica num universo ficcional onde os consumidores devem assumir o papel de caccediladores e coletores perseguindo partes da histoacuteria pelos diferentes canais com-parando suas observaccedilotildees com as de outros fatildes em grupos de discus-satildeo on-line e colaborando para assegurar que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiecircncia de entretenimento mais rica Os fandoms satildeo similares aos populares fanclubs que fizeram sucesso nos anos 1990 A grande diferenccedila entre ambos estaacute no uso das redes sociais digitais como ferramenta para se comunicarem se articularem e compartilharem os seus gostos em comum com pessoas de todo o mundo Atualmente os fandons satildeo essenciais para o crescimento e o movimento da induacutestria do entretenimento pois satildeo os principais con-sumidores da miacutedia

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FANFICTION

Fanfiction ou fanfic (forma abreviada) significa ldquoficccedilatildeo de fatilderdquo em tra-duccedilatildeo literal para a liacutengua portuguesa As fanfics satildeo histoacuterias ficcio-nais que podem ser baseadas em diversos personagens e enredos que pertencem aos produtos midiaacuteticos como filmes seacuteries histoacuterias em quadrinhos videogames mangaacutes animes grupos musicais celebrida-des dentre outros Com a popularizaccedilatildeo da internet no final dos anos 1990 muitos escritores desse tipo de literatura encontraram uma forma mais faacutecil de atingir outros fatildes e pessoas com os mesmos interesses Contudo o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretizaccedilatildeo da web Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA na deacutecada de 1970 com a publicaccedilatildeo em fanzines de histoacuterias que eram tributos agrave seacuterie Jornada nas Estrelas Os fatildes desses produtos se apropriam do mote da histoacuteria ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original As fanfics satildeo um belo exemplo de texto multi-modal e narrativa transmidiaacutetica que se refere a uma nova esteacutetica que surgiu em resposta agrave convergecircncia das miacutedias ndash uma esteacutetica que faz novas exigecircncias aos consumidores e depende da participaccedilatildeo ativa de comunidades de conhecimento

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

F

95

FANPAGE

Uma fanpage eacute uma paacutegina do Facebook criada especialmente para ser um canal de comunicaccedilatildeo com fatildes dentro da rede social digital fanpage eacute uma paacutegina para fatildes em traduccedilatildeo literal Os posts e posterior-mente outras redes sociais mudaram nossas vidas e tambeacutem a forma como nos conectamos com o mundo Diferentemente dos perfis pesso-ais a fanpage possui algumas funcionalidades a mais e tem como ob-jetivo reunir a comunidade envolvida com um determinado negoacutecio As fanpages tambeacutem apresentam recursos como aplicativos que promo-vem maior interaccedilatildeo do puacuteblico ferramenta de promoccedilatildeo que permite o impulsionamento dos seus posts aumentando a visibilidade de algum conteuacutedo-chave relatoacuterios de estatiacutesticas que possibilitam que seja feita uma anaacutelise das campanhas promovidas e do engajamento do puacuteblico com as postagens novas curtidas graacuteficos de desempenho entre ou-tros A fanpage eacute um exemplo de hipermiacutedia que surge com a possibili-dade de estabelecer links com diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-lo

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FOTOGRAFIA DIGITAL

Fotografia feita a partir de dispositivos digitais A fotografia digital frequentemente se assemelha a uma fotografia tradicional A primei-ra possui angulaccedilatildeo cor contrastes iluminaccedilatildeo e diversos elementos componentes da segunda No entanto a fotografia digital apresenta maior flexibilidade uma vez que pode ser manipulada editada recom-binada com outras imagens remodelada e compartilhada com outras pessoas nas redes sociais A fotografia tradicional serve como base para posteriormente ser trabalhada no ambiente digital por meio de programas de ediccedilatildeo ndash Photoshop Gimp Illustrator dentre outros ndash e receber novos elementos e novas cores em busca da comunicaccedilatildeo efi-ciente de ideias Um exemplo muito famoso da fotografia digital circu-lou nas eleiccedilotildees americanas de 2008 a foto conhecida como Hope (Espe-ranccedila) Eacute uma imagem do entatildeo candidato agrave presidecircncia Barack Obama com as cores da bandeira estadunidense e a palavra Hope centrada sob a foto composiccedilatildeo conhecida como pocircster poliacutetico A imagem foi cria-

F G

96

da pelo artista Frank Shepard Fairey fundador da Obey Giant Fairey usou uma fotografia tradicional feita por Mannie Garcia fotoacutegrafo da Associated Press para criar o cartaz atraveacutes da manipulaccedilatildeo de diver-sas camadas e inserccedilatildeo de efeitos Uma das primeiras imagens criadas por Fairey tinha a palavra Progress (Progresso) disposta da mesma for-ma que Hope Soacute em um segundo momento Fairey lanccedilaria a famosa seacuterie com a palavra Hope (Esperanccedila) estampada no cartaz que captu-rou o sentimento de esperanccedila e levou Barack Obama agrave Casa Branca De fato o cartaz de Fairey adquire seu real poder a partir de uma com-binaccedilatildeo de elementos visuais tradicionais e modernos participando de um novo ethos proacuteprio do poacutes-fotograacutefico e das novas miacutedias Pela facilidade de manipulaccedilatildeo poder de comunicar ideias e desencadear sentimentos a fotografia digital pode ser empregada em campanhas publicitaacuterias campanhas eleitorais memes etc

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

GAMIFICACcedilAtildeO E ENSINO

O termo em portuguecircs gamificaccedilatildeo (tambeacutem conhecido como lu-dificaccedilatildeo) vem do inglecircs gamification e estaacute relacionado com o uso de jogos digitais e seus elementos na resoluccedilatildeo de problemas do mundo real Isto quer dizer que a gamificaccedilatildeo pode ser entendida como meacute-todo praacutetica ou sistema baseado em jogos digitais com sua aplicaccedilatildeo fora do cenaacuterio dos games Seu foco eacute ajudar o indiviacuteduo no alcance de um determinado objetivo ou na resoluccedilatildeo de problemas aleacutem de pro-porcionar uma experiecircncia de aprendizagem individual eou coletiva Por causa das caracteriacutesticas luacutedicas e motivadoras da tecnologia digital como um todo surgiram estudos relacionando jogos digitais com aacutereas aleacutem do entretenimento como a aacuterea da educaccedilatildeo Esses estudos permi-tiram uma melhor compreensatildeo dos Serious Games (jogos seacuterios) jogos educativos e gamificaccedilatildeo A diferenccedila destes trecircs termos estaacute no fato de os dois primeiros jogos seacuterios e jogos educativos serem jogos comple-tos e a gamificaccedilatildeo natildeo ser exatamente um jogo mas sim elementos dos games utilizados fora dos proacuteprios jogos Vale ressaltar que existe uma diferenccedila entre a gamificaccedilatildeo no ensino e o uso de jogos digitais na educaccedilatildeo (educational games game-based learning etc) sendo estas duas propostas educativas diferentes Portanto a gamificaccedilatildeo natildeo eacute em si

G H

97

um jogo mas a utilizaccedilatildeo de abstraccedilotildees e metaacuteforas originaacuterias da cul-tura e estudos de videogames em aacutereas natildeo relacionadas a esses jogos

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias SANTOS Thales Gamificaccedilatildeo Um recurso aliado a educaccedilatildeo Orientador Profordf Drordf Alexandra Resende Campos 2019 54 f Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Ouro Preto Mariana MG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwmonografiasufopbrbitstream3540000024279MONOGRAFIA_Gamificac3a7c3a3oRecursoAliadopdfgt Acesso em 4 jul 2020

GRAMAacuteTICA SISTEcircMICO-FUNCIONAL

A gramaacutetica sistecircmico-funcional ou linguiacutestica sistecircmico-funcional eacute uma teoria desenvolvida pelo linguista Michael Alexander Kirkwood Halliday e colaboradores Eacute considerada uma abordagem referente ao estudo da linguagem focada na ideia de ldquofunccedilatildeordquo ou seja considera--se a gramaacutetica condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo para fornecer significados Essa concepccedilatildeo iniciada a partir dos estudos de Halliday nas deacutecadas de 1960 e 1970 eacute definida como sistecircmico-funcional uma vez que conside-ra a liacutengua com uma rede de sistemas associados que o locutor utiliza para gerar significados em contextos de comunicaccedilatildeo Nesse contexto a liacutengua deixa de ser um sistema dominado por regras e passa a ser analisada sob o ponto de vista sociossemioacutetico tornando-se um siste-ma de formaccedilatildeo de significados Como caracteriacutesticas da teoria sistecirc-mico-funcional define-se que o uso da liacutengua eacute funcional a funccedilatildeo da linguagem eacute produzir significados esses significados satildeo influenciados pelos contextos social e cultural em que satildeo negociados o uso da liacutengua produz significados atraveacutes de escolhas

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias EGGINS S An introduction to Systemic Functional Linguistics 2ed London New York Continuum 1994

SANTOS Zaacuteira Bomfante dos A Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional algumas consideraccedilotildees Soletras Revista Rio de Janeiro v 28 p 164-181 juldez 2014

THOMPSON G Introducing Functional Grammar 2 ed Oxford Oxford University Press 2003

HIPERMIacuteDIA

Entende-se por hipermiacutedia conglomerados de informaccedilatildeo multimiacute-dia (verbo som e imagem) de acesso natildeo sequencial navegaacuteveis por

H

98

meio de palavras-chave semialeatoacuterias A hipermiacutedia permite ao leitor apreciar viacutedeos filmes e animaccedilotildees ouvir muacutesicas canccedilotildees e falas no lugar em que se encontram simultacircnea ou quase Na hipermiacutedia haacute tambeacutem a possibilidade de interligar diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-las Imagens sons textos animaccedilotildees e viacutedeos podem ser conectados em combinaccedilotildees diversas rompendo com a ideia linear de um texto com comeccedilo meio e fim predetermina-dos e fixos Entende-se por hipermiacutedia tambeacutem um conjunto de infor-maccedilotildees armazenadas e veiculadas por meio de um computador que permite ao usuaacuterio ter acesso a diversos documentos (textos imagens estaacuteticas viacutedeos sons etc) por remissatildeo associativa por meio de links de hipertextos A hipermiacutedia eacute marcada pela oportunidade de interaccedilatildeo leitura natildeo linear extraccedilatildeo de recortes especiacuteficos para atender especi-ficidade sobre o que se procura no processo da navegabilidade

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

HIPERTEXTO

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson na deacutecada de 1960 para denominar a forma de escritaleitura natildeo linear na infor-maacutetica pelo sistema Xanadu O prefixo hiper- (do grego υπερ- sobre aleacutem) remete agrave superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da linearidade do texto es-crito possibilitando a representaccedilatildeo do nosso pensamento bem como um processo de produccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre as pessoas em uma (re)construccedilatildeo coletiva Ateacute entatildeo a ideia de hipertextualidade havia sido manifestada apenas pelo matemaacutetico e fiacutesico Vannevar Bush atraveacutes do dispositivo Memex Diferentemente do que se costuma pensar a ideia de hipertexto natildeo nasce com a internet As primeiras manifestaccedilotildees hipertextuais ocorrem nos seacuteculos XVI e XVII atraveacutes de manuscritos e marginalia Os primeiros sofriam alteraccedilotildees quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espeacutecie de escrita coletiva Os segundos eram anotaccedilotildees realizadas pelos leitores nas margens das paacuteginas dos livros antigos permitindo assim uma leitura natildeo linear do texto Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos para que pudessem ser consultadas por outros leitores A noccedilatildeo de hi-pertexto constitui um suporte linguiacutestico-semioacutetico hoje intensamente

H I

99

utilizado para estabelecer interaccedilotildees virtuais desterritorizadas Segun-do a maioria dos autores o termo designa uma escritura natildeo sequencial e natildeo linear que se ramifica e permite ao leitor virtual o acesso prati-camente ilimitado a outros textos a partir de escolhas locais e suces-sivas em tempo real Trata-se pois de um processo de leituraescrita multilinearizado multissequencial e natildeo determinado realizado em um novo espaccedilo ndash o ciberespaccedilo O hipertexto eacute tambeacutem uma forma de estruturaccedilatildeo textual que faz do leitor simultaneamente um coautor do texto oferecendo-lhe a possibilidade de opccedilatildeo entre caminhos diver-sificados de maneira a permitir diferentes niacuteveis de desenvolvimento e aprofundamento de um tema No hipertexto contudo tais possibili-dades se abrem a partir de elementos especiacuteficos nele presentes que se encontram interconectados embora natildeo necessariamente correlaciona-dos ndash os hiperlinks

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias CAVALCANTE Marianne Carvalho Bezerra Mapeamento e produccedilatildeo de sentido os links no hipertexto In MARCUSCHI amp XAVIER (orgs) Hipertextos e Gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

KOCH Ingedore G Villaccedila Desvendando os segredos do texto 4 ed Satildeo Paulo Cortez 2005

MARCUSCHI Luiz Antonio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

INDEXACcedilAtildeO

A palavra indexaccedilatildeo deriva do verbo indexar que significa organi-zar dados de tal modo que seja possiacutevel recuperar as informaccedilotildees de um arquivo Mais que isso eacute uma forma de identificar e encontrar um arquivo em bases de dados Os itens satildeo organizados por associaccedilatildeo a tags ou caracteriacutesticas particulares que o identifiquem entre muitos ou-tros Dessa forma tambeacutem eacute possiacutevel relacionar um material indexado como um arquivo publicado em um site aos resultados de mecanismos de busca (Google Yahoo etc) por exemplo Como natildeo eacute viaacutevel que os sites de busca faccedilam uma varredura on-line a cada pesquisa feita os bus-cadores indexam paacuteginas para criar um banco de dados relacionados as palavras buscadas Por isso as palavras-chave tecircm grande importacircncia pois elas ajudam o banco de dados a selecionar o material disponiacutevel mais coerente com a busca do usuaacuterio

Layla Juacutelia Gomes Mattos

I L

100

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

HISTOacuteRIA DOS SITES DE BUSCA indexaccedilatildeo (O que eacute indexaccedilatildeo) Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsitehistoriasobreossitesdebuscahistoria-siteindexacao~text=A20indexaC3A7C3A3o20C3A920a20formaum20grande20nC3BAmero20de20itensgt Acesso em 10 ago 2020

INTERATIVIDADE

A palavra interatividade surgiu nas deacutecadas de 1960 e 1970 com a evoluccedilatildeo das Tecnologias de Comunicaccedilatildeo e Informaccedilatildeo ndash TIC mais tarde Tecnologias Digitais de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC For-mada pelo prefixo ldquointerrdquo que significa entre uma coisa e outra e a palavra ldquoatividaderdquo que significa capacidade ou tendecircncia para agir para se movimentar para realizar alguma coisa Caracteriza o estado de interativo a capacidade de possibilitar interaccedilatildeo entre o indiviacuteduo e emissor relaccedilatildeo entre o homem-maacutequina e homem-homem que surge com as necessidades do ser humano no mundo globalizado resultando na mudanccedila da interaccedilatildeo humana A interatividade vem crescendo na educaccedilatildeo a distacircncia desde os cursos por correspondecircncia ateacute o ensi-no on-line A interaccedilatildeo entre professorado e alunado ampliou com os avanccedilos das TIC natildeo se limitando a executar e corrigir atividades ou acompanhar videoaulas por exemplo mas na forma como acontece o contato na educaccedilatildeo presencial entres discentes e docentes atraveacutes de ferramentas como chat webconferecircncia e foacuterum

Sabrina Ribeiro

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

LETRAMENTO

O vocaacutebulo letramento deriva da palavra inglesa literacy que vem do latim litera que significa letra mais o sufixo -cy que indica quali-dade condiccedilatildeo estado fato de ser Para tratar de letramento eacute preciso compreender a sua diferenccedila relaccedilatildeo e associaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo Estudiosos e teoacutericos diferenciam alfabetizaccedilatildeo de letramento da se-guinte forma a alfabetizaccedilatildeo diz respeito ao processo de aprendiza-gem de um coacutedigo e das habilidades de utilizaacute-lo para ler e escrever

L

101

O letramento vai aleacutem do domiacutenio do ato de ler e escrever possibilita tambeacutem o uso dessas habilidades em praacuteticas sociais em que escrever e ler satildeo imprescindiacuteveis O letramento natildeo constitui necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever mas eacute a condiccedilatildeo daquele que consequentemente se apropriou da escrita Quanto ao termo no plural letramentos refere-se aos diversos campos de compreensatildeo e anaacutelise do processo letramento literaacuterio filosoacutefico funcional cartograacutefico ou digital O uso pluralizado do termo eacute marcado por uma ampliaccedilatildeo do sentido de letra que estaacute na raiz etimoloacutegica da palavra para o sentido mais amplo de signos e siacutembolos levando a um certo descentramento da escrita na definiccedilatildeo dos letramentos Portanto letramentos apresen-ta como princiacutepio a complexidade do ato de ler e escrever num contexto de comunicaccedilatildeo mais aacutegil por meio de outros suportes aleacutem do forma-to impresso ou seja a utilizaccedilatildeo de novas miacutedias Neste sentido houve uma convergecircncia do texto para uma tela propiciando uma mudanccedila cultural e consequentemente nos letramentos

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPOS CA CORREcircA HT Praacuteticas de letramento literaacuterio em bibliotecas de escolas puacuteblicas municipais de Ouro Preto In Seminaacuterio de Literatura Infantil e Juvenil 7 2016 Florianoacutepolis Anais Florianoacutepolis UFSC UNISUL 2017 224-231 Disponiacutevel em lthttplinguagemunisulbrpaginasensinoposlinguagemeventossilij7-SLIJ-2017-Anaispdfgt Acesso em 21 jun 2020

COSSON R Letramento Literaacuterio uma localizaccedilatildeo necessaacuteria Letras amp letras v 31 n 3 juldez 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwseerufubrindexPhpletraseletrasarticleview3064416712gt Acesso em 9 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOARES MB Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2003

LETRAMENTO DIGITAL

A expressatildeo letramento digital refere-se agraves praacuteticas sociais de leitu-ra e escrita em ambientes digitais como aqueles propiciados pelos com-putadores ou por dispositivos moacuteveis tais como smartphones e tablets ou outros equipamentos como terminais de banco e eletrodomeacutesticos com interface digital Assim a capacidade de compreender discernir e criar com as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC natildeo estatildeo necessariamente ligadas agrave escola pois as pessoas apren-dem sobre o digital no dia a dia Considerando-se que o conceito de letramento trata do conjunto de praacuteticas sociais que usam a escrita em contextos especiacuteficos e com fins determinados alguns pesquisadores

L

102

enfatizam que haacute modalidades diferentes de letramento o que sugere que a palavra seja pluralizada haacute letramentos e natildeo letramento isto eacute diferentes espaccedilos de escrita e mecanismos de produccedilatildeo reproduccedilatildeo e difusatildeo resultam em diferentes letramentos A necessidade de plu-ralizaccedilatildeo da palavra letramento tambeacutem designa variados efeitos cog-nitivos culturais e sociais em funccedilatildeo dos contextos de interaccedilatildeo com a palavra escrita e em funccedilatildeo de variadas e muacuteltiplas formas de interaccedilatildeo com o mundo Neste sentido alguns pesquisadores enfatizam que o letramento digital designa um certo estado ou condiccedilatildeo que adquirem os que se apropriam da tecnologia digital e exercem praacuteticas de leitura e de escrita na tela Ser letrado digitalmente implica saber se comunicar em diferentes situaccedilotildees buscar informaccedilotildees no ambiente digital e se-lecionaacute-las avaliando sua credibilidade Aleacutem do acesso agrave informaccedilatildeo cabe ao leitor estar atento agrave autoria agrave fonte e ter senso criacutetico para ava-liar o que encontra Ser letrado digitalmente implica portanto em fazer uso das TDIC respondendo ativa e criticamente a diferentes propoacutesitos e contextos interagindo e participando socialmente da construccedilatildeo cole-tiva do conhecimento

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasCOSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E (Orgs) Letramento Digital aspectos sociais e possibilidades pedagoacutegicas 3 ed Belo Horizonte Ceale Autecircntica 2011

COSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E Letramento Digital In FRADE Isabel C A S VAL Maria G C BREGUNCI Maria G C (Orgs) Glossaacuterio CEALE Termos de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita para Educadores Centro de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita - CEALE Belo Horizonte Faculdade de Educaccedilatildeo da UFMG 2014

SOARES Magda B Novas praacuteticas de leitura e escrita letramento na cibercultura Educaccedilatildeo e Sociedade v 23 n 31 p 143-160 dez 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfesv23n8113935pdfgt Acesso em 3 ago 2020

LETRAMENTO INFORMACIONAL

A expressatildeo letramento informacional eacute uma traduccedilatildeo de informa-tion literacy cunhada nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1970 pelo bibliotecaacuterio americano Paul Zurkowski No Brasil foi no iniacute-cio do seacuteculo XXI que os estudos sobre o tema se iniciaram A pesqui-sadora Bernadete Campello discorre sobre o letramento informacional com maior enfoque nos bibliotecaacuterios e educadores pois esse termo foi usado no contexto norte-americano para caracterizar as competecircncias necessaacuterias ao uso de fontes eletrocircnicas de informaccedilatildeo De modo geral pode-se dizer que o letramento informacional significa um processo de autoaprendizado do indiviacuteduo por meio da tomada de consciecircncia

L

103

de qual eacute a sua necessidade de informaccedilatildeo e as habilidades necessaacuterias para utilizaccedilatildeo das fontes de maneira que possibilite a competecircncia e a autonomia na busca e uso da informaccedilatildeo para gerar conhecimento O letramento informacional tem como finalidade a adaptaccedilatildeo e a socia-lizaccedilatildeo dos indiviacuteduos na sociedade da aprendizagem Sendo assim compreende a capacidade de determinar a sua necessidade de infor-maccedilatildeo acessar a informaccedilatildeo com eficiecircncia avaliar a informaccedilatildeo e suas fontes criticamente incorporar a nova informaccedilatildeo ao conhecimento preacutevio utilizar a informaccedilatildeo de maneira efetiva para alcanccedilar objetivos especiacuteficos compreender os aspectos socioeconocircmicos e legais do uso da informaccedilatildeo bem como acessar e usar a informaccedilatildeo dentro da lei

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPELLO B Letramento Informacional funccedilatildeo educativa do bibliotecaacuterio na escola Belo Horizonte Autecircntica 2009

DUDZIAK E A Information literacy princiacutepios filosofia e praacutetica Ciecircncia da Informaccedilatildeo Brasiacutelia v 32 n 1 Apr 2003 Disponiacutevel em lthttpswwwscielo brpdfciv32n115970pdfgt Acesso em 12 jul 2020

GASQUE K C G D Letramento informacional pesquisa reflexatildeo e aprendizagem Brasiacutelia Faculdade de Ciecircncia da Informaccedilatildeo 2012

LETRAMENTOS MUacuteLTIPLOS

Para entendermos o conceito de letramentos muacuteltiplos retomemos a noccedilatildeo de letramentos que a partir das transformaccedilotildees nas formas de se pensar e usar a leitura e escrita foi se ressignificando Letramentos no plural nos remete agrave ideia que os letramentos satildeo muitos Sendo assim letramentos satildeo as diversas praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita e natildeo se restringem somente ao saber ler e escre-ver (alfabetizaccedilatildeo) Importante lembrar que alfabetizaccedilatildeo e letramento satildeo termos indissociaacuteveis poreacutem diferentes em termos de processos cognitivos Para ampliar essa complexidade que abarca os letramentos surge a necessidade de conceituaacute-los e adjetivaacute-los como letramentos muacuteltiplos A palavra muacuteltiplos aparece no dicionaacuterio como sinocircnimo de multiacuteplice que aponta para algo composto por elementos complexos e variados Ao atribuir tal adjetivo ao substantivo letramentos formando a expressatildeo letramentos muacuteltiplos entendemos que as praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita satildeo variadas satildeo muitas se multiplicam e tambeacutem satildeo processos complexos pois mesmo um in-diviacuteduo natildeo alfabetizado pode participar de diversas praacuteticas de letra-mento na sociedade sendo assim letrado de uma certa maneira com

L

104

algum niacutevel de letramento Uma possibilidade de definiccedilatildeo pode ser es-tabelecida de modo que os letramentos compreendam as mais variadas formas de utilizaccedilatildeo da leitura e da escrita seja na cultura escolar ou em suas formas dominantes assim como nas diferentes culturas locais e populares como tambeacutem nos produtos da cultura de massa Nessa perspectiva entendemos que eles abrangem diferentes e diversificadas praacuteticas de leitura e escrita por isso satildeo muacuteltiplos Dessa forma fala-mos em letramento literaacuterio filosoacutefico informacional digital etc

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

LIVES (live streaming)

A traduccedilatildeo literal da palavra inglesa live eacute ldquovivordquo ldquopermanecerrdquo ou ldquomorarrdquo Jaacute a palavra streaming pode ser traduzida por ldquotransmissatildeordquo ou seja a expressatildeo live streaming pode ser entendida como ldquotransmis-satildeo ao vivordquo

O avanccedilo da banda larga na internet (em meados de 2005) permitiu que o sistema de streaming (ou seja o fluxo de dados entre a internet e hardwares) pudesse transmitir dados de som e imagens (estaacuteticas eou em movimento) em grande volume O streaming foi um sistema desen-volvido para permitir que o usuaacuterio da internet natildeo precisasse mais realizar o download ndash descarregamentotransferecircncia termos usados na comunicaccedilatildeo em redes de computadores para referenciar a trans-missatildeo de dados de um dispositivo para outro atraveacutes de um canal de comunicaccedilatildeo previamente estabelecido - para o consumo de arquivos audiovisuais Com essa tecnologia a internet recebe as informaccedilotildees (dados) ao mesmo tempo em que as repassa ao usuaacuterio (consumidor dos dados) Assim os dados satildeo baixados instantaneamente conforme o arquivo vai sendo executado armazenados temporariamente e depois deletados do equipamento (computador ou smartphone por exemplo) Assim o streaming possibilitou as lives (ou tambeacutem live streaming) o que basicamente eacute a transmissatildeo de dados ao vivo via internet ou rede de computadores (dados audiovisuais ou somente aacuteudio) em que os dados gravados satildeo transmitidos em tempo real aos dispositivos conectados

A primeira realizaccedilatildeo de uma live streaming aconteceu em 1993 pelo grupo musical Severe Tire Damage Formada por profissionais de empre-sas de tecnologia de Palo Alto na Califoacuternia a banda transmitiu um pequeno show realizado no Centro de Pesquisa da Xerox e se tornou a

L M

105

pioneira no live streaming A partir de entatildeo essa tecnologia permitiu a transmissatildeo de eventos dos mais diversos como partidas esportivas ateacute palestras e aulas on-line

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias LIVE streaming tudo o que vocecirc precisa saber sobre essa tecnologia Netshowme 2017 Disponiacutevel em lthttpsnetshowmebloglive-streaming-tudo-o-que-voce-precisa-sabergt Acesso em 15 de jul de 2020

LIVE streaming Wikipedia 2020 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiLive_streaminggt Acesso em 15 de jul de 2020

DOWNLOAD e upload Wikipedia 2004 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiDownload_e_uploadgt Acesso em 15 de jul de 2020

MASHUPS

Mashup eacute uma palavra da liacutengua inglesa traduzida para o portu-guecircs como ldquomisturardquo Denominamos mashup uma canccedilatildeo ou composi-ccedilatildeo criada a partir da mistura e combinaccedilatildeo de duas ou mais canccedilotildees eou viacutedeos preexistentes Esse tipo de obra tem suas origens na dissemi-naccedilatildeo de remixes musicais ao longo do seacuteculo XX os quais passaram a misturar elementos de duas ou mais canccedilotildees Essas produccedilotildees torna-ram-se populares ao longo dos anos 1990 em vaacuterios gecircneros musicais principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias e softwares de digitalizaccedilatildeo do som Essa popularizaccedilatildeo ao longo do seacuteculo XX ex-trapolou o acircmbito da muacutesica de forma que o mashup tornou-se um mo-delo conceitual para criaccedilotildees em diversos tipos de miacutedia Os mashups satildeo tipos de remixes caracterizados pela combinaccedilatildeo de elementos de duas ou mais fontes (aparentemente muito distintas entre si) numa nova obra que pode ou natildeo retomar explicitamente essas fontes Um exemplo de mashup eacute a combinaccedilatildeo de canccedilotildees de Bob Marley (No wo-man no cry) e The Beatles (Let it be) para gerar um novo material intitu-lado Bob Marley vs The Beatles - Let it be no cry e divulgado no YouTube

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias BUZATO M E K et al Remix mashup paroacutedia e companhia por uma taxonomia multidimensional da transtextualidade na cultura digital Rev bras linguist apl v 13 n 4 p 1191-1221 2013

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

106

MEMES

A palavra meme vem do grego mimema que significa imitaccedilatildeo Sua primeira apariccedilatildeo foi em 1976 no livro The Selfish Gene (O gene egoiacutesta) de Richard Dawkins Na obra o termo meme eacute descrito como ldquouma unidade de transmissatildeo cultural ou uma unidade de imitaccedilatildeordquo Um meme pode ser uma histoacuteria um haacutebito uma habilidade uma maneira de fazer coisas que copiamos de uma pessoa para outra atraveacutes da imi-taccedilatildeo Na oacutetica da cibercultura meme eacute tudo aquilo que se propaga ou espalha aleatoriamente com algum conteuacutedo humoriacutestico Memes po-dem ser viacutedeos virais feitos para circular e ser redistribuiacutedo em redes sociais geralmente dentro de tradiccedilotildees de ciberativismo consistem no remix de um mesmo fragmento de material audiovisual acrescido de uma nova informaccedilatildeo uma nova legenda dublagem eou outros frag-mentos de viacutedeos

Pode-se dizer que os memes satildeo uma espeacutecie de ldquoproduccedilatildeordquo que traz consigo alguma criacutetica eou teor humoriacutestico a partir do remix de outra obra (visual audiovisual etc) podendo ser replicada para atingir uma grande quantidade de pessoas

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOUZA Carlos Memes Formaccedilotildees discursivas que ecoam no ciberespaccedilo Veacutertices Campos dos Goytacazes RJ v 15 n 1 p 127-148 2013 DOI 1059351809-266720130011 Disponiacutevel em lthttpessentiaeditoraiffedubrindexphpverticesarticleview1809-2667201300112743gt Acesso em 3 jul 2020

METAMIacuteDIA

A ideia de metamiacutedia decorre do teoacuterico canadense Marshall McLuhan O prefixo meta remete a uma dimensatildeo midiaacutetica intersti-cial um devir-miacutedia que estaacute em permanente transformaccedilatildeo segundo o termo originalmente cunhado por Alan Kay e Adele Golberg Fenocirc-meno que refuta a separaccedilatildeo dos elementos e a organizaccedilatildeo da miacutedia segundo padrotildees Um dos princiacutepios baacutesicos e que sustenta os demais eacute a ldquorepresentaccedilatildeo numeacutericardquo o que significa a capacidade que a miacutedia digital possui de emular qualquer objeto em termos puramente formais ou matemaacuteticos Outro princiacutepio para compreender a metamiacutedia eacute a variabilidade o que possibilita que os objetos digitais existam numa in-finidade de versotildees Para melhor compreender essa questatildeo os produ-

M

107

tos midiaacuteticos satildeo o resultado de diferentes algoritmos que modificam uma estrutura singular de dados Trata-se de uma miacutedia que conjugaria constantemente todas as anteriores Diferentes meios de comunicaccedilatildeo estatildeo em constante relaccedilatildeo de contato e apropriaccedilatildeo uns com os outros O raacutedio surge como metamiacutedia do jornal impresso alcanccedilando sua au-tonomia A tevecirc eacute uma metamiacutedia do raacutedio A internet eacute metamiacutedia das miacutedias anteriores mas agrega a especificidade da interaccedilatildeo da reelabo-raccedilatildeo e difusatildeo por ela mesma do conteuacutedo ressignificado pelo usuaacuterio

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SATUF Ivan Contribuiccedilotildees e desafios da Teoria Ator-Rede para o estudo da metamiacutedia Esferas Ano 6 nordm 11 Julho a dezembro de 2017

METODOLOGIAS ATIVAS

As chamadas metodologias ativas constituem um conjunto de meacute-todos e maneiras de ensino e aprendizagem para que os alunos apren-dam de forma autocircnoma e participativa a partir de problemas e si-tuaccedilotildees reais Satildeo exemplos de metodologias ativas a aula invertida a pedagogia de projetos a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo a aprendizagem baseada em problemas dentre outras Nas metodologias ativas o estudante eacute o centro do processo de aprendizagem participan-do efetivamente e sendo responsaacutevel pela construccedilatildeo do conhecimento

Para se trabalhar na perspectiva das metodologias ativas eacute preciso que os curriacuteculos escolares as metodologias os tempos e os espaccedilos sejam revistos a fim de promover uma evoluccedilatildeo para se tornar relevan-te frente agraves constantes mudanccedilas na sociedade As tecnologias digitais permitem hoje em dia a integraccedilatildeo de espaccedilos e tempos tornando-se importantes nos processos educacionais O ensinar e aprender deve acontecer em uma interligaccedilatildeo simboacutelica profunda constante entre o que chamamos mundo fiacutesico e mundo digital Natildeo satildeo dois mundos ou dois espaccedilos mas um espaccedilo estendido em uma sala de aula ampliada e que se hibridiza constantemente Por isso a educaccedilatildeo formal eacute cada vez mais misturada hiacutebrida porque natildeo acontece soacute no espaccedilo fiacutesico da sala de aula mas nos muacuteltiplos espaccedilos do cotidiano que incluem os espaccedilos digitais O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos mas tambeacutem digitalmente com as tecnologias moacuteveis equilibrando a interaccedilatildeo com todos e com cada um Nesse contexto as metodologias ativas satildeo praacuteticas escolarizadas que buscam explorar

M

108

todo o potencial de aprendizagem dos alunos por meio de ferramentas tecnoloacutegicas disponiacuteveis no mundo globalizado

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

Referecircncias MOacuteRAN Joseacute Manuel Mudando a educaccedilatildeo com metodologias ativas Coleccedilatildeo Miacutedias Contemporacircneas Convergecircncias Midiaacuteticas Educaccedilatildeo e Cidadania aproximaccedilotildees jovens Ponta Grossa UEPGPROEX v II 2015 Disponiacutevel em lthttpwww2ecauspbrmoranwp-contentuploads201312mudando_moranpdfgt Acesso em 29 jul 2020

MIacuteDIAS

A palavra miacutedia vem do latim medium cujo plural eacute media com sen-tido de meio A pronuacutencia aportuguesada miacutedia vem do inglecircs em que o ldquoerdquo eacute pronunciado como o ldquoirdquo em portuguecircs A palavra foi introdu-zida no portuguecircs brasileiro nos anos 1960 com o sentido de ldquomeio de comunicaccedilatildeo (social) de massardquo e tem como exemplos mais comuns os jornais impressos o raacutedio a televisatildeo que tiveram seu auge durante o seacuteculo XX A palavra foi introduzida no inglecircs no final do seacuteculo XIX e iniacutecio do seacuteculo XX agrave eacutepoca da invenccedilatildeo do teleacutegrafo da fotografia e do raacutedio para designar a comunicaccedilatildeo entre pessoas distantes espacial-mente de forma anaacuteloga agraves que se realizavam nas sessotildees espiacuteritas por meio de uma pessoa (meacutedium) que servia de mediador entre um espiacuteri-to e as pessoas presentes em uma reuniatildeo realizada com essa intenccedilatildeo Atualmente a palavra eacute usada para designar a imprensa (a grande miacute-dia ou seja os grandes jornais e as grandes redes de comunicaccedilatildeo e a chamada miacutedia alternativa iniciativas que surgem como possibilidade de informaccedilotildees natildeo veiculadas da mesma forma pelas miacutedias de maior poder de penetraccedilatildeo) Na aacuterea da publicidade tem sentido mais especiacute-fico ligado agrave escolha dos veiacuteculos em que determinadas campanhas satildeo disponibilizadas A palavra miacutedia eacute usada ainda para designar a base fiacutesica para a tecnologia empregada no registro e veiculaccedilatildeo da informa-ccedilatildeo por exemplo um CD um pen drive ou um impresso No portuguecircs de Portugal usa-se normalmente a forma meacutedia

Heacutercules Tolecircdo CorrecircaReferecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Ed Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

109

MULTILETRAMENTOS

A palavra multiletramentos eacute formada pelo prefixo mult(i) - do la-tim multus a um correspondente a abundante numeroso em gran-de quantidade - e a palavra letramentos Antes de conceituaacute-la eacute ne-cessaacuterio compreender o que se entende por letramento No Brasil em meados dos anos 1990 esse termo ganha destaque nos estudos de lin-guagem e educaccedilatildeo ao ir aleacutem da ideia de alfabetizaccedilatildeo O letramento eacute um conceito de visatildeo antropoloacutegica ou seja diz respeito aos usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de diferentes ma-neiras sendo socialmente valorizados ou natildeo de diferentes grupos e esferas sociais e culturais Portanto letramento natildeo considera somen-te o sujeito que sabe ler e escrever mas sim eacute o estado ou a condiccedilatildeo que adquire um indiviacuteduo ou grupo social ao se apropriar da escrita A partir desse conceito o adjetivo ldquoletradordquo pode ser entendido como o indiviacuteduo que convive com diversas praacuteticas de leitura e escrita sa-bendo ler ou natildeo Pensando nas diversas situaccedilotildees em que utilizamos a leitura e a escrita surge entatildeo a necessidade de tornar esse conceito plural letramentos Vaacuterias atividades em nosso cotidiano demandam o uso da escrita e mesmo os indiviacuteduos que satildeo analfabetos tambeacutem participam de praacuteticas letradas ou seja modos culturais de utilizar a linguagem escrita em suas vidas cotidianas que variam de acordo com os contextos culturais e sociais Pensando nisso na diversidade de praacute-ticas letradas que surgem com as transformaccedilotildees culturais linguiacutesticas e econocircmicas da sociedade surge a necessidade de ampliar o conceito de letramentos A partir dessa necessidade nasce o conceito de multi-letramentos do inglecircs multiliteracy que surge da reuniatildeo de um grupo de pesquisadores de aacutereas distintas da linguagem que ficou conhecido como New London Group - NLG (Grupo de Nova Londres) no ano de 1996 cujo objetivo era discutir as transformaccedilotildees do mundo globaliza-do seu impacto no ensino de liacutenguas e as transformaccedilotildees pelas quais os textos vinham incorporando ao longo do tempo Para esses pesquisa-dores os textos estavam se modificando ou seja natildeo eram somente de caraacuteter escrito e sim compostos de muacuteltiplas e diferentes linguagens a chamada multimodalidade Os multiletramentos apontam para dois aspectos principais do uso da linguagem sendo eles as diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e a diversidade de contextos e culturas que constituem a sociedade No que diz respeito agraves muacuteltiplas lingua-gens ou agrave multimodalidade dos textos entendemos que os textos que circulam socialmente impressos em diferentes suportes e digitais satildeo compostos por muacuteltiplas semioses e linguagens O segundo aspecto diz respeito agrave multiplicidade cultural que aponta para a variedade de cul-

M

110

turas de produccedilatildeo cultural letrada e do hibridismo textual baseado na eliminaccedilatildeo de fronteiras entre o culto e o popular Aleacutem dessa multipli-cidade surge tambeacutem uma nova eacutetica que natildeo se baseia na ideia de pro-priedade (como o direito autoral) mas no diaacutelogo entre novos partici-pantes (o remix) e uma nova esteacutetica baseada na ideia de ldquocoleccedilatildeordquo em que cada indiviacuteduo seleciona por uma questatildeo esteacutetica de apreciaccedilatildeo conforme seus gostos Os multiletramentos portanto correspondem a esses textos multissemioacuteticos que proporcionam novas relaccedilotildees e expe-riecircncias entre indiviacuteduos textos e culturas

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias COPE Bill KALANTZIS Mary A pedagogy of Multiliteracies designing social futures In COPE B KALANTZIS M (Eds) Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures New York Routledge 2000 p 9-37

KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a praacutetica social da escrita Campinas SP Mercado de Letras 1995

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTILINGUISMO

Mulltilinguismo se refere agrave presenccedila de vaacuterias liacutenguas em coexis-tecircncia O reconhecimento dessa coexistecircncia como um estado natural de um mundo globalizado contribui para a promoccedilatildeo de uma educaccedilatildeo antirracista e valoriza a importacircncia dessas liacutenguas no desenvolvimen-to social e cultural bem como econocircmico e poliacutetico Diante disso focar em uma liacutengua nacional natildeo eacute uma resposta educacional adequada a um mundo multiliacutengue Pessoas multiliacutengues desenvolvem capacida-des de compreender melhor culturas e maneiras de pensar diferentes tal experiecircncia tambeacutem possibilita que se adaptem a necessidades que as liacutenguas dominantes demandem seja no acircmbito linguiacutestico seja no conceitual

No Brasil a liacutengua portuguesa eacute o idioma oficial mas no ano de 2010 por meio do decreto nordm 7387 foi criado o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) identificando 32 municiacutepios com doze liacutenguas cooficiais quatro de descendentes de imigrantes e oito liacutenguas indiacutegenas O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE tam-beacutem no ano de 2010 em uma primeira contagem desde 1950 conseguiu mapear por meio de um censo demograacutefico duzentas e setenta e qua-tro liacutenguas indiacutegenas e tambeacutem trezentas e cinco etnias Aleacutem dessas existem ainda outras multiplicidades como liacutenguas de sinais crioulas afrodescendentes e variaccedilotildees da liacutengua portuguesa em diversas regi-

M

111

otildees do paiacutes Contudo uma naccedilatildeo multiliacutengue se constroacutei com medidas institucionais que se movimentam para aleacutem do reconhecimento da existecircncia de muacuteltiplas liacutenguas no paiacutes Faz-se necessaacuterio investir em instacircncias educacionais que promovam acesso a conhecimento e que valorizem o patrimocircnio cultural (familiar histoacuterico e linguiacutestico) dos cidadatildeos

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias ARCHANJO Renata Globalizaccedilatildeo e Multilingualismo no Brasil Competecircncia Linguiacutestica e o Programa Ciecircncia Sem Fronteiras Revista Brasileira de Linguiacutestica Aplicada Belo Horizonte v 15 ed 3 julset 2015 DOI httpsdoiorg1015901984-639820156309 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrjrblaazCHkdXKkKVJ68hNBktdGWMLlang=ptgt Acesso em 22 jul 2020

Finger I Alves U K Fontes A B A da L amp Preuss E O (2016) Diaacutelogos em multilinguismo uma discussatildeo sobre as pesquisas realizadas no labicoufrgs Letrocircnica s97-s113 httpsdoiorg10154481984-43012016s22390 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpletronicaarticleview22390gt Acesso em 26 jul 2020

LEMOS Ameacutelia Francisco Filipe da C Liacutengua e cultura em contexto multilingue um olhar sobre o sistemaeducativo em Moccedilambique Educar em Revista Curitiba v 34 ed 69 p 17-32 maiojun 2018 DOI 1015900104-406057228 Disponiacutevel em lthttpsrevistasufprbreducararticleview5722835458gt Acesso em 15 jul 2020

LOTHERINGTON H Pedagogy of Multiliteracies Rewriting Goldilocks 1ordf Ediccedilatildeo Editora Routledge 2011

MORELLO R Multilinguismo e ensino nas fronteiras Liacutenguas e Instrumentos Liacutenguiacutesticos Campinas SP n 43 p 217ndash236 2019 DOI 1020396lilv0i438658350 Disponiacutevel em lthttpsperiodicossbuunicampbrojsindexphplilarticleview8658350gt Acesso em 26 jul2020

MULTIMIacuteDIA

A palavra multimiacutedia relaciona-se com os campos da comunicaccedilatildeo e da informaacutetica Pode-se compreendecirc-la como muacuteltiplos meios para se realizar uma comunicaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de meios de comunicaccedilatildeo di-ferentes com vaacuterios suportes de difusatildeo de informaccedilatildeo notadamente imagem e som qualquer recurso de comunicaccedilatildeo ou meio de expressatildeo em que se utiliza mais de um canal de comunicaccedilatildeo Uma apresentaccedilatildeo multimiacutedia eacute contextualizada pela utilizaccedilatildeo de imagem viacutedeo anima-ccedilatildeo som ou uma combinaccedilatildeo dessas miacutedias Na informaacutetica o conceito define a possibilidade de possuir todos os meios de comunicaccedilatildeo entre um computador e o usuaacuterio ainda que estes natildeo sejam bidirecionais Em uma campanha publicitaacuteria ou um plano de miacutedia multimiacutedia eacute a combinaccedilatildeo de diferentes meios e veiacuteculos que favorecem os objetivos de comunicaccedilatildeo cobertura e distribuiccedilatildeo Uma empresa multimiacutedia eacute

M

112

marcada pelo desenvolvimento de produtos que combina a utilizaccedilatildeo de vaacuterias miacutedias ou que oferece serviccedilos independentes (que natildeo se re-lacionam necessariamente) como eacute o caso de um conglomerado indus-trial que possui canais de raacutedio televisatildeo revistas jornais serviccedilos de portalsite fotografia etc O conglomerado pode gerar produtos multi-miacutedia eou oferecer serviccedilos multimiacutedia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MICHAELIS Michaelis Dicionaacuterio Brasileiro da Liacutengua Portuguesa Acesso em lthttpsmichaelisuolcombrgt Acesso em 17 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

PRIBERAM Disponiacutevel em lthttpsdicionariopriberamorggt Acesso em 17 jul 2020

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infantojuvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

MULTIMODALIDADE

A multimodalidade eacute um fenocircmeno em que diferentes modos se-mioacuteticos isto eacute diferentes linguagens como idiomas representaccedilotildees visuais gestos satildeo combinados e integrados em situaccedilotildees comunicati-vas O conceito de multimodalidade geralmente ligado agrave palavra texto comeccedilou a ser usado diante de caracteriacutesticas natildeo verbais que um texto expressa englobando imagens som e gestos Um texto multimodal traz mais de uma modalidade linguiacutestica verbal ou natildeo verbal integradas em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo

A multimodalidade natildeo eacute apenas a soma de linguagens mas a inte-raccedilatildeo entre linguagens diferentes em um mesmo texto Em um mundo marcado por princiacutepios verbais escritos de produccedilatildeo do texto esse se manifesta organizado segundo princiacutepios imageacuteticos de produccedilatildeo

A multimodalidade eacute encontrada em uma conversa face a face em que gestos e expressotildees faciais se unem agrave linguagem verbal Outro exemplo eacute visto nos livros infantis que usam diferentes texturas chei-ros e ateacute mesmo figuras que saltam de suas paacuteginas para estimular os sentidos das crianccedilas

M

113

O conceito de multimodalidade surge a partir da teoria semioacuteti-ca mais especificamente da Semioacutetica Social dos estudiosos Gunther Kress e Leeuwen A semioacutetica prima pelo estudo do texto em suas dife-rentes formas e linguagens mais especificamente focando em explicar o que ele diz e como faz para dizer o que diz

Embora mais utilizada para se referir a textos digitais a multimo-dalidade jaacute era encontrada em pinturas rupestres que demonstram a vida cotidiana do homem expressa por signos Atualmente os textos verbais convivem mutuamente com iacutecones fotos viacutedeos expressando a sua multimodalidade

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias BARROS Diana Luz de Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

CORREcircA Heacutercules T e COSCARELLI Carla V Multimodalidade MIL Daniel (Org) Dicionaacuterio criacutetico da educaccedilatildeo e tecnologias e de educaccedilatildeo a distacircncia Satildeo Paulo Papirus 2018

ROJO Roxane MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTISSEMIOSE

Multissemiose eacute a combinaccedilatildeo de diversos sistemas semioacuteticos como a linguagem verbal e a natildeo verbal em um mesmo texto Assim sendo podemos conceber o texto multissemioacutetico tambeacutem chamado de multimodal por alguns estudiosos como uma interaccedilatildeo semacircntica en-tre fala imagens escrita e outros modos veiculados por meio de outros sentidos ndash tato e paladar por exemplo A multissemiose estaacute presente em textos que nos permitem interpretar uma mensagem imagetica-mente de modo que o leitor tenha aleacutem do texto verbal alguns recur-sos visuais que facilitem o processamento do conteuacutedo em si

A multissimeiose eacute uma marca dos textos na sociedade atual re-pleta de panfletos outdoors reconhecimento automaacutetico de voz textos verbais acompanhados de fotos imagens diversas emoticons e emojis

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias KRESS G VAN L T Reading images the grammar of visual design 2 ed London amp New York Routledge 2006

ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

VIEIRA Mauriceacuteia de Paula A leitura de textos multissemioacuteticos novos desafios para velhos problemas Anais do SIELP Uberlacircndia EDUFU 2012 v 2 n 1

N

114

NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO

O termo letramento vem sendo acompanhado de diferentes adjetivos e outros termos qualificadores ao longo dos anos a partir do seu sur-gimento no Brasil nos anos 1980 Antes de definirmos Novos Estudos do Letramento eacute importante relembrar o que se entende por letramen-to Numa perspectiva socioantropoloacutegica o termo letramento pode ser entendido como usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam eles socialmente valorizados ou natildeo locais (proacuteprios de uma comunidade especiacutefica) ou globais re-cobrindo contextos sociais diversos (famiacutelia igreja trabalho miacutedias escolas etc) em grupos sociais e comunidades culturalmente diversifi-cadas e o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em dife-rentes situaccedilotildees de uso dela Constitui-se portanto um sujeito letrado aquele que domina essas praacuteticas sociais de leitura e escrita Partamos entatildeo para o que chamamos de Novos Estudos do Letramento Novos ndash plural de novo ndash que se caracteriza pela atualidade pela contempo-raneidade ndash e atribuiacutedo aos estudos do letramento Esse conceito surge ao se observar que os estudos do letramento estavam caminhando para um vieacutes mais social do que cognitivo Essa denominaccedilatildeo New Litera-cy Studies (NLS) foca em uma visatildeo mais social do letramento Esse ldquonovordquo se relaciona agrave ideia de ldquovirada socialrdquo ndash termo representou uma mudanccedila paradigmaacutetica da mente do indiviacuteduo passou-se a conside-rar leitura e escrita a partir do contexto das praacuteticas sociais e culturais (histoacutericas poliacuteticas e econocircmicas) ndash ou seja um aprofundamento das praacuteticas sociais culturais e locais de uso do letramento Esse caraacuteter etnograacutefico proposto pelos NLS enquanto um modelo de pesquisa envolve enquadramentos conceitualizaccedilotildees conduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo escrita e relato associado a um estudo amplo profundo e de longa du-raccedilatildeo de um grupo social ou cultural A partir dos estudos fundamen-tados na metodologia da etnografia o NLS apresenta duas concepccedilotildees de letramento autocircnomo e ideoloacutegico Pela perspectiva do letramento autocircnomo entende-se que o indiviacuteduo age de maneira independente Trata-se de um modelo de letramento que natildeo depende de um contexto social pois estaacute baseado em noccedilotildees de neutralidade e universalidade do conhecimento a ser transmitido ou seja o letramento por si soacute eacute autocircnomo capaz de produzir efeitos sobre praacuteticas cognitivas e sociais desconsiderando as condiccedilotildees sociais culturais e econocircmicas ineren-tes agrave vida social Jaacute na perspectiva do letramento ideoloacutegico as praacute-ticas de letramento variam de um contexto a outro isso porque esse modelo entende o letramento como uma praacutetica social e natildeo somente uma habilidade teacutecnica e neutra Nessa perspectiva o modo como as

N

115

pessoas se relacionam com a leitura estaacute enraizado na representaccedilatildeo dessas pessoas sobre o conhecimento Diferente do modelo autocircnomo em que o letramento eacute algo ldquodadordquo aos sujeitos o letramento ideoloacutegico seraacute reformulado reapropriado de maneiras diferentes de acordo com o contexto em que tiver inserido e com a identidade dos sujeitos-mem-bros de uma comunidade

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias BEVILAQUA Raquel Novos estudos do letramento e multiletramentos divergecircncias e confluecircncias RevLet Revista Virtual de Letras v 5 n1 janjul 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwrevletcombrartigos175pdfgt Acesso em 5 jul 2020

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

STREET B V Literacy and multimodality STIS Lecture Inter-Disciplinary Seminars Laboratoacuterio SEMIOTEC da FALEUFMG Faculdade de Letras Belo Horizonte Brazil 2012

NOVOS (MULTI)LETRAMENTOS

Para compreendermos o que se designa de Novos (multi)letramen-tos eacute importante retomar brevemente o conceito de multiletramentos Os multiletramentos se constituem a partir das diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e da diversidade de contextos e culturas que cons-tituem a sociedade Sendo assim ao longo do tempo surgiu a necessida-de de atribuir o adjetivo novos (no plural) ndash que aponta para algo que vigora que tem curso atual e substitui algo jaacute ultrapassado ndash ou seja a incorporaccedilatildeo desse adjetivo caminha para uma ideia de que surgiram ou se ampliaram os usos de novas linguagens e estamos em uma diver-sidade de contextos e culturas mais amplos Um dos fatores que moti-varam o emprego dessa ideia de novo eacute o uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo A internet mudou e ampliou as praacuteticas de letramento(s) promovendo assim uma novidade em relaccedilatildeo agraves praacuteti-cas sociais Os novos letramentos surgem com a internet e a tecnologia e para isso demandam novas habilidades de utilizaccedilatildeo como uso de aplicativos de texto que tambeacutem integram sons imagens e animaccedilotildees Aleacutem disso os novos dispositivos vecircm se transformando e se modifi-cando cada vez mais para atender as diferentes demandas da sociedade como por exemplo os smartphones os tablets os laptops os smartwatches (reloacutegios digitais com funccedilotildees diversas)Todos esses novos letramentos possuem esse caraacuteter multi (muitos) satildeo muacuteltiplos multimodais e mul-tifacetados Aleacutem disso esses novos letramentos satildeo mais participati-

N O

116

vos colaborativos e distributivos Essas novas tecnologias assim como esses novos dispositivos promoveram novas possibilidades de textosdiscursos como o hipertexto a multimiacutedia e depois a hipermiacutedia que por sua vez ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos tex-tosdiscursos requisitando assim novos (multi)letramentos

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

OBJETOS DE APRENDIZAGEM ndash recursos digitais

No mundo globalizado os objetos de aprendizagem possuem uma estreita ligaccedilatildeo com as tecnologias digitais e a internet Dessa manei-ra agrave medida que as tecnologias digitais se aprimoram os recursos se apresentam com maiores possibilidades de ocuparem lugares no cam-po educacional possibilitando uma maior interatividade dos alunos professores e conteuacutedos escolares e consequentemente uma aprendi-zagem mais eficaz O conceito busca estabelecer formalismos para o desenvolvimento de conteuacutedos didaacuteticos que sejam acessiacuteveis a qual-quer ambiente virtual de ensino-aprendizagem e aplicaacuteveis em dife-rentes contextos Os objetos de aprendizagem (OAs) satildeo ferramentas ou recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados no suporte do aprendizado Tais recursos podem compreender viacutedeos imagens hipertextos apresentaccedilotildees em slides etc A essecircncia dos OAs repousa sobre quatro caracteriacutesticas fundamentais acessibilidade reutilizaccedilatildeo durabilidade e interoperabilidade nas quais espera-se que aleacutem de po-derem ser encontrados e modificados sem perdas de qualidade teacutecnica ou didaacutetica duraacuteveis os OAs possam ser operados a partir de diferentes softwares e ambientes virtuais

Leidelaine Seacutergio Perucci

Referecircncias DIAS Carla Cristina Lu et al Padrotildees abertos aplicabilidade em Objetos de Aprendizagem (OAs) XX Simpoacutesio Brasileiro de Informaacutetica na Educaccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpsbr-ieorgpubindexphpsbiearticleview11631066gt Acesso em 29 jul 2020

SILVA Robson Santos Objetos de aprendizagem para Educaccedilatildeo a Distacircncia Satildeo Paulo Novatec Editora 2011 Disponiacutevel em lthttpss3novateccombrcapituloscapitulo-9788575222256pdfgt Acesso em 29 jul 2020

P

117

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Haacute uma discussatildeo terminoloacutegica que perpassa as consideraccedilotildees sobre trecircs expressotildees que compotildeem o campo e estudo sobre pedago-gia de projetos Satildeo eles meacutetodo de projetos trabalho com projetos e pedagogia de projetos Traccedilar essa delimitaccedilatildeo carece reconhecer os fundamentos teoacutericos que iniciaram essa trajetoacuteria de discussatildeo contri-buindo para consolidar o campo de estudos sobre as temaacuteticas e assim possibilitar aberturas para novos desdobramentos no campo teoacuterico e metodoloacutegico acerca da pedagogia de projetos Pensar numa pedagogia engloba o sentido etimoloacutegico da palavra paidagōgiacutea que significa lsquodi-reccedilatildeo ou educaccedilatildeo de crianccedilasrsquo ou seja educaccedilatildeo abrange pressupostos fundamentos diaacutelogo entre diferentes teorias que demarcam a conso-lidaccedilatildeo de um campo de conhecimentos teoacutericos e metodoloacutegicos em articulaccedilatildeo relaccedilatildeo dialoacutegica entre aspectos globais e locais Associar a expressatildeo meacutetodo eou trabalho com projetos demanda uma atuaccedilatildeo e olhar mais especiacuteficos sobre o trabalho pedagoacutegico a ser realizado Estudiosos do assunto apresentam uma cronologia do desenvolvimen-to teoacuterico e metodoloacutegico do trabalho baseado em projetos que teria se iniciado no final do seacuteculo XVI mais precisamente em 1590 nas escolas de arquitetura da Europa Essa trajetoacuteria tem sua continuidade em 1765 quando o trabalho com projetos eacute considerado meacutetodo de ensino e im-plementado nas Ameacutericas Em 1880 o trabalho com projetos eacute instituiacute-do nas escolas de formaccedilatildeo manual e nas escolas puacuteblicas em geral No ano de 1915 haacute redefiniccedilatildeo sobre o trabalho com projetos e retorno des-sa problematizaccedilatildeo na Europa Por fim entre os anos de 1965 e 2006 haacute a redescoberta do trabalho com projetos e sua divulgaccedilatildeo internacional pela terceira vez Hoje essa metodologia estaacute amplamente difundida e utilizada por diferentes aacutereas A efervececircncia da discussatildeo que culmi-na na expressatildeo pedagogia de projetos esbarra nos aspectos histoacutericos e econocircmicos ao longo do seacuteculo XX mas centra-se no decliacutenio dos mo-delos taylorista e fordista que dinamizavam as empresas influenciando a estrutura e forma de organizaccedilatildeo da dinacircmica escolar ponto este de tensatildeo que contribuiu para um (re)pensar educativo atraveacutes da pedago-gia de projetos por parte de todos os envolvidos na dinacircmica da escola e assim propiciar possibilidades de transiccedilatildeo da estrutura escolar tradi-cional para apropriar-se de abordagens mais dinacircmicas atrativas e ati-vas A pedagogia de projetos constitui-se de forma a articular aspectos antes fragmentados como o diaacutelogo entre as disciplinas escolares que favorece a integralidade curricular e com isso uma avaliaccedilatildeo natildeo mais centralizada mas articulada com diversos instrumentos subjacentes ao processo baseados na autonomia e proatividade do aluno A concepccedilatildeo inicial e origem da utilizaccedilatildeo da expressatildeo ldquopedagogia de projetosrdquo par-

P

118

te das contribuiccedilotildees do filoacutesofo e educador escolanovista John Dewey (1959 1971) no que se refere agraves percepccedilotildees sobre uma experiecircncia de produccedilatildeo de conhecimento de engajamento e participaccedilatildeo nas etapas que constituem os processos educativos Assim pretende-se por meio da pedagogia de projetos oferecer uma educaccedilatildeo pautada na postura ativa e natildeo mais passiva dos educandos descentralizando a atuaccedilatildeo docente o que remodela a forma de organizar aspectos estruturantes de se fazer e viver a escola sua dinacircmica e organizaccedilatildeo ao decentrali-zar a atuaccedilatildeo dos participantes do cotidiano escolar Essa experiecircncia ajuda a repensar reordenar e assim ressignificar as percepccedilotildees sobre os elementos que constituem o processo de ensino e reposiciona os parti-cipantes desse processo estabelecendo uma relaccedilatildeo horizontal pautada no engajamento e caraacuteter colaborativo de forma a atender as especifici-dades que surgem no processo de ensino e aprendizagem individual e coletivamente bem como atender as necessidades dos indiviacuteduos que a estes processos dinamizam No Brasil o maior colaborador para disse-minaccedilatildeo da pedagogia de projetos e a discussatildeo que essa terminologia representa foi Aniacutesio Teixeira

Luanna Amorim Vieira da Silva

Referecircncias PASQUALETO T I VEIT E A amp ARAUacuteJO I S (2017) Aprendizagem Baseada em Projetos no Ensino de Fiacutesica uma Revisatildeo da Literatura Revista Brasileira De Pesquisa Em Educaccedilatildeo Em Ciecircncias 17(2) 551-577 Disponiacutevel em lthttpsdoiorg10289761984-2686rbpec2017172551gt Acesso em 1 dez 2020

PLANOS FOTOGRAacuteFICOS

Plano fotograacutefico eacute a organizaccedilatildeo dos elementos fotografados no en-quadramento da cena Satildeo divididos com base na distacircncia entre a cacirc-mera e o objeto fotografado em grande plano geral plano meacutedio plano americano primeiro plano plano detalhe plongeacutee (cuja traduccedilatildeo literal do francecircs eacute mergulho) e contraplongeacutee O grande plano geral busca en-quadrar e evidenciar todo o ambiente dando pouca ecircnfase no sujeito O plano geral busca enquadrar o sujeito no espaccedilo onde ele se encontra dando uma sensaccedilatildeo de completude O plano meacutedio busca dar foco agrave captura do sujeito e eacute utilizado para fotografar todo o corpo de uma pessoa ou da cintura para cima Os demais elementos compotildeem o ce-naacuterio que ajudam no enquadramento No plano americano o sujeito eacute enquadrado da linha dos joelhos para cima Foi criado por diretores de filmes de faroeste americanos para que as armas tambeacutem fossem mostradas nas cenas de duelos O primeiro plano tambeacutem conhecido popularmente como close eacute utilizado para registrar emoccedilotildees e expres-

P

119

sotildees do rosto do sujeito enquadrando assim a cabeccedila e outros detalhes do corpo da pessoa que o fotoacutegrafo julgar importante O sujeito eacute iso-lado e o ambiente pouco importa nesse plano O plano detalhe busca captar os detalhes de parte do corpo partes de objetos ou da natureza No plano plongeacutee a cacircmera estaacute acima do niacutevel dos olhos voltada para baixo Essa forma de enquadramento eacute tambeacutem chamada de cacircmera alta Jaacute no plano contraplongeacutee a cacircmera estaacute abaixo no niacutevel dos olhos e apontada para cima

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias DANTAS Marcelo O artista digital e os planos fotograacuteficos Medium 2018 Disponiacutevel em lthttpsmediumcomaelao-artista-digital-e-os-planos-fotogrC3A1ficos-373f8499d62cgt Acesso em 5 de jul de 2020

PLURILINGUISMO

O prefixo ldquoplurirdquo tem sua origem no latim plus e se refere agrave ideia de ldquovaacuteriosrdquo ldquodiversosrdquo ldquopluralrdquo Desse modo plurilinguismo se refere ao ensino de vaacuterias liacutenguas Tal ensino se direciona a uma competecircncia adquirida pelo falante para compreender e ser compreendido diante da presenccedila de mais de uma liacutengua em determinado contexto de comuni-caccedilatildeo intercultural O ensino plurilinguiacutestico evolui para uma capaci-dade comunicativa que expande a experiecircncia do indiviacuteduo para uma dimensatildeo sociocomunicativa mais ampla Assim estaacute ligado de forma mais estreita agraves questotildees culturais e natildeo soacute ao domiacutenio de liacutenguas es-trangeiras Dessa forma a aprendizagem de outras liacutenguas tende a pro-mover a construccedilatildeo de identidades compostas por diversas culturas valorizando as diferenccedilas em um mundo multiliacutengue Portanto estaacute relacionado a convivecircncia pluricultural na qual os indiviacuteduos se comu-nicam por meio de uma variedade linguiacutestica

Haacute tambeacutem a compreensatildeo de que a competecircncia plurilinguiacutestica eacute transversal e corresponde agraves necessidades de comunicaccedilatildeo da ldquoera planetaacuteriardquo em que vivemos Essa era evoca outra necessidade a de ar-ticular e inter-relacionar conhecimentos contrapondo-se ao ensino tra-dicional compartimentado e linear Diante da multiplicidade cultural e da diversidade linguiacutestica das populaccedilotildees os multiletramentos se mos-tram necessaacuterios e condizentes com as linguagens miacutedias e tecnologias que favorecem novas praacuteticas de leitura e escrita o que se justifica nas sociedades contemporacircneas cuja multiplicidade semioacutetica dos textos com os quais essa sociedade se informa e se comunica eacute notoacuteria

Layla Juacutelia Gomes Mattos

P

120

Referecircncias CAROLA Cristina COSTA Heloisa Albuquerque Intercompreensatildeo no ensino de liacutenguas estrangeiras formaccedilatildeo pluriliacutengue para preacute-universitaacuterios Revista Moara n42 p99-116 juldez 2014 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufpabrindexphpmoaraarticledownload20582397gt Acesso em 26 jul 2020

ROJO Roxane Moura Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MENEZES Leonarda Jacinto Joseacute Maria Plurilinguismo Multilinguismo e Bilinguismo Reflexotildees sobre a Realidade Linguiacutestica Moccedilambicana PERcursos Linguiacutesticos v 3 n 7 (2013) Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufesbrindexphppercursosarticleview4589gt Acesso em 20 jul 2020

PODCASTS

Podcast designa uma forma de produccedilatildeo e compartilhamento de ar-quivos de aacuteudio na internet cujas atualizaccedilotildees podem ser consumidas (ouvidas) pelos usuaacuterios que por sua vez podem tambeacutem descarregaacute--las (fazer downloads) em seus dispositivos (hardwares)

Diferentemente do que se tornou comum considerar o podcast natildeo estaacute necessariamente ligado ao aacuteudio jaacute que qualquer conteuacutedo de miacute-dia (viacutedeo texto foto) pode ser distribuiacutedo atraveacutes do RSS (Rich Site Summary ou Really Simple Syndication)

A palavra podcast foi criada por Ben Hammersley para a ediccedilatildeo de abril de 2004 do jornal britacircnico The Guardian e inaugura o neologismo cujo conceito tem sido debatido Haacute duas versotildees sobre a origem do pre-fixo na primeira o pod proveacutem do famoso aparelho tocador de aacuteudio da empresa Apple (o lsquoiPodrsquo) jaacute na segunda pod significaria personal on demand ou lsquopessoal por demandarsquo O sufixo cast vem de broadcasting ou seja lsquotransmissatildeorsquo Desde entatildeo diferentes abordagens do fenocircmeno ganharam espaccedilo no debate acadecircmico Poreacutem natildeo haacute acordo sobre a definiccedilatildeo de padrotildees especiacuteficos ou regras que devem ser conduzidas no podcasting mas converge sempre agrave produccedilatildeo sonora realizada de for-ma colaborativa e associada agrave mobilidade A grande maioria dos ouvin-tes de podcasts utiliza seus smartphones para a escuta dos aacuteudios geral-mente durante o trajeto de locomoccedilatildeo urbana ou em tarefas domeacutesticas

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias COUTO Ana Luiacuteza S MARTINO Luiacutes Mauro Saacute Dimensotildees da pesquisa sobre podcast trilhas conceituais e metodoloacutegicas de teses e dissertaccedilotildees de PPGComs (2006-2017) Revista Raacutedio-Leituras Mariana-MG v 9 n 02 pp 48-68 juldez 2018

P

121

SALVES Deacuteborah Podcast imediato um estudo sobre a podosfera brasileira Orientador Profordf Drordf Raquel Ritter Longhi 2009 84 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Jornalismo) - Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2009 Disponiacutevel em lthttpsnephijorufscbrwordpresswp-contentuploads201305Podcast-Imediato-um-Estudo-Sobre-a-Podosfera-Brasileira-Deborah-Salves-2009-2pdfgt Acesso em 8 jul 2020

VICENTE Eduardo Do raacutedio terrestre ao podcast uma nova praacutetica de produccedilatildeo e consumo de aacuteudio Anais da Compoacutes Disponiacutevel em lthttpwwwcomposorgbrdataarquivos_2018trabalhos_arquivo_5U524AASCK6777ZKAFXV_27_6695_25_02_2018_16_09_06pdfgt Acesso em 8 jul 2020

POLIFONIA

Entende-se por polifonia um recurso esteacutetico formal apresentado por Mikhail Bakhtin (1895-1975) no ensaio publicado em 1963 intitu-lado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a partir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacutevski (1821-1881) O ponto de partida para a definiccedilatildeo da polifonia eacute a relaccedilatildeo autor-heroacutei nos roman-ces de Dostoieacutevski Bakhtin percebeu que tanto a voz autoral como a do heroacutei satildeo colocadas no mesmo plano A voz do heroacutei natildeo estaacute subor-dinada a uma imagem objetivada dele mesmo nem serve de inteacuterprete da voz do autor possuindo independecircncia dentro da estrutura da obra Nesses romances que Bakhtin denominou de romance polifocircnico em contraponto ao romance monoloacutegico a voz do autor eacute uma voz como as outras e todas satildeo dotadas de valores e poderes plenos nenhuma voz torna-se objeto da outra A polifonia eacute portanto a equivalecircncia de to-das as vozes no interior do objeto esteacutetico e essas vozes se constituem atraveacutes do diaacutelogo na maioria das vezes em pontos de vista contradi-toacuterios pois a voz consciecircncia falante que se faz presente nos enuncia-dos natildeo eacute neutra traz consigo a percepccedilatildeo de mundo juiacutezo e valores Atraveacutes da polifonia podemos compreender um mundo em constante transformaccedilatildeo plural incluso repleto de singularidades Essa capaci-dade permite que o conceito bakhtiniano esteja ainda tatildeo atual

Ana Claacuteudia Rola Santos

Referecircncias FIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

FARACO Carlos Alberto Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje Porto Alegre v 46 n 1 p 21-26 janmar 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

Q R

122

QUIZZES E ENSINO

Quiz eacute uma palavra com origem na liacutengua inglesa cuja definiccedilatildeo eacute questionaacuterio teste ou uma sequecircncia de perguntas Quando este termo estaacute relacionado ao ensino o quiz passa a ser algo aleacutem de uma sequ-ecircncia de perguntas pois este se torna uma ferramenta interativa capaz de aprofundar consolidar reforccedilar e principalmente avaliar a aprendi-zagem do estudante O quiz tem o objetivo de incentivar os estudantes a pensarem pesquisarem refletirem e discutirem os conteuacutedos e con-ceitos passados em sala de aula atraveacutes de questotildees de ordem teoacutericas e praacuteticas Existem diversos aplicativos sites e serviccedilos que possibilitam a criaccedilatildeo e uso gratuito de quizzes podendo ser do tipo on-line ou off--line Em sua forma on-line os quizzes satildeo criados e disponibilizados a partir de aplicativos plataformas ou sites da web como Quizur Google Forms ProProfs Quiz Maker Kahoot Socrative etc Jaacute em seu modo off-line utilizam-se aplicativos como o Plickers Dessa maneira com au-xiacutelio das tecnologias digitais o quiz se torna uma ferramenta uacutetil na aacuterea da educaccedilatildeo proporcionando experiecircncias diferentes no ambiente estudantil inclusive podendo ser utilizado de forma luacutedica como um ldquojogordquo

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias VARGAS Daiana de AHLERT Edson Moacir O processo de aprendizagem e avaliaccedilatildeo atraveacutes de QUIZ 2017 Artigo (Especializaccedilatildeo) ndash Curso de Docecircncia na Educaccedilatildeo Profissional Universidade do Vale do Taquari - Univates Lajeado 22 set 2017 Disponiacutevel em lthttphdlhandlenet107372038gt Acesso em 4 jul 2020

REDE SOCIAL (digital)

As redes sociais satildeo sites e aplicativos que permitem conexatildeo e inte-raccedilatildeo entre os usuaacuterios Satildeo tambeacutem conhecidas como ldquomiacutedias sociaisrdquo Entre as mais populares atualmente estatildeo o Facebook Instagram WhatsApp SlideShare YouTube e Twitter Por tambeacutem permitirem a comunicaccedilatildeo entre empresas e seu puacuteblico satildeo importantes canais para uma estrateacutegia de marketing digital As redes sociais tecircm como objetivo alcanccedilar um puacuteblico Podemos enquadrar as redes sociais agrave definiccedilatildeo de lsquomiacutediasrsquo como um conjunto de lsquomeios de comunicaccedilatildeorsquo de lsquomassarsquo ou lsquodigitaisrsquo destacados sobretudo por se tratar de dispositivos tecnoloacutegi-cos englobados por vezes em um acircmbito institucional no qual lsquomiacutediarsquo ganha tambeacutem o significado de lsquoempresa de comunicaccedilatildeorsquo e em que a

R

123

miacutedia eacute encarada como elemento agenciador das accedilotildees e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo de determinados fatos

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias EQUIPE EDUCAMUNDO As redes sociais na educaccedilatildeo desafios e dicas imperdiacuteveis [Sl] Educamundo 12 jun 2020 Disponiacutevel em lthttpswwweducamundocombrblogeducacao-redes-sociaisgt Acesso em 5 jul 2020

REMIXAGEM

Remixagem relaciona-se com a palavra remix originada do in-glecircs podendo ser tanto o verbo to remix quanto o substantivo remix As formas mais conhecidas do termo descrevem o objeto e o processo de remix tendo relaccedilatildeo com vaacuterios outros termos como o sampling e o mashup Sobre o conceito de remix pesquisadores desenvolveram trecircs frentes distintas o fenocircmeno cultural conhecido como cultura remix praticado com o uso de tecnologias digitais a praacutetica ou teacutecnica de re-mix a ideologia eou discurso da cultura remix conhecida como Re-mix (escrita apenas com a primeira letra na forma maiuacutescula) Como praacutetica eou teacutecnica ligada agrave cultura remix o termo pode ser encarado como re-mix em que o ldquorerdquo traz consigo a ideia de fazer algo novamente e o ldquomixrdquo significa mixagem (mistura) Assim o termo remix deve ser entendido como o rearranjo e mixagem de algo que jaacute foi editado antes ou seja uma forma de recriaccedilatildeo de outra obra (muacutesica viacutedeo entre ou-tras) uma remixagem A partir disso pode-se dizer que a palavra remi-xagem estaacute mais ligada agrave praacutetica ou agrave teacutecnica de remix do que qualquer outra nuance do mesmo termo

A praacutetica de remix como apropriaccedilatildeo desvio e criaccedilatildeo livre tem suas origens no movimento hip-hop que surgiu no final da deacutecada de 1960 em Nova York com gecircnese na muacutesica jamaicana Eacute nesse cenaacuterio mais especificamente nos anos 1970 a partir da criaccedilatildeo de maacutequinas de remix pelos DJs que o termo remix comeccedilou a ser utilizado em contex-tos associados agrave muacutesica e a outras aacutereas como a literatura o cinema e as artes plaacutesticas Em seu sentido amplo a remixagem pode ser entendida como um processo de ediccedilatildeo e apropriaccedilatildeo de fragmentos de materiais preexistentes com o intuito de originar novas obras As caracteriacutesticas das novas ferramentas digitais e da sociedade contemporacircnea tecircm po-tencializado a praacutetica do remix a partir de outros formatos e modali-dades Nesse sentido com a facilidade de acesso a softwares de ediccedilatildeo de aacuteudio imagem e viacutedeo a remixagem se torna uma praacutetica cada vez mais comum na nossa cultura (cultura remix) Esse movimento eacute ainda

R

124

mais potencializado por sites de divulgaccedilatildeo de viacutedeos como o YouTube que abarca uma grande variedade de remixes comuns na nossa cultura tais como memes e mashups

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo e Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias NAVAS E Remix Theory Nova York Springer 2012

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

RENDERIZACcedilAtildeO

O substantivo renderizaccedilatildeo deriva do verbo renderizar cujo signifi-cado eacute tornar um trabalho de processamento digital de aacuteudio imagem viacutedeo dentre outros produtos digitais em um material permanente Esse material eacute resultado de compilaccedilotildees e ediccedilotildees que constroem o resultado final Logo renderizaccedilatildeo eacute a etapa final desse processo que demanda teacutecnicas e recursos graacuteficos que envolvem cor luz contraste som etc partindo de um material bruto digitalizado que por meio de ediccedilatildeo poderaacute proporcionar uma melhor experiecircncia para o usuaacuterio transformando vaacuterios arquivos em um uacutenico produto

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias RENDERIZAR In DICIO Dicionaacuterio Online de Portuguecircs Porto 7Graus 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwdiciocombrrenderizargt Acesso em 9 ago 2020

O QUE eacute renderizaccedilatildeo ou render ControleNet Disponiacutevel em lthttpswwwcontrolenetfaqrenderizacao-ou-render-de-video-audio-e-imagens-3dgt Acesso em 9 ago 2020

SEEMG Cadernos de Informaacutetica - Curso de Computaccedilatildeo Graacutefica 3D Belo Horizonte Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais Disponiacutevel em lthttpportaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000014214pdfgt Acesso 9 ago 2020

REPRODUTIBILIDADE TEacuteCNICA

A expressatildeo reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida pela anaacute-lise do significado das palavras que a compotildeem Reprodutibilidade eacute a qualidade do que pode ser reproduzido enquanto teacutecnica designa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou uma ciecircncia ou ainda a parte material dessa arte ou ciecircncia Nesse sentido reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida como um material ou um conjunto de pro-cedimentos que podem ser reproduzidos A ideia de reprodutibilidade

R

125

teacutecnica eacute utilizada no campo das artes para fazer referecircncia agraves possibili-dades de reproduzir a imagem principalmente a partir de teacutecnicas como a fotografia e o cinema que surgiram com o processo industrial Esta relaccedilatildeo entre reprodutibilidade teacutecnica e imagem foi traccedilada por Walter Benjamin (1987) em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade teacutecnica A fotografia foi inventada no iniacutecio do seacuteculo XIX em meio ao desenvolvimento tecnoloacutegico e afetou de forma acentuada o campo das artes visuais Isso porque ateacute aquele momento a produccedilatildeo de imagens visuais era feita manualmente por artistas o que propiciava o caraacuteter uacutenico dessas obras Por outro lado a fotografia possibilita a captaccedilatildeo de imagens por meio de uma maacutequina e viabiliza sua produccedilatildeo em seacuterie Nesse sentido a fotografia natildeo se insere no acircmbito da unicidade como ocorre com a pintura mas sim na ordem da reprodutibilidade teacutecnica Nesse processo de reprodutibilidade teacutecnica natildeo existe mais o original pois todos tecircm acesso agraves coacutepias disseminadas

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

ReferecircnciasALMEIDA J G M A reprodutibilidade teacutecnica e a mudanccedila de percepccedilatildeo da realidade Revista Diaacutelogo Educacional v 5 n15 p27-43 2005

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

REUNIAtildeO VIRTUAL

Entende-se pela expressatildeo ldquoreuniatildeo virtualrdquo um encontro de pes-soas realizado pela internet atraveacutes de aplicativos ou serviccedilos com pos-sibilidades de compartilhamento de apresentaccedilotildees voz viacutedeo textos e arquivos unindo participantes de diferentes locais geograficamente Para realizar uma reuniatildeo virtual podem ser usados computadores de mesa laptops smartphones ou tablets Algumas plataformas como o Skype o Google Meet o Google HangOuts o Zoom o Team e o Jitsi possibilitam a realizaccedilatildeo de reuniotildees virtuais permitindo aleacutem das chamadas de viacutedeo o compartilhamento de telas e a ediccedilatildeo colaborati-va de documentos O Skype eacute um software lanccedilado no ano de 2003 que permite comunicaccedilatildeo pela internet atraveacutes de conexotildees de voz e viacutedeo criado por Janus Friis e Niklas Zennstrom Ele permite criar gratuita-mente videochamadas com ateacute 50 convidados Natildeo eacute preciso ser cadas-trado no serviccedilo para participar de uma reuniatildeo que pode ser acessada por meio de um link O Skype oferece bate-papo por viacutedeo chamadas internacionais e mensagens de texto via web Jaacute o Google Meet eacute um

R S

126

serviccedilo de comunicaccedilatildeo por viacutedeo desenvolvido pela empresa Google Ele conta com recursos multimiacutedia de interaccedilatildeo como suporte ao mi-crofone cacircmera e gravaccedilatildeo de tela A plataforma tambeacutem eacute chamada de Google Hangouts Meet pois surgiu a partir da separaccedilatildeo do chat do Hangouts e do recurso de viacutedeo Hoje a ferramenta de chat ficou responsaacutevel apenas pelo bate-papo em texto dos grupos enquanto o Meet tornou-se um aplicativo especiacutefico para realizaccedilatildeo de reuniotildees de viacutedeo com ateacute 250 pessoas conforme a licenccedila adotada O Zoom eacute um serviccedilo que possui diversas funcionalidades como compartilhamento de tela gravaccedilatildeo de webinars acesso via telefone upload de reuniotildees na nuvem e permite o uso de um quadro branco para fazer anotaccedilotildees O aplicativo tem uma versatildeo gratuita que oferece ateacute 40 minutos de viacutedeo com 100 pessoas e oferece a opccedilatildeo de uma conta gratuita apenas regis-trando um endereccedilo de e-mail e uma senha Atraveacutes dessa ferramenta o administrador da reuniatildeo pode criar uma sala e enviar um convite via e-mail ou link para qualquer pessoa participar mesmo que natildeo tenha uma conta no serviccedilo Jaacute o Jitsi eacute mais uma opccedilatildeo para quem procura re-alizar reuniotildees virtuais Trata-se de uma plataforma sem fins lucrativos e de coacutedigo aberto Para entrar nas chamadas natildeo precisa se cadastrar apenas eacute necessaacuterio acessar o link gerado que pode ser protegido por senha Importante lembrar que com a acelerada evoluccedilatildeo das tecnolo-gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alteraccedilotildees nessas plataformas e o surgimentos de outras ocorrem a todo momento tornando as informa-ccedilotildees aqui prestadas facilmente ultrapassadas

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

Referecircncias 10 ferramentas de videochamada para fazer reuniatildeo on-line Share 2020 Disponiacutevel em lthttpstudodesharecombrblog10-ferramentas-de-videochamada-para-fazer-reunioes-onlinegt Acesso em 12 de jul 2020

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

LEacuteVY Pieacuterre O que eacute o virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

ROSOLEN Faacutebio Google Meet serviccedilo de videoconferecircncia agora eacute gratuito para todos MundoConectado 2020 Disponiacutevel em lthttpsmundoconectadocombrnoticiasv13436google-meet-servico-devideoconferencia-agora-e-gratuito-para-todosgt Acesso em 12 jul 2020

SEMIOacuteTICA

A palavra semioacutetica vem do grego semeion que significa signo sema ou sinal o que demonstra imprecisatildeo na definiccedilatildeo dos limites da se-mioacutetica em relaccedilatildeo a outras ciecircncias afins tais como a semacircntica e a

S

127

semiologia De modo geral a semioacutetica eacute uma ciecircncia que estuda os signos (natildeo no sentido da astrologia mas no sentido de dar significado referindo-se agrave linguagem) e seu uso no campo da comunicaccedilatildeo aleacutem dos seus significados Embora por muitos anos o termo ldquosemiologiardquo tenha prevalecido entre os conhecidos estruturalistas franceses termo adotado pelo linguista e filoacutelogo suiacuteccedilo Ferdinand de Saussure a partir do seacuteculo XX mais precisamente no ano de 1969 o termo semioacutetica foi adotado como referecircncia no estudo dos signos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias B DE M BATISTA M DE F A semioacutetica caminhar histoacuterico e perspectivas atuais Revista de Letras v 1 n 25 2003

SANTAELLA L O que eacute semioacutetica Satildeo Paulo Brasiliense 1983 (Coleccedilatildeo Primeiros Passos)

SEMIOacuteTICA (peirciana)

Charles Sanders Peirce foi cientista matemaacutetico pedagogista filoacute-sofo e linguista americano Desenvolveu trabalhos com contribuiccedilotildees importantes agrave matemaacutetica filosofia loacutegica e principalmente agrave semi-oacutetica Para o entendimento da semioacutetica peirciana eacute importante com-preender o sistema categorial triaacutedico definido por Peirce Fenomeno-logia desenvolvida a partir de trecircs categorias universais denominadas como primeiridade secundidade e terceiridade A categoria definida como primeiridade eacute a forma de ser daquilo como eacute positivamente e sem nenhuma referecircncia a qualquer outra coisa Essa categoria indica a presenccedila raacutepida da mera possibilidade do sentimento irrefletido da independecircncia Jaacute a categoria definida como secundidade apoia-se na relaccedilatildeo entre um primeiro e um segundo indicada como categoria da experiecircncia no tempo e espaccedilo do confronto da realidade Segundo Peirce somos confrontados com ela em fatos tais como o outro a rela-ccedilatildeo a coerccedilatildeo o efeito a dependecircncia e a independecircncia a negaccedilatildeo o acontecimento a realidade o resultado Por fim a categoria definida como terceiridade baseia-se em um segundo em relaccedilatildeo a um terceiro essa categoria eacute definida como a da comunicaccedilatildeo e da semiose da me-diaccedilatildeo da siacutentese do haacutebito dos signos ou da representaccedilatildeo

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias SANTAELLA L A Teoria geral dos signos Satildeo Paulo Aacutetica 1995

PEIRCE C S Collected papers Vols I-VI ed Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge MA Harvard University Press 1931-1935) Vols VII-VIII ed Arthur W Burks (same publisher 1958) (1994)

S

128

SEMIOacuteTICA SOCIAL OU SOCIOSSEMIOacuteTICA

A expressatildeo semioacutetica social ou o termo sociossemioacutetica comeccedilou a ser usado ao final dos anos 1980 na Austraacutelia apoiado pelos princiacute-pios definidos pela Linguiacutestica Criacutetica e fundamentado sobre a concep-ccedilatildeo da Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional A semioacutetica social se desen-volve sobre os princiacutepios fundamentados por Ferdinand de Saussure nos quais satildeo investigadas as consequecircncias causadas pelo motivo que os sinais ou coacutedigos de comunicaccedilatildeo e linguagem satildeo constituiacutedos por processos sociais Sendo assim isso implica que os sistemas semioacuteti-cos e significados satildeo definidos a partir das relaccedilotildees de poder ou seja conforme o poder se desenvolve na sociedade a linguagem e outros significados socialmente reconhecidos podem eou devem sofrer mu-danccedilas A semioacutetica social realiza a anaacutelise dos signos na sociedade tendo como atribuiccedilatildeo principal o estudo sobre as trocas de informa-ccedilotildees Nessa concepccedilatildeo a escolha dos signos e a elaboraccedilatildeo dos discur-sos satildeo induzidos a partir de interesses que constituem um significado definido por meio de anaacutelise loacutegica que se refere a um contexto social

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias CARVALHO F F Semioacutetica social e imprensa o layout da primeira paacutegina de jornais portugueses sob o enfoque analiacutetico da gramaacutetica visual 286 paacuteginas Tese de Doutorado em Linguiacutestica Aplicada Universidade de Lisboa Portugal 2012

SANTOS Z B A concepccedilatildeo de texto e discurso para semioacutetica social e o desdobramento de uma leitura multimodal Revista Gatilho v13 2011

HODGE R and KRESS G Social Semiotics Cambridge Polity 1988

SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TIPOLOacuteGICOS E SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TOPOLOacuteGICOS

Pode-se definir que sistemas semioacuteticos tipoloacutegicos estatildeo relaciona-dos ao modo verbal como por exemplo a liacutengua jaacute os sistemas semi-oacuteticos topoloacutegicos estatildeo relacionados agrave percepccedilatildeo visual e a gesticula-ccedilatildeo espacial como por exemplo a danccedila e o ato de desenhar Segundo Lemke (2010) eacute possiacutevel construir de modo complementar significados essenciais tais como classificar coisas em grupos exclusivos e distin-guir variaccedilatildeo de grau no decorrer de vaacuterios contiacutenuos de diferenccedila A composiccedilatildeo real de um significado em geral compreende combinaccedilotildees de diversas modalidades semioacuteticas e assim como combinaccedilotildees gerais do tipo tipoloacutegico ou topoloacutegica A semacircntica das palavras relacionadas agrave liacutengua eacute considerada como sistema semioacutetico tipoloacutegico mas tratan-

S

129

do-se de caracteriacutesticas visuais da escrita manuscrita como por exem-plo tipos e formatos das letras efeitos acuacutesticos dentre outros essas caracteriacutesticas satildeo consideradas sistemas semioacuteticos topoloacutegicos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias LEMKE Jay L Letramento metamidiaacutetico transformando significados e miacutedias Trab linguist apl [on-line] 2010 vol49 n2 pp 455-479 Disponiacutevel em lthttpgooglaYoAe5gt Acesso em 12 jul 2020

SONS

O som eacute uma onda mecacircnica que pode ser percebida pela membra-na timpacircnica que compotildee a orelha e nos daacute a sensaccedilatildeo sonora Vivemos rodeados por ondas sonoras luminosas de raacutedio entre outras Satildeo elas que nos possibilitam assistir a programas de TV ouvir raacutedio aquecer um alimento no forno micro-ondas receber a luz solar As ondas sono-ras satildeo ondas mecacircnicas portanto elas necessitam de um meio mate-rial para se propagarem O meio material pode ser soacutelido liacutequido ou gasoso A velocidade do som depende da densidade do meio material em que ela se propaga A reflexatildeo do som tem aplicaccedilotildees praacuteticas como o uso de sonar aparelho capaz de emitir ondas sonoras na aacutegua e captar seus ecos Com ele eacute possiacutevel fazer a localizaccedilatildeo de cardumes ou obter o perfil do fundo marinho por exemplo Alguns animais como o golfi-nho e o morcego tecircm sonar bioloacutegico e orientam-se pelos ecos dos sons que emitem Os morcegos por exemplo utilizam o sonar bioloacutegico para se locomoverem e tambeacutem para obterem seu alimento em geral inse-tos e frutos Esses animais emitem som em alta frequecircncia (ultrassom) que reflete depois de atingir um obstaacuteculo e volta ao morcego o qual decodifica as informaccedilotildees do ambiente Com relaccedilatildeo agrave aacuterea da muacutesica os sons se dividem em modal semimodal e tonal

O tipo de som modal tem como caracteriacutesticas a ausecircncia de har-monias uso constante da ritmizaccedilatildeo ciacuteclica ligada a rituais sagrados sejam eles primitivos africanos indianos chineses japoneses aacuterabes indoneacutesios indiacutegenas das Ameacutericas entre outras culturas O som mo-dal estaacute presente tambeacutem na tradiccedilatildeo grega antiga e no canto gregoria-no sendo estes considerados etapas iniciais dessa estrutura sonora no Ocidente

O som tonal apresenta um contraste entre o tom maior e o menor com ritmizaccedilatildeo mais complexa Esse tipo de som abrange a muacutesica do periacuteodo medieval ateacute meados do seacuteculo XIX Seu aacutepice estaacute entre o bar-roco e o romantismo tardio transitando pelo estilo claacutessico De forma

S

130

geral o estilo tonal eacute a base da histoacuteria da muacutesica com uma pequena passagem pelo dodecafonismo desenvolvendo-se na muacutesica atual tor-nando possiacutevel uma articulaccedilatildeo entre o passado e presente

Jaacute o som poacutes-tonal tem um aspecto modal dentro do sistema tonal e estaacute presente em ritmos mais contemporacircneos como o jazz e a bossa nova da deacutecada de 1950 e os ritmos eletroacuacutesticos Encontra-se nas for-mas mais extremadas da muacutesica vanguardista do seacuteculo XX cujos ex-poentes satildeo Schoenberg e Webern bem como os seus desdobramentos que se estabeleceratildeo com a muacutesica eletrocircnica e suas formas recentes de repeticcedilatildeo consideradas tambeacutem como minimalistas Percebemos atu-almente diante das inovaccedilotildees musicais o fim da estrutura evolutiva da muacutesica ocidental que perpassa o cantochatildeo o tonalismo e a polifonia indo ao encontro do atonalismo do serialismo e da muacutesica eletrocircnica Provavelmente essa etapa evolutiva da muacutesica finalizou-se na metade do seacuteculo XX e atualmente vivenciamos uma mudanccedila substancial de paracircmetros em que o pulso atua de forma efetiva e que o minimalismo aponta para essa direccedilatildeo

Ricardo Ferreira Vale

Referecircncias GOWDAK Demeacutetrio Ossowski MARTINS Eduardo Lavieri Ciecircncias novo pensar- biologia quiacutemica e fiacutesica 9 Satildeo Paulo FTD 2017

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

WISNIK Joseacute Miguel O som e o sentido uma outra histoacuteria das muacutesicas Satildeo Paulo Cia das Letras 2000

STREAMING

A palavra streaming derivada do verbo to stream que pode ser tra-duzido como ldquotransmitirrdquo O substantivo streaming eacute utilizado para designar a tecnologia que permite captar sons e imagens num compu-tador como um fluxo contiacutenuo que permite ter acesso a estes sons e imagens antes de a informaccedilatildeo ter sido baixada como um todo Esse tipo de tecnologia significou uma inovaccedilatildeo importante pois nos pri-moacuterdios da internet o usuaacuterio soacute conseguia ouvir ou assistir viacutedeos depois que estes fossem transferidos por inteiro para o disco riacutegido do computador Atualmente existem duas teacutecnicas para fornecer serviccedilos de viacutedeo download and play e streaming Na primeira o arquivo de viacutedeo precisa ser inteiramente transferido para o usuaacuterio antes de ser visua-lizado Nesse tipo de tecnologia o tempo necessaacuterio para a transferecircn-

S T

131

cia de grandes arquivos eacute um dos principais limitantes uma vez que o usuaacuterio precisa da transferecircncia completa para iniciar a visualizaccedilatildeo O armazenamento local do viacutedeo permite ao usuaacuterio visualizaacute-lo sempre que desejar Por outro lado o streaming permite que as informaccedilotildees flu-am (sejam transmitidas) continuamente para o computador enquanto elas satildeo mostradas ao usuaacuterio A principal vantagem dessa teacutecnica em relaccedilatildeo agrave anterior eacute o fato de que ela reduz o tempo de iniacutecio da exibiccedilatildeo do viacutedeo e suprime a necessidade de armazenamento local do arquivo Esses viacutedeos podem ser acessados em servidores no quais eles satildeo ar-mazenados (como ocorre por exemplo em plataformas como a Netflix) ou transmitidos em tempo real (como ocorre por exemplo em uma live ou em uma videoconferecircncia)

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias TSCHOumlKE Clodoaldo Criaccedilatildeo de streaming de viacutedeo para transmissatildeo de sinais de viacutedeo em tempo real pela internet Orientador Prof Francisco Adell Peacutericas 2001 73 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Ciecircncias da Computaccedilatildeo) - Universidade Regional de Blumenau Blumenau 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwinffurbbr~pericasorientacoesStreaming2001pdfgt Acesso em 15 jul 2020

TAGUEAMENTO

Tagueamento deriva da palavra tag que em inglecircs significa etique-ta roacutetulo Tagueamento estaacute relacionado agrave organizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de informaccedilotildees em paacuteginas na internet por exemplo Essa organizaccedilatildeo se daacute por meio de tags palavras-chave que funcionam como etiquetas para informaccedilotildees e por meio da marcaccedilatildeo relaciona e facilita o acesso a publicaccedilotildees conexas ou afins Tagueamento tambeacutem pode ser com-preendido por etiquetagem visto que o termo tag originalmente utili-zado nas especificaccedilotildees da linguagem de marcaccedilatildeo HTML tambeacutem eacute chamado de etiqueta marcador roacutetulo ou comando Esse tagueamento ou etiquetagem eacute criado por meio de Linguagem de Marcaccedilatildeo e como o proacuteprio nome evidencia define uma marca como um coacutedigo que envol-ve a palavra ou texto Uma forma de tagueamento eacute o uso das hashtags usadas nas redes sociais on-line e por meio delas o usuaacuterio pode vin-cular sua postagem a outras que tenham a mesma palavra bem como encontrar postagens relacionadas a uma mesma hashtag em apenas um click sobre ela Aleacutem disso elas tambeacutem servem para orientar mecanis-mos de pesquisa de ferramentas de busca

Layla Juacutelia Gomes Mattos

T

132

Referecircncias CAMBRIDGE Dictionary TAG Disponiacutevel em lthttpsdictionarycambridgeorgptdicionarioingles-portuguestaggt Acesso em 4 ago 2020

ASSIS PabloO que eacute tag Tecmundo 2009 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrnavegador2051-o-que-e-tag-htmgt Acesso em 4 ago 2020

AMADO Francisco Para que serve uma tag Brasil Escola Disponiacutevel em lthttpsmeuartigobrasilescolauolcombrinformaticapara-que-serve-uma-taghtmgt Acesso em 4 ago 2020

Fundamentos da linguagem HTML etiqueta elemento atributo e valor Disponiacutevel em lthttpwwwnceufrjbrginapecursohtmlconteudointroducaofundamentoshtmgt Acesso em 4 ago 2020

FURGERI S O papel das linguagens de marcaccedilatildeo para a Ciecircncia da Informaccedilatildeo Transinformaccedilatildeo v 18 p 225-250 2006 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrpdftinfv18n306pdfgt Acesso em 4 ago 2020

