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MAISALTO|5 VALÊNCIAS ISR NA FORÇA AÉREA PORTUGUESA N unca como hoje, a informação foi tão importante à tomada de decisão, tor- nando-se essencial aos seus mais diver- sos níveis. Para fazer face a uma ordem mundial e social em constante mutação e transforma- ção, só com um sólido e célere sistema de reco- lha e processamento de informações, se conse- gue enfrentar as mais diversas ameaças. Para fazer face a esta problemática, os siste- mas e plataformas de ISR de qualquer Nação, ou da Aliança, configuram-se quase sempre como “insuficientes” para satisfazer todas as necessi- dades de informação, nos mais diversos cená- rios de Operações e de Segurança. Uma das for- mas de suplantar esta insuficiência de meios é através da cooperação, partilha, integração de in- formação e de uma abordagem holística dos pro- blemas pelos diversos intervenientes. Nos conflitos actuais a questão não se mede por qual o maior poderio militar em confronto, mas como e quando aplicá-lo, sem causar da- nos excessivos. Esta necessidade a par da evolução tecnológi- ca provocou uma mudança no paradigma do acesso à informação, deixando de se considerar que as missões de reconhecimento deveriam ser efectuadas em exclusivo por plataformas especí- ficas e dedicadas (exemplos de aeronaves como o Lockheed U-2 ou Lockheed SR-71 Blackbird), passando para um outro tipo de plataformas mais versáteis ou, embora dedicadas ao ISR, mais li- geiras, de custo e risco inferior, mas com capa- cidades limitadas, como as aeronaves pilotadas remotamente (UAS – Unmanned Aircraft Systems). INTELLIGENCE, SURVEILLANCE AND RECONNAISSANCE* A EXPLORAÇÃO INTEGRADA DOS SISTEMAS DE ARMAS C-295M E P-3C/CUP+ * Reconhecimento, Vigilância e Informações A par da Defesa Aérea e das Missões de Apoio, a Força Aérea apresenta hoje uma capa- cidade única de ISR no âmbito das Operações Aéreas Anti-Superfície em ambiente marí- timo e terrestre, contribuindo simultaneamente para melhorar a Capacidade Militar Na- cional de Comando, Controlo e Vigilância. ISR Foto CAVFA/2Sar Barbosa Foto CAVFA/CAdj E. Sá C-295M P-3C/CUP+

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VALÊNCIAS ISRNA FORÇA AÉREA PORTUGUESA

Nunca como hoje, a informação foi tãoimportante à tomada de decisão, tor-nando-se essencial aos seus mais diver-

sos níveis. Para fazer face a uma ordem mundiale social em constante mutação e transforma-ção, só com um sólido e célere sistema de reco -lha e processamento de informações, se conse-gue enfrentar as mais diversas ameaças.

Para fazer face a esta problemática, os siste-mas e plataformas de ISR de qualquer Nação, ouda Aliança, configuram-se quase sempre co mo“insuficientes” para satisfazer todas as ne ces si -dades de informação, nos mais diversos cená-rios de Operações e de Segurança. Uma das for-mas de suplantar esta insuficiência de meios éatravés da cooperação, partilha, integração de in -

formação e de uma abordagem holística dos pro-blemas pelos diversos intervenientes.

Nos conflitos actuais a questão não se medepor qual o maior poderio militar em confronto,mas como e quando aplicá-lo, sem causar da -nos excessivos.

Esta necessidade a par da evolução tecnológi-ca provocou uma mudança no paradigma doacesso à informação, deixando de se considerarque as missões de reconhecimento deveriam serefectuadas em exclusivo por plataformas especí-ficas e dedicadas (exemplos de aeronaves comoo Lockheed U-2 ou Lockheed SR-71 Blackbird),passando para um outro tipo de plataformas maisversáteis ou, embora dedicadas ao ISR, mais li -geiras, de custo e risco inferior, mas com capa-cidades limitadas, como as aeronaves pilotadasremotamente (UAS – Unmanned Aircraft Systems).

INTELLIGENCE, SURVEILLANCE AND RECONNAISSANCE*

A EXPLORAÇÃO INTEGRADA DOS SISTEMAS DE ARMASC-295M E P-3C/CUP+

* Reconhecimento, Vigilância e Informações

A par da Defesa Aérea e das Missões de Apoio, a Força Aérea apresenta hoje uma capa-cidade única de ISR no âmbito das Operações Aéreas Anti-Superfície em am biente marí-timo e terrestre, contribuindo simultaneamente para melhorar a Capa cidade Militar Na -cional de Comando, Con trolo e Vigilância.

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A escassez de meios com capacidades ISR permitiuigualmente o alargamento desta missão a outros sis-temas, por um lado normalmente associados a ou trasmissões, como os satélites, aeronaves caça/ataquemulti-role equipadas com targeting pods (Ex: F-16 MLUportuguês equipado com o Pod Designa dor de Al -vos/LITENING AT Targeting Pod), e por ou tro a aero-naves do tipo MPA (Maritime Patrol Air craft), ou maisrecentemente os MPRA (Maritime Patrol and Recon -naissance Aircraft), especialmente concebidas para mis -sões em ambiente marítimo, mas que fruto de sen soresmais modernos são também capazes de operar emambiente terrestre.

A Força Aérea dispõe hoje de duas plataformas re -centes, com valências únicas em ISR, de médio e longoalcance, respectivamente o C-295M e o P-3C/CUP+,para além do já referido Targeting Pod que equipa oF-16 MLU. Espera-se ainda que o PITVANT (Projectode Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos Não--Tripulados) se possa afirmar como uma plataformade ISR–Curto alcance, nomeadamente em missões deSAR (Busca e Salvamento – Search and Res cue) eViMAR (Vigilância Marítima), dentro em breve.

O C-295M, constituindo-se como uma aeronave debaixo custo de operação, com uma grande modulari-dade e capacidade de adaptação conferindo-lhe ca -pacidades para realizar acções aéreas de ISR, assimcomo transporte aéreo intrateatro, acaba por se inse-rir nesta nova abordagem ao ISR. A aeronave podeinclusive ser considerada para a introdução de equi-pas de militares de operações especiais, por aterragemde assalto, ou por largada de pára-quedas, as su min -do em seguida a função de vigilância, reconhecimen-to e acompanhamento da progressão da força para oalvo para apoiar a acção ofensiva das equipas ante-riormente lançadas, operando de dia e de noite e emquaisquer condições meteorológicas (All Weather).

O P-3C/CUP+, mantendo todas as capacidades dePatrulhamento Marítimo (PM) do P-3P, melhorou e mo -dernizou os seus sensores e o seu armamento, dotandoa aeronave com capacidades para operar em ambien-te terrestre, assentes no conceito de “Network CentricWarfare”, permitindo a partilha da imagem tácticapor múltiplos utilizadores e simultaneamente esbatera distância física e temporal entre decisores e execu-tantes. Deste modo, conjugam-se assim as ca rac te rís -ticas inatas desta aeronave, onde se destacam a suaenorme autonomia, raio de acção, velocidade, a dis-ponibilidade para transportar sensores e armamentoe operando também em condições All Wea ther, resul-tando num sistema de armas extremamente versátil eflexível. A sua flexibilidade permite o seu emprego em

todo o espectro do conflito, constituindo-se como umcatalisador de sinergias operacionais e um elementomultiplicador de capacidades e de força.

As aeronaves de Patrulhamento Marítimo deixam deestar exclusivamente dedicadas a operações aéreascontra forças navais e convertem-se em plataformascom características C4ISTAR (Comand, Control, Co mmu-nications, Computers, Inteligence, Surveillan ce, TargetAquisition and Reconnaissance) com capacidades decomando e controlo, de recolha de informações, de clas-sificação e designação de alvos e até de ataque.

If you know the enemy and know yourself, you neednot fear the result of a hundred battles. If you knowyourself but not the enemy, for every victory gainedyou will also suffer a defeat. If you know neither your-self nor your enemy, you will succumb in every battle.

Sun Tzu, The Art of War

ISR ATRAVÉS DA PLATAFORMAC-295M – A AERONAVE

O Estado Português adquiriu, através do “Concursode Aquisição de Aeronaves de Transporte Aéreo Tác -tico e de Vigilância Marítima”, 12 aeronaves C-295M.Destas, cinco possuem aptidão para realizar missõesde Vigilância Marítima (Versão PG02), através da ins-talação de um dos três sistemas FITS (Full IntegratedTactical System) disponíveis. As últimas duas, destascinco aeronaves, estão igualmente equipadas comprovisões para a instalação do Sistema de Reco nhe -ci mento Fotográfico (Versão PG03).

O FITS gere o funcionamento dos sensores especí-ficos para a Vigilância que equipam a aeronave, opti-miza e potencia os resultados, apresentando-os deforma integrada ao Coordenador Táctico (CT). Estacaracterística torna o C-295M numa plataforma deelevado potencial na execução de missões de vigilân-cia em ambiente marítimo, podendo no entanto a suaaplicabilidade ser facilmente estendida, para outroscenários de operação, nomeadamente o terrestre,algo que tem ocorrido de forma contínua e com su -cesso desde que a aeronave entrou ao serviço da For -ça Aérea Portuguesa.

Internamente, a configuração da plataforma con-cretiza-se pela instalação dos respectivos equipamen-tos e sensores alojados debaixo do piso da aeronave,através da introdução do sistema paletizado (do tipo“Roll on/Roll off”). Esta forma simplificada de reconfi-guração da aeronave baseada em módulos, permiteque, com a mesma aeronave, seja possível realizarum espectro alargado de missões que variam entre asoperações de Transporte Aéreo nas suas diferentes

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mo dalidades, Busca e Salvamento, Evacuações Sa ni -tá rias, Vigilância Marítima, Reconhecimento e Fo to -grafia Aérea, quer no âmbito militar, quer nas denomi-nadas "Missões de Interesse Público", constituindo-seassim, o C-295M, num Sistema de Armas de múltiplouso por excelência.

O SISTEMA DE MISSÃOO Sistema de Missão – FITS – permite ao operador

a gestão do cenário táctico, através de diversas fun-ções de gestão de alvos, de imagens, de dados obti-dos pelos sensores, de soluções tácticas computadas,assim como do seu registo sob a forma de imagensou de ficheiros de dados que permitem o tratamentodos mesmos em fase de processamento pós-missão.