TEXTO

A palavra texto de acordo com o dicionaacuterio etimoloacutegico vem do latim texere (construir tecer) cujo particiacutepio passado textus tambeacutem era usado como substantivo e significava lsquomaneira de tecerrsquo ou lsquocoisa te-cidarsquo e ainda mais tarde lsquoestruturarsquo Em meados do seacuteculo XIV que a evoluccedilatildeo semacircntica da palavra atingiu o sentido de lsquotecelagem ou estru-turaccedilatildeo de palavrasrsquo ou lsquocomposiccedilatildeo literaacuteriarsquo e passou a ser usado em inglecircs proveniente do francecircs antigo texte Trata-se pois de uma uni-dade de sentido de um contiacutenuo comunicativo contextual que se carac-teriza por um conjunto de relaccedilotildees responsaacuteveis pela tessitura do texto ndash os criteacuterios ou padrotildees de textualidade entre os quais merecem desta-que especial a coesatildeo e a coerecircncia Numa outra perspectiva de acordo com estudos contemporacircneos o sentido de um texto natildeo estaacute nele o sentido do texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-sujeitos e natildeo algo que preexista a essa interaccedilatildeo Na concepccedilatildeo interacional da liacutengua o texto eacute considerado o proacuteprio lugar da interaccedilatildeo e da constituiccedilatildeo dos inter-locutores Haacute lugar no texto para toda uma gama de impliacutecitos dos mais variados tipos somente detectaacuteveis quando se tem como pano de fundo o contexto sociocognitivo dos participantes da interaccedilatildeo

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias KOCH I G V ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2010 3 ed 7ordf reimpressatildeo

FAacuteVERO Leonor L KOCH Ingedore G V Linguiacutestica textual uma introduccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

T

133

TRANSMIacuteDIA

O termo transmiacutedia foi criado por Marsha Kinder uma estudiosa de cinema e professora de Estudos Criacuteticos na Universidade do Sul da Califoacuternia em 1991 no livro Playing with Power Foi uma das primei-ras a reconhecer formalmente que a histoacuteria pode ser fragmentada e espalhada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo contribuindo para uma experiecircncia coletiva enriquecida quando apreciada em conjunto Em 2001 Henry Jenkins codiretor do programa de Estudos de Miacutedia Comparada do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) passou a promover a teoria de Kinder e chamar a atenccedilatildeo de escritores e produ-tores de Hollywood para suas perspectivas comerciais

Henry Jenkins utilizou o termo transmiacutedia pela primeira vez em um artigo da revista Technology Review em 2003 e aperfeiccediloou o con-ceito trecircs anos mais tarde no livro Cultura da convergecircncia publicado no Brasil em 2008

Uma histoacuteria transmidiaacutetica se desenrola atraveacutes de muacuteltiplos su-portes midiaacuteticos com cada novo texto contribuindo de maneira distin-ta e valiosa para o todo Cada meio faz o melhor para que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela televisatildeo roman-ces e quadrinhos por exemplo Seu universo pode ser explorado em games ou experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildees O acesso deve ser autocircnomo para que natildeo seja necessaacuterio ver o filme para gostar do game ou vice-versa Cada produto determinado eacute um ponto de acesso agrave franquia como um todo As histoacuterias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente

A palavra transmiacutedia surge para se referir agrave induacutestria do entreteni-mento e se difunde para outras aacutereas como o jornalismo O termo tem sido frequentemente confundido com a ideia de convergecircncia e conce-bido de forma generalizada utilizado para caracterizar qualquer nar-rativa que flui de uma miacutedia para outra sem que sejam consideradas as suas peculiaridades

Relacionada a comunicaccedilatildeo de mensagens histoacuterias conceitos por meio de diferentes plataformas de miacutedia como filme programa de tele-visatildeo livro revista em quadrinhos videogame internet etc Cada novo texto contribui com algo novo para a narrativa principal Tem como objetivo captar novos consumidores para um determinado produto ou marca Por exemplo uma histoacuteria eacute dividida em partes e veiculada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo Cada um definido pelo seu maior po-tencial de explorar aquela parte da histoacuteria Haacute sempre uma miacutedia re-gente na qual se desenvolve uma narrativa principal enquanto o trans-bordamento para as outras se caracteriza como narrativas secundaacuterias

T

134

A predominacircncia de uma determinada miacutedia vai qualificar o tipo de conteuacutedo do projeto como narrativas radiofocircnicas transmiacutedia ou entatildeo televisivas transmiacutedia

No caso do jornalismo quatro caracteriacutesticas devem estar presentes em uma narrativa transmiacutedia a) interatividade b) hipertextualidade c) multimidialidade integrada d) contextualizaccedilatildeo A compreensatildeo de transmiacutedia seja ela aplicada ao jornalismo ou ao entretenimento deve incorporar estrateacutegias de ampliaccedilatildeo da narrativa regente de engaja-mento e envolvimento da audiecircncia na composiccedilatildeo eou na recircula-ccedilatildeo de narrativas secundaacuterias Estrutura que se expande em termos de linguagens verbais como as icocircnicas textuais etc e de miacutedias como televisatildeo raacutedio celular internet jogos quadrinhos etc

Outras duas vertentes principais da narrativa transmiacutedia podem ser citadas a histoacuteria eacute contada atraveacutes de vaacuterios meios e plataformas comeccedilando em um meio e continuando em outros os prosumidores (consumidor que produz conteuacutedo) colaboram na construccedilatildeo do mun-do narrativo O relato gerado pelo emissor (de cima para baixo) deve-se somar agrave produccedilatildeo de baixo para cima ndash a colaboraccedilatildeo dos consumido-res agora convertidos em produtores

A loacutegica transmiacutedia ultrapassou o entretenimento e o marketing alcanccedilando a educaccedilatildeo o jornalismo e outras aacutereas do conhecimento Uma extensatildeo natural da chamada cultura da convergecircncia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias ALZAMORA Geane TAacuteRCIA Lorena Convergecircncia e Transmiacutedia galaacutexias semacircnticas e narrativas emergentes em jornalismo Brazilian Journalism Research Vol 8 Nordm 1 2012

LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infanto-juvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

TRANSMODALIDADE

Entende-se por transmodalidade elementos da linguagem que podem ser utilizados em diferentes modos Eacute a transformaccedilatildeo de um modo em outro a combinaccedilatildeo de elementos semioacuteticos de modos dife-

T V

135

rentes mas pertinentes entre si se correlacionando para que haja com-preensatildeo

Alguns exemplos de transmodalidade um livro transformado em filme o modo de comunicaccedilatildeo foi transformado em outro alterando as caracteriacutesticas de cada um que satildeo bem definidas Encontramos trans-modalidade tambeacutem na linguagem de sinais as pessoas surdas estatildeo em constantes processos de transmodalidade ou seja no tracircnsito entre liacutenguas (sinais e orais) e entre modalidades linguiacutesticas (visual-espacial e oral-auditiva)

Coincidindo com esse conceito a transmiacutedia utiliza diferentes miacute-dias ou seja diferentes modos para transmitir conteuacutedos variados de forma que os meios se contemplem Uma histoacuteria transmiacutedia desenro-la-se atraveacutes de muacuteltiplas plataformas de miacutedia com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo

Andresa Carla Gomes de Carvalho

ReferecircnciasLIMA Hildomar Joseacute de RESENDE Tacircnia Ferreira Escritas em portuguecircs por surdos(as) como praacuteticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade Revista Educaccedilatildeo Especial Santa Maria 2019 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufsmbreducacaoespecialarticleview38270gt Acesso em 15 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

VIDEOCAST E REPOSITOacuteRIOS DE VIacuteDEOS

A palavra videocast surge depois da palavra podcast quando ocor-re a inclusatildeo da imagem estaacutetica ou em movimento nos arquivos de conteuacutedo de aacuteudio Portanto videocasts consistem em arquivos de viacutedeo que podem ser assistidos pela internet ou baixados pelo usuaacuterio com a possibilidade de interaccedilatildeo destes (compartilhamento e comentaacuterios em espaccedilos no canal onde o videocast foi postado) caso esta opccedilatildeo seja habilitada pelo publicante O termo podcast permanece sendo usado principalmente para referir-se a arquivos de aacuteudio enquanto os arqui-vos de viacutedeo ganharam nomes especiacuteficos (vodcasts ou videocasts)

Os chamados ldquoviacutedeos da internetrdquo se popularizaram acompanhan-do os avanccedilos tecnoloacutegicos com a digitalizaccedilatildeo das cacircmeras fotograacutefi-cas e cinematograacuteficas Com a expansatildeo e a popularizaccedilatildeo do podcast na primeira metade dos anos 2000 os viacutedeos disponiacuteveis nos chamados repositoacuterios miacutedia passaram a ser denominados por alguns de video-casts ou abreviadamente de vodcasts conquanto vaacuterios autores tambeacutem os considerem podcasts

V

136

Atualmente existem inuacutemeros repositoacuterios de viacutedeo na internet alguns pagos e outros gratuitos (vimeocom pexelscom darefulcom videezycom pixabaycom videvonet etc) sendo o YouTube o mais po-pular entre todos que desde 2005 hospeda viacutedeos de colaboradores do mundo inteiro

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias ARAUacuteJO PMP ERROBIDART NCG JARDIM MIA Videocast Potencialidades e Desafios na Praacutetica Educativa segundo a literatura XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educaccedilatildeo em Ciecircncias ndash XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis SC ndash 3 a 6 de julho de 2017

CORREcircA Heacutercules Tolecircdo DIAS Daniela Rodrigues Podcasts na educaccedilatildeo a distacircncia possibilidades pedagoacutegicas e desafios a partir da experiecircncia Artigo apresentado como requisito da Disciplina Toacutepicos especiais em Comunicaccedilatildeo I - Podcast experimentaccedilotildees e formatos contemporacircneos ministrada pela docente Profa Dra Nair Prata do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Comunicaccedilatildeo - Mestrado do Instituto de Ciecircncias Sociais Aplicadas - ICSA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Mariana MG 2019

PAULA Joatildeo Basilio Costa Podcasts educativos possibilidades limitaccedilotildees e a visatildeo do professor de ensino superior Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica Belo Horizonte Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais 2010

e q u i p ee d i t o r i a l

138

Ana Elisa Ribeiro eacute doutora em Linguiacutestica Aplicada (Linguagem e tecnologia) e mestre em Estudos Linguiacutesticos (Cogniccedilatildeo linguagem e cultura) pela Universidade Federal de Minas Gerais poacutes-doutora em Comunicaccedilatildeo pela PUC Minas em Linguiacutestica Aplicada pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp e em Estudos Literaacuterios pela Universidade Federal de Minas Gerais Eacute professora titular e pesquisa-dora do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais onde atua no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (mestrado e doutorado) no bacharelado em Letras (Tecnologias de Ediccedilatildeo) e no ensino meacutedio Eacute es-critora autora de livros e publicaccedilotildees literaacuterias individuais e coletivas

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

O R G A N I Z A D O R E S

139

Adriana Alves Pinto eacute doutoranda em Estudos de Linguagens no Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) Mestra em Estudos linguiacutesticos-Traduccedilatildeo liacutengua inglesa pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais Especialista em Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Utilizando o Linux Educacional pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado) liacuten-gua inglesa pela UFMG Graduada em LetrasPortuguecircs pela Faculda-de Educacional da Lapa (FAEL) Adriana Alves tambeacutem eacute professora de liacutengua inglesa do ensino baacutesico na escola estadual Celmar Botelho Duarte em Belo Horizonte MG

Arlene Pereira dos Santos Faria eacute poacutes-graduada em ciecircncias da reli-giatildeo pelo ISTA e em Administraccedilatildeo Escolar pela Universidade Cacircndido Mendes Atualmente mestranda em Administraccedilatildeo pelo centro uni-versitaacuterio Unihorizontes Graduada em Pedagogia com ecircnfase no ensi-no religioso pela PUC Minas Dirigiu ateacute fevereiro de 2021 o Coleacutegio Agostiniano Frei Carlos Vicuna projeto social da Sociedade Inteligecircn-cia e Coraccedilatildeo (SIC)

Aureacutelio Kubo eacute doutorando no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estu-dos de Linguagens do CEFET-MG fez mestrado em Estudos Linguiacutesti-cos na UFMG e eacute licenciado em Letras Eacute professor no CEFET-MG Cam-pus Timoacuteteo

Magno Martins eacute mestrando em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG Produtor multimiacutedia estrategista em Marketing Digital e atual-mente eacute professor e profissional independente em Marketing Digital e Comunicaccedilatildeo Digital

Marcos Felipe da Silva eacute mestrando em Estudos de Linguagens no CEFET e formado em Letras pela Faculdade Pitaacutegoras de Belo Hori-zonte

T R A D U T O R E S

140

Michel Montandon eacute doutorando em Estudos de Linguagens pelo Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica e servidor da Universidade Fede-ral de Satildeo Joatildeo del-Rei (UFSJ)

Nathalie Santos Caldeira Gomes eacute mestra em Teoria do Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharela em Direito pelo Centro Universitaacuterio Newton Paiva bacharela em Letras com Ecircn-fase em Tecnologias de Ediccedilatildeo pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecno-loacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG licenciada em Portuguecircs e Inglecircs pelo Centro de Ensino Superior de Maringaacute e licenciada em Pedagogia pela Faculdade Ibra de Brasiacutelia Atualmente professora na Prefeitura Municipal de Lagoa Santa e na Seicho-No-Ie do Brasil

Rafael Augusto Gonccedilalves Rocha eacute doutorando em Estudos de Lin-guagens pelo CEFET-MG e Mestre em Estudos Culturais Contempo-racircneos pela Universidade FUMEC Graduado em LetrasInglecircs pela UFMG Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Grupo Educacional Unis-MG e Peda-gogia pelo ISEIB Professor no Coleacutegio Tiradentes da PMMG professor de Liacutengua Inglesa no Coleacutegio Santa Maria Minas - Unidades Betim e Nova Lima e professor da SEE-MG

T R A D U T O R E S

141

Amanda Ribeiro eacute mestranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais escritora e professora da rede particular de ensino

Aquiles Junio dos Santos eacute graduado em Administraccedilatildeo Puacuteblica pela Faculdade Minas Gerais - Famig e Especialista em Gestatildeo Puacuteblica Mu-nicipal pela Universidade Federal de Satildeo Joatildeo del-Rei - UFSJ Teacutecnico em Estradas pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG e servidor puacuteblico estadual na Fundaccedilatildeo Ezequiel Dias - Funed

Gbegravenoukpo Geacuterard Nouatin eacute doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG Professor de liacutenguas com experiecircncia em traduccedilatildeo Professor Gbegravenoukpo eacute graduado em LetrasEspanhol na especialidade Estudos Linguiacutesticos pela Universiteacute drsquoAbomey-Calavi

Ione Aparecida Neto Rodrigues eacute doutoranda em Estudos de Lin-guagens - CEFET-MG Mestre em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica- CEFET-MG Graduada em Pedagogia pela UEMG e Coordenadora Pedagoacutegica da Faculdade Ciecircncias da Vida em Sete Lagoas (MG)

Mateus Esteves de Oliveira eacute doutorando e mestre em Estudos de Lin-guagens (CEFET-MG) Graduado em Gestatildeo Comercial (Universidade de Itauacutena) Letras Portuguecircs Inglecircs (UNAR)

Rejane Aparecida da Silva eacute mestre em Letras - Linguiacutestica e Liacutengua Portuguesa pela PUC Minas Graduada em Letras pela PUC Minas Atualmente eacute aluna em disciplina isolada no Programa de Poacutes-Gradu-accedilatildeo em Estudos de Linguagem no CEFET-MG e atua como professora na rede particular em Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

142

Suzanne Silva Rodrigues de Morais eacute doutoranda e mestre em Estu-dos de Linguagens pelo CEFET-MG Graduada em Letras pela UEMG eacute professora de liacutengua portuguesa e produccedilatildeo de textos na rede puacuteblica e particular de Divinoacutepolis - MG

Weliton da Silva Leatildeo eacute mestrando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG Licenciado em Matemaacutetica pela PUC Minas e professor de Matemaacutetica na rede particular de Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

143

Ana Claacuteudia Rola Santos eacute mestra em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Ana Luacutecia de Souza eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educaccedilatildeo de Joatildeo Monlevade e em Matemaacutetica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Andresa Carla Gomes de Carvalho eacute mestranda em Letras - Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto e graduada em Letras pela Faculdade de Ciecircncias e Letras de Congonhas

Beatriz Toledo Rodrigues eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Linguagem Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana eacute especialista em Metodologia de ensino da Educaccedilatildeo Infantil e Seacuteries Iniciais pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais graduada em Letras pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto e aluna da disciplina (isolada) Multi-letramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Daniela Rodrigues Dias eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto MBA em Gestatildeo de Instituiccedilotildees Educacionais pela Faculdade Pitaacutegoras e em Gestatildeo Empresarial pela Fundaccedilatildeo Comu-nitaacuteria de Ensino Superior de Itabira especialista em Informaacutetica em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Lavras e bacharela em Sistemas de Informaccedilatildeo pela Faculdade Kennedy de Joatildeo Monlevade

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

144

Elton Ferreira de Mattos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Ciecircncias Humanas pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Fernanda Luiza de Sousa eacute mestra em Ensino de Ciecircncias com ecircnfase em Fiacutesica pela Universidade Federal de Ouro Preto e Licenciada em Fiacutesica pelo Instituto Federal de Minas Gerais - Ouro Preto

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Con-trole e Automaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselheiro Lafaiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo de Conteuacutedo em ComunicaccedilatildeoJornalismo pela Universidade Metodista de Satildeo Paulo e em Gestatildeo de Pessoas pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharel em Comunicaccedilatildeo SocialJornalismo pela Fundaccedilatildeo Comunitaacuteria Educacional e Cultural de Joatildeo Monlevade e graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

145

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Com-putaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselho La-faiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Layla Juacutelia Gomes Mattos eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Viccedilosa graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viccedilosa aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universida-de Federal de Ouro Preto

Leidelaine Seacutergio Perucci eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Coordenaccedilatildeo Pedagoacutegica pela Universidade Cacircndido Mendes graduada em Pedagogia pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Luanna Amorim Vieira da Silva eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Facul-dade Fransinette do Recife

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves eacute mestrando em Letras ndash Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Metodologia de Ensino da Liacutengua Portuguesa e da Liacutengua Inglesa pela Universidade Cacircndido Mendes graduado em Letras pela Faculdade Santa Rita

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa eacute graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em In-formaacutetica Aplicada agrave Educaccedilatildeo pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

146

Ricardo Ferreira Vale eacute doutorando em ducaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestre em Biotecnologia e Gestatildeo da Inovaccedilatildeo pelo Centro Universitaacuterio de Sete Lagoas especialista em Ensino de Biologia pela Universidade Cacircndido Mendes licenciado em Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Centro Universitaacuterio do Sul de Minas e licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitaacuterio Unifacvest

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees eacute doutoranda em Educaccedilatildeo e Mestra em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Psicopedagogia Institucio-nal pelo Instituto Prominas e graduada em LetrasLiacutengua Portuguesa pela Universidade Federal de Ouro Preto

Sabrina Ribeiro eacute graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Ouro Preto e voluntaacuteria do Grupo de Pesquisa Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto licenciada em Quiacutemica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Thiago Caldeira da Silva eacute mestrando em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo Puacuteblica pela Universidade Federal de Ouro Pre-to bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Viccedilosa

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

c r eacute d i t o s

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Diretor-GeralProf Flaacutevio Antocircnio dos Santos

Vice-DiretoraProfa Maria Celeste Monteiro de Souza Costa

Chefe de GabineteProfa Carla Simone Chamon

Diretor de Educaccedilatildeo Profissional e TecnoloacutegicaProf Seacutergio Roberto Gomide Filho

Diretora de GraduaccedilatildeoProfa Danielle Marra de Freitas Silva Azevedo

Diretor de Pesquisa e Poacutes-GraduaccedilatildeoProf Conrado de Souza Rodrigues

Diretor de Planejamento e GestatildeoProf Moacir Felizardo de Franccedila Filho

Diretor de Extensatildeo e Desenvolvimento ComunitaacuterioProf Flaacutevio Luis Cardeal Paacutedua

Diretor de Governanccedila e Desenvolvimento Institucional Prof Henrique Elias Borges

Diretor de Tecnologia da InformaccedilatildeoProf Gray Faria Moita

Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo

Coordenadora

Profa Joelma Rezende Xavier

Coordenador AdjuntoProf Joseacute de Souza Muniz Jr

LED eacute a editora-laboratoacuterio do Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo do CEFET-MG Tem por objetivo proporcionar ao corpo discente um espaccedilo permanente de reflexatildeo e experiecircncia para a praacutetica profis-sional em ediccedilatildeo de diversos materiais Tem como princiacutepios fundado-res a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensatildeo a integraccedilatildeo entre formaccedilatildeo teoacuterica e formaccedilatildeo praacutetica e a valorizaccedilatildeo do aprendiza-do horizontal e autocircnomo

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas GeraisAv Amazonas 5253 Nova SuiacuteccedilaCampus I sala 344Belo Horizonte MG Brasil CEP 30421-169Telefone +55 (31) 3319-7140

CoordenadorProf Dr Joseacute de Souza Muniz Jr

Vice-coordenadorProf Dr Luiz Henrique Silva de Oliveira

Comissatildeo EditorialProfa Dra Ana Elisa RibeiroProfa Dra Elaine Ameacutelia MartinsProf Dr Joseacute de Souza Muniz JrProf Dr Luiz Henrique Silva de OliveiraProfa Dra Maria do Rosaacuterio Alves PereiraProf Dr Rogeacuterio Silva BarbosaProf Dr Wagner Moreira

Conselho EditorialProfa Dra Ana Claacuteudia Gruszynski (UFRGS Brasil)Profa Dra Andreacutea Borges Leatildeo (UFC Brasil)Prof Dr Cleber Arauacutejo Cabral (Uninter Brasil)Profa Dra Daniela Szpilbarg (CIS-IDES-CONICET Argentina)Profa Dra Isabel Travancas (UFRJ Brasil)Profa Dra Luciana Salazar Salgado (UFSCar Brasil)Prof Dr Luis Alberto Ferreira Brandatildeo Santos (UFMG Brasil)Profa Dra Mariacutelia de Arauacutejo Barcellos (UFSM Brasil)Prof Dr Maacuterio Alex Rosa (CEFET-MG Brasil)

Projeto de traduccedilatildeo ldquoUma Pedagogia dos Multiletramentosrdquo

Professores CoordenadoresAna Elisa RibeiroMarcelo Amaral (Doutorando Posling - CEFET-MG)

PreparaccedilatildeoCarolina de Vasconcelos SilvaGabriela OliveiraGabrielly Ferreira

Texto de quarta capaElinara Santana

Projeto Graacutefico e DiagramaccedilatildeoMurilo Vale Valente

RevisatildeoAcircngela Alves Vasconcelos

Revisatildeo finalElinara Santana

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca UniversitaacuteriaBibliotecaacuterio Wagner Moreira de Souza ndash CRB6-2623

P371 Uma pedagogia dos multiletramentos Organizaccedilatildeo e apresentaccedilatildeo Ana Elisa Ribeiro Heacutercules Tolecircdo Correcirca ndash Belo Horizonte LED 2021

152 p ISBN 978-65-87948-04-1

1 Linguiacutestica 2 Letramento I Ribeiro Ana Elisa II Correcirca Heacutercules Toledo III Tiacutetulo

CDD 410

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

Este e-book celebra os 25 anos do Manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos Foram usadas as

fontes Palatia e Palatino Linotype O projeto editorial eacute de estudantes de Letras do CEFET-MG e foi

finalizado no inverno de 2021

de

se

nh

an

do

futu

ros

so

cia

is

do

s

Em 1994 dez educadores se reuniram em Nova Londres (EUA) com o intuito de

discutir a pedagogia dos letramentos Des-se encontro surgiu o manifesto A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures importante documento que propocircs a noccedilatildeo de multiletramentos com sua diversidade linguiacutestica cultural e textual Agora com esforccedilo e dedicaccedilatildeo de professores mes-trandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) em parceria com a editora-la-boratoacuterio do Bacharelado em Letras esse manifesto foi traduzido para o portuguecircs brasileiro e estaacute acessiacutevel para professores pesquisadores e estudantes das aacutereas de educaccedilatildeo e afins acrescido de um glossaacuterio produzido por parceiros da Universidade Federal de Ouro Preto

mu

ltil

etr

am

en

tos

u m a

gogia

peda

POSLINGPROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeOEM ESTUDOS DE LINGUAGENS

Page 5: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

43

46

49

49

53

54

55

56

57

60

61

67

137

D e s i g n l i n g u iacute s t i c o

P r aacute t i c a S i t u a d a

I n s t r u ccedil atilde o A b e r t a

U m a T e o r i a d a P e d a g o g i a

E n q u a d r a m e n t o C r iacute t i c o

P r aacute t i c a T r a n s f o r m a d a

D e s i g n s p a r a o u t r o s m o d o s d e p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o

O ldquoc o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

O p r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

R E F E R Ecirc N C I A S

34

34

35

37

39

40

43

O ldquoo q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

D e s i g n s d e s e n t i d o

D e s i g n s d i s p o n iacute v e i s

D e s i g n i n g

R e d e s i g n e d

D i m e n s otilde e s d a p r o d u ccedil atilde o d e s e n t i d o s

E l e m e n t o s d o d e s i g n

g l o s s aacute r i o

e q u i p e e d i t o r i a l

s u m aacute r i o

6

Demorou muito mas finalmente executamos ndash e propusemos ndash uma traduccedilatildeo do manifesto da Pedagogia dos Multiletra-

mentos documento produzido por dez pesquisadores e profes-sores de liacutengua inglesa em meados dos anos 1990 e publicado

A n a E l i s a R i b e i r oC e n t r o F e d e r a l d e E d u c a ccedil atilde o T e c n o l oacute g i c a d e M i n a s G e r a i s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

U M A T R A D U Ccedil Atilde O N E C E S S Aacute R I A

7

em revista em 1996 1 Esse manifesto programaacutetico autodeclarado teve tanta influecircncia sobre os estudos de letramentos e multi-modalidade no Brasil que eacute um dos principais documentos em que se inspira nossa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) embora isso natildeo esteja expliacutecito e nem identificado no documen-to Eacute natildeo apenas por isso mas tambeacutem portanto fundamental que esta traduccedilatildeo ao portuguecircs brasileiro exista mesmo que um pouco tardiamente (25 anos passados) e com algumas imperfei-ccedilotildees

Ateacute o momento era bastante comum que tiveacutessemos de ler o manifesto em inglecircs ou que conhececircssemos suas partes por meio de traduccedilotildees de trechos em artigos e livros brasileiros Pen-sando nisso e na ampliaccedilatildeo significativa do acesso a este texto por pesquisadores professores e estudantes brasileiros a turma de mestrandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) ao cursar uma disciplina sobre identidade e letramentos do pro-fessor aceitou com alegria e responsabilidade o desafio de tra-duzir o documento em inglecircs tornando-o acessiacutevel natildeo apenas em nossa liacutengua mas tambeacutem propondo sua publicaccedilatildeo por meio da editora laboratoacuterio do bacharelado em Letras (Tecnolo-gias de Ediccedilatildeo) a LED que o disponibiliza gratuitamente a todos os interessados no tema e nesta importante discussatildeo que eacute a dos multiletramentos

Nesse documento nasce esse termo tatildeo empregado por muitas pessoas em especial no campo da educaccedilatildeo embora nem sempre lido diretamente Tambeacutem nasce aqui uma pro-posta para o seacuteculo XXI preocupada com o futuro de jovens do mundo inteiro considerando ambientes de aprendizagem mul-ticulturais multilinguiacutesticos e multimidiaacuteticos Eacute claro que em 1994-1996 ainda natildeo era possiacutevel prever muita coisa ligada agraves tecnologias digitais (redes sociais smartphones etc) era menos

1 Utilizamos na traduccedilatildeo o documento disponiacutevel emhttpnewarcprojectpbworkscomfPedagogy+of+Multiliteracies_New+London+-Grouppdf O artigo original foi publicado na Harvard Educational Review que optamos por natildeo consultar dado que esta eacute uma traduccedilatildeo tentativa validada como atividade de curso de poacutes-graduaccedilatildeo de instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino sem qualquer intenccedilatildeo de comerciali-zaccedilatildeo e apenas com finalidade pedagoacutegica e formativa

8

possiacutevel ainda para noacutes na Ameacuterica Latina no Brasil que mal conheciacuteamos de perto a internet de banda discada Nosso con-texto era bastante outro mesmo que esse documento tenha sido lido agraves vezes de forma a negligenciar nossos aspectos locais A pandemia parece ter nos mostrado algo sobre isso com mais pre-cisatildeo infelizmente

O grupo de tradutores aqui reunido (creacuteditos ao final) eacute formado principalmente por professores e professoras de inglecircs e portuguecircs que tal como em qualquer processo editorial se distribuiu conforme suas expertises A traduccedilatildeo foi coletiva as-sim como a revisatildeo final e contou como tarefa principal de uma disciplina de poacutes-graduaccedilatildeo validada tanto no mestrado quanto no doutorado de nossa instituiccedilatildeo o CEFET-MG Foi uma tarefa aacuterdua difiacutecil mas que contou com um grupo de pessoas engaja-do e ciente da importacircncia do acesso direto tanto quanto possiacute-vel em uma traduccedilatildeo ao texto original

A etapa seguinte consistiu em uma conferecircncia da tradu-ccedilatildeo que foi feita por professores e pelo tradutor e pesquisador Seacutergio Karam Ao encontrar aspectos complexos neste manifes-to debatemos com algumas pessoas relemos outros textos a fim de tomar decisotildees sobre as tentativas e propostas do grupo de tradutores Pelo menos quatro aspectos foram levantados (1) a dificuldade imposta pelo proacuteprio texto em inglecircs escrito a vinte matildeos quase trecircs deacutecadas atraacutes que carrega elementos linguiacutesti-cos e de estilo difiacuteceis mesmo em inglecircs (2) a consagraccedilatildeo de al-guns termos traduzidos ao portuguecircs no Brasil mesmo quando nos pareciam inadequados ou imprecisos mas que optamos por manter tal como jaacute ficaram conhecidos e foram legitimados no debate local (3) a dificuldade grande de traduzir palavras que em inglecircs satildeo uacutenicas como literacy que em portuguecircs pode dizer respeito agrave alfabetizaccedilatildeo e ao letramento e (4) a traduccedilatildeo tambeacutem difiacutecil de termos como design fundamental nesta proposta do New London Group mas que em portuguecircs tem outros sentidos que nos parecem indesejados

Os dois casos mais complexos deste documento em por-tuguecircs foram justamente os das palavras literacy e design e suas derivaccedilotildees Por vezes a ideia foi traduzir a primeira por alfa-

9

betizaccedilatildeo mas na maioria dos casos estamos tratando de letra-mento assim como de letramentos e multiletramentos O termo se consagrou em portuguecircs especialmente o multiletramentos que natildeo encontra uma realizaccedilatildeo tal como multialfabetizaccedilotildees embora literacy possa ser traduzida como alfabetizaccedilatildeo Jaacute design nos pa-receu termo ainda mais complexo e vejamos entatildeo trata-se de uma palavra admitida ao portuguecircs com sentidos proacuteximos aos de projeto e desenho no entanto o manifesto a emprega com o intuito declarado de propor uma metalinguagem especializada Escolhem entatildeo a palavra design num sentido que em portuguecircs ainda natildeo encontra uma traduccedilatildeo exata Por se tratar de termo especializado optamos pela manutenccedilatildeo de design com este sen-tido que o NLG quer erigir e propor incluindo palavras da mes-ma famiacutelia e igualmente difiacuteceis de traduzir como designing e designed expressotildees que tornam o construto do grupo bastante complexo em alguns pontos em especial depois de traduzido

Design eacute portanto aqui uma palavra em sentido especiacute-ficoespecializado agrave qual o NLG atribui sentido dentro do con-texto da pedagogia que propotildee para o novo seacuteculo (eles estavam agraves veacutesperas da virada do milecircnio) A opccedilatildeo por mantecirc-la e natildeo traduzi-la por desenho ou projeto tambeacutem respeitou certa consa-graccedilatildeo na aacuterea ou nos estudos de multiletramentos daiacute termos considerado que trocar o termo mais atrapalharia e confundiria do que ajudaria no entendimento da proposta Ainda outra coisa ocorria por vezes caberia a traduccedilatildeo de design por desenho ou-tras vezes melhor seria por projeto o que poderia trazer inconsis-tecircncia e inespecificidade ao termo em portuguecircs num contexto de expliacutecita construccedilatildeoproposiccedilatildeo de uma metalinguagem e de uma pedagogia que se diferenciasse do que jaacute ocorria antes dos anos 1990

Traduzir A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Fu-tures foi uma tarefa coletiva executada ao longo de quatro meses Desde o primeiro encontro de nosso curso esta missatildeo foi discu-tida por um grupo de professores-pesquisadores disposto a es-tudar a fundo esse documento e tornaacute-lo de acesso mais amplo Depois de traduzido e revisado o documento seguiu para cotejo conferecircncia e ajustes de ordem terminoloacutegica para em seguida

10

chegar ao processo de ediccedilatildeo que o tornaria um ebook A tradu-ccedilatildeo foi feita num arquivo do Google Docs compartilhado com todas as pessoas inscritas do curso que acessavam assincrona-mente o texto trabalhavam nele quando podiam e discutiam so-luccedilotildees e revisotildees por muitos canais em especial os foacuteruns virtu-ais da disciplina Foi tal como o manifesto um trabalho a vaacuterias matildeos soacute que empregando ferramentas que provavelmente aque-les dez autores natildeo chegaram a conhecer enquanto escreviam nos anos 1990 Esta foi uma experiecircncia de traduccedilatildeo que tentou se apropriar justamente das dimensotildees muacuteltiplas que tiacutenhamos em nosso grupo subculturais de linguagem e de miacutedias Trata--se entatildeo de uma traduccedilatildeo oferecida e proposta por um grupo em Belo Horizonte Minas Gerais que deseja que esta pedagogia de fato possa ser lida por mais pessoas para aleacutem dos horizontes da liacutengua inglesa num paiacutes que de maneira geral tem tratado a educaccedilatildeo e as tecnologias sem o devido cuidado em especial quando pensamos nas conexotildees entre essas duas coisas no seacute-culo XXI

Juntou-se a noacutes neste material a equipe de colegas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) coordenada pelo prof dr Heacutercules Tolecircdo Correcirca Simultaneamente ao processo da nossa traduccedilatildeo eles produziam um glossaacuterio dos multiletra-mentos material fundamental para a familiarizaccedilatildeo de docentes e pesquisadores com a proposta do New London Group e com muito do que se debate nesse campo Foi com enorme alegria que nos unimos neste livro fazendo convergir dois esforccedilos cujo vetor era o mesmo ampliar o acesso agrave proposta da pedagogia dos multiletramentos quem sabe dirimindo duacutevidas de colegas e estudantes Esperamos alcanccedilar um diaacutelogo cada vez mais am-plo e qualificado

Agradecemos a colaboraccedilatildeo de Seacutergio Karam tradutor assim como a de Marcelo Amaral editor Tambeacutem agrave equipe da LED CEFET-MG em especial ao Murilo Valente agrave Gabriela Oliveira agrave Gabrielly Ferreira e agrave Elinara Santana Estamos gratos agrave Acircngela Vasconcelos do projeto Aula Aberta e finalmente nosso agradecimento agrave atenciosa equipe da Harvard Educational Review especialmente agrave Laura Clos e agrave professora Luciana Azeredo querida colega do CEFET-MG

11

1 Esta discussatildeo sobre o futuro da pedagogia do letramento tem a coautoria de

Courtney Cazden Graduate School of Education Universidade de Harvard EUA

Bill Cope National Languages and Literacy Institute of Austraacutelia Centre for Workplace Communication and Culture Universidade de Tecnologia Sydney e James Cook University of North Queensland Austraacutelia

Norman Fairclough Centre for Language in Social Life Universidade de Lancaster Reino Unido

James Gee Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Mary Kalantzis Institute of Interdisciplinary Studies James Cook University of North Queensland Austraacutelia Gunther Kress Institute of Education Universidade de Londres Reino Unido

Allan Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Carmen Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Sarah Michaels Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Martin Nakata School of Education James Cook University of North Queensland Austraacutelia

N E W L O N D O NG R O U P 1

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

multiletramentos

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

12

Neste artigo o Grupo de Nova Londres apresenta um panorama teoacuterico sobre as conexotildees entre o ambiente social em transforma-

ccedilatildeo enfrentado por estudantes e professores e uma nova abordagem agrave pedagogia dos letramentos a que os autores chamam ldquomultiletramen-tosrdquo Eles defendem que a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e a crescente diversidade cultural e linguiacutestica do mundo de hoje requerem uma concepccedilatildeo mais ampla de letramento do que a descrita nas abor-dagens tradicionais baseadas na liacutengua A noccedilatildeo de multiletramentos segundo os autores supera as limitaccedilotildees das abordagens tradicionais ao enfatizar que saber lidar com muacuteltiplas diferenccedilas linguiacutesticas e culturais em nossa sociedade eacute central para a vida privada laboral e cidadatilde dos estudantes Os autores sustentam que o uso de abordagens de multiletramentos na pedagogia permitiraacute aos estudantes alcanccedilar o duplo objetivo da aprendizagem letrada ter acesso agraves linguagens em permanente evoluccedilatildeo do trabalho do poder e da comunidade e favore-cer o engajamento criacutetico necessaacuterio agrave projeccedilatildeo de seus futuros sociais e agrave obtenccedilatildeo do sucesso por meio de empregos satisfatoacuterios

R e s u m o

13

Se fosse possiacutevel definir genericamente a missatildeo da educaccedilatildeo poder-se-ia dizer que seu propoacutesito fundamental eacute garantir

que todos os estudantes se beneficiem da aprendizagem de ma-neira a lhes permitir a ampla participaccedilatildeo nas esferas da vida puacuteblica econocircmica e comunitaacuteria Espera-se que uma peda-gogia dos letramentos desempenhe um papel particularmen-te importante nessa missatildeo Pedagogia eacute a relaccedilatildeo de ensino e de aprendizagem que potencializa a construccedilatildeo de condiccedilotildees de aprendizagem que levem agrave equidade na participaccedilatildeo social Tradicionalmente a pedagogia do letramento tem significado ensinar e aprender a ler e a escrever as formas padronizadas e oficiais das liacutenguas nacionais destinadas agrave paacutegina impressa Em outros termos a pedagogia do letramento tem sido um projeto cuidadosamente restritivo mdash restrito agraves formas de linguagem padronizadas monolinguais monoculturais e sujeitas a regras

Neste artigo tentamos ampliar o entendimento do letra-mento e do ensino e aprendizagem do letramento para incluir as relaccedilotildees entre uma multiplicidade de discursos Buscamos desta-car dois aspectos principais dessa multiplicidade Primeiramen-te gostariacuteamos de estender a noccedilatildeo e o escopo da pedagogia do letramento para que ela levasse em conta o contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas e progressi-vamente globalizadas bem como a variedade de culturas que se inter-relacionam e a pluralidade de textos que circulam Em segundo lugar sustentamos que uma pedagogia do letramento precisa dar conta agora da crescente variedade de formas textu-ais associadas agraves tecnologias da informaccedilatildeo e multimiacutedia Isso inclui a compreensatildeo e o controle competente das formas repre-sentacionais que estatildeo se tornando progressivamente significati-vas na esfera das comunicaccedilotildees em geral tais como as imagens visuais e sua relaccedilatildeo com a palavra escrita mdash por exemplo a pro-gramaccedilatildeo visual na editoraccedilatildeo eletrocircnica ou a interface entre os

I N T R O D U Ccedil Atilde O

14

sentidos visual e linguiacutestico em publicaccedilotildees multimiacutedia De fato este segundo ponto estaacute intimamente relacionado ao primeiro a proliferaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo e de miacutedia apoia e ex-pande a diversidade cultural e subcultural Assim que passamos a focalizar o objetivo de criar condiccedilotildees de aprendizagem para uma plena participaccedilatildeo social o problema das diferenccedilas assu-me importacircncia criacutetica De que maneira noacutes podemos garantir que as diferenccedilas culturais de linguagem e de gecircnero natildeo sejam barreiras para o sucesso educacional Quais satildeo as implicaccedilotildees dessas diferenccedilas para uma pedagogia do letramento

Esse ponto das diferenccedilas tornou-se questatildeo principal que como educadores agora devemos abordar E embora inuacutemeras teorias e praacuteticas tenham sido desenvolvidas como possiacuteveis res-postas neste momento parece haver uma particular ansiedade sobre como proceder O que eacute uma educaccedilatildeo adequada para mu-lheres para povos indiacutegenas para imigrantes que natildeo falam a liacutengua nacional para falantes de dialetos natildeo padronizados O que eacute adequado para todos num contexto dos fatores cada vez mais criacuteticos em termos de diversidade local e conexatildeo global Enquanto os educadores tentam abordar o contexto da diversi-dade cultural e linguiacutestica por meio da pedagogia do letramento ouvimos afirmaccedilotildees e contra-afirmaccedilotildees estridentes sobre o po-liticamente correto o cacircnone da grande literatura a gramaacutetica e outros princiacutepios baacutesicos

A sensaccedilatildeo de ansiedade reinante eacute alimentada em par-te pela sensaccedilatildeo de que apesar da boa vontade por parte dos educadores da expertise profissional e das grandes quantias de dinheiro gastas para desenvolver novas abordagens ainda existem grandes disparidades nas oportunidades de vida ndash dis-paridades que hoje parecem se ampliar ainda mais Ao mesmo tempo mudanccedilas radicais estatildeo ocorrendo na natureza da vida puacuteblica comunitaacuteria e econocircmica Um forte senso de cidadania tem dado lugar agrave fragmentaccedilatildeo local e as comunidades estatildeo se dividindo em grupos cada vez mais diversos e subculturalmente definidos A transformaccedilatildeo tecnoloacutegica e organizacional da vida profissional permite que alguns tenham acesso a estilos de vida de riqueza sem precedentes enquanto excluem outros de ma-

15

neiras que se relacionam cada vez mais aos resultados da edu-caccedilatildeo e do treinamento Pode muito bem ser que tenhamos de repensar o que estamos ensinando e em particular quais novas necessidades de aprendizagem a pedagogia do letramento pode abarcar agora

Os dez autores deste texto satildeo educadores que se encon-traram durante uma semana em setembro de 1994 em Nova Londres New Hampshire nos Estados Unidos para discutir o estado da pedagogia dos letramentos Os membros do grupo ou tinham trabalhado juntos ou tinham se alimentado de seus res-pectivos trabalhos ao longo de vaacuterios anos As principais aacutereas de interesse comum ou complementar incluiacuteam a tensatildeo pedagoacute-gica entre abordagens de ensino expliacutecitas e imersivas o desafio da diversidade linguiacutestica e cultural a recente proeminecircncia dos modos e tecnologias da comunicaccedilatildeo e as mudanccedilas nos usos dos textos em espaccedilos de trabalho reestruturados Quando nos encontramos em 1994 nossa intenccedilatildeo era consolidar e ampliar essas relaccedilotildees a fim de abordar o problema mais amplo dos pro-poacutesitos da educaccedilatildeo e neste contexto o problema especiacutefico da pedagogia dos letramentos Era nossa intenccedilatildeo reunir ideias de diferentes domiacutenios e de diferentes paiacuteses falantes do inglecircs Nossa principal preocupaccedilatildeo era a questatildeo das oportunidades de vida na medida em que elas se relacionam com a ordem moral e cultural mais ampla da pedagogia dos letramentos

Sendo dez pessoas diferentes trouxemos para esta discus-satildeo uma grande variedade de experiecircncias nacionais de vida e profissionais Courtney Cazden dos Estados Unidos tem uma longa e influente carreira trabalhando temas tais como o discur-so da sala de aula a aprendizagem de liacutengua em contextos mul-tiliacutengues e mais recentemente a pedagogia dos letramentos Bill Cope da Austraacutelia havia produzido curriacuteculos que abordavam a diversidade cultural nas escolas e havia pesquisado a pedago-gia dos letramentos e as mudanccedilas culturais e discursivas dos ambientes de trabalho Da Gratilde-Bretanha Norman Fairclough teoacuterico da liacutengua e do discurso social eacute particularmente inte-ressado nas mudanccedilas linguiacutesticas e discursivas como parte das transformaccedilotildees sociais e culturais James Gee dos Estados Uni-

16

dos eacute um dos principais pesquisadores e teoacutericos da linguagem e da mente e da linguagem e das demandas por aprendizagem nos mais recentes espaccedilos de trabalho marcados pelo ldquocapitalis-mo aceleradordquo (fast capitalism) A australiana Mary Kalantzis tem estado envolvida em projetos experimentais de educaccedilatildeo social e de curriacuteculos para o letramento e estaacute particularmente inte-ressada na educaccedilatildeo para a cidadania Gunther Kress da Gratilde--Bretanha eacute mais conhecido por seu trabalho sobre linguagem e aprendizagem semioacutetica letramento visual e os letramentos multimodais cada vez mais importantes para a comunicaccedilatildeo como um todo particularmente as miacutedias de massa Allan Luke da Austraacutelia eacute pesquisador e teoacuterico do letramento criacutetico que trouxe a anaacutelise socioloacutegica para apoiar o ensino de leitura e es-crita Carmen Luke tambeacutem da Austraacutelia escreveu extensiva-mente sobre a pedagogia feminista Sarah Michaels dos Estados Unidos tem ampla experiecircncia no desenvolvimento e na pesqui-sa de programas de aprendizagem em sala de aula em contextos urbanos Martin Nakata australiano tem pesquisado e escrito sobre o problema do letramento de comunidades indiacutegenas

Criando um contexto para o encontro havia nossas dife-renccedilas de experiecircncia nacional e diferenccedilas de ecircnfase teoacuterica e poliacutetica Por exemplo precisaacutevamos debater em profundidade tanto a importacircncia da imersatildeo quanto a do ensino expliacutecito nossos distintos interesses como especialistas em multimiacutedia letramentos no ambiente de trabalho diversidade linguiacutestica e cultural e o problema de ateacute que ponto deveriacuteamos nos compro-meter com as expectativas de aprendizagem e o ethos das novas formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo de trabalho Noacutes nos engaja-mos nas discussotildees com base em um genuiacuteno compromisso com a resoluccedilatildeo colaborativa de problemas reunindo uma equipe com diferentes saberes experiecircncias e posicionamentos a fim de otimizar a possibilidade de enfrentar com eficiecircncia a complexa realidade das escolas

Conscientes de nossas diferenccedilas compartilhamos a pre-ocupaccedilatildeo de que nossa discussatildeo talvez natildeo fosse produtiva no entanto ela foi devido agraves nossas diferenccedilas combinadas com nos-so sentimento de desconforto Conseguimos concordar a respei-

17

to do problema fundamental ndash isto eacute que as disparidades nos resultados da educaccedilatildeo natildeo pareciam estar melhorando Concor-damos que precisamos voltar agrave questatildeo mais ampla dos resulta-dos sociais da aprendizagem de liacutengua e que tiacutenhamos baseado nisso que repensar as premissas fundamentais de uma peda-gogia dos letramentos a fim de influenciar praacuteticas que daratildeo aos estudantes as habilidades e o conhecimento de que precisam para alcanccedilar suas aspiraccedilotildees Concordamos que em cada paiacutes angloacutefono de onde viemos o que os estudantes precisavam para aprender estava se transformando e que o principal elemento dessa mudanccedila era que natildeo havia mais um inglecircs singular canocirc-nico que poderia ou deveria ser ensinado Diferenccedilas culturais e a raacutepida mudanccedila nos meios de comunicaccedilatildeo significavam que a proacutepria natureza do assunto ndash a pedagogia do letramento ndash estava mudando radicalmente Este artigo eacute o resumo de nossas discussotildees

A estrutura deste artigo desenvolveu-se a partir das dis-cussotildees de Nova Londres Comeccedilamos com um programa pre-viamente combinado que consistia em um quadro esquemaacutetico de questotildees-chaves sobre as formas e o conteuacutedo da pedagogia do letramento Ao longo de nossa reuniatildeo percorremos esse programa trecircs vezes destacando pontos difiacuteceis elaborando a argumentaccedilatildeo e adaptando a estrutura esquemaacutetica que havia sido proposta originalmente Um membro da equipe registrou pontos fundamentais que foram projetados em uma tela para que pudeacutessemos discutir a formulaccedilatildeo de uma argumentaccedilatildeo comum Ao final do encontro desenvolvemos o esboccedilo que pos-teriormente se tornaria este artigo Os vaacuterios membros do grupo voltaram aos seus respectivos paiacuteses e instituiccedilotildees e trabalharam de forma independente nas diferentes seccedilotildees do texto o rascu-nho foi distribuiacutedo e modificado e finalmente abrimos o artigo para discussatildeo puacuteblica em uma seacuterie de apresentaccedilotildees plenaacuterias e pequenos grupos de discussatildeo liderados pela equipe da Quar-ta Conferecircncia da Rede Internacional de Pesquisa em Alfabeti-zaccedilatildeo e Educaccedilatildeo (Fourth International Literacy and Education Rese-arch Network Conference) realizada em Townsville Austraacutelia em junho-julho de 1995

18

Este artigo eacute o resultado de um ano de exaustivas discus-sotildees mas de forma alguma eacute um texto acabado Noacutes o apresenta-mos aqui como um manifesto programaacutetico como uma espeacutecie de ponto de partida aberto e provisoacuterio Este artigo eacute um pano-rama teoacuterico do atual contexto social de aprendizagem e as con-sequecircncias das mudanccedilas sociais em relaccedilatildeo ao conteuacutedo (o ldquoo quecircrdquo) e agrave forma (o ldquocomordquo) da pedagogia do letramento Espera-mos que este artigo possa formar a base para um diaacutelogo aberto com colegas educadores em todo o mundo que possa despertar ideias para possiacuteveis novas aacutereas de pesquisa e que possa ajudar a estruturar experiecircncias curriculares que busquem enfrentar nosso ambiente educacional em constante mudanccedila

Decidimos que os resultados de nossas discussotildees pode-riam ser encapsulados em uma palavra ndash multiletramentos ndash pa-lavra que escolhemos para descrever dois importantes argumen-tos com que podemos abordar as ordens cultural institucional e global emergentes a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e miacutedia e a crescente proeminecircncia da diversidade cultural e lin-guiacutestica A noccedilatildeo de multiletramentos complementa a pedagogia tradicional do letramento ao abordar esses dois aspectos rela-cionados agrave multiplicidade textual O que poderiacuteamos denominar ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo2 permanece centrado apenas na liacutengua e geralmente em uma uacutenica forma da liacutengua nacional que eacute con-cebida como um sistema estaacutevel baseado em regras tais como o domiacutenio da correspondecircncia entre fonemas e letras Isso se baseia na suposiccedilatildeo de que podemos discernir e descrever seu uso correto Essa concepccedilatildeo de liacutengua se traduz tipicamente em um tipo mais ou menos autoritaacuterio de pedagogia Uma pedago-gia dos multiletramentos ao contraacuterio concentra-se em modos de representaccedilatildeo muito mais amplos do que apenas a liacutengua Eles diferem de acordo com a cultura e o contexto e tecircm efeitos cognitivos culturais e sociais especiacuteficos Em alguns contextos culturais ndash em uma comunidade aboriacutegine ou em um ambiente multimiacutedia por exemplo ndash o modo visual de representaccedilatildeo pode ser muito mais poderoso e intimamente relacionado agrave liacutengua do que a ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo jamais seria capaz de permitir Os multiletramentos tambeacutem criam um tipo diferente de pedago-

19

gia em que a linguagem e outros modos de significaccedilatildeo satildeo re-cursos representacionais dinacircmicos constantemente refeitos por seus usuaacuterios agrave medida que trabalham para alcanccedilar seus vaacuterios objetivos culturais

Dois pontos principais entatildeo emergiram em nossas dis-cussotildees O primeiro se relaciona agrave crescente multiplicidade e in-tegraccedilatildeo de modos de construccedilatildeo de sentido significativos em que o textual tambeacutem estaacute relacionado ao visual ao aacuteudio ao espacial ao comportamental e assim por diante Isso eacute particu-larmente importante nas miacutedias de massa multimiacutedia e em hi-permiacutedia eletrocircnica Podemos ter motivos para continuar ceacuteticos em relaccedilatildeo agraves visotildees da ficccedilatildeo cientiacutefica sobre as superinfovias e um futuro proacuteximo em que todos seremos compradores virtuais No entanto os novos meios de comunicaccedilatildeo estatildeo remodelando a maneira como usamos a linguagem Quando as tecnologias de produccedilatildeo de sentido estatildeo mudando tatildeo rapidamente natildeo pode haver um soacute conjunto de padrotildees ou habilidades que constituam as finalidades do letramento por mais que eles sejam ensinados

Em segundo lugar decidimos usar o termo ldquomultiletra-mentosrdquo como meio de focalizar as realidades do aumento da diversidade local e da conexatildeo global Lidar com diferenccedilas lin-guiacutesticas e culturais agora se tornou aspecto central de nossas vidas privadas profissional e cidadatilde Uma cidadania efetiva e o trabalho produtivo agora exigem interaccedilatildeo efetiva usando vaacuterios idiomas muacuteltiplas variedades do inglecircs e padrotildees de comuni-caccedilatildeo que cruzam fronteiras culturais comunitaacuterias e nacionais com mais frequecircncia A diversidade subcultural tambeacutem se es-tende ao espectro cada vez maior de registros especializados e variaccedilotildees situacionais na linguagem sejam elas teacutecnicas espor-tivas ou relacionadas a grupos de interesse e afiliaccedilatildeo Quando um dos fatos principais do nosso tempo eacute a proximidade entre diversidade cultural e linguiacutestica a proacutepria natureza da apren-dizagem de liacutenguas mudou

De fato essas satildeo questotildees fundamentais para o nosso fu-turo Ao abordaacute-las professores alfabetizadores e alunos devem se ver como participantes ativos da mudanccedila social como apren-dizes e alunos que podem ser designers3 ativos ndash artiacutefices ndash de fu-

20

turos sociais Decidimos comeccedilar a discussatildeo com essa questatildeo dos futuros sociais

Consequentemente o ponto de partida deste artigo eacute o formato da mudanccedila social ndash alteraccedilotildees em nossas vidas profis-sionais nossas vidas puacuteblicas como cidadatildeos e privadas como membros de diferentes estilos de vida em comunidade A ques-tatildeo fundamental eacute esta o que essas mudanccedilas significam para a pedagogia do letramento Nesse contexto passamos a concei-tuar o ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento O conceito-chave que apresentamos eacute o de Design em relaccedilatildeo ao qual tanto somos herdeiros de padrotildees e convenccedilotildees ligadas aos sentidossignifi-cados quanto somos designers ativos de sentidos E como desig-ners de sentidos somos designers de futuros sociais ndash futuros no ambiente de trabalho futuros puacuteblicos e futuros comunitaacuterios O artigo prossegue discutindo seis componentes do design do processo de produccedilatildeo de sentidos Linguiacutestico Visual Auditi-vo Gestual Espacial e Padrotildees Multimodais que relacionam os primeiros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos entre si Na uacuteltima das seccedilotildees mais importantes o artigo traduz o ldquoo quecircrdquo em um ldquocomordquo Quatro componentes pedagoacutegicos satildeo sugeridos Praacutetica Situada que se fundamenta na experiecircncia de produccedilatildeo de sentidos em estilos de vida particulares o domiacutenio puacuteblico e os espaccedilos de trabalho Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos desenvolvem uma metalinguagem expliacutecita do Design Enquadramento Criacutetico que interpreta o contexto social e a fina-lidade dos designs de sentidos e a Praacutetica Transformada na qual os alunos como produtores de sentidos tornam-se Designers de futuros sociais No Projeto Internacional de Multiletramentos em que estamos embarcando esperamos estabelecer relaccedilotildees de pesquisa colaborativa e programas de desenvolvimento curricu-lar que testem exemplifiquem ampliem e retrabalhem as ideias provisoriamente sugeridas neste artigo

21

Estamos vivendo um periacuteodo de dramaacuteticas mudanccedilas econocirc-micas globais agrave medida que novas teorias e praacuteticas de negoacutecios e de gestatildeo surgem em todo o mundo desenvolvido Essas teo-rias e praacuteticas enfatizam a competiccedilatildeo e os mercados centrados em mudanccedilas flexibilidade qualidade e nichos distintivos ndash natildeo os produtos de massa do ldquovelhordquo capitalismo (Boyett Conn 1992 Cross Feather Lynch 1994 Davidow Malone 1992 Deal Jenkins 1994 Dobyns Crawford-Mason 1991 Drucker 1993 Hammer Champy 1993 Ishikawa 1985 Lipnack Stamps 1993 Peters 1992 Sashkin Kiser 1993 Senge 1991) Toda uma nova terminologia cruza e recruza as fronteiras entre esses novos discursos de negoacutecios e gestatildeo de um lado e discursos preo-cupados com a educaccedilatildeo com a reforma educacional e com a ciecircncia cognitiva de outro (Bereiter Scardamalia 1993 Bruer 1993 Gardner 1991 Lave Wenger 1991 Light Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990) A nova teoria de gestatildeo usa palavras que satildeo muito familiares aos educadores tais como conhecimen-to (como em ldquotrabalhador do conhecimentordquo) aprendizagem (como em ldquoorganizaccedilatildeo de aprendizagemrdquo) colaboraccedilatildeo avalia-ccedilotildees alternativas comunidades de praacutetica redes e outros (Gee 1994a) Aleacutem disso os principais termos e interesses de vaacuterios discursos poacutes-modernos e criacuteticos com foco na emancipaccedilatildeo na destruiccedilatildeo de hierarquias e no respeito agrave diversidade (Faigley 1992 Freire 1968 1973 Freire Macedo 1987 Gee 1993 Giroux

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O P R E S E N T E E M T R A N S F OR M ACcedil AtildeO E O S F U T U RO S

P ROacuteX I M O S V I S OtildeE S PA R A O T R A BA L HO

A C I DA DA N I A E O S E S T I L O S DE V I DA

As linguagens necessaacuterias para produzir sentidos estatildeo mu-dando radicalmente em trecircs esferas de nossa existecircncia a

vida profissional a vida puacuteblica (cidadania) e a vida privada (es-tilos de vida)

22

1988 Walkerdine 1986) encontraram espaccedilo nesses novos dis-cursos de negoacutecios e gestatildeo (Gee 1994b)

A natureza mutante do trabalho tem sido denominada de ldquopoacutes-fordismordquo (Piore Sable 1984) e de ldquocapitalismo acelera-dordquo4 (Gee 1994b) O poacutes-fordismo substitui as antigas estruturas hieraacuterquicas de comando simbolizadas no desenvolvimento de teacutecnicas de produccedilatildeo em massa de Henry Ford e representadas de maneira caricatural por Charlie Chaplin em Tempos Moder-nos ndash uma imagem de trabalho natildeo qualificado repetitivo e que dispensa a inteligecircncia na linha de produccedilatildeo industrial Em vez disso com o desenvolvimento do poacutes-fordismo ou do capitalismo acelerado um nuacutemero cada vez maior de espaccedilos de trabalho vem optando por uma hierarquia mais achatada Compromisso responsabilidade e motivaccedilatildeo satildeo conquistados com o desen-volvimento de uma cultura de trabalho na qual os membros de uma organizaccedilatildeo se identificam com sua visatildeo missatildeo e valo-res corporativos As antigas cadeias verticais de comando satildeo substituiacutedas pelas relaccedilotildees horizontais do trabalho em equipe Uma divisatildeo de trabalho em seus componentes miacutenimos e pou-co qualificados eacute substituiacuteda por trabalhadores ldquopolivalentesrdquo e bem preparados suficientemente flexiacuteveis para realizar um tra-balho complexo e integrado (Cope Kalantzis 1995) De fato nos locais de trabalho de capitalistas acelerados e poacutes-fordistas mais avanccedilados as estruturas tradicionais de comando e de controle estatildeo sendo substituiacutedas por relaccedilotildees de pedagogia orientaccedilatildeo treinamento e organizaccedilatildeo da aprendizagem (Senge 1991) Co-nhecimentos antes considerados disciplinares especializados e divergentes tais como pedagogia e gestatildeo vatildeo ficando agora cada vez mais proacuteximos Isso significa que como educadores temos uma responsabilidade maior de considerar as implicaccedilotildees do que fazemos em relaccedilatildeo a uma vida profissional produtiva

Com uma nova vida profissional surge uma nova lin-guagem Boa parte dessa mudanccedila eacute o resultado de novas tec-nologias tais como os modos iconograacutefico textual e de tela de interagir com maacutequinas automatizadas interfaces ldquoamigaacuteveis ao usuaacuteriordquo operam com niacuteveis mais sutis de integraccedilatildeo cultural do que interfaces baseadas em comandos abstratos Mas grande

23

parte da mudanccedila tambeacutem eacute resultado das novas relaccedilotildees sociais de trabalho Enquanto a velha organizaccedilatildeo fordista dependia de sistemas de comando claros precisos e formais como memoran-dos escritos e ordens do supervisor o trabalho em equipe eficaz depende muito mais do discurso informal oral e interpessoal Essa informalidade tambeacutem se traduz em formas escritas hiacute-bridas informais e interpessoalmente sensiacuteveis como o e-mail (Sproull Kiesler 1991) Esses exemplos de mudanccedilas revolucio-naacuterias na tecnologia e na natureza das organizaccedilotildees produziram uma nova linguagem de trabalho Todas essas satildeo razotildees pelas quais a pedagogia do letramento precisa mudar se quiser ser relevante para as novas demandas da vida profissional se quiser fornecer a todos os alunos o acesso a um emprego satisfatoacuterio

Mas o capitalismo acelerado tambeacutem eacute um pesadelo Cul-turas corporativas e seus discursos de familiaridade satildeo mais sutilmente e mais rigorosamente seletivos que a mais desagra-daacutevel ndash honestamente desagradaacutevel ndash das hierarquias A reaccedilatildeo agrave cultura corporativa exige uma assimilaccedilatildeo das normas conven-cionais que soacute funcionam realmente se algueacutem jaacute fala a liacutengua da cultura convencional Se algueacutem natildeo estaacute se sentindo confortaacutevel como um integrante da cultura e dos discursos convencionais eacute ainda mais difiacutecil entrar em redes que operam informalmente do que entrar nos antigos discursos de formalidade Esse eacute um fator crucial na produccedilatildeo do fenocircmeno do teto de vidro o pon-to em que as oportunidades de emprego e de promoccedilatildeo cessam abruptamente E o capitalismo acelerado apesar de seu discurso de colaboraccedilatildeo cultura e valores compartilhados eacute tambeacutem um mundo vicioso impulsionado pelo mercado mal contido Agrave medi-da que refazemos nossa pedagogia do letramento para ser mais relevante para um novo mundo do trabalho precisamos estar cientes do perigo de que nossas palavras sejam cooptadas pelos discursos impulsionados pela economia e pelo mercado natildeo im-porta quatildeo contemporacircneos e ldquopoacutes-capitalistasrdquo possam parecer A nova literatura do capitalismo acelerado enfatiza a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila constante por meio do pensar e falar por si da criacutetica e do empoderamento da inovaccedilatildeo e da criatividade do pensa-mento teacutecnico e sistecircmico e do aprender a aprender Todas essas

24

formas de pensar e agir satildeo veiculadas por discursos novos e emergentes Esses novos discursos do trabalho podem ser inter-pretados de duas maneiras muito diferentes ndash como a abertura de novas possibilidades educacionais e sociais ou como novos sistemas de controle e exploraccedilatildeo da mente No sentido positi-vo por exemplo a ecircnfase na inovaccedilatildeo e na criatividade pode se encaixar bem com uma pedagogia que vecirc a linguagem e outros modos de representaccedilatildeo como dinacircmicos e sendo constantemen-te refeitos por produtores de sentidos em contextos variados e cambiantes No entanto pode muito bem ser que as teorias e as praacuteticas direcionadas ao mercado mesmo que pareccedilam huma-nas nunca incluiratildeo autenticamente uma visatildeo de sucesso sig-nificativo para todos os estudantes Raramente os proponentes dessas ideias consideram seriamente que elas sejam relevantes para pessoas destinadas a empregos qualificados e de elite De fato em um sistema que ainda valoriza resultados sociais muito diacutespares nunca haveraacute espaccedilo suficiente ldquono topordquo Uma visatildeo autenticamente democraacutetica das escolas deve incluir uma visatildeo de sucesso significativo para todos uma visatildeo de sucesso que natildeo seja definida exclusivamente em termos econocircmicos e que inclua uma criacutetica agrave hierarquia e agrave injusticcedila econocircmica

Em resposta agraves mudanccedilas radicais na vida profissional que estatildeo em curso precisamos trilhar um caminho cuidadoso que ofereccedila aos estudantes a oportunidade de desenvolver ha-bilidades para o acesso a novas formas de trabalho por meio do aprendizado da nova linguagem do trabalho Mas ao mesmo tempo como professores nosso papel natildeo eacute simplesmente ser tecnocratas Nosso trabalho natildeo eacute produzir trabalhadores doacuteceis e submissos Os estudantes precisam desenvolver a capacidade de opinar de negociar e de serem capazes de se envolver critica-mente nas condiccedilotildees de suas vidas profissionais

Na verdade os objetivos de acesso e engajamento criacutetico natildeo precisam ser incompatiacuteveis A questatildeo eacute como podemos nos afastar das uacuteltimas visotildees e anaacutelises de espaccedilos de trabalho de alta tecnologia globalizados e culturalmente diversos e relacio-naacute-los a programas educacionais baseados em uma visatildeo ampla de uma vida boa e uma sociedade igualitaacuteria Paradoxalmente

25

a nova eficiecircncia requer novos sistemas de motivar as pessoas que podem ser a base para um pluralismo democraacutetico no es-paccedilo de trabalho e fora dele No campo do trabalho chamamos essa possibilidade utoacutepica de diversidade produtiva a ideia de que o que parece ser um problema ndash a multiplicidade de cul-turas experiecircncias maneiros de produzir sentido e de pensar ndash pode ser explorado como um recurso (Cope Kalantzis 1995) A comunicaccedilatildeo intercultural e o diaacutelogo negociado de diferentes linguagens e discursos podem ser a base para a participaccedilatildeo o acesso e a criatividade dos trabalhadores para a formaccedilatildeo de re-des localmente sensiacuteveis e globalmente extensas que relacionam intimamente as organizaccedilotildees com seus clientes ou fornecedores e de estruturas de motivaccedilatildeo em que as pessoas sentem que seus diferentes repertoacuterios e experiecircncias satildeo genuinamente valori-zados Um tanto ironicamente talvez o pluralismo democraacutetico seja possiacutevel nos espaccedilos de trabalho pelas mais duras razotildees co-merciais e a eficiecircncia econocircmica pode ser uma aliada da justiccedila social embora nem sempre seja leal ou confiaacutevelAssim como o trabalho estaacute mudando a cidadania tambeacutem estaacute

Nas uacuteltimas duas deacutecadas reverteu-se a tendecircncia de um seacuteculo em direccedilatildeo a um estado de bem-estar social intervencionista e expandido A cidadania bem como o poder e a importacircncia dos espaccedilos puacuteblicos estatildeo diminuindo O racionalismo econocircmico a privatizaccedilatildeo a desregulamentaccedilatildeo e a transformaccedilatildeo de institui-ccedilotildees puacuteblicas tais como escolas e universidades para que ope-rem de acordo com a loacutegica do mercado satildeo transformaccedilotildees que fazem parte de uma mudanccedila global que coincide com o fim da Guerra Fria Ateacute a deacutecada de 1980 a dinacircmica geopoliacutetica global do seacuteculo XX assumira a forma de uma discussatildeo entre comunis-mo e capitalismo Isso acabou se tornando uma discussatildeo sobre o papel do Estado na sociedade em que o Estado de bem-estar intervencionista era a posiccedilatildeo de compromisso do capitalismo A discussatildeo foi ganha e perdida quando o Bloco Comunista natildeo

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

26

foi capaz de fazer frente ao custo crescente das instituiccedilotildees do mundo capitalista O fim da Guerra Fria representa uma vira-da histoacuterica indicativa de que uma nova ordem mundial eacute um liberalismo que evita o Estado Em apenas uma ou duas deacuteca-das esse liberalismo prevaleceu globalmente quase sem exceccedilatildeo (Fukuyama 1992) Aqueles de noacutes que trabalham na educaccedilatildeo financiada pelo Estado ou pela iniciativa privada sabem como eacute esse liberalismo A loacutegica do mercado se tornou uma parte muito maior de nossas vidas

Em algumas partes do mundo uma vez que os Estados centralizadores e homogeneizadores fortes praticamente entra-ram em colapso os Estados em todos os lugares foram redu-zidos em seus papeacuteis e responsabilidades Isso deixou espaccedilo para uma nova poliacutetica da diferenccedila Nos piores casos ndash em Los Angeles Sarajevo Cabul Belfast Beirute ndash a ausecircncia de um Es-tado eficiente em arbitragens deixou a administraccedilatildeo nas matildeos de gangues bandos organizaccedilotildees paramilitares e facccedilotildees poliacute-ticas etnonacionalistas Na melhor das hipoacuteteses as poliacuteticas de cultura e de identidade assumiram um novo significado Nego-ciar essas diferenccedilas agora eacute uma questatildeo de vida ou morte A luta perene pelo acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos de reconhecimento tem sido cada vez mais articulada por meio dos discursos de identidade e de reconhecimento (Kalantzis 1995)

A escolaridade em geral e a alfabetizaccedilatildeo em particular eram uma parte central da velha ordem Os Estados em expan-satildeo e intervencionistas dos seacuteculos XIX e XX usaram a escolari-dade como uma forma de padronizar as liacutenguas nacionais No Velho Mundo isso significou a imposiccedilatildeo de padrotildees nacionais sobre as diferenccedilas dialetais No Novo Mundo significou inte-grar imigrantes e povos indiacutegenas agrave linguagem ldquoadequadardquo e padronizada do colonizador (Anderson 1983 Dewey 19161966 Gellner 1983 Kalantzis Cope 1993a)

Assim como a geopoliacutetica global mudou o papel das es-colas mudou fundamentalmente As diversidades cultural e lin-guiacutestica satildeo agora questotildees centrais e criacuteticas Como resultado o significado da pedagogia do letramento mudou A diversidade local e a conexatildeo global significam natildeo apenas que natildeo pode ha-

27

ver um padratildeo tambeacutem significam que a habilidade mais impor-tante que os alunos precisam aprender eacute negociar dialetos regio-nais eacutetnicos ou de classe variaccedilotildees de registro que ocorrem de acordo com o contexto social discursos interculturais hiacutebridos a troca de coacutedigo frequentemente encontrada em um texto entre diferentes idiomas dialetos ou registros diferentes sentidos vi-suais e icocircnicos e variaccedilotildees nas relaccedilotildees gestuais entre pessoas linguagem e objetos materiais De fato esta eacute a uacutenica esperanccedila de evitar os conflitos catastroacuteficos relacionados a identidades e espaccedilos que agora parecem estar sempre prontos a explodir

O decliacutenio do velho sentido monocultural e nacionalis-ta de ldquocidadatildeordquo deixa um espaccedilo vago que deve ser novamente preenchido Propomos que este espaccedilo seja reivindicado por um pluralismo cidadatildeo Em vez de Estados que exigem um padratildeo cultural e linguiacutestico precisamos de Estados que arbitrem as di-ferenccedilas O acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos deve ser possiacutevel natildeo importa quais sejam os marcadores de identidade de algueacutem ndash como idioma dialeto e registro Os Estados devem ser fortes novamente mas natildeo para impor padrotildees eles devem ser fortes como aacuterbitros neutros da diferenccedila assim como as es-colas E tambeacutem a pedagogia do letramento Esta eacute a base de uma sociabilidade coesa uma nova cidadania em que as diferenccedilas satildeo utilizadas como recurso produtivo e em que as diferenccedilas satildeo a norma Eacute a base para o senso poacutes-nacionalista de propoacutesito comum que agora eacute essencial para uma ordem global paciacutefica e produtiva (Kalantzis Cope 1993b)

Para tanto as diversidades cultural e linguiacutestica satildeo re-cursos de sala de aula com a mesma forccedila que satildeo recursos so-ciais na formaccedilatildeo de novos espaccedilos e noccedilotildees de cidadania Isso natildeo eacute apenas para que os educadores possam prestar um melhor ldquoserviccedilordquo agraves ldquominoriasrdquo Em vez disso essa orientaccedilatildeo pedagoacute-gica produziraacute benefiacutecios para todos Por exemplo haveraacute um benefiacutecio cognitivo para todas as crianccedilas em uma pedagogia dos pluralismos linguiacutestico e cultural inclusive para crianccedilas mainstream Quando os aprendizes justapotildeem diferentes lingua-gens discursos estilos e abordagens eles ganham substantiva-mente em habilidades metacognitivas e metalinguiacutesticas e em

28

sua capacidade de refletir criticamente a respeito dos sistemas complexos e suas interaccedilotildees Ao mesmo tempo o uso folcloacuteri-co da diversidade de siacutembolos ndash criando mercadorias eacutetnicas ou outras mercadorias diferenciadas culturalmente para explorar nichos de mercado especializados ou adicionando cores festivas e eacutetnicas agraves salas de aula ndash natildeo deve encobrir conflitos reais de poder e de interesse Somente lidando autenticamente com eles podemos criar a partir da diversidade e da histoacuteria um domiacutenio puacuteblico novo vigoroso e igualitaacuterio

O pluralismo cidadatildeo muda a natureza dos espaccedilos ciacutevi-cos e com a mudanccedila de significado desses espaccedilos tudo muda desde o amplo conteuacutedo dos direitos e das responsabilidades puacuteblicas ateacute os detalhes institucionais e curriculares da peda-gogia do letramento Em vez da cultura central e dos padrotildees nacionais o campo da cidadania eacute um espaccedilo para a negocia-ccedilatildeo de um tipo diferente de ordem social onde as diferenccedilas satildeo ativamente reconhecidas onde essas diferenccedilas satildeo negociadas de forma a se complementarem e onde as pessoas tecircm a chance de expandir seus repertoacuterios culturais e linguiacutesticos para que possam acessar uma gama mais ampla de recursos culturais e institucionais (Cope Kalantzis 1995)

Vivemos em um ambiente no qual as diferenccedilas subculturais ndash de identidade e afiliaccedilatildeo ndash estatildeo se tornando cada vez mais significativas Gecircnero etnia geraccedilatildeo e orientaccedilatildeo sexual satildeo ape-nas alguns dos marcadores dessas diferenccedilas Para aqueles que anseiam por ldquopadrotildeesrdquo elas aparecem como evidecircncia de uma fragmentaccedilatildeo angustiante da estrutura social De fato em certo sentido eacute apenas uma mudanccedila histoacuterica em que as culturas na-cionais singulares tecircm menos influecircncia do que antes Por exem-plo um dos paradoxos dos sistemas de miacutedia multicanais menos regulamentados eacute que eles minam o conceito de audiecircncia cole-tiva e cultura comum em vez de promover o oposto uma gama crescente de opccedilotildees subculturais acessiacuteveis e a crescente diver-

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

29

gecircncia de discursos especializados e subculturais Isso significa o fim definitivo do ldquopuacuteblicordquo ndash aquela comunidade imaginaacuteria homogecircnea de Estados-naccedilatildeo democraacuteticos modernos

No entanto agrave medida que as diferenccedilas subculturais se tornam mais significativas tambeacutem testemunhamos outro de-senvolvimento um tanto contraditoacuterio ndash a crescente invasatildeo de espaccedilos privados pela cultura da miacutedia de massa pela cultura global de commodities e pelas redes de comunicaccedilatildeo e de infor-maccedilatildeo As culturas infantis satildeo feitas de narrativas e mercado-rias entrelaccediladas que cruzam a TV brinquedos embalagens de fast-food videogames camisetas sapatos roupas de cama esto-jos de laacutepis e lancheiras (Luke 1995) Os pais consideram essas narrativas mercantis inexoraacuteveis e os professores descobrem que suas mensagens culturais e linguiacutesticas perdem forccedila e relevacircn-cia ao competir com essas narrativas globais Como exatamente negociar esses textos globais invasivos Em alguns sentidos a invasatildeo da miacutedia de massa e o consumismo zombam da diver-sidade de suas miacutedias e canais Apesar de toda a diferenciaccedilatildeo subcultural dos nichos de mercado natildeo eacute oferecido muito espaccedilo no mercado infantil que reflita a verdadeira diversidade entre crianccedilas e adolescentes

Enquanto isso a vida particular estaacute se tornando mais puacute-blica agrave medida que tudo se torna um assunto potencial de dis-cussatildeo na miacutedia resultando no que chamamos de ldquoconversacio-nalizaccedilatildeordquo da linguagem puacuteblica Discursos que antes eram do domiacutenio particular ndash as complexidades da vida sexual de figuras puacuteblicas discussatildeo de memoacuterias reprimidas de abuso infantil ndash agora satildeo despudoradamente tornados puacuteblicos Em alguns sentidos isso eacute um desenvolvimento muito positivo e importan-te na medida em que essas satildeo questotildees frequentemente impor-tantes que precisam de uma divulgaccedilatildeo A conversacionalizaccedilatildeo difundida da linguagem puacuteblica no entanto envolve a simula-ccedilatildeo institucionalmente motivada da linguagem conversacional e das personas e relaccedilotildees da vida cotidiana A vida profissional estaacute sendo transformada para operar de acordo com metaacuteforas que antes eram distintamente privadas como gerenciamento por ldquoculturardquo equipes dependentes de discursos interpessoais e

30

relaccedilotildees paternalistas de orientaccedilatildeo Muito disso pode ser consi-derado ciacutenico manipulador invasivo e explorador visto que os discursos da vida particular e da comunidade satildeo apropriados para servir a fins comerciais e institucionais Em outras palavras este eacute um processo que destroacutei em parte a autonomia dos estilos de vida particular e comunitaacuterio

O desafio eacute disponibilizar espaccedilo para que diferentes esti-los de vida ndash espaccedilos para a vida comunitaacuteria onde significados locais e especiacuteficos possam ser construiacutedos ndash possam prosperar Os novos canais de multimiacutedia e hipermiacutedia podem e agraves vezes fornecem aos membros de subculturas a oportunidade de encon-trarem suas proacuteprias vozes Essas tecnologias tecircm o potencial de permitir maior autonomia para diferentes estilos de vida por exemplo televisatildeo multiliacutengue ou a criaccedilatildeo de comunidades vir-tuais por meio do acesso agrave internet

Poreacutem quanto mais diversos e vibrantes esses estilos de vida se tornam e quanto maior o espectro das diferenccedilas menos claramente delimitados os diferentes estilos de vida parecem ser A palavra ldquocomunidaderdquo eacute frequentemente usada para descrever as diferenccedilas que agora satildeo tatildeo criacuteticas ndash a comunidade iacutetalo-a-mericana a comunidade gay a comunidade empresarial e assim por diante ndash como se cada uma dessas comunidades tivesse li-mites bem definidos Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes nos novos espaccedilos puacuteblicos de pluralismo cida-datildeo suas fronteiras tornam-se mais evidentemente complexas e sobrepostas A crescente divergecircncia entre os estilos de vida e a crescente importacircncia das diferenccedilas satildeo responsaacuteveis pela inde-finiccedilatildeo de suas fronteiras Quanto mais autocircnomos os estilos de vida se tornam mais movimento pode haver pessoas entrando e saindo estilos de vida inteiros passando por grandes transiccedilotildees negociaccedilatildeo mais aberta e produtiva de diferenccedilas internas liga-ccedilotildees e alianccedilas externas mais livres

Como as pessoas satildeo simultaneamente membros de vaacuterios estilos de vida suas identidades tecircm vaacuterias camadas que estatildeo em relaccedilatildeo complexa umas com as outras Nenhuma pessoa eacute membro de uma uacutenica comunidade Em vez disso elas satildeo mem-bros de comunidades muacuteltiplas e sobrepostas ndash comunidades de

31

trabalho de interesse e afiliaccedilatildeo de etnia de identidade sexual e assim por diante (Kalantzis 1995)

Diferenccedilas de linguagem discurso e registro satildeo marca-dores de diferenccedilas no estilo de vida Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes e suas fronteiras mais borradas o fato central da linguagem torna-se a multiplicidade de senti-dos e sua interseccedilatildeo contiacutenua Assim como existem muacuteltiplas ca-madas para a identidade de todos existem muacuteltiplos discursos de identidade e muacuteltiplos discursos de reconhecimento a serem negociados Precisamos ser proficientes ao negociar os muitos estilos de vida que habitam cada um de noacutes e os muitos estilos de vida que encontramos em nossa vida cotidiana Isso cria um novo desafio para a pedagogia do letramento Em suma este eacute o mundo que a pedagogia do letramento agora precisa abordar

Realidades emtransformaccedilatildeo

Desenhando futuros sociais

Vidas profissionais Capitalismo acelerado Poacutes-fordismo

-gt Diversidade produtiva

Vidas puacuteblicas Decliacutenio do pluralismo puacuteblico

-gt Pluralismo cidadatildeo

Vidas privadas Invasatildeo do espaccedilo privado

-gt Estilo de vidamulticamadas

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

As escolas sempre desempenharam um papel crucial na de-terminaccedilatildeo das oportunidades de vida dos estudantes Elas

regulam o acesso agraves ordens do discurso ndash a relaccedilatildeo dos discursos em um espaccedilo social especiacutefico ndash e ao capital simboacutelico ndash senti-dos simboacutelicos que tecircm circulaccedilatildeo no acesso ao emprego poder poliacutetico e reconhecimento cultural Elas fornecem acesso a um

32

mundo de trabalho ordenado hierarquicamente elas moldam suas cidadanias elas fornecem um suplemento aos discursos e atividades de comunidades e estilos de vida particulares Como esses trecircs domiacutenios principais da atividade social mudaram os papeacuteis e as responsabilidades das escolas precisam mudar

A escolarizaccedilatildeo institucionalizada desempenhou tradicio-nalmente a funccedilatildeo de disciplinar e capacitar pessoas para aacutereas de trabalho industriais regulamentadas auxiliando na formaccedilatildeo do caldeiratildeo de cidadatildeos nacionais homogecircneos e suavizando as diferenccedilas herdadas entre estilos de vida Isso eacute o que Dewey (1916-1966) chamou de funccedilatildeo assimilatoacuteria da escolarizaccedilatildeo a funccedilatildeo de homogeneizar as diferenccedilas Agora a funccedilatildeo das salas de aula e da aprendizagem eacute em alguns sentidos inversa Cada sala de aula iraacute inevitavelmente reconfigurar as relaccedilotildees de di-ferenccedila local e global que agora satildeo tatildeo importantes Para serem relevantes os processos de aprendizagem precisam recrutar em vez de tentar ignorar e apagar as diferentes subjetividades ndash in-teresses intenccedilotildees compromissos e propoacutesitos ndash que os alunos trazem ao processo de aprendizado O curriacuteculo agora precisa se entrelaccedilar com diferentes subjetividades e seus inerentes lingua-gens discursos e registros e usaacute-los como um recurso de apren-dizagem

Essa eacute a base necessaacuteria para uma pedagogia que abra possibilidades de maior acesso O perigo do pluralismo simpli-ficador e caricato eacute que ele vecirc as diferenccedilas como imutaacuteveis e as deixa fragmentadas Visto que as diferenccedilas satildeo agora uma ques-tatildeo central predominante o nuacutecleo ou a tendecircncia dominante mudou Na medida em que natildeo pode haver uma liacutengua e cultura nacional universal padratildeo existem novos padrotildees universais na forma de diversidade produtiva pluralismo cidadatildeo e estilos de vida multicamadas

Essa eacute a base para uma pedagogia de acesso transformada ndash acesso ao capital simboacutelico com um valor real nas realidades emergentes de nosso tempo Tal pedagogia natildeo envolve sobres-crever as subjetividades existentes com a liacutengua da cultura domi-nante Esses antigos significados de ldquoacessordquo e ldquomobilidaderdquo satildeo a base para modelos de pedagogia que partem da ideia de que

33

culturas e liacutenguas diferentes das predominantes representam um deacuteficit No entanto na realidade emergente ainda existem deacuteficits reais como a falta de acesso ao poder social agrave riqueza e a siacutembolos de reconhecimento O papel da pedagogia eacute desen-volver uma epistemologia do pluralismo que proporcione acesso sem que as pessoas tenham de apagar ou deixar para traacutes dife-rentes subjetividades Essa deve ser a base de uma nova norma

A transformaccedilatildeo das escolas e do letramento escolar eacute ao mesmo tempo uma questatildeo muito ampla e especiacutefica uma parte criacutetica de um projeto social mais abrangente No entanto haacute um limite para o que as escolas podem alcanccedilar sozinhas A questatildeo ampla eacute o que contaraacute para o sucesso no mundo do futuro imi-nente um mundo que pode ser imaginado e alcanccedilado A ques-tatildeo mais estrita eacute como podemos transformar gradativamente os resultados alcanccedilaacuteveis e adequados da escolaridade Como podemos complementar o que as escolas jaacute fazem Natildeo podemos refazer o mundo por meio da escolarizaccedilatildeo mas podemos favo-recer uma visatildeo por meio da pedagogia que cria no microcosmo um conjunto transformador de relaccedilotildees e possibilidades de fu-turos sociais uma visatildeo que eacute vivida nas escolas Isso pode en-volver atividades como a simulaccedilatildeo de relaccedilotildees de trabalho com colaboraccedilatildeo comprometimento e envolvimento criativo usar a escola como local para acesso e aprendizagem de miacutedia de mas-sa resgatar o espaccedilo puacuteblico de cidadania escolar para diversas comunidades e discursos e criar comunidades de aprendizes diversificadas e que respeitem a autonomia dos estilos de vida

No restante deste artigo desenvolvemos a noccedilatildeo de pe-dagogia como design Nosso objetivo eacute discutir a proposiccedilatildeo de que o curriacuteculo eacute um projeto para futuros sociais e debater a forma geral desse projeto agrave medida que complementamos a pedagogia do letramento nas maneiras indicadas pela noccedilatildeo de multiletra-mentos Nesse sentido este artigo natildeo tem orientaccedilatildeo praacutetica imediata eacute mais da natureza de um manifesto programaacutetico O apelo agrave praticidade eacute frequentemente mal interpretado na me-dida em que desloca o tipo de discussatildeo fundacional que temos aqui Haacute outro sentido entretanto em que a discussatildeo nesse niacutevel eacute eminentemente praacutetica embora de uma maneira muito

34

geral Diferentes concepccedilotildees de educaccedilatildeo e sociedade levam a formas muito especiacuteficas de curriacuteculo e pedagogia que por sua vez incorporam designs de futuros sociais Para alcanccedilar isso precisamos nos engajar em um diaacutelogo criacutetico com os conceitos centrais do capitalismo acelerado das formas pluralistas emer-gentes de cidadania e dos diferentes estilos de vida Esta eacute a base para um novo contrato social uma nova comunidade

Em relaccedilatildeo ao novo ambiente da pedagogia do letramento preci-samos resgatar duas questotildees fundamentais o ldquoo quecircrdquo da peda-gogia do letramento ou o que os estudantes precisam aprender e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento ou o espectro das rela-ccedilotildees de aprendizagem adequadas

Designs de sentido

Ao abordar a questatildeo do ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento propomos uma metalinguagem dos multiletramentos baseada no conceito de ldquodesignrdquo O Design tornou-se central para inova-ccedilotildees no universo do trabalho bem como para reformas escola-res no mundo contemporacircneo Professores e gestores satildeo vistos como designers de processos e ambientes de aprendizagem e natildeo como chefes que ditam o que seus subordinados devem pen-sar e fazer Aleacutem disso algumas pessoas tecircm argumentado que a pesquisa educacional deveria tornar-se uma ciecircncia baseada em design estudando como diferentes planos curriculares projetos pedagoacutegicos e formatos de sala de aula motivam e alcanccedilam di-ferentes tipos de aprendizagem Do mesmo modo os gestores escolares tecircm suas proacuteprias concepccedilotildees de design estudando como a gestatildeo e as teorias empresariais podem ser postas em praacutetica e continuamente ajustadas e pensadas na praacutetica A no-ccedilatildeo de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteli-gecircncia criativa de que os melhores profissionais necessitam para poderem continuamente redesenhar suas atividades no ato da

O ldquo o q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

35

praacutetica Tambeacutem se associa agrave ideia de que a aprendizagem e a produtividade satildeo resultados de designs (estruturas) de sistemas complexos de pessoas ambientes tecnologia crenccedilas e textos

Decidimos tambeacutem utilizar a expressatildeo design para des-crever as formas de sentido porque o termo estaacute livre de associa-ccedilotildees negativas para os professores como por exemplo o termo ldquogramaacuteticardquo Trata-se de um conceito suficientemente rico para fundar um curriacuteculo linguiacutestico e uma pedagogia O termo tem tambeacutem uma feliz ambiguidade pode identificar tanto a estru-tura organizacional (ou morfologia) dos produtos quanto o pro-cesso de criaccedilatildeo Expressotildees como ldquoo design de um carrordquo ou ldquoo design de um textordquo podem ter os dois sentidos o modo como eacute ndash foi ndash projetado ou o processo de design dele Propomos tratar qualquer atividade semioacutetica incluindo a utilizaccedilatildeo da lingua-gem para produzir ou consumir textos como uma questatildeo de Design envolvendo trecircs elementos Designs Disponiacuteveis Desig-ning5 e o Redesign Juntos esses trecircs elementos enfatizam que a produccedilatildeo de sentidos eacute um processo vivo e dinacircmico e natildeo algo regido por regras estaacuteticas

Essa estrutura eacute baseada numa teoria especiacutefica do dis-curso Ela entende a atividade semioacutetica como uma aplicaccedilatildeo criativa e uma combinaccedilatildeo de convenccedilotildees (recursos ndash Designs Disponiacuteveis) que no processo de Design transforma ao mesmo tempo que reproduz essas convenccedilotildees (Fairclough 1992 a 1995) Aquilo que determina (Designs Disponiacuteveis) e o processo ativo de determinaccedilatildeo (Designing que cria Redesigns) estatildeo em cons-tante tensatildeo Essa teoria enquadra-se bem na visatildeo da vida e dos sujeitos sociais em sociedades em raacutepida mudanccedila e cultural-mente diversas que descrevemos anteriormente

Designs Disponiacuteveis

Designs Disponiacuteveis ndash os recursos para o Design ndash incluem as ldquogramaacuteticasrdquo de vaacuterios sistemas semioacuteticos as gramaacuteticas das liacutenguas e as gramaacuteticas de outros sistemas semioacuteticos tais como cinema fotografia ou gramaacutetica gestual Os Designs Disponiacuteveis tambeacutem incluem ldquoordens do discursordquo (Fairclough 1995) Uma

36

ordem do discurso eacute o conjunto estruturado de convenccedilotildees asso-ciadas agrave atividade semioacutetica (incluindo o uso da liacutengua) num determinado espaccedilo social ndash uma sociedade especiacutefica ou uma instituiccedilatildeo especiacutefica como uma escola ou um local de trabalho ou espaccedilos menos estruturados da vida comum agrupados na noccedilatildeo de diferentes modos de vida Uma ordem do discurso eacute um conjunto de discursos socialmente produzidos interligados e interagindo de forma dinacircmica Trata-se de uma configuraccedilatildeo especiacutefica dos elementos do Design Uma ordem do discurso pode ser vista como uma configuraccedilatildeo particular de tais ele-mentos Pode incluir uma mistura de diferentes sistemas semioacute-ticos ndash por exemplo sistemas semioacuteticos visuais e auditivos em combinaccedilatildeo com a liacutengua constituem a ordem do discurso da televisatildeo Outro exemplo pode envolver as gramaacuteticas de vaacuterias liacutenguas ndash as ordens do discurso de diferentes escolas

A ordem do discurso tem como objetivo apreender a ma-neira como diferentes discursos se relacionam (conversam) en-tre si Deste modo o discurso das gangues afro-americanas de Los Angeles estaacute historicamente relacionado com o discurso da poliacutecia da cidade Os discursos de ambos e outros discursos se-melhantes moldam-se e satildeo moldados uns pelos outros Para dar outro exemplo considere-se as relaccedilotildees histoacutericas e institucio-nais entre o discurso da biologia e o discurso do fundamentalis-mo religioso As escolas satildeo espaccedilos especialmente importantes em que um conjunto de discursos se relacionam entre si ndash dis-cursos disciplinares discursos de ser professor (cultura do pro-fessor) discurso de ser estudante (de diferentes tipos) discursos comunitaacuterios eacutetnicos de classe e discursos da esfera puacuteblica en-volvendo negoacutecios e governo por exemplo Cada discurso envol-ve produccedilatildeo reproduccedilatildeo e transformaccedilatildeo de diferentes tipos de pessoas Existe diversidade entre afro-americanos professores crianccedilas estudantes policiais e bioacutelogos O mesmo indiviacuteduo pode ser uma pessoa diferente em lugares e momentos distintos Diferentes tipos de pessoas conectam-se por meio dos discursos entrecruzados que constituem as ordens do discurso

No acircmbito das ordens do discurso existem convenccedilotildees es-peciacuteficas dos Designs ndash Disponiacuteveis ndash que assumem a forma de

37

discursos estilos gecircneros dialetos e vozes para citar algumas das principais variaacuteveis Um discurso eacute uma configuraccedilatildeo do co-nhecimento e das suas formas habituais de expressatildeo que repre-senta um conjunto especiacutefico de interesses Ao longo do tempo por exemplo as instituiccedilotildees produzem discursos ndash ou seja as suas configuraccedilotildees de conhecimento Estilo eacute a configuraccedilatildeo de todas as expressotildees semioacuteticas de um texto em que por exemplo a linguagem pode estar relacionada com o layout e a programa-ccedilatildeo visual Os gecircneros satildeo formas de texto ou organizaccedilatildeo textual que surgem de configuraccedilotildees sociais especiacuteficas ou das relaccedilotildees especiacuteficas dos participantes de uma interaccedilatildeo Refletem os ob-jetivos dos participantes num dado tipo de interaccedilatildeo Numa en-trevista por exemplo o entrevistador quer algo o entrevistado quer algo mais e o gecircnero da entrevista reflete isso Os dialetos podem ser relacionados com a regiatildeo ou a idade A voz eacute mais individual e pessoal incluindo evidentemente muitos fatores discursivos e geneacutericos

O conceito abrangente de ordens do discurso eacute necessaacuterio para enfatizar que no designing de textos e interaccedilotildees as pesso-as recorrem sempre a sistemas de praacutetica sociolinguiacutestica bem como a sistemas gramaticais Esses sistemas podem natildeo ser tatildeo clara ou rigidamente estruturados como a palavra ldquosistemardquo su-gere mas existem sempre alguns pontos comuns de orientaccedilatildeo quando agimos semioticamente Os Designs Disponiacuteveis tam-beacutem incluem outro elemento a experiecircncia linguiacutestica e discur-siva das pessoas envolvidas no designing na qual um momento de designing flui continuamente como as histoacuterias particulares dos membros envolvidos Podemos referir-nos a isso como o contexto intertextual (Fairclough 1989) que liga o texto que estaacute sendo criado a uma ou mais cadeias (ldquoredesrdquo) de textos passados

Designing

O processo de modelagem do sentido emergente envolve reapre-sentaccedilatildeo e recontextualizaccedilatildeo Isso nunca eacute simplesmente uma repeticcedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis Cada momento da produccedilatildeo

38

de sentidos envolve a transformaccedilatildeo dos recursos de sentido dis-poniacuteveis Ler ver e ouvir satildeo todos instacircncias do Designing

Segundo Halliday (1978) um profundo princiacutepio organi-zacional nas gramaacuteticas das liacutenguas humanas eacute a distinccedilatildeo entre macrofunccedilotildees da linguagem que satildeo as diferentes funccedilotildees dos Designs Disponiacuteveis funccedilotildees ideacionais interpessoais e textu-ais Essas funccedilotildees produzem distintas expressotildees de sentido A funccedilatildeo ideacional trata do ldquoconhecimentordquo e a funccedilatildeo interpes-soal trata das ldquorelaccedilotildees sociaisrdquo Quanto agraves ordens do discurso a inter-relaccedilatildeo generativa dos discursos num contexto social os seus gecircneros constituintes podem ser parcialmente caracteriza-dos em termos das relaccedilotildees sociais especiacuteficas e posiccedilotildees pesso-ais que articulam enquanto que os discursos satildeo conhecimentos especiacuteficos (construccedilotildees do mundo) articulados com posiccedilotildees especiacuteficas do sujeito

Qualquer atividade semioacutetica ndash qualquer Designing ndash fun-ciona simultaneamente sobre e com essas facetas dos Designs Disponiacuteveis O Designing reproduziraacute mais ou menos norma-tivamente ou transformaraacute mais ou menos radicalmente os co-nhecimentos dados as relaccedilotildees sociais e identidades dependen-do das condiccedilotildees sociais sob as quais o Design ocorre Mas nunca iraacute simplesmente reproduzir os Designs Disponiacuteveis O Desig-ning transforma o conhecimento ao produzir novas construccedilotildees e representaccedilotildees da realidade Atraveacutes da co-gestatildeo de Desig-ns as pessoas transformam suas relaccedilotildees umas com as outras e assim transformam-se a si mesmas Esses natildeo satildeo processos independentes Configuraccedilotildees de indiviacuteduos relaccedilotildees sociais e conhecimentos satildeo trabalhados e transformados (Designing) no processo de designing As configuraccedilotildees preexistentes e novas satildeo sempre provisoacuterias embora possam atingir um elevado grau de permanecircncia A transformaccedilatildeo eacute sempre uma nova utilizaccedilatildeo de velhos materiais uma rearticulaccedilatildeo e recombinaccedilatildeo dos re-cursos dos Designs Disponiacuteveis

A noccedilatildeo de Design reconhece a natureza iterativa da pro-duccedilatildeo de sentidos recorrendo aos Designs Disponiacuteveis para criar padrotildees de sentidos que satildeo parcialmente previsiacuteveis em seus contextos Eacute por isso que o Redesign traz em si certo ar de

39

familiaridade No entanto haacute algo inevitavelmente uacutenico em cada enunciado A maioria dos paraacutegrafos escritos satildeo uacutenicos nunca construiacutedos exatamente dessa forma antes e ndash exceto pela coacutepia ou pela improbabilidade estatiacutestica ndash nunca mais devem ser construiacutedos dessa forma novamente Do mesmo modo haacute algo irredutivelmente uacutenico na voz de cada pessoa O Designing sempre envolve a transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis sem-pre envolve fazer novo uso de materiais antigos

Eacute importante frisar que ouvir e falar ler e escrever satildeo atividades produtivas formas de designing Ouvintes e leitores encontram textos como designs disponiacuteveis Eles tambeacutem se va-lem de sua experiecircncia de outros designs disponiacuteveis como um recurso para criar novos significados a partir dos textos que en-contram A sua leitura e escuta satildeo em si uma produccedilatildeo (um De-signing) de textos (embora textos para si natildeo textos para outros) com base em seus proacuteprios interesses e experiecircncias de vida E sua escuta e leitura por sua vez transformam os recursos que receberam na forma de Designs disponiacuteveis em Redesigned