O FITS é composto por dois vectores, um terrestree um embarcado. O vector terrestre é composto porvárias estações de trabalho, onde se concretizam ac -ções de planeamento, de comunicações e de proces-samento. Estas três componentes designam-se por MSC(Mission Support Center) e constituem-se numa ver-tente de comunicações (DLS – Data Link System), deplaneamento e processamento da missão (MSF – Mis -sion Support Facility) e de poluição (GPS – Ground Pro -cessing Station).

O vector embarcado é composto por duas conso-las multifuncionais (MFC – Multi Function Consoles)pelas quais se distribuem as tarefas necessárias à ope-ração entre o OPVM (Operador Auxiliar de ViMAR) eo CT, sob a supervisão deste último. As consolas sãocomplementares e redundantes, querendo isto dizerque quando ambas estão em funcionamento a cargade trabalho é distribuída entre elas de acordo com asnecessidades, mas em caso de falha de uma delas, aoutra é auto-suficiente para a condução da missão.

OS SENSORESPara dispor de todas estas capacidades, a aerona-

ve está equipada com os seguintes sensores e equi-pamentos vocacionados e orientados para a opera-ção de Reconhecimento e Vigilância:

RADAR ELTA 2022-A(V)3 – IAI (Israel AerospaceIndustries, Ltd); Electro-óptico STAR SAFIRE HD – FLIRSystems; Gravador de Vídeo Digital (DVR); Gravadorde Vídeo de Alta Definição (HDVR); Câmara Fo to -grá fica Digital; Câmara de Vídeo Digital de Alta De -finição; Binóculos de Imagem Estabilizada; Farol deBus ca; Sistema de Comunicações de Dados; Sen so resde Detecção Infravermelhos/Ultravioletas/Vi sual; Ter -mómetro de Precisão por Radiação; SLAR (Si de Loo -king Airborne RADAR; Cockpit Display.

Pormenorizando apenas alguns dos sensores e equi-

pamentos com relevo para as missões ISR, destaca-seo ELTA 2022, um RADAR vocacionado para operaçãoem ambiente marítimo com capacidade de de tecçãode alvos de dimensões reduzidas (aproximadamen-te 1 m2) com um alcance até às 200 NM. Ou tras ca -pa ci dades de destaque deste sensor são os modosde de tecção ar-ar e de detecção meteorológica, MTI(Mo ving Target Indicator), classificação ISAR (InverseSynthetic Aperture RADAR) e SAR (Synthetic ApertureRADAR), entre outras que flexibilizam e op timizam agestão da informação obtida.

O STAR SAFIRE HD (SSHD) é um sistema electro--óptico com capacidade de obtenção de imagem emalta definição nos seguintes modos: infra-vermelho (pa-ra obtenção de imagem térmica especialmente dedi-cado à operação em ambiente nocturno), TV (imagemcolorida especialmente dedicada à operação diurna),TV “LowLight” (imagem colorida em condições debaixa luminosidade) e iluminador laser “CALI – CovertAction Laser Iluminator” (dedicado à iluminação dosalvos em condições de baixa luminosidade para utili-zação conjugada com o modo “LowLight”).

O DVR destina-se à gravação/reprodução das ima-gens obtidas pelo electro-óptico ou pela câmara devídeo, consoante a selecção feita pelo operador, as -sim como a gravação das fontes de audio selecciona-das em painel dedicado.

As câmaras, fotográfica e de vídeo, são destinadasà captura de imagens, das situações a documentarno cumprimento das missões. Os dois tipos de ima-gem são anotados, sem intervenção dos operadores,com os dados de navegação da aeronave de formaa poderem constituir prova documental em processosde infracção (Autos de Notícia).

Qualquer destas imagens está disponível para aná-lise do CT, imediatamente após a sua obtenção.

No que diz respeito às capacidades de envio e re -cepção de dados através dos equipamentos de co-municações da aeronave, o FITS tem integrado umacomponente designada por DLS (Data Link System)cujas capacidades são: envio/recepção de dados atra-vés de V/UHF, HF e SATCOM (Satellite Commu ni ca -tions); envio/recepção de correio electrónico atravésde HF e SATCOM, acesso a serviços de internet atra-vés de SATCOM.

O C-295M mantém as capacidades da sua an te -ces sora, o C-212/300 Aviocar, no que diz respeito àmonitorização e controlo da poluição marítima, atravésdo seu subsistema designado por SPDS (Sea Po llu tionand Detection System), com o qual o CT poderá de -ter minar as áreas afectadas por poluição por hidro-carbonetos (petróleo, óleo, crude, etc.), as áreas de maior

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concentração e estimar um cálculo da quantidade dematéria derramada.

AS CAPACIDADES DO C-295MVERSÃO PG02 E PG03

O C-295M/PG02 tem uma autonomia de aproxi-madamente 9 horas de voo, uma velocidade típica naárea de operação entre os 150 KTAS e os 220 KTASe um alcance aproximado de 1700 NM.

Com esta performance é possível ao C-295M/PG02cobrir toda a ZEE (Zona Económica Exclusiva) nacio-nal nas suas três subáreas (Continente, Madeira e Aço -res), sendo possível executar a cobertura das sub á reasdo Continente e da Madeira a partir da Base Aéreanº 6 (BA6) no Montijo, e a dos Açores a partir da Ba -se Aérea nº 4 (BA4) nas Lajes.

No âmbito de intervenção da Vigilância Marítima,o C-295M/PG02 está assim optimizado para o cum-primento das seguintes missões: • Monitorização e Controlo das Actividades de Pescae de Actividades Ilícitas (imigração ilegal, tráfico depessoas e de substâncias ilegais, pirataria, etc.);• Monitorização e Controlo da Poluição Marítima (der-rames acidentais, lavagens ilícitas, etc.), do Trá fegoMarítimo (cumprimento do Esquema de Separaçãode Tráfego – EST – e das demais regras de circulaçãomarítima), e outras missões de âmbito militar, ou ou -tro, definido superiormente.

A versão C-295M/PG03 garante uma capacidade

acrescida ao nível do Reconhecimento Fotográfico nassuas várias aplicações, sejam de carácter exclusiva-mente militar (caracterização do terreno e de po ten ciaisalvos), ou de outro mais lato em que a sua aplicabili-

C-295M com o Sistema Electro-óptico STAR SAFIRE HD – FLIR

Consolas de operação do FITS

Alcance útil doC-295M a partir doContinente ou dosAçores

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dade tem uma grande variedade de utilizações (Car to -grafia, Ordenamento do Território, Explo ra ção de Re -cur sos Naturais, Protecção do Ambiente, Arqueologia,Gestão da Recursos Hídricos, etc.). Esta missão podeser executada até uma altitude de 30.000 pés.

O CONTRIBUTO DO C-295MPARA AS MISSÕES NACIONAISNO ÂMBITO DO ISR

Em termos gerais, a Vigilância Marítima executadapor aeronaves é uma observação sistemática a áreasna superfície ou submersas, levada a cabo através detodos os meios disponíveis e praticáveis, primariamen-te com o propósito de localizar, identificar e de terminaro movimento e intenção dos navios, submarinos e ou -tras unidades marítimas, amigas ou consideradas ini -migas.

De forma abrangente, estas missões de Reco nheci -mento e Vigilância devem conjugar uma multiplicida-de de objectivos parcelares e sincronizados, permitin-do num único voo desenvolver uma grande variedadede acções, nomeadamente: Vigilância e Fiscalizaçãodas Actividades de Pesca, Vigilância e Fiscalização daPo luição Marítima, Vigilância e Fiscalização das Ac ti vi -dades Ilícitas, Vigilância e Fiscalização do Tráfego Ma -rítimo e mais recentemente o Apoio ao Combate aosFogos Florestais.

No AApoio ao Combate aos Fogos Florestais desta-ca-se a aptidão para desenvolver acções de Reco nhe-cimento e Vigilância sobre fogos, ou potenciais focosde incêndio, ajudando à sua detecção e apoio ao com-bate do mesmo. O modo de operação passa por terum Comando e Controlo embarcado (elementos doANPC – Autoridade Nacional de Protecção Ci vil) aoqual é facultado um cenário táctico, onde entre ou trosse observam dados como a determinação de áreasafectadas, frentes de fogo, pontos críticos (ca sas ouestruturas em risco), disposição dos meios de comba-te, progressão do fogo, caminhos de entra da/saídapara as zonas de combate e pontos de reabastecimen-to de água e logísticos. Desta forma, os meios podemser direccionados para as zonas mais importantes,auxiliando as forças que se encontram no ter reno nocombate ao fogo.

O C-295MEM MISSÕES INTERNACIONAISNO ÂMBITO DO ISR – FRONTEX

A instabilidade económica, que se verifica um pou -co por todo o planeta, tem desencadeado um volumeextraordinário de migrações a nível mundial. Estes flu -xos migratórios, provenientes de países menos desen-

volvidos, têm como destino principal a Europa Oci den -tal. Considerados como tráfico humano, estes fluxosmigratórios são assumidos como uma forma crimino-sa de migração e, por conseguinte, ligados ao crimeorganizado. A seu favor está a não existência de fron-teiras internas entre os Estados-Membros, po ten cian -do a livre circulação de pessoas e de bens.

Ciente desta situação, a União Europeia (EU) viureforçada a necessidade de controlar as suas frontei-ras externas, nomeadamente a marítima que tem vin -do a revelar-se como a porta principal das rotas deimigração ilegal. Recorde-se que este cenário agra-vou-se com as recentes convulsões ocorridas em paí-ses do Norte de África – Tunísia, Egipto e Líbia –, bemcomo com a extrema volatilidade da situação polí-tico-social de países como a Argélia e Marrocos. As -sim, foi neste contexto e no sentido de travar es tagrave situação, de forma a garantir o bem-estar e ase gu rança dos cidadãos europeus que a Força Aé reafoi chamada a participar, através da Esquadra 502com o C-295M.