Redesigned

O resultado do Designing gera um novo significado algo por meio do qual os produtores de sentidos se recriam Nunca eacute uma reformulaccedilatildeo ou uma simples recombinaccedilatildeo de Designs Disponiacuteveis O Redesigned pode ser variavelmente criativo ou reprodutivo em relaccedilatildeo aos recursos para a produccedilatildeo de senti-dos existentes nos Designs Disponiacuteveis Mas natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo (como o mito das normas e da pedagogia da trans-missatildeo nos faria acreditar) nem eacute simplesmente criativo (como os mitos da originalidade individual e da voz pessoal nos fariam crer) Como a instacircncia em que estatildeo em jogo os recursos cultu-rais e as subjetividades uacutenicas o Redesigned fundamenta-se em padrotildees de sentido histoacuterica e culturalmente herdados Ao mes-mo tempo eacute produto uacutenico do agenciamento humano sentido transformado E por sua vez o Redesigned torna-se um novo Design Disponiacutevel um novo recurso produtor de sentidos

40

Aleacutem disso por meio dos processos do Design os pro-dutores de sentido se recriam Reconstroem e renegociam suas identidades O Redesigned natildeo apenas foi construiacutedo ativamen-te mas tambeacutem eacute uma evidecircncia das maneiras como a interven-ccedilatildeo ativa no mundo que eacute o Designing transformou o proacuteprio designer

Designs de sentidos

Dimensotildees da produccedilatildeo de sentidos

Professores e alunos precisam de uma linguagem para descrever os sentidos que satildeo representados nos Designs Disponiacuteveis e no Redesigned Em outras palavras eles precisam de uma metalin-guagem ndash ou seja uma linguagem para falar sobre linguagem imagens textos e interaccedilotildees na produccedilatildeo de sentidos

Um dos objetivos do Projeto Internacional dos Multiletra-mentos iniciado e planejado durante a reuniatildeo de Nova Londres e entrando agora em uma fase de pesquisa colaborativa e expe-rimentaccedilatildeo de curriacuteculo eacute desenvolver uma gramaacutetica funcio-nal e educacionalmente acessiacutevel isto eacute uma metalinguagem que descreva o sentido em diferentes ambientes Estes incluem o textual e o visual assim como as relaccedilotildees multimodais entre os diferentes processos de produccedilatildeo de sentidos que agora satildeo tatildeo fundamentais nos textos da miacutedia impressa quanto nos textos multimiacutedia eletrocircnicos

Qualquer metalinguagem a ser utilizada em um curriacuteculo escolar tem de atender a alguns criteacuterios riacutegidos Deve ser ca-

Designs de sentidos

Designs disponiacuteveis Recursos para produccedilatildeo de sentidos designs Disponiacuteveis para produccedilatildeo de sentidos

Designing O trabalho desenvolvido sobrecom os designs Disponiacuteveis no processo semioacutetico

Redesigned Os recursos reproduzidos e transformados por meio do designing

41

paz de fundamentar anaacutelises criacuteticas sofisticadas da linguagem e de outros sistemas semioacuteticos e ao mesmo tempo natildeo fazer exigecircncias impraticaacuteveis aos conhecimentos do professor e do aprendiz e natildeo evocar imediatamente as aversotildees muitas vezes justificadas e acumuladas dos professores em relaccedilatildeo ao forma-lismo O uacuteltimo ponto eacute crucial pois os professores devem estar motivados a trabalhar com a metalinguagem

Uma metalinguagem tambeacutem precisa ser bastante flexiacutevel e aberta Ela deve ser vista como uma caixa de ferramentas para trabalhar em atividades semioacuteticas natildeo como um formalismo a ser a elas aplicado Devemos nos sentir agrave vontade com conceitos confusos eou sobrepostos Professores e alunos devem ser capa-zes de escolher e selecionar a partir das ferramentas oferecidas Eles tambeacutem devem sentir-se livres para modelar suas proacuteprias ferramentas A flexibilidade eacute muito importante porque a rela-ccedilatildeo entre categorias descritivas e analiacuteticas e a praacutetica eacute por na-tureza mutaacutevel provisoacuteria insegura e relativa aos contextos e propoacutesitos da anaacutelise

Aleacutem disso o objetivo principal da metalinguagem deve ser identificar e explicar as diferenccedilas entre textos e relacionaacute-las aos contextos culturais e agraves situaccedilotildees em que atuam A metalin-guagem natildeo deve impor regras estabelecer padrotildees de correccedilatildeo ou privilegiar certos discursos para ldquocapacitarrdquo os estudantes

A metalinguagem que estamos sugerindo para analisar o Design de sentidos com relaccedilatildeo agraves ordens do discurso inclui ter-mos-chaves como ldquogecircnerosrdquo e ldquodiscursosrdquo e uma seacuterie de concei-tos relacionados tais como vozes estilos e provavelmente outros (Fairclough 1992a Kress 1990 van Leeuwen 1993) Informal-mente podemos perguntar a respeito de qualquer Designing quais satildeo as regras do jogo E qual eacute a perspectiva

ldquoAs regras do jogordquo nos apontam na direccedilatildeo do propoacutesito e da noccedilatildeo de gecircneros do discurso Agraves vezes as regras do jogo podem ser especificadas em termos de um gecircnero bem definido e socialmente marcado como a liturgia da igreja agraves vezes natildeo haacute uma categoria geneacuterica clara A atividade semioacutetica e os textos que ela gera normalmente misturam gecircneros (por exemplo con-sultas entre meacutedico e paciente que satildeo em parte como exames

42

meacutedicos e em parte como sessotildees de aconselhamento ou mesmo conversas informais)

Na tentativa de caracterizar as regras do jogo e o gecircnero do discurso devemos partir do contexto social do ambiente ins-titucional e das relaccedilotildees e das praacuteticas sociais em que os textos estatildeo inseridos O gecircnero eacute um aspecto intertextual de um texto Ele mostra como o texto se liga a outros textos no contexto in-tertextual e como ele pode ser semelhante em alguns aspectos a outros textos utilizados em contextos sociais similares e suas conexotildees com outros tipos de texto na(s) ordem(ns) do discurso Mas o gecircnero eacute apenas um dos vaacuterios aspectos intertextuais de um texto e precisa ser usado em conjunto com outros aspectos especialmente com os discursos

Um discurso eacute uma construccedilatildeo de algum aspecto da reali-dade de um ponto de vista especiacutefico de um acircngulo especiacutefico em termos de interesses especiacutefico Como substantivo abstrato o discurso chama a atenccedilatildeo para o uso da linguagem como uma faceta da praacutetica social que eacute moldada ndash e molda ndash pelas ordens culturais do discurso bem como pelos sistemas linguiacutesticos (gramaacuteticas) Como substantivo contaacutevel (discursos no plural em vez de discurso geneacuterico) ele chama a atenccedilatildeo para a diversida-de de construccedilotildees (representaccedilotildees) de vaacuterios domiacutenios da vida e experiecircncias associadas a diferentes vozes posiccedilotildees e interesses (subjetividades) Novamente alguns discursos satildeo claramente demarcados e tecircm nomes convencionais na cultura (por exem-plo discursos feministas poliacutetico-partidaacuterios ou religiosos) en-quanto outros satildeo muito mais difiacuteceis de serem identificados As caracterizaccedilotildees intertextuais dos textos em termos de gecircneros e discursos satildeo melhor consideradas como aproximaccedilotildees provi-soacuterias pois satildeo interpretaccedilotildees culturais de textos que dependem da sensibilidade difusa poreacutem operacionalmente adequada do analista em relaccedilatildeo agrave cultura e tambeacutem aos conhecimentos es-pecializados

43

Elementos do design

Uma das principais ideias que fundamentam a noccedilatildeo de multile-tramentos eacute a crescente complexidade e inter-relaccedilatildeo dos diver-sos modos de produccedilatildeo de sentidos Identificamos seis grandes aacutereas para as quais satildeo requeridas gramaacuteticas funcionais ndash as metalinguagens que descrevem e explicam os padrotildees de sen-tido Design Linguiacutestico Design Visual Design Sonoro Design Gestual Design Espacial e Design Multimodal O Design Mul-timodal eacute de uma ordem diferente dos outros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos ele representa os padrotildees de interconexatildeo entre os outros modos Utilizamos a palavra ldquogramaacuteticardquo num sentido positivo como uma linguagem especializada que des-creve padrotildees de representaccedilatildeo Em cada caso nosso objetivo eacute apresentar natildeo mais do que dez elementos principais do Design

Design linguiacutestico

A metalinguagem que propomos utilizar para descrever o De-sign Linguiacutestico tem o objetivo de concentrar nossa atenccedilatildeo nos recursos de representaccedilatildeo Esta metalinguagem natildeo eacute uma cate-goria de habilidades mecacircnicas como eacute comumente usada nas gramaacuteticas para uso educacional nem deve servir de base para uma criacutetica ou reflexatildeo avulsa Ao contraacuterio a noccedilatildeo de Design enfatiza o potencial produtivo e inovador da linguagem como um sistema de produccedilatildeo de sentido Esta eacute uma accedilatildeo uma des-criccedilatildeo geradora da linguagem como um meio de representaccedilatildeo Como argumentamos anteriormente tal orientaccedilatildeo tanto para o meio social quanto para o texto seraacute um requisito essencial para as economias e sociedades do presente e do futuro Seraacute tambeacutem essencial para a produccedilatildeo de determinados tipos de subjetivida-de democraacutetica e participativa Os elementos do Design Linguiacutes-tico que estamos desenvolvendo ajudam a descrever os recursos de representaccedilatildeo que estatildeo disponiacuteveis os vaacuterios sentidos que esses recursos teratildeo se forem utilizados em um contexto espe-ciacutefico e o potencial inovador de reformular esses recursos em relaccedilatildeo aos objetivos sociais

44

Considere este exemplo ldquoAs taxas de mortalidade por cacircn-cer de pulmatildeo estatildeo claramente associadas ao aumento do taba-gismordquo e ldquoTabagismo causa cacircncerrdquo A primeira frase pode signi-ficar o que a segunda significa embora tambeacutem possa significar muitas outras coisas A primeira frase eacute mais expliacutecita em alguns aspectos do que a segunda (por exemplo referecircncia ao cacircncer de pulmatildeo) e menos expliacutecita em outros aspectos (por exemplo ldquoassociado ardquo versus ldquocausardquo) A gramaacutetica foi empregada para projetar dois mecanismos diferentes Cada frase eacute utilizaacutevel em discursos diferentes Por exemplo a primeira eacute uma forma tiacutepica nas ciecircncias sociais e ateacute mesmo nas ciecircncias duras A segunda eacute uma forma tiacutepica da discussatildeo na aacuterea de sauacutede puacuteblica A gra-maacutetica precisa ser vista como uma gama de escolhas que se faz ao projetar a comunicaccedilatildeo para fins especiacuteficos incluindo um maior agenciamento de aspectos natildeo verbais Entretanto essas escolhas precisam ser vistas natildeo apenas como uma questatildeo de estilo ou intenccedilatildeo individual mas como intrinsecamente ligadas a diferentes discursos com seus interesses e relaccedilotildees de poder mais amplos

Nossa metalinguagem sugerida para analisar os desig-ns da liacutengua eacute construiacuteda com base em uma lista de elementos textuais altamente seletiva que a experiecircncia tem mostrado ser particularmente digna de atenccedilatildeo (ver tambeacutem Fowler Hodge Kress Trent 1979 Fairclough 1992a) A tabela a seguir lista al-guns termos-chaves que podem ser incluiacutedos como metalingua-gem do Design Linguiacutestico Eacute provaacutevel que outras caracteriacutesticas textuais potencialmente significativas sejam mencionadas de tempos em tempos mas pensamos que a facilidade em utilizar os elementos listados constitui uma base substancial embora li-mitada para uma consciecircncia criacutetica da linguagem

Examinaremos dois deles agora a fim de ilustrar nossa no-ccedilatildeo de Design Linguiacutestico a nominalizaccedilatildeo e a transitividade A nominalizaccedilatildeo envolve o uso de uma frase para compactar uma grande quantidade de informaccedilotildees algo como a maneira como um compactador de lixo funciona Apoacutes a compactaccedilatildeo natildeo se pode dizer o que foi compactado Considere a expressatildeo ldquoTaxas de morte por cacircncer de pulmatildeordquo Essas ldquotaxasrdquo se referem agraves pes-

45

soas que morrem de cacircncer de pulmatildeo ou aos pulmotildees que mor-rem de cacircncer Natildeo se pode saber isso a menos que tenhamos conhecimento preacutevio sobre essa discussatildeo As nominalizaccedilotildees satildeo usadas para compactar informaccedilotildees ndash conversas inteiras ndash que supomos que as pessoas (ou pelo menos os ldquoespecialistasrdquo) conheccedilam Elas satildeo indicaccedilotildees para quem ldquoestaacute no jogordquo e conse-quentemente tambeacutem para manter as pessoas fora dele

A transitividade indica quanto de agenciamento e de efeito se deseja em uma frase ldquoJoatildeo golpeou Mariardquo tem mais efeito (sobre Maria) do que ldquoJoatildeo atingiu Mariardquo e ldquoJoatildeo golpeou Ma-riardquo tem mais agecircncia do que ldquoMaria foi golpeada6rdquo Uma vez que noacutes humanos relacionamos agecircncia e efeito com responsa-bilidade e culpa em muitos domiacutenios (discursos) estas natildeo satildeo apenas questotildees de gramaacutetica Satildeo maneiras de utilizar a lin-guagem para se envolver em accedilotildees como culpar evitar culpa ou comparar certas coisas com outras

Alguns elementos do Design Linguiacutestico

Emissatildeo Caracteriacutesticas de entonaccedilatildeo ecircnfase ritmo sotaque etc

Vocabulaacuterio e metaacutefora Inclui colocaccedilatildeo lexicalizaccedilatildeo e sentido da palavra

Redesigned A natureza do engajamento do produtor com a mensagem em uma oraccedilatildeo

TransitividadeOs tipos de processo e os participantes da oraccedilatildeo

Vocabulaacuterio e metaacutefora escolha de palavras posicionamento e sentido

Nominalizaccedilatildeo de processos

Transformar accedilotildees qualidades avaliaccedilotildees ou conexatildeo loacutegica em substantivos ou estados de ser e estar

(por exemplo ldquoavaliarrdquo torna-se ldquoavaliaccedilatildeordquo ldquopoderrdquo torna-se ldquohabilidaderdquo)

Estruturas de informaccedilatildeo Como a informaccedilatildeo eacute apresentada em oraccedilotildees e sentenccedilas

Relaccedilotildees de Coerecircncia Local

Coesatildeo entre oraccedilotildees e relaccedilotildees loacutegicas entre as oraccedilotildees (por exemplo incorporaccedilatildeo subordinaccedilatildeo)

Relaccedilotildees de Coerecircncia Global

As propriedades organizacionais gerais dos textos (por exemplo gecircneros)

46

Designs para outros modos de produccedilatildeo de sentido

Os modos de significaccedilatildeo aleacutem do Linguiacutestico satildeo cada vez mais importantes incluindo Visuais (imagens layout de paacutegina for-matos de tela) aacuteudio (muacutesica efeitos sonoros) Gestuais (lingua-gem corporal sensualidade) Espaciais (os significados dos es-paccedilos ambientais espaccedilos arquitetocircnicos) e Multimodais Dos modos de significaccedilatildeo o Multimodal eacute o mais significativo pois relaciona todos os outros modos em conexotildees notavelmente di-nacircmicas Por exemplo as imagens dos meios de comunicaccedilatildeo de massa relacionam o linguiacutestico ao visual e ao gestual de manei-ras intricadas Ler a miacutedia de massa apenas por seus significados linguiacutesticos natildeo eacute suficiente As revistas empregam gramaacuteticas visuais muito diferentes de acordo com seu conteuacutedo social e cultural O roteiro de um seriado como ldquoRoseanne7rdquo natildeo teria nenhuma das qualidades do programa se vocecirc natildeo tivesse uma ldquosensibilidaderdquo para seus significados gestuais sonoros e visu-ais uacutenicos Um script sem esse conhecimento permitiria apenas uma leitura muito limitada Da mesma forma uma visita a um shopping center envolve muito texto escrito No entanto um en-volvimento prazeroso ou criacutetico com o shopping envolveraacute uma leitura multimodal que inclui natildeo apenas o design linguiacutestico mas uma leitura espacial da arquitetura do shopping e a locali-zaccedilatildeo e o sentido dos signos escritos logotipos e iluminaccedilatildeo O McDonaldrsquos tem assentos duros ndash para mantecirc-lo em movimento Os cassinos natildeo tecircm janelas ou reloacutegios ndash para eliminar indica-dores tangiacuteveis da passagem do tempo Esses satildeo sentidos espa-ciais e arquitetocircnicos profundamente importantes cruciais para a leitura de Designs Disponiacuteveis e para o Designing de futuros sociais

Em um sentido profundo toda produccedilatildeo de sentido eacute mul-timodal Todo texto escrito tambeacutem eacute organizado visualmente A editoraccedilatildeo eletrocircnica valoriza o design visual e espalha a res-ponsabilidade pelo visual de maneira muito mais ampla do que acontecia quando a escrita e o layout da paacutegina eram atividades distintas Portanto um projeto de escola pode e deve ser devida-mente avaliado com base no design visual linguiacutestico e em suas

47

relaccedilotildees multimodais Para dar outro exemplo a linguagem fala-da eacute uma questatildeo de design de aacuteudio tanto quanto eacute uma questatildeo de design linguiacutestico entendido como relaccedilotildees gramaticais

Os textos satildeo produzidos usando a gama de escolhas his-toricamente disponiacuteveis entre os diferentes modos de produccedilatildeo de sentidos Isso implica uma preocupaccedilatildeo com as ausecircncias nos textos bem como com as presenccedilas ldquoPor que natildeo issordquo bem como ldquoPor que issordquo (Fairclough 1992b) O conceito de Design enfatiza as relaccedilotildees entre os modos de significaccedilatildeo recebidos (Designs Disponiacuteveis) a transformaccedilatildeo desses modos de produ-ccedilatildeo de sentido em seu uso hiacutebrido e intertextual (Designing) e seu subsequente status a ser lido (O Redesigned) A metalingua-gem da produccedilatildeo de sentido se aplica a todos os aspectos deste processo como as pessoas satildeo posicionadas pelos elementos dos modos de produccedilatildeo de sentido disponiacuteveis (Designs disponiacute-veis) como os autores em alguns sentidos importantes tecircm a responsabilidade de estar conscientemente no controle da trans-formaccedilatildeo de sentidos (Designing) e como os efeitos de sentido a sedimentaccedilatildeo do sentido tornam-se parte do processo social (O Redesigned)

Obviamente a extensatildeo da transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis em Redesigned como resultado do Designing pode variar muito Agraves vezes os produtores de sentidos reproduziratildeo os Designs Disponiacuteveis na forma de Redesigned de maneira mais proacutexima do que em outras ocasiotildees ndash um formulaacuterio em vez de uma carta pessoal ou um classificado em vez de um anuacutencio (display) por exemplo Certo Designing eacute mais premeditado ndash planejado deliberado sistematizado ndash do que outras instacircncias por exemplo uma conversa em vez de um poema Agraves vezes o Designing baseia-se em metalinguagens claramente articuladas talvez especializadas que descrevem os elementos do design (a linguagem do editor profissional ou do arquiteto) enquanto ou-tros designing podem menos ou mais transformadores mesmo que os produtores natildeo tenham uma metalinguagem articulada para descrever os elementos de seus processos de produccedilatildeo de sentido (a pessoa que ldquocorrigerdquo o que eles acabaram de escrever ou o empreiteiro da reforma da casa) Apesar dessas diferentes

48

relaccedilotildees de estrutura e de agecircncia toda produccedilatildeo de sentidos sempre envolve os dois elementos

Dois conceitos-chaves nos ajudam a descrever os sentidos multimodais e as relaccedilotildees de diferentes designs de sentido hi-bridismo e intertextualidade (Fairclough 1992a 1992b) O termo hibridismo destaca os mecanismos de criatividade e de cultura--como-processo particularmente proeminentes na sociedade contemporacircnea As pessoas criam e inovam hibridizando ndash isto eacute articulando de novas maneiras ndash praacuteticas e convenccedilotildees estabe-lecidas dentro e entre diferentes modos de produccedilatildeo de sentido Isso inclui a hibridizaccedilatildeo de modos de significaccedilatildeo de formas estabelecidas (de discursos e gecircneros) e combinaccedilotildees variadas de modos de produccedilatildeo de sentido que ultrapassam as fronteiras da convenccedilatildeo e criam novas convenccedilotildees A muacutesica popular eacute um exemplo perfeito do processo de hibridismo Diferentes formas e tradiccedilotildees culturais satildeo constantemente recombinadas e reestru-turadas ndash as formas musicais da Aacutefrica encontram o eletrocircnico e a induacutestria musical comercial E novas relaccedilotildees estatildeo constan-temente sendo criadas entre sentidos linguiacutesticos e sonoros (pop versus rap) e entre sentidos linguiacutesticossonoros e visuais (per-formance ao vivo versus videoclipes)

A intertextualidade chama a atenccedilatildeo para as maneiras po-tencialmente complexas como os sentidos (como sentidos lin-guiacutesticos) se constituem por meio de relaccedilotildees com outros tex-tos (reais ou imaginaacuterios) tipos de texto (discurso ou gecircneros) narrativas e outros modos de significaccedilatildeo (como design visual posicionamento arquitetocircnico ou geograacutefico) Qualquer texto pode ser visto historicamente em termos das cadeias intertex-tuais (seacuteries histoacutericas de textos) em que se baseia e em termos das transformaccedilotildees que opera sobre elas Por exemplo os filmes estatildeo cheios de referecircncias cruzadas feitas explicitamente pelo cineasta ou lidas no filme pelo espectador enquanto designer um papel uma cena um ambiente O espectador apreende uma boa parte da visatildeo que tem do sentido do filme por meio desses tipos de cadeias intertextuais

49

Uma Teoria da Pedagogia

Qualquer teoria pedagoacutegica bem-sucedida deve ser baseada em visotildees sobre como a mente humana funciona em sociedade e nas salas de aula bem como sobre a natureza do ensino e da aprendizagem Embora certamente acreditemos que nenhuma teoria atual em psicologia educaccedilatildeo ou ciecircncias sociais tem ldquoas respostasrdquo e que as teorias provenientes desses domiacutenios devem sempre ser integradas ao ldquoconhecimento praacuteticordquo dos principais implicados tambeacutem acreditamos que aqueles que propotildeem as reformas curriculares e pedagoacutegicas devem expressar claramen-te seus pontos de vista sobre a mente a sociedade e o aprendiza-do em virtude do que eles acreditam que tais reformas seriam eficazes

Nossa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem baseia-se na suposiccedilatildeo de que a mente humana eacute corporifi-cada situada e social ou seja que o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvido natildeo como ldquogeral e abstratordquo mas sim como inserido em contextos sociais culturais e materiais Aleacutem disso o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvi-do como parte das interaccedilotildees colaborativas com outras pessoas de habilidades experiecircncias e perspectivas diversas unidas em uma comunidade epistecircmica especiacutefica ou seja em uma comu-nidade de alunos engajados em praacuteticas comuns centradas em torno de dado (histoacuterica e socialmente constituiacutedo) domiacutenio do conhecimento Acreditamos que ldquoabstraccedilotildeesrdquo ldquogeneralidadesrdquo e ldquoteorias abertasrdquo surgem dessa base inicial e devem ser sempre devolvidas a essa base ou a uma versatildeo recontextualizada dela

Essa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem que esperamos explicar e desenvolver nos proacuteximos anos como parte de nosso projeto internacional conjunto leva-nos a argumentar que a pedagogia eacute uma integraccedilatildeo complexa de quatro fatores Praacutetica Situada baseada no mundo das experiecircncias de designed e designing dos estudantes Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos moldam para si mesmos uma metalinguagem expliacutecita

O ldquo c o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

50

do design Enquadramento Criacutetico que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais e a Praacutetica Transforma-da na qual os alunos transferem e recriam designs de produccedilatildeo de sentido de um contexto para outro Vamos desenvolver bre-vemente esses temas a seguir

Trabalhos recentes em ciecircncias cognitivas em cogniccedilatildeo social e abordagens socioculturais de liacutengua e letramento (Bar-salou 1992 Bereiter e Scardamalia 1993 Cazden 1988 Clark 1993 Gardner 1991 Gee 1992 Heath 1983 Holanda Holyoak Nisbett Thagard 1986 Lave Wenger 1991 Light e Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990 Scollon e Scollon 1981 Street 1984 Wertsch 1985) argumentam que se um de nossos objetivos pedagoacutegicos eacute algum grau de domiacutenio da praacutetica entatildeo a imer-satildeo em uma comunidade de alunos engajados em versotildees autecircn-ticas dessa praacutetica eacute necessaacuteria Noacutes chamamos isso de Praacutetica Situada Uma pesquisa recente (Barsalou 1992 Eiser 1994 Gee 1992 Harre Gillett 1994 Margolis 1993 Nolan 1994) sustenta que a mente humana natildeo eacute tal como um computador um pro-cessador de regras gerais e abstraccedilotildees descontextualizadas Em vez disso o conhecimento humano quando aplicaacutevel agrave praacutetica estaacute situado principalmente em ambientes socioculturais e forte-mente contextualizado em domiacutenios e praacuteticas de conhecimen-tos especiacuteficos Esse conhecimento estaacute inextricavelmente ligado agrave capacidade de reconhecer e de agir sobre padrotildees de dados e de experiecircncia um processo que eacute adquirido apenas por meio da experiecircncia uma vez que os padrotildees necessaacuterios satildeo mui-tas vezes fortemente amarrados e ajustados ao contexto e satildeo muitas vezes sutis e complexos o suficiente para que ningueacutem possa descrevecirc-los ou explicaacute-los de maneira completa e uacutetil Os humanos satildeo neste niacutevel ldquoreconhecedores de padrotildeesrdquo e atores contextuais e socioculturais Esse reconhecimento de padrotildees eacute a base da capacidade de agir de maneira flexiacutevel e adaptaacutevel no contexto ndash ou seja o domiacutenio na praacutetica

No entanto existem limitaccedilotildees para a Praacutetica Situada como a uacutenica base para a pedagogia Primeiramente a preocu-paccedilatildeo com a situaccedilatildeo da aprendizagem eacute tanto a forccedila quanto a fraqueza das pedagogias progressistas (Kalantzis e Cope 1993a)

51

Embora essa aprendizagem situada possa levar ao domiacutenio na praacutetica os alunos imersos em praacuteticas ricas e complexas podem variar significativamente entre si (e quanto aos objetivos curricu-lares) e alguns podem gastar muito tempo perseguindo as pistas ldquoerradasrdquo por assim dizer Em segundo lugar muito da ldquoimer-satildeordquo que experimentamos quando crianccedilas como na aquisiccedilatildeo de nossa liacutengua ldquonativardquo eacute certamente apoiada por nossa biolo-gia humana e pelo curso normal do amadurecimento e do desen-volvimento humanos Esse apoio natildeo estaacute disponiacutevel na imersatildeo

FIGURA 1 - Multiletramentos Metalinguagens para Descrever e Interpretar os Diferentes Modos de Sentido dos Componentes do Projeto

MULTIMODAL

MULTIMODAL

ALGUNS ELEMENTOS DO PROJETO

Como os sistemas integrados de criaccedilatildeo de sentido dos textos eletrocircnicos multimiacutedia

Componentes de sentido linguiacutestico

tais como

Componentes desentido visual tais como

Componentesque constituem

Componentesque constituem

Componentesque constituem- Apresentaccedilatildeo

- Vocabulaacuterio e metaacutefora- Modalidade- Transitividade- Normalizaccedilatildeo de processos- Estrutura de informaccedilatildeo- Relaccedilotildees de coerecircncia local- Relaccedilotildees de coerecircncia global

- Comportamento- Corporeidade fiacutesica- Gestos- Sensualidade- Sentimentos e afetos- Cinesia- Proxecircmica- Etc

- Cores- Perspectivas- Vetores- Primeiro plano e fundo- Etc

- Sentidos ecossistecircmicos e geograacuteficos - Sentidos arquitetocircnicos- Etc

- Muacutesica- Efeitos sonoros- Etc

Modo de RessignifcaccedilatildeoPr

ojet

o Li

nguiacute

stico

Proje

to V

isua

l

Projeto GestualPro

jeto

Esp

acia

l

Projeto de Aacuteudio

52

escolar posterior em aacutereas como letramento e como domiacutenios acadecircmicos uma vez que estes surgem muito tarde no cenaacuterio humano para ter reunido qualquer suporte bioloacutegico ou evolu-tivo substancial Deste modo qualquer ajuda que a biologia e o amadurecimento possam dar agraves crianccedilas em sua socializaccedilatildeo pri-maacuteria deve ser compensada ndash dada mais abertamente ndash quando usamos a ldquoimersatildeordquo como meacutetodo na escola Terceiro a Praacutetica Situada natildeo leva necessariamente ao controle consciente e agrave per-cepccedilatildeo do que se sabe e faz o que eacute um objetivo central de gran-de parte do aprendizado na escola Quarto essa Praacutetica Situada natildeo cria necessariamente alunos ou comunidades que possam criticar o que estatildeo aprendendo em termos de relaccedilotildees histoacutericas culturais poliacuteticas ideoloacutegicas ou baseadas em valores E em quinto lugar haacute a questatildeo de colocar o conhecimento em accedilatildeo As pessoas podem ser capazes de articular seus conhecimentos em palavras Eles podem ter consciecircncia dos relacionamentos e ateacute mesmo fazer ldquocriacuteticasrdquo Contudo ainda podem ser incapazes de representar reflexivamente seu conhecimento na praacutetica

Portanto a Praacutetica Situada na qual os professores orien-tam uma comunidade de alunos como ldquomestresrdquo da praacutetica deve ser suplementada por vaacuterios outros componentes (ver Cazden 1992) Aleacutem do domiacutenio na praacutetica uma pedagogia eficaz deve procurar a compreensatildeo criacutetica ou a compreensatildeo cultural em dois sentidos diferentes Criacutetico na frase ldquocompreensatildeo criacuteticardquo significa percepccedilatildeo consciente e controle sobre as relaccedilotildees intras-sistemaacuteticas de um sistema A imersatildeo notoriamente natildeo leva a isso Por exemplo crianccedilas que adquiriram uma primeira liacutengua por meio da imersatildeo nas praacuteticas de suas comunidades natildeo se tornam em virtude disso bons linguistas Vygotsky (1978 1987) que certamente apoiou a colaboraccedilatildeo na praacutetica como alicerce da aprendizagem tambeacutem argumentou que certas formas de Instruccedilatildeo Aberta eram necessaacuterias para suplementar a imersatildeo (aquisiccedilatildeo) se quiseacutessemos que os alunos desenvolvessem cons-ciecircncia e controle do que adquiriram

Existe outro sentido de ldquocriacuteticardquo como na capacidade de criticar um sistema e suas relaccedilotildees com outros sistemas com base no funcionamento do poder da poliacutetica da ideologia e de valo-

53

res (Fairclough 1992b) Nesse sentido as pessoas tomam consci-ecircncia e satildeo capazes de articular a localizaccedilatildeo cultural das praacuteti-cas Infelizmente nem a imersatildeo em praacuteticas situadas dentro de comunidades de aprendizes nem a Instruccedilatildeo Aberta do tipo que Vygotsky (1987) discutiu necessariamente datildeo origem a esse tipo de compreensatildeo criacutetica ou de compreensatildeo cultural Na ver-dade tanto a imersatildeo quanto muitos tipos de Instruccedilatildeo Aberta satildeo notoacuterios como agentes socializadores que podem tornar os alunos bastante acriacuteticos e nada conscientes da localizaccedilatildeo cultu-ral de significados e praacuteticas

Os quatro componentes da pedagogia que propomos aqui natildeo constituem uma hierarquia linear nem representam estaacutegios Em vez disso satildeo componentes relacionados de maneiras com-plexas Elementos de cada um podem ocorrer simultaneamente enquanto em momentos diferentes um ou outro iraacute predominar e todos eles satildeo repetidamente revisitados em diferentes niacuteveis

Praacutetica Situada

Essa eacute a parte da pedagogia que se constitui pela imersatildeo em praacuteticas significativas dentro de uma comunidade de alunos que satildeo capazes de desempenhar papeacuteis muacuteltiplos e diferentes com base em suas origens e experiecircncias A comunidade deve incluir especialistas pessoas que dominam certas praacuteticas No miacutenimo deve incluir novatos especialistas pessoas que satildeo especialistas em aprender novos domiacutenios com alguma profundidade Esses especialistas podem orientar os alunos servindo como mentores e designers de seus processos de aprendizagem Esse aspecto do curriacuteculo precisa reunir as experiecircncias anteriores e atuais dos alunos bem como suas comunidades e discursos extraescolares como parte integral da experiecircncia de aprendizagem

Haacute ampla evidecircncia de que as pessoas natildeo aprendem nada direito a menos que estejam motivadas para aprender e acreditem que seratildeo capazes de usar e de trabalhar com o que estatildeo aprendendo de alguma forma que seja de seu interesse Portanto a Praacutetica Situada que constitui o aspecto de imersatildeo da pedagogia deve considerar crucialmente as necessidades e as

54

identidades afetivas e socioculturais de todos os alunos Deve tambeacutem constituir uma arena na qual todos os alunos estejam seguros em assumir riscos e em confiar na orientaccedilatildeo de outros mdash colegas e professores

Neste aspecto da pedagogia acreditamos que a avaliaccedilatildeo nunca deve ser usada para julgar mas deve ser usada no desen-volvimento a fim de orientar os alunos para as experiecircncias e para a assistecircncia de que precisam para se desenvolverem ainda mais como membros da comunidade capazes de aproveitar e em uacuteltima anaacutelise contribuindo para toda a gama de seus re-cursos

Instruccedilatildeo Aberta

A Instruccedilatildeo Aberta natildeo implica transmissatildeo direta exerciacutecios e memorizaccedilatildeo mecacircnica embora infelizmente muitas vezes te-nha essas conotaccedilotildees Em vez disso inclui todas as intervenccedilotildees ativas por parte do professor e de outros especialistas que estru-turam as atividades de aprendizagem que concentram o aluno nas caracteriacutesticas importantes de suas experiecircncias e atividades dentro da comunidade de alunos e que permitem que o estudan-te obtenha informaccedilotildees expliacutecitas nos momentos em que pode organizar e orientar a praacutetica de maneira mais uacutetil aproveitando e reunindo o que o aluno jaacute sabe e realizou Inclui centralmen-te os tipos de esforccedilos colaborativos entre professor e aluno em que este tem permissatildeo para realizar uma tarefa mais complexa do que pode realizar por conta proacutepria e em que o aluno chega agrave consciecircncia da representaccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo do professor dessa tarefa e de suas relaccedilotildees com outros aspectos do que estaacute sendo aprendido O objetivo aqui eacute a percepccedilatildeo consciente e o controle sobre o que estaacute sendo aprendido ndash sobre as relaccedilotildees intrassistemaacuteticas do domiacutenio que estaacute sendo praticado

Um aspecto definidor da Instruccedilatildeo Aberta eacute o uso de me-talinguagens linguagens de generalizaccedilatildeo reflexiva que descre-vem a forma o conteuacutedo e a funccedilatildeo dos discursos da praacutetica No caso do esquema dos multiletramentos proposto aqui isso sig-nificaria que os alunos desenvolvem uma metalinguagem que

55

descreve tanto o ldquoquecircrdquo da pedagogia dos letramentos (processos e elementos de design) quanto os andaimes que constituem o ldquocomordquo da aprendizagem (Praacutetica Situada Instruccedilatildeo Aberta En-quadramento Criacutetico Praacutetica Transformada)

Muitas avaliaccedilotildees no curriacuteculo tradicional exigiam a re-peticcedilatildeo das generalidades da Instruccedilatildeo Aberta Como no caso da Praacutetica Situada a avaliaccedilatildeo na Instruccedilatildeo Aberta deveria ser de desenvolvimento um guia para pensamentos e accedilotildees poste-riores Deveria tambeacutem estar relacionada aos outros aspectos do processo de aprendizagem ndash as conexotildees por exemplo entre a evoluccedilatildeo das metalinguagens agrave medida que satildeo negociadas e desenvolvidas por meio da Instruccedilatildeo Aberta por um lado e a Praacutetica Situada Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada por outro

Enquadramento Criacutetico

O objetivo do Enquadramento Criacutetico eacute ajudar os alunos a enqua-drar seu crescente domiacutenio da praacutetica (da Praacutetica Situada) e do controle e compreensatildeo consciente (da Instruccedilatildeo Aberta) quanto agraves relaccedilotildees histoacutericas sociais culturais poliacuteticas ideoloacutegicas e de valor de sistemas especiacuteficos de conhecimento e de praacutetica social Aqui crucialmente o professor deve ajudar os alunos a desnaturalizar e a tornar estranho novamente o que aprenderam e dominaram

Praacutetica Situada

Imersatildeo na experiecircncia e utilizaccedilatildeo dos discursos disponiacuteveis incluindo aqueles dos estilos de vida dos alunos e simulaccedilotildees das relaccedilotildees encontradas em locais de trabalho e espaccedilos puacuteblicos

Instruccedilatildeo Aberta

Compreensatildeo sistemaacutetica analiacutetica e consciente No caso dos multile-tramentos isso requer a introduccedilatildeo de metalinguagens expliacutecitas que descrevem e interpretam os Elementos de design de diferentes modos de produccedilatildeo de sentido

Enquadramento Criacutetico

Interpretar os contextos social e cultural de Desings de sentido espe-ciacuteficos Isso implica os alunos se afastarem do que estatildeo estudando e enxergarem o objeto de estudo de forma criacutetica em relaccedilatildeo ao seu contexto

Praacutetica Transformada

Transferecircncia na praacutetica de produccedilatildeo de sentido que coloca o signi-ficado transformado para funcionar em outros contextos ou espaccedilos culturais

56

Por exemplo a alegaccedilatildeo de que ldquoo DNA se replicardquo en-quadrada na biologia eacute oacutebvia e ldquoverdadeirardquo Enquadrado em outro discurso torna-se menos natural e menos ldquoverdadeirordquo da seguinte maneira Coloque um pouco de DNA em um pouco de aacutegua em um copo sobre a mesa Certamente natildeo se replica-raacute apenas ficaraacute laacute Os organismos se replicam usando o DNA como coacutedigo mas esse coacutedigo eacute colocado em vigor por uma seacuterie de mecanismos que envolvem proteiacutenas Em muitos de nossos discursos acadecircmicos e ocidentais privilegiamos a informaccedilatildeo e a mente em detrimento dos materiais da praacutetica e do traba-lho A afirmaccedilatildeo original coloca em primeiro plano informaccedilatildeo e coacutedigo e omite ou deixa em segundo plano a maquinaria e o trabalho Primeiro e segundo planos se tornam aparentes apenas quando reenquadramos quando retiramos a frase de seu discur-so ldquooriginalrdquo e a colocamos em um contexto mais amplo Aqui o contexto mais amplo satildeo os processos reais e as praacuteticas ma-teriais natildeo apenas afirmaccedilotildees geneacutericas em uma teoria de uma disciplina (o exemplo do DNA eacute de Lewontin 1991)

Por meio do Enquadramento Criacutetico os aprendizes podem obter a distacircncia pessoal e teoacuterica necessaacuteria do que aprenderam criticaacute-la construtivamente explicar sua localizaccedilatildeo cultural es-tendecirc-la e aplicaacute-la de forma criativa e eventualmente inovar por conta proacutepria dentro de comunidades antigas e novas Este eacute o alicerce para a Praacutetica Transformada Tambeacutem representa um tipo de transferecircncia de aprendizagem e uma aacuterea na qual a avaliaccedilatildeo pode comeccedilar a avaliar os alunos e principalmente os processos de aprendizagem nos quais eles estatildeo operando

Praacutetica Transformada

Natildeo eacute suficiente ser capaz de articular a compreensatildeo das rela-ccedilotildees intrassistemaacuteticas ou de criticar as relaccedilotildees extrassistemaacute-ticas Precisamos sempre voltar para onde comeccedilamos para a Praacutetica Situada mas agora uma re-praacutetica em que a teoria se torna praacutetica reflexiva Com seus alunos os professores preci-sam desenvolver maneiras pelas quais os estudantes possam demonstrar como podem produzir o design e realizar de forma

57

reflexiva novas praacuteticas embutidas em seus proacuteprios objetivos e valores Devem ser capazes de mostrar que podem implemen-tar entendimentos adquiridos por meio da Instruccedilatildeo Aberta e do Enquadramento Criacutetico em praacuteticas que os ajudem simul-taneamente a aplicar e a revisar o que aprenderam Na Praacutetica Transformada oferecemos um local para avaliaccedilatildeo situada e contextualizada dos alunos e dos processos de aprendizagem concebidos para eles Esses processos de aprendizagem tal como essa pedagogia precisam ser continuamente reformulados com base nessas avaliaccedilotildees

Na Praacutetica Transformada em uma atividade noacutes tentamos recriar um discurso envolvendo-nos nele para nossos proacuteprios objetivos reais Portanto imagine um aluno tendo de agir e pen-sar como um bioacutelogo e ao mesmo tempo como um bioacutelogo com grande interesse em resistir agrave representaccedilatildeo de coisas femininas ndash de ovos a organismos ndash como ldquopassivasrdquo O aluno agora tem de justapor e integrar (natildeo sem tensatildeo) dois discursos diferentes ou identidades sociais ou ldquointeressesrdquo que historicamente estiveram em conflito Usando outro exemplo como algueacutem pode ser um advogado ldquode verdaderdquo e ao mesmo tempo ter seu desempenho influenciado por ser um afro-americano Em seus argumentos perante a Suprema Corte dos EUA para eliminar a segregaccedilatildeo nas escolas Thurgood Marshall fez isso de maneira claacutessica E ao misturar o discurso da poliacutetica ao discurso da religiatildeo afro-a-mericana Jesse Jackson transformou o primeiro A chave aqui eacute justaposiccedilatildeo integraccedilatildeo e viver na tensatildeo

Vamos amarrar o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramen-to de volta agrave grande agenda com a qual comeccedilamos este artigo focar nas praacuteticas situadas no processo de aprendizagem envol-ve o reconhecimento de que as diferenccedilas satildeo muito importan-tes nos espaccedilos de trabalho na cidadania e nos estilos de vida multicamadas O ensino em sala de aula e o curriacuteculo precisam se envolver com as experiecircncias e os discursos dos proacuteprios alu-nos que satildeo cada vez mais definidos pela diversidade cultural

O P r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

58

e subcultural e pelas diferentes origens e praacuteticas linguiacutesticas que vecircm com essa diversidade A Instruccedilatildeo Aberta natildeo tem a in-tenccedilatildeo ditar ndash empoderar os alunos em relaccedilatildeo agrave ldquogramaacuteticardquo de uma forma de linguagem adequada padratildeo ou poderosa Desti-na-se a ajudar os alunos a desenvolver uma metalinguagem que leve em consideraccedilatildeo as diferenccedilas de design O Enquadramento Criacutetico envolve ligar essas diferenccedilas de design a diferentes pro-poacutesitos culturais A Praacutetica Transformada envolve a mudanccedila de um contexto cultural para outro por exemplo num redesigning de estrateacutegias de significaccedilatildeo para que possam ser transferidas de uma situaccedilatildeo cultural para outra

A ideia de Design eacute aquela que reconhece os diferentes Designs Disponiacuteveis de sentido localizadas como estatildeo em dife-rentes contextos culturais A metalinguagem dos multiletramen-tos descreve os elementos do design natildeo como regras mas como uma heuriacutestica que explica a infinita variabilidade de diferentes formas de produccedilatildeo de sentido em relaccedilatildeo agraves culturas agraves subcul-turas ou agraves camadas da identidade de um indiviacuteduo a que essas formas servem Ao mesmo tempo o Designing restaura a agecircn-cia humana e o dinamismo cultural no processo de produccedilatildeo de sentido Cada ato de produccedilatildeo de sentido tanto se apropria dos Designs Disponiacuteveis quanto os recria no Designing produzindo assim um novo significado o Redesigned Em uma economia de diversidade produtiva em espaccedilos cidadatildeos que valorizam o pluralismo e no florescimento de esferas de vida inter-relacio-nadas com multicamadas complementares mas cada vez mais divergentes trabalhadores cidadatildeos e membros da comunidade satildeo produtores de sentido idealmente criativos e responsaacuteveis Somos de fato designers de nossos futuros sociais

Claro a negociaccedilatildeo necessaacuteria das diferenccedilas seraacute difiacutecil e muitas vezes dolorosa O diaacutelogo encontraraacute abismos de di-ferenccedila de valores de desigualdades grosseiramente injustas e de difiacuteceis mas necessaacuterias cruzamentos de fronteiras As di-ferenccedilas natildeo satildeo tatildeo neutras coloridas e benignas quanto um multiculturalismo simplista pode querer fazer que acreditemos Ainda assim como trabalhadores cidadatildeos e membros da co-munidade noacutes todos precisaremos das habilidades necessaacuterias para negociar essas diferenccedilas

59

Este artigo representa uma declaraccedilatildeo geral de princiacutepios Eacute altamente provisoacuterio e algo que oferecemos como base para o debate puacuteblico O objetivo do Projeto Internacional de Multile-tramentos eacute testar e desenvolver ainda mais essas ideias parti-cularmente a metalinguagem do Design e a pedagogia da Praacuteti-ca Situada Instruccedilatildeo Aberta Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada Tambeacutem queremos estabelecer relaccedilotildees com pro-fessores e pesquisadores desenvolvendo e testando o curriacuteculo e revisando as proposiccedilotildees teoacutericas do projeto

Este artigo eacute uma declaraccedilatildeo provisoacuteria de intenccedilotildees e uma visatildeo geral teoacuterica das conexotildees entre o ambiente social em mudanccedila e o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento Agrave medida que o projeto avanccedila para sua proacutexima fase o grupo que se reuniu em Nova Londres estaacute escrevendo um livro que explora ainda mais as ideias dos multiletramentos relacionando a ideia agraves salas de aula e agraves nossas proacuteprias experiecircncias educa-cionais Tambeacutem estamos comeccedilando a conduzir pesquisas em sala de aula experimentando os multiletramentos como uma noccedilatildeo que pode suplementar e apoiar o curriacuteculo de letramento E estamos ativamente engajados em um diaacutelogo puacuteblico contiacute-nuo Em setembro de 1996 o grupo colocaraacute o projeto em discus-satildeo puacuteblica mais uma vez na Domains of Literacy Conference na Universidade de Londres e novamente em 1997 na Literacy and Education Research Network Conference na Austraacutelia Queremos salientar que este eacute um processo aberto ndash provisoacuterio exploratoacuterio e acolhedor de colaboraccedilotildees muacuteltiplas e divergentes E acima de tudo nosso objetivo eacute fazer algum tipo de diferenccedila para crian-ccedilas reais em salas de aula reais

Essas atividades seratildeo informadas por uma seacuterie de prin-ciacutepios-chaves de accedilatildeo Primeiro o projeto iraacute suplementar natildeo criticar curriacuteculos existentes e abordagens pedagoacutegicas para o ensino da liacutengua inglesa e do letramento Isso incluiraacute o desen-volvimento da estrutura conceitual do Projeto Internacional de Multiletramentos e o mapeamento em relaccedilatildeo agraves praacuteticas curri-culares existentes a fim de ampliar os repertoacuterios pedagoacutegicos e curriculares dos professores Em segundo lugar a equipe do projeto aceitaraacute colaboraccedilotildees com pesquisadores desenvolve-

60

dores de curriacuteculos professores e comunidades A estrutura do projeto representa um diaacutelogo complexo e difiacutecil essas comple-xidades e dificuldades seratildeo articuladas junto com um convite aberto a todos para contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia que faccedila alguma diferenccedila E em terceiro lugar ele se esforccedilaraacute continuamente no sentido de reformular a teoria que sirva para uso direto na praacutetica educacional

Este artigo eacute um ponto de partida provisoacuterio para esse processo

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

2 Em portuguecircs a traduccedilatildeo de literacy sempre ofereceu um desafio aos estudiosos Pode-mos traduzir por alfabetizaccedilatildeo ou por letramento No artigo o contexto nos ajuda a escolher

3 A palavra design tambeacutem eacute um desafio para a traduccedilatildeo Ela estaacute admitida em portuguecircs com sentidos ligados ao projeto ao desenho e agrave beleza Mantivemos o termo em inglecircs mas tambeacutem deslocado de sentidos porventura tidos em portuguecircs Consideramos que este seja um termo ressignificado pelos autores isto eacute uma proposiccedilatildeo metalinguiacutestica que serve agraves ideias do manifesto guardando portanto um sentido especiacutefico e especializado Nesta traduccedilatildeo mantivemos o uso de aspas itaacutelicos e outros destaques conforme o texto original em inglecircs Entendemos que modificar isso ou inserir itaacutelicos em portuguecircs pode-ria alterar sentidos inapropriadamente

4 Em inglecircs fast capitalism

5 No original ocorre a forma Designing com valor substantivo Nossa opccedilatildeo por natildeo tradu-zir se baseia em consideraccedilotildees semelhantes agraves explicitadas na nota 3

6 Em inglecircs strike e strike out

7 Roseanne foi uma seacuterie televisiva norte-americana exibida nos EUA no final dos anos 1990 Foram nove temporadas mais de duzentos episoacutedios e alguns precircmios conquistados Os protagonistas eram representados por Roseanne Barr e John Goodman O enredo trata-va de uma famiacutelia proletaacuteria urbana Roseanne foi exibida no Brasil pelo canal Multishow

61

R E F E R Ecirc N C I A S

ANDERSON B (1983) Comunidades imaginadas reflexotildees sobre a origem e difusatildeo do nacionalismo Trad Denise Bottman Satildeo Paulo Companhia das Letras 2008

BARSALOU L W Cognitive Psychology an overview for cognitive scientists Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1992

BEREITER C SCARDAMALIA M Surpassing Ourselves an inquiry into the nature and implications of expertise Chicago Open Court 1993

BOYETT J H CONN H P Workplace 2000 the revolution reshaping American business Nova York Dutton 1991

BRUER J T Schools for thought a science of learning in the classroom Cambridge MA MIT Press 1993

CAZDEN C Classroom discourse the language of teaching and learning Portsmouth NH Heinemann 1988

CAZDEN C Whole language plus essays on literacy in the United States and New Zealand Nova York Teachers College Press 1992

CLARK A Associative engines connections concepts and representational change Cambridge Eng Cambridge University Press 1993

COPE B KALANTZIS M Productive diversity organizational life in the age of civic pluralism and total globalisation Sydney Harper Collins 1995

CROSS K F FEATHER J J LYNCH R L Corporate renaissance the art of reengineering Oxford Eng Basil Blackwell 1994

DAVIDOW W H MALONE M S The virtual corporation structuring and revitalizing the corporation for the 21st century New York Harper Business 1992

DEAL T E JENKINS W A Managing the hidden organization strategies for empowering your behind-the-scenes employees New York Warner 1994

DEWEY J Democracy and education New York Free Press (Original work published 1916) 1966

DOBYNS L CRAWFORD-MASON C Quality or else the revolution in world business Boston Houghton Mifflin 1991

DRUCKER P F (1993) Sociedade Poacutes-capitalista Coimbra Actual Editora 2015

62

EISER J R Attitudes chaos and the connectionist mind Oxford Eng Basil Blackwell 1994

FAIGLEY L Fragments of rationality postmodernity and the subject of composition Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1992

FAIRCLOUGH N Language and power London Longmans 1989

FAIRCLOUGH N (1992a) Discurso e Mudanccedila Social Brasiacutelia Editora UnB 2016

FAIRCLOUGH N Discourse and text Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis Discourse and Society 3 p 193-217 1992b

FAIRCLOUGH N Critical discourse analysis London Longmans 1995

FOWLER R HODGE R KRESS G TRENT T Language and control London Routledge 1979

FREIRE P (1970) Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987

FREIRE P Education for critical consciousness New York Seabury Press 1973

FREIRE P MACEDO D (1987) Alfabetizaccedilatildeo leitura do mundo leitura da palavra Rio de Janeiro Paz e Terra 2011

FUKUYAMA F The end of history and the last man London Penguin 1992

GARDNER H The unschooled mind how children think and how schools should teach New York Basic Books 1991

GEE J P The social mind Language ideology and social practice New York Bergin e Garvey 1992

GEE J P Postmodernism discourses and linguistics In C Lankshear P McLaren (ed) Critical literacy Radical and postmodernist perspectives Albany State University of New York Press 1993 p 271-295

GEE J P Quality science and the lifeworld the alignment of business and education (Focus occasional papers in adult basic education No 4) Leichhardt Australia adult literacy and basic skills action coalition 1994a

GEE J P New alignments and old literacies from fast capitalism to the canon In SHORTLAND-JONES B BOSICH B RIVALLAND J (ed) Conference papers 1994 Australian Reading Association Twentieth National Conference Carlton South Australian Reading Association 1994b p 1-35

GELLNER E Nations and nationalism London Basil Blackwell 1983

GIROUX H Schooling and the struggle for pedagogies critical and feminist discourses as regimes of truth New York Routledge 1988

63

HALLIDAY M A K Language as social semiotic London Edward Arnold 1978

HAMMER M CHAMPY J Reengineering the corporation a manifesto for business revolution New York Harper Business 1993

HARRE R GILLETT G (1994) A Mente Discursiva Porto Alegre Penso 2004

HEATH S B Ways with words language life and work in communities and classrooms Cambridge Eng Cambridge University Press 1983

HOLLAND J H HOLYOAK K J NISBETT R E THAGARD P R In J H HOLLAND K J HOLYOAK R E NISBETT P R THAGARD (ed) Induction processes of inference learning and discovery Cambridge MA MIT Press 1986

ISHIKAWA K (1985) Controle de Qualidade Total agrave maneira japonesa Rio de Janeiro Campus 1993

KALANTZIS M The new citizen and the new state In W Hudson (ed) Rethinking Australian citizenship Sydney University of New South Wales Press 1995

KALANTZIS M COPE B Histories of pedagogy cultures of schooling In B Cope e M Kalantzis (ed) The powers of literacy London Falmer Press 1993a p 38-62

KALANTZIS M COPE B Republicanism and cultural diversity In W Hudson e D Carter (ed) The Republicanism debate Sydney University of New South Wales Press 1993b p 118-144

KRESS G Linguistic process and sociocultural change Oxford Eng Oxford University Press 1990

LAVE J WEGNER E Situated learning legitimate peripheral participation Cambridge Eng Cambridge University Press 1991

LEWONTIN R C (1991) Biologia como ideologia a doutrina do DNA Satildeo Paulo Funpec 2000

LIGHT P BUTTERWORTH G (ed) Context and cognition Ways of learning and knowing Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1993

LIPNACK J STAMPS J The team net factor bringing the power of boundary crossing into the heart of your business Essex Junction VT Oliver Wright 1993

LUKE C Media and cultural studies In P Freebody S Muspratt A Luke (ed) Constructing critical literacies Crosskill NJ Hampton Press 1995

MARGOLIS H Paradigms and barriers how habits of mind govern scientific beliefs Chicago University of Chicago Press 1993

64

NOLAN R Cognitive practices human language and human knowledge Oxford Blackwell 1994

PIORE M SABLE C The second industrial divide New York Basic Books 1984

PERKINS D Smart schools from training memories to educating minds New York Free Press 1992

PETERS T Liberation management necessary disorganization for the nanosecond nineties New York Vintage Books 1992

ROGOFF B Apprenticeship in thinking New York Oxford University Press 1990

SASHKIN M KISER K J (1993) Gestatildeo da qualidade total na praacutetica Rio de Janeiro Elsevier Editora 1994

SCOLLON R SCOLLON S B K Narrative literacy and face in interethnic communication Norwood NJ Ablex 1981

SENGE P M (1991) A quinta disciplina arte e praacutetica da organizaccedilatildeo que aprende Rio de Janeiro BestSeller 2013

SPROULL L KIESLER S Connections New ways of working in the networked organization Cambridge MA MIT Press 1991

STREET B V Literacy in theory and practice Cambridge Eng Cambridge University Press 1984

VAN LEEUWEN T Genre and field in critical discourse analysis Discourse and society n 4 p 193-223 1993

VYGOTSKY L S (1978) A formaccedilatildeo social da mente o desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos superiores Michael Cole et al (org) Trad Joseacute Cipolla Neto Luiacutes Silveira Menna Barreto Solange Castro Afeche Satildeo Paulo Martins Fontes 1984

VYGOTSKY L S The collected works of L S Vygotsky Vol 1 Problems of general psychology including the volume thinking and speech R W Rieber A S Carton (ed) New York Plenum 1987

WALKERDINE V Surveillance subjectivity and struggle Lessons from pedagogic and domestic practices Minneapolis University of Minnesota Press 1986

WERTSCH J V (ed) Culture communication and cognition Vygotskian perspectives Cambridge Eng Cambridge University Press 1985

65

Courtney B Cazden eacute doutora em educaccedilatildeo e professora na uni-versidade de Harvard Eacute autora de cinco livros entre eles Classroom Discourse The Language of Teaching and Learning publicado em 2001 Courtney eacute especialista em linguagem e educaccedilatildeo infantil e membro da National Academy of Education

Bill Cope eacute professor e pesquisador no Departamento de Estudos de Poliacuteticas Educacionais da Universidade de Illinois Urbana-Champaign diretor-presidente na Common Ground Publishing Bill eacute autor de de-zenas de livros e artigos e suas pesquisas incluem teorias e praacuteticas de pedagogia diversidade cultural e linguiacutestica e novas tecnologias de representaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo Entre suas obras destacam-se The future of the academic journal and e-learning ecologies e Towards a semantic web Connecting knowledge in academic research

Normal Fairclough eacute linguista um dos pioneiros da anaacutelise criacutetica do discurso e professor na Universidade de Lancaster Eacute autor de diversas publicaccedilotildees que abordam a linguagem e as relaccedilotildees sociais dentre es-sas obras destaca-se Discurso e mudanccedila social publicada pela UNB em 2008

James ldquoJimrdquo Gee eacute linguista professor na Universidade do Estado do Arizona e membro da National Academy of Education Eacute autor de vaacute-rias obras entre elas Social Linguistics and Literacies de grande importacircn-cia nos estudos de letramento

Mary Kalantzis eacute referecircncia mundial nos lsquonovos estudos de alfabetiza-ccedilatildeorsquo com foco na multimodalidade e na diversidade nas comunicaccedilotildees contemporacircneas Eacute professora do Departamento de Educaccedilatildeo Poliacutetica Organizaccedilatildeo e Lideranccedila da Universidade de Illinois Urbana-Cham-paign Eacute autora de inuacutemeros livros dentre eles New Learning Elements of a Science of Education Letramentos publicado no Brasil pela editora Unicamp em 2020 e a Gramaacutetica de Significados Multimodais dividida em dois volumes Making Sense e Added Sense publicada em 2020

N E W L O N D O N G R O U P

66

Allan Luke eacute um pesquisador voltado agrave aacuterea da alfabetizaccedilatildeo multile-tramentos linguiacutestica aplicada e sociologia e poliacutetica educacional Eacute pro-fessor na Queensland University of Technology em Brisbane Austraacutelia e na Escola de Educaccedilatildeo Werklund Universidade de Calgary Canadaacute Em parceria com Peter Freebody formulou o Modelo de Quatro Recursos de alfabetizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 Entre suas obras mais relevantes estaacute Educational Policy Narrative and Discourse

Carmen Luke eacute professora na Universidade de Queensland pesquisa-dora de temas relacionados agrave pedagogia multiletramentos sociologia e linguiacutestica Tem vaacuterios livros publicados dentre eles Globalization And Women In Academia e Feminisms And Critical Pedagogy

Sarah Michaels eacute sociolinguista se dedica ao ensino e agrave pesquisa na aacuterea de linguagem cultura ldquomultiletramentosrdquo e nos discursos de matemaacutetica e ciecircncias Eacute professora da Clarck University Entre suas publicaccedilotildees destacam-se High-Expectation Curricula Helping All Students Succeed with Powerful Learning e Ready Set Science Putting Research to Work in the K-8 Science Classroom

Martin Nakata eacute doutor em Filosofia e um dos principais acadecircmicos indiacutegenas da Austraacutelia sua pesquisa eacute voltada agrave melhoria do ensino superior para estudantes indiacutegenas Atualmente eacute diretor do Centro UNSW Nura Gili para Programas Indiacutegenas e Vice-Reitor de Educaccedilatildeo Indiacutegena e Estrateacutegia da Universidade James Cook na Austraacutelia Mar-tin eacute autor de inuacutemeras publicaccedilotildees dentre as quais destaca-se Discipli-ning The Savages Savaging The Disciplines

Gunther Kress eacute considerado um dos principais teoacutericos dos campos da anaacutelise criacutetica do discurso da semioacutetica social e da multimodalida-de ateacute hoje foi um linguista e semiotista Gunther Kress deixou dezenas de livros e artigos publicados entre eles Multimodality A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication e Reading Images The Grammar of Visual Design Faleceu em 2019

N E W L O N D O N G R O U P

67

g l o s s aacute r i o

No conturbado ano de 2020 em meio agrave pandemia de Covid-19 que fez com que tiveacutessemos todos de aderir ao

ldquodistanciamento socialrdquo suspendendo aulas e encontros presen-ciais na universidade ministrei uma disciplina eletiva no Pro-

O R G A N I Z A Ccedil Atilde O E E D I Ccedil Atilde O

H eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e O u r o P r e t o

A P R E S E N T A Ccedil Atilde O

68

grama de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Mestrado e Doutorado agrave qual dei o nome de Multiletramentos entre teorias amp praacuteticas O objetivo era discutir a chamada Pedagogia dos Multiletra-mentos um documento publicado no finalzinho do seacuteculo XX e que discutiu as praacuteticas de leitura e escrita naquele momento de explosatildeo das tecnologias digitais em um mundo globalizado e multicultural ao mesmo tempo que propotildee esboccedilosdesenhos de um futuro social Para tanto selecionei textos de diferentes autores brasileiros e estrangeiros desde os proponentes da Pe-dagogia dos Multiletramentos aos seus comentadores e divul-gadores no Brasil Foi central para a conduccedilatildeo da disciplina o livro receacutem-publicado dos pesquisadores Roxane Rojo e Eduar-do Moura (2019) intitulado Letramentos miacutedias linguagens (2019) Agrave medida que discutiacuteamos cada um dos capiacutetulos do livro que trata aleacutem dos conceitos explicitados no seu tiacutetulo da imagem estaacutetica da imagem dinacircmica do som e do verbo sentimos a necessidade de construir um glossaacuterio que servisse para nortea-mento das nossas discussotildees Assim comecei a anotar termos e expressotildees que apareciam nas obras e artigos estudados (natildeo soacute o livro aqui evidenciado) e designar a cada aluno trecircs ou quatro daquelas palavras ou expressotildees para que fosse produzido um verbete A ideia foi acatada por toda a turma que diga-se era constituiacuteda de uma diversidade de mestrandos doutorandos e aspirantes a esses niacuteveis de ensino oriundos de diferentes aacutereas do conhecimento o que tornou nossas discussotildees muito ricas e calorosas Pedagogia Letras Jornalismo Sistema de Informaccedilatildeo Licenciatura em Quiacutemica Fiacutesica Matemaacutetica Ciecircncias Bioloacutegi-cas Biblioteconomia Engenharia de Controle e Automaccedilatildeo Ci-ecircncia da Computaccedilatildeo Produzidos os verbetes tivemos tempo haacutebil para fazecirc-los circular entre a turma e discutir a linguagem e a padronizaccedilatildeo de alguns deles em sala de aula Minha inten-ccedilatildeo como organizador do Glossaacuterio sempre foi divulgaacute-lo o mais amplamente possiacutevel apoacutes a sua conclusatildeo Quase ao final da disciplina recebemos a ldquovisita virtualrdquo da colega Ana Elisa Ribeiro professora e pesquisadora da linguagem em sua interfa-ce com as tecnologias digitais para discutir um texto publicado por ela no qual fez um balanccedilo das repercussotildees do manifesto

69

Pedagogia dos Multiletramentos nos uacuteltimos anos Nessa oca-siatildeo soubemos que um grupo de mestrandos e doutorandos do CEFET-MG estava fazendo a traduccedilatildeo do Manifesto e surgiu a ideia de publicarmos conjuntamente nossos produtos o que acreditamos vaacute ser bastante uacutetil aos interessados no tema Dessa forma reunimos neste e-book o Glossaacuterio MULTDICS MULTI-LETRAMENTOS e a traduccedilatildeo do Manifesto 1 Ao procurar um nome para nosso glossaacuterio chegamos agrave conclusatildeo de que gos-tariacuteamos de um tiacutetulo bem conciso e que representasse ao mes-mo tempo nosso grupo de pesquisa o MULTDICS ndash Grupo de Pesquisa sobre Multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e o principal conceito com o qual temos trabalhado haacute seis anos quando nos reunimos

Lembramos que este glossaacuterio natildeo esgota os termos e expres-sotildees usados no acircmbito das discussotildees sobre a temaacutetica mas se pauta como explicitamos acima a partir de nossas necessidades A ideia eacute que ele seja cada vez mais ampliado e revisto a partir desta ediccedilatildeo Importante tambeacutem destacar que consultado um verbete eacute bem provaacutevel que o leitor tambeacutem tenha a necessidade de consultar outros jaacute que vaacuterias das expressotildees aqui elencadas estatildeo inter-relacionadas

Esperamos que de fato esse material possa ser uacutetil a estudan-tes de Letras Pedagogia Comunicaccedilatildeo Social Tecnologias de In-formaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo bem como a mestrandos doutorandos e demais pesquisadores interessados nas temaacuteticas abordadas Todas as criacuteticas e contribuiccedilotildees seratildeo bem-vindas

1 Para uma leitura criacutetica do manifesto ver o artigo de Ana Elisa Ribeiro ldquoQue futuros rede-senhamos Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o seacuteculo XXIrdquo publicado no v 9 da revista Diaacutelogo das Letras em 2020 Tambeacutem a revista Linguagem em Foco v 13 n 2 de 2021 faz uma homenagem aos 25 anos do manifesto com vaacuterios artigos relacionados e outra traduccedilatildeo

A

70

AFFORDANCES (Propiciamento)

A palavra affordance faz parte do leacutexico da liacutengua inglesa Embora natildeo possua uma versatildeo mais exata em portuguecircs convencionou-se tra-duzi-la por propiciaccedilatildeo no acircmbito da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva Esse conceito designa a capacidade que certos objetos demonstram para despertar a intuiccedilatildeo dos usuaacuterios da liacutengua Um exemplo de affordance eacute aquilo que acontece com o botatildeo de uma caixa de descarga acoplada a um vaso sanitaacuterio sua funccedilatildeo eacute clara e prescinde de explicaccedilatildeo preacutevia Apertaacute-lo para acionar a descida da aacutegua eacute algo intuitivo Ao desejar limpar a bacia o usuaacuterio eacute convidado (pela situaccedilatildeo em si) a pressionar o dispositivo sem ter recebido instruccedilatildeo anterior para que entendes-se aquela funcionalidade A situaccedilatildeo em si propicia a possibilidade de pressionaacute-lo O processo da affordance pode ser compreendido por meio da Teoria Cognitivista que trata dentre outros temas da atenccedilatildeo e da percepccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de problemas Tal conceito eacute largamente ex-plorado por desenhistas industriais que buscam criar produtos cujo uso seja cada vez mais autoexplicativo Ao manusear um teclado de computador por exemplo ateacute mesmo um digitador iniciante tenderaacute a pressionar intuitivamente a tecla caso deseje aumentar a luminosi-dade da tela Provavelmente natildeo o faraacute por estar repetindo um ato que lhe foi ensinado A posiccedilatildeo estrateacutegica da tecla (bem abaixo da tela) e o siacutembolo que traz agrave mente a imagem do Sol induzem o usuaacuterio agrave dedu-ccedilatildeo daquela funcionalidade Um dos empregos mais modernos da affor-dance verifica-se na produccedilatildeo de aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Os iacutecones presentes neles afinal precisam remeter facilmente ao comando que desencadeiam durante a comunicaccedilatildeo homemmaacute-quina O conceito de propiciaccedilatildeo estaacute presente por isso em discussotildees sobre a anaacutelise e o desenvolvimento de miacutedias digitais utilizaacuteveis na educaccedilatildeo remota das quais os apps satildeo exemplos Isso ocorre porque a interrupccedilatildeo momentacircnea do contato entre o docente e o discente gera a necessidade de que este seja capaz de executar atividades de forma au-tocircnoma Eacute fundamental que as miacutedias utilizadas na educaccedilatildeo remota no acircmbito do ensino hiacutebrido propiciem um ambiente adequado para a aprendizagem

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasBROCH Joseacute Carlos O conceito de affordance como estrateacutegia generativa no design de produtos orientado para a versatilidade 2010 99 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Design e Tecnologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010

EYSENK Michael W KEANE Mark T Manual de Psicologia Cognitiva 7 ed Porto Alegre Artmed 2017

A

71

ALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1930 e utilizado pelo exeacutercito estadunidense du-rante a Segunda Guerra Mundial indicando a capacidade de entender instruccedilotildees escritas e publicaccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tare-fas militares O Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) pesquisa aplicada no Brasil a partir do iniacutecio do seacuteculo XXI define quatro niacuteveis de alfabetismo 1) Analfabetismo corresponde agrave condiccedilatildeo dos que natildeo conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela desses sujeitos consiga ler nuacutemeros fa-miliares (nuacutemeros de telefone preccedilos etc) 2) Niacutevel rudimentar corres-ponde agrave capacidade de localizar uma informaccedilatildeo expliacutecita em textos curtos e familiares (como por exemplo num anuacutencio ou numa pequena carta) ler e escrever nuacutemeros usuais e realizar operaccedilotildees simples como manusear dinheiro para pagamento de pequenas quantias ou fazer me-didas de comprimento usando a fita meacutetrica 3) Niacutevel baacutesico as pes-soas classificadas neste niacutevel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas pois jaacute leem e compreendem textos de meacutedia extensatildeo localizam informaccedilotildees mesmo que seja necessaacuterio realizar pequenas inferecircncias leem nuacutemeros na casa dos milhotildees resolvem problemas envolvendo uma sequecircncia simples de operaccedilotildees e tecircm noccedilatildeo de pro-porcionalidade 4) Niacutevel pleno classificadas neste niacutevel as pessoas cujas habilidades natildeo mais impotildeem restriccedilotildees para compreender e interpre-tar textos em situaccedilotildees usuais leem textos mais longos analisando e re-lacionando suas partes comparam e avaliam informaccedilotildees distinguem fato de opiniatildeo realizam inferecircncias e siacutenteses Quanto agrave matemaacutetica resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle envol-vendo percentuais proporccedilotildees e caacutelculo de aacuterea aleacutem de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e graacuteficos

A Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidadas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) considera alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente agraves demandas de seu con-texto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se de-senvolvendo ao longo da vida De acordo com o INAF satildeo considerados analfabetos funcionais os niacuteveis 1 e 2 e alfabetizados funcionalmente os niacuteveis 3 e 4 Em poucas palavras alfabetismo funcional eacute a capacidade que o indiviacuteduo tem de utilizar a leitura e a escrita no conviacutevio social

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINAF BRASIL 2011 Indicador de Alfabetismo Funcional principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-de-resultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

A

72

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

ALFABETIZACcedilAtildeO

A palavra alfabetizaccedilatildeo etimologicamente vem do latim alphabētum e do grego alphaacutebētos a partir de suas duas primeiras letras alfa e beta Segundo o dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa a palavra alfabeti-zaccedilatildeo significa algo como ldquoato ou efeito de alfabetizar de ensinar as primeiras letrasrdquo Assim uma pessoa alfabetizada eacute considerada como ldquoaquela que domina as primeiras letrasrdquo que domina as habilidades baacutesicas ou iniciais de ler e escrever

A histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo estaacute dividida em quatro periacuteodos O pri-meiro teve iniacutecio na Antiguidade e se estendeu ateacute a Idade Meacutedia uti-lizando-se apenas o meacutetodo da soletraccedilatildeo O segundo periacuteodo ocorreu durante os seacuteculos XVI e XVII e se estendeu ateacute a deacutecada de 1960 sendo marcado pela rejeiccedilatildeo ao meacutetodo soletraccedilatildeo e pela criaccedilatildeo de novos meacute-todos sinteacuteticos e analiacuteticos surgindo nesse periacuteodo a criaccedilatildeo das car-tilhas amplamente utilizadas para ensinar a ler e a escrever no Brasil e em outros paiacuteses O terceiro periacuteodo iniciou-se em meados da deacutecada de 1980 com a divulgaccedilatildeo da teoria da Psicogecircnese da liacutengua escrita Considera-se que estamos vivendo o quarto periacuteodo denominado de ldquoreinvenccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeordquo surgido em decorrecircncia dos reiterados indicadores do fracasso da alfabetizaccedilatildeo (neste caso estamos tratando do Brasil) Atualmente discute-se bastante a necessidade da organiza-ccedilatildeo do trabalho docente e a sistematizaccedilatildeo do ensino para ldquoalfabetizar letrandordquo tanto no acircmbito acadecircmico quanto no escolar

Como podemos perceber o conceito de alfabetizaccedilatildeo vem sofrendo modificaccedilotildees devido agraves necessidades sociais e poliacuteticas Simplesmente decodificar e codificar letras ou saber ler escrever e contar natildeo atende mais agraves reais necessidades do mundo contemporacircneo letrado e conecta-do Eacute preciso que as crianccedilas compreendam as funccedilotildees sociais tanto da leitura e da escrita e que faccedilam uso adequado delas em seu cotidiano Especialistas destacam que na praacutetica pedagoacutegica a aprendizagem da liacutengua escrita ainda que inicial deve ser tratada em sua totalidade a alfabetizaccedilatildeo deve integrar-se com o desenvolvimento das habilidades

A

73

de uso do sistema alfabeacutetico ndash com o letramento embora os dois proces-sos tenham especificidades quanto a seus objetos de conhecimento e aos processos linguiacutesticos e cognitivos de apropriaccedilatildeo desses objetos Dissociar alfabetizaccedilatildeo de letramento teria como consequecircncia levar a crianccedila a uma concepccedilatildeo distorcida e parcial da natureza e das funccedilotildees da liacutengua escrita em nossa cultura

Tatildeo importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita eacute poder se engajar em praacuteticas sociais letradas respondendo aos inevitaacuteveis apelos de uma cultura grafocecircntrica Assim enquanto a alfabetizaccedilatildeo se ocupa da aquisiccedilatildeo da escrita por um indiviacuteduo ou grupo de indiviacuteduos o letramento focaliza os aspectos soacutecio-histoacutericos de seus usos em uma sociedade

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou simplesmente AVA ndash do inglecircs Virtual Learning Environment (VLE) ndash eacute uma expressatildeo usada para tratar de um ambiente digital integrado que possibilita a interaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo entre professores tutores e estudantes (e outros agentes da chamada Educaccedilatildeo a Distacircncia) Essas interaccedilotildees podem ser siacutencro-nas (aquelas em que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo dos diferentes agentes no mesmo instante) ou assiacutencronas (natildeo eacute necessaacuterio que os agentes estejam conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam execu-tadas) Em um AVA eacute possiacutevel disponibilizar materiais variados como viacutedeos planilhas questionaacuterios atividades avaliaccedilotildees aleacutem de dispo-nibilizar arquivos de textos foacuteruns chats Wiki e fornecer feedbacks agraves tarefas realizadas enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem Existem interfaces como o Moodle (httpmoodlecom) e o Edmodo (httpswwwedmodocom) que auxiliam na organizaccedilatildeo desses ma-

A

74

teriais pois satildeo softwares livres executados em um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa Nos AVA os alunos tecircm a oportunidade de estudar de se encontrar a qualquer hora interagindo com os conteuacutedos propostos pelos professores e mediados pelos tutores Os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem espaccedilos virtuais ideais para que os alunos possam se reunir compartilhar colaborar e aprender juntos Destaca-se ainda que no Brasil esses ambientes virtuais ou plataformas para educaccedilatildeo on-line ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem mas aleacutem desse receberam nomes e siglas diferentes em portuguecircs e em inglecircs tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments - IDLE) sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System - LMS) e espaccedilos virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces - VLE) Trata-se entatildeo de espaccedilos de aprendizagem em que os interlocutores do processo interagem construindo aprendizagens signi-ficativas e reunindo interfaces siacutencronas e assiacutencronas integradas Ou-tro exemplo de AVA eacute o Google Classroom uma plataforma LMS gratuita que tem como objetivo apoiar professores em sala de aula melhorando a qualidade do ensino A plataforma Google Classroom constitui um ser-viccedilo desenvolvido pela divisatildeo da Google for Education que permite ao professor criar turmas virtuais enviar mensagens disponibilizar ava-liaccedilotildees receber os trabalhos dos alunos otimizar a comunicaccedilatildeo entre professores e alunos postar atualizaccedilotildees das aulas e tarefas de casa adicionar ou remover alunos e enviar feedbacks dos trabalhos realiza-dos Aleacutem disso essa sala de aula virtual permite que o professor lance as notas das atividades concluiacutedas para que sejam visualizadas pelos estudantes A cada nova atividade inserida os estudantes recebem uma mensagem em seus e-mails O serviccedilo eacute integrado ao Google Drive fazen-do parte da suiacutete de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google Docs e Slide Para ter acesso ao serviccedilo do Google Classroom eacute preciso possuir uma conta de e-mail institucional de escola puacuteblica ou privada cadastrada no banco de dados da Google for Education A utilizaccedilatildeo dessas ferramentas corrobora para a autonomia e construccedilatildeo coletiva do conhecimento possibilitando a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos no processo educacional

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

ReferecircnciasBACICH L et al Ensino hiacutebrido Personalizaccedilatildeo e tecnologia na educaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2015

DAUDT Luciano 6 Ferramentas do Google Sala de Aula que vatildeo incrementar sua aula Florianoacutepolis Qinetwork 29 set 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwqinetworkcombr6-ferramentas-do-google-sala-de-aula-que-vao-incrementar-sua-aulagt Acesso em 15 jul 2020

A

75

PAIVA Vera Menezes de O Ambientes virtuais de aprendizagem implicaccedilotildees epistemoloacutegicas Educaccedilatildeo em Revista Belo Horizonte v 26 nordm 3 dez 2010

PEREIRA Ives da Silva Duque Uma experiecircncia de ensino hiacutebrido utilizando a plataforma Google Sala de Aula In SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA ENCONTRO DE PESQUISADORES DE EDUCACcedilAtildeO A DISTANCIA 2016 Satildeo Carlos (SP) Anais [] Satildeo Carlos (SP) 2016 p 1-6 Disponiacutevel em lthttpwwwsied-enped2016eadufscarbrojsindexphp2016articleview1005gt Acesso em 15 jul 2020

ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo analfabetismo se divide em duas vertentes o analfabetis-mo absoluto e o analfabetismo funcional No primeiro caso o sujeito natildeo teve nenhum ou teve pouco acesso agrave educaccedilatildeo No segundo caso o sujeito eacute capaz de identificar letras e nuacutemeros mas natildeo consegue interpretar textos e realizar operaccedilotildees matemaacuteticas mais complexas As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indiviacuteduo O conceito de analfabetismo funcional surgiu na deacutecada de 1930 nos Estados Unidos da Ameacuterica durante a Segunda Guerra Mundial Ele foi utilizado para indicar a capacidade de entendimento de instruccedilotildees escritas necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tarefas militares

O analfabetismo funcional natildeo deve ser tratado como um conceito universal pois varia no tempo e no espaccedilo e a proacutepria distinccedilatildeo entre paiacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento altera tal conceito Uma definiccedilatildeo adotada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatiacutestica (IBGE) e aceita pela Organizaccedilatildeo das Naccediloes Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) eacute a de que analfabetos fun-cionais satildeo pessoas agraves quais falta domiacutenio de habilidades em leitura escrita caacutelculos e ciecircncias correspondentes a uma escolaridade de ateacute trecircs anos completos do ensino fundamental No Brasil os ciclos do ensi-no fundamental e meacutedio satildeo formados por 11 anos de estudo completos e constituem a educaccedilatildeo baacutesica no paiacutes

A UNESCO define analfabetismo funcional como a situaccedilatildeo de ins-truccedilatildeo de algueacutem que assina o proacuteprio nome ou eacute capaz de fazer caacutel-culos simples e ler palavras e frases isoladas mas natildeo eacute capaz de inter-pretar o sentido dos textos natildeo eacute capaz de usar a leitura e a escrita para seu desenvolvimento pessoal nem para fazer frente agraves suas demandas sociais A ocorrecircncia de analfabetismo funcional em determinada po-pulaccedilatildeo costuma ser medida de duas formas principais uma indireta que considera analfabeto funcional os indiviacuteduos com 15 anos ou mais que natildeo concluiacuteram quatro anos de estudo completos e uma direta

A

76

mensurada por testes especiacuteficos para habilidades em leitura escrita e caacutelculos aritmeacuteticos em amostragens populacionais

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINDICADOR Nacional de Alfabetismo Funcional INAF 2011 principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-deresultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

APLICATIVO PARA A APRENDIZAGEM DE LIacuteNGUAS

Um aplicativo eacute um programa de computador (software) geralmen-te utilizado em dispositivos moacuteveis A ideia do que seria um aplicativo fortaleceu a partir da deacutecada de 1970 periacuteodo em que empresas priva-das movidas por interesses financeiros decidiram facilitar o alcance de cidadatildeos comuns aos computadores Interessava aos empreendedores da eacutepoca que as maacutequinas se popularizassem natildeo por mera generosi-dade ou responsabilidade social mas para que estimulasse o consumo A tecnologia foi se especializando a fim de atender a necessidades cole-tivas e individuais cada vez mais direcionadas Os dispositivos em que os primeiros aplicativos foram instalados se apresentavam como enor-mes caixas fixas e pesadas dentro das quais se escondia um emaranha-do de fios e conexotildees O alto preccedilo inviabilizava sua real democratiza-ccedilatildeo Nos anos 1990 graccedilas ao esforccedilo conjunto de pesquisadores aliado ao interesse monetaacuterio da induacutestria da Comunicaccedilatildeo concebeu-se o primeiro dispositivo moacutevel capaz de abrigar um aplicativo era o IBM Simon pioneiro dos atuais smartphones Atualmente os telefones inteli-gentes satildeo capazes de hospedar uma gama de aplicativos ou apps como satildeo popularmente conhecidos Alguns dos mais famosos satildeo o Uber (destinado agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo de transporte veicular temporaacuterio) o Spotify (voltado para o entretenimento musical e a difusatildeo de podcasts) o aiqfome (em que se encomendam alimentos prontos) e o WhatsApp (in-tercambiador de mensagens multimodais) Muitos satildeo disponibiliza-dos gratuitamente para download em plataformas como a Google Play Store Os aplicativos geram renda para seus desenvolvedores a partir de anuacutencios comerciais que satildeo exibidos aos usuaacuterios durante sua uti-lizaccedilatildeo Em 2020 forccedilados pela pandemia de Covid-19 os aplicativos moacuteveis passaram a ser amplamente empregados na educaccedilatildeo remota estabelecendo pontes entre docentes e discentes devido agrave necessidade

A

77

de distanciamento social Por demonstrarem potencial enquanto ferra-mentas utilizaacuteveis no ensino hiacutebrido os aplicativos destinados ao ensino e agrave aprendizagem de liacutenguas estrangeiras vecircm ganhando destaque nos uacuteltimos anos Trabalham as quatro habilidades baacutesicas audiccedilatildeo fala lei-tura e escrita Entre os mais proeminentes destacam-se o Hello Talk o Rosetta Stone e o Duolingo Este uacuteltimo jaacute conta com mais de trezentos milhotildees de usuaacuterios em todo o mundo O resultado do seu teste de pro-ficiecircncia jaacute eacute aceito em instituiccedilotildees renomadas como a Harvard Extension School Os aplicativos (ou simplesmente apps) estatildeo enfim definitiva-mente incorporados ao quotidiano das sociedades modernas

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFRAGA Nayara Como o Duolingo chegou a 300 milhotildees de downloads sem propaganda nenhuma Eacutepoca Negoacutecios 2018 Disponiacutevel em lthttpsepocanegociosglobocomTecnologianoticia201810como-o-duolingo-chegou-300-milhoes-de-downloads-sempropaganda-nenhumahtmlgt Acesso em 2 jul 2020

MAGGI Lecticia Vocecirc sabia Harvard Extension School aceita teste de inglecircs do Duolingo ESTUDARFORAORG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwestudarforaorgbrteste-deingles-de-us-20-a-harvard-extension-school-aceitagt Acesso em 2 jul 2020

PRIMEIRO smartphone completa 20 anos BBC News Brasil 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwbbccomportuguesenoticias201408140815_smartphone_vinte_anos_rbgt Acesso em 1 jul 2020

VOLTOLINI Ramon Conheccedila o primeiro smartphone da Histoacuteria Tecmundo 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrcelular59888-conheca-primeiro-smartphone-historia-galeriashtmgt Acesso em 2 jul de 2020

WAZLAWICK Raul Sidnei Histoacuteria da computaccedilatildeo Rio de Janeiro Elsevier 2016

APRENDIZAGEM BASEADA EM INVESTIGACcedilAtildeO (Inquiry-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Investigaccedilatildeo (ABI) eacute uma metodolo-gia que se pauta no estiacutemulo do desenvolvimento da autonomia dos alunos levando-os agrave produccedilatildeo dos proacuteprios meacutetodos investigativos Vejamos uma ilustraccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dessa metodologia de ensino e aprendizagem o professor propotildee um questionamento inicial e os alu-nos individualmente ou em grupo desenvolvem suas anaacutelises a res-peito do problema apresentado Com isso a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo (ou inqueacuterito) despertou a caracteriacutestica latente que consti-tui o ser humano em descobrir o mundo a partir de sua curiosidade A aprendizagem por investigaccedilatildeo apresenta semelhanccedilas com a investi-gaccedilatildeo cientiacutefica envolve a pesquisa anaacutelise siacutentese avaliaccedilatildeo e genera-lizaccedilatildeo de dados de preferecircncia num processo colaborativo visando a

A

78

caracterizaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de uma situaccedilatildeo-problema concreta Dentro dessa perspectiva haacute o desdobramento das metodologias de inqueacuteri-to atraveacutes das estrateacutegias de aprendizagem por descoberta o inqueacuterito indutivo a instruccedilatildeo ancorada o estudo de caso e a Aprendizagem Ba-seada em Problemas ou Projetos (ABP) As fases e subfases encontradas na ABI referem-se agrave orientaccedilatildeo contextualizaccedilatildeo investigaccedilatildeo discus-satildeo e conclusatildeo com atividades mais especiacuteficas sendo desenvolvidas em cada uma destas etapas Os princiacutepios-chave dessa metodologia compreendem que todas as atividades de aprendizagem enfatizam as habilidades de processamento de informaccedilatildeo (observaccedilatildeo-siacutentese) tendo como objetivo a apreensatildeo de conteuacutedo definido a partir de um contexto conceitual amplo Nesse processo de aprendizagem o profes-sor recurso e tecnologia satildeo vistos como elementos sistecircmicos usados como suporte para a aprendizagem O professor tambeacutem eacute visto como facilitador pautando seu trabalho a partir dessa abordagem e buscando compreender melhor o contexto de aprendizagem do seu aluno Em se tratando de metodologias ativas encontram-se discutidas em biblio-grafia especiacutefica duas perspectivas bastante divulgadas o Ensino por Investigaccedilatildeo tambeacutem denominado inquiry na bibliografia internacional utilizada na educaccedilatildeo cientiacutefica e a Aprendizagem Baseada em Proble-mas tambeacutem conhecida como Problem-Based Learning (PBL) utilizada principalmente em cursos de graduaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede A Apren-dizagem Baseada em Investigaccedilatildeo se destaca por resultados positivos em diferentes pesquisas da aacuterea Haacute diferentes abordagens dentro da ABI algumas se pautam no desenvolvimento do pensamento cientiacutefico ldquoInvestigaccedilatildeo Cientiacutefica Autecircnticardquo ldquoInvestigaccedilatildeo Guiada ou Mediadardquo na qual o docente acompanha as fases que constituem a investigaccedilatildeo para aleacutem do ensino dos conteuacutedos no intuito de desenvolver o pen-samento cientiacutefico Nessa abordagem os estudantes satildeo envolvidos em atividades investigativas por meio da apresentaccedilatildeo de situaccedilotildees-pro-blema em que devem aplicar os procedimentos cientiacuteficos que levem a conclusotildees suportadas por argumentos fundamentados Estimula-se que os alunos criem perguntas pesquisem informaccedilotildees estruturem e conduzam a investigaccedilatildeo analisem os dados elaborarem conclusotildees e comuniquem os resultados No entanto eacute importante que o estudante se mantenha em estado reflexivo para que compreenda a natureza do trabalho cientiacutefico em que estaacute envolvido A alternacircncia entre o fazer e o refletir eacute que proporciona aos estudantes as habilidades de investiga-ccedilatildeo bem como um melhor entendimento sobre o que estaacute desenvolven-do Em outras palavras o intuito eacute que os estudantes aprendam a fazer a investigaccedilatildeo bem como aprendam sobre a investigaccedilatildeo

Luanna Amorim Vieira da Silva

A

79

ReferecircnciasVIEIRA Fabiana Andrade da Costa Ensino por Investigaccedilatildeo e Aprendizagem Significativa Criacutetica anaacutelise fenomenoloacutegica do potencial de uma proposta de ensino Orientador Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani 2012 149 f Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) - Faculdade de Ciecircncias Universidade Estadual Paulista - UNESP Bauru 2012 Disponiacutevel em lthttpsrepositoriounespbrbitstreamhandle11449102039vieira_fac_dr_baurupdfsequence=1ampisAllowed=ygt Acesso em 25 nov 2020

PBWORKS Aprendizagem baseada em Inqueacuterito (Inquiry Based Learning) Disponiacutevel em lthttptictrabalhodeprojectopbworkscomwpage40204926Aprendizagem20baseada20em20InquC3A9rito2028Inquiry20Based20Learning29gt Acesso em 25 nov 2020

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS(Project-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se fundamenta nas concepccedilotildees sobre ensino e aprendizagem difundidas pelo filoacutesofo e educador John Dewey (1859-1952) As discussotildees em torno desse mo-delo de aprendizagem emergiram em concomitacircncia com outros aspec-tos que compotildeem as alternativas metodoloacutegicas das chamadas meto-dologias ativas descritas como o Ensino sob Medida ou Just-in-Time Teaching a Instruccedilatildeo pelos Colegas ou Peer Instruction a Aprendizagem Baseada em Equipes ou Team-Based Learning e a Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project-Based Learning propriamente dita Essas alterna-tivas surgem de forma a atender as exigecircncias ocasionadas pelas dinacirc-micas de transformaccedilotildees caracteriacutesticas de uma sociedade tecnoloacutegica Nesse sentido modificam percepccedilotildees sobre os elementos que consti-tuem o ensino e que produzem ajustes na forma de abordar as concep-ccedilotildees sobre aprendizagem e o engajamento e a proatividade do aluno se tornam aspectos preponderantes no processo de aprendizagem no acircmbito da ABP Essa metodologia eacute caracterizada por centralizar em sua execuccedilatildeo o aspecto colaborativo em articulaccedilatildeo com interdiscipli-naridade ao gerir e produzir conteuacutedos e assim articulaacute-los de forma a promover a resoluccedilatildeo ou concretizaccedilatildeo de algo Assim a ldquoinstruccedilatildeordquo natildeo deveria preceder o projeto mas estar integrada a ele e partir dessa integralidade para prover mobilidade interatividade dinacircmica diaacutelo-go conexotildees em correspondecircncia entre os colaboradores do processo dar visibilidade agrave sincronia das aprendizagens dos alunos valorizando e viabilizando os processos interativos Poderia tambeacutem dar maior cen-tralidade a esse processo por voltar-se agrave maneira como o aluno percebe a sua aprendizagem ao assumir-se ativamente em cada etapa A ava-liaccedilatildeo eacute vista atraveacutes da articulaccedilatildeo entre distintas dinacircmicas do pro-cesso participaccedilatildeo e efetividade do aluno nas diferentes possibilidades

A

80

de aprender e atender as demandas do seu cotidiano Atenta-se para as distintas abordagens da ABP ambas as perspectivas de aprendizagens possuem problemas a serem resolvidos mas uma eacute baseada em projetos ou seja haacute um processo a ser planejado para se atingir determinado fim a partir de etapas que constitui a metodologia de trabalho escolhida dentre esses aspectos e que culmina com um produto Jaacute na aprendiza-gem baseada em problemas a centralidade estaacute em resolver investigar problematizar colaborativamente a resoluccedilatildeo de uma questatildeo natildeo haacute obrigatoriedade de culminar num produto

Luanna Amorim Vieira da Silva

ReferecircnciasMASSON Terezinha Jocelen et al Metodologia de ensino aprendizagem baseada em projetos (pbl) XL CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCACcedilAtildeO EM ENGENHARIA (COBENGE) Anais Beleacutem PA 2012

SANTORO Flaacutevia Maria et al Modelo de cooperaccedilatildeo para aprendizagem baseada em projetos uma linguagem de padrotildees THE FIRST LATIN AMERICAN CONFERENCE ON PATTERN LANGUAGES OF PROGRAMMING (SUGARLOAF PLOP) Rio de Janeiro 2001

AUTOR-PESSOA E AUTOR-CRIADOR

Autor-pessoa e autor-criador satildeo dois conceitos apresentados pelo pensador russo Mikhail Bakhtin no texto O autor e a personagem na ativi-dade esteacutetica (1921-1922) Segundo o teoacuterico o autor-pessoa eacute o escritor a pessoa fiacutesica um componente da vida e natildeo estaacute relacionado ao prin-ciacutepio criador existente na relaccedilatildeo autor-personagem jaacute o autor-criador eacute compreendido como a funccedilatildeo esteacutetico-formal engendradora da obra um constituinte do objeto esteacutetico O autor-criador tem como caracte-riacutestica central a capacidade de materializar certa relaccedilatildeo axioloacutegica com o heroacutei e seu mundo Eacute por meio dessa funccedilatildeo autor-criador do posi-cionamento axioloacutegico que o social o histoacuterico e o cultural se tornam elementos imanentes do objeto esteacutetico O autor-criador daacute forma a um conteuacutedo faz um recorte de alguns aspectos do plano da vida e os or-ganiza de um modo novo esteticamente Essa transposiccedilatildeo do plano da vida para o plano esteacutetico (arte) ocorre por meio de um vieacutes valorativo consubstanciado no autor-criador que eacute uma posiccedilatildeo refratada e ao mesmo tempo refratante Refratada porque trata de uma posiccedilatildeo axio-loacutegica recortada pelo vieacutes valorativo do autor-pessoa e refratante pois eacute a partir dela que se recorta e reordena esteticamente os eventos da vida

Ana Claacuteudia Rola Santos

C

81

ReferecircnciasA CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

FARACO C A Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje v 46 n 1 p 21-26 20 jul 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

CIacuteRCULO DE BAKHTIN

Grupo de intelectuais russos de formaccedilatildeo literaacuteria filosoacutefica cientiacute-fica eou artiacutestica a maioria professores que apoacutes Revoluccedilatildeo Russa em 1918 reuniram-se na cidade de Nieacutevel e posteriormente de 1924 a 1929 em Vitesbk e Leningrado para atraveacutes do diaacutelogo entre as diferentes aacutereas do conhecimento construiacuterem uma linha de pensamento com base em um posicionamento soacutelido diante da linguagem e da vida Esses intelectuais apesar de discordarem em vaacuterios aspectos tinham em co-mum a concepccedilatildeo de linguagem fundamentada na interaccedilatildeo verbal no enunciado concreto no signo ideoloacutegico e no dialogismo considerando que a base de sustentaccedilatildeo da discussatildeo da linguagem verbal da litera-tura seja a mesma de outras linguagens Embora os textos produzidos pelo Ciacuterculo fossem assinados essa produccedilatildeo provocou uma questatildeo de autoria uma vez que toda discussatildeo proposta pelo grupo baseava-se no diaacutelogo no sentido bakhtiniano da palavra no qual as ideias circulam entre os atores do discurso O produto final eacute portanto advindo desse pensamento comunitaacuterio Haacute escritos construiacutedos a mais de duas matildeos sob pseudocircnimos e trocas de identidades que era tambeacutem uma forma de resistecircncia ao stalinismo totalitarista Um exemplo dessa questatildeo eacute a produccedilatildeo de Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) Valentin Volochinov (1895 ndash 1936) e Pavel Medieacutedev (1891 ndash 1938) que em um primeiro momen-to foi atribuiacuteda a Bakhtin Posteriormente houve um movimento para determinar a autoria de Volochinov e Medieacutedev e hoje jaacute eacute possiacutevel distinguir esses autores e seus respectivos textos Esses textos comeccedila-ram a ser lidos e discutidos mais fortemente no Brasil no final dos anos 1980 e iniacutecio dos anos 1990 A primeira obra traduzida para o portuguecircs foi Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1979 pela editora Hucitec a partir de uma ediccedilatildeo francesa A autoria eacute atribuiacuteda a Bakhtin e entre parecircnteses estaacute escrito Volochinov dando a entender tratar-se da mes-ma pessoa Em 2017 surge a primeira ediccedilatildeo de Marxismo e Filosofia da Linguagem Editora 34 feita diretamente do russo Na capa a autoria eacute

C

82

atribuiacuteda a Valentin Volochinov e entre parecircnteses estaacute escrito Ciacuterculo de Bakhtin o que jaacute situa a autoria no contexto do Ciacuterculo

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasBRAIT Beth Dialogismo e Polifonia em Mikhail Bakhtin e o Ciacuterculo (dez obrasfundamentais) Disponiacutevel em lthttpsfflchuspbrsitesfflchuspbrfiles2017-Bakhtinpdfgt Acesso em 17 jun 2020

BRAIT Beth GRILLO Sheylla A Atualidade de Bakhtin um pensador sobre a humanidade em transformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsaovivoabralinorglivesbeth-braitgt Acesso em 1 jul 2020

CONTEXTO

Do latim contextus contexto eacute uma palavra que pode ser definida como uma situaccedilatildeo ou ambiente fiacutesico em que um conjunto de circuns-tacircncias nas quais se produz a mensagem que se deseja emitir ndash lugar e tempo emissor e receptor etc ndash permite sua compreensatildeo mais ade-quada e mais correta No caso de um texto o contexto eacute essencial para uma leitura mais eficaz aproximando o interlocutorleitor do sentido que o locutorescritor quis imprimir a esse texto Sendo assim para entender determinadas situaccedilotildees ou mensagens a serem transmitidas eacute necessaacuterio que haja a uniatildeo entre o texto e o contexto que colocados em adjacecircncia servem para lembrar que satildeo aspectos do mesmo processo Metaforicamente pode-se pensar que haacute um texto e um outro texto que o acompanha e que se denomina contexto O que estaacute dentro da ideia lsquocom o textorsquo estaacute na verdade aleacutem do texto em uma situaccedilatildeo discursi-va A esse contexto denomina-se de contexto de situaccedilatildeo Eacute a situaccedilatildeo de uso da linguagem o ambiente do texto O contexto situacional eacute for-mado por informaccedilotildees que estatildeo fora do texto sejam elas histoacutericas ge-ograacuteficas socioloacutegicas ou literaacuterias Portanto os elementos linguiacutesticos escolhidos por um produtor de texto assim como as informaccedilotildees por ele selecionadas e o modo como ele as organiza depende das condiccedilotildees de produccedilatildeo O contexto contribui de forma significativa na construccedilatildeo da leitura de mundo de todo indiviacuteduo assim como afirma o educador Paulo Freire (1989) a interaccedilatildeo do sujeito com o seu contexto iraacute possi-bilitar a construccedilatildeo de leituras diversificadas do proacuteprio mundo e de qualquer texto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

ReferecircnciasFREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler em trecircs artigos que se completam Satildeo Paulo Autores Associados Cortez 1989

C

83

HALLIDAY MAK HASAN R Language context and text aspects of language in a social-semiotic perspective New York Oxford Press 1989

TRAVAGLIA Luiz Carlos Gramaacutetica e interaccedilatildeo uma proposta para o ensino da gramaacutetica no 1ordm e 2ordm graus 8 ed Satildeo Paulo Cortez 2002

CROSSMIacuteDIA

A palavra crossmiacutedia estaacute originalmente relacionada agrave publicidade As agecircncias de publicidade e propaganda investem na produccedilatildeo de um conteuacutedo que eacute distribuiacutedo por diferentes plataformas midiaacuteticas Tem--se assim uma mesma mensagem com o mesmo conceito mas com um formato especiacutefico para o meio no qual deveraacute circular A taacutetica eacute a dis-tribuiccedilatildeo do mesmo conteuacutedo em diversas miacutedias O objetivo eacute atingir o maior nuacutemero de pessoas atraveacutes de canais diferentes

Glaacuteucio Antocircnio Santos

ReferecircnciasLOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Convergecircncia de miacutedias e jornalismo In TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Accedilatildeo Pesquisa e Reflexatildeo sobre a docecircncia na formaccedilatildeo do jornalista em tempos de convergecircncia das miacutedias digitais Dissertaccedilatildeo (Mestre em Educaccedilatildeo) - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais Belo Horizonte 2007 p 255 Disponiacutevel em lthttpswwwacademiaedu2084363ConvergC3AAncia_de_mC3ADdias_e_jornalismogt Acesso em 19 jul 2020

CULTURAS HIacuteBRIDAS E HIBRIDISMO CULTURAL

Chamamos de culturas hiacutebridas o rompimento de barreiras que se-param estruturas socioculturais diferentes diminuindo as fronteiras entre o que eacute considerado culto ou erudito e o que eacute considerado po-pular ou de massa A expressatildeo ldquoculturas hiacutebridasrdquo ganha notoriedade no acircmbito acadecircmico a partir de publicaccedilotildees do antropoacutelogo Neacutestor Garciacutea Canclini O antropoacutelogo chama de hibridismo cultural o pro-cesso em que duas ou mais culturas distintas se mesclam abrangendo tambeacutem os aspectos econocircmicos e poliacuteticos Como exemplo podemos citar a proacutepria constituiccedilatildeo do povo brasileiro a partir de colonizadores europeus (principalmente os portugueses) os indiacutegenas que aqui vi-

C D

84

viam e os africanos trazidos para caacute e escravizados Somam-se a esses trecircs grupos a imigraccedilatildeo de asiaacuteticos (japoneses chineses) libaneses turcos siacuterios e outros grupos que para caacute vieram ao longo da histoacuteria Eacute importante lembrar que em muitos casos certos grupos natildeo aceitam ou natildeo querem a hibridaccedilatildeo cultural permanecendo cada um em suas respectivas ldquobolhasrdquo Podemos observar essa questatildeo tambeacutem numa perspectiva microssocial em que o tradicional se mistura ao moderno e o culto ao popular Pensemos por exemplo na apropriaccedilatildeo de uma obra de arte renascentista como a pintura La Gioconda retrato da Mona Lisa e sua apropriaccedilatildeo pela publicidade ou por uma histoacuteria em quadrinhos O avanccedilo das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) tem proporcionado essa hibridaccedilatildeo entre objetos culturais distintos de-vido ao desenvolvimento de softwares e aplicativos que permitem remi-xagens de obras distintas e de campos diferentes

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasCANCLINI Neacutestor Garciacutea Culturas hiacutebridas estrateacutegias para entrar e sair da modernidade Satildeo Paulo EDUSP 2007

DIALOGISMO

Conceito desenvolvido por Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) no ensaio publicado em 1963 intitulado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a par-tir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacute-vski (1821-1881) Bakhtin parte do princiacutepio de que a linguagem eacute uma realidade muacuteltipla e heterogecircnea e a verdadeira substacircncia da liacutengua eacute constituiacuteda nas interaccedilotildees verbais via enunciaccedilatildeo ou enunciaccedilotildees Dessa forma o discurso (liacutengua concreta viva) eacute construiacutedo a partir do discurso do outro e o sujeito eacute construiacutedo pelo outro por meio da linguagem Nessa perspectiva o sujeito tem um projeto de fala que natildeo depende soacute da sua intenccedilatildeo depende do outro com quem se fala do ou-tro ideoloacutegico forjado por outros discursos do contexto Sendo assim o dialogismo eacute caracteriacutestica essencial da linguagem eacute a condiccedilatildeo do sen-tido do discurso compreende a palavra em constante movimento e as relaccedilotildees dialoacutegicas como relaccedilotildees semacircnticas em toda a espeacutecie de diaacute-logo Em qualquer momento do desenvolvimento do diaacutelogo sentidos esquecidos poderatildeo vir agrave tona seratildeo ressignificados e sob uma forma renovada surgiratildeo em outro contexto Contrapondo-se ao discurso mo-noloacutegico o diaacutelogo bakhtiniano eacute accedilatildeo entre interlocutores natildeo sendo mensurado pelo nuacutemero de falantes ouvintes ou observadores Nessa accedilatildeo coexistem convergecircncias e divergecircncias advindas do tempo pas-

D E

85

sado e futuro dos grupos sociais das tendecircncias etc O dialogismo eacute portanto interaccedilatildeo social natildeo soacute a partir do diaacutelogo face a face mas principalmente entre discursos de quaisquer naturezas desde as rela-ccedilotildees dialoacutegicas cotidianas ateacute o texto literaacuterio

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasFIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

A CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

DISPOSITIVOS MOacuteVEIS DE COMUNICACcedilAtildeO

Dispositivos moacuteveis satildeo tecnologias digitais que permitem a mo-bilidade e o acesso agrave internet Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo fo-ram desenvolvidas teacutecnicas para resolver problemas Essas tecnologias sejam analoacutegicas ou digitais sempre estiveram presentes em nossa sociedade inclusive no acircmbito educacional Ao longo do tempo vecircm sofrendo constantes modificaccedilotildees em detrimento das necessidades hu-manas Isto faz com que a tecnologia se torne na modernidade um recurso indispensaacutevel tanto agrave vida cotidiana como para o setor educa-cional Aparelhos de GPS (de Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global) laptops smartphones tablets satildeo exemplos des-ses equipamentos facilitadores do cotidiano Geralmente eles apresen-tam espessura fina tamanho pequeno faacutecil manuseio para atender agrave funcionalidade praacutetica O uso significativo de dispositivos moacuteveis de tecnologia promove experiecircncias enriquecedoras para a Educaccedilatildeo Na sala de aula esses aparelhos satildeo recursos que somados agraves praacuteticas e metodologias significativas atendem agraves necessidades educacionais

Sabrina Ribeiro

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Moderna 2020

ECOSSISTEMA DIGITAL

O termo ecossistema tem origem nas aacutereas da ecologia e biologia sendo definido como um grupo de elementos interconectados formado pela interaccedilatildeo de uma comunidade de organismos com o seu ambiente

E

86

Baseado nessa descriccedilatildeo o ecossistema digital trata de uma integraccedilatildeo de soluccedilotildees de software ou soluccedilotildees tecnoloacutegicas funcionando no mes-mo ambiente ou plataforma A expressatildeo ecossistema digital eacute muito abrangente pois as soluccedilotildees que compotildeem o ecossistema podem abar-car tanto hardwares (componentes fiacutesicos) quanto softwares (sistemas) e tambeacutem usuaacuterios No contexto abordado no livro Letramentos miacutedias linguagens de Rojo e Moura (2019) o ecossistema digital engloba os softwares utilizados para manipulaccedilatildeo de fotos tradicionais e criaccedilatildeo de fotografias digitais inseridos em uma plataforma de sistema operacio-nal Os produtos dos diversos atores envolvidos nos processos de cria-ccedilatildeo de imagens e fotografias podem ser distribuiacutedos entre pessoas e nas redes sociais que tambeacutem fazem parte do ecossistema Nos ecossiste-mas diferentes tipos de usuaacuterios se conectam e interagem utilizando re-cursos disponibilizados pela plataforma Em vez de seguir numa linha reta ndash dos produtores para os consumidores ndash o valor pode ser criado modificado trocado e consumido de diversas formas e em diversos lu-gares graccedilas agraves conexotildees facilitadas pela plataforma

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

ReferecircnciasBITTARELLO Kamila Entenda o que eacute ecossistema digital ou ecossistema de software Blog do Sienge 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwsiengecombrblogecossistema-digitalgt Acesso em 4 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA (EAD)

A expressatildeo Educaccedilatildeo a Distacircncia (EAD) designa alguns modelos de ensino em que professores e alunos natildeo se encontram num mesmo espaccedilo e ao mesmo tempo para as aulas Muitos satildeo os modelos do que se pode chamar de educaccedilatildeo a distacircncia ou ensino a distacircncia Pode-mos iniciar fazendo uma distinccedilatildeo entre essas duas expressotildees O que distingue e diferencia ldquoeducaccedilatildeordquo e ldquoensinordquo A principal diferenccedila entre os dois substantivos que designam processos estaacute relacionada agrave abrangecircncia dos termos Enquanto ldquoensinordquo tem um caraacuteter mais es-peciacutefico pressupondo certas accedilotildees que geralmente partem dos sujei-tos ldquoensinantesrdquo (os professores) com o objetivo de transmitir conhe-cimentos para os chamados ldquoaprendentesrdquo a ldquoeducaccedilatildeordquo por sua vez eacute um processo mais amplo que concebe a ensinantes e a aprendentes em constante interaccedilatildeo de modo que o conhecimento vai sendo construiacutedo de maneira conjunta entre esses sujeitos Derivam daiacute distinccedilotildees como

E

87

ldquotransmissatildeordquo e ldquoconstruccedilatildeo de conhecimentosrdquo bem como a distinccedilatildeo entre informaccedilatildeo e conhecimento Dentre os modelos de educaccedilatildeo a distacircncia com o tempo e por forccedila de uso o acento grave indicativo de uma crase entre preposiccedilatildeo e artigo acabou sendo abolido Temos tanto formas bem antigas como os cursos por correspondecircncia ateacute modelos bem contemporacircneos com o uso de plataformas digitais pensadas es-pecificamente para servir como ambientes virtuais de aprendizagem com um conjunto de ferramentas agrave disposiccedilatildeo de professores alunos designers instrucionais e tutores Em muitos modelos a educaccedilatildeo a dis-tacircncia conta com certos atores natildeo tatildeo comuns na educaccedilatildeo presencial como os tutores ndash presenciais e a distacircncia que auxiliam na mediaccedilatildeo entre professores e alunos os designers instrucionais profissionais que geralmente contribuem com os professores do ponto de vista teacutecnico e esteacutetico para construccedilatildeo das plataformas educacionais A esse mo-delo de educaccedilatildeo em que vaacuterios sujeitos com atribuiccedilotildees diferentes atuam no ensino denominou-se ldquopolidocecircnciardquo Dentre as ferramentas disponibilizadas pelos mais conhecidos ambientes virtuais de aprendi-zagem identifica-se uma primeira distinccedilatildeo entre conteuacutedo e ativida-de Como conteuacutedo podemos elencar textos digitais (artigos ou livros disponiacuteveis na internet escaneados ou produzidos especificamente para a disciplina) viacutedeos (videoaulas gravadas viacutedeos disponiacuteveis na internet ou produzidos especialmente para a disciplina) podcasts graacutefi-cos infograacuteficos modelos de sequecircncias didaacuteticas links para portais e paacuteginas da internet dentre tantos outros materiais especiacuteficos das dife-rentes disciplinas Como atividades temos algumas jaacute previstas nesses ambientes como foacuteruns de discussatildeo chats questionaacuterios pesquisas glossaacuterios wikis tarefas diversas dentre tantas outras A educaccedilatildeo a distacircncia pressupotildee uma forma de ensino e aprendizagem concebida para ser oferecida em espaccedilos e tempos flexiacuteveis que permite ao estu-dante a possibilidade de acessar o ambiente virtual de aprendizagem do lugar em que ele dispuser de equipamento tecnoloacutegico e no seu tem-po disponiacutevel conforme suas atividades cotidianas Esse modelo natildeo dispensa a possibilidade de exigecircncia de que em determinados dias e horaacuterios programados possam ser previstas atividades siacutencronas e em espaccedilos especiacuteficos para isso como os chamados polos de apoio presen-cial locais em que tambeacutem costumam dar plantotildees os chamados tuto-res presenciais Os chamados tutores a distacircncia geralmente datildeo seus plantotildees de suas casas ou da unidade de ensino agrave qual estatildeo vinculados Um ponto muito importante a se considerar quando se pensa em EAD eacute a questatildeo do planejamento Neste modelo parte-se de um pacto estabe-lecido entre professores e alunos de que as principais formas de intera-ccedilatildeo aconteceratildeo de maneira natildeo presencial e atualmente na chamada

E

88

terceira geraccedilatildeo da EAD (a primeira eacute a do ensino por correspondecircncia e a segunda do uso das chamadas miacutedias analoacutegicas como o raacutedio e a televisatildeo) esta interaccedilatildeo eacute mediada pelas chamadas tecnologias di-gitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) ou tecnologias digitais de informaccedilatildeo (TIC) ou simplesmente ldquonovas tecnologiasrdquo Nossa opccedilatildeo eacute pela expressatildeo tecnologias digitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo por consideraacute-la mais adequada (a palavra ldquonovardquo tem uma carga muito grande de relativismo) e completa (haja vista que pressupotildee informa-ccedilatildeo e comunicaccedilatildeo)

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasMILL Daniel RIBEIRO Luis Roberto de Camargo OLIVEIRA Marcia Rozenfeld Gomes (org) Polidocecircncia na educaccedilatildeo a distacircncia muacuteltiplos enfoques 2 ed Satildeo Paulo Edufscar 2014 200 p

EDUCACcedilAtildeO MISTA SEMIPRESENCIAL OU HIacuteBRIDA (blended learning)

Aleacutem do modelo de educaccedilatildeo natildeo presencial conhecido pela sigla EAD tem-se constituiacutedo e firmado um modelo misto chamado de semi-presencial ou hiacutebrido que parece ser de acordo com os estudiosos do assunto um modelo dialeacutetico que consegue reunir o melhor dos dois modelos polarizados A educaccedilatildeo hiacutebrida parte de princiacutepios como aprendemos em espaccedilos formais e natildeo formais aprendemos (e ensi-namos) de diferentes formas e podemos usar metodologias digitais e analoacutegicas (mais antigas e mais tradicionais por assim dizer) Nesse contexto os modelos de ensino que seguem o padratildeo do blended learning apresenta quatro tipos estruturantes a) O modelo rotacional baseado na criaccedilatildeo pelo professor de diferentes espaccedilos de ensino e aprendiza-gem dentro ou fora da sala de aula para que os alunos revezem entre diferentes atividades conforme as orientaccedilotildees do docente Nesse mode-lo haacute as seguintes propostas i) rotaccedilatildeo por estaccedilotildees (os alunos realizam diferentes atividades em estaccedilotildees e no espaccedilo da sala de aula) ii) labo-ratoacuterio rotacional (os alunos usam o espaccedilo da sala de aula e laboratoacute-rios) iii) sala de aula invertida (a teoria eacute estudada em casa no formato on-line e o espaccedilo da sala de aula eacute utilizado para discussotildees resolu-ccedilatildeo de atividades entre outras propostas) e iv) rotaccedilatildeo individual (cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados) b) o modelo flex baseado na experiecircncia de aprendizagem por meio de atividades on-line na qual o ritmo do aluno eacute personalizado e o docente fica agrave disposiccedilatildeo para

E

89

esclarecimento de duacutevidas c) o modelo a la carte baseado na respon-sabilidade do aluno pela organizaccedilatildeo de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos organizados em parceria com o docente personalizando a aprendizagem que pode ocorrer no momen-to e local mais adequados e d) o modelo virtual aprimorado baseado na experiecircncia realizada por toda a escola em que em cada curso os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem on-line e a presencial

Heacutercules Tolecircdo Correcirca e Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBACICH Lilian MORAN Joseacute Aprender e ensinar com foco na educaccedilatildeo hiacutebrida Paacutetio n 25 junho 2015 p 45-47 Disponiacutevel em lthttpwwwgrupoacombrrevista-patioartigo11551aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibridaaspxgt Acesso em 27 jun 2020

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B JOHNSON Curtis W Inovaccedilatildeo na Sala de Aula Como a Inovaccedilatildeo Disruptiva Muda a Forma de Aprender Traduccedilatildeo Rodrigo Sardenberg 1 ed Satildeo Paulo Bookman 2011 262 p

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B STAKER Heather Ensino Hiacutebrido uma Inovaccedilatildeo Disruptiva Uma introduccedilatildeo agrave teoria dos hiacutebridos Boston Clayton Christensen Institute 21 maio 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwchristenseninstituteorgpublicationsensino-hibrido_sf_s=ensino+hC3ADbridogt Acesso em 3 ago 2020

ELETRONIC-LEARNING OU E-LEARNING

Trata-se de uma das modalidades ou uma das geraccedilotildees da Educaccedilatildeo a Distacircncia A e-learning centra-se principalmente na mediaccedilatildeo tecno-loacutegica inicialmente realizada por meio de disquetes CD CD-ROM e pendrive (principais modos de armazenamento e transferecircncia de da-dos) Com o desenvolvimento e popularizaccedilatildeo da internet a e-learning tem nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) plataformas de ensino ou LMS (learning management system) como o Moodle o TelEduc o Canvas dentre outros o seu principal suporte Haacute quem aponte dife-renccedilas entre LMS e AVA afirmando que este eacute mais usado no meio edu-cacional enquanto aquele eacute mais utilizado pelas empresas No primeiro modelo a e-learning era considerada ldquosem gerenciamento do aprendiza-dordquo pela dificuldade de interaccedilatildeo entre ldquoensinantesrdquo e ldquoaprendentesrdquo No modelo com AVA passa a ser ldquocom gerenciamento do aprendizadordquo

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL OU ENSINO ON-LINE

O ensino remoto tem sua vertente analoacutegica por meio de material impresso normalmente caderno de atividades produzido por profes-

E

90

sores e distribuiacutedos aos alunos Os modos de diagramaccedilatildeo e impres-satildeo vatildeo desde processos mais simples como reprografias ateacute materiais mais sofisticados com projetos graacuteficos mais arrojados com suporte de profissionais da aacuterea de comunicaccedilatildeo visual e design graacutefico Outra ver-tente do ensino remoto emergencial eacute aquela mediada pela tecnologia com aulas on-line siacutencronas eou assiacutencronas (gravadas e disponibiliza-das aos alunos) Satildeo realizadas em forma de aulas (com preleccedilotildees expo-siccedilotildees e exibiccedilotildees de material audiovisual tais como slides e animaccedilotildees) ou em forma de reuniotildees virtuais usando diversos tipos de ferramen-tas tecnoloacutegicas algumas pagas e outras gratuitas (Google Meet Zoom Jitsi Skype dentre outras) Especialistas em educaccedilatildeo e tecnologia enfa-tizam que natildeo se deve confundir ensino remoto emergencial com Edu-caccedilatildeo a Distacircncia uma vez que a EAD tem caracteriacutesticas especiacuteficas que natildeo estatildeo presentes no ensino remoto (emergencial ou natildeo) como o planejamento preacutevio de todas as etapas e a presenccedila da tutoria Esta modalidade de educaccedilatildeoensino foi a soluccedilatildeo encontrada por grande parte das instituiccedilotildees de ensino em todos os niacuteveis devido agrave pandemia de COVID-19 no ano de 2020 que levou agraves pessoas ao chamado ldquodistan-ciamento socialrdquo por recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ESCRITA COLABORATIVA

A escrita colaborativa consiste na produccedilatildeo de textos de modo coleti-vo ou em grupos Ela se materializa pela atuaccedilatildeo de mais de um autor no processo da criaccedilatildeo A escrita acadecircmica pode ser por exemplo co-laborativa Normalmente um mestrando ou doutorando sempre redige suas anaacutelises sob a orientaccedilatildeo de um professor orientador e faraacute altera-ccedilotildees em sua composiccedilatildeo ao aceitar sugestotildees da banca que o examinaraacute durante sua defesa caso sejam necessaacuterias Em muitas situaccedilotildees pode existir a correccedilatildeo por pares e esta pode apresentar algumas vantagens contribuir para que a subjetividade de um dos autores de determinado trabalho natildeo extrapole os limites definidos pela Ciecircncia Eacute totalmente compreensiacutevel que a descriccedilatildeo dos resultados de um estudo contenha nuances personalistas Costuma-se reconhecer um autor pelo seu estilo uma vez que a personalidade autoral eacute desejaacutevel Poreacutem alguma criacutetica externa eacute sempre bem-vinda quando se almeja evitar que uma opiniatildeo pessoal (ou exagero ideoloacutegico) supere a neutralidade caracteriacutestica da obra cientiacutefica Tambeacutem se pode verificar a escrita colaborativa em di-cionaacuterios glossaacuterios anais perioacutedicos enciclopeacutedias Os meios digi-tais tecircm cada vez mais feito uso do trabalho conjunto Um exemplo eacute

E

91

o da enciclopeacutedia eletrocircnica Wikipeacutedia que vem substituindo as antigas coleccedilotildees de livros impressos nem sempre acessiacuteveis a todas as camadas da sociedade Eacute equivocado o pensamento de que enciclopeacutedias abertas na internet natildeo satildeo dignas de credibilidade A plataforma da Wikipedia por exemplo exige referecircncias Informaccedilotildees falsas podem ser contesta-das e corrigidas a qualquer momento Revisores analisam periodica-mente textos denunciados ou considerados suspeitos Por fim pode-se tambeacutem encontrar a escrita colaborativa nos aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Entre os que se destinam ao ensino e agrave aprendiza-gem de liacutenguas estrangeiras pode-se mencionar o Duolingo Ele dispotildee de um recurso que recebe o nome de incubadora no qual cursos de novas liacutenguas satildeo elaborados conjuntamente por voluntaacuterios que pas-sam por um processo seletivo bastante criterioso A escrita colaborativa persiste enfim na modernidade mais recente inclusive na produccedilatildeo de miacutedias digitais

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFAGUNDES Leacutea da Cruz LACERDA Rosaacutelia SCHAumlFER Patriacutecia Behling Escrita colaborativa na cultura digital ferramentas e possibilidades de construccedilatildeo do conhecimento em rede Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educaccedilatildeo Porto Alegre v 7 ed 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpsseerufrgsbrrenotearticleview140127902gt Acesso em 5 jul 2020

EVOLUCcedilAtildeO DA WEB

A expressatildeo evoluccedilatildeo da web refere-se agraves fases de configuraccedilatildeo da web como a web 10 20 30 e 40 A internet reconhecida como a rede mundial de computadores eacute formada pela ligaccedilatildeo entre computadores no entanto os recursos que conferem ldquointeligecircnciardquo agrave rede satildeo reconhe-cidos por World Wide Web sigla www ou simplesmente web que permi-tem a interaccedilatildeo entre as milhares de paacuteginas que abrigam textos ima-gens sons viacutedeos animaccedilotildees etc O meacuterito pela criaccedilatildeo da World Wide Web em 1989 eacute atribuiacutedo ao fiacutesico inglecircs Tim Berners-Lee enquanto tra-balhava como engenheiro de software no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN em Genebra A web 10 tambeacutem conhecida como web sintaacutetica surgiu em 1990 e foi caracterizada como a web de conexatildeo e obtenccedilatildeo de conteuacutedo o que resultava em interaccedilotildees limitadas do usuaacute-rio com a web sendo dirigida somente agrave transmissatildeo de informaccedilotildees A web 20 constitui-se na evoluccedilatildeo da web 10 e eacute tambeacutem conhecida como web social conceito proposto em 2004 por Tim OrsquoReilly Essa internet eacute caracterizada como um conjunto de serviccedilos que promoviam interaccedilotildees entre seus usuaacuterios de forma colaborativa designados como redes de

E F

92

relacionamento on-line redes sociais on-line ou redes sociais digitais A proposta da web 30 tambeacutem conhecida como web semacircntica Web de contextos e significados foi lanccedilada publicamente em 2001 por Tim Berners-Lee como uma web capaz de processar e cruzar informaccedilotildees consolidaacute-las e trazer resultados mais relevantes para seus usuaacuterios Assim a web 30 caracteriza-se por softwares inteligentes que utilizam dados semacircnticos permitindo a relaccedilatildeo colaborativa com as pessoas por meio da categorizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos pesquisados Jaacute a proposta da web 40 conhecida como web of things (Web das coi-sas) e tambeacutem desenvolvida por Tim Berners-Lee estaacute fundamentada pela conectividade e interatividade entre pessoas informaccedilotildees proces-sos e objetos por meio de tecnologias que possibilitam acesso agrave rede por qualquer pessoa de qualquer lugar a qualquer tempo utilizando quaisquer dispositivos incluindo equipamentos multifuncionais com sensores inteligentes tais como eletrodomeacutesticos automoacuteveis roupas etc a partir de aplicaccedilotildees que se adaptam dinamicamente agraves necessi-dades dos usuaacuterios

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBERNERS-LEE Tim Semantic Web Roadmap Disponiacutevel em lthttpwwww3corgDesignIssuesSemantichtmlgt Acesso em 4 ago 2020

OrsquoREILLY Tim OrsquoReilly Media Inc Disponiacutevel em lthttpwwworeillycomgt Acesso em 4 ago 2020

FAKE NEWS

Pela traduccedilatildeo literal o termo fake news vem do inglecircs fake (falsafalso) e news (notiacutecias) ou seja notiacutecias falsas Assim tomamos por em-preacutestimo o conceito de notiacutecia como ldquoum fato verdadeiro ineacutedito ou atual de interesse geral que se comunica com o puacuteblico depois de re-colhido pesquisado e avaliado por quem controla o meio utilizado para a sua difusatildeordquo e o conceito de ldquofalsordquo pelo dicionaacuterio como adjetivo 1 contraacuterio agrave verdade ou agrave realidade 2 causar alteraccedilatildeo em adulterar 3 dar sentido ou significado diferente do verdadeiro fraudar

Apesar de a expressatildeo existir desde o seacuteculo XIX o termo fake news re-cebeu o tiacutetulo de ldquopalavra do anordquo em 2017 no Oxford English Dictionary principalmente devido agraves eleiccedilotildees presidenciais estadunidenses no ano anterior quando notiacutecias falsas foram usadas como ferramenta eleito-ral para promover ou difamar algum candidato Desde entatildeo o termo tem sido amplamente usado pela miacutedia De maneira geral fake news

F

93

satildeo ldquoafirmaccedilotildees que agem como notiacutecias e que satildeo deliberadamente fabricadas para enganar ou melhor dizendo desviar o receptor da verdaderdquo Geralmente as fake news satildeo afirmaccedilotildees que tecircm a forma de notiacutecia mas de conteuacutedo completa ou parcialmente falso orientadas por motivaccedilatildeo poliacutetica e intencionalmente fabricadas para desinformar ou enganar a fim de manipular a opiniatildeo puacuteblica

As fake news tecircm um caraacuteter sedutor ao mesmo tempo convincentes pois se apropriam das qualidades de uma notiacutecia e satildeo construiacutedas sob a abordagem linguiacutestica emprestadas na forma e no conteuacutedo dos meios jornaliacutesticos mas satildeo passiacuteveis de marcaccedilotildees ideoloacutegicas (construiacutedas por indiviacuteduos embebidos em crenccedilas e valores e consumidas por ou-tros os quais as interpretaratildeo imiscuiacutedos num contexto histoacuterico-social

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias BECHARA Evanildo Minicidionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1 ed Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 2009 1024 p

FANTE Alexandra SILVA Tiago Mathias da GRACcedilA Valdete da Fake News e Bakthin gecircnero discursivo e a (des)apropriaccedilatildeo da notiacutecia Atas do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo Porto Portugal p 106-119 2019 VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo 2018 [Universidade do Porto - Faculdade de Letras]

FILHO Joatildeo Batista Ferreira A verdade sob suspeita fake news e conduta epistecircmica na poliacutetica da desinformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsscholargooglecombrscholarhl=pt-PTampas_sdt=02C5ampq=27fake+news27+definiC3A7ao+ampbtnG=gt Acesso em 2 dez 2020

GELFERT Axel Fake news A Definition Informal Logic Vol 38 N 1 2018 (doi 1022329ilv38i15068)

LETRIA J Pequeno breviaacuterio jornaliacutestico Lisboa Editorial Notiacutecias 2000

FANDOM

Fandom eacute uma forma reduzida da expressatildeo em inglecircs fan kingdom que significa ldquoreino dos fatildesrdquo na traduccedilatildeo literal para o portuguecircs Um fandom eacute um grupo de pessoas que satildeo fatildes de determinada produto cultural como um seriado de televisatildeo uma muacutesica um filme deter-minado um livro ou mesmo um artista (um cantor um muacutesico um ator) Este termo se popularizou atraveacutes da internet principalmente pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook por exemplo Como os fandons satildeo comuns na internet os seus membros costumam discu-tir virtualmente todos os assuntos relacionados ao tema do qual satildeo fatildes Em muitos casos os fandons organizam encontros presenciais para que os membros dessas comunidades possam se conhecer Os fandons

F

94

satildeo adeptos dos fanfics e usam a narrativa transmidiaacutetica num universo ficcional onde os consumidores devem assumir o papel de caccediladores e coletores perseguindo partes da histoacuteria pelos diferentes canais com-parando suas observaccedilotildees com as de outros fatildes em grupos de discus-satildeo on-line e colaborando para assegurar que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiecircncia de entretenimento mais rica Os fandoms satildeo similares aos populares fanclubs que fizeram sucesso nos anos 1990 A grande diferenccedila entre ambos estaacute no uso das redes sociais digitais como ferramenta para se comunicarem se articularem e compartilharem os seus gostos em comum com pessoas de todo o mundo Atualmente os fandons satildeo essenciais para o crescimento e o movimento da induacutestria do entretenimento pois satildeo os principais con-sumidores da miacutedia

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FANFICTION

Fanfiction ou fanfic (forma abreviada) significa ldquoficccedilatildeo de fatilderdquo em tra-duccedilatildeo literal para a liacutengua portuguesa As fanfics satildeo histoacuterias ficcio-nais que podem ser baseadas em diversos personagens e enredos que pertencem aos produtos midiaacuteticos como filmes seacuteries histoacuterias em quadrinhos videogames mangaacutes animes grupos musicais celebrida-des dentre outros Com a popularizaccedilatildeo da internet no final dos anos 1990 muitos escritores desse tipo de literatura encontraram uma forma mais faacutecil de atingir outros fatildes e pessoas com os mesmos interesses Contudo o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretizaccedilatildeo da web Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA na deacutecada de 1970 com a publicaccedilatildeo em fanzines de histoacuterias que eram tributos agrave seacuterie Jornada nas Estrelas Os fatildes desses produtos se apropriam do mote da histoacuteria ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original As fanfics satildeo um belo exemplo de texto multi-modal e narrativa transmidiaacutetica que se refere a uma nova esteacutetica que surgiu em resposta agrave convergecircncia das miacutedias ndash uma esteacutetica que faz novas exigecircncias aos consumidores e depende da participaccedilatildeo ativa de comunidades de conhecimento

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

F

95

FANPAGE

Uma fanpage eacute uma paacutegina do Facebook criada especialmente para ser um canal de comunicaccedilatildeo com fatildes dentro da rede social digital fanpage eacute uma paacutegina para fatildes em traduccedilatildeo literal Os posts e posterior-mente outras redes sociais mudaram nossas vidas e tambeacutem a forma como nos conectamos com o mundo Diferentemente dos perfis pesso-ais a fanpage possui algumas funcionalidades a mais e tem como ob-jetivo reunir a comunidade envolvida com um determinado negoacutecio As fanpages tambeacutem apresentam recursos como aplicativos que promo-vem maior interaccedilatildeo do puacuteblico ferramenta de promoccedilatildeo que permite o impulsionamento dos seus posts aumentando a visibilidade de algum conteuacutedo-chave relatoacuterios de estatiacutesticas que possibilitam que seja feita uma anaacutelise das campanhas promovidas e do engajamento do puacuteblico com as postagens novas curtidas graacuteficos de desempenho entre ou-tros A fanpage eacute um exemplo de hipermiacutedia que surge com a possibili-dade de estabelecer links com diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-lo

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FOTOGRAFIA DIGITAL

Fotografia feita a partir de dispositivos digitais A fotografia digital frequentemente se assemelha a uma fotografia tradicional A primei-ra possui angulaccedilatildeo cor contrastes iluminaccedilatildeo e diversos elementos componentes da segunda No entanto a fotografia digital apresenta maior flexibilidade uma vez que pode ser manipulada editada recom-binada com outras imagens remodelada e compartilhada com outras pessoas nas redes sociais A fotografia tradicional serve como base para posteriormente ser trabalhada no ambiente digital por meio de programas de ediccedilatildeo ndash Photoshop Gimp Illustrator dentre outros ndash e receber novos elementos e novas cores em busca da comunicaccedilatildeo efi-ciente de ideias Um exemplo muito famoso da fotografia digital circu-lou nas eleiccedilotildees americanas de 2008 a foto conhecida como Hope (Espe-ranccedila) Eacute uma imagem do entatildeo candidato agrave presidecircncia Barack Obama com as cores da bandeira estadunidense e a palavra Hope centrada sob a foto composiccedilatildeo conhecida como pocircster poliacutetico A imagem foi cria-

F G

96

da pelo artista Frank Shepard Fairey fundador da Obey Giant Fairey usou uma fotografia tradicional feita por Mannie Garcia fotoacutegrafo da Associated Press para criar o cartaz atraveacutes da manipulaccedilatildeo de diver-sas camadas e inserccedilatildeo de efeitos Uma das primeiras imagens criadas por Fairey tinha a palavra Progress (Progresso) disposta da mesma for-ma que Hope Soacute em um segundo momento Fairey lanccedilaria a famosa seacuterie com a palavra Hope (Esperanccedila) estampada no cartaz que captu-rou o sentimento de esperanccedila e levou Barack Obama agrave Casa Branca De fato o cartaz de Fairey adquire seu real poder a partir de uma com-binaccedilatildeo de elementos visuais tradicionais e modernos participando de um novo ethos proacuteprio do poacutes-fotograacutefico e das novas miacutedias Pela facilidade de manipulaccedilatildeo poder de comunicar ideias e desencadear sentimentos a fotografia digital pode ser empregada em campanhas publicitaacuterias campanhas eleitorais memes etc

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

GAMIFICACcedilAtildeO E ENSINO

O termo em portuguecircs gamificaccedilatildeo (tambeacutem conhecido como lu-dificaccedilatildeo) vem do inglecircs gamification e estaacute relacionado com o uso de jogos digitais e seus elementos na resoluccedilatildeo de problemas do mundo real Isto quer dizer que a gamificaccedilatildeo pode ser entendida como meacute-todo praacutetica ou sistema baseado em jogos digitais com sua aplicaccedilatildeo fora do cenaacuterio dos games Seu foco eacute ajudar o indiviacuteduo no alcance de um determinado objetivo ou na resoluccedilatildeo de problemas aleacutem de pro-porcionar uma experiecircncia de aprendizagem individual eou coletiva Por causa das caracteriacutesticas luacutedicas e motivadoras da tecnologia digital como um todo surgiram estudos relacionando jogos digitais com aacutereas aleacutem do entretenimento como a aacuterea da educaccedilatildeo Esses estudos permi-tiram uma melhor compreensatildeo dos Serious Games (jogos seacuterios) jogos educativos e gamificaccedilatildeo A diferenccedila destes trecircs termos estaacute no fato de os dois primeiros jogos seacuterios e jogos educativos serem jogos comple-tos e a gamificaccedilatildeo natildeo ser exatamente um jogo mas sim elementos dos games utilizados fora dos proacuteprios jogos Vale ressaltar que existe uma diferenccedila entre a gamificaccedilatildeo no ensino e o uso de jogos digitais na educaccedilatildeo (educational games game-based learning etc) sendo estas duas propostas educativas diferentes Portanto a gamificaccedilatildeo natildeo eacute em si

G H

97

um jogo mas a utilizaccedilatildeo de abstraccedilotildees e metaacuteforas originaacuterias da cul-tura e estudos de videogames em aacutereas natildeo relacionadas a esses jogos

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias SANTOS Thales Gamificaccedilatildeo Um recurso aliado a educaccedilatildeo Orientador Profordf Drordf Alexandra Resende Campos 2019 54 f Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Ouro Preto Mariana MG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwmonografiasufopbrbitstream3540000024279MONOGRAFIA_Gamificac3a7c3a3oRecursoAliadopdfgt Acesso em 4 jul 2020

GRAMAacuteTICA SISTEcircMICO-FUNCIONAL

A gramaacutetica sistecircmico-funcional ou linguiacutestica sistecircmico-funcional eacute uma teoria desenvolvida pelo linguista Michael Alexander Kirkwood Halliday e colaboradores Eacute considerada uma abordagem referente ao estudo da linguagem focada na ideia de ldquofunccedilatildeordquo ou seja considera--se a gramaacutetica condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo para fornecer significados Essa concepccedilatildeo iniciada a partir dos estudos de Halliday nas deacutecadas de 1960 e 1970 eacute definida como sistecircmico-funcional uma vez que conside-ra a liacutengua com uma rede de sistemas associados que o locutor utiliza para gerar significados em contextos de comunicaccedilatildeo Nesse contexto a liacutengua deixa de ser um sistema dominado por regras e passa a ser analisada sob o ponto de vista sociossemioacutetico tornando-se um siste-ma de formaccedilatildeo de significados Como caracteriacutesticas da teoria sistecirc-mico-funcional define-se que o uso da liacutengua eacute funcional a funccedilatildeo da linguagem eacute produzir significados esses significados satildeo influenciados pelos contextos social e cultural em que satildeo negociados o uso da liacutengua produz significados atraveacutes de escolhas

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias EGGINS S An introduction to Systemic Functional Linguistics 2ed London New York Continuum 1994

SANTOS Zaacuteira Bomfante dos A Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional algumas consideraccedilotildees Soletras Revista Rio de Janeiro v 28 p 164-181 juldez 2014

THOMPSON G Introducing Functional Grammar 2 ed Oxford Oxford University Press 2003

HIPERMIacuteDIA

Entende-se por hipermiacutedia conglomerados de informaccedilatildeo multimiacute-dia (verbo som e imagem) de acesso natildeo sequencial navegaacuteveis por

H

98

meio de palavras-chave semialeatoacuterias A hipermiacutedia permite ao leitor apreciar viacutedeos filmes e animaccedilotildees ouvir muacutesicas canccedilotildees e falas no lugar em que se encontram simultacircnea ou quase Na hipermiacutedia haacute tambeacutem a possibilidade de interligar diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-las Imagens sons textos animaccedilotildees e viacutedeos podem ser conectados em combinaccedilotildees diversas rompendo com a ideia linear de um texto com comeccedilo meio e fim predetermina-dos e fixos Entende-se por hipermiacutedia tambeacutem um conjunto de infor-maccedilotildees armazenadas e veiculadas por meio de um computador que permite ao usuaacuterio ter acesso a diversos documentos (textos imagens estaacuteticas viacutedeos sons etc) por remissatildeo associativa por meio de links de hipertextos A hipermiacutedia eacute marcada pela oportunidade de interaccedilatildeo leitura natildeo linear extraccedilatildeo de recortes especiacuteficos para atender especi-ficidade sobre o que se procura no processo da navegabilidade

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

HIPERTEXTO

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson na deacutecada de 1960 para denominar a forma de escritaleitura natildeo linear na infor-maacutetica pelo sistema Xanadu O prefixo hiper- (do grego υπερ- sobre aleacutem) remete agrave superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da linearidade do texto es-crito possibilitando a representaccedilatildeo do nosso pensamento bem como um processo de produccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre as pessoas em uma (re)construccedilatildeo coletiva Ateacute entatildeo a ideia de hipertextualidade havia sido manifestada apenas pelo matemaacutetico e fiacutesico Vannevar Bush atraveacutes do dispositivo Memex Diferentemente do que se costuma pensar a ideia de hipertexto natildeo nasce com a internet As primeiras manifestaccedilotildees hipertextuais ocorrem nos seacuteculos XVI e XVII atraveacutes de manuscritos e marginalia Os primeiros sofriam alteraccedilotildees quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espeacutecie de escrita coletiva Os segundos eram anotaccedilotildees realizadas pelos leitores nas margens das paacuteginas dos livros antigos permitindo assim uma leitura natildeo linear do texto Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos para que pudessem ser consultadas por outros leitores A noccedilatildeo de hi-pertexto constitui um suporte linguiacutestico-semioacutetico hoje intensamente

H I

99

utilizado para estabelecer interaccedilotildees virtuais desterritorizadas Segun-do a maioria dos autores o termo designa uma escritura natildeo sequencial e natildeo linear que se ramifica e permite ao leitor virtual o acesso prati-camente ilimitado a outros textos a partir de escolhas locais e suces-sivas em tempo real Trata-se pois de um processo de leituraescrita multilinearizado multissequencial e natildeo determinado realizado em um novo espaccedilo ndash o ciberespaccedilo O hipertexto eacute tambeacutem uma forma de estruturaccedilatildeo textual que faz do leitor simultaneamente um coautor do texto oferecendo-lhe a possibilidade de opccedilatildeo entre caminhos diver-sificados de maneira a permitir diferentes niacuteveis de desenvolvimento e aprofundamento de um tema No hipertexto contudo tais possibili-dades se abrem a partir de elementos especiacuteficos nele presentes que se encontram interconectados embora natildeo necessariamente correlaciona-dos ndash os hiperlinks

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias CAVALCANTE Marianne Carvalho Bezerra Mapeamento e produccedilatildeo de sentido os links no hipertexto In MARCUSCHI amp XAVIER (orgs) Hipertextos e Gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

KOCH Ingedore G Villaccedila Desvendando os segredos do texto 4 ed Satildeo Paulo Cortez 2005

MARCUSCHI Luiz Antonio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

INDEXACcedilAtildeO

A palavra indexaccedilatildeo deriva do verbo indexar que significa organi-zar dados de tal modo que seja possiacutevel recuperar as informaccedilotildees de um arquivo Mais que isso eacute uma forma de identificar e encontrar um arquivo em bases de dados Os itens satildeo organizados por associaccedilatildeo a tags ou caracteriacutesticas particulares que o identifiquem entre muitos ou-tros Dessa forma tambeacutem eacute possiacutevel relacionar um material indexado como um arquivo publicado em um site aos resultados de mecanismos de busca (Google Yahoo etc) por exemplo Como natildeo eacute viaacutevel que os sites de busca faccedilam uma varredura on-line a cada pesquisa feita os bus-cadores indexam paacuteginas para criar um banco de dados relacionados as palavras buscadas Por isso as palavras-chave tecircm grande importacircncia pois elas ajudam o banco de dados a selecionar o material disponiacutevel mais coerente com a busca do usuaacuterio

Layla Juacutelia Gomes Mattos

I L

100

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

HISTOacuteRIA DOS SITES DE BUSCA indexaccedilatildeo (O que eacute indexaccedilatildeo) Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsitehistoriasobreossitesdebuscahistoria-siteindexacao~text=A20indexaC3A7C3A3o20C3A920a20formaum20grande20nC3BAmero20de20itensgt Acesso em 10 ago 2020

INTERATIVIDADE

A palavra interatividade surgiu nas deacutecadas de 1960 e 1970 com a evoluccedilatildeo das Tecnologias de Comunicaccedilatildeo e Informaccedilatildeo ndash TIC mais tarde Tecnologias Digitais de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC For-mada pelo prefixo ldquointerrdquo que significa entre uma coisa e outra e a palavra ldquoatividaderdquo que significa capacidade ou tendecircncia para agir para se movimentar para realizar alguma coisa Caracteriza o estado de interativo a capacidade de possibilitar interaccedilatildeo entre o indiviacuteduo e emissor relaccedilatildeo entre o homem-maacutequina e homem-homem que surge com as necessidades do ser humano no mundo globalizado resultando na mudanccedila da interaccedilatildeo humana A interatividade vem crescendo na educaccedilatildeo a distacircncia desde os cursos por correspondecircncia ateacute o ensi-no on-line A interaccedilatildeo entre professorado e alunado ampliou com os avanccedilos das TIC natildeo se limitando a executar e corrigir atividades ou acompanhar videoaulas por exemplo mas na forma como acontece o contato na educaccedilatildeo presencial entres discentes e docentes atraveacutes de ferramentas como chat webconferecircncia e foacuterum

Sabrina Ribeiro

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

LETRAMENTO

O vocaacutebulo letramento deriva da palavra inglesa literacy que vem do latim litera que significa letra mais o sufixo -cy que indica quali-dade condiccedilatildeo estado fato de ser Para tratar de letramento eacute preciso compreender a sua diferenccedila relaccedilatildeo e associaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo Estudiosos e teoacutericos diferenciam alfabetizaccedilatildeo de letramento da se-guinte forma a alfabetizaccedilatildeo diz respeito ao processo de aprendiza-gem de um coacutedigo e das habilidades de utilizaacute-lo para ler e escrever

L

101

O letramento vai aleacutem do domiacutenio do ato de ler e escrever possibilita tambeacutem o uso dessas habilidades em praacuteticas sociais em que escrever e ler satildeo imprescindiacuteveis O letramento natildeo constitui necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever mas eacute a condiccedilatildeo daquele que consequentemente se apropriou da escrita Quanto ao termo no plural letramentos refere-se aos diversos campos de compreensatildeo e anaacutelise do processo letramento literaacuterio filosoacutefico funcional cartograacutefico ou digital O uso pluralizado do termo eacute marcado por uma ampliaccedilatildeo do sentido de letra que estaacute na raiz etimoloacutegica da palavra para o sentido mais amplo de signos e siacutembolos levando a um certo descentramento da escrita na definiccedilatildeo dos letramentos Portanto letramentos apresen-ta como princiacutepio a complexidade do ato de ler e escrever num contexto de comunicaccedilatildeo mais aacutegil por meio de outros suportes aleacutem do forma-to impresso ou seja a utilizaccedilatildeo de novas miacutedias Neste sentido houve uma convergecircncia do texto para uma tela propiciando uma mudanccedila cultural e consequentemente nos letramentos

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPOS CA CORREcircA HT Praacuteticas de letramento literaacuterio em bibliotecas de escolas puacuteblicas municipais de Ouro Preto In Seminaacuterio de Literatura Infantil e Juvenil 7 2016 Florianoacutepolis Anais Florianoacutepolis UFSC UNISUL 2017 224-231 Disponiacutevel em lthttplinguagemunisulbrpaginasensinoposlinguagemeventossilij7-SLIJ-2017-Anaispdfgt Acesso em 21 jun 2020

COSSON R Letramento Literaacuterio uma localizaccedilatildeo necessaacuteria Letras amp letras v 31 n 3 juldez 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwseerufubrindexPhpletraseletrasarticleview3064416712gt Acesso em 9 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOARES MB Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2003

LETRAMENTO DIGITAL

A expressatildeo letramento digital refere-se agraves praacuteticas sociais de leitu-ra e escrita em ambientes digitais como aqueles propiciados pelos com-putadores ou por dispositivos moacuteveis tais como smartphones e tablets ou outros equipamentos como terminais de banco e eletrodomeacutesticos com interface digital Assim a capacidade de compreender discernir e criar com as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC natildeo estatildeo necessariamente ligadas agrave escola pois as pessoas apren-dem sobre o digital no dia a dia Considerando-se que o conceito de letramento trata do conjunto de praacuteticas sociais que usam a escrita em contextos especiacuteficos e com fins determinados alguns pesquisadores

L

102

enfatizam que haacute modalidades diferentes de letramento o que sugere que a palavra seja pluralizada haacute letramentos e natildeo letramento isto eacute diferentes espaccedilos de escrita e mecanismos de produccedilatildeo reproduccedilatildeo e difusatildeo resultam em diferentes letramentos A necessidade de plu-ralizaccedilatildeo da palavra letramento tambeacutem designa variados efeitos cog-nitivos culturais e sociais em funccedilatildeo dos contextos de interaccedilatildeo com a palavra escrita e em funccedilatildeo de variadas e muacuteltiplas formas de interaccedilatildeo com o mundo Neste sentido alguns pesquisadores enfatizam que o letramento digital designa um certo estado ou condiccedilatildeo que adquirem os que se apropriam da tecnologia digital e exercem praacuteticas de leitura e de escrita na tela Ser letrado digitalmente implica saber se comunicar em diferentes situaccedilotildees buscar informaccedilotildees no ambiente digital e se-lecionaacute-las avaliando sua credibilidade Aleacutem do acesso agrave informaccedilatildeo cabe ao leitor estar atento agrave autoria agrave fonte e ter senso criacutetico para ava-liar o que encontra Ser letrado digitalmente implica portanto em fazer uso das TDIC respondendo ativa e criticamente a diferentes propoacutesitos e contextos interagindo e participando socialmente da construccedilatildeo cole-tiva do conhecimento

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasCOSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E (Orgs) Letramento Digital aspectos sociais e possibilidades pedagoacutegicas 3 ed Belo Horizonte Ceale Autecircntica 2011

COSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E Letramento Digital In FRADE Isabel C A S VAL Maria G C BREGUNCI Maria G C (Orgs) Glossaacuterio CEALE Termos de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita para Educadores Centro de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita - CEALE Belo Horizonte Faculdade de Educaccedilatildeo da UFMG 2014

SOARES Magda B Novas praacuteticas de leitura e escrita letramento na cibercultura Educaccedilatildeo e Sociedade v 23 n 31 p 143-160 dez 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfesv23n8113935pdfgt Acesso em 3 ago 2020

LETRAMENTO INFORMACIONAL

A expressatildeo letramento informacional eacute uma traduccedilatildeo de informa-tion literacy cunhada nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1970 pelo bibliotecaacuterio americano Paul Zurkowski No Brasil foi no iniacute-cio do seacuteculo XXI que os estudos sobre o tema se iniciaram A pesqui-sadora Bernadete Campello discorre sobre o letramento informacional com maior enfoque nos bibliotecaacuterios e educadores pois esse termo foi usado no contexto norte-americano para caracterizar as competecircncias necessaacuterias ao uso de fontes eletrocircnicas de informaccedilatildeo De modo geral pode-se dizer que o letramento informacional significa um processo de autoaprendizado do indiviacuteduo por meio da tomada de consciecircncia

L

103

de qual eacute a sua necessidade de informaccedilatildeo e as habilidades necessaacuterias para utilizaccedilatildeo das fontes de maneira que possibilite a competecircncia e a autonomia na busca e uso da informaccedilatildeo para gerar conhecimento O letramento informacional tem como finalidade a adaptaccedilatildeo e a socia-lizaccedilatildeo dos indiviacuteduos na sociedade da aprendizagem Sendo assim compreende a capacidade de determinar a sua necessidade de infor-maccedilatildeo acessar a informaccedilatildeo com eficiecircncia avaliar a informaccedilatildeo e suas fontes criticamente incorporar a nova informaccedilatildeo ao conhecimento preacutevio utilizar a informaccedilatildeo de maneira efetiva para alcanccedilar objetivos especiacuteficos compreender os aspectos socioeconocircmicos e legais do uso da informaccedilatildeo bem como acessar e usar a informaccedilatildeo dentro da lei

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPELLO B Letramento Informacional funccedilatildeo educativa do bibliotecaacuterio na escola Belo Horizonte Autecircntica 2009

DUDZIAK E A Information literacy princiacutepios filosofia e praacutetica Ciecircncia da Informaccedilatildeo Brasiacutelia v 32 n 1 Apr 2003 Disponiacutevel em lthttpswwwscielo brpdfciv32n115970pdfgt Acesso em 12 jul 2020

GASQUE K C G D Letramento informacional pesquisa reflexatildeo e aprendizagem Brasiacutelia Faculdade de Ciecircncia da Informaccedilatildeo 2012

LETRAMENTOS MUacuteLTIPLOS

Para entendermos o conceito de letramentos muacuteltiplos retomemos a noccedilatildeo de letramentos que a partir das transformaccedilotildees nas formas de se pensar e usar a leitura e escrita foi se ressignificando Letramentos no plural nos remete agrave ideia que os letramentos satildeo muitos Sendo assim letramentos satildeo as diversas praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita e natildeo se restringem somente ao saber ler e escre-ver (alfabetizaccedilatildeo) Importante lembrar que alfabetizaccedilatildeo e letramento satildeo termos indissociaacuteveis poreacutem diferentes em termos de processos cognitivos Para ampliar essa complexidade que abarca os letramentos surge a necessidade de conceituaacute-los e adjetivaacute-los como letramentos muacuteltiplos A palavra muacuteltiplos aparece no dicionaacuterio como sinocircnimo de multiacuteplice que aponta para algo composto por elementos complexos e variados Ao atribuir tal adjetivo ao substantivo letramentos formando a expressatildeo letramentos muacuteltiplos entendemos que as praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita satildeo variadas satildeo muitas se multiplicam e tambeacutem satildeo processos complexos pois mesmo um in-diviacuteduo natildeo alfabetizado pode participar de diversas praacuteticas de letra-mento na sociedade sendo assim letrado de uma certa maneira com

L

104

algum niacutevel de letramento Uma possibilidade de definiccedilatildeo pode ser es-tabelecida de modo que os letramentos compreendam as mais variadas formas de utilizaccedilatildeo da leitura e da escrita seja na cultura escolar ou em suas formas dominantes assim como nas diferentes culturas locais e populares como tambeacutem nos produtos da cultura de massa Nessa perspectiva entendemos que eles abrangem diferentes e diversificadas praacuteticas de leitura e escrita por isso satildeo muacuteltiplos Dessa forma fala-mos em letramento literaacuterio filosoacutefico informacional digital etc

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

LIVES (live streaming)

A traduccedilatildeo literal da palavra inglesa live eacute ldquovivordquo ldquopermanecerrdquo ou ldquomorarrdquo Jaacute a palavra streaming pode ser traduzida por ldquotransmissatildeordquo ou seja a expressatildeo live streaming pode ser entendida como ldquotransmis-satildeo ao vivordquo

O avanccedilo da banda larga na internet (em meados de 2005) permitiu que o sistema de streaming (ou seja o fluxo de dados entre a internet e hardwares) pudesse transmitir dados de som e imagens (estaacuteticas eou em movimento) em grande volume O streaming foi um sistema desen-volvido para permitir que o usuaacuterio da internet natildeo precisasse mais realizar o download ndash descarregamentotransferecircncia termos usados na comunicaccedilatildeo em redes de computadores para referenciar a trans-missatildeo de dados de um dispositivo para outro atraveacutes de um canal de comunicaccedilatildeo previamente estabelecido - para o consumo de arquivos audiovisuais Com essa tecnologia a internet recebe as informaccedilotildees (dados) ao mesmo tempo em que as repassa ao usuaacuterio (consumidor dos dados) Assim os dados satildeo baixados instantaneamente conforme o arquivo vai sendo executado armazenados temporariamente e depois deletados do equipamento (computador ou smartphone por exemplo) Assim o streaming possibilitou as lives (ou tambeacutem live streaming) o que basicamente eacute a transmissatildeo de dados ao vivo via internet ou rede de computadores (dados audiovisuais ou somente aacuteudio) em que os dados gravados satildeo transmitidos em tempo real aos dispositivos conectados

A primeira realizaccedilatildeo de uma live streaming aconteceu em 1993 pelo grupo musical Severe Tire Damage Formada por profissionais de empre-sas de tecnologia de Palo Alto na Califoacuternia a banda transmitiu um pequeno show realizado no Centro de Pesquisa da Xerox e se tornou a

L M

105

pioneira no live streaming A partir de entatildeo essa tecnologia permitiu a transmissatildeo de eventos dos mais diversos como partidas esportivas ateacute palestras e aulas on-line

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias LIVE streaming tudo o que vocecirc precisa saber sobre essa tecnologia Netshowme 2017 Disponiacutevel em lthttpsnetshowmebloglive-streaming-tudo-o-que-voce-precisa-sabergt Acesso em 15 de jul de 2020

LIVE streaming Wikipedia 2020 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiLive_streaminggt Acesso em 15 de jul de 2020

DOWNLOAD e upload Wikipedia 2004 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiDownload_e_uploadgt Acesso em 15 de jul de 2020

MASHUPS

Mashup eacute uma palavra da liacutengua inglesa traduzida para o portu-guecircs como ldquomisturardquo Denominamos mashup uma canccedilatildeo ou composi-ccedilatildeo criada a partir da mistura e combinaccedilatildeo de duas ou mais canccedilotildees eou viacutedeos preexistentes Esse tipo de obra tem suas origens na dissemi-naccedilatildeo de remixes musicais ao longo do seacuteculo XX os quais passaram a misturar elementos de duas ou mais canccedilotildees Essas produccedilotildees torna-ram-se populares ao longo dos anos 1990 em vaacuterios gecircneros musicais principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias e softwares de digitalizaccedilatildeo do som Essa popularizaccedilatildeo ao longo do seacuteculo XX ex-trapolou o acircmbito da muacutesica de forma que o mashup tornou-se um mo-delo conceitual para criaccedilotildees em diversos tipos de miacutedia Os mashups satildeo tipos de remixes caracterizados pela combinaccedilatildeo de elementos de duas ou mais fontes (aparentemente muito distintas entre si) numa nova obra que pode ou natildeo retomar explicitamente essas fontes Um exemplo de mashup eacute a combinaccedilatildeo de canccedilotildees de Bob Marley (No wo-man no cry) e The Beatles (Let it be) para gerar um novo material intitu-lado Bob Marley vs The Beatles - Let it be no cry e divulgado no YouTube

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias BUZATO M E K et al Remix mashup paroacutedia e companhia por uma taxonomia multidimensional da transtextualidade na cultura digital Rev bras linguist apl v 13 n 4 p 1191-1221 2013

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

106

MEMES

A palavra meme vem do grego mimema que significa imitaccedilatildeo Sua primeira apariccedilatildeo foi em 1976 no livro The Selfish Gene (O gene egoiacutesta) de Richard Dawkins Na obra o termo meme eacute descrito como ldquouma unidade de transmissatildeo cultural ou uma unidade de imitaccedilatildeordquo Um meme pode ser uma histoacuteria um haacutebito uma habilidade uma maneira de fazer coisas que copiamos de uma pessoa para outra atraveacutes da imi-taccedilatildeo Na oacutetica da cibercultura meme eacute tudo aquilo que se propaga ou espalha aleatoriamente com algum conteuacutedo humoriacutestico Memes po-dem ser viacutedeos virais feitos para circular e ser redistribuiacutedo em redes sociais geralmente dentro de tradiccedilotildees de ciberativismo consistem no remix de um mesmo fragmento de material audiovisual acrescido de uma nova informaccedilatildeo uma nova legenda dublagem eou outros frag-mentos de viacutedeos

Pode-se dizer que os memes satildeo uma espeacutecie de ldquoproduccedilatildeordquo que traz consigo alguma criacutetica eou teor humoriacutestico a partir do remix de outra obra (visual audiovisual etc) podendo ser replicada para atingir uma grande quantidade de pessoas

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOUZA Carlos Memes Formaccedilotildees discursivas que ecoam no ciberespaccedilo Veacutertices Campos dos Goytacazes RJ v 15 n 1 p 127-148 2013 DOI 1059351809-266720130011 Disponiacutevel em lthttpessentiaeditoraiffedubrindexphpverticesarticleview1809-2667201300112743gt Acesso em 3 jul 2020

METAMIacuteDIA

A ideia de metamiacutedia decorre do teoacuterico canadense Marshall McLuhan O prefixo meta remete a uma dimensatildeo midiaacutetica intersti-cial um devir-miacutedia que estaacute em permanente transformaccedilatildeo segundo o termo originalmente cunhado por Alan Kay e Adele Golberg Fenocirc-meno que refuta a separaccedilatildeo dos elementos e a organizaccedilatildeo da miacutedia segundo padrotildees Um dos princiacutepios baacutesicos e que sustenta os demais eacute a ldquorepresentaccedilatildeo numeacutericardquo o que significa a capacidade que a miacutedia digital possui de emular qualquer objeto em termos puramente formais ou matemaacuteticos Outro princiacutepio para compreender a metamiacutedia eacute a variabilidade o que possibilita que os objetos digitais existam numa in-finidade de versotildees Para melhor compreender essa questatildeo os produ-

M

107

tos midiaacuteticos satildeo o resultado de diferentes algoritmos que modificam uma estrutura singular de dados Trata-se de uma miacutedia que conjugaria constantemente todas as anteriores Diferentes meios de comunicaccedilatildeo estatildeo em constante relaccedilatildeo de contato e apropriaccedilatildeo uns com os outros O raacutedio surge como metamiacutedia do jornal impresso alcanccedilando sua au-tonomia A tevecirc eacute uma metamiacutedia do raacutedio A internet eacute metamiacutedia das miacutedias anteriores mas agrega a especificidade da interaccedilatildeo da reelabo-raccedilatildeo e difusatildeo por ela mesma do conteuacutedo ressignificado pelo usuaacuterio

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SATUF Ivan Contribuiccedilotildees e desafios da Teoria Ator-Rede para o estudo da metamiacutedia Esferas Ano 6 nordm 11 Julho a dezembro de 2017

METODOLOGIAS ATIVAS

As chamadas metodologias ativas constituem um conjunto de meacute-todos e maneiras de ensino e aprendizagem para que os alunos apren-dam de forma autocircnoma e participativa a partir de problemas e si-tuaccedilotildees reais Satildeo exemplos de metodologias ativas a aula invertida a pedagogia de projetos a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo a aprendizagem baseada em problemas dentre outras Nas metodologias ativas o estudante eacute o centro do processo de aprendizagem participan-do efetivamente e sendo responsaacutevel pela construccedilatildeo do conhecimento

Para se trabalhar na perspectiva das metodologias ativas eacute preciso que os curriacuteculos escolares as metodologias os tempos e os espaccedilos sejam revistos a fim de promover uma evoluccedilatildeo para se tornar relevan-te frente agraves constantes mudanccedilas na sociedade As tecnologias digitais permitem hoje em dia a integraccedilatildeo de espaccedilos e tempos tornando-se importantes nos processos educacionais O ensinar e aprender deve acontecer em uma interligaccedilatildeo simboacutelica profunda constante entre o que chamamos mundo fiacutesico e mundo digital Natildeo satildeo dois mundos ou dois espaccedilos mas um espaccedilo estendido em uma sala de aula ampliada e que se hibridiza constantemente Por isso a educaccedilatildeo formal eacute cada vez mais misturada hiacutebrida porque natildeo acontece soacute no espaccedilo fiacutesico da sala de aula mas nos muacuteltiplos espaccedilos do cotidiano que incluem os espaccedilos digitais O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos mas tambeacutem digitalmente com as tecnologias moacuteveis equilibrando a interaccedilatildeo com todos e com cada um Nesse contexto as metodologias ativas satildeo praacuteticas escolarizadas que buscam explorar

M

108

todo o potencial de aprendizagem dos alunos por meio de ferramentas tecnoloacutegicas disponiacuteveis no mundo globalizado

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

Referecircncias MOacuteRAN Joseacute Manuel Mudando a educaccedilatildeo com metodologias ativas Coleccedilatildeo Miacutedias Contemporacircneas Convergecircncias Midiaacuteticas Educaccedilatildeo e Cidadania aproximaccedilotildees jovens Ponta Grossa UEPGPROEX v II 2015 Disponiacutevel em lthttpwww2ecauspbrmoranwp-contentuploads201312mudando_moranpdfgt Acesso em 29 jul 2020

MIacuteDIAS

A palavra miacutedia vem do latim medium cujo plural eacute media com sen-tido de meio A pronuacutencia aportuguesada miacutedia vem do inglecircs em que o ldquoerdquo eacute pronunciado como o ldquoirdquo em portuguecircs A palavra foi introdu-zida no portuguecircs brasileiro nos anos 1960 com o sentido de ldquomeio de comunicaccedilatildeo (social) de massardquo e tem como exemplos mais comuns os jornais impressos o raacutedio a televisatildeo que tiveram seu auge durante o seacuteculo XX A palavra foi introduzida no inglecircs no final do seacuteculo XIX e iniacutecio do seacuteculo XX agrave eacutepoca da invenccedilatildeo do teleacutegrafo da fotografia e do raacutedio para designar a comunicaccedilatildeo entre pessoas distantes espacial-mente de forma anaacuteloga agraves que se realizavam nas sessotildees espiacuteritas por meio de uma pessoa (meacutedium) que servia de mediador entre um espiacuteri-to e as pessoas presentes em uma reuniatildeo realizada com essa intenccedilatildeo Atualmente a palavra eacute usada para designar a imprensa (a grande miacute-dia ou seja os grandes jornais e as grandes redes de comunicaccedilatildeo e a chamada miacutedia alternativa iniciativas que surgem como possibilidade de informaccedilotildees natildeo veiculadas da mesma forma pelas miacutedias de maior poder de penetraccedilatildeo) Na aacuterea da publicidade tem sentido mais especiacute-fico ligado agrave escolha dos veiacuteculos em que determinadas campanhas satildeo disponibilizadas A palavra miacutedia eacute usada ainda para designar a base fiacutesica para a tecnologia empregada no registro e veiculaccedilatildeo da informa-ccedilatildeo por exemplo um CD um pen drive ou um impresso No portuguecircs de Portugal usa-se normalmente a forma meacutedia

Heacutercules Tolecircdo CorrecircaReferecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Ed Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

109

MULTILETRAMENTOS

A palavra multiletramentos eacute formada pelo prefixo mult(i) - do la-tim multus a um correspondente a abundante numeroso em gran-de quantidade - e a palavra letramentos Antes de conceituaacute-la eacute ne-cessaacuterio compreender o que se entende por letramento No Brasil em meados dos anos 1990 esse termo ganha destaque nos estudos de lin-guagem e educaccedilatildeo ao ir aleacutem da ideia de alfabetizaccedilatildeo O letramento eacute um conceito de visatildeo antropoloacutegica ou seja diz respeito aos usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de diferentes ma-neiras sendo socialmente valorizados ou natildeo de diferentes grupos e esferas sociais e culturais Portanto letramento natildeo considera somen-te o sujeito que sabe ler e escrever mas sim eacute o estado ou a condiccedilatildeo que adquire um indiviacuteduo ou grupo social ao se apropriar da escrita A partir desse conceito o adjetivo ldquoletradordquo pode ser entendido como o indiviacuteduo que convive com diversas praacuteticas de leitura e escrita sa-bendo ler ou natildeo Pensando nas diversas situaccedilotildees em que utilizamos a leitura e a escrita surge entatildeo a necessidade de tornar esse conceito plural letramentos Vaacuterias atividades em nosso cotidiano demandam o uso da escrita e mesmo os indiviacuteduos que satildeo analfabetos tambeacutem participam de praacuteticas letradas ou seja modos culturais de utilizar a linguagem escrita em suas vidas cotidianas que variam de acordo com os contextos culturais e sociais Pensando nisso na diversidade de praacute-ticas letradas que surgem com as transformaccedilotildees culturais linguiacutesticas e econocircmicas da sociedade surge a necessidade de ampliar o conceito de letramentos A partir dessa necessidade nasce o conceito de multi-letramentos do inglecircs multiliteracy que surge da reuniatildeo de um grupo de pesquisadores de aacutereas distintas da linguagem que ficou conhecido como New London Group - NLG (Grupo de Nova Londres) no ano de 1996 cujo objetivo era discutir as transformaccedilotildees do mundo globaliza-do seu impacto no ensino de liacutenguas e as transformaccedilotildees pelas quais os textos vinham incorporando ao longo do tempo Para esses pesquisa-dores os textos estavam se modificando ou seja natildeo eram somente de caraacuteter escrito e sim compostos de muacuteltiplas e diferentes linguagens a chamada multimodalidade Os multiletramentos apontam para dois aspectos principais do uso da linguagem sendo eles as diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e a diversidade de contextos e culturas que constituem a sociedade No que diz respeito agraves muacuteltiplas lingua-gens ou agrave multimodalidade dos textos entendemos que os textos que circulam socialmente impressos em diferentes suportes e digitais satildeo compostos por muacuteltiplas semioses e linguagens O segundo aspecto diz respeito agrave multiplicidade cultural que aponta para a variedade de cul-

M

110

turas de produccedilatildeo cultural letrada e do hibridismo textual baseado na eliminaccedilatildeo de fronteiras entre o culto e o popular Aleacutem dessa multipli-cidade surge tambeacutem uma nova eacutetica que natildeo se baseia na ideia de pro-priedade (como o direito autoral) mas no diaacutelogo entre novos partici-pantes (o remix) e uma nova esteacutetica baseada na ideia de ldquocoleccedilatildeordquo em que cada indiviacuteduo seleciona por uma questatildeo esteacutetica de apreciaccedilatildeo conforme seus gostos Os multiletramentos portanto correspondem a esses textos multissemioacuteticos que proporcionam novas relaccedilotildees e expe-riecircncias entre indiviacuteduos textos e culturas

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias COPE Bill KALANTZIS Mary A pedagogy of Multiliteracies designing social futures In COPE B KALANTZIS M (Eds) Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures New York Routledge 2000 p 9-37

KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a praacutetica social da escrita Campinas SP Mercado de Letras 1995

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTILINGUISMO

Mulltilinguismo se refere agrave presenccedila de vaacuterias liacutenguas em coexis-tecircncia O reconhecimento dessa coexistecircncia como um estado natural de um mundo globalizado contribui para a promoccedilatildeo de uma educaccedilatildeo antirracista e valoriza a importacircncia dessas liacutenguas no desenvolvimen-to social e cultural bem como econocircmico e poliacutetico Diante disso focar em uma liacutengua nacional natildeo eacute uma resposta educacional adequada a um mundo multiliacutengue Pessoas multiliacutengues desenvolvem capacida-des de compreender melhor culturas e maneiras de pensar diferentes tal experiecircncia tambeacutem possibilita que se adaptem a necessidades que as liacutenguas dominantes demandem seja no acircmbito linguiacutestico seja no conceitual

No Brasil a liacutengua portuguesa eacute o idioma oficial mas no ano de 2010 por meio do decreto nordm 7387 foi criado o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) identificando 32 municiacutepios com doze liacutenguas cooficiais quatro de descendentes de imigrantes e oito liacutenguas indiacutegenas O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE tam-beacutem no ano de 2010 em uma primeira contagem desde 1950 conseguiu mapear por meio de um censo demograacutefico duzentas e setenta e qua-tro liacutenguas indiacutegenas e tambeacutem trezentas e cinco etnias Aleacutem dessas existem ainda outras multiplicidades como liacutenguas de sinais crioulas afrodescendentes e variaccedilotildees da liacutengua portuguesa em diversas regi-

M

111

otildees do paiacutes Contudo uma naccedilatildeo multiliacutengue se constroacutei com medidas institucionais que se movimentam para aleacutem do reconhecimento da existecircncia de muacuteltiplas liacutenguas no paiacutes Faz-se necessaacuterio investir em instacircncias educacionais que promovam acesso a conhecimento e que valorizem o patrimocircnio cultural (familiar histoacuterico e linguiacutestico) dos cidadatildeos

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias ARCHANJO Renata Globalizaccedilatildeo e Multilingualismo no Brasil Competecircncia Linguiacutestica e o Programa Ciecircncia Sem Fronteiras Revista Brasileira de Linguiacutestica Aplicada Belo Horizonte v 15 ed 3 julset 2015 DOI httpsdoiorg1015901984-639820156309 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrjrblaazCHkdXKkKVJ68hNBktdGWMLlang=ptgt Acesso em 22 jul 2020

Finger I Alves U K Fontes A B A da L amp Preuss E O (2016) Diaacutelogos em multilinguismo uma discussatildeo sobre as pesquisas realizadas no labicoufrgs Letrocircnica s97-s113 httpsdoiorg10154481984-43012016s22390 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpletronicaarticleview22390gt Acesso em 26 jul 2020

LEMOS Ameacutelia Francisco Filipe da C Liacutengua e cultura em contexto multilingue um olhar sobre o sistemaeducativo em Moccedilambique Educar em Revista Curitiba v 34 ed 69 p 17-32 maiojun 2018 DOI 1015900104-406057228 Disponiacutevel em lthttpsrevistasufprbreducararticleview5722835458gt Acesso em 15 jul 2020

LOTHERINGTON H Pedagogy of Multiliteracies Rewriting Goldilocks 1ordf Ediccedilatildeo Editora Routledge 2011

MORELLO R Multilinguismo e ensino nas fronteiras Liacutenguas e Instrumentos Liacutenguiacutesticos Campinas SP n 43 p 217ndash236 2019 DOI 1020396lilv0i438658350 Disponiacutevel em lthttpsperiodicossbuunicampbrojsindexphplilarticleview8658350gt Acesso em 26 jul2020

MULTIMIacuteDIA

A palavra multimiacutedia relaciona-se com os campos da comunicaccedilatildeo e da informaacutetica Pode-se compreendecirc-la como muacuteltiplos meios para se realizar uma comunicaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de meios de comunicaccedilatildeo di-ferentes com vaacuterios suportes de difusatildeo de informaccedilatildeo notadamente imagem e som qualquer recurso de comunicaccedilatildeo ou meio de expressatildeo em que se utiliza mais de um canal de comunicaccedilatildeo Uma apresentaccedilatildeo multimiacutedia eacute contextualizada pela utilizaccedilatildeo de imagem viacutedeo anima-ccedilatildeo som ou uma combinaccedilatildeo dessas miacutedias Na informaacutetica o conceito define a possibilidade de possuir todos os meios de comunicaccedilatildeo entre um computador e o usuaacuterio ainda que estes natildeo sejam bidirecionais Em uma campanha publicitaacuteria ou um plano de miacutedia multimiacutedia eacute a combinaccedilatildeo de diferentes meios e veiacuteculos que favorecem os objetivos de comunicaccedilatildeo cobertura e distribuiccedilatildeo Uma empresa multimiacutedia eacute

M

112

marcada pelo desenvolvimento de produtos que combina a utilizaccedilatildeo de vaacuterias miacutedias ou que oferece serviccedilos independentes (que natildeo se re-lacionam necessariamente) como eacute o caso de um conglomerado indus-trial que possui canais de raacutedio televisatildeo revistas jornais serviccedilos de portalsite fotografia etc O conglomerado pode gerar produtos multi-miacutedia eou oferecer serviccedilos multimiacutedia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MICHAELIS Michaelis Dicionaacuterio Brasileiro da Liacutengua Portuguesa Acesso em lthttpsmichaelisuolcombrgt Acesso em 17 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

PRIBERAM Disponiacutevel em lthttpsdicionariopriberamorggt Acesso em 17 jul 2020

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infantojuvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

MULTIMODALIDADE

A multimodalidade eacute um fenocircmeno em que diferentes modos se-mioacuteticos isto eacute diferentes linguagens como idiomas representaccedilotildees visuais gestos satildeo combinados e integrados em situaccedilotildees comunicati-vas O conceito de multimodalidade geralmente ligado agrave palavra texto comeccedilou a ser usado diante de caracteriacutesticas natildeo verbais que um texto expressa englobando imagens som e gestos Um texto multimodal traz mais de uma modalidade linguiacutestica verbal ou natildeo verbal integradas em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo

A multimodalidade natildeo eacute apenas a soma de linguagens mas a inte-raccedilatildeo entre linguagens diferentes em um mesmo texto Em um mundo marcado por princiacutepios verbais escritos de produccedilatildeo do texto esse se manifesta organizado segundo princiacutepios imageacuteticos de produccedilatildeo

A multimodalidade eacute encontrada em uma conversa face a face em que gestos e expressotildees faciais se unem agrave linguagem verbal Outro exemplo eacute visto nos livros infantis que usam diferentes texturas chei-ros e ateacute mesmo figuras que saltam de suas paacuteginas para estimular os sentidos das crianccedilas

M

113

O conceito de multimodalidade surge a partir da teoria semioacuteti-ca mais especificamente da Semioacutetica Social dos estudiosos Gunther Kress e Leeuwen A semioacutetica prima pelo estudo do texto em suas dife-rentes formas e linguagens mais especificamente focando em explicar o que ele diz e como faz para dizer o que diz

Embora mais utilizada para se referir a textos digitais a multimo-dalidade jaacute era encontrada em pinturas rupestres que demonstram a vida cotidiana do homem expressa por signos Atualmente os textos verbais convivem mutuamente com iacutecones fotos viacutedeos expressando a sua multimodalidade

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias BARROS Diana Luz de Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

CORREcircA Heacutercules T e COSCARELLI Carla V Multimodalidade MIL Daniel (Org) Dicionaacuterio criacutetico da educaccedilatildeo e tecnologias e de educaccedilatildeo a distacircncia Satildeo Paulo Papirus 2018

ROJO Roxane MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTISSEMIOSE

Multissemiose eacute a combinaccedilatildeo de diversos sistemas semioacuteticos como a linguagem verbal e a natildeo verbal em um mesmo texto Assim sendo podemos conceber o texto multissemioacutetico tambeacutem chamado de multimodal por alguns estudiosos como uma interaccedilatildeo semacircntica en-tre fala imagens escrita e outros modos veiculados por meio de outros sentidos ndash tato e paladar por exemplo A multissemiose estaacute presente em textos que nos permitem interpretar uma mensagem imagetica-mente de modo que o leitor tenha aleacutem do texto verbal alguns recur-sos visuais que facilitem o processamento do conteuacutedo em si

A multissimeiose eacute uma marca dos textos na sociedade atual re-pleta de panfletos outdoors reconhecimento automaacutetico de voz textos verbais acompanhados de fotos imagens diversas emoticons e emojis

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias KRESS G VAN L T Reading images the grammar of visual design 2 ed London amp New York Routledge 2006

ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

VIEIRA Mauriceacuteia de Paula A leitura de textos multissemioacuteticos novos desafios para velhos problemas Anais do SIELP Uberlacircndia EDUFU 2012 v 2 n 1

N

114

NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO

O termo letramento vem sendo acompanhado de diferentes adjetivos e outros termos qualificadores ao longo dos anos a partir do seu sur-gimento no Brasil nos anos 1980 Antes de definirmos Novos Estudos do Letramento eacute importante relembrar o que se entende por letramen-to Numa perspectiva socioantropoloacutegica o termo letramento pode ser entendido como usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam eles socialmente valorizados ou natildeo locais (proacuteprios de uma comunidade especiacutefica) ou globais re-cobrindo contextos sociais diversos (famiacutelia igreja trabalho miacutedias escolas etc) em grupos sociais e comunidades culturalmente diversifi-cadas e o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em dife-rentes situaccedilotildees de uso dela Constitui-se portanto um sujeito letrado aquele que domina essas praacuteticas sociais de leitura e escrita Partamos entatildeo para o que chamamos de Novos Estudos do Letramento Novos ndash plural de novo ndash que se caracteriza pela atualidade pela contempo-raneidade ndash e atribuiacutedo aos estudos do letramento Esse conceito surge ao se observar que os estudos do letramento estavam caminhando para um vieacutes mais social do que cognitivo Essa denominaccedilatildeo New Litera-cy Studies (NLS) foca em uma visatildeo mais social do letramento Esse ldquonovordquo se relaciona agrave ideia de ldquovirada socialrdquo ndash termo representou uma mudanccedila paradigmaacutetica da mente do indiviacuteduo passou-se a conside-rar leitura e escrita a partir do contexto das praacuteticas sociais e culturais (histoacutericas poliacuteticas e econocircmicas) ndash ou seja um aprofundamento das praacuteticas sociais culturais e locais de uso do letramento Esse caraacuteter etnograacutefico proposto pelos NLS enquanto um modelo de pesquisa envolve enquadramentos conceitualizaccedilotildees conduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo escrita e relato associado a um estudo amplo profundo e de longa du-raccedilatildeo de um grupo social ou cultural A partir dos estudos fundamen-tados na metodologia da etnografia o NLS apresenta duas concepccedilotildees de letramento autocircnomo e ideoloacutegico Pela perspectiva do letramento autocircnomo entende-se que o indiviacuteduo age de maneira independente Trata-se de um modelo de letramento que natildeo depende de um contexto social pois estaacute baseado em noccedilotildees de neutralidade e universalidade do conhecimento a ser transmitido ou seja o letramento por si soacute eacute autocircnomo capaz de produzir efeitos sobre praacuteticas cognitivas e sociais desconsiderando as condiccedilotildees sociais culturais e econocircmicas ineren-tes agrave vida social Jaacute na perspectiva do letramento ideoloacutegico as praacute-ticas de letramento variam de um contexto a outro isso porque esse modelo entende o letramento como uma praacutetica social e natildeo somente uma habilidade teacutecnica e neutra Nessa perspectiva o modo como as

N

115

pessoas se relacionam com a leitura estaacute enraizado na representaccedilatildeo dessas pessoas sobre o conhecimento Diferente do modelo autocircnomo em que o letramento eacute algo ldquodadordquo aos sujeitos o letramento ideoloacutegico seraacute reformulado reapropriado de maneiras diferentes de acordo com o contexto em que tiver inserido e com a identidade dos sujeitos-mem-bros de uma comunidade

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias BEVILAQUA Raquel Novos estudos do letramento e multiletramentos divergecircncias e confluecircncias RevLet Revista Virtual de Letras v 5 n1 janjul 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwrevletcombrartigos175pdfgt Acesso em 5 jul 2020

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

STREET B V Literacy and multimodality STIS Lecture Inter-Disciplinary Seminars Laboratoacuterio SEMIOTEC da FALEUFMG Faculdade de Letras Belo Horizonte Brazil 2012

NOVOS (MULTI)LETRAMENTOS

Para compreendermos o que se designa de Novos (multi)letramen-tos eacute importante retomar brevemente o conceito de multiletramentos Os multiletramentos se constituem a partir das diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e da diversidade de contextos e culturas que cons-tituem a sociedade Sendo assim ao longo do tempo surgiu a necessida-de de atribuir o adjetivo novos (no plural) ndash que aponta para algo que vigora que tem curso atual e substitui algo jaacute ultrapassado ndash ou seja a incorporaccedilatildeo desse adjetivo caminha para uma ideia de que surgiram ou se ampliaram os usos de novas linguagens e estamos em uma diver-sidade de contextos e culturas mais amplos Um dos fatores que moti-varam o emprego dessa ideia de novo eacute o uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo A internet mudou e ampliou as praacuteticas de letramento(s) promovendo assim uma novidade em relaccedilatildeo agraves praacuteti-cas sociais Os novos letramentos surgem com a internet e a tecnologia e para isso demandam novas habilidades de utilizaccedilatildeo como uso de aplicativos de texto que tambeacutem integram sons imagens e animaccedilotildees Aleacutem disso os novos dispositivos vecircm se transformando e se modifi-cando cada vez mais para atender as diferentes demandas da sociedade como por exemplo os smartphones os tablets os laptops os smartwatches (reloacutegios digitais com funccedilotildees diversas)Todos esses novos letramentos possuem esse caraacuteter multi (muitos) satildeo muacuteltiplos multimodais e mul-tifacetados Aleacutem disso esses novos letramentos satildeo mais participati-

N O

116

vos colaborativos e distributivos Essas novas tecnologias assim como esses novos dispositivos promoveram novas possibilidades de textosdiscursos como o hipertexto a multimiacutedia e depois a hipermiacutedia que por sua vez ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos tex-tosdiscursos requisitando assim novos (multi)letramentos

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

OBJETOS DE APRENDIZAGEM ndash recursos digitais

No mundo globalizado os objetos de aprendizagem possuem uma estreita ligaccedilatildeo com as tecnologias digitais e a internet Dessa manei-ra agrave medida que as tecnologias digitais se aprimoram os recursos se apresentam com maiores possibilidades de ocuparem lugares no cam-po educacional possibilitando uma maior interatividade dos alunos professores e conteuacutedos escolares e consequentemente uma aprendi-zagem mais eficaz O conceito busca estabelecer formalismos para o desenvolvimento de conteuacutedos didaacuteticos que sejam acessiacuteveis a qual-quer ambiente virtual de ensino-aprendizagem e aplicaacuteveis em dife-rentes contextos Os objetos de aprendizagem (OAs) satildeo ferramentas ou recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados no suporte do aprendizado Tais recursos podem compreender viacutedeos imagens hipertextos apresentaccedilotildees em slides etc A essecircncia dos OAs repousa sobre quatro caracteriacutesticas fundamentais acessibilidade reutilizaccedilatildeo durabilidade e interoperabilidade nas quais espera-se que aleacutem de po-derem ser encontrados e modificados sem perdas de qualidade teacutecnica ou didaacutetica duraacuteveis os OAs possam ser operados a partir de diferentes softwares e ambientes virtuais

Leidelaine Seacutergio Perucci

Referecircncias DIAS Carla Cristina Lu et al Padrotildees abertos aplicabilidade em Objetos de Aprendizagem (OAs) XX Simpoacutesio Brasileiro de Informaacutetica na Educaccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpsbr-ieorgpubindexphpsbiearticleview11631066gt Acesso em 29 jul 2020

SILVA Robson Santos Objetos de aprendizagem para Educaccedilatildeo a Distacircncia Satildeo Paulo Novatec Editora 2011 Disponiacutevel em lthttpss3novateccombrcapituloscapitulo-9788575222256pdfgt Acesso em 29 jul 2020

P

117

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Haacute uma discussatildeo terminoloacutegica que perpassa as consideraccedilotildees sobre trecircs expressotildees que compotildeem o campo e estudo sobre pedago-gia de projetos Satildeo eles meacutetodo de projetos trabalho com projetos e pedagogia de projetos Traccedilar essa delimitaccedilatildeo carece reconhecer os fundamentos teoacutericos que iniciaram essa trajetoacuteria de discussatildeo contri-buindo para consolidar o campo de estudos sobre as temaacuteticas e assim possibilitar aberturas para novos desdobramentos no campo teoacuterico e metodoloacutegico acerca da pedagogia de projetos Pensar numa pedagogia engloba o sentido etimoloacutegico da palavra paidagōgiacutea que significa lsquodi-reccedilatildeo ou educaccedilatildeo de crianccedilasrsquo ou seja educaccedilatildeo abrange pressupostos fundamentos diaacutelogo entre diferentes teorias que demarcam a conso-lidaccedilatildeo de um campo de conhecimentos teoacutericos e metodoloacutegicos em articulaccedilatildeo relaccedilatildeo dialoacutegica entre aspectos globais e locais Associar a expressatildeo meacutetodo eou trabalho com projetos demanda uma atuaccedilatildeo e olhar mais especiacuteficos sobre o trabalho pedagoacutegico a ser realizado Estudiosos do assunto apresentam uma cronologia do desenvolvimen-to teoacuterico e metodoloacutegico do trabalho baseado em projetos que teria se iniciado no final do seacuteculo XVI mais precisamente em 1590 nas escolas de arquitetura da Europa Essa trajetoacuteria tem sua continuidade em 1765 quando o trabalho com projetos eacute considerado meacutetodo de ensino e im-plementado nas Ameacutericas Em 1880 o trabalho com projetos eacute instituiacute-do nas escolas de formaccedilatildeo manual e nas escolas puacuteblicas em geral No ano de 1915 haacute redefiniccedilatildeo sobre o trabalho com projetos e retorno des-sa problematizaccedilatildeo na Europa Por fim entre os anos de 1965 e 2006 haacute a redescoberta do trabalho com projetos e sua divulgaccedilatildeo internacional pela terceira vez Hoje essa metodologia estaacute amplamente difundida e utilizada por diferentes aacutereas A efervececircncia da discussatildeo que culmi-na na expressatildeo pedagogia de projetos esbarra nos aspectos histoacutericos e econocircmicos ao longo do seacuteculo XX mas centra-se no decliacutenio dos mo-delos taylorista e fordista que dinamizavam as empresas influenciando a estrutura e forma de organizaccedilatildeo da dinacircmica escolar ponto este de tensatildeo que contribuiu para um (re)pensar educativo atraveacutes da pedago-gia de projetos por parte de todos os envolvidos na dinacircmica da escola e assim propiciar possibilidades de transiccedilatildeo da estrutura escolar tradi-cional para apropriar-se de abordagens mais dinacircmicas atrativas e ati-vas A pedagogia de projetos constitui-se de forma a articular aspectos antes fragmentados como o diaacutelogo entre as disciplinas escolares que favorece a integralidade curricular e com isso uma avaliaccedilatildeo natildeo mais centralizada mas articulada com diversos instrumentos subjacentes ao processo baseados na autonomia e proatividade do aluno A concepccedilatildeo inicial e origem da utilizaccedilatildeo da expressatildeo ldquopedagogia de projetosrdquo par-

P

118

te das contribuiccedilotildees do filoacutesofo e educador escolanovista John Dewey (1959 1971) no que se refere agraves percepccedilotildees sobre uma experiecircncia de produccedilatildeo de conhecimento de engajamento e participaccedilatildeo nas etapas que constituem os processos educativos Assim pretende-se por meio da pedagogia de projetos oferecer uma educaccedilatildeo pautada na postura ativa e natildeo mais passiva dos educandos descentralizando a atuaccedilatildeo docente o que remodela a forma de organizar aspectos estruturantes de se fazer e viver a escola sua dinacircmica e organizaccedilatildeo ao decentrali-zar a atuaccedilatildeo dos participantes do cotidiano escolar Essa experiecircncia ajuda a repensar reordenar e assim ressignificar as percepccedilotildees sobre os elementos que constituem o processo de ensino e reposiciona os parti-cipantes desse processo estabelecendo uma relaccedilatildeo horizontal pautada no engajamento e caraacuteter colaborativo de forma a atender as especifici-dades que surgem no processo de ensino e aprendizagem individual e coletivamente bem como atender as necessidades dos indiviacuteduos que a estes processos dinamizam No Brasil o maior colaborador para disse-minaccedilatildeo da pedagogia de projetos e a discussatildeo que essa terminologia representa foi Aniacutesio Teixeira

Luanna Amorim Vieira da Silva

Referecircncias PASQUALETO T I VEIT E A amp ARAUacuteJO I S (2017) Aprendizagem Baseada em Projetos no Ensino de Fiacutesica uma Revisatildeo da Literatura Revista Brasileira De Pesquisa Em Educaccedilatildeo Em Ciecircncias 17(2) 551-577 Disponiacutevel em lthttpsdoiorg10289761984-2686rbpec2017172551gt Acesso em 1 dez 2020

PLANOS FOTOGRAacuteFICOS

Plano fotograacutefico eacute a organizaccedilatildeo dos elementos fotografados no en-quadramento da cena Satildeo divididos com base na distacircncia entre a cacirc-mera e o objeto fotografado em grande plano geral plano meacutedio plano americano primeiro plano plano detalhe plongeacutee (cuja traduccedilatildeo literal do francecircs eacute mergulho) e contraplongeacutee O grande plano geral busca en-quadrar e evidenciar todo o ambiente dando pouca ecircnfase no sujeito O plano geral busca enquadrar o sujeito no espaccedilo onde ele se encontra dando uma sensaccedilatildeo de completude O plano meacutedio busca dar foco agrave captura do sujeito e eacute utilizado para fotografar todo o corpo de uma pessoa ou da cintura para cima Os demais elementos compotildeem o ce-naacuterio que ajudam no enquadramento No plano americano o sujeito eacute enquadrado da linha dos joelhos para cima Foi criado por diretores de filmes de faroeste americanos para que as armas tambeacutem fossem mostradas nas cenas de duelos O primeiro plano tambeacutem conhecido popularmente como close eacute utilizado para registrar emoccedilotildees e expres-

P

119

sotildees do rosto do sujeito enquadrando assim a cabeccedila e outros detalhes do corpo da pessoa que o fotoacutegrafo julgar importante O sujeito eacute iso-lado e o ambiente pouco importa nesse plano O plano detalhe busca captar os detalhes de parte do corpo partes de objetos ou da natureza No plano plongeacutee a cacircmera estaacute acima do niacutevel dos olhos voltada para baixo Essa forma de enquadramento eacute tambeacutem chamada de cacircmera alta Jaacute no plano contraplongeacutee a cacircmera estaacute abaixo no niacutevel dos olhos e apontada para cima

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias DANTAS Marcelo O artista digital e os planos fotograacuteficos Medium 2018 Disponiacutevel em lthttpsmediumcomaelao-artista-digital-e-os-planos-fotogrC3A1ficos-373f8499d62cgt Acesso em 5 de jul de 2020

PLURILINGUISMO

O prefixo ldquoplurirdquo tem sua origem no latim plus e se refere agrave ideia de ldquovaacuteriosrdquo ldquodiversosrdquo ldquopluralrdquo Desse modo plurilinguismo se refere ao ensino de vaacuterias liacutenguas Tal ensino se direciona a uma competecircncia adquirida pelo falante para compreender e ser compreendido diante da presenccedila de mais de uma liacutengua em determinado contexto de comuni-caccedilatildeo intercultural O ensino plurilinguiacutestico evolui para uma capaci-dade comunicativa que expande a experiecircncia do indiviacuteduo para uma dimensatildeo sociocomunicativa mais ampla Assim estaacute ligado de forma mais estreita agraves questotildees culturais e natildeo soacute ao domiacutenio de liacutenguas es-trangeiras Dessa forma a aprendizagem de outras liacutenguas tende a pro-mover a construccedilatildeo de identidades compostas por diversas culturas valorizando as diferenccedilas em um mundo multiliacutengue Portanto estaacute relacionado a convivecircncia pluricultural na qual os indiviacuteduos se comu-nicam por meio de uma variedade linguiacutestica

Haacute tambeacutem a compreensatildeo de que a competecircncia plurilinguiacutestica eacute transversal e corresponde agraves necessidades de comunicaccedilatildeo da ldquoera planetaacuteriardquo em que vivemos Essa era evoca outra necessidade a de ar-ticular e inter-relacionar conhecimentos contrapondo-se ao ensino tra-dicional compartimentado e linear Diante da multiplicidade cultural e da diversidade linguiacutestica das populaccedilotildees os multiletramentos se mos-tram necessaacuterios e condizentes com as linguagens miacutedias e tecnologias que favorecem novas praacuteticas de leitura e escrita o que se justifica nas sociedades contemporacircneas cuja multiplicidade semioacutetica dos textos com os quais essa sociedade se informa e se comunica eacute notoacuteria

Layla Juacutelia Gomes Mattos

P

120

Referecircncias CAROLA Cristina COSTA Heloisa Albuquerque Intercompreensatildeo no ensino de liacutenguas estrangeiras formaccedilatildeo pluriliacutengue para preacute-universitaacuterios Revista Moara n42 p99-116 juldez 2014 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufpabrindexphpmoaraarticledownload20582397gt Acesso em 26 jul 2020

ROJO Roxane Moura Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MENEZES Leonarda Jacinto Joseacute Maria Plurilinguismo Multilinguismo e Bilinguismo Reflexotildees sobre a Realidade Linguiacutestica Moccedilambicana PERcursos Linguiacutesticos v 3 n 7 (2013) Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufesbrindexphppercursosarticleview4589gt Acesso em 20 jul 2020

PODCASTS

Podcast designa uma forma de produccedilatildeo e compartilhamento de ar-quivos de aacuteudio na internet cujas atualizaccedilotildees podem ser consumidas (ouvidas) pelos usuaacuterios que por sua vez podem tambeacutem descarregaacute--las (fazer downloads) em seus dispositivos (hardwares)

Diferentemente do que se tornou comum considerar o podcast natildeo estaacute necessariamente ligado ao aacuteudio jaacute que qualquer conteuacutedo de miacute-dia (viacutedeo texto foto) pode ser distribuiacutedo atraveacutes do RSS (Rich Site Summary ou Really Simple Syndication)

A palavra podcast foi criada por Ben Hammersley para a ediccedilatildeo de abril de 2004 do jornal britacircnico The Guardian e inaugura o neologismo cujo conceito tem sido debatido Haacute duas versotildees sobre a origem do pre-fixo na primeira o pod proveacutem do famoso aparelho tocador de aacuteudio da empresa Apple (o lsquoiPodrsquo) jaacute na segunda pod significaria personal on demand ou lsquopessoal por demandarsquo O sufixo cast vem de broadcasting ou seja lsquotransmissatildeorsquo Desde entatildeo diferentes abordagens do fenocircmeno ganharam espaccedilo no debate acadecircmico Poreacutem natildeo haacute acordo sobre a definiccedilatildeo de padrotildees especiacuteficos ou regras que devem ser conduzidas no podcasting mas converge sempre agrave produccedilatildeo sonora realizada de for-ma colaborativa e associada agrave mobilidade A grande maioria dos ouvin-tes de podcasts utiliza seus smartphones para a escuta dos aacuteudios geral-mente durante o trajeto de locomoccedilatildeo urbana ou em tarefas domeacutesticas