Pelo segundo ano consecutivo o Estado Português,a pedido da Agência Europeia de Gestão da Coope -ração Operacional nas Fronteiras Externas dos Esta -dos-Membros da União Europeia (FRONTEX), temcolaborado activamente para combater este flagelo.

Esta participação traduziu-se, só no ano 2012, em101 missões de ViMAR, no Teatro de Operações daFRONTEX no Mediterrâneo, a saber: Hermes, Índalo,Poseidon e Aeneas. Nas quatro operações as tripula-ções da Esquadra 502, realizaram um total de 409horas de voo, numa área próxima dos 4.200.000 km²,tendo percorrido 111.045 km, que resultaram na iden-tificação e monitorização de 11.736 embarcações.Com estas missões já foi possível detectar e intercep-tar centenas de imigrantes ilegais, realizar diversasacções de busca e salvamento conducentes ao salva-mento de dezenas de pessoas em perigo, apreenderum alvo com contrabando de tabaco e acompanharembarcações e aeronaves associadas ao tráfego dedroga, levando à apreensão de toneladas de estupe-facientes e detenção de vários suspeitos. De salientar,a recolha de dados de informação, fundamental nocontrolo dos fluxos migratórios e de operações ilícitasque têm lugar no mar do Mediterrâneo.

“ISR is indivisible because the effects it provides de -pend upon the synchronization and integration of theintelligence, surveillance, and reconnaissance activi-ties. That is the principle. Intelligence relies on sur-veillance and reconnaissance for its data and infor-mation. Conversely, we do not know what to surveil,

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where to reconnoiter, or when to do either without in -telligence. The data collected depends upon proces-sing and exploitation common to all three activities.”

LtGen General David Deptula, USAF (Ret), in November

2011, at the Air Force Academy Global Warfare Symposium

ISR ATRAVÉS DA PLATAFORMAP-3C/CUP+ – A AERONAVE

A recente entrada ao serviço do P-3C/CUP+ intro-duziu na Força Aérea uma plataforma com caracterís-ticas multimissão, capaz de desempenhar um es pectroalargado de acções aéreas, com destaque pa ra o ISR.A evolução tecnológica verificada ao nível dos senso-res e sistemas de processamento de dados permitiudotar a aeronave com uma variedade de sistemas demissão, comunicações e de sobrevivência em com-bate, conferindo-lhe capacidades que permitem pro-jectar a sua operação noutros ambientes que não otradicional ambiente marítimo. Além da capacidadepara apoiar as mais variadas operações militares con -juntas, a nova plataforma pode também representaruma mais-valia no com bate às actividades ilícitas, aomesmo tempo que vê reforçada a sua aptidão paracontinuar a garantir a busca e salvamento na exten-sa área de responsabilidade nacional. Este sistemade armas, viu ainda au mentada a sua capacidade de“fogo”, com a introdução de uma nova ar ma anti-superfície, o míssil an tinavio e alvos terrestres de guia-mento infra-vermelho de curto alcance, o AGM-65F/G

Maverick, o qual pode ser escravizado ao Electro-óp -tico para designação de alvos a grandes distâncias,juntando-se assim à panóplia de armas já existentes:o Boeing AGM-84 HARPOON Block I, Bom bas MK-82/83/84, Minas MK-36 e o Torpedo MK-46A(s).

AS VALÊNCIAS ISRO P-3C/CUP+ da Força Aérea é a mais recente

das plataformas do género a entrar ao serviço opera-cional de entre todos os operadores da Aliança e daEU. Com sensores criteriosamente seleccionados pa -ra fazer face aos desafios que os actuais teatros deoperações oferecem, esta aeronave representa um va -lor acrescido para qualquer comandante militar e umrecurso que escasseia entre as forças aliadas.

A recente intervenção na Líbia (Operação UnifiedProtector) provou a relevância do P-3 nos conflitosactuais. Além do empenhamento nas operações dePatrulhamento Marítimo, garantindo a interdição das

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P-3C/CUP+ em missão nocturna Foto CAVFA/1Sar E. Domingos

Alcance útil da aero-nave P-3C a partirdos Açores, 2500 kmde raio de acção,mais de 4 horas depatrulhamento

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águas costeiras e a compilação da imagem marítima,o P-3 foi ainda em pregue no ataque com mísseis ameios navais de su perfície que conduziam operaçõeshostis, ao mes mo tempo que efectuava a recolha deinformações em terra, recorrendo aos sensores delongo alcance. Nu ma operação conduzida na baciamediterrânica, não deixa de ser assinalável que estesmeios tenham sido garantidos por países como o Ca -nadá e os Es ta dos Unidos. Perante estes factos nãopodemos deixar de salientar que Portugal tem, na ca -pacidade ISR, uma oportunidade de se afirmar entreos seus aliados, recorrendo a um meio que está dis-ponível no dispositivo nacional de forças.

O emprego destas plataformas em operações so -bre terra já se vem a desenvolver desde o conflito dosBalcãs, no início dos anos de 1990. No Iraque e noAfega nistão, as aeronaves P-3 foram, e ainda são, em -pregues de forma sistemática, em operações de Vigi -lân cia e Reconhecimento. Seja na alimentação dociclo de informações de combate ou no apoio di rectoa forças no terreno, providenciando em tempo real, apers pectiva aérea da zona de operações e de todosos movimentos inimigos. Estas acções têm criado si -ner gias de esforços que potenciam a eficácia das ope -rações militares, ao mesmo tempo que contribuem pa -ra a redução de baixas entre as forças amigas.