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias COUTO Ana Luiacuteza S MARTINO Luiacutes Mauro Saacute Dimensotildees da pesquisa sobre podcast trilhas conceituais e metodoloacutegicas de teses e dissertaccedilotildees de PPGComs (2006-2017) Revista Raacutedio-Leituras Mariana-MG v 9 n 02 pp 48-68 juldez 2018

P

121

SALVES Deacuteborah Podcast imediato um estudo sobre a podosfera brasileira Orientador Profordf Drordf Raquel Ritter Longhi 2009 84 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Jornalismo) - Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2009 Disponiacutevel em lthttpsnephijorufscbrwordpresswp-contentuploads201305Podcast-Imediato-um-Estudo-Sobre-a-Podosfera-Brasileira-Deborah-Salves-2009-2pdfgt Acesso em 8 jul 2020

VICENTE Eduardo Do raacutedio terrestre ao podcast uma nova praacutetica de produccedilatildeo e consumo de aacuteudio Anais da Compoacutes Disponiacutevel em lthttpwwwcomposorgbrdataarquivos_2018trabalhos_arquivo_5U524AASCK6777ZKAFXV_27_6695_25_02_2018_16_09_06pdfgt Acesso em 8 jul 2020

POLIFONIA

Entende-se por polifonia um recurso esteacutetico formal apresentado por Mikhail Bakhtin (1895-1975) no ensaio publicado em 1963 intitu-lado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a partir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacutevski (1821-1881) O ponto de partida para a definiccedilatildeo da polifonia eacute a relaccedilatildeo autor-heroacutei nos roman-ces de Dostoieacutevski Bakhtin percebeu que tanto a voz autoral como a do heroacutei satildeo colocadas no mesmo plano A voz do heroacutei natildeo estaacute subor-dinada a uma imagem objetivada dele mesmo nem serve de inteacuterprete da voz do autor possuindo independecircncia dentro da estrutura da obra Nesses romances que Bakhtin denominou de romance polifocircnico em contraponto ao romance monoloacutegico a voz do autor eacute uma voz como as outras e todas satildeo dotadas de valores e poderes plenos nenhuma voz torna-se objeto da outra A polifonia eacute portanto a equivalecircncia de to-das as vozes no interior do objeto esteacutetico e essas vozes se constituem atraveacutes do diaacutelogo na maioria das vezes em pontos de vista contradi-toacuterios pois a voz consciecircncia falante que se faz presente nos enuncia-dos natildeo eacute neutra traz consigo a percepccedilatildeo de mundo juiacutezo e valores Atraveacutes da polifonia podemos compreender um mundo em constante transformaccedilatildeo plural incluso repleto de singularidades Essa capaci-dade permite que o conceito bakhtiniano esteja ainda tatildeo atual

Ana Claacuteudia Rola Santos

Referecircncias FIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

FARACO Carlos Alberto Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje Porto Alegre v 46 n 1 p 21-26 janmar 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

Q R

122

QUIZZES E ENSINO

Quiz eacute uma palavra com origem na liacutengua inglesa cuja definiccedilatildeo eacute questionaacuterio teste ou uma sequecircncia de perguntas Quando este termo estaacute relacionado ao ensino o quiz passa a ser algo aleacutem de uma sequ-ecircncia de perguntas pois este se torna uma ferramenta interativa capaz de aprofundar consolidar reforccedilar e principalmente avaliar a aprendi-zagem do estudante O quiz tem o objetivo de incentivar os estudantes a pensarem pesquisarem refletirem e discutirem os conteuacutedos e con-ceitos passados em sala de aula atraveacutes de questotildees de ordem teoacutericas e praacuteticas Existem diversos aplicativos sites e serviccedilos que possibilitam a criaccedilatildeo e uso gratuito de quizzes podendo ser do tipo on-line ou off--line Em sua forma on-line os quizzes satildeo criados e disponibilizados a partir de aplicativos plataformas ou sites da web como Quizur Google Forms ProProfs Quiz Maker Kahoot Socrative etc Jaacute em seu modo off-line utilizam-se aplicativos como o Plickers Dessa maneira com au-xiacutelio das tecnologias digitais o quiz se torna uma ferramenta uacutetil na aacuterea da educaccedilatildeo proporcionando experiecircncias diferentes no ambiente estudantil inclusive podendo ser utilizado de forma luacutedica como um ldquojogordquo

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias VARGAS Daiana de AHLERT Edson Moacir O processo de aprendizagem e avaliaccedilatildeo atraveacutes de QUIZ 2017 Artigo (Especializaccedilatildeo) ndash Curso de Docecircncia na Educaccedilatildeo Profissional Universidade do Vale do Taquari - Univates Lajeado 22 set 2017 Disponiacutevel em lthttphdlhandlenet107372038gt Acesso em 4 jul 2020

REDE SOCIAL (digital)

As redes sociais satildeo sites e aplicativos que permitem conexatildeo e inte-raccedilatildeo entre os usuaacuterios Satildeo tambeacutem conhecidas como ldquomiacutedias sociaisrdquo Entre as mais populares atualmente estatildeo o Facebook Instagram WhatsApp SlideShare YouTube e Twitter Por tambeacutem permitirem a comunicaccedilatildeo entre empresas e seu puacuteblico satildeo importantes canais para uma estrateacutegia de marketing digital As redes sociais tecircm como objetivo alcanccedilar um puacuteblico Podemos enquadrar as redes sociais agrave definiccedilatildeo de lsquomiacutediasrsquo como um conjunto de lsquomeios de comunicaccedilatildeorsquo de lsquomassarsquo ou lsquodigitaisrsquo destacados sobretudo por se tratar de dispositivos tecnoloacutegi-cos englobados por vezes em um acircmbito institucional no qual lsquomiacutediarsquo ganha tambeacutem o significado de lsquoempresa de comunicaccedilatildeorsquo e em que a

R

123

miacutedia eacute encarada como elemento agenciador das accedilotildees e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo de determinados fatos

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias EQUIPE EDUCAMUNDO As redes sociais na educaccedilatildeo desafios e dicas imperdiacuteveis [Sl] Educamundo 12 jun 2020 Disponiacutevel em lthttpswwweducamundocombrblogeducacao-redes-sociaisgt Acesso em 5 jul 2020

REMIXAGEM

Remixagem relaciona-se com a palavra remix originada do in-glecircs podendo ser tanto o verbo to remix quanto o substantivo remix As formas mais conhecidas do termo descrevem o objeto e o processo de remix tendo relaccedilatildeo com vaacuterios outros termos como o sampling e o mashup Sobre o conceito de remix pesquisadores desenvolveram trecircs frentes distintas o fenocircmeno cultural conhecido como cultura remix praticado com o uso de tecnologias digitais a praacutetica ou teacutecnica de re-mix a ideologia eou discurso da cultura remix conhecida como Re-mix (escrita apenas com a primeira letra na forma maiuacutescula) Como praacutetica eou teacutecnica ligada agrave cultura remix o termo pode ser encarado como re-mix em que o ldquorerdquo traz consigo a ideia de fazer algo novamente e o ldquomixrdquo significa mixagem (mistura) Assim o termo remix deve ser entendido como o rearranjo e mixagem de algo que jaacute foi editado antes ou seja uma forma de recriaccedilatildeo de outra obra (muacutesica viacutedeo entre ou-tras) uma remixagem A partir disso pode-se dizer que a palavra remi-xagem estaacute mais ligada agrave praacutetica ou agrave teacutecnica de remix do que qualquer outra nuance do mesmo termo

A praacutetica de remix como apropriaccedilatildeo desvio e criaccedilatildeo livre tem suas origens no movimento hip-hop que surgiu no final da deacutecada de 1960 em Nova York com gecircnese na muacutesica jamaicana Eacute nesse cenaacuterio mais especificamente nos anos 1970 a partir da criaccedilatildeo de maacutequinas de remix pelos DJs que o termo remix comeccedilou a ser utilizado em contex-tos associados agrave muacutesica e a outras aacutereas como a literatura o cinema e as artes plaacutesticas Em seu sentido amplo a remixagem pode ser entendida como um processo de ediccedilatildeo e apropriaccedilatildeo de fragmentos de materiais preexistentes com o intuito de originar novas obras As caracteriacutesticas das novas ferramentas digitais e da sociedade contemporacircnea tecircm po-tencializado a praacutetica do remix a partir de outros formatos e modali-dades Nesse sentido com a facilidade de acesso a softwares de ediccedilatildeo de aacuteudio imagem e viacutedeo a remixagem se torna uma praacutetica cada vez mais comum na nossa cultura (cultura remix) Esse movimento eacute ainda

R

124

mais potencializado por sites de divulgaccedilatildeo de viacutedeos como o YouTube que abarca uma grande variedade de remixes comuns na nossa cultura tais como memes e mashups

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo e Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias NAVAS E Remix Theory Nova York Springer 2012

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

RENDERIZACcedilAtildeO

O substantivo renderizaccedilatildeo deriva do verbo renderizar cujo signifi-cado eacute tornar um trabalho de processamento digital de aacuteudio imagem viacutedeo dentre outros produtos digitais em um material permanente Esse material eacute resultado de compilaccedilotildees e ediccedilotildees que constroem o resultado final Logo renderizaccedilatildeo eacute a etapa final desse processo que demanda teacutecnicas e recursos graacuteficos que envolvem cor luz contraste som etc partindo de um material bruto digitalizado que por meio de ediccedilatildeo poderaacute proporcionar uma melhor experiecircncia para o usuaacuterio transformando vaacuterios arquivos em um uacutenico produto

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias RENDERIZAR In DICIO Dicionaacuterio Online de Portuguecircs Porto 7Graus 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwdiciocombrrenderizargt Acesso em 9 ago 2020

O QUE eacute renderizaccedilatildeo ou render ControleNet Disponiacutevel em lthttpswwwcontrolenetfaqrenderizacao-ou-render-de-video-audio-e-imagens-3dgt Acesso em 9 ago 2020

SEEMG Cadernos de Informaacutetica - Curso de Computaccedilatildeo Graacutefica 3D Belo Horizonte Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais Disponiacutevel em lthttpportaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000014214pdfgt Acesso 9 ago 2020

REPRODUTIBILIDADE TEacuteCNICA

A expressatildeo reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida pela anaacute-lise do significado das palavras que a compotildeem Reprodutibilidade eacute a qualidade do que pode ser reproduzido enquanto teacutecnica designa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou uma ciecircncia ou ainda a parte material dessa arte ou ciecircncia Nesse sentido reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida como um material ou um conjunto de pro-cedimentos que podem ser reproduzidos A ideia de reprodutibilidade

R

125

teacutecnica eacute utilizada no campo das artes para fazer referecircncia agraves possibili-dades de reproduzir a imagem principalmente a partir de teacutecnicas como a fotografia e o cinema que surgiram com o processo industrial Esta relaccedilatildeo entre reprodutibilidade teacutecnica e imagem foi traccedilada por Walter Benjamin (1987) em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade teacutecnica A fotografia foi inventada no iniacutecio do seacuteculo XIX em meio ao desenvolvimento tecnoloacutegico e afetou de forma acentuada o campo das artes visuais Isso porque ateacute aquele momento a produccedilatildeo de imagens visuais era feita manualmente por artistas o que propiciava o caraacuteter uacutenico dessas obras Por outro lado a fotografia possibilita a captaccedilatildeo de imagens por meio de uma maacutequina e viabiliza sua produccedilatildeo em seacuterie Nesse sentido a fotografia natildeo se insere no acircmbito da unicidade como ocorre com a pintura mas sim na ordem da reprodutibilidade teacutecnica Nesse processo de reprodutibilidade teacutecnica natildeo existe mais o original pois todos tecircm acesso agraves coacutepias disseminadas

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

ReferecircnciasALMEIDA J G M A reprodutibilidade teacutecnica e a mudanccedila de percepccedilatildeo da realidade Revista Diaacutelogo Educacional v 5 n15 p27-43 2005

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

REUNIAtildeO VIRTUAL

Entende-se pela expressatildeo ldquoreuniatildeo virtualrdquo um encontro de pes-soas realizado pela internet atraveacutes de aplicativos ou serviccedilos com pos-sibilidades de compartilhamento de apresentaccedilotildees voz viacutedeo textos e arquivos unindo participantes de diferentes locais geograficamente Para realizar uma reuniatildeo virtual podem ser usados computadores de mesa laptops smartphones ou tablets Algumas plataformas como o Skype o Google Meet o Google HangOuts o Zoom o Team e o Jitsi possibilitam a realizaccedilatildeo de reuniotildees virtuais permitindo aleacutem das chamadas de viacutedeo o compartilhamento de telas e a ediccedilatildeo colaborati-va de documentos O Skype eacute um software lanccedilado no ano de 2003 que permite comunicaccedilatildeo pela internet atraveacutes de conexotildees de voz e viacutedeo criado por Janus Friis e Niklas Zennstrom Ele permite criar gratuita-mente videochamadas com ateacute 50 convidados Natildeo eacute preciso ser cadas-trado no serviccedilo para participar de uma reuniatildeo que pode ser acessada por meio de um link O Skype oferece bate-papo por viacutedeo chamadas internacionais e mensagens de texto via web Jaacute o Google Meet eacute um

R S

126

serviccedilo de comunicaccedilatildeo por viacutedeo desenvolvido pela empresa Google Ele conta com recursos multimiacutedia de interaccedilatildeo como suporte ao mi-crofone cacircmera e gravaccedilatildeo de tela A plataforma tambeacutem eacute chamada de Google Hangouts Meet pois surgiu a partir da separaccedilatildeo do chat do Hangouts e do recurso de viacutedeo Hoje a ferramenta de chat ficou responsaacutevel apenas pelo bate-papo em texto dos grupos enquanto o Meet tornou-se um aplicativo especiacutefico para realizaccedilatildeo de reuniotildees de viacutedeo com ateacute 250 pessoas conforme a licenccedila adotada O Zoom eacute um serviccedilo que possui diversas funcionalidades como compartilhamento de tela gravaccedilatildeo de webinars acesso via telefone upload de reuniotildees na nuvem e permite o uso de um quadro branco para fazer anotaccedilotildees O aplicativo tem uma versatildeo gratuita que oferece ateacute 40 minutos de viacutedeo com 100 pessoas e oferece a opccedilatildeo de uma conta gratuita apenas regis-trando um endereccedilo de e-mail e uma senha Atraveacutes dessa ferramenta o administrador da reuniatildeo pode criar uma sala e enviar um convite via e-mail ou link para qualquer pessoa participar mesmo que natildeo tenha uma conta no serviccedilo Jaacute o Jitsi eacute mais uma opccedilatildeo para quem procura re-alizar reuniotildees virtuais Trata-se de uma plataforma sem fins lucrativos e de coacutedigo aberto Para entrar nas chamadas natildeo precisa se cadastrar apenas eacute necessaacuterio acessar o link gerado que pode ser protegido por senha Importante lembrar que com a acelerada evoluccedilatildeo das tecnolo-gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alteraccedilotildees nessas plataformas e o surgimentos de outras ocorrem a todo momento tornando as informa-ccedilotildees aqui prestadas facilmente ultrapassadas

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

Referecircncias 10 ferramentas de videochamada para fazer reuniatildeo on-line Share 2020 Disponiacutevel em lthttpstudodesharecombrblog10-ferramentas-de-videochamada-para-fazer-reunioes-onlinegt Acesso em 12 de jul 2020

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

LEacuteVY Pieacuterre O que eacute o virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

ROSOLEN Faacutebio Google Meet serviccedilo de videoconferecircncia agora eacute gratuito para todos MundoConectado 2020 Disponiacutevel em lthttpsmundoconectadocombrnoticiasv13436google-meet-servico-devideoconferencia-agora-e-gratuito-para-todosgt Acesso em 12 jul 2020

SEMIOacuteTICA

A palavra semioacutetica vem do grego semeion que significa signo sema ou sinal o que demonstra imprecisatildeo na definiccedilatildeo dos limites da se-mioacutetica em relaccedilatildeo a outras ciecircncias afins tais como a semacircntica e a

S

127

semiologia De modo geral a semioacutetica eacute uma ciecircncia que estuda os signos (natildeo no sentido da astrologia mas no sentido de dar significado referindo-se agrave linguagem) e seu uso no campo da comunicaccedilatildeo aleacutem dos seus significados Embora por muitos anos o termo ldquosemiologiardquo tenha prevalecido entre os conhecidos estruturalistas franceses termo adotado pelo linguista e filoacutelogo suiacuteccedilo Ferdinand de Saussure a partir do seacuteculo XX mais precisamente no ano de 1969 o termo semioacutetica foi adotado como referecircncia no estudo dos signos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias B DE M BATISTA M DE F A semioacutetica caminhar histoacuterico e perspectivas atuais Revista de Letras v 1 n 25 2003

SANTAELLA L O que eacute semioacutetica Satildeo Paulo Brasiliense 1983 (Coleccedilatildeo Primeiros Passos)

SEMIOacuteTICA (peirciana)

Charles Sanders Peirce foi cientista matemaacutetico pedagogista filoacute-sofo e linguista americano Desenvolveu trabalhos com contribuiccedilotildees importantes agrave matemaacutetica filosofia loacutegica e principalmente agrave semi-oacutetica Para o entendimento da semioacutetica peirciana eacute importante com-preender o sistema categorial triaacutedico definido por Peirce Fenomeno-logia desenvolvida a partir de trecircs categorias universais denominadas como primeiridade secundidade e terceiridade A categoria definida como primeiridade eacute a forma de ser daquilo como eacute positivamente e sem nenhuma referecircncia a qualquer outra coisa Essa categoria indica a presenccedila raacutepida da mera possibilidade do sentimento irrefletido da independecircncia Jaacute a categoria definida como secundidade apoia-se na relaccedilatildeo entre um primeiro e um segundo indicada como categoria da experiecircncia no tempo e espaccedilo do confronto da realidade Segundo Peirce somos confrontados com ela em fatos tais como o outro a rela-ccedilatildeo a coerccedilatildeo o efeito a dependecircncia e a independecircncia a negaccedilatildeo o acontecimento a realidade o resultado Por fim a categoria definida como terceiridade baseia-se em um segundo em relaccedilatildeo a um terceiro essa categoria eacute definida como a da comunicaccedilatildeo e da semiose da me-diaccedilatildeo da siacutentese do haacutebito dos signos ou da representaccedilatildeo

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias SANTAELLA L A Teoria geral dos signos Satildeo Paulo Aacutetica 1995

PEIRCE C S Collected papers Vols I-VI ed Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge MA Harvard University Press 1931-1935) Vols VII-VIII ed Arthur W Burks (same publisher 1958) (1994)

S

128

SEMIOacuteTICA SOCIAL OU SOCIOSSEMIOacuteTICA

A expressatildeo semioacutetica social ou o termo sociossemioacutetica comeccedilou a ser usado ao final dos anos 1980 na Austraacutelia apoiado pelos princiacute-pios definidos pela Linguiacutestica Criacutetica e fundamentado sobre a concep-ccedilatildeo da Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional A semioacutetica social se desen-volve sobre os princiacutepios fundamentados por Ferdinand de Saussure nos quais satildeo investigadas as consequecircncias causadas pelo motivo que os sinais ou coacutedigos de comunicaccedilatildeo e linguagem satildeo constituiacutedos por processos sociais Sendo assim isso implica que os sistemas semioacuteti-cos e significados satildeo definidos a partir das relaccedilotildees de poder ou seja conforme o poder se desenvolve na sociedade a linguagem e outros significados socialmente reconhecidos podem eou devem sofrer mu-danccedilas A semioacutetica social realiza a anaacutelise dos signos na sociedade tendo como atribuiccedilatildeo principal o estudo sobre as trocas de informa-ccedilotildees Nessa concepccedilatildeo a escolha dos signos e a elaboraccedilatildeo dos discur-sos satildeo induzidos a partir de interesses que constituem um significado definido por meio de anaacutelise loacutegica que se refere a um contexto social

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias CARVALHO F F Semioacutetica social e imprensa o layout da primeira paacutegina de jornais portugueses sob o enfoque analiacutetico da gramaacutetica visual 286 paacuteginas Tese de Doutorado em Linguiacutestica Aplicada Universidade de Lisboa Portugal 2012

SANTOS Z B A concepccedilatildeo de texto e discurso para semioacutetica social e o desdobramento de uma leitura multimodal Revista Gatilho v13 2011

HODGE R and KRESS G Social Semiotics Cambridge Polity 1988

SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TIPOLOacuteGICOS E SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TOPOLOacuteGICOS

Pode-se definir que sistemas semioacuteticos tipoloacutegicos estatildeo relaciona-dos ao modo verbal como por exemplo a liacutengua jaacute os sistemas semi-oacuteticos topoloacutegicos estatildeo relacionados agrave percepccedilatildeo visual e a gesticula-ccedilatildeo espacial como por exemplo a danccedila e o ato de desenhar Segundo Lemke (2010) eacute possiacutevel construir de modo complementar significados essenciais tais como classificar coisas em grupos exclusivos e distin-guir variaccedilatildeo de grau no decorrer de vaacuterios contiacutenuos de diferenccedila A composiccedilatildeo real de um significado em geral compreende combinaccedilotildees de diversas modalidades semioacuteticas e assim como combinaccedilotildees gerais do tipo tipoloacutegico ou topoloacutegica A semacircntica das palavras relacionadas agrave liacutengua eacute considerada como sistema semioacutetico tipoloacutegico mas tratan-

S

129

do-se de caracteriacutesticas visuais da escrita manuscrita como por exem-plo tipos e formatos das letras efeitos acuacutesticos dentre outros essas caracteriacutesticas satildeo consideradas sistemas semioacuteticos topoloacutegicos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias LEMKE Jay L Letramento metamidiaacutetico transformando significados e miacutedias Trab linguist apl [on-line] 2010 vol49 n2 pp 455-479 Disponiacutevel em lthttpgooglaYoAe5gt Acesso em 12 jul 2020

SONS

O som eacute uma onda mecacircnica que pode ser percebida pela membra-na timpacircnica que compotildee a orelha e nos daacute a sensaccedilatildeo sonora Vivemos rodeados por ondas sonoras luminosas de raacutedio entre outras Satildeo elas que nos possibilitam assistir a programas de TV ouvir raacutedio aquecer um alimento no forno micro-ondas receber a luz solar As ondas sono-ras satildeo ondas mecacircnicas portanto elas necessitam de um meio mate-rial para se propagarem O meio material pode ser soacutelido liacutequido ou gasoso A velocidade do som depende da densidade do meio material em que ela se propaga A reflexatildeo do som tem aplicaccedilotildees praacuteticas como o uso de sonar aparelho capaz de emitir ondas sonoras na aacutegua e captar seus ecos Com ele eacute possiacutevel fazer a localizaccedilatildeo de cardumes ou obter o perfil do fundo marinho por exemplo Alguns animais como o golfi-nho e o morcego tecircm sonar bioloacutegico e orientam-se pelos ecos dos sons que emitem Os morcegos por exemplo utilizam o sonar bioloacutegico para se locomoverem e tambeacutem para obterem seu alimento em geral inse-tos e frutos Esses animais emitem som em alta frequecircncia (ultrassom) que reflete depois de atingir um obstaacuteculo e volta ao morcego o qual decodifica as informaccedilotildees do ambiente Com relaccedilatildeo agrave aacuterea da muacutesica os sons se dividem em modal semimodal e tonal

O tipo de som modal tem como caracteriacutesticas a ausecircncia de har-monias uso constante da ritmizaccedilatildeo ciacuteclica ligada a rituais sagrados sejam eles primitivos africanos indianos chineses japoneses aacuterabes indoneacutesios indiacutegenas das Ameacutericas entre outras culturas O som mo-dal estaacute presente tambeacutem na tradiccedilatildeo grega antiga e no canto gregoria-no sendo estes considerados etapas iniciais dessa estrutura sonora no Ocidente

O som tonal apresenta um contraste entre o tom maior e o menor com ritmizaccedilatildeo mais complexa Esse tipo de som abrange a muacutesica do periacuteodo medieval ateacute meados do seacuteculo XIX Seu aacutepice estaacute entre o bar-roco e o romantismo tardio transitando pelo estilo claacutessico De forma

S

130

geral o estilo tonal eacute a base da histoacuteria da muacutesica com uma pequena passagem pelo dodecafonismo desenvolvendo-se na muacutesica atual tor-nando possiacutevel uma articulaccedilatildeo entre o passado e presente

Jaacute o som poacutes-tonal tem um aspecto modal dentro do sistema tonal e estaacute presente em ritmos mais contemporacircneos como o jazz e a bossa nova da deacutecada de 1950 e os ritmos eletroacuacutesticos Encontra-se nas for-mas mais extremadas da muacutesica vanguardista do seacuteculo XX cujos ex-poentes satildeo Schoenberg e Webern bem como os seus desdobramentos que se estabeleceratildeo com a muacutesica eletrocircnica e suas formas recentes de repeticcedilatildeo consideradas tambeacutem como minimalistas Percebemos atu-almente diante das inovaccedilotildees musicais o fim da estrutura evolutiva da muacutesica ocidental que perpassa o cantochatildeo o tonalismo e a polifonia indo ao encontro do atonalismo do serialismo e da muacutesica eletrocircnica Provavelmente essa etapa evolutiva da muacutesica finalizou-se na metade do seacuteculo XX e atualmente vivenciamos uma mudanccedila substancial de paracircmetros em que o pulso atua de forma efetiva e que o minimalismo aponta para essa direccedilatildeo

Ricardo Ferreira Vale

Referecircncias GOWDAK Demeacutetrio Ossowski MARTINS Eduardo Lavieri Ciecircncias novo pensar- biologia quiacutemica e fiacutesica 9 Satildeo Paulo FTD 2017

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

WISNIK Joseacute Miguel O som e o sentido uma outra histoacuteria das muacutesicas Satildeo Paulo Cia das Letras 2000

STREAMING

A palavra streaming derivada do verbo to stream que pode ser tra-duzido como ldquotransmitirrdquo O substantivo streaming eacute utilizado para designar a tecnologia que permite captar sons e imagens num compu-tador como um fluxo contiacutenuo que permite ter acesso a estes sons e imagens antes de a informaccedilatildeo ter sido baixada como um todo Esse tipo de tecnologia significou uma inovaccedilatildeo importante pois nos pri-moacuterdios da internet o usuaacuterio soacute conseguia ouvir ou assistir viacutedeos depois que estes fossem transferidos por inteiro para o disco riacutegido do computador Atualmente existem duas teacutecnicas para fornecer serviccedilos de viacutedeo download and play e streaming Na primeira o arquivo de viacutedeo precisa ser inteiramente transferido para o usuaacuterio antes de ser visua-lizado Nesse tipo de tecnologia o tempo necessaacuterio para a transferecircn-

S T

131

cia de grandes arquivos eacute um dos principais limitantes uma vez que o usuaacuterio precisa da transferecircncia completa para iniciar a visualizaccedilatildeo O armazenamento local do viacutedeo permite ao usuaacuterio visualizaacute-lo sempre que desejar Por outro lado o streaming permite que as informaccedilotildees flu-am (sejam transmitidas) continuamente para o computador enquanto elas satildeo mostradas ao usuaacuterio A principal vantagem dessa teacutecnica em relaccedilatildeo agrave anterior eacute o fato de que ela reduz o tempo de iniacutecio da exibiccedilatildeo do viacutedeo e suprime a necessidade de armazenamento local do arquivo Esses viacutedeos podem ser acessados em servidores no quais eles satildeo ar-mazenados (como ocorre por exemplo em plataformas como a Netflix) ou transmitidos em tempo real (como ocorre por exemplo em uma live ou em uma videoconferecircncia)

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias TSCHOumlKE Clodoaldo Criaccedilatildeo de streaming de viacutedeo para transmissatildeo de sinais de viacutedeo em tempo real pela internet Orientador Prof Francisco Adell Peacutericas 2001 73 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Ciecircncias da Computaccedilatildeo) - Universidade Regional de Blumenau Blumenau 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwinffurbbr~pericasorientacoesStreaming2001pdfgt Acesso em 15 jul 2020

TAGUEAMENTO

Tagueamento deriva da palavra tag que em inglecircs significa etique-ta roacutetulo Tagueamento estaacute relacionado agrave organizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de informaccedilotildees em paacuteginas na internet por exemplo Essa organizaccedilatildeo se daacute por meio de tags palavras-chave que funcionam como etiquetas para informaccedilotildees e por meio da marcaccedilatildeo relaciona e facilita o acesso a publicaccedilotildees conexas ou afins Tagueamento tambeacutem pode ser com-preendido por etiquetagem visto que o termo tag originalmente utili-zado nas especificaccedilotildees da linguagem de marcaccedilatildeo HTML tambeacutem eacute chamado de etiqueta marcador roacutetulo ou comando Esse tagueamento ou etiquetagem eacute criado por meio de Linguagem de Marcaccedilatildeo e como o proacuteprio nome evidencia define uma marca como um coacutedigo que envol-ve a palavra ou texto Uma forma de tagueamento eacute o uso das hashtags usadas nas redes sociais on-line e por meio delas o usuaacuterio pode vin-cular sua postagem a outras que tenham a mesma palavra bem como encontrar postagens relacionadas a uma mesma hashtag em apenas um click sobre ela Aleacutem disso elas tambeacutem servem para orientar mecanis-mos de pesquisa de ferramentas de busca

Layla Juacutelia Gomes Mattos

T

132

Referecircncias CAMBRIDGE Dictionary TAG Disponiacutevel em lthttpsdictionarycambridgeorgptdicionarioingles-portuguestaggt Acesso em 4 ago 2020

ASSIS PabloO que eacute tag Tecmundo 2009 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrnavegador2051-o-que-e-tag-htmgt Acesso em 4 ago 2020

AMADO Francisco Para que serve uma tag Brasil Escola Disponiacutevel em lthttpsmeuartigobrasilescolauolcombrinformaticapara-que-serve-uma-taghtmgt Acesso em 4 ago 2020

Fundamentos da linguagem HTML etiqueta elemento atributo e valor Disponiacutevel em lthttpwwwnceufrjbrginapecursohtmlconteudointroducaofundamentoshtmgt Acesso em 4 ago 2020

FURGERI S O papel das linguagens de marcaccedilatildeo para a Ciecircncia da Informaccedilatildeo Transinformaccedilatildeo v 18 p 225-250 2006 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrpdftinfv18n306pdfgt Acesso em 4 ago 2020

TEXTO

A palavra texto de acordo com o dicionaacuterio etimoloacutegico vem do latim texere (construir tecer) cujo particiacutepio passado textus tambeacutem era usado como substantivo e significava lsquomaneira de tecerrsquo ou lsquocoisa te-cidarsquo e ainda mais tarde lsquoestruturarsquo Em meados do seacuteculo XIV que a evoluccedilatildeo semacircntica da palavra atingiu o sentido de lsquotecelagem ou estru-turaccedilatildeo de palavrasrsquo ou lsquocomposiccedilatildeo literaacuteriarsquo e passou a ser usado em inglecircs proveniente do francecircs antigo texte Trata-se pois de uma uni-dade de sentido de um contiacutenuo comunicativo contextual que se carac-teriza por um conjunto de relaccedilotildees responsaacuteveis pela tessitura do texto ndash os criteacuterios ou padrotildees de textualidade entre os quais merecem desta-que especial a coesatildeo e a coerecircncia Numa outra perspectiva de acordo com estudos contemporacircneos o sentido de um texto natildeo estaacute nele o sentido do texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-sujeitos e natildeo algo que preexista a essa interaccedilatildeo Na concepccedilatildeo interacional da liacutengua o texto eacute considerado o proacuteprio lugar da interaccedilatildeo e da constituiccedilatildeo dos inter-locutores Haacute lugar no texto para toda uma gama de impliacutecitos dos mais variados tipos somente detectaacuteveis quando se tem como pano de fundo o contexto sociocognitivo dos participantes da interaccedilatildeo

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias KOCH I G V ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2010 3 ed 7ordf reimpressatildeo

FAacuteVERO Leonor L KOCH Ingedore G V Linguiacutestica textual uma introduccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

T

133

TRANSMIacuteDIA

O termo transmiacutedia foi criado por Marsha Kinder uma estudiosa de cinema e professora de Estudos Criacuteticos na Universidade do Sul da Califoacuternia em 1991 no livro Playing with Power Foi uma das primei-ras a reconhecer formalmente que a histoacuteria pode ser fragmentada e espalhada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo contribuindo para uma experiecircncia coletiva enriquecida quando apreciada em conjunto Em 2001 Henry Jenkins codiretor do programa de Estudos de Miacutedia Comparada do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) passou a promover a teoria de Kinder e chamar a atenccedilatildeo de escritores e produ-tores de Hollywood para suas perspectivas comerciais

Henry Jenkins utilizou o termo transmiacutedia pela primeira vez em um artigo da revista Technology Review em 2003 e aperfeiccediloou o con-ceito trecircs anos mais tarde no livro Cultura da convergecircncia publicado no Brasil em 2008

Uma histoacuteria transmidiaacutetica se desenrola atraveacutes de muacuteltiplos su-portes midiaacuteticos com cada novo texto contribuindo de maneira distin-ta e valiosa para o todo Cada meio faz o melhor para que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela televisatildeo roman-ces e quadrinhos por exemplo Seu universo pode ser explorado em games ou experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildees O acesso deve ser autocircnomo para que natildeo seja necessaacuterio ver o filme para gostar do game ou vice-versa Cada produto determinado eacute um ponto de acesso agrave franquia como um todo As histoacuterias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente

A palavra transmiacutedia surge para se referir agrave induacutestria do entreteni-mento e se difunde para outras aacutereas como o jornalismo O termo tem sido frequentemente confundido com a ideia de convergecircncia e conce-bido de forma generalizada utilizado para caracterizar qualquer nar-rativa que flui de uma miacutedia para outra sem que sejam consideradas as suas peculiaridades

Relacionada a comunicaccedilatildeo de mensagens histoacuterias conceitos por meio de diferentes plataformas de miacutedia como filme programa de tele-visatildeo livro revista em quadrinhos videogame internet etc Cada novo texto contribui com algo novo para a narrativa principal Tem como objetivo captar novos consumidores para um determinado produto ou marca Por exemplo uma histoacuteria eacute dividida em partes e veiculada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo Cada um definido pelo seu maior po-tencial de explorar aquela parte da histoacuteria Haacute sempre uma miacutedia re-gente na qual se desenvolve uma narrativa principal enquanto o trans-bordamento para as outras se caracteriza como narrativas secundaacuterias

T

134

A predominacircncia de uma determinada miacutedia vai qualificar o tipo de conteuacutedo do projeto como narrativas radiofocircnicas transmiacutedia ou entatildeo televisivas transmiacutedia

No caso do jornalismo quatro caracteriacutesticas devem estar presentes em uma narrativa transmiacutedia a) interatividade b) hipertextualidade c) multimidialidade integrada d) contextualizaccedilatildeo A compreensatildeo de transmiacutedia seja ela aplicada ao jornalismo ou ao entretenimento deve incorporar estrateacutegias de ampliaccedilatildeo da narrativa regente de engaja-mento e envolvimento da audiecircncia na composiccedilatildeo eou na recircula-ccedilatildeo de narrativas secundaacuterias Estrutura que se expande em termos de linguagens verbais como as icocircnicas textuais etc e de miacutedias como televisatildeo raacutedio celular internet jogos quadrinhos etc

Outras duas vertentes principais da narrativa transmiacutedia podem ser citadas a histoacuteria eacute contada atraveacutes de vaacuterios meios e plataformas comeccedilando em um meio e continuando em outros os prosumidores (consumidor que produz conteuacutedo) colaboram na construccedilatildeo do mun-do narrativo O relato gerado pelo emissor (de cima para baixo) deve-se somar agrave produccedilatildeo de baixo para cima ndash a colaboraccedilatildeo dos consumido-res agora convertidos em produtores

A loacutegica transmiacutedia ultrapassou o entretenimento e o marketing alcanccedilando a educaccedilatildeo o jornalismo e outras aacutereas do conhecimento Uma extensatildeo natural da chamada cultura da convergecircncia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias ALZAMORA Geane TAacuteRCIA Lorena Convergecircncia e Transmiacutedia galaacutexias semacircnticas e narrativas emergentes em jornalismo Brazilian Journalism Research Vol 8 Nordm 1 2012

LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infanto-juvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

TRANSMODALIDADE

Entende-se por transmodalidade elementos da linguagem que podem ser utilizados em diferentes modos Eacute a transformaccedilatildeo de um modo em outro a combinaccedilatildeo de elementos semioacuteticos de modos dife-

T V

135

rentes mas pertinentes entre si se correlacionando para que haja com-preensatildeo

Alguns exemplos de transmodalidade um livro transformado em filme o modo de comunicaccedilatildeo foi transformado em outro alterando as caracteriacutesticas de cada um que satildeo bem definidas Encontramos trans-modalidade tambeacutem na linguagem de sinais as pessoas surdas estatildeo em constantes processos de transmodalidade ou seja no tracircnsito entre liacutenguas (sinais e orais) e entre modalidades linguiacutesticas (visual-espacial e oral-auditiva)

Coincidindo com esse conceito a transmiacutedia utiliza diferentes miacute-dias ou seja diferentes modos para transmitir conteuacutedos variados de forma que os meios se contemplem Uma histoacuteria transmiacutedia desenro-la-se atraveacutes de muacuteltiplas plataformas de miacutedia com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo

Andresa Carla Gomes de Carvalho

ReferecircnciasLIMA Hildomar Joseacute de RESENDE Tacircnia Ferreira Escritas em portuguecircs por surdos(as) como praacuteticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade Revista Educaccedilatildeo Especial Santa Maria 2019 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufsmbreducacaoespecialarticleview38270gt Acesso em 15 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

VIDEOCAST E REPOSITOacuteRIOS DE VIacuteDEOS

A palavra videocast surge depois da palavra podcast quando ocor-re a inclusatildeo da imagem estaacutetica ou em movimento nos arquivos de conteuacutedo de aacuteudio Portanto videocasts consistem em arquivos de viacutedeo que podem ser assistidos pela internet ou baixados pelo usuaacuterio com a possibilidade de interaccedilatildeo destes (compartilhamento e comentaacuterios em espaccedilos no canal onde o videocast foi postado) caso esta opccedilatildeo seja habilitada pelo publicante O termo podcast permanece sendo usado principalmente para referir-se a arquivos de aacuteudio enquanto os arqui-vos de viacutedeo ganharam nomes especiacuteficos (vodcasts ou videocasts)

Os chamados ldquoviacutedeos da internetrdquo se popularizaram acompanhan-do os avanccedilos tecnoloacutegicos com a digitalizaccedilatildeo das cacircmeras fotograacutefi-cas e cinematograacuteficas Com a expansatildeo e a popularizaccedilatildeo do podcast na primeira metade dos anos 2000 os viacutedeos disponiacuteveis nos chamados repositoacuterios miacutedia passaram a ser denominados por alguns de video-casts ou abreviadamente de vodcasts conquanto vaacuterios autores tambeacutem os considerem podcasts

V

136

Atualmente existem inuacutemeros repositoacuterios de viacutedeo na internet alguns pagos e outros gratuitos (vimeocom pexelscom darefulcom videezycom pixabaycom videvonet etc) sendo o YouTube o mais po-pular entre todos que desde 2005 hospeda viacutedeos de colaboradores do mundo inteiro

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias ARAUacuteJO PMP ERROBIDART NCG JARDIM MIA Videocast Potencialidades e Desafios na Praacutetica Educativa segundo a literatura XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educaccedilatildeo em Ciecircncias ndash XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis SC ndash 3 a 6 de julho de 2017

CORREcircA Heacutercules Tolecircdo DIAS Daniela Rodrigues Podcasts na educaccedilatildeo a distacircncia possibilidades pedagoacutegicas e desafios a partir da experiecircncia Artigo apresentado como requisito da Disciplina Toacutepicos especiais em Comunicaccedilatildeo I - Podcast experimentaccedilotildees e formatos contemporacircneos ministrada pela docente Profa Dra Nair Prata do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Comunicaccedilatildeo - Mestrado do Instituto de Ciecircncias Sociais Aplicadas - ICSA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Mariana MG 2019

PAULA Joatildeo Basilio Costa Podcasts educativos possibilidades limitaccedilotildees e a visatildeo do professor de ensino superior Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica Belo Horizonte Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais 2010

e q u i p ee d i t o r i a l

138

Ana Elisa Ribeiro eacute doutora em Linguiacutestica Aplicada (Linguagem e tecnologia) e mestre em Estudos Linguiacutesticos (Cogniccedilatildeo linguagem e cultura) pela Universidade Federal de Minas Gerais poacutes-doutora em Comunicaccedilatildeo pela PUC Minas em Linguiacutestica Aplicada pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp e em Estudos Literaacuterios pela Universidade Federal de Minas Gerais Eacute professora titular e pesquisa-dora do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais onde atua no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (mestrado e doutorado) no bacharelado em Letras (Tecnologias de Ediccedilatildeo) e no ensino meacutedio Eacute es-critora autora de livros e publicaccedilotildees literaacuterias individuais e coletivas

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

O R G A N I Z A D O R E S

139

Adriana Alves Pinto eacute doutoranda em Estudos de Linguagens no Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) Mestra em Estudos linguiacutesticos-Traduccedilatildeo liacutengua inglesa pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais Especialista em Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Utilizando o Linux Educacional pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado) liacuten-gua inglesa pela UFMG Graduada em LetrasPortuguecircs pela Faculda-de Educacional da Lapa (FAEL) Adriana Alves tambeacutem eacute professora de liacutengua inglesa do ensino baacutesico na escola estadual Celmar Botelho Duarte em Belo Horizonte MG

Arlene Pereira dos Santos Faria eacute poacutes-graduada em ciecircncias da reli-giatildeo pelo ISTA e em Administraccedilatildeo Escolar pela Universidade Cacircndido Mendes Atualmente mestranda em Administraccedilatildeo pelo centro uni-versitaacuterio Unihorizontes Graduada em Pedagogia com ecircnfase no ensi-no religioso pela PUC Minas Dirigiu ateacute fevereiro de 2021 o Coleacutegio Agostiniano Frei Carlos Vicuna projeto social da Sociedade Inteligecircn-cia e Coraccedilatildeo (SIC)

Aureacutelio Kubo eacute doutorando no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estu-dos de Linguagens do CEFET-MG fez mestrado em Estudos Linguiacutesti-cos na UFMG e eacute licenciado em Letras Eacute professor no CEFET-MG Cam-pus Timoacuteteo

Magno Martins eacute mestrando em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG Produtor multimiacutedia estrategista em Marketing Digital e atual-mente eacute professor e profissional independente em Marketing Digital e Comunicaccedilatildeo Digital

Marcos Felipe da Silva eacute mestrando em Estudos de Linguagens no CEFET e formado em Letras pela Faculdade Pitaacutegoras de Belo Hori-zonte

T R A D U T O R E S

140

Michel Montandon eacute doutorando em Estudos de Linguagens pelo Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica e servidor da Universidade Fede-ral de Satildeo Joatildeo del-Rei (UFSJ)

Nathalie Santos Caldeira Gomes eacute mestra em Teoria do Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharela em Direito pelo Centro Universitaacuterio Newton Paiva bacharela em Letras com Ecircn-fase em Tecnologias de Ediccedilatildeo pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecno-loacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG licenciada em Portuguecircs e Inglecircs pelo Centro de Ensino Superior de Maringaacute e licenciada em Pedagogia pela Faculdade Ibra de Brasiacutelia Atualmente professora na Prefeitura Municipal de Lagoa Santa e na Seicho-No-Ie do Brasil

Rafael Augusto Gonccedilalves Rocha eacute doutorando em Estudos de Lin-guagens pelo CEFET-MG e Mestre em Estudos Culturais Contempo-racircneos pela Universidade FUMEC Graduado em LetrasInglecircs pela UFMG Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Grupo Educacional Unis-MG e Peda-gogia pelo ISEIB Professor no Coleacutegio Tiradentes da PMMG professor de Liacutengua Inglesa no Coleacutegio Santa Maria Minas - Unidades Betim e Nova Lima e professor da SEE-MG

T R A D U T O R E S

141

Amanda Ribeiro eacute mestranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais escritora e professora da rede particular de ensino

Aquiles Junio dos Santos eacute graduado em Administraccedilatildeo Puacuteblica pela Faculdade Minas Gerais - Famig e Especialista em Gestatildeo Puacuteblica Mu-nicipal pela Universidade Federal de Satildeo Joatildeo del-Rei - UFSJ Teacutecnico em Estradas pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG e servidor puacuteblico estadual na Fundaccedilatildeo Ezequiel Dias - Funed

Gbegravenoukpo Geacuterard Nouatin eacute doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG Professor de liacutenguas com experiecircncia em traduccedilatildeo Professor Gbegravenoukpo eacute graduado em LetrasEspanhol na especialidade Estudos Linguiacutesticos pela Universiteacute drsquoAbomey-Calavi

Ione Aparecida Neto Rodrigues eacute doutoranda em Estudos de Lin-guagens - CEFET-MG Mestre em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica- CEFET-MG Graduada em Pedagogia pela UEMG e Coordenadora Pedagoacutegica da Faculdade Ciecircncias da Vida em Sete Lagoas (MG)

Mateus Esteves de Oliveira eacute doutorando e mestre em Estudos de Lin-guagens (CEFET-MG) Graduado em Gestatildeo Comercial (Universidade de Itauacutena) Letras Portuguecircs Inglecircs (UNAR)

Rejane Aparecida da Silva eacute mestre em Letras - Linguiacutestica e Liacutengua Portuguesa pela PUC Minas Graduada em Letras pela PUC Minas Atualmente eacute aluna em disciplina isolada no Programa de Poacutes-Gradu-accedilatildeo em Estudos de Linguagem no CEFET-MG e atua como professora na rede particular em Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

142

Suzanne Silva Rodrigues de Morais eacute doutoranda e mestre em Estu-dos de Linguagens pelo CEFET-MG Graduada em Letras pela UEMG eacute professora de liacutengua portuguesa e produccedilatildeo de textos na rede puacuteblica e particular de Divinoacutepolis - MG

Weliton da Silva Leatildeo eacute mestrando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG Licenciado em Matemaacutetica pela PUC Minas e professor de Matemaacutetica na rede particular de Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

143

Ana Claacuteudia Rola Santos eacute mestra em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Ana Luacutecia de Souza eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educaccedilatildeo de Joatildeo Monlevade e em Matemaacutetica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Andresa Carla Gomes de Carvalho eacute mestranda em Letras - Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto e graduada em Letras pela Faculdade de Ciecircncias e Letras de Congonhas

Beatriz Toledo Rodrigues eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Linguagem Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana eacute especialista em Metodologia de ensino da Educaccedilatildeo Infantil e Seacuteries Iniciais pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais graduada em Letras pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto e aluna da disciplina (isolada) Multi-letramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Daniela Rodrigues Dias eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto MBA em Gestatildeo de Instituiccedilotildees Educacionais pela Faculdade Pitaacutegoras e em Gestatildeo Empresarial pela Fundaccedilatildeo Comu-nitaacuteria de Ensino Superior de Itabira especialista em Informaacutetica em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Lavras e bacharela em Sistemas de Informaccedilatildeo pela Faculdade Kennedy de Joatildeo Monlevade

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

144

Elton Ferreira de Mattos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Ciecircncias Humanas pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Fernanda Luiza de Sousa eacute mestra em Ensino de Ciecircncias com ecircnfase em Fiacutesica pela Universidade Federal de Ouro Preto e Licenciada em Fiacutesica pelo Instituto Federal de Minas Gerais - Ouro Preto

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Con-trole e Automaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselheiro Lafaiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo de Conteuacutedo em ComunicaccedilatildeoJornalismo pela Universidade Metodista de Satildeo Paulo e em Gestatildeo de Pessoas pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharel em Comunicaccedilatildeo SocialJornalismo pela Fundaccedilatildeo Comunitaacuteria Educacional e Cultural de Joatildeo Monlevade e graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

145

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Com-putaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselho La-faiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Layla Juacutelia Gomes Mattos eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Viccedilosa graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viccedilosa aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universida-de Federal de Ouro Preto

Leidelaine Seacutergio Perucci eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Coordenaccedilatildeo Pedagoacutegica pela Universidade Cacircndido Mendes graduada em Pedagogia pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Luanna Amorim Vieira da Silva eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Facul-dade Fransinette do Recife

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves eacute mestrando em Letras ndash Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Metodologia de Ensino da Liacutengua Portuguesa e da Liacutengua Inglesa pela Universidade Cacircndido Mendes graduado em Letras pela Faculdade Santa Rita

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa eacute graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em In-formaacutetica Aplicada agrave Educaccedilatildeo pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

146

Ricardo Ferreira Vale eacute doutorando em ducaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestre em Biotecnologia e Gestatildeo da Inovaccedilatildeo pelo Centro Universitaacuterio de Sete Lagoas especialista em Ensino de Biologia pela Universidade Cacircndido Mendes licenciado em Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Centro Universitaacuterio do Sul de Minas e licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitaacuterio Unifacvest

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees eacute doutoranda em Educaccedilatildeo e Mestra em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Psicopedagogia Institucio-nal pelo Instituto Prominas e graduada em LetrasLiacutengua Portuguesa pela Universidade Federal de Ouro Preto

Sabrina Ribeiro eacute graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Ouro Preto e voluntaacuteria do Grupo de Pesquisa Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto licenciada em Quiacutemica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Thiago Caldeira da Silva eacute mestrando em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo Puacuteblica pela Universidade Federal de Ouro Pre-to bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Viccedilosa

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

c r eacute d i t o s

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Diretor-GeralProf Flaacutevio Antocircnio dos Santos

Vice-DiretoraProfa Maria Celeste Monteiro de Souza Costa

Chefe de GabineteProfa Carla Simone Chamon

Diretor de Educaccedilatildeo Profissional e TecnoloacutegicaProf Seacutergio Roberto Gomide Filho

Diretora de GraduaccedilatildeoProfa Danielle Marra de Freitas Silva Azevedo

Diretor de Pesquisa e Poacutes-GraduaccedilatildeoProf Conrado de Souza Rodrigues

Diretor de Planejamento e GestatildeoProf Moacir Felizardo de Franccedila Filho

Diretor de Extensatildeo e Desenvolvimento ComunitaacuterioProf Flaacutevio Luis Cardeal Paacutedua

Diretor de Governanccedila e Desenvolvimento Institucional Prof Henrique Elias Borges

Diretor de Tecnologia da InformaccedilatildeoProf Gray Faria Moita

Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo

Coordenadora

Profa Joelma Rezende Xavier

Coordenador AdjuntoProf Joseacute de Souza Muniz Jr

LED eacute a editora-laboratoacuterio do Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo do CEFET-MG Tem por objetivo proporcionar ao corpo discente um espaccedilo permanente de reflexatildeo e experiecircncia para a praacutetica profis-sional em ediccedilatildeo de diversos materiais Tem como princiacutepios fundado-res a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensatildeo a integraccedilatildeo entre formaccedilatildeo teoacuterica e formaccedilatildeo praacutetica e a valorizaccedilatildeo do aprendiza-do horizontal e autocircnomo

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas GeraisAv Amazonas 5253 Nova SuiacuteccedilaCampus I sala 344Belo Horizonte MG Brasil CEP 30421-169Telefone +55 (31) 3319-7140

CoordenadorProf Dr Joseacute de Souza Muniz Jr

Vice-coordenadorProf Dr Luiz Henrique Silva de Oliveira

Comissatildeo EditorialProfa Dra Ana Elisa RibeiroProfa Dra Elaine Ameacutelia MartinsProf Dr Joseacute de Souza Muniz JrProf Dr Luiz Henrique Silva de OliveiraProfa Dra Maria do Rosaacuterio Alves PereiraProf Dr Rogeacuterio Silva BarbosaProf Dr Wagner Moreira

Conselho EditorialProfa Dra Ana Claacuteudia Gruszynski (UFRGS Brasil)Profa Dra Andreacutea Borges Leatildeo (UFC Brasil)Prof Dr Cleber Arauacutejo Cabral (Uninter Brasil)Profa Dra Daniela Szpilbarg (CIS-IDES-CONICET Argentina)Profa Dra Isabel Travancas (UFRJ Brasil)Profa Dra Luciana Salazar Salgado (UFSCar Brasil)Prof Dr Luis Alberto Ferreira Brandatildeo Santos (UFMG Brasil)Profa Dra Mariacutelia de Arauacutejo Barcellos (UFSM Brasil)Prof Dr Maacuterio Alex Rosa (CEFET-MG Brasil)

Projeto de traduccedilatildeo ldquoUma Pedagogia dos Multiletramentosrdquo

Professores CoordenadoresAna Elisa RibeiroMarcelo Amaral (Doutorando Posling - CEFET-MG)

PreparaccedilatildeoCarolina de Vasconcelos SilvaGabriela OliveiraGabrielly Ferreira

Texto de quarta capaElinara Santana

Projeto Graacutefico e DiagramaccedilatildeoMurilo Vale Valente

RevisatildeoAcircngela Alves Vasconcelos

Revisatildeo finalElinara Santana

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca UniversitaacuteriaBibliotecaacuterio Wagner Moreira de Souza ndash CRB6-2623

P371 Uma pedagogia dos multiletramentos Organizaccedilatildeo e apresentaccedilatildeo Ana Elisa Ribeiro Heacutercules Tolecircdo Correcirca ndash Belo Horizonte LED 2021

152 p ISBN 978-65-87948-04-1

1 Linguiacutestica 2 Letramento I Ribeiro Ana Elisa II Correcirca Heacutercules Toledo III Tiacutetulo

CDD 410

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

Este e-book celebra os 25 anos do Manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos Foram usadas as

fontes Palatia e Palatino Linotype O projeto editorial eacute de estudantes de Letras do CEFET-MG e foi

finalizado no inverno de 2021

de

se

nh

an

do

futu

ros

so

cia

is

do

s

Em 1994 dez educadores se reuniram em Nova Londres (EUA) com o intuito de

discutir a pedagogia dos letramentos Des-se encontro surgiu o manifesto A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures importante documento que propocircs a noccedilatildeo de multiletramentos com sua diversidade linguiacutestica cultural e textual Agora com esforccedilo e dedicaccedilatildeo de professores mes-trandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) em parceria com a editora-la-boratoacuterio do Bacharelado em Letras esse manifesto foi traduzido para o portuguecircs brasileiro e estaacute acessiacutevel para professores pesquisadores e estudantes das aacutereas de educaccedilatildeo e afins acrescido de um glossaacuterio produzido por parceiros da Universidade Federal de Ouro Preto

mu

ltil

etr

am

en

tos

u m a

gogia

peda

POSLINGPROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeOEM ESTUDOS DE LINGUAGENS

Page 6: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...

6

Demorou muito mas finalmente executamos ndash e propusemos ndash uma traduccedilatildeo do manifesto da Pedagogia dos Multiletra-

mentos documento produzido por dez pesquisadores e profes-sores de liacutengua inglesa em meados dos anos 1990 e publicado

A n a E l i s a R i b e i r oC e n t r o F e d e r a l d e E d u c a ccedil atilde o T e c n o l oacute g i c a d e M i n a s G e r a i s

a p r e s e n t a ccedil atilde o

U M A T R A D U Ccedil Atilde O N E C E S S Aacute R I A

7

em revista em 1996 1 Esse manifesto programaacutetico autodeclarado teve tanta influecircncia sobre os estudos de letramentos e multi-modalidade no Brasil que eacute um dos principais documentos em que se inspira nossa Base Nacional Comum Curricular (BNCC) embora isso natildeo esteja expliacutecito e nem identificado no documen-to Eacute natildeo apenas por isso mas tambeacutem portanto fundamental que esta traduccedilatildeo ao portuguecircs brasileiro exista mesmo que um pouco tardiamente (25 anos passados) e com algumas imperfei-ccedilotildees

Ateacute o momento era bastante comum que tiveacutessemos de ler o manifesto em inglecircs ou que conhececircssemos suas partes por meio de traduccedilotildees de trechos em artigos e livros brasileiros Pen-sando nisso e na ampliaccedilatildeo significativa do acesso a este texto por pesquisadores professores e estudantes brasileiros a turma de mestrandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) ao cursar uma disciplina sobre identidade e letramentos do pro-fessor aceitou com alegria e responsabilidade o desafio de tra-duzir o documento em inglecircs tornando-o acessiacutevel natildeo apenas em nossa liacutengua mas tambeacutem propondo sua publicaccedilatildeo por meio da editora laboratoacuterio do bacharelado em Letras (Tecnolo-gias de Ediccedilatildeo) a LED que o disponibiliza gratuitamente a todos os interessados no tema e nesta importante discussatildeo que eacute a dos multiletramentos

Nesse documento nasce esse termo tatildeo empregado por muitas pessoas em especial no campo da educaccedilatildeo embora nem sempre lido diretamente Tambeacutem nasce aqui uma pro-posta para o seacuteculo XXI preocupada com o futuro de jovens do mundo inteiro considerando ambientes de aprendizagem mul-ticulturais multilinguiacutesticos e multimidiaacuteticos Eacute claro que em 1994-1996 ainda natildeo era possiacutevel prever muita coisa ligada agraves tecnologias digitais (redes sociais smartphones etc) era menos

1 Utilizamos na traduccedilatildeo o documento disponiacutevel emhttpnewarcprojectpbworkscomfPedagogy+of+Multiliteracies_New+London+-Grouppdf O artigo original foi publicado na Harvard Educational Review que optamos por natildeo consultar dado que esta eacute uma traduccedilatildeo tentativa validada como atividade de curso de poacutes-graduaccedilatildeo de instituiccedilatildeo puacuteblica de ensino sem qualquer intenccedilatildeo de comerciali-zaccedilatildeo e apenas com finalidade pedagoacutegica e formativa

8

possiacutevel ainda para noacutes na Ameacuterica Latina no Brasil que mal conheciacuteamos de perto a internet de banda discada Nosso con-texto era bastante outro mesmo que esse documento tenha sido lido agraves vezes de forma a negligenciar nossos aspectos locais A pandemia parece ter nos mostrado algo sobre isso com mais pre-cisatildeo infelizmente

O grupo de tradutores aqui reunido (creacuteditos ao final) eacute formado principalmente por professores e professoras de inglecircs e portuguecircs que tal como em qualquer processo editorial se distribuiu conforme suas expertises A traduccedilatildeo foi coletiva as-sim como a revisatildeo final e contou como tarefa principal de uma disciplina de poacutes-graduaccedilatildeo validada tanto no mestrado quanto no doutorado de nossa instituiccedilatildeo o CEFET-MG Foi uma tarefa aacuterdua difiacutecil mas que contou com um grupo de pessoas engaja-do e ciente da importacircncia do acesso direto tanto quanto possiacute-vel em uma traduccedilatildeo ao texto original

A etapa seguinte consistiu em uma conferecircncia da tradu-ccedilatildeo que foi feita por professores e pelo tradutor e pesquisador Seacutergio Karam Ao encontrar aspectos complexos neste manifes-to debatemos com algumas pessoas relemos outros textos a fim de tomar decisotildees sobre as tentativas e propostas do grupo de tradutores Pelo menos quatro aspectos foram levantados (1) a dificuldade imposta pelo proacuteprio texto em inglecircs escrito a vinte matildeos quase trecircs deacutecadas atraacutes que carrega elementos linguiacutesti-cos e de estilo difiacuteceis mesmo em inglecircs (2) a consagraccedilatildeo de al-guns termos traduzidos ao portuguecircs no Brasil mesmo quando nos pareciam inadequados ou imprecisos mas que optamos por manter tal como jaacute ficaram conhecidos e foram legitimados no debate local (3) a dificuldade grande de traduzir palavras que em inglecircs satildeo uacutenicas como literacy que em portuguecircs pode dizer respeito agrave alfabetizaccedilatildeo e ao letramento e (4) a traduccedilatildeo tambeacutem difiacutecil de termos como design fundamental nesta proposta do New London Group mas que em portuguecircs tem outros sentidos que nos parecem indesejados

Os dois casos mais complexos deste documento em por-tuguecircs foram justamente os das palavras literacy e design e suas derivaccedilotildees Por vezes a ideia foi traduzir a primeira por alfa-

9

betizaccedilatildeo mas na maioria dos casos estamos tratando de letra-mento assim como de letramentos e multiletramentos O termo se consagrou em portuguecircs especialmente o multiletramentos que natildeo encontra uma realizaccedilatildeo tal como multialfabetizaccedilotildees embora literacy possa ser traduzida como alfabetizaccedilatildeo Jaacute design nos pa-receu termo ainda mais complexo e vejamos entatildeo trata-se de uma palavra admitida ao portuguecircs com sentidos proacuteximos aos de projeto e desenho no entanto o manifesto a emprega com o intuito declarado de propor uma metalinguagem especializada Escolhem entatildeo a palavra design num sentido que em portuguecircs ainda natildeo encontra uma traduccedilatildeo exata Por se tratar de termo especializado optamos pela manutenccedilatildeo de design com este sen-tido que o NLG quer erigir e propor incluindo palavras da mes-ma famiacutelia e igualmente difiacuteceis de traduzir como designing e designed expressotildees que tornam o construto do grupo bastante complexo em alguns pontos em especial depois de traduzido

Design eacute portanto aqui uma palavra em sentido especiacute-ficoespecializado agrave qual o NLG atribui sentido dentro do con-texto da pedagogia que propotildee para o novo seacuteculo (eles estavam agraves veacutesperas da virada do milecircnio) A opccedilatildeo por mantecirc-la e natildeo traduzi-la por desenho ou projeto tambeacutem respeitou certa consa-graccedilatildeo na aacuterea ou nos estudos de multiletramentos daiacute termos considerado que trocar o termo mais atrapalharia e confundiria do que ajudaria no entendimento da proposta Ainda outra coisa ocorria por vezes caberia a traduccedilatildeo de design por desenho ou-tras vezes melhor seria por projeto o que poderia trazer inconsis-tecircncia e inespecificidade ao termo em portuguecircs num contexto de expliacutecita construccedilatildeoproposiccedilatildeo de uma metalinguagem e de uma pedagogia que se diferenciasse do que jaacute ocorria antes dos anos 1990

Traduzir A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Fu-tures foi uma tarefa coletiva executada ao longo de quatro meses Desde o primeiro encontro de nosso curso esta missatildeo foi discu-tida por um grupo de professores-pesquisadores disposto a es-tudar a fundo esse documento e tornaacute-lo de acesso mais amplo Depois de traduzido e revisado o documento seguiu para cotejo conferecircncia e ajustes de ordem terminoloacutegica para em seguida

10

chegar ao processo de ediccedilatildeo que o tornaria um ebook A tradu-ccedilatildeo foi feita num arquivo do Google Docs compartilhado com todas as pessoas inscritas do curso que acessavam assincrona-mente o texto trabalhavam nele quando podiam e discutiam so-luccedilotildees e revisotildees por muitos canais em especial os foacuteruns virtu-ais da disciplina Foi tal como o manifesto um trabalho a vaacuterias matildeos soacute que empregando ferramentas que provavelmente aque-les dez autores natildeo chegaram a conhecer enquanto escreviam nos anos 1990 Esta foi uma experiecircncia de traduccedilatildeo que tentou se apropriar justamente das dimensotildees muacuteltiplas que tiacutenhamos em nosso grupo subculturais de linguagem e de miacutedias Trata--se entatildeo de uma traduccedilatildeo oferecida e proposta por um grupo em Belo Horizonte Minas Gerais que deseja que esta pedagogia de fato possa ser lida por mais pessoas para aleacutem dos horizontes da liacutengua inglesa num paiacutes que de maneira geral tem tratado a educaccedilatildeo e as tecnologias sem o devido cuidado em especial quando pensamos nas conexotildees entre essas duas coisas no seacute-culo XXI

Juntou-se a noacutes neste material a equipe de colegas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) coordenada pelo prof dr Heacutercules Tolecircdo Correcirca Simultaneamente ao processo da nossa traduccedilatildeo eles produziam um glossaacuterio dos multiletra-mentos material fundamental para a familiarizaccedilatildeo de docentes e pesquisadores com a proposta do New London Group e com muito do que se debate nesse campo Foi com enorme alegria que nos unimos neste livro fazendo convergir dois esforccedilos cujo vetor era o mesmo ampliar o acesso agrave proposta da pedagogia dos multiletramentos quem sabe dirimindo duacutevidas de colegas e estudantes Esperamos alcanccedilar um diaacutelogo cada vez mais am-plo e qualificado

Agradecemos a colaboraccedilatildeo de Seacutergio Karam tradutor assim como a de Marcelo Amaral editor Tambeacutem agrave equipe da LED CEFET-MG em especial ao Murilo Valente agrave Gabriela Oliveira agrave Gabrielly Ferreira e agrave Elinara Santana Estamos gratos agrave Acircngela Vasconcelos do projeto Aula Aberta e finalmente nosso agradecimento agrave atenciosa equipe da Harvard Educational Review especialmente agrave Laura Clos e agrave professora Luciana Azeredo querida colega do CEFET-MG

11

1 Esta discussatildeo sobre o futuro da pedagogia do letramento tem a coautoria de

Courtney Cazden Graduate School of Education Universidade de Harvard EUA

Bill Cope National Languages and Literacy Institute of Austraacutelia Centre for Workplace Communication and Culture Universidade de Tecnologia Sydney e James Cook University of North Queensland Austraacutelia

Norman Fairclough Centre for Language in Social Life Universidade de Lancaster Reino Unido

James Gee Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Mary Kalantzis Institute of Interdisciplinary Studies James Cook University of North Queensland Austraacutelia Gunther Kress Institute of Education Universidade de Londres Reino Unido

Allan Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Carmen Luke Graduate School of Education Universidade de Queensland Austraacutelia

Sarah Michaels Hiatt Center for Urban Education Universidade de Clark EUA

Martin Nakata School of Education James Cook University of North Queensland Austraacutelia

N E W L O N D O NG R O U P 1

d e s e n h a n d o f u t u r o s s o c i a i s

u m a p e d a g o g i a d o s

multiletramentos

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

12

Neste artigo o Grupo de Nova Londres apresenta um panorama teoacuterico sobre as conexotildees entre o ambiente social em transforma-

ccedilatildeo enfrentado por estudantes e professores e uma nova abordagem agrave pedagogia dos letramentos a que os autores chamam ldquomultiletramen-tosrdquo Eles defendem que a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e a crescente diversidade cultural e linguiacutestica do mundo de hoje requerem uma concepccedilatildeo mais ampla de letramento do que a descrita nas abor-dagens tradicionais baseadas na liacutengua A noccedilatildeo de multiletramentos segundo os autores supera as limitaccedilotildees das abordagens tradicionais ao enfatizar que saber lidar com muacuteltiplas diferenccedilas linguiacutesticas e culturais em nossa sociedade eacute central para a vida privada laboral e cidadatilde dos estudantes Os autores sustentam que o uso de abordagens de multiletramentos na pedagogia permitiraacute aos estudantes alcanccedilar o duplo objetivo da aprendizagem letrada ter acesso agraves linguagens em permanente evoluccedilatildeo do trabalho do poder e da comunidade e favore-cer o engajamento criacutetico necessaacuterio agrave projeccedilatildeo de seus futuros sociais e agrave obtenccedilatildeo do sucesso por meio de empregos satisfatoacuterios

R e s u m o

13

Se fosse possiacutevel definir genericamente a missatildeo da educaccedilatildeo poder-se-ia dizer que seu propoacutesito fundamental eacute garantir

que todos os estudantes se beneficiem da aprendizagem de ma-neira a lhes permitir a ampla participaccedilatildeo nas esferas da vida puacuteblica econocircmica e comunitaacuteria Espera-se que uma peda-gogia dos letramentos desempenhe um papel particularmen-te importante nessa missatildeo Pedagogia eacute a relaccedilatildeo de ensino e de aprendizagem que potencializa a construccedilatildeo de condiccedilotildees de aprendizagem que levem agrave equidade na participaccedilatildeo social Tradicionalmente a pedagogia do letramento tem significado ensinar e aprender a ler e a escrever as formas padronizadas e oficiais das liacutenguas nacionais destinadas agrave paacutegina impressa Em outros termos a pedagogia do letramento tem sido um projeto cuidadosamente restritivo mdash restrito agraves formas de linguagem padronizadas monolinguais monoculturais e sujeitas a regras

Neste artigo tentamos ampliar o entendimento do letra-mento e do ensino e aprendizagem do letramento para incluir as relaccedilotildees entre uma multiplicidade de discursos Buscamos desta-car dois aspectos principais dessa multiplicidade Primeiramen-te gostariacuteamos de estender a noccedilatildeo e o escopo da pedagogia do letramento para que ela levasse em conta o contexto de nossas sociedades cultural e linguisticamente diversas e progressi-vamente globalizadas bem como a variedade de culturas que se inter-relacionam e a pluralidade de textos que circulam Em segundo lugar sustentamos que uma pedagogia do letramento precisa dar conta agora da crescente variedade de formas textu-ais associadas agraves tecnologias da informaccedilatildeo e multimiacutedia Isso inclui a compreensatildeo e o controle competente das formas repre-sentacionais que estatildeo se tornando progressivamente significati-vas na esfera das comunicaccedilotildees em geral tais como as imagens visuais e sua relaccedilatildeo com a palavra escrita mdash por exemplo a pro-gramaccedilatildeo visual na editoraccedilatildeo eletrocircnica ou a interface entre os

I N T R O D U Ccedil Atilde O

14

sentidos visual e linguiacutestico em publicaccedilotildees multimiacutedia De fato este segundo ponto estaacute intimamente relacionado ao primeiro a proliferaccedilatildeo de canais de comunicaccedilatildeo e de miacutedia apoia e ex-pande a diversidade cultural e subcultural Assim que passamos a focalizar o objetivo de criar condiccedilotildees de aprendizagem para uma plena participaccedilatildeo social o problema das diferenccedilas assu-me importacircncia criacutetica De que maneira noacutes podemos garantir que as diferenccedilas culturais de linguagem e de gecircnero natildeo sejam barreiras para o sucesso educacional Quais satildeo as implicaccedilotildees dessas diferenccedilas para uma pedagogia do letramento

Esse ponto das diferenccedilas tornou-se questatildeo principal que como educadores agora devemos abordar E embora inuacutemeras teorias e praacuteticas tenham sido desenvolvidas como possiacuteveis res-postas neste momento parece haver uma particular ansiedade sobre como proceder O que eacute uma educaccedilatildeo adequada para mu-lheres para povos indiacutegenas para imigrantes que natildeo falam a liacutengua nacional para falantes de dialetos natildeo padronizados O que eacute adequado para todos num contexto dos fatores cada vez mais criacuteticos em termos de diversidade local e conexatildeo global Enquanto os educadores tentam abordar o contexto da diversi-dade cultural e linguiacutestica por meio da pedagogia do letramento ouvimos afirmaccedilotildees e contra-afirmaccedilotildees estridentes sobre o po-liticamente correto o cacircnone da grande literatura a gramaacutetica e outros princiacutepios baacutesicos

A sensaccedilatildeo de ansiedade reinante eacute alimentada em par-te pela sensaccedilatildeo de que apesar da boa vontade por parte dos educadores da expertise profissional e das grandes quantias de dinheiro gastas para desenvolver novas abordagens ainda existem grandes disparidades nas oportunidades de vida ndash dis-paridades que hoje parecem se ampliar ainda mais Ao mesmo tempo mudanccedilas radicais estatildeo ocorrendo na natureza da vida puacuteblica comunitaacuteria e econocircmica Um forte senso de cidadania tem dado lugar agrave fragmentaccedilatildeo local e as comunidades estatildeo se dividindo em grupos cada vez mais diversos e subculturalmente definidos A transformaccedilatildeo tecnoloacutegica e organizacional da vida profissional permite que alguns tenham acesso a estilos de vida de riqueza sem precedentes enquanto excluem outros de ma-

15

neiras que se relacionam cada vez mais aos resultados da edu-caccedilatildeo e do treinamento Pode muito bem ser que tenhamos de repensar o que estamos ensinando e em particular quais novas necessidades de aprendizagem a pedagogia do letramento pode abarcar agora

Os dez autores deste texto satildeo educadores que se encon-traram durante uma semana em setembro de 1994 em Nova Londres New Hampshire nos Estados Unidos para discutir o estado da pedagogia dos letramentos Os membros do grupo ou tinham trabalhado juntos ou tinham se alimentado de seus res-pectivos trabalhos ao longo de vaacuterios anos As principais aacutereas de interesse comum ou complementar incluiacuteam a tensatildeo pedagoacute-gica entre abordagens de ensino expliacutecitas e imersivas o desafio da diversidade linguiacutestica e cultural a recente proeminecircncia dos modos e tecnologias da comunicaccedilatildeo e as mudanccedilas nos usos dos textos em espaccedilos de trabalho reestruturados Quando nos encontramos em 1994 nossa intenccedilatildeo era consolidar e ampliar essas relaccedilotildees a fim de abordar o problema mais amplo dos pro-poacutesitos da educaccedilatildeo e neste contexto o problema especiacutefico da pedagogia dos letramentos Era nossa intenccedilatildeo reunir ideias de diferentes domiacutenios e de diferentes paiacuteses falantes do inglecircs Nossa principal preocupaccedilatildeo era a questatildeo das oportunidades de vida na medida em que elas se relacionam com a ordem moral e cultural mais ampla da pedagogia dos letramentos

Sendo dez pessoas diferentes trouxemos para esta discus-satildeo uma grande variedade de experiecircncias nacionais de vida e profissionais Courtney Cazden dos Estados Unidos tem uma longa e influente carreira trabalhando temas tais como o discur-so da sala de aula a aprendizagem de liacutengua em contextos mul-tiliacutengues e mais recentemente a pedagogia dos letramentos Bill Cope da Austraacutelia havia produzido curriacuteculos que abordavam a diversidade cultural nas escolas e havia pesquisado a pedago-gia dos letramentos e as mudanccedilas culturais e discursivas dos ambientes de trabalho Da Gratilde-Bretanha Norman Fairclough teoacuterico da liacutengua e do discurso social eacute particularmente inte-ressado nas mudanccedilas linguiacutesticas e discursivas como parte das transformaccedilotildees sociais e culturais James Gee dos Estados Uni-

16

dos eacute um dos principais pesquisadores e teoacutericos da linguagem e da mente e da linguagem e das demandas por aprendizagem nos mais recentes espaccedilos de trabalho marcados pelo ldquocapitalis-mo aceleradordquo (fast capitalism) A australiana Mary Kalantzis tem estado envolvida em projetos experimentais de educaccedilatildeo social e de curriacuteculos para o letramento e estaacute particularmente inte-ressada na educaccedilatildeo para a cidadania Gunther Kress da Gratilde--Bretanha eacute mais conhecido por seu trabalho sobre linguagem e aprendizagem semioacutetica letramento visual e os letramentos multimodais cada vez mais importantes para a comunicaccedilatildeo como um todo particularmente as miacutedias de massa Allan Luke da Austraacutelia eacute pesquisador e teoacuterico do letramento criacutetico que trouxe a anaacutelise socioloacutegica para apoiar o ensino de leitura e es-crita Carmen Luke tambeacutem da Austraacutelia escreveu extensiva-mente sobre a pedagogia feminista Sarah Michaels dos Estados Unidos tem ampla experiecircncia no desenvolvimento e na pesqui-sa de programas de aprendizagem em sala de aula em contextos urbanos Martin Nakata australiano tem pesquisado e escrito sobre o problema do letramento de comunidades indiacutegenas

Criando um contexto para o encontro havia nossas dife-renccedilas de experiecircncia nacional e diferenccedilas de ecircnfase teoacuterica e poliacutetica Por exemplo precisaacutevamos debater em profundidade tanto a importacircncia da imersatildeo quanto a do ensino expliacutecito nossos distintos interesses como especialistas em multimiacutedia letramentos no ambiente de trabalho diversidade linguiacutestica e cultural e o problema de ateacute que ponto deveriacuteamos nos compro-meter com as expectativas de aprendizagem e o ethos das novas formas de organizaccedilatildeo do espaccedilo de trabalho Noacutes nos engaja-mos nas discussotildees com base em um genuiacuteno compromisso com a resoluccedilatildeo colaborativa de problemas reunindo uma equipe com diferentes saberes experiecircncias e posicionamentos a fim de otimizar a possibilidade de enfrentar com eficiecircncia a complexa realidade das escolas

Conscientes de nossas diferenccedilas compartilhamos a pre-ocupaccedilatildeo de que nossa discussatildeo talvez natildeo fosse produtiva no entanto ela foi devido agraves nossas diferenccedilas combinadas com nos-so sentimento de desconforto Conseguimos concordar a respei-

17

to do problema fundamental ndash isto eacute que as disparidades nos resultados da educaccedilatildeo natildeo pareciam estar melhorando Concor-damos que precisamos voltar agrave questatildeo mais ampla dos resulta-dos sociais da aprendizagem de liacutengua e que tiacutenhamos baseado nisso que repensar as premissas fundamentais de uma peda-gogia dos letramentos a fim de influenciar praacuteticas que daratildeo aos estudantes as habilidades e o conhecimento de que precisam para alcanccedilar suas aspiraccedilotildees Concordamos que em cada paiacutes angloacutefono de onde viemos o que os estudantes precisavam para aprender estava se transformando e que o principal elemento dessa mudanccedila era que natildeo havia mais um inglecircs singular canocirc-nico que poderia ou deveria ser ensinado Diferenccedilas culturais e a raacutepida mudanccedila nos meios de comunicaccedilatildeo significavam que a proacutepria natureza do assunto ndash a pedagogia do letramento ndash estava mudando radicalmente Este artigo eacute o resumo de nossas discussotildees

A estrutura deste artigo desenvolveu-se a partir das dis-cussotildees de Nova Londres Comeccedilamos com um programa pre-viamente combinado que consistia em um quadro esquemaacutetico de questotildees-chaves sobre as formas e o conteuacutedo da pedagogia do letramento Ao longo de nossa reuniatildeo percorremos esse programa trecircs vezes destacando pontos difiacuteceis elaborando a argumentaccedilatildeo e adaptando a estrutura esquemaacutetica que havia sido proposta originalmente Um membro da equipe registrou pontos fundamentais que foram projetados em uma tela para que pudeacutessemos discutir a formulaccedilatildeo de uma argumentaccedilatildeo comum Ao final do encontro desenvolvemos o esboccedilo que pos-teriormente se tornaria este artigo Os vaacuterios membros do grupo voltaram aos seus respectivos paiacuteses e instituiccedilotildees e trabalharam de forma independente nas diferentes seccedilotildees do texto o rascu-nho foi distribuiacutedo e modificado e finalmente abrimos o artigo para discussatildeo puacuteblica em uma seacuterie de apresentaccedilotildees plenaacuterias e pequenos grupos de discussatildeo liderados pela equipe da Quar-ta Conferecircncia da Rede Internacional de Pesquisa em Alfabeti-zaccedilatildeo e Educaccedilatildeo (Fourth International Literacy and Education Rese-arch Network Conference) realizada em Townsville Austraacutelia em junho-julho de 1995

18

Este artigo eacute o resultado de um ano de exaustivas discus-sotildees mas de forma alguma eacute um texto acabado Noacutes o apresenta-mos aqui como um manifesto programaacutetico como uma espeacutecie de ponto de partida aberto e provisoacuterio Este artigo eacute um pano-rama teoacuterico do atual contexto social de aprendizagem e as con-sequecircncias das mudanccedilas sociais em relaccedilatildeo ao conteuacutedo (o ldquoo quecircrdquo) e agrave forma (o ldquocomordquo) da pedagogia do letramento Espera-mos que este artigo possa formar a base para um diaacutelogo aberto com colegas educadores em todo o mundo que possa despertar ideias para possiacuteveis novas aacutereas de pesquisa e que possa ajudar a estruturar experiecircncias curriculares que busquem enfrentar nosso ambiente educacional em constante mudanccedila

Decidimos que os resultados de nossas discussotildees pode-riam ser encapsulados em uma palavra ndash multiletramentos ndash pa-lavra que escolhemos para descrever dois importantes argumen-tos com que podemos abordar as ordens cultural institucional e global emergentes a multiplicidade de canais de comunicaccedilatildeo e miacutedia e a crescente proeminecircncia da diversidade cultural e lin-guiacutestica A noccedilatildeo de multiletramentos complementa a pedagogia tradicional do letramento ao abordar esses dois aspectos rela-cionados agrave multiplicidade textual O que poderiacuteamos denominar ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo2 permanece centrado apenas na liacutengua e geralmente em uma uacutenica forma da liacutengua nacional que eacute con-cebida como um sistema estaacutevel baseado em regras tais como o domiacutenio da correspondecircncia entre fonemas e letras Isso se baseia na suposiccedilatildeo de que podemos discernir e descrever seu uso correto Essa concepccedilatildeo de liacutengua se traduz tipicamente em um tipo mais ou menos autoritaacuterio de pedagogia Uma pedago-gia dos multiletramentos ao contraacuterio concentra-se em modos de representaccedilatildeo muito mais amplos do que apenas a liacutengua Eles diferem de acordo com a cultura e o contexto e tecircm efeitos cognitivos culturais e sociais especiacuteficos Em alguns contextos culturais ndash em uma comunidade aboriacutegine ou em um ambiente multimiacutedia por exemplo ndash o modo visual de representaccedilatildeo pode ser muito mais poderoso e intimamente relacionado agrave liacutengua do que a ldquomera alfabetizaccedilatildeordquo jamais seria capaz de permitir Os multiletramentos tambeacutem criam um tipo diferente de pedago-

19

gia em que a linguagem e outros modos de significaccedilatildeo satildeo re-cursos representacionais dinacircmicos constantemente refeitos por seus usuaacuterios agrave medida que trabalham para alcanccedilar seus vaacuterios objetivos culturais

Dois pontos principais entatildeo emergiram em nossas dis-cussotildees O primeiro se relaciona agrave crescente multiplicidade e in-tegraccedilatildeo de modos de construccedilatildeo de sentido significativos em que o textual tambeacutem estaacute relacionado ao visual ao aacuteudio ao espacial ao comportamental e assim por diante Isso eacute particu-larmente importante nas miacutedias de massa multimiacutedia e em hi-permiacutedia eletrocircnica Podemos ter motivos para continuar ceacuteticos em relaccedilatildeo agraves visotildees da ficccedilatildeo cientiacutefica sobre as superinfovias e um futuro proacuteximo em que todos seremos compradores virtuais No entanto os novos meios de comunicaccedilatildeo estatildeo remodelando a maneira como usamos a linguagem Quando as tecnologias de produccedilatildeo de sentido estatildeo mudando tatildeo rapidamente natildeo pode haver um soacute conjunto de padrotildees ou habilidades que constituam as finalidades do letramento por mais que eles sejam ensinados

Em segundo lugar decidimos usar o termo ldquomultiletra-mentosrdquo como meio de focalizar as realidades do aumento da diversidade local e da conexatildeo global Lidar com diferenccedilas lin-guiacutesticas e culturais agora se tornou aspecto central de nossas vidas privadas profissional e cidadatilde Uma cidadania efetiva e o trabalho produtivo agora exigem interaccedilatildeo efetiva usando vaacuterios idiomas muacuteltiplas variedades do inglecircs e padrotildees de comuni-caccedilatildeo que cruzam fronteiras culturais comunitaacuterias e nacionais com mais frequecircncia A diversidade subcultural tambeacutem se es-tende ao espectro cada vez maior de registros especializados e variaccedilotildees situacionais na linguagem sejam elas teacutecnicas espor-tivas ou relacionadas a grupos de interesse e afiliaccedilatildeo Quando um dos fatos principais do nosso tempo eacute a proximidade entre diversidade cultural e linguiacutestica a proacutepria natureza da apren-dizagem de liacutenguas mudou

De fato essas satildeo questotildees fundamentais para o nosso fu-turo Ao abordaacute-las professores alfabetizadores e alunos devem se ver como participantes ativos da mudanccedila social como apren-dizes e alunos que podem ser designers3 ativos ndash artiacutefices ndash de fu-

20

turos sociais Decidimos comeccedilar a discussatildeo com essa questatildeo dos futuros sociais

Consequentemente o ponto de partida deste artigo eacute o formato da mudanccedila social ndash alteraccedilotildees em nossas vidas profis-sionais nossas vidas puacuteblicas como cidadatildeos e privadas como membros de diferentes estilos de vida em comunidade A ques-tatildeo fundamental eacute esta o que essas mudanccedilas significam para a pedagogia do letramento Nesse contexto passamos a concei-tuar o ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento O conceito-chave que apresentamos eacute o de Design em relaccedilatildeo ao qual tanto somos herdeiros de padrotildees e convenccedilotildees ligadas aos sentidossignifi-cados quanto somos designers ativos de sentidos E como desig-ners de sentidos somos designers de futuros sociais ndash futuros no ambiente de trabalho futuros puacuteblicos e futuros comunitaacuterios O artigo prossegue discutindo seis componentes do design do processo de produccedilatildeo de sentidos Linguiacutestico Visual Auditi-vo Gestual Espacial e Padrotildees Multimodais que relacionam os primeiros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos entre si Na uacuteltima das seccedilotildees mais importantes o artigo traduz o ldquoo quecircrdquo em um ldquocomordquo Quatro componentes pedagoacutegicos satildeo sugeridos Praacutetica Situada que se fundamenta na experiecircncia de produccedilatildeo de sentidos em estilos de vida particulares o domiacutenio puacuteblico e os espaccedilos de trabalho Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos desenvolvem uma metalinguagem expliacutecita do Design Enquadramento Criacutetico que interpreta o contexto social e a fina-lidade dos designs de sentidos e a Praacutetica Transformada na qual os alunos como produtores de sentidos tornam-se Designers de futuros sociais No Projeto Internacional de Multiletramentos em que estamos embarcando esperamos estabelecer relaccedilotildees de pesquisa colaborativa e programas de desenvolvimento curricu-lar que testem exemplifiquem ampliem e retrabalhem as ideias provisoriamente sugeridas neste artigo

21

Estamos vivendo um periacuteodo de dramaacuteticas mudanccedilas econocirc-micas globais agrave medida que novas teorias e praacuteticas de negoacutecios e de gestatildeo surgem em todo o mundo desenvolvido Essas teo-rias e praacuteticas enfatizam a competiccedilatildeo e os mercados centrados em mudanccedilas flexibilidade qualidade e nichos distintivos ndash natildeo os produtos de massa do ldquovelhordquo capitalismo (Boyett Conn 1992 Cross Feather Lynch 1994 Davidow Malone 1992 Deal Jenkins 1994 Dobyns Crawford-Mason 1991 Drucker 1993 Hammer Champy 1993 Ishikawa 1985 Lipnack Stamps 1993 Peters 1992 Sashkin Kiser 1993 Senge 1991) Toda uma nova terminologia cruza e recruza as fronteiras entre esses novos discursos de negoacutecios e gestatildeo de um lado e discursos preo-cupados com a educaccedilatildeo com a reforma educacional e com a ciecircncia cognitiva de outro (Bereiter Scardamalia 1993 Bruer 1993 Gardner 1991 Lave Wenger 1991 Light Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990) A nova teoria de gestatildeo usa palavras que satildeo muito familiares aos educadores tais como conhecimen-to (como em ldquotrabalhador do conhecimentordquo) aprendizagem (como em ldquoorganizaccedilatildeo de aprendizagemrdquo) colaboraccedilatildeo avalia-ccedilotildees alternativas comunidades de praacutetica redes e outros (Gee 1994a) Aleacutem disso os principais termos e interesses de vaacuterios discursos poacutes-modernos e criacuteticos com foco na emancipaccedilatildeo na destruiccedilatildeo de hierarquias e no respeito agrave diversidade (Faigley 1992 Freire 1968 1973 Freire Macedo 1987 Gee 1993 Giroux

V i d a s p r o f i s s i o n a i s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

O P R E S E N T E E M T R A N S F OR M ACcedil AtildeO E O S F U T U RO S

P ROacuteX I M O S V I S OtildeE S PA R A O T R A BA L HO

A C I DA DA N I A E O S E S T I L O S DE V I DA

As linguagens necessaacuterias para produzir sentidos estatildeo mu-dando radicalmente em trecircs esferas de nossa existecircncia a

vida profissional a vida puacuteblica (cidadania) e a vida privada (es-tilos de vida)

22

1988 Walkerdine 1986) encontraram espaccedilo nesses novos dis-cursos de negoacutecios e gestatildeo (Gee 1994b)

A natureza mutante do trabalho tem sido denominada de ldquopoacutes-fordismordquo (Piore Sable 1984) e de ldquocapitalismo acelera-dordquo4 (Gee 1994b) O poacutes-fordismo substitui as antigas estruturas hieraacuterquicas de comando simbolizadas no desenvolvimento de teacutecnicas de produccedilatildeo em massa de Henry Ford e representadas de maneira caricatural por Charlie Chaplin em Tempos Moder-nos ndash uma imagem de trabalho natildeo qualificado repetitivo e que dispensa a inteligecircncia na linha de produccedilatildeo industrial Em vez disso com o desenvolvimento do poacutes-fordismo ou do capitalismo acelerado um nuacutemero cada vez maior de espaccedilos de trabalho vem optando por uma hierarquia mais achatada Compromisso responsabilidade e motivaccedilatildeo satildeo conquistados com o desen-volvimento de uma cultura de trabalho na qual os membros de uma organizaccedilatildeo se identificam com sua visatildeo missatildeo e valo-res corporativos As antigas cadeias verticais de comando satildeo substituiacutedas pelas relaccedilotildees horizontais do trabalho em equipe Uma divisatildeo de trabalho em seus componentes miacutenimos e pou-co qualificados eacute substituiacuteda por trabalhadores ldquopolivalentesrdquo e bem preparados suficientemente flexiacuteveis para realizar um tra-balho complexo e integrado (Cope Kalantzis 1995) De fato nos locais de trabalho de capitalistas acelerados e poacutes-fordistas mais avanccedilados as estruturas tradicionais de comando e de controle estatildeo sendo substituiacutedas por relaccedilotildees de pedagogia orientaccedilatildeo treinamento e organizaccedilatildeo da aprendizagem (Senge 1991) Co-nhecimentos antes considerados disciplinares especializados e divergentes tais como pedagogia e gestatildeo vatildeo ficando agora cada vez mais proacuteximos Isso significa que como educadores temos uma responsabilidade maior de considerar as implicaccedilotildees do que fazemos em relaccedilatildeo a uma vida profissional produtiva

Com uma nova vida profissional surge uma nova lin-guagem Boa parte dessa mudanccedila eacute o resultado de novas tec-nologias tais como os modos iconograacutefico textual e de tela de interagir com maacutequinas automatizadas interfaces ldquoamigaacuteveis ao usuaacuteriordquo operam com niacuteveis mais sutis de integraccedilatildeo cultural do que interfaces baseadas em comandos abstratos Mas grande

23

parte da mudanccedila tambeacutem eacute resultado das novas relaccedilotildees sociais de trabalho Enquanto a velha organizaccedilatildeo fordista dependia de sistemas de comando claros precisos e formais como memoran-dos escritos e ordens do supervisor o trabalho em equipe eficaz depende muito mais do discurso informal oral e interpessoal Essa informalidade tambeacutem se traduz em formas escritas hiacute-bridas informais e interpessoalmente sensiacuteveis como o e-mail (Sproull Kiesler 1991) Esses exemplos de mudanccedilas revolucio-naacuterias na tecnologia e na natureza das organizaccedilotildees produziram uma nova linguagem de trabalho Todas essas satildeo razotildees pelas quais a pedagogia do letramento precisa mudar se quiser ser relevante para as novas demandas da vida profissional se quiser fornecer a todos os alunos o acesso a um emprego satisfatoacuterio

Mas o capitalismo acelerado tambeacutem eacute um pesadelo Cul-turas corporativas e seus discursos de familiaridade satildeo mais sutilmente e mais rigorosamente seletivos que a mais desagra-daacutevel ndash honestamente desagradaacutevel ndash das hierarquias A reaccedilatildeo agrave cultura corporativa exige uma assimilaccedilatildeo das normas conven-cionais que soacute funcionam realmente se algueacutem jaacute fala a liacutengua da cultura convencional Se algueacutem natildeo estaacute se sentindo confortaacutevel como um integrante da cultura e dos discursos convencionais eacute ainda mais difiacutecil entrar em redes que operam informalmente do que entrar nos antigos discursos de formalidade Esse eacute um fator crucial na produccedilatildeo do fenocircmeno do teto de vidro o pon-to em que as oportunidades de emprego e de promoccedilatildeo cessam abruptamente E o capitalismo acelerado apesar de seu discurso de colaboraccedilatildeo cultura e valores compartilhados eacute tambeacutem um mundo vicioso impulsionado pelo mercado mal contido Agrave medi-da que refazemos nossa pedagogia do letramento para ser mais relevante para um novo mundo do trabalho precisamos estar cientes do perigo de que nossas palavras sejam cooptadas pelos discursos impulsionados pela economia e pelo mercado natildeo im-porta quatildeo contemporacircneos e ldquopoacutes-capitalistasrdquo possam parecer A nova literatura do capitalismo acelerado enfatiza a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila constante por meio do pensar e falar por si da criacutetica e do empoderamento da inovaccedilatildeo e da criatividade do pensa-mento teacutecnico e sistecircmico e do aprender a aprender Todas essas

24

formas de pensar e agir satildeo veiculadas por discursos novos e emergentes Esses novos discursos do trabalho podem ser inter-pretados de duas maneiras muito diferentes ndash como a abertura de novas possibilidades educacionais e sociais ou como novos sistemas de controle e exploraccedilatildeo da mente No sentido positi-vo por exemplo a ecircnfase na inovaccedilatildeo e na criatividade pode se encaixar bem com uma pedagogia que vecirc a linguagem e outros modos de representaccedilatildeo como dinacircmicos e sendo constantemen-te refeitos por produtores de sentidos em contextos variados e cambiantes No entanto pode muito bem ser que as teorias e as praacuteticas direcionadas ao mercado mesmo que pareccedilam huma-nas nunca incluiratildeo autenticamente uma visatildeo de sucesso sig-nificativo para todos os estudantes Raramente os proponentes dessas ideias consideram seriamente que elas sejam relevantes para pessoas destinadas a empregos qualificados e de elite De fato em um sistema que ainda valoriza resultados sociais muito diacutespares nunca haveraacute espaccedilo suficiente ldquono topordquo Uma visatildeo autenticamente democraacutetica das escolas deve incluir uma visatildeo de sucesso significativo para todos uma visatildeo de sucesso que natildeo seja definida exclusivamente em termos econocircmicos e que inclua uma criacutetica agrave hierarquia e agrave injusticcedila econocircmica

Em resposta agraves mudanccedilas radicais na vida profissional que estatildeo em curso precisamos trilhar um caminho cuidadoso que ofereccedila aos estudantes a oportunidade de desenvolver ha-bilidades para o acesso a novas formas de trabalho por meio do aprendizado da nova linguagem do trabalho Mas ao mesmo tempo como professores nosso papel natildeo eacute simplesmente ser tecnocratas Nosso trabalho natildeo eacute produzir trabalhadores doacuteceis e submissos Os estudantes precisam desenvolver a capacidade de opinar de negociar e de serem capazes de se envolver critica-mente nas condiccedilotildees de suas vidas profissionais

Na verdade os objetivos de acesso e engajamento criacutetico natildeo precisam ser incompatiacuteveis A questatildeo eacute como podemos nos afastar das uacuteltimas visotildees e anaacutelises de espaccedilos de trabalho de alta tecnologia globalizados e culturalmente diversos e relacio-naacute-los a programas educacionais baseados em uma visatildeo ampla de uma vida boa e uma sociedade igualitaacuteria Paradoxalmente

25

a nova eficiecircncia requer novos sistemas de motivar as pessoas que podem ser a base para um pluralismo democraacutetico no es-paccedilo de trabalho e fora dele No campo do trabalho chamamos essa possibilidade utoacutepica de diversidade produtiva a ideia de que o que parece ser um problema ndash a multiplicidade de cul-turas experiecircncias maneiros de produzir sentido e de pensar ndash pode ser explorado como um recurso (Cope Kalantzis 1995) A comunicaccedilatildeo intercultural e o diaacutelogo negociado de diferentes linguagens e discursos podem ser a base para a participaccedilatildeo o acesso e a criatividade dos trabalhadores para a formaccedilatildeo de re-des localmente sensiacuteveis e globalmente extensas que relacionam intimamente as organizaccedilotildees com seus clientes ou fornecedores e de estruturas de motivaccedilatildeo em que as pessoas sentem que seus diferentes repertoacuterios e experiecircncias satildeo genuinamente valori-zados Um tanto ironicamente talvez o pluralismo democraacutetico seja possiacutevel nos espaccedilos de trabalho pelas mais duras razotildees co-merciais e a eficiecircncia econocircmica pode ser uma aliada da justiccedila social embora nem sempre seja leal ou confiaacutevelAssim como o trabalho estaacute mudando a cidadania tambeacutem estaacute

Nas uacuteltimas duas deacutecadas reverteu-se a tendecircncia de um seacuteculo em direccedilatildeo a um estado de bem-estar social intervencionista e expandido A cidadania bem como o poder e a importacircncia dos espaccedilos puacuteblicos estatildeo diminuindo O racionalismo econocircmico a privatizaccedilatildeo a desregulamentaccedilatildeo e a transformaccedilatildeo de institui-ccedilotildees puacuteblicas tais como escolas e universidades para que ope-rem de acordo com a loacutegica do mercado satildeo transformaccedilotildees que fazem parte de uma mudanccedila global que coincide com o fim da Guerra Fria Ateacute a deacutecada de 1980 a dinacircmica geopoliacutetica global do seacuteculo XX assumira a forma de uma discussatildeo entre comunis-mo e capitalismo Isso acabou se tornando uma discussatildeo sobre o papel do Estado na sociedade em que o Estado de bem-estar intervencionista era a posiccedilatildeo de compromisso do capitalismo A discussatildeo foi ganha e perdida quando o Bloco Comunista natildeo

V i d a s p uacute b l i c a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

26

foi capaz de fazer frente ao custo crescente das instituiccedilotildees do mundo capitalista O fim da Guerra Fria representa uma vira-da histoacuterica indicativa de que uma nova ordem mundial eacute um liberalismo que evita o Estado Em apenas uma ou duas deacuteca-das esse liberalismo prevaleceu globalmente quase sem exceccedilatildeo (Fukuyama 1992) Aqueles de noacutes que trabalham na educaccedilatildeo financiada pelo Estado ou pela iniciativa privada sabem como eacute esse liberalismo A loacutegica do mercado se tornou uma parte muito maior de nossas vidas

Em algumas partes do mundo uma vez que os Estados centralizadores e homogeneizadores fortes praticamente entra-ram em colapso os Estados em todos os lugares foram redu-zidos em seus papeacuteis e responsabilidades Isso deixou espaccedilo para uma nova poliacutetica da diferenccedila Nos piores casos ndash em Los Angeles Sarajevo Cabul Belfast Beirute ndash a ausecircncia de um Es-tado eficiente em arbitragens deixou a administraccedilatildeo nas matildeos de gangues bandos organizaccedilotildees paramilitares e facccedilotildees poliacute-ticas etnonacionalistas Na melhor das hipoacuteteses as poliacuteticas de cultura e de identidade assumiram um novo significado Nego-ciar essas diferenccedilas agora eacute uma questatildeo de vida ou morte A luta perene pelo acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos de reconhecimento tem sido cada vez mais articulada por meio dos discursos de identidade e de reconhecimento (Kalantzis 1995)

A escolaridade em geral e a alfabetizaccedilatildeo em particular eram uma parte central da velha ordem Os Estados em expan-satildeo e intervencionistas dos seacuteculos XIX e XX usaram a escolari-dade como uma forma de padronizar as liacutenguas nacionais No Velho Mundo isso significou a imposiccedilatildeo de padrotildees nacionais sobre as diferenccedilas dialetais No Novo Mundo significou inte-grar imigrantes e povos indiacutegenas agrave linguagem ldquoadequadardquo e padronizada do colonizador (Anderson 1983 Dewey 19161966 Gellner 1983 Kalantzis Cope 1993a)

Assim como a geopoliacutetica global mudou o papel das es-colas mudou fundamentalmente As diversidades cultural e lin-guiacutestica satildeo agora questotildees centrais e criacuteticas Como resultado o significado da pedagogia do letramento mudou A diversidade local e a conexatildeo global significam natildeo apenas que natildeo pode ha-

27

ver um padratildeo tambeacutem significam que a habilidade mais impor-tante que os alunos precisam aprender eacute negociar dialetos regio-nais eacutetnicos ou de classe variaccedilotildees de registro que ocorrem de acordo com o contexto social discursos interculturais hiacutebridos a troca de coacutedigo frequentemente encontrada em um texto entre diferentes idiomas dialetos ou registros diferentes sentidos vi-suais e icocircnicos e variaccedilotildees nas relaccedilotildees gestuais entre pessoas linguagem e objetos materiais De fato esta eacute a uacutenica esperanccedila de evitar os conflitos catastroacuteficos relacionados a identidades e espaccedilos que agora parecem estar sempre prontos a explodir

O decliacutenio do velho sentido monocultural e nacionalis-ta de ldquocidadatildeordquo deixa um espaccedilo vago que deve ser novamente preenchido Propomos que este espaccedilo seja reivindicado por um pluralismo cidadatildeo Em vez de Estados que exigem um padratildeo cultural e linguiacutestico precisamos de Estados que arbitrem as di-ferenccedilas O acesso agrave riqueza ao poder e aos siacutembolos deve ser possiacutevel natildeo importa quais sejam os marcadores de identidade de algueacutem ndash como idioma dialeto e registro Os Estados devem ser fortes novamente mas natildeo para impor padrotildees eles devem ser fortes como aacuterbitros neutros da diferenccedila assim como as es-colas E tambeacutem a pedagogia do letramento Esta eacute a base de uma sociabilidade coesa uma nova cidadania em que as diferenccedilas satildeo utilizadas como recurso produtivo e em que as diferenccedilas satildeo a norma Eacute a base para o senso poacutes-nacionalista de propoacutesito comum que agora eacute essencial para uma ordem global paciacutefica e produtiva (Kalantzis Cope 1993b)

Para tanto as diversidades cultural e linguiacutestica satildeo re-cursos de sala de aula com a mesma forccedila que satildeo recursos so-ciais na formaccedilatildeo de novos espaccedilos e noccedilotildees de cidadania Isso natildeo eacute apenas para que os educadores possam prestar um melhor ldquoserviccedilordquo agraves ldquominoriasrdquo Em vez disso essa orientaccedilatildeo pedagoacute-gica produziraacute benefiacutecios para todos Por exemplo haveraacute um benefiacutecio cognitivo para todas as crianccedilas em uma pedagogia dos pluralismos linguiacutestico e cultural inclusive para crianccedilas mainstream Quando os aprendizes justapotildeem diferentes lingua-gens discursos estilos e abordagens eles ganham substantiva-mente em habilidades metacognitivas e metalinguiacutesticas e em

28

sua capacidade de refletir criticamente a respeito dos sistemas complexos e suas interaccedilotildees Ao mesmo tempo o uso folcloacuteri-co da diversidade de siacutembolos ndash criando mercadorias eacutetnicas ou outras mercadorias diferenciadas culturalmente para explorar nichos de mercado especializados ou adicionando cores festivas e eacutetnicas agraves salas de aula ndash natildeo deve encobrir conflitos reais de poder e de interesse Somente lidando autenticamente com eles podemos criar a partir da diversidade e da histoacuteria um domiacutenio puacuteblico novo vigoroso e igualitaacuterio

O pluralismo cidadatildeo muda a natureza dos espaccedilos ciacutevi-cos e com a mudanccedila de significado desses espaccedilos tudo muda desde o amplo conteuacutedo dos direitos e das responsabilidades puacuteblicas ateacute os detalhes institucionais e curriculares da peda-gogia do letramento Em vez da cultura central e dos padrotildees nacionais o campo da cidadania eacute um espaccedilo para a negocia-ccedilatildeo de um tipo diferente de ordem social onde as diferenccedilas satildeo ativamente reconhecidas onde essas diferenccedilas satildeo negociadas de forma a se complementarem e onde as pessoas tecircm a chance de expandir seus repertoacuterios culturais e linguiacutesticos para que possam acessar uma gama mais ampla de recursos culturais e institucionais (Cope Kalantzis 1995)

Vivemos em um ambiente no qual as diferenccedilas subculturais ndash de identidade e afiliaccedilatildeo ndash estatildeo se tornando cada vez mais significativas Gecircnero etnia geraccedilatildeo e orientaccedilatildeo sexual satildeo ape-nas alguns dos marcadores dessas diferenccedilas Para aqueles que anseiam por ldquopadrotildeesrdquo elas aparecem como evidecircncia de uma fragmentaccedilatildeo angustiante da estrutura social De fato em certo sentido eacute apenas uma mudanccedila histoacuterica em que as culturas na-cionais singulares tecircm menos influecircncia do que antes Por exem-plo um dos paradoxos dos sistemas de miacutedia multicanais menos regulamentados eacute que eles minam o conceito de audiecircncia cole-tiva e cultura comum em vez de promover o oposto uma gama crescente de opccedilotildees subculturais acessiacuteveis e a crescente diver-

V i d a s p r i v a d a s e m t r a n s f o r m a ccedil atilde o

29

gecircncia de discursos especializados e subculturais Isso significa o fim definitivo do ldquopuacuteblicordquo ndash aquela comunidade imaginaacuteria homogecircnea de Estados-naccedilatildeo democraacuteticos modernos

No entanto agrave medida que as diferenccedilas subculturais se tornam mais significativas tambeacutem testemunhamos outro de-senvolvimento um tanto contraditoacuterio ndash a crescente invasatildeo de espaccedilos privados pela cultura da miacutedia de massa pela cultura global de commodities e pelas redes de comunicaccedilatildeo e de infor-maccedilatildeo As culturas infantis satildeo feitas de narrativas e mercado-rias entrelaccediladas que cruzam a TV brinquedos embalagens de fast-food videogames camisetas sapatos roupas de cama esto-jos de laacutepis e lancheiras (Luke 1995) Os pais consideram essas narrativas mercantis inexoraacuteveis e os professores descobrem que suas mensagens culturais e linguiacutesticas perdem forccedila e relevacircn-cia ao competir com essas narrativas globais Como exatamente negociar esses textos globais invasivos Em alguns sentidos a invasatildeo da miacutedia de massa e o consumismo zombam da diver-sidade de suas miacutedias e canais Apesar de toda a diferenciaccedilatildeo subcultural dos nichos de mercado natildeo eacute oferecido muito espaccedilo no mercado infantil que reflita a verdadeira diversidade entre crianccedilas e adolescentes

Enquanto isso a vida particular estaacute se tornando mais puacute-blica agrave medida que tudo se torna um assunto potencial de dis-cussatildeo na miacutedia resultando no que chamamos de ldquoconversacio-nalizaccedilatildeordquo da linguagem puacuteblica Discursos que antes eram do domiacutenio particular ndash as complexidades da vida sexual de figuras puacuteblicas discussatildeo de memoacuterias reprimidas de abuso infantil ndash agora satildeo despudoradamente tornados puacuteblicos Em alguns sentidos isso eacute um desenvolvimento muito positivo e importan-te na medida em que essas satildeo questotildees frequentemente impor-tantes que precisam de uma divulgaccedilatildeo A conversacionalizaccedilatildeo difundida da linguagem puacuteblica no entanto envolve a simula-ccedilatildeo institucionalmente motivada da linguagem conversacional e das personas e relaccedilotildees da vida cotidiana A vida profissional estaacute sendo transformada para operar de acordo com metaacuteforas que antes eram distintamente privadas como gerenciamento por ldquoculturardquo equipes dependentes de discursos interpessoais e

30

relaccedilotildees paternalistas de orientaccedilatildeo Muito disso pode ser consi-derado ciacutenico manipulador invasivo e explorador visto que os discursos da vida particular e da comunidade satildeo apropriados para servir a fins comerciais e institucionais Em outras palavras este eacute um processo que destroacutei em parte a autonomia dos estilos de vida particular e comunitaacuterio

O desafio eacute disponibilizar espaccedilo para que diferentes esti-los de vida ndash espaccedilos para a vida comunitaacuteria onde significados locais e especiacuteficos possam ser construiacutedos ndash possam prosperar Os novos canais de multimiacutedia e hipermiacutedia podem e agraves vezes fornecem aos membros de subculturas a oportunidade de encon-trarem suas proacuteprias vozes Essas tecnologias tecircm o potencial de permitir maior autonomia para diferentes estilos de vida por exemplo televisatildeo multiliacutengue ou a criaccedilatildeo de comunidades vir-tuais por meio do acesso agrave internet

Poreacutem quanto mais diversos e vibrantes esses estilos de vida se tornam e quanto maior o espectro das diferenccedilas menos claramente delimitados os diferentes estilos de vida parecem ser A palavra ldquocomunidaderdquo eacute frequentemente usada para descrever as diferenccedilas que agora satildeo tatildeo criacuteticas ndash a comunidade iacutetalo-a-mericana a comunidade gay a comunidade empresarial e assim por diante ndash como se cada uma dessas comunidades tivesse li-mites bem definidos Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes nos novos espaccedilos puacuteblicos de pluralismo cida-datildeo suas fronteiras tornam-se mais evidentemente complexas e sobrepostas A crescente divergecircncia entre os estilos de vida e a crescente importacircncia das diferenccedilas satildeo responsaacuteveis pela inde-finiccedilatildeo de suas fronteiras Quanto mais autocircnomos os estilos de vida se tornam mais movimento pode haver pessoas entrando e saindo estilos de vida inteiros passando por grandes transiccedilotildees negociaccedilatildeo mais aberta e produtiva de diferenccedilas internas liga-ccedilotildees e alianccedilas externas mais livres

Como as pessoas satildeo simultaneamente membros de vaacuterios estilos de vida suas identidades tecircm vaacuterias camadas que estatildeo em relaccedilatildeo complexa umas com as outras Nenhuma pessoa eacute membro de uma uacutenica comunidade Em vez disso elas satildeo mem-bros de comunidades muacuteltiplas e sobrepostas ndash comunidades de

31

trabalho de interesse e afiliaccedilatildeo de etnia de identidade sexual e assim por diante (Kalantzis 1995)

Diferenccedilas de linguagem discurso e registro satildeo marca-dores de diferenccedilas no estilo de vida Agrave medida que os estilos de vida se tornam mais divergentes e suas fronteiras mais borradas o fato central da linguagem torna-se a multiplicidade de senti-dos e sua interseccedilatildeo contiacutenua Assim como existem muacuteltiplas ca-madas para a identidade de todos existem muacuteltiplos discursos de identidade e muacuteltiplos discursos de reconhecimento a serem negociados Precisamos ser proficientes ao negociar os muitos estilos de vida que habitam cada um de noacutes e os muitos estilos de vida que encontramos em nossa vida cotidiana Isso cria um novo desafio para a pedagogia do letramento Em suma este eacute o mundo que a pedagogia do letramento agora precisa abordar

Realidades emtransformaccedilatildeo

Desenhando futuros sociais

Vidas profissionais Capitalismo acelerado Poacutes-fordismo

-gt Diversidade produtiva

Vidas puacuteblicas Decliacutenio do pluralismo puacuteblico

-gt Pluralismo cidadatildeo

Vidas privadas Invasatildeo do espaccedilo privado

-gt Estilo de vidamulticamadas

O Q U E A S E S C O L A S F A Z E M E

O q u e p o d e m o s f a z e r n a s e s c o l a s

As escolas sempre desempenharam um papel crucial na de-terminaccedilatildeo das oportunidades de vida dos estudantes Elas

regulam o acesso agraves ordens do discurso ndash a relaccedilatildeo dos discursos em um espaccedilo social especiacutefico ndash e ao capital simboacutelico ndash senti-dos simboacutelicos que tecircm circulaccedilatildeo no acesso ao emprego poder poliacutetico e reconhecimento cultural Elas fornecem acesso a um

32

mundo de trabalho ordenado hierarquicamente elas moldam suas cidadanias elas fornecem um suplemento aos discursos e atividades de comunidades e estilos de vida particulares Como esses trecircs domiacutenios principais da atividade social mudaram os papeacuteis e as responsabilidades das escolas precisam mudar

A escolarizaccedilatildeo institucionalizada desempenhou tradicio-nalmente a funccedilatildeo de disciplinar e capacitar pessoas para aacutereas de trabalho industriais regulamentadas auxiliando na formaccedilatildeo do caldeiratildeo de cidadatildeos nacionais homogecircneos e suavizando as diferenccedilas herdadas entre estilos de vida Isso eacute o que Dewey (1916-1966) chamou de funccedilatildeo assimilatoacuteria da escolarizaccedilatildeo a funccedilatildeo de homogeneizar as diferenccedilas Agora a funccedilatildeo das salas de aula e da aprendizagem eacute em alguns sentidos inversa Cada sala de aula iraacute inevitavelmente reconfigurar as relaccedilotildees de di-ferenccedila local e global que agora satildeo tatildeo importantes Para serem relevantes os processos de aprendizagem precisam recrutar em vez de tentar ignorar e apagar as diferentes subjetividades ndash in-teresses intenccedilotildees compromissos e propoacutesitos ndash que os alunos trazem ao processo de aprendizado O curriacuteculo agora precisa se entrelaccedilar com diferentes subjetividades e seus inerentes lingua-gens discursos e registros e usaacute-los como um recurso de apren-dizagem

Essa eacute a base necessaacuteria para uma pedagogia que abra possibilidades de maior acesso O perigo do pluralismo simpli-ficador e caricato eacute que ele vecirc as diferenccedilas como imutaacuteveis e as deixa fragmentadas Visto que as diferenccedilas satildeo agora uma ques-tatildeo central predominante o nuacutecleo ou a tendecircncia dominante mudou Na medida em que natildeo pode haver uma liacutengua e cultura nacional universal padratildeo existem novos padrotildees universais na forma de diversidade produtiva pluralismo cidadatildeo e estilos de vida multicamadas

Essa eacute a base para uma pedagogia de acesso transformada ndash acesso ao capital simboacutelico com um valor real nas realidades emergentes de nosso tempo Tal pedagogia natildeo envolve sobres-crever as subjetividades existentes com a liacutengua da cultura domi-nante Esses antigos significados de ldquoacessordquo e ldquomobilidaderdquo satildeo a base para modelos de pedagogia que partem da ideia de que

33

culturas e liacutenguas diferentes das predominantes representam um deacuteficit No entanto na realidade emergente ainda existem deacuteficits reais como a falta de acesso ao poder social agrave riqueza e a siacutembolos de reconhecimento O papel da pedagogia eacute desen-volver uma epistemologia do pluralismo que proporcione acesso sem que as pessoas tenham de apagar ou deixar para traacutes dife-rentes subjetividades Essa deve ser a base de uma nova norma

A transformaccedilatildeo das escolas e do letramento escolar eacute ao mesmo tempo uma questatildeo muito ampla e especiacutefica uma parte criacutetica de um projeto social mais abrangente No entanto haacute um limite para o que as escolas podem alcanccedilar sozinhas A questatildeo ampla eacute o que contaraacute para o sucesso no mundo do futuro imi-nente um mundo que pode ser imaginado e alcanccedilado A ques-tatildeo mais estrita eacute como podemos transformar gradativamente os resultados alcanccedilaacuteveis e adequados da escolaridade Como podemos complementar o que as escolas jaacute fazem Natildeo podemos refazer o mundo por meio da escolarizaccedilatildeo mas podemos favo-recer uma visatildeo por meio da pedagogia que cria no microcosmo um conjunto transformador de relaccedilotildees e possibilidades de fu-turos sociais uma visatildeo que eacute vivida nas escolas Isso pode en-volver atividades como a simulaccedilatildeo de relaccedilotildees de trabalho com colaboraccedilatildeo comprometimento e envolvimento criativo usar a escola como local para acesso e aprendizagem de miacutedia de mas-sa resgatar o espaccedilo puacuteblico de cidadania escolar para diversas comunidades e discursos e criar comunidades de aprendizes diversificadas e que respeitem a autonomia dos estilos de vida

No restante deste artigo desenvolvemos a noccedilatildeo de pe-dagogia como design Nosso objetivo eacute discutir a proposiccedilatildeo de que o curriacuteculo eacute um projeto para futuros sociais e debater a forma geral desse projeto agrave medida que complementamos a pedagogia do letramento nas maneiras indicadas pela noccedilatildeo de multiletra-mentos Nesse sentido este artigo natildeo tem orientaccedilatildeo praacutetica imediata eacute mais da natureza de um manifesto programaacutetico O apelo agrave praticidade eacute frequentemente mal interpretado na me-dida em que desloca o tipo de discussatildeo fundacional que temos aqui Haacute outro sentido entretanto em que a discussatildeo nesse niacutevel eacute eminentemente praacutetica embora de uma maneira muito

34

geral Diferentes concepccedilotildees de educaccedilatildeo e sociedade levam a formas muito especiacuteficas de curriacuteculo e pedagogia que por sua vez incorporam designs de futuros sociais Para alcanccedilar isso precisamos nos engajar em um diaacutelogo criacutetico com os conceitos centrais do capitalismo acelerado das formas pluralistas emer-gentes de cidadania e dos diferentes estilos de vida Esta eacute a base para um novo contrato social uma nova comunidade

Em relaccedilatildeo ao novo ambiente da pedagogia do letramento preci-samos resgatar duas questotildees fundamentais o ldquoo quecircrdquo da peda-gogia do letramento ou o que os estudantes precisam aprender e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento ou o espectro das rela-ccedilotildees de aprendizagem adequadas

Designs de sentido

Ao abordar a questatildeo do ldquoo quecircrdquo da pedagogia do letramento propomos uma metalinguagem dos multiletramentos baseada no conceito de ldquodesignrdquo O Design tornou-se central para inova-ccedilotildees no universo do trabalho bem como para reformas escola-res no mundo contemporacircneo Professores e gestores satildeo vistos como designers de processos e ambientes de aprendizagem e natildeo como chefes que ditam o que seus subordinados devem pen-sar e fazer Aleacutem disso algumas pessoas tecircm argumentado que a pesquisa educacional deveria tornar-se uma ciecircncia baseada em design estudando como diferentes planos curriculares projetos pedagoacutegicos e formatos de sala de aula motivam e alcanccedilam di-ferentes tipos de aprendizagem Do mesmo modo os gestores escolares tecircm suas proacuteprias concepccedilotildees de design estudando como a gestatildeo e as teorias empresariais podem ser postas em praacutetica e continuamente ajustadas e pensadas na praacutetica A no-ccedilatildeo de design conecta-se poderosamente com o tipo de inteli-gecircncia criativa de que os melhores profissionais necessitam para poderem continuamente redesenhar suas atividades no ato da

O ldquo o q u ecirc rdquo d a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

35

praacutetica Tambeacutem se associa agrave ideia de que a aprendizagem e a produtividade satildeo resultados de designs (estruturas) de sistemas complexos de pessoas ambientes tecnologia crenccedilas e textos

Decidimos tambeacutem utilizar a expressatildeo design para des-crever as formas de sentido porque o termo estaacute livre de associa-ccedilotildees negativas para os professores como por exemplo o termo ldquogramaacuteticardquo Trata-se de um conceito suficientemente rico para fundar um curriacuteculo linguiacutestico e uma pedagogia O termo tem tambeacutem uma feliz ambiguidade pode identificar tanto a estru-tura organizacional (ou morfologia) dos produtos quanto o pro-cesso de criaccedilatildeo Expressotildees como ldquoo design de um carrordquo ou ldquoo design de um textordquo podem ter os dois sentidos o modo como eacute ndash foi ndash projetado ou o processo de design dele Propomos tratar qualquer atividade semioacutetica incluindo a utilizaccedilatildeo da lingua-gem para produzir ou consumir textos como uma questatildeo de Design envolvendo trecircs elementos Designs Disponiacuteveis Desig-ning5 e o Redesign Juntos esses trecircs elementos enfatizam que a produccedilatildeo de sentidos eacute um processo vivo e dinacircmico e natildeo algo regido por regras estaacuteticas

Essa estrutura eacute baseada numa teoria especiacutefica do dis-curso Ela entende a atividade semioacutetica como uma aplicaccedilatildeo criativa e uma combinaccedilatildeo de convenccedilotildees (recursos ndash Designs Disponiacuteveis) que no processo de Design transforma ao mesmo tempo que reproduz essas convenccedilotildees (Fairclough 1992 a 1995) Aquilo que determina (Designs Disponiacuteveis) e o processo ativo de determinaccedilatildeo (Designing que cria Redesigns) estatildeo em cons-tante tensatildeo Essa teoria enquadra-se bem na visatildeo da vida e dos sujeitos sociais em sociedades em raacutepida mudanccedila e cultural-mente diversas que descrevemos anteriormente

Designs Disponiacuteveis

Designs Disponiacuteveis ndash os recursos para o Design ndash incluem as ldquogramaacuteticasrdquo de vaacuterios sistemas semioacuteticos as gramaacuteticas das liacutenguas e as gramaacuteticas de outros sistemas semioacuteticos tais como cinema fotografia ou gramaacutetica gestual Os Designs Disponiacuteveis tambeacutem incluem ldquoordens do discursordquo (Fairclough 1995) Uma

36

ordem do discurso eacute o conjunto estruturado de convenccedilotildees asso-ciadas agrave atividade semioacutetica (incluindo o uso da liacutengua) num determinado espaccedilo social ndash uma sociedade especiacutefica ou uma instituiccedilatildeo especiacutefica como uma escola ou um local de trabalho ou espaccedilos menos estruturados da vida comum agrupados na noccedilatildeo de diferentes modos de vida Uma ordem do discurso eacute um conjunto de discursos socialmente produzidos interligados e interagindo de forma dinacircmica Trata-se de uma configuraccedilatildeo especiacutefica dos elementos do Design Uma ordem do discurso pode ser vista como uma configuraccedilatildeo particular de tais ele-mentos Pode incluir uma mistura de diferentes sistemas semioacute-ticos ndash por exemplo sistemas semioacuteticos visuais e auditivos em combinaccedilatildeo com a liacutengua constituem a ordem do discurso da televisatildeo Outro exemplo pode envolver as gramaacuteticas de vaacuterias liacutenguas ndash as ordens do discurso de diferentes escolas

A ordem do discurso tem como objetivo apreender a ma-neira como diferentes discursos se relacionam (conversam) en-tre si Deste modo o discurso das gangues afro-americanas de Los Angeles estaacute historicamente relacionado com o discurso da poliacutecia da cidade Os discursos de ambos e outros discursos se-melhantes moldam-se e satildeo moldados uns pelos outros Para dar outro exemplo considere-se as relaccedilotildees histoacutericas e institucio-nais entre o discurso da biologia e o discurso do fundamentalis-mo religioso As escolas satildeo espaccedilos especialmente importantes em que um conjunto de discursos se relacionam entre si ndash dis-cursos disciplinares discursos de ser professor (cultura do pro-fessor) discurso de ser estudante (de diferentes tipos) discursos comunitaacuterios eacutetnicos de classe e discursos da esfera puacuteblica en-volvendo negoacutecios e governo por exemplo Cada discurso envol-ve produccedilatildeo reproduccedilatildeo e transformaccedilatildeo de diferentes tipos de pessoas Existe diversidade entre afro-americanos professores crianccedilas estudantes policiais e bioacutelogos O mesmo indiviacuteduo pode ser uma pessoa diferente em lugares e momentos distintos Diferentes tipos de pessoas conectam-se por meio dos discursos entrecruzados que constituem as ordens do discurso

No acircmbito das ordens do discurso existem convenccedilotildees es-peciacuteficas dos Designs ndash Disponiacuteveis ndash que assumem a forma de

37

discursos estilos gecircneros dialetos e vozes para citar algumas das principais variaacuteveis Um discurso eacute uma configuraccedilatildeo do co-nhecimento e das suas formas habituais de expressatildeo que repre-senta um conjunto especiacutefico de interesses Ao longo do tempo por exemplo as instituiccedilotildees produzem discursos ndash ou seja as suas configuraccedilotildees de conhecimento Estilo eacute a configuraccedilatildeo de todas as expressotildees semioacuteticas de um texto em que por exemplo a linguagem pode estar relacionada com o layout e a programa-ccedilatildeo visual Os gecircneros satildeo formas de texto ou organizaccedilatildeo textual que surgem de configuraccedilotildees sociais especiacuteficas ou das relaccedilotildees especiacuteficas dos participantes de uma interaccedilatildeo Refletem os ob-jetivos dos participantes num dado tipo de interaccedilatildeo Numa en-trevista por exemplo o entrevistador quer algo o entrevistado quer algo mais e o gecircnero da entrevista reflete isso Os dialetos podem ser relacionados com a regiatildeo ou a idade A voz eacute mais individual e pessoal incluindo evidentemente muitos fatores discursivos e geneacutericos

O conceito abrangente de ordens do discurso eacute necessaacuterio para enfatizar que no designing de textos e interaccedilotildees as pesso-as recorrem sempre a sistemas de praacutetica sociolinguiacutestica bem como a sistemas gramaticais Esses sistemas podem natildeo ser tatildeo clara ou rigidamente estruturados como a palavra ldquosistemardquo su-gere mas existem sempre alguns pontos comuns de orientaccedilatildeo quando agimos semioticamente Os Designs Disponiacuteveis tam-beacutem incluem outro elemento a experiecircncia linguiacutestica e discur-siva das pessoas envolvidas no designing na qual um momento de designing flui continuamente como as histoacuterias particulares dos membros envolvidos Podemos referir-nos a isso como o contexto intertextual (Fairclough 1989) que liga o texto que estaacute sendo criado a uma ou mais cadeias (ldquoredesrdquo) de textos passados

Designing

O processo de modelagem do sentido emergente envolve reapre-sentaccedilatildeo e recontextualizaccedilatildeo Isso nunca eacute simplesmente uma repeticcedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis Cada momento da produccedilatildeo

38

de sentidos envolve a transformaccedilatildeo dos recursos de sentido dis-poniacuteveis Ler ver e ouvir satildeo todos instacircncias do Designing

Segundo Halliday (1978) um profundo princiacutepio organi-zacional nas gramaacuteticas das liacutenguas humanas eacute a distinccedilatildeo entre macrofunccedilotildees da linguagem que satildeo as diferentes funccedilotildees dos Designs Disponiacuteveis funccedilotildees ideacionais interpessoais e textu-ais Essas funccedilotildees produzem distintas expressotildees de sentido A funccedilatildeo ideacional trata do ldquoconhecimentordquo e a funccedilatildeo interpes-soal trata das ldquorelaccedilotildees sociaisrdquo Quanto agraves ordens do discurso a inter-relaccedilatildeo generativa dos discursos num contexto social os seus gecircneros constituintes podem ser parcialmente caracteriza-dos em termos das relaccedilotildees sociais especiacuteficas e posiccedilotildees pesso-ais que articulam enquanto que os discursos satildeo conhecimentos especiacuteficos (construccedilotildees do mundo) articulados com posiccedilotildees especiacuteficas do sujeito

Qualquer atividade semioacutetica ndash qualquer Designing ndash fun-ciona simultaneamente sobre e com essas facetas dos Designs Disponiacuteveis O Designing reproduziraacute mais ou menos norma-tivamente ou transformaraacute mais ou menos radicalmente os co-nhecimentos dados as relaccedilotildees sociais e identidades dependen-do das condiccedilotildees sociais sob as quais o Design ocorre Mas nunca iraacute simplesmente reproduzir os Designs Disponiacuteveis O Desig-ning transforma o conhecimento ao produzir novas construccedilotildees e representaccedilotildees da realidade Atraveacutes da co-gestatildeo de Desig-ns as pessoas transformam suas relaccedilotildees umas com as outras e assim transformam-se a si mesmas Esses natildeo satildeo processos independentes Configuraccedilotildees de indiviacuteduos relaccedilotildees sociais e conhecimentos satildeo trabalhados e transformados (Designing) no processo de designing As configuraccedilotildees preexistentes e novas satildeo sempre provisoacuterias embora possam atingir um elevado grau de permanecircncia A transformaccedilatildeo eacute sempre uma nova utilizaccedilatildeo de velhos materiais uma rearticulaccedilatildeo e recombinaccedilatildeo dos re-cursos dos Designs Disponiacuteveis

A noccedilatildeo de Design reconhece a natureza iterativa da pro-duccedilatildeo de sentidos recorrendo aos Designs Disponiacuteveis para criar padrotildees de sentidos que satildeo parcialmente previsiacuteveis em seus contextos Eacute por isso que o Redesign traz em si certo ar de

39

familiaridade No entanto haacute algo inevitavelmente uacutenico em cada enunciado A maioria dos paraacutegrafos escritos satildeo uacutenicos nunca construiacutedos exatamente dessa forma antes e ndash exceto pela coacutepia ou pela improbabilidade estatiacutestica ndash nunca mais devem ser construiacutedos dessa forma novamente Do mesmo modo haacute algo irredutivelmente uacutenico na voz de cada pessoa O Designing sempre envolve a transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis sem-pre envolve fazer novo uso de materiais antigos

Eacute importante frisar que ouvir e falar ler e escrever satildeo atividades produtivas formas de designing Ouvintes e leitores encontram textos como designs disponiacuteveis Eles tambeacutem se va-lem de sua experiecircncia de outros designs disponiacuteveis como um recurso para criar novos significados a partir dos textos que en-contram A sua leitura e escuta satildeo em si uma produccedilatildeo (um De-signing) de textos (embora textos para si natildeo textos para outros) com base em seus proacuteprios interesses e experiecircncias de vida E sua escuta e leitura por sua vez transformam os recursos que receberam na forma de Designs disponiacuteveis em Redesigned

Redesigned

O resultado do Designing gera um novo significado algo por meio do qual os produtores de sentidos se recriam Nunca eacute uma reformulaccedilatildeo ou uma simples recombinaccedilatildeo de Designs Disponiacuteveis O Redesigned pode ser variavelmente criativo ou reprodutivo em relaccedilatildeo aos recursos para a produccedilatildeo de senti-dos existentes nos Designs Disponiacuteveis Mas natildeo eacute uma simples reproduccedilatildeo (como o mito das normas e da pedagogia da trans-missatildeo nos faria acreditar) nem eacute simplesmente criativo (como os mitos da originalidade individual e da voz pessoal nos fariam crer) Como a instacircncia em que estatildeo em jogo os recursos cultu-rais e as subjetividades uacutenicas o Redesigned fundamenta-se em padrotildees de sentido histoacuterica e culturalmente herdados Ao mes-mo tempo eacute produto uacutenico do agenciamento humano sentido transformado E por sua vez o Redesigned torna-se um novo Design Disponiacutevel um novo recurso produtor de sentidos

40

Aleacutem disso por meio dos processos do Design os pro-dutores de sentido se recriam Reconstroem e renegociam suas identidades O Redesigned natildeo apenas foi construiacutedo ativamen-te mas tambeacutem eacute uma evidecircncia das maneiras como a interven-ccedilatildeo ativa no mundo que eacute o Designing transformou o proacuteprio designer

Designs de sentidos

Dimensotildees da produccedilatildeo de sentidos

Professores e alunos precisam de uma linguagem para descrever os sentidos que satildeo representados nos Designs Disponiacuteveis e no Redesigned Em outras palavras eles precisam de uma metalin-guagem ndash ou seja uma linguagem para falar sobre linguagem imagens textos e interaccedilotildees na produccedilatildeo de sentidos

Um dos objetivos do Projeto Internacional dos Multiletra-mentos iniciado e planejado durante a reuniatildeo de Nova Londres e entrando agora em uma fase de pesquisa colaborativa e expe-rimentaccedilatildeo de curriacuteculo eacute desenvolver uma gramaacutetica funcio-nal e educacionalmente acessiacutevel isto eacute uma metalinguagem que descreva o sentido em diferentes ambientes Estes incluem o textual e o visual assim como as relaccedilotildees multimodais entre os diferentes processos de produccedilatildeo de sentidos que agora satildeo tatildeo fundamentais nos textos da miacutedia impressa quanto nos textos multimiacutedia eletrocircnicos

Qualquer metalinguagem a ser utilizada em um curriacuteculo escolar tem de atender a alguns criteacuterios riacutegidos Deve ser ca-

Designs de sentidos

Designs disponiacuteveis Recursos para produccedilatildeo de sentidos designs Disponiacuteveis para produccedilatildeo de sentidos

Designing O trabalho desenvolvido sobrecom os designs Disponiacuteveis no processo semioacutetico

Redesigned Os recursos reproduzidos e transformados por meio do designing

41

paz de fundamentar anaacutelises criacuteticas sofisticadas da linguagem e de outros sistemas semioacuteticos e ao mesmo tempo natildeo fazer exigecircncias impraticaacuteveis aos conhecimentos do professor e do aprendiz e natildeo evocar imediatamente as aversotildees muitas vezes justificadas e acumuladas dos professores em relaccedilatildeo ao forma-lismo O uacuteltimo ponto eacute crucial pois os professores devem estar motivados a trabalhar com a metalinguagem

Uma metalinguagem tambeacutem precisa ser bastante flexiacutevel e aberta Ela deve ser vista como uma caixa de ferramentas para trabalhar em atividades semioacuteticas natildeo como um formalismo a ser a elas aplicado Devemos nos sentir agrave vontade com conceitos confusos eou sobrepostos Professores e alunos devem ser capa-zes de escolher e selecionar a partir das ferramentas oferecidas Eles tambeacutem devem sentir-se livres para modelar suas proacuteprias ferramentas A flexibilidade eacute muito importante porque a rela-ccedilatildeo entre categorias descritivas e analiacuteticas e a praacutetica eacute por na-tureza mutaacutevel provisoacuteria insegura e relativa aos contextos e propoacutesitos da anaacutelise

Aleacutem disso o objetivo principal da metalinguagem deve ser identificar e explicar as diferenccedilas entre textos e relacionaacute-las aos contextos culturais e agraves situaccedilotildees em que atuam A metalin-guagem natildeo deve impor regras estabelecer padrotildees de correccedilatildeo ou privilegiar certos discursos para ldquocapacitarrdquo os estudantes

A metalinguagem que estamos sugerindo para analisar o Design de sentidos com relaccedilatildeo agraves ordens do discurso inclui ter-mos-chaves como ldquogecircnerosrdquo e ldquodiscursosrdquo e uma seacuterie de concei-tos relacionados tais como vozes estilos e provavelmente outros (Fairclough 1992a Kress 1990 van Leeuwen 1993) Informal-mente podemos perguntar a respeito de qualquer Designing quais satildeo as regras do jogo E qual eacute a perspectiva

ldquoAs regras do jogordquo nos apontam na direccedilatildeo do propoacutesito e da noccedilatildeo de gecircneros do discurso Agraves vezes as regras do jogo podem ser especificadas em termos de um gecircnero bem definido e socialmente marcado como a liturgia da igreja agraves vezes natildeo haacute uma categoria geneacuterica clara A atividade semioacutetica e os textos que ela gera normalmente misturam gecircneros (por exemplo con-sultas entre meacutedico e paciente que satildeo em parte como exames

42

meacutedicos e em parte como sessotildees de aconselhamento ou mesmo conversas informais)

Na tentativa de caracterizar as regras do jogo e o gecircnero do discurso devemos partir do contexto social do ambiente ins-titucional e das relaccedilotildees e das praacuteticas sociais em que os textos estatildeo inseridos O gecircnero eacute um aspecto intertextual de um texto Ele mostra como o texto se liga a outros textos no contexto in-tertextual e como ele pode ser semelhante em alguns aspectos a outros textos utilizados em contextos sociais similares e suas conexotildees com outros tipos de texto na(s) ordem(ns) do discurso Mas o gecircnero eacute apenas um dos vaacuterios aspectos intertextuais de um texto e precisa ser usado em conjunto com outros aspectos especialmente com os discursos

Um discurso eacute uma construccedilatildeo de algum aspecto da reali-dade de um ponto de vista especiacutefico de um acircngulo especiacutefico em termos de interesses especiacutefico Como substantivo abstrato o discurso chama a atenccedilatildeo para o uso da linguagem como uma faceta da praacutetica social que eacute moldada ndash e molda ndash pelas ordens culturais do discurso bem como pelos sistemas linguiacutesticos (gramaacuteticas) Como substantivo contaacutevel (discursos no plural em vez de discurso geneacuterico) ele chama a atenccedilatildeo para a diversida-de de construccedilotildees (representaccedilotildees) de vaacuterios domiacutenios da vida e experiecircncias associadas a diferentes vozes posiccedilotildees e interesses (subjetividades) Novamente alguns discursos satildeo claramente demarcados e tecircm nomes convencionais na cultura (por exem-plo discursos feministas poliacutetico-partidaacuterios ou religiosos) en-quanto outros satildeo muito mais difiacuteceis de serem identificados As caracterizaccedilotildees intertextuais dos textos em termos de gecircneros e discursos satildeo melhor consideradas como aproximaccedilotildees provi-soacuterias pois satildeo interpretaccedilotildees culturais de textos que dependem da sensibilidade difusa poreacutem operacionalmente adequada do analista em relaccedilatildeo agrave cultura e tambeacutem aos conhecimentos es-pecializados

43

Elementos do design

Uma das principais ideias que fundamentam a noccedilatildeo de multile-tramentos eacute a crescente complexidade e inter-relaccedilatildeo dos diver-sos modos de produccedilatildeo de sentidos Identificamos seis grandes aacutereas para as quais satildeo requeridas gramaacuteticas funcionais ndash as metalinguagens que descrevem e explicam os padrotildees de sen-tido Design Linguiacutestico Design Visual Design Sonoro Design Gestual Design Espacial e Design Multimodal O Design Mul-timodal eacute de uma ordem diferente dos outros cinco modos de produccedilatildeo de sentidos ele representa os padrotildees de interconexatildeo entre os outros modos Utilizamos a palavra ldquogramaacuteticardquo num sentido positivo como uma linguagem especializada que des-creve padrotildees de representaccedilatildeo Em cada caso nosso objetivo eacute apresentar natildeo mais do que dez elementos principais do Design

Design linguiacutestico

A metalinguagem que propomos utilizar para descrever o De-sign Linguiacutestico tem o objetivo de concentrar nossa atenccedilatildeo nos recursos de representaccedilatildeo Esta metalinguagem natildeo eacute uma cate-goria de habilidades mecacircnicas como eacute comumente usada nas gramaacuteticas para uso educacional nem deve servir de base para uma criacutetica ou reflexatildeo avulsa Ao contraacuterio a noccedilatildeo de Design enfatiza o potencial produtivo e inovador da linguagem como um sistema de produccedilatildeo de sentido Esta eacute uma accedilatildeo uma des-criccedilatildeo geradora da linguagem como um meio de representaccedilatildeo Como argumentamos anteriormente tal orientaccedilatildeo tanto para o meio social quanto para o texto seraacute um requisito essencial para as economias e sociedades do presente e do futuro Seraacute tambeacutem essencial para a produccedilatildeo de determinados tipos de subjetivida-de democraacutetica e participativa Os elementos do Design Linguiacutes-tico que estamos desenvolvendo ajudam a descrever os recursos de representaccedilatildeo que estatildeo disponiacuteveis os vaacuterios sentidos que esses recursos teratildeo se forem utilizados em um contexto espe-ciacutefico e o potencial inovador de reformular esses recursos em relaccedilatildeo aos objetivos sociais

44

Considere este exemplo ldquoAs taxas de mortalidade por cacircn-cer de pulmatildeo estatildeo claramente associadas ao aumento do taba-gismordquo e ldquoTabagismo causa cacircncerrdquo A primeira frase pode signi-ficar o que a segunda significa embora tambeacutem possa significar muitas outras coisas A primeira frase eacute mais expliacutecita em alguns aspectos do que a segunda (por exemplo referecircncia ao cacircncer de pulmatildeo) e menos expliacutecita em outros aspectos (por exemplo ldquoassociado ardquo versus ldquocausardquo) A gramaacutetica foi empregada para projetar dois mecanismos diferentes Cada frase eacute utilizaacutevel em discursos diferentes Por exemplo a primeira eacute uma forma tiacutepica nas ciecircncias sociais e ateacute mesmo nas ciecircncias duras A segunda eacute uma forma tiacutepica da discussatildeo na aacuterea de sauacutede puacuteblica A gra-maacutetica precisa ser vista como uma gama de escolhas que se faz ao projetar a comunicaccedilatildeo para fins especiacuteficos incluindo um maior agenciamento de aspectos natildeo verbais Entretanto essas escolhas precisam ser vistas natildeo apenas como uma questatildeo de estilo ou intenccedilatildeo individual mas como intrinsecamente ligadas a diferentes discursos com seus interesses e relaccedilotildees de poder mais amplos

Nossa metalinguagem sugerida para analisar os desig-ns da liacutengua eacute construiacuteda com base em uma lista de elementos textuais altamente seletiva que a experiecircncia tem mostrado ser particularmente digna de atenccedilatildeo (ver tambeacutem Fowler Hodge Kress Trent 1979 Fairclough 1992a) A tabela a seguir lista al-guns termos-chaves que podem ser incluiacutedos como metalingua-gem do Design Linguiacutestico Eacute provaacutevel que outras caracteriacutesticas textuais potencialmente significativas sejam mencionadas de tempos em tempos mas pensamos que a facilidade em utilizar os elementos listados constitui uma base substancial embora li-mitada para uma consciecircncia criacutetica da linguagem

Examinaremos dois deles agora a fim de ilustrar nossa no-ccedilatildeo de Design Linguiacutestico a nominalizaccedilatildeo e a transitividade A nominalizaccedilatildeo envolve o uso de uma frase para compactar uma grande quantidade de informaccedilotildees algo como a maneira como um compactador de lixo funciona Apoacutes a compactaccedilatildeo natildeo se pode dizer o que foi compactado Considere a expressatildeo ldquoTaxas de morte por cacircncer de pulmatildeordquo Essas ldquotaxasrdquo se referem agraves pes-

45

soas que morrem de cacircncer de pulmatildeo ou aos pulmotildees que mor-rem de cacircncer Natildeo se pode saber isso a menos que tenhamos conhecimento preacutevio sobre essa discussatildeo As nominalizaccedilotildees satildeo usadas para compactar informaccedilotildees ndash conversas inteiras ndash que supomos que as pessoas (ou pelo menos os ldquoespecialistasrdquo) conheccedilam Elas satildeo indicaccedilotildees para quem ldquoestaacute no jogordquo e conse-quentemente tambeacutem para manter as pessoas fora dele

A transitividade indica quanto de agenciamento e de efeito se deseja em uma frase ldquoJoatildeo golpeou Mariardquo tem mais efeito (sobre Maria) do que ldquoJoatildeo atingiu Mariardquo e ldquoJoatildeo golpeou Ma-riardquo tem mais agecircncia do que ldquoMaria foi golpeada6rdquo Uma vez que noacutes humanos relacionamos agecircncia e efeito com responsa-bilidade e culpa em muitos domiacutenios (discursos) estas natildeo satildeo apenas questotildees de gramaacutetica Satildeo maneiras de utilizar a lin-guagem para se envolver em accedilotildees como culpar evitar culpa ou comparar certas coisas com outras

Alguns elementos do Design Linguiacutestico

Emissatildeo Caracteriacutesticas de entonaccedilatildeo ecircnfase ritmo sotaque etc

Vocabulaacuterio e metaacutefora Inclui colocaccedilatildeo lexicalizaccedilatildeo e sentido da palavra

Redesigned A natureza do engajamento do produtor com a mensagem em uma oraccedilatildeo

TransitividadeOs tipos de processo e os participantes da oraccedilatildeo

Vocabulaacuterio e metaacutefora escolha de palavras posicionamento e sentido

Nominalizaccedilatildeo de processos

Transformar accedilotildees qualidades avaliaccedilotildees ou conexatildeo loacutegica em substantivos ou estados de ser e estar

(por exemplo ldquoavaliarrdquo torna-se ldquoavaliaccedilatildeordquo ldquopoderrdquo torna-se ldquohabilidaderdquo)

Estruturas de informaccedilatildeo Como a informaccedilatildeo eacute apresentada em oraccedilotildees e sentenccedilas

Relaccedilotildees de Coerecircncia Local

Coesatildeo entre oraccedilotildees e relaccedilotildees loacutegicas entre as oraccedilotildees (por exemplo incorporaccedilatildeo subordinaccedilatildeo)

Relaccedilotildees de Coerecircncia Global

As propriedades organizacionais gerais dos textos (por exemplo gecircneros)

46

Designs para outros modos de produccedilatildeo de sentido

Os modos de significaccedilatildeo aleacutem do Linguiacutestico satildeo cada vez mais importantes incluindo Visuais (imagens layout de paacutegina for-matos de tela) aacuteudio (muacutesica efeitos sonoros) Gestuais (lingua-gem corporal sensualidade) Espaciais (os significados dos es-paccedilos ambientais espaccedilos arquitetocircnicos) e Multimodais Dos modos de significaccedilatildeo o Multimodal eacute o mais significativo pois relaciona todos os outros modos em conexotildees notavelmente di-nacircmicas Por exemplo as imagens dos meios de comunicaccedilatildeo de massa relacionam o linguiacutestico ao visual e ao gestual de manei-ras intricadas Ler a miacutedia de massa apenas por seus significados linguiacutesticos natildeo eacute suficiente As revistas empregam gramaacuteticas visuais muito diferentes de acordo com seu conteuacutedo social e cultural O roteiro de um seriado como ldquoRoseanne7rdquo natildeo teria nenhuma das qualidades do programa se vocecirc natildeo tivesse uma ldquosensibilidaderdquo para seus significados gestuais sonoros e visu-ais uacutenicos Um script sem esse conhecimento permitiria apenas uma leitura muito limitada Da mesma forma uma visita a um shopping center envolve muito texto escrito No entanto um en-volvimento prazeroso ou criacutetico com o shopping envolveraacute uma leitura multimodal que inclui natildeo apenas o design linguiacutestico mas uma leitura espacial da arquitetura do shopping e a locali-zaccedilatildeo e o sentido dos signos escritos logotipos e iluminaccedilatildeo O McDonaldrsquos tem assentos duros ndash para mantecirc-lo em movimento Os cassinos natildeo tecircm janelas ou reloacutegios ndash para eliminar indica-dores tangiacuteveis da passagem do tempo Esses satildeo sentidos espa-ciais e arquitetocircnicos profundamente importantes cruciais para a leitura de Designs Disponiacuteveis e para o Designing de futuros sociais

Em um sentido profundo toda produccedilatildeo de sentido eacute mul-timodal Todo texto escrito tambeacutem eacute organizado visualmente A editoraccedilatildeo eletrocircnica valoriza o design visual e espalha a res-ponsabilidade pelo visual de maneira muito mais ampla do que acontecia quando a escrita e o layout da paacutegina eram atividades distintas Portanto um projeto de escola pode e deve ser devida-mente avaliado com base no design visual linguiacutestico e em suas

47

relaccedilotildees multimodais Para dar outro exemplo a linguagem fala-da eacute uma questatildeo de design de aacuteudio tanto quanto eacute uma questatildeo de design linguiacutestico entendido como relaccedilotildees gramaticais

Os textos satildeo produzidos usando a gama de escolhas his-toricamente disponiacuteveis entre os diferentes modos de produccedilatildeo de sentidos Isso implica uma preocupaccedilatildeo com as ausecircncias nos textos bem como com as presenccedilas ldquoPor que natildeo issordquo bem como ldquoPor que issordquo (Fairclough 1992b) O conceito de Design enfatiza as relaccedilotildees entre os modos de significaccedilatildeo recebidos (Designs Disponiacuteveis) a transformaccedilatildeo desses modos de produ-ccedilatildeo de sentido em seu uso hiacutebrido e intertextual (Designing) e seu subsequente status a ser lido (O Redesigned) A metalingua-gem da produccedilatildeo de sentido se aplica a todos os aspectos deste processo como as pessoas satildeo posicionadas pelos elementos dos modos de produccedilatildeo de sentido disponiacuteveis (Designs disponiacute-veis) como os autores em alguns sentidos importantes tecircm a responsabilidade de estar conscientemente no controle da trans-formaccedilatildeo de sentidos (Designing) e como os efeitos de sentido a sedimentaccedilatildeo do sentido tornam-se parte do processo social (O Redesigned)

Obviamente a extensatildeo da transformaccedilatildeo dos Designs Disponiacuteveis em Redesigned como resultado do Designing pode variar muito Agraves vezes os produtores de sentidos reproduziratildeo os Designs Disponiacuteveis na forma de Redesigned de maneira mais proacutexima do que em outras ocasiotildees ndash um formulaacuterio em vez de uma carta pessoal ou um classificado em vez de um anuacutencio (display) por exemplo Certo Designing eacute mais premeditado ndash planejado deliberado sistematizado ndash do que outras instacircncias por exemplo uma conversa em vez de um poema Agraves vezes o Designing baseia-se em metalinguagens claramente articuladas talvez especializadas que descrevem os elementos do design (a linguagem do editor profissional ou do arquiteto) enquanto ou-tros designing podem menos ou mais transformadores mesmo que os produtores natildeo tenham uma metalinguagem articulada para descrever os elementos de seus processos de produccedilatildeo de sentido (a pessoa que ldquocorrigerdquo o que eles acabaram de escrever ou o empreiteiro da reforma da casa) Apesar dessas diferentes

48

relaccedilotildees de estrutura e de agecircncia toda produccedilatildeo de sentidos sempre envolve os dois elementos

Dois conceitos-chaves nos ajudam a descrever os sentidos multimodais e as relaccedilotildees de diferentes designs de sentido hi-bridismo e intertextualidade (Fairclough 1992a 1992b) O termo hibridismo destaca os mecanismos de criatividade e de cultura--como-processo particularmente proeminentes na sociedade contemporacircnea As pessoas criam e inovam hibridizando ndash isto eacute articulando de novas maneiras ndash praacuteticas e convenccedilotildees estabe-lecidas dentro e entre diferentes modos de produccedilatildeo de sentido Isso inclui a hibridizaccedilatildeo de modos de significaccedilatildeo de formas estabelecidas (de discursos e gecircneros) e combinaccedilotildees variadas de modos de produccedilatildeo de sentido que ultrapassam as fronteiras da convenccedilatildeo e criam novas convenccedilotildees A muacutesica popular eacute um exemplo perfeito do processo de hibridismo Diferentes formas e tradiccedilotildees culturais satildeo constantemente recombinadas e reestru-turadas ndash as formas musicais da Aacutefrica encontram o eletrocircnico e a induacutestria musical comercial E novas relaccedilotildees estatildeo constan-temente sendo criadas entre sentidos linguiacutesticos e sonoros (pop versus rap) e entre sentidos linguiacutesticossonoros e visuais (per-formance ao vivo versus videoclipes)

A intertextualidade chama a atenccedilatildeo para as maneiras po-tencialmente complexas como os sentidos (como sentidos lin-guiacutesticos) se constituem por meio de relaccedilotildees com outros tex-tos (reais ou imaginaacuterios) tipos de texto (discurso ou gecircneros) narrativas e outros modos de significaccedilatildeo (como design visual posicionamento arquitetocircnico ou geograacutefico) Qualquer texto pode ser visto historicamente em termos das cadeias intertex-tuais (seacuteries histoacutericas de textos) em que se baseia e em termos das transformaccedilotildees que opera sobre elas Por exemplo os filmes estatildeo cheios de referecircncias cruzadas feitas explicitamente pelo cineasta ou lidas no filme pelo espectador enquanto designer um papel uma cena um ambiente O espectador apreende uma boa parte da visatildeo que tem do sentido do filme por meio desses tipos de cadeias intertextuais

49

Uma Teoria da Pedagogia

Qualquer teoria pedagoacutegica bem-sucedida deve ser baseada em visotildees sobre como a mente humana funciona em sociedade e nas salas de aula bem como sobre a natureza do ensino e da aprendizagem Embora certamente acreditemos que nenhuma teoria atual em psicologia educaccedilatildeo ou ciecircncias sociais tem ldquoas respostasrdquo e que as teorias provenientes desses domiacutenios devem sempre ser integradas ao ldquoconhecimento praacuteticordquo dos principais implicados tambeacutem acreditamos que aqueles que propotildeem as reformas curriculares e pedagoacutegicas devem expressar claramen-te seus pontos de vista sobre a mente a sociedade e o aprendiza-do em virtude do que eles acreditam que tais reformas seriam eficazes

Nossa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem baseia-se na suposiccedilatildeo de que a mente humana eacute corporifi-cada situada e social ou seja que o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvido natildeo como ldquogeral e abstratordquo mas sim como inserido em contextos sociais culturais e materiais Aleacutem disso o conhecimento humano eacute inicialmente desenvolvi-do como parte das interaccedilotildees colaborativas com outras pessoas de habilidades experiecircncias e perspectivas diversas unidas em uma comunidade epistecircmica especiacutefica ou seja em uma comu-nidade de alunos engajados em praacuteticas comuns centradas em torno de dado (histoacuterica e socialmente constituiacutedo) domiacutenio do conhecimento Acreditamos que ldquoabstraccedilotildeesrdquo ldquogeneralidadesrdquo e ldquoteorias abertasrdquo surgem dessa base inicial e devem ser sempre devolvidas a essa base ou a uma versatildeo recontextualizada dela

Essa visatildeo da mente da sociedade e da aprendizagem que esperamos explicar e desenvolver nos proacuteximos anos como parte de nosso projeto internacional conjunto leva-nos a argumentar que a pedagogia eacute uma integraccedilatildeo complexa de quatro fatores Praacutetica Situada baseada no mundo das experiecircncias de designed e designing dos estudantes Instruccedilatildeo Aberta por meio da qual os alunos moldam para si mesmos uma metalinguagem expliacutecita

O ldquo c o m o rdquo d e u m a p e d a g o g i a d o s m u l t i l e t r a m e n t o s

50

do design Enquadramento Criacutetico que relaciona os significados aos seus contextos e finalidades sociais e a Praacutetica Transforma-da na qual os alunos transferem e recriam designs de produccedilatildeo de sentido de um contexto para outro Vamos desenvolver bre-vemente esses temas a seguir

Trabalhos recentes em ciecircncias cognitivas em cogniccedilatildeo social e abordagens socioculturais de liacutengua e letramento (Bar-salou 1992 Bereiter e Scardamalia 1993 Cazden 1988 Clark 1993 Gardner 1991 Gee 1992 Heath 1983 Holanda Holyoak Nisbett Thagard 1986 Lave Wenger 1991 Light e Butterworth 1993 Perkins 1992 Rogoff 1990 Scollon e Scollon 1981 Street 1984 Wertsch 1985) argumentam que se um de nossos objetivos pedagoacutegicos eacute algum grau de domiacutenio da praacutetica entatildeo a imer-satildeo em uma comunidade de alunos engajados em versotildees autecircn-ticas dessa praacutetica eacute necessaacuteria Noacutes chamamos isso de Praacutetica Situada Uma pesquisa recente (Barsalou 1992 Eiser 1994 Gee 1992 Harre Gillett 1994 Margolis 1993 Nolan 1994) sustenta que a mente humana natildeo eacute tal como um computador um pro-cessador de regras gerais e abstraccedilotildees descontextualizadas Em vez disso o conhecimento humano quando aplicaacutevel agrave praacutetica estaacute situado principalmente em ambientes socioculturais e forte-mente contextualizado em domiacutenios e praacuteticas de conhecimen-tos especiacuteficos Esse conhecimento estaacute inextricavelmente ligado agrave capacidade de reconhecer e de agir sobre padrotildees de dados e de experiecircncia um processo que eacute adquirido apenas por meio da experiecircncia uma vez que os padrotildees necessaacuterios satildeo mui-tas vezes fortemente amarrados e ajustados ao contexto e satildeo muitas vezes sutis e complexos o suficiente para que ningueacutem possa descrevecirc-los ou explicaacute-los de maneira completa e uacutetil Os humanos satildeo neste niacutevel ldquoreconhecedores de padrotildeesrdquo e atores contextuais e socioculturais Esse reconhecimento de padrotildees eacute a base da capacidade de agir de maneira flexiacutevel e adaptaacutevel no contexto ndash ou seja o domiacutenio na praacutetica

No entanto existem limitaccedilotildees para a Praacutetica Situada como a uacutenica base para a pedagogia Primeiramente a preocu-paccedilatildeo com a situaccedilatildeo da aprendizagem eacute tanto a forccedila quanto a fraqueza das pedagogias progressistas (Kalantzis e Cope 1993a)

51

Embora essa aprendizagem situada possa levar ao domiacutenio na praacutetica os alunos imersos em praacuteticas ricas e complexas podem variar significativamente entre si (e quanto aos objetivos curricu-lares) e alguns podem gastar muito tempo perseguindo as pistas ldquoerradasrdquo por assim dizer Em segundo lugar muito da ldquoimer-satildeordquo que experimentamos quando crianccedilas como na aquisiccedilatildeo de nossa liacutengua ldquonativardquo eacute certamente apoiada por nossa biolo-gia humana e pelo curso normal do amadurecimento e do desen-volvimento humanos Esse apoio natildeo estaacute disponiacutevel na imersatildeo

FIGURA 1 - Multiletramentos Metalinguagens para Descrever e Interpretar os Diferentes Modos de Sentido dos Componentes do Projeto

MULTIMODAL

MULTIMODAL

ALGUNS ELEMENTOS DO PROJETO

Como os sistemas integrados de criaccedilatildeo de sentido dos textos eletrocircnicos multimiacutedia

Componentes de sentido linguiacutestico

tais como

Componentes desentido visual tais como

Componentesque constituem

Componentesque constituem

Componentesque constituem- Apresentaccedilatildeo

- Vocabulaacuterio e metaacutefora- Modalidade- Transitividade- Normalizaccedilatildeo de processos- Estrutura de informaccedilatildeo- Relaccedilotildees de coerecircncia local- Relaccedilotildees de coerecircncia global

- Comportamento- Corporeidade fiacutesica- Gestos- Sensualidade- Sentimentos e afetos- Cinesia- Proxecircmica- Etc

- Cores- Perspectivas- Vetores- Primeiro plano e fundo- Etc

- Sentidos ecossistecircmicos e geograacuteficos - Sentidos arquitetocircnicos- Etc

- Muacutesica- Efeitos sonoros- Etc

Modo de RessignifcaccedilatildeoPr

ojet

o Li

nguiacute

stico

Proje

to V

isua

l

Projeto GestualPro

jeto

Esp

acia

l

Projeto de Aacuteudio

52

escolar posterior em aacutereas como letramento e como domiacutenios acadecircmicos uma vez que estes surgem muito tarde no cenaacuterio humano para ter reunido qualquer suporte bioloacutegico ou evolu-tivo substancial Deste modo qualquer ajuda que a biologia e o amadurecimento possam dar agraves crianccedilas em sua socializaccedilatildeo pri-maacuteria deve ser compensada ndash dada mais abertamente ndash quando usamos a ldquoimersatildeordquo como meacutetodo na escola Terceiro a Praacutetica Situada natildeo leva necessariamente ao controle consciente e agrave per-cepccedilatildeo do que se sabe e faz o que eacute um objetivo central de gran-de parte do aprendizado na escola Quarto essa Praacutetica Situada natildeo cria necessariamente alunos ou comunidades que possam criticar o que estatildeo aprendendo em termos de relaccedilotildees histoacutericas culturais poliacuteticas ideoloacutegicas ou baseadas em valores E em quinto lugar haacute a questatildeo de colocar o conhecimento em accedilatildeo As pessoas podem ser capazes de articular seus conhecimentos em palavras Eles podem ter consciecircncia dos relacionamentos e ateacute mesmo fazer ldquocriacuteticasrdquo Contudo ainda podem ser incapazes de representar reflexivamente seu conhecimento na praacutetica

Portanto a Praacutetica Situada na qual os professores orien-tam uma comunidade de alunos como ldquomestresrdquo da praacutetica deve ser suplementada por vaacuterios outros componentes (ver Cazden 1992) Aleacutem do domiacutenio na praacutetica uma pedagogia eficaz deve procurar a compreensatildeo criacutetica ou a compreensatildeo cultural em dois sentidos diferentes Criacutetico na frase ldquocompreensatildeo criacuteticardquo significa percepccedilatildeo consciente e controle sobre as relaccedilotildees intras-sistemaacuteticas de um sistema A imersatildeo notoriamente natildeo leva a isso Por exemplo crianccedilas que adquiriram uma primeira liacutengua por meio da imersatildeo nas praacuteticas de suas comunidades natildeo se tornam em virtude disso bons linguistas Vygotsky (1978 1987) que certamente apoiou a colaboraccedilatildeo na praacutetica como alicerce da aprendizagem tambeacutem argumentou que certas formas de Instruccedilatildeo Aberta eram necessaacuterias para suplementar a imersatildeo (aquisiccedilatildeo) se quiseacutessemos que os alunos desenvolvessem cons-ciecircncia e controle do que adquiriram

Existe outro sentido de ldquocriacuteticardquo como na capacidade de criticar um sistema e suas relaccedilotildees com outros sistemas com base no funcionamento do poder da poliacutetica da ideologia e de valo-

53

res (Fairclough 1992b) Nesse sentido as pessoas tomam consci-ecircncia e satildeo capazes de articular a localizaccedilatildeo cultural das praacuteti-cas Infelizmente nem a imersatildeo em praacuteticas situadas dentro de comunidades de aprendizes nem a Instruccedilatildeo Aberta do tipo que Vygotsky (1987) discutiu necessariamente datildeo origem a esse tipo de compreensatildeo criacutetica ou de compreensatildeo cultural Na ver-dade tanto a imersatildeo quanto muitos tipos de Instruccedilatildeo Aberta satildeo notoacuterios como agentes socializadores que podem tornar os alunos bastante acriacuteticos e nada conscientes da localizaccedilatildeo cultu-ral de significados e praacuteticas

Os quatro componentes da pedagogia que propomos aqui natildeo constituem uma hierarquia linear nem representam estaacutegios Em vez disso satildeo componentes relacionados de maneiras com-plexas Elementos de cada um podem ocorrer simultaneamente enquanto em momentos diferentes um ou outro iraacute predominar e todos eles satildeo repetidamente revisitados em diferentes niacuteveis

Praacutetica Situada

Essa eacute a parte da pedagogia que se constitui pela imersatildeo em praacuteticas significativas dentro de uma comunidade de alunos que satildeo capazes de desempenhar papeacuteis muacuteltiplos e diferentes com base em suas origens e experiecircncias A comunidade deve incluir especialistas pessoas que dominam certas praacuteticas No miacutenimo deve incluir novatos especialistas pessoas que satildeo especialistas em aprender novos domiacutenios com alguma profundidade Esses especialistas podem orientar os alunos servindo como mentores e designers de seus processos de aprendizagem Esse aspecto do curriacuteculo precisa reunir as experiecircncias anteriores e atuais dos alunos bem como suas comunidades e discursos extraescolares como parte integral da experiecircncia de aprendizagem

Haacute ampla evidecircncia de que as pessoas natildeo aprendem nada direito a menos que estejam motivadas para aprender e acreditem que seratildeo capazes de usar e de trabalhar com o que estatildeo aprendendo de alguma forma que seja de seu interesse Portanto a Praacutetica Situada que constitui o aspecto de imersatildeo da pedagogia deve considerar crucialmente as necessidades e as

54

identidades afetivas e socioculturais de todos os alunos Deve tambeacutem constituir uma arena na qual todos os alunos estejam seguros em assumir riscos e em confiar na orientaccedilatildeo de outros mdash colegas e professores

Neste aspecto da pedagogia acreditamos que a avaliaccedilatildeo nunca deve ser usada para julgar mas deve ser usada no desen-volvimento a fim de orientar os alunos para as experiecircncias e para a assistecircncia de que precisam para se desenvolverem ainda mais como membros da comunidade capazes de aproveitar e em uacuteltima anaacutelise contribuindo para toda a gama de seus re-cursos

Instruccedilatildeo Aberta

A Instruccedilatildeo Aberta natildeo implica transmissatildeo direta exerciacutecios e memorizaccedilatildeo mecacircnica embora infelizmente muitas vezes te-nha essas conotaccedilotildees Em vez disso inclui todas as intervenccedilotildees ativas por parte do professor e de outros especialistas que estru-turam as atividades de aprendizagem que concentram o aluno nas caracteriacutesticas importantes de suas experiecircncias e atividades dentro da comunidade de alunos e que permitem que o estudan-te obtenha informaccedilotildees expliacutecitas nos momentos em que pode organizar e orientar a praacutetica de maneira mais uacutetil aproveitando e reunindo o que o aluno jaacute sabe e realizou Inclui centralmen-te os tipos de esforccedilos colaborativos entre professor e aluno em que este tem permissatildeo para realizar uma tarefa mais complexa do que pode realizar por conta proacutepria e em que o aluno chega agrave consciecircncia da representaccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo do professor dessa tarefa e de suas relaccedilotildees com outros aspectos do que estaacute sendo aprendido O objetivo aqui eacute a percepccedilatildeo consciente e o controle sobre o que estaacute sendo aprendido ndash sobre as relaccedilotildees intrassistemaacuteticas do domiacutenio que estaacute sendo praticado

Um aspecto definidor da Instruccedilatildeo Aberta eacute o uso de me-talinguagens linguagens de generalizaccedilatildeo reflexiva que descre-vem a forma o conteuacutedo e a funccedilatildeo dos discursos da praacutetica No caso do esquema dos multiletramentos proposto aqui isso sig-nificaria que os alunos desenvolvem uma metalinguagem que

55

descreve tanto o ldquoquecircrdquo da pedagogia dos letramentos (processos e elementos de design) quanto os andaimes que constituem o ldquocomordquo da aprendizagem (Praacutetica Situada Instruccedilatildeo Aberta En-quadramento Criacutetico Praacutetica Transformada)

Muitas avaliaccedilotildees no curriacuteculo tradicional exigiam a re-peticcedilatildeo das generalidades da Instruccedilatildeo Aberta Como no caso da Praacutetica Situada a avaliaccedilatildeo na Instruccedilatildeo Aberta deveria ser de desenvolvimento um guia para pensamentos e accedilotildees poste-riores Deveria tambeacutem estar relacionada aos outros aspectos do processo de aprendizagem ndash as conexotildees por exemplo entre a evoluccedilatildeo das metalinguagens agrave medida que satildeo negociadas e desenvolvidas por meio da Instruccedilatildeo Aberta por um lado e a Praacutetica Situada Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada por outro

Enquadramento Criacutetico

O objetivo do Enquadramento Criacutetico eacute ajudar os alunos a enqua-drar seu crescente domiacutenio da praacutetica (da Praacutetica Situada) e do controle e compreensatildeo consciente (da Instruccedilatildeo Aberta) quanto agraves relaccedilotildees histoacutericas sociais culturais poliacuteticas ideoloacutegicas e de valor de sistemas especiacuteficos de conhecimento e de praacutetica social Aqui crucialmente o professor deve ajudar os alunos a desnaturalizar e a tornar estranho novamente o que aprenderam e dominaram

Praacutetica Situada

Imersatildeo na experiecircncia e utilizaccedilatildeo dos discursos disponiacuteveis incluindo aqueles dos estilos de vida dos alunos e simulaccedilotildees das relaccedilotildees encontradas em locais de trabalho e espaccedilos puacuteblicos

Instruccedilatildeo Aberta

Compreensatildeo sistemaacutetica analiacutetica e consciente No caso dos multile-tramentos isso requer a introduccedilatildeo de metalinguagens expliacutecitas que descrevem e interpretam os Elementos de design de diferentes modos de produccedilatildeo de sentido

Enquadramento Criacutetico

Interpretar os contextos social e cultural de Desings de sentido espe-ciacuteficos Isso implica os alunos se afastarem do que estatildeo estudando e enxergarem o objeto de estudo de forma criacutetica em relaccedilatildeo ao seu contexto

Praacutetica Transformada

Transferecircncia na praacutetica de produccedilatildeo de sentido que coloca o signi-ficado transformado para funcionar em outros contextos ou espaccedilos culturais

56

Por exemplo a alegaccedilatildeo de que ldquoo DNA se replicardquo en-quadrada na biologia eacute oacutebvia e ldquoverdadeirardquo Enquadrado em outro discurso torna-se menos natural e menos ldquoverdadeirordquo da seguinte maneira Coloque um pouco de DNA em um pouco de aacutegua em um copo sobre a mesa Certamente natildeo se replica-raacute apenas ficaraacute laacute Os organismos se replicam usando o DNA como coacutedigo mas esse coacutedigo eacute colocado em vigor por uma seacuterie de mecanismos que envolvem proteiacutenas Em muitos de nossos discursos acadecircmicos e ocidentais privilegiamos a informaccedilatildeo e a mente em detrimento dos materiais da praacutetica e do traba-lho A afirmaccedilatildeo original coloca em primeiro plano informaccedilatildeo e coacutedigo e omite ou deixa em segundo plano a maquinaria e o trabalho Primeiro e segundo planos se tornam aparentes apenas quando reenquadramos quando retiramos a frase de seu discur-so ldquooriginalrdquo e a colocamos em um contexto mais amplo Aqui o contexto mais amplo satildeo os processos reais e as praacuteticas ma-teriais natildeo apenas afirmaccedilotildees geneacutericas em uma teoria de uma disciplina (o exemplo do DNA eacute de Lewontin 1991)

Por meio do Enquadramento Criacutetico os aprendizes podem obter a distacircncia pessoal e teoacuterica necessaacuteria do que aprenderam criticaacute-la construtivamente explicar sua localizaccedilatildeo cultural es-tendecirc-la e aplicaacute-la de forma criativa e eventualmente inovar por conta proacutepria dentro de comunidades antigas e novas Este eacute o alicerce para a Praacutetica Transformada Tambeacutem representa um tipo de transferecircncia de aprendizagem e uma aacuterea na qual a avaliaccedilatildeo pode comeccedilar a avaliar os alunos e principalmente os processos de aprendizagem nos quais eles estatildeo operando

Praacutetica Transformada

Natildeo eacute suficiente ser capaz de articular a compreensatildeo das rela-ccedilotildees intrassistemaacuteticas ou de criticar as relaccedilotildees extrassistemaacute-ticas Precisamos sempre voltar para onde comeccedilamos para a Praacutetica Situada mas agora uma re-praacutetica em que a teoria se torna praacutetica reflexiva Com seus alunos os professores preci-sam desenvolver maneiras pelas quais os estudantes possam demonstrar como podem produzir o design e realizar de forma

57

reflexiva novas praacuteticas embutidas em seus proacuteprios objetivos e valores Devem ser capazes de mostrar que podem implemen-tar entendimentos adquiridos por meio da Instruccedilatildeo Aberta e do Enquadramento Criacutetico em praacuteticas que os ajudem simul-taneamente a aplicar e a revisar o que aprenderam Na Praacutetica Transformada oferecemos um local para avaliaccedilatildeo situada e contextualizada dos alunos e dos processos de aprendizagem concebidos para eles Esses processos de aprendizagem tal como essa pedagogia precisam ser continuamente reformulados com base nessas avaliaccedilotildees

Na Praacutetica Transformada em uma atividade noacutes tentamos recriar um discurso envolvendo-nos nele para nossos proacuteprios objetivos reais Portanto imagine um aluno tendo de agir e pen-sar como um bioacutelogo e ao mesmo tempo como um bioacutelogo com grande interesse em resistir agrave representaccedilatildeo de coisas femininas ndash de ovos a organismos ndash como ldquopassivasrdquo O aluno agora tem de justapor e integrar (natildeo sem tensatildeo) dois discursos diferentes ou identidades sociais ou ldquointeressesrdquo que historicamente estiveram em conflito Usando outro exemplo como algueacutem pode ser um advogado ldquode verdaderdquo e ao mesmo tempo ter seu desempenho influenciado por ser um afro-americano Em seus argumentos perante a Suprema Corte dos EUA para eliminar a segregaccedilatildeo nas escolas Thurgood Marshall fez isso de maneira claacutessica E ao misturar o discurso da poliacutetica ao discurso da religiatildeo afro-a-mericana Jesse Jackson transformou o primeiro A chave aqui eacute justaposiccedilatildeo integraccedilatildeo e viver na tensatildeo

Vamos amarrar o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramen-to de volta agrave grande agenda com a qual comeccedilamos este artigo focar nas praacuteticas situadas no processo de aprendizagem envol-ve o reconhecimento de que as diferenccedilas satildeo muito importan-tes nos espaccedilos de trabalho na cidadania e nos estilos de vida multicamadas O ensino em sala de aula e o curriacuteculo precisam se envolver com as experiecircncias e os discursos dos proacuteprios alu-nos que satildeo cada vez mais definidos pela diversidade cultural

O P r o j e t o I n t e r n a c i o n a l d e M u l t i l e t r a m e n t o s

58

e subcultural e pelas diferentes origens e praacuteticas linguiacutesticas que vecircm com essa diversidade A Instruccedilatildeo Aberta natildeo tem a in-tenccedilatildeo ditar ndash empoderar os alunos em relaccedilatildeo agrave ldquogramaacuteticardquo de uma forma de linguagem adequada padratildeo ou poderosa Desti-na-se a ajudar os alunos a desenvolver uma metalinguagem que leve em consideraccedilatildeo as diferenccedilas de design O Enquadramento Criacutetico envolve ligar essas diferenccedilas de design a diferentes pro-poacutesitos culturais A Praacutetica Transformada envolve a mudanccedila de um contexto cultural para outro por exemplo num redesigning de estrateacutegias de significaccedilatildeo para que possam ser transferidas de uma situaccedilatildeo cultural para outra

A ideia de Design eacute aquela que reconhece os diferentes Designs Disponiacuteveis de sentido localizadas como estatildeo em dife-rentes contextos culturais A metalinguagem dos multiletramen-tos descreve os elementos do design natildeo como regras mas como uma heuriacutestica que explica a infinita variabilidade de diferentes formas de produccedilatildeo de sentido em relaccedilatildeo agraves culturas agraves subcul-turas ou agraves camadas da identidade de um indiviacuteduo a que essas formas servem Ao mesmo tempo o Designing restaura a agecircn-cia humana e o dinamismo cultural no processo de produccedilatildeo de sentido Cada ato de produccedilatildeo de sentido tanto se apropria dos Designs Disponiacuteveis quanto os recria no Designing produzindo assim um novo significado o Redesigned Em uma economia de diversidade produtiva em espaccedilos cidadatildeos que valorizam o pluralismo e no florescimento de esferas de vida inter-relacio-nadas com multicamadas complementares mas cada vez mais divergentes trabalhadores cidadatildeos e membros da comunidade satildeo produtores de sentido idealmente criativos e responsaacuteveis Somos de fato designers de nossos futuros sociais

Claro a negociaccedilatildeo necessaacuteria das diferenccedilas seraacute difiacutecil e muitas vezes dolorosa O diaacutelogo encontraraacute abismos de di-ferenccedila de valores de desigualdades grosseiramente injustas e de difiacuteceis mas necessaacuterias cruzamentos de fronteiras As di-ferenccedilas natildeo satildeo tatildeo neutras coloridas e benignas quanto um multiculturalismo simplista pode querer fazer que acreditemos Ainda assim como trabalhadores cidadatildeos e membros da co-munidade noacutes todos precisaremos das habilidades necessaacuterias para negociar essas diferenccedilas

59

Este artigo representa uma declaraccedilatildeo geral de princiacutepios Eacute altamente provisoacuterio e algo que oferecemos como base para o debate puacuteblico O objetivo do Projeto Internacional de Multile-tramentos eacute testar e desenvolver ainda mais essas ideias parti-cularmente a metalinguagem do Design e a pedagogia da Praacuteti-ca Situada Instruccedilatildeo Aberta Enquadramento Criacutetico e Praacutetica Transformada Tambeacutem queremos estabelecer relaccedilotildees com pro-fessores e pesquisadores desenvolvendo e testando o curriacuteculo e revisando as proposiccedilotildees teoacutericas do projeto

Este artigo eacute uma declaraccedilatildeo provisoacuteria de intenccedilotildees e uma visatildeo geral teoacuterica das conexotildees entre o ambiente social em mudanccedila e o ldquoo quecircrdquo e o ldquocomordquo da pedagogia do letramento Agrave medida que o projeto avanccedila para sua proacutexima fase o grupo que se reuniu em Nova Londres estaacute escrevendo um livro que explora ainda mais as ideias dos multiletramentos relacionando a ideia agraves salas de aula e agraves nossas proacuteprias experiecircncias educa-cionais Tambeacutem estamos comeccedilando a conduzir pesquisas em sala de aula experimentando os multiletramentos como uma noccedilatildeo que pode suplementar e apoiar o curriacuteculo de letramento E estamos ativamente engajados em um diaacutelogo puacuteblico contiacute-nuo Em setembro de 1996 o grupo colocaraacute o projeto em discus-satildeo puacuteblica mais uma vez na Domains of Literacy Conference na Universidade de Londres e novamente em 1997 na Literacy and Education Research Network Conference na Austraacutelia Queremos salientar que este eacute um processo aberto ndash provisoacuterio exploratoacuterio e acolhedor de colaboraccedilotildees muacuteltiplas e divergentes E acima de tudo nosso objetivo eacute fazer algum tipo de diferenccedila para crian-ccedilas reais em salas de aula reais

Essas atividades seratildeo informadas por uma seacuterie de prin-ciacutepios-chaves de accedilatildeo Primeiro o projeto iraacute suplementar natildeo criticar curriacuteculos existentes e abordagens pedagoacutegicas para o ensino da liacutengua inglesa e do letramento Isso incluiraacute o desen-volvimento da estrutura conceitual do Projeto Internacional de Multiletramentos e o mapeamento em relaccedilatildeo agraves praacuteticas curri-culares existentes a fim de ampliar os repertoacuterios pedagoacutegicos e curriculares dos professores Em segundo lugar a equipe do projeto aceitaraacute colaboraccedilotildees com pesquisadores desenvolve-

60

dores de curriacuteculos professores e comunidades A estrutura do projeto representa um diaacutelogo complexo e difiacutecil essas comple-xidades e dificuldades seratildeo articuladas junto com um convite aberto a todos para contribuir para o desenvolvimento de uma pedagogia que faccedila alguma diferenccedila E em terceiro lugar ele se esforccedilaraacute continuamente no sentido de reformular a teoria que sirva para uso direto na praacutetica educacional

Este artigo eacute um ponto de partida provisoacuterio para esse processo

N O T A S D E T R A D U Ccedil Atilde O

2 Em portuguecircs a traduccedilatildeo de literacy sempre ofereceu um desafio aos estudiosos Pode-mos traduzir por alfabetizaccedilatildeo ou por letramento No artigo o contexto nos ajuda a escolher

3 A palavra design tambeacutem eacute um desafio para a traduccedilatildeo Ela estaacute admitida em portuguecircs com sentidos ligados ao projeto ao desenho e agrave beleza Mantivemos o termo em inglecircs mas tambeacutem deslocado de sentidos porventura tidos em portuguecircs Consideramos que este seja um termo ressignificado pelos autores isto eacute uma proposiccedilatildeo metalinguiacutestica que serve agraves ideias do manifesto guardando portanto um sentido especiacutefico e especializado Nesta traduccedilatildeo mantivemos o uso de aspas itaacutelicos e outros destaques conforme o texto original em inglecircs Entendemos que modificar isso ou inserir itaacutelicos em portuguecircs pode-ria alterar sentidos inapropriadamente

4 Em inglecircs fast capitalism

5 No original ocorre a forma Designing com valor substantivo Nossa opccedilatildeo por natildeo tradu-zir se baseia em consideraccedilotildees semelhantes agraves explicitadas na nota 3

6 Em inglecircs strike e strike out

7 Roseanne foi uma seacuterie televisiva norte-americana exibida nos EUA no final dos anos 1990 Foram nove temporadas mais de duzentos episoacutedios e alguns precircmios conquistados Os protagonistas eram representados por Roseanne Barr e John Goodman O enredo trata-va de uma famiacutelia proletaacuteria urbana Roseanne foi exibida no Brasil pelo canal Multishow

61

R E F E R Ecirc N C I A S

ANDERSON B (1983) Comunidades imaginadas reflexotildees sobre a origem e difusatildeo do nacionalismo Trad Denise Bottman Satildeo Paulo Companhia das Letras 2008

BARSALOU L W Cognitive Psychology an overview for cognitive scientists Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1992

BEREITER C SCARDAMALIA M Surpassing Ourselves an inquiry into the nature and implications of expertise Chicago Open Court 1993

BOYETT J H CONN H P Workplace 2000 the revolution reshaping American business Nova York Dutton 1991

BRUER J T Schools for thought a science of learning in the classroom Cambridge MA MIT Press 1993

CAZDEN C Classroom discourse the language of teaching and learning Portsmouth NH Heinemann 1988

CAZDEN C Whole language plus essays on literacy in the United States and New Zealand Nova York Teachers College Press 1992

CLARK A Associative engines connections concepts and representational change Cambridge Eng Cambridge University Press 1993

COPE B KALANTZIS M Productive diversity organizational life in the age of civic pluralism and total globalisation Sydney Harper Collins 1995

CROSS K F FEATHER J J LYNCH R L Corporate renaissance the art of reengineering Oxford Eng Basil Blackwell 1994

DAVIDOW W H MALONE M S The virtual corporation structuring and revitalizing the corporation for the 21st century New York Harper Business 1992

DEAL T E JENKINS W A Managing the hidden organization strategies for empowering your behind-the-scenes employees New York Warner 1994

DEWEY J Democracy and education New York Free Press (Original work published 1916) 1966

DOBYNS L CRAWFORD-MASON C Quality or else the revolution in world business Boston Houghton Mifflin 1991

DRUCKER P F (1993) Sociedade Poacutes-capitalista Coimbra Actual Editora 2015

62

EISER J R Attitudes chaos and the connectionist mind Oxford Eng Basil Blackwell 1994

FAIGLEY L Fragments of rationality postmodernity and the subject of composition Pittsburgh University of Pittsburgh Press 1992

FAIRCLOUGH N Language and power London Longmans 1989

FAIRCLOUGH N (1992a) Discurso e Mudanccedila Social Brasiacutelia Editora UnB 2016

FAIRCLOUGH N Discourse and text Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis Discourse and Society 3 p 193-217 1992b

FAIRCLOUGH N Critical discourse analysis London Longmans 1995

FOWLER R HODGE R KRESS G TRENT T Language and control London Routledge 1979

FREIRE P (1970) Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987

FREIRE P Education for critical consciousness New York Seabury Press 1973

FREIRE P MACEDO D (1987) Alfabetizaccedilatildeo leitura do mundo leitura da palavra Rio de Janeiro Paz e Terra 2011

FUKUYAMA F The end of history and the last man London Penguin 1992

GARDNER H The unschooled mind how children think and how schools should teach New York Basic Books 1991

GEE J P The social mind Language ideology and social practice New York Bergin e Garvey 1992

GEE J P Postmodernism discourses and linguistics In C Lankshear P McLaren (ed) Critical literacy Radical and postmodernist perspectives Albany State University of New York Press 1993 p 271-295

GEE J P Quality science and the lifeworld the alignment of business and education (Focus occasional papers in adult basic education No 4) Leichhardt Australia adult literacy and basic skills action coalition 1994a

GEE J P New alignments and old literacies from fast capitalism to the canon In SHORTLAND-JONES B BOSICH B RIVALLAND J (ed) Conference papers 1994 Australian Reading Association Twentieth National Conference Carlton South Australian Reading Association 1994b p 1-35

GELLNER E Nations and nationalism London Basil Blackwell 1983

GIROUX H Schooling and the struggle for pedagogies critical and feminist discourses as regimes of truth New York Routledge 1988

63

HALLIDAY M A K Language as social semiotic London Edward Arnold 1978

HAMMER M CHAMPY J Reengineering the corporation a manifesto for business revolution New York Harper Business 1993

HARRE R GILLETT G (1994) A Mente Discursiva Porto Alegre Penso 2004

HEATH S B Ways with words language life and work in communities and classrooms Cambridge Eng Cambridge University Press 1983

HOLLAND J H HOLYOAK K J NISBETT R E THAGARD P R In J H HOLLAND K J HOLYOAK R E NISBETT P R THAGARD (ed) Induction processes of inference learning and discovery Cambridge MA MIT Press 1986

ISHIKAWA K (1985) Controle de Qualidade Total agrave maneira japonesa Rio de Janeiro Campus 1993

KALANTZIS M The new citizen and the new state In W Hudson (ed) Rethinking Australian citizenship Sydney University of New South Wales Press 1995

KALANTZIS M COPE B Histories of pedagogy cultures of schooling In B Cope e M Kalantzis (ed) The powers of literacy London Falmer Press 1993a p 38-62

KALANTZIS M COPE B Republicanism and cultural diversity In W Hudson e D Carter (ed) The Republicanism debate Sydney University of New South Wales Press 1993b p 118-144

KRESS G Linguistic process and sociocultural change Oxford Eng Oxford University Press 1990

LAVE J WEGNER E Situated learning legitimate peripheral participation Cambridge Eng Cambridge University Press 1991

LEWONTIN R C (1991) Biologia como ideologia a doutrina do DNA Satildeo Paulo Funpec 2000

LIGHT P BUTTERWORTH G (ed) Context and cognition Ways of learning and knowing Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum 1993

LIPNACK J STAMPS J The team net factor bringing the power of boundary crossing into the heart of your business Essex Junction VT Oliver Wright 1993

LUKE C Media and cultural studies In P Freebody S Muspratt A Luke (ed) Constructing critical literacies Crosskill NJ Hampton Press 1995

MARGOLIS H Paradigms and barriers how habits of mind govern scientific beliefs Chicago University of Chicago Press 1993

64

NOLAN R Cognitive practices human language and human knowledge Oxford Blackwell 1994

PIORE M SABLE C The second industrial divide New York Basic Books 1984

PERKINS D Smart schools from training memories to educating minds New York Free Press 1992

PETERS T Liberation management necessary disorganization for the nanosecond nineties New York Vintage Books 1992

ROGOFF B Apprenticeship in thinking New York Oxford University Press 1990

SASHKIN M KISER K J (1993) Gestatildeo da qualidade total na praacutetica Rio de Janeiro Elsevier Editora 1994

SCOLLON R SCOLLON S B K Narrative literacy and face in interethnic communication Norwood NJ Ablex 1981

SENGE P M (1991) A quinta disciplina arte e praacutetica da organizaccedilatildeo que aprende Rio de Janeiro BestSeller 2013

SPROULL L KIESLER S Connections New ways of working in the networked organization Cambridge MA MIT Press 1991

STREET B V Literacy in theory and practice Cambridge Eng Cambridge University Press 1984

VAN LEEUWEN T Genre and field in critical discourse analysis Discourse and society n 4 p 193-223 1993

VYGOTSKY L S (1978) A formaccedilatildeo social da mente o desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos superiores Michael Cole et al (org) Trad Joseacute Cipolla Neto Luiacutes Silveira Menna Barreto Solange Castro Afeche Satildeo Paulo Martins Fontes 1984

VYGOTSKY L S The collected works of L S Vygotsky Vol 1 Problems of general psychology including the volume thinking and speech R W Rieber A S Carton (ed) New York Plenum 1987

WALKERDINE V Surveillance subjectivity and struggle Lessons from pedagogic and domestic practices Minneapolis University of Minnesota Press 1986

WERTSCH J V (ed) Culture communication and cognition Vygotskian perspectives Cambridge Eng Cambridge University Press 1985

65

Courtney B Cazden eacute doutora em educaccedilatildeo e professora na uni-versidade de Harvard Eacute autora de cinco livros entre eles Classroom Discourse The Language of Teaching and Learning publicado em 2001 Courtney eacute especialista em linguagem e educaccedilatildeo infantil e membro da National Academy of Education

Bill Cope eacute professor e pesquisador no Departamento de Estudos de Poliacuteticas Educacionais da Universidade de Illinois Urbana-Champaign diretor-presidente na Common Ground Publishing Bill eacute autor de de-zenas de livros e artigos e suas pesquisas incluem teorias e praacuteticas de pedagogia diversidade cultural e linguiacutestica e novas tecnologias de representaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo Entre suas obras destacam-se The future of the academic journal and e-learning ecologies e Towards a semantic web Connecting knowledge in academic research

Normal Fairclough eacute linguista um dos pioneiros da anaacutelise criacutetica do discurso e professor na Universidade de Lancaster Eacute autor de diversas publicaccedilotildees que abordam a linguagem e as relaccedilotildees sociais dentre es-sas obras destaca-se Discurso e mudanccedila social publicada pela UNB em 2008

James ldquoJimrdquo Gee eacute linguista professor na Universidade do Estado do Arizona e membro da National Academy of Education Eacute autor de vaacute-rias obras entre elas Social Linguistics and Literacies de grande importacircn-cia nos estudos de letramento

Mary Kalantzis eacute referecircncia mundial nos lsquonovos estudos de alfabetiza-ccedilatildeorsquo com foco na multimodalidade e na diversidade nas comunicaccedilotildees contemporacircneas Eacute professora do Departamento de Educaccedilatildeo Poliacutetica Organizaccedilatildeo e Lideranccedila da Universidade de Illinois Urbana-Cham-paign Eacute autora de inuacutemeros livros dentre eles New Learning Elements of a Science of Education Letramentos publicado no Brasil pela editora Unicamp em 2020 e a Gramaacutetica de Significados Multimodais dividida em dois volumes Making Sense e Added Sense publicada em 2020

N E W L O N D O N G R O U P

66

Allan Luke eacute um pesquisador voltado agrave aacuterea da alfabetizaccedilatildeo multile-tramentos linguiacutestica aplicada e sociologia e poliacutetica educacional Eacute pro-fessor na Queensland University of Technology em Brisbane Austraacutelia e na Escola de Educaccedilatildeo Werklund Universidade de Calgary Canadaacute Em parceria com Peter Freebody formulou o Modelo de Quatro Recursos de alfabetizaccedilatildeo na deacutecada de 1990 Entre suas obras mais relevantes estaacute Educational Policy Narrative and Discourse

Carmen Luke eacute professora na Universidade de Queensland pesquisa-dora de temas relacionados agrave pedagogia multiletramentos sociologia e linguiacutestica Tem vaacuterios livros publicados dentre eles Globalization And Women In Academia e Feminisms And Critical Pedagogy

Sarah Michaels eacute sociolinguista se dedica ao ensino e agrave pesquisa na aacuterea de linguagem cultura ldquomultiletramentosrdquo e nos discursos de matemaacutetica e ciecircncias Eacute professora da Clarck University Entre suas publicaccedilotildees destacam-se High-Expectation Curricula Helping All Students Succeed with Powerful Learning e Ready Set Science Putting Research to Work in the K-8 Science Classroom

Martin Nakata eacute doutor em Filosofia e um dos principais acadecircmicos indiacutegenas da Austraacutelia sua pesquisa eacute voltada agrave melhoria do ensino superior para estudantes indiacutegenas Atualmente eacute diretor do Centro UNSW Nura Gili para Programas Indiacutegenas e Vice-Reitor de Educaccedilatildeo Indiacutegena e Estrateacutegia da Universidade James Cook na Austraacutelia Mar-tin eacute autor de inuacutemeras publicaccedilotildees dentre as quais destaca-se Discipli-ning The Savages Savaging The Disciplines

Gunther Kress eacute considerado um dos principais teoacutericos dos campos da anaacutelise criacutetica do discurso da semioacutetica social e da multimodalida-de ateacute hoje foi um linguista e semiotista Gunther Kress deixou dezenas de livros e artigos publicados entre eles Multimodality A Social Semiotic Approach to Contemporary Communication e Reading Images The Grammar of Visual Design Faleceu em 2019

N E W L O N D O N G R O U P

67

g l o s s aacute r i o

No conturbado ano de 2020 em meio agrave pandemia de Covid-19 que fez com que tiveacutessemos todos de aderir ao

ldquodistanciamento socialrdquo suspendendo aulas e encontros presen-ciais na universidade ministrei uma disciplina eletiva no Pro-

O R G A N I Z A Ccedil Atilde O E E D I Ccedil Atilde O

H eacute r c u l e s T o l ecirc d o C o r r ecirc a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e O u r o P r e t o

A P R E S E N T A Ccedil Atilde O

68

grama de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Mestrado e Doutorado agrave qual dei o nome de Multiletramentos entre teorias amp praacuteticas O objetivo era discutir a chamada Pedagogia dos Multiletra-mentos um documento publicado no finalzinho do seacuteculo XX e que discutiu as praacuteticas de leitura e escrita naquele momento de explosatildeo das tecnologias digitais em um mundo globalizado e multicultural ao mesmo tempo que propotildee esboccedilosdesenhos de um futuro social Para tanto selecionei textos de diferentes autores brasileiros e estrangeiros desde os proponentes da Pe-dagogia dos Multiletramentos aos seus comentadores e divul-gadores no Brasil Foi central para a conduccedilatildeo da disciplina o livro receacutem-publicado dos pesquisadores Roxane Rojo e Eduar-do Moura (2019) intitulado Letramentos miacutedias linguagens (2019) Agrave medida que discutiacuteamos cada um dos capiacutetulos do livro que trata aleacutem dos conceitos explicitados no seu tiacutetulo da imagem estaacutetica da imagem dinacircmica do som e do verbo sentimos a necessidade de construir um glossaacuterio que servisse para nortea-mento das nossas discussotildees Assim comecei a anotar termos e expressotildees que apareciam nas obras e artigos estudados (natildeo soacute o livro aqui evidenciado) e designar a cada aluno trecircs ou quatro daquelas palavras ou expressotildees para que fosse produzido um verbete A ideia foi acatada por toda a turma que diga-se era constituiacuteda de uma diversidade de mestrandos doutorandos e aspirantes a esses niacuteveis de ensino oriundos de diferentes aacutereas do conhecimento o que tornou nossas discussotildees muito ricas e calorosas Pedagogia Letras Jornalismo Sistema de Informaccedilatildeo Licenciatura em Quiacutemica Fiacutesica Matemaacutetica Ciecircncias Bioloacutegi-cas Biblioteconomia Engenharia de Controle e Automaccedilatildeo Ci-ecircncia da Computaccedilatildeo Produzidos os verbetes tivemos tempo haacutebil para fazecirc-los circular entre a turma e discutir a linguagem e a padronizaccedilatildeo de alguns deles em sala de aula Minha inten-ccedilatildeo como organizador do Glossaacuterio sempre foi divulgaacute-lo o mais amplamente possiacutevel apoacutes a sua conclusatildeo Quase ao final da disciplina recebemos a ldquovisita virtualrdquo da colega Ana Elisa Ribeiro professora e pesquisadora da linguagem em sua interfa-ce com as tecnologias digitais para discutir um texto publicado por ela no qual fez um balanccedilo das repercussotildees do manifesto

69

Pedagogia dos Multiletramentos nos uacuteltimos anos Nessa oca-siatildeo soubemos que um grupo de mestrandos e doutorandos do CEFET-MG estava fazendo a traduccedilatildeo do Manifesto e surgiu a ideia de publicarmos conjuntamente nossos produtos o que acreditamos vaacute ser bastante uacutetil aos interessados no tema Dessa forma reunimos neste e-book o Glossaacuterio MULTDICS MULTI-LETRAMENTOS e a traduccedilatildeo do Manifesto 1 Ao procurar um nome para nosso glossaacuterio chegamos agrave conclusatildeo de que gos-tariacuteamos de um tiacutetulo bem conciso e que representasse ao mes-mo tempo nosso grupo de pesquisa o MULTDICS ndash Grupo de Pesquisa sobre Multiletramentos e usos das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo e o principal conceito com o qual temos trabalhado haacute seis anos quando nos reunimos

Lembramos que este glossaacuterio natildeo esgota os termos e expres-sotildees usados no acircmbito das discussotildees sobre a temaacutetica mas se pauta como explicitamos acima a partir de nossas necessidades A ideia eacute que ele seja cada vez mais ampliado e revisto a partir desta ediccedilatildeo Importante tambeacutem destacar que consultado um verbete eacute bem provaacutevel que o leitor tambeacutem tenha a necessidade de consultar outros jaacute que vaacuterias das expressotildees aqui elencadas estatildeo inter-relacionadas

Esperamos que de fato esse material possa ser uacutetil a estudan-tes de Letras Pedagogia Comunicaccedilatildeo Social Tecnologias de In-formaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo bem como a mestrandos doutorandos e demais pesquisadores interessados nas temaacuteticas abordadas Todas as criacuteticas e contribuiccedilotildees seratildeo bem-vindas

1 Para uma leitura criacutetica do manifesto ver o artigo de Ana Elisa Ribeiro ldquoQue futuros rede-senhamos Uma releitura do manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o seacuteculo XXIrdquo publicado no v 9 da revista Diaacutelogo das Letras em 2020 Tambeacutem a revista Linguagem em Foco v 13 n 2 de 2021 faz uma homenagem aos 25 anos do manifesto com vaacuterios artigos relacionados e outra traduccedilatildeo