OS SENSORESNuma plataforma ISR deste tipo importa a conju-

gação de duas capacidades essenciais: a recolha deinformação e a divulgação da mesma.

Uma das características da aeronave P-3C/CUP+ épermitir alojar múltiplos sensores e múltiplas estaçõesde trabalho para diferentes operadores, permitindoum operador dedicado a cada sensor. Se a esta capa-cidade, juntarmos as características de voo, ob temosuma plataforma capaz de operar um conjunto muitoalargado de vários sensores a voar a 30.000 pés sobreterritório hostil, durante mais de 12 horas contínuas.

De entre os vários sistemas sensores, destacam-seo Electro-óptico/Infra Vermelho (EO/IR) e o RADAR.

Relativamente ao primeiro, trata-se do MX-15 HDi,de origem norte-americana, e está equipado com trêselementos sensores: uma câmara TV de alta resolu-ção; um sensor IR e uma câmara de grande magnitu-de para pequenos detalhes (Spoter Scope). Este sen sor

está totalmente integrado com o sistema de missãoda aeronave, bem como com o míssil Mave rick. As trêscâmaras do MX-15 HDi permitem a re colha de infor-mações e a monitorização das movimentações inimi-gas a distâncias consideráveis, de dia ou de noite.

O ELTA 2022(A)V3, de fabrico israelita, é o RADARque equipa o CUP+. Trata-se de um sensor multimo-do com apresentação “multi-layer” – isto é, a capaci-dade de apresentar vários modos de operação numamesma imagem concorrente. A grande valia destesensor para as operações de vigilância e reconhe ci -mento reside no seu longo alcance (370 km) e os mo-dos de imagem baseados em tecnologias SAR e ISAR.

Além de permitir a manutenção da consciência si -tuacional (“SA” – Situational Awareness) daquilo quese passa à volta da aeronave (à superfície e acima),este sensor permite a obtenção de imagens de altaresolução, de faixas de terreno, mantendo considerá-veis distâncias à zona alvo. Em operações marítimas,o modo ISAR permite a obtenção de uma silhuetadas embarcações, cuja definição permite concluir qualo tipo e a classe de navio – este modo é efectivo atéao limite do alcance do RADAR.

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Sistema EO/IR da aeronave P-3C/CUP+

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O sistema de ESM/ELINT ALR-97, de fabrico ame-ricano, é o sistema eleito para as medidas de supor-te electrónico. Este sistema de vigilância electrónica,permite a detecção, localização e classificação de pla-taformas emissoras (i.e. RADAR) de vária natureza –desde RADAR de busca e vigilância aérea, até siste-mas activos de guiamento de armas. Na aeronaveCUP+, este sistema é também responsável pela fun-ção RWR (RADAR Warning Receiver), fornecendo aler-tas contra a existência de sistemas de guiamento dearmas, permitindo a adopção das tácticas de evasãopor parte da tripulação.

Por último importa falar na capacidade Acoustic In-telligence (ACINT). Esta é garantida pelo equipamen-to USQ-78(B) AR/TR, o mais recente desenvolvimen-to da Lockheed Martin Maritime Systems (Ma nas sas)em ma téria de sensores acústicos para plataformasaéreas. A principal função deste sistema é permitir àtripulação o seguimento e classificação de platafor-mas sub ma ri nas, desiderato que é conseguido atra-vés do pro cessa mento do sinal enviado pelos senso-res descartáveis, lançados a partir da aeronave – assonobóias.

AS LIGAÇÕESA uma plataforma ISR não basta a capacidade de

recolher informação. Tão importante quanto os sen-sores é a capacidade de difundir o produto dos mes-mos. O P-3C/CUP+ está dotado de sistemas que per-mitem a transmissão (em linha de vista, até aos 370km) de dois canais de vídeo em tempo real, conjun-tamente com um canal “File Transfer Protocol”. Estescanais podem ser alimentados directamente com ainformação de qualquer câmara do sensor EO/IR, per-mitindo a quem está no terreno ter acesso à “God'sEye View” da aeronave, ou seja, a capacidade de veralém do horizonte. Adicionalmente, existe a bordo acapacidade de transmissão de imagens fixas (paraalém da linha de vista) através de propagação High

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Navio de cruzeiro, avistado pelo EO/IR a mais de 100 km

Imagem SAR do aeroporto de Faro captada na oblíquaa dezenas de kms de distância

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Frequency e Military SATCOM, assim como interope-rabilidade em voz (em modo claro ou encriptado)com forças terrestres, navais e aéreas. O CUP+ estáainda equipado com sistemas de partilha de informa-ção táctica Link-11 e Link-16.