A

70

AFFORDANCES (Propiciamento)

A palavra affordance faz parte do leacutexico da liacutengua inglesa Embora natildeo possua uma versatildeo mais exata em portuguecircs convencionou-se tra-duzi-la por propiciaccedilatildeo no acircmbito da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva Esse conceito designa a capacidade que certos objetos demonstram para despertar a intuiccedilatildeo dos usuaacuterios da liacutengua Um exemplo de affordance eacute aquilo que acontece com o botatildeo de uma caixa de descarga acoplada a um vaso sanitaacuterio sua funccedilatildeo eacute clara e prescinde de explicaccedilatildeo preacutevia Apertaacute-lo para acionar a descida da aacutegua eacute algo intuitivo Ao desejar limpar a bacia o usuaacuterio eacute convidado (pela situaccedilatildeo em si) a pressionar o dispositivo sem ter recebido instruccedilatildeo anterior para que entendes-se aquela funcionalidade A situaccedilatildeo em si propicia a possibilidade de pressionaacute-lo O processo da affordance pode ser compreendido por meio da Teoria Cognitivista que trata dentre outros temas da atenccedilatildeo e da percepccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de problemas Tal conceito eacute largamente ex-plorado por desenhistas industriais que buscam criar produtos cujo uso seja cada vez mais autoexplicativo Ao manusear um teclado de computador por exemplo ateacute mesmo um digitador iniciante tenderaacute a pressionar intuitivamente a tecla caso deseje aumentar a luminosi-dade da tela Provavelmente natildeo o faraacute por estar repetindo um ato que lhe foi ensinado A posiccedilatildeo estrateacutegica da tecla (bem abaixo da tela) e o siacutembolo que traz agrave mente a imagem do Sol induzem o usuaacuterio agrave dedu-ccedilatildeo daquela funcionalidade Um dos empregos mais modernos da affor-dance verifica-se na produccedilatildeo de aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Os iacutecones presentes neles afinal precisam remeter facilmente ao comando que desencadeiam durante a comunicaccedilatildeo homemmaacute-quina O conceito de propiciaccedilatildeo estaacute presente por isso em discussotildees sobre a anaacutelise e o desenvolvimento de miacutedias digitais utilizaacuteveis na educaccedilatildeo remota das quais os apps satildeo exemplos Isso ocorre porque a interrupccedilatildeo momentacircnea do contato entre o docente e o discente gera a necessidade de que este seja capaz de executar atividades de forma au-tocircnoma Eacute fundamental que as miacutedias utilizadas na educaccedilatildeo remota no acircmbito do ensino hiacutebrido propiciem um ambiente adequado para a aprendizagem

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasBROCH Joseacute Carlos O conceito de affordance como estrateacutegia generativa no design de produtos orientado para a versatilidade 2010 99 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Design e Tecnologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010

EYSENK Michael W KEANE Mark T Manual de Psicologia Cognitiva 7 ed Porto Alegre Artmed 2017

A

71

ALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1930 e utilizado pelo exeacutercito estadunidense du-rante a Segunda Guerra Mundial indicando a capacidade de entender instruccedilotildees escritas e publicaccedilotildees necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tare-fas militares O Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) pesquisa aplicada no Brasil a partir do iniacutecio do seacuteculo XXI define quatro niacuteveis de alfabetismo 1) Analfabetismo corresponde agrave condiccedilatildeo dos que natildeo conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela desses sujeitos consiga ler nuacutemeros fa-miliares (nuacutemeros de telefone preccedilos etc) 2) Niacutevel rudimentar corres-ponde agrave capacidade de localizar uma informaccedilatildeo expliacutecita em textos curtos e familiares (como por exemplo num anuacutencio ou numa pequena carta) ler e escrever nuacutemeros usuais e realizar operaccedilotildees simples como manusear dinheiro para pagamento de pequenas quantias ou fazer me-didas de comprimento usando a fita meacutetrica 3) Niacutevel baacutesico as pes-soas classificadas neste niacutevel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas pois jaacute leem e compreendem textos de meacutedia extensatildeo localizam informaccedilotildees mesmo que seja necessaacuterio realizar pequenas inferecircncias leem nuacutemeros na casa dos milhotildees resolvem problemas envolvendo uma sequecircncia simples de operaccedilotildees e tecircm noccedilatildeo de pro-porcionalidade 4) Niacutevel pleno classificadas neste niacutevel as pessoas cujas habilidades natildeo mais impotildeem restriccedilotildees para compreender e interpre-tar textos em situaccedilotildees usuais leem textos mais longos analisando e re-lacionando suas partes comparam e avaliam informaccedilotildees distinguem fato de opiniatildeo realizam inferecircncias e siacutenteses Quanto agrave matemaacutetica resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle envol-vendo percentuais proporccedilotildees e caacutelculo de aacuterea aleacutem de interpretar tabelas de dupla entrada mapas e graacuteficos

A Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidadas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) considera alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita para fazer frente agraves demandas de seu con-texto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se de-senvolvendo ao longo da vida De acordo com o INAF satildeo considerados analfabetos funcionais os niacuteveis 1 e 2 e alfabetizados funcionalmente os niacuteveis 3 e 4 Em poucas palavras alfabetismo funcional eacute a capacidade que o indiviacuteduo tem de utilizar a leitura e a escrita no conviacutevio social

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINAF BRASIL 2011 Indicador de Alfabetismo Funcional principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-de-resultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

A

72

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

ALFABETIZACcedilAtildeO

A palavra alfabetizaccedilatildeo etimologicamente vem do latim alphabētum e do grego alphaacutebētos a partir de suas duas primeiras letras alfa e beta Segundo o dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa a palavra alfabeti-zaccedilatildeo significa algo como ldquoato ou efeito de alfabetizar de ensinar as primeiras letrasrdquo Assim uma pessoa alfabetizada eacute considerada como ldquoaquela que domina as primeiras letrasrdquo que domina as habilidades baacutesicas ou iniciais de ler e escrever

A histoacuteria da alfabetizaccedilatildeo estaacute dividida em quatro periacuteodos O pri-meiro teve iniacutecio na Antiguidade e se estendeu ateacute a Idade Meacutedia uti-lizando-se apenas o meacutetodo da soletraccedilatildeo O segundo periacuteodo ocorreu durante os seacuteculos XVI e XVII e se estendeu ateacute a deacutecada de 1960 sendo marcado pela rejeiccedilatildeo ao meacutetodo soletraccedilatildeo e pela criaccedilatildeo de novos meacute-todos sinteacuteticos e analiacuteticos surgindo nesse periacuteodo a criaccedilatildeo das car-tilhas amplamente utilizadas para ensinar a ler e a escrever no Brasil e em outros paiacuteses O terceiro periacuteodo iniciou-se em meados da deacutecada de 1980 com a divulgaccedilatildeo da teoria da Psicogecircnese da liacutengua escrita Considera-se que estamos vivendo o quarto periacuteodo denominado de ldquoreinvenccedilatildeo da alfabetizaccedilatildeordquo surgido em decorrecircncia dos reiterados indicadores do fracasso da alfabetizaccedilatildeo (neste caso estamos tratando do Brasil) Atualmente discute-se bastante a necessidade da organiza-ccedilatildeo do trabalho docente e a sistematizaccedilatildeo do ensino para ldquoalfabetizar letrandordquo tanto no acircmbito acadecircmico quanto no escolar

Como podemos perceber o conceito de alfabetizaccedilatildeo vem sofrendo modificaccedilotildees devido agraves necessidades sociais e poliacuteticas Simplesmente decodificar e codificar letras ou saber ler escrever e contar natildeo atende mais agraves reais necessidades do mundo contemporacircneo letrado e conecta-do Eacute preciso que as crianccedilas compreendam as funccedilotildees sociais tanto da leitura e da escrita e que faccedilam uso adequado delas em seu cotidiano Especialistas destacam que na praacutetica pedagoacutegica a aprendizagem da liacutengua escrita ainda que inicial deve ser tratada em sua totalidade a alfabetizaccedilatildeo deve integrar-se com o desenvolvimento das habilidades

A

73

de uso do sistema alfabeacutetico ndash com o letramento embora os dois proces-sos tenham especificidades quanto a seus objetos de conhecimento e aos processos linguiacutesticos e cognitivos de apropriaccedilatildeo desses objetos Dissociar alfabetizaccedilatildeo de letramento teria como consequecircncia levar a crianccedila a uma concepccedilatildeo distorcida e parcial da natureza e das funccedilotildees da liacutengua escrita em nossa cultura

Tatildeo importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita eacute poder se engajar em praacuteticas sociais letradas respondendo aos inevitaacuteveis apelos de uma cultura grafocecircntrica Assim enquanto a alfabetizaccedilatildeo se ocupa da aquisiccedilatildeo da escrita por um indiviacuteduo ou grupo de indiviacuteduos o letramento focaliza os aspectos soacutecio-histoacutericos de seus usos em uma sociedade

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

MEZZARI Vanessa Caroline FREITAS Maria do Carmo Duarte WILDAUER Egon Walter DA SILVA Guillherme Parreira Consideraccedilotildees sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento analisando os dados do INAF Percurso Curitiba v 1 nordm 13 2013 Disponiacutevel em lthttprevistaunicuritibaedubrindexphppercursoarticleview647485gt Acesso em 24 jun 2020

SOARES Magda Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo n 25 p 5-17 janfevmarabr 2004

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Ambientes Virtuais de Aprendizagem ou simplesmente AVA ndash do inglecircs Virtual Learning Environment (VLE) ndash eacute uma expressatildeo usada para tratar de um ambiente digital integrado que possibilita a interaccedilatildeo e a comunicaccedilatildeo entre professores tutores e estudantes (e outros agentes da chamada Educaccedilatildeo a Distacircncia) Essas interaccedilotildees podem ser siacutencro-nas (aquelas em que eacute necessaacuteria a participaccedilatildeo dos diferentes agentes no mesmo instante) ou assiacutencronas (natildeo eacute necessaacuterio que os agentes estejam conectados ao mesmo tempo para que as tarefas sejam execu-tadas) Em um AVA eacute possiacutevel disponibilizar materiais variados como viacutedeos planilhas questionaacuterios atividades avaliaccedilotildees aleacutem de dispo-nibilizar arquivos de textos foacuteruns chats Wiki e fornecer feedbacks agraves tarefas realizadas enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem Existem interfaces como o Moodle (httpmoodlecom) e o Edmodo (httpswwwedmodocom) que auxiliam na organizaccedilatildeo desses ma-

A

74

teriais pois satildeo softwares livres executados em um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa Nos AVA os alunos tecircm a oportunidade de estudar de se encontrar a qualquer hora interagindo com os conteuacutedos propostos pelos professores e mediados pelos tutores Os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem espaccedilos virtuais ideais para que os alunos possam se reunir compartilhar colaborar e aprender juntos Destaca-se ainda que no Brasil esses ambientes virtuais ou plataformas para educaccedilatildeo on-line ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem mas aleacutem desse receberam nomes e siglas diferentes em portuguecircs e em inglecircs tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments - IDLE) sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System - LMS) e espaccedilos virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces - VLE) Trata-se entatildeo de espaccedilos de aprendizagem em que os interlocutores do processo interagem construindo aprendizagens signi-ficativas e reunindo interfaces siacutencronas e assiacutencronas integradas Ou-tro exemplo de AVA eacute o Google Classroom uma plataforma LMS gratuita que tem como objetivo apoiar professores em sala de aula melhorando a qualidade do ensino A plataforma Google Classroom constitui um ser-viccedilo desenvolvido pela divisatildeo da Google for Education que permite ao professor criar turmas virtuais enviar mensagens disponibilizar ava-liaccedilotildees receber os trabalhos dos alunos otimizar a comunicaccedilatildeo entre professores e alunos postar atualizaccedilotildees das aulas e tarefas de casa adicionar ou remover alunos e enviar feedbacks dos trabalhos realiza-dos Aleacutem disso essa sala de aula virtual permite que o professor lance as notas das atividades concluiacutedas para que sejam visualizadas pelos estudantes A cada nova atividade inserida os estudantes recebem uma mensagem em seus e-mails O serviccedilo eacute integrado ao Google Drive fazen-do parte da suiacutete de aplicativos do Google Apps for Education e aplicativos de produtividade como o Google Docs e Slide Para ter acesso ao serviccedilo do Google Classroom eacute preciso possuir uma conta de e-mail institucional de escola puacuteblica ou privada cadastrada no banco de dados da Google for Education A utilizaccedilatildeo dessas ferramentas corrobora para a autonomia e construccedilatildeo coletiva do conhecimento possibilitando a participaccedilatildeo ativa dos envolvidos no processo educacional

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

ReferecircnciasBACICH L et al Ensino hiacutebrido Personalizaccedilatildeo e tecnologia na educaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2015

DAUDT Luciano 6 Ferramentas do Google Sala de Aula que vatildeo incrementar sua aula Florianoacutepolis Qinetwork 29 set 2015 Disponiacutevel em lthttpswwwqinetworkcombr6-ferramentas-do-google-sala-de-aula-que-vao-incrementar-sua-aulagt Acesso em 15 jul 2020

A

75

PAIVA Vera Menezes de O Ambientes virtuais de aprendizagem implicaccedilotildees epistemoloacutegicas Educaccedilatildeo em Revista Belo Horizonte v 26 nordm 3 dez 2010

PEREIRA Ives da Silva Duque Uma experiecircncia de ensino hiacutebrido utilizando a plataforma Google Sala de Aula In SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA ENCONTRO DE PESQUISADORES DE EDUCACcedilAtildeO A DISTANCIA 2016 Satildeo Carlos (SP) Anais [] Satildeo Carlos (SP) 2016 p 1-6 Disponiacutevel em lthttpwwwsied-enped2016eadufscarbrojsindexphp2016articleview1005gt Acesso em 15 jul 2020

ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo analfabetismo se divide em duas vertentes o analfabetis-mo absoluto e o analfabetismo funcional No primeiro caso o sujeito natildeo teve nenhum ou teve pouco acesso agrave educaccedilatildeo No segundo caso o sujeito eacute capaz de identificar letras e nuacutemeros mas natildeo consegue interpretar textos e realizar operaccedilotildees matemaacuteticas mais complexas As duas formas de analfabetismo comprometem o desenvolvimento pessoal e social do indiviacuteduo O conceito de analfabetismo funcional surgiu na deacutecada de 1930 nos Estados Unidos da Ameacuterica durante a Segunda Guerra Mundial Ele foi utilizado para indicar a capacidade de entendimento de instruccedilotildees escritas necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de tarefas militares

O analfabetismo funcional natildeo deve ser tratado como um conceito universal pois varia no tempo e no espaccedilo e a proacutepria distinccedilatildeo entre paiacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento altera tal conceito Uma definiccedilatildeo adotada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatiacutestica (IBGE) e aceita pela Organizaccedilatildeo das Naccediloes Unidas para a Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO) eacute a de que analfabetos fun-cionais satildeo pessoas agraves quais falta domiacutenio de habilidades em leitura escrita caacutelculos e ciecircncias correspondentes a uma escolaridade de ateacute trecircs anos completos do ensino fundamental No Brasil os ciclos do ensi-no fundamental e meacutedio satildeo formados por 11 anos de estudo completos e constituem a educaccedilatildeo baacutesica no paiacutes

A UNESCO define analfabetismo funcional como a situaccedilatildeo de ins-truccedilatildeo de algueacutem que assina o proacuteprio nome ou eacute capaz de fazer caacutel-culos simples e ler palavras e frases isoladas mas natildeo eacute capaz de inter-pretar o sentido dos textos natildeo eacute capaz de usar a leitura e a escrita para seu desenvolvimento pessoal nem para fazer frente agraves suas demandas sociais A ocorrecircncia de analfabetismo funcional em determinada po-pulaccedilatildeo costuma ser medida de duas formas principais uma indireta que considera analfabeto funcional os indiviacuteduos com 15 anos ou mais que natildeo concluiacuteram quatro anos de estudo completos e uma direta

A

76

mensurada por testes especiacuteficos para habilidades em leitura escrita e caacutelculos aritmeacuteticos em amostragens populacionais

Ana Luacutecia de Souza

ReferecircnciasINDICADOR Nacional de Alfabetismo Funcional INAF 2011 principais resultados Disponiacutevel em lthttpsacaoeducativaorgbrwp-contentuploads201110informe-deresultados_inaf2011pdfgt Acesso em 22 jun 2020

RIBEIRO Vera Masagatildeo Alfabetismo funcional referecircncias conceituais e metodoloacutegicas para a pesquisa Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas ano XVIII v 60 ed 18 setdez 1997

APLICATIVO PARA A APRENDIZAGEM DE LIacuteNGUAS

Um aplicativo eacute um programa de computador (software) geralmen-te utilizado em dispositivos moacuteveis A ideia do que seria um aplicativo fortaleceu a partir da deacutecada de 1970 periacuteodo em que empresas priva-das movidas por interesses financeiros decidiram facilitar o alcance de cidadatildeos comuns aos computadores Interessava aos empreendedores da eacutepoca que as maacutequinas se popularizassem natildeo por mera generosi-dade ou responsabilidade social mas para que estimulasse o consumo A tecnologia foi se especializando a fim de atender a necessidades cole-tivas e individuais cada vez mais direcionadas Os dispositivos em que os primeiros aplicativos foram instalados se apresentavam como enor-mes caixas fixas e pesadas dentro das quais se escondia um emaranha-do de fios e conexotildees O alto preccedilo inviabilizava sua real democratiza-ccedilatildeo Nos anos 1990 graccedilas ao esforccedilo conjunto de pesquisadores aliado ao interesse monetaacuterio da induacutestria da Comunicaccedilatildeo concebeu-se o primeiro dispositivo moacutevel capaz de abrigar um aplicativo era o IBM Simon pioneiro dos atuais smartphones Atualmente os telefones inteli-gentes satildeo capazes de hospedar uma gama de aplicativos ou apps como satildeo popularmente conhecidos Alguns dos mais famosos satildeo o Uber (destinado agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo de transporte veicular temporaacuterio) o Spotify (voltado para o entretenimento musical e a difusatildeo de podcasts) o aiqfome (em que se encomendam alimentos prontos) e o WhatsApp (in-tercambiador de mensagens multimodais) Muitos satildeo disponibiliza-dos gratuitamente para download em plataformas como a Google Play Store Os aplicativos geram renda para seus desenvolvedores a partir de anuacutencios comerciais que satildeo exibidos aos usuaacuterios durante sua uti-lizaccedilatildeo Em 2020 forccedilados pela pandemia de Covid-19 os aplicativos moacuteveis passaram a ser amplamente empregados na educaccedilatildeo remota estabelecendo pontes entre docentes e discentes devido agrave necessidade

A

77

de distanciamento social Por demonstrarem potencial enquanto ferra-mentas utilizaacuteveis no ensino hiacutebrido os aplicativos destinados ao ensino e agrave aprendizagem de liacutenguas estrangeiras vecircm ganhando destaque nos uacuteltimos anos Trabalham as quatro habilidades baacutesicas audiccedilatildeo fala lei-tura e escrita Entre os mais proeminentes destacam-se o Hello Talk o Rosetta Stone e o Duolingo Este uacuteltimo jaacute conta com mais de trezentos milhotildees de usuaacuterios em todo o mundo O resultado do seu teste de pro-ficiecircncia jaacute eacute aceito em instituiccedilotildees renomadas como a Harvard Extension School Os aplicativos (ou simplesmente apps) estatildeo enfim definitiva-mente incorporados ao quotidiano das sociedades modernas

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFRAGA Nayara Como o Duolingo chegou a 300 milhotildees de downloads sem propaganda nenhuma Eacutepoca Negoacutecios 2018 Disponiacutevel em lthttpsepocanegociosglobocomTecnologianoticia201810como-o-duolingo-chegou-300-milhoes-de-downloads-sempropaganda-nenhumahtmlgt Acesso em 2 jul 2020

MAGGI Lecticia Vocecirc sabia Harvard Extension School aceita teste de inglecircs do Duolingo ESTUDARFORAORG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwestudarforaorgbrteste-deingles-de-us-20-a-harvard-extension-school-aceitagt Acesso em 2 jul 2020

PRIMEIRO smartphone completa 20 anos BBC News Brasil 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwbbccomportuguesenoticias201408140815_smartphone_vinte_anos_rbgt Acesso em 1 jul 2020

VOLTOLINI Ramon Conheccedila o primeiro smartphone da Histoacuteria Tecmundo 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrcelular59888-conheca-primeiro-smartphone-historia-galeriashtmgt Acesso em 2 jul de 2020

WAZLAWICK Raul Sidnei Histoacuteria da computaccedilatildeo Rio de Janeiro Elsevier 2016

APRENDIZAGEM BASEADA EM INVESTIGACcedilAtildeO (Inquiry-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Investigaccedilatildeo (ABI) eacute uma metodolo-gia que se pauta no estiacutemulo do desenvolvimento da autonomia dos alunos levando-os agrave produccedilatildeo dos proacuteprios meacutetodos investigativos Vejamos uma ilustraccedilatildeo da aplicaccedilatildeo dessa metodologia de ensino e aprendizagem o professor propotildee um questionamento inicial e os alu-nos individualmente ou em grupo desenvolvem suas anaacutelises a res-peito do problema apresentado Com isso a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo (ou inqueacuterito) despertou a caracteriacutestica latente que consti-tui o ser humano em descobrir o mundo a partir de sua curiosidade A aprendizagem por investigaccedilatildeo apresenta semelhanccedilas com a investi-gaccedilatildeo cientiacutefica envolve a pesquisa anaacutelise siacutentese avaliaccedilatildeo e genera-lizaccedilatildeo de dados de preferecircncia num processo colaborativo visando a

A

78

caracterizaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de uma situaccedilatildeo-problema concreta Dentro dessa perspectiva haacute o desdobramento das metodologias de inqueacuteri-to atraveacutes das estrateacutegias de aprendizagem por descoberta o inqueacuterito indutivo a instruccedilatildeo ancorada o estudo de caso e a Aprendizagem Ba-seada em Problemas ou Projetos (ABP) As fases e subfases encontradas na ABI referem-se agrave orientaccedilatildeo contextualizaccedilatildeo investigaccedilatildeo discus-satildeo e conclusatildeo com atividades mais especiacuteficas sendo desenvolvidas em cada uma destas etapas Os princiacutepios-chave dessa metodologia compreendem que todas as atividades de aprendizagem enfatizam as habilidades de processamento de informaccedilatildeo (observaccedilatildeo-siacutentese) tendo como objetivo a apreensatildeo de conteuacutedo definido a partir de um contexto conceitual amplo Nesse processo de aprendizagem o profes-sor recurso e tecnologia satildeo vistos como elementos sistecircmicos usados como suporte para a aprendizagem O professor tambeacutem eacute visto como facilitador pautando seu trabalho a partir dessa abordagem e buscando compreender melhor o contexto de aprendizagem do seu aluno Em se tratando de metodologias ativas encontram-se discutidas em biblio-grafia especiacutefica duas perspectivas bastante divulgadas o Ensino por Investigaccedilatildeo tambeacutem denominado inquiry na bibliografia internacional utilizada na educaccedilatildeo cientiacutefica e a Aprendizagem Baseada em Proble-mas tambeacutem conhecida como Problem-Based Learning (PBL) utilizada principalmente em cursos de graduaccedilatildeo nas aacutereas de sauacutede A Apren-dizagem Baseada em Investigaccedilatildeo se destaca por resultados positivos em diferentes pesquisas da aacuterea Haacute diferentes abordagens dentro da ABI algumas se pautam no desenvolvimento do pensamento cientiacutefico ldquoInvestigaccedilatildeo Cientiacutefica Autecircnticardquo ldquoInvestigaccedilatildeo Guiada ou Mediadardquo na qual o docente acompanha as fases que constituem a investigaccedilatildeo para aleacutem do ensino dos conteuacutedos no intuito de desenvolver o pen-samento cientiacutefico Nessa abordagem os estudantes satildeo envolvidos em atividades investigativas por meio da apresentaccedilatildeo de situaccedilotildees-pro-blema em que devem aplicar os procedimentos cientiacuteficos que levem a conclusotildees suportadas por argumentos fundamentados Estimula-se que os alunos criem perguntas pesquisem informaccedilotildees estruturem e conduzam a investigaccedilatildeo analisem os dados elaborarem conclusotildees e comuniquem os resultados No entanto eacute importante que o estudante se mantenha em estado reflexivo para que compreenda a natureza do trabalho cientiacutefico em que estaacute envolvido A alternacircncia entre o fazer e o refletir eacute que proporciona aos estudantes as habilidades de investiga-ccedilatildeo bem como um melhor entendimento sobre o que estaacute desenvolven-do Em outras palavras o intuito eacute que os estudantes aprendam a fazer a investigaccedilatildeo bem como aprendam sobre a investigaccedilatildeo

Luanna Amorim Vieira da Silva

A

79

ReferecircnciasVIEIRA Fabiana Andrade da Costa Ensino por Investigaccedilatildeo e Aprendizagem Significativa Criacutetica anaacutelise fenomenoloacutegica do potencial de uma proposta de ensino Orientador Silvia Regina Quijadas Aro Zuliani 2012 149 f Tese (Doutorado em Educaccedilatildeo) - Faculdade de Ciecircncias Universidade Estadual Paulista - UNESP Bauru 2012 Disponiacutevel em lthttpsrepositoriounespbrbitstreamhandle11449102039vieira_fac_dr_baurupdfsequence=1ampisAllowed=ygt Acesso em 25 nov 2020

PBWORKS Aprendizagem baseada em Inqueacuterito (Inquiry Based Learning) Disponiacutevel em lthttptictrabalhodeprojectopbworkscomwpage40204926Aprendizagem20baseada20em20InquC3A9rito2028Inquiry20Based20Learning29gt Acesso em 25 nov 2020

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS(Project-based learning)

A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) se fundamenta nas concepccedilotildees sobre ensino e aprendizagem difundidas pelo filoacutesofo e educador John Dewey (1859-1952) As discussotildees em torno desse mo-delo de aprendizagem emergiram em concomitacircncia com outros aspec-tos que compotildeem as alternativas metodoloacutegicas das chamadas meto-dologias ativas descritas como o Ensino sob Medida ou Just-in-Time Teaching a Instruccedilatildeo pelos Colegas ou Peer Instruction a Aprendizagem Baseada em Equipes ou Team-Based Learning e a Aprendizagem Baseada em Projetos ou Project-Based Learning propriamente dita Essas alterna-tivas surgem de forma a atender as exigecircncias ocasionadas pelas dinacirc-micas de transformaccedilotildees caracteriacutesticas de uma sociedade tecnoloacutegica Nesse sentido modificam percepccedilotildees sobre os elementos que consti-tuem o ensino e que produzem ajustes na forma de abordar as concep-ccedilotildees sobre aprendizagem e o engajamento e a proatividade do aluno se tornam aspectos preponderantes no processo de aprendizagem no acircmbito da ABP Essa metodologia eacute caracterizada por centralizar em sua execuccedilatildeo o aspecto colaborativo em articulaccedilatildeo com interdiscipli-naridade ao gerir e produzir conteuacutedos e assim articulaacute-los de forma a promover a resoluccedilatildeo ou concretizaccedilatildeo de algo Assim a ldquoinstruccedilatildeordquo natildeo deveria preceder o projeto mas estar integrada a ele e partir dessa integralidade para prover mobilidade interatividade dinacircmica diaacutelo-go conexotildees em correspondecircncia entre os colaboradores do processo dar visibilidade agrave sincronia das aprendizagens dos alunos valorizando e viabilizando os processos interativos Poderia tambeacutem dar maior cen-tralidade a esse processo por voltar-se agrave maneira como o aluno percebe a sua aprendizagem ao assumir-se ativamente em cada etapa A ava-liaccedilatildeo eacute vista atraveacutes da articulaccedilatildeo entre distintas dinacircmicas do pro-cesso participaccedilatildeo e efetividade do aluno nas diferentes possibilidades

A

80

de aprender e atender as demandas do seu cotidiano Atenta-se para as distintas abordagens da ABP ambas as perspectivas de aprendizagens possuem problemas a serem resolvidos mas uma eacute baseada em projetos ou seja haacute um processo a ser planejado para se atingir determinado fim a partir de etapas que constitui a metodologia de trabalho escolhida dentre esses aspectos e que culmina com um produto Jaacute na aprendiza-gem baseada em problemas a centralidade estaacute em resolver investigar problematizar colaborativamente a resoluccedilatildeo de uma questatildeo natildeo haacute obrigatoriedade de culminar num produto

Luanna Amorim Vieira da Silva

ReferecircnciasMASSON Terezinha Jocelen et al Metodologia de ensino aprendizagem baseada em projetos (pbl) XL CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCACcedilAtildeO EM ENGENHARIA (COBENGE) Anais Beleacutem PA 2012

SANTORO Flaacutevia Maria et al Modelo de cooperaccedilatildeo para aprendizagem baseada em projetos uma linguagem de padrotildees THE FIRST LATIN AMERICAN CONFERENCE ON PATTERN LANGUAGES OF PROGRAMMING (SUGARLOAF PLOP) Rio de Janeiro 2001

AUTOR-PESSOA E AUTOR-CRIADOR

Autor-pessoa e autor-criador satildeo dois conceitos apresentados pelo pensador russo Mikhail Bakhtin no texto O autor e a personagem na ativi-dade esteacutetica (1921-1922) Segundo o teoacuterico o autor-pessoa eacute o escritor a pessoa fiacutesica um componente da vida e natildeo estaacute relacionado ao prin-ciacutepio criador existente na relaccedilatildeo autor-personagem jaacute o autor-criador eacute compreendido como a funccedilatildeo esteacutetico-formal engendradora da obra um constituinte do objeto esteacutetico O autor-criador tem como caracte-riacutestica central a capacidade de materializar certa relaccedilatildeo axioloacutegica com o heroacutei e seu mundo Eacute por meio dessa funccedilatildeo autor-criador do posi-cionamento axioloacutegico que o social o histoacuterico e o cultural se tornam elementos imanentes do objeto esteacutetico O autor-criador daacute forma a um conteuacutedo faz um recorte de alguns aspectos do plano da vida e os or-ganiza de um modo novo esteticamente Essa transposiccedilatildeo do plano da vida para o plano esteacutetico (arte) ocorre por meio de um vieacutes valorativo consubstanciado no autor-criador que eacute uma posiccedilatildeo refratada e ao mesmo tempo refratante Refratada porque trata de uma posiccedilatildeo axio-loacutegica recortada pelo vieacutes valorativo do autor-pessoa e refratante pois eacute a partir dela que se recorta e reordena esteticamente os eventos da vida

Ana Claacuteudia Rola Santos

C

81

ReferecircnciasA CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

FARACO C A Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje v 46 n 1 p 21-26 20 jul 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

CIacuteRCULO DE BAKHTIN

Grupo de intelectuais russos de formaccedilatildeo literaacuteria filosoacutefica cientiacute-fica eou artiacutestica a maioria professores que apoacutes Revoluccedilatildeo Russa em 1918 reuniram-se na cidade de Nieacutevel e posteriormente de 1924 a 1929 em Vitesbk e Leningrado para atraveacutes do diaacutelogo entre as diferentes aacutereas do conhecimento construiacuterem uma linha de pensamento com base em um posicionamento soacutelido diante da linguagem e da vida Esses intelectuais apesar de discordarem em vaacuterios aspectos tinham em co-mum a concepccedilatildeo de linguagem fundamentada na interaccedilatildeo verbal no enunciado concreto no signo ideoloacutegico e no dialogismo considerando que a base de sustentaccedilatildeo da discussatildeo da linguagem verbal da litera-tura seja a mesma de outras linguagens Embora os textos produzidos pelo Ciacuterculo fossem assinados essa produccedilatildeo provocou uma questatildeo de autoria uma vez que toda discussatildeo proposta pelo grupo baseava-se no diaacutelogo no sentido bakhtiniano da palavra no qual as ideias circulam entre os atores do discurso O produto final eacute portanto advindo desse pensamento comunitaacuterio Haacute escritos construiacutedos a mais de duas matildeos sob pseudocircnimos e trocas de identidades que era tambeacutem uma forma de resistecircncia ao stalinismo totalitarista Um exemplo dessa questatildeo eacute a produccedilatildeo de Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) Valentin Volochinov (1895 ndash 1936) e Pavel Medieacutedev (1891 ndash 1938) que em um primeiro momen-to foi atribuiacuteda a Bakhtin Posteriormente houve um movimento para determinar a autoria de Volochinov e Medieacutedev e hoje jaacute eacute possiacutevel distinguir esses autores e seus respectivos textos Esses textos comeccedila-ram a ser lidos e discutidos mais fortemente no Brasil no final dos anos 1980 e iniacutecio dos anos 1990 A primeira obra traduzida para o portuguecircs foi Marxismo e Filosofia da Linguagem em 1979 pela editora Hucitec a partir de uma ediccedilatildeo francesa A autoria eacute atribuiacuteda a Bakhtin e entre parecircnteses estaacute escrito Volochinov dando a entender tratar-se da mes-ma pessoa Em 2017 surge a primeira ediccedilatildeo de Marxismo e Filosofia da Linguagem Editora 34 feita diretamente do russo Na capa a autoria eacute

C

82

atribuiacuteda a Valentin Volochinov e entre parecircnteses estaacute escrito Ciacuterculo de Bakhtin o que jaacute situa a autoria no contexto do Ciacuterculo

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasBRAIT Beth Dialogismo e Polifonia em Mikhail Bakhtin e o Ciacuterculo (dez obrasfundamentais) Disponiacutevel em lthttpsfflchuspbrsitesfflchuspbrfiles2017-Bakhtinpdfgt Acesso em 17 jun 2020

BRAIT Beth GRILLO Sheylla A Atualidade de Bakhtin um pensador sobre a humanidade em transformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsaovivoabralinorglivesbeth-braitgt Acesso em 1 jul 2020

CONTEXTO

Do latim contextus contexto eacute uma palavra que pode ser definida como uma situaccedilatildeo ou ambiente fiacutesico em que um conjunto de circuns-tacircncias nas quais se produz a mensagem que se deseja emitir ndash lugar e tempo emissor e receptor etc ndash permite sua compreensatildeo mais ade-quada e mais correta No caso de um texto o contexto eacute essencial para uma leitura mais eficaz aproximando o interlocutorleitor do sentido que o locutorescritor quis imprimir a esse texto Sendo assim para entender determinadas situaccedilotildees ou mensagens a serem transmitidas eacute necessaacuterio que haja a uniatildeo entre o texto e o contexto que colocados em adjacecircncia servem para lembrar que satildeo aspectos do mesmo processo Metaforicamente pode-se pensar que haacute um texto e um outro texto que o acompanha e que se denomina contexto O que estaacute dentro da ideia lsquocom o textorsquo estaacute na verdade aleacutem do texto em uma situaccedilatildeo discursi-va A esse contexto denomina-se de contexto de situaccedilatildeo Eacute a situaccedilatildeo de uso da linguagem o ambiente do texto O contexto situacional eacute for-mado por informaccedilotildees que estatildeo fora do texto sejam elas histoacutericas ge-ograacuteficas socioloacutegicas ou literaacuterias Portanto os elementos linguiacutesticos escolhidos por um produtor de texto assim como as informaccedilotildees por ele selecionadas e o modo como ele as organiza depende das condiccedilotildees de produccedilatildeo O contexto contribui de forma significativa na construccedilatildeo da leitura de mundo de todo indiviacuteduo assim como afirma o educador Paulo Freire (1989) a interaccedilatildeo do sujeito com o seu contexto iraacute possi-bilitar a construccedilatildeo de leituras diversificadas do proacuteprio mundo e de qualquer texto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

ReferecircnciasFREIRE Paulo A importacircncia do ato de ler em trecircs artigos que se completam Satildeo Paulo Autores Associados Cortez 1989

C

83

HALLIDAY MAK HASAN R Language context and text aspects of language in a social-semiotic perspective New York Oxford Press 1989

TRAVAGLIA Luiz Carlos Gramaacutetica e interaccedilatildeo uma proposta para o ensino da gramaacutetica no 1ordm e 2ordm graus 8 ed Satildeo Paulo Cortez 2002

CROSSMIacuteDIA

A palavra crossmiacutedia estaacute originalmente relacionada agrave publicidade As agecircncias de publicidade e propaganda investem na produccedilatildeo de um conteuacutedo que eacute distribuiacutedo por diferentes plataformas midiaacuteticas Tem--se assim uma mesma mensagem com o mesmo conceito mas com um formato especiacutefico para o meio no qual deveraacute circular A taacutetica eacute a dis-tribuiccedilatildeo do mesmo conteuacutedo em diversas miacutedias O objetivo eacute atingir o maior nuacutemero de pessoas atraveacutes de canais diferentes

Glaacuteucio Antocircnio Santos

ReferecircnciasLOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Convergecircncia de miacutedias e jornalismo In TASENDE Lorena Peacuteret Taacutercia Accedilatildeo Pesquisa e Reflexatildeo sobre a docecircncia na formaccedilatildeo do jornalista em tempos de convergecircncia das miacutedias digitais Dissertaccedilatildeo (Mestre em Educaccedilatildeo) - Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais Belo Horizonte 2007 p 255 Disponiacutevel em lthttpswwwacademiaedu2084363ConvergC3AAncia_de_mC3ADdias_e_jornalismogt Acesso em 19 jul 2020

CULTURAS HIacuteBRIDAS E HIBRIDISMO CULTURAL

Chamamos de culturas hiacutebridas o rompimento de barreiras que se-param estruturas socioculturais diferentes diminuindo as fronteiras entre o que eacute considerado culto ou erudito e o que eacute considerado po-pular ou de massa A expressatildeo ldquoculturas hiacutebridasrdquo ganha notoriedade no acircmbito acadecircmico a partir de publicaccedilotildees do antropoacutelogo Neacutestor Garciacutea Canclini O antropoacutelogo chama de hibridismo cultural o pro-cesso em que duas ou mais culturas distintas se mesclam abrangendo tambeacutem os aspectos econocircmicos e poliacuteticos Como exemplo podemos citar a proacutepria constituiccedilatildeo do povo brasileiro a partir de colonizadores europeus (principalmente os portugueses) os indiacutegenas que aqui vi-

C D

84

viam e os africanos trazidos para caacute e escravizados Somam-se a esses trecircs grupos a imigraccedilatildeo de asiaacuteticos (japoneses chineses) libaneses turcos siacuterios e outros grupos que para caacute vieram ao longo da histoacuteria Eacute importante lembrar que em muitos casos certos grupos natildeo aceitam ou natildeo querem a hibridaccedilatildeo cultural permanecendo cada um em suas respectivas ldquobolhasrdquo Podemos observar essa questatildeo tambeacutem numa perspectiva microssocial em que o tradicional se mistura ao moderno e o culto ao popular Pensemos por exemplo na apropriaccedilatildeo de uma obra de arte renascentista como a pintura La Gioconda retrato da Mona Lisa e sua apropriaccedilatildeo pela publicidade ou por uma histoacuteria em quadrinhos O avanccedilo das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) tem proporcionado essa hibridaccedilatildeo entre objetos culturais distintos de-vido ao desenvolvimento de softwares e aplicativos que permitem remi-xagens de obras distintas e de campos diferentes

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasCANCLINI Neacutestor Garciacutea Culturas hiacutebridas estrateacutegias para entrar e sair da modernidade Satildeo Paulo EDUSP 2007

DIALOGISMO

Conceito desenvolvido por Mikhail Bakhtin (1895 ndash 1975) no ensaio publicado em 1963 intitulado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a par-tir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacute-vski (1821-1881) Bakhtin parte do princiacutepio de que a linguagem eacute uma realidade muacuteltipla e heterogecircnea e a verdadeira substacircncia da liacutengua eacute constituiacuteda nas interaccedilotildees verbais via enunciaccedilatildeo ou enunciaccedilotildees Dessa forma o discurso (liacutengua concreta viva) eacute construiacutedo a partir do discurso do outro e o sujeito eacute construiacutedo pelo outro por meio da linguagem Nessa perspectiva o sujeito tem um projeto de fala que natildeo depende soacute da sua intenccedilatildeo depende do outro com quem se fala do ou-tro ideoloacutegico forjado por outros discursos do contexto Sendo assim o dialogismo eacute caracteriacutestica essencial da linguagem eacute a condiccedilatildeo do sen-tido do discurso compreende a palavra em constante movimento e as relaccedilotildees dialoacutegicas como relaccedilotildees semacircnticas em toda a espeacutecie de diaacute-logo Em qualquer momento do desenvolvimento do diaacutelogo sentidos esquecidos poderatildeo vir agrave tona seratildeo ressignificados e sob uma forma renovada surgiratildeo em outro contexto Contrapondo-se ao discurso mo-noloacutegico o diaacutelogo bakhtiniano eacute accedilatildeo entre interlocutores natildeo sendo mensurado pelo nuacutemero de falantes ouvintes ou observadores Nessa accedilatildeo coexistem convergecircncias e divergecircncias advindas do tempo pas-

D E

85

sado e futuro dos grupos sociais das tendecircncias etc O dialogismo eacute portanto interaccedilatildeo social natildeo soacute a partir do diaacutelogo face a face mas principalmente entre discursos de quaisquer naturezas desde as rela-ccedilotildees dialoacutegicas cotidianas ateacute o texto literaacuterio

Ana Claacuteudia Rola Santos

ReferecircnciasFIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

A CONTRAPELO Bakhtin entre a Filosofia e as Ciecircncias da Linguagem Entrevistador Christian Henrique Entrevistado Carlos Alberto Faraco [Sl] A Contrapelo Podcast 16 maio 2020 Podcast Disponiacutevel em lthttpsopenspotifycomepisode4gFczl84EnXlMIulhmzbgUgt Acesso em 7 jul 2020

DISPOSITIVOS MOacuteVEIS DE COMUNICACcedilAtildeO

Dispositivos moacuteveis satildeo tecnologias digitais que permitem a mo-bilidade e o acesso agrave internet Desde os primoacuterdios da civilizaccedilatildeo fo-ram desenvolvidas teacutecnicas para resolver problemas Essas tecnologias sejam analoacutegicas ou digitais sempre estiveram presentes em nossa sociedade inclusive no acircmbito educacional Ao longo do tempo vecircm sofrendo constantes modificaccedilotildees em detrimento das necessidades hu-manas Isto faz com que a tecnologia se torne na modernidade um recurso indispensaacutevel tanto agrave vida cotidiana como para o setor educa-cional Aparelhos de GPS (de Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global) laptops smartphones tablets satildeo exemplos des-ses equipamentos facilitadores do cotidiano Geralmente eles apresen-tam espessura fina tamanho pequeno faacutecil manuseio para atender agrave funcionalidade praacutetica O uso significativo de dispositivos moacuteveis de tecnologia promove experiecircncias enriquecedoras para a Educaccedilatildeo Na sala de aula esses aparelhos satildeo recursos que somados agraves praacuteticas e metodologias significativas atendem agraves necessidades educacionais

Sabrina Ribeiro

ReferecircnciasHOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Satildeo Paulo Moderna 2020

ECOSSISTEMA DIGITAL

O termo ecossistema tem origem nas aacutereas da ecologia e biologia sendo definido como um grupo de elementos interconectados formado pela interaccedilatildeo de uma comunidade de organismos com o seu ambiente

E

86

Baseado nessa descriccedilatildeo o ecossistema digital trata de uma integraccedilatildeo de soluccedilotildees de software ou soluccedilotildees tecnoloacutegicas funcionando no mes-mo ambiente ou plataforma A expressatildeo ecossistema digital eacute muito abrangente pois as soluccedilotildees que compotildeem o ecossistema podem abar-car tanto hardwares (componentes fiacutesicos) quanto softwares (sistemas) e tambeacutem usuaacuterios No contexto abordado no livro Letramentos miacutedias linguagens de Rojo e Moura (2019) o ecossistema digital engloba os softwares utilizados para manipulaccedilatildeo de fotos tradicionais e criaccedilatildeo de fotografias digitais inseridos em uma plataforma de sistema operacio-nal Os produtos dos diversos atores envolvidos nos processos de cria-ccedilatildeo de imagens e fotografias podem ser distribuiacutedos entre pessoas e nas redes sociais que tambeacutem fazem parte do ecossistema Nos ecossiste-mas diferentes tipos de usuaacuterios se conectam e interagem utilizando re-cursos disponibilizados pela plataforma Em vez de seguir numa linha reta ndash dos produtores para os consumidores ndash o valor pode ser criado modificado trocado e consumido de diversas formas e em diversos lu-gares graccedilas agraves conexotildees facilitadas pela plataforma

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

ReferecircnciasBITTARELLO Kamila Entenda o que eacute ecossistema digital ou ecossistema de software Blog do Sienge 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwsiengecombrblogecossistema-digitalgt Acesso em 4 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

EDUCACcedilAtildeO A DISTAcircNCIA (EAD)

A expressatildeo Educaccedilatildeo a Distacircncia (EAD) designa alguns modelos de ensino em que professores e alunos natildeo se encontram num mesmo espaccedilo e ao mesmo tempo para as aulas Muitos satildeo os modelos do que se pode chamar de educaccedilatildeo a distacircncia ou ensino a distacircncia Pode-mos iniciar fazendo uma distinccedilatildeo entre essas duas expressotildees O que distingue e diferencia ldquoeducaccedilatildeordquo e ldquoensinordquo A principal diferenccedila entre os dois substantivos que designam processos estaacute relacionada agrave abrangecircncia dos termos Enquanto ldquoensinordquo tem um caraacuteter mais es-peciacutefico pressupondo certas accedilotildees que geralmente partem dos sujei-tos ldquoensinantesrdquo (os professores) com o objetivo de transmitir conhe-cimentos para os chamados ldquoaprendentesrdquo a ldquoeducaccedilatildeordquo por sua vez eacute um processo mais amplo que concebe a ensinantes e a aprendentes em constante interaccedilatildeo de modo que o conhecimento vai sendo construiacutedo de maneira conjunta entre esses sujeitos Derivam daiacute distinccedilotildees como

E

87

ldquotransmissatildeordquo e ldquoconstruccedilatildeo de conhecimentosrdquo bem como a distinccedilatildeo entre informaccedilatildeo e conhecimento Dentre os modelos de educaccedilatildeo a distacircncia com o tempo e por forccedila de uso o acento grave indicativo de uma crase entre preposiccedilatildeo e artigo acabou sendo abolido Temos tanto formas bem antigas como os cursos por correspondecircncia ateacute modelos bem contemporacircneos com o uso de plataformas digitais pensadas es-pecificamente para servir como ambientes virtuais de aprendizagem com um conjunto de ferramentas agrave disposiccedilatildeo de professores alunos designers instrucionais e tutores Em muitos modelos a educaccedilatildeo a dis-tacircncia conta com certos atores natildeo tatildeo comuns na educaccedilatildeo presencial como os tutores ndash presenciais e a distacircncia que auxiliam na mediaccedilatildeo entre professores e alunos os designers instrucionais profissionais que geralmente contribuem com os professores do ponto de vista teacutecnico e esteacutetico para construccedilatildeo das plataformas educacionais A esse mo-delo de educaccedilatildeo em que vaacuterios sujeitos com atribuiccedilotildees diferentes atuam no ensino denominou-se ldquopolidocecircnciardquo Dentre as ferramentas disponibilizadas pelos mais conhecidos ambientes virtuais de aprendi-zagem identifica-se uma primeira distinccedilatildeo entre conteuacutedo e ativida-de Como conteuacutedo podemos elencar textos digitais (artigos ou livros disponiacuteveis na internet escaneados ou produzidos especificamente para a disciplina) viacutedeos (videoaulas gravadas viacutedeos disponiacuteveis na internet ou produzidos especialmente para a disciplina) podcasts graacutefi-cos infograacuteficos modelos de sequecircncias didaacuteticas links para portais e paacuteginas da internet dentre tantos outros materiais especiacuteficos das dife-rentes disciplinas Como atividades temos algumas jaacute previstas nesses ambientes como foacuteruns de discussatildeo chats questionaacuterios pesquisas glossaacuterios wikis tarefas diversas dentre tantas outras A educaccedilatildeo a distacircncia pressupotildee uma forma de ensino e aprendizagem concebida para ser oferecida em espaccedilos e tempos flexiacuteveis que permite ao estu-dante a possibilidade de acessar o ambiente virtual de aprendizagem do lugar em que ele dispuser de equipamento tecnoloacutegico e no seu tem-po disponiacutevel conforme suas atividades cotidianas Esse modelo natildeo dispensa a possibilidade de exigecircncia de que em determinados dias e horaacuterios programados possam ser previstas atividades siacutencronas e em espaccedilos especiacuteficos para isso como os chamados polos de apoio presen-cial locais em que tambeacutem costumam dar plantotildees os chamados tuto-res presenciais Os chamados tutores a distacircncia geralmente datildeo seus plantotildees de suas casas ou da unidade de ensino agrave qual estatildeo vinculados Um ponto muito importante a se considerar quando se pensa em EAD eacute a questatildeo do planejamento Neste modelo parte-se de um pacto estabe-lecido entre professores e alunos de que as principais formas de intera-ccedilatildeo aconteceratildeo de maneira natildeo presencial e atualmente na chamada

E

88

terceira geraccedilatildeo da EAD (a primeira eacute a do ensino por correspondecircncia e a segunda do uso das chamadas miacutedias analoacutegicas como o raacutedio e a televisatildeo) esta interaccedilatildeo eacute mediada pelas chamadas tecnologias di-gitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TDIC) ou tecnologias digitais de informaccedilatildeo (TIC) ou simplesmente ldquonovas tecnologiasrdquo Nossa opccedilatildeo eacute pela expressatildeo tecnologias digitais de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo por consideraacute-la mais adequada (a palavra ldquonovardquo tem uma carga muito grande de relativismo) e completa (haja vista que pressupotildee informa-ccedilatildeo e comunicaccedilatildeo)

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ReferecircnciasMILL Daniel RIBEIRO Luis Roberto de Camargo OLIVEIRA Marcia Rozenfeld Gomes (org) Polidocecircncia na educaccedilatildeo a distacircncia muacuteltiplos enfoques 2 ed Satildeo Paulo Edufscar 2014 200 p

EDUCACcedilAtildeO MISTA SEMIPRESENCIAL OU HIacuteBRIDA (blended learning)

Aleacutem do modelo de educaccedilatildeo natildeo presencial conhecido pela sigla EAD tem-se constituiacutedo e firmado um modelo misto chamado de semi-presencial ou hiacutebrido que parece ser de acordo com os estudiosos do assunto um modelo dialeacutetico que consegue reunir o melhor dos dois modelos polarizados A educaccedilatildeo hiacutebrida parte de princiacutepios como aprendemos em espaccedilos formais e natildeo formais aprendemos (e ensi-namos) de diferentes formas e podemos usar metodologias digitais e analoacutegicas (mais antigas e mais tradicionais por assim dizer) Nesse contexto os modelos de ensino que seguem o padratildeo do blended learning apresenta quatro tipos estruturantes a) O modelo rotacional baseado na criaccedilatildeo pelo professor de diferentes espaccedilos de ensino e aprendiza-gem dentro ou fora da sala de aula para que os alunos revezem entre diferentes atividades conforme as orientaccedilotildees do docente Nesse mode-lo haacute as seguintes propostas i) rotaccedilatildeo por estaccedilotildees (os alunos realizam diferentes atividades em estaccedilotildees e no espaccedilo da sala de aula) ii) labo-ratoacuterio rotacional (os alunos usam o espaccedilo da sala de aula e laboratoacute-rios) iii) sala de aula invertida (a teoria eacute estudada em casa no formato on-line e o espaccedilo da sala de aula eacute utilizado para discussotildees resolu-ccedilatildeo de atividades entre outras propostas) e iv) rotaccedilatildeo individual (cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados) b) o modelo flex baseado na experiecircncia de aprendizagem por meio de atividades on-line na qual o ritmo do aluno eacute personalizado e o docente fica agrave disposiccedilatildeo para

E

89

esclarecimento de duacutevidas c) o modelo a la carte baseado na respon-sabilidade do aluno pela organizaccedilatildeo de seus estudos de acordo com os objetivos gerais a serem atingidos organizados em parceria com o docente personalizando a aprendizagem que pode ocorrer no momen-to e local mais adequados e d) o modelo virtual aprimorado baseado na experiecircncia realizada por toda a escola em que em cada curso os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem on-line e a presencial

Heacutercules Tolecircdo Correcirca e Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBACICH Lilian MORAN Joseacute Aprender e ensinar com foco na educaccedilatildeo hiacutebrida Paacutetio n 25 junho 2015 p 45-47 Disponiacutevel em lthttpwwwgrupoacombrrevista-patioartigo11551aprender-e-ensinar-com-foco-na-educacao-hibridaaspxgt Acesso em 27 jun 2020

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B JOHNSON Curtis W Inovaccedilatildeo na Sala de Aula Como a Inovaccedilatildeo Disruptiva Muda a Forma de Aprender Traduccedilatildeo Rodrigo Sardenberg 1 ed Satildeo Paulo Bookman 2011 262 p

CHRISTENSEN Clayton M HORN Michael B STAKER Heather Ensino Hiacutebrido uma Inovaccedilatildeo Disruptiva Uma introduccedilatildeo agrave teoria dos hiacutebridos Boston Clayton Christensen Institute 21 maio 2013 Disponiacutevel em lthttpswwwchristenseninstituteorgpublicationsensino-hibrido_sf_s=ensino+hC3ADbridogt Acesso em 3 ago 2020

ELETRONIC-LEARNING OU E-LEARNING

Trata-se de uma das modalidades ou uma das geraccedilotildees da Educaccedilatildeo a Distacircncia A e-learning centra-se principalmente na mediaccedilatildeo tecno-loacutegica inicialmente realizada por meio de disquetes CD CD-ROM e pendrive (principais modos de armazenamento e transferecircncia de da-dos) Com o desenvolvimento e popularizaccedilatildeo da internet a e-learning tem nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) plataformas de ensino ou LMS (learning management system) como o Moodle o TelEduc o Canvas dentre outros o seu principal suporte Haacute quem aponte dife-renccedilas entre LMS e AVA afirmando que este eacute mais usado no meio edu-cacional enquanto aquele eacute mais utilizado pelas empresas No primeiro modelo a e-learning era considerada ldquosem gerenciamento do aprendiza-dordquo pela dificuldade de interaccedilatildeo entre ldquoensinantesrdquo e ldquoaprendentesrdquo No modelo com AVA passa a ser ldquocom gerenciamento do aprendizadordquo

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL OU ENSINO ON-LINE

O ensino remoto tem sua vertente analoacutegica por meio de material impresso normalmente caderno de atividades produzido por profes-

E

90

sores e distribuiacutedos aos alunos Os modos de diagramaccedilatildeo e impres-satildeo vatildeo desde processos mais simples como reprografias ateacute materiais mais sofisticados com projetos graacuteficos mais arrojados com suporte de profissionais da aacuterea de comunicaccedilatildeo visual e design graacutefico Outra ver-tente do ensino remoto emergencial eacute aquela mediada pela tecnologia com aulas on-line siacutencronas eou assiacutencronas (gravadas e disponibiliza-das aos alunos) Satildeo realizadas em forma de aulas (com preleccedilotildees expo-siccedilotildees e exibiccedilotildees de material audiovisual tais como slides e animaccedilotildees) ou em forma de reuniotildees virtuais usando diversos tipos de ferramen-tas tecnoloacutegicas algumas pagas e outras gratuitas (Google Meet Zoom Jitsi Skype dentre outras) Especialistas em educaccedilatildeo e tecnologia enfa-tizam que natildeo se deve confundir ensino remoto emergencial com Edu-caccedilatildeo a Distacircncia uma vez que a EAD tem caracteriacutesticas especiacuteficas que natildeo estatildeo presentes no ensino remoto (emergencial ou natildeo) como o planejamento preacutevio de todas as etapas e a presenccedila da tutoria Esta modalidade de educaccedilatildeoensino foi a soluccedilatildeo encontrada por grande parte das instituiccedilotildees de ensino em todos os niacuteveis devido agrave pandemia de COVID-19 no ano de 2020 que levou agraves pessoas ao chamado ldquodistan-ciamento socialrdquo por recomendaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Heacutercules Tolecircdo Correcirca

ESCRITA COLABORATIVA

A escrita colaborativa consiste na produccedilatildeo de textos de modo coleti-vo ou em grupos Ela se materializa pela atuaccedilatildeo de mais de um autor no processo da criaccedilatildeo A escrita acadecircmica pode ser por exemplo co-laborativa Normalmente um mestrando ou doutorando sempre redige suas anaacutelises sob a orientaccedilatildeo de um professor orientador e faraacute altera-ccedilotildees em sua composiccedilatildeo ao aceitar sugestotildees da banca que o examinaraacute durante sua defesa caso sejam necessaacuterias Em muitas situaccedilotildees pode existir a correccedilatildeo por pares e esta pode apresentar algumas vantagens contribuir para que a subjetividade de um dos autores de determinado trabalho natildeo extrapole os limites definidos pela Ciecircncia Eacute totalmente compreensiacutevel que a descriccedilatildeo dos resultados de um estudo contenha nuances personalistas Costuma-se reconhecer um autor pelo seu estilo uma vez que a personalidade autoral eacute desejaacutevel Poreacutem alguma criacutetica externa eacute sempre bem-vinda quando se almeja evitar que uma opiniatildeo pessoal (ou exagero ideoloacutegico) supere a neutralidade caracteriacutestica da obra cientiacutefica Tambeacutem se pode verificar a escrita colaborativa em di-cionaacuterios glossaacuterios anais perioacutedicos enciclopeacutedias Os meios digi-tais tecircm cada vez mais feito uso do trabalho conjunto Um exemplo eacute

E

91

o da enciclopeacutedia eletrocircnica Wikipeacutedia que vem substituindo as antigas coleccedilotildees de livros impressos nem sempre acessiacuteveis a todas as camadas da sociedade Eacute equivocado o pensamento de que enciclopeacutedias abertas na internet natildeo satildeo dignas de credibilidade A plataforma da Wikipedia por exemplo exige referecircncias Informaccedilotildees falsas podem ser contesta-das e corrigidas a qualquer momento Revisores analisam periodica-mente textos denunciados ou considerados suspeitos Por fim pode-se tambeacutem encontrar a escrita colaborativa nos aplicativos instalaacuteveis em dispositivos moacuteveis Entre os que se destinam ao ensino e agrave aprendiza-gem de liacutenguas estrangeiras pode-se mencionar o Duolingo Ele dispotildee de um recurso que recebe o nome de incubadora no qual cursos de novas liacutenguas satildeo elaborados conjuntamente por voluntaacuterios que pas-sam por um processo seletivo bastante criterioso A escrita colaborativa persiste enfim na modernidade mais recente inclusive na produccedilatildeo de miacutedias digitais

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves

ReferecircnciasFAGUNDES Leacutea da Cruz LACERDA Rosaacutelia SCHAumlFER Patriacutecia Behling Escrita colaborativa na cultura digital ferramentas e possibilidades de construccedilatildeo do conhecimento em rede Revista RENOTE Novas Tecnologias na Educaccedilatildeo Porto Alegre v 7 ed 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpsseerufrgsbrrenotearticleview140127902gt Acesso em 5 jul 2020

EVOLUCcedilAtildeO DA WEB

A expressatildeo evoluccedilatildeo da web refere-se agraves fases de configuraccedilatildeo da web como a web 10 20 30 e 40 A internet reconhecida como a rede mundial de computadores eacute formada pela ligaccedilatildeo entre computadores no entanto os recursos que conferem ldquointeligecircnciardquo agrave rede satildeo reconhe-cidos por World Wide Web sigla www ou simplesmente web que permi-tem a interaccedilatildeo entre as milhares de paacuteginas que abrigam textos ima-gens sons viacutedeos animaccedilotildees etc O meacuterito pela criaccedilatildeo da World Wide Web em 1989 eacute atribuiacutedo ao fiacutesico inglecircs Tim Berners-Lee enquanto tra-balhava como engenheiro de software no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN em Genebra A web 10 tambeacutem conhecida como web sintaacutetica surgiu em 1990 e foi caracterizada como a web de conexatildeo e obtenccedilatildeo de conteuacutedo o que resultava em interaccedilotildees limitadas do usuaacute-rio com a web sendo dirigida somente agrave transmissatildeo de informaccedilotildees A web 20 constitui-se na evoluccedilatildeo da web 10 e eacute tambeacutem conhecida como web social conceito proposto em 2004 por Tim OrsquoReilly Essa internet eacute caracterizada como um conjunto de serviccedilos que promoviam interaccedilotildees entre seus usuaacuterios de forma colaborativa designados como redes de

E F

92

relacionamento on-line redes sociais on-line ou redes sociais digitais A proposta da web 30 tambeacutem conhecida como web semacircntica Web de contextos e significados foi lanccedilada publicamente em 2001 por Tim Berners-Lee como uma web capaz de processar e cruzar informaccedilotildees consolidaacute-las e trazer resultados mais relevantes para seus usuaacuterios Assim a web 30 caracteriza-se por softwares inteligentes que utilizam dados semacircnticos permitindo a relaccedilatildeo colaborativa com as pessoas por meio da categorizaccedilatildeo e estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos pesquisados Jaacute a proposta da web 40 conhecida como web of things (Web das coi-sas) e tambeacutem desenvolvida por Tim Berners-Lee estaacute fundamentada pela conectividade e interatividade entre pessoas informaccedilotildees proces-sos e objetos por meio de tecnologias que possibilitam acesso agrave rede por qualquer pessoa de qualquer lugar a qualquer tempo utilizando quaisquer dispositivos incluindo equipamentos multifuncionais com sensores inteligentes tais como eletrodomeacutesticos automoacuteveis roupas etc a partir de aplicaccedilotildees que se adaptam dinamicamente agraves necessi-dades dos usuaacuterios

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasBERNERS-LEE Tim Semantic Web Roadmap Disponiacutevel em lthttpwwww3corgDesignIssuesSemantichtmlgt Acesso em 4 ago 2020

OrsquoREILLY Tim OrsquoReilly Media Inc Disponiacutevel em lthttpwwworeillycomgt Acesso em 4 ago 2020

FAKE NEWS

Pela traduccedilatildeo literal o termo fake news vem do inglecircs fake (falsafalso) e news (notiacutecias) ou seja notiacutecias falsas Assim tomamos por em-preacutestimo o conceito de notiacutecia como ldquoum fato verdadeiro ineacutedito ou atual de interesse geral que se comunica com o puacuteblico depois de re-colhido pesquisado e avaliado por quem controla o meio utilizado para a sua difusatildeordquo e o conceito de ldquofalsordquo pelo dicionaacuterio como adjetivo 1 contraacuterio agrave verdade ou agrave realidade 2 causar alteraccedilatildeo em adulterar 3 dar sentido ou significado diferente do verdadeiro fraudar

Apesar de a expressatildeo existir desde o seacuteculo XIX o termo fake news re-cebeu o tiacutetulo de ldquopalavra do anordquo em 2017 no Oxford English Dictionary principalmente devido agraves eleiccedilotildees presidenciais estadunidenses no ano anterior quando notiacutecias falsas foram usadas como ferramenta eleito-ral para promover ou difamar algum candidato Desde entatildeo o termo tem sido amplamente usado pela miacutedia De maneira geral fake news

F

93

satildeo ldquoafirmaccedilotildees que agem como notiacutecias e que satildeo deliberadamente fabricadas para enganar ou melhor dizendo desviar o receptor da verdaderdquo Geralmente as fake news satildeo afirmaccedilotildees que tecircm a forma de notiacutecia mas de conteuacutedo completa ou parcialmente falso orientadas por motivaccedilatildeo poliacutetica e intencionalmente fabricadas para desinformar ou enganar a fim de manipular a opiniatildeo puacuteblica

As fake news tecircm um caraacuteter sedutor ao mesmo tempo convincentes pois se apropriam das qualidades de uma notiacutecia e satildeo construiacutedas sob a abordagem linguiacutestica emprestadas na forma e no conteuacutedo dos meios jornaliacutesticos mas satildeo passiacuteveis de marcaccedilotildees ideoloacutegicas (construiacutedas por indiviacuteduos embebidos em crenccedilas e valores e consumidas por ou-tros os quais as interpretaratildeo imiscuiacutedos num contexto histoacuterico-social

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias BECHARA Evanildo Minicidionaacuterio da Liacutengua Portuguesa 1 ed Rio de Janeiro Editora Nova Fronteira 2009 1024 p

FANTE Alexandra SILVA Tiago Mathias da GRACcedilA Valdete da Fake News e Bakthin gecircnero discursivo e a (des)apropriaccedilatildeo da notiacutecia Atas do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo Porto Portugal p 106-119 2019 VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo 2018 [Universidade do Porto - Faculdade de Letras]

FILHO Joatildeo Batista Ferreira A verdade sob suspeita fake news e conduta epistecircmica na poliacutetica da desinformaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpsscholargooglecombrscholarhl=pt-PTampas_sdt=02C5ampq=27fake+news27+definiC3A7ao+ampbtnG=gt Acesso em 2 dez 2020

GELFERT Axel Fake news A Definition Informal Logic Vol 38 N 1 2018 (doi 1022329ilv38i15068)

LETRIA J Pequeno breviaacuterio jornaliacutestico Lisboa Editorial Notiacutecias 2000

FANDOM

Fandom eacute uma forma reduzida da expressatildeo em inglecircs fan kingdom que significa ldquoreino dos fatildesrdquo na traduccedilatildeo literal para o portuguecircs Um fandom eacute um grupo de pessoas que satildeo fatildes de determinada produto cultural como um seriado de televisatildeo uma muacutesica um filme deter-minado um livro ou mesmo um artista (um cantor um muacutesico um ator) Este termo se popularizou atraveacutes da internet principalmente pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook por exemplo Como os fandons satildeo comuns na internet os seus membros costumam discu-tir virtualmente todos os assuntos relacionados ao tema do qual satildeo fatildes Em muitos casos os fandons organizam encontros presenciais para que os membros dessas comunidades possam se conhecer Os fandons

F

94

satildeo adeptos dos fanfics e usam a narrativa transmidiaacutetica num universo ficcional onde os consumidores devem assumir o papel de caccediladores e coletores perseguindo partes da histoacuteria pelos diferentes canais com-parando suas observaccedilotildees com as de outros fatildes em grupos de discus-satildeo on-line e colaborando para assegurar que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiecircncia de entretenimento mais rica Os fandoms satildeo similares aos populares fanclubs que fizeram sucesso nos anos 1990 A grande diferenccedila entre ambos estaacute no uso das redes sociais digitais como ferramenta para se comunicarem se articularem e compartilharem os seus gostos em comum com pessoas de todo o mundo Atualmente os fandons satildeo essenciais para o crescimento e o movimento da induacutestria do entretenimento pois satildeo os principais con-sumidores da miacutedia

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FANFICTION

Fanfiction ou fanfic (forma abreviada) significa ldquoficccedilatildeo de fatilderdquo em tra-duccedilatildeo literal para a liacutengua portuguesa As fanfics satildeo histoacuterias ficcio-nais que podem ser baseadas em diversos personagens e enredos que pertencem aos produtos midiaacuteticos como filmes seacuteries histoacuterias em quadrinhos videogames mangaacutes animes grupos musicais celebrida-des dentre outros Com a popularizaccedilatildeo da internet no final dos anos 1990 muitos escritores desse tipo de literatura encontraram uma forma mais faacutecil de atingir outros fatildes e pessoas com os mesmos interesses Contudo o surgimento das primeiras fanfictions deu-se muito antes da concretizaccedilatildeo da web Esse tipo de narrativa teria surgido nos EUA na deacutecada de 1970 com a publicaccedilatildeo em fanzines de histoacuterias que eram tributos agrave seacuterie Jornada nas Estrelas Os fatildes desses produtos se apropriam do mote da histoacuteria ou dos seus personagens para criarem narrativas paralelas ao original As fanfics satildeo um belo exemplo de texto multi-modal e narrativa transmidiaacutetica que se refere a uma nova esteacutetica que surgiu em resposta agrave convergecircncia das miacutedias ndash uma esteacutetica que faz novas exigecircncias aos consumidores e depende da participaccedilatildeo ativa de comunidades de conhecimento

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

F

95

FANPAGE

Uma fanpage eacute uma paacutegina do Facebook criada especialmente para ser um canal de comunicaccedilatildeo com fatildes dentro da rede social digital fanpage eacute uma paacutegina para fatildes em traduccedilatildeo literal Os posts e posterior-mente outras redes sociais mudaram nossas vidas e tambeacutem a forma como nos conectamos com o mundo Diferentemente dos perfis pesso-ais a fanpage possui algumas funcionalidades a mais e tem como ob-jetivo reunir a comunidade envolvida com um determinado negoacutecio As fanpages tambeacutem apresentam recursos como aplicativos que promo-vem maior interaccedilatildeo do puacuteblico ferramenta de promoccedilatildeo que permite o impulsionamento dos seus posts aumentando a visibilidade de algum conteuacutedo-chave relatoacuterios de estatiacutesticas que possibilitam que seja feita uma anaacutelise das campanhas promovidas e do engajamento do puacuteblico com as postagens novas curtidas graacuteficos de desempenho entre ou-tros A fanpage eacute um exemplo de hipermiacutedia que surge com a possibili-dade de estabelecer links com diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-lo

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

FOTOGRAFIA DIGITAL

Fotografia feita a partir de dispositivos digitais A fotografia digital frequentemente se assemelha a uma fotografia tradicional A primei-ra possui angulaccedilatildeo cor contrastes iluminaccedilatildeo e diversos elementos componentes da segunda No entanto a fotografia digital apresenta maior flexibilidade uma vez que pode ser manipulada editada recom-binada com outras imagens remodelada e compartilhada com outras pessoas nas redes sociais A fotografia tradicional serve como base para posteriormente ser trabalhada no ambiente digital por meio de programas de ediccedilatildeo ndash Photoshop Gimp Illustrator dentre outros ndash e receber novos elementos e novas cores em busca da comunicaccedilatildeo efi-ciente de ideias Um exemplo muito famoso da fotografia digital circu-lou nas eleiccedilotildees americanas de 2008 a foto conhecida como Hope (Espe-ranccedila) Eacute uma imagem do entatildeo candidato agrave presidecircncia Barack Obama com as cores da bandeira estadunidense e a palavra Hope centrada sob a foto composiccedilatildeo conhecida como pocircster poliacutetico A imagem foi cria-

F G

96

da pelo artista Frank Shepard Fairey fundador da Obey Giant Fairey usou uma fotografia tradicional feita por Mannie Garcia fotoacutegrafo da Associated Press para criar o cartaz atraveacutes da manipulaccedilatildeo de diver-sas camadas e inserccedilatildeo de efeitos Uma das primeiras imagens criadas por Fairey tinha a palavra Progress (Progresso) disposta da mesma for-ma que Hope Soacute em um segundo momento Fairey lanccedilaria a famosa seacuterie com a palavra Hope (Esperanccedila) estampada no cartaz que captu-rou o sentimento de esperanccedila e levou Barack Obama agrave Casa Branca De fato o cartaz de Fairey adquire seu real poder a partir de uma com-binaccedilatildeo de elementos visuais tradicionais e modernos participando de um novo ethos proacuteprio do poacutes-fotograacutefico e das novas miacutedias Pela facilidade de manipulaccedilatildeo poder de comunicar ideias e desencadear sentimentos a fotografia digital pode ser empregada em campanhas publicitaacuterias campanhas eleitorais memes etc

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

GAMIFICACcedilAtildeO E ENSINO

O termo em portuguecircs gamificaccedilatildeo (tambeacutem conhecido como lu-dificaccedilatildeo) vem do inglecircs gamification e estaacute relacionado com o uso de jogos digitais e seus elementos na resoluccedilatildeo de problemas do mundo real Isto quer dizer que a gamificaccedilatildeo pode ser entendida como meacute-todo praacutetica ou sistema baseado em jogos digitais com sua aplicaccedilatildeo fora do cenaacuterio dos games Seu foco eacute ajudar o indiviacuteduo no alcance de um determinado objetivo ou na resoluccedilatildeo de problemas aleacutem de pro-porcionar uma experiecircncia de aprendizagem individual eou coletiva Por causa das caracteriacutesticas luacutedicas e motivadoras da tecnologia digital como um todo surgiram estudos relacionando jogos digitais com aacutereas aleacutem do entretenimento como a aacuterea da educaccedilatildeo Esses estudos permi-tiram uma melhor compreensatildeo dos Serious Games (jogos seacuterios) jogos educativos e gamificaccedilatildeo A diferenccedila destes trecircs termos estaacute no fato de os dois primeiros jogos seacuterios e jogos educativos serem jogos comple-tos e a gamificaccedilatildeo natildeo ser exatamente um jogo mas sim elementos dos games utilizados fora dos proacuteprios jogos Vale ressaltar que existe uma diferenccedila entre a gamificaccedilatildeo no ensino e o uso de jogos digitais na educaccedilatildeo (educational games game-based learning etc) sendo estas duas propostas educativas diferentes Portanto a gamificaccedilatildeo natildeo eacute em si

G H

97

um jogo mas a utilizaccedilatildeo de abstraccedilotildees e metaacuteforas originaacuterias da cul-tura e estudos de videogames em aacutereas natildeo relacionadas a esses jogos

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias SANTOS Thales Gamificaccedilatildeo Um recurso aliado a educaccedilatildeo Orientador Profordf Drordf Alexandra Resende Campos 2019 54 f Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal de Ouro Preto Mariana MG 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwmonografiasufopbrbitstream3540000024279MONOGRAFIA_Gamificac3a7c3a3oRecursoAliadopdfgt Acesso em 4 jul 2020

GRAMAacuteTICA SISTEcircMICO-FUNCIONAL

A gramaacutetica sistecircmico-funcional ou linguiacutestica sistecircmico-funcional eacute uma teoria desenvolvida pelo linguista Michael Alexander Kirkwood Halliday e colaboradores Eacute considerada uma abordagem referente ao estudo da linguagem focada na ideia de ldquofunccedilatildeordquo ou seja considera--se a gramaacutetica condiccedilatildeo de utilizaccedilatildeo para fornecer significados Essa concepccedilatildeo iniciada a partir dos estudos de Halliday nas deacutecadas de 1960 e 1970 eacute definida como sistecircmico-funcional uma vez que conside-ra a liacutengua com uma rede de sistemas associados que o locutor utiliza para gerar significados em contextos de comunicaccedilatildeo Nesse contexto a liacutengua deixa de ser um sistema dominado por regras e passa a ser analisada sob o ponto de vista sociossemioacutetico tornando-se um siste-ma de formaccedilatildeo de significados Como caracteriacutesticas da teoria sistecirc-mico-funcional define-se que o uso da liacutengua eacute funcional a funccedilatildeo da linguagem eacute produzir significados esses significados satildeo influenciados pelos contextos social e cultural em que satildeo negociados o uso da liacutengua produz significados atraveacutes de escolhas

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias EGGINS S An introduction to Systemic Functional Linguistics 2ed London New York Continuum 1994

SANTOS Zaacuteira Bomfante dos A Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional algumas consideraccedilotildees Soletras Revista Rio de Janeiro v 28 p 164-181 juldez 2014

THOMPSON G Introducing Functional Grammar 2 ed Oxford Oxford University Press 2003

HIPERMIacuteDIA

Entende-se por hipermiacutedia conglomerados de informaccedilatildeo multimiacute-dia (verbo som e imagem) de acesso natildeo sequencial navegaacuteveis por

H

98

meio de palavras-chave semialeatoacuterias A hipermiacutedia permite ao leitor apreciar viacutedeos filmes e animaccedilotildees ouvir muacutesicas canccedilotildees e falas no lugar em que se encontram simultacircnea ou quase Na hipermiacutedia haacute tambeacutem a possibilidade de interligar diferentes miacutedias em um produto em vez de simplesmente agrupaacute-las Imagens sons textos animaccedilotildees e viacutedeos podem ser conectados em combinaccedilotildees diversas rompendo com a ideia linear de um texto com comeccedilo meio e fim predetermina-dos e fixos Entende-se por hipermiacutedia tambeacutem um conjunto de infor-maccedilotildees armazenadas e veiculadas por meio de um computador que permite ao usuaacuterio ter acesso a diversos documentos (textos imagens estaacuteticas viacutedeos sons etc) por remissatildeo associativa por meio de links de hipertextos A hipermiacutedia eacute marcada pela oportunidade de interaccedilatildeo leitura natildeo linear extraccedilatildeo de recortes especiacuteficos para atender especi-ficidade sobre o que se procura no processo da navegabilidade

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

HIPERTEXTO

O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson na deacutecada de 1960 para denominar a forma de escritaleitura natildeo linear na infor-maacutetica pelo sistema Xanadu O prefixo hiper- (do grego υπερ- sobre aleacutem) remete agrave superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da linearidade do texto es-crito possibilitando a representaccedilatildeo do nosso pensamento bem como um processo de produccedilatildeo e colaboraccedilatildeo entre as pessoas em uma (re)construccedilatildeo coletiva Ateacute entatildeo a ideia de hipertextualidade havia sido manifestada apenas pelo matemaacutetico e fiacutesico Vannevar Bush atraveacutes do dispositivo Memex Diferentemente do que se costuma pensar a ideia de hipertexto natildeo nasce com a internet As primeiras manifestaccedilotildees hipertextuais ocorrem nos seacuteculos XVI e XVII atraveacutes de manuscritos e marginalia Os primeiros sofriam alteraccedilotildees quando eram transcritos pelos copistas e assim caracterizavam uma espeacutecie de escrita coletiva Os segundos eram anotaccedilotildees realizadas pelos leitores nas margens das paacuteginas dos livros antigos permitindo assim uma leitura natildeo linear do texto Essas marginalia eram posteriormente transferidas para cadernos para que pudessem ser consultadas por outros leitores A noccedilatildeo de hi-pertexto constitui um suporte linguiacutestico-semioacutetico hoje intensamente

H I

99

utilizado para estabelecer interaccedilotildees virtuais desterritorizadas Segun-do a maioria dos autores o termo designa uma escritura natildeo sequencial e natildeo linear que se ramifica e permite ao leitor virtual o acesso prati-camente ilimitado a outros textos a partir de escolhas locais e suces-sivas em tempo real Trata-se pois de um processo de leituraescrita multilinearizado multissequencial e natildeo determinado realizado em um novo espaccedilo ndash o ciberespaccedilo O hipertexto eacute tambeacutem uma forma de estruturaccedilatildeo textual que faz do leitor simultaneamente um coautor do texto oferecendo-lhe a possibilidade de opccedilatildeo entre caminhos diver-sificados de maneira a permitir diferentes niacuteveis de desenvolvimento e aprofundamento de um tema No hipertexto contudo tais possibili-dades se abrem a partir de elementos especiacuteficos nele presentes que se encontram interconectados embora natildeo necessariamente correlaciona-dos ndash os hiperlinks

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias CAVALCANTE Marianne Carvalho Bezerra Mapeamento e produccedilatildeo de sentido os links no hipertexto In MARCUSCHI amp XAVIER (orgs) Hipertextos e Gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

KOCH Ingedore G Villaccedila Desvendando os segredos do texto 4 ed Satildeo Paulo Cortez 2005

MARCUSCHI Luiz Antonio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais Rio de Janeiro Lucerna 2004

INDEXACcedilAtildeO

A palavra indexaccedilatildeo deriva do verbo indexar que significa organi-zar dados de tal modo que seja possiacutevel recuperar as informaccedilotildees de um arquivo Mais que isso eacute uma forma de identificar e encontrar um arquivo em bases de dados Os itens satildeo organizados por associaccedilatildeo a tags ou caracteriacutesticas particulares que o identifiquem entre muitos ou-tros Dessa forma tambeacutem eacute possiacutevel relacionar um material indexado como um arquivo publicado em um site aos resultados de mecanismos de busca (Google Yahoo etc) por exemplo Como natildeo eacute viaacutevel que os sites de busca faccedilam uma varredura on-line a cada pesquisa feita os bus-cadores indexam paacuteginas para criar um banco de dados relacionados as palavras buscadas Por isso as palavras-chave tecircm grande importacircncia pois elas ajudam o banco de dados a selecionar o material disponiacutevel mais coerente com a busca do usuaacuterio

Layla Juacutelia Gomes Mattos

I L

100

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

HISTOacuteRIA DOS SITES DE BUSCA indexaccedilatildeo (O que eacute indexaccedilatildeo) Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsitehistoriasobreossitesdebuscahistoria-siteindexacao~text=A20indexaC3A7C3A3o20C3A920a20formaum20grande20nC3BAmero20de20itensgt Acesso em 10 ago 2020

INTERATIVIDADE

A palavra interatividade surgiu nas deacutecadas de 1960 e 1970 com a evoluccedilatildeo das Tecnologias de Comunicaccedilatildeo e Informaccedilatildeo ndash TIC mais tarde Tecnologias Digitais de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC For-mada pelo prefixo ldquointerrdquo que significa entre uma coisa e outra e a palavra ldquoatividaderdquo que significa capacidade ou tendecircncia para agir para se movimentar para realizar alguma coisa Caracteriza o estado de interativo a capacidade de possibilitar interaccedilatildeo entre o indiviacuteduo e emissor relaccedilatildeo entre o homem-maacutequina e homem-homem que surge com as necessidades do ser humano no mundo globalizado resultando na mudanccedila da interaccedilatildeo humana A interatividade vem crescendo na educaccedilatildeo a distacircncia desde os cursos por correspondecircncia ateacute o ensi-no on-line A interaccedilatildeo entre professorado e alunado ampliou com os avanccedilos das TIC natildeo se limitando a executar e corrigir atividades ou acompanhar videoaulas por exemplo mas na forma como acontece o contato na educaccedilatildeo presencial entres discentes e docentes atraveacutes de ferramentas como chat webconferecircncia e foacuterum

Sabrina Ribeiro

Referecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Editora Objetiva 2001

LETRAMENTO

O vocaacutebulo letramento deriva da palavra inglesa literacy que vem do latim litera que significa letra mais o sufixo -cy que indica quali-dade condiccedilatildeo estado fato de ser Para tratar de letramento eacute preciso compreender a sua diferenccedila relaccedilatildeo e associaccedilatildeo com a alfabetizaccedilatildeo Estudiosos e teoacutericos diferenciam alfabetizaccedilatildeo de letramento da se-guinte forma a alfabetizaccedilatildeo diz respeito ao processo de aprendiza-gem de um coacutedigo e das habilidades de utilizaacute-lo para ler e escrever

L

101

O letramento vai aleacutem do domiacutenio do ato de ler e escrever possibilita tambeacutem o uso dessas habilidades em praacuteticas sociais em que escrever e ler satildeo imprescindiacuteveis O letramento natildeo constitui necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever mas eacute a condiccedilatildeo daquele que consequentemente se apropriou da escrita Quanto ao termo no plural letramentos refere-se aos diversos campos de compreensatildeo e anaacutelise do processo letramento literaacuterio filosoacutefico funcional cartograacutefico ou digital O uso pluralizado do termo eacute marcado por uma ampliaccedilatildeo do sentido de letra que estaacute na raiz etimoloacutegica da palavra para o sentido mais amplo de signos e siacutembolos levando a um certo descentramento da escrita na definiccedilatildeo dos letramentos Portanto letramentos apresen-ta como princiacutepio a complexidade do ato de ler e escrever num contexto de comunicaccedilatildeo mais aacutegil por meio de outros suportes aleacutem do forma-to impresso ou seja a utilizaccedilatildeo de novas miacutedias Neste sentido houve uma convergecircncia do texto para uma tela propiciando uma mudanccedila cultural e consequentemente nos letramentos

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPOS CA CORREcircA HT Praacuteticas de letramento literaacuterio em bibliotecas de escolas puacuteblicas municipais de Ouro Preto In Seminaacuterio de Literatura Infantil e Juvenil 7 2016 Florianoacutepolis Anais Florianoacutepolis UFSC UNISUL 2017 224-231 Disponiacutevel em lthttplinguagemunisulbrpaginasensinoposlinguagemeventossilij7-SLIJ-2017-Anaispdfgt Acesso em 21 jun 2020

COSSON R Letramento Literaacuterio uma localizaccedilatildeo necessaacuteria Letras amp letras v 31 n 3 juldez 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwseerufubrindexPhpletraseletrasarticleview3064416712gt Acesso em 9 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOARES MB Alfabetizaccedilatildeo e letramento Satildeo Paulo Contexto 2003

LETRAMENTO DIGITAL

A expressatildeo letramento digital refere-se agraves praacuteticas sociais de leitu-ra e escrita em ambientes digitais como aqueles propiciados pelos com-putadores ou por dispositivos moacuteveis tais como smartphones e tablets ou outros equipamentos como terminais de banco e eletrodomeacutesticos com interface digital Assim a capacidade de compreender discernir e criar com as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo - TDIC natildeo estatildeo necessariamente ligadas agrave escola pois as pessoas apren-dem sobre o digital no dia a dia Considerando-se que o conceito de letramento trata do conjunto de praacuteticas sociais que usam a escrita em contextos especiacuteficos e com fins determinados alguns pesquisadores

L

102

enfatizam que haacute modalidades diferentes de letramento o que sugere que a palavra seja pluralizada haacute letramentos e natildeo letramento isto eacute diferentes espaccedilos de escrita e mecanismos de produccedilatildeo reproduccedilatildeo e difusatildeo resultam em diferentes letramentos A necessidade de plu-ralizaccedilatildeo da palavra letramento tambeacutem designa variados efeitos cog-nitivos culturais e sociais em funccedilatildeo dos contextos de interaccedilatildeo com a palavra escrita e em funccedilatildeo de variadas e muacuteltiplas formas de interaccedilatildeo com o mundo Neste sentido alguns pesquisadores enfatizam que o letramento digital designa um certo estado ou condiccedilatildeo que adquirem os que se apropriam da tecnologia digital e exercem praacuteticas de leitura e de escrita na tela Ser letrado digitalmente implica saber se comunicar em diferentes situaccedilotildees buscar informaccedilotildees no ambiente digital e se-lecionaacute-las avaliando sua credibilidade Aleacutem do acesso agrave informaccedilatildeo cabe ao leitor estar atento agrave autoria agrave fonte e ter senso criacutetico para ava-liar o que encontra Ser letrado digitalmente implica portanto em fazer uso das TDIC respondendo ativa e criticamente a diferentes propoacutesitos e contextos interagindo e participando socialmente da construccedilatildeo cole-tiva do conhecimento

Daniela Rodrigues Dias

ReferecircnciasCOSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E (Orgs) Letramento Digital aspectos sociais e possibilidades pedagoacutegicas 3 ed Belo Horizonte Ceale Autecircntica 2011

COSCARELLI Carla V RIBEIRO Ana E Letramento Digital In FRADE Isabel C A S VAL Maria G C BREGUNCI Maria G C (Orgs) Glossaacuterio CEALE Termos de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita para Educadores Centro de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrita - CEALE Belo Horizonte Faculdade de Educaccedilatildeo da UFMG 2014

SOARES Magda B Novas praacuteticas de leitura e escrita letramento na cibercultura Educaccedilatildeo e Sociedade v 23 n 31 p 143-160 dez 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfesv23n8113935pdfgt Acesso em 3 ago 2020

LETRAMENTO INFORMACIONAL

A expressatildeo letramento informacional eacute uma traduccedilatildeo de informa-tion literacy cunhada nos Estados Unidos da Ameacuterica na deacutecada de 1970 pelo bibliotecaacuterio americano Paul Zurkowski No Brasil foi no iniacute-cio do seacuteculo XXI que os estudos sobre o tema se iniciaram A pesqui-sadora Bernadete Campello discorre sobre o letramento informacional com maior enfoque nos bibliotecaacuterios e educadores pois esse termo foi usado no contexto norte-americano para caracterizar as competecircncias necessaacuterias ao uso de fontes eletrocircnicas de informaccedilatildeo De modo geral pode-se dizer que o letramento informacional significa um processo de autoaprendizado do indiviacuteduo por meio da tomada de consciecircncia

L

103

de qual eacute a sua necessidade de informaccedilatildeo e as habilidades necessaacuterias para utilizaccedilatildeo das fontes de maneira que possibilite a competecircncia e a autonomia na busca e uso da informaccedilatildeo para gerar conhecimento O letramento informacional tem como finalidade a adaptaccedilatildeo e a socia-lizaccedilatildeo dos indiviacuteduos na sociedade da aprendizagem Sendo assim compreende a capacidade de determinar a sua necessidade de infor-maccedilatildeo acessar a informaccedilatildeo com eficiecircncia avaliar a informaccedilatildeo e suas fontes criticamente incorporar a nova informaccedilatildeo ao conhecimento preacutevio utilizar a informaccedilatildeo de maneira efetiva para alcanccedilar objetivos especiacuteficos compreender os aspectos socioeconocircmicos e legais do uso da informaccedilatildeo bem como acessar e usar a informaccedilatildeo dentro da lei

Elton Ferreira de Mattos

Referecircncias CAMPELLO B Letramento Informacional funccedilatildeo educativa do bibliotecaacuterio na escola Belo Horizonte Autecircntica 2009

DUDZIAK E A Information literacy princiacutepios filosofia e praacutetica Ciecircncia da Informaccedilatildeo Brasiacutelia v 32 n 1 Apr 2003 Disponiacutevel em lthttpswwwscielo brpdfciv32n115970pdfgt Acesso em 12 jul 2020

GASQUE K C G D Letramento informacional pesquisa reflexatildeo e aprendizagem Brasiacutelia Faculdade de Ciecircncia da Informaccedilatildeo 2012

LETRAMENTOS MUacuteLTIPLOS

Para entendermos o conceito de letramentos muacuteltiplos retomemos a noccedilatildeo de letramentos que a partir das transformaccedilotildees nas formas de se pensar e usar a leitura e escrita foi se ressignificando Letramentos no plural nos remete agrave ideia que os letramentos satildeo muitos Sendo assim letramentos satildeo as diversas praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita e natildeo se restringem somente ao saber ler e escre-ver (alfabetizaccedilatildeo) Importante lembrar que alfabetizaccedilatildeo e letramento satildeo termos indissociaacuteveis poreacutem diferentes em termos de processos cognitivos Para ampliar essa complexidade que abarca os letramentos surge a necessidade de conceituaacute-los e adjetivaacute-los como letramentos muacuteltiplos A palavra muacuteltiplos aparece no dicionaacuterio como sinocircnimo de multiacuteplice que aponta para algo composto por elementos complexos e variados Ao atribuir tal adjetivo ao substantivo letramentos formando a expressatildeo letramentos muacuteltiplos entendemos que as praacuteticas sociais e culturais que fazem uso da leitura e escrita satildeo variadas satildeo muitas se multiplicam e tambeacutem satildeo processos complexos pois mesmo um in-diviacuteduo natildeo alfabetizado pode participar de diversas praacuteticas de letra-mento na sociedade sendo assim letrado de uma certa maneira com

L

104

algum niacutevel de letramento Uma possibilidade de definiccedilatildeo pode ser es-tabelecida de modo que os letramentos compreendam as mais variadas formas de utilizaccedilatildeo da leitura e da escrita seja na cultura escolar ou em suas formas dominantes assim como nas diferentes culturas locais e populares como tambeacutem nos produtos da cultura de massa Nessa perspectiva entendemos que eles abrangem diferentes e diversificadas praacuteticas de leitura e escrita por isso satildeo muacuteltiplos Dessa forma fala-mos em letramento literaacuterio filosoacutefico informacional digital etc

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

LIVES (live streaming)

A traduccedilatildeo literal da palavra inglesa live eacute ldquovivordquo ldquopermanecerrdquo ou ldquomorarrdquo Jaacute a palavra streaming pode ser traduzida por ldquotransmissatildeordquo ou seja a expressatildeo live streaming pode ser entendida como ldquotransmis-satildeo ao vivordquo

O avanccedilo da banda larga na internet (em meados de 2005) permitiu que o sistema de streaming (ou seja o fluxo de dados entre a internet e hardwares) pudesse transmitir dados de som e imagens (estaacuteticas eou em movimento) em grande volume O streaming foi um sistema desen-volvido para permitir que o usuaacuterio da internet natildeo precisasse mais realizar o download ndash descarregamentotransferecircncia termos usados na comunicaccedilatildeo em redes de computadores para referenciar a trans-missatildeo de dados de um dispositivo para outro atraveacutes de um canal de comunicaccedilatildeo previamente estabelecido - para o consumo de arquivos audiovisuais Com essa tecnologia a internet recebe as informaccedilotildees (dados) ao mesmo tempo em que as repassa ao usuaacuterio (consumidor dos dados) Assim os dados satildeo baixados instantaneamente conforme o arquivo vai sendo executado armazenados temporariamente e depois deletados do equipamento (computador ou smartphone por exemplo) Assim o streaming possibilitou as lives (ou tambeacutem live streaming) o que basicamente eacute a transmissatildeo de dados ao vivo via internet ou rede de computadores (dados audiovisuais ou somente aacuteudio) em que os dados gravados satildeo transmitidos em tempo real aos dispositivos conectados

A primeira realizaccedilatildeo de uma live streaming aconteceu em 1993 pelo grupo musical Severe Tire Damage Formada por profissionais de empre-sas de tecnologia de Palo Alto na Califoacuternia a banda transmitiu um pequeno show realizado no Centro de Pesquisa da Xerox e se tornou a

L M

105

pioneira no live streaming A partir de entatildeo essa tecnologia permitiu a transmissatildeo de eventos dos mais diversos como partidas esportivas ateacute palestras e aulas on-line

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias LIVE streaming tudo o que vocecirc precisa saber sobre essa tecnologia Netshowme 2017 Disponiacutevel em lthttpsnetshowmebloglive-streaming-tudo-o-que-voce-precisa-sabergt Acesso em 15 de jul de 2020

LIVE streaming Wikipedia 2020 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiLive_streaminggt Acesso em 15 de jul de 2020

DOWNLOAD e upload Wikipedia 2004 Disponiacutevel em lthttpsptwikipediaorgwikiDownload_e_uploadgt Acesso em 15 de jul de 2020

MASHUPS

Mashup eacute uma palavra da liacutengua inglesa traduzida para o portu-guecircs como ldquomisturardquo Denominamos mashup uma canccedilatildeo ou composi-ccedilatildeo criada a partir da mistura e combinaccedilatildeo de duas ou mais canccedilotildees eou viacutedeos preexistentes Esse tipo de obra tem suas origens na dissemi-naccedilatildeo de remixes musicais ao longo do seacuteculo XX os quais passaram a misturar elementos de duas ou mais canccedilotildees Essas produccedilotildees torna-ram-se populares ao longo dos anos 1990 em vaacuterios gecircneros musicais principalmente a partir do desenvolvimento de tecnologias e softwares de digitalizaccedilatildeo do som Essa popularizaccedilatildeo ao longo do seacuteculo XX ex-trapolou o acircmbito da muacutesica de forma que o mashup tornou-se um mo-delo conceitual para criaccedilotildees em diversos tipos de miacutedia Os mashups satildeo tipos de remixes caracterizados pela combinaccedilatildeo de elementos de duas ou mais fontes (aparentemente muito distintas entre si) numa nova obra que pode ou natildeo retomar explicitamente essas fontes Um exemplo de mashup eacute a combinaccedilatildeo de canccedilotildees de Bob Marley (No wo-man no cry) e The Beatles (Let it be) para gerar um novo material intitu-lado Bob Marley vs The Beatles - Let it be no cry e divulgado no YouTube

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias BUZATO M E K et al Remix mashup paroacutedia e companhia por uma taxonomia multidimensional da transtextualidade na cultura digital Rev bras linguist apl v 13 n 4 p 1191-1221 2013

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

106

MEMES

A palavra meme vem do grego mimema que significa imitaccedilatildeo Sua primeira apariccedilatildeo foi em 1976 no livro The Selfish Gene (O gene egoiacutesta) de Richard Dawkins Na obra o termo meme eacute descrito como ldquouma unidade de transmissatildeo cultural ou uma unidade de imitaccedilatildeordquo Um meme pode ser uma histoacuteria um haacutebito uma habilidade uma maneira de fazer coisas que copiamos de uma pessoa para outra atraveacutes da imi-taccedilatildeo Na oacutetica da cibercultura meme eacute tudo aquilo que se propaga ou espalha aleatoriamente com algum conteuacutedo humoriacutestico Memes po-dem ser viacutedeos virais feitos para circular e ser redistribuiacutedo em redes sociais geralmente dentro de tradiccedilotildees de ciberativismo consistem no remix de um mesmo fragmento de material audiovisual acrescido de uma nova informaccedilatildeo uma nova legenda dublagem eou outros frag-mentos de viacutedeos

Pode-se dizer que os memes satildeo uma espeacutecie de ldquoproduccedilatildeordquo que traz consigo alguma criacutetica eou teor humoriacutestico a partir do remix de outra obra (visual audiovisual etc) podendo ser replicada para atingir uma grande quantidade de pessoas

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SOUZA Carlos Memes Formaccedilotildees discursivas que ecoam no ciberespaccedilo Veacutertices Campos dos Goytacazes RJ v 15 n 1 p 127-148 2013 DOI 1059351809-266720130011 Disponiacutevel em lthttpessentiaeditoraiffedubrindexphpverticesarticleview1809-2667201300112743gt Acesso em 3 jul 2020

METAMIacuteDIA

A ideia de metamiacutedia decorre do teoacuterico canadense Marshall McLuhan O prefixo meta remete a uma dimensatildeo midiaacutetica intersti-cial um devir-miacutedia que estaacute em permanente transformaccedilatildeo segundo o termo originalmente cunhado por Alan Kay e Adele Golberg Fenocirc-meno que refuta a separaccedilatildeo dos elementos e a organizaccedilatildeo da miacutedia segundo padrotildees Um dos princiacutepios baacutesicos e que sustenta os demais eacute a ldquorepresentaccedilatildeo numeacutericardquo o que significa a capacidade que a miacutedia digital possui de emular qualquer objeto em termos puramente formais ou matemaacuteticos Outro princiacutepio para compreender a metamiacutedia eacute a variabilidade o que possibilita que os objetos digitais existam numa in-finidade de versotildees Para melhor compreender essa questatildeo os produ-

M

107

tos midiaacuteticos satildeo o resultado de diferentes algoritmos que modificam uma estrutura singular de dados Trata-se de uma miacutedia que conjugaria constantemente todas as anteriores Diferentes meios de comunicaccedilatildeo estatildeo em constante relaccedilatildeo de contato e apropriaccedilatildeo uns com os outros O raacutedio surge como metamiacutedia do jornal impresso alcanccedilando sua au-tonomia A tevecirc eacute uma metamiacutedia do raacutedio A internet eacute metamiacutedia das miacutedias anteriores mas agrega a especificidade da interaccedilatildeo da reelabo-raccedilatildeo e difusatildeo por ela mesma do conteuacutedo ressignificado pelo usuaacuterio

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

SATUF Ivan Contribuiccedilotildees e desafios da Teoria Ator-Rede para o estudo da metamiacutedia Esferas Ano 6 nordm 11 Julho a dezembro de 2017

METODOLOGIAS ATIVAS

As chamadas metodologias ativas constituem um conjunto de meacute-todos e maneiras de ensino e aprendizagem para que os alunos apren-dam de forma autocircnoma e participativa a partir de problemas e si-tuaccedilotildees reais Satildeo exemplos de metodologias ativas a aula invertida a pedagogia de projetos a aprendizagem baseada em investigaccedilatildeo a aprendizagem baseada em problemas dentre outras Nas metodologias ativas o estudante eacute o centro do processo de aprendizagem participan-do efetivamente e sendo responsaacutevel pela construccedilatildeo do conhecimento

Para se trabalhar na perspectiva das metodologias ativas eacute preciso que os curriacuteculos escolares as metodologias os tempos e os espaccedilos sejam revistos a fim de promover uma evoluccedilatildeo para se tornar relevan-te frente agraves constantes mudanccedilas na sociedade As tecnologias digitais permitem hoje em dia a integraccedilatildeo de espaccedilos e tempos tornando-se importantes nos processos educacionais O ensinar e aprender deve acontecer em uma interligaccedilatildeo simboacutelica profunda constante entre o que chamamos mundo fiacutesico e mundo digital Natildeo satildeo dois mundos ou dois espaccedilos mas um espaccedilo estendido em uma sala de aula ampliada e que se hibridiza constantemente Por isso a educaccedilatildeo formal eacute cada vez mais misturada hiacutebrida porque natildeo acontece soacute no espaccedilo fiacutesico da sala de aula mas nos muacuteltiplos espaccedilos do cotidiano que incluem os espaccedilos digitais O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos mas tambeacutem digitalmente com as tecnologias moacuteveis equilibrando a interaccedilatildeo com todos e com cada um Nesse contexto as metodologias ativas satildeo praacuteticas escolarizadas que buscam explorar

M

108

todo o potencial de aprendizagem dos alunos por meio de ferramentas tecnoloacutegicas disponiacuteveis no mundo globalizado

Leidelaine Seacutergio Perucci e Heacutercules Tolecircdo Correcirca

Referecircncias MOacuteRAN Joseacute Manuel Mudando a educaccedilatildeo com metodologias ativas Coleccedilatildeo Miacutedias Contemporacircneas Convergecircncias Midiaacuteticas Educaccedilatildeo e Cidadania aproximaccedilotildees jovens Ponta Grossa UEPGPROEX v II 2015 Disponiacutevel em lthttpwww2ecauspbrmoranwp-contentuploads201312mudando_moranpdfgt Acesso em 29 jul 2020

MIacuteDIAS

A palavra miacutedia vem do latim medium cujo plural eacute media com sen-tido de meio A pronuacutencia aportuguesada miacutedia vem do inglecircs em que o ldquoerdquo eacute pronunciado como o ldquoirdquo em portuguecircs A palavra foi introdu-zida no portuguecircs brasileiro nos anos 1960 com o sentido de ldquomeio de comunicaccedilatildeo (social) de massardquo e tem como exemplos mais comuns os jornais impressos o raacutedio a televisatildeo que tiveram seu auge durante o seacuteculo XX A palavra foi introduzida no inglecircs no final do seacuteculo XIX e iniacutecio do seacuteculo XX agrave eacutepoca da invenccedilatildeo do teleacutegrafo da fotografia e do raacutedio para designar a comunicaccedilatildeo entre pessoas distantes espacial-mente de forma anaacuteloga agraves que se realizavam nas sessotildees espiacuteritas por meio de uma pessoa (meacutedium) que servia de mediador entre um espiacuteri-to e as pessoas presentes em uma reuniatildeo realizada com essa intenccedilatildeo Atualmente a palavra eacute usada para designar a imprensa (a grande miacute-dia ou seja os grandes jornais e as grandes redes de comunicaccedilatildeo e a chamada miacutedia alternativa iniciativas que surgem como possibilidade de informaccedilotildees natildeo veiculadas da mesma forma pelas miacutedias de maior poder de penetraccedilatildeo) Na aacuterea da publicidade tem sentido mais especiacute-fico ligado agrave escolha dos veiacuteculos em que determinadas campanhas satildeo disponibilizadas A palavra miacutedia eacute usada ainda para designar a base fiacutesica para a tecnologia empregada no registro e veiculaccedilatildeo da informa-ccedilatildeo por exemplo um CD um pen drive ou um impresso No portuguecircs de Portugal usa-se normalmente a forma meacutedia

Heacutercules Tolecircdo CorrecircaReferecircncias HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da Liacutengua Portuguesa Rio de Janeiro Ed Objetiva 2001

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

M

109

MULTILETRAMENTOS

A palavra multiletramentos eacute formada pelo prefixo mult(i) - do la-tim multus a um correspondente a abundante numeroso em gran-de quantidade - e a palavra letramentos Antes de conceituaacute-la eacute ne-cessaacuterio compreender o que se entende por letramento No Brasil em meados dos anos 1990 esse termo ganha destaque nos estudos de lin-guagem e educaccedilatildeo ao ir aleacutem da ideia de alfabetizaccedilatildeo O letramento eacute um conceito de visatildeo antropoloacutegica ou seja diz respeito aos usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de diferentes ma-neiras sendo socialmente valorizados ou natildeo de diferentes grupos e esferas sociais e culturais Portanto letramento natildeo considera somen-te o sujeito que sabe ler e escrever mas sim eacute o estado ou a condiccedilatildeo que adquire um indiviacuteduo ou grupo social ao se apropriar da escrita A partir desse conceito o adjetivo ldquoletradordquo pode ser entendido como o indiviacuteduo que convive com diversas praacuteticas de leitura e escrita sa-bendo ler ou natildeo Pensando nas diversas situaccedilotildees em que utilizamos a leitura e a escrita surge entatildeo a necessidade de tornar esse conceito plural letramentos Vaacuterias atividades em nosso cotidiano demandam o uso da escrita e mesmo os indiviacuteduos que satildeo analfabetos tambeacutem participam de praacuteticas letradas ou seja modos culturais de utilizar a linguagem escrita em suas vidas cotidianas que variam de acordo com os contextos culturais e sociais Pensando nisso na diversidade de praacute-ticas letradas que surgem com as transformaccedilotildees culturais linguiacutesticas e econocircmicas da sociedade surge a necessidade de ampliar o conceito de letramentos A partir dessa necessidade nasce o conceito de multi-letramentos do inglecircs multiliteracy que surge da reuniatildeo de um grupo de pesquisadores de aacutereas distintas da linguagem que ficou conhecido como New London Group - NLG (Grupo de Nova Londres) no ano de 1996 cujo objetivo era discutir as transformaccedilotildees do mundo globaliza-do seu impacto no ensino de liacutenguas e as transformaccedilotildees pelas quais os textos vinham incorporando ao longo do tempo Para esses pesquisa-dores os textos estavam se modificando ou seja natildeo eram somente de caraacuteter escrito e sim compostos de muacuteltiplas e diferentes linguagens a chamada multimodalidade Os multiletramentos apontam para dois aspectos principais do uso da linguagem sendo eles as diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e a diversidade de contextos e culturas que constituem a sociedade No que diz respeito agraves muacuteltiplas lingua-gens ou agrave multimodalidade dos textos entendemos que os textos que circulam socialmente impressos em diferentes suportes e digitais satildeo compostos por muacuteltiplas semioses e linguagens O segundo aspecto diz respeito agrave multiplicidade cultural que aponta para a variedade de cul-

M

110

turas de produccedilatildeo cultural letrada e do hibridismo textual baseado na eliminaccedilatildeo de fronteiras entre o culto e o popular Aleacutem dessa multipli-cidade surge tambeacutem uma nova eacutetica que natildeo se baseia na ideia de pro-priedade (como o direito autoral) mas no diaacutelogo entre novos partici-pantes (o remix) e uma nova esteacutetica baseada na ideia de ldquocoleccedilatildeordquo em que cada indiviacuteduo seleciona por uma questatildeo esteacutetica de apreciaccedilatildeo conforme seus gostos Os multiletramentos portanto correspondem a esses textos multissemioacuteticos que proporcionam novas relaccedilotildees e expe-riecircncias entre indiviacuteduos textos e culturas

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias COPE Bill KALANTZIS Mary A pedagogy of Multiliteracies designing social futures In COPE B KALANTZIS M (Eds) Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures New York Routledge 2000 p 9-37

KLEIMAN Angela B (Org) Os significados do Letramento uma nova perspectiva sobre a praacutetica social da escrita Campinas SP Mercado de Letras 1995

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTILINGUISMO

Mulltilinguismo se refere agrave presenccedila de vaacuterias liacutenguas em coexis-tecircncia O reconhecimento dessa coexistecircncia como um estado natural de um mundo globalizado contribui para a promoccedilatildeo de uma educaccedilatildeo antirracista e valoriza a importacircncia dessas liacutenguas no desenvolvimen-to social e cultural bem como econocircmico e poliacutetico Diante disso focar em uma liacutengua nacional natildeo eacute uma resposta educacional adequada a um mundo multiliacutengue Pessoas multiliacutengues desenvolvem capacida-des de compreender melhor culturas e maneiras de pensar diferentes tal experiecircncia tambeacutem possibilita que se adaptem a necessidades que as liacutenguas dominantes demandem seja no acircmbito linguiacutestico seja no conceitual

No Brasil a liacutengua portuguesa eacute o idioma oficial mas no ano de 2010 por meio do decreto nordm 7387 foi criado o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) identificando 32 municiacutepios com doze liacutenguas cooficiais quatro de descendentes de imigrantes e oito liacutenguas indiacutegenas O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE tam-beacutem no ano de 2010 em uma primeira contagem desde 1950 conseguiu mapear por meio de um censo demograacutefico duzentas e setenta e qua-tro liacutenguas indiacutegenas e tambeacutem trezentas e cinco etnias Aleacutem dessas existem ainda outras multiplicidades como liacutenguas de sinais crioulas afrodescendentes e variaccedilotildees da liacutengua portuguesa em diversas regi-

M

111

otildees do paiacutes Contudo uma naccedilatildeo multiliacutengue se constroacutei com medidas institucionais que se movimentam para aleacutem do reconhecimento da existecircncia de muacuteltiplas liacutenguas no paiacutes Faz-se necessaacuterio investir em instacircncias educacionais que promovam acesso a conhecimento e que valorizem o patrimocircnio cultural (familiar histoacuterico e linguiacutestico) dos cidadatildeos

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias ARCHANJO Renata Globalizaccedilatildeo e Multilingualismo no Brasil Competecircncia Linguiacutestica e o Programa Ciecircncia Sem Fronteiras Revista Brasileira de Linguiacutestica Aplicada Belo Horizonte v 15 ed 3 julset 2015 DOI httpsdoiorg1015901984-639820156309 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrjrblaazCHkdXKkKVJ68hNBktdGWMLlang=ptgt Acesso em 22 jul 2020

Finger I Alves U K Fontes A B A da L amp Preuss E O (2016) Diaacutelogos em multilinguismo uma discussatildeo sobre as pesquisas realizadas no labicoufrgs Letrocircnica s97-s113 httpsdoiorg10154481984-43012016s22390 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpletronicaarticleview22390gt Acesso em 26 jul 2020

LEMOS Ameacutelia Francisco Filipe da C Liacutengua e cultura em contexto multilingue um olhar sobre o sistemaeducativo em Moccedilambique Educar em Revista Curitiba v 34 ed 69 p 17-32 maiojun 2018 DOI 1015900104-406057228 Disponiacutevel em lthttpsrevistasufprbreducararticleview5722835458gt Acesso em 15 jul 2020

LOTHERINGTON H Pedagogy of Multiliteracies Rewriting Goldilocks 1ordf Ediccedilatildeo Editora Routledge 2011

MORELLO R Multilinguismo e ensino nas fronteiras Liacutenguas e Instrumentos Liacutenguiacutesticos Campinas SP n 43 p 217ndash236 2019 DOI 1020396lilv0i438658350 Disponiacutevel em lthttpsperiodicossbuunicampbrojsindexphplilarticleview8658350gt Acesso em 26 jul2020

MULTIMIacuteDIA

A palavra multimiacutedia relaciona-se com os campos da comunicaccedilatildeo e da informaacutetica Pode-se compreendecirc-la como muacuteltiplos meios para se realizar uma comunicaccedilatildeo utilizaccedilatildeo de meios de comunicaccedilatildeo di-ferentes com vaacuterios suportes de difusatildeo de informaccedilatildeo notadamente imagem e som qualquer recurso de comunicaccedilatildeo ou meio de expressatildeo em que se utiliza mais de um canal de comunicaccedilatildeo Uma apresentaccedilatildeo multimiacutedia eacute contextualizada pela utilizaccedilatildeo de imagem viacutedeo anima-ccedilatildeo som ou uma combinaccedilatildeo dessas miacutedias Na informaacutetica o conceito define a possibilidade de possuir todos os meios de comunicaccedilatildeo entre um computador e o usuaacuterio ainda que estes natildeo sejam bidirecionais Em uma campanha publicitaacuteria ou um plano de miacutedia multimiacutedia eacute a combinaccedilatildeo de diferentes meios e veiacuteculos que favorecem os objetivos de comunicaccedilatildeo cobertura e distribuiccedilatildeo Uma empresa multimiacutedia eacute

M

112

marcada pelo desenvolvimento de produtos que combina a utilizaccedilatildeo de vaacuterias miacutedias ou que oferece serviccedilos independentes (que natildeo se re-lacionam necessariamente) como eacute o caso de um conglomerado indus-trial que possui canais de raacutedio televisatildeo revistas jornais serviccedilos de portalsite fotografia etc O conglomerado pode gerar produtos multi-miacutedia eou oferecer serviccedilos multimiacutedia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MICHAELIS Michaelis Dicionaacuterio Brasileiro da Liacutengua Portuguesa Acesso em lthttpsmichaelisuolcombrgt Acesso em 17 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

PRIBERAM Disponiacutevel em lthttpsdicionariopriberamorggt Acesso em 17 jul 2020

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infantojuvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

MULTIMODALIDADE

A multimodalidade eacute um fenocircmeno em que diferentes modos se-mioacuteticos isto eacute diferentes linguagens como idiomas representaccedilotildees visuais gestos satildeo combinados e integrados em situaccedilotildees comunicati-vas O conceito de multimodalidade geralmente ligado agrave palavra texto comeccedilou a ser usado diante de caracteriacutesticas natildeo verbais que um texto expressa englobando imagens som e gestos Um texto multimodal traz mais de uma modalidade linguiacutestica verbal ou natildeo verbal integradas em situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo

A multimodalidade natildeo eacute apenas a soma de linguagens mas a inte-raccedilatildeo entre linguagens diferentes em um mesmo texto Em um mundo marcado por princiacutepios verbais escritos de produccedilatildeo do texto esse se manifesta organizado segundo princiacutepios imageacuteticos de produccedilatildeo

A multimodalidade eacute encontrada em uma conversa face a face em que gestos e expressotildees faciais se unem agrave linguagem verbal Outro exemplo eacute visto nos livros infantis que usam diferentes texturas chei-ros e ateacute mesmo figuras que saltam de suas paacuteginas para estimular os sentidos das crianccedilas

M

113

O conceito de multimodalidade surge a partir da teoria semioacuteti-ca mais especificamente da Semioacutetica Social dos estudiosos Gunther Kress e Leeuwen A semioacutetica prima pelo estudo do texto em suas dife-rentes formas e linguagens mais especificamente focando em explicar o que ele diz e como faz para dizer o que diz

Embora mais utilizada para se referir a textos digitais a multimo-dalidade jaacute era encontrada em pinturas rupestres que demonstram a vida cotidiana do homem expressa por signos Atualmente os textos verbais convivem mutuamente com iacutecones fotos viacutedeos expressando a sua multimodalidade

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias BARROS Diana Luz de Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

CORREcircA Heacutercules T e COSCARELLI Carla V Multimodalidade MIL Daniel (Org) Dicionaacuterio criacutetico da educaccedilatildeo e tecnologias e de educaccedilatildeo a distacircncia Satildeo Paulo Papirus 2018

ROJO Roxane MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MULTISSEMIOSE

Multissemiose eacute a combinaccedilatildeo de diversos sistemas semioacuteticos como a linguagem verbal e a natildeo verbal em um mesmo texto Assim sendo podemos conceber o texto multissemioacutetico tambeacutem chamado de multimodal por alguns estudiosos como uma interaccedilatildeo semacircntica en-tre fala imagens escrita e outros modos veiculados por meio de outros sentidos ndash tato e paladar por exemplo A multissemiose estaacute presente em textos que nos permitem interpretar uma mensagem imagetica-mente de modo que o leitor tenha aleacutem do texto verbal alguns recur-sos visuais que facilitem o processamento do conteuacutedo em si

A multissimeiose eacute uma marca dos textos na sociedade atual re-pleta de panfletos outdoors reconhecimento automaacutetico de voz textos verbais acompanhados de fotos imagens diversas emoticons e emojis

Andresa Carla Gomes de Carvalho

Referecircncias KRESS G VAN L T Reading images the grammar of visual design 2 ed London amp New York Routledge 2006

ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2009

VIEIRA Mauriceacuteia de Paula A leitura de textos multissemioacuteticos novos desafios para velhos problemas Anais do SIELP Uberlacircndia EDUFU 2012 v 2 n 1

N

114

NOVOS ESTUDOS DO LETRAMENTO

O termo letramento vem sendo acompanhado de diferentes adjetivos e outros termos qualificadores ao longo dos anos a partir do seu sur-gimento no Brasil nos anos 1980 Antes de definirmos Novos Estudos do Letramento eacute importante relembrar o que se entende por letramen-to Numa perspectiva socioantropoloacutegica o termo letramento pode ser entendido como usos e praacuteticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam eles socialmente valorizados ou natildeo locais (proacuteprios de uma comunidade especiacutefica) ou globais re-cobrindo contextos sociais diversos (famiacutelia igreja trabalho miacutedias escolas etc) em grupos sociais e comunidades culturalmente diversifi-cadas e o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em dife-rentes situaccedilotildees de uso dela Constitui-se portanto um sujeito letrado aquele que domina essas praacuteticas sociais de leitura e escrita Partamos entatildeo para o que chamamos de Novos Estudos do Letramento Novos ndash plural de novo ndash que se caracteriza pela atualidade pela contempo-raneidade ndash e atribuiacutedo aos estudos do letramento Esse conceito surge ao se observar que os estudos do letramento estavam caminhando para um vieacutes mais social do que cognitivo Essa denominaccedilatildeo New Litera-cy Studies (NLS) foca em uma visatildeo mais social do letramento Esse ldquonovordquo se relaciona agrave ideia de ldquovirada socialrdquo ndash termo representou uma mudanccedila paradigmaacutetica da mente do indiviacuteduo passou-se a conside-rar leitura e escrita a partir do contexto das praacuteticas sociais e culturais (histoacutericas poliacuteticas e econocircmicas) ndash ou seja um aprofundamento das praacuteticas sociais culturais e locais de uso do letramento Esse caraacuteter etnograacutefico proposto pelos NLS enquanto um modelo de pesquisa envolve enquadramentos conceitualizaccedilotildees conduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo escrita e relato associado a um estudo amplo profundo e de longa du-raccedilatildeo de um grupo social ou cultural A partir dos estudos fundamen-tados na metodologia da etnografia o NLS apresenta duas concepccedilotildees de letramento autocircnomo e ideoloacutegico Pela perspectiva do letramento autocircnomo entende-se que o indiviacuteduo age de maneira independente Trata-se de um modelo de letramento que natildeo depende de um contexto social pois estaacute baseado em noccedilotildees de neutralidade e universalidade do conhecimento a ser transmitido ou seja o letramento por si soacute eacute autocircnomo capaz de produzir efeitos sobre praacuteticas cognitivas e sociais desconsiderando as condiccedilotildees sociais culturais e econocircmicas ineren-tes agrave vida social Jaacute na perspectiva do letramento ideoloacutegico as praacute-ticas de letramento variam de um contexto a outro isso porque esse modelo entende o letramento como uma praacutetica social e natildeo somente uma habilidade teacutecnica e neutra Nessa perspectiva o modo como as

N

115

pessoas se relacionam com a leitura estaacute enraizado na representaccedilatildeo dessas pessoas sobre o conhecimento Diferente do modelo autocircnomo em que o letramento eacute algo ldquodadordquo aos sujeitos o letramento ideoloacutegico seraacute reformulado reapropriado de maneiras diferentes de acordo com o contexto em que tiver inserido e com a identidade dos sujeitos-mem-bros de uma comunidade

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias BEVILAQUA Raquel Novos estudos do letramento e multiletramentos divergecircncias e confluecircncias RevLet Revista Virtual de Letras v 5 n1 janjul 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwrevletcombrartigos175pdfgt Acesso em 5 jul 2020

ROJO Roxane H R MOURA Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

STREET B V Literacy and multimodality STIS Lecture Inter-Disciplinary Seminars Laboratoacuterio SEMIOTEC da FALEUFMG Faculdade de Letras Belo Horizonte Brazil 2012

NOVOS (MULTI)LETRAMENTOS

Para compreendermos o que se designa de Novos (multi)letramen-tos eacute importante retomar brevemente o conceito de multiletramentos Os multiletramentos se constituem a partir das diferentes e muacuteltiplas linguagens dos textos e da diversidade de contextos e culturas que cons-tituem a sociedade Sendo assim ao longo do tempo surgiu a necessida-de de atribuir o adjetivo novos (no plural) ndash que aponta para algo que vigora que tem curso atual e substitui algo jaacute ultrapassado ndash ou seja a incorporaccedilatildeo desse adjetivo caminha para uma ideia de que surgiram ou se ampliaram os usos de novas linguagens e estamos em uma diver-sidade de contextos e culturas mais amplos Um dos fatores que moti-varam o emprego dessa ideia de novo eacute o uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo A internet mudou e ampliou as praacuteticas de letramento(s) promovendo assim uma novidade em relaccedilatildeo agraves praacuteti-cas sociais Os novos letramentos surgem com a internet e a tecnologia e para isso demandam novas habilidades de utilizaccedilatildeo como uso de aplicativos de texto que tambeacutem integram sons imagens e animaccedilotildees Aleacutem disso os novos dispositivos vecircm se transformando e se modifi-cando cada vez mais para atender as diferentes demandas da sociedade como por exemplo os smartphones os tablets os laptops os smartwatches (reloacutegios digitais com funccedilotildees diversas)Todos esses novos letramentos possuem esse caraacuteter multi (muitos) satildeo muacuteltiplos multimodais e mul-tifacetados Aleacutem disso esses novos letramentos satildeo mais participati-

N O

116

vos colaborativos e distributivos Essas novas tecnologias assim como esses novos dispositivos promoveram novas possibilidades de textosdiscursos como o hipertexto a multimiacutedia e depois a hipermiacutedia que por sua vez ampliaram a multissemiose ou multimodalidade dos tex-tosdiscursos requisitando assim novos (multi)letramentos

Beatriz Toledo Rodrigues

Referecircncias MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

OBJETOS DE APRENDIZAGEM ndash recursos digitais

No mundo globalizado os objetos de aprendizagem possuem uma estreita ligaccedilatildeo com as tecnologias digitais e a internet Dessa manei-ra agrave medida que as tecnologias digitais se aprimoram os recursos se apresentam com maiores possibilidades de ocuparem lugares no cam-po educacional possibilitando uma maior interatividade dos alunos professores e conteuacutedos escolares e consequentemente uma aprendi-zagem mais eficaz O conceito busca estabelecer formalismos para o desenvolvimento de conteuacutedos didaacuteticos que sejam acessiacuteveis a qual-quer ambiente virtual de ensino-aprendizagem e aplicaacuteveis em dife-rentes contextos Os objetos de aprendizagem (OAs) satildeo ferramentas ou recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados no suporte do aprendizado Tais recursos podem compreender viacutedeos imagens hipertextos apresentaccedilotildees em slides etc A essecircncia dos OAs repousa sobre quatro caracteriacutesticas fundamentais acessibilidade reutilizaccedilatildeo durabilidade e interoperabilidade nas quais espera-se que aleacutem de po-derem ser encontrados e modificados sem perdas de qualidade teacutecnica ou didaacutetica duraacuteveis os OAs possam ser operados a partir de diferentes softwares e ambientes virtuais

Leidelaine Seacutergio Perucci

Referecircncias DIAS Carla Cristina Lu et al Padrotildees abertos aplicabilidade em Objetos de Aprendizagem (OAs) XX Simpoacutesio Brasileiro de Informaacutetica na Educaccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpsbr-ieorgpubindexphpsbiearticleview11631066gt Acesso em 29 jul 2020

SILVA Robson Santos Objetos de aprendizagem para Educaccedilatildeo a Distacircncia Satildeo Paulo Novatec Editora 2011 Disponiacutevel em lthttpss3novateccombrcapituloscapitulo-9788575222256pdfgt Acesso em 29 jul 2020

P

117

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Haacute uma discussatildeo terminoloacutegica que perpassa as consideraccedilotildees sobre trecircs expressotildees que compotildeem o campo e estudo sobre pedago-gia de projetos Satildeo eles meacutetodo de projetos trabalho com projetos e pedagogia de projetos Traccedilar essa delimitaccedilatildeo carece reconhecer os fundamentos teoacutericos que iniciaram essa trajetoacuteria de discussatildeo contri-buindo para consolidar o campo de estudos sobre as temaacuteticas e assim possibilitar aberturas para novos desdobramentos no campo teoacuterico e metodoloacutegico acerca da pedagogia de projetos Pensar numa pedagogia engloba o sentido etimoloacutegico da palavra paidagōgiacutea que significa lsquodi-reccedilatildeo ou educaccedilatildeo de crianccedilasrsquo ou seja educaccedilatildeo abrange pressupostos fundamentos diaacutelogo entre diferentes teorias que demarcam a conso-lidaccedilatildeo de um campo de conhecimentos teoacutericos e metodoloacutegicos em articulaccedilatildeo relaccedilatildeo dialoacutegica entre aspectos globais e locais Associar a expressatildeo meacutetodo eou trabalho com projetos demanda uma atuaccedilatildeo e olhar mais especiacuteficos sobre o trabalho pedagoacutegico a ser realizado Estudiosos do assunto apresentam uma cronologia do desenvolvimen-to teoacuterico e metodoloacutegico do trabalho baseado em projetos que teria se iniciado no final do seacuteculo XVI mais precisamente em 1590 nas escolas de arquitetura da Europa Essa trajetoacuteria tem sua continuidade em 1765 quando o trabalho com projetos eacute considerado meacutetodo de ensino e im-plementado nas Ameacutericas Em 1880 o trabalho com projetos eacute instituiacute-do nas escolas de formaccedilatildeo manual e nas escolas puacuteblicas em geral No ano de 1915 haacute redefiniccedilatildeo sobre o trabalho com projetos e retorno des-sa problematizaccedilatildeo na Europa Por fim entre os anos de 1965 e 2006 haacute a redescoberta do trabalho com projetos e sua divulgaccedilatildeo internacional pela terceira vez Hoje essa metodologia estaacute amplamente difundida e utilizada por diferentes aacutereas A efervececircncia da discussatildeo que culmi-na na expressatildeo pedagogia de projetos esbarra nos aspectos histoacutericos e econocircmicos ao longo do seacuteculo XX mas centra-se no decliacutenio dos mo-delos taylorista e fordista que dinamizavam as empresas influenciando a estrutura e forma de organizaccedilatildeo da dinacircmica escolar ponto este de tensatildeo que contribuiu para um (re)pensar educativo atraveacutes da pedago-gia de projetos por parte de todos os envolvidos na dinacircmica da escola e assim propiciar possibilidades de transiccedilatildeo da estrutura escolar tradi-cional para apropriar-se de abordagens mais dinacircmicas atrativas e ati-vas A pedagogia de projetos constitui-se de forma a articular aspectos antes fragmentados como o diaacutelogo entre as disciplinas escolares que favorece a integralidade curricular e com isso uma avaliaccedilatildeo natildeo mais centralizada mas articulada com diversos instrumentos subjacentes ao processo baseados na autonomia e proatividade do aluno A concepccedilatildeo inicial e origem da utilizaccedilatildeo da expressatildeo ldquopedagogia de projetosrdquo par-

P

118

te das contribuiccedilotildees do filoacutesofo e educador escolanovista John Dewey (1959 1971) no que se refere agraves percepccedilotildees sobre uma experiecircncia de produccedilatildeo de conhecimento de engajamento e participaccedilatildeo nas etapas que constituem os processos educativos Assim pretende-se por meio da pedagogia de projetos oferecer uma educaccedilatildeo pautada na postura ativa e natildeo mais passiva dos educandos descentralizando a atuaccedilatildeo docente o que remodela a forma de organizar aspectos estruturantes de se fazer e viver a escola sua dinacircmica e organizaccedilatildeo ao decentrali-zar a atuaccedilatildeo dos participantes do cotidiano escolar Essa experiecircncia ajuda a repensar reordenar e assim ressignificar as percepccedilotildees sobre os elementos que constituem o processo de ensino e reposiciona os parti-cipantes desse processo estabelecendo uma relaccedilatildeo horizontal pautada no engajamento e caraacuteter colaborativo de forma a atender as especifici-dades que surgem no processo de ensino e aprendizagem individual e coletivamente bem como atender as necessidades dos indiviacuteduos que a estes processos dinamizam No Brasil o maior colaborador para disse-minaccedilatildeo da pedagogia de projetos e a discussatildeo que essa terminologia representa foi Aniacutesio Teixeira

Luanna Amorim Vieira da Silva

Referecircncias PASQUALETO T I VEIT E A amp ARAUacuteJO I S (2017) Aprendizagem Baseada em Projetos no Ensino de Fiacutesica uma Revisatildeo da Literatura Revista Brasileira De Pesquisa Em Educaccedilatildeo Em Ciecircncias 17(2) 551-577 Disponiacutevel em lthttpsdoiorg10289761984-2686rbpec2017172551gt Acesso em 1 dez 2020

PLANOS FOTOGRAacuteFICOS

Plano fotograacutefico eacute a organizaccedilatildeo dos elementos fotografados no en-quadramento da cena Satildeo divididos com base na distacircncia entre a cacirc-mera e o objeto fotografado em grande plano geral plano meacutedio plano americano primeiro plano plano detalhe plongeacutee (cuja traduccedilatildeo literal do francecircs eacute mergulho) e contraplongeacutee O grande plano geral busca en-quadrar e evidenciar todo o ambiente dando pouca ecircnfase no sujeito O plano geral busca enquadrar o sujeito no espaccedilo onde ele se encontra dando uma sensaccedilatildeo de completude O plano meacutedio busca dar foco agrave captura do sujeito e eacute utilizado para fotografar todo o corpo de uma pessoa ou da cintura para cima Os demais elementos compotildeem o ce-naacuterio que ajudam no enquadramento No plano americano o sujeito eacute enquadrado da linha dos joelhos para cima Foi criado por diretores de filmes de faroeste americanos para que as armas tambeacutem fossem mostradas nas cenas de duelos O primeiro plano tambeacutem conhecido popularmente como close eacute utilizado para registrar emoccedilotildees e expres-

P

119

sotildees do rosto do sujeito enquadrando assim a cabeccedila e outros detalhes do corpo da pessoa que o fotoacutegrafo julgar importante O sujeito eacute iso-lado e o ambiente pouco importa nesse plano O plano detalhe busca captar os detalhes de parte do corpo partes de objetos ou da natureza No plano plongeacutee a cacircmera estaacute acima do niacutevel dos olhos voltada para baixo Essa forma de enquadramento eacute tambeacutem chamada de cacircmera alta Jaacute no plano contraplongeacutee a cacircmera estaacute abaixo no niacutevel dos olhos e apontada para cima

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo

Referecircncias DANTAS Marcelo O artista digital e os planos fotograacuteficos Medium 2018 Disponiacutevel em lthttpsmediumcomaelao-artista-digital-e-os-planos-fotogrC3A1ficos-373f8499d62cgt Acesso em 5 de jul de 2020

PLURILINGUISMO

O prefixo ldquoplurirdquo tem sua origem no latim plus e se refere agrave ideia de ldquovaacuteriosrdquo ldquodiversosrdquo ldquopluralrdquo Desse modo plurilinguismo se refere ao ensino de vaacuterias liacutenguas Tal ensino se direciona a uma competecircncia adquirida pelo falante para compreender e ser compreendido diante da presenccedila de mais de uma liacutengua em determinado contexto de comuni-caccedilatildeo intercultural O ensino plurilinguiacutestico evolui para uma capaci-dade comunicativa que expande a experiecircncia do indiviacuteduo para uma dimensatildeo sociocomunicativa mais ampla Assim estaacute ligado de forma mais estreita agraves questotildees culturais e natildeo soacute ao domiacutenio de liacutenguas es-trangeiras Dessa forma a aprendizagem de outras liacutenguas tende a pro-mover a construccedilatildeo de identidades compostas por diversas culturas valorizando as diferenccedilas em um mundo multiliacutengue Portanto estaacute relacionado a convivecircncia pluricultural na qual os indiviacuteduos se comu-nicam por meio de uma variedade linguiacutestica

Haacute tambeacutem a compreensatildeo de que a competecircncia plurilinguiacutestica eacute transversal e corresponde agraves necessidades de comunicaccedilatildeo da ldquoera planetaacuteriardquo em que vivemos Essa era evoca outra necessidade a de ar-ticular e inter-relacionar conhecimentos contrapondo-se ao ensino tra-dicional compartimentado e linear Diante da multiplicidade cultural e da diversidade linguiacutestica das populaccedilotildees os multiletramentos se mos-tram necessaacuterios e condizentes com as linguagens miacutedias e tecnologias que favorecem novas praacuteticas de leitura e escrita o que se justifica nas sociedades contemporacircneas cuja multiplicidade semioacutetica dos textos com os quais essa sociedade se informa e se comunica eacute notoacuteria

Layla Juacutelia Gomes Mattos

P

120

Referecircncias CAROLA Cristina COSTA Heloisa Albuquerque Intercompreensatildeo no ensino de liacutenguas estrangeiras formaccedilatildeo pluriliacutengue para preacute-universitaacuterios Revista Moara n42 p99-116 juldez 2014 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufpabrindexphpmoaraarticledownload20582397gt Acesso em 26 jul 2020

ROJO Roxane Moura Eduardo (Orgs) Multiletramentos na escola Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2012

MENEZES Leonarda Jacinto Joseacute Maria Plurilinguismo Multilinguismo e Bilinguismo Reflexotildees sobre a Realidade Linguiacutestica Moccedilambicana PERcursos Linguiacutesticos v 3 n 7 (2013) Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufesbrindexphppercursosarticleview4589gt Acesso em 20 jul 2020

PODCASTS

Podcast designa uma forma de produccedilatildeo e compartilhamento de ar-quivos de aacuteudio na internet cujas atualizaccedilotildees podem ser consumidas (ouvidas) pelos usuaacuterios que por sua vez podem tambeacutem descarregaacute--las (fazer downloads) em seus dispositivos (hardwares)

Diferentemente do que se tornou comum considerar o podcast natildeo estaacute necessariamente ligado ao aacuteudio jaacute que qualquer conteuacutedo de miacute-dia (viacutedeo texto foto) pode ser distribuiacutedo atraveacutes do RSS (Rich Site Summary ou Really Simple Syndication)

A palavra podcast foi criada por Ben Hammersley para a ediccedilatildeo de abril de 2004 do jornal britacircnico The Guardian e inaugura o neologismo cujo conceito tem sido debatido Haacute duas versotildees sobre a origem do pre-fixo na primeira o pod proveacutem do famoso aparelho tocador de aacuteudio da empresa Apple (o lsquoiPodrsquo) jaacute na segunda pod significaria personal on demand ou lsquopessoal por demandarsquo O sufixo cast vem de broadcasting ou seja lsquotransmissatildeorsquo Desde entatildeo diferentes abordagens do fenocircmeno ganharam espaccedilo no debate acadecircmico Poreacutem natildeo haacute acordo sobre a definiccedilatildeo de padrotildees especiacuteficos ou regras que devem ser conduzidas no podcasting mas converge sempre agrave produccedilatildeo sonora realizada de for-ma colaborativa e associada agrave mobilidade A grande maioria dos ouvin-tes de podcasts utiliza seus smartphones para a escuta dos aacuteudios geral-mente durante o trajeto de locomoccedilatildeo urbana ou em tarefas domeacutesticas

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias COUTO Ana Luiacuteza S MARTINO Luiacutes Mauro Saacute Dimensotildees da pesquisa sobre podcast trilhas conceituais e metodoloacutegicas de teses e dissertaccedilotildees de PPGComs (2006-2017) Revista Raacutedio-Leituras Mariana-MG v 9 n 02 pp 48-68 juldez 2018

P

121

SALVES Deacuteborah Podcast imediato um estudo sobre a podosfera brasileira Orientador Profordf Drordf Raquel Ritter Longhi 2009 84 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Jornalismo) - Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2009 Disponiacutevel em lthttpsnephijorufscbrwordpresswp-contentuploads201305Podcast-Imediato-um-Estudo-Sobre-a-Podosfera-Brasileira-Deborah-Salves-2009-2pdfgt Acesso em 8 jul 2020

VICENTE Eduardo Do raacutedio terrestre ao podcast uma nova praacutetica de produccedilatildeo e consumo de aacuteudio Anais da Compoacutes Disponiacutevel em lthttpwwwcomposorgbrdataarquivos_2018trabalhos_arquivo_5U524AASCK6777ZKAFXV_27_6695_25_02_2018_16_09_06pdfgt Acesso em 8 jul 2020

POLIFONIA

Entende-se por polifonia um recurso esteacutetico formal apresentado por Mikhail Bakhtin (1895-1975) no ensaio publicado em 1963 intitu-lado Problemas da poeacutetica de Dostoieacutevski a partir do estudo da obra do escritor russo Fioacutedor Mikhailovich Dostoieacutevski (1821-1881) O ponto de partida para a definiccedilatildeo da polifonia eacute a relaccedilatildeo autor-heroacutei nos roman-ces de Dostoieacutevski Bakhtin percebeu que tanto a voz autoral como a do heroacutei satildeo colocadas no mesmo plano A voz do heroacutei natildeo estaacute subor-dinada a uma imagem objetivada dele mesmo nem serve de inteacuterprete da voz do autor possuindo independecircncia dentro da estrutura da obra Nesses romances que Bakhtin denominou de romance polifocircnico em contraponto ao romance monoloacutegico a voz do autor eacute uma voz como as outras e todas satildeo dotadas de valores e poderes plenos nenhuma voz torna-se objeto da outra A polifonia eacute portanto a equivalecircncia de to-das as vozes no interior do objeto esteacutetico e essas vozes se constituem atraveacutes do diaacutelogo na maioria das vezes em pontos de vista contradi-toacuterios pois a voz consciecircncia falante que se faz presente nos enuncia-dos natildeo eacute neutra traz consigo a percepccedilatildeo de mundo juiacutezo e valores Atraveacutes da polifonia podemos compreender um mundo em constante transformaccedilatildeo plural incluso repleto de singularidades Essa capaci-dade permite que o conceito bakhtiniano esteja ainda tatildeo atual

Ana Claacuteudia Rola Santos

Referecircncias FIORIN Joseacute Luiz Introduccedilatildeo ao pensamento de Bakhtin Satildeo Paulo Aacutetica 2006

FARACO Carlos Alberto Aspectos do pensamento esteacutetico de Bakhtin e seus pares Letras de Hoje Porto Alegre v 46 n 1 p 21-26 janmar 2011 Disponiacutevel em lthttpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfalearticleview9217gt Acesso em 8 jul 2020

Q R

122

QUIZZES E ENSINO

Quiz eacute uma palavra com origem na liacutengua inglesa cuja definiccedilatildeo eacute questionaacuterio teste ou uma sequecircncia de perguntas Quando este termo estaacute relacionado ao ensino o quiz passa a ser algo aleacutem de uma sequ-ecircncia de perguntas pois este se torna uma ferramenta interativa capaz de aprofundar consolidar reforccedilar e principalmente avaliar a aprendi-zagem do estudante O quiz tem o objetivo de incentivar os estudantes a pensarem pesquisarem refletirem e discutirem os conteuacutedos e con-ceitos passados em sala de aula atraveacutes de questotildees de ordem teoacutericas e praacuteticas Existem diversos aplicativos sites e serviccedilos que possibilitam a criaccedilatildeo e uso gratuito de quizzes podendo ser do tipo on-line ou off--line Em sua forma on-line os quizzes satildeo criados e disponibilizados a partir de aplicativos plataformas ou sites da web como Quizur Google Forms ProProfs Quiz Maker Kahoot Socrative etc Jaacute em seu modo off-line utilizam-se aplicativos como o Plickers Dessa maneira com au-xiacutelio das tecnologias digitais o quiz se torna uma ferramenta uacutetil na aacuterea da educaccedilatildeo proporcionando experiecircncias diferentes no ambiente estudantil inclusive podendo ser utilizado de forma luacutedica como um ldquojogordquo

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo

Referecircncias VARGAS Daiana de AHLERT Edson Moacir O processo de aprendizagem e avaliaccedilatildeo atraveacutes de QUIZ 2017 Artigo (Especializaccedilatildeo) ndash Curso de Docecircncia na Educaccedilatildeo Profissional Universidade do Vale do Taquari - Univates Lajeado 22 set 2017 Disponiacutevel em lthttphdlhandlenet107372038gt Acesso em 4 jul 2020

REDE SOCIAL (digital)

As redes sociais satildeo sites e aplicativos que permitem conexatildeo e inte-raccedilatildeo entre os usuaacuterios Satildeo tambeacutem conhecidas como ldquomiacutedias sociaisrdquo Entre as mais populares atualmente estatildeo o Facebook Instagram WhatsApp SlideShare YouTube e Twitter Por tambeacutem permitirem a comunicaccedilatildeo entre empresas e seu puacuteblico satildeo importantes canais para uma estrateacutegia de marketing digital As redes sociais tecircm como objetivo alcanccedilar um puacuteblico Podemos enquadrar as redes sociais agrave definiccedilatildeo de lsquomiacutediasrsquo como um conjunto de lsquomeios de comunicaccedilatildeorsquo de lsquomassarsquo ou lsquodigitaisrsquo destacados sobretudo por se tratar de dispositivos tecnoloacutegi-cos englobados por vezes em um acircmbito institucional no qual lsquomiacutediarsquo ganha tambeacutem o significado de lsquoempresa de comunicaccedilatildeorsquo e em que a

R

123

miacutedia eacute encarada como elemento agenciador das accedilotildees e condiccedilotildees de realizaccedilatildeo de determinados fatos

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa

Referecircncias EQUIPE EDUCAMUNDO As redes sociais na educaccedilatildeo desafios e dicas imperdiacuteveis [Sl] Educamundo 12 jun 2020 Disponiacutevel em lthttpswwweducamundocombrblogeducacao-redes-sociaisgt Acesso em 5 jul 2020

REMIXAGEM

Remixagem relaciona-se com a palavra remix originada do in-glecircs podendo ser tanto o verbo to remix quanto o substantivo remix As formas mais conhecidas do termo descrevem o objeto e o processo de remix tendo relaccedilatildeo com vaacuterios outros termos como o sampling e o mashup Sobre o conceito de remix pesquisadores desenvolveram trecircs frentes distintas o fenocircmeno cultural conhecido como cultura remix praticado com o uso de tecnologias digitais a praacutetica ou teacutecnica de re-mix a ideologia eou discurso da cultura remix conhecida como Re-mix (escrita apenas com a primeira letra na forma maiuacutescula) Como praacutetica eou teacutecnica ligada agrave cultura remix o termo pode ser encarado como re-mix em que o ldquorerdquo traz consigo a ideia de fazer algo novamente e o ldquomixrdquo significa mixagem (mistura) Assim o termo remix deve ser entendido como o rearranjo e mixagem de algo que jaacute foi editado antes ou seja uma forma de recriaccedilatildeo de outra obra (muacutesica viacutedeo entre ou-tras) uma remixagem A partir disso pode-se dizer que a palavra remi-xagem estaacute mais ligada agrave praacutetica ou agrave teacutecnica de remix do que qualquer outra nuance do mesmo termo

A praacutetica de remix como apropriaccedilatildeo desvio e criaccedilatildeo livre tem suas origens no movimento hip-hop que surgiu no final da deacutecada de 1960 em Nova York com gecircnese na muacutesica jamaicana Eacute nesse cenaacuterio mais especificamente nos anos 1970 a partir da criaccedilatildeo de maacutequinas de remix pelos DJs que o termo remix comeccedilou a ser utilizado em contex-tos associados agrave muacutesica e a outras aacutereas como a literatura o cinema e as artes plaacutesticas Em seu sentido amplo a remixagem pode ser entendida como um processo de ediccedilatildeo e apropriaccedilatildeo de fragmentos de materiais preexistentes com o intuito de originar novas obras As caracteriacutesticas das novas ferramentas digitais e da sociedade contemporacircnea tecircm po-tencializado a praacutetica do remix a partir de outros formatos e modali-dades Nesse sentido com a facilidade de acesso a softwares de ediccedilatildeo de aacuteudio imagem e viacutedeo a remixagem se torna uma praacutetica cada vez mais comum na nossa cultura (cultura remix) Esse movimento eacute ainda

R

124

mais potencializado por sites de divulgaccedilatildeo de viacutedeos como o YouTube que abarca uma grande variedade de remixes comuns na nossa cultura tais como memes e mashups

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo e Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias NAVAS E Remix Theory Nova York Springer 2012

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

RENDERIZACcedilAtildeO

O substantivo renderizaccedilatildeo deriva do verbo renderizar cujo signifi-cado eacute tornar um trabalho de processamento digital de aacuteudio imagem viacutedeo dentre outros produtos digitais em um material permanente Esse material eacute resultado de compilaccedilotildees e ediccedilotildees que constroem o resultado final Logo renderizaccedilatildeo eacute a etapa final desse processo que demanda teacutecnicas e recursos graacuteficos que envolvem cor luz contraste som etc partindo de um material bruto digitalizado que por meio de ediccedilatildeo poderaacute proporcionar uma melhor experiecircncia para o usuaacuterio transformando vaacuterios arquivos em um uacutenico produto

Layla Juacutelia Gomes Mattos

Referecircncias RENDERIZAR In DICIO Dicionaacuterio Online de Portuguecircs Porto 7Graus 2020 Disponiacutevel em lthttpswwwdiciocombrrenderizargt Acesso em 9 ago 2020

O QUE eacute renderizaccedilatildeo ou render ControleNet Disponiacutevel em lthttpswwwcontrolenetfaqrenderizacao-ou-render-de-video-audio-e-imagens-3dgt Acesso em 9 ago 2020

SEEMG Cadernos de Informaacutetica - Curso de Computaccedilatildeo Graacutefica 3D Belo Horizonte Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais Disponiacutevel em lthttpportaldoprofessormecgovbrstoragemateriais0000014214pdfgt Acesso 9 ago 2020

REPRODUTIBILIDADE TEacuteCNICA

A expressatildeo reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida pela anaacute-lise do significado das palavras que a compotildeem Reprodutibilidade eacute a qualidade do que pode ser reproduzido enquanto teacutecnica designa um conjunto de procedimentos ligados a uma arte ou uma ciecircncia ou ainda a parte material dessa arte ou ciecircncia Nesse sentido reprodutibilidade teacutecnica pode ser entendida como um material ou um conjunto de pro-cedimentos que podem ser reproduzidos A ideia de reprodutibilidade

R

125

teacutecnica eacute utilizada no campo das artes para fazer referecircncia agraves possibili-dades de reproduzir a imagem principalmente a partir de teacutecnicas como a fotografia e o cinema que surgiram com o processo industrial Esta relaccedilatildeo entre reprodutibilidade teacutecnica e imagem foi traccedilada por Walter Benjamin (1987) em seu livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade teacutecnica A fotografia foi inventada no iniacutecio do seacuteculo XIX em meio ao desenvolvimento tecnoloacutegico e afetou de forma acentuada o campo das artes visuais Isso porque ateacute aquele momento a produccedilatildeo de imagens visuais era feita manualmente por artistas o que propiciava o caraacuteter uacutenico dessas obras Por outro lado a fotografia possibilita a captaccedilatildeo de imagens por meio de uma maacutequina e viabiliza sua produccedilatildeo em seacuterie Nesse sentido a fotografia natildeo se insere no acircmbito da unicidade como ocorre com a pintura mas sim na ordem da reprodutibilidade teacutecnica Nesse processo de reprodutibilidade teacutecnica natildeo existe mais o original pois todos tecircm acesso agraves coacutepias disseminadas

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

ReferecircnciasALMEIDA J G M A reprodutibilidade teacutecnica e a mudanccedila de percepccedilatildeo da realidade Revista Diaacutelogo Educacional v 5 n15 p27-43 2005

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

REUNIAtildeO VIRTUAL

Entende-se pela expressatildeo ldquoreuniatildeo virtualrdquo um encontro de pes-soas realizado pela internet atraveacutes de aplicativos ou serviccedilos com pos-sibilidades de compartilhamento de apresentaccedilotildees voz viacutedeo textos e arquivos unindo participantes de diferentes locais geograficamente Para realizar uma reuniatildeo virtual podem ser usados computadores de mesa laptops smartphones ou tablets Algumas plataformas como o Skype o Google Meet o Google HangOuts o Zoom o Team e o Jitsi possibilitam a realizaccedilatildeo de reuniotildees virtuais permitindo aleacutem das chamadas de viacutedeo o compartilhamento de telas e a ediccedilatildeo colaborati-va de documentos O Skype eacute um software lanccedilado no ano de 2003 que permite comunicaccedilatildeo pela internet atraveacutes de conexotildees de voz e viacutedeo criado por Janus Friis e Niklas Zennstrom Ele permite criar gratuita-mente videochamadas com ateacute 50 convidados Natildeo eacute preciso ser cadas-trado no serviccedilo para participar de uma reuniatildeo que pode ser acessada por meio de um link O Skype oferece bate-papo por viacutedeo chamadas internacionais e mensagens de texto via web Jaacute o Google Meet eacute um

R S

126

serviccedilo de comunicaccedilatildeo por viacutedeo desenvolvido pela empresa Google Ele conta com recursos multimiacutedia de interaccedilatildeo como suporte ao mi-crofone cacircmera e gravaccedilatildeo de tela A plataforma tambeacutem eacute chamada de Google Hangouts Meet pois surgiu a partir da separaccedilatildeo do chat do Hangouts e do recurso de viacutedeo Hoje a ferramenta de chat ficou responsaacutevel apenas pelo bate-papo em texto dos grupos enquanto o Meet tornou-se um aplicativo especiacutefico para realizaccedilatildeo de reuniotildees de viacutedeo com ateacute 250 pessoas conforme a licenccedila adotada O Zoom eacute um serviccedilo que possui diversas funcionalidades como compartilhamento de tela gravaccedilatildeo de webinars acesso via telefone upload de reuniotildees na nuvem e permite o uso de um quadro branco para fazer anotaccedilotildees O aplicativo tem uma versatildeo gratuita que oferece ateacute 40 minutos de viacutedeo com 100 pessoas e oferece a opccedilatildeo de uma conta gratuita apenas regis-trando um endereccedilo de e-mail e uma senha Atraveacutes dessa ferramenta o administrador da reuniatildeo pode criar uma sala e enviar um convite via e-mail ou link para qualquer pessoa participar mesmo que natildeo tenha uma conta no serviccedilo Jaacute o Jitsi eacute mais uma opccedilatildeo para quem procura re-alizar reuniotildees virtuais Trata-se de uma plataforma sem fins lucrativos e de coacutedigo aberto Para entrar nas chamadas natildeo precisa se cadastrar apenas eacute necessaacuterio acessar o link gerado que pode ser protegido por senha Importante lembrar que com a acelerada evoluccedilatildeo das tecnolo-gias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo alteraccedilotildees nessas plataformas e o surgimentos de outras ocorrem a todo momento tornando as informa-ccedilotildees aqui prestadas facilmente ultrapassadas

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees

Referecircncias 10 ferramentas de videochamada para fazer reuniatildeo on-line Share 2020 Disponiacutevel em lthttpstudodesharecombrblog10-ferramentas-de-videochamada-para-fazer-reunioes-onlinegt Acesso em 12 de jul 2020

HOUAISS Antocircnio Dicionaacuterio Houaiss da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Objetiva 2020

LEacuteVY Pieacuterre O que eacute o virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

ROSOLEN Faacutebio Google Meet serviccedilo de videoconferecircncia agora eacute gratuito para todos MundoConectado 2020 Disponiacutevel em lthttpsmundoconectadocombrnoticiasv13436google-meet-servico-devideoconferencia-agora-e-gratuito-para-todosgt Acesso em 12 jul 2020

SEMIOacuteTICA

A palavra semioacutetica vem do grego semeion que significa signo sema ou sinal o que demonstra imprecisatildeo na definiccedilatildeo dos limites da se-mioacutetica em relaccedilatildeo a outras ciecircncias afins tais como a semacircntica e a

S

127

semiologia De modo geral a semioacutetica eacute uma ciecircncia que estuda os signos (natildeo no sentido da astrologia mas no sentido de dar significado referindo-se agrave linguagem) e seu uso no campo da comunicaccedilatildeo aleacutem dos seus significados Embora por muitos anos o termo ldquosemiologiardquo tenha prevalecido entre os conhecidos estruturalistas franceses termo adotado pelo linguista e filoacutelogo suiacuteccedilo Ferdinand de Saussure a partir do seacuteculo XX mais precisamente no ano de 1969 o termo semioacutetica foi adotado como referecircncia no estudo dos signos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias B DE M BATISTA M DE F A semioacutetica caminhar histoacuterico e perspectivas atuais Revista de Letras v 1 n 25 2003

SANTAELLA L O que eacute semioacutetica Satildeo Paulo Brasiliense 1983 (Coleccedilatildeo Primeiros Passos)

SEMIOacuteTICA (peirciana)

Charles Sanders Peirce foi cientista matemaacutetico pedagogista filoacute-sofo e linguista americano Desenvolveu trabalhos com contribuiccedilotildees importantes agrave matemaacutetica filosofia loacutegica e principalmente agrave semi-oacutetica Para o entendimento da semioacutetica peirciana eacute importante com-preender o sistema categorial triaacutedico definido por Peirce Fenomeno-logia desenvolvida a partir de trecircs categorias universais denominadas como primeiridade secundidade e terceiridade A categoria definida como primeiridade eacute a forma de ser daquilo como eacute positivamente e sem nenhuma referecircncia a qualquer outra coisa Essa categoria indica a presenccedila raacutepida da mera possibilidade do sentimento irrefletido da independecircncia Jaacute a categoria definida como secundidade apoia-se na relaccedilatildeo entre um primeiro e um segundo indicada como categoria da experiecircncia no tempo e espaccedilo do confronto da realidade Segundo Peirce somos confrontados com ela em fatos tais como o outro a rela-ccedilatildeo a coerccedilatildeo o efeito a dependecircncia e a independecircncia a negaccedilatildeo o acontecimento a realidade o resultado Por fim a categoria definida como terceiridade baseia-se em um segundo em relaccedilatildeo a um terceiro essa categoria eacute definida como a da comunicaccedilatildeo e da semiose da me-diaccedilatildeo da siacutentese do haacutebito dos signos ou da representaccedilatildeo

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias SANTAELLA L A Teoria geral dos signos Satildeo Paulo Aacutetica 1995

PEIRCE C S Collected papers Vols I-VI ed Charles Hartshorne and Paul Weiss (Cambridge MA Harvard University Press 1931-1935) Vols VII-VIII ed Arthur W Burks (same publisher 1958) (1994)

S

128

SEMIOacuteTICA SOCIAL OU SOCIOSSEMIOacuteTICA

A expressatildeo semioacutetica social ou o termo sociossemioacutetica comeccedilou a ser usado ao final dos anos 1980 na Austraacutelia apoiado pelos princiacute-pios definidos pela Linguiacutestica Criacutetica e fundamentado sobre a concep-ccedilatildeo da Linguiacutestica Sistecircmico-Funcional A semioacutetica social se desen-volve sobre os princiacutepios fundamentados por Ferdinand de Saussure nos quais satildeo investigadas as consequecircncias causadas pelo motivo que os sinais ou coacutedigos de comunicaccedilatildeo e linguagem satildeo constituiacutedos por processos sociais Sendo assim isso implica que os sistemas semioacuteti-cos e significados satildeo definidos a partir das relaccedilotildees de poder ou seja conforme o poder se desenvolve na sociedade a linguagem e outros significados socialmente reconhecidos podem eou devem sofrer mu-danccedilas A semioacutetica social realiza a anaacutelise dos signos na sociedade tendo como atribuiccedilatildeo principal o estudo sobre as trocas de informa-ccedilotildees Nessa concepccedilatildeo a escolha dos signos e a elaboraccedilatildeo dos discur-sos satildeo induzidos a partir de interesses que constituem um significado definido por meio de anaacutelise loacutegica que se refere a um contexto social

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias CARVALHO F F Semioacutetica social e imprensa o layout da primeira paacutegina de jornais portugueses sob o enfoque analiacutetico da gramaacutetica visual 286 paacuteginas Tese de Doutorado em Linguiacutestica Aplicada Universidade de Lisboa Portugal 2012

SANTOS Z B A concepccedilatildeo de texto e discurso para semioacutetica social e o desdobramento de uma leitura multimodal Revista Gatilho v13 2011

HODGE R and KRESS G Social Semiotics Cambridge Polity 1988

SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TIPOLOacuteGICOS E SISTEMAS SEMIOacuteTICOS TOPOLOacuteGICOS

Pode-se definir que sistemas semioacuteticos tipoloacutegicos estatildeo relaciona-dos ao modo verbal como por exemplo a liacutengua jaacute os sistemas semi-oacuteticos topoloacutegicos estatildeo relacionados agrave percepccedilatildeo visual e a gesticula-ccedilatildeo espacial como por exemplo a danccedila e o ato de desenhar Segundo Lemke (2010) eacute possiacutevel construir de modo complementar significados essenciais tais como classificar coisas em grupos exclusivos e distin-guir variaccedilatildeo de grau no decorrer de vaacuterios contiacutenuos de diferenccedila A composiccedilatildeo real de um significado em geral compreende combinaccedilotildees de diversas modalidades semioacuteticas e assim como combinaccedilotildees gerais do tipo tipoloacutegico ou topoloacutegica A semacircntica das palavras relacionadas agrave liacutengua eacute considerada como sistema semioacutetico tipoloacutegico mas tratan-

S

129

do-se de caracteriacutesticas visuais da escrita manuscrita como por exem-plo tipos e formatos das letras efeitos acuacutesticos dentre outros essas caracteriacutesticas satildeo consideradas sistemas semioacuteticos topoloacutegicos

Fernanda Luiza de Sousa

Referecircncias LEMKE Jay L Letramento metamidiaacutetico transformando significados e miacutedias Trab linguist apl [on-line] 2010 vol49 n2 pp 455-479 Disponiacutevel em lthttpgooglaYoAe5gt Acesso em 12 jul 2020

SONS

O som eacute uma onda mecacircnica que pode ser percebida pela membra-na timpacircnica que compotildee a orelha e nos daacute a sensaccedilatildeo sonora Vivemos rodeados por ondas sonoras luminosas de raacutedio entre outras Satildeo elas que nos possibilitam assistir a programas de TV ouvir raacutedio aquecer um alimento no forno micro-ondas receber a luz solar As ondas sono-ras satildeo ondas mecacircnicas portanto elas necessitam de um meio mate-rial para se propagarem O meio material pode ser soacutelido liacutequido ou gasoso A velocidade do som depende da densidade do meio material em que ela se propaga A reflexatildeo do som tem aplicaccedilotildees praacuteticas como o uso de sonar aparelho capaz de emitir ondas sonoras na aacutegua e captar seus ecos Com ele eacute possiacutevel fazer a localizaccedilatildeo de cardumes ou obter o perfil do fundo marinho por exemplo Alguns animais como o golfi-nho e o morcego tecircm sonar bioloacutegico e orientam-se pelos ecos dos sons que emitem Os morcegos por exemplo utilizam o sonar bioloacutegico para se locomoverem e tambeacutem para obterem seu alimento em geral inse-tos e frutos Esses animais emitem som em alta frequecircncia (ultrassom) que reflete depois de atingir um obstaacuteculo e volta ao morcego o qual decodifica as informaccedilotildees do ambiente Com relaccedilatildeo agrave aacuterea da muacutesica os sons se dividem em modal semimodal e tonal

O tipo de som modal tem como caracteriacutesticas a ausecircncia de har-monias uso constante da ritmizaccedilatildeo ciacuteclica ligada a rituais sagrados sejam eles primitivos africanos indianos chineses japoneses aacuterabes indoneacutesios indiacutegenas das Ameacutericas entre outras culturas O som mo-dal estaacute presente tambeacutem na tradiccedilatildeo grega antiga e no canto gregoria-no sendo estes considerados etapas iniciais dessa estrutura sonora no Ocidente

O som tonal apresenta um contraste entre o tom maior e o menor com ritmizaccedilatildeo mais complexa Esse tipo de som abrange a muacutesica do periacuteodo medieval ateacute meados do seacuteculo XIX Seu aacutepice estaacute entre o bar-roco e o romantismo tardio transitando pelo estilo claacutessico De forma

S

130

geral o estilo tonal eacute a base da histoacuteria da muacutesica com uma pequena passagem pelo dodecafonismo desenvolvendo-se na muacutesica atual tor-nando possiacutevel uma articulaccedilatildeo entre o passado e presente

Jaacute o som poacutes-tonal tem um aspecto modal dentro do sistema tonal e estaacute presente em ritmos mais contemporacircneos como o jazz e a bossa nova da deacutecada de 1950 e os ritmos eletroacuacutesticos Encontra-se nas for-mas mais extremadas da muacutesica vanguardista do seacuteculo XX cujos ex-poentes satildeo Schoenberg e Webern bem como os seus desdobramentos que se estabeleceratildeo com a muacutesica eletrocircnica e suas formas recentes de repeticcedilatildeo consideradas tambeacutem como minimalistas Percebemos atu-almente diante das inovaccedilotildees musicais o fim da estrutura evolutiva da muacutesica ocidental que perpassa o cantochatildeo o tonalismo e a polifonia indo ao encontro do atonalismo do serialismo e da muacutesica eletrocircnica Provavelmente essa etapa evolutiva da muacutesica finalizou-se na metade do seacuteculo XX e atualmente vivenciamos uma mudanccedila substancial de paracircmetros em que o pulso atua de forma efetiva e que o minimalismo aponta para essa direccedilatildeo

Ricardo Ferreira Vale

Referecircncias GOWDAK Demeacutetrio Ossowski MARTINS Eduardo Lavieri Ciecircncias novo pensar- biologia quiacutemica e fiacutesica 9 Satildeo Paulo FTD 2017

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

WISNIK Joseacute Miguel O som e o sentido uma outra histoacuteria das muacutesicas Satildeo Paulo Cia das Letras 2000

STREAMING

A palavra streaming derivada do verbo to stream que pode ser tra-duzido como ldquotransmitirrdquo O substantivo streaming eacute utilizado para designar a tecnologia que permite captar sons e imagens num compu-tador como um fluxo contiacutenuo que permite ter acesso a estes sons e imagens antes de a informaccedilatildeo ter sido baixada como um todo Esse tipo de tecnologia significou uma inovaccedilatildeo importante pois nos pri-moacuterdios da internet o usuaacuterio soacute conseguia ouvir ou assistir viacutedeos depois que estes fossem transferidos por inteiro para o disco riacutegido do computador Atualmente existem duas teacutecnicas para fornecer serviccedilos de viacutedeo download and play e streaming Na primeira o arquivo de viacutedeo precisa ser inteiramente transferido para o usuaacuterio antes de ser visua-lizado Nesse tipo de tecnologia o tempo necessaacuterio para a transferecircn-

S T

131

cia de grandes arquivos eacute um dos principais limitantes uma vez que o usuaacuterio precisa da transferecircncia completa para iniciar a visualizaccedilatildeo O armazenamento local do viacutedeo permite ao usuaacuterio visualizaacute-lo sempre que desejar Por outro lado o streaming permite que as informaccedilotildees flu-am (sejam transmitidas) continuamente para o computador enquanto elas satildeo mostradas ao usuaacuterio A principal vantagem dessa teacutecnica em relaccedilatildeo agrave anterior eacute o fato de que ela reduz o tempo de iniacutecio da exibiccedilatildeo do viacutedeo e suprime a necessidade de armazenamento local do arquivo Esses viacutedeos podem ser acessados em servidores no quais eles satildeo ar-mazenados (como ocorre por exemplo em plataformas como a Netflix) ou transmitidos em tempo real (como ocorre por exemplo em uma live ou em uma videoconferecircncia)

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira

Referecircncias TSCHOumlKE Clodoaldo Criaccedilatildeo de streaming de viacutedeo para transmissatildeo de sinais de viacutedeo em tempo real pela internet Orientador Prof Francisco Adell Peacutericas 2001 73 p Trabalho de Conclusatildeo de Curso (Bacharelado em Ciecircncias da Computaccedilatildeo) - Universidade Regional de Blumenau Blumenau 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwinffurbbr~pericasorientacoesStreaming2001pdfgt Acesso em 15 jul 2020

TAGUEAMENTO

Tagueamento deriva da palavra tag que em inglecircs significa etique-ta roacutetulo Tagueamento estaacute relacionado agrave organizaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de informaccedilotildees em paacuteginas na internet por exemplo Essa organizaccedilatildeo se daacute por meio de tags palavras-chave que funcionam como etiquetas para informaccedilotildees e por meio da marcaccedilatildeo relaciona e facilita o acesso a publicaccedilotildees conexas ou afins Tagueamento tambeacutem pode ser com-preendido por etiquetagem visto que o termo tag originalmente utili-zado nas especificaccedilotildees da linguagem de marcaccedilatildeo HTML tambeacutem eacute chamado de etiqueta marcador roacutetulo ou comando Esse tagueamento ou etiquetagem eacute criado por meio de Linguagem de Marcaccedilatildeo e como o proacuteprio nome evidencia define uma marca como um coacutedigo que envol-ve a palavra ou texto Uma forma de tagueamento eacute o uso das hashtags usadas nas redes sociais on-line e por meio delas o usuaacuterio pode vin-cular sua postagem a outras que tenham a mesma palavra bem como encontrar postagens relacionadas a uma mesma hashtag em apenas um click sobre ela Aleacutem disso elas tambeacutem servem para orientar mecanis-mos de pesquisa de ferramentas de busca

Layla Juacutelia Gomes Mattos

T

132

Referecircncias CAMBRIDGE Dictionary TAG Disponiacutevel em lthttpsdictionarycambridgeorgptdicionarioingles-portuguestaggt Acesso em 4 ago 2020

ASSIS PabloO que eacute tag Tecmundo 2009 Disponiacutevel em lthttpswwwtecmundocombrnavegador2051-o-que-e-tag-htmgt Acesso em 4 ago 2020

AMADO Francisco Para que serve uma tag Brasil Escola Disponiacutevel em lthttpsmeuartigobrasilescolauolcombrinformaticapara-que-serve-uma-taghtmgt Acesso em 4 ago 2020

Fundamentos da linguagem HTML etiqueta elemento atributo e valor Disponiacutevel em lthttpwwwnceufrjbrginapecursohtmlconteudointroducaofundamentoshtmgt Acesso em 4 ago 2020

FURGERI S O papel das linguagens de marcaccedilatildeo para a Ciecircncia da Informaccedilatildeo Transinformaccedilatildeo v 18 p 225-250 2006 Disponiacutevel em lthttpswwwscielobrpdftinfv18n306pdfgt Acesso em 4 ago 2020

TEXTO

A palavra texto de acordo com o dicionaacuterio etimoloacutegico vem do latim texere (construir tecer) cujo particiacutepio passado textus tambeacutem era usado como substantivo e significava lsquomaneira de tecerrsquo ou lsquocoisa te-cidarsquo e ainda mais tarde lsquoestruturarsquo Em meados do seacuteculo XIV que a evoluccedilatildeo semacircntica da palavra atingiu o sentido de lsquotecelagem ou estru-turaccedilatildeo de palavrasrsquo ou lsquocomposiccedilatildeo literaacuteriarsquo e passou a ser usado em inglecircs proveniente do francecircs antigo texte Trata-se pois de uma uni-dade de sentido de um contiacutenuo comunicativo contextual que se carac-teriza por um conjunto de relaccedilotildees responsaacuteveis pela tessitura do texto ndash os criteacuterios ou padrotildees de textualidade entre os quais merecem desta-que especial a coesatildeo e a coerecircncia Numa outra perspectiva de acordo com estudos contemporacircneos o sentido de um texto natildeo estaacute nele o sentido do texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-sujeitos e natildeo algo que preexista a essa interaccedilatildeo Na concepccedilatildeo interacional da liacutengua o texto eacute considerado o proacuteprio lugar da interaccedilatildeo e da constituiccedilatildeo dos inter-locutores Haacute lugar no texto para toda uma gama de impliacutecitos dos mais variados tipos somente detectaacuteveis quando se tem como pano de fundo o contexto sociocognitivo dos participantes da interaccedilatildeo

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana

Referecircncias KOCH I G V ELIAS V M Ler e compreender os sentidos do texto Satildeo Paulo Contexto 2010 3 ed 7ordf reimpressatildeo

FAacuteVERO Leonor L KOCH Ingedore G V Linguiacutestica textual uma introduccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

T

133

TRANSMIacuteDIA

O termo transmiacutedia foi criado por Marsha Kinder uma estudiosa de cinema e professora de Estudos Criacuteticos na Universidade do Sul da Califoacuternia em 1991 no livro Playing with Power Foi uma das primei-ras a reconhecer formalmente que a histoacuteria pode ser fragmentada e espalhada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo contribuindo para uma experiecircncia coletiva enriquecida quando apreciada em conjunto Em 2001 Henry Jenkins codiretor do programa de Estudos de Miacutedia Comparada do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) passou a promover a teoria de Kinder e chamar a atenccedilatildeo de escritores e produ-tores de Hollywood para suas perspectivas comerciais

Henry Jenkins utilizou o termo transmiacutedia pela primeira vez em um artigo da revista Technology Review em 2003 e aperfeiccediloou o con-ceito trecircs anos mais tarde no livro Cultura da convergecircncia publicado no Brasil em 2008

Uma histoacuteria transmidiaacutetica se desenrola atraveacutes de muacuteltiplos su-portes midiaacuteticos com cada novo texto contribuindo de maneira distin-ta e valiosa para o todo Cada meio faz o melhor para que uma histoacuteria possa ser introduzida num filme ser expandida pela televisatildeo roman-ces e quadrinhos por exemplo Seu universo pode ser explorado em games ou experimentado como atraccedilatildeo de um parque de diversotildees O acesso deve ser autocircnomo para que natildeo seja necessaacuterio ver o filme para gostar do game ou vice-versa Cada produto determinado eacute um ponto de acesso agrave franquia como um todo As histoacuterias se complementam em cada suporte e devem fazer sentido isoladamente

A palavra transmiacutedia surge para se referir agrave induacutestria do entreteni-mento e se difunde para outras aacutereas como o jornalismo O termo tem sido frequentemente confundido com a ideia de convergecircncia e conce-bido de forma generalizada utilizado para caracterizar qualquer nar-rativa que flui de uma miacutedia para outra sem que sejam consideradas as suas peculiaridades

Relacionada a comunicaccedilatildeo de mensagens histoacuterias conceitos por meio de diferentes plataformas de miacutedia como filme programa de tele-visatildeo livro revista em quadrinhos videogame internet etc Cada novo texto contribui com algo novo para a narrativa principal Tem como objetivo captar novos consumidores para um determinado produto ou marca Por exemplo uma histoacuteria eacute dividida em partes e veiculada por diferentes meios de comunicaccedilatildeo Cada um definido pelo seu maior po-tencial de explorar aquela parte da histoacuteria Haacute sempre uma miacutedia re-gente na qual se desenvolve uma narrativa principal enquanto o trans-bordamento para as outras se caracteriza como narrativas secundaacuterias

T

134

A predominacircncia de uma determinada miacutedia vai qualificar o tipo de conteuacutedo do projeto como narrativas radiofocircnicas transmiacutedia ou entatildeo televisivas transmiacutedia

No caso do jornalismo quatro caracteriacutesticas devem estar presentes em uma narrativa transmiacutedia a) interatividade b) hipertextualidade c) multimidialidade integrada d) contextualizaccedilatildeo A compreensatildeo de transmiacutedia seja ela aplicada ao jornalismo ou ao entretenimento deve incorporar estrateacutegias de ampliaccedilatildeo da narrativa regente de engaja-mento e envolvimento da audiecircncia na composiccedilatildeo eou na recircula-ccedilatildeo de narrativas secundaacuterias Estrutura que se expande em termos de linguagens verbais como as icocircnicas textuais etc e de miacutedias como televisatildeo raacutedio celular internet jogos quadrinhos etc

Outras duas vertentes principais da narrativa transmiacutedia podem ser citadas a histoacuteria eacute contada atraveacutes de vaacuterios meios e plataformas comeccedilando em um meio e continuando em outros os prosumidores (consumidor que produz conteuacutedo) colaboram na construccedilatildeo do mun-do narrativo O relato gerado pelo emissor (de cima para baixo) deve-se somar agrave produccedilatildeo de baixo para cima ndash a colaboraccedilatildeo dos consumido-res agora convertidos em produtores

A loacutegica transmiacutedia ultrapassou o entretenimento e o marketing alcanccedilando a educaccedilatildeo o jornalismo e outras aacutereas do conhecimento Uma extensatildeo natural da chamada cultura da convergecircncia

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos

Referecircncias ALZAMORA Geane TAacuteRCIA Lorena Convergecircncia e Transmiacutedia galaacutexias semacircnticas e narrativas emergentes em jornalismo Brazilian Journalism Research Vol 8 Nordm 1 2012

LOPEZ Debora Cristina VIANA Luana Construccedilatildeo de narrativas transmiacutedia radiofocircnicas aproximaccedilotildees ao debate Revista Miacutedia e Cotidiano Rio de Janeiro v 10 ed 10 p 158-173 23 dez 2016

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

TAacuteRCIA Lorena Transmiacutedia Multimodalidades e Educomunicaccedilatildeo O protagonismo infanto-juvenil no processo de convergecircncia de miacutedias Revista Cientiacutefica de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Belo Horizonte (UniBH)e-Com Belo Horizonte v 10 ed 2 p 60-71 2 sem 2017 Disponiacutevel em lthttpsrevistasunibhbrecomarticleview25061250gt Acesso em 17 jul 2020

TRANSMODALIDADE

Entende-se por transmodalidade elementos da linguagem que podem ser utilizados em diferentes modos Eacute a transformaccedilatildeo de um modo em outro a combinaccedilatildeo de elementos semioacuteticos de modos dife-

T V

135

rentes mas pertinentes entre si se correlacionando para que haja com-preensatildeo

Alguns exemplos de transmodalidade um livro transformado em filme o modo de comunicaccedilatildeo foi transformado em outro alterando as caracteriacutesticas de cada um que satildeo bem definidas Encontramos trans-modalidade tambeacutem na linguagem de sinais as pessoas surdas estatildeo em constantes processos de transmodalidade ou seja no tracircnsito entre liacutenguas (sinais e orais) e entre modalidades linguiacutesticas (visual-espacial e oral-auditiva)

Coincidindo com esse conceito a transmiacutedia utiliza diferentes miacute-dias ou seja diferentes modos para transmitir conteuacutedos variados de forma que os meios se contemplem Uma histoacuteria transmiacutedia desenro-la-se atraveacutes de muacuteltiplas plataformas de miacutedia com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo

Andresa Carla Gomes de Carvalho

ReferecircnciasLIMA Hildomar Joseacute de RESENDE Tacircnia Ferreira Escritas em portuguecircs por surdos(as) como praacuteticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade Revista Educaccedilatildeo Especial Santa Maria 2019 Disponiacutevel em lthttpsperiodicosufsmbreducacaoespecialarticleview38270gt Acesso em 15 jul 2020

MOURA Roxane MOURA Eduardo Letramentos miacutedias linguagens 1 ed Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2019 224 p

VIDEOCAST E REPOSITOacuteRIOS DE VIacuteDEOS

A palavra videocast surge depois da palavra podcast quando ocor-re a inclusatildeo da imagem estaacutetica ou em movimento nos arquivos de conteuacutedo de aacuteudio Portanto videocasts consistem em arquivos de viacutedeo que podem ser assistidos pela internet ou baixados pelo usuaacuterio com a possibilidade de interaccedilatildeo destes (compartilhamento e comentaacuterios em espaccedilos no canal onde o videocast foi postado) caso esta opccedilatildeo seja habilitada pelo publicante O termo podcast permanece sendo usado principalmente para referir-se a arquivos de aacuteudio enquanto os arqui-vos de viacutedeo ganharam nomes especiacuteficos (vodcasts ou videocasts)

Os chamados ldquoviacutedeos da internetrdquo se popularizaram acompanhan-do os avanccedilos tecnoloacutegicos com a digitalizaccedilatildeo das cacircmeras fotograacutefi-cas e cinematograacuteficas Com a expansatildeo e a popularizaccedilatildeo do podcast na primeira metade dos anos 2000 os viacutedeos disponiacuteveis nos chamados repositoacuterios miacutedia passaram a ser denominados por alguns de video-casts ou abreviadamente de vodcasts conquanto vaacuterios autores tambeacutem os considerem podcasts

V

136

Atualmente existem inuacutemeros repositoacuterios de viacutedeo na internet alguns pagos e outros gratuitos (vimeocom pexelscom darefulcom videezycom pixabaycom videvonet etc) sendo o YouTube o mais po-pular entre todos que desde 2005 hospeda viacutedeos de colaboradores do mundo inteiro

Thiago Caldeira da Silva

Referecircncias ARAUacuteJO PMP ERROBIDART NCG JARDIM MIA Videocast Potencialidades e Desafios na Praacutetica Educativa segundo a literatura XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educaccedilatildeo em Ciecircncias ndash XI ENPEC Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis SC ndash 3 a 6 de julho de 2017

CORREcircA Heacutercules Tolecircdo DIAS Daniela Rodrigues Podcasts na educaccedilatildeo a distacircncia possibilidades pedagoacutegicas e desafios a partir da experiecircncia Artigo apresentado como requisito da Disciplina Toacutepicos especiais em Comunicaccedilatildeo I - Podcast experimentaccedilotildees e formatos contemporacircneos ministrada pela docente Profa Dra Nair Prata do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Comunicaccedilatildeo - Mestrado do Instituto de Ciecircncias Sociais Aplicadas - ICSA da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP Mariana MG 2019

PAULA Joatildeo Basilio Costa Podcasts educativos possibilidades limitaccedilotildees e a visatildeo do professor de ensino superior Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica Belo Horizonte Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais 2010

e q u i p ee d i t o r i a l

138

Ana Elisa Ribeiro eacute doutora em Linguiacutestica Aplicada (Linguagem e tecnologia) e mestre em Estudos Linguiacutesticos (Cogniccedilatildeo linguagem e cultura) pela Universidade Federal de Minas Gerais poacutes-doutora em Comunicaccedilatildeo pela PUC Minas em Linguiacutestica Aplicada pelo Instituto de Estudos de Linguagem da Unicamp e em Estudos Literaacuterios pela Universidade Federal de Minas Gerais Eacute professora titular e pesquisa-dora do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais onde atua no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (mestrado e doutorado) no bacharelado em Letras (Tecnologias de Ediccedilatildeo) e no ensino meacutedio Eacute es-critora autora de livros e publicaccedilotildees literaacuterias individuais e coletivas

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

O R G A N I Z A D O R E S

139

Adriana Alves Pinto eacute doutoranda em Estudos de Linguagens no Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) Mestra em Estudos linguiacutesticos-Traduccedilatildeo liacutengua inglesa pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais Especialista em Produccedilatildeo de Material Didaacutetico Utilizando o Linux Educacional pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado) liacuten-gua inglesa pela UFMG Graduada em LetrasPortuguecircs pela Faculda-de Educacional da Lapa (FAEL) Adriana Alves tambeacutem eacute professora de liacutengua inglesa do ensino baacutesico na escola estadual Celmar Botelho Duarte em Belo Horizonte MG

Arlene Pereira dos Santos Faria eacute poacutes-graduada em ciecircncias da reli-giatildeo pelo ISTA e em Administraccedilatildeo Escolar pela Universidade Cacircndido Mendes Atualmente mestranda em Administraccedilatildeo pelo centro uni-versitaacuterio Unihorizontes Graduada em Pedagogia com ecircnfase no ensi-no religioso pela PUC Minas Dirigiu ateacute fevereiro de 2021 o Coleacutegio Agostiniano Frei Carlos Vicuna projeto social da Sociedade Inteligecircn-cia e Coraccedilatildeo (SIC)

Aureacutelio Kubo eacute doutorando no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estu-dos de Linguagens do CEFET-MG fez mestrado em Estudos Linguiacutesti-cos na UFMG e eacute licenciado em Letras Eacute professor no CEFET-MG Cam-pus Timoacuteteo

Magno Martins eacute mestrando em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG Produtor multimiacutedia estrategista em Marketing Digital e atual-mente eacute professor e profissional independente em Marketing Digital e Comunicaccedilatildeo Digital

Marcos Felipe da Silva eacute mestrando em Estudos de Linguagens no CEFET e formado em Letras pela Faculdade Pitaacutegoras de Belo Hori-zonte

T R A D U T O R E S

140

Michel Montandon eacute doutorando em Estudos de Linguagens pelo Cen-tro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica e servidor da Universidade Fede-ral de Satildeo Joatildeo del-Rei (UFSJ)

Nathalie Santos Caldeira Gomes eacute mestra em Teoria do Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharela em Direito pelo Centro Universitaacuterio Newton Paiva bacharela em Letras com Ecircn-fase em Tecnologias de Ediccedilatildeo pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecno-loacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG licenciada em Portuguecircs e Inglecircs pelo Centro de Ensino Superior de Maringaacute e licenciada em Pedagogia pela Faculdade Ibra de Brasiacutelia Atualmente professora na Prefeitura Municipal de Lagoa Santa e na Seicho-No-Ie do Brasil

Rafael Augusto Gonccedilalves Rocha eacute doutorando em Estudos de Lin-guagens pelo CEFET-MG e Mestre em Estudos Culturais Contempo-racircneos pela Universidade FUMEC Graduado em LetrasInglecircs pela UFMG Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Grupo Educacional Unis-MG e Peda-gogia pelo ISEIB Professor no Coleacutegio Tiradentes da PMMG professor de Liacutengua Inglesa no Coleacutegio Santa Maria Minas - Unidades Betim e Nova Lima e professor da SEE-MG

T R A D U T O R E S

141

Amanda Ribeiro eacute mestranda em Estudos de Linguagens pelo CEFET--MG graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais escritora e professora da rede particular de ensino

Aquiles Junio dos Santos eacute graduado em Administraccedilatildeo Puacuteblica pela Faculdade Minas Gerais - Famig e Especialista em Gestatildeo Puacuteblica Mu-nicipal pela Universidade Federal de Satildeo Joatildeo del-Rei - UFSJ Teacutecnico em Estradas pelo Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais - CEFET-MG e servidor puacuteblico estadual na Fundaccedilatildeo Ezequiel Dias - Funed

Gbegravenoukpo Geacuterard Nouatin eacute doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG Professor de liacutenguas com experiecircncia em traduccedilatildeo Professor Gbegravenoukpo eacute graduado em LetrasEspanhol na especialidade Estudos Linguiacutesticos pela Universiteacute drsquoAbomey-Calavi

Ione Aparecida Neto Rodrigues eacute doutoranda em Estudos de Lin-guagens - CEFET-MG Mestre em Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica- CEFET-MG Graduada em Pedagogia pela UEMG e Coordenadora Pedagoacutegica da Faculdade Ciecircncias da Vida em Sete Lagoas (MG)

Mateus Esteves de Oliveira eacute doutorando e mestre em Estudos de Lin-guagens (CEFET-MG) Graduado em Gestatildeo Comercial (Universidade de Itauacutena) Letras Portuguecircs Inglecircs (UNAR)

Rejane Aparecida da Silva eacute mestre em Letras - Linguiacutestica e Liacutengua Portuguesa pela PUC Minas Graduada em Letras pela PUC Minas Atualmente eacute aluna em disciplina isolada no Programa de Poacutes-Gradu-accedilatildeo em Estudos de Linguagem no CEFET-MG e atua como professora na rede particular em Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

142

Suzanne Silva Rodrigues de Morais eacute doutoranda e mestre em Estu-dos de Linguagens pelo CEFET-MG Graduada em Letras pela UEMG eacute professora de liacutengua portuguesa e produccedilatildeo de textos na rede puacuteblica e particular de Divinoacutepolis - MG

Weliton da Silva Leatildeo eacute mestrando em Estudos de Linguagem pelo CEFET-MG Licenciado em Matemaacutetica pela PUC Minas e professor de Matemaacutetica na rede particular de Belo Horizonte

R E V I S O R E S T Eacute C N I C O S ED E L Iacute N G U A P O R T U G U E S A

143

Ana Claacuteudia Rola Santos eacute mestra em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Ana Luacutecia de Souza eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educaccedilatildeo de Joatildeo Monlevade e em Matemaacutetica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Andresa Carla Gomes de Carvalho eacute mestranda em Letras - Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto e graduada em Letras pela Faculdade de Ciecircncias e Letras de Congonhas

Beatriz Toledo Rodrigues eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Linguagem Tecnologia e Ensino pela Universidade Federal de Minas Gerais graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cristiane Aparecida Arauacutejo Viana eacute especialista em Metodologia de ensino da Educaccedilatildeo Infantil e Seacuteries Iniciais pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais graduada em Letras pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto e aluna da disciplina (isolada) Multi-letramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Daniela Rodrigues Dias eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Fede-ral de Ouro Preto MBA em Gestatildeo de Instituiccedilotildees Educacionais pela Faculdade Pitaacutegoras e em Gestatildeo Empresarial pela Fundaccedilatildeo Comu-nitaacuteria de Ensino Superior de Itabira especialista em Informaacutetica em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Lavras e bacharela em Sistemas de Informaccedilatildeo pela Faculdade Kennedy de Joatildeo Monlevade

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

144

Elton Ferreira de Mattos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Ciecircncias Humanas pela Uni-versidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais

Fernanda Luiza de Sousa eacute mestra em Ensino de Ciecircncias com ecircnfase em Fiacutesica pela Universidade Federal de Ouro Preto e Licenciada em Fiacutesica pelo Instituto Federal de Minas Gerais - Ouro Preto

Filipe Samuel Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Con-trole e Automaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselheiro Lafaiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Glaacuteucio Antocircnio dos Santos eacute mestre em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo de Conteuacutedo em ComunicaccedilatildeoJornalismo pela Universidade Metodista de Satildeo Paulo e em Gestatildeo de Pessoas pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais bacharel em Comunicaccedilatildeo SocialJornalismo pela Fundaccedilatildeo Comunitaacuteria Educacional e Cultural de Joatildeo Monlevade e graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto

Heacutercules Tolecircdo Correcirca eacute doutor em Educaccedilatildeo na aacuterea de Educaccedilatildeo e Linguagem pela Universidade Federal de Minas Gerais realizou estaacute gios de poacutes-doutoramento na aacuterea de educaccedilatildeo linguagem e tecnolo gias na York University Toronto Canadaacute e na Universidade do Minho Braga Portugal Mestre em Letras Estudos Linguiacutesticos e graduado em LetrasPortuguecircs pela Universidade Federal de Minas Gerais Pro-fessor Associado da Univer sidade Federal de Ouro Preto e liacuteder do grupo de pesquisa MULTDICS ndash Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo Publicou capiacutetulos de livros livros e artigos em perioacutedicos sobre letramento(s) letramento digital e letramento literaacuterio Tambeacutem escreve contos e crocircnicas para jornais e revistas

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

145

Joseacute Leandro Teixeira de Azevedo eacute bacharel em Engenharia de Com-putaccedilatildeo pela Universidade Presidente Antocircnio Carlos de Conselho La-faiete e aluno da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto

Layla Juacutelia Gomes Mattos eacute mestra em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal de Viccedilosa graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Viccedilosa aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universida-de Federal de Ouro Preto

Leidelaine Seacutergio Perucci eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Coordenaccedilatildeo Pedagoacutegica pela Universidade Cacircndido Mendes graduada em Pedagogia pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto

Luanna Amorim Vieira da Silva eacute mestranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto graduada em Pedagogia pela Facul-dade Fransinette do Recife

Maacutercus Viniacutecius Vieira Alves eacute mestrando em Letras ndash Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Metodologia de Ensino da Liacutengua Portuguesa e da Liacutengua Inglesa pela Universidade Cacircndido Mendes graduado em Letras pela Faculdade Santa Rita

Maria Emilia DrsquoAngelo Seabra Eiras Lopes Barbosa eacute graduada em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto especialista em In-formaacutetica Aplicada agrave Educaccedilatildeo pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Minas Gerais aluna da disciplina (isolada) Multiletramentos entre teorias e Praacuteticas no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Uni-versidade Federal de Ouro Preto

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

146

Ricardo Ferreira Vale eacute doutorando em ducaccedilatildeo pela Universidade Federal de Ouro Preto mestre em Biotecnologia e Gestatildeo da Inovaccedilatildeo pelo Centro Universitaacuterio de Sete Lagoas especialista em Ensino de Biologia pela Universidade Cacircndido Mendes licenciado em Ciecircncias Bioloacutegicas pelo Centro Universitaacuterio do Sul de Minas e licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitaacuterio Unifacvest

Rosacircngela Maacutercia Magalhatildees eacute doutoranda em Educaccedilatildeo e Mestra em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universi-dade Federal de Ouro Preto especialista em Psicopedagogia Institucio-nal pelo Instituto Prominas e graduada em LetrasLiacutengua Portuguesa pela Universidade Federal de Ouro Preto

Sabrina Ribeiro eacute graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Ouro Preto e voluntaacuteria do Grupo de Pesquisa Multiletramentos e usos das TDIC na Educaccedilatildeo

Thaiacutes Mara Anastaacutecio Oliveira eacute doutoranda em Educaccedilatildeo pela Uni-versidade Federal de Ouro Preto mestra em Educaccedilatildeo pela Universi-dade Federal de Ouro Preto licenciada em Quiacutemica pela Universidade Federal de Ouro Preto

Thiago Caldeira da Silva eacute mestrando em Educaccedilatildeo pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo da Universidade Federal de Ouro Preto especialista em Gestatildeo Puacuteblica pela Universidade Federal de Ouro Pre-to bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Viccedilosa

A U T O R E S D O G L O S S Aacute R I O

c r eacute d i t o s

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Diretor-GeralProf Flaacutevio Antocircnio dos Santos

Vice-DiretoraProfa Maria Celeste Monteiro de Souza Costa

Chefe de GabineteProfa Carla Simone Chamon

Diretor de Educaccedilatildeo Profissional e TecnoloacutegicaProf Seacutergio Roberto Gomide Filho

Diretora de GraduaccedilatildeoProfa Danielle Marra de Freitas Silva Azevedo

Diretor de Pesquisa e Poacutes-GraduaccedilatildeoProf Conrado de Souza Rodrigues

Diretor de Planejamento e GestatildeoProf Moacir Felizardo de Franccedila Filho

Diretor de Extensatildeo e Desenvolvimento ComunitaacuterioProf Flaacutevio Luis Cardeal Paacutedua

Diretor de Governanccedila e Desenvolvimento Institucional Prof Henrique Elias Borges

Diretor de Tecnologia da InformaccedilatildeoProf Gray Faria Moita

Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo

Coordenadora

Profa Joelma Rezende Xavier

Coordenador AdjuntoProf Joseacute de Souza Muniz Jr

LED eacute a editora-laboratoacuterio do Bacharelado em Letras - Tecnologias de Ediccedilatildeo do CEFET-MG Tem por objetivo proporcionar ao corpo discente um espaccedilo permanente de reflexatildeo e experiecircncia para a praacutetica profis-sional em ediccedilatildeo de diversos materiais Tem como princiacutepios fundado-res a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensatildeo a integraccedilatildeo entre formaccedilatildeo teoacuterica e formaccedilatildeo praacutetica e a valorizaccedilatildeo do aprendiza-do horizontal e autocircnomo

Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas GeraisAv Amazonas 5253 Nova SuiacuteccedilaCampus I sala 344Belo Horizonte MG Brasil CEP 30421-169Telefone +55 (31) 3319-7140

CoordenadorProf Dr Joseacute de Souza Muniz Jr

Vice-coordenadorProf Dr Luiz Henrique Silva de Oliveira

Comissatildeo EditorialProfa Dra Ana Elisa RibeiroProfa Dra Elaine Ameacutelia MartinsProf Dr Joseacute de Souza Muniz JrProf Dr Luiz Henrique Silva de OliveiraProfa Dra Maria do Rosaacuterio Alves PereiraProf Dr Rogeacuterio Silva BarbosaProf Dr Wagner Moreira

Conselho EditorialProfa Dra Ana Claacuteudia Gruszynski (UFRGS Brasil)Profa Dra Andreacutea Borges Leatildeo (UFC Brasil)Prof Dr Cleber Arauacutejo Cabral (Uninter Brasil)Profa Dra Daniela Szpilbarg (CIS-IDES-CONICET Argentina)Profa Dra Isabel Travancas (UFRJ Brasil)Profa Dra Luciana Salazar Salgado (UFSCar Brasil)Prof Dr Luis Alberto Ferreira Brandatildeo Santos (UFMG Brasil)Profa Dra Mariacutelia de Arauacutejo Barcellos (UFSM Brasil)Prof Dr Maacuterio Alex Rosa (CEFET-MG Brasil)

Projeto de traduccedilatildeo ldquoUma Pedagogia dos Multiletramentosrdquo

Professores CoordenadoresAna Elisa RibeiroMarcelo Amaral (Doutorando Posling - CEFET-MG)

PreparaccedilatildeoCarolina de Vasconcelos SilvaGabriela OliveiraGabrielly Ferreira

Texto de quarta capaElinara Santana

Projeto Graacutefico e DiagramaccedilatildeoMurilo Vale Valente

RevisatildeoAcircngela Alves Vasconcelos

Revisatildeo finalElinara Santana

Ficha catalograacutefica elaborada pela Biblioteca UniversitaacuteriaBibliotecaacuterio Wagner Moreira de Souza ndash CRB6-2623

P371 Uma pedagogia dos multiletramentos Organizaccedilatildeo e apresentaccedilatildeo Ana Elisa Ribeiro Heacutercules Tolecircdo Correcirca ndash Belo Horizonte LED 2021

152 p ISBN 978-65-87948-04-1

1 Linguiacutestica 2 Letramento I Ribeiro Ana Elisa II Correcirca Heacutercules Toledo III Tiacutetulo

CDD 410

The New London Group (1996) A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures Harvard Educational Review 66 (1) pp 60ndash93

httpsdoiorg1017763haer66117370n67v22j160u

Copyright copy 1996 President and Fellows of Harvard College Translated and published with permission

Este e-book celebra os 25 anos do Manifesto da Pedagogia dos Multiletramentos Foram usadas as

fontes Palatia e Palatino Linotype O projeto editorial eacute de estudantes de Letras do CEFET-MG e foi

finalizado no inverno de 2021

de

se

nh

an

do

futu

ros

so

cia

is

do

s

Em 1994 dez educadores se reuniram em Nova Londres (EUA) com o intuito de

discutir a pedagogia dos letramentos Des-se encontro surgiu o manifesto A Pedagogy of Multiliteracies Designing Social Futures importante documento que propocircs a noccedilatildeo de multiletramentos com sua diversidade linguiacutestica cultural e textual Agora com esforccedilo e dedicaccedilatildeo de professores mes-trandos doutorandos e alunos especiais do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Estudos de Linguagens (Posling) do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Minas Gerais (CEFET-MG) em parceria com a editora-la-boratoacuterio do Bacharelado em Letras esse manifesto foi traduzido para o portuguecircs brasileiro e estaacute acessiacutevel para professores pesquisadores e estudantes das aacutereas de educaccedilatildeo e afins acrescido de um glossaacuterio produzido por parceiros da Universidade Federal de Ouro Preto

mu

ltil

etr

am

en

tos

u m a

gogia

peda

POSLINGPROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeOEM ESTUDOS DE LINGUAGENS

Page 7: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 8: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 9: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 10: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 11: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 12: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 13: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 14: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 15: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 16: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 17: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 18: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 19: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 20: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 21: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 22: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 23: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 24: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 25: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 26: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 27: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 28: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 29: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 30: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 31: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 32: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 33: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 34: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 35: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 36: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 37: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 38: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 39: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 40: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 41: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 42: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 43: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 44: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 45: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 46: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 47: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 48: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 49: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 50: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 51: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 52: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 53: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 54: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 55: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 56: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 57: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 58: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 59: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 60: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 61: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 62: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 63: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 64: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 65: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 66: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 67: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 68: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 69: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 70: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 71: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 72: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 73: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 74: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 75: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 76: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 77: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 78: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 79: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 80: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 81: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 82: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 83: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 84: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 85: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 86: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 87: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 88: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 89: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 90: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 91: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 92: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 93: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 94: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 95: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 96: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 97: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 98: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 99: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 100: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 101: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 102: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 103: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 104: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 105: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 106: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 107: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 108: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 109: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 110: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 111: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 112: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 113: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 114: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 115: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 116: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 117: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 118: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 119: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 120: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 121: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 122: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 123: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 124: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 125: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 126: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 127: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 128: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 129: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 130: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 131: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 132: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 133: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 134: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 135: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 136: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 137: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 138: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 139: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 140: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 141: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 142: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 143: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 144: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 145: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 146: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 147: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 148: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 149: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 150: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 151: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...
Page 152: Carmen Luke Sarah Michaels Martin Nakata uma pedagogia dos ...