O CONTRIBUTO DO P-3C/CUP+PARA AS OPERAÇÕES DE RESPOSTAA CRISESOS CASOS DO COMBATE À PIRATARIA NO CORNO DE ÁFRICA,O CONTROLO DA NAVEGAÇÃO MERCANTE NO ME DITER RÂNEO

E A FORÇA DE REACÇÃO IMEDIATA NA OPERAÇÃO MANATIM

Depois dos resultados obtidos na Operação Ata -lan ta, na altura com o P-3P, Portugal decidiu renovaro contributo nacional para o combate ao flagelo dapirataria no Corno de África, com a atribuição de umP-3C/CUP+ à Força Tarefa da NATO (TF 508) de 18de Abril a 18 de Junho de 2011, no âmbito das For -ças Nacionais Destacadas (FND). No decorrer desteperíodo, foram efectuadas 30 missões de patrulha-mento da área de interesse e de reconhecimento dacosta da Somália (Quadro 1).

Durante esta operação foram efectuadas quase250 horas de voo que permitiram reforçar a seguran-ça da navegação marítima na região, assim comocompilar a localização dos campos de piratas ao lon -go da costa da Somália. Os novos sensores permiti-ram a cobertura mais coerente e abrangente da áreade operações, não só pelo maior alcance, mas tam-bém pela qualidade da informação que permitem ob -ter. A capacidade de transmissão de vídeo (paraROVER embarcado, “Remoted Operated Video En -han ced Receiver” – sistema que recebe imagens devídeo de aeronaves) em tempo real para meios na -vais, permitiu aumentar o grau de interoperabilidadecom a Marinha Portuguesa e aumentar a consciên-cia situacional do Comandante da Força, neste casoconcreto, em colaboração com a Fragata NRP Vascoda Ga ma, ao serviço da European Union Na val Force(EUNAVFOR), como Navio Almirante.

A performance dos sensores, nomeadamente oEO/IR, é particularmente importante na recolha dedados fundamentais para a avaliação da actividade

a bordo das embarcações. A existência de escadas(usadas para o assalto), armas (ligeiras e RPG “Ro -cket Propelled Grenade”) e reféns constituem indíciosindubitáveis de que se trata de uma embarcação sus-peita de pirataria. Nas acções de reconhecimento aoscampos é essencial que a plataforma ISR consigarecolher a informação pertinente sem necessitar dese aproximar da costa (é sabido que na Somália pro-liferam os equipamentos MANPADS (“Man-Por ta bleAir-Defense Systems”), evitando as ameaças. Es tru tu -ras de comunicações, viaturas, depósitos de com bus -tível, navios apresados e as embarcações utilizadas nasacções de pirataria, estão entre as informações deinteresse que importa recolher. Tão im portante quan-to a capacidade de recolha da informação é a capaci-dade de produção de Intelligence através de análise,tarefa que é executada pelos analistas de Imma geryIntelligence (IMINT) da Força Aérea.

Os ataques de 11 de Setembro de 2001 trouxerama percepção mundial para o problema do terrorismoe com ele a adopção de iniciativas internacionais decombate a esta ameaça. Desde 2003 que Portugaltem uma aeronave P-3 atribuída ao Comando Re -gional do Sul da NATO (JFC Nápoles) para a Ope ra -ção Active Endeavour (OAE), na qual a Esquadra 601efectuou, até Ou tubro de 2012, 1.553 horas de voo,em 235 missões realizadas. Os objectivos da Aliança,nesta operação, prendem-se com a segurança dana vegação no Me diterrâneo e o controlo continuadode navios suspeitos de associação com organizaçõesterroristas e criminosas, além de uma manifestaçãode empenho da Aliança para a segurança regional emundial. Esta operação, outrora conduzida com re -curso à plataforma P-3P, é agora efectuada de formamais eficaz, mais económica, mais célere e segura,com a nova plataforma CUP+. Os novos sensores,mais capazes, alargaram o horizonte de busca da ae -ronave, assim como trouxeram a capacidade de clas-sificar as plataformas navais, mantendo distâncias ealtitudes de operação substancialmente maiores.

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MÊSMISSÕES

PLANEADASMISSÕES

EXECUTADASMISSÕES

CANCELADASHORAS DE VOO

ABRIL 6 6 0 50:10

MAIO 16 16 0 133:20

JUNHO 8 8 0 65:25

TOTAIS 30 30 0 248:55

Quadro 1 – Actividade Operacional do Destacamento P-3C/CUP+ na Operação Ocean Shield (EMGFA, 2011)

Missão tipo do P-3C na Operação Active Endeavour, a partirda BA11, Beja

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Em consequência do golpe militar na República daGuiné-Bissau, em Abril de 2012, com a subsequen-te deterioração da situação político-social e de segu-rança, foi determinada pelo Governo de Portugal apreparação e execução de uma operação de evacua-ção de cidadãos nacionais e de outras nacionalida-des aliadas e amigas. Para tal foi determinado peloCEMGFA** o planeamento e execução da OperaçãoManatim, activando uma Força Conjunta com basenas Uni da des e Meios da Força de Reacção Ime dia -ta. De entre esses meios, contou-se com o contributodo P-3C/ CUP+, efectuando missões de ISR, du ran teos 24 dias da Operação Manatim.

A CAPACIDADE DE RECONHECIMENTOE VIGILÂNCIA DA FORÇA AÉREA NOÂMBITO DAS MISSÕES DAS FORÇASE SERVIÇOS DE SEGURANÇA (FFSS)

A Defesa Nacional (DN) é um conceito interdisci-plinar e interministerial. A ameaça à segurança e bem--estar das populações não se cinge à ameaça armada,antes pelo contrário, na conjuntura actual, “o crimeorganizado transnacional constitui uma for ma de agres-são externa e uma ameaça interna que é dirigidacontra a vida das pessoas, a autoridade dos Es tadose a estabilidade das sociedades.”1.

Nestas situações as plataformas C-295M e P-3C/CUP+ podem dar um contributo de peso, em coope-ração com as FFSS, a Marinha de Guerra e o seu Des -tacamento de Acções Especiais. Muito embora estasoperações já fossem efectuadas no passado (com re -curso ao P-3P), a baixa efectividade dos sensoresobrigava frequentemente à exposição da aeronave,comprometendo o sucesso da operação. Os novossensores das novas plataformas permitem a identifi-cação e seguimento encoberto (covert) do al vo, o quepossibilita manter a iniciativa e a surpresa até à to -mada do objectivo.

Uma nova oportunidade de cooperação poderásurgir com a entrada ao serviço do Sistema Integrado

de Vigilância e Comando e Controlo da costa portu-guesa (SIVICC). Es te sistema compreende uma redefixa de sensores RADAR e EO/IR e algumas estaçõesmóveis. Está con-cebido para ter alcance nominal quecubra as águas territoriais, não tendo efectividadealém dessa distância. Os sensores fixos estão coloca-dos em pontos es tratégicos, ao longo da costa, nãogarantindo uma cobertura total da área de responsa-bilidade. Acresce ainda que a eficácia do sistema éextremamente de pendente da consciência situacionaldo panorama de superfície e aéreo além da zona decobertura do mes mo – o aviso antecipado sobre o mo -vimento de contactos de interesse, permite não sóalertar os operadores do sistema fixo, como tambémpré-posicionar o sistema móvel e o dispositivo de in -tervenção.

Como é sabido, está em discussão o futuro CESDN(Conceito Estratégico de Segurança e Defesa Na cio -nal), o qual se prevê que venha a contemplar uma maiorintegração e edificação de uma verdadeira capacida-de ISR Nacional.

“The value of ISR and PGM (Precision Guided Muni-tions) were again proven beyond all reasonable doubt.However, the aircraft and the systems alone can onlyrealise their full potential when complemented by ex -perts who possess a sound grasp of the scenario, thecampaign aims and (never forget) an understandingof the utility of air power: capabilities and limitations”

Royal Aeronautical Society – Lessons Offered from

the Libya Air Campaign

CONCLUSÃOA modernização dos meios aéreos da Força Aé rea,

com a substituição do C-212 Aviocar pelo C-295Me do P-3P pelo P-3C/CUP+, proporciona a Portugalno vas valências e capacidades no âmbito das mis-sões ISR.

A versão de reconhecimento do C-295M possui ca -pacidades de ISR muito significativas para a operação

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Imagem de acampamento de piratas, obtida por EO/IR, ao lar-go da costa da Somália

Embarcação suspeita de narcotráfico

1 Conceito Estratégico de Defesa Nacional, 2003 ** Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas

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em ambiente marítimo e/ou terrestre, ainda quenão de te nha capacidade de operar armamento,apresenta um custo de operação menor, permi-tindo a sua utilização de forma mais frequente.

O P-3C/CUP+ afirma-se como uma aeronavecom capacidades excepcionais para cobrir e man-ter presença em todo o vasto espaço interterrito-rial português e a única capaz de aplicar forçaem toda a área marítima de responsabilidadenacional, resultante dos compromissos in terna -cio nais assumidos por Portugal.

A exploração operacional conjunta e interagên-cias de meios como estes aqui apresentados, per-

mite ao Estado Português garantir a protecção dasua fronteira marítima (que coincide com a fron-teira Oeste da EU), dos seus recursos naturais deexploração marítima e, se necessário, apoiar ac -ções militares de âmbito internacional, reforçan-do a importância de Por tugal no seio da comuni-dade internacional, com rele vo estratégico noâmbito da NATO e da EU.

Portugal vê assim o seu Sistema de Forças Na -cio nal reforçado com estes dois novos e relevan-tes equipamentos militares, completando-se emmissões ISR.

Em termos organizacionais a Força Aérea estáa desenvolver uma capacidade de comando econtrolo centralizado, que sincroniza e integra oplaneamento e a execução das missões, das vá -rias Unidades Aé reas que intervêm nesta áreade operação. A inclusão da recolha centralizadada informação colectada permite aos analistasdesenvolverem um conhecimento situacional per-manente e o mais completo possível, proporcio-

nando ao comandante/decisor as ferramentasnecessárias à tomada de decisão, procurando al -cançar um Conceito Integrador do Reco nhe ci -mento Vigilância e Informações – ISR.

TEXTO Coronel PILAV Hélder Martins Rebelo, Major NAV

Rui Ro cha (Esqª 502) e Major NAV Vítor Lazera Martins

(Esqª 601)COLABORAÇÃO TCor PILAV João Vicente – IESM

TCor PILAV Duarte Gomes – CA/CeRVI

